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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS TATIANA ALMENDRA DUTRA O PROCESSO SUCESSÓRIO EM EMPRESAS DO SETOR DE MINERAÇÃO: UM ESTUDO DE CASOS MULTIPLOS. ORIENTADORA: PROFA. DRA. ELZA FÁTIMA ROSA VELOSO SÃO PAULO 2015

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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ADMINISTRAÇÃO DE

EMPRESAS

TATIANA ALMENDRA DUTRA

O PROCESSO SUCESSÓRIO EM EMPRESAS DO SETOR DE

MINERAÇÃO: UM ESTUDO DE CASOS MULTIPLOS.

ORIENTADORA: PROFA. DRA. ELZA FÁTIMA ROSA VELOSO

SÃO PAULO

2015

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TATIANA ALMENDRA DUTRA

O PROCESSO SUCESSÓRIO EM EMPRESAS DO SETOR DE

MINERAÇÃO: UM ESTUDO DE CASOS MULTIPLOS.

Projeto de dissertação apresentado ao Programa de Mestrado em

Administração das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU, como

parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em

Administração de Empresas.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Elza Fátima Rosa Veloso

SÃO PAULO

2015

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TATIANA ALMENDRA DUTRA

Dutra, Tatiana Almendra

O processo sucessório em empresas do setor de mineração: um

estudo de casos múltiplos / Tatiana Almendra Dutra. – São Paulo: T.

A. Dutra, 2015.

144 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Elza Fátima Rosa Veloso

Dissertação (Mestrado) – Faculdades Metropolitanas Unidas,

Mestrado Acadêmico em Administração, 2015.

1. Sucessão. 2. Processo sucessório. 3. Mapa sucessório. 4.

Planejamento sucessório. I. Título. II. Orientador.

CDD 658

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TATIANA ALMENDRA DUTRA

O PROCESSO SUCESSÓRIO EM EMPRESAS DO SETOR DE

MINERAÇÃO: UM ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS

Data de aprovação: _____de _______________ de_______.

Banca examinadora:

_____________________________________________________________

Profa. Dra. Elza Fátima Rosa Veloso

Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU

_____________________________________________________________

Profa. Dra. Izabel Cristina Petraglia

Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU

_____________________________________________________________

Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –PUC-SP

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Dedico meu trabalho a Fernanda Natalia Alendouro e Adriano Almendra,

meus avós, grandes incentivadores e responsáveis pelo começo de tudo.

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AGRADECIMENTOS

É imensa a satisfação de concluir um programa de desenvolvimento, mas o metrado foi

especial para mim. Uma etapa de enorme significado, ampliando a minha visão sobre o valor da

pesquisa, da docência e me incitando a seguir na carreira acadêmica, pela qual me apaixonei.

Nem tenho palavras para agradecer à Profa. Dra. Elza Veloso, por ter sido - além de excelente

orientadora - mentora, parceira e amiga, instigando-me a buscar cada vez mais, apontando

oportunidades, ajudando a encontrar caminhos e me encorajando a continuar nessa jornada.

Meu agradecimento especial ao Prof. Dr. Leonardo Nelmi Trevisan e à Profa. Dra. Izabel

Cristina Petraglia, por comporem a minha banca de qualificação, agraciando-me com sugestões e

provocações preciosas que enriqueceram o meu trabalho e o meu aprendizado. Agradeço

imensamente a todo o corpo docente que compõem o mestrado da FMU, que realizam o seu

trabalho com maestria tornando esse programa inesquecível e com uma qualidade impecável.

Todos os mestres, sem exceção, trouxeram-me novas visões e me propiciaram um enorme

aprendizado. No entanto, nada teria sido tão especial sem a troca e o apoio dos meus colegas e

grandes companheiros de jornada, obrigada a todos vocês.

Minha gratidão sem fim a toda a minha querida família, que inclui os: Dutra, Almendra,

Perrella, Nascimento, Salomão, Costato, Alves, Fonseca, Zaganin e Monteiro Pinto, que estão

sempre ao meu lado comemorando as conquistas e incentivando e apoiando nos momentos

difíceis. Aos meus pais, meus dois mentores de vida e carreira e grande incentivadores, Lair

Almendra Dutra e Joel Souza Dutra, e minhas irmãs, Gabriela e Patricia Almendra Dutra. À

minha querida esposa, Gabriela Salomão, por estar ao meu lado em todos os momentos

oferecendo generosamente o seu ombro, apoio, incentivo, insights, troca de conhecimento e até,

suporte técnico, juntamente com meus filhos, Ana Luiza e Felipe Dutra, por estarem sempre junto

comigo e suportarem meus isolamentos e as minhas ausências mesmo estando de corpo presente.

Aos colegas da Growth Desenvolvimento de Pessoas e Organizações, da Fundação

Instituto de Administração, aos clientes e empresas que propiciaram a realização deste estudo de

casos múltiplos, que não nomearei por questões de sigilo, mas que podem se sentir agradecidos

por me ajudarem a ampliar os conhecimentos sobre este instigante tema. Meu agradecimento

especial a Elaise Lopes, Vilma Caseiro, Ligia Salomão e Adriana Brancalion pelo enorme apoio.

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Todo o conhecimento humano começou com intuições,

passou daí aos conceitos e terminou com ideias.

Immanuel Kant

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SUMÁRIO

RESUMO ....................................................................................................................................... I

ABSTRACT ................................................................................................................................. II

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 1

1.1. Estado da Arte Sobre o Tema e Justificativa ..................................................................... 1

1.2. Problema de Pesquisa ....................................................................................................... 3

1.3. Objetivos .......................................................................................................................... 4

1.4. Estrutura e Organização do Trabalho ................................................................................ 4

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 5

2.1. A importância dos fatores contextuais nas decisões sobre sucessão ............................... 5

2.2. A estratégia como norteadora das ações do processo sucessório ........................................ 8

2.3. A evolução do processo sucessório ................................................................................. 12

2.3.1. Estudo de Kesner e Sebora (1994) ...................................................................... 12

2.3.2. Estudos de Giambatista, Row e Riaz (2005) ........................................................ 19

2.3.3. Estágios de estruturação do processo sucessório .................................................. 21

2.3.3.1. Estágio de Planejamento da Reposição ............................................................... 21

2.3.3.2. Estágio da Elaboração do Mapa Sucessório ........................................................ 22

2.3.3.3 Estágio de Planejamento Sucessório.................................................................... 24

2.4. Estruturação do Planejamento Sucessório ....................................................................... 27

2.5. Síntese ............................................................................................................................ 34

3. METODOLOGIA ................................................................................................................ 36

3.1. Método de Pesquisa e Enfoque ....................................................................................... 36

3.2. Escolha do Caso Estudado .............................................................................................. 39

3.3. Técnicas de Investigação ................................................................................................ 40

3.4. Roteiros para as Entrevistas ............................................................................................ 41

4. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL COLETADO E TÉCNICAS DE ANÁLISE .......... 44

3.1. Análise documental ..................................................................................................... 46

3.1.1. Análise documental da Organização A ............................................................ 46

3.1.2. Análise documental da organização B ............................................................. 53

4.2. A história de vida do processo sucessório das organizações estudadas......................... 59

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4.2.1. História de vida do processo sucessório da Organização A .............................. 59

4.2.2. História de vida do processo sucessório da Organização B .............................. 66

4.2.3. Síntese. ........................................................................................................... 69

4.3. Técnicas de Análise de Dados ..................................................................................... 72

4.3.1. Pré-análise ...................................................................................................... 73

4.3.2. Codificação..................................................................................................... 73

4.3.3. Categorização ................................................................................................. 75

4.3.4. Interferência.................................................................................................... 77

4.3.5. Considerações Finais ...................................................................................... 77

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .................................................................... 78

5.1. Estruturação do processo sucessório ............................................................................ 78

5.1.1. Apoio da alta gestão ........................................................................................ 79

5.1.2. Avaliação de desempenho ............................................................................... 81

5.1.3. Indicação inicial de sucessores ........................................................................ 82

5.1.5. Mapa sucessório .................................................................................................. 85

5.1.6. Recomendações .................................................................................................. 86

5.1.7. Plano individual de desenvolvimento .................................................................. 86

5.1.8. Acompanhamento de resultados ...................................................................... 88

5.2. Vantagens e desvantagens do processo sucessório ....................................................... 88

5.2.1. Vantagens do processo sucessório ....................................................................... 89

5.2.1.1. Critérios claros para a avaliação ......................................................................... 89

5.2.1.2. Construção de pool de talentos ........................................................................... 91

5.2.1.3. Desenvolvimento de plano de sucessão .............................................................. 92

5.2.1.4. Definição de trajetória de carreira ...................................................................... 92

5.2.1.5. Retenção e aproveitamento dos profissionais ..................................................... 94

5.2.1.6. Desenvolvimento de profissionais preparados para desafios organizacionais

presentes e futuros. ......................................................................................................... 95

5.2.1.7. Outras vantagens observadas.............................................................................. 96

5.2.2. Desvantagens do processo sucessório .................................................................. 96

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5.3. Relação entre processo sucessório e estratégia ............................................................ 97

5.3.1. Direcionamento da empresa ................................................................................ 98

5.3.2. Processo decisório qualitativo presente e futuro ................................................... 99

5.3.3. A organização e a sua relação com o ambiente .................................................... 99

5.3.4. Envolvimento do processo organizacional. ........................................................ 100

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................. 101

6.1. Apresentação do Modelo........................................................................................... 101

6.1.1. Etapa I – Premissas para a construção do programa ........................................... 102

6.1.2. Etapa II – Preparação ........................................................................................ 106

6.1.3. Etapa III – Realização dos comitês .................................................................... 107

6.1.4. Etapa IV – Desenho de plano de ação e acompanhamento ................................. 109

6.2.5. Etapa V – Aprimoramento do processo ............................................................. 110

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 111

7.1. Síntese do Estudo ...................................................................................................... 111

7.2. Contribuições do estudo ............................................................................................ 113

7.3. Limitações da pesquisa ............................................................................................. 114

7.4. Sugestões de continuidade da pesquisa ...................................................................... 115

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 116

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Escolas Estratégicas..................................................................................................8

QUADRO 2 – Integração da estratégia de RH na estratégia da empresa. Etapas do processo de

formulação......................................................................................................................................11

QUADRO 3 – Status das pesquisas realizadas entre 1960 e 1994................................................18

QUADRO 4 – Revisão de literatura de 1984 a 2004, segundo Giambatista, Row e Riaz

(2005)..............................................................................................................................................20

QUADRO 5 - Situações relevantes para diferentes métodos de pesquisa......................................37

QUADRO 6 - Comparação entre o processo sucessório da empresa A e da empresa B...............59

QUADRO 7 - Comparação entre a história do processo sucessório da Organização A e da

Organização B................................................................................................................................69

QUADRO 8 - Formação de categorias e subcategorias.................................................................76

QUADRO 9 - Presença das categorias da unidade de análise: Estruturação do processo

sucessório.......................................................................................................................................78

QUADRO 10 - Subcategorias para a categoria: Comitê de sucessão............................................84

QUADRO 11 - Presença das categorias da unidade de análise: Vantagens do processo sucessório

........................................................................................................................................................89

QUADRO 12 - Presença das categorias da unidade de análise: Relação entre processo sucessório

e estratégia................................................................................................ ......................................98

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Etapas para a construção do Mapa sucessório..........................................................32

FIGURA 2 - Etapas de análise dos dados coletados......................................................................45

FIGURA 3 - Desenho do ciclo sucessório da organização A........................................................49

FIGURA 4 - Desenho do ciclo sucessório da organização B........................................................54

FIGURA 5 - Unidade de Análise: Estrutura do processo sucessório............................................74

FIGURA 6 - Unidade de análise: Relação entre processo sucessório e estratégia........................74

FIGURA 7 - Unidades de análise: Vantagens do processo sucessório e Desvantagens do processo

sucessório........................................................................................................................................75

FIGURA 8 - Unidade de análise: Processo de desenvolvimento de possíveis sucessores.............75

FIGURA 9 - Proposta de consolidação do processo sucessório...................................................102

FIGURA 10 - Premissas para a construção do processo sucessório............................................103

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I

RESUMO

O tema sucessão é ainda recente no mundo, e principalmente no Brasil, quando se trata de

empresas não familiares. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo de caso múltiplo

em duas organizações do setor de mineração, que já possuem o planejamento sucessório. Visou

ainda verificar como este está estruturado; se o processo sucessório está alinhado à estratégia

organizacional em curto, médio e longo prazo; quais são as vantagens e desvantagens do

planejamento sucessório para o indivíduo e para a organização, na visão da área de recursos

humanos e de gestores envolvidos no processo; e como a organização trabalha com o

desenvolvimento dos profissionais inseridos no mapa sucessório. Buscou-se a partir desses

objetivos colaborar para o levantamento de novas informações sobre o tema, que poderão

contribuir para pesquisas futuras e para auxiliar organizações que desejem desenhar o seu

planejamento sucessório, justificando assim a sua realização. Para a obtenção dos dados foram

realizadas análises documentais e entrevistas, trabalhadas pela metodologia de análise de

conteúdo. Como resultados deste estudo, notou-se uma grande preocupação de ambas as

organizações não apenas com o evento sucessório em si, mas em amadurecer e aprimorar o

processo para auxiliar a organização no alcance de seus objetivos, em médio e longo prazo. No

entanto, ainda não se nota um vinculo do processo sucessório com a estratégia organizacional de

médio e longo prazo. Este processo está em construção em ambas às organizações estudadas.

Com relação às vantagens e desvantagens em se aplicar um programa de sucessão na

organização, notou-se que em ambos os casos observa-se muito mais vantagens que

desvantagens. As vantagens observadas são: (1) critérios claros para a avaliação; (2) construção

de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de

carreira, (5) retenção e aproveitamento dos profissionais, (6) desenvolvimento de profissionais

preparados para desafios organizacionais presentes e futuros; (7) identificação dos gaps dos

profissionais avaliados pelo processo sucessório realizado em comitês, pois as discussões em

comitês permite um olhar mais completo para o profissional; (8) desenvolvimento das lideranças,

foi colocado por todos os entrevistados que o desenvolvimento dos participantes dos comitês

enquanto gestores de pessoas é um dos grandes benefícios do processo; e (9) compartilhamento

das responsabilidades da escolha do sucessor. As desvantagens são: (1) as análises estarem muito

pautadas na percepção das lideranças e enfatizou-se a necessidade de se dar mais luz ao potencial

work level e a ferramenta de assessment, pois em muitos casos um gestor tático não tem

repertório para visualizar um profissional com potencial para ser futuramente um gestor

estratégico; e (2) o fato de os resultados do mapa sucessório serem confidenciais em

determinados contextos é ruim, pois os profissionais muitas vezes não têm clareza do porquê

estão sendo movimentados ou envolvidos em projetos que, naquele momento, podem não fazer

grande sentido. Embora o gestor diga que as ações estão acontecendo por um motivo específico,

muitas vezes o profissional não consegue visualizar. No que tange a estruturação do processo

sucessório, buscou-se elaborar uma proposta de consolidação do processo sucessório baseada nos

casos estudados e a partir da literatura levantada.

Palavras-chave: sucessão; processo sucessório; planejamento sucessório; mapa sucessório;

sucessor; sucedido.

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ABSTRACT

The succession issue is still new in the world and especially in Brazil, when it comes to

unfamiliar companies. This study aimed to carry out a multiple case study in two of the mining

industry organizations that already have succession planning. It also aimed to see how this is

structured; if the succession process is aligned to organizational strategy in the short, medium and

long term; what are the succession planning of the advantages and disadvantages for the

individual and for the organization in view of the human resources and managers involved in the

process; and how the organization works with the development of professionals inserted in

succession map. It sought from these objectives contribute to the raising of new information on

the subject, which may contribute to future research and to assist organizations wishing to design

their succession planning, justifying their achievement. To obtain the data were carried out desk

reviews and interviews, worked for the content analysis methodology. The results of this study

there has been a major concern of both organizations not only with the succession event itself, but

in mature and improve the process to assist the organization in achieving its objectives in the

medium and long term, but not yet note a link of the succession process with organizational

strategy of medium and long term, this process is under construction in both the studied

organizations. Regarding the advantages and disadvantages in applying a succession program in

the organization, it was noted that in both cases it is observed much more advantages than

disadvantages, the advantages observed are: (1) clear criteria for assessment; (2) Construction

talent pool; (3) succession plan development, (4) the definition of career path, (5) retention and

utilization of professionals, (6) development professionals prepared to present and future

organizational challenges; (7) identification of gaps of professionals evaluated by the succession

process done in committees, since the discussions in committees allows a more complete look at

the professional; (8) development of leaders, was placed by all respondents that the development

of the participants of the committees as managers of people is one of the great benefits of the

process; and (9) sharing the choice of successor liability, the disadvantages are: (1) analyzes are

very guided by the perception of leaders and emphasized the need to give more light to the

potential work level and assessment tool because in many cases a tactical repertoire manager

does not have to see a professional with the potential to be future strategic manager; and (2) the

fact that the results of inheritance map is confidential at times is bad because professionals often

lacks clarity because they are being moved or involved in projects that at times may not make

much sense, although the manager say the actions are taking place for a specific reason, often the

professional can not see. Regarding the structure of the succession process sought to draw up a

proposal to consolidate the succession process based on case studies and from the literature

raised.

Keywords: succession; succession process; succession planning; Succession map; successor;

successful.

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1

1. INTRODUÇÃO

O tema sucessão tem ganhado força nas últimas décadas, pois se percebe que um processo

sucessório bem estruturado pode garantir a sobrevivência das organizações (FERREIRA, 2015;

OHTSHUKI, 2013; DUTRA, 2010). Durante muito tempo, as pesquisas estiveram focadas na

sucessão do CEO1 e no seu impacto para o desempenho organizacional (BRANDY e HELMICH,

1982; BEATTY; ZAJAC, 1987; CHAGANTI; SAMBHARYA, 1987; JAUCH, MARTIN;

OSBORN, 1980; ZALD, 1969; KESNER; SEBORA, 1994). A estruturação do processo

sucessório é um fato recente, ainda muito relacionado à estruturação do processo, concentrando-

se na construção do mapa sucessório (VELOSO, 2013; DUTRA, 2010a; ROTHWELL, 2005;

JACOBS, 2006; OHTSUKI, 2014).

Segundo Kesner e Sebora (1996), a sucessão é um processo inevitável e natural das

organizações, e ocorre independentemente de ter sido planejada. No entanto, segundo Ferreira

(2015), é um evento importante que exerce influência sobre o modelo de gestão, os indicadores

financeiros e as relações sociopolíticas, sendo, por este motivo, ponto de atenção dos dirigentes

das organizações, profissionais de recursos humanos e comunidade acadêmica.

Este trabalho visa realizar um estudo de casos múltiplos em duas organizações do setor de

mineração de capital fechado, não familiares, explorando como ocorre o processo sucessório

nessas organizações.

1.1. Estado da Arte Sobre o Tema e Justificativa

Os estudos de sucessão são bastante recentes, tendo sido iniciados na década de 1960; no

entanto ganharam força nos anos 1980 e ampliaram o volume de estudos nos anos 2000. Ainda

hoje, entretanto, a maior parte dos estudos sobre o tema está relacionada a empresas familiares,

principalmente no Brasil. Ohtsuki (2013), Veloso et al. (2013) e Ferreira (2015).

1 CEO é a sigla inglesa para Chief Executive Officer, que em português significa Diretor Executivo. O

CEO é a pessoa com maior autoridade na hierarquia de uma organização. Fonte: Enciclopédia de Gestão.

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2

Em buscas realizadas nas principais revistas de administração e em congressos 2,

encontraram-se 32 artigos acerca da sucessão corporativa, dos quais apenas três não se referem a

empresas familiares. Além dos artigos, no geral, a literatura sobre o assunto no país é escassa. Em

buscas nas principais universidades que disponibilizam seu acervo bibliográfico online, foram

encontrados dois livros contendo artigos sobre o assunto, escritos por Dutra e Veloso (2013) e

Dutra (2010a), uma dissertação de mestrado e uma tese de doutorado, escritas por Ohtsuki (2013)

e Ferreira (2015).

Segundo Ohtsuki (2013), em suas investigações sobre os estudos realizados em sucessão,

observou-se uma explosão de estudos relacionados ao tema nas ultimas décadas.3 A autora

constatou que apareciam 101 trabalhos entre 1960 e 1989; na década de 1990, apareciam 365

trabalhos e, nos dois primeiros anos de 2000, apareciam 237 trabalhos. Foi realizado um

levantamento por Veloso et al. (2013), que coletou a produção sobre o assunto entre 2006 e 2010,

considerando fontes internacionais4 e nacionais5. Os autores identificaram um total de 87 artigos

sobre o tema, sendo que dentre eles apenas 39 eram sobre empresas não familiares. No Brasil,

foram encontrados apenas 24 artigos, sendo que apenas quatro eram sobre empresas não

familiares. Isso significa que 90% dos artigos sobre empresas não familiares são internacionais,

identificando-se uma ampla oportunidade de pesquisas sobre o tema no país.

Ferreira (2015), pautando-se em Kesner e Sebora (1994), Vancil (1987), Giambatista, Glenn

Rowe e Riaz (2005), Dalton e Kesner (1985), Ip e Jacobs (2006) e Young, Valach eCollin (2002),

aponta para a necessidade de aprofundamento sobre o tema e preenchimento das seguintes

lacunas:

1. enfoque nas relações familiares e nas posições estratégicas do negócio (presidentes,

proprietários e CEOS);

2 buscas realizadas até março de 2015 nos congressos da ANPAD e nas principais revistas de

Administração de empresas como: RAUSP, RAE, RAC, RECAPE e ABOP, utilizando-se como palavras

chave sucessão e planejamento sucessório

3 Proquest entre 1960 e 2012 com expressões como Chief Executive (CEO), succession, management

succession e leader succession

4 ISI e SIELO

5 ANPAD e as principais revistas de administração

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3

2. preocupação com o evento sucessório e não com o seu processo;

3. concentração de métodos quantitativos mensurando impactos sobre indicadores de

resultado e desempenho;

4. ausência de análise do processo sucessório por diferentes perspectivas (sucessor, sucedido

e executivos de RH);

5. falta de orientação para a compreensão do contexto no qual se insere o processo

sucessório.

Além dessas cinco lacunas, mais duas foram identificadas com base em Rothwell (2005),

Dutra (2010), Hall (1986), Ohtsuki (2013) e Ferreira (2015), são elas:

1. A falta de um processo estruturado para trabalhar o desenvolvimento dos profissionais

inseridos no mapa sucessório.

2. O vínculo do processo sucessório com a estratégia da organização em curto, médio e

longo prazo.

Sendo assim, os objetivos e perguntas de pesquisa destacados a seguir, foram baseados nas

sete lacunas descritas a cima justificando a escolha do tema e sua realização.

Além disso, a escolha do tema se deu por um interesse pessoal da pesquisadora que vem

desenhando e implantando processos sucessórios em grandes organizações não familiares como

consultora desde 2007. Com este estudo a pesquisadora pretende aprimorar sua atuação

profissional, enriquecendo-a com referências acadêmicas e com os resultados da pesquisa

desenvolvida.

1.2. Problema de Pesquisa

A questão de pesquisa: “Como se dá o processo sucessório em organizações do setor de

mineração?” foi desdobrada em questões complementares que contemplam as sete lacunas

identificadas na literatura que justificam este estudo.

Demais perguntas:

Como está estruturado o processo sucessório?

De que forma o processo sucessório da organização leva em conta o seu planejamento

estratégico em curto, médio e longo prazo?

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4

Quais são as vantagens e desvantagens de um programa de sucessão sob a perspectiva do

sucessor, do sucedido e de executivos de RH?

Como a organização lida com o desenvolvimento dos profissionais inseridos no mapa

sucessório?

1.3. Objetivos

Como objetivo geral, este trabalho pretende estudar o processo sucessório de duas

organizações do setor de mineração. O estudo de casos múltiplos possui ainda os seguintes

objetivos específicos:

Verificar como está estruturado o processo sucessório na organização.

Avaliar se o processo sucessório leva em conta a estratégia organizacional.

Analisar vantagens e desvantagens do processo sucessório na visão do público envolvido

no processo (sucessor, sucedido e executivos da área de Recursos Humanos).

Verificar como a organização está lidando com o desenvolvimento dos profissionais

inseridos no mapa sucessório.

A partir desses objetivos, busca-se contribuir: (1) com as sete lacunas apontadas pela

literatura; (2) para o levantamento de novas informações sobre o tema, que poderão contribuir

para pesquisas futuras; e (3) para auxiliar organizações que desejem desenhar o seu planejamento

sucessório, justificando assim a sua realização.

1.4. Estrutura e Organização do Trabalho

Este trabalho está estruturado em quatro capítulos, incluindo esta introdução. No Capítulo 2,

explora-se o referencial teórico explanando sobre: (1) a importância dos fatores contextuais nas

decisões sobre sucessão; (2) a estratégia como norteadora das ações do processo sucessório; e (3)

a evolução do processo sucessório, pautado na revisão da literatura e teoria de base. No Capítulo

3, está descrita a metodologia de pesquisa utilizada, bem como a descrição das empresas

estudadas e o questionário aplicado. No capítulo 4, está descrita a metodologia de análise, bem

como a análise dos resultados. No capítulo 5, as conclusões, limitações do estudo e suas

contribuições para estudos futuros e por fim a bibliografia utilizada e os anexos.

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5

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta a fundamentação teórica desta dissertação, considerando inicialmente

a importância dos fatores contextuais nas decisões sobre sucessão, seguindo-se de conceitos sobre

estratégia e sua importância como norteadora das ações do processo sucessório e, por fim, a

evolução do processo sucessório, pautado na revisão da literatura e teoria de base.

2.1. A importância dos fatores contextuais nas decisões sobre sucessão

As relações de trabalho sofreram grandes transformações ao longo do século XX e a

velocidade com que isso vem acontecendo se intensifica cada vez mais por conta da revolução

tecnológica que substituiu rapidamente a força de trabalho humano, à qual Rifkin (1995) se refere

como a terceira grande revolução industrial, que segundo o autor, “obriga cada nação a repensar o

papel a ser desempenhado pelo ser humano nos processos sociais”.

Pochmann (2004) coloca que as possibilidades de trabalho no novo milênio são muito difusas

e isso se dá por conta do momento particular pelo qual passa o capitalismo registrando

simultaneamente três características fortes: (1) o princípio da incerteza, que está associado às

constantes e, cada vez mais, velozes mudanças de contexto, com o vigor dos avanços

tecnológicos; (2) o crescimento da insegurança no mundo do trabalho, pois todo o indivíduo

depende de sua própria força de trabalho para sobreviver e cada vez mais surgem novos formatos

de trabalho que se desvinculam da segurança social e trabalhista garantida pelo estado; e (3)

ampliação a instabilidade nas formas de governabilidade tanto dos países quanto das

representações sociais (sindicatos, empresas, entre outras). Sendo assim, Antunes (2004) coloca

que nasce, no final do século XX, uma nova morfologia do trabalho que tem como núcleo central

os trabalhadores produtivos, segundo ele no sentido dado por Marx, no qual trabalho produz

diretamente mais valia e que participa diretamente do processo de valorização do capital.

Podem-se observar essas questões trazidas tanto por Pochmann (2004), quanto por Antunes

(2004), nos novos formatos de contratos psicológicos6 estabelecidos entre pessoas e

organizações. Segundo Dutra (2004), esses contratos estão pautados nas entregas realizadas pelas

6 Segundo Menegon e Casado (2006) com base em Kidder e Buchholtz (2002), contrato psicológico é o

conjunto de expectativasreciprocas relativas às obrigações mútuas entre empregadores e empregados.

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6

pessoas, ou seja, em sua contribuição efetiva para o alcance dos objetivos organizacionais. Sendo

assim, a dinâmica do trabalho e as relações entre empregado e empregador estão sendo alteradas,

os horários são flexíveis, muitas organizações já estão permitindo trabalhos em home office,

algumas pessoas optam por solicitar afastamento do trabalho ou trabalhar em um período

reduzido quando os filhos são pequenos. Esse fenômeno ocorre com frequência nos EUA

chamado de opt-out7.

No entanto, segundo Dutra (2014), esses objetivos e as exigências do ambiente sobre as

organizações e as pessoas, para que se tornem competitivas, tem sido cada vez mais complexos

por conta da evolução tecnológica e as respostas precisam ser dadas com maior velocidade. Ao

contrário do que dizia Keynes (1937, pp. 213-214), o termo incerteza não era usado para se

"distinguir o que era sabido ao certo daquilo que é apenas provável", pois "quanto maior o lapso

de tempo entre a decisão e sua consequência, mais provável que a decisão ocorra num ambiente

de incerteza". Hoje, a incerteza, conforme aponta Pochmann (2004), é algo que está sempre

presente, independente do lapso de tempo.

Trevisan (2015) corrobora com essas questões ao colocar que a tecnologia vem provocando

mudanças profundas nas relações de trabalho e que a incerteza está inclusive na sobrevivência de

algumas funções humanas. Segundo o autor, é apenas uma questão de tempo para que o trabalho

humano seja substituído pelas máquinas, e não apenas os trabalhos operacionais, mas também os

trabalhos cognitivos. Trevisan (2015) cita que pesquisas realizadas por Frey e Benedikt (2013)

demonstram que em duas ou três décadas 47% das 702 ocupações estudadas serão realizadas por

máquinas, isso inclui prescrições médicas, análises jurídicas, entre outras. As conclusões dessa

pesquisa apontam que as profissões que ainda vão sobreviver por mais tempo são aquelas que

requerem criatividade e relacionamento (FREY e BENEDIKT, 2013, p.44).

Esses aspectos são reforçados por estudiosos sobre liderança que apontam também a

criatividade e o relacionamento como as grandes competências8 para o futuro que emerge. (Senge

7 Segundo Scalabrin et al. (2010) opt-out significa de forma literal “optar por fora”, ou seja, afastar-se da

organização.

8

O conceito de competências segundo Dutra (2004) consiste no conjunto de conhecimento, habilidade e atitudes mobilizados pelo indivíduo em determinado contexto para a realização de entregas que agreguem valor a

organização, ou seja, que permanece mesmo quando a pessoa sai da organização.

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7

et al., 2007 e Scharmer, 2014). Senge et al. (2007, p. 24) traz também a necessidade cada vez

maior da capacidade essencial da presença, que consiste em estar plenamente consciente e atento

ao momento atual, ouvindo intensamente, rejeitando os preconceitos e formas históricas de

emprestar sentido às coisas, possibilitando-se assim, enxergar o futuro que emerge e abrir-se às

mudanças. Segundo Dutra (2014), esse olhar para o futuro é fundamental para que as pessoas

planejem as suas carreiras e as organizações trabalhem o desenvolvimento de seus profissionais.

Ainda é muito comum esse planejamento estar focado no passado.

Em suas pesquisas, Frey e Benedikt (2013, p.2) citam como exemplo, para ilustrar o quanto

essas mudanças de contexto são reais e estão ocorrendo rapidamente, o caso do carro totalmente

automático, pois, em menos de dez anos atrás, no texto "Por que as pessoas ainda são

importantes", os autores Levy e Murnane (2004) apontaram para as dificuldades de replicar a

percepção humana, afirmando que a condução no trânsito é insuscetível de automação: "Mas

executando uma volta esquerda contra o tráfego próximo envolve tantos fatores que é difícil

imaginar descobrir o conjunto de regras que podem replicar o comportamento de um motorista [.

