Fast food: os seus perigos e como os reduzir

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21 de Janeiro, 2013 Autor: Teresa Batista | tbbatista Artigo escrito para a Revista Complexo Magazine | Saúde: Bem-estar e Nutrição Website pessoal: http://tbbatista.pt Fast food: os seus perigos e como os reduzir Todos nós já ouvimos falar do mal que faz à saúde consumir fast food, mas quais os seus verdadeiros riscos? Será possível fazer escolhas saudáveis num restaurante de fast food? A fast food, também conhecida como “comida de plástico” ou “comida de conveniência”, é barata, cómoda, conveniente e, para muitos de nós, sabe bem de mais e, num mundo acelerado como o dos dias de hoje, estas são qualidades que contribuem para que a fast food se torne tão presente e enraizada nas vidas de tanta gente. Contudo, nem tudo são benefícios…Pelo contrário, “o barato” pode realmente “sair caro”… Infelizmente, uma só refeição de fast food pode conter calorias, sódio e gordura suficientes para um dia inteiro ou mais e consumir fast food regularmente pode conduzir a vários problemas de saúde. Pode ser difícil resistir à tentação de comer algo rápido e barato, contudo, pode optar pelas escolhas mais saudáveis e, assim, aproveitar à mesma o preço e a conveniência dos restaurantes de fast food. Afinal, quais os riscos da “comida de plástico”? A fast food está carregada de calorias, em especial, açúcar refinado e gorduras saturadas que bloqueiam as artérias. Este tipo de comida contém também bastante sódio, proveniente do sal e de outros aditivos. Para além disto, a fast food é ainda pobre em fibras e micro nutrientes fundamentais, como vitaminas e minerais. A juntar a isto, e para piorar a situação, muita desta comida é ingerida com grandes quantidades de refrigerantes (ricos em açúcar), que muitos restaurantes servem gratuitamente como forma de incentivo. Tudo isto resulta num acumular de calorias no organismo que não são utilizadas, sendo, por isso, armazenadas sob a forma de gordura. Os problemas não ficam por aqui, pois a “comida de plástico” não se limita a oferecer -lhe uns “quilos” a mais. Eric Schlosser, jornalista, escritor e investigador americano, revela no seu livro (Fast Food Nation: The Dark Side of the All-American Meal, 2003) que a fast food é também um enorme perigo para a saúde. Se juntarmos a tudo isto a falta de exercício físico, o problema da obesidade é agravado. A maioria das pessoas que gosta de fast food não tem consciência de que a obesidade não é apenas “uma monstruosidade”, mas sim um enorme factor de risco para um alargado número de doenças mortais, como

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21 de Janeiro, 2013

Autor: Teresa Batista | tbbatista Artigo escrito para a Revista Complexo Magazine | Saúde: Bem-estar e Nutrição Website pessoal: http://tbbatista.pt

Fast food: os seus perigos e como os reduzir Todos nós já ouvimos falar do mal que faz à saúde consumir fast food, mas

quais os seus verdadeiros riscos? Será possível fazer escolhas saudáveis num

restaurante de fast food?

A fast food, também conhecida como “comida de plástico” ou “comida de conveniência”, é barata, cómoda,

conveniente e, para muitos de nós, sabe bem de mais e, num mundo acelerado como o dos dias de hoje,

estas são qualidades que contribuem para que a fast food se torne tão presente e enraizada nas vidas de

tanta gente. Contudo, nem tudo são benefícios…Pelo contrário, “o barato” pode realmente “sair caro”…

Infelizmente, uma só refeição de fast food pode conter calorias, sódio e gordura suficientes para um dia

inteiro ou mais e consumir fast food regularmente pode conduzir a vários problemas de saúde.

Pode ser difícil resistir à tentação de comer algo rápido e barato, contudo, pode optar pelas escolhas mais

saudáveis e, assim, aproveitar à mesma o preço e a conveniência dos restaurantes de fast food.

Afinal, quais os riscos da “comida de plástico”?

A fast food está carregada de calorias, em especial, açúcar refinado e gorduras saturadas que bloqueiam

as artérias. Este tipo de comida contém também bastante sódio, proveniente do sal e de outros aditivos.

Para além disto, a fast food é ainda pobre em fibras e micro nutrientes fundamentais, como vitaminas e

minerais. A juntar a isto, e para piorar a situação, muita desta comida é ingerida com grandes quantidades

de refrigerantes (ricos em açúcar), que muitos restaurantes servem gratuitamente como forma de incentivo.

Tudo isto resulta num acumular de calorias no organismo que não são utilizadas, sendo, por isso,

armazenadas sob a forma de gordura.

Os problemas não ficam por aqui, pois a “comida de plástico” não se limita a oferecer-lhe uns “quilos” a

mais. Eric Schlosser, jornalista, escritor e investigador americano, revela no seu livro (Fast Food Nation:

The Dark Side of the All-American Meal, 2003) que a fast food é também um enorme perigo para a saúde.

Se juntarmos a tudo isto a falta de exercício físico, o problema da obesidade é agravado. A maioria das

pessoas que gosta de fast food não tem consciência de que a obesidade não é apenas “uma

monstruosidade”, mas sim um enorme factor de risco para um alargado número de doenças mortais, como

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a hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, problemas cardíacos e até mesmo diversos tipos de

cancro.

Estudos científicos revelam que alimentos com elevados níveis de calorias e ricos em gordura, açúcar

refinado e sal, reconfiguram as hormonas presentes no nosso organismo de modo a desejarmos este tipo

de comida e querermos sempre mais, fazendo com que a fast food se torne viciante – isto contribui para que

se torne viciado neste tipo de comida e a consuma de modo incontrolado, mesmo tendo noção dos prejuízos

para a saúde que daí podem advir, pois quanto mais consome, mais difícil se torna optar por comida

saudável.

Apesar de alterar os hábitos alimentares e deixar de consumir fast food frequentemente não ser uma tarefa

fácil, é possível. Para começar, pode-se ir reduzindo sucessivamente a frequência com que se consome

este tipo de comida e ir comendo mais comida caseira com muitos vegetais e alimentos frescos.

Lentamente, o seu gosto mudará e o organismo responderá com nova energia. Isto não significa que tenha

que erradicar a fast food da sua alimentação, apenas que não fica dependente dela.

Morgan Spurlock, realizador do documentário “Super Size Me”,

decidiu colocar o seu próprio corpo à prova com o intuito de avaliar

a veracidade das questões associadas à fast food. Morgan iniciou

uma viagem pelos EUA, durante um mês, alimentando-se apenas

no McDonald’s (três refeições por dia). Só poderia consumir o

menu grande caso lhe fosse oferecido e também teria que comer,

pelo menos uma vez, de cada item do menu.

Antes de se iniciar a viagem, foram realizados inúmeros exames

médicos que revelaram que tudo estava perfeito com a sua saúde.

No entanto, à medida que a sua experiência foi decorrendo, o seu

estado de saúde foi sofrendo alterações drásticas. Morgan começou

a sentir dores no peito, dificuldade em respirar, a entrar em

depressão, a sofrer de insónias, com tremores e o seu fígado deixou

de funcionar. A juntar a isto, Morgan Spurlock ganhou 12 quilos.

O que se passou para que a comida provocasse este efeito?

Acontece que, para além de ser conveniente para nós, a fast food também o é para quem a produz, devido

à produção em massa e barata dos seus ingredientes. O problema é que, para nos ser conveniente,

acaba por ser sacrificada a nível do seu valor nutricional, sendo ainda adicionadas grandes quantidades

de açúcares, gorduras e sal para que as sensações proporcionadas sejam as desejadas. É, no entanto,

sabido que tais ingredientes em excesso provocam consequências. Por exemplo:

As gorduras usadas neste tipo de produtos, as chamadas gorduras saturadas, aumentam os níveis de colesterol,

provocando coágulos nas artérias e aumentando o risco de doenças coronárias;

O excesso de açúcares na “comida de plástico” é motivo de grande preocupação, não só pelo reconhecido

impacto na saúde dentária, mas também pela sua ligação direta à obesidade, às doenças cardíacas e ao cancro;

O sal em excesso é responsável pelo aumento da tensão arterial e aumenta o risco de ataques cardíacos.

A experiência de Morgan Spurlock levou-o a uma exposição constante a grandes quantidades destas

comidas de alto risco, não sendo, por isso, de estranhar os graves problemas de saúde originados. É, no

entanto, motivo de alerta a consciência de que tais problemas podem ocorrer num período de tempo tão

curto

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Tal como já foi referido acima, não se trata de excluir a fast food das nossas vidas, é apenas uma questão

de reduzir a nossa dependência desse tipo de alimentos, devendo-nos focar numa dieta saudável.

Quando é saudável comer fast food?

Raramente é saudável comer “comida de plástico”, precisamente por este tipo de comida ser baixa em

nutrição e rica em gordura, sódio e calorias. Assim sendo, o segredo é mesmo a moderação, evitando,

assim, que se torne num hábito. Para além disto, apesar de ser um desafio encontrar uma refeição saudável

e bem equilibrada na maioria dos restaurantes de fast food, há sempre escolhas mais saudáveis do que

outras.

Aprenda a fazer escolhas mais saudáveis em restaurantes de fast food

Para que se torne mais fácil fazer escolhas mais saudáveis em restaurantes de fast food, deve preparar-se

antes, consultando os guias nutricionais dos menus dos seus restaurantes preferidos para melhor avaliar

as suas opções. Pode também optar por restaurantes que incidam sobre alimentos naturais e de alta

qualidade.

Caso não tenha tempo para se preparar, o bom senso pode ajudá-lo a que a sua refeição se torne mais

saudável. Por exemplo, se escolher uma salada, convém optar por vegetais frescos e grelhados e deixar

de lado os fritos e os molhos com gordura.

Dicas para escolhas saudáveis

- Seleccione o menu cuidadosamente, prestando atenção às descrições. Pratos que sejam rotulados de “frito”,

“cremoso”, “crocante”, “gratinado”, “com molho”, entre outros, são normalmente ricos em calorias, sódio e

gorduras não saudáveis. Deve optar por pratos com carnes magras e mais vegetais.

- Beba água à refeição, pois os refrigerantes são uma enorme fonte de calorias.

- “Dispa” a sua comida. Ao escolher determinado prato, tenha em atenção aquilo que o compõe que poderá

evitar e colocar de parte. Por exemplo, peça uma sandes de frango grelhado sem maionese. Pode pedir os

molhos à parte, controlando, assim, a quantidade que consome.

- Encomenda especial. Muitos itens do menu seriam saudáveis se não fosse pela forma como eles foram

preparados. Peça para que os pratos sejam servidos sem molhos e com legumes e utilize azeite e vinagre

nas saladas. Se o alimento for frito ou cozido em azeite/manteiga, peça para que seja grelhado ou cozido

a vapor.

- Coma conscientemente. Preste atenção ao que come, saboreie, mastigue cuidadosamente e evite comer a

correr. Comer conscientemente também significa parar antes de se sentir totalmente satisfeito, na medida

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em que o organismo leva tempo a registar o que foi consumido. Comer de forma consciente permite um

maior relaxamento, contribuindo para uma melhor digestão e uma maior satisfação.

Dicas para saber o que evitar

- Porções exageradas. Prefira pequenas quantidades, pois uma refeição de fast food chega facilmente às

1000 calorias. Prefira a salada às batatas fritas e nunca opte por menus grandes. Muitas vezes uma dose

dá para duas refeições, por isso, pode optar por levar metade para casa e guardar para o jantar.

- Sal. A “comida de plástico” já tem bastante sal, por isso, não piore a situação adicionando ainda mais.

- Bacon. O bacon tem muito poucos nutrientes e é rico em gordura e calorias. Tente substituí-lo por cebola,

alface, tomate ou mostarda para adicionar sabor sem gordura.

- Buffets. É de evitar, pois existe a tendência de comer mais para garantir que consome o valor gasto. Caso

opte por um buffet, prefira as frutas frescas, saladas com azeite e vinagre, pratos grelhados e legumes

cozidos a vapor. Antes de se levantar para comer novamente, aguarde cerca de 20 minutos para se certificar

que, realmente, ainda tem fome.

Fontes:

Health Food Guide – “Fast Food Effects on Health“

Fitness – “Os perigos escondidos da Fast Food”

HelpGuide – “Healthy Fast Food”