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FAKE NEWS E CAMPANHAS DE VACINAÇÃO: A EXPERIÊNCIA COM PROJETOS DE

INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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FRANCISCO RENATO LIMA

FAKE NEWS E CAMPANHAS DE VACINAÇÃO: A EXPERIÊNCIA COM PROJETOS DE

INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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Copyright © do autor Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, transmitida ou arquivada desde que levados em conta os direitos do autor.

Francisco Renato Lima

Fake News e campanhas de vacinação: a experiência com projetos de intervenção pedagógica na educação básica. São Carlos: Pedro & João Editores, 2019. 100p. ISBN 978-85-7993-715-6 [impresso] 978-85-7993-716-3 [Ebook] 1. Educação Básica. 2. Projetos de intervenção pedagógica. 3. Fake News e campanhas de vacinação. 4. Autor. I. Título.

CDD – 370

Capa: Andersen Bianchi Revisão: Francisco Renato Lima Editores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito Conselho Científico da Pedro & João Editores: Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/ Brasil); Hélio Márcio Pajeú (UFPE/Brasil); Maria Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Maria da Piedade Resende da Costa (UFSCar/Brasil); Valdemir Miotello (UFSCar/Brasil).

Pedro & João Editores www.pedroejoaoeditores.com.br

13568-878 - São Carlos – SP 2019

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[...] estamos vivendo o advento da terceira grande catástrofe, ainda sem nome, na qual a

proteção e o aconchego das habitações deixaram de existir, pois nossas casas estão perfuradas por todos os lados, tornaram-se

permeáveis ao ‘furacões da mídia’. Assim, nossas moradias se tornaram inabituais [...] e por isso inabitáveis [...]. Convidam-nos a estar

lá onde não estamos, em cenários, paisagens e ambientes distantes e virtuais. O lugar onde

estamos de fato – sempre sentados – é o lugar inóspito, que não se deixa habitar porque está invadido pela ventania das

imagens visuais e sonoras da mídia. [...] a nova ‘mobilidade’ ou o novo ‘nomadismo’ são

uma reunião paradoxal de imobilidade com fluidez. As imagens fluem celeremente e nós

surfamos virtualmente nelas enquanto o corpo, em torpor, está sentado em alguma cadeira, sem alma ambos, corpo e cadeira.

(BAITELLO, 2012, p. 27-28) 1

1 BAITELLO, Norval. O pensamento sentado: sobre glúteos, cadeiras e imagens. São Leopoldo: UNISINOS, 2012.

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Agradecimentos

Sobretudo – e sempre – a Deus, pela ventura e pelo sabor do existir!

Aos meus pais, por me amarem e fazerem de mim o que sou hoje e tudo o que poderei ser e fazer de bom amanhã! Devo a vocês!

Aos amigos, pela cumplicidade de nossas relações! A Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da

Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/FIOCRUZ), através da Coordenação de Desenvolvimento Educacional e EAD (CDEAD) e da Universidade Aberta do Brasil (UAB/MEC), pela experiência de formação continuada na Especialização em Tecnologias Educacionais para a Prática Docente no Ensino da Saúde na Escola. E pelo apoio a publicação deste livro!

A professora Dra. Karla Kristine Dames da Silva, pela condução de toda a jornada de aprendizagem no curso e pela orientação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no formato Projeto de Intervenção Pedagógica (PIPed), que culmina com este livro, publicado sob seu olhar atento, criterioso e cuidadoso em sua construção!

Aos colegas de curso, que, na esfera virtual ou na presencial, foram os mais próximos e dialógicos possíveis!

E, por fim, ao tempo, por pôr tudo no lugar, fazendo das dores e das alegrias, um passo para o aprendizado!

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Dedico:

Aos meus pais, Raimundo Chico e Creuza Lima, meus guardiões de sempre!

E, de quem, por meio dos versos do poeta, deixo-me falar:

Ó que saudades que eu tenho Da aurora da minha vida

Da minha infância querida Que os anos não trazem mais!

(ABREU, 1972, p. 07) 2

2 ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. In: ABREU, Casimiro de. As

primaveras. São Paulo: Ática, 2004.

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SUMÁRIO

PREFÁCIO Karla Kristine Dames da Silva APRESENTAÇÃO CONSIDERAÇÕES INICIAIS Análise diagnóstica preliminar Uma possível situação-problema e contextual CAPÍTULO I O IMPACTO DAS FAKE NEWS EM CAMPANHAS DE VACINAÇÃO E O TRATAMENTO DA QUESTÃO NA ESCOLA: UM NINHO TEÓRICO PARA COMPREENDER O PROBLEMA A articulação entre saúde e educação nos espaços escolares: pela (re)definição de conceitos e práticas As campanhas de vacinação no Brasil: da Revolta da Vacina ao contexto pós-moderno, na era da Internet O papel das notícias e das redes de circulação de informações na sociedade: sobre o poder das fake news O papel interventivo da escola: pelo desenvolvimento de ações didático-pedagógicas que promovam a cidadania CAPÍTULO II METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA (PIPed): UMA SUGESTÃO DE PROPOSTA DIDÁTICA E DE APLICAÇÃO A visão, a abordagem e o tipo de abordagem teórico-metodológica O problema investigado e as questões norteadoras A fonte dos dados: mapeando o território de aplicação da proposta Os participantes da proposta de pesquisa escolar

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Os instrumentos e os recursos de coleta de dados para a proposta: a constituição de um corpus Das etapas de execução e encaminhamentos de intervenção: refletir, aprender e ressignificar o contexto CAPÍTULO III OS POSSÍVEIS BENEFÍCIOS DA APLICAÇÃO DE UM PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA (PIPed) COM O TEMA: ‘O IMPACTO DE FAKE NEWS EM CAMPANHAS DE VACINAÇÃO: COMO TRATAR ESSA QUESTÃO NO ESPAÇO ESCOLAR?’: RESULTADOS ESPERADOS E DISCUSSÃO ‘As pedras no caminho’: dos desafios e das dificuldades ‘Uma luz no fim do túnel’: das superações e das conquistas Possíveis encaminhamentos, contribuições e desdobramentos para pesquisas e PIPed futuros CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS APÊNDICES APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados: roteiro de questões para a entrevista com os sujeitos da pesquisa APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados: roteiro de questões para os questionários aplicados com os sujeitos da pesquisa

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Imagem 1 – Queda da cobertura vacinal Imagem 2 – Riscos e benefícios da vacina

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Ações previstas, finalidades e sujeitos envolvidos no projeto Quadro 2 – Cronograma de execução das atividades do projeto Quadro 3 – Componentes curriculares e sugestões de ações interventivas

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PIPed Projeto de Intervenção Pedagógica MS Ministério da Saúde PCN Parâmetros Curriculares Nacionais PSE Programa Saúde na Escola OMS Organização Mundial da Saúde DSS Determinantes Sociais de Saúde ONG Organizações não Governamentais PNI Programa Nacional de Imunizações PES Planejamento Estratégico Situacional ESP Escola Sem Partido PMM Programa Mais Médicos BNCC Base Nacional Comum Curricular BVS Biblioteca Virtual da Saúde SciELO Scientific Electronic Library Online MEC Ministério da Educação e Cultura

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TI Tempo Integral EJA Educação de Jovens e Adultos CNE Conselho Nacional de Educação LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação TDIC Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação PPP Projeto Político Pedagógico ENEM Exame Nacional do Ensino Médio DST Doenças Sexualmente Transmissíveis ESF Estratégia Saúde da Família

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PREFÁCIO As fake news são uma espécie de fenômeno negativo

que está se difundindo com enorme velocidade nos dias atuais. Essas falsas notícias têm sido publicadas por pessoas e, muitas vezes, veículos de comunicação que “vendem” ao público em geral, informações equivocadas, como se fossem reais. A intencionalidade geralmente está vinculada a uma linha de pensamento isolado ou ao prejuízo de uma pessoa ou grupo social. Atualmente, essa prática tornou-se um vírus em nossa sociedade, invadindo espaços antes mais reservados – como a escola – e tomando proporções irreparáveis.

Nesse cenário, a saúde pública brasileira também tem sido atingida pela onda das falsas notícias que se espalham na Internet, especialmente, nas redes sociais. Temos como exemplo, os movimentos contra a vacinação que voltaram a crescer nos últimos anos, devido a disseminação de notícias falsas por pessoas que são contrárias às vacinas, causando um grave problema de saúde pública em termos de prevenção de doenças e promoção da saúde. Algumas doenças infectocontagiosas, como o sarampo, que antes foi erradicado no Brasil, apresentou crescimento de casos em 2018, segundo dados do Ministério da Saúde. Visando a maior participação da população nas campanhas e na tentativa de combater as fake news, o governo mobilizou-se para lançar informativos de combate às falsas notícias sobre vacinas em diferentes veículos de comunicação, incluindo as redes sociais.

Por outro lado, é inegável a contribuição que as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) têm trazido para as escolas e para o mundo de uma maneira geral. No ambiente escolar, a necessidade de avanço para a inclusão de novas tecnologias educacionais é uma

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necessidade atual e urgente, que pode contribuir em larga escala para o aprendizado dos educandos, sobretudo, no ensino básico. Muitos são os desafios relatados, que vão desde a falta de infraestrutura das escolas até a falta de estrutura familiar e a capacitação dos professores.

Neste contexto, a iniciativa da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), mais especificamente, por meio do curso de Especialização em Tecnologias Educacionais para a Prática Docente no Ensino da Saúde na Escola em sua primeira edição, teve como um dos objetivos principais, contribuir para o desenvolvimento de práticas educativas críticas, mediadas pelas TDIC, figurando a saúde como tema integrador. Este curso trouxe como proposta a construção de um Projeto de Intervenção Pedagógica (PIPed), visando contribuir para novas reflexões sobre o assunto e facilitar a implantação de mudanças em ambientes escolares.

Como resultado da experiência vivenciada ao longo do curso de especialização e como consequência do desenvolvimento de um PIPed voltado para o aprendizado a respeito do impacto das fake news em campanhas de vacinação, surgiu a ideia deste livro. O autor, na certeza de contribuir com outros cenários e imprimir novos aprendizados para as escolas e seus educadores, torna pública a ideia de um projeto de intervenção possível de ser aplicado em diferentes ambientes escolares, regiões e com outras temáticas pertinentes a cada realidade escolar. Dessa maneira, a troca de experiências poderá proporcionar a cada escola, a ampliação do olhar a respeito do uso das TIDIC como ferramenta pedagógica.

O livro percorre caminhos que revelam as etapas para a concepção de um PIPed, a partir de um resgate histórico sobre as resistências às vacinas no Brasil até o presente momento, destacando o impacto das fake news em campanhas de vacinação; e finaliza com reflexões sobre os

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benefícios a partir desse tipo de intervenção pedagógica. Àqueles que se permitirem degustar a obra, terão a grata surpresa de uma reflexão sobre o seu fazer docente, incluindo a identificação de fatores facilitadores e problemas inerentes aos seus cenários de prática.

Parabenizo o autor pelo processo criativo e pela coragem de desbravar novos caminhos nesse imenso mar que é a educação!

A todos e todas, desejo uma ótima leitura!!!

Karla Kristine Dames da Silva

Fisioterapeuta, professora adjunta do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)

Mestre e Doutora em Ciências (UERJ) Especialista em Ativação de Processos de Mudança

no Ensino Superior em Saúde (ENSP/FIOCRUZ) Tutora do curso de Especialização em Tecnologias

Educacionais para Prática Docente no Ensino da Saúde na Escola (ENSP/FIOCRUZ)

Rio de Janeiro (RJ), 16 de julho de 2019

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APRESENTAÇÃO

Em um momento da história da nossa educação, marcado por crises que abalam as bases alicerçantes desta prática social, torna-se cada vez mais urgente, o chamamento para o papel primordial da escola: o de intervir na sociedade, diante de situações marcadas pelo medo, pela ignorância, pelo desrespeito, pela intolerância, pelo preconceito e pela alienação, em que o fascismo e o elogio a polêmica tornaram-se modelos apreciados e moeda de circulação social.

Nesse sentido, a proposta apresentada neste livro, tem, propositalmente, um caráter didático-interventivo, na medida em que convoca a escola a pensar em ações que provoquem a transformação social, não somente do contexto interno da instituição, mas, sobretudo, do contexto externo, do entorno sociocultural e ideológico em que ela se situa.

O problema social tratado é a questão do impacto das notícias falsas – fake news – em campanhas de vacinação propostas pelo Ministério da Saúde (MS), com foco no papel interventivo a ser assumido pela escola diante do problema. A questão motivadora é o fato constatado nos espaços escolares, de que os estudantes e seus familiares, estão deixando de tomar as vacinas, colocando em risco suas vidas e a de toda a comunidade em que estão inseridos, devido as informações falsas nas redes sociais.

A preocupação central desta proposta é sua natureza prática. Por isso, a intervenção sugerida por meio da elaboração e execução de um Projeto de Intervenção Pedagógica (PIPed) com essa temática, objetiva mobilizar a comunidade escolar a respeito de seus efeitos negativos à saúde e à educação. O público-alvo, diretamente, são: alunos e familiares; e, indiretamente: toda a comunidade

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em que a escola está inserida. As ações partem do caráter interdisciplinar e do diálogo entre os saberes dos diversos componentes curriculares e seus professores, que organizam estratégias de ensino e aprendizagem, conforme a abrangência da área do conhecimento com a qual trabalham no contexto da Educação Básica.

Em síntese, este livro: i. Alerta para o impacto das fake news sobre as

campanhas de vacinação. ii. Situa o terreno histórico-social, político e ideológico

desse problema, com enfoque especial, no papel que a escola cumpre nesse cenário.

iii. Apresenta uma sugestão de como construir uma metodologia de elaboração e execução de PIPed em escolas da Educação Básica, sobretudo, no ensino público, com o tema: ‘O impacto de fake news em campanhas de vacinação: como tratar essa questão no espaço escolar?’

iv. Apresenta encaminhamentos, sugestões, possibilidades e propostas didático-pedagógicas de como os diversos componentes curriculares podem mobilizar olhares e diálogos para intervir sobre o problema em evidência.

v. Reflete sobre possíveis contribuições que a realização de projetos com essa temática traz para os contextos de ensino, envolvendo os conceitos de saúde, educação e tecnologias. De posse desse material e da natureza interventiva

que sua linguagem se propõe, espera-se, de alguma maneira, contribuir para: a) a tomada de consciência pelos sujeitos envolvidos, acerca dos efeitos corrosivos das fake news e das consequências de não tomar a vacina; b) a produção coletiva de conhecimentos interdisciplinares, pois os diversos componentes curriculares terão a oportunidade de mostrar, na prática, para o aluno, como

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sua aprendizagem é pensada numa perspectiva integrada; e c) a resolução de um problema social, pois os alunos e familiares, conscientes do problema, farão adesão às campanhas de vacinação e, além disso, serão divulgadores de mensagens educativas e de conscientização.

Essa discussão conclama, a um só tempo, a experiência de seu autor – como professor da rede pública e privada de ensino no contexto da Educação Básica – e as opções teórico-metodológicos a que recorre, a fim de fundamentar suas inquietações sobre como a escola pode intervir em situações complexas, que põe em risco a vida dos sujeitos que a compõem.

Ainda que a demonstração desse aspecto parta somente de uma pesquisa bibliográfica e exploratória, de abordagem qualitativa e dialógica, evidenciando que a intervenção será apenas de caráter teórico-filosófico, as reflexões partem das experiências empíricas vivenciadas pelo pesquisador, no exercício da docência com o ensino da linguagem na escola básica.