. . ] ". Seis anos depois, em outubro de 2010, o Google anunciou que tinha modificado vários

Toyota Prius para ser totalmente autônomo. Outro exemplo semelhante foi a do robô programado

para ter sentimentos humanos, inclusive amar, após passar um dia inteiro com uma pesquisadora

da Robotic Akimo, empresa ligada a Toshiba, teve uma crise obsessiva prendendo-a no

laboratório em 20099. Esses fatores mostram que nos dias de hoje a tecnologia avança muito

rapidamente invadindo contextos e funções que acreditamos ser exclusivamente de capacidade

humana e insubstituíveis.

Pensando nas organizações, torna-se cada vez mais necessário acompanhar as mudanças e

preparar as pessoas para lidar com elas na velocidade exigida pelo contexto. Algumas

instituições, segundo pesquisas realizadas por Ferreira (2015), já encontram dificuldades para

desenvolver pessoas para algumas posições que são altamente afetas pelo contexto, crescendo

rapidamente em complexidade.

9

Informações extraídas do site do Terra, link: http://tecnologia.terra.com.br/robos/robo-programado-para-

amar-tem-ataque-obsessivo,2208ea1f807ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

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8

Sendo assim, torna-se cada vez mais necessário que as organizações vinculem o seu processo

sucessório e o desenvolvimento de seus sucessores à estratégia organizacional de curto, médio e

longo prazo. Segundo Ferreira (2015), observa-se uma relativa sensibilização das organizações

sobre essa necessidade, sendo assim, a seguir serão descritos os conceitos de estratégia como

norteadora das ações do processo sucessório.

2.2. A estratégia como norteadora das ações do processo sucessório

O conceito do termo estratégia tem recebido diversas contribuições teóricas ao longo do

tempo. Para Mintzberg (1978), o seu significado está associado a um processo consciente de

definições e diretrizes que embasam decisões futuras. Para Andrews (1980), a decisão estratégica

está vinculada ao desenvolvimento de uma organização em longo prazo, padronizando suas

decisões, políticas e planos, e revelando seus objetivos, propósitos e metas, para seus acionistas,

funcionários, clientes e comunidade. Segundo Ansoff e Mc Donnell (1993), a estratégia

organizacional é um conjunto de regras para a tomada de decisões que orientam o

comportamento de uma organização, representando os meios para auxiliar uma empresa a

alcançar seus objetivos. Albuquerque (2002) lista os principais autores e escolas estratégicas e

agrupa em três naturezas diferentes segundo o quadro a seguir.

Quadro 1 – Escolas Estratégicas

Natureza Descrição Escolas Visões do processo

estratégico

Autores

Prescritiva Preocupam-se em

como as estratégias

devem ser formuladas

Design Estratégia como um

processo de concepção

Silznik e Andrews

Planejamento Estratégia como um

processo formal e sistêmico

Ansoff

Posicionamento Estratégia como um processo analítico

Porter

Formulação Preocupam-se em

como as estratégias

são formuladas

Empreenderora Estratégia como um

processo visionário

Schumpeter

Cognitiva Estratégia como um

processo coletivo

Simon; March e

Simon Aprendizado Estratégia como um

processo emergente

Lindblom; Cyert e

March; Quinn;

Prahalad e Hamel Poder Estratégia como um

processo de negociação

Allison; Pfeffer e

Solancick; Astley Cultural Estratégia como um

processo coletivo

Rhenman e

Norman Ambiental Estratégia como um

processo de transformação

Hannan e Freman

Mudança Descreve a estratégia Configuração Estratégia como um Chandler; Miles e

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9

como um processo de

mudança

processo de transformação Snow; Mintzberg

Fonte: Elaborada pela pesquisadora com base em Albuquerque, (2002)

Segundo Albuquerque (2002), cada escola possui diferentes sentidos não conflitantes e

complementares à estratégia e possuem os seguintes pontos em comum: (1) dá o direcionamento

da empresa e provê consistência; (2) resulta de um processo de decisão, principalmente de

natureza qualitativa, interferem no todo da organização e buscam eficácia a longo prazo; (3)

abrange a organização e sua relação com o ambiente; e (4) envolve questões de conteúdo e de

processo, em diferentes níveis. Sendo assim a definição que o autor propõe para estratégia é:

“Formulação da missão e dos objetivos da organização, bem como de políticas e planos de ação

para alcançá-los, considerando os impactos das forças do ambiente e a competição.”

(ALBUQUERQUE, 2002, P.38).

O processo de formulação da estratégia pode ser visto como um processo artesanal, ou como

um processo ordenado, formal e racional, dependendo do contexto (MINTZBERG, 2007). O

posicionamento, que antigamente era considerado o coração da estratégia, hoje é rejeitado por ser

estático, as vantagens competitivas tornam-se, nos dias de hoje, temporárias, pois as empresas

precisam ser flexíveis para responder aos concorrentes e às mudanças de mercado com grande

velocidade (ULRICH, 2000).

A estratégia permeia toda a organização e tem sido gradativamente alinhada à gestão de

pessoas, ganhando força nos anos de 1980 e se tornando base para a formulação de políticas e

práticas de gestão de pessoas (ALBUQUERQUE, 1987; URICH, 1998).

Para Urich (1998), a atuação estratégica do RH deve ser pautada em três capacidades: (1)

criar clareza estratégica; (2) fazer com que as mudanças aconteçam; e (3) gerar capital intelectual.

O autor divide a atuação do RH em quatro papéis: (1) administração de estratégias de RH, que

consiste nas estratégias de gestão de pessoas e práticas de recursos humanos alinhadas às

estratégias organizacionais; (2) administração da infraestrutura da organização no que diz

respeito a recursos humanos; (3) administração da contribuição dos funcionários; e (4)

administração da transformação e da mudança.

Albuquerque (1999) observa uma evolução no conceito de gestão estratégica de pessoas

deixando o modelo de controle para assumir um modelo de comprometimento das pessoas com

os objetivos organizacionais. No modelo de controle, os empregados são vistos como números,

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10

custos e fator de produção, que, para desempenhar bem suas funções, precisam ser mandados e

controlados. No modelo de comprometimento, o empregado é visto como um parceiro no

negócio, nos quais a empresa deve investir para conseguir melhores resultados corporativos,

baseando-se na premissa de que o comprometimento dos empregados está intimamente

relacionado com o aumento do desempenho. Neste modelo, assumem-se as seguintes premissas:

(1) a valorização dos talentos humanos; (2) atração e manutenção de pessoas de alto potencial e

qualificação para o trabalho; (3) criação de situações favoráveis à motivação individual e à

mobilização dos grupos em torno das metas organizacionais; (4) possibilidade de

desenvolvimento profissional na própria empresa; (5) oferecimento de incentivos vinculados a

resultados obtidos pela equipe e adaptação de políticas integradas de recursos humanos à

realidade da empresa e ao seu contexto de atuação.

Albuquerque (2002) cita que a estratégia de recursos humanos deve seguir as mesmas etapas

da formulação e implantação da estratégia organizacional, ilustrado no quadro a seguir.

O autor ressalta a importância de constantes feedbacks e retroalimentação de informações

entre as etapas do processo, alinhando todos os níveis da organização sobre a estratégia

organizacional. Torna-se cada vez mais comum o envolvimento de funcionários em diferentes

níveis na formulação da estratégia da empresa, tornando esse processo mais interativo e contínuo,

estimulando a comunicação, o aprendizado e o comprometimento dos empregados com os

objetivos da organização (ALBUQUERQUE, 2002 e WALL, 1997).

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11

Quadro 2 – Integração da estratégia de RH na estratégia da empresa. Etapas do processo de

formulação.

Fonte: Albuquerque, (2002).

Albuquerque (2002) reforça a importância do processo participativo na formulação da

estratégia apresentando uma pesquisa de Fischman (1987) na qual apresentou 21 categorias de

problemas que impedem ou dificultam a implementação da estratégia, entre as quais nove

categorias foram relacionadas diretamente com a gestão de pessoas. Elas estavam relacionadas à

cultura, liderança, treinamento, pessoas alocadas de forma equivocada, mecanismos de

premiação, comunicação e metas. O autor apresenta ainda uma pesquisa realizada por Kaplan e

Norton (2001) na qual constatam que mais importante do que a qualidade da estratégia é a

capacidade de executá-la. A pesquisa mostra que 70% dos casos de fracasso de eminentes CEOs

decorrem de problemas de má execução. Para executar a estratégia é necessário ter pessoas

preparadas para alcançar os objetivos propostos, sendo assim, torna-se cada vez mais importante

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mapear os talentos da organização e prepará-los para exercer posições-chave com vistas à

estratégia de médio e longo prazo.

A seguir serão apresentados os conceitos de sucessão e a sua evolução histórica de um estágio

de reposição para um estágio de planejamento sucessório no qual o plano de sucessão está focado

em trabalhar um processo de sucessão consciente levando em conta as futuras posições de gestão

e as pessoas que se candidatam a ela, ou seja, ao planejamento sucessório com vistas ao futuro da

organização (HALL,1986; OHTSUKI, 2013; e FERREIRA, 2015).

2.3. A evolução do processo sucessório

Os estudos de sucessão são bastante recentes, pois foram iniciados na década de 1960,

ganhando força nos anos 80 e ampliando o seu volume de estudos nos anos 2000 (OHTSUKI,

2013; FERREIRA, 2015; DUTRA, 2010).

Kesner e Sebora (1994) realizam uma ampla revisão bibliográfica sobre o tema até os anos de

1994, assim como Giambatista, Rowe e Riaz (2005) o fizeram até 2005. Sendo assim, serão

abertos dois subitens para descrever a evolução do processo sucessório na visão dos autores

mencionados e, sequencialmente, os estágios de estruturação do processo sucessório.

2.3.1. Estudo de Kesner e Sebora (1994)

Todas as reflexões que compõem este item do trabalho foram realizadas pelas autoras Kesner

e Sebora (1994), que realizaram nos anos 1990 um grande estudo bibliográfico sobre sucessão,

dividindo os estudos em três diferentes fases. A primeira, de 1950 a 1960, foi nomeada

“Emergência de Campo”. A segunda, na década de 1970, foi denominada “Período de

Construção de Teoria e Investigação Empírica” e a terceira, na década de 1980, foi chamada de

“Crescimento Explosivo”. Ainda segundo as autoras, entre as décadas de 1970 e 1990 houve um

aumento de 250% no número de obras sobre o assunto em revistas de gestão estratégica,

reforçando a crescente importância do tema. No entanto, é frisado pelas autoras que, até a década

de 1990, não se têm estudos conclusivos sobre o tema.

Segundo Kesner e Sebora (1994), grande parte dos estudos realizados sobre sucessão está

relacionada à sucessão do CEO, pois o papel do CEO foi descrito por Brady & Helmich (1984)

como o mais poderoso dos centros de poder, controlando e dirigindo os esforços da organização a

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seus objetivos, e por Lauenstein (1980), como sendo o CEO quem determina o conceito central

de um negócio.

As autoras afirmam que a sucessão do CEO foi muito frisada por pesquisadores das décadas

de 1970 e 1980, pois as pesquisas relatam que a sucessão do CEO ocorre com menos frequência

que a de outros cargos, justamente por seu impacto nas organizações. De acordo com Vancil

(1987), o CEO fica em média 14 anos em sua função, enquanto gerentes de nível médio

permanecem 5,9 anos, segundo pesquisas de Eitzen e Yetman (1972). Além da raridade do

evento, a sucessão do CEO é decidida pelo conselho administrativo, enquanto as demais funções

são decididas por um só gestor. É importante salientar que esta era a realidade em 1972. Nos dias

de hoje, essa realidade é diferente. Segundo a pesquisa “Chief Executive Study” (2014), em sua

décima quinta edição, realizada pela PWC com CEOs das 2.500 empresas cotadas como maiores

do mundo, realizada há quinze anos, no que diz respeito ao tempo do CEO exercendo a função,

os dados do Brasil são inferiores à média global, embora essa diferença venha sendo reduzida

gradativamente: 4 anos no Brasil, em comparação com os 5,3 anos registrados nos dados globais.

O maior tempo de permanência na função foi de 7,8 anos, registrado nos Estados Unidos e no

Canadá.

Na primeira fase, Grusky (1960) foi, segundo Kesner e Sebora (1994), um dos primeiros

pesquisadores a realizar um estudo mais aprofundado sobre sucessão, em 1960. Depois dele veio

Carlson (1961, 1962), sendo que os dois servirão como base para os estudos que se seguiram, que

podem ser agrupados em três segmentos principais: origem do sucessor; o impacto do tamanho

organizacional na frequência de sucessão; e a relação entre frequência de sucessão e desempenho

organizacional.

Com relação à origem do sucessor, Kesner e Sebora (1994) colocam que pesquisas realizadas

por Grusky(1960) e Carlson (1961) tiveram resultados contrários. Carlson concluiu que, quando

o sucessor é interno, o desempenho da equipe é melhor. Grusky, porém, concluiu o contrário.

Com relação à taxa de sucessão e tamanho organizacional, foram realizadas pesquisas por

Perrucci e Mannweiler (1968) e por Gordon e Becker (1964), mas as duas foram inconclusivas.

Na relação entre frequência de sucessão e desempenho pós-sucessão, foram formuladas três

teorias sobre sucessão: senso comum (sugere que o desempenho organizacional melhora após a

sucessão), ciclo vicioso (quando a sucessão é frequente e o desempenho organizacional piora) e

bode expiatório (embora o líder não seja o responsável pelo desempenho de seu time, sua

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demissão sinaliza para o ambiente externo que existe uma questão de baixo desempenho).

Pesquisas de Grusky (1960) demonstraram que quando o sucessor não tinha nenhum aliado na

organização isso dificultava a sua adaptação. (KESNER E SEBORA, 1994).

Enquanto a primeira fase se caracteriza por um estágio de desenvolvimento de pesquisas,

preparando a base para pesquisas futuras, a segunda fase se caracteriza por um amplo

crescimento no número de pesquisas sobre o tema.

Na segunda fase, segundo Kesner e Sebora (1994), os principais autores foram Helmich e

Pfeffer, com 19 artigos publicados, sendo que os trabalhos foram concentrados em:

Origem do sucessor: Birnbaum (1971) observou que os sucessores que vinham de

fora, mas que haviam passado por organização semelhantes, tinham mais sucesso ao

assumir a posição. Já Helmich e Brown (1972) verificaram que, se o sucessor fosse de

dentro, mas não do mesmo grupo do CEO, ele teria sucesso, pois já conhecia a cultura

e os valores da organização. Inúmeras pesquisas foram desenvolvidas, algumas

encontraram correlação positiva entre insiders e desempenho, outras encontraram

correlação negativa, sendo assim nada foi conclusivo neste sentido (SHETTY;

PERRY, 1976; LEWIN; WOLF, 1974; HELMICH, 1974).

Taxa de sucessão e tamanho organizacional: não se teve nenhuma resposta

conclusiva sobre o assunto, no entanto identificou-se que a frequência de sucessão do

CEO na organização pode ser considerada como consequência de processos políticos,

pois, a cada sucessão, a organização realinhou a distribuição de poder e a demanda

por recursos. Sendo assim, a sucessão pode refletir tanto uma reação a um processo de

mudança inesperada quanto uma antecipação de futuras mudanças.

Frequência de sucessão e desempenho organizacional pós-sucessão: nesta fase,

observou-se que sucessões frequentes foram prejudiciais ao desempenho da

organização, segundo pesquisas realizadas por Eitzen e Yeman, 1972; McEachern,

1975; Allen, Panian e Lotz, 1979.

Estilos de liderança: Helmich (1975) observou que os líderes mudaram seu estilo de

liderança dois anos após assumirem o cargo. Líderes mais orientados para tarefa

tornaram-se mais centrados no empregado e líderes centrados no empregado,

tornaram-se líderes orientados para tarefa. O autor inferiu que esta mudança pode

estar relacionada à consolidação de poder pelo novo CEO.

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Kesner e Sebora (1994) apontam que Helmich (1977) concluiu em suas pesquisas que os

sucessores em empresas maiores e mais maduras tinham mais facilidade em lidar com frustrações

sociais do que sucessores de empresas menores. Concluiu, também, que sucessores de empresas

grandes eram mais propensos a trabalhar seu crescimento pessoal e desenvolvimento de carreira.

Ainda nesta fase, segundo Kesner e Sebora (1994), concluiu-se que a sucessão era mais eficaz

quando se associava as necessidades da organização com o plano de carreira do indivíduo

(PFEFFER; SALANCIK, 1977; HALL, 1976).

Nesta fase, Kesner e Sebora (1994) apontam duas importantes contribuições de Gephart

(1978), que são o desenvolvimento de uma nova metodologia para informar sobre o andamento

da sucessão sob a perspectiva do sucessor e o de cinco tipos de “saída” da posição, que são

utilizados ainda hoje. São eles: (1) a aposentadoria; (2) demissão voluntária; (3) demissão

involuntária; (4) movimentação intraorganizacional; e (5) morte.

Na terceira fase, segundo Kesner e Sebora (1994), houve uma revisão da literatura realizada

por alguns autores que resumiram a bibliografia sobre o assunto. Além disso, na década de 1980,

surgiram metodologias de pesquisas mais sofisticadas e novas perspectivas teóricas. As questões

estudadas foram:

Taxa de sucessão: concluiu-se que as taxas foram maiores em empresas de baixo

desempenho. As taxas foram menores quando associadas a maiores crenças

compartilhadas entre os membros da organização, a posições acionárias do CEO,

quando o CEO tinha poder para controlar o processo, e à mudança de propriedade.

Relação entre sucessão e mudança: estudadas por Brady e Helmich (1984), que

chegaram à conclusão de que os outsiders trazem maiores mudanças para as suas

equipes na pós-sucessão. No entanto, isso não impacta diretamente o desempenho

organizacional, embora as empresas lucrativas sejam mais associadas ao sucessor que

vem de fora. Verificou-se que nenhum insider chegou à posição de CEO como

consequência de um planejamento de sucessão, passando por um processo cuidadoso

de desenvolvimento. Além disso, os autores concluíram que se escolhe o sucessor

com um estilo de liderança que se adeque às necessidades da empresa em curto prazo,

e não em médio e longo prazo.

Impacto da sucessão no desempenho: Greenblatt (1983) concluiu que em algumas

empresas o sucessor era visto como o “salvador”, já em outras, nas quais havia um

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forte vínculo com o antecessor, nenhum sucessor se encontrava à altura; sendo assim,

autores como Hart (1987) e Louis (1980) recomendaram que, para preparar os

empregados para a mudança, fosse realizada uma pesquisa na organização antes da

sucessão ocorrer.

Relação entre mudança do CEO e relação de mercado: apesar de mais de 12

estudos acerca desta relação terem sido realizados entre 1985 e 1990, os resultados

foram inconclusivos (BEATTY; ZAJAC, 1987; DAVIDSON et al., 1990;

REINGANUM, 1985; MCGUIRE, SCHNEEWEIS; NAROFF, 1988; WARNER et

al., 1988; WEISBACH, 1988; BONNIER; BRUNER, 1989; FRIEDMAN; SINGH,

1989).

Morte do CEO: embora em alguns casos a reação tenha sido negativa, houve pouca

reação significativa em longo prazo (JOHNSON et al., 1985; WORRELL et al., 1986;

WORRELL; DAVIDSON, 1987).

Planejamento Sucessório: Mahler (1980) foi um dos primeiros a abordar as

vantagens de se melhorar o planejamento sucessório. Brady et al. (1982) realizaram

uma pesquisa em que menos de 50% das empresas diziam possuir planejamento

sucessório e com frequência este planejamento estava nas mãos do CEO. Autores

como Friedman (1990) e Hall (1989) enfatizaram os papéis de aprendizagem para o

desenvolvimento da empresa nas quais o planejamento sucessório já está estabelecido.

Garbarro (1988) coloca que o plano de sucessão deve considerar a pré-sucessão e o

planejamento de carreira. Kets e Vries (1988) consideram que, apesar de um bom

planejamento sucessório e de preparação para a transição, a sucessão é influenciada

por questões políticas na organização. Apesar desses apontamentos, não foram

encontrados estudos que observassem as implicações do planejamento sucessório no

desempenho pós-sucessão.

Dimensões do processo sucessório: vários autores estudaram o tema e descobriram

que o processo de sucessão contempla uma série de etapas e que as mudanças não

ocorrem no período logo após a sucessão. As mudanças demoram pelo menos seis

meses para serem iniciadas, pois o sucessor precisa se ambientar e ganhar espaço

político (KELLY, 1980; GILMORE; MCCANN, 1983; GARBARRO, 1986). As

organizações mais bem sucedidas, segundo Friedman (1986), foram aquelas que

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possuíam o envolvimento do CEO e que destinavam recursos significativos para que a

área de Recursos Humanos da organização estabelecesse funções e responsabilidades

no apoio ao processo sucessório. Lanb (1987) observou que os resultados do processo

de sucessão tiveram influências sobre o poder do antecessor. Kerr e Jackofsky (1989)

sugerem que processos de desenvolvimento são fatores importantes para a escolha do

sucessor. Wills (1992) complementa que esse processo de desenvolvimento deve ser

focado em passar o poder e aprender com os sucedidos. Sendo assim, sugere-se que o

processo de sucessão é eficiente quando ele produz uma continuidade da liderança.

Sucessão e correspondência dos gestores à estratégia: autores chegaram à

conclusão que a transição dos executivos foi mais eficaz, quando as características do

sucessor combinavam com as características da empresa e de seu ambiente e quando

os sucessores eram pareados com a estratégia da organização (WISSEMA et al., 1980;

LEONTIADES, 1982; GUPTA, 1984; HAMBRICK; MASON, 1984; SZILAGYI;

SCHWEIGER, 1984).

Sucessão e conselho: Weintrope (1991) descobriu que a sucessão era mais provável,

quando o CEO não atendia às expectativas do conselho. Weisbach (1988), por sua

vez, observou que apenas conselhos compostos por pessoas de lugares distintos

realizavam a sucessão do CEO.

Em resumo, nesta fase entre 1980 e 1994, as pesquisas incluíram novas variáveis, como

mudança de estratégia, mudança de estrutura e desempenho medido por indicadores de mercado.

Estes estudos, segundo Kesner e Sebora (1994), foram pouco conclusivos, mas ajudaram a

compreender melhor a influência das características do ambiente organizacional sobre a sucessão;

entre o fraco desempenho e a sucessão; e a influência do conselho de administração.

A seguir, o Quadro 3 apresenta as principais contribuições das duas autoras para os estudos

sobre a questão.

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Quadro 3 – Status das pesquisas realizadas entre 1960 e 1994

Fase Variáveis Pesquisadas Contribuições Autores Fase I –

Emergência

de Campo –

década de

1950 e 1960.

- Origem do sucessor (insider

e outsider).

- Tamanho da organização e

frequência de sucessões.

- Frequência de desempenho

organizacional.

Desenvolvimento de três

teorias de sucessão: “teoria

do senso comum”, do

“círculo vicioso” e do “bode

expiatório”.

Identificação de algumas variáveis para estudos,

modelos de pesquisa e testes

de hipóteses.

Grusky, 1960; Carlson, 1961;

1962; Trow, 1961; Gamson &

Scotch, 1964.

Fase II -

Período de

Construção de

Teoria e

Investigação

Empírica –

década de

1980.

- Origem do sucessor (insider

e outsider).

- Tamanho da organização -

Frequência de sucessões

frequência e desempenho

organizacional.

- Características do sucessor.

- Conselho de Administração.

- Mudanças Organizacionais - Mercado

- Frequentes sucessões são

prejudiciais para o

desempenho organizacional;

- Nova metodologia para

informar sobre o andamento

da sucessão sob a

perspectiva do sucessor

- Cinco tipos de “saída” da

posição que são utilizados ainda hoje: (1) a

aposentadoria; (2) demissão

voluntária; demissão

involuntária; (4)

movimentação

intraorganizacional; e (5)

morte.

Birbaum, 1971; Eitzen & Yetman,

1972; Helmich e Brown, 1972;

Pfeffer & Leblebici, 1973;

Helmich, 1974a; 1974b; 1975a;

1975b;1975c; 1976; 1977a;

1977b; 1977c; 1978a; 1978b;

Daum; 1975; Helmich & Erzen;

1975; Lewin &walf, 1975;

McEarchem, 1975; crain, Denton & Tollison, 1976; Hall, 1976;

Shetty & Perry, 1976; Mace,

1977; March & March, 1977;

Pfeffer & Salancik, 1977;

Gaphart, 1978; Redlich, 1978;

Greenblatt, 1978; Koch, 1978;

Allen, Parnian and Lotz, 1979.

Fase III –

Crescimento

Explosivo 1980-1964

- Revisão da

literatura.

- Taxa de sucessão.

- Relação sobre

sucessão e mudança;

- Impacto da sucessão

no desempenho.

- Morte do CEO.

- Planejamento

Sucessório.

- Dimensões do

processo sucessório.

- Sucessão &

estratégia.

- Metodologias de pesquisa

mais sofisticadas e novas

perspectivas teóricas. - Taxas de sucessão maiores

em empresas de baixo

desempenho e menores

quando existiam crenças

compartilhadas entre

membros da organização.

- Inexistência de preparação

dos sucessores internos para

assumir a posição.

- Planejamento sucessório

deve contemplar a pré-

sucessão e o plano de carreira, além disso, recebe

grande influência política.

- A sucessão é mais

eficiente quando se trabalha

o processo de

desenvolvimento do

sucessor.

- Sucessão mais eficaz

quando as características do

Kelly, 1980; Louis, 1980; Mahler,

1980; Wissema et al., 1980;

Brandy et al.,1982; Leotiades, 1982; Gilmore e Mccann, 1983;

Greenblatt, 1983; Dalton e

Kesner, 1983 e 1985; Brandy e

Helmich 1984; Gupta, 1984;

Hambrick e Mason, 1984;

Szilagyi e Schweiger, 1984;

Reinganum, 1985; Jonson et al.,

1985; Gabarro, 1986; Friedman,

1986; Worrell et al., 1986;

Lubatkin, Chung, Rogers e Owers,

1986 e 1989; Beatty e Zajac,

1987; Chung, Lubatkin; Rogers e Owers, 1987; Furtado e Rozeff,

1987; Hart, 1987; Land, 1987;

Vancil, 1987; Worrell e Davidson,

1987; Garraro, 1988; Kets e Vries,

1988; McGuire, Schneeweis e

Naroff, 1988; Warner, Watts e

Wruch, 1988; Warner et al., 1988;

Weisbach, 1988; Bonnier e

Bruner, 1989; Friedman e Singh,

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sucessor combinavam com

as características da

empresa e estavam

alinhadas a sua estratégia.

1989; Hall, 1989; Kerr e

Jackofsky, 1989; Davidson et al.,

1990; Friedman, 1990; Zajac,

1990; Worrel e Cheng, 1990;

Wills, Weintrope (1991); 1992;

Wiersema, 1992; Brandy, Fulner e

Helmich, 1982; Canella e

Lubatkin, 1993. Fonte: Adaptado pela autora de Ohtsuki, (2013) com base nos estudos de Kesner e Sebora (1994).

2.3.2. Estudos de Giambatista, Row e Riaz (2005)

Giambatista, Row e Riaz (2005) também trazem grandes contribuições para o entendimento

da evolução histórica das pesquisas sobre sucessão em sua revisão realizada em artigos de

relevância publicados entre 1984 e 2005, com a qual concluíram que grande parte da literatura

produzida neste período continuou investigando variáveis antecedentes e consequentes. Com os

estudos sobre as variáveis antecedentes, pôde-se comprovar a relação entre baixo desempenho e

sucessão e verificar como se dá a influência dos conselhos de administração, das características

organizacionais e do ambiente em que a empresa está inserida no processo sucessório. Já com os

estudos das variáveis consequentes, pôde-se ampliar o entendimento sobre a relação da sucessão

com a mudança de estratégia e reestruturação da organização. Ohtsuki (2013) realizou um quadro

que sintetiza de forma didática a revisão realizada por Giambatista, Row e Riaz (2005).

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Quadro 4 – Revisão de literatura de 1984 a 2004, segundo Giambatista, Row e Riaz

(2005)

Período Principais Contribuições Autores Citados

-Relacionados ao

conselho de

administração

Uso de diferentes perspectivas teóricas

permitiram aprofundar a compreensão do papel

do conselho na sucessão

Ocasio, 1994; Phan and Lee, 1995; Puffer and

Weintrop, 1995; Bomer and Ellstrand, 1996;

Zajac and Westphal, 1996; Barker et al, 2001;

Borokhovich et al, 2001; Cannella and Shen,

2001; Bailey and Helfat, 2003; Zhang and

Rajagopalan, 2003.

-Desempenho da empresa

-Confirmação de que desempenho

organizacional fraco está associado a

sucessão;

-Desempenho como variável moderadora;

Datta and Guthrie, 1994; Daily and Dalton,

1995; Fabianic, 1995; Drazin and Rao, 1995;

Lauterbach et al, 1999; Ocasio, 1999; Ocasio

and Kim, 1999; Hudson et al, 2001; Allgood

and Farrell, 2003; Zang and Rajagopalan, 2004.

-Características e ações

do líder

-Uso de diferentes perspectivas teóricas;

-Melhor definição de constructos chaves;

Khanna and Poulsen, 1995; Fizel and D'Itri,

1997; White et al, 1997; 1999; Drazin and Rao,

1999.

-Características da

empresa

-Compreensão da relação entre características

da empresa como tamanho, idade, quantidade

de investimentos em P&D e sucessão.

Datta and Guthrie, 1994; Fizel and D'Itri, 1997;

1999; White et al, 1997; Lauterbach et al, 1999;

Ocasio, 1999; Ocasio and Kim, 1999; Baker et

al, 2001; Allgood and Farrell, 2003; Zang and

Rajagopalan, 2004.

-Características da

indústria e outros fatores

ambientais

-Compreensão da influência na sucessão de

variáveis como desempenho, estrutura e

mudanças na indústria.

Finkelstein and Hambrick, 1996; Datta and

Rajagopalan, 1998; Ocasio and Kim, 1999;

Thornton and Ocasio, 1999; Haveman et al,

2001; Zhang and Rajagopalan, 2003.

Pla

neja

men

t

o S

ucessó

rio

-Negócios familiares-Negócios familiares carecem de planejamento

sucessório formal.

Fiegener et al, 1996; Kuratko, 1993; Kirby and

lee; 1996; Zaudtke and Ammerman, 1997;

Brown and Coverley, 1999; Lee et al, 2003.

-Desempenho em times

esportivos

-Uso de diferentes perspectivas teóricas como

teoria do ciclo de vida do líder, da

aprendizagem organizacional, da deseconomia

de compreensão de tempo; -Teste

das três teorias de sucessão (senso comum,

círculo vicioso e bode espiratório).

Fabianic, 1994; Cannellaand Rowe, 1995;

Mcteer et al, 1995; Fizel and D'Itri, 1997;

Giambatista, 2004; Rowe et al, 2005.

-Desempenho em

organizações

empresariais:

-Medidas contábeis;

-Medidas de mercado;

-Outras medidas;

-Uso da teoria da circulaçãodo poder; -Maior

compreensão do impacto de sucessão no

desempenho oganizacional;

-A forma como o desempenho é medido -

indicadores contábeis ou de mercado - afetam

a relação encontrada entre sucessão e

desempenho.

Watts and Zimmerman, 1978; 1990; Long and

Ravenscraft, 1984; Jacobson, 1987; khanna

and Poulsen, 1995; Tushman and Rosenkopt,

1996; Lauterbach et al, 1999; Rowe and

Morrow, 1999; Harrison and Fiet, 1999; Shen

and Cannella, 2002b; Ang et al, 2003; Davidson

et al, 2004; Haveman and Khaire, 2004; Huson

et al, 2004; Zhang and Rajagopalan, 2004.

-Estratégia;

-Reestruturação;

-Aprofundar a compreensão sobre a relação

entre sucessão e mudanças de estratégia e/ou

estrutura organizacional.

Romanelli and Tushman, 1994; Simons, 1994;

Cannella and Rowe, 1995; Lerner, 1995;

Wieserma, 1995; Tushman and Rosenkopf,

1996; Boeker, 1997; Fondas and Wiersema,

1997; Sakano and Lewin, 1999; Barker et al,

2001; Bertrand and Schoar, 2003; Datta et al,

2003.

1984

a

2004

An

teced

en

tes

Co

nseq

uên

cia

sFoco de Estudo

Fonte: Reproduzido de Ohtsuki, (2013).

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2.3.3. Estágios de estruturação do processo sucessório

Segundo Hall (1986), a complexidade dos problemas que cada organização enfrentará com

relação à sucessão dependerá do estágio de evolução em que cada uma se encontra. O autor

categoriza o processo sucessório em três estágios: de posições individuais, de planejamento de

reposição e de planejamento sucessório:

Estágio 1: é chamado de estágio de posições individuais. Segundo Hall (1986), as

organizações situadas neste estágio inicial encontram-se em um modelo de sucessão

reativo, no qual as posições são abertas por conta de abertura de novos departamentos,

aposentadoria, demissões voluntárias e involuntárias, entre outros. Rapidamente, busca-se

na organização quem pode ocupar essas posições vacantes, no entanto isso ocorre no

momento em que a mesma surge na organização.

Estágio 2: é o chamando estágio de reposição, no qual periodicamente os altos executivos

das organizações analisam suas equipes e definem dois ou três back-ups para as suas

posições, antes que elas surjam; no entanto os critérios não estão definidos de forma clara,

estão nas cabeças dos executivos tomadores das decisões de sucessão.

Estágio 3: é o chamado plano de sucessão e está focado em trabalhar um processo de

sucessão consciente no qual se levam em conta as futuras posições de gestão e as pessoas

que se candidatam a ela.

Ohtsuki (2013) e Ferreira (2015), autores que trazem grandes contribuições para os estudos

brasileiros sobre sucessão, também utilizaram os três estágios, propondo novos formatos. Neste

caso, o primeiro estágio refere-se à reposição, o segundo estágio ao desenvolvimento de um mapa

sucessório e o terceiro estágio ao planejamento sucessório com visão de futuro da organização. A

seguir os estágios serão detalhados.

2.3.3.1. Estágio de Planejamento da Reposição

Diferente de Hall (1986), Ohtsuki (2013) e Ferreira (2015) aglutinam no mesmo estágio o

planejamento individual e a reposição. Ambos corroboram com Hall (1986) ao apontar que a

sucessão neste estágio é vista como um fenômeno que ocorre naturalmente, ou seja, quando surge

uma posição na organização, ela é naturalmente reposta sem que sejam consideradas as

necessidades da organização ou do indivíduo.

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O planejamento sucessório de reposição faz sentido em modelos de gestão que estiveram

vigentes, predominantemente, nas organizações até o início dos anos 1980, no qual o ambiente

era de baixa competitividade e existia estabilidade nos processos internos, na estrutura

organizacional e no ambiente que as cercavam, as mudanças de contexto se davam a passos

lentos e a carreira era uma sequência linear determinada pela estrutura organizacional (Walker

1998; Dutra, 1996).

Ferreira (2015, p.29) coloca que:

Organizações no estágio I decidem pelo sucessor em momentos específicos,

classificados como episódicos, dada a inexistência de um planejamento sucessório com

vistas a entender um contexto futuro. Desse modo, o sucedido é definido

tempestivamente em razão da posição vacante, o que caracteriza a reposição de um

prévio ocupante da posição avaliada.

2.3.3.2. Estágio da Elaboração do Mapa Sucessório

Para Ip e Jacob (2006 apud MARTIN et al., 2002, p.6), “Sucessão próspera resulta em uma

continuação do negócio, pelo menos a curto prazo.” Ferreira (2015), com base em Kesner e

Sebora (1994), coloca que neste estágio, apesar de ainda com visão de curto prazo, são

aglutinados ao planejamento sucessório aspectos de desenvolvimento gerenciais e de liderança,

além de passarem a ser considerados no processo sucessório ocupantes de níveis operacionais e

táticos para ocuparem futuramente posições estratégicas. Para o autor, com base em Dutra (2010)

e Veloso et al. (2013), o processo sucessório tem evoluído e passado a ser discutido em comitês

estratégicos de gestão de pessoas e, em muitos casos, ainda se restringe ao registro de potenciais

candidatos a assumir futuramente posições críticas em nível superior. Esse registro se denomina

mapa sucessório.

Dutra (2010) não vê o mapa sucessório como algo restritivo a posições estanques, ou uma

fotografia atual da organização, mas como uma base concreta para se desenhar estratégias futuras

para a organização. Em suas pesquisas junto a organizações brasileiras, Dutra (2010) percebeu

que o processo sucessório tende a se dividir em duas partes que dialogam continuamente, que são

o mapa sucessório e o desenvolvimento de pessoas capazes de assumir posições de maior

complexidade. Para o autor, mapa sucessório é: “Um exercício estratégico e visa avaliar qual a

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capacidade da organização de repor pessoas em posições estratégicas para o negócio.” (DUTRA,

2010, P.77).

Para Hall (1986) e Ohtsuki (2013), este estágio trabalha um processo de sucessão consciente,

no qual se leva em conta as futuras posições de gestão e as pessoas que se candidatam a elas. Para

Dutra (2010), o processo sucessório tem evoluído e caminha paralelamente com a carreira, sendo

que o processo sucessório privilegia os interesses das organizações, pois a carreira concilia os

interesses da organização e o interesse das pessoas. Pfeffer e Salancik (1977) corroboram o autor

quando afirmam que a sucessão era mais eficaz quando associava as necessidades da organização

com o plano de carreira do indivíduo.

Organizações de todos os tamanhos estão enfrentando uma série de desafios para desenvolver

suas lideranças nos dias de hoje. O mercado altamente competitivo por recursos muitas vezes

impede o desenvolvimento de profissionais com potencial, principalmente para a média gerência.

As lideranças organizacionais, que em sua maior parte são da geração de baby boomers10, estão

se aposentando, o que pode causar a escassez de profissionais preparados no mercado de trabalho

(ROTHWELL, 2002; GROVES, 2007). O “apagão de mão de obra” citado por Rothwell (2005),

com a saída dos baby boomers do mercado de trabalho e a falta de preparação de profissionais

aptos a lidarem com as novas realidades do contexto e crescente complexidade das atividades

executivas, foi também observado no Brasil por Ferreira (2015), baseando-se em Walker e

Ferreira (2012) e no relatório da Confederação Nacional das Indústrias (VNI, 2011). Segundo o

autor, o mesmo fenômeno ocorreu no Brasil, apontando que 69% das indústrias brasileiras

enfrentam dificuldades com a falta de profissionais qualificados. Sendo assim, tornou-se cada vez

mais importante o mapeamento e desenvolvimento de talentos nas organizações para assumirem

futuramente posições estratégicas.

Pesquisas de retenção indicam que os profissionais tendem a ficar mais tempo nas

organizações se experimentam crescimento profissional e pessoal, principalmente se são

envolvidos em seus plano de desenvolvimento e se conseguem alinhá-lo com as metas

organizacionais. O mesmo ocorre quando a empresa possui um processo estruturado de sucessão,

10

Segundo Veloso (2012, p.5, com base em Smola & Sutton, 2002; Zemke et al., 2000) “a geração Baby

boomer seguiu os valores tradicionais relacionados ao cumprimento de suas obrigações em relação à carreira, lealdade à organização, educação e criação dos filhos, casamento, entre outros. Além disso, tendem a ser mais

cooperativos e participativos no trabalho”.

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24

propiciando que tanto as pessoas quanto a organização possam desenvolver-se para as demandas

futuras (GRAFFNEY, 2005).

Crescem as evidências de que as organizações estão envolvendo cada vez mais o corpo

gerencial no processo de desenvolvimento de lideranças, que trazem grande contribuição para a

construção do pipeline11de liderança, juntamente com especialistas consultores, acadêmicos e

outros profissionais. Um exemplo disso é a General Electric, com o Centro de Desenvolvimento

de Lideranças de Crotonville (TICHY, 1998 e 2004 e ALLIO, 2013). Segundo Groves (2007) e

Kur e Bunning (2002), a estruturação do processo de sucessão pode auxiliar no desenvolvimento

estruturado dessas lideranças em longo prazo, o que corrobora com os conceitos trazidos pelos

autores no estágio três a seguir.

2.3.3.3 Estágio de Planejamento Sucessório

O terceiro estágio contempla, segundo Ferreira (2015) com base em (IP e JACOBS, 2006;

GROVES, 2007; ROTHWELL, 2010), discussões voltadas para o futuro das organizações. Para o

autor, planejamento sucessório é “caracterizado por ações de mapeamento de potenciais talentos

e potenciais líderes na condição de futuros sucessores” (FERREIRA, 2015).

Groves (2007) concluiu em sua pesquisa que as organizações estudadas estão evitando, em

seu processo sucessório, a abordagem de substituição, elegendo herdeiros para posições

específicas; em vez disso a organização identifica potenciais talentos, desenvolvendo-os para

uma gama de posições. Kur e Bunning (2002) afirmam essa conclusão, reforçando que as

organizações devem desenvolver a função de liderança e não os líderes individualmente. Em

pesquisa realizada no Brasil, 27% dos respondentes afirmam possuir um planejamento sucessório

que enfatiza a avaliação e o desenvolvimento e um pool de talentos em todos os níveis

organizacionais, com base nos objetivos estratégicos da organização (MELHORES EMPRESAS,

2014; 2015).

Dutra (2010), Rothwell (2005), Ferreira (2015), Othsuki (2013) e Veloso et al. (2013),

colocam que planejamento sucessório precisa de normas e procedimentos claros, levando em

conta estratégia do negócio e interagindo com as práticas vigentes na organização para a gestão

11 Segundo (Charan, 2009) pipeline são as etapas de desenvolvimento das lideranças. Para se ultrapassar cada

uma das etapas requer a aquisição de novos conhecimentos, habilidades e mudanças na força de pensar, agir e

encarar valores de trabalho.

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de pessoas, formando um sistema de gestão sucessória ao invés de apenas um mapa de sucessão.

Os critérios para a escolha dos candidatos devem ser claros e transparentes, todos devem ter as

mesmas chances de participar do processo. Ferreira (2015, p. 217) coloca que “invariavelmente, o

desempenho passado e o fator de análise e encaminhamento de um profissional à ocupação de

posições futuras, na clara concepção de prolongamento das condições e do contexto atual”.

O desenvolvimento desses sucessores consiste, no geral, em trabalhar suas habilidades em

gerir pessoas e sua capacidade de liderar, segundo Conger e Fulmer (2003), Charan (2005),

Kesler (2002) e Biggs (2004). No entanto, Ferreira (2015) e Graffney (2005) questionam se essas

ações são suficientes para o desenvolvimento das futuras lideranças em um contexto de

constantes mudanças. Ferreira (2015) concluiu em suas pesquisas que o desenvolvimento de

profissionais para assumirem posições em um nível superior torna-se cada vez mais difícil, pois o

ambiente exige cada vez mais complexidade dos profissionais que precisam dar conta de se

desenvolver para as posições atuais. Estas posições se tornam cada vez mais complexas e os

profissionais acabam necessitando de um esforço muito grande para conseguir superar a sua

posição e chegar a uma posição de nível superior. O autor coloca ainda que os sucessores ideais

são aqueles que possuem potencial para auxiliar as organizações a detectarem os problemas e

encontrarem soluções adequadas para eles.

Graffney (2005) aponta uma forma de auxiliar as organizações a encontrarem essas pessoas,

que as auxiliarão a manter a sua sobrevivência. A autora coloca que, quando a organização

compartilha seu plano corporativo e consegue alinhá-lo com as expectativas de seus empregados,

um novo contrato se desenvolve e são gerados “sócios” empresariais internos que passam a ter

interesse legítimo no sucesso da organização (GRAFFNEY, 2005). A autora coloca ainda que, ao

se disponibilizar o plano corporativo da organização, os profissionais podem visualizar o que está

disponível no presente e no futuro, entender o que tem a oferecer para auxiliar a organização a

atingir os seus objetivos presentes e o que quer desenvolver para o futuro, responsabilizando-se,

assim, por desenhar o seu plano de carreira com a ajuda da alta administração, assumindo o papel

de protagonista por seu crescimento e desenvolvimento.

No entanto, para que isso seja possível, Graffney (2005) cita que é necessário que os

profissionais conheçam bem o todo organizacional, que significa ir além da compreensão do

plano corporativo, conhecendo:

Propósito: sua missão e razão de existir.

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26

Direção: objetivos de curto, médio e longo prazo que oferecerão uma direção estável à

organização, além de métricas que necessitam ser estudadas, projetadas e

estabelecidas para que a organização seja sustentável.

Estratégia: planos e recursos que diferenciam a organização e a tornam competitiva no

mercado.

Objetivos financeiros: métricas a serem estudas, projetadas e aplicadas para garantir a

sustentabilidade organizacional.

Estrutura: sistemas, processos, políticas e procedimentos que apoiam a estratégia

organizacional.

Administração: capacidade, estilo e abordagem das lideranças para comunicar, tomar

decisões e interagir com membros da organização.

Questões Externas: leitura das ameaças e oportunidades do ambiente externo que

podem afetar positivamente ou negativamente a organização.

Questões Internas: forças, fraquezas, competências centrais e recursos existentes ou

inexistentes na organização.

Cultura: como as coisas são feitas, o que realmente acontece na organização.

Graffney (2005) cita ainda que após essa compreensão do todo organizacional, o indivíduo

precisa se autoanalisar e verificar o que ele pode oferecer para auxiliar a organização a atingir as

suas metas e alinhá-las ao seu plano de desenvolvimento pessoal. Mas para isso precisa analisar:

Habilidades: habilidades desenvolvidas e aplicadas em experiências anteriores, que

podem ser oferecidas para a organização no trabalho a ser realizado no presente e no

futuro em curto, médio e longo prazo.

Valores: onde e como o indivíduo gasta seu tempo, energia e dinheiro.

Forças: o que destaca o indivíduo dos demais, o que ele faz bem e naturalmente.

Interesses: o que deixa o profissional motivado no trabalho, o que empolga e faz

“brilhar os seus olhos”.

Educação: oportunidades de aprendizagem formais e informais que construíram o

processo de pensamento atual do indivíduo.

Experiências: quais foram as experiências boas e ruins que contribuíram para que o

indivíduo seja quem é hoje.

Exposições: trajetória de vida e carreira, experiências e realizações.

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27

Recursos Naturais: o que influencia positiva e negativamente a forma do indivíduo ver

e sentir.

Gaps de desenvolvimento: o que o indivíduo precisa desenvolver para o seu

crescimento pessoal e profissional.

Metas: como você quer ser lembrado pelas pessoas que o cercam, qual o legado que o

indivíduo quer deixar.

Com este processo, a autora coloca que a alta cúpula da organização consegue visualizar

claramente os recursos que possui na organização e quando cada indivíduo estará pronto para

assumir cada desafio que se apresenta. Além disso, com esse processo, o empregado tende a

permanecer mais tempo na organização.

Para Dutra(2010) e Rothwell (2005), a proposição de Graffney (2005) é apenas uma parte do

planejamento sucessório. É importante que o planejamento de carreira do indivíduo esteja

claramente alinhado ao planejamento estratégico da organização, que cada profissional esteja

comprometido e saiba como pode contribuir para a organização. No entanto, a construção do

planejamento sucessório organizacional é bastante complexa e deve ser um processo colegiado,

envolvendo os responsáveis pelas posições.

Graffney (2005), Dutra (2010) e Rothwell (2005) citam que, para se trabalhar um programa

de desenvolvimento de carreira e sucessão, é necessário o envolvimento da alta cúpula da

empresa e o entendimento do todo organizacional.

A seguir serão identificadas algumas formas de estruturar o planejamento sucessório vigentes

na literatura sobre o tema.

2.4. Estruturação do Planejamento Sucessório

Para Rothwell (2005, p.27), “O planejamento sucessório consiste em uma abordagem

sistemática e de longo prazo para atender às atuais e futuras necessidades de talentos de uma

organização para continuar a cumprir sua missão e atender ou exceder os seus objetivos de

negócio”. O autor coloca que o planejamento de sucessão exige tempo, persistência e

consistência e que as organizações que não utilizam continuamente um planejamento de sucessão

tendem a falhar em seus esforços para desenvolver talentos capazes de sustentar sua

sobrevivência futura.

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Rothwell (2005) enfatiza seis grandes benefícios de se ter um planejamento de sucessão:

Benefício 1 - Permite que a organização avalie seus talentos por meio do

desenvolvimento de critérios claros e transparentes. Entender as necessidades de negócios

de uma organização pode ser difícil, devido às incertezas do mercado e da guerra por

talentos. São poucas as organizações que assumem uma postura proativa para atrair e reter

talentos com um planejamento de sucessão abrangente, experimentando grandes perdas de

profissionais para o mercado. Um dos grandes benefícios do processo de planejamento de

sucessão é que ele leva a uma avaliação formal de funções de trabalho atuais e pessoas,

facilitando o desenvolvimento de modelos de competência que permitem ao profissional o

que se espera dela em cada categoria de trabalho, departamento ou nível hierárquico. Ao

desenvolver esse trabalho de avaliação e possibilitando ao profissional ter mais claro o

que necessita para se desenvolver, aumentam-se as taxas de retenção. Hall (1986),

Othshuk (2013), Dutra (2010), Veloso et al. (2013) também frisam a importância dos

critérios de avaliação para o processo sucessório.

Benefício 2 - Permite às lideranças organizacionais a identificação ágil de profissionais

aptos a preencher posições-chave vacantes na organização, a partir da construção de um

pool de talentos aptos a lidarem com as necessidades organizacionais em curto, médio e

longo prazo, o que é reforçado pelas pesquisas desenvolvidas por Dutra (2010), Ferreira

(2010), Groves (2007) e Kur e Bunning (2012).

Benefício 3 – Visualizar caminhos para o presente e futuro do plano de sucessão. O

inventário de sucessão disponibiliza um panorama completo da organização e de seus

talentos que pode ser valioso para a organização em curto prazo. No entanto, o plano de

sucessão pode ser volátil, necessitando adaptar-se ao contexto de frequentes mudanças e

incertezas. Sendo assim, para sobreviver, a organização precisa identificar caminhos e

preparar as pessoas para trafegar neles. No entanto, as direções podem mudar rapidamente

e as pessoas precisam estar preparadas para se adaptarem e conduzirem a organização de

acordo com as necessidades apresentadas pelo contexto. Dutra (2010) e Ferreira (2015)

também visualizam este contexto como benefício do planejamento sucessório, a partir de

suas pesquisas. Ainda segundo os autores, a organização que conseguir desenvolver um

bom trabalho neste sentido possuirá uma grande vantagem competitiva frente ao mercado.

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Beneficio 4 - Define trajetórias de carreira na organização. A definição do percurso de

carreira muitas vezes é um importante subproduto da avaliação das necessidades

organizacionais, identificando o pessoal-chave, e estabelecendo um esforço de

planejamento de sucessão alinhada com o plano estratégico de negócios da organização.

O esclarecimento de percursos profissionais em toda a organização permite que os

funcionários entendam sua situação atualmente, encaixem-se no negócio e vislumbrem

aonde eles podem chegar no futuro. Sendo assim, as pessoas conseguem visualizar e

desenhar o seu planejamento de carreira e desenvolver as competências necessárias para

se aprimorarem na organização, alinhando os seus anseios profissionais às possibilidades

que a organização oferece; com isso os gestores podem auxiliar os profissionais e lhes

oferecer experiências que possam ir ao encontro de suas necessidades de

desenvolvimento. Este benefício corrobora com aspectos colocados por Ferreira (2015) e

principalmente por Graffney (2005) no item 3.3 deste trabalho, reforçando a importância

do profissional conhecer-se e conhecer bem as estratégias organizacionais para visualizar

como poderá contribuir para a organização em curto, médio e longo prazo, traçando o seu

plano de carreira e desenvolvimento.

Benefício 5 - Prevê um maior retorno sobre o investimento em funcionários. Grande parte

das iniciativas organizacionais exige algum tipo de mudança, sendo que, no entanto, um

esforço em realizar um processo de sucessão bem planejada pode preparar a organização

de maneira efetiva para os desafios presentes e futuros, levando à utilização mais eficaz

de seus talentos e, consequentemente, trazendo um maior retorno sobre os recursos

destinados para o seu desenvolvimento. Além disso, as organizações passam a reter mais

seus talentos, economizando em encargos referentes a demissões ou contratação de

profissionais de mercado. Este benefício é também citado como importante por Gay e

Smis (2006).

Benefício 6 - Permite que se promovam e selecionem profissionais que contribuam para o

alcance dos objetivos organizacionais. O grande benefício pretendido com o planejamento

de sucessão é identificar, desenvolver e colocar adequadamente profissionais qualificados

para posições-chave preparados para atender às necessidades estratégicas presentes e

futuras. Um processo de promoção claro e atingível em um local de trabalho motivador

pode aumentar a capacidade de corresponder adequadamente às necessidades da

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organização, sustentando seu desempenho e desenvolvendo-se para o futuro. O autor cita

que o retorno sobre o investimento no desenvolvimento dos profissionais de uma

organização pode ser maximizado se as pessoas certas forem alocadas nas posições certas,

pois promover pessoas desmotivadas ou não qualificadas para posições-chave pode ser

desastroso, principalmente em posições de liderança. Este benefício é ressaltado também

por Dutra (2010) e Ferreira (2015), quando salientam em sua pesquisa a dificuldade

encontrada hoje pelos profissionais em sustentar o seu desempenho na posição atual e

ainda desenvolver-se para posições em nível superior, por conta da velocidade nas

mudanças de contexto e necessidades de rapidamente desenvolver novas competências

para se adequar a elas.

Os seis benefícios citados por Rothwell (2005) são reforçados por outros autores tanto

nacionais quanto internacionais, principalmente por Gay e Sims, que apontam sete benefícios que

corroboram com Rothwell (2005): (1) diminuir o custo de contratações externas para cargos de

liderança, aumentando as contratações internas; (2) a retenção de sucessores e profissionais

identificados com alto potencial; (3) inserir o profissional certo no lugar certo para se alcançar

metas específicas; (4) a compreensão do líder sobre o valor das pessoas que ele possui em sua

equipe e na organização; (5) menor tempo para preencher posições chave; (6) curva de

aprendizado mais curta para novos líderes e profissionais-chave, de acordo com as demandas da

organização; e (7) deixar claro os critérios de avaliação e o que é necessário para o

desenvolvimento das pessoas na organização. Esses benefícios são aspectos importantes a serem

considerados na estruturação do processo sucessório, como veremos a seguir na visão de

Rothwell (2005) e Dutra (2010).

Para Rothwell (2005), o planejamento sucessório pode significar qualquer esforço destinado

a assegurar o desempenho eficaz continuado de uma organização, divisão, departamento ou

grupo de trabalho, fazendo provisão para o desenvolvimento, substituição e aplicação estratégica

de pessoa-chave ao longo do tempo.

Rothwell (2005) descreve a estruturação do processo sucessório em dez passos:

Passo 1 - Apoio da alta gestão da organização, ou seja, o processo sucessório só ocorre de

fato se a alta gestão da organização acredita que ele é importante e está envolvida na sua

execução.

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Passo 2 - Estabelecimento de competências de critérios claros e transparentes para a

valoração das lideranças, ou seja, as pessoas precisam saber claramente o que a

organização quer delas para realizar suas entregas de forma eficiente e nortear o seu

processo de desenvolvimento.

Passo 3 - Criar parâmetros para que a organização possa identificar as pessoas com

potencial para assumirem posições em níveis superiores.

Passo 4 - Implementação de um sistema de avaliação de desempenho, no qual as

lideranças sejam estimuladas a aprimorar as suas contribuições para os objetivos

estratégicos e sobrevivência da organização.

Passo 5 - Identificar profissionais com potencial para assumirem futuramente posições em

nível superior.

Passo 6 - Estabelecimento de planos de desenvolvimento individuais para os profissionais

identificados como potenciais, verificando lacunas que precisam ser desenvolvidas. A

maior parte das ações de desenvolvimento contidas no plano de desenvolvimento

individual é realizada no dia a dia de trabalho.

Passo 7 - Implementação, acompanhamento e avaliação das ações desenhadas nos planos

de desenvolvimento individuais.

Passo 8 - Mapeamento dos candidatos à sucessão, baseado no envolvimento e resultados

das ações de desenvolvimento propostas.

Passo 9 - Construção do mapa sucessório entre gestores e dirigentes da organização.

Passo 10 - Acompanhamento dos resultados obtidos com a preparação dos sucessores e

das variáveis que podem impactar o planejamento de sucessão, como, por exemplo, saída

de pessoas que estavam sendo preparadas para futuramente assumirem posições-chave,

mudanças no contexto que podem impactar a estrutura organizacional e mudanças no foco

de desenvolvimento dos profissionais indicados no mapa sucessório.

Dutra (2010), assim como Rothwell (2005), recomenda que o planejamento sucessório ocorra

de maneira estruturada, em ciclos anuais e alinhada aos demais processos de gestão de pessoas já

existentes na organização. Dutra (2010) aponta ainda para a importância de se criar rituais para

essas discussões na organização em comitês de sucessão, cujos principais resultados são o mapa

sucessório e o plano de desenvolvimento individual. Para que isso ocorra Dutra (2010) apresenta

um modelo de sucessão gerencial denominado de “Etapas para construção do mapa sucessório”,

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que contempla os dez passos propostos por Rothwell (2005), conforme demonstrado na Figura 1

a seguir. O modelo ocorre em seis etapas:

Figura 1: Etapas para a construção do Mapa sucessório

11.. AAvvaalliiaaççããoo ddee

DDeesseemmppeennhhoo

44.. IInnddiiccaaççããoo ddee

SSuucceessssoorr ee

vvaalliiddaaççããoo ddoo

mmaappaa ssuucceessssóórriioo

22.. IInnddiiccaaççããoo IInniicciiaall

ddee SSuucceessssoorreess

33.. CCoommiittêêss ddee

SSuucceessssããoo

55.. RReeccoommeennddaaççããoo ddoo

MMaappaa SSuucceessssóórriioo

66.. PPllaannoo

IInnddiivviidduuaall ddee

DDeesseennvvoollvviimmeennttoo

Fonte: Dutra (2010)

Etapa I – Avaliação de desempenho. Nesta etapa é realizado um processo de

avaliação com todas as pessoas em condições de serem preparadas para assumirem

posições críticas na organização, que pode ser realizada pelo gestor individualmente ou

em reuniões gerenciais ou, ainda, por sistemas institucionais de avaliação. No entanto é

importante que os parâmetros para a seleção dos candidatos à sucessão sejam claros.

Etapa II - Indicação inicial de sucessores. Consiste na indicação de profissionais

que passaram pelos critérios estabelecidos na avaliação da primeira etapa. O autor sugere

que os nomes indicados como candidatos a sucessão sejam compartilhados com os

participantes dos comitês previamente, assim como os critérios utilizados para balizar as

discussões em comitê.

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33

Etapa III - Reunião dos comitês de sucessão. Esse comitê de sucessão geralmente

é constituído de sete a nove gestores que irão avaliar profissionais capazes de assumir

posições equivalentes às suas na organização e os superiores hierárquicos desses gestores.

Os critérios para essa avaliação, citados pelo autor, passam pelos aspectos: (1) nível de

desenvolvimento da pessoa, ou seja, o quanto está pronta para assumir novos desafios; (2)

consistência do desempenho que vem apresentando ao longo do tempo; (3)

comportamento adequado à cultura e aos valores da organização; (4) potencial para

assumir novos desafios em função da velocidade de aprendizado e comportamento frente

a novos desafios e apresentação de novas formas de desenvolver seu trabalho; (5)

aspectos pessoais, como idade, conhecimentos específicos, possibilidades de mobilidade

geográfica; e (6) nível de prontidão, ou seja, em quanto tempo o profissional estaria

pronto para assumir posições em maior nível de complexidade.

Durante os comitês de sucessão, os participantes podem incluir profissionais que não

passaram nos critérios de avaliação inicial por algum motivo, como por exemplo, ter

assumido a função em um curto espaço de tempo. Após a avaliação dos candidatos, um a

um, os resultados finais dos comitês devem estabelecer: (1) indicação de pessoas para o

mapa sucessório; (2) nível de prontidão para assumir posições em nível superior dos

profissionais indicados; (3) indicação de ordem de prioridade para assumirem

determinadas posições; (4) recomendação de ações de desenvolvimento e

acompanhamento para os sucessores escolhidos; (5) estabelecimento de indicadores de

sucesso para cada sucessor escolhido; (6) apontamento de aspectos que possam restringir

o desenvolvimento dos sucessores escolhidos e definição de ações que os minimize.

Etapa IV - Indicação de sucessor e validação do mapa sucessório. A validação do mapa

sucessório sempre será feita por, pelo menos, um nível acima dos gestores que participam

dos comitês. O autor coloca que isso é importante para construir um processo político que

suporte as escolhas dos comitês. É importante que a alta direção visualize o mapa

sucessório de toda a organização e avalie se existem situações críticas, tais como a

existência de muitos profissionais prontos em uma determinada área e nenhum

profissional pronto em outra. Essas análises permitirão a construção de ações estratégicas,

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tais como: aceleração do desenvolvimento de profissionais, mudanças no organograma,

entre outras.

Etapa V - Recomendações do mapa sucessório. Segundo o autor, para que o processo

sucessório de fato seja legitimado na organização, é necessário que, quando haja uma

posição vacante, os profissionais nele plotados sejam avaliados para a posição, não

querendo dizer, necessariamente, que o primeiro candidato plotado no mapa será a melhor

escolha. Quando surge a posição, é necessário analisar se houve mudanças no contexto,

sendo que, no entanto, é importante que antes de se analisar outras possibilidades é

preciso analisar se não há nenhum profissional que atenda às exigências, entre todos os

profissionais plotados no mapa de sucessão, como aptos a assumir posições no nível de

complexidade da posição vacante.

Etapa VI - Plano individual de desenvolvimento. Por meio das discussões realizadas

pelos comitês de sucessão, surgem inúmeras sugestões de ações de desenvolvendo para os

profissionais discutidos, que podem orientar o desenho ou complemento do plano

individual de desenvolvimento. Segundo Rothwell (2005) e Dutra (2010) esta é uma das

etapas mais críticas para a organização, pois, em suas pesquisas, notaram que as

organizações que possuem um planejamento de sucessão estruturado, geralmente chegam

até a construção do mapa sucessório, mas não conseguem desdobrá-lo em ações para o

desenvolvimento individual e organizacional.

2.5. Síntese

Esta síntese visa evidenciar como o referencial teórico está alinhado aos objetivos geral e

específico deste trabalho, que teve como propósito explorar o planejamento sucessório de

empresas do setor de mineração, nos seguintes aspectos:

1. Como está estruturado o processo sucessório, utilizando-se como parâmetro o modelo de

Dutra (2010), verificando se o processo contempla as seis etapas descritas e os dez passos

propostos por Rothwell (2005). Verificou-se também neste trabalho em que estágio

encontra-se a organização estudada contemplados no item 2.3.3. deste trabalho.

2. Avaliar se o processo sucessório está vinculado com a estratégia organizacional em curto

médio e longo prazo, utilizando como parâmetro a definição de estratégia de Albuquerque

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(2002) e os pontos em comum encontrados em suas pesquisas com as diversas definições

de estratégia.

3. Verificar se os profissionais da organização percebem como benefício os seis itens

propostos por Rothwell (2005) que, conforme descrito, é reforçado por diversos autores

identificados no referencial teórico deste trabalho;

4. Investigar se são percebidos aspectos negativos no processo sucessório trabalhado na

organização, com base nos benefícios de se planejar a sucessão, apontados por Rothwell

(2005);

5. Aferir como é trabalhado o processo de desenvolvimento dos profissionais da organização

a partir dos aspectos propostos por Graffney (2005);

A seguir, será descrita e justificada a metodologia utilizada para a realização deste trabalho.

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3. METODOLOGIA

Este capítulo visa discorrer sobre a metodologia utilizada para a realização do presente

estudo.

3.1. Método de Pesquisa e Enfoque

As pesquisas podem ter três diferentes enfoques: quantitativo, qualitativo ou a combinação

entre os dois, a triangulação. O enfoque quantitativo está associado a uma realidade objetiva,

podendo-se trabalhar a questão de pesquisa por meio da formulação de hipóteses testadas pela da

medição de variáveis, sendo que a medição e qualificação das mesmas ocorrem

independentemente dos indivíduos. O enfoque qualitativo está associado a uma realidade

subjetiva, na qual se busca compreender o fenômeno e o contexto em que o mesmo ocorre,

oferecendo maior profundidade e flexibilidade na coleta dos dados, a partir da percepção dos

atores envolvidos sobre o tema estudado. O enfoque de triangulação é a mescla entre os dois

primeiros enfoques (MARCONI; LAKATOS, 2008; SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006).

Visto que o interesse desta pesquisa é aprofundar a compreensão sobre como está estruturado o

processo sucessório de duas organizações do setor de mineração e qual é a percepção dos atores

nele envolvidos, a partir de um estudo de casos múltiplos, optou-se pelo enfoque qualitativo.

Gil (2006, p. 43), Selltzi (1975, p 59), e Acevedo (2013, p. 70) classificam pesquisa em três

grupos de características:

1. Exploratórias - tem como objetivo principal compreender o fenômeno que está sendo

investigado, auxiliando a formulação de hipóteses ou problemas para estudos posteriores.

É utilizada normalmente quando não se encontram pesquisas sobre o tema trabalhado e

torna-se difícil formular hipóteses sobre ele.

2. Descritivas – seu objetivo é descrever características de determinada população ou

fenômeno ou estabelecimento de relação entre variáveis. Podem também levantar

opiniões atitudes e crenças de uma determinada população e ainda descobrir ou

compreender as relações entre constructos envolvidos no fenômeno estudado.

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3. Explicativas – objetiva identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a

ocorrência dos fenômenos, explica o porquê das coisas.

Para Yin (2010), cada método de pesquisa pode ser utilizado para três finalidades:

exploratória, descritiva e explanatória/explicativa. A escolha do método, segundo o autor,

consiste em três condições: (1) tipo de questão de pesquisa proposto; (2) extensão do controle

que um investigador tem sobre os eventos comportamentais reais; e (3) grau de enfoque sobre

eventos contemporâneos em oposição aos eventos históricos. As três condições podem ser

visualizadas no quadro a seguir, que distingue os cinco principais métodos de pesquisas

citados pelo autor:

Quadro 5 – Situações relevantes para diferentes métodos de pesquisa.

Método Forma de questão de

pesquisa

Exige controle dos

eventos

comportamentais?

Enfoca eventos

contemporâneos?

Experimento Como, por quê? Sim Sim

Levantamento

(Survey)

Quem, o quê, onde,

quantos e quanto?

Não Sim

Análise de arquivos Quem, o quê, onde,

quantos e quanto?

Não Sim/ Não

Pesquisa histórica Como, por quê? Não Não

Estudo de caso Como, por quê? Não Sim

Fonte: Yin, 2010, p.31 apud COSMOS Corporation.

Utilizou-se neste trabalho o método o estudo de caso, definido por Yin (2010, p 39) como:

Uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em

profundidades em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o

fenômeno e o contexto não são claramente evidentes.

Para Gil (2006, p.72):

O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos

objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa

praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamento considerados.

O estudo de caso é usado para entender fenômenos sociais complexos, pois permite que os

pesquisadores retenham as características holísticas e significativas dos eventos na vida real (Yin,

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38

2010, p. 24). O autor recomenda que o método seja utilizado quando as questões de pesquisa

formuladas pretendem explicar circunstâncias presentes, questionando-se sobre como e porque

algum fenômeno social funciona. Ou ainda quando as questões suscitarem uma descrição

aprofundada de algum fenômeno social.

Para se verificar a confiabilidade do estudo de caso segundo Gil (2009), Yin (2010) e outros

autores como Lincon e Guba (1985) e Merriam (1998) os procedimentos mais adequados são os

propostos genericamente para estudos qualitativos:

1. Engajamento prolongado do pesquisador no local da pesquisa, ou seja, o pesquisador

deve permanecer na organização tempo suficiente para aprender sobre a cultura dos

participantes, para gerar confiança neles e testar a informação contraditória introduzida

por distorções provocadas tanto pelos participantes como por eles mesmos.

2. Revisão pelos pares, pode-se solicitar a outros pesquisadores especialistas no assunto

estudado, que não tenham participado da pesquisa que analisem os dados obtidos.

3. Triangulação. Podem-se confrontar os dados obtidos por procedimentos diferentes.

4. Revisão pelos participantes. Pode apresentar aos participantes do estudo os resultados da

análise e solicitar que verifiquem se as interpretações do pesquisador refletem o que de

fato sentem, pensam e fazem.

Considerando toda a teoria metodológica descrita sobre método, enfoque, objetivo geral e

objetivos específicos estabelecidos para esta pesquisa, conclui-se que o método mais adequado é

o estudo de casos múltiplos com enfoque qualitativo, devido à pouca literatura encontrada sobre

sucessão não familiar, principalmente no Brasil, e a possibilidade de realizar um estudo

aprofundado de como ocorre o planejamento sucessório nas organizações estudadas em termos:

Da sua estrutura e de seu contexto interno e externo, presente e futuro, podendo-se assim

compreender o fenômeno e como este está estruturado, utilizando-se o caráter de pesquisa

exploratório.

Do contraponto do que for levantado no estudo de caso com a literatura sobre o tema que

fundamenta este trabalho, verificando se os conceitos sobre planejamento sucessório, seus

benefícios e sua estruturação vão ao encontro da realidade estudada e da percepção dos

agentes sociais nele envolvidos, utilizando-se o caráter da pesquisa descritiva e

explicativa, que objetivam: levantar opiniões atitudes e crenças dos agentes envolvidos,

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39

compreender a relação entre os constructos e o fenômeno e identificar fatores que

determinam ou contribuem para a ocorrência do fenômeno.

3.2. Escolha do Caso Estudado

Segundo Yin (2010, p.41) a pesquisa de estudo de caso pode incluir um estudo de caso único

ou de casos múltiplos. Para este estudo, definiu-se o de múltiplos casos, pois este atende ao

propósito de explorar o planejamento sucessório em duas organizações do setor de mineração,

descrevendo-o no contexto de vida real, na qual o mesmo ocorre.

O processo sucessório é algo bastante particular das organizações, por conta disso torna-se

muito difícil o seu acesso. Sendo assim a escolha das empresas se deu por conta do

relacionamento de confiança já estabelecido pela pesquisadora em trabalhos prestados para

ambas anteriormente. Este aspecto se torna relevante para este trabalho, pois o primeiro fator

colocado como importante para verificar a confiabilidade de um estudo de caso é justamente o

engajamento prolongado do pesquisador no local de pesquisa, conhecendo sua cultura e

estabelecendo-se uma relação de confiança.

Outros fatores importantes para a escolha das organizações pesquisadas são os aspectos

comuns entre elas que auxiliam no estudo de caso. A lógica da escolha dos casos não é a lógica

da amostragem estatística, fundamentada na lei da probabilidade, mas sim dos procedimentos

experimentais, especificamente o método de concordância, estabelecendo que dois ou mais casos

de um mesmo fenômeno têm uma condição em comum, essa condição pode ser considerada a

causa (ou efeito) do fenômeno.(MILL 1979, citado por GIL 2009, p. 53). Sendo assim, ao se

aplicar a lógica do estudo de casos múltiplos, cabe selecionar os casos de forma que prevejam

resultados semelhantes ou que produzam resultados diferentes por alguma razão previsível. Os

fatores em comum entre as duas organizações estudadas são que: ambas pertencem ao setor de

mineração; possuem um dos acionistas em comum; suas operações estão afastadas dos grandes

centros; possuem um processo bem estruturado de gestão de pessoas; passaram por uma mudança

de presidente após a implantação do processo sucessório; já realizaram mais dois ciclos do

processo sucessório; e contrataram a mesma consultoria para auxiliá-los na construção do

processo sucessório partindo do mesmo modelo conceitual com base em Dutra (2010).

Para facilitar a identificação das organizações uma será chamada de organização A e a outra de

organização B.

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40

A organização A é uma empresa brasileira do setor de mineração, de capital fechado,

produtora de minério de ferro comercializado para a indústria siderúrgica mundial. Implantou o

processo sucessório na organização em 2008, realizando o primeiro ciclo do processo sucessório

em 2011-2012 e o quarto neste ano de 2015.

A organização B é uma empresa também brasileira do setor de mineração, de capital fechado e

produtora de bauxita. Implantou o processo sucessório em 2011, realizando o seu primeiro ciclo

em 2013, o segundo em 2014 e o terceiro em 2015.

Ambas as empresas demonstraram interesse em participar do presente estudo para que

possam, a partir dele, aprimorar o seu planejamento sucessório.

3.3. Técnicas de Investigação

Para a realização do método, é necessário se valer de técnicas de coleta de dados que “são um

conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência, são também, a habilidade para

usar esses preceitos ou normas na obtenção de seus propósitos” (LAKATOS; MARCONI, 1985,

p.106). Segundo as autoras, essas técnicas apresentam duas grandes divisões: (1) documentação

indireta, abrangendo a pesquisa documental e a bibliográfica; e (2) documentação direta que se

subdivide em: (a) observação direta intensiva, com técnicas da observação e entrevista; e (b)

observação direta extensiva, apresentando questionário, formulário, medidas de opinião e de

atitudes, testes, sociometria, análise de conteúdo, história de vida e pesquisa de mercado.

Para a coleta dos dados, foram realizadas análises de documentos sobre as organizações

estudadas e registros de como está estruturado e como ocorre o planejamento sucessório e de

como ele vem evoluindo e se modificando ao longo de cada ciclo do processo sucessório, além de

entrevistas com os principais agentes envolvidos.

Gil (2006, p.117) define entrevista como uma forma de interação social que ocorre quando o

investigador formula perguntas ao investigado, com o objetivo de obter dados que interessam à

investigação. Segundo o autor, é um diálogo assimétrico, no qual o investigador coleta dados e o

investigado se apresenta como uma fonte de informação.

Para este trabalho, foi utilizada a entrevista semiestruturada, na qual o entrevistador não se

limita a realizar perguntas, mas também a orientar e estimular o entrevistado. É guiada por uma

relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de seu curso,

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apresentando certo grau de estruturação. São realizadas, pelo entrevistador, poucas perguntas, o

que permite ao entrevistado discorrer livremente sobre o assunto, sendo que quando este se

desvia da pauta, cabe ao entrevistador trazê-lo sutilmente de volta, preservando a sua

espontaneidade (GIL, 2006, p.120; RICHARDSON, 1999, p.212).

3.4. Roteiros para as Entrevistas

Para o desenvolvimento do roteiro de entrevistas, retomou-se o objetivo deste estudo que é

explorar o processo sucessório de duas organizações do setor de mineração. O estudo possui

ainda objetivos específicos, que foram desdobrados a seguir nas questões realizadas nas

entrevistas. Cada questão está relacionada com a base conceitual levantada e descrita neste

trabalho para que se possa realizar posteriormente as análises dos dados.

Antes de se abordar o roteiro de entrevista, foram listados os documentos que fizeram parte

da análise documental.

Análise documental:

Descrição do Planejamento Sucessório da Organização.

Organograma.

Descrição dos Processos de gestão de pessoas (carreira, avaliação de competências,

avaliação de metas).

Descrição de como está estruturado o plano de desenvolvimento individual.

Objetivos Específicos e Roteiro para Entrevistas:

Objetivo específico 1 - Verificar como está estruturado o processo sucessório na organização. As

questões para este objetivo terão como base o modelo desenvolvido por Dutra (2010), que

contempla os dez passos de Rothwell (2005), descritos no item 3.4 deste trabalho.

Questão principal: Qual a sua visão sobre a estruturação do processo sucessório de sua

concepção até os dias de hoje?

Pontos de checagem:

Apoio da alta gestão – Como surgiu o processo sucessório na organização, quem

demandou?

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42

Processos de gestão de pessoas – Como está estruturado o processo de gestão de pessoas

na organização?

Plano de Desenvolvimento Individual – Como são realizados os Planos de

desenvolvimento individuais na organização? Existe algum modelo formal de

acompanhamento e avaliação de resultados?

Seleção de sucessores - Como são selecionados os candidatos a sucessão que são

discutidos nos comitês?

Comitês de sucessão – Como se dá o funcionamento dos comitês de sucessão e quais são

os seus principais resultados?

Resultados dos comitês de sucessão - Como são trabalhados os resultados dos comitês de

sucessão?

Papéis – Quais são os seus papéis no processo sucessório da organização?

Ciclo de sucessão – De quanto tempo é o ciclo sucessório na organização? Esse tempo é

satisfatório?

Objetivo específico 2 – Avaliar se o processo sucessório está vinculado com a estratégia

organizacional em curto, médio e longo prazos, utilizando como parâmetro a definição de

estratégia de Albuquerque (2002) e os pontos em comum encontrados em suas pesquisas com as

diversas definições de estratégia.

Questão principal: Como você vê a relação do processo sucessório com a estratégia

organizacional em curto, médio e longo prazos?

Pontos de checagem:

Comunicação – Como a estratégia da organização é disseminada?

Clarificação e papéis– Está claro para todos na organização qual é a estratégia atual e em

médio e longo prazo e qual é o papel de cada um para alcançá-la? Como você comunica e

discute essas questões com a sua equipe?

Desenvolvimentos - Existe algum estímulo para que cada colaborador vislumbre o que

precisa desenvolver para contribuir em médio e longo prazo com a estratégia da

organização?

Objetivo específico 3 - Analisar vantagens e desvantagens do processo sucessório na visão do

público envolvido no processo (sucessor, sucedido e executivos da área de Recursos Humanos).

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43

Para verificação deste objetivo, serão realizadas perguntas mais abertas, que serão analisadas com

base nos propostos por Rothwell (2005) e Gay e Sims (2006).

Questão principal: Quais são as vantagens e desvantagens do processo sucessório da

organização na forma como ele está estabelecido hoje?

Pontos de checagem:

Essas vantagens e desvantagens mudam na perspectiva de sucessor e sucedido?

Você tem alguma sugestão de aprimoramento do programa de sucessão da organização?

Objetivo específico 4 - Verificar como a organização está lidando com o desenvolvimento dos

profissionais inseridos no mapa sucessório. As questões para este objetivo serão pautadas nos

itens propostos por Graffney (2005), para o conhecimento do todo organizacional e do

autoconhecimento para traçar um plano de desenvolvimento consistente e dar conta de contribuir

para as necessidades futuras da organização.

Questão principal: Como é trabalhado o desenvolvimento dos profissionais inseridos no

mapa sucessório?

Pontos de checagem:

Revisão do PDI – Como os resultados dos comitês de sucessão são inseridos no PDI do

candidato?

Responsável – Quem fica responsável por revisar o PDI e monitorar as ações de

desenvolvimento?

Avaliação – existe alguma forma de mensurar a eficiência das ações de desenvolvimento?

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44

4. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL COLETADO E TÉCNICAS DE ANÁLISE

Neste capítulo, serão apresentados os dados coletados junto às duas organizações estudadas,

junto às quais foram coletados os seguintes documentos:

Descrição do Planejamento Sucessório da Organização.

Organograma.

Descrição dos Processos de gestão de pessoas (carreira, avaliação de competências,

avaliação de metas).

Descrição de como está estruturado o plano de desenvolvimento individual.

Relatórios realizados ao final de cada ciclo do processo sucessório. No caso da

organização A, são três os relatórios: relatório do primeiro ciclo do programa de sucessão

realizado em 2009-2010, relatório do segundo ciclo realizado em 2011-2012 e relatório do

terceiro ciclo realizado em 2013-2014. No caso da organização B, são dois os relatórios:

relatório do primeiro ciclo do programa de sucessão realizado em 2013 e relatório do

segundo ciclo realizado em 2014. Os relatórios em ambos os casos foram realizados pela

consultoria que acompanhou as duas organizações na estruturação, implantação e

execução do programa de sucessão.

Para este estudo de caso foram realizadas também três entrevistas por Skype. Na

organização A, foram realizadas duas entrevistas, sendo uma com a gerente de recursos

humanos responsável pelo programa desde a sua concepção, que chamaremos ao longo deste

trabalho de entrevistada A1; e outra com um gerente tático-estratégico, que participa do

programa desde o seu primeiro ciclo, que chamaremos ao longo deste trabalho de

entrevistado A2. Na organização B, foi entrevistada a gerente de recursos humanos

responsável pelo programa de sucessão desde a sua concepção, que chamaremos ao longo

deste trabalho de entrevistada B1.

Para facilitar a análise dos dados, foram divididas em três etapas, conforme figura a seguir:

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Figura 2: Etapas de análise dos dados coletados

Fonte: Elaborado pela autora

1. Análise documental: realizada com as duas organizações pesquisadas, primeiramente da

organização A, depois da organização B e em seguida um quadro comparativo entre as

duas. Em ambos os casos foram analisados os seguintes documentos das duas

organizações: descrição da estruturação e funcionamento do planejamento sucessório;

organograma; descrição dos processos de gestão de pessoas (carreira, avaliação de

competências, avaliação de metas); e descrição de como está estruturado o plano de

desenvolvimento individual.

2. A história de vida do processo sucessório das organizações estudadas: nesta etapa da

análise, foi realizado um texto que conta a história de evolução e aprimoramento do

processo sucessório em ambas as organizações. Para a elaboração desse histórico foram

utilizados os seguintes documentos de cada uma das organizações: descrição da

estruturação e funcionamento do planejamento sucessório; organograma; descrição dos

processos de gestão de pessoas (carreira, avaliação de competências, avaliação de metas);

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descrição de como está estruturado o plano de desenvolvimento individual; relatórios

realizados ao final de cada ciclo do processo sucessório e as entrevistas realizadas.

3. Categorização das entrevistas: nesta etapa da análise, foi realizada a categorização das

entrevistas realizadas. As categorias foram formuladas com base no referencial teórico

deste trabalho utilizado para a elaboração das perguntas de pesquisa.

3.1. Análise documental

A seguir serão descritos os resultados da análise documental realizada com as duas

organizações pesquisadas, primeiramente o da organização A, depois a organização B e em

seguida um quadro comparativo entre as duas. Em ambos os casos foram analisados os seguintes

documentos:

Descrição do Planejamento Sucessório da Organização.

Organograma.

Descrição dos Processos de gestão de pessoas (carreira, avaliação de competências,

avaliação de metas).

Descrição de como está estruturado o plano de desenvolvimento individual.

3.1.1. Análise documental da Organização A

A Organização A possui um processo de gestão bem estruturado, baseado no Modelo de

Gestão por Competências, contemplando o recorte por níveis de complexidade, a avaliação de

desempenho de seus profissionais, estas baseadas na avaliação de competências e metas e a elas

está vinculado o processo de remuneração da organização. Anualmente, é realizada a avaliação

de competências e metas que dá origem ao plano de desenvolvimento individual dos empregados.

Esse plano de desenvolvimento possui uma revisão no meio do ciclo para ajustes eventuais.

O programa de sucessão da organização A surgiu, pois o conselho diretivo solicitou que o

presidente apresentasse os seus candidatos a sucessores. Sendo assim, a área de recursos humanos

foi acionada e sugeriu que o processo fosse implantado para todo o corpo gerencial.

Para realizar o desenho do processo, foi contratada uma empresa de consultoria que atuou em

conjunto com a área de recursos humanos da organização A e com base no modelo de construção

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do mapa sucessório de Dutra (2010), já aprimorado pelo autor e sua equipe de consultoria12. Para

a construção do processo sucessório foi realizada pela consultoria uma análise documental e

entrevistas com pessoas chave.

O modelo foi apresentado ao presidente e à diretoria para validação e foram definidos como

objetivos do programa de sucessão:

Definir critérios para indicação de pessoas para o processo sucessório na carreira

executiva, incorporando o aprendizado da Organização e necessidades de aprimoramento

do processo vigente;

Estimular análise criteriosa dos colaboradores, permitindo: a identificação de potenciais

candidatos à sucessão, seu grau de prontidão e localização dos principais pontos para o

seu desenvolvimento, a partir das discussões efetuadas pelos integrantes dos comitês de

sucessão;

Desenhar o mapa sucessório da organização, que permitirá a análise de lacunas e gargalos

de carreira.

A consecução de tais objetivos permitiria à organização:

Aumentar a eficiência e a eficácia de ações de desenvolvimento das lideranças,

adequando-as às necessidades da empresa;

Preparar a empresa para enfrentar seus desafios estratégicos, particularmente aqueles

ligados à gestão de pessoas;

Otimizar a competência instalada e permitir maior integração entre as várias ações da

empresa na gestão de suas lideranças;

Estabelecer um processo de monitoramento que permita à organização A ajustar

constantemente as necessidades de desenvolvimento da empresa e das pessoas;

Definir uma estratégia para gerenciar o processo sucessório: a partir da análise do mapa

sucessório é possível identificar as principais lacunas e gargalos e definir estratégias para

a reposição imediata de qualquer posição – é interessante que os sucessores sejam

internos, mas quando isso não for possível, é preciso mapear pessoas externas à

organização;

12 O processo com os aprimoramentos realizados já estão registrados pelo autor em livro a ser editado em

2016.

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Aumentar a capacidade de atração, retenção e monitoramento de talentos na medida em

que se reconheçam na Organização a existência de espaço para seu desenvolvimento

pessoal e profissional;

Apoiar decisões relacionadas à carreira, sucessão e desenvolvimento de forma

compartilhada, valorizando informações advindas dos processos de Gestão de Pessoas

vigentes (contrato de gestão, gestão por competências e currículo dos profissionais).

Foi definido que o programa de sucessão da organização A, visualizado na figura abaixo,

ocorreria em ciclos anuais, que o mapa sucessório seria sigiloso e que a seleção de candidatos à

sucessão seria realizada por comitês compostos por gestores que ocupassem posições nos níveis

de complexidade para os quais os candidatos seriam preparados, ou seja, compostos por chefes e

pares dos chefes. O comitê deve ser presidido pelo chefe do chefe. Por exemplo, no comitê que

definirá sucessores para a posição de diretoria participarão os diretores e quem preside é o

presidente, no entanto ele possui um papel de ouvinte e só se manifesta no final das discussões.

No primeiro ciclo do processo sucessório, a organização A contemplou quatro diferentes

níveis de complexidade, realizando 17 comitês: presidentes, diretores, gerentes gerais e gerentes.

A formação dos comitês foi definida pela área de recursos humanos. E o ciclo do processo

sucessório foi desenhado em três fases, conforme o modelo desenhado na figura e descrito

abaixo.

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49

Figura 3: Desenho do ciclo sucessório da organização A

Fonte: Relatórios dos comitês realizados pela consultoria

Fase I – Preparação dos Comitês de Sucessão

Definição das posições abrangidas: consiste nos níveis de complexidade a serem

analisados pelo comitê. No caso do primeiro ciclo da organização, foram analisados:

presidente, diretores, gerentes gerais e gerentes.

Composição dos comitês: os comitês de sucessão são compostos por pessoas com

diferentes papéis: (1) chefes dos profissionais a serem analisados: têm o papel de realizar

a primeira análise; (2) pares dos chefes dos profissionais a serem analisados: têm o papel

de complementar a análise; (3) presidente do comitê: é o chefe dos participantes do

comitê e tem o papel de mediar conflitos e resolver impasses, não deve se posicionar ao

longo das discussões, posiciona-se apenas ao final das discussões sobre cada profissional,

emitindo sua análise; (4) representante da área de recursos humanos: tem o papel de

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facilitar os comitês, garantir a memória do programa de sucessão da organização A e a

finalização de cada ciclo, não emite a sua opinião; (5) consultoria contratada: atua

conforme a necessidade de cada Comitê, nos seguintes papéis: a) condução do comitê,

agindo como facilitador do processo; b) responsável pelo registro das discussões; (6)

profissionais convidados: têm como papel complementar a análise do candidato,

imprimindo uma visão externa à área, geralmente são de áreas de interface, pois precisam

conhecer os candidatos com certa profundidade.

Levantamento de potenciais candidatos à sucessão: para que a escolha dos profissionais,

potenciais candidatos a serem submetidos à análise dos comitês de sucessão, fosse justa e

transparente, fez-se necessário a definição de filtros, estabelecidos a partir de uma análise

das práticas existentes na organização A, a saber: (1) conceito “atendimento” ou

“superação” na Avaliação de Competências; (2) conceito “atendimento” ou “superação”

nas Metas Individuais; (3) potencial Work Level; (4) perfil para a carreira gerencial; (5)

interesse em atuar na posição discutida no Comitê (na percepção do gestor imediato);

aprovação do comitê: todos os membros do comitê têm que aprovar o candidato para a

participação no processo.

Validação com os gestores dos candidatos à sucessão selecionados: a área de recursos

humanos agenda reuniões com os gestores diretos dos profissionais selecionados como

candidatos para sucessão, cujo foco é: (1) apresentação do programa de sucessão

gerencial; (2) validação dos candidatos selecionados pelos gestores, verificando-se a

percepção do gestor a respeito de características importantes para o sucesso do programa,

tais como: potencial para assumir um novo nível de complexidade; e perfil gerencial e

interesse em assumir novos desafios na carreira gerencial. Nesta reunião, os gestores

podem também indicar novos profissionais para participar do processo que não tenham

passado por algum motivo no filtro inicial. É importante frisar que, seja para a validação

dos nomes que passaram nos filtros, seja para novos profissionais indicados, é preciso que

o gestor que o validou ou indicou apresente justificativas ao grupo no início do comitê de

sucessão, que aprovará ou não a indicação antes do início das discussões sobre os

profissionais.

Agendamento dos comitês: é realizado pela área de recursos humanos.

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51

Preparação: para que os gestores participantes dos comitês pudessem avaliar os

candidatos a partir dos mesmos critérios, foi elaborada pela consultoria e pela equipe da

área de recursos humanos uma minuta de avaliação dos candidatos à sucessão. Essa

minuta foi composta por cinco dimensões, com 19 (dezenove) desdobramentos

comportamentais relacionados à função gerencial, e 7 (sete) dimensões, com 12 (doze)

desdobramentos comportamentais relacionados aos valores da organização A. Para cada

desdobramento, o gestor atribuiu uma nota de 0 a 3, sendo, 0 para não atende; 1 para

baixa intensidade; 2 para frequência esperada e 3 para excede o esperado. Para cada nota

atribuída, o gestor escreveu uma justificativa. O principal objetivo da minuta não foi o de

atribuir nota, mas, sim, de provocar discussões acerca das dimensões fortes e das

dimensões a desenvolver de cada candidato, suportando o seu plano de desenvolvimento

sucessório. Muitas vezes, alguém atribui a nota 1 e outro atribui a nota 3 e isso gera

discussões. Essas discussões são ricas para que os participantes dos comitês alinhem os

seus critérios de avaliação. Após o fechamento da lista de candidatos, todos os gestores

participantes dos comitês receberam a minuta de avaliação de cada candidato à sucessão

que é preenchida previamente.

Fase II – Execução dos Comitês

Realização dos Comitês: as atividades ocorreram na seguinte ordem:

Apresentação dos objetivos e resultados esperados com o Programa de Sucessão da

organização A;

Breve recapitulação do funcionamento do comitê e do papel de cada participante;

Apresentação dos nomes dos profissionais com potencial para confirmação do comitê;

Análise dos candidatos à sucessão, com os seguintes passos:

a) Projeção da ficha do candidato;

b) Os participantes realizam as análises a partir das dimensões da minuta de

avaliação, sendo o que o primeiro a se colocar é o chefe direto do candidato e, na

sequência, os demais participantes;

c) O chefe direto do candidato resume o que foi discutido;

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d) Os demais participantes manifestam-se caso tenham alguma contribuição

adicional;

e) O presidente do comitê faz as suas considerações;

f) São discutidas as posições que o candidato pode ocupar, o tempo de prontidão

para cada uma delas (pronto; pronto em até dois anos; pronto em até quatro anos)

e a prioridade de desenvolvimento. Vale ressaltar que a definição do tempo de

prontidão é uma estimativa baseada em todas as análises e discussões anteriores;

g) Por fim, são definidas as ações de desenvolvimento para o profissional candidato à

sucessão e os responsáveis por criar condições para que elas ocorram e por realizar

o seu acompanhamento.

Projeção e validação do mapa sucessório, definido a partir das discussões do comitê

para validação do grupo. O grupo pode citar outros profissionais da organização, que

são vistos como potenciais candidatos para ocuparem posições de maior

complexidade e que não foram contemplados inicialmente pelo comitê.

Finalização e realização, em conjunto, de uma avaliação sobre o comitê (pontos fortes

e espaços para melhoria).

Sistematização dos resultados das discussões em comitês: após a realização de cada

Comitê, obtém-se dois produtos:

O mapa sucessório, que evidencia a capacidade da organização de repor pessoas em

posições estratégicas para o negócio, gerando maior clareza das possibilidades de

aproveitamento das lideranças e aponta fragilidades em posições críticas.

O registro das discussões, que é composto: (1) pelo que foi dito sobre cada

profissional analisado (o seu tempo de prontidão, possíveis posições a serem ocupadas

por ele, aspectos fortes e aspectos a serem desenvolvidos, comentários adicionais e

ações de desenvolvimento) e (2) pontos de atenção e recomendações.

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53

Fase III – Ações de desenvolvimento.

Esta fase consta no ciclo desenhado para o programa de sucessão mas ainda não foi aplicada,

ela é composta por duas etapas:

Planejamento e execução das ações de desenvolvimento: consiste na revisão do plano de

desenvolvimento individual e na revisão do plano estratégico para a gestão dos recursos

humanos da organização com base no mapa de sucessão e nos principais aspectos

discutidos pelos comitês.

Acompanhamento e análise das ações de desenvolvimento: consiste no estabelecimento

de indicadores para mensuração dos resultados das ações a serem desenvolvidas, seu

acompanhamento e avaliação.

3.1.2. Análise documental da organização B

Assim como a organização A, a organização B possui um processo de gestão bem estruturado

baseado no modelo de gestão por competências, contemplando o recorte por níveis de

complexidade. O programa de sucessão da organização B surgiu com o objetivo de trabalhar o

processo de retenção de seus profissionais. Historicamente, desde a sua fundação, em função de

sua localização, a empresa, afastada dos grandes centros, pela dificuldade de locomoção, via seus

profissionais optarem por mudar para as proximidades com suas famílias e por lá permanecerem

por muitos anos, geralmente até a aposentadoria. Nos últimos anos, entretanto, a organização

passou a enfrentar dificuldades na retenção de jovens talentos, que a viam apenas como uma

oportunidade de entrada no setor. Sendo assim, ingressavam na organização por alguns anos e

depois saíam.

Para tentar resolver esse problema, a área de recursos humanos sugeriu ao corpo diretivo que

a organização estruturasse o seu processo sucessório e contratou uma consultoria para auxiliá-la

no desenho do ciclo do processo sucessório.

A estruturação do programa de sucessão foi desenhado pela mesma consultoria que

contratada pela organização A, em conjunto com a área de recursos humanos da organização B,

com base no modelo de construção do mapa sucessório de Dutra (2010), já aprimorado pelo autor

e sua equipe, levando em conta as necessidades da organização a partir de: análise documental,

entrevistas com o presidente, diretores e reunião com o corpo de gerentes estratégicos. Sendo

assim, definiu-se como objetivos do programa:

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Identificar potenciais empregados e respectivos níveis de prontidão para assumir desafios

de maior nível de complexidade na organização e desenvolvê-los;

Investir no aceleramento do desenvolvimento desses profissionais visando contribuir para

o desenvolvimento organizacional;

Identificar as principais fragilidades da organização quanto às posições críticas para a sua

perenidade e desenvolvimento.

Foi definido que o processo de funcionamento do programa de sucessão da organização B

seria realizado em comitês, em ciclos anuais, o mapa sucessório seria mantido em sigilo (não

divulgado para a organização) e seria estruturado em três fases distintas, conforme a figura a

seguir.

Figura 4: Desenho do ciclo sucessório da organização B

Fonte: Relatórios dos comitês realizados pela consultoria

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Fase I – Preparação dos comitês de sucessão

Definição das posições abrangidas: foi definido pela equipe da organização B que no

primeiro ciclo do programa de sucessão seriam analisados potenciais profissionais

para as posições de gerentes estratégicos e tático-estratégicos.

Composição dos Comitês: os comitês de sucessão são compostos por: (1) chefes dos

candidatos a serem analisados: têm o papel de apresentar o candidato e defender sua

apresentação com base em evidências; (2) pares dos chefes dos candidatos a serem

analisados: têm o papel de avaliar os candidatos com base em evidências; (3)

presidente do comitê (chefe dos participantes do comitê e futuro chefe do sucessor):

tem o papel de validar os resultados das discussões ao final do comitê; (4)

representante da área de Recursos Humanos: garantir a memória do processo e

auxiliar no processo de desenvolvimento dos candidatos à sucessão inseridos no mapa

sucessório; (5) consultor contratado: tem o papel de facilitar o processo; (6)

profissionais convidados: têm como papel complementar a análise do candidato,

imprimindo uma visão externa à área ou departamento, sendo geralmente de áreas de

interface, pois precisam conhecer os candidatos com certa profundidade.

Levantamento de Potenciais Candidatos: foi estabelecido como filtro para o

levantamento dos candidatos a avaliação de competência. São selecionados os

profissionais que apresentam conceito “superação”, sinalizando que já superam ou

atendem as competências requeridas para o nível de complexidade atual e que estão

em desenvolvimento para assumir desafios em um novo nível de complexidade13.

Além disso, avalia-se o perfil do profissional para a carreira gerencial, o seu interesse

em atuar na posição discutida e a aprovação do comitê, pois todos os membros do

comitê precisam aprovar a pessoa para a participação do processo.

OBS: A organização pretende implantar a avaliação de metas individuais para o

próximo ciclo do processo sucessório.

Validação dos Candidatos com os Gestores: são agendadas pela área de Recursos

Humanos reuniões com os gestores diretos dos empregados selecionados como

13

Nível de complexidade segundo Dutra (2004). Para definir complexidade, a Hay utiliza os seguintes

parâmetros: amplitude gerencial, conhecimento técnico, e das atribuições. Quanto menos estruturado, maior a

complexidade.

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candidatos com potencial para assumir posições mais complexas para: apresentação

do funcionamento do Programa de sucessão, validação dos candidatos pré-

selecionados; sugerir outros candidatos vistos como potencial que por algum motivo

não passaram no filtro.

Agendamento dos Comitês: é realizado pela área de Recursos Humanos.

Preparação: é confeccionado para cada candidato um Kit de Preparação contendo:

ficha do candidato (documento com foto, dados pessoas do candidato, formação,

histórico profissional e os resultados das ultimas três avaliações de competências);

último plano de desenvolvimento individual; o formulário da avaliação de

competências do nível para o qual o candidato está sendo analisado e a minuta de

preparação (formada por itens específicos para a análise dos candidatos à sucessão).

Esses kits são entregues aos participantes do comitê para que esses possam preparar as

suas análise sempre com base em evidências.

Fase II – Realização dos comitês

Os comitês para os gerentes estratégicos duram de 4 a 8 horas e dele participam em média 15

gestores, os demais comitês duram 4 horas e tem a participação em média de cinco a seis

gestores.

Na abertura do comitê, reforça-se o papel de cada participante e os seus objetivos.

Posteriormente, apresentam-se os candidatos, iniciando-se, em seguida, a discussão de cada

candidato, que se dá na seguinte sequência:

É projetada a ficha do candidato;

O chefe direto do candidato discorrerá sobre os aspectos fortes e os aspectos a

desenvolver do candidato.

Realiza-se a análise de item por item da avaliação de competências e da minuta de

avaliação, sendo o chefe direto do candidato o primeiro a dar o seu parecer e a seguir

os demais participantes colocam a sua opinião, com exceção do presidente de comitê

(chefe dos participantes) que emite a sua opinião quando finalizada a análise de todos

os itens avaliados.

O chefe direto do candidato resume o que foi discutido, os demais participantes

complementam.

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57

O presidente do Comitê faz as suas considerações.

Discutem-se as posições que o candidato poderá ocupar, qual o tempo de prontidão

para cada uma delas (pronto; pronto em até dois anos; pronto em até quatro anos) e

qual a prioridade de desenvolvimento.

Por fim, serão definidas as ações de desenvolvimento para o candidato e os

responsáveis por criar condições para que elas ocorram e por realizar o seu

acompanhamento. Essas ações já são registradas no plano de desenvolvimento

individual do candidato.

Ao término das análises de todos os candidatos, é projetado o Mapa de Sucessão, definido a

partir das discussões do comitê para validação. A seguir, o grupo aponta outros profissionais da

organização que são vistos como potenciais candidatos para ocuparem posições de maior

complexidade e que não foram contemplados inicialmente pelo Comitê.

Encerram-se os comitês de sucessão com um avaliação conjunta sobre o comitê, levantado

pontos fortes e refletindo sobre aspectos de aprimoramento a serem trabalhados para o ciclo

seguinte.

Após a realização de cada comitê, obtêm-se dois produtos: o mapa de carreira e o relatório

Fase III – Planejamento de ações, execução e acompanhamento.

Esta fase ainda não foi estruturada na organização. Consiste nas saídas do processo

sucessório. No âmbito individual, é a complementação do PDI dos candidatos inseridos no mapa

sucessório e, do ponto de vista organizacional, uma análise do mapa sucessório e o

desenvolvimento de estratégias e um plano de ação para minimizar as suas lacunas.

A seguir será apresentado um quadro comparativo do processo sucessório da organização

A e da organização B com base na análise documenta realizada a cima.

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58

Quadro 6 – Comparação entre o processo sucessório da empresa A e da empresa B

Itens Organização A Organização B

Demandante do

programa Conselho administrativo Presidência

Objetivos com

o programa

Definição de critérios para a escolha

do sucessor;

Identificação de candidatos, seu grau

de prontidão e potencialidades e

pontos fortes e de desenvolvimento;

Desenho do mapa sucessório para

definição de lacunas.

Identificação de candidatos a

sucessão

Investir no aceleramento do seu

desenvolvimento;

Identificar principais fragilidades da organização.

Método de

análise dos

candidatos

Em comitê Em comitê

Periodicidade Anual Anual

Comunicação

do mapa

sucessório

Sigiloso Sigiloso

Posições

abrangidas

1. Presidente – sim

2. Diretores - sim

3. Gerentes gerais - sim 4. Gerentes – sim

1. Presidente – não

2. Diretores – não

3. Gerentes de área - sim

4. Gerentes de divisão –sim

Filtros para a

definição dos

candidatos

Conceito “atendimento” ou

“superação” na avaliação de

competências;

Conceito “atendimento” ou “superação” nas metas individuais;

Potencial work level;

Perfil para a carreira gerencial;

Interesse em atuar na posição

discutida no comitê (na percepção

do gestor imediato);

Aprovação do comitê: todos os

membros do comitê tiveram que

aprovar a pessoa para a participação

do processo.

Conceito “atendimento” ou

“superação” na avaliação de competências;

Conceito “atendimento” ou

“superação” nas metas individuais;

Perfil para a carreira gerencial;

Interesse em atuar na posição

discutida no comitê (na percepção

do gestor imediato);

Aprovação do comitê: todos os membros do comitê tiveram que

aprovar a pessoa para a participação

do processo.

Validação do

candidato pelo

gestor

Sim Sim

Participantes

dos comitês e

seus papéis

Chefe do candidato – avaliar e

defender;

Pares do chefe - avaliar;

Chefe do chefe - ouvir;

RH – condução, memória técnica e

auxiliar o chefe do candidato nas

ações de desenvolvimento;

Consultoria – apoiar e registrar;

Convidados – trazer visão externa

sobre o candidato.

Chefe do candidato – avaliar e

defender;

Pares do chefe - avaliar;

Chefe do chefe - ouvir;

RH –memória técnica e auxiliar o

chefe do candidato nas ações de

desenvolvimento;

Consultoria – facilitar e registrar;

Convidados – trazer visão externa sobre o candidato.

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59

Ordem de

funcionamento

dos comitês

Apresentação do programa

Validação dos nomes

Análise dos candidatos

Ficha

Análise chefe

Análise pares

Resumo chefe

Pronunciamento do

presidente

Tempo de prontidão

Análise do mapa Reflexão sobre possíveis candidatos

de outras áreas

Avaliação do processo

Apresentação do programa

Validação dos nomes

Análise dos candidatos

Ficha

Resumo chefe

Análise chefe

Análise pares

Resumo chefe

Pronunciamento do

presidente

Tempo de prontidão Prioridades de

desenvolvimento

Definição de ações de

desenvolvimento

Análise do mapa

Reflexão sobre possíveis candidatos

de outras áreas

Avaliação do processo Tempos de

prontidão

utilizados

Pronto Pronto em até 2 anos

Pronto em até 4 anos

Pronto

Pronto em até 2 anos

Pronto em até 4 anos

Produtos finais 1. Mapa sucessório

2. Relatório das discussões

1. Mapa sucessório

2. Relatório das discussões Fonte: Elaborada pela autora

Conforme observa-se no quadro 6 acima, a base do processo sucessório desenhado para as

organizações possui poucas diferenças em sua concepção.

4.2. A história de vida do processo sucessório das organizações estudadas

A seguir, serão descritas as histórias de vida do processo sucessório das organizações estudadas.

A história foi construída com base nas entrevistas e na análise documental, identificando as

mudanças ocorridas no processo sucessório das duas organizações desde sua concepção até os

dias de hoje. Primeiramente, descreveremos a história da organização A, posteriormente, a da

organização B, e em seguida um quadro comparativo entre a história das duas organizações.

4.2.1. História de vida do processo sucessório da Organização A

O processo sucessório na organização A surgiu pela demanda do conselho em 2008, e foi

desenhado originalmente conforme descrito no item de análise documental.

Segundo relato dos entrevistados e a análise documental, o apoio da alta gestão foi

fundamental para que o processo ganhasse legitimidade na organização e fosse, ano a ano,

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estabelecendo-se como uma ritual. Por conta disso, o programa iniciou-se botton down, ou seja, o

primeiro comitê realizado foi em 2009, entre o presidente e a consultoria, para a definição de

possíveis sucessores à presidência a serem apresentados ao conselho de administração. Ao

apresentar os candidatos, foi colocado ao presidente pelo conselho que o próximo presidente da

organização precisava ser um diretor da área financeira, não mais da área de operações como

tradicionalmente acontecia na empresa. Como a organização não possuía uma diretoria financeira

e nem ninguém preparado para assumi-la, optou-se por trazer um profissional de mercado com o

perfil para ser o futuro presidente da organização e começou-se um trabalho de preparação desse

profissional.

Esse novo diretor financeiro participou do primeiro comitê em 2010 que foi realizado para a

definição dos sucessores às posições de diretoria, do qual participaram o presidente, os diretores,

a consultoria e o gerente geral da área de recursos humanos. Depois, cada diretor realizou um

comitê com seus gerentes gerais para a definição de sucessores para as posições de gerentes

gerais e, na sequência, cada gerente geral realizou um comitê com seus gerentes para a definição

de sucessores para as posições de gerentes. Em todos esses comitês, estavam presentes um

representante da área de recursos humanos e pelo menos um da consultoria.

Foi relatado que, no primeiro ciclo, os agendamentos dos comitês antes de serem iniciados

eram muito difíceis, os gestores encontravam-se receosos com relação a ele. A partir do momento

que se realizou o primeiro comitê e os participantes conheceram e sentiram a sua importância, ela

foi “cascateada” pelos gestores e os agendamentos começaram a acontecer naturalmente.

Foram apontados como pontos de melhoria do primeiro ciclo descrito na análise documental

da empresa A os seguintes pontos:

Acrescentar foto às fichas dos candidatos projetadas durante os Comitês;

Ter o Mapa Sucessório projetado para se inserir às posições sugeridas ao longo dos

comitês e já realizar as análises sobre os resultados.

Fazer uma revisão da minuta de avaliação, diminuindo suas dimensões e

desdobramento, pois alguns comportamentos se repetem ao longo das dimensões;

Convidar pares de outras áreas clientes para fazer parte do comitê de sucessão, pois

notou-se que a participação de convidados enriquece as avaliações, trazendo uma

visão externa do profissional avaliado.

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61

Pelos relatos do profissional da área de recursos humanos, não se instituiu um processo

formal de desenvolvimento dos profissionais inseridos no mapa sucessório do primeiro para o

segundo ciclo. Ficou a cargo do gestor trabalhar esses aspectos. No entanto, foi realizado um

mapa sistêmico pela área de recursos humanos, analisando-se o mapa e suas fragilidades.

Entre o primeiro e segundo ciclo do processo sucessório, a organização passou por uma

mudança de presidente, o que ocasionou a saída de alguns profissionais para o mercado. Grande

parte das posições, inclusive a do presidente, foram supridas por profissionais já inseridos no

mapa sucessório da organização. O presidente, que já havia participado do processo, continuou a

incentivar o desenvolvimento e aprimoramento do programa de sucessão da organização A.

Sendo assim, as sugestões de mudanças foram inseridas de um ciclo para outro.

Por conta dessas mudanças, o segundo ciclo do processo sucessório da organização ocorreu

de outubro de 2011 a julho de 2012, sendo mantidos os mesmos níveis de complexidade, tendo

sido realizados 18 comitês de sucessão. Houve uma mudança significativa na minuta de

avaliação, que passou a ter apenas 5 (cinco) dimensões com 18 (dezoito) desdobramentos. O

sistema de nota continuou a ser utilizado, no entanto, a condução dos comitês colocou seu foco

na análise qualitativa dos candidatos, não enfatizando a atribuição das notas, ou seja, os gestores

passaram a não se ater tanto à questão da nota, pois, embora desde o primeiro ciclo tenha se

deixado claro que a nota era apenas um ponto de partida pra provocar as discussões, no primeiro

ciclo, os gestores, em sua maioria engenheiros, “caíam na tentação” de realizar as médias. No

segundo ciclo, entretanto, isso não ocorreu. Outra mudança significativa do primeiro para o

segundo ciclo foi a mudança na ordem de realização dos comitês. Segundo o relato da gerente de

recursos humanos: “Começamos o processo top down para legitimar o processo, depois vimos

que realizá-lo boton up é mais rico, pois quando realizamos o comitê com a diretoria já temos o

mapa sucessório de toda a organização.” Passou-se a ter mais profissionais convidados

participando dos comitês.

Houve mudança também no processo de funcionamento do comitê. No primeiro ciclo, a

avaliação dos candidatos era iniciada por seu chefe direto. Contudo, observou-se que ele

influenciava a avaliação de seus pares. Sendo assim, o chefe direto passou a ser o último a

avaliar. Essa iniciativa tornou as discussões dos comitês mais ricas.

No primeiro ciclo do processo sucessório, a área de recursos humanos foi muito cuidadosa

com o sigilo do mapa sucessório e, em um primeiro momento, apenas duas profissionais da área

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acompanharam todos os comitês, para se certificar de que os gestores manteriam o sigilo. No

entanto, no segundo ciclo por conta da dificuldade de agenda das profissionais, algumas business

partners (BP) participaram dos comitês e observou-se um grande ganho, pois a BP pode auxiliar

os gestores no desenvolvimento dos profissionais, além de enriquecer os comitês com algumas

perguntas provocativas, pois conheciam profundamente as pessoas avaliadas.

Ao longo da realização dos comitês do segundo ciclo do programa de sucessão,

identificaram-se alguns pontos para serem desenvolvidos para o próximo ciclo:

Realizar maior integração do programa com demais processos de gestão de pessoas

como, por exemplo, Educação Corporativa, Programa de Gestão por Competências,

entre outros.

Desenhar um processo de desenvolvimento individual estruturado para os

profissionais inseridos no mapa sucessório.

Utilizar a avaliação de competências no processo avaliativo.

Acrescentar aos comitês a discussão acerca de profissionais que ainda se encontram

no nível técnico, mas que possuem potencial para a carreira gerencial.

Atualizar os dados nas fichas dos candidatos.

Desenvolver Comitês que discutam a sucessão da carreira técnica, permitindo ampliar

o olhar estratégico para a sucessão de pessoas chaves e dar maior visibilidade para a

carreira técnica na organização.

Foram colocadas pelo presidente três questões a serem consideradas pelos atuais

gestores na análise de sucessores, que foram registradas e podem ser utilizadas na

reformulação do Programa de Sucessão para o próximo ciclo:

1. “Os valores do profissional estão claros? Você, como gestor, sabe quais são e se

esses indicam que o profissional pretende continuar na Organização?”

2. “Tendo como parâmetro você, como gestor, na sua posição atual e suas entregas,

você acredita que esse profissional teria condições de te superar?”

3. ”Como as pessoas na organização enxergariam esse profissional hoje em seu

lugar? Isto é, ele já é visto como seu sucessor natural ou é algo que precisa ser

trabalhado?”

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63

O terceiro ciclo do processo sucessório da Organização A foi realizado entre julho de 2013 e

março de 2014. As mudanças sugeridas foram iniciadas. No entanto, algumas só entraram em

vigor de fato nos comitês do quarto ciclo iniciados em meados de 2015. Para o terceiro ciclo, as

principais mudanças foram: (1) a inserção de mais um nível de complexidade: a de chefes de

departamento; (2) a participação dos business partners nos comitês com um papel de apoiar e

provocar reflexões; (3) foram inseridos mais dois itens de classificação da prontidão dos

profissionais analisados: (a) contingencia, que significa que o profissional não tem perfil para

assumir uma posição de maior complexidade, mas consegue assumi-la por um curto espaço de

tempo, caso não se tenha ninguém pronto no mapa sucessório; e (b) potencial futuro, são

profissionais que não estarão prontos em até 4 anos, mas que devem ficar no radar da

organização; (4) foram inseridos na ficha do candidato os resultados de perfil obtidos a partir da

realização de ferramenta de assessment, que considera: o perfil comportamental, as principais

características da pessoa no relacionamento interpessoal, na liderança de pessoas, frente a

mudanças, frente aos grandes desafios e com relação ao potencial; e (5) passou-se a dar mais

foco nos resultados do work level.

Segundo o depoimento da profissional de recursos humanos da organização A que

acompanhou o processo desde a sua concepção, a seguir, a análise das pessoas em colegiado e as

suas percepções sobre as pessoas é de extrema importância. Existe, contudo, o fator relacional

que muitas vezes influencia nas decisões de promoção e uma promoção equivocada,

principalmente quando se trata de uma posição técnica para uma posição gerencial, que implica

em uma mudança de carreira, pode provocar consequências irreparáveis. Segundo ela, eles

tiveram na organização algumas experiências ruins quando não consideraram os resultados do

work level. A experiência diz que, quando as percepções pessoais são contrárias aos resultados

do work level, o melhor é levar em conta os resultados do teste de potencial.

“ O passado é um bom preditor do futuro. Olhamos o passado da pessoa e acreditamos que

temos condições de dizer como ela vai caminhar no fututo. No entanto, com base na nossa

experiência de trabalho com a ferramenta do work level, vemos que as percepções não são

suficientes para tomar algumas decisões. Temos casos em que a ferramenta apontava que a

pessoa não tinha potencial para assumir determinada posição e achávamos que a pessoa dava

conta. Já perdemos pessoas importantes por conta disso. Pessoas que eram excelentes

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64

tecnicamente foram promovidas para posições de gestão e saíram pois não deram conta.

Acreditamos na ferramenta porque ela tem nos mostrado eficiência.”

Foram registradas no relatório dos comitês do terceiro ciclo as seguintes percepções dos

consultores:

No primeiro ciclo do Programa, principalmente nos níveis de gerência, observaram-

se, em grande parte dos comitês, dúvidas quanto a considerar, no Mapa Sucessório,

profissionais que gostariam de seguir carreira gerencial, mas que eram vistos como

excelentes técnicos. No segundo ciclo, os participantes dos comitês puderam

identificar com maior clareza quais os profissionais possuíam perfil gerencial e quais

seriam os impactos para esses profissionais e para a organização se suas carreiras

fossem direcionadas para a carreira técnica ou gerencial. Nos casos de dúvida, o

direcionamento dado foi conversar com os profissionais em questão, ponderando os

motivos que os levam a querer a carreira gerencial e o esclarecimento sobre os prós e

contras dessa escolha. Esta questão tornou a aparecer fortemente no terceiro ciclo

com a inserção do nível de chefes de departamento.

Ao compararmos o terceiro ciclo com o primeiro, notou-se uma grande evolução dos

gestores no que se refere à percepção sobre as pessoas e seu perfil, utilizando-se

fortemente a ferramenta de assessment.

Do terceiro para o quarto ciclo de sucessão, o processo passou por grandes mudanças:

1. A organização realizou uma revisão de todos os processos de gestão de pessoas

alinhando-as ao processo sucessório.

2. Foi realizada uma reformulação da avaliação por competências, deixou-se de utilizar a

minuta de avaliação, passando-se a utilizar o formulário de avaliação de competências

para o nível de complexidade para o qual o candidato estava sendo analisado, com apenas

três acréscimos de aspectos da minuta mais específicos para o processo sucessório.

3. Deixou-se de utilizar os filtros anteriores de seleção dos candidatos à sucessão, pois a

organização passou a realizar um comitê, chamado de comitê de gente, onde são

analisados os profissionais que estão com baixa e alta performance. Desse comitê, são

indicados os candidatos para o comitê de sucessão.

4. Passou-se, segundo a gestora de RH, a classificar as posições em: (1) posições críticas,

são aquelas diretamente relacionadas com o core business da organização - para essas

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posições, a organização precisa garantir sucessores prontos, pois qualquer problema nessa

sucessão compromete o negócio; (2) posições importantes, que não estão ligadas ao core

business diretamente, mas possuem algum impacto sobre ele, como por exemplo, a área

de suprimentos - quando tem-se algum problema na cadeia de suprimentos ele impacta no

core business de organização; e (3) posições coadjuvantes, que, por sua vez, são

importantes mas não impactam no core business, por exemplo, as área de finanças ou

recursos humanos de forma geral. No entanto, é complicado realizar esse recorte por área.

Foram dados alguns exemplos, mas na verdade a organização realiza esse recorte por

posição, pois na área de RH, por exemplo, a perda do gerente geral de recursos humanos

impacta mais o negócio do que uma gerente de desenvolvimento organizacional. Essa

classificação foi importante já que permitiu a revisão da periodicidade do processo

sucessório, pois, para as posições críticas e posições importantes, é necessário que se

tenha sucessores mapeados constantemente. Então, as discussões de sucessão para essas

posições precisam necessariamente ser anuais, enquanto que, para as posições

coadjuvantes, comitês bianuais são suficientes. Foram desenvolvidas também

classificações para o nível de desenvolvimento das pessoas em uma matriz que possui três

colunas: (1) fast track, nesta coluna são inseridos os nomes dos profissionais que

precisam ter o seu desenvolvimento acelerado por algum motivo, geralmente aqueles que

estão nas áreas críticas; (2) desenvolvimento normal, nesta coluna são inseridos os

nomes dos profissionais que estão em um processo de desenvolvimento natural; e (3)

UTI, nesta coluna são inseridos os nomes dos profissionais que tiveram um desempenho

ruim ou que obtiveram um conceito baixo na pesquisa de clima. Sendo assim, prioriza-se

o desenvolvimento para quem está na coluna de fast track e na UTI.

5. Foi realizado um mapeamento de toda a estrutura da empresa no work level, sendo

possível, então, confrontar o work level das pessoas com o work level necessário para a

posição, pois muitas vezes as mesmas posições requerem work levels diferentes, por

exemplo, algumas diretorias são mais estratégicas, outras são mais operacionais.

6. Deixou-se de contratar a consultoria para participar da realização dos comitês, pois a

organização com o aprimoramento do processo conseguiu incorporá-lo.

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Pode-se observar, pelo histórico da organização A, que as mudanças de um ciclo para outro

foram bastante significativas, demonstrando uma evolução e a apropriação do processo.

Nenhuma posição na organização é preenchida sem uma análise rigorosa do mapa de sucessão.

“Acho de certa forma, sim, acho que a gente vem no amadurecimento do modelo, pois

mudanças sempre vão existir, é uma evolução constante. A gente vai trabalhando uma

melhoria contínua, mas acho que nesses seis anos a gente está evoluindo o processo, os

atores envolvidos, porque o próprio processo ajuda a amadurecer. A gente vê de um

ciclo para outro. No primeiro ciclo era tudo verdinho, todos estavam prontos. No ano

seguinte, passaram a ser amarelos e vermelhos. Os gestores mudaram o olhar,

amadureceram no processo de avaliação. Perceberam a importância dessa avaliação para

o desenvolvimento das pessoas. O olhar vai se aperfeiçoando. À medida que vamos

fazendo os comitês, fazendo a reflexão sucessória, o olhar vai se apurando, vai

amadurecendo os atores e o processo como um todo. Desde o início, estamos tentando

olhar para o futuro. No futuro, precisamos ter pessoas prontas dentro de casa. Talvez

pudéssemos ir para o mercado, mas talvez agora o nível de amadurecimento e

consolidação que já conquistamos, não que estejamos totalmente maduros, mas o que a

gente já conquistou até então está nos permitindo fazer mais vínculos com a estratégia.”

(depoimento da entrevistada A1)

4.2.2. História de vida do processo sucessório da Organização B

O processo sucessório na organização B surgiu pela demanda do presidente em 2011, e foi

desenhado originalmente conforme descrito no item de análise documental. Os comitês no

primeiro ciclo ocorreram botton down, ou seja, iniciando-se pelo comitê que definia sucessores

para os gerentes de área e foram sendo, depois dos gerentes de área com seus gerentes de divisão,

para definição dos sucessores para gerentes de divisão. Segundo o relato da profissional de

recursos humanos entrevistada, o apoio e participação da alta gestão no desenho e implantação do

processo foi de fundamental importância para a sua consolidação na organização, e a sua

sobrevivência quando houve a troca do presidente, pois o conselho administrativo vê grande

valor no processo.

A entrevistada declarou que este ano a empresa está recebendo um novo acionista e um dos

primeiros documentos analisados por eles foi o mapa sucessório da organização. Outro

apontamento importante realizado pela entrevistada da organização B e pela análise documental

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67

foi a grande preocupação declarada pela alta gestão da organização no desenho do processo de

garantir que o mapa sucessório de fato fosse utilizado pela organização quando surgisse uma

posição vacante. Foi realizado um pacto entre os gestores de garantir que o mapa fosse de fato

utilizado na organização. Um fator importante que aconteceu na organização foi que quando o

desenho do programa foi concluído e aprovado pelo corpo diretivo, do presidente até os gerentes

de área, foi realizado um workshop para todos os gerentes de divisão apresentando a estrutura e o

funcionamento do processo sucessório. No entanto, notou-se certa apreensão das pessoas com

relação ao processo que só começou a ser dissipada com o início dos comitês, pois os gestores

perceberam grande valor no processo e nas discussões e foram disseminando rapidamente suas

percepções na organização.

O primeiro comitê foi realizado em 2013 e foram apontados como pontos de melhoria do

primeiro ciclo descrito na análise documental da empresa B os seguintes pontos:

Apresentação antecipada, em pelo menos uma semana, dos candidatos para que todos

os participantes pudessem se preparar para preenchimento tanto da minuta de

preparação, quanto das competências;

Manter a coerência entre o número de candidatos e o tempo disponível. Foi colocado

que no primeiro ciclo do processo sucessório o tempo de análise dos candidatos

costuma ser maior, principalmente nos primeiros candidatos analisados, que demoram

em média uma hora para serem analisados;

Foi sugerido que nos próximos comitês os mapas sejam projetados ao final das

discussões;

Acréscimo dos resultados das metas individuais como filtro.

Reduzir os itens da minuta de avaliação e avaliação por competências.

Os comitês do primeiro ciclo foram bem avaliados pelos participantes, conforme as falas

extraídas das transcrições realizadas no relatório do primeiro ciclo, registradas a seguir.

“Achei bom, importante. Algo novo. Mudei minhas avaliações, e gostei do feedback

dos outros gestores”.

“Achei positivo o processo, e a transparência das opiniões ajuda o processo e ajuda a

quem vai estar observando no dia a dia, ajuda a ver outro lado das pessoas, consegue

ampliar a visão. É enriquecedor.”

“A condução foi boa, até as ponderações.”

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68

“Gostei muito de ter uma ferramenta estruturada. Foi tranquilo”.

“As discussões foram importantes para pensarmos no desenvolvimento das pessoas.”

“Realmente tem aprendizado. É importante discutir de forma aberta falando sobre

pessoas (...) quando pega evidências de grupo maior, passa a conhecer melhor as

pessoas. A contribuição de pessoas que estão fora é importante para o processo.

Começa a ficar mais fácil o processo decisório”.

“Esse processo está a caminhos largos pra implantar uma avaliação 360”

“A grande sacada é que quando você passa a saber do potencial (do empregado), você

passa a ser responsável pelo desenvolvimento dele.”

A área de recursos humanos da organização relatou que, do primeiro para o segundo ciclo, foi

realizado um desenho formal para dar encaminhamento ao processo de desenvolvimento dos

profissionais inseridos no mapa sucessório. No entanto, não foi possível implantá-lo

formalmente. Ficou a cargo do gestor trabalhar esses aspectos.

A organização tem passado por grandes mudanças desde 2014 com a troca do presidente da

organização. Ao contrário da organização B, o presidente veio do mercado, o que ocasionou um

forte processo de mudança cultural na organização, já que o antigo presidente encontrava-se lá há

40 anos. Com esse processo, muitos profissionais se desligaram ou foram desligados da

organização e, segundo o relato da profissional de RH, cerca de 60% das posições foram supridas

por profissionais inseridos no mapa sucessório.

Foi recomendado após o segundo ciclo que fosse realizado com os gestores um realinhamento

da estratégia, com vistas às mudanças que estavam sendo estabelecidas na organização e que se

realizasse uma análise dos resultados do mapa sucessório, definindo ações que minimizassem as

lacunas observadas. Além disso, que se implantasse um processo formal para as ações de

desenvolvimento.

O processo formal para as ações de desenvolvimento foi implantado. Contudo, poucos

gestores aderiram. Segundo os relatos da gestora de recursos humanos da organização, o que

funciona de fato são as ações oferecidas pela área de recursos humanos. Os gestores não têm

trabalhado o processo de desenvolvimento de seus sucessores. A maior parte das recomendações

advindas do segundo ciclo do processo sucessório não foram realizadas para o terceiro ciclo que

ainda encontra-se em andamento, pois a organização ainda está acomodando as mudanças

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69

culturais. Foi acrescentado, entretanto, ao processo mais um nível de complexidade analisado

pelo comitê de gerentes técnicos.

4.2.3. Síntese.

A seguir, será apresentado um quadro com a síntese das principais mudanças observadas no

processo sucessório da organização A e da organização B entre um ciclo e outro e a evolução do

processo sucessório das duas organizações.

Quadro 7 – Comparação entre a história do processo sucessório da Organização A e da

Organização B

Aspectos Organização A Organização B

Demandante

do programa Conselho Administrativo Presidente

Tempo de

desenvolvimento do

programa

Dois anos Dois anos

Realização do

primeiro ciclo de

sucessão

2009-2010 2013

Mudanças sugeridas

no final do primeiro

ciclo

- Acrescentar foto às fichas dos candidatos

projetadas durante os comitês;

- Projetar o mapa sucessório ao final do

comitê.

- Reduzir os itens da minuta de avaliação.

- Convidar profissionais de outras áreas

clientes para fazer parte do comitê de

sucessão;

- Apresentação antecipada dos

candidatos para que todos os participantes possam preparar suas

avaliações com antecedência;

- Manter a coerência entre o número

de candidatos e o tempo disponível;

- Projetar o mapa sucessório ao final

do comitê;

- Reduzir os itens de avaliação. - Acréscimo dos resultados das

metas individuais como filtro.

- Desenho de um processo formal de

desenvolvimento.

Mudança na gestão da

empresa

- Mudança do presidente da organização.

Posição de presidente suprida por candidato

interno, o que ocasionou pouco impacto na

cultura.

- Grande troca de profissionais nas posições

chave, mais de 50% supridas pelo mapa

sucessório.

- Mudança do presidente da

organização.

- Posição de presidente suprida por

candidato externo o que ocasionou

grande impacto na cultura

organizacional.

- Grande troca de profissionais nas

posições chave, cerca de 60%

supridas pelo mapa sucessório.

Mudanças

implantadas no

segundo ciclo

- Inserção da foto do candidato na ficha de avaliação;

- Redução dos itens da minuta de avaliação;

- Participação de convidados sempre que

- Desenho de um processo formal de desenvolvimento.

- Condensação da minuta de

avaliação e das competências

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70

possível;

- Mudanças na ordem de realização dos

comitês que antes era botton down e passou a

ser botton up.

- Mudança no processo de funcionamento do

comitê. Inicialmente a avaliação dos

candidatos era iniciada por seu chefe direto,

que passou a ser o ultimo a avaliar.

diminuindo os itens de avaliação.

- Passou-se a contratar a consultoria

apenas para a condução e registro

dos comitês para gerentes de área e

gerentes de divisão de recursos

humanos.

Realização do

segundo ciclo de

sucessão

2011-2012 2014

Mudanças sugeridas

no final do segundo

ciclo

- Realizar maior integração do programa com

demais processos de gestão de pessoas;

- Desenhar um processo de desenvolvimento

individual estruturado para os profissionais

inseridos no mapa sucessório.

- Utilizar a avaliação de competências no

processo avaliativo.

- Acrescentar aos comitês a discussão acerca

de profissionais que ainda encontram-se no

nível técnico, mas que possuem potencial para

a carreira gerencial. - Atualizar os dados nas fichas dos candidatos.

- Desenvolver comitês que discutam a

sucessão da carreira técnica, permitindo

ampliar o olhar estratégico para a sucessão de

pessoas chaves e dar maior visibilidade para a

carreira técnica na organização.

- Participação de business partners nos

comitês.

- Realizar com os gestores um

realinhamento da estratégia, com

vistas às mudanças que estavam

sendo estabelecidas na organização

(mudança de presidente).

- Realização de uma análise dos

resultados do mapa sucessório definindo ações que minimizassem

as lacunas observadas.

- Implantação de um processo

formal para as ações de

desenvolvimento.

Mudanças

implantadas no

terceiro ciclo

- Participação de business partners nos

comitês.

- Inserção de mais um nível de complexidade

no processo sucessório: o de gerente de departamento.

- Inserção de mais dois níveis de prontidão no

mapa sucessório.

- Foi inserido à ficha do candidato os

resultados de perfil dos candidatos obtidos

através de ferramenta de assessment.

- Passou-se a dar mais foco aos resultados do

work level.

- O plano formal de

desenvolvimento foi instituído, mas

a maior parte dos gestores não

aderiu. - Foi instituído o nível de gerentes

técnicos.

- A maior parte das sugestões não

foram implantadas, pois a

organização ainda está se

acomodando por conta da mudança

de presidente.

Realização do terceiro

ciclo de sucessão 2013-2014

Está em processo (2015). Sendo

assim os dados sobre o processo

encerram-se aqui.

Mudanças sugeridas

no final do terceiro

ciclo

Foram reforçadas as necessidades apontadas

no segundo ciclo, mas não foram implantadas:

- Realizar maior integração do programa com demais processos de gestão de pessoas;

- Desenhar um processo de desenvolvimento

individual estruturado para os profissionais

inseridos no mapa sucessório.

- Utilizar a avaliação de competências no

processo avaliativo.

- Atualizar os dados nas fichas dos candidatos.

Dados em construção

Page 85: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

71

- Desenvolver comitês que discutam a

sucessão da carreira técnica, permitindo

ampliar o olhar estratégico para a sucessão de

pessoas chaves e dar maior visibilidade para a

carreira técnica na organização.

Mudanças

implantadas

- A organização realizou uma revisão de todos

os processos de gestão de pessoas alinhando-

as ao processo sucessório.

- Foi realizada uma reformulação da avaliação

por competências, deixou-se de utilizar a

minuta de avaliação, passando-se a utilizar o

formulário de avaliação de competências para o nível de complexidade para o qual o

candidato estava sendo analisado, com apenas

três acréscimos de aspectos da minuta mais

específicos para o processo sucessório.

- Implantação do comitê de gente, que define

os candidatos à sucessão.

- Desenvolvimento de um processo de

classificação das posições em: (1) posições

críticas; (2) posições importantes; e (3)

posições coadjuvantes, permitindo definir

diferentes necessidades de periodicidade dos

comitês de sucessão. - Definição de classificações para o nível de

desenvolvimento das pessoas em: (1) fast

track, (2) desenvolvimento normal; e (3)

UTI, permitindo focar a aplicação da verba de

desenvolvimento.

- Foi realizado um mapeamento de toda a

estrutura da empresa no work level, sendo

possível estão confrontar o work level da

pessoas com o work level necessário para a

posição.

- Foi aplicado um sistema de gestão de pessoas que facilita o acesso de todas as

informações pelos gestores, inclusive a

visualização do mapa sucessório.

- Deixou-se de contratar a consultoria para

participar da realização dos comitês, pois a

organização com o aprimoramento do

processo conseguiu incorporá-lo.

Dados inexistentes

Realização do quarto

ciclo de sucessão Está em processo (2015) Previsto para 2016

Fonte: Elaborado pela autora

Page 86: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

72

4.3. Técnicas de Análise de Dados

Para este estudo foram realizadas: duas entrevistas, com as pessoas responsáveis pelo desenho,

implantação e acompanhamento do processo sucessório nas duas organizações pesquisadas -

ambas são gerentes da área de recursos humanos; e uma entrevista com um gerente de nível

médio da organização A, que participa do processo sucessório desde a sua concepção. As

entrevistas foram realizadas por Skype, com base no questionário descrito acima, gravadas e

transcritas pela pesquisadora. Para facilitar a análise, chamaremos os entrevistados da

organização A de entrevistado A1 e A2 e o da organização B de entrevistado B1.

Para a análise dos dados coletados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo que, segundo

Bardin (2011, p.42) com base em Berelson (1971), que traz um ponto de partida para o conceito,

é classificada como “uma técnica de investigação que, por meio de uma descrição objetiva,

sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tem por finalidade a

interpretação destas mesmas comunicações”. Suas regras devem ser: (1) homogêneas, ou seja,

não misturam aspectos diferentes; (2) exaustivas, esgotando a totalidade do “texto”; (3)

exclusivas, pois cada aspecto levantado deve aparecer em uma única categoria; (4) objetivas, com

codificadores diferentes que devem chegar a resultados iguais; e (5) adequadas e pertinentes,

adaptadas ao conteúdo e ao objetivo.

Ainda segundo Bardin (2011, p. 44): “a análise de conteúdo aparece como um conjunto de

técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição do conteúdo das mensagens”. No entanto, o interesse da análise não está na descrição

do conteúdo, mas sim no que estes poderão ensinar após serem tratados. Sendo assim, a intensão

da análise de conteúdo é “a interferência de conhecimentos relativos às condições de produção

(ou, eventualmente, de reprodução), interferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou

não).”

Procura-se estabelecer na análise de conteúdo uma correspondência entre as estruturas

semânticas ou linguísticas e as estruturas psicológicas ou sociológicas dos enunciados. Não se

trata, segundo Bardin (2011, p.47), “de atravessar significantes para atingir através de

significados, mas atingir através de significantes, ou significados, outros “significados” de

natureza psicológica, sociológica, política. Histórica, etc.”

Page 87: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

73

A categorização, obrigatória em qualquer análise de conteúdo, é um método taxinômico,

utilizado para dar ordem, “é uma operação de classificação de elementos const itutivos de um

conjunto por diferenciação, em seguida, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com

critérios previamente definidos”. Essas categorias são códigos desenvolvidos a partir da análise

de palavras ou frases. Quando existe ambiguidade no elemento codificado, é necessário definir-se

unidades de contexto, superiores à unidade de codificação, compreendendo a significação dos

itens obtidos, repondo-se no seu contexto. Os critérios para a categorização podem ser semânticos

(por temáticas), sintáticos (por verbos e adjetivo), ou expressivos (por exemplo, categorias que

classificam as diversas perturbações da linguagem), (BARDIN, 2011, P.44 E P. 147).

As análises podem ser realizadas em quatro etapas. Sendo assim, a técnica que orientou a

estruturação das análises de conteúdo foi a análise por categorias, utilizando as quatro etapas

descritas a seguir: pré-análises, codificação, categorização e interferência. Dentro dessas tapas

outros autores foram agregados, conforme explicações a seguir.

4.3.1. Pré-análise

Esta etapa foi realizada primeiramente pela transcrição das entrevistas gravadas,

posteriormente organizadas pela pesquisadora em planilhas coerentes com as teorias de análise

escolhidas, determinando a base do material para o trabalho. Em seguida, como orienta Bardin

(2011), realizou-se o procedimento de leitura flutuante estabelecendo contato com o material de

análise, buscando impressões e orientações para a análise e formulação das etapas posteriores.

Realizada a primeira etapa de pré-análise iniciou-se a etapa de codificação descrita a seguir.

4.3.2. Codificação

A codificação, segundo Bardin (2011) com base em O. H. Holsti (1969), corresponde a uma

transformação dos dados brutos do texto, que ao serem agregados em unidades que permitem

uma descrição exata das características pertinentes do conteúdo.

A codificação foi realizada contemplando as etapas de determinação das questões e unidades

de análise, codificação das entrevistas e frases detalhadas a seguir:

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74

1. Determinação de questões da unidade de análise: Para formular as unidades de análises

foram utilizadas as questões do questionário elaborado paras as entrevistas e a base

conceitual determinada para a análise das questões.

Figura 5 – Unidade de Análise: Estrutura do processo sucessório

Figura 6 – Unidade de análise: Relação entre processo sucessório e estratégia

Page 89: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

75

Figura 7 – Unidades de análise: Vantagens do processo sucessório e Desvantagens do processo sucessório

Figura 8 – Unidade de análise: Processo de desenvolvimento de possíveis sucessores

2. Determinadas as unidades de análise, codificou-se as entrevistas e organizou-se em frases

conforme cada unidades de análise para que se pudesse iniciar o processo de

categorização.

4.3.3. Categorização

A categorização dos dados foi pautada no referencial teórico, utilizando-se as questões de

pesquisa e unidades de análise, como base para o desenvolvimento das categorias identificadas

no quadro a seguir:

Page 90: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

76

Quadro 8 – Formação de categorias e subcategorias.

Pergunta Unidade de análise Categoria

Qual a sua visão sobre a

estruturação do processo

sucessório desde a sua

concepção até os dias de hoje?

Estruturação do

processo sucessório

1. Apoio da alta gestão

2. Avaliação de desempenho

3. Indicação inicial de

sucessores

4. Comitês de sucessão

5. Mapa sucessório

6. Recomendações

7. Plano de desenvolvimento

individual

8. Acompanhamento de

resultados

Como você vê a relação do

processo sucessório com a

estratégia organizacional em

curto, médio e longo prazo?

Relação entre processo

sucessório e estratégia

1. Direcionamento da

empresa

2. Processo decisório

qualitativo presente e

futuro

3. A organização e a sua

relação com o ambiente

4. Envolvimento do processo

organizacional

Quais são as vantagens e

desvantagens do processo

sucessório da organização na

forma como ele está

estabelecido hoje?

1. Vantagens do

processo sucessório

1. Critérios claros para

avaliação

2. Construção de pool de

talentos

3. Desenvolvimento de Plano

de Sucessão

4. Definição de trajetória de

carreira

5. Retenção e aproveitamento

dos profissionais

6. Desenvolvimento de

profissionais preparados

para desafios

organizacionais presentes e

futuros

2. Desvantagens do

processo sucessório

Não foi identificada na literatura

nenhuma desvantagem do

processo sucessório. Esta questão

visa levantar se os profissionais

dos casos estudados observaram

Page 91: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

77

algum.

Como é trabalhado o

desenvolvimento dos

profissionais inseridos no

mapa sucessório?

Processo de

desenvolvimento dos

possíveis sucessores

Visa verificar-se se, conforme diz

a literatura, as organizações não

possuem um processo de

desenvolvimento estruturado

para os profissionais inseridos no

mapa.

Fonte: Elaborado pela autora.

4.3.4. Interferência

O presente estudo não teve a intensão de obter índices quantificáveis para a análise de

conteúdo, pois trata-se de um estudo de caso exploratório, que segundo Gil (2009) não espera

obter uma resposta definitiva para o problema, mas sim uma visão mais acurada que ofereça

insumos para novos estudos futuros sobre o tema, já que os estudos sobre processo sucessórios

em empresas familiares, conforme descrito na introdução deste trabalho, são pouco frequentes.

Optou-se pela utilização de procedimentos qualitativos mais intuitivos, maleáveis e

adaptáveis, realizando interferências específicas devido à finalidade de responder às questões de

pesquisa (BARDIN, 2009, p. 132).

Ao longo das análises utilizou-se a técnica de exposição de frases que apoiam as análises e

interpretações dos resultados obtidos.

4.3.5. Considerações Finais

Este capítulo teve como objetivo apresentar os dados obtidos nesta pesquisa, bem como as

decisões metodológicas que proporcionam o rigor cientifico necessário para a análise de

conteúdo das entrevistas. No próximo capitulo, serão interpretados os resultados a partir da

triangulação entre a análise documental, a história de vida do processo sucessório das

organizações estudadas e os resultados obtidos com as entrevistas, que, segundo Gil (2009), é um

dos itens que caracterizam a confiabilidade do estudo de caso.

Page 92: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

78

5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

A análise dos resultados será realizada na sequência dos objetivos apresentados para este

estudo. Cada um deles será analisado a partir da triangulação entre: análise documental, história

de vida do processo sucessório das organizações estudadas e os resultados obtidos com as

entrevistas.

A ordem da análise dos objetivos se dará da seguinte forma: (1) como está estruturado o

processo sucessório e o objetivo de verificar como a organização está lidando com o

desenvolvimento dos profissionais inseridos no mapa sucessório será analisado conjuntamente

aqui no subitem nomeado “plano de desenvolvimento individual” do item “estruturação do

processo sucessório”; (2) analisar vantagens e desvantagens do processo sucessório na visão do

público envolvido no processo (sucessor, sucedido e executivos da área de recursos humanos) no

item nomeado vantagens e desvantagens do processo sucessório; e (3) avaliar se o processo

sucessório leva em conta a estratégia organizacional no item nomeado relação entre processo

sucessório e estratégia

5.1. Estruturação do processo sucessório

Um dos objetivos específicos do presente trabalho foi verificar como está estruturado o

processo sucessório na organização. Os elementos para analisar os resultados obtidos nos estudos

de caso realizados estão baseados no modelo desenvolvido por Dutra (2010) e complementado

pelos dez passos para a construção do processo sucessório proposto por Rothwell (2005). Esses

elementos serviram como base para a definição das categorias que serão retomadas no quadro a

seguir. Posteriormente, será realizada a análise das categorias, verificando a sua presença em

cada uma das empresas estudadas através da triangulação entre a análise documental, o histórico

do processo sucessório e as entrevistas.

Quadro 9 – Presença das categorias da unidade de análise: Estruturação do processo sucessório.

Categorias Organização A Organização B Apoio da alta gestão Presente Presente Avaliação de desempenho Presente Presente Indicação inicial de sucessores Presente Presente Comitês de sucessão Presente Presente Mapa sucessório Presente Presente Recomendações Presente Presente Plano de desenvolvimento individual Não está formalizado Não está formalizado Acompanhamento de resultados Não está formalizado Não está formalizado

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 93: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

79

5.1.1. Apoio da alta gestão

O apoio da alta gestão é descrito por Rothwell (2005) como um fator de extrema relevância

para o desenho e implantação do processo sucessório, o autor coloca que o programa só ocorre de

fato se a alta gestão da organização acredita que ele é importante e está envolvida na sua

execução. Pode-se observar, através dos dados coletados nesta pesquisa, que o apoio da alta

gestão foi de fundamental importância para que o processo sucessório da organização fosse

implantado, consolidado e desenvolvido. Possibilitando, conforme descrito por Dutra (2010), a

criação de rituais para essas discussões na organização em comitês de sucessão, cujos principais

resultados são o mapa sucessório e o plano de desenvolvimento individual.

“O patrocínio da diretoria, é um fator crítico de sucesso do programa, algo positivo.”

(depoimento da entrevistada A1, gestora da RH da organização A)

Em ambas as empresas, o tempo de construção e amadurecimento do processo,

estabelecimento de suas regras de funcionamento e utilização se deu ao longo de dois anos.

Segundo as análises, sua implantação inicial gerou apreensão dos profissionais envolvidos, antes

de vivenciá-lo na prática. Em ambos os casos, houve uma grande preocupação da equipe de

recursos humanos e da alta gestão em construir um programa aderente à cultura e aos valores da

organização.

No caso da empresa A, ocorreu, conforme descrito no histórico do processo de sucessão, a

realização do comitê piloto com o presidente e a apresentação de seus resultados ao conselho de

administração, que culminou na contratação de seu futuro sucessor. Além disso, o primeiro

comitê de sucessão foi realizado com os diretores, que, ao passarem pela experiência e

aprovarem, incentivaram os seus gestores a participar, atuando como patrocinadores do processo.

Esses foram aspectos de fundamental importância para que o processo funcionasse na

organização.

No caso da empresa B, houve uma forte participação de todo o corpo gerencial, incluindo

todos os gerentes de área, diretores e presidente, preocupando-se em construir um programa

aderente aos valores da organização e que fosse de fato utilizado por todos. Além disso, foi de

fundamental importância a realização do workshop de funcionamento do programa junto a todos

os gerentes de divisão da organização.

Um fator importante que ocorreu coincidentemente em ambas as organizações, na passagem

do primeiro para o segundo ciclo de sucessão, foi a troca de presidente, que em ambos os casos

Page 94: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

80

foi bastante sustentada pelo mapa sucessório, no sentido de ser utilizado como referência para a

reposição de pessoas em posições vacantes.

O impacto da troca de presidente nos resultados da organização foi um tema bastante

estudado na literatura sobre sucessão, relatada no referencial teórico deste trabalho, na análise

bibliográfica realizada por Kesner e Sebora (1994). Segundo as autoras, as pesquisas neste

sentido foram inconclusivas. No entanto, neste trabalho, podemos inferir que o fato de o

presidente da empresa A ter sido contratado pelo menos um ano antes do processo de sucessão

ocorrer, permitiu-lhe conhecer e incorporar a cultura organizacional, além de participar do

programa de sucessão no primeiro ciclo, validando a sua importância para a organização. Esse

fato parece ter tido um impacto positivo para a evolução do processo sucessório, pois segundo os

dados coletados, não houve grande impacto da troca de presidente na cultura organizacional.

Além disso, percebe-se nos relatos que o novo presidente vê grande importância no processo

sucessório, o que possibilitou que o processo passasse por grandes evoluções do primeiro para o

quarto ciclo, conforme demonstrado na história do processo sucessório da organização descrita

neste estudo. Foi realizada uma revisão de todo o processo de gestão de pessoas da organização

que passou a ficar mais integrado, permitindo melhores recursos para a identificação dos

candidatos a serem analisados pelo comitê de sucessão, bem como a otimização do processo

sucessório e de suas saídas (revisão do plano de desenvolvimento individual dos profissionais

inseridos no mapa, bem como o gerenciamento e ações que minimizem os riscos visualizados

pelo mapa sucessório) preparando o processo para atender às suas necessidades em médio e

longo prazo e vinculá-lo no futuro com a estratégia organizacional de médio e longo prazo.

No caso da empresa B, o fato de o presidente ter vindo de fora da organização ocasionou um

forte processo de mudança cultural. Percebe-se que o processo sucessório foi iniciado com muita

força em 2011, tendo sido inclusive desenhado um processo formal de desenvolvimento dos

gestores inseridos no mapa sucessório, que foi implantada, mas ainda não tem muita aderência

por parte dos gestores, assim como a formulação do processo de avaliação de metas individuais,

que ainda não foi implantada por conta das mudanças. Além disso, não houve grandes evoluções

no processo sucessório, do primeiro para o terceiro ciclo, e ainda estão ocorrendo trocas de

pessoas nas posições chave da organização. Essas percepções corroboram com o depoimento da

gestora de recursos humanos da empresa B, registado a seguir, que percebe como uma

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81

desvantagem para a evolução do processo sucessório o momento que a empresa tem vivenciado

nos últimos dois anos.

“Vejo como uma desvantagem o momento da organização. Como o turn over foi alto, quando

o gestor está se engajando no processo sucessório da organização, ele sai e a gente começa tudo

de novo.” (depoimento da entrevistada B1)

Sendo assim, pode-se inferir por essa experiência que, quando posições de alto impacto na

organização são assumidas por sucessores internos, minimiza-se os impactos da mudança e se

permite que o processo sucessório vá evoluindo de um estágio de reposição para um estágio de

planejamento vinculado à estratégia organizacional visando o futuro da organização. É

importante frisar que não se pode ter essa inferência como uma realidade, mas este pode ser um

incentivo para novas pesquisas que possam investigar esta questão.

5.1.2. Avaliação de desempenho

A etapa de avaliação de desempenho proposta tanto por Dutra (2010), quanto por Rothwell

(2005), consiste no estabelecimento de critérios claros para filtrar os profissionais aptos a

participar do processo sucessório da organização. Esses filtros, segundo os autores, precisam

propiciar um sentido de justiça nas escolhas dos candidatos, oferecendo as mesmas condições

para todos. As duas organizações estabeleceram esses filtros com base nos processos de gestão de

pessoas já existentes na organização, validando a escolha dos candidatos.

Na empresa A, os filtros utilizados inicialmente foram:

Conceito “atendimento” ou “superação” na avaliação de competências;

Conceito “atendimento” ou “superação” nas metas individuais;

Potencial work level;

Perfil para a carreira gerencial;

Interesse em atuar na posição discutida no comitê (na percepção do gestor imediato);

Aprovação do comitê: todos os membros do comitê tiveram que aprovar a pessoa para a

participação do processo.

Embora se tenha passado a realizar a escolha dos profissionais participantes do processo

sucessório no comitê de gente, os filtros permaneceram os mesmos, colocando-se mais luz no

potencial work level. Notou-se também que, conforme o processo foi evoluindo na organização,

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82

os gestores conseguiram ter mais clareza sobre o interesse de seus subordinados em atuar nas

posições discutidas. Nos primeiros comitês, muitos gestores não tinham essa informação.

Na organização B, os filtros utilizados foram:

Conceito “atendimento” ou “superação” na avaliação de competências;

Perfil para a carreira gerencial;

Interesse em atuar na posição discutida no comitê (na percepção do gestor imediato);

Aprovação do comitê: todos os membros do comitê tiveram que aprovar a pessoa para a

participação do processo.

No caso da empresa B, os filtros permaneceram os mesmos desde o inicio do programa de

sucessão.

5.1.3. Indicação inicial de sucessores

A indicação inicial de sucessores consiste, segundo Dutra (2010), na indicação de

profissionais que passaram pelos critérios estabelecidos na categoria avaliação de desempenho,

comentada anteriormente. O autor sugere que os nomes indicados como candidatos à sucessão

sejam compartilhados com os participantes dos comitês previamente, assim como os critérios

utilizados para balizar as discussões em comitê.

Nota-se que a indicação inicial de sucessores é realizada por ambas as organizações. Existe

um momento específico no processo sucessório em que a lista de candidatos gerada pelo filtro é

validada primeiramente com o gestor direto do profissional, que é quem decide se o profissional

permanece ou não na lista de candidatos a ser discutida pelo comitê de sucessão.

O gestor neste momento em ambos os casos possui total liberdade para excluir o profissional

indicado pelos filtros iniciais de avaliação de competências, - no caso da empresa A, acrescido da

avaliação de metas e de potencial - e indicar outro profissional, desde que tenha argumentos

pautados em evidências que sustentem a indicação do profissional sugerido para o comitê de

sucessão.

Nas duas organizações estudadas, foram apresentados neste momento aos gestores os critérios

de avaliação dos candidatos a serem utilizados nos comitês, chamada em ambos os casos de

minuta de avaliação, que é composta pela avaliação de competências do nível de complexidades

para o qual o profissional está sendo analisado acrescido de outros aspectos que a organização

Page 97: FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS PROGRAMA DE PÓS … · de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão, (4) definição de trajetória de carreira, (5) retenção

83

entende como relevantes para esta avaliação. Nos dois casos, essa minuta foi sendo aprimorada a

cada ciclo.

5.1.4. Comitês de sucessão

Segundo Dutra, o comitê de sucessão geralmente é constituído de sete a nove gestores que

irão avaliar profissionais capazes de assumir posições equivalentes às suas na organização e os

superiores hierárquicos desses gestores. Os critérios para essa avaliação, citados pelo autor,

passam pelos aspectos: (1) nível de desenvolvimento da pessoa, ou seja, o quanto está pronta para

assumir novos desafios; (2) consistência do desempenho que vem apresentando ao longo do

tempo; (3) comportamento adequado à cultura e aos valores da organização; (4) potencial para

assumir novos desafios em função da velocidade de aprendizado e comportamento frente a novos

desafios e apresentação de novas formas de desenvolver seu trabalho; (5) aspectos pessoais,

como idade, conhecimentos específicos, possibilidades de mobilidade geográfica; e (6) nível de

prontidão, ou seja, em quanto tempo o profissional estaria pronto para assumir posições em maior

nível de complexidade.

Ainda segundo Dutra (2010), durante os comitês de sucessão, os participantes podem

incluir profissionais que não passaram nos critérios de avaliação inicial por algum motivo, como

por exemplo, ter assumido a função em um curto espaço de tempo. Após a avaliação dos

candidatos um a um, os resultados finais dos comitês devem estabelecer: (1) indicação de pessoas

para o mapa sucessório; (2) nível de prontidão para assumir posições em nível superior dos

profissionais indicados; (3) indicação de ordem de prioridade para assumirem determinadas

posições; (4) recomendação de ações de desenvolvimento e acompanhamento para os sucessores

escolhidos; (5) estabelecimento de indicadores de sucesso para cada sucessor escolhido; (6)

apontamento de aspectos que possam restringir o desenvolvimento dos sucessores escolhidos e

definição de ações que os minimize.

Levando em consideração a literatura apontada para esta categoria e para facilitar o

entendimento e os pontos de checagem, foram construídas as subcategorias apontadas no quadro

a seguir:

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84

Quadro 10 – Subcategorias para a categoria: Comitê de sucessão.

Subcategorias Organização A Organização B Nível de desenvolvimento Presente Presente Desempenho apresentado Presente Presente Comportamento adequado Presente Presente Potencial para desafios Presente Presente Aspectos pessoais Presente Presente Nível de prontidão Presente Presente Indicação de pessoas para o mapa

sucessório

Presente Presente

Indicação de posições Presente Presente Ações de desenvolvimento Presente Presente Estabelecimento de indicadores Não encontrada Não encontrada Apontamento de aspectos restritores Presente Presente

Fonte: Elaborado pela autora.

Os critérios de avaliação apontados estão contemplados no processo de ambas as

organizações. Nos dois casos, o primeiro aspecto trabalhado é a validação dos nomes dos

profissionais indicados para serem discutidos no comitê. Sequencialmente, escolhe-se um

candidato a se analisar e o primeiro passo é sua apresentação ao comitê, através da ficha do

candidato, composta por dados pessoais, foto, currículo, atuação na organização, avaliação de

desempenho e, no caso da empresa A, work level e assessment. Sendo assim, as subcategorias:

aspectos pessoais, nível de desenvolvimento, desempenho apresentado, estão contempladas em

ambas as organizações.

Essa ficha traz insumos para que seja discutida a consistência do desempenho que o

profissional vem apresentando ao longo do tempo. Na sequencia, são discutidos os itens da

minuta de avaliação, pautada também na avaliação de competências do nível de complexidade

para o qual o gestor está sendo analisado. As discussões são sempre apoiadas por evidências, o

que permite analisar se o comportamento do candidato é adequado e se este possui potencial para

assumir novos desafios, contemplando as duas subcategorias comportamento adequado e

potencial para novos desafios.

Ao final das discussões, analisa-se em que tipos de funções esse profissional será melhor

aproveitado, sempre tentando-se conciliar os interesses do indivíduo e da organização. Neste

caso, não se pensa em posições específicas, mas sim em natureza de função, pois, conforme

colocado por Dutra (2010), o organograma muda de acordo com as necessidades da organização.

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85

Após essa análise, define-se o tempo de prontidão para os candidatos, ou seja, em quanto tempo o

profissional estará pronto para assumir posições em maior nível de complexidade. Se o candidato

foi colocado como sucessor em posições diferentes, define-se o tempo de prontidão. Para cada

uma das posições, podem ser tempos diferentes. O importante é definir a posição prioritária para

que se possa dar foco ao processo de desenvolvimento do profissional.

Os tempos de prontidão adotados pelas organizações são: (1) pronto; (2) pronto em até dois

anos; e (3) pronto em até quatro anos. No caso da organização A, criou-se mais dois aspectos de

classificação para que se possa inserir no mapa aqueles profissionais vistos como potenciais para

assumir posições de maior nível de complexidade, mas só ficarão prontos em mais de quatro

anos, que são os classificados como potencial futuro e os profissionais que não são vistos como

sucessores por algum motivo, mas tem condições de assumir determinadas posições por um

espaço de tempo determinado, são os chamados como de contingência. Sendo assim, estão

contempladas as categorias: nível de prontidão, indicação de pessoas para o mapa sucessório e

indicação de posições.

Após todas essas análises, o profissional é inserido no mapa de sucessão e são recomendadas

ações de desenvolvimento. Não se observou, contudo, em nenhum dos casos estudados, o

estabelecimento de indicadores de sucesso para mensurar as ações. Foi colocado pelos

entrevistados que a avaliação de melhora do candidato se dá com base nas percepções dos

gestores, pois são geralmente comportamentais e de avaliação qualitativa. Quando são

identificados aspectos que possam restringir do desenvolvimento dos sucessores definidos, estes

são discutidos e são apontadas ações que o minimizem. Com isso, estão presentes, nos dois casos,

as subcategorias: ações de desenvolvimento e apontamento de aspectos restritores, sendo a única

subcategoria ausente em ambos os casos a de estabelecimento de indicadores.

5.1.5. Mapa sucessório

A validação do mapa sucessório sempre será feita por, pelo menos, um nível acima dos

gestores que participam dos comitês, como por exemplo, no comitê para posições de diretoria o

presidente da organização é quem deve validá-lo. Dutra (2010) coloca que isso é importante para

construir um processo político que suporte as escolhas dos comitês. É fundamental que a alta

direção visualize o mapa sucessório de toda a organização e avalie se existem situações críticas,

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86

tais como a existência de muitos profissionais prontos em uma determinada área e nenhum

profissional pronto em outra. Essas análises permitirão a construção de ações estratégicas, tais

como: aceleração do desenvolvimento de profissionais, mudanças no organograma, entre outras

(DUTRA, 2010).

Observou-se, neste estudo, que o processo de validação do mapa sucessório com os gestores

acontece em ambas as organizações. No caso da empresa A, os comitês passaram a ser realizados

botton up. Os mapas são validados pelos gestores ao final do comitê e depois vai sendo validado

pelas instâncias acima até chegar no comitê de diretoria. Para facilitar esse processo, e para que

os gestores tenham facilmente acesso aos seus mapas sucessórios e informações de seus

liderados, foi aplicado um sistema que permite a todos visualizar os resultados de seus comitês e

os dados de cada um dos candidatos. O presidente consegue visualizar o mapa da organização

como um todo. Esse foi um dos aprimoramentos importantes realizados ao longo do processo

pela organização A.

5.1.6. Recomendações

Segundo Dutra (2010), para que o processo sucessório de fato seja legitimado na organização,

é necessário que, quando haja uma posição vacante, os profissionais nele inseridos sejam

avaliados para a posição, sem que necessariamente o primeiro candidato que está inserido no

mapa seja a melhor escolha. Quando surge a posição, é necessário averiguar se houve mudanças

no contexto, e verificar qual é o candidato mais bem preparado para os desafios que se

apresentam.

Em ambas as organizações estudadas este processo é realizado. Quando se tem posições

vacantes, recorre-se ao mapa de sucessão. No entanto, ocorre uma análise para verificar qual é o

candidato mais adequado para aposição no contexto vigente, contemplando seus desafios

presentes e futuros.

5.1.7. Plano individual de desenvolvimento

Por meio das discussões realizadas pelos comitês de sucessão, surgem inúmeras sugestões de

ações de desenvolvendo para os profissionais discutidos, que podem orientar o desenho ou

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87

complemento do plano individual de desenvolvimento. Segundo Rothwell (2005) e Dutra (2010),

esta é uma das etapas mais críticas para a organização, pois, em suas pesquisas, notaram que as

organizações que possuem um processo de sucessão estruturado geralmente chegam até a

construção do mapa sucessório, mas não conseguem desdobrá-lo em ações para o

desenvolvimento individual e organizacional.

Nas duas organizações estudadas, não existe ainda um processo formal de desenvolvimento

dos profissionais inseridos no mapa sucessório aplicado e legitimado por todos os gestores. O

desenvolvimento dos profissionais fica a cargo de seus chefes diretos com auxilio do business

partner da área.

Na empresa A, foi elaborado uma categorização para as necessidades organizacionais com

relação às posições, classificando-as em: (1) posições críticas; (2) posições importantes; e (3)

posições coadjuvantes, e outra para as necessidades individuais que trabalha o nível de

desenvolvimento das pessoas classificando em: (1) fast track; (2) desenvolvimento normal; e (3)

UTI. A elaboração dessas classificações, conforme descritas no item histórico da organização A

neste trabalho, são utilizadas como parâmetros para trabalhar o desenvolvimento dos

profissionais que necessitam um cuidado especial, por estarem com dificuldades ou terem sido

mapeados para posições críticas e necessitarem de uma aceleração no seu desenvolvimento para

assumir posições em maior nível de complexidade. No entanto, foi colocado pela gestora da área

de recursos humanos da organização, que a saída para o desenvolvimento ainda é um aspecto a

ser trabalhado pela organização, corroborada pelo gestor entrevistado em seu depoimento a

seguir.

“Fica claro nos comitês o que precisamos desenvolver nas pessoas, mas muitas vezes não

temos tempo para desenvolver, acabamos desenvolvendo na posição.” (depoimento do

entrevistado A2, gerente da organização A)

A gestora de recursos humanos da organização A chamou a atenção para a necessidade de se

desenhar um processo que contemple trilhas de desenvolvimento para os profissionais, pensando

no melhor caminho a ser trilhado para contemplar as necessidades de atuação requeridas para

cada posição, conforme o seu depoimento a seguir.

“Falando de desenvolvimento, um ponto que temos que evoluir é desenhar, traçar as

trajetórias de desenvolvimento. Para eu ser um bom diretor de operações, qual é a

trajetória que melhor me forma um bom diretor de operações e fazer isso para as

principais posições. Isso vai me ajudar a trabalhar o job rotation... Hoje realizamos essas

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88

trilhas de forma intuitiva, mas precisamos parar para estruturá-las.” (depoimento da

entrevistada A1)

5.1.8. Acompanhamento de resultados

Trata-se do acompanhamento dos resultados obtidos com a preparação dos sucessores e das

variáveis que podem impactar o planejamento de sucessão, como, por exemplo, saída de pessoas

que estavam sendo preparadas para futuramente assumirem posições-chave, mudanças no

contexto que podem impactar a estrutura organizacional e mudanças no foco de desenvolvimento

dos profissionais indicados no mapa sucessório (DUTRA, 2010).

Na organização A, observa-se fortemente este movimento. Após o fechamento dos comitês, a

equipe de recursos humanos, responsável pelo projeto, reúne-se para realizar o que eles chamam

de “mapa sistêmico”. Esse mapa sistêmico avalia as lacunas e propõe alternativas.

Posteriormente, ele é apresentado para o presidente juntamente com o mapa organizacional para

que se trabalhe uma estratégia com relação ao desenvolvimento e retenção de pessoas-chave e

lacunas observadas no mapa sucessório da organização. Na organização B, esse processo ainda

não é realizado.

5.2. Vantagens e desvantagens do processo sucessório

Analisar vantagens e desvantagens do processo sucessório na visão do público envolvido no

processo (sucessor, sucedido e executivos da área de Recursos Humanos) é um dos objetivos

específicos do presente estudo. Para verificação deste objetivo, foi realizada uma pergunta aberta

sobre as vantagens e desvantagens do processo sucessório. No entanto, só foi possível realizar

entrevistas com as gerentes de recursos das duas organizações e um gerente tático-estratégico da

organização A, que embora tenha experimentado tanto o papel de sucessor quanto de sucedido, e

não veja diferença das vantagens e desvantagens do programa para os dois papéis, limitou o

estudo a apenas uma opinião.

A seguir, serão analisadas as vantagens com base nos seis benefícios apontados por Rothwell

(2005), que foram utilizados como alicerce para a definição das categorias retomadas no quadro a

seguir. Será verificada a presença dessas categorias em cada um dos casos estudados a partir da

triangulação entre a análise documental, o histórico do processo sucessório e as entrevistas.

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89

Como não foram encontradas desvantagens do processo sucessório na literatura, este estudo

procurou averiguar se eram percebidas desvantagens no processo pelos profissionais

entrevistados. A seguir será descrita a análise dos dados primeiramente em relação às vantagens

depois sobre as desvantagens.

5.2.1. Vantagens do processo sucessório

Quadro 11 – Presença das categorias da unidade de análise: Vantagens do processo sucessório

Categorias Organização A Organização B Critérios claros para a avaliação Presente Presente Construção de pool de talentos Presente Presente Desenvolvimento de plano de

sucessão

Presente Presente

Definição de trajetória de carreira Presente Presente Retenção e aproveitamento dos

profissionais

Presente Presente

Desenvolvimento de profissionais

preparados para desafios

organizacionais presentes e futuros

Presente Presente

Fonte: Elaborado pela autora

5.2.1.1. Critérios claros para a avaliação

Segundo Rothwell (2005), um dos benefícios de se ter um processo sucessório estruturado é a

obtenção de critérios claros para avaliação. Segundo o autor, o processo sucessório permite que a

organização avalie seus talentos por meio do desenvolvimento de critérios claros e transparentes.

Entender as necessidades de negócios de uma organização pode ser difícil, devido às incertezas

do mercado e da guerra por talentos. São poucas as organizações que assumem uma postura

proativa para atrair e reter talentos com um planejamento de sucessão abrangente,

experimentando grandes perdas de profissionais para o mercado. Um dos grandes benefícios do

processo de planejamento de sucessão é que ele leva a uma avaliação formal de funções de

trabalho atuais e pessoas, facilitando o desenvolvimento de modelos de competência que

permitem ao profissional o que se espera dele, em cada categoria de trabalho, departamento ou

nível hierárquico. Ao desenvolver esse trabalho de avaliação e possibilitando ao profissional ter

mais claro o que necessita para se desenvolver, aumentam-se as taxas de retenção. Hall (1986),

Othshuk (2013), Dutra (2010), Veloso et al. (2013) também frisam a importância dos critérios de

avaliação para o processo sucessório.

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90

Ambas as organizações, percebem esse beneficio e possuem a estruturação de processos

claros de avaliação de seus profissionais, deixando claro o que se espera de cada um deles por

nível de complexidade. Esses critérios são utilizados como base para a avaliação dos candidatos à

sucessão, tanto no filtro inicial - no qual se faz uma primeira seleção de todas as pessoas que

atendem ou superam nos critérios estabelecidos em toda a organização, oferecendo a todos

direitos iguais de participarem do processo de sucessão -, quanto para a análise dos profissionais

visando o longo prazo - quando se utiliza a avaliação de competências do nível para o qual o

candidato será desenvolvido.

Foi relatado por ambas as organizações que um dos grandes benefícios do processo

sucessório é a ressignificação da avaliação de competências para os gestores, que passam a ver

um enorme valor na ferramenta e a utilizá-la de forma diferente. Segundo o depoimento das

gestoras de recursos humanos de ambas as organizações, a seguir, os gestores passaram a ser

mais criteriosos na avaliação do primeiro ciclo em diante, mas nota-se bem essa diferença do

primeiro para o segundo ciclo do processo sucessório.

“No primeiro ciclo eram todos verdinhos ou amarelos (critérios utilizados para

profissionais prontos e prontos em até dois anos), no segundo ciclo esses profissionais

foram ficando amarelos ou vermelhos (critérios utilizados para profissionais prontos em

até dois anos e prontos em até quatro anos), alguns saíram do mapa. Foi um processo

importante para que os gestores passassem a entender a importância da avaliação

criteriosa para o processo de desenvolvimento dos profissionais da organização.”

(depoimento da entrevistada A1)

“É grande o amadurecimento das nossas lideranças, principalmente no nível de gerentes

de departamento e gerentes de área, que já estão participando do terceiro ciclo de

sucessão... quando você avalia um profissional, você se auto avalia também, se pergunta,

”Estou avaliando o meu subordinado neste critério, mas eu mesmo não atendo, preciso

trabalhar isso”. O gestor sai desconfortável querendo se desenvolver nos aspectos que

ele identificou como gaps dele próprio.” (depoimento da entrevistada B1)

Um ponto de atenção realizado pela gestora da organização A é a necessidade de se rever os

aspectos de avaliação dos sucessores com vistas no futuro e não apenas no presente. Quando a

avaliação fica pautada apenas na avaliação de competências, corre-se o risco de preparar o gestor

do futuro com base em parâmetros necessários para o presente, mas que podem não dar conta do

futuro.

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91

“Estamos nesse momento fazendo uma reflexão sobre qual a liderança da organização A

no futuro, como é esse líder, o que a gente precisa. Essa discussão está sendo realizada

junto com a diretoria e um parceiro internacional que está nos ajudando. Ai mistura

tudo, desenvolvimento de liderança, gestão da cultura, processo sucessório. É uma

reflexão altamente estratégica que alimenta todos os processos de RH, inclusive

sucessão, que quanto terminada precisaremos preparar novos critérios de avaliação, que

contemplem as competências, conhecimento e comportamentos necessários e como

vamos trabalhar o processo de desenvolvimento desses profissionais.” (depoimento do

entrevistado A1)

“Estamos em um movimento de aprovar as operações futuras, um projeto desafiador,

muito mais complexo, pois teremos pessoas se aposentando, teremos que ter líderes mais

preparados, é tudo novo.” (depoimento de entrevistada B1)

5.2.1.2. Construção de pool de talentos

A estruturação do processo sucessório permite às lideranças organizacionais a identificação

ágil de profissionais aptos a preencher posições-chave vacantes na organização, a partir da

construção de um pool de talentos aptos a lidarem com as necessidades organizacionais em curto,

médio e longo prazo, o que é reforçado pelas pesquisas desenvolvidas por Dutra (2010), Ferreira

(2010), Groves (2007) e Kur e Bunning (2012).

Ambas as organizações pesquisadas percebem esse beneficio, pois tiveram o seu mapa

sucessório construído ao final de cada ciclo de sucessão gerando um pool de talentos com o

mapeamento das pessoas aptas a ocupar cada posição-chave da organização. No entanto, ainda

existe uma fragilidade nas duas organizações estudadas para trabalhar o desenvolvimento e a

prontidão dos candidatos.

“Vemos um maior aproveitamento dos nossos potencias, direcionamento de ações que

vão contribuir para o desenvolvimento deles. A gente já tem vários potenciais sendo

desenvolvidos em eventos formais específicos, ações de retenção, focando nesse

profissional que está no mapa sucessório.” (depoimento da entrevistada B1).

“Fica claro o que precisamos desenvolver nas pessoas, mas muitas vezes não temos

tempo para desenvolver, acabamos desenvolvendo na posição.” (depoimento do

entrevistado A2)

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92

5.2.1.3. Desenvolvimento de plano de sucessão

Visualizar caminhos para o presente e futuro do plano de sucessão, é outro beneficio descrito

por Rothwell (2005). Segundo o autor, o inventário de sucessão disponibiliza um panorama

completo da organização e de seus talentos que pode ser valioso para a organização em curto

prazo. No entanto, o plano de sucessão pode ser volátil, necessitando adaptar-se ao contexto de

frequentes mudanças e incertezas. Sendo assim, para sobreviver a organização precisa identificar

caminhos e preparar as pessoas para trafegar neles. Contudo, as direções podem mudar

rapidamente e as pessoas precisam estar preparadas para se adaptarem e conduzirem a

organização de acordo com as necessidades apresentadas pelo contexto. Dutra (2010) e Ferreira

(2015) também visualizam este contexto como benefício do planejamento sucessório, a partir de

suas pesquisas. Ainda segundo os autores, a organização que conseguir desenvolver um bom

trabalho neste sentido possuirá uma grande vantagem competitiva frente ao mercado.

Este é um beneficio vislumbrado por ambas as organizações. As duas veem o mapa sucessório

como uma fotografia da organização que auxilia nas decisões de curto prazo, no entanto veem a

necessidade de se realizar os comitês em ciclos anuais para rever as decisões e redirecionar a

estratégia traçada em caso de mudanças de contexto.

As duas organizações percebem também o processo sucessório como um momento em que

emergem discussões importantes sobre caminhos que podem auxiliar a organização na execução

de sua estratégia.

“O fato de se estar discutindo melhorias na nossa estrutura mesmo... essa é uma fonte de

informação sobre a estrutura da empresa presente e futura.” (depoimento da entrevistada

B1).

“O vinculo desse programa com a estratégia de longo prazo é que o programa precisa

acompanhar essas discussões de para que caminho a empresa está indo. Ele tem que ter

flexibilidade o suficiente para acompanhar essas mudanças e necessidades que virão no

longo prazo.” (depoimento da entrevistada A1)

5.2.1.4. Definição de trajetória de carreira

A definição do percurso de carreira muitas vezes é um importante subproduto da avaliação das

necessidades organizacionais, identificando o pessoal-chave, e estabelecendo um esforço de

planejamento de sucessão alinhada com o plano estratégico de negócios da organização

(ROTHWELL, 2005). O esclarecimento de percursos profissionais em toda a organização

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93

permite que os funcionários entendam sua situação atualmente, encaixem-se no negócio e

vislumbrem aonde eles podem chegar no futuro. Sendo assim, as pessoas conseguem visualizar e

desenhar o seu planejamento de carreira e desenvolver as competências necessárias para se

aprimorarem na organização, alinhando os seus anseios profissionais às possibilidades que a

organização oferece; com isso, os gestores podem auxiliar os profissionais e lhes oferecer

experiências que possam ir ao encontro de suas necessidades de desenvolvimento. Este benefício

corrobora com aspectos colocados por Ferreira (2015) e principalmente por Graffney (2005), no

item 3.3 deste trabalho, reforçando a importância do profissional conhecer-se e conhecer bem as

estratégias organizacionais para visualizar como poderá contribuir para a organização em curto,

médio e longo prazo, traçando o seu plano de carreira e desenvolvimento.

Ambas as organizações visualizam este como um beneficio importante do processo sucessório.

No entanto, ainda não possuem uma comunicação estruturada sobre a estratégia organizacional

de longo prazo que permita com que os profissionais vislumbrem a sua carreira em longo prazo e

os aspectos que precisam desenvolver para isso. Ambas as organizações estão em um momento

de discutir o seu futuro e o que precisarão dos profissionais em médio e longo prazo em termos

de conhecimento, habilidades, entregas e comportamentos. Contudo, elas não têm ainda isso

claro.

“Nós não temos uma comunicação que permite que os gestores tenham conhecimento da

estratégia de médio e longo prazo. Esse é um processo que a gente vem melhorando a

cada dia nas reuniões de gestão que se iniciaram há seis meses. Hoje todos sabem que

temos esse desafio, mas o gap no processo de comunicação é de cada um saber qual é o

seu papel nisso tudo, pois isso ainda está no projeto. Uma das discussões e como

disseminar essa estratégia, esses desafios e qual é o papel de cada um.” (depoimento da

entrevistada B1)

“Temos acesso à estratégia de médio e longo prazo da organização, mas não

conseguimos parar para pensar no que precisamos desenvolver para essa demanda

futura. Penso que esse seja um ponto a trabalhar. Sabemos das demandas de crescimento

futuro, mas não estamos nos preparando para isso não.” (depoimento da entrevistada

A1).

“No médio e longo prazo ainda vejo uma certa distância. A empresa tem uma dinâmica

rápida e acelerada, eu ainda não consigo ver um processo que alimente lá no futuro uma

linha de sucessão muito clara. Eu não consigo perceber isso.” (depoimento do

entrevistado A2)

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94

5.2.1.5. Retenção e aproveitamento dos profissionais

Com a estruturação do processo sucessório, Rothwell (2005) prevê um maior retorno sobre o

investimento em funcionários. Grande parte das iniciativas organizacionais exige algum tipo de

mudança, sendo que, no entanto, um esforço em realizar um processo de sucessão bem planejada

pode preparar a organização de maneira efetiva para os desafios presentes e futuros, levando à

utilização mais eficaz de seus talentos e, consequentemente, trazendo um maior retorno sobre os

recursos destinados para o seu desenvolvimento. Além disso, as organizações passam a reter mais

seus talentos, economizando em encargos referentes a demissões ou contratação de profissionais

de mercado. Este benefício é também citado como importante por Gay e Smis (2006).

O benefício é observado por ambas as organizações, visto que ambas encontram-se distantes

dos grandes centros, principalmente a organização B, e possuem grandes custos para contratação

de profissionais externos. Conforme descrito no histórico das organizações, neste estudo, ambas

supriram mais de 50% das posições vacantes com a troca do presidente ocorrida do primeiro para

o segundo ciclo do processo sucessório, o que trouxe um grande ganho para a organização no que

tange a economia de recursos.

“Do ponto de vista da situação atual da organização B, passamos e ainda estamos

passando por um processo de transformação cultural muito intensa nos últimos dois

anos. Se não tivéssemos implantado o programa de carreira e sucessão, provavelmente,

teríamos trazido mais profissionais do mercado no grande giro que tivemos na

organização, isso que eu falo em curto prazo. Tivemos a chegada de um presidente novo

e tinha um processo institucionalizado que serviu de base para a estrutura organizacional

no momento de aproveitamento de gestores na saída de profissionais. 60% das posições

foram preenchidas por profissionais inseridos no mapa.” (depoimento da entrevistada

B1)

“O custo de trazer profissionais de fora para a organização é bastante grande e arriscado,

pois muitas vezes o profissional vem com suas famílias e ele se adapta bem, mas a

família não e ele acaba indo embora.” (depoimento da entrevistada B1)

“Mais de 50% das posições geradas a partir da mudança de presidente foram supridas

pelo mapa sucessório realizado no primeiro ciclo.” (depoimento da entrevistada A1)

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5.2.1.6. Desenvolvimento de profissionais preparados para desafios organizacionais

presentes e futuros.

Conforme citado por Rothwell (2005), um processo sucessório bem estruturado permite que se

promovam e selecionem profissionais que contribuam para o alcance dos objetivos

organizacionais. O grande benefício pretendido com o planejamento de sucessão é identificar,

desenvolver e colocar adequadamente profissionais qualificados para posições-chave preparados

para atender às necessidades estratégicas presentes e futuras. Um processo de promoção claro e

atingível em um local de trabalho motivador pode aumentar a capacidade de corresponder

adequadamente às necessidades da organização, sustentando seu desempenho e desenvolvendo-se

para o futuro. O autor cita que o retorno sobre o investimento no desenvolvimento dos

profissionais de uma organização pode ser maximizado, se as pessoas certas forem alocadas nas

posições certas, pois promover pessoas desmotivadas ou não qualificadas para posições-chave

pode ser desastroso, principalmente em posições de liderança. Este benefício é ressaltado também

por Dutra (2010) e Ferreira (2015), quando salientam em sua pesquisa a dificuldade encontrada

hoje pelos profissionais em sustentar o seu desempenho na posição atual e ainda desenvolver-se

para posições em nível superior, por conta da velocidade nas mudanças de contexto e

necessidades de rapidamente desenvolver novas competências para se adequar a elas.

Ambas as organizações percebem este beneficio, com um melhor preparo dos profissionais

para o curto prazo, mas estão trabalhando o médio e longo prazo, conforme visto anteriormente

neste trabalho.

“Estar preparando melhor os nosso potencias. Nos últimos cargos que surgiram, fomos

vendo que as pessoas que assumiram estava mais íntimos com a estrutura

organizacional, estava mais íntimos com o jogo politico, da importância do processo de

negociação, pois ele já vinha sendo experimentado.” (depoimento do entrevistado B1)

“É uma ajuda indireta para pensar na carreira dele, e que de certa forma o deixa livre,

pois muitas vezes a gente via pessoas que não cresciam porque não tinha ninguém para

ficar na posição dela. Agora, se ele deixar o sucessor pronto, está livre para alçar novos

voos na organização.” (depoimento do entrevistado A1).

Um outro aspecto observado como vantagem do processo sucessório que corrobora para este

beneficio é de que os gestores passam a conhecer melhor as pessoas e o que cada pessoa tem de

melhor e isso contribui para que se aloquem as pessoas mais adequadas para dar conta das

necessidades de cada posição.

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96

“É uma forma na qual você coloca de uma forma transparente os conhecimentos que

cada um tem e muitas vezes a alta gerência não tem acesso. Nesses fóruns, a alta gestão

toma conhecimento das pessoas de seu potencial e sua possível contribuição para o

presente e futuro da organização.” (depoimento do entrevistado A2).

5.2.1.7. Outras vantagens observadas

A partir dos dados coletados, foi possível identificar alguns benefícios adicionais aos

propostos por Rothwell (2005), conforme descritos abaixo:

1. Identificação dos Gaps dos profissionais avaliados pelo processo sucessório realizado em

comitês, pois as discussões em comitês permite um olhar mais completo para o

profissional.

“A partir de uma avaliação de grupo e não individual, você é capaz de identificar e

desenvolver habilidades nas pessoas que você como gestor não percebe que lhe faltam e

pegar outras habilidades que já são características daquela pessoa e identificar formas de

alavancar e utilizar melhor para beneficio da organização. (depoimento do entrevistado

A1)

2. Desenvolvimento das lideranças: foi colocado por todos os entrevistados que o

desenvolvimento dos participantes dos comitês enquanto gestores de pessoas é um dos

grandes benefícios do processo.

“Para mim uma das grandes vantagens é o envolvimento da liderança.” (depoimento do

entrevistado A2)

3. Compartilhamento das responsabilidades da escolha do sucessor.

“As vantagens do programa para o gestor é que ele tem uma ajuda de forma estruturada

para pensar na sucessão dele. Não está na mão dele sozinho, não é algo intuitivo que ele

vai ter que buscar os recursos. Tem um processo estruturado. Um processo que vai

ajudá-lo com maior assertividade, acertar mais do que errar nas escolhas dele.”

(depoimento da entrevistada A1)

“Outra coisa é a corresponsabilidade pelo processo, pois ele faz isso com os pares dele, o

chefe e o RH juntos nesse processo em comitês.” (depoimento da entrevistada B1)

5.2.2. Desvantagens do processo sucessório

Não foram encontradas na literatura desvantagens percebidas no processo sucessório. Neste

estudo, foi inserida como pergunta no questionário as vantagens e desvantagens do programa

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sucessório. As vantagens foram facilmente apontadas, mas os três entrevistados tiveram

dificuldades em apontar desvantagens. O entrevistado A2, não conseguiu identificar nenhuma

desvantagem no processo.

A entrevistada A1 identificou duas questões: (1) de as análises estarem muito pautadas na

percepção das lideranças e enfatizou a necessidade de se dar mais luz ao potencial work level e à

ferramenta de assessment, pois em muitos casos um gestor tático não tem repertório para

visualizar um profissional com potencial para ser futuramente um gestor estratégico; e (2) o fato

de os resultados do mapa sucessório serem confidenciais, em alguns momentos, é ruim, pois os

profissionais muitas vezes não têm clareza do porquê estão sendo movimentados ou envolvidos

em projetos que em alguns momentos podem não fazer grande sentido. Embora o gestor diga que

as ações estão acontecendo por um motivo específico, muitas vezes o profissional não consegue

visualizar.

A entrevistada B1 trouxe algumas questões, entre elas, a mesma questão apontada pela

entrevistada A1 com relação à confidencialidade do mapa sucessório, colocando que, como o

programa não é comunicado na organização B, pois a confidencialidade é levada com muita

seriedade pelos gestores, fica a impressão para os funcionários de que a empresa não possui um

processo de sucessão estruturado.

As demais desvantagens trazidas pela gestora de recursos humanos da organização B estão

relacionadas ao momento de mudanças vividas pela organização que ainda não permitiu a

implantação e sedimentação de alguns processos importantes para a consoslidação do processo

sucessório e a sua evolução para um estágio mais estratégico.

Os pontos levantados foram: (1) a não adesão da maioria dos gestores para a estruturação e

implantação do plano de desenvolvimento individual (2) a não implantação de um processo mais

estruturado para as discussões sobre o mapa sucessório e seus desdobramentos para a organização

em médio e longo prazos.

5.3. Relação entre processo sucessório e estratégia

A relação do processo sucessório com a estratégia organizacional em curto médio e longo

prazo é um dos objetivos específicos deste trabalho. Para realizar esta análise, utilizaram-se como

parâmetros os aspectos em comum sobre as definições de estratégia encontradas por Albuquerque

(2002), em suas pesquisas bibliográficas. São eles: (1) dá o direcionamento da empresa e provê

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consistência; (2) resulta de um processo de decisão que são, principalmente, de natureza

qualitativa, interferem no todo da organização e buscam eficácia a longo prazo; (3) abrange a

organização e sua relação com o ambiente; e (4) envolve questões de conteúdo e de processo, em

diferentes níveis. Esses elementos serviram como base para a definição das categorias que serão

retomadas no quadro a seguir, comparando o aparecimento das categorias nas duas empresas,

realizando a triangulação entre a análise documental, o histórico do processo sucessório e as

entrevistas. A seguir, será descrita a análise dos dados.

Quadro 12 – Presença das categorias da unidade de análise: Relação entre processo sucessório e

estratégia

Categorias Organização A Organização B Direcionamento da empresa Presente Presente Processo decisório qualitativo

presente e futuro

Presente Presente

A organização e a sua relação com o

ambiente

Presente Presente

Envolvimento do Processo

Organizacional

Presente Presente

Fonte: Elaborado pela autora.

5.3.1. Direcionamento da empresa

Um dos aspectos comuns encontrados na formulação da estratégia organizacional é dar o

direcionamento da empresa e prover consistência. Observa-se, nas duas empresas estudadas, que

o processo sucessório é eficiente no sentido de auxiliar a organização na obtenção de seus

objetivos em curto, médio e longo prazo, quando está vinculado à estratégia organizacional. No

entanto, essa vinculação ocorre aos poucos, ao longo de um processo no qual os gestores em um

primeiro momento começam a resignificar o processo sucessório, depois a trabalhar o seu

desenvolvimento enquanto líder de pessoas. No tocante à organização, ela vai afinando os seus

processos de avaliação e desenvolvimento de pessoas para dar conta de suprir a situação presente,

para posteriormente começar a trabalhar com as necessidades futuras da organização. Pode-se

observar que ambas as organizações estudadas tinham como propósito desde o início trabalhar

visando o longo prazo. No entanto, foram percebendo que ainda tinham que trabalhar processos e

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comportamentos da liderança para dar conta do presente. Neste momento, ambas estão iniciando

o aprimoramento do processo sucessório com visão de futuro.

“Estamos em um movimento de aprovar as operações futuras, um projeto desafiador,

muito mais complexo, pois teremos pessoas se aposentando. Teremos que ter líderes

mais preparados, é tudo novo.” (depoimento de entrevistada B1)

“Estamos, nesse momento, fazendo uma reflexão sobre qual a liderança da organização

A no futuro. Como é esse líder, o que a gente precisa. Essa discussão está sendo

realizada junto com a diretoria e um parceiro internacional que está nos ajudando. Ai

mistura tudo, desenvolvimento de liderança, gestão da cultura, processo sucessório. É

uma reflexão altamente estratégica que alimente todos os processos de RH, inclusive

sucessão, que quando terminada precisaremos preparar novos critérios de avaliação, que

contemplem as competências, conhecimento e comportamentos necessários e como

vamos trabalhar o processo de desenvolvimento desses profissionais.” (depoimento do

entrevistado A1)

5.3.2. Processo decisório qualitativo presente e futuro

Outro ponto em comum entre a formulação da estratégia resulta de um processo de decisão

que é principalmente de natureza qualitativa, interfere no todo da organização e busca eficácia a

longo prazo (ALBUQUERQUE, 2002).

Os comitês de sucessão suportam esse processo tomando decisões sobre como a alocação e o

desenvolvimento das pessoas irá suportar essa estratégia de forma eficaz em curto, médio e longo

prazo, sendo realizadas pelos comitês decisões de mudança da estrutura organizacional,

ampliação de relacionamento com stakeholders, reforço de determinadas competências ou valores

necessários para suportar a organização.

“O fato de se estar discutindo melhorias na nossa estrutura mesmo... essa é uma fonte de

informação sobre a estrutura da empresa presente e futura.” (depoimento da entrevistada B1).

5.3.3. A organização e a sua relação com o ambiente

Um aspecto importante da estratégia é a relação da organização com o ambiente, no tange a

seu relacionamento com os stakeholders e a rápida necessidade de se ler o contexto em alta

velocidade de mudanças e tomadas de decisão cada vez mais complexas e de necessidades

imediatas.

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100

O processo sucessório das duas organizações possui, como um dos critérios de análise

inseridos no processo sucessório, o relacionamento interno e externo. É muito comum nas

organizações que os gestores fiquem circunscritos aos seus processos organizacionais,

relacionando-se apenas com as pessoas envolvidas diretamente em seu dia-a-dia de trabalho.

Geralmente, essa rede de relacionamentos são basicamente internas, o que acaba de certo modo

restringindo as suas possibilidades de crescimento por não transitar na arena política e expandir o

seu repertório sistêmico e de contexto.

As organizações estudadas tem incentivado os seus gestores cada vez mais a expandir o seu

trânsito tanto dentro, quanto fora da organização. As ações de desenvolvimento propostas são

relacionadas a projetos multidisciplinares, interna e externamente. Além disso, incentiva-se os

gestores a sair de seu contexto e realizar experiências que auxiliem na leitura do ambiente e de

demandas futuras.

Em ambas as organizações, existe esta preocupação. Um dos itens contidos na minuta de

avaliação das organizações está relacionado a relacionamento interno e externo e construção de

relacionamentos sólidos com stakeholder. Outro item está relacionado à leitura de contexto e

velocidade para dar agilidade às mudanças a partir dessa leitura.

5.3.4. Envolvimento do processo organizacional.

O último elemento em comum encontrado por Albuquerque (2002) está relacionado a

questões de conteúdo e de processo, em diferentes níveis.

Ao longo dos comitês, é bastante comum discutir-se questões de estratégia e estrutura

organizacional, extinguindo-se algumas posições e criando-se outras. Discutem-se também

conhecimentos, habilidades, comportamentos e competências necessárias para as posições no

futuro. Além disso, são muito frequentes as discussões sobre qual é a melhor trajetória

profissional para o desenvolvimento dos funcionários.

Um outro aspecto importante é a análise do mapa sucessório e as decisões tomadas em termos

de mudanças de processo e estruturas organizacionais para dar conta da estratégia futura.

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101

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo visa apresentar uma proposta de consolidação do processo sucessório, a partir

dos modelos propostos na literatura por Rothwell (2005) e Dutra (2010), o modelo das

organizações estudadas, que é bastante semelhante, e as análises dos dados obtidos nesta pesquisa

apresentados no capítulo anterior.

6.1. Apresentação do Modelo

O presente modelo está estruturado em cinco etapas, conforme descrito na figura a seguir,

sendo a primeira relacionada aos aspectos estruturais do processo sucessório, que precisam ser

pensados antes de iniciar a sua aplicação. As três etapas seguintes são referentes ao fluxo do ciclo

de realização do processo sucessório e a ultima etapa se refere a um ciclo paralelo de melhoria

não apenas do processo em si, mas também daqueles com os quais possui interfaces. A seguir,

serão descritas cada uma das etapas.

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Figura 9 – Proposta de consolidação do processo sucessório

Fonte: construído pela autora com base em Dutra (2010) e Rothwell (2005)

6.1.1. Etapa I – Premissas para a construção do programa

Pode-se definir como premissas para a construção do programa as questões de sustentação do

processo que precisam ser pensadas antes que o mesmo se inicie. As premissas identificadas nos

casos apresentados neste trabalho, com base na literatura estudada sobre o tema, estão descritas

na figura a seguir e posteriormente explanadas.

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Figura 10 – Premissas para a construção do processo sucessório

Fonte: construído pela autora com base em Dutra (2010) e Rothwell (2005)

Apoio da alta gestão: conforme colocado na literatura, o apoio da alta gestão é

fundamental, o que foi corroborado pela pesquisa em ambas as empresas pesquisadas.

No entanto, nas duas empresas não houve apenas o apoio da alta gestão, mas uma

participação ativa na construção, validação e patrocínio do programa para que ele de

fato ocorresse e fosse se instituindo como um ritual na organização, passando aos

poucos por um processo de aprimoramento.

Definição dos responsáveis pelo processo sucessório: em ambos os casos, a equipe

responsável pelo processo sucessório é da área de recursos humanos da organização.

Processo colegiado: um aspecto importante é definir se o processo sucessório se dará

ou não em colegiado. Ambas as organizações veem grande valor em se realizar o

processo em colegiado, tais como, o desenvolvimento dos participantes como gestores

de pessoas, maior equidade na forma de avaliar, corresponsabilidade na escolha dos

sucessores, bem como em seu desenvolvimento e autodesenvolvimento do gestor que

se autoavalia durante os comitês.

Periodicidade do processo: faz-se importante a definição da periodicidade com a qual

se dará o processo sucessório da organização. Em ambos os casos, essa periodicidade

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se deu anualmente assim como recomendado na literatura. No entanto, observou-se

que a empresa A demonstrou um forte preocupação em identificar que posições

precisam de uma discussão anual e que posições podem ter um tempo mais espaçado

para as discussões, buscando-se assim otimizar o processo.

Comunicação do mapa sucessório: em ambos os casos, optou-se por não se comunicar

os resultados do mapa sucessório. Este aspecto, contudo, foi visto como uma

desvantagem do processo sucessório da forma como ele está constituído hoje na

organização, pois, pelo fato de não se divulgar o mapa, acaba-se divulgando pouco o

programa, dando a impressão aos gestores de que não existe um processo de carreira

institucionalizado na organização. Sendo assim, pode-se sugerir que as organizações

passem a comunicar que o programa existe e como se dá o seu funcionamento,

deixando de revelar apenas o mapa sucessório.

Posições inseridas no processo: em ambos os casos, foram definidas como posições a

serem trabalhadas pelo processo sucessório as posições de liderança, iniciando-se com

os níveis de complexidade maior e agregando novas posições a cada ciclo. No entanto,

nos dois casos vê-se a necessidade de ampliar esse processo para a carreira técnica.

Uma das grandes dificuldades apontadas pelos entrevistados é a discussão sobre os

profissionais que devem seguir carreira gerencial e os profissionais que devem seguir

carreira técnica.

Ordem de realização dos comitês: em ambos os casos, iniciou-se o processo das altas

posições de liderança para baixo. No caso da organização A, essa ordem foi alterada

no ciclo seguinte, possibilitando que ao final do processo fosse apresentado à diretoria

o mapa sucessório de toda a organização.

Tempos de prontidão: os tempos de prontidão estabelecidos para o processo são

bastante semelhantes: ponto, pronto em até dois anos e pronto em até quatro anos. A

organização A inseriu o potencial futuro (que são os profissionais prontos em mais de

quatro anos) e contingência (profissional que pode assumir a posição por tempo

determinado). Este é um ponto que pode ser trabalhado em futuros estudos, já que os

tempos de prontidão necessários podem ser diferentes dependendo do setor de atuação

da empresa.

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105

Filtros: consistem na definição de critérios claros para uma primeira seleção dos

profissionais a serem analisados. É recomendado na literatura que estes filtros sejam

baseados em processos já existentes na organização. Nos casos estudados, utilizou-se

a avaliação de competências e metas, a ferramenta de complexidade work level, uma

ferramenta de assessment com perfil dos profissionais, a intensão do profissional em

assumir uma posição em maior nível de complexidade.

Critérios de avaliação de pessoas nos comitês: consiste na definição de critérios para

analisar os profissionais em comitê. No caso das organizações estudadas, esses

critérios estão pautados na avaliação de competências, nos valores organizacionais e

em aspectos como: trânsito entre pares da chefia, relacionamento interno e externo,

disposição para assumir novos desafios, entre outros. No entanto, esses critérios estão

baseadas nos critérios presentes de avaliação de pessoas e não em critérios com vistas

às necessidades futuras da organização. Recomenda-se que estes sejam repensados.

Participantes dos comitês e seus papéis: consiste em definir quem serão os

participantes dos comitês de sucessão. Nos dois casos estudados, os participantes dos

comitês são: o chefe do profissional avaliado; seus pares e seu chefe, ou seja, futuros

pares; chefe do chefe do profissional analisado; um ou dois profissionais da área de

recursos humanos que funcionam como “guardiões do processo” e acompanham todos

os comitês; a business partner da área; e profissionais convidados de áreas de

interface, para que se tenha uma pessoa com uma visão externa à área sobre o

profissional analisado. Nos primeiros ciclos dos comitês, um consultor externo da

consultoria contratada para a aplicação do modelo. Neste momento, é importante que

se definam os papéis de cada um dos participantes. No caso das organizações

estudadas, os papéis são estabelecidos da seguinte forma:

Chefe do profissional: apresentar o candidato e defender sua indicação com

base em evidências.

Pares do chefe: avaliar o candidato com base em evidências.

Chefe do chefe: provocar reflexões e validar as indicações.

Profissionais convidados: avaliar os candidatos com base em evidências,

trazendo uma visão externa à área.

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Representante da área de recursos humanos: facilitar as discussões e avaliação

do candidato, zelando para que o processo esteja pautado em evidências. É

também a pessoa que possui o histórico do processo sucessório.

Business partner: provocar reflexões, registrar os resultados das discussões

sobre o profissional para posteriormente trabalhar o plano de desenvolvimento

individual.

6.1.2. Etapa II – Preparação

Esta etapa está baseada no modelo de ambas as organizações, que consiste na preparação dos

comitês de sucessão. Fazem parte desta etapa os seguintes aspectos:

Filtragem: consiste, em ambos os casos estudados, na aplicação dos filtros

estabelecidos e seleção de uma primeira lista de candidatos à sucessão.

Agendamento dos comitês: em ambos os casos, realizado pela área de recursos

humanos da organização, necessariamente, com uma certa antecedência. Em ambos os

casos, foram relatadas as dificuldades desse conciliar as agendas.

Aprovação dos candidatos filtrados: consiste, em ambos os casos estudados, em

validar, com o gestor direto dos profissionais filtrados, o seu nome para ser avaliado

pelos comitês de sucessão. Nos dois casos estudados, o responsável por realizar essa

validação com o gestor é a área de recursos humanos. Essa validação geralmente é

acompanhada da apresentação aos gestores do funcionamento dos comitês e dos

critérios de avaliação a ser utilizada nos comitês. Neste momento, o chefe direto do

profissional pode aprová-lo ou não e indicar novos nomes para a lista de candidatos,

que por algum motivo não passaram pelo filtro estabelecido, desde que tenha

argumentos consistentes para a sua indicação e que possa defendê-lo para o comitê

com base em evidências.

Preparação da ficha do candidato: neste momento, são apresentadas, no início dos

comitês, uma ficha do candidato discutido, composta pelos seguintes dados: foto do

candidato, dados pessoais (nome, idade, estado civil...), formação, experiências

profissionais dentro e fora da organização, resultados de avaliação de competências e

metas, potencial work level, resultados de assessment.

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Preparação das avaliações dos candidatos: consiste em apresentar aos participantes

dos comitês a lista de candidatos a serem avaliados e os critérios de avaliação para que

os gestores possam se preparar para os comitês, registrando as evidências nas quais

serão pautadas as suas avaliações.

6.1.3. Etapa III – Realização dos comitês

Esta etapa está baseada no modelo de ambas as organizações, que consiste na realização dos

comitês. Aqui, pretende-se descrever o processo identificado para a realização dos comitês de

sucessão.

Os comitês de sucessão iniciam-se em ambos os casos pela apresentação dos objetivos do

programa e pela validação dos candidatos inseridos na lista. Neste momento, pode-se eliminar

candidatos que o grupo não concorde em analisar. Essa eliminação precisa estar pautada em

evidências claras e todos precisam estar de acordo. Se existir algum impasse, ambas as

organizações recomendaram avaliar o candidato nos critérios estabelecidos.

Após a aprovação dos candidatos, escolhe-se a ordem de avaliação dos candidatos. O

processo de avaliação de cada um dos candidatos se dá da seguinte forma:

Apresentação da ficha do candidato: consiste na apresentação do candidato e na sua

avaliação com base no presente, ou seja, oferece um panorama de como o candidato

se encontra hoje na organização. Nos dois casos, após a apresentação da ficha pelo

representante da área de recursos humanos, é realizada uma pequena apresentação do

candidato pelo seu chefe direto.

Avaliação do candidato: consiste na avaliação do candidato em cada item de avaliação

proposto. Em cada item, os avaliadores dão o seu parecer sobre o candidato com base

em evidências, como, por exemplo, o trânsito entre os pares da chefia - todos avaliam

este item-, depois vão para o item seguinte. As avaliações iniciam-se pelo chefe direto

do candidato e depois pelos demais participantes. A organização A relatou que inicia

essa avaliação pelos pares do chefe e o último a se colocar é o chefe direto do

candidato - eles mudaram a ordem de avaliação, pois alegam que o parecer do chefe

direto influenciava a avaliação dos demais participantes. Ao inverter a ordem, notou-

se que a avaliação ficou mais rica.

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Definição de posições possíveis: consiste na definição de posições que o profissional

pode ocupar. Essas posições podem estar ou não no organograma atual da

organização. Foi colocado pelas organizações estudadas que em alguns casos

realizam-se modificações no organograma em função da necessidade de

desenvolvimento e/ou retenção do profissional avaliado. Foi relatado pelas

organizações e consta em Dutra (2010) que é importante neste momento definir-se

uma posição prioritária para as ações de desenvolvimento do profissional avaliado.

Definição de tempo de prontidão: consiste em definir o tempo de prontidão para os

profissionais inseridos no mapa sucessório. Os tempos podem ser diferentes para cada

posição. Os tempos de prontidão utilizados pelas organizações estudas foram: pronto,

pronto em até dois anos, pronto em até quatro anos, potencial futuro (só estará pronto

em mais de quatro anos) e contingência (só tem condições de assumir a posição

temporariamente).

Definição de ações de desenvolvimento: consiste na definição de ações de

desenvolvimento com base nas posições que foram priorizadas. Segundo os relatos

dos entrevistados neste momento, são definidas algumas ações que dependam de

decisões coletivas, ou alguma recomendação mais específica, mas em ambos os casos

recomenda-se que o plano de desenvolvimento individual seja definido pelo gestor

juntamente com a business partner da área. Foi relatado nos dois casos estudados que

esse processo acaba em muitos casos não acontecendo.

Após a avaliação de todos os candidatos, em ambos os casos, o mapa sucessório é

apresentado ao grupo que trabalha na sua análise, podendo-se ter duas situações:

1. Muitas pessoas prontas ou prontas em até dois anos, o que significa que será

necessário trabalhar novos desafios para esses profissionais, que podem ocorrer em

promoções, movimentações laterais ou em liderar um projeto importante para a

organização, entre outras ações. Se esses desafios não forem propostos, corre-se

grandes riscos de perder os profissionais para o mercado.

2. Poucas pessoas prontas ou pronta em até dois anos, o que significa que será necessário

pensar em formas de minimizar os riscos da área, acelerando o processo

desenvolvimento de algum profissional, buscando em outras áreas da organização, ou

mapeando no mercado.

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109

Após essa análise, realiza-se uma avaliação do comitê e do processo sucessório, coletando-se

informações que vão auxiliar no aprimoramento do processo.

6.1.4. Etapa IV – Desenho de plano de ação e acompanhamento

Esta etapa está baseada nas saídas dos comitês de sucessão que, nos dois casos estudados, são

duas: o plano de desenvolvimento individual e minimização dos riscos organizacionais, ambos

serão desenvolvidos a partir dos dois produtos gerados pelos comitês de sucessão, a saber: o

relatório sobre as discussões realizadas nos comitês e o mapa sucessório da organização.

A partir dos estudos de caso estudados, conclui-se que conforme colocado na literatura por

Dutra (2010) e Rothwelles (2005) esta etapa ainda é pouco trabalhada pelas organizações. Mas

ambas estão em processo de aprimorá-la. Nota-se que, na organização A, que está um ciclo a

frente da organização B e que passou pelo processo de mudança de presidente de uma forma mais

amena, essa etapa está um pouco mais estruturada. Já é realizado o mapa sistêmico da

organização e uma conversa entre presidente, diretores e a área de recursos humanos para pensar

em ações que minimizem os riscos identificados no mapa sucessório. Além disso, a área de

recursos humanos consegue identificar os profissionais que tem prioridade de desenvolvimento e

puxar o seu processo de desenvolvimento. Na empresa B, esse processo está sendo iniciado. Já

foi implantado um processo corporativo de desenvolvimento individual. No entanto, não teve

grande adesão do corpo gerencial e ainda é necessário implantar um processo que defina soluções

para os riscos visualizados no mapa sucessório.

Sendo assim, pode-se inferir que o processo sucessório vai amadurecendo sequencialmente

conforme vai ocorrendo. Percebe-se isso claramente nos dois casos estudados.

No primeiro ciclo, os profissionais conhecem e vivenciam o processo sucessório. Percebe-se,

nos dois casos estudados, como beneficio desse processo: (1) a ressignificação do processo de

avaliação pelos gestores, percebendo a sua importância; (2) um olhar do profissional para o

autoconhecimento e autodesenvolvimento, (3) uma visão critica do processo sucessório em si e

seus pontos de aprimoramento.

No segundo ciclo, os profissionais participantes estão mais apropriados do processo,

vivencia-se o seu amadurecimento para dar conta ainda do presente, já conseguem ampliar a sua

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visão sobre processo sucessório e o processo de gestão de pessoas da organização. Percebe-se nos

dois casos estudados uma preocupação em aprimorar as ferramentas de gestão de pessoas

existentes na organização.

No terceiro ciclo do processo, em ambos os casos, percebe-se que o processo encontra-se

mais consolidado na organização. Começa-se a estruturar as saídas para as ações de

desenvolvimento individual e as ações para minimizar os riscos organizacionais identificados no

mapa de sucessão. Começa-se a cobrar do gestor em comitês os resultados de desenvolvimento

dos gestores avaliados. Já se percebe aqui também o início de uma preocupação de que o

processo dê conta de trabalhar a reposição dos profissionais para o longo prazo.

Sendo assim, ao analisar as organizações estudadas, com base nos estágios de estruturação do

processo sucessório propostos por Hall (1986), Ohtsuki (2013) e Ferreira (2015), podemos inferir

que elas encontram-se no estágio 2. Neste estágio, é desenvolvido o mapa sucessório e começa-se

a trabalhar o desenvolvimento dos profissionais nele inseridos, com intensão de passar para o

estágio 3, no qual se dá o planejamento sucessório, com vistas ao futuro da organização, já que,

em ambos os casos, ainda estão trabalhando com a intensão de construir o mapa sucessório e

desenvolver os profissionais, mas ainda com base nos critérios de avaliação no presente. Percebe-

se, no entanto, em ambos os casos, uma grande preocupação em que o programa trabalhe para dar

conta do futuro da organização desde a sua concepção, mas, conforme conclui-se acima, o

processo sucessório tem um tempo de consolidação e amadurecimento. Primeiro ocupa-se do

presente da organização e, conforme vai amadurecendo, vai alinhando-se à estratégia

organizacional e vai sendo reconstruído para dar conta do futuro.

Nos estudos de caso realizados, percebe-se que o processo sucessório preocupa-se com a

estratégia da organização, mas ainda não está alinhado à estratégia de longo prazo, em ambos os

casos esse alinhamento encontra-se em construção.

6.2.5. Etapa V – Aprimoramento do processo

Percebe-se, nos dois casos estudados, uma grande preocupação ao longo de cada ciclo

sucessório com o aprimoramento do processo. Os registros de pontos de melhoria identificados

nos comitês auxiliaram o processo de desenvolvimento da organização e serviram de indicadores

para essas mudanças. Sendo assim, esse é um ponto importante a ser considerado ao longo do

processo sucessório em seu clico como um todo.

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A seguir serão apresentadas as considerações finais deste trabalho.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo versa sobre as principais constatações desta pesquisa. Apresentará suas

considerações finais e as principais considerações do estudo de forma geral, explanando as suas

limitações, bem como contribuições para a área de administração de empresa e para futuros

estudos.

7.1. Síntese do Estudo

O presente estudo que teve como objetivo geral analisar o processo sucessório de duas

organizações do setor de mineração, desdobrou-se nos seguintes objetivos específicos: (1)

verificar como está estruturado o processo sucessório nas organizações; (2) avaliar se o processo

sucessório leva em conta a estratégia organizacional; (3) analisar vantagens e desvantagens do

processo sucessório na visão do público envolvido no processo (sucessor, sucedido e executivos

da área de recursos humanos); e (4) verificar como a organização está lidando com o

desenvolvimento dos profissionais inseridos no mapa sucessório.

Visto que a literatura sobre sucessão em empresas não familiares no Brasil é bastante escassa,

buscou-se, a partir desses objetivos, contribuir:

Com as sete lacunas apontadas pela literatura, ou seja: (1) enfoque nas relações familiares

e nas posições estratégicas do negócio (presidentes, proprietários e CEOS); (2)

preocupação com o evento sucessório e não com o seu processo; (3) concentração de

métodos quantitativos mensurando impactos sobre indicadores de resultado e

desempenho; (4) ausência de análise do processo sucessório por diferentes perspectivas

(sucessor, sucedido e executivos de RH); (5) falta de orientação para a compreensão do

contexto no qual se insere o processo sucessório; (6) falta de um processo estruturado

para trabalhar o desenvolvimento dos profissionais inseridos no mapa sucessório; e (7)

vínculo do processo sucessório com a estratégia da organização em curto, médio e longo

prazos;

Para o levantamento de novas informações sobre o tema, que poderão contribuir para

pesquisas futuras; e

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112

Para auxiliar organizações que desejem desenhar o seu planejamento sucessório,

justificando assim a sua realização.

Sendo assim, os dois casos estudados foram de empresas não familiares de capital fechado,

que possuem um processo sucessório instituído para todo o corpo gerencial da organização,

realizado de forma colegiada através de comitês se sucessão, na qual as decisões são pautadas em

percepções e análises qualitativas. Notou-se uma grande preocupação de ambas as organizações

não apenas com o evento sucessório em si, mas em amadurecer e aprimorar o processo para

auxiliar a organização no alcance de seus objetivos em médio e longo prazo. Nos dois casos

estudados, ainda não se nota um vinculo com a estratégia organizacional de médio e longo prazo.

Nota-se, contudo, que este é um aspecto em construção almejado por ambas as gestoras

responsáveis pelo processo, bem como o corpo diretivo das organizações.

Constata-se, neste trabalho, claramente sua passagem pelas etapas de desenvolvimento do

processo sucessório, que se inicia em uma fase de reposição, passa pela fase da elaboração do

mapa sucessório e vai caminhando para uma fase de planejamento sucessório vinculado à

estratégia organizacional de médio e longo prazo. No entanto, é um processo lento e complexo

pelo qual a organização necessita passar e, para tanto, vê-se como imprescindível o apoio, a

participação ativa e o patrocínio do processo por parte da alta gestão da organização.

Um aspecto ainda deficiente em ambas as organizações é de fato a existência de um processo

estruturado, não apenas para o desenvolvimento das pessoas, mas também para o gerenciamento

dos riscos decorrentes das lacunas apontadas no mapa sucessório. Nota-se que a empresa A

analisada encontra-se mais avançada neste sentido. No entanto, é preciso levar em conta que ela

está um ciclo adiantada com relação à empresa B, além de ter passado pelo processo de troca de

presidente de uma forma menos impactante do que a empresa B.

Com relação às vantagens e desvantagens, notou-se que ambas as organizações enxergam

como benefícios os seis apontados por Rothwell na literatura, que são: (1) critérios claros para a

avaliação; (2) construção de pool de talentos; (3) desenvolvimento de plano de sucessão; (4)

definição de trajetória de carreira; (5) retenção e aproveitamento dos profissionais e (6)

desenvolvimento de profissionais preparados para desafios organizacionais presentes e futuros. A

estes, são acrescidos mais três, sendo eles: (1) identificação dos gaps dos profissionais avaliados

pelo processo sucessório realizado em comitês, pois as discussões em comitê permitem um olhar

mais completo do profissional; (2) desenvolvimento das lideranças, já que o desenvolvimento dos

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113

participantes dos comitês como gestores de pessoas foi unanimemente citado como um dos

grandes benefícios do processo; e (3) compartilhamento das responsabilidades da escolha do

sucessor.

Como desvantagem do processo sucessório, duas foram encontradas: (1) as análises estarem

muito pautadas na percepção das lideranças, enfatizando-se a necessidade de se dar mais luz ao

potencial work level e à ferramenta de assessment, pois em muitos casos um gestor tático não tem

repertório para visualizar um profissional com potencial para ser futuramente um gestor

estratégico; e (2) o fato de os resultados do mapa sucessório serem confidenciais é prejudicial em

alguns momentos, pois os profissionais muitas vezes não têm clareza do porquê estão sendo

movimentados ou envolvidos em projetos que em certas situações podem não fazer grande

sentido. Embora o gestor diga que as ações estão acontecendo por um motivo específico, muitas

vezes o profissional não consegue visualizar. Além disso, os profissionais inferem que a

organização não possui um programa de carreira bem estruturado na organização.

No que tange à estruturação do processo sucessório, pode-se verificar que os modelos de

Dutra (2010) e Rothwell (2005) encontrados na revisão bibliográfica, são utilizados e aplicados

em ambas as organizações que foram trabalhando o seu aprimoramento e adaptação para as

necessidades organizacionais, ao longo de cada ciclo do processo sucessório, trazendo preciosas

contribuições para se verificar como esses modelos funcionam de fato na prática.

7.2. Contribuições do estudo

O presente trabalho apresentou uma contribuição teórica para a linha de administração de

empresas posto que é escassa a literatura sobre o tema, principalmente no Brasil. Foi realizada

uma ampla revisão bibliográfica, que apesar de não abranger tudo o que foi escrito sobre o

assunto, contribuirá para novos estudos.

Pode-se inferir que as contribuições deste trabalho para futuros estudos sobre sucessão

gerencial são:

Indícios de que os conceitos levantados pela revisão bibliográfica são aplicados aos

estudos de caso realizados.

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114

A tentativa de acrescentar novos insumos aos modelos já estruturados por Dutra

(2010) e Rothwell (2005), com vistas a auxiliar a estruturação de processos

sucessórios em organizações não familiares e contribuir para novos estudos.

Indícios de que os estágios do processo sucessório citados por Hall (1986), Ohtsuki

(2013) e Ferreira (2015), são galgados ao longo de um processo de amadurecimento

do processo sucessório organizacional, sendo alinhados gradualmente à estratégia da

organização apenas no terceiro estágio.

Indícios de que os benefícios propostos por Rothwell (2005) são percebidos pelas

organizações pesquisadas e o acréscimo de outros três possíveis benefícios que podem

ser confirmados em futuros estudos.

Indícios de que ainda existe, conforme colocado por Rothwell (2005) e Dutra (2010),

uma grande dificuldade das organizações em encaminhar as ações de

desenvolvimento, tanto individual quanto organizacional, a partir dos resultados dos

comitês, formalmente na organização.

Indícios de que, quando a posição de presidência é ocupada por um profissional

interno à organização, o desenvolvimento do processo sucessório é mais veloz e

fluido.

7.3. Limitações da pesquisa

A realização de um estudo sobre um fenômeno recente, de alta complexidade e de difícil

acesso para estudo nas organizações, torna-se contributivo. Por outro lado, para torná-lo possível,

realizaram-se escolhas metodológicas que podem ter restringido a sua compreensão mais ampla.

Um outro fator foi o estudo de apenas dois casos e três entrevistados, de caráter exploratório,

pertencentes ao mesmo setor, não permitindo que se generalize os resultados encontrados.

Pretendia-se, neste estudo, levantar as vantagens e desvantagens do processo sucessório na

perspectiva do sucessor, sucedido e área de recursos humanos. Apesar do único gestor

respondente ter sido sucessor e sucedido, essa análise ficou empobrecida.

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115

7.4. Sugestões de continuidade da pesquisa

Como o tema sucessão é bastante novo na literatura, existe uma vasta possibilidade para

pesquisas, mas, a partir deste estudo, surgiram algumas ideias enumeradas a seguir:

1. Estruturação do processo: com relação à estruturação, pode-se perceber que os dois casos

estudados passaram por um processo de amadurecimento ao longo de cada ciclo,

realizando mudanças significavas entre um ciclo e outro. Com relação a este tema, um

estudo que abarcasse uma maior quantidade de organizações de múltiplos setores poderia

propiciar: (1) novas contribuições ao processo; (2) uma estimativa de tempo e aspectos

que facilitam e dificultam a passagem do primeiro para o segundo estágio e do segundo

para o terceiro estágio de estruturação do processo sucessório proposto por Hall (1986),

Ohtsuki (2013) e Ferreira (2015); (3) a identificação das percepções em termos de

vantagens e desvantagens do processo na visão do sucessor e sucedido.

2. Vínculo com a estratégia: verificou-se que os processos sucessórios ainda não estão

vinculado à estratégia de longo prazo da organização. Outro estudo que se poderia realizar

é explorar essa questão mais a fundo, verificando o que dificulta e facilita essa

vinculação.

3. Benefícios: nos benefícios encontrados no processo sucessório, verificou-se três novos

benefícios que podem ser estudados mais a fundo, especialmente os benefícios da

realização do programa de sucessão em comitês para o desenvolvimento de lideranças.

4. Posições gerenciais e técnicas: uma das grandes dificuldades apontadas em comitês é a de

definir se um profissional deve seguir carreira gerencial ou técnica. Analisar quais

indicadores podem ajudar nesse processo poderia ser uma pesquisa importante para o

processo sucessório.

5. Desenvolvimento para o futuro: notou-se que as organizações avaliam o seus sucessores

com critérios de avaliação presente. Verificar que aspectos ela precisa trabalhar para

desenvolver uma ferramenta com visão de longo prazo pode ajudar o processo sucessório.

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