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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 FATOR LOCACIONAL NA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA NA REGIÃO DE FRONTEIRA AGRÍCOLA [email protected] APRESENTACAO ORAL-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável ABEL CIRO MINNITI IGREJA 1 ; MARINA BRASIL ROCHA 2 ; FLÁVIA MARIA DE MELLO BLISKA 3 ; EDER PINATTI 4 ; SÔNIA SANTANA MARTINS 5 . 1,4.INSTITUTO DE ZOOTECNIA, NOVA ODESSA - SP - BRASIL; 2,5.INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, SÃO PAULO - SP - BRASIL; 3.INSTITUTO AGRONÔMICO, CAMPINAS - SP - BRASIL. FATOR LOCACIONAL NA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA NA REGIÃO DE FRONTEIRA AGRÍCOLA Grupo de Pesquisa 6: Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável RESUMO – O Método de Análise Regional Estrutural Diferencial permite isolar um componente que mede o grau de competição que uma determinada atividade exerce sobre um conjunto de atividades agropecuárias e/ou usos do solo. Quando ascendente, há avanço sobre os outros usos do solo. O outro componente da analise, o Fator Tecnológico, permite verificar em que grau as diferentes atividades crescem por meio da produtividade, deixando deste modo, de competir por áreas. Procura-se contribuir para o debate atual a respeito das possíveis pressões da pecuária de corte sobre áreas de florestas naturais nas regiões de fronteira agrícola. Com estatísticas de produção inspecionada e do rebanho, levou a efeito a decomposição da variação na produção total em quatro efeitos: a) Dimensão do Rebanho; b) Peso Médio da Carcaça; c) Taxa de Abate; e mais importante para os objetivos do trabalho d) Efeito de Localização Geográfica. O objetivo foi de verificar se nas regiões geográficas, este efeito é o principal propulsor do crescimento da produção, e se há um dinamismo que o sustenta com continuidade do desmatamento, ou se, alternativamente vem sendo atenuado, substituído pela intensificação tecnológica. Dentre as conclusões: na região Centro-Oeste houve atenuação significativa deste efeito nos anos recentes, passando o dinamismo da produção a ser comandado pelo efeito Taxa de Abate, e na região Norte, o efeito locacional, embora também atenuado, é mais acentuado dentre as regiões brasileiras, porém dividindo sua importância com o efeito Taxa de Abate, e em menor escala, com o efeito Peso Médio da Carcaça. Tais resultados permitiram concluir que, nas regiões de fronteira agrícola, a expansão da pecuária não ocorre, na mesma magnitude observada em período anteriores, por pressão sobre as matas naturais. Deve-se aduzir, esse fenômeno foi também de natureza tecnológica, mesmo diante do aumento da proporção de vacas abatidas (ciclo descendente da pecuária), porque houve ganho de peso médio da carcaça. Palavras-chave: Análise Estrutural-Diferencial; Crescimento da Produção; Pecuária de

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FATOR LOCACIONAL NA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA NA REG IÃO DE FRONTEIRA AGRÍCOLA [email protected] APRESENTACAO ORAL-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável ABEL CIRO MINNITI IGREJA1; MARINA BRASIL ROCHA2; FLÁVIA MARIA DE MELLO BLISKA 3; EDER PINATTI4; SÔNIA SANTANA MARTINS5. 1,4.INSTITUTO DE ZOOTECNIA, NOVA ODESSA - SP - BRASIL; 2,5.INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, SÃO PAULO - SP - BRASIL; 3.INSTITUTO AGRONÔMICO, CAMPINAS - SP - BRASIL.