Tem-se ciência, e, sobretudo, a intenção e o desejo de que, a linguagem deste livro seja prioritariamente didática, acessível e clara, pensando em uma proposta de aplicação. O autor, ao elaborar tal desenho de intervenção pedagógica, pensa em possíveis execuções práticas.

A intenção é que essas reflexões cheguem ao chão da escola básica, às mãos de gestores, professores e alunos, da esfera privada e pública, desta especialmente, que, lamentavelmente, sofre, de modo mais intenso, o peso da negligência social e da ausência de políticas públicas de educação que qualifiquem o trabalho docente, a prática pedagógica e, portanto, a aprendizagem de meninos e meninas que, muitas vezes, têm na escola, o único refúgio e possibilidade para o alcance de direitos sociais que legitimem uma vida digna e cidadã, de forma plena.

Boa leitura!

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O discurso é um tirano poderoso que, com um corpo microscópico e invisível, executa ações divinas. Consegue suprimir o medo e pôr termo à dor e

despertar a alegria e intensificar a paixão. [...] Os encantamentos inspirados pelas palavras levam ao

prazer e libertam da dor. Na verdade, a força do encantamento, misturando-se com a opinião da alma,

sedu-la, persuade-a e transforma-a por feitiçaria. [...] A força do discurso em relação à disposição da alma é

comparável às prescrições dos medicamentos em relação à natureza dos corpos. Assim como os diferentes

medicamentos expulsam do corpo os diferentes humores e uns põem termo à doença e outros à vida,

assim também de entre os discursos uns entristecem e outros alegram, uns amedrontam e outros incutem coragem nos ouvintes, outros há que envenenam e

enfeitiçam a alma com uma persuasão perniciosa.

(GÓRGIAS, Elogio de Helena apud SOUSA; PINTO, 2005, p. 127-133)

No excerto acima, Górgias (485 - 380 a. C.), o filósofo

grego, alega, a favor de Helena, esposa do rei Menelau, de Esparta, que ela, na verdade, não fugira com Páris, mas foi raptada, envolvida por uma trama discursivo-argumentativa, que envolvia paixão, persuasão, rapto pela força ou influência divina. De todo modo, essa foi a grande causa da Guerra de Troia, vencida pelos inimigos, os gregos. Tira-se, como lição desse episódio mitológico, que, desde os sofistas, a força do discurso é retratada como um aspecto que domina e causa desarmonia social.

Vivenciadas as transitoriedades cronológicas do tempo, hoje, em pleno século XXI, a força desse discurso e sua capacidade de argumentar, persuadir e convencer as pessoas continua mais viva do que nunca, sendo potencializada por um forte e invasivo elemento

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sociocultural: a expansão de mídias e de recursos tecnológicos, que encurtam distâncias geográficas e fazem ecoar vozes, que podem (des) autorizar, (des) legitimar, (des) qualificar, (des) mentir e desviar, intencionalmente, o foco de um assunto para outro, com o objetivo de prejudicar seu propósito comunicativo.

Análise diagnóstica preliminar

A breve contextualização anterior, articula-se ao

contexto atual, quando surgem na mídia as famosas fake news – notícias falsas, com alto poder persuasivo e que tentam desviar o foco das campanhas de vacinação, criadas pelo Ministério da Saúde (MS). Esse efeito tem se feito sentir, de maneira muito grave, quando dados estatísticos evidenciam que muitas pessoas, por acreditarem nas falácias propagadas por essas notícias, estão deixando de tomar a vacina, fato que traz à tona, o risco da volta de algumas doenças já erradicadas e a proliferação de outras, necessárias de combate urgente no cenário atual.

Uma matéria de capa, produzida pela jornalista Cilene Pereira, intitulada: ‘Em favor da vacina’ e publicada pela Revista Istoé, edição 2535, de 20 jul. 2018, traz, a partir de dados de pesquisas realizadas pelo próprio MS, com o propósito de avaliar os impactos de suas ações, algumas informações quantitativas e qualitativas a respeito desse cenário de crise. Explore-se então, alguns excertos dessa matéria, a fim de: i) contextualizar o tema; ii) traçar uma análise diagnóstica da situação atual; e, posteriormente, iii) formular a situação problema para qual se destina um olhar didático-pedagógico e interventivo neste livro.

Até quarta-feira 18, o Brasil registrou 677 casos de sarampo. A doença costuma ser encarada como algo leve, típica da infância, sem maiores consequências e, desta forma, aceitável. Está errado

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pensar assim. A volta dos casos ao País representa uma derrota no âmbito da saúde pública. A enfermidade estava erradicada aqui desde 2016, graças a uma política de vacinação bem-sucedida que até então havia garantido a proteção de crianças e adultos contra o vírus responsável pela doença. Somada à informação de que 312 cidades brasileiras – 44 em São Paulo, o estado mais rico da nação – encontram-se sob risco para o aparecimento de casos de poliomielite, a situação traça um panorama preocupante. A polio está erradicada no Brasil desde 1990 e, assim como o sarampo, é prevenível por vacina. [...] No entanto, desde 2011 observa-se no Brasil a queda na cobertura vacinal relativa a várias enfermidades. Naquele ano, o índice de crianças vacinadas com a tríplice viral, que imuniza contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, alcançou 100%. Em 2017, parou nos 83%. Neste ano, há um esforço de vacinação em Roraima, numa tentativa de evitar a disseminação do vírus trazido com a chegada maciça de crianças venezuelanas infectadas. A cobertura relativa à polio também era total no início da década. No ano passado, ficou em 77%. Em 15% das cidades da Bahia, menos da metade das crianças foi vacinada. Ao todo, 800 mil crianças estão vulneráveis à infecção. O País patina ainda na prevenção de doenças como a febre amarela e a gripe, as duas também evitadas por meio de vacinas. A forma urbana da febre amarela está erradicada desde 1942, mas os casos silvestres (em áreas de matas) avançaram nos últimos anos. Entre julho de 2017 e maio de 2018, foram 1.266 pessoas atingidas, com 415 óbitos. No início do ano, com a explosão do surto no Sudeste, o pânico tomou conta da população e postos de saúde foram invadidos por pessoas desesperadas pela vacina. Semanas depois, a notícia de mortes por causa de reações ao imunizante fez com que o medo se instalasse, desta vez ao contrário. Mesmo pessoas que precisariam ser imunizadas por viver em áreas de risco pararam de buscar a proteção. O resultado é que, hoje, a cobertura vacinal de febre amarela mal passa da metade, com índice de 52,45%. Quanto à gripe, o Ministério da Saúde conseguiu atingir, na semana passada, cobertura para 90% do grupo prioritário, formado por pessoas a partir de 60 anos, crianças de seis meses a cinco anos, trabalhadores de saúde, professores das redes pública e privada, povos indígenas, gestantes, mães até 45 dias após o parto, detentos e funcionários do sistema prisional. Porém, entre as grávidas e os com menos de cinco anos, a cobertura foi de 77% e

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76%, respectivamente. Os estados com menores taxas de vacinação foram Roraima (67%) e Rio de Janeiro (77%). Enquanto isso, o total de óbitos subiu de 285, no ano passado, para 839 em 2018. (pp. 43-44) Grifos meus)

Dos diversos fatores que contribuem para a

expressividade desses números, destaca-se o “movimento antivacinação”, que tem seu maior espaço de voz, justamente na Internet, esfera de circulação de informações, que se apresenta como terreno fértil para o plantio e a disseminação de fake news. Conforme a matéria, esse movimento de abrangência mundial é:

[...] formado por pessoas que se dedicam a transmitir dados falsos sobre os imunizantes – entre elas até profissionais de saúde que se recusam a aceitar a ciência de qualidade – e que se negam a levar os filhos a serem protegidos. É um fenômeno mundial e que está por trás, inclusive, do crescimento do número de casos de sarampo observado na Europa em 2017. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o total de infectados no continente cresceu 300%, atingindo mais de 21 mil pessoas, com 35 mortes. Em 2016, foram 5.273 casos. (p. 46) (Grifos meus)

Diante desse quadro alarmante, no início de 2019, a

Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou as dez ameaças à saúde que demandariam uma maior atenção no ano, dentre elas: a “relutância para vacinação”, aspecto assim destacado no relatório oficial:

A hesitação para vacinar – a relutância ou a recusa, apesar da disponibilidade da vacina – ameaça reverter o progresso feito no combate às doenças evitáveis por imunização. É uma das formas mais custo-efetivas para evitar doenças – atualmente, previne-se cerca de 2 a 3 milhões de mortes por ano. Outras 1,5 milhão de mortes poderiam ser evitadas se a cobertura global de vacinação tivesse maior alcance. O sarampo, por exemplo, registrou um aumento de 30% nos casos em todo o mundo. As razões para esse crescimento são complexas e nem todos os casos se devem à hesitação vacinal. No entanto,

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alguns países que estavam perto de eliminar a doença vivenciaram seu ressurgimento. (WHO, 2019) (Grifos meus)

A OMS também aponta questões que justificam a

expressividade desses números, e, portanto, a preocupação imediata com a “ampliação do acesso e da cobertura de saúde para atender a 1 bilhão a mais de pessoas na comparação com números atuais”. Veja-se:

As razões pelas quais as pessoas escolhem não se vacinar são complexas; um grupo consultivo de vacinas para a OMS identificou a “complacência”, a “inconveniência” no acesso às vacinas e a falta de confiança como as principais razões subjacentes a essa hesitação. Os profissionais de saúde, especialmente os que fazem parte das comunidades, continuam sendo os conselheiros e influenciadores mais confiáveis nas decisões de vacinação e devem ser apoiados a fornecer informações confiáveis e de credibilidade sobre as vacinas. (WHO, 2019)

O contato com esses dados, contextualiza e justifica a

discussão em torno do tema tratado: “O impacto de fake news em campanhas de vacinação”, criando, portanto, uma abertura para discutir “como tratar essa questão no espaço escolar”. Saliente-se, de antemão, que a expressividade desses dados numéricos, as causas, as motivações e os princípios contextuais relacionados a eles, serão retomados mais adiante, na construção de um marco teórico-conceitual, que subsidie as principais questões em torno do tema. Por enquanto, o objetivo de trazê-los é o de problematizar a questão em evidência.

A introdução a esses dados estatísticos, coincide também, com outro capítulo da história atual do Brasil: a situação política do país, no contexto das eleições presidenciais de 2018, quando o poder persuasivo e argumentativo das fake news foi e continua sendo bastante explorado por todos os partidos políticos concorrentes a cadeira presidencial. Ambas as partes, acusam-se de usar

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de subterfúgios desqualificáveis e pouco éticos, fazendo circular informações falsas que convenceram a população, principalmente, as menos escolarizadas, levando-as a decidirem por apoiar candidato A ou B. Desse modo, mesmo chegado ao final da disputa eleitoral, ainda persiste a resistência de muitos grupos partidários, manifestando-se em redes sociais (Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp etc.), alegando que o resultado final teria sido conquistado às custas do poder de disseminação de informações das fake news.

Fala-se mesmo, em um fechamento ou apogeu de um clico de reviravoltas políticas e partidárias – entre direita e esquerda –, que, teve como episódios marcantes e recentes: a) as manifestações de rua de 2013, contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo, o que abalou o nível de popularidade dos governantes; b) as manifestações contrárias à Copa do Mundo de Futebol em 2014; c) no mesmo ano, as eleições presidenciais que reelegerem Dilma Rousseff, levando as pessoas às ruas a pedir o impeachment da presidenta; d) o atendimento a esse clamor popular, em 31 de agosto de 2016, quando a presidenta eleita democraticamente foi afastada definitivamente da Presidência da República (MARTINS JUNIOR et al., 2016), e que, tal ‘golpe a democracia’, como vem sendo chamado, concretizou-se e) em outubro de 2018, com a eleição do Deputado Federal Jair Messias Bolsonaro a Presidência da República, com assunção ao poder em 1º de janeiro de 2019. Todos esses episódios, foram movimentados/reforçados/acentuados/alimentados pela presença da mídia, principalmente a TV aberta e as redes sociais, que tiveram papel bastante significativo nos rumos tomados.

Como se percebe, nesse curto período de tempo, muito do cenário histórico, político, econômico, social, cultural e educacional do país foi alterado. Diante da crise

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instaurada, diversas instituições de ensino (Universidades públicas, sobretudo) e especialistas das ciências humanas e sociais, têm manifestado suas vozes sobre a questão, de modo que já tem-se uma vasta literatura produzida sobre o assunto, tornando até inviável, por uma questão de recorte temático, referenciá-las todas aqui. Mas, dentre essas vozes, conclama-se a Maia (2017, p. 51-52) e Branco (2017, p. 57), a trazerem algumas reflexões e críticas ao atual estado de (des) informação provocado pelas fake news no cenário brasileiro:

[...] há, um certo consenso de que a internet teve um papel fundamentalmente diferente devido, sobretudo, à disseminação de “fake news” (notícias falsas) e sua contribuição para o debate democrático. [...] Mesmo após desmentidas por fontes confiáveis ou dados concretos, “fake news” não perdem o poder de ressonância. Usuários dentro de uma rede social podem seguir compartilhando os boatos de forma a legitimar suas decisões e opiniões políticas dentro de seu círculo de amizade. O que vimos no Brasil nos últimos três anos foi muito mais uma busca por ter razão e por desqualificar o oponente do que pela informação. Sem a menor cerimônia, pessoas com nível superior, com educação formal e supostamente cultas, passaram a compartilhar os maiores descalabros acerca de quem quer que fosse, por mais inverossímil que a informação parecesse, apenas porque o que estava escrito estava em conformidade com o seu desejo, mesmo que estive[sse] em absoluto desacordo com a verdade. Ou, ao menos, com uma possível verdade.

Vale ressaltar que, ao fazer essa breve menção a tais

fatos, já históricos no país, o propósito não é tomar nenhum posicionamento político-partidário, mas destacar, uma situação análoga a tratada neste livro. Compara-se dois fatos importantes e complexos no cenário nacional, os quais evidenciam o poder e a força de persuasão das notícias falsas publicadas em diferentes meios de circulação, grupos de redes sociais e aplicativos de

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socialização e interação móvel, como o WhatsApp, um aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas (texto verbal e não verbal) e chamadas de voz. De acordo com Sacramento (2018, p. 06):

Este é um espaço de circulação e compartilhamento de informações que se dá sobretudo em grupos, ou seja, num circuito fechado de confiança e segurança (família, amigos, colégio, faculdade, trabalho). As pessoas têm preferido acreditar em quem conhecem do que nas instituições. Este é um enorme desafio para a saúde, que deveria abandonar o paradigma acusatório da “falta” – é falta de informação, de conhecimento, de letramento midiático – e partir para a compreensão dos porquês, para a escuta, para o corpo a corpo. Por que as pessoas não estão se vacinando? O fato de elas confiarem mais no que leem na internet e, geralmente, confiarem em quem compartilhou a informação, com certeza, é parte dessa resposta.

Juntando-se então, a polêmica causada pelas fake

news à ameaça da volta de uma epidemia de doenças, decorrente da falta de vacinação; e outros fatores não mencionados, têm-se, pontos fulcrais bastante ilustrativos para tratar desse assunto na escola, que, como instituição formativa, precisa e deve se preocupar com o desenvolvimento de ações de caráter interventivo sobre os efeitos negativos das (des) informações propagadas pelas fake news, alertando sobre o modo distorcido como elas abordam qualquer assunto e, principalmente, as campanhas de vacinação, que afetam, de forma devastadora, crianças e adolescentes em fases escolares (dois dos principais grupos de foco das campanhas de vacinação)3.

3 É preciso reconhecer que, além de crianças e adolescentes, os adultos, em particular os idosos, também constituem um dos principais grupos afetados por essa onda contrária às vacinas, fato que pode, por uma visão relativamente superficial, ser atribuída a pouca escolaridade (nível de alfabetização escolar) que a atual faixa etária da terceira idade ocupa

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Em face disso, o propósito deste livro é puramente didático, com um viés teórico-aplicado, na medida em que apresenta uma proposta de como a escola de ensino básico pode desenvolver ações integradas entre os diferentes componentes curriculares – transversalidade e interdisciplinaridade – para a conscientização dos alunos e familiares, a respeito da necessidade de aderir às campanhas de vacinação do MS e de estarem protegidos contra as epidemias.

Uma possível situação-problema e contextual

De modo mais específico, recorta-se uma situação-

problema facilmente identificada nas escolas da Educação Básica e que serve como válvula disparadora para a concepção, o desenvolvimento e a possível aplicação da proposta aqui apresentada: sobretudo em escolas públicas, nesses últimos anos, nos períodos de campanhas de vacinação contra o vírus do HPV (Papilomavírus Humano) e da gripe, professores de diversas disciplinas e séries escolares, começaram a escutar dos alunos (na fase de transição da infância para a adolescência), que eles e os familiares, estavam deixando de tomar as vacinas, ou seja, não aderiram a sensibilização proposta pelo Governo Federal. Questionados os motivos dessa atitude, relataram que tinham lido ou escutado em alguns veículos comunicativos e midiáticos, informações, como: ‘vacina mata’; ‘vacina causa autismo’; ‘vacina deixa as meninas grávidas’; ‘vacinas foram criadas para provocar a morte de

no Brasil, em virtude de que, pessoas com idade entre 60 e 80 anos, são oriundas de um período (século XX: ver contexto histórico em Ghiraldelli Jr. (2003)) em que a escola não era acessível a todos. Um estudo ilustrativo sobre dificuldades de compreensão de informações relativas à esfera médica, principalmente por pessoas idosas é o realizado por Lima (2016) e publicado em Lima (2019a).

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pessoas idosas, que só representam uma despesa para o governo’; ‘vacina foi feita para deixar a pessoa ainda mais doente’; ‘vacina é uma cilada’; entre outras falácias.

De imediato, esses discursos até assustaram a comunidade escolar, trazendo certa sensação de impotência e fragilidade, tendo em vista, acreditar-se que a escola faz um trabalho educativo bastante significativo e sólido para a superação de visões simplistas do senso comum e o desenvolvimento do senso crítico dos alunos, por meio do conhecimento científico.

Identificou-se ainda, como ponto agravante do problema, o fato dos alunos utilizarem os recursos e as mídias tecnológicas (como celulares e tablets, de onde acessam Facebook, Instagram, Twitter e WhatsApp, principalmente) para fazer circular essa ideia corrosiva para a manutenção de sua saúde (física, social e mental), de seus familiares (comunidade escolar externa), e, por fim, de toda a comunidade em que estão inseridos, uma vez que, em casos de contaminação de doenças graves, poderia haver transmissão em massa, afetando assim, o processo de ensino e aprendizagem proposto pela escola.

Acredita-se, a priori, em algumas hipóteses ou causas que podem estar relacionadas ao problema. A saber:

i) A proliferação desenfreada de informações hoje em dia e por meio de diversos veículos e mídias comunicativas.

ii) A falta de maturidade dos jovens e, muitas vezes, das famílias, para discernir entre o que é produtivo ou não para o desenvolvimento saudável, pois não filtram o que pode ser conhecimento crítico em meio a tantas informações superficiais.

iii) A ausência de uma estrutura e um acompanhamento familiar e escolar, dificulta o esclarecimento dessas questões, por mais que esse assunto seja discutido em disciplinas escolares, como História, ao tratar pontualmente da Revolta da Vacina, insurreição

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popular ocorrida no Rio de Janeiro no início do século XX; e Ciências/Biologia, ao tratar sobre os diferentes fatores que podem favorecer o surgimento e proliferação de doenças.

iv) A falta de estrutura e articulação interdisciplinar entre os componentes curriculares, a fim de lidar com essas questões no ambiente escolar.

Que atitudes tomar? O que fazer? Como? A quem recorrer?

Nesse cenário emergente e de crise, para o planejamento, a elaboração e a execução de ações interventivas, neste livro, toma-se como inspiração, as formulações do Planejamento Estratégico Situacional (PES), modelo de ação desenvolvido pelo autor chileno, Matus, na década de 1970. A proposta, aplicada ao campo da saúde e da educação, “resulta de negociação e consenso entre distintos modos de entender a saúde” (KLEBA et al., 2011, p. 186), focalizando “problemas de uma realidade, sobre a qual se pretende agir, cuja delimitação considera a perspectiva dos atores que os vivenciam e reconhece que há modos diversos de perceber e explicar a realidade, o que confere diferentes sentidos e graus de relevância aos problemas identificados” (p. 186), ou seja, é preciso respeitar a cultura, os desejos e as vontades dos sujeitos envolvidos, sem criar situações de conflito ou enfrentamento. A intervenção só será viável, se conseguir sensibilizar os sujeitos, levando-os a perceber que “a resolução dos problemas depende da disponibilidade” e “de quanto os atores reconhecem a necessidade de mudanças, e de quanto eles estão abertos e se comprometem em sua efetivação” (p. 186).

Também, um dos desafios discutidos neste livro – de caráter didático – é apontar para outra face do uso das tecnologias, outra funcionalidade: utilizá-las para disseminar, via redes sociais e outras páginas de Internet, ideias que combatam a propagação de fake news e que

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ajudem a educar os sujeitos e torná-los mais críticos e criativos.

Considerando o impacto das fake news sobre a saúde, outro aspecto que preocupa a comunidade escolar é como isso afeta diretamente a saúde dos alunos. Por isso, começa-se a (re) pensar o conceito de saúde e como ele pode ser abordado na escola, visto que, na prática, não se deve mais associá-lo apenas à enfermidades físicas ou biológicas, mas principalmente, à questões mentais, emocionais, psicológicas e de caráter existencial do sujeito.

Uma das alternativas é recorrer as orientações dos documentos curriculares oficiais, que propõem essa aproximação entre o campo da saúde e o da educação, dentre eles, os Parâmetros Curriculares Nacionais – Saúde (PCN) (BRASIL, 1997) e o Programa Saúde na Escola (PSE) (BRASIL, 2017). Destaca-se a proposta dos PCN:

O ensino de saúde tem sido um desafio para a educação, no que se refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida. As experiências mostram que ‘transmitir informações’ a respeito do funcionamento do corpo ‘e descrição’ das características das doenças, bem como um elenco de hábitos de higiene, ‘não é suficiente’ para que os alunos desenvolvam atitudes de vida saudável. ‘É preciso educar para a saúde’ levando em conta todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que acontecem no dia a dia da escola. Por esta razão, a educação para a Saúde será tratada como tema transversal, ‘permeando todas as áreas que compõem o currículo escolar’. O documento de Saúde situa a realidade brasileira, indicando possibilidades de ação e transformação dos atuais padrões existentes na área da saúde (BRASIL, 1997, p. 85).

De maneira mais geral, os PCN trazem orientações

aplicáveis ao ensino. Já o Programa Saúde na Escola (PSE), política intersetorial da Saúde e da Educação, criado em 2007, traz em seu Manual de Adesão ao Programa Saúde na

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Escola (BRASIL, 2017), propostas de ações mais específicas para a adesão ao Programa no ano de 2017. A saber:

As ações são: 1. Ações de combate ao mosquito Aedes aegypti; 2. Promoção das práticas Corporais, da Atividade Física e do lazer nas escolas; 3. Prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas; 4. Promoção da Cultura de Paz, Cidadania e Direitos Humanos; 5. Prevenção das violências e dos acidentes; 6. Identificação de educandos com possíveis sinais de agravos de doenças em eliminação; 7. Promoção e Avaliação de Saúde bucal e aplicação tópica de flúor; 8. Verificação da situação vacinal; 9. Promoção da segurança alimentar e nutricional e da alimentação saudável e prevenção da obesidade infantil; 10. Promoção da saúde auditiva e identificação de educandos com possíveis sinais de alteração. 11. Direito sexual e reprodutivo e prevenção de DST/AIDS; 12. Promoção da saúde ocular e identificação de educandos com possíveis sinais de alteração. (Grifos meus)

Visualizadas essas concepções, a equipe escolar pode

pensar em como elas estão presentes no dia a dia da escola, em como suas orientações estão sendo assimiladas e praticadas pela comunidade escolar e, em seguida, estabelecer os objetivos (geral e específicos) que nortearão o desenvolvimento e aplicação de uma proposta de intervenção escolar.

Como exemplificação didática, apresenta-se uma sugestão de objetivos, considerados operacionais para a execução de um PIPed, diante do problema em evidência.

Geral: Mobilizar a comunidade escolar a respeito dos efeitos

negativos das fake news sobre as campanhas de vacinação propostas pelo MS.

Específicos:

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- Discutir sobre a importância das vacinas na qualidade de vida da população.

- Discutir sobre os impactos negativos de notícias falsas – fake news – na circulação das informações e na construção do conhecimento na atualidade.

- Desenvolver ações de sensibilização, através do uso de tecnologias digitais e midiáticas, acerca das responsabilidades individuais diante dos problemas sociais, como a proliferação de doenças, devido à falta de vacinas.

- Incentivar a comunidade escolar (pais e familiares) a, por meio de recursos digitais, tecnológicos e midiáticos, se envolverem na discussão e se conscientizarem da necessidade de aderir às campanhas de vacinação.

- Integrar os diversos componentes curriculares no desenvolvimento de um projeto didático-pedagógico, a fim de alcançar a transversalidade e a interdisciplinaridade no currículo.

Esses objetivos, como ressaltado, são apenas sugestivos. Muitos outros, podem e devem ser desenvolvidos no tratamento do problema explorado neste livro.

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CAPÍTULO I

O IMPACTO DAS FAKE NEWS EM CAMPANHAS DE VACINAÇÃO E O TRATAMENTO DA QUESTÃO NA ESCOLA: UM NINHO TEÓRICO PARA COMPREENDER O PROBLEMA

A estruturação das ideias seguintes, apresenta-se em

quatro subitens, que se articulam e devem ser lidos de modo contínuo e integrados, no sentido de dar coerência à problemática e alcançar o objetivo proposto. A articulação entre saúde e educação nos espaços escolares: pela (re)definição de conceitos e práticas

Uma imersão teórica e de aproximação entre os eixos

saúde e educação faz-se necessária, em virtude de serem estas, as duas práticas de abrangência macro e para as quais se voltam os olhares interdisciplinares e intersetoriais da discussão aqui apresentada. A OMS, em 1948, definiu a saúde “como um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. No entanto, atualmente esse conceito é entendido como resultado de determinantes sociais, conforme expressa a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 – Lei Orgânica da Saúde:

Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País.

Entende-se assim, que esse conceito vem se

ampliando ao longo do tempo, deixando de considerar um

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sujeito saudável apenas pelo aspecto físico e mental, mas também, pelo bem-estar sociocultural e social, daí o conceito de Determinantes Sociais de Saúde (DSS) (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). A partir disso, as preocupações e os cuidados com o indivíduo perpassam o campo da integridade física e compreendem-no, como um ser complexo, que, para o pleno desenvolvimento saudável requer um olhar holístico e humanizado frente à situação de enfermidade.

Embora esse avanço em termos de concepção, os serviços de saúde pública no Brasil têm se constituído ao longo dos anos como um nó cultural e ideológico pouco possível de ser desatado, fato que, do ponto de vista de regulamentação, se deve sobremaneira, à questões políticas e econômicas. No entanto, na prática efetiva dos serviços, há outros percalços que dificultam o andamento do processo, por exemplo, uma maior consciência da população acerca dos direitos e dos deveres básicos no acesso a uma saúde pública e de qualidade. Nesse processo, a escola não pode omitir-se dessa responsabilidade, pois, “a partir do momento em que a escola renuncia a um de seus objetivos principais (aquele de desenvolver nos alunos conceitos, raciocínio e crítica), não há mais necessidade desta instituição na sociedade” (MOHR, 2009, p. 123).

Em virtude dessa complexidade é que as questões relacionadas à saúde e a enfermidade passaram a ser tratadas também, como um problema de educação, esta, concebida como prática plural, pois “não há um forma única nem um único modelo de educação”, conforme alerta o antropólogo Carlos Rodrigues Brandão (2013, p. 9), ou seja, pela dimensão de sua abrangência pressupõe que ela ocorre em diferentes estruturas e espaços sociais, como hospitais, Organizações não Governamentais (ONGs), comunidades, clubes, praças, igrejas, e, especialmente, a

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escola, instituição historicamente legitimada por meio do discurso educativo e de transformação da sociedade. Daí, se pensar os sentidos e os significados atribuídos a noção de saúde pela comunidade escolar, que, habitualmente tem se preocupado apenas com as questões pedagógicas e educativas, de caráter cognitivo.

Desse modo, seguramente, pode-se se situar a docência no campo do social, visto que acontece no âmbito das práticas e das relações sociais de interação entre os sujeitos em (des)construção de si mesmos, por meio da assimilação, do reconhecimento e da transformação de conhecimentos em saberes. Estes, são marcados primordialmente, pela pluralidade de formas, espaços, contextos e significados que os constituem e os tornam singulares, por meio de uma intencionalidade educativa, que promova, ao mesmo tempo, a aquisição de conhecimentos e a melhoria da qualidade de vida social dos sujeitos. Assim, tem-se claro, o entendimento de que:

A saúde escolar procura a convergência de saberes de duas áreas profissionais: a saúde e a educação. As áreas de intervenção são um elemento consensual, enquanto as metodologias, os profissionais intervenientes e as formas de avaliação são, em vários aspetos, diferentes. Mais, documentos dos diferentes sectores definem diferentes prioridades, atribuem diferentes papéis e organizam áreas de intervenção com diferentes terminologias. O sector educativo é mais responsável pela transmissão de valores e princípios e pelo desenvolvimento de competências facilitadoras da integração das escolhas saudáveis, assumindo os professores um papel de especial importância. Ao sector da saúde são atribuídas sobretudo as funções de controlo das condições físicas e de segurança do meio, a vigilância ambiental e a vigilância do corpo e da doença, atividades a desenvolver sobretudo pelos profissionais de saúde, em particular médicos e enfermeiros. (RISO, 2013, p. 94)

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Tudo isso, cotejando um projeto de educação e de saúde, a serviço da emancipação humana, promovendo a transformação social, ampliando os domínios de conhecimento e percepção de mundo nas mais variadas estruturas (física, mental, cognitiva, ética, moral, entre outras). No entanto, nem sempre esse desafio é fácil de ser alcançado. Há, por exemplo, na história brasileira recente, século XX, episódios como a Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, em que a implementação de um projeto econômico, de saúde e também, de educação (embora na época não tenha sido assim referido) encontrou forças de repressão e resistência popular, como se discute a seguir.

As campanhas de vacinação no Brasil: da Revolta da Vacina ao contexto pós-moderno, na era da Internet

O cenário social do Rio de Janeiro do ano de 1904,

início do século XX, era marcado pela efervescência artística, política e cultural. Desse período, fulguram vários fatos e nomes significativos da história do país, que àquela época, tinha tal cidade como sede do Governo Federal, da recém-proclamada República, em 1889. O clima era de instabilidade política e até mesmo, de desconfiança entre a população, uma vez que vinham de um levante militar, por meio do qual reivindicavam o movimento republicano.

É desse cenário, que surge um fato e uma figura importantes: a ‘Revolta da Vacina, movimento popular de manifestação contrária à campanha da vacinação obrigatória, posta em prática pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Esse movimento é análogo ao que ocorre hoje, século XXI, mais de 100 anos depois, quando as pessoas, influenciadas pela ‘onda’ de informações que circulam na mídia – fake news –, deixam de aderir à proposta governamental.

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No entanto, frisa-se que, embora se faça essa analogia, há um fator que difere os dois contextos: no século XX, a proposta do Governo Federal era obrigar, forçar a população a tomar a vacina, tendo como motivação principal, interesses financeiros, uma vez que, em caso de uma calamidade pública, as relações econômicas com outros países ficariam estremecidas, pelo receio que os representantes do comércio exterior tinham de desembarcar nos portos brasileiros; e hoje, século XXI, a proposta do MS, da qual compartilha-se, é sensibilizar e mobilizar a população para uma tomada de consciência, por meio de ações educativas.

Um fator cultural e ideológico característico à época desse motim popular e que talvez, justifique o comportamento rebelde contra as vacinas, era que “o Brasil apresentava a média nacional de analfabetismo na ordem dos 74,6%” (BOMENY, 2003), e, o Rio de Janeiro, a capital federal, com 700 mil habitantes, apresentava taxa de 48,1%, o menor número de analfabetismo do país, o que revela sua largada como estado bastante desenvolvido em relação aos demais, mas, ainda assim, um número aproximado de 3 000 mil revoltosos contestaram a aceitação da lei que tornava obrigatória a vacina contra a varíola. O saldo dessa resistência popular foi a morte de cerca de 3.500 pessoas, vítimas de epidemias devastadoras, conforme dados extraídos dos Cadernos da Comunicação Série Memória (RIO DE JANEIRO, 2006).

Analisando esses dados, o grande contrassenso com a atualidade é o fato de, mesmo com tantas propostas e projetos de alfabetização e de saúde pública no Brasil – por exemplo, o MS, no ano de 2013 comemorou os 40 anos do Programa Nacional de Imunizações (PNI) (BRASIL, 2013a), uma ação interventiva, que ajuda a reduzir ou eliminar doenças –, os sujeitos ainda têm dificuldades de enxergar a luz, continuam presos na caverna, em alusão ao clássico

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“Mito da Caverna”, de Platão (348 a. C.) (2014), ou seja, não estão tomando as vacinas, por acreditarem em notícias fantasiosas, e, no mínimo, absurdas. De acordo com Medeiros (2019, p. 100):

Não obstante, a notória relevância na erradicação ou no controle de diversas doenças infectocontagiosas e o impacto na diminuição de novos casos e mortes pelas doenças, as vacinas são frequentemente associadas a indagações e julgamentos sobre efeitos adversos e os movimentos anti-vacinação são cada vez mais frequentes e eloquentes. Esses movimentos utilizam estratégias como distorção e divulgação de informações falsas que, alegando uma base científica, questionam a eficácia e segurança de diversas vacinas. Os riscos associados ao uso de vacinas disponíveis não justificam a interrupção de qualquer formulação disponível no mercado. (Grifos meus)

Essas fugas dos postos de saúde, tem feito com que se

chegue aos seguintes dados:

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Imagem 1: Queda da cobertura vacinal

Fonte: Revista Istoé (2018, p. 45)

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Imagem 2: Riscos e benefícios da vacina

Fonte: Revista Istoé (2018, p. 47)

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Comparando-se os números históricos de morte do ano de 1904, analisados por Pôrto; Ponte (2003), aos dados atuais, de 2018, na era da Internet, das mídias e das tecnologias digitais é possível visualizar a iminência de uma possível catástrofe ou ameaça. Essa imagem social lembra um verso da canção: O tempo não para, composta por Arnaldo Brandão e Cazuza e musicada por este, em 1988, em álbum homônimo, e que, em tom de profecia, anunciou: “eu vejo o futuro repetir o passado”. Pelos feitos do presente, é inevitável não temer os riscos do cumprimento do dito poético-musical.

Se é que essa articulação entre episódios do passado e do presente serve de alerta para o porvir, cabe lembrar Bloch (2002, p. 151), ao dizer que “a História, não esqueçamos, ainda é uma ciência em obras, e cabe a nós colocarmos as mãos à obra, para realizá-la, da maneira mais sublime e adequada possível”. Desse modo, faz-se necessário uma participação crítica, de cada cidadão e instituições formativas (a escola, principalmente), como partes fundantes e transformadoras dessa história, em um ininterrupto processo de evolução histórica e cultural.

Diante disso, impera a necessidade de aplicação de propostas de intervenção didático-pedagógica, como a apresentada neste livro, com a finalidade de ajudar a diminuir o impacto das fake news sobre a sociedade, evitando que elas usurpem o lugar e a função da educação (prática) e da escola (instituição), que é conscientizar as pessoas, para que assumam atitudes críticas e comprometidas com o bem-estar individual e coletivo. Assim, reflete-se a seguir, sobre o papel das notícias e o poder maléfico e destrutivo das fake news.

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O papel das notícias e das redes de circulação de informações na sociedade: sobre o poder das fake news

O fato de, ‘levar e trazer histórias’, o famoso ‘fuxico’,

como percorre o ideário do senso comum, não é nada recente na configuração das sociedades. Desde os primeiros vestígios da presença humana em comunidades pré-históricas, o homem das cavernas sentiu a necessidade de buscar informações sobre a vida dos outros. Fato que não acontecia de maneira neutra, mas com a finalidade de buscar conhecer as fraquezas do inimigo e, portanto, atacá-lo, com um caráter político, ideológico e persuasivo bem definido. Como na época ainda não havia a escrita (seu surgimento remonta ao final do quarto milênio a. C., na Mesopotâmia e no Egito, no formato cuneiforme), o meio de circulação das informações era a oralidade.

Mas até aí, nenhuma novidade. O que tem-se de novo nessa configuração é o modo como esse fenômeno circula socialmente hoje, quando os ‘fuxicos’, as ‘fofocas’ e as ‘conversas de leva e traz’ assumem uma intencionalidade e um alcance político muito mais intenso, por meio da influência das mídias tecnológicas e das redes de circulação de informações, dentre elas, as notícias falsas – fake news –, com alto poder persuasivo, de controle, de influência e de manipulação social, infringindo regras e convenções que harmonizam as relações entre sujeitos e sociedade.

A gravidade desse problema assume um movimento cíclico: as inverdades semeadas, acabam nascendo e frutificando a desconfiança nos meios de comunicação. Elas são repetidas insistentemente pela mídia social, passando, através da força do discurso, a assumir um estatuto de verdade, que se entranha nas estruturas das relações de poder e saber, estabelecidas socialmente. Nos termos de Foucault (2007, p. 12):

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[...] a verdade não existe fora do poder ou sem poder [...] a verdade é deste mundo; ela é produzida nele graças a múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da verdade; o estatuto daqueles que têm o emprego de dizer o que funciona como verdadeiro.

O aplauso que vangloria e acolhe esse ‘discurso de

verdade’, advém do fato de a mídia no Brasil, possuir, junto ao público, uma relação de confiança, intimidade e, portanto, de crença absoluta naquilo que reproduz. Isso faz com que ela ganhe facilmente a aceitação e a audiência de um auditório, exercendo sobre ele, um forte controle social e uma influência partidária e ideológica. Sobre essa questão, Gomes (2003, p. 77) ressalta:

É por conta da visibilidade que as mídias assumem um papel crucial como disciplina e controle, portanto, como promotoras/ mantenedoras de escalas de valores, como vigilantes. Temos que pensá-las em seu duplo papel: aquele pelo qual expõem a todo momento os conflitos é também aquele pelo qual definem a esfera de equilíbrio em que esses conflitos se diluíram. Enquanto mostram, as mídias disciplinam pela maneira do mostrar, enquanto mostra ela controla pelo próprio mostrar.

Em virtude da proliferação mundial que o fenômeno

das fake news alcançou, a Revista Nova Escola, edição 312, de 02 maio de 2018, trouxe uma matéria produzida por Paula Salas, intitulada: ‘Cuidado com a fábrica de mentiras’, contendo dados do Projeto First Draft, realizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, apontando que existem sete tipos de notícias falsas. Vale a pena conhecer essa classificação:

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1 SÁTIRA OU PARÓDIA: Sem o objetivo de enganar, são piadas que imitam o jeito de uma forma de notícia. 2 CONTEÚDO FABRICADO: Conteúdo 100% falso, feito com o objetivo de enganar o leitor. 3 CONTEÚDO MANIPULADO: Quando imagens ou notícias são alteradas para passar mensagem diferente da original. 4 CONTEÚDO IMPOSTOR: Atribui dados falsos a uma fonte conhecida. Acontece quando são citados estudos ou pesquisas que não existem. 5 CONTEXTO FALSO: Imagens ou falas retiradas do contexto em que foram produzidas. 6 CONTEÚDO ENGANOSO: Quando dados reais são usados para levar a uma conclusão inadequada. 7 CONEXÃO FALSA: Quando fotos, títulos ou legendas não estão de acordo com o conteúdo do texto (que pode até não conter erros). (SALAS, 2018) (Grifos no original)

Tomando por base essa classificação, pode-se dizer

que, em sua grande maioria, os tipos 2, 3, 4, 5, 6 e 7, assemelham-se a situação ilustrada neste livro: ‘o impacto de fake news em campanhas de vacinação’. Sobre esse aspecto, Medeiros (2019, p. 101) destaca como:

[...] preocupante o crescimento de pessoas que reforçam os movimentos contra vacinação, tendo suas justificativas para a não vacinação e de seus filhos a incorreta fonte de informação de saúde que os mesmos assumem como sendo verídicas, mas que já foram contestadas cientificamente e comprovadas. (Grifos meus)

Os formatos dessas práticas comunicativas são

reflexos de uma sociedade hipermoderna, repleta de multissemioses, multiletramentos e hiperletramentos (ROJO; BARBOSA, 2015), que se vê refletida no espelho, por meio do imbricamento de mídias e tecnologias digitais, as quais compõem a paisagem das práticas interativas no mundo da mídia digital em massa. Daí, falar-se até, em pós-modernidade (GARLAND, 2008; HALL, 2011), modernidade líquida (BAUMAN, 2000; 2005), modernidade tardia

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(GIDDENS, 2002; HALL, 2011; YOUNG, 2007), modernidades múltiplas (EISENSTADT, 2001), modernidades alternativas (FERRERAS; BRUCE, 2009) e variedades de modernidade (SCHMIDT, 2007), no campo dos estudos culturais e sociológicos, que tratam dessa lógica aligeirada em que se vive. Essa mescla de configurações dão o tom a uma pós-modernidade fragmentada, marcada por discursos móveis e cambaleantes, facilmente diluídos no ar, como diz Berman (2007) (Grifos meus).

Nesse cenário frutífero e escorregadio para a circulação de informações, torna-se fácil a proliferação das fake news que, como pragas ou vírus letais, têm o poder se multiplicar nas vias midiáticas e digitais, assemelhando-se a uma espécie de serpente venenosa e predadora na floresta, em busca de suas caças. A presa fácil dessa perseguição massiva são os internautas mais ‘desavisados’, aqueles que não contém um filtro coletor e seletivo para diferir informação de conhecimento, noções que vale a pena visitar:

a) Informação: todo o tipo de mensagem que chega até você, seja visual, sonora, escrita ou gestual. É a famosa poluição cultural, que advém de todos os tipos de mídias. b) Conhecimento: é um apuramento de ideias, aquilo que é produtivo para a formação do repertório sociocultural do sujeito. Pode, inclusive, surgir a partir de um ‘lixo cultural’, de uma informação banal, que o sujeito interpreta e formula uma opinião crítica, fundamentada e situada em um nicho teórico-epistemológico. A falta de uma educação, no sentido amplo e social

dessa prática, tem feito com que as pessoas, inclusive os jovens (o que é ainda mais preocupante, visto a facilidade com que têm acesso a recursos formativos, que supostamente, deveriam ensinar o que é certo e o que é

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errado), estejam deixando de assumir atitudes éticas e comprometidas com a construção de uma cidadania coletiva. E, aproveitando-se dessa fragilidade emocional e psicológica, a mídia usa de má fé, disseminando inverdades, sem fontes confiáveis e testáveis com a realidade científica, com o propósito descarado, de desequilibrar a estrutura social vigente. Segundo Porcello; Brites (2018, p. 09), seu veneno se alastra em uma velocidade incrível, tendo em vista que:

A mentira sempre chega mais rápido e avança com maior velocidade do que a verdade e o combustível que impulsiona a agilidade com que ela se espalha é a curiosidade do público para o que foge do habitual, ou que seja bizarro, esquisito, excêntrico, incomum. E como nós deciframos as imagens muito mais rapidamente do que os textos escritos ou falados, a televisão, em qualquer plataforma ou suporte, é o ambiente ideal para que a mentira se alastre. A TV é a incubadora perfeita para que o vírus das fakenews se espalhe fazendo suas vítimas, contaminando-as com desinformação, informação falsa e mentiras.

Dessa vazante fértil, minam initerruptamente as

notícias falsas, trazendo sérios comprometimentos ao valor e ao campo de ação das áreas médicas, como apontam Merchant; Asch (2018, p. 01), ao destacarem que “as crenças infundadas, mas persistentes, que ligam o autismo à vacinação demonstram tanto os perigos para a saúde da desinformação quanto o esforço necessário para neutralizar essa desinformação”. Ao procederem de tal forma, tais mídias e recursos tecnológicos pós-modernos, prestam um desserviço à democracia, à igualdade de oportunidades e ao acesso a direitos sociais básicos, legitimados pela Constituição Federal de 1988, afetando, por fim, e, principalmente, as políticas públicas de educação e saúde no país, como vivencia-se atualmente, quando vocifera o discurso ideológico do Movimento Escola sem

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Partido (ESP)4 e a quebra de acordo entre Brasil e Cuba5, fazendo com que os médicos cubanos tenham voltado a seu país de origem, o que representa um abalo para os serviços de atendimento básico à saúde, principalmente, em cidades interioranas do Brasil.

Diante desse cenário de crise, não resta outra opção à escola, instituição por excelência em educação, a não ser, intervir, entrar em cena e, de alguma maneira, apresentar mecanismos e propostas educativas que tentem minimizar uma catástrofe. Sobre esse papel, trata-se a seguir.

4 Esse movimento foi iniciado em 2003, tendo como mentor, Miguel Francisco Urbano Nagib, adepto ao catolicismo, Procurador de Justiça do Estado de São Paulo, que alegou uma suposta doutrinação ou ideologização nas escolas, advinda dos professores, o que exigiria, portanto, a adoção de práticas ditas apartidárias e anti-ideológicas. De lá para cá, suas ideias foram ganhando adeptos, principalmente na Internet, de modo que, tramitou no Congresso Nacional, o Projeto de Lei (PL) nº 867/2015, apresentado pelo Deputado Izalci Lucas (PSDB/DF); e o PL nº 193/2016, apresentado no Senado Federal, pelo senador Magno Pereira Malta (PR/ES), ambos com um teor que propunham a inclusão do “Programa Escola sem Partido” na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96). Esses projetos advogam o discurso de que a escola deve limitar-se a instrução, a instrumentalização e a formação mecânica, por meio da transmissão de conhecimentos técnicos e supostamente neutros. Assim, a educação, no sentido moral e, talvez, mais abrangente, cabe somente a família. A polêmica que essa situação envolve tem gerado um verdadeiro caos no cenário educacional brasileiro. Para o aprofundamento de leituras sobre o tema, veja-se as obras organizadas por Batista; Osro; Lucena (2019); González; Cruz (2018) e Krawczyk; Lombardi (2018). 5 Esse acordo foi formalizado em 2013, por meio do Programa Mais Médicos (PMM), criado no governo da presidenta Dilma Rousseff, tendo como estrutura, três eixos estratégicos: mudanças na formação médica; melhoria na infraestrutura das unidades básicas de saúde (UBS) e provimento emergencial de médicos (BRASIL, 2013b).

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O papel interventivo da escola: pelo desenvolvimento de ações didático-pedagógicas que promovam a cidadania

A reflexão agora proposta, remete aos desafios dos

tempos atuais, o modo como a escola precisa intervir como potencializadora de vozes críticas e reflexivas, na construção de uma sociedade justa e equilibrada. Para isso, um dos desafios que se vem colocando ao longo deste livro é a articulação de conceitos e práticas advindos do campo da saúde e da educação. Isso se dá pelo fato de que, os objetos sobre os quais essas áreas intervém, são, ao mesmo tempo, próximos e complexos, exigindo um esforço da escola, em evitar simplificações reducionistas.

A partir desse entendimento, um caminho de intervenção aventado é a inserção, de modo crítico e reflexivo, das tecnologias nesses cenários, tendo em vista, a necessidade do desenvolvimento de práticas, mobilizadas por meio de diferentes saberes e aportes teórico-técnicos, numa visão conjunta entre a educação e saúde, tendo as tecnologias como elo de ação.

A tecnologia, a qual refere-se, trata-se de qualquer recurso ou mecanismo utilizado pelo homem, a fim de melhorar o desenvolvimento de suas práticas. Ela está presente na sociedade desde os tempos mais remotos, quando no Período Neolítico, cerca de 7 mil anos a. C, o homem, pelo contato intencional entre duas pedras, descobriu o fogo, com o propósito de atender suas necessidades cotidianas. No entanto, na atualidade, com o avanço dos meios de comunicação, das mídias virtuais, digitais e dos recursos tecnológicos da Internet, o conceito de ‘tecnologia’ ampliou-se, ganhando novas roupagens, adequadas aos domínios de uma sociedade hipermidiática, hipertextual e globalizada, de múltiplas semioses.

A escola, ao assumir um papel interventivo no desenvolvimento de ações didático-pedagógicas que

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promovam o engajamento dos alunos em uma formação cidadã, tomando os recursos e as mídias tecnológicas como aliadas, está, na verdade, aderindo a um conceito e a uma prática educativa mais dinâmica, ampla, colaborativa, plástica, aberta, dialógica, interativa, responsiva e inovadora de aprendizagem, que, no campo da didática, vem sendo denominada de metodologias ativas e personalizadas da aprendizagem (LEAL et al., 2018; CORTELAZZO et al., 2018). Com isso, seu alcance, passa a ser além do previsto pelas estruturas fixas e rígidas do currículo e caminha para a superação da crise dos paradigmas tradicionais.

É essa, inclusive, a proposta contida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento oficial que orienta o ensino na Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio (BRASIL, 2018a; 2018b). Especificamente na área das ‘Linguagens’, subárea ‘Leitura’, na ‘esfera jornalística’, o documento prevê uma das habilidades necessárias de serem desenvolvidas no 9º ano do Ensino Fundamental:

(EF09LP01) Analisar o fenômeno da disseminação de notícias falsas nas redes sociais e desenvolver estratégias para reconhecê-las, a partir da verificação/avaliação do veículo, fonte, data e local da publicação, autoria, URL, da análise da formatação, da comparação de diferentes fontes, da consulta a sites de curadoria que atestam a fidedignidade do relato dos fatos e denunciam boatos etc. (BRASIL, 2018b, p. 177) (Grifos no original)

Construída então, em consonância com o contexto de

uma cultura pós-moderna e digital, a BNCC, que teve três versões preliminares apresentadas a apreciação do público (em 2015, 2016 e 2017), busca alinhar seu discurso a formação de sujeitos críticos e transformadores das práticas de leitura e escrita que vivenciam nos ambientes

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digitais, sobretudo, na identificação de “notícias falsas nas redes sociais”, ou seja, as fake news.

Percebe-se então, que essa tentativa de rompimento com velhos conceitos, assentados no “paradigma conservador”, que levam a mera reprodução e fragmentação do conhecimento científico e limitam o poder de criação do aluno é o grande desafio enfrentado pelas escolas no processo de renovação da prática pedagógica. A influência do paradigma newtoniano-cartesiano no campo educacional se refletiu por meio das abordagens pedagógicas: tradicional, escolanovista e tecnicista. A superação desse quadro dar-se-á mediante a adoção abordagens pedagógicas denominadas de “paradigmas inovadores” nas formas de produção do conhecimento: a abordagem progressista, a sistêmica (holística) e a do ensino com pesquisa (BEHRENS, 2005), na construção do perfil de um professor pesquisador no contexto da Educação Básica. Com base nessa postura,

[...] os professores assumem o papel de transformadores da sociedade, adotam o discurso da inquietação sobre as contradições e os dilemas que cercam suas condições de trabalho e assim, melhor dialogam com os alunos, levando-os ao desenvolvimento do senso crítico, da compreensão dos contextos complexos, da luta por seus espaços de democracia e direitos sociais e por fim, encoraja-os a enxergaram na educação uma arena de lutas e conquistas que legitimam seu lugar social no mundo. (LIMA, 2019b, p. 458)

Como perspectiva de mudança e superação, por meio

de abordagens pedagógicas inovadoras, Morin (2011) aponta que a situação pode ser compreendida como “paradigma da complexidade”, que, segundo Behrens (2006, p. 19), “reforça os princípios e referenciais teóricos e práticos que foram propostos para o paradigma emergente” e contribui “na superação da visão

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fragmentada do universo e na busca da reaproximação das partes para reconstituir o todo nas variadas áreas do conhecimento”, em vista de que o complexo acontece pelo entrelaçamento das partes (nesse caso, educação, saúde e tecnologias), na formação de um todo.

O cenário apontado pelos autores convida a pensar a urgência da intervenção didático-pedagógica nas escolas, tomando como referência, a sociedade de redes. Redes que se interconectam e formam ininterruptamente uma série de consequências imediatas na aprendizagem. Esses aspectos são primordiais de serem compreendidos e praticados pela escola, a fim de que, professores, alunos e familiares, façam de suas ações, um espaço de ‘hiperlinkar’ experiências de ensino e aprendizagem cada vez mais dinâmicas e criativas.

O potencial das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) produz um sentido de desenvolvimento de novas lógicas, competências, sensibilidades e comportamentos dentro da comunidade escolar, redefinindo condutas a atitudes metodológicas possíveis de serem executadas, a fim de amenizar o impacto das fake news sobre as campanhas de vacinação.

Em um artigo publicado em 04 jul. 2018, na Revista Ciência Hoje, Michele Gravina, apresenta uma reflexão elucidativa dessa proposta: “A educação, portanto, é uma ótima vacina para combater a epidemia de fake news. E você, como lida com o tema em sala de aula?”

Como tentativa de responder a esse questionamento, apresenta-se, a seguir, uma possível proposta de metodologia de elaboração e execução de Projetos de Intervenção Pedagógica (PIPed) no contexto da Educação Básica, com encaminhamentos, sugestões, possibilidades e propostas didático-pedagógicas de aplicação em torno do tema: ‘O impacto de fake news em campanhas de vacinação: como tratar essa questão no espaço escolar?’

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CAPÍTULO II

METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DE PROJETOS DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA (PIPed): UMA

SUGESTÃO DE PROPOSTA DIDÁTICA E DE APLICAÇÃO No curso das pesquisas sociais6 e das propostas de

trabalho didático-pedagógico em ambientes escolares, nos quais situa-se a proposta deste livro, uma vez que articula saberes da área da saúde e da educação aplicados a contextos escolares, a opção ou filiação teórico-metodológica torna-se fundamental para o alcance dos objetivos pretendidos. Neste caso, esse alcance têm um caráter prático, funcional e didático-pedagógico, em vista de que a proposta é refletir sobre a relevância de a escola intervir diante de problemas de sociais, em realidades concretas e objetivas, repletas de sujeitos historicamente construídos e construtores da cultura.

Essa percepção tem possibilitado consideráveis reaproximações, a ponto de fortalecer uma nova concepção de pesquisa, percorrendo caminhos mais horizontais e mais interdisciplinares, na construção de saber aplicado, transversal e funcional, que não seja fragmentado e fechado na doutrina dos paradigmas

6 Vale reiterar, mais uma vez, que a proposta do livro e deste capítulo, em especial, é apresentar sugestões de elaboração de um projeto de intervenção didático-pedagógico. Não trata-se de uma pesquisa científica, com procedimentos de coleta e análise de dados. Embora uma não invalide a outra, pelo contrário, complementam-se. Dessa maneira, para sua operacionalização, é pertinente, a adoção de procedimentos metodológicos. Sendo assim, a pesquisa-ação aparece aqui, apenas como uma sugestão, considerada pertinente de ser aplicada na execução de um PIPed. No entanto, são válidas outras abordagens metodológicas.

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positivistas e cartesianos e, portanto, fincado nas estruturas das instituições sociais, dentre elas, a escola.

Assim, para manter uma unidade teórico-prática na sistematização das ideias aqui aventadas, e, para em seguida, apresentar encaminhamentos de aplicação de uma proposta, situa-se algumas questões, tanto de caráter formal, quanto metodológico que melhor justifiquem as percepções vivenciadas na prática escolar. Para tanto, apoia-se nas reflexões de Freitas (2007, p. 27-28), quando apresenta seis características da pesquisa qualitativa de orientação sócio-histórica, aplicadas à pesquisa-ação, abordagem que recomenda-se ser uma das mais relevantes de serem aplicadas na execução de um PIPed:

A fonte dos dados é o texto (contexto) no qual o acontecimento emerge, focalizando o particular enquanto instância de uma totalidade social. Procura-se, portanto, compreender os sujeitos envolvidos na investigação para, através deles, compreender também o seu contexto. As questões formuladas [...] se orientam para a compreensão dos fenômenos em toda a sua complexidade e em seu acontecer histórico. Isto é, não se cria artificialmente uma situação para ser pesquisada, mas vai-se ao encontro da situação no seu acontecer, no seu processo de desenvolvimento. O processo de coleta de dados caracteriza-se pela ênfase da compreensão, valendo-se da arte da descrição que deve ser complementada, porém, pela explicação dos fenômenos em estudo, procurando as possíveis relações dos eventos investigados numa integração do individual com o social. A ênfase da atividade do pesquisador situa-se no processo de transformação e mudança em que se desenrolam os fenômenos humanos, procurando reconstruir a história de sua origem e de seu desenvolvimento. O pesquisador é um dos principais instrumentos da pesquisa porque, sendo parte integrante da investigação, sua compreensão se constrói a partir do lugar sócio-histórico no qual se situa e depende das relações intersubjetivas que estabelece com os sujeitos com quem pesquisa.

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O critério que se busca numa pesquisa não é a precisão do conhecimento, mas a profundidade da penetração e a participação ativa tanto do investigador quanto do investigado. Disso resulta que pesquisador e pesquisado têm oportunidade para refletir, aprender e re-significar-se no processo de pesquisa. (Grifos meus)

Extrai-se então, desse direcionamento, alguns

elementos estruturantes e fundamentais para a concepção e aplicação de um PIPed, procurando deixar claro, as etapas do estudo, os critérios de seleção, a descrição do fenômeno estudado, os métodos relacionados às etapas da execução e o tipo de análise realizada no e sobre o contexto escolar.

A visão, a abordagem e o tipo de abordagem teórico-metodológica

Tendo em vista a necessidade de aplicação de

conceitos articulados entre saúde, educação e tecnologia na escola, a elaboração e execução de um PIPed deve assumir uma visão multidisciplinar e intersetorial. A primeira, porque convoca saberes e fazeres de diferentes disciplinas e campos do conhecimento social, para tratar do tema: “O impacto de fake news em campanhas de vacinação: como tratar essa questão no espaço escolar?”. A segunda, pelo fato de buscar desenvolver ações “de promoção da saúde modificadora dos determinantes sociais de saúde” (SILVA; TAVARES, 2016, p. 193) na escola e na comunidade em que se insere.

Quanto a abordagem, recomenda-se a pesquisa qualitativa, com o propósito descritivo-exploratório do tema. E, quanto ao tipo, poderá ser realizada por meio dos procedimentos técnicos da pesquisa-ação, proposta por Thiollent (2005), que, conforme os objetivos do estudo, apresenta-se como uma alternativa metodológica pertinente, permitindo que o pesquisador se insira no

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campo de coleta de dados. Uma inserção, que tem caráter não apenas observacional, mas participativo, crítico e reflexivo, como gerador e gerenciador de discussões e ações com o grupo social e o contexto pesquisado, com vistas a efetivar uma mudança. Cabe então, em virtude da predominância dessa abordagem, ir às palavras de um dos seus maiores expoentes no Brasil, Michel Thiollent (2005, p. 14), quando define-a como:

[...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

O acesso a essa concepção de Thiollent (2005), vale

ressaltar, ocorre por meio de pesquisa bibliográfica. O mesmo procedimento de coleta de dados adotado para a estruturação e o alcance dos objetivos traçado neste livro. Uma sugestão de operacionalização desse método de pesquisa na elaboração de um PIPed, pode ser efetuada a partir de dois eixos de consulta:

i) primeiro, a periódicos qualificados pela Capes e disponíveis em bases de dados ou repositórios, como a Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e a Scientific Electronic Library Online (SciELO), delimitando a busca por descritores e palavras-chave direcionadas a temática. Esse percurso permite o acesso a textos publicados em determinado período, critério bastante relevante de ser considerado neste caso, uma vez que a temática explorada ainda é carente de pesquisas. ii) segundo, a leitura de livros, capítulos de livros (impressos ou em E-book) considerados mais clássicos, no campo dos estudos contemporâneos, buscando construir uma teia de ideias que justifiquem a

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articulação entre saúde, educação e tecnologias aplicadas às práticas de ensino da escola básica. Além de documentos oficiais do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e do MS. Embora o caráter interventivo e didático de um PIPed

encaminhe geralmente para a pesquisa-ação, é importante ressaltar que esta, só será possível de ser executada, por meio da imersão em um campo concreto da realidade. Daí, metodologicamente é pertinente reconhecer também, a aplicação de métodos da pesquisa de campo, como a observação, a participação ativa, a aplicação de questionários, entrevistas etc., em contextos concretos. Esse entrelaçamento é uma alternativa para validar a ideia de que a produção de conhecimento deve ser horizontal, interdisciplinar, aplicável, transversal e funcional, desde inclusive, a definição dos tipos de abordagem teórico-metodológica e procedimentos de coleta de dados.

Esse motim teórico constitui uma alternativa metodológica para melhor enxergar a complexidade da temática e a relevância de delimitar um problema de investigação, a partir de questões norteadoras.

O problema investigado e as questões norteadoras

Tomando por referência a contextualização feita

anteriormente, em torno dos temas ‘fake news, campanhas de vacinação e escola’, o problema investigado pode ser sintetizado pela seguinte situação:

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Esse fato incomoda toda a comunidade escolar. Daí, a

pertinência de elaborar algumas questões norteadoras de um PIPed:

a) Como a disseminação de notícias falsas – fake news – tem impactados os estudantes no sentido de levá-los a deixar de aderir às campanhas de vacinação do MS e colocarem em risco à própria vida e a dos sujeitos que estão a sua volta?

b) E qual o impacto disso no comprometimento de sua saúde (física, mental e social) e no processo de ensino e aprendizagem desenvolvido pela escola?

Diante desses questionamentos, cumpre-se então, uma primeira etapa da pesquisa-ação, a fase exploratória, quando se estabelece um diagnóstico inicial sobre a situação e busca-se conhecer melhor o cenário onde o problema reside e sobre o qual se propõe uma intervenção.

A fonte dos dados: mapeando o território de pesquisa e aplicação da proposta

O espaço onde se visualiza a execução de um PIPed

com a temática aqui recortada, são escolas de Educação Básica, sobretudo, da rede pública de ensino, o que não invalida sua execução na rede privada de ensino. Em ambos

Professores de uma escola de Ensino Fundamental Maior (do 6º ao 9º ano) e/ou Ensino Médio percebem que os estudantes estão deixando de aderir a campanhas de vacinação do MS, ou seja, os jovens e suas famílias, não estão tomando as vacinas, fato que põe em risco suas vidas e a de toda a comunidade em que estão inseridos. O motivo dessa rejeição às vacinas é a circulação de informações falsas nas redes sociais – as fake news – que, propositalmente, desviam o foco da ação governamental.

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os casos, o essencial a ser considerado no mapeamento do território escolar é o contexto histórico, cultural, econômico e social da instituição; os sujeitos que a compõem: gestores, professores (formação inicial e continuada (pós-graduação lato sensu e strictu sensu) e, especialmente, os alunos e seus familiares, buscando contextualizar todas as circunstâncias que os rodeiam.

É preciso conhecer bem uma realidade (diagnóstico) para poder intervir, e, como a escola hoje é um espaço onde os alunos passam praticamente o dia inteiro (nas escolas de Tempo Integral (TI), por exemplo, eles permanecem, às vezes, de 7:20 às 16:30). Nessa estadia, presencia-se muitas experiências que acometem os sujeitos, desde problemas de saúde mais duradouros, como diabetes ou colesterol, requerendo cuidados com a alimentação; a problemas mais temporários, como gravidez na adolescência, carência alimentícia e problemas de ordem física, psicológica e emocional, que desafiam a prática pedagógica.

Deve-se destacar também, com riqueza de detalhes, a estrutura física, a região onde a escola está localizada e a visão que a sociedade tem sobre a instituição, uma vez que ela é um microcosmo da sociedade, e, portanto, reflete-a, em suas mazelas e em seus mecanismos de coerção social. Nessa caracterização, é preciso desprender-se de visões mitológicas, preconceituosas e estigmatizadoras, enfocando apenas aquilo que realmente se relaciona com o cenário escolar.

Esse fato é importante de ser destacado, pois o reconhecimento do local onde a escola e os sujeitos se situam é que dá o norte principal para pensar em quais desafios, dilemas, dificuldades e anseios eles vivenciam no campo social, relativos à interação com as ferramentas tecnológicas e os saberes da área da saúde, mediados pela ação pedagógica da escola.

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Esse, portanto, é mais um dos grandes desafios considerados na elaboração de um PIPed que se proponha a interferir no modo de vida dos alunos, conscientizando-os acerca das consequências negativas das fake news sobre o projeto educativo das campanhas de vacinação.

Os participantes da proposta de pesquisa escolar

Grosso modo, o público-alvo de um PIPed desta

natureza, pode ser dividido em dois grupos muito próximos, mas ainda assim, importantes de serem apresentados detalhadamente:

1º - Grupo primário: alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio7. Esse grupo configura a Comunidade Escolar Interna.

Um fator considerável nessa classificação é que, pela quantidade de séries escolares, que geralmente as escolas possuem, os alunos poderão ter uma faixa etária muito diversa, de 11 (6º ano do Ensino Fundamental) até 17 anos (3ª série do Ensino Médio). Pode haver casos de idade menor que 11, considerando alunos muito avançados nos estudos; ou caso de maiores de 17, quando o aluno tem alguma reprovação e ainda continua na escola, sem ser transferido para a modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), como preveem as resoluções do Conselho

7 Ao fazer essa delimitação, não se exclui a possibilidade de realizar a proposta em contextos de Educação Infantil, no entanto, não é objetivo aqui tratar desse aspecto, o qual, para ser bem explorado, além dos documentos oficiais já citados: PCN (BRASIL, 1997), PSE (BRASIL, 2017) e BNCC (BRASIL, 2018a; 2018b) é preciso buscar apoio em demais obras de referência que abordam os objetivos específicos dessa etapa de ensino, como o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL, 1998), os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (BRASIL, 2006), os Indicadores da qualidade na Educação Infantil (BRASIL, 2009) e as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (BRASIL, 2010).

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Nacional de Educação (CNE), amparada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394/96.

2º - Grupo secundário: as famílias dos alunos, uma vez que o fato de eles demonstrarem resistências a tomar a vacina é, possivelmente, resultado da postura adotada pelos familiares, que também precisam mudar de atitude. Esse grupo configura a Comunidade Escolar Externa.

Nisso, é importante considerar que o 2º grupo de sujeitos deverá ser alcançado pela ação do PIPed, na medida em que devem ser convocados a responderem um roteiro de questionários, a participarem da produção de materiais que contribuam para a divulgação do projeto e a envolverem-se na execução e culminância das atividades.

Nessa corrente, espera-se que os alunos, ao adquirirem uma consciência crítica e reflexiva sobre a importância de tomar a vacinação, transmitam essa mensagem aos familiares e a toda a comunidade em que estão inseridos.

Os instrumentos e os recursos de coleta de dados para a proposta: a constituição de um corpus

Sem perder de vista o caráter aplicado de uma

pesquisa-ação, sugere-se a adoção de alguns procedimentos ou técnicas de coleta de dados, junto ao 1º grupo de sujeitos da pesquisa, a partir da utilização dos seguintes instrumentos:

a) Observação participante e direta, a fim de aproximar-se do diagnóstico situacional. b) Entrevistas individuais e coletivas, semi-estruturadas com perguntas abertas, chamadas de subjetivas, a fim de coletar a opinião dos alunos, acerca do assunto discutido (uma sugestão segue no Apêndice A).

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i. Nesse caso, o instrumento utilizado para a gravação das entrevistas, poderá ser um aparelho de celular, de uso pessoal, com capacidade de gravação de áudio, ou mesmo, um gravador profissional, específico para a atividade.

c) Aplicação de questionários convencionais, com perguntas de múltipla escolha, mais objetivas, a fim de ter um parâmetro quantitativo das opiniões. Esse questionário pode ser aplicado, tanto ao grupo primário, como ao grupo secundário.

ii. No caso dos alunos (grupo primário), o próprio instrumento será utilizado como recurso para o registro dos dados, uma vez que eles o receberão impresso e terão a oportunidade de respondê-lo durante as aulas (a fim, inclusive, de que não percam) e devolverão aos professores. No caso do grupo secundário (os familiares), o recurso de coleta de dados poderá ser a Plataforma Moodle, sistema digital das secretarias estaduais e municipais de educação e também, adotado pela rede privada, que possibilita aos pais ou responsáveis, terem acesso ao rendimento escolar dos alunos e também, participarem da gestão da aprendizagem. A própria plataforma fará a tabulação dos dados (uma sugestão segue no Apêndice B). Embora a pesquisa não se enverede pela abordagem quantitativa, neste momento, esse percentual poderá ser importante, para se ter uma noção mais aproximada da quantidade de alunos que estão deixando de tomar as vacinas, influenciados pelas fake news. Sobre esses números, pode ser lançado um olhar qualitativo, buscando ações e estratégias interventivas ao problema.

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Esses e possíveis outros instrumentos e recursos podem ser construídos durante o processo de coleta de dados, a medida em que os sujeitos (pesquisadores (professores) e pesquisados (alunos e familiares)), forem estabelecendo vínculos e construindo um aprendizado colaborativo, conforme a pesquisa-ação.

Essa vivência em campo pode resultar então, na reunião de um material significativo, chamado de corpus de análise, o qual permitirá que sejam aplicadas ações e estratégias de intervenção escolar ao problema diagnosticado. Neste caso, o corpus de dados imediatos (considerando que podem haver outros instrumentos de coletas, portanto, gerarão novas possibilidades de corpus), coletados no campo de ação poderá ser composto pelas entrevistas com os alunos e pelos questionários aplicados também com os eles e os pais ou responsáveis.

Das etapas de execução e encaminhamentos de intervenção: refletir, aprender e ressignificar o contexto

Diante de todas as etapas anteriores, de aproximação

com o contexto pesquisado, de tomada de conhecimento do problema, do contexto e dos participantes da pesquisa, uma ação interventiva poderá ser desenvolvida anualmente, e, em todas as séries da escola, com a participação dos componentes curriculares obrigatórios do currículo da Educação Básica.

Como sugestão, apresenta-se esquematicamente, no Quadro 1, a seguir, as etapas, as finalidades e os principais sujeitos envolvidos na concepção e execução de um PIPed:

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Quadro 1: Ações previstas, finalidades e sujeitos envolvidos no projeto

ETAPAS FINALIDADE SUJEITOS ENVOLVIDOS

I Observação e análise crítica da escola

Construir um diagnóstico da realidade

Equipe gestora e professores

II Concepção da proposta

Definir os eixos de atuação

Equipe gestora e professores

III Planejamento de ações

Prever as etapas e os parâmetros norteadores da atividade

Equipe gestora e professores

IV Processo de coleta de dados

Interagir com alunos e familiares, a fim de levantar dados

Professores e alunos

V Execução de atividades

Aplicar oficinas e ações previstas

Equipe gestora, professores e alunos

VI Culminância das atividades

Apresentar à comunidade escolar interna e externa os resultados alcançados

Equipe gestora, professores e alunos

VII Avaliação Estudar de forma crítica, reflexiva e autoavaliativa os resultados obtidos

Equipe gestora, professores e alunos

Fonte: Produzido pelo autor (2019)

Para que isso ocorra de maneira produtiva e gere

resultados significativos, tanto para o ensino, quanto para a aprendizagem, é preciso considerar alguns fatores. Por exemplo, o primeiro passo é a sensibilização da equipe escolar para que ela se envolva na realização da atividade. Isso deve ocorrer no período que corresponde às etapas I,

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II e III descritas no Quadro 1. As escolas podem, em parceria com a Secretaria de Saúde, a Secretaria de Vigilância Sanitária, entre outros órgãos relacionados, promover palestras, encontros e oficinas formativas, com profissionais, como médicos, enfermeiros, ambientalistas, agentes do corpo de bombeiro, entre outros, que tragam um olhar especializado sobre o problema em foco e assim, consigam engajar toda a equipe escolar no desenvolvimento do projeto.

Outro aspecto a ser considerado é se, por exemplo, a escola funcionar em regime de TI, ou seja, se os alunos passam os turnos matutino e vespertino em sala de aula; cada série escolar tem mais de uma turma (geralmente de 2 a 3), por isso, para evitar a sobrecarga de trabalho dos professores e de toda a equipe escolar e também, para que não comprometa o trabalho com os outros conteúdos também obrigatórios, as atividades do PIPed podem ser desenvolvidas trimestralmente e em turnos distintos.

Segue então, partindo dessa suposta realidade, uma sugestão de cronograma para o desenvolvimento das ações do projeto:

Quadro 2: Cronograma de execução das atividades do projeto

TURMA PERÍODO TURNO DIAS DA SEMANA

COMPONENTE CURRICULAR

6º ano A

1º trimestre (fev./ mar.

/abr.)

Matutino Segunda e quarta-feira

Língua Portuguesa Matemática História

Informática

6º ano B

1º trimestre (fev./ mar.

/abr.)

Vespertino Segunda e quarta-feira

Língua Portuguesa Matemática

História Informática

7º ano A

1º trimestre Matutino Terça e quinta-feira

Língua Portuguesa

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(fev./ mar. /abr.)

Ciências Geografia Informática

7º ano B 1º trimestre (fev./ mar.

/abr.)

Vespertino Terça e quinta-feira

Língua Portuguesa Ciências Geografia

Informática

8º ano A

2º trimestre (mai./ jun.

/ago.)

Matutino Segunda e quarta-feira

Gramática Língua Estrangeira

Artes Informática

8º ano B

2º trimestre (mai./ jun.

/ago.)

Vespertino Segunda e quarta-

feira

Gramática Língua

Estrangeira Artes Informática

9º ano

A

2º trimestre

(mai./ jun. /ago.)

Matutino Terça e

quinta-feira

Ensino Religioso

Educação Física Ensino Religioso Informática

9º ano

B

2º trimestre

(mai./ jun. /ago.)

Vespertino Terça e

quinta-feira

Ensino Religioso

Educação Física Ensino Religioso Informática

1ª série

A

3º trimestre

(set./ out. /nov.)

Matutino

e vespertino

Quarta-

feira

Literatura

Química Física Sociologia Filosofia

Informática

1ª série B

3º trimestre (set./ out.

/nov.)

Matutino e vespertino

Quarta-feira

Literatura Química Física

Sociologia Filosofia Informática

2ª série

A

3º trimestre

(set./ out. /nov.)

Matutino

e vespertino

Quinta-

feira

Redação

História Biologia Informática

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2ª série B

3º trimestre (set./ out.

/nov.)

Matutino e vespertino

Quinta-feira

Redação História Biologia

Informática

3ª série A

3º trimestre (set./ out.

/nov.)

Matutino e vespertino

Sexta-feira Redação História Biologia

Informática

3ª série B

3º trimestre (set./ out.

/nov.)

Matutino e vespertino

Sexta-feira Redação História Biologia

Informática

Fonte: Produzido pelo autor (2019)

Neste cronograma, os dias letivos dos meses de

janeiro, julho e dezembro não devem ser previstos para a execução das atividades, em virtude de que são períodos ainda de abertura e/ou fechamento de questões pedagógicas importantes para o andamento do calendário escolar. Janeiro, por exemplo, destina-se ao “planejamento de ações”; e dezembro, destina-se a “autoavaliação e avaliação coletiva das atividades” do projeto.

A distribuição dos dias da semana, turnos e das disciplinas responsáveis pelo desenvolvimento das atividades, também pode estar sujeita aos objetivos de ensino e aprendizagem previstos para cada série escolar, conforme o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. Por exemplo, turmas de 1ª, 2ª e 3ª série do Ensino Médio, pelo fato dos alunos já estarem envolvidos na realização de provas de vestibulares (algumas universidades brasileiras ainda mantém o sistema de seleção dividido em três anos, então, desde a 1ª série os alunos realizam avaliações) ou mesmo, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), as atividades poderão ser realizadas apenas em um dia da semana, conforme a sugestão no cronograma.

Outro aspecto relevante é que, as disciplinas de “Língua Portuguesa: Gramática/Análise linguística”,

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“Leitura e Produção de Textos (Redação)”, “História” e “Informática” poderão ser as que tenham mais envolvimento, em todas as turmas e trimestres, em virtude da profundidade de abordagem e de relação com os conteúdos previstos (ver Quadro 3, a seguir). Informática, por exemplo, pode estar em todas as séries do projeto em desenvolvimento, pois suas atividades, obrigatoriamente, levam os alunos ao contato direto com os recursos e as mídias tecnológicas disponíveis nas salas de Informática e/ou laboratórios de linguagens e tecnologias.

A partir da ação interventiva e pedagógica de cada componente curricular, os alunos, de posse dos conhecimentos adquiridos e dos materiais produzidos (áudios, desenhos, vídeos, fotografias etc.), podem colocar seus saberes em prática, utilizando as TDIC para:

produzir aplicativos móveis para propagar mensagens de sensibilização, alertando contra os efeitos das fake news e incentivando a tomada de vacinas; criar páginas de rede social, como Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp etc., possibilitando que por meio de recursos tecnológicos e digitais móveis, ou não (computadores de mesa ou celulares e tablets), sejam divulgados os materiais produzidos, criando uma oportunidade de comunicação online em espaços virtuais e midiáticos. O aspecto mais relevante que espera-se alcançar na

realização da atividade, diz respeito a mobilização coletiva da comunidade escolar durante todo o ano letivo, uma vez que a cada trimestre, algumas turmas podem desenvolver ações. Com essa dinâmica de funcionamento, dividida por trimestre, séries e turmas, prevê-se que, ao final de um ano letivo, se tenha alcançado o máximo do público alvo: grupo primário (alunos) e grupo secundário (família).

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Considerando as múltiplas faces que o conceito de saúde abrange, todas as disciplinas do currículo podem, de alguma forma e por um viés interdisciplinar, contribuir com o trabalho envolvendo a saúde na escola. No quadro 3, a seguir, apresenta-se, uma previsão ou sugestão de intervenções didático-pedagógicas:

Quadro 3: Componentes curriculares e sugestões de ações

interventivas

COMPONENTE CURRICULAR

SUGESTÃO DE AÇÕES

Língua Portuguesa: Gramática/Análise linguística

Explorar o processo de formação e evolução de terminologias no campo da saúde, por meio de textos clássicos e contemporâneos, em gêneros e tipologias variadas, trabalhando as classes gramaticais e funções sintáticas previstas no currículo.

Leitura e Produção de Textos (Redação)

Promover oficinas de leitura, discussão de temáticas e propostas de produção textual, contemplando temas, como vacinação, DST, vigilância sanitária etc.

Literatura Explorar temas relativos à saúde, no contexto de obras clássicas, como a questão das condições de vida, higiene e vigilância, retratadas em “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, por exemplo;

Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol)

Desenvolver a temática, a partir de atividades de leitura, interpretação e tradução de textos variados, como músicas de artistas de Língua Estrangeira, que abordem direta ou indiretamente o tema do projeto.

Matemática Organizar e analisar gráficos com dados de questões, como: os índices estatísticos nos diversos contextos e épocas sobre a tomada de vacina e a

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porcentagem de prevenção de epidemias.

História Refazer o trajeto histórico da evolução das enfermidades e, por consequência, dos medicamentos, na sociedade, fazendo remissão, por exemplo, a Revolta da Vacina, no século XX.

Geografia Apresentar visões, do ponto de vista físico, geográfico, natural e econômico, do impacto da adesão (ou não) das campanhas de vacinação, destacando as regiões, os fatores determinantes e o mapeamento do alcance de determinadas doenças na sociedade.

Sociologia Refletir teoricamente e direcionar possibilidades de aplicação de conceitos propostos por autores clássicos e contemporâneos, que levem os alunos a refletirem sobre a importância da construção de uma consciência individual e coletiva.

Filosofia Refletir teoricamente e direcionar possibilidades de aplicação de conceitos propostos por autores clássicos e contemporâneos, que levem os alunos a refletirem sobre a importância da construção de uma consciência individual e coletiva.

Artes Confecção de recursos artísticos diversos, contando com o apoio da escola e a produção pelos próprios alunos, de modo que atraia às pessoas para as atividades do projeto. Ao final, esse material pode gerar uma exposição artística.

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Ensino Religioso Discutir os conceitos sobre saúde e doença, à luz das diferentes abordagens e concepções religiosas existentes.

Ciências / Biologia / Química

Discutir, do ponto de vista biológico, as questões relacionadas à saúde, no que concerne a vírus, bactérias etc., desenvolvendo atividades que demonstrem os riscos de não tomar a vacina.

Química Discutir, do ponto de vista químico, as questões relacionadas à saúde, no que concerne a vírus, bactérias etc., desenvolvendo atividades que demonstrem os riscos de não tomar a vacina.

Física Apresentar as relações entre as estruturas moleculares até a origem e evolução do universo, explicando melhor alguns fenômenos cotidianos, a natureza e as mudanças do mundo tecnológico, relacionando ao tema.

Educação Física Desenvolver atividades de jogos, ginásticas, esportes, explorando as potencialidades corporais e mostrando a importância do bem-estar físico, mental e social para uma melhor qualidade de vida.

Informática Orientar os alunos quanto ao uso criativo, crítico e produtivo dos recursos e mídias tecnológicas, alertando para os perigos das fake news e do controle de informações que a Internet exerce sobre o indivíduo.

Fonte: Produzido pelo autor (2019)

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Tem-se consciência de que esse quadro 3 apresenta apenas propositivas mais gerais e limitadas. Assim, elas não podem ser adotadas como modelos únicos, rígidos e completos. Isso porque não se propõe a essa finalidade, nem seria possível alcançar a totalidade de possibilidades pedagógicas existentes. Essas ideias são apenas luzes sobre a questão. Cada professor, considerando a dimensão de alcance pedagógico do seu componente curricular, deve ampliar seu horizonte de intervenção, tendo em vista o desenvolvimento de habilidades específicas.

Ademais, cabe apontar algumas estratégias pedagógicas que podem e devem ser adaptadas e utilizadas em sala de aula pelos diversos componentes curriculares, a fim de promover uma integração da temática saúde às práticas educativas, mediadas pelos usos de TDIC:

Discutir teoricamente os temas, por meio da exibição de filmes, vídeos e imagens. Criar círculos de conversa e de leitura e espaços de discussão coletiva de temas. Propiciar o desenvolvimento de debate regrados. Criar condições para a realização de leituras (silenciosa, em voz alta, individual, coletiva). Realizar pesquisas orientadas sobre temas específicos nos laboratórios de Informática da escola. Produzir textos de diferentes tipologias e gêneros textuais. Expor as produções textuais por meio de suportes diversos, fora do espaço da sala de aula, principalmente em ambientes virtuais. Orientar a apresentação de seminários em grupos. Orientar o estudo de casos. Utilizar jogos e recriações teatrais de fatos históricos e do cotidiano. Criar rodas de conversas entre os alunos, em sala de aula e no pátio da escola.

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Apresentar as diferentes possibilidades de exploração de leitura e interação com conteúdos em recursos e mídias tecnológicas, como celular, computador ou tablet. Ler textos literários, científicos e jornalísticos, sob diversas formas e abordagens. Propor aos alunos a interpretação de histórias, lendas, personagens e fantasias, nos espaços da sala de aula e do pátio da escola. Realizar palestras com profissionais de diferentes setores: médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, advogados, ambientalistas, odontólogos, policiais, agentes do corpo de bombeiro, entre outros, a fim de contemplar a pluralidade do fenômeno da saúde na vida dos sujeitos. Embora nesta sugestão de roteiro de elaboração e

execução metodológica de um PIPed, tenha-se objetivos, estratégias e parâmetros metodológicos relativamente bem definidos, é importante respeitar a flexibilidade curricular no planejamento e na execução das tarefas, as particularidades dos sujeitos envolvidos e a proposta pedagógica da escola.

Feito todo esse percurso metodológico sugerido, a esperança é que a execução de um PIPed com a temática: ‘O impacto de fake news em campanhas de vacinação: como tratar essa questão no espaço escolar?’ possa alcançar resultados positivos e transformadores da prática pedagógica, e sobretudo, consiga amenizar o problema. E com isso, alcance resultados e benefícios para a prática pedagógica, como se aventa a seguir.

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CAPÍTULO III

OS POSSÍVEIS BENEFÍCIOS DA APLICAÇÃO DE UM PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA (PIPed) COM O

TEMA: ‘O IMPACTO DE FAKE NEWS EM CAMPANHAS DE VACINAÇÃO: COMO TRATAR ESSA QUESTÃO NO ESPAÇO

ESCOLAR?’: RESULTADOS ESPERADOS E DISCUSSÃO Espera-se que, com as ações desenvolvidas em um

PIPed com a temática sugerida, seja possível alcançar alguns resultados práticos, a curto prazo:

a) a tomada de consciência pelos sujeitos envolvidos: acerca das consequências negativas das fake news no cotidiano e de não tomar a vacina. b) a produção coletiva de conhecimentos interdisciplinares: os diversos componentes curriculares terão a oportunidade de mostrar, na prática, para o aluno, como sua aprendizagem é pensada numa perspectiva integrada. c) a resolução de um problema social dentro e fora da escola: conscientes do problema, os alunos e familiares poderão aderir às campanhas de vacinação e, além disso, serão divulgadores de mensagens educativas e de conscientização. Seguindo uma ordem cognitiva e, sobretudo,

operacional, alcançando-se esses três pontos, é possível dar conta dos objetivos, da metodologia e das estratégias previstas.

‘As pedras no caminho’: dos desafios e das dificuldades

De antemão, é importante ter ciência que para o alcance

de resultados em qualquer que seja a atividade educativa, muitos desafios e dificuldades, de diversas ordens, podem ser

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enfrentadas. Considerando especialmente a realidade das escolas públicas de Educação Básica, essas dificuldades e desafios podem ser definidos:

Do ponto de vista cognitivo e de estrutura pedagógica:

a) a falta de recursos didáticos e equipamentos tecnológicos: por exemplo, nos momentos de ida aos laboratórios de Informática e linguagem, quando vivencia-se problemas de acesso à Internet e a quantidade de recursos disponíveis, como tablets e computadores. Essas limitações e dificuldades são possíveis de serem superadas, por meio da criação de estratégias pedagógicas diversificadas e dinâmicas, a depender da criatividade do professor e da área de conhecimento. b) o saber lidar, de forma crítica e reflexiva, com as tecnologias a favor da aprendizagem. Por exemplo, a falta de um conhecimento mais especializado, por parte da equipe escolar e da comunidade externa, sobre as ações do PSE e do Programa Estratégia Saúde da Família (ESF), compromete o desenvolvimento das práticas educativas. c) dificuldades de desenvolver ações de consciência coletiva sobre os cuidados básicos de saúde, principalmente, os relacionados às campanhas de vacinação. Por exemplo, alguns grupos (primários e secundários), podem ainda resistir ou se negar a admitir o comportamento equivocado e permanecerem adotando uma postura pouco consciente, sem aderir ao projeto. Do ponto de vista de estrutura física e econômica da

instituição: a) a falta ou precariedade na estrutura física, como quadra de esportes, de lazer, de recreação, piscina e outros espaços de socialização das atividades.

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b) a falta de recursos financeiros, advindos das esferas governamentais, destinados a realização desse tipo de atividade. Cientes desses e de outros problemas e desafios que

possam existir e que se colorarão como ‘pedras no caminho’ na execução de um PIPed em escolas públicas, especialmente, espera-se da equipe escolar, um planejamento estratégico, ou seja, a “arte de lidar com a incerteza, com a imprecisão e a névoa do amanhã” (MATUS, 1996, p. 11), demonstrando capacidade de gerenciar imprevistos, redefinir caminhos de execução de atividades educativas, inserindo a saúde e a tecnologia como eixos da vida sociocultural do sujeito e que, portanto, precisam ser tratados no espaço escolar.

‘Uma luz no fim do túnel’: das superações e das conquistas

Espera-se ainda, como resultados, a partir da aplicação

de um PIPed, como sugerido, que seja construída uma cultura pedagógica de uso das mídias e dos recursos tecnológicos a serviço da aprendizagem nas escolas de Educação Básica, uma vez que essas ferramentas hoje funcionam como válvulas disparadoras de ações cognitivas para a construção do conhecimento. Elas atraem a atenção dos alunos, instigando-os a interagirem. Desse modo, na medida em que as escolas buscam aproximar-se de suas múltiplas possibilidades de interação, a aprendizagem é potencializada, aliando os conteúdos curriculares obrigatórios ao gosto e ao prazer particular que os alunos têm de ‘navegar’ no mundo midiático, digital e virtual.

Essa articulação, além de promover o letramento social e tecnológico dos alunos, possibilitará a construção de um protagonismo juvenil e a construção da cidadania, tendo as TDIC como dispositivo para isso. Espera-se que haja uma sensibilização e uma tomada de consciência sobre o

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problema, a partir das páginas de redes sociais coletivas, como Instagram ou Facebook, criadas pelos alunos, a fim de divulgar campanhas sobre: gravidez na adolescência, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), drogas, saúde da criança, do adolescente, do idoso, importância da vacinação, entre outros temas na área da saúde, que potencializem as aprendizagens e envolvam o uso das TDIC. A escolha pelo recurso a ser utilizado, parte da necessidade de transformar o espaço da sala de aula em algo dinâmico, vivo e construído pela parceria entre professor e aluno, tendo as TDIC como mediadoras do saber culturalmente construído.

As estratégias didáticas precisam ser atrativas para que o conteúdo escolar, necessário de ser ensinado, consiga aproximar-se do aluno, permitindo que ele participe de sua construção. Seja qual for a atividade, estratégia ou recurso adotado pelo professor, na execução de um PIPed com a temática aqui explorada, o esperado, ao final, é que elas cumpram os propósitos de aprendizagem pretendidos com os alunos, potencializando seus espaços de voz, para que assumam uma autoria no processo em que estão envolvidos. Eles se percebam como agente da própria aprendizagem, produtores de conhecimento e disseminadores de ações na área da saúde. Cada atividade, representa um canal de diálogo e de construção compartilhada de saberes. E somente quando professor, aluno se sentirem próximos, no sentido de reconhecimento e interação, é que as condições serão favoráveis a uma aprendizagem significativa.

Essas estratégias têm reconhecido papel potencializador de aprendizagens dentro de um contexto de metodologias ativas e de sala de aula invertida, como se discute hoje (LEAL et al., 2018; CORTELAZZO et al., 2018). As maneiras como são organizadas as práticas metodológicas em sala de aula devem nortear-se por um saber específico e também pedagógico, articulado por um projeto mental que guie um fazer docente, na perspectiva de orientar o

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sujeito da aprendizagem para a aquisição de competências e habilidades que o tornem reconstrutor das diferentes imagens e mídias letradas com as quais interage. Essa perspectiva tem em vista, o efetivo ingresso do sujeito em sua cultura, referendando sua condição de letrado, tanto socialmente, quanto do ponto de vista escolar (também chamado de alfabetização ou letramento escolar), de forma reflexiva e crítica e em diferentes contextos sociais.

Dessa maneira, espera-se, tomando como referência, as orientações trazidas pelos PCN (BRASIL, 1997), pelo PSE (BRASIL, 2017) e pela BNCC (BRASIL, 2018a; 2018b), que as atividades sugeridas na elaboração e execução de um PIPed, busquem uma consonância entre as orientações dos documentos oficiais e as práticas escolares, possibilitando que a escola e toda a sua equipe estabeleçam uma aproximação no modo como tratam a temática da saúde no cotidiano, visando uma melhor educação e qualidade de vida para os sujeitos envolvidos.

A natureza geral do PIPed, no formato aqui proposto, deve ser intersetorial e interdisciplinar, por isso, espera-se que, ao final de cada ciclo de realização (trimestre ou ano), a culminância represente um momento de partilha de saberes, oportunizando que professores e alunos exponham os materiais produzidos, seja impressos, nos murais e salas de aula; ou em espaços virtuais e midiáticos, por meio das redes de comunicação online (Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp etc.), ou um blog temático, que funcione como página única e permanente, destinada a divulgar o trabalho desenvolvido. Essa última ação, pode inclusive, funcionar como mecanismo de sensibilização da gestão escolar e governamental, a fim de que invistam na permanência e no aperfeiçoamento das ações realizadas pelo projeto anualmente.

Em um estudo específico sobre os movimentos contra vacinação no Brasil, Medeiros (2019, p. 101-102) conclui, apontando medidas conciliáveis com esta proposta:

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Para que esses debates alcancem seus objetivos, sugere-se investir na capacitação dos profissionais sobre a temática, convocar a população e realizar estes encontros em escolas, salas de espera de centros de saúde, e estimular os indivíduos a buscar fontes de informação confiáveis e discutam as informações com médicos e outros profissionais de saúde, uma vez que muitas fontes de informação estão frequentemente contaminadas com informações incorretas e não científicas. Paralelamente a isso, ressalta-se a importância da população em buscar constantemente o cumprimento das leis que asseguram a vacinação gratuitamente, assim como a execução e manutenção de obras de saneamento básico e medidas preventivas e para tratamento das doenças que ocorrerem na região, resultando na qualidade de saúde do ser humano e do meio ambiente. (Grifos meus)

A esperança de lograr êxito parte justamente, pela

crença no poder transformador da educação, que começa pela tomada de consciência, como diz Freire (2000, p. 67), em sua ‘Terceira carta pedagógica’: “Se a educação sozinha, não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Ou seja, se a escola e a família, como principais instituições responsáveis por esse processo e que não convocadas a agir, não ‘arregaçarem as mangas’, no sentido de construir caminhos para a superação da ignorância e da exclusão social, o futuro próximo poderá ser um campo de destruição à raça humana.

Como forma de evitar essa catástrofe, projetos (como o sugerido neste livro), campanhas e ações mais efetivas, esperam ter como resultado, uma reorientação do comportamento dos sujeitos, tanto para o cuidado com a saúde de si, quanto do próximo, utilizando-se das mídias e tecnologias, como recursos que ajudem a disseminar e construir um conjunto de ideias (ideologias), sobre o compromisso coletivo com a educação e a saúde.

Reconhece-se que este é um trabalho constante e ininterrupto. A cada ano precisa ser (re) inventado, conforme seja avaliada a necessidade de sensibilização dos

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sujeitos público-alvo a quem se destina (principalmente, alunos e familiares), acerca de questões relacionadas à adesão de campanhas de vacinação. Esse esforço coletivo, garantirá, portanto, a articulação entre saúde, educação e tecnologias dentro dos processos de ensino e aprendizagem escolar. Com isso, a escola contribuirá para o fortalecimento e a valorização do bem-estar físico, social e mental do alunado e da comunidade em que eles se inserem.

Acredita-se, por fim, que, essa não é uma tarefa fácil e de resolução imediata, que requer atenção contínua. As palavras de Ceccim (2005, p. 165), a seguir, servem como ânimo para a renovação das energias necessárias de serem mobilizadas durante a realização das atividades:

Para produzir mudanças de práticas de gestão e de atenção, é fundamental que sejamos capazes de dialogar com as práticas e concepções vigentes, que sejamos capazes de problematizá-las – não em abstrato, mas no concreto do trabalho de cada equipe – e de construir novos pactos de convivência e práticas que aproximem os serviços de saúde dos conceitos da atenção integral, humanizada e de qualidade, da equidade e dos demais marcos dos processos de reforma do sistema brasileiro de saúde, pelo menos no nosso caso. Cresce a importância de que as práticas educativas configurem dispositivos para a análise da (s) experiência (s) locais; da organização de ações em rede/em cadeia; das possibilidades de integração entre formação, desenvolvimento docente, mudanças na gestão e nas práticas de atenção à saúde, fortalecimento da participação popular e valorização dos saberes locais.

Para finalizar essa discussão sobre os ‘resultados

esperados’ com a possível aplicação de um PIPed com o tema proposto, aponta-se que, sua proposta é, na verdade, apenas uma estrada venturosa, possível e necessária de ser trilhada em escolas da Educação Básica, no sentido de difundir uma concepção ampla e plural de saúde e tecnologias nas instituições, tendo por objetivo, uma

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melhor qualidade de vida dos alunos, dos familiares e da comunidade local.

Possíveis encaminhamentos, contribuições e desdobramentos para pesquisas e PIPed futuros

Quanto aos resultados que um PIPed com este tema

vislumbra, eles suscitam ainda algumas inquietações, no sentido de que se possa aprofundar e dar continuidade à discussão, por meio de outras pesquisas e projetos, que abordem:

(I) o impacto econômico para o MS, causado pela não adesão às campanhas de vacinação;

(II) as implicações sociais, a curto, médio e longo prazo, da não tomada de vacinas;

(III) o retrocesso no pensamento crítico e coletivo da população, em virtude que em pleno século XXI, ainda adotam comportamentos comuns aos séculos anteriores;

(IV) as relações entre fatores socioculturais, como o nível de escolaridade e a classe econômica e os comportamentos de resistência às campanhas de vacina;

(V) a ameaça de volta de doenças, controladas por meio das vacinas, no final do século passado, como a poliomielite, o sarampo, a varíola e a coqueluche;

(VI) o papel da escola diante da busca de mais alternativas para lidar com o problema das fake news no contexto social.

Além desses, outros desdobramentos de pesquisa e de PIPed devem surgir, a partir da leitura deste livro, seja ampliando ou apresentando releituras e críticas acerca das reflexões propostas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta aventada durante todo este livro, desde

suas bases de concepção teórico-metodológica às sugestões de desenvolvimento e aplicação de um PIPed em contextos escolares, partiu de uma rede de tensões e conflitos existentes no mundo pós-moderno: a disseminação de notícias falsas – fake news – comprometendo a educação das massas populares, especialmente. Educação aqui entendida, à luz de Brandão (2013), como um processo amplo que envolve diversos sujeitos, espaços, lugares e esferas de atuação, dentre elas, o campo da saúde, compreendendo-se que o sucesso nas ações e nos projetos nessa área, dependem de uma rede de educação construída coletivamente.

A proposta busca um processo dinâmico de ação-reflexão na perspectiva de desenvolvimento curricular interdisciplinar, por meio de uma abordagem contextualizada e sistêmica do conhecimento escolar, o qual não pode ser construído de forma isolada das demais produções cognitivas e culturais da humanidade, tendo em vista que, ele é antes de tudo, parte integrante historicamente dessa produção e, ao mesmo tempo, um tipo de conhecimento específico que se diferencia por suas características e produção institucionalmente situada.

Com base nesse entendimento, os objetivos explorados ao longo dessa obra, subsidiam o fortalecimento de alguns aspectos constitutivos da prática educativa escolar, a saber:

a) uma preocupação com a qualidade dos conhecimentos que a escola oferece, com vistas à formação de uma mentalidade científica, crítica e reflexiva, que permita aos alunos uma compreensão crítica e reflexiva do mundo e das possibilidades de sua

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intervenção/transformação, respeitando a inserção de diferentes grupos sociais no universo da cultura midiática e digital. b) o estreitamento da relação entre teoria e prática. O conhecimento sistematizado (teoria) e produzido a partir da prática reflexiva sobre a realidade (prática), em seus diferentes níveis de concreticidade ou abstração intelectual, no movimento contínuo, fazendo leituras diferenciadas da realidade e produzindo outra realidade prática: ou seja, a intervenção junto aos estudantes e familiares produzirá uma outra realidade. c) o respeito à diversidade, o que implica a flexibilização nos conteúdos e nas práticas curriculares, visando o atendimento escolar diferenciado, possibilitando a inclusão de pessoas, cujas diferenças são de natureza pessoais e socioculturais ou interativas, no modo como expressam suas visões de mundo, sobretudo, por meio das redes sociais. d) a instrumentação metodológica da prática educativa, permitindo que a escola busque e utilize os diversos recursos tecnológicos em duas perspectivas: para mediar o processo de ensino e aprendizagem como recurso didático à prática docente; e para desenvolver habilidades operativas, junto aos instrumentos tecnológicos socialmente presentes no cotidiano dos educandos dos mais diversos contextos da vida. Essa compreensão contribuirá para o conhecimento e

uma aproximação maior com a realidade educativa. Através da observação e da escuta atenta e cuidadosa aos sujeitos da escola, ao modo como aliam teoria e prática, é possível encontrar uma forma de realmente enxergá-la e conhecê-la como instituição responsável pela formação humana, ética,

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coerente e justa. Essa arquitetura didática parte da identificação e do reconhecimento entre os seres humanos e a mútua transformação social, que ocorre através da inteligência, dos desejos e das necessidades, inerentes à relação particular entre o sujeito com o conhecimento e o significado de aprender.

A tomada de consciência sobre suas ações e a mudança de atitude representam o grande foco. Não há dúvida de que chegando-se a esse ponto, os resultados obtidos serão positivos e despertarão a necessidade de pensar em mais propostas de intervenção, para outros problemas vivenciados na escola. Isso fica claro, quando compreendida a função e a importância de cada elemento abordado, não como uma ação isolada e pontual, mas uma ação coletiva e interligada às demais e integrada a um projeto de formação, por excelência pautada numa relação de ensino e de aprendizagem humana, que se faz pelo processo: ação – reflexão – ação (SCHÖN, 2000).

A utilização das TDIC aliadas a um trabalho pedagógico bem planejado, possibilita um avanço positivo na aprendizagem. Essas tecnologias intermediam situações de ensino, compartilhamento de informações, relações produtivas entre os sujeitos (professores e alunos), descoberta e adoção de novas formas de utilizá-las (mudança de atitude), criando assim, uma relação de diálogo entre os conteúdos dos diversos componentes curriculares.

Nesse caminho, acredita-se, inclusive, que o trabalho desenvolvido possa ser considerado até ‘de formiguinha’, pelo impacto local que assume numa dimensão global mais ampla, afetando a comunidade observada, e, sobretudo, pelos limites a que essa reflexão está sujeita. Ainda assim, espera-se que os resultados alcançados possam suscitar algumas inquietações de pesquisa-ação, no sentido de aprofundar e dar continuidade à conscientização a que ela

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se propõe, por meio da possível elaboração e execução de um PIPed. Caso seja possível apenas levantar a ponta do véu, ainda assim, será salutar para a cobertura do todo que contempla, em vista de uma melhor qualidade de vida dos sujeitos envolvidos, utilizando as tecnologias como aliadas e promovendo uma melhoria no processo educativo promovido pela escola.

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PÔRTO, Ângela; PONTE, Carlos Fidelis. Vacinas e campanhas: as imagens de uma história a ser contada. História, Ciências, Saúde: Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 10, Suplemento 2, p. 725-742, 2003. Disponível em: < http:// www.scielo.br/pdf/ hcsm/v10s2/a13v10s2.pdf >. Acesso em: 10 dez. 2018. ROJO, Roxane; BARBOSA, Jacqueline Peixoto. Hipermodernidade, multiletramentos e gêneros discursivos. São Paulo: Parábola, 2015. RIO DE JANEIRO (Cidade). Secretaria Especial de Comunicação Social. 1904 - Revolta da Vacina. A maior batalha do Rio. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro: A Secretaria, 2006. Disponível em: < http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/ 4204434/4101424/memoria16.pdf >. Acesso em: 03 dez. 2018. RISO, Brígida. A construção da escola como lugar de saúde: contributo para uma reflexão sobre as políticas de saúde escolar na sociedade portuguesa contemporânea. Educação, Sociedade & Culturas, nº 38, pp. 77-97, 2013. SACRAMENTO, Igor. A saúde numa sociedade de verdades. Reciis – Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde. 12(1): 4-8, jan.-mar., 2018. Disponível em: < https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/ view/1514/2201 >. Acesso em: 11 jun. 2019. SALAS, Paula. Cuidado com a fábrica de mentiras. Revista Nova Escola. Edição nº 312, 02 mai. 2018. SCHMIDT, Volker H. Múltiplas modernidades ou variedade da modernidade? Rev. Sociol. Polit., Curitiba, n. 28, p. 147-160, jun. 2007. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rsocp/n28/ a10n28.pdf >. Acesso em: 03 dez. 2018.

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APÊNDICE A – Instrumento de coleta de dados: roteiro de questões para a entrevista com os sujeitos da pesquisa

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ROTEIRO DE QUESTÕES PARA ENTREVISTA COM OS

ALUNOS

1) Que tipo de aparelhos ou recursos digitais e midiáticos (móveis ou não), você utiliza no dia a dia? E por qual motivo?

2) Que tipo de notícias, informações, reportagens, vídeos ou programas você costumar assistir na TV ou acessar na Internet? Quais as razões de suas preferências?

3) Você sabe o que são fake news? 3.1 (Se não) Qual o interesse em informar-se sobre o assunto? 3.2 (Se sim) Como elas funcionam na Internet? 3.3 (Se sim) Você já tomou alguma decisão importante em sua vida, tomando por base, notícias que não conhece a fonte, possivelmente fake news? 3.4 Você costuma verificar a fonte das informações que ler, assiste ou acessa?

4) Como está sua agenda de vacinação? Tem tomado todas as vacinas? Tanto para “sim”, como para “não”, justifique sua resposta.

5) Qual a importância de tomar as vacinas?

6) Como é a discussão em sua casa, a respeito do que pode, ou não, ser acessado na Internet, especialmente nas redes sociais?

7) Como é a discussão em sua casa, a respeito da importância de aderir às campanhas de vacinação?

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APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados: roteiro de questões para os questionários aplicados com os sujeitos

da pesquisa

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ROTEIRO DE QUESTÕES PARA QUESTIONÁRIO

Com os alunos (responder em sala de aula): 1) Sexo ( ) Masculino ( )Feminino

2) Faixa etária ( ) Entre 10 e 15 anos ( ) Entre 16 e 20 anos

3) Que tipo de aparelhos ou recursos digitais e midiáticos (móveis ou não) você utili za? ( ) Celular ( ) Computador ( ) Tablet ( ) Outros

4) Você é formalmente incentivado pelas informações que vem do mundo da Internet? ( ) Sim ( ) Não

5) Seus pais orientam sobre a importância do tipo de leitura ou informação que vocês têm acesso na Internet? ( ) Sim ( ) Não

6) Seus pais discutem com você sobre a importância de tomar a vacinação? ( ) Sim ( ) Não

7) Você utiliza algum tipo de recurso digital e midiático para auxiliar em seus estudos? ( ) Sim ( ) Não Qual? ___________________________________________________

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Com os pais (responder online, via Plataforma Moodle): 1) Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

2) Faixa etária ( ) Entre 30 e 40 anos ( ) Entre 40 e 50 anos ( ) Entre 50 e 60 anos

3) Nível de escolarização ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Graduação ( ) Pós-graduado

4) Que tipo de aparelhos ou recursos digitais e midiáticos (móveis ou não) você utiliza? ( ) Celular ( ) Computador ( ) Tablet ( ) Outros

5) Você se sente incentivado ou influenciado pelas informações que vem do mundo da Internet? ( ) Sim ( ) Não

6) Você discute com seus filhos sobre a importância do tipo de leitura ou informação que eles têm acesso na Internet? ( ) Sim ( ) Não

7) Você discute com seus filhos sobre a importância de tomar a vacinação? ( ) Sim ( ) Não

8) Você utiliza algum tipo de recurso digital ou midiático para auxiliar em seu trabalho ou cotidiano? ( ) Sim ( ) Não Qual? _________________________________________________

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