Fase Motora Rudimentar
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164
ffia CONCEITO-CHAVE
UNIDADE II - Primeira Infância
O domínio das habilidades motorasrudimentares da primeira infância é re-flexo do controle motor e da competên-cia motora crescentes, proporcionadospor fatores intrínsecos à tarefa, ao am-biente e ao indivíduo.
Os todos somos produtos de es-truturas genéticas específicas e da
soma total das experiências que temos
desde a concepção. Sendo assim, a crian-
ça não é uma lousa em branco, pronta a
ser moldada segundo os nossos caprichos
ou segundo um padrão preestabelecido.
As pesquisas atuais vêm tornando esse
fato perfeitamente claro. Os bebês são
capazes de processar muito mais infor-
mações do que podemos suspeitar. Eles
pensam e usam os movimentos de forma
objetiva, embora inicialmente imprecisa,
a fim de obter informações sobre seus
ambientes. Cada criança é um indivíduo
único, e nunca dois indivíduos reagirão
exatamente da mesma maneira. O am-
biente hereditário e empírico das crian-
ças e as exigências específicas das tare-
fas motoras têm efeito profundo no índi-
ce de obtenção das habilidades motoras
rudimentares da primeira infância.
É importante estudar o desenvolvimen-
to motor, começando pelas experiências
motoras precoces da primeira infância,
para compreender melhor o desenvolvi-
mento que ocorre antes de as crianças
entrarem na escola e, também para pren-_
der mais sobre o conceito desen olvimen-
tista de como os humanos aprendem a
mover-se.
A obtenção do controle sobre a muscu-
latura, o aprendizado de como lidar com
a força da gravidade e o ato de-movimen-
tar-se de maneira controlada através do
espaço são tarefas desenvolvimentistás
importantes que o bebê enfrenta. No pe-
ríodo neonatal, o movimento é nral-defi-
nido, controlado de modo deficiente, e os
reflexos são gradualmente inibidos. Esse
estágio de inibição de reflexos (ver
Figura 3.1, p.57) estende-se pela maior
parte do primeiro ano de vida do bebê.
Este, aos poucos, progride em direção a
uri movimento rudimentar controlado,
que representa uni feito monumental
com a supressão de reflexos e a integração
dos sistemas sensorial e motor em movi-
mento objetivo controlado.
A medida que os reflexos primitivos e
posturais da fase anterior começam a de-
saparecer, os centros cerebrais superio-
res assumem muitas das funções mús-
culo-esqueléticas dos centros cerebrais
inferiores. O estágio de inibição de refle-
xos, essencialmente, começa desde o nas-
cimento, quando o recém-nascido é bom-
bardeado por estímulos visuais, auditivos,
olfativos, táteis e cinéticos. A tarefa é tra-
zer ordem a esses estímulos sensoriais.
As reações reflexas iniciais são inibidas
até, aproximadamente, o primeiro aniver-
sário, quando o bebê já demonstra pro-
gresso notável, possuindo certo controle
sobre o seu movimento.
O período compreendido entre 12,e l8/
24 meses representa um período de prá-
tica e de domínio das rpu tas tarefas ru-
dimentares iniciadas no primeiro ano. O
bebê começa a controlar os seus movi-
mentos nessé período de pré-controle. i'
estágio de pré-controle situa-se apro-
ximadamente no período entre o primei-
ro e segundo aniversários. Nesse estágio,
o bebê começa a obter maior controle e
precisão no movimento. A diferenciação
e a integração dos processos sensorial e
motor tornam-se mais altamente desen-
volvidas, e os limitadores de ritmo do iní-
cio da infância ficam menos pronunciados.
CAPÍTULO 8 - I labilidades Motoras Rudimentares 165
O bebê deve ser incentivado a fazertentativas objetivas, mesmo rudimentares,de realizar inúmeras tarefas motoras. Umambiente que forneça estímulos suficien-tes através de abundância de oportunida-des e encorajamento positivo pode vir aser benéfico , pois acelera o desenvolvi-mento de tarefas rudimentares estabili-zadoras , locomotoras e manipulativas quese seguem . Uma questão , entretanto,deve ser levantada : Quais são os benefí-cios da aquisição precoce de habilidadesmotoras? A resposta torna-se cada vezmais clara e , hoje, há fortes argumentosque encorajam a aquisição precoce dehabilidades motoras por bebês em desen-volvimento normal (Nash , 1997), bemcomo por bebês com incapacidades de-senvolvimentistas (Greenspan , 1997).
ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
INFANTIL
O estudo das habilidades motoras ru-dimentares da primeira infância recebeuimpulso nas décadas de 1930 e de 1940,quando uma profusão de informação foiobtida a partir de observações de psicó-logos desenvolvimentistas. Muitos dessesestudos tornaram-se clássicos e têm re-sistido ao teste do tempo, pois seus con-troles e sua precisão são cuidadosos. Ostrabalhos de H. M. Halverson, MaryShirley, Nancy Bayley e Arnold Gesell,particularmente, são dignos de nota.
O trabalho de H. M. Halverson (1937)é provavelmente o mais abrangente so-bre a seqüência do aparecimento do com-portamento voluntário de preensão naprimeira infância . Pela análise de filmesde bebês entre 16 e 52 semanas de idade,ele descreveu três estágios distintos deabordagem em direção a,um cubo e odesenvolvimento do uso da oposição en-tre os dedos da mão e o polegar no com-portamento depreensão.
O estudo pioneiro de Mary Shirley(1931), com 25 bebês do nascimento atéa idade de 2 anos, possibilitou-lhe des-crever a progressão desenvolvimentistaseqüencial de atividades que levam à pos-tura ereta e a certo modo de caminhar.Shirley observou que cada estágio sepa-rado era uma fase fundamental no desen-volvimento e que os bebês avançavam deestágio a estágio na mesma ordem. Tam-bém observou que, embora a seqüênciafosse fixa, diferenças individuais eramexpressas por variações no ritmo de de-senvolvimento dos bebês.
Nancy Bayley (1935) conduziu um es-tudo extenso similar àquele de Shirley.Com o resultado de suas observações debebês, foi capaz de descrever uma sériede habilidades locomotoras que surgiam,progredindo desde o ato reflexo de enga-tinhar até o ato de descer um lance deescada t.sando um padrão de pés alter-nados. Baseada nessas informações, Bay-ley desenvolveu uma escala cumulativa dedesenvolvimento motor infantil que temsido largamente usada como ferramentade diagnóstico para determinar o estadode desenvolvimento de um bebê.
Arnold Gesell (1945) realizou estudosextensos sobre o desenvolvimento motorinfantil . Ele considerava a postura (istoé, a estabilidade) como a base de todas asformas de movimento. De acordo comGesell, qualquer forma de locomoção oumanipulação infantil é realmente umasérie de ajustes posturais seqüenciais in-timamente relacionados. A seqüência de---desenvolvimento--motor é-predetermina-da por fatores-biológicos inatos que apro-ximam todas as fronteiras sociais, cultu-rais, étnicas e raciais. Essa base comumde desenvolvimento motor presente nosprimeiros anos de vida fez muitos espe-cialistas levantarem a hipótese de que al-guns movimentos voluntários (particu-
166 UNIDADE II - Primeira Intáncia
larmente, os movimentos locomotores)
são filogenéticos (Eckert, 1973) e, por se
apoiarem na maturação, não estão sob um
controle desenvolvimentista voluntário
(1 lellcbrandt et al., 1961). Essa análise tem
freqüentemente levado à conclusão errô-
nea de que os bebês e, particularmente,
as crianças pequenas adquirem suas ha-
bilidades motoras aproximadamente com
a mesma idade cronológica, somente pela
ação da maturação ncural e com pouca
dependência da experiência.
CONCEITO 8. 1
A seqüência do desenvolvimento mo-
tor infantil é previsível, mas o ritmo é
variado.
A seqüência de aquisição de habilida-
des é geralmente invariável na primeira
infância e na infância, mas o ritmo de
aquisição difere de criança para criança.
Esse fato nos faz pensar que o início do
desenvolvimento motor não se deve ape-
nas à maturação neurológica, mas tam-
bém a uni sistema auto-organizado que
envolve a tarefa, o ambiente e o indiví-
duo. Assira como a fase reflexa, a matu-
ração ncural pode apenas ser um entre
muitos fatores que influenciam o ritmo
de desenvolvimento das habilidades mo-
toras rudimentares das crianças. De acor-
do cone o modelo da ampulheta de de-
senvolvimento motor, apresentado no ca-
pítulo 4, já é hora de olhar além da matu-
ração ncural como único meio de expli-
car o desenvolvimento motor infantil.
Atualmente, os pesquisadores estão exa-
minando mais de perto, da perspectiva de
sistemas dinâmicos auto-organizados, os
processos transacionais embutidos na
tarefa, rio indivíduo e nos ambientes
(Alexander et al., 1993; Newell, 1992;
Thelen et al., 1987).
Desde o nascimento, o bebê está em
constante luta para dominar o meio am-
biente e poder sobreviver nele. Nos pri-
meiros estágios de desenvolvimento, a in-
teração básica do bebê com o ambiente
ocorre pelos movimentos. O bebê deve
começar a dominar três categorias bási-
cas de movimento para sobreviver e para
interagir, de modo efetivo e eficiente, com
o inundo. Primeiramente, deve estabele-
cer e manter certa relação do corpo com
a força da gravidade, a fim de atingir unia
postura sentada ereta e tema postura em
pé ereta (estabilidade). Em segundo
lugar, a criança deve desenvolver habili-
dades básicas a fim de movimentar-se
pelo ambiente ( locomoção ). Em tercei-
ro lugar, o bebê deve desenvolver as ha-
bilidades rudimentares de alcançar, se-
gurar e soltar para fazer contatos signifi-
cativos com os objetos ( manipulação).
CONCEITO 8.2
As variações no ritmo do desenvolvi-
mento motor infantil emprestam apoio
à proposição de que o desenvolvimento
é uni processo dinâmico que se inclui
em um sistema auto-organizado mais
amplo.
As habilidades motoras rudimentares
do bebê são os blocos construtores do
desenvolvimento mais extenso das habi-
lidades motoras fundamentais no início
da infância e das habilidades motoras es-
pecializadas da infância posterior e além
dela. Essas assim chamadas habilidades
motoras rudimentares são tarefas alta-
mente envolventes para o bebê. A impor-
tância do seu desenvolvimento não pode
ser ignorada ou minimizada. A questão
que surge é esta: Os fatores ambientais
podem melhorar o desenvolvimento des-
i
CAPITULO 8 - habilidades Motoras Rudimentares
sas habilidades motoras? A resposta é um
sim não-qualificado. As habilidades mo-
toras rudimentares, não sendo suscetíveis
a modificações, não podem ser genetica-
mente determinadas. A aquisição preco-
ce realmente parece influenciar o desen-
volvimento posterior, porém mais infor-
mações quanto ao tipo, ao período de
ocorrência, ao grau e à duração desse de-
senvolvimento são imprescindíveis.
ESTABILIDADE
O bebê está em constante luta contra a
força da gravidade para atingir e manter
uma postura ereta. Estabelecer controlesobre a musculatura em oposição à gravi-
dade é um processo que obedece a uma
seqüência previsível em todos os bebês. Os
eventos que levam a urna postura em pé
ereta começam com a obtenção de con-
trole sobre a cabeça e o pescoço e conti-
nuam para baixo em direção ao tronco e
às pernas. A operação do princípio céfalo-
caudal de desenvolvimento é geralmente
aparente no progresso seqüencial do bebê,a partir da posição deitada para uma postu-
ra sentada e, finalmente , para urna pos-tura em pé ereta. A Tabela 8.1 fornece umsu vário da seqüência de desenvolvimen-
to a idade aproximada do aparecimento
de habilidades estabilizadoras rudimen-tares selecionadas.
CONCEITO 8.3
A estabilidade é a mais básica das trêscategorias de movimento porque todomovimento voluntário envolve um ele-
1 meato de estabilidade.
Controle da cabeça e do pescoço
Ao nascer, o bebê tem pouco controle dacabeça e dos músculos do pescoço. Se o
167
bebê for mantido na posição ereta pelo
tronco, a cabeça cairá para a frente. No fi-
nal do primeiro mês, o bebê ganha contro-
le sobre esses músculos e é capaz de man-
ter a cabeça ereta, quando apoiada na base
do pescoço. Além disso, o bebê deve ser ca-
paz de erguer o queixo acima do colchão
do berço, quando estiver deitado em posi-
ção de pronação. No quinto mês, o bebê
deve ser capaz de erguer a cabeça acima do
colchão do berço, quando estiver deitado
em posição de supinação.
Controle do tronco
Depois de os bebês obterem o domínioda cabeça e dos músculos do pescoço, elescomeçam a ganhar controle dos músculosdas regiões torácica e lombar do tronco. Odesenvolvimento do controle do tronco ini-cia-se por volta do segundo mês e pode serobservado quando você segura o bebê pelacintura, acima do solo, e presencia a habili-dade dele em fazer ajustes posturais neces-sários para manter a posição ereta.
No final do segundo mês, o bebê deve ser
capaz de erguer o peito acima do solo, quan-
do colocado em posição de pronação. De-
pois de o bebê conseguir erguer o peito,
ele começa a estender os joelhos para cima
e, então, estende-os para fora subitamente,
como se estivesse nadando. Isso usualmen-
te ocorre por volta do sexto mês. Outra indi-
cação de crescente controle sobre os mús-
culos do tronco é a habilidade de virar-se da
posição supina para a posição pronada. Con-
segue-se isso, geralmente, por volta do sex-
to mês, flexionando-se os quadris e esten-
dendo-se as pernas para fora, nos ângulos
corretos, em relação ao tronco. O domínio
do ato de rolar da posição de pronação para a
posição de supinação usualmente acontece
um pouco mais tarde.
Sentar-se
Sentar-se sozinho é uma realizaçãérquerequer o controle completo do tronco. 0
168 UNIDADE II - Primeira infância
bebê de 4 meses é geralmente capaz desentar-se com apoio na região lombar. Eletem controle sobre a parte superior dotronco, mas não sobre a parte inferior. Osprimeiros esforços de sentar-se sozinhocaracterizam-se por certa inclinação exa-gerada para a frente, a fim de obter acrés-cimo de apoio para a região lombar. Aospoucos, a habilidade de sentar-se eretocom limitada quantidade de apoio desen-volve-se. No sétimo mês, o bebê, em ge-ral, é capaz de sentar-se sozinho, com-pletamente sem apoio. Nessa ocasião, elejá obteve controle sobre a metade supe-rior do corpo (Figura 8.1). Ao me imotempo em que o bebê está aprendendo asentar-se sozinho, ele está desenvolven-do controle sobre os braços e as mãos.Exemplos mais minuciosos dos princí-pios céfalo-caudal e próximo-distal dedesenvolvimento em operação foramdescritos no capítulo 4.
Ficar em pé
A obtenção da postura ereta, em pé, re-presenta um marco desenvolvimentistana busca do bebê pela estabilidade. F in-dicação de que o controle sobre a mus-culatura já foi obtido até o ponto em quea força de gravidade não pode mais fixarexigências de restrições sobre o movi-mento. O bebê agora está a ponto de con-seguir a locomoção ereta (caminhar), fa-çanha celebrada pelos pais e pediatrascomo a tarefa mais espetacular de desen-volvimento motor do bebê.
As primeiras tentativas voluntárias deficar em pé ocorrem por volta do quintomês. Quando é seguro pelas axilas e co-lõcado em contato com determinada su-perfície de apoio, o bebê, voluntariamen-te, vai estender o quadril, endireitar eenrijecer os músculos das pernas e man-ter a posição ereta com apoio externo con-siderável. Por volta do nono ou décimornês, o bebê é capaz de ficar em pé, ao
lado de móveis, e de se apoiar nestes porconsiderável período de tempo. O bebê,gradualmente, começa a apoiar-se menosno objeto que lhe fornece suporte e pode,freqüentemente, ser visto testando o equi-líbrio, sem apoio, por breve instante. En-tre o 10° e o 12° mês, o bebê já consegueimpulsionar-se para ficar em pé, primei-ro de joelhos e, depois, com a impulsãodas pernas, enquanto os braços estendi-dos para cima puxam para baixo. Ficar empé sozinho por períodos extensos de tem-po, em geral, ocorre ao mesmo tempo emque andar sozinho e não aparece separa-damente na maioria dos bebês. O apare-cimento da postura em pé, ereta, normal-mente acontece em algum momento en-tre o 11° e 13° mês (Figura 8.2). Nesseponto, o bebê já obteve considerável con-trole sobre a musculatura e pode realizara difícil tarefa de erguer-se, a partir daposição deitada para a posição ereta, com-pletamente sem auxílio.
Da perspectiva desenvolvimentista, éimportante notar que os padrões de movi-mentos demonstrados por bebês e crian-ças, quando passam da posição de supinopara a posição em pé, mudam à medidaque a criança cresce (Marsala e VanSant,1998).
LOCOMOÇÃO
O movimento do bebê através ]o espa-
ço depende do aparecimento de h, bili-
dades para lidar com a força da gravida-
de. A locomoção não se desenvolve inde-
pendentemente da estabilidade, ao con-
trário, apóia-se muito nela. O bebê não
será capaz de movimentar-se livremente
até que as tarefas desenvolvimentistas
rudimentares de estabilidade sejam do-
minadas. A seguir, estão as discussões das
formas mais freqüentes de locomoção
assumidas pelo bebê, enquanto aprende
como lidar com a força da gravidade. Es-
CAPITULO 8 - Habilidades Motoras Rudimentares
TABELA 8.1
Tarefas de
estabilidade
Controle da
cabeça e do
pescoço
C, ntrole do
tronco
Sentar
Ficar de pé
SEQÜÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO E IDADE
APROXIMADA DO SURGIMENTO DE HABILIDADES
RUDIMENTARES DE ESTABILIDADE
Habilidades selecionadas
Vira para um lado
Vira para ambos os lados
Segura-se com apoio
Desencosta o queixo da superfície de contato
Bom controle em decúbito ventral
Bom controle em decúbito dorsal
Levanta cabeça e peito
Tenta virar de bruços
Rola com sucesso para ficar de bruços
Rola de bruços para a posição de decúbito
dorsal
Idade de início
aproximada
Nascimento
1a semana
1° mês
2° mês
3° mês
5° mês
2° mês
3° mês
6° mês
8° mês
Senta com apoio 3° mês
Senta com o próprio apoio 6° mês
Senta sozinho 8° mês
Fica em pé com apoio 6° mês
Apóia-se segurando com as mãos 10° mês
Puxa-se para ficar em pé com apoio 11° mês
Fica em pé sozinho 120 mês
169
sas formas de locomoção também estão padrão homolateral , o bebê pode pro-sumariadas na Tabela 8.2.
CONCEITO 8.4
O desenvolvimento das habilidades lo-comotoras rudimentares fornece aobebê o meio de explorar rapidamente omundo em expansão.
Arrastar-se
Os movimentos de arrastar-se do bebêsão as primeiras tentativas de locomoção
objetiva. O ato de arrastar-se evolui à
medida que o bebê ganha controle dos
músculos da cabeça, pescoço e tronco.
Em posição de pronação e usando um
curar alcançar um objeto à sua frente,erguendo cabeça e peito acima do solo.Ao voltar essas partes do corpo para bai-xo, os braços estendidos para fora impul-sionam as costas em direção aos pés. 1resultado desse esforço combinado é umleve movimento escorregadio para a fren-te (Figura 8.3). As pernas não são usual-mente usadas nessas precoces tentativasde arrastar-se. O ato de arrastar-se ge-ralmente aparece no bebê por volta dosexto mês, podendo também aparecer atémesmo no quarto mês.
Engatinhar
O ato de engatinhar evolui do ato dearrastar-se e, freqüentemente, desenvol-
170
a
UNIDADE II - Primeira Infância
FIGURA 8. - Três estágios da tarefa de sentar -se independentemente : ( a) terceiro mês,( b) sexto mês e (c) oitavo mês.
a
FIGURA 8.2 - Três estágios da tarefa de ficar em pé, de forma ereta: (a) 6° mês, (b) 10°mês e (c) 12° mês.
ve-se para uma forma altamente eficien-te de locomoção do bebê. Engatinhar di-fere de arrastar-se, pois, nesse ato, per-nas e braços são empregados em oposi-ção entre si. As primeiras tentativas deengatinhar do bebê caracterizam-se pormovimentos determinados de um mem-bro de cada vez. Conforme a habilidadedo bebê aumenta, os movimentos tor-nam-se sincronizados e mais rápidos. Osbebês que engatinham de modo mais efi-ciente valem-se de um padrão contra-lateral (braço direito e perna esquerda).Existem algumas evidências que sugerem
que os bebês que pularam a fase de ar-rastar-se e passaram diretamente para oato de engatinhar foram menos eficien-tes nos movimentos de engatinhar do queaqueles que experimentaram arrastar-seinicialmente. A Figura 8.4 é uma repre-sentação visual do ato de engatinhar con-tralateral.
Tem havido considerável especulaçãoquanto à importância de engatinhar nodesenvolvimento motor do bebê e quantoao método "apropriado" de engatinhar. Aorganização racional neurológica de CarlDelacato (1966) atribuiu grande importân-
CAPÍTULO 8 - 1 labilidades Motoras Rudimentares
SEQÜÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO E IDADE
TABELA 8 .2 APROXIMADA DE INÍCIO DE SURGIMENTO DE
HABILIDADES LOCOMOTORAS RUDIMENTARES
Tarefas
locomotoras
Habilidades selecionadas
Movimentos Movimentos rápidos das pernas
horizontais Arrasta-se
Engatinha
Anda em quatro apoios
Andar ereto Anda com apoio -
Anda segurando com as mãos
Anda com orientação
Anda sozinho ( mãos para o alto)
Anda sozinho ( mãos abaixadas)
cia ao ato de engatinhar apropriadamen-te e às técnicas de arrastar-se, como umestágio necessário para alcançar o domí-nio hemisférico cortical. O domínio deum lado do córtex é necessário, de acor-do com Delacato, para a organização neu-rológica apropriada. Levanta-se a hipó-tese de que urna organização com falhaslevará a problemas motores, perceptivose de linguagem, na criança e no adulto.Essa hipótese vem sendo atacada por neu-rologistas, pediatras e pesquisadores daárea de desenvolvimento infantil. Em1982 e novamente em. 1999, a AcademiaAmericana de Pediatria declarou que pro-gramas de tratamento de padronizaçãoneurológica não têm nenhum mérito es-pecial e que as alegações de seus patroci-nadores continuam sem provas (Ameri-can Academy of Pediatrics, 1982, 1999).
Postura ereta
A obtenção da locomoção ereta ou ca-minhada depende da estabilidade dobebê. Este deve, primeiro, ser capaz decontrolar o corpo em pé, antes de domi-nar as mudanças posturais dinâmicasnecessárias para a locomoção ereta. As
Idade aproximada de
início
3° mês
6° mês
9° mês
11° mês
6° mês
10° mês
11° mês
12° mês
13° mês
171
primeiras tentativas do bebê de andar de
forma independente, em geral, ocorrem
em algum ponto entre o 10° c o 15° mês e
caracterizam-se por larga base de apoio,
pés virados para fora e joelhos levemente
flexionados. Esses primeiros movimen-
tos de caminhada não são sincronizados
e fluidos. Eles são irregulares, hesitantes
e não são acompanhados por movimen-
tos recíprocos dos braços. Enquanto a
maturação do sistema nervoso central é
extremamente importante para o adven-
to da caminhada, outros fatores de orien-
tação individual, como as qualidades elás-
ticas dos músculos, as propriedades ana-
tômicas dos ossos e articulações, e a ener-
gia empregada para mover os membros
servem como um sistema interativo crí-
tico (Thelen, 1992). Fatores ambientais
adicionais, como encorajamento e assis-
tência dos pais e disponibilidade de mó-
veis à sua volta que sirvam como apoio
para as mãos, contribuem com o apare-
cimento do ato de caminhar independen-
te na criança.
Shirley (1931) identificou quatro está-
gios pelos quais o bebê passa no apren-
dizado de caminhar sem auxílio:
172 UNIDADE II - f'rimeira Infância
FIGURA 8.3 - Arrastando-se.
FIGURA 8.4 - Engatinhando.
(a) um período precoce da caminhada, no qual
pouco progresso é realizado (3/6 meses); (h)
um período de ficar em pé com ajuda (6 /10
meses); (e) um período de caminhar ampara-
do (9/12 meses); (d) um período de caminhar
sozinho (12 /15 meses).(p.18)
À medida que o bebê passa por essesestágios e progride em direção a um pa-drão maduro de caminhada, várias alte-
rações ocorrem. Primeiro, a velocidade dacaminhada aumenta e o comprimento dapassada também. Segundo, a largura dapassada aumenta, até que o ato de cami-nhar independente esteja bem-estabele-cido, e então diminui ligeiramente. Ter-ceiro, a reversão do pé gradualmente di-ininui, até que os pés estejam posiciona-dos para a frente. Quarto, o modo de an-dar ereto gradualmente firma-se, o com-
CAPÍTULO 8 - Habilidades Motoras Rudimentares
primento da passada torna-se regular eos movimentos do corpo ficam sincroni-zados. logo depois que o bebê já cami-nha independentemente, ele vai tentar ca-minhar de lado, para trás (Eckert, 1973),e na ponta dos pés (Bayley, 1935).
MANIPULAÇÃO
Da mesma forma que a estabilidade e a
locomoção , as habilidades manipulativasdo bebê evoluem ao longo de uma sériede estágios . Nesta seção, porém , apenasos aspectos mais básicos da manipulação- alcançar, segurar e soltar - vão serconsiderados . Outro ponto comum entrea dupla estabilidade /locomoção e as ha-bilidades manipulativas do bebê é queestas também podem desenvolver-se an-tes do tempo , embora sejam fortementeinfluenciadas pela maturação . A criançaapta do ponto de vista da maturação vaibeneficiar-se das primeiras oportunida-des para praticar e aperfeiçoar as habili-dades manipulativas rudimentares.
Seguem-se as três fases gerais com asquais o bebê envolve-se na aquisição dashabilidades manipulativas rudimentares.A Tabela 8.3 fornece um resumo da se-qüência de desenvolvimento e da idadeaproximada do aparecimento de habilida-des manipulativas rudimentares.
CONCEITO 8 .5
O aparecimento de habilidades mani-
pulativas rudimentares fornece ao bebê
em desenvolvimento o primeiro contato
significativo com os objetos do ambien-
te imediato.
Alcançar
Nos primeiros quatro meses, o bebê nãofaz movimentos direcionados para alcan-
173
çar objetos, embora possa observá-losatentamente e fazer movimentos de en-volvimento globular na direção geral doobjeto. Por volta do quarto mês, ele co-meça a fazer os ajustes manuais e visuaisrefinados necessários para o contato como objeto. Freqüentemente, o bebê podeser observado olhando alternadamenteum objeto e sua mão. Os movimentos sãolentos e desajeitados, envolvendo basica-mente o ombro e o cotovelo. Depois, opulso e a mão tornam-se mais diretamen-te envolvidos. No final do quinto mês, apontaria da criança está quase perfeita e,agora, ela é capaz de alcançar e fazer con-tato tátil com objetos do ambiente. Essarealização é necessária antes que a crian-ça possa realmente pegar o objeto esegurá-lo na mão.
Alguns fatores indicados como influen-ciadores da precisão do alcance infantilincluem a velocidade do movimento(Thelen, Corbetta e Spencer, 1996) e aposição do corpo do bebê quando alcan-çar um objeto (isto é, vertical, reclinadoou supino) (Savelsbergh e Kamp, 1994).
Segurar
O recém-nascido vai segurar um obje-to quando este for colocado na palma desua mão. Essa ação, entretanto, é total-mente reflexa até o quarto mês. O ato desegurar voluntariamente, porém, não seráassimilado enquanto o mecanismo sen-sório-motor não se desenvolver até o pon-to em que o alcance eficiente e o contatosignificativo possam ocorrer. Halverson(1937) identificou vários estágios no de-senvolvimento da preensão. No primeiroestágio, um bebê de 4 meses não realizanenhum esforço real voluntário para con-tato tátil com um objeto. No segundo es-tágio, o bebê de 5 meses é capaz de al-cançar e fazer contato com o objeto. Elesegura o objeto com a mão inteira, masnão firmemente. No terceiro estágio, os
174 UNIDADE II - Primeira Infância
movimentos da criança são gradualmenterefinados de modo que, por volta do sé-timo mês, a palma e os dedos estejamcoordenados. A criança ainda é incapazde usar efetivamente os dedos e o pole-gar. No quarto estágio, por volta dos 9meses de idade, a criança inicia o uso dodedo indicador no ato de segurar. Aos 10meses de idade, o ato de alcançar e o atode segurar estão coordenados em ummovimento contínuo. No quinto estágio,o uso eficiente do polegar e do dedo in-dicador entra em cena por volta dos 12meses de idade. No sexto estágio, quan-do a criança tem 14 meses de idade, ashabilidades de preensão são muito simi-lares às dos adultos. Fatores ambientaisque parecem influenciar a qualidade demovimento de segurar incluem o tama-nho, peso, a textura e a forma do objetoque está sendo segurado (Case-Smith,Bigsb_y e Clutter, 1998; Siddiqui, 1995).
A progressão desenvol imentista do
ato de alcançar e segurar é complexa.
Landreth (1958) afirmou que seis coor-
denadas componentes parecem estar en-
volvidas no desenvolvimento da preen-
são. Eckert (1987) objetivamente resu-
miu os seis atos desenvolvimentistas
nestas transições:
(1) a transição da localização visual de uni
objeto para a tentativa de alcançá - lo; (2) a tran-
sição da coordenação simples olho-mão para a
progressiva independência do esforço visual, com
sua expressão máxima em atividades como to-
car piano e digitar; (3) a transição do envolvi-
mento máximo inicial da musculatura corporal
para um envolvimento mínimo , com maior
economia de esforço; (4) a transição da ativi-
dade proxinial dos grandes músculos dos bra-
ços e dos ombros para a atividade distal dos
músculos finos dos dedos ; ( 5) a transição dos
movimentos precoces , rudimentares e abran-
gentes , na manipulação de objetos , para a pre-
cisão de controle similar à de unia pinça, com
o polegar e o dedo indicador em oposição; e
(6) a transição do alcance e da manipulação
inicial bilateral para o uso definitivo da mão
preferida . (p.122-23)
SEQÜÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO E IDADE
TABELA 8.3 APROXIMADA DE INÍCIO DE SURGIMENTO DE
HABILIDADES MANIPULATIVAS RUDIMENTARES
Tarefas Habilidades selecionadas Idade aproximada de
manipulativas início
Alcançar Alcance globular ineficaz 1° ao 30 mês
Alcance de procura definido 4° mês
Alcance controlado 6° mês
Pegar Pegadura reflexiva Nascimento
Pegadura voluntária 3° mês
Pegadura palmar com duas mãos 3° mês
Pegadura palmar com unta mão 5° mês
Pegadura de pinça 9" mês
Pegadura controlada 14" mês
Come sem ajuda 18" mês
Soltar Soltura básica 12° ao 14" mês
Soltura controlada 18" mês
CAPITULO 8 - habilidades Motoras Rudimentares
Soltar
O frenético balançar de um chocalhoé a visão mais familiar quando se obser-
va um bebê de 6 meses brincando. Tra-
ta-se de uma atividade de aprendizagem
geralmente acompanhada por sorrisos,
balbucios e diversão. Minutos mais tar-
de, todavia, o mesmo bebê pode ser ob-
servado balançando o chocalho com
frustração e raiva aparentes. A razão des-
sa abrupta mudança de humor pode vin-
cular-se ao fato de que, aos 6 meses de
idade, o bebê ainda não dominou a arte
de soltar os objetos que segura nas mãos.
A criança já conseguiu alcançar e segu-
rar a alça do chocalho, mas ainda não tem
maturidade para comandar os músculos
flexores dos dedos a fim de relaxar a
pressão deles sobre o objeto. Aprender
a encher de pedras um frasco, construir
torres com blocos, arremessar bolas e
virar as páginas de uri livro são, apa-
rentemente, exemplos simples de tenta-
tivas que a criança pequena faz para
aprender a soltar. Comparadas às tenta-
tivas anteriores de alcançar e de segu-
rar, essas ações são, de fato, avanços no-
táveis. Mais ou menos aos 14 meses de
idade, a criança já dominou os elemen-
tos rudimentares do ato de soltar os ob-
jetos da mão; aos 18 meses, possui con-
trole bem coordenado de todos os aspec-
tos de alcançar, segurar e soltar (Ilalver-
son, 1937).
À medida que o bebê domina as habi-
lidades rudimentares de alcançar, segu-
rar e soltar, as razões para o manuseio
de objetos são revistas. Em vez de sim-
plesmente tocar os objetos, senti-los ou
colocá-los na boca, a criança, agora, en-
volve-se no processo de manipulação dos
objetos para aprender mais sobre o mun-
do em que vive. A manipulação é direcio-
nada por percepções apropriadas a fim
175
de atingir objetivos significativos (Figu-ra 8.5).
O desenvolvimento das habilidades
motoras locornotoras, estabilizadoras e
manipulativas dos bebês é influenciado
tanto pela(maturação quanto pelo apren
ditado. Da inter-relação dessas duas fa-
cetas, o bebê produz e refina habilida-
des motoras rudimentares, que são es-
tágios necessários para o desenvolvimen-
to de padrões motores fundamentais e
de habilidades motoras especializadas.
PROGRAMAS ESPECIAIS PARA BEBÊS
Por muitos anos, pais, pediatras, tera-
peutas e educadores reconheceram a im-
portância de dar aos bebês um ambien-
te estimulante e enriquecedor para cres-
cerem e se desenvolverem. Isso é espe-
cialmente evidente nos bebês com de-
senvolvimento atrasado ou em risco (Ra-
mey e Ramey, 1994). Essa consciência
nos leva à aprovação, em 1986, da Lei Pú-
blica 99-457 (nos Estados Unidos) e sua
reedição na Lei Pública 105-17, em 1997,
que criava os serviços de intervençãoprecoce para bebês e crianças com de-
ficiências. Uma das estipulações dessa
ação legal é que uni plano de serviço fa-
miliar individualizado (PSFI) seja pla-
nejado por uma equipe multidisciplinar
para estruturar e avaliar a estratégia de
facilitação do desenvolvimento saudável
e reduzir ou eliminar os potenciais atra-
sos de desenvolvimento. A implementa-
ção bem-sucedida desses planos é resul-
tado da qualidade e intensidade do pro-
grama de intervenção (Ramey e Rarney,
1998). Além do mais, a fundamentação
teórica na qual as atividades de interven-
ção são baseadas deve ser bem desen-
volvida (Palmer, 1992).
Enriquecer experiências motoras é ge-ralmente a parte principal do PSFI de
176 UNIDADE II - Primeira Infância
FIGURA 8.5 - (a ) :'Mcance rudimentar, (b) preensão rudimentar e (c) liberação rudimentar.
uma criança em risco. Movimentar-se e
interagir com o ambiente são das primei-
ras maneiras com que os bebês se de-
senvolvem cognitivamente. Uma recen-
te e ímpar estratégia de intervenção pre-
coce no horizonte é a facilitação da ca-
minhada independente de bebês com
atrasos de desenvolvimento usando o
paradigma de treinamento de andador.
Baseados nos estudos teóricos de Esther
Thelen (1985, 1986), Beverly e Dále Ul-
rich propuseram urna linha de pesquisa
que resultou num procedimento que
pode facilitar o início da caminhada in-
dependente em bebês com síndrome de
Down (Ulrich e Ulrich, 1995; Ulrich,
Ulrich e Collier, 1992; Ulrich, Ulrich,
Collier e Cole, 1995). Sua técnica envol-
ve uma pequena esteira motorizada que
apóia a criança ao ficar em pé. Quando a
esteira começa a se movimentar, os be-
bês mostram um padrão de caminhada
bem coordenado e alternado, mesmo que
não sejam capazes de caminhar indepen-
dentemente. Como resultado da prática
de caminhada em sessões de esteira, os
bebês com síndrome de Down andaram
independentemente meses mais cedo
que outros bebês que não praticaram.
Essas descobertas podem ser resultado
de uma série de fatores, incluindo a for-
tificação e a estabilização do padrão de
caminhada, o aumento da força das per-
nas e a melhora dos mecanismos do cor-
po associados com equilíbrio e postura
(Ulrich e Ulrich, 1999). Enquanto ainda
'ocorre o progresso nos projetos de estei-
ra e nos procedimentos, o treinamento
com esteira representa uma estratégia de
intervenção precoce que mostra uma
grande promessa para bebês com síndro-
me de Down ou outros atrasos de desen-
volvimento.
Outro corpo de pesquisa que surgiunos últimos dez anos é a área de aumentodo desenvolvimento do cérebro ou de re-cuperação de alguma lesão cerebral coma tentativa de realização de tarefas mo-toras complexas em sessões ambiental-mente enriquecidas (Ivanco e Greenou-gh, 2000; Jones e Greenough, 1996;Jones et al.,1997; Kleim, Pipitone,Czerlanis e Greenough, 1998). Enquan-to esses estudos envolvem o uso de ra-tos como objetos de pesquisa, preparamo terreno para posteriores estudos teó-ricos e pesquisa com seres humanos.Isso representa um potencial para bonsresultados não somente com bebês, masdurante toda a vida.
CAPÍTULO 8 - Habilidades Motoras Rudimentares
CONCEITO 8.6
Os programas de estimulação do de-senvolvimento para bebês de risco têmo potencial de melhorar o desenvolvi-mento posterior.
Programas aquáticos infantis
Os programas de natação infantil são
uma atividade popular nos Estados Uni-
dos. A maior parte das comunidades pos-
suern instalações com piscinas e ofere-
cem alguma forma de atividade aquática
para bebês. Os pais matriculam seus fi-
lhos em programas de natação infantil por
motivos variados. Alguns querem tornar
seus filhos "à prova de afogamento". Ou-
tros querem que os bebês aprendam a
nadar, na crença de que esse é um perío-
do crítico para o desenvolvimento de ha-
bilidades de natação. Outros, ainda, ma-
triculam seus bebês pelo simples pra-
zer de interagir em um ambiente dife-
rente e melhorar o processo vinculador.
Embora cada urna dessas razões possa ter
o seu mérito, os programas aquáticos para
os bebês deveriam ser abordados com
cuidado.
C ONCEITO ...8.7
Os programas aquáticos infantis po-
dem ser muito benéficos em termos de
fornecimento de estímulos adicionais,
pois promovem a interação entre os pais
e a criança. Eles, porém, envolvem pe-
rigos potenciais que devem ser conhe-
cidos.
Langendorfer (1987) enfatiza que "in-
dependentemente da idade ou da habili-
dade, nenhuma pessoa é completamente
imune à água!" Os pais que procuram
177
tornar os filhos "à prova de afogamento"precisam ser alertados de que isso, lite-ralmente, não é possível e que constantevigilância é necessária quando as crian-ças estão perto da água. Langendorfermostrou, ainda, que não há evidências deque a natação infantil melhore o desem-penho posterior. A noção de um períodocrítico, estreitamente definido, paraaprender a nadar, não tem apoio nas pes-quisas disponíveis.
Outros problemas associados aos pro-
gramas de natação infantil são a hipona-
tremia (ou intoxicação aquática infantil)
e problemas de giárdia. A hiponatremiaé uma condição rara, mas grave, ativada
pelo ato de engolir quantidades excessi-
vas de água, o que reduz o nível sérico de
sódio do corpo. Os sintomas incluem le-
targia, desorientação, fraqueza, náuseas,
vômitos, convulsões, coma e morte. A
giárdia , um problema muito mais co-
mum nas aulas de natação infantil, é um
parasita intestinal que pode ser transmi-
tido entre os bebês. Esse parasita causa
diarréia prolongada e grave.
Como resultado das informações equi-vocadas sobre atividades aquáticas parabebês e os problemas potenciais, a Aca-demiaAinericana de Pediatria (2000) ofe-rece uma série de recomendações queincluem as seguintes:
- as crianças geralmente não estão su-
ficientemente desenvolvidas para lições
formais de natação até os 4 anos.
- programas aquáticos para bebês ecrianças não devem ser promovidoscomo forma de diminuir o risco de afo-gamentos.
- os pais não devem pensar que seus
filhos estão seguros na água ou livres de
afogamentos depois de participarem de
tais programas.
- sempre que bebês e crianças peque-
nas estiverem na água ou perto dela, um
178 UNIDADE II - 1'rir,,eira Infância
adulto deve estar por perto , à distância
de um braço , pronto para alcançá-los.
- todos os programas aquáticos devem
fornecer informação sobre as limitações
cognitivas e motoras de bebês e crianças,
dos riscos inerentes à água, das estraté-
gias de prevenção de afogamentos e so-bre o papel dos adultos na supervisão e
Inonitoramento das crianças na água ou
perto dela.
- hipotermia , intoxicação pela água edoenças contagiosas podem ser evitadas
seguindo as orientações médicas e não
impedem que bebês e crianças partici-pem de programas de experiência aquá-
tica apropriados.