FATOR LOCACIONAL NA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA NA REG IÃO DE

FRONTEIRA AGRÍCOLA

Grupo de Pesquisa 6: Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável

RESUMO – O Método de Análise Regional Estrutural Diferencial permite isolar um componente que mede o grau de competição que uma determinada atividade exerce sobre um conjunto de atividades agropecuárias e/ou usos do solo. Quando ascendente, há avanço sobre os outros usos do solo. O outro componente da analise, o Fator Tecnológico, permite verificar em que grau as diferentes atividades crescem por meio da produtividade, deixando deste modo, de competir por áreas. Procura-se contribuir para o debate atual a respeito das possíveis pressões da pecuária de corte sobre áreas de florestas naturais nas regiões de fronteira agrícola. Com estatísticas de produção inspecionada e do rebanho, levou a efeito a decomposição da variação na produção total em quatro efeitos: a) Dimensão do Rebanho; b) Peso Médio da Carcaça; c) Taxa de Abate; e mais importante para os objetivos do trabalho d) Efeito de Localização Geográfica. O objetivo foi de verificar se nas regiões geográficas, este efeito é o principal propulsor do crescimento da produção, e se há um dinamismo que o sustenta com continuidade do desmatamento, ou se, alternativamente vem sendo atenuado, substituído pela intensificação tecnológica. Dentre as conclusões: na região Centro-Oeste houve atenuação significativa deste efeito nos anos recentes, passando o dinamismo da produção a ser comandado pelo efeito Taxa de Abate, e na região Norte, o efeito locacional, embora também atenuado, é mais acentuado dentre as regiões brasileiras, porém dividindo sua importância com o efeito Taxa de Abate, e em menor escala, com o efeito Peso Médio da Carcaça. Tais resultados permitiram concluir que, nas regiões de fronteira agrícola, a expansão da pecuária não ocorre, na mesma magnitude observada em período anteriores, por pressão sobre as matas naturais. Deve-se aduzir, esse fenômeno foi também de natureza tecnológica, mesmo diante do aumento da proporção de vacas abatidas (ciclo descendente da pecuária), porque houve ganho de peso médio da carcaça. Palavras-chave: Análise Estrutural-Diferencial; Crescimento da Produção; Pecuária de

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Corte; Desmatamento

LOCATION FACTOR IN BEEFCATTLE PRODUCTION IN BRAZILI AN AGRICULTURAL FRONTIER

ABSTRACT – Shift-Share analysis adapted for statistical data surveyed from beef cattle sector allows to isolate a location component that is linked to the competition degree that a farming activity imposes to a set of other activities or land uses. When this location component increases, this could be interpreted as a competition capacity of advance on other crop or land uses. Another component, the Technology Factor, allows to verify in what extent different activities grow by means of productivity, setting aside competition on land use. Focusing on Location Factor helps to clarify the debate on possible pressure of beef cattle on areas occupied with rainforests, mainly in recently occupied arable land, in the agricultural frontier regions. With data from IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) the variation in beef output was decomposed in four effects: a) Herd Size Effect; b) Average Weight of Carcass; c) Slaughtering Rate and d) Location Factor. Aiming to verify the hypothesis of Location Factor to be a major growing source of beef production in agricultural frontier regions, this study has also the objective to establish possible relation with deforestation, or, alternatively, if technical intensification is another important source of growth. The main conclusion was that in Midwest region there has been attenuation of Location Factor as a source of growth, that has been decreasing importance comparing to Slaughtering Tax Effect. In Northern Region, although the Location Factor has been decreased, it is still an important source of growth, sharing with Slaughtering Tax Effect, and in a lesser extent, with Average Weight of Carcass Effect, the causes of production growth. Such results led to conclude that, in agricultural frontier regions beef cattle expansion does not occur in the same magnitude it used to be in previous periods, implying decreasing pressure on forests. It is sustained in this paper the hypothesis that these trends have also an association with variables of a technological nature, even before the evidence of increment in proportion of slaughtering of cows, because average weight of carcass has experimented discrete gains. Keywords: Beef cattle; Deforestation; Production Growth; Shift-Share Analysis. 1. INTRODUÇÃO

Entre 2002 e 2008, a produção de carne bovina inspecionada cresceu de 4,7

milhões de toneladas para 6,62 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 40,89%, o que equivale a uma taxa média próxima a 5,02% ao ano (Tabela 01). Além do razoável

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aumento no consumo interno, esse dinamismo vem sendo orientado pelo mercado externo, à medida que fatores sanitários deixam de ser obstáculos à abertura de novos mercados1, e ocorreu sobretudo após a desvalorização cambial de 1999.

A Região Norte liderou o crescimento no período, seguida da Região Nordeste. No caso da Região Nordeste, a melhoria nas condições sanitárias do rebanho fez

aumentar a fração da produção que é obtida em frigoríficos inspecionados. O Estado da Bahia responde, em larga medida, por essas mudanças nas condições de operação e pelo aumento da participação regional. As regiões Sul e Sudeste, apesar de relativamente avançadas do ponto de vista tecnológico, mostram uma perda de posição relativa, com decréscimo na participação regional da produção da carne sob inspeção (Tabela 01).

Tabela 01. Índices de Produção de Carne Bovina Inspecionada, Brasil e Regiões

geográficas (2002:100).

Ano Brasil Regiões Geográficas

Norte1 Nordeste2 Sudeste Sul Centro-Oeste3 2002 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 2003 105,91 106,51 104,00 104,01 109,78 105,98 2004 125,67 121,12 110,06 126,96 141,13 125,33 2005 135,03 142,93 121,02 128,95 160,03 132,20 2006 145,96 168,70 141,15 130,88 168,26 141,47 2007 149,20 192,24 153,84 135,83 136,04 142,67 2008 140,89 167,57 155,84 133,78 137,90 130,96

1. Exceto Estados do Amazonas, Amapá e Roraima. 2. Exceto Estado de Sergipe. 3. Exceto Distrito Federal. Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate)

A Região Centro-Oeste também vem perdendo rapidamente posição, em grande

medida devido à diminuição da participação na produção do Estado de Mato Grosso do Sul, maior produtor nacional de carne bovina, que foi prejudicado pela crise sanitária da febre aftosa de 2005, e que, além disso, apresenta significativa expansão da área de lavouras, concorrendo de modo direto com as áreas de pastagens.

No mecanismo recente de desenvolvimento da agropecuária brasileira, devem ser ressaltados a combinação de escalas crescentes de operação das atividades com índices crescentes de produtividade (IGREJA, 2001). A pecuária, ao contrário das atividades agrícolas, propiciou aumento da disponibilidade de terras aráveis, uma vez que sua expansão ocorreu sobre uma base mais ampliada do território, permitindo a inclusão de áreas mais longínquas e distantes da infra-estrutura. Daí recair sobre a pecuária a responsabilidade maior sobre o desmatamento da região de fronteira agrícola.

Em que medida a pecuária de corte também se insere na lógica recente de escalas crescentes de operação e crescimento de produtividade é um assunto que depende também análises críticas quanto às fases do ciclo da atividade e da rentabilidade regional da

1 Além de se tornar área livre da aftosa, o Brasil apresenta um forte apelo aos países consumidores, qual seja, o de produzir “boi verde”, alimentado a pasto.

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atividade (IGREJA et alii, 2004). Quando ocorre aumento dos preços, há uma tendência de retenção das matrizes, e de expansão das áreas de pastagens, com potencial aumento do desmatamento. Em fase descendente do ciclo, ocorrido nos primeiros anos da década, pode haver uma atenuação desse fenômeno, ocorrendo descarte de matrizes e disponibilidade de áreas de pastagens para outros usos. Pode ocorrer, entretanto, que mediante intensificação tecnológica, a redução do impacto sobre o desmatamento, em curso, se deva, em larga medida, em razão da modernização da atividade pecuária.

Objetivo Básico Há análises descritivas, como a proposta no presente trabalho, que permitem captar

esse dinamismo do desenvolvimento recente da agropecuária brasileira, constituindo-se em ferramentas auxiliares a técnicas sofisticadas como o sensoriamento remoto. Ou seja, procura-se esclarecer a questão básica sobre o comportamento regional da expansão da pecuária de corte e sua interrelação com o desmatamento.

Hipóteses sobre as Características Recentes do Crescimento da Pecuária de Corte e sua interface com o Desmatamento

Os estados da Região Norte, principalmente Pará e Rondônia, foram os que

apresentaram maior crescimento da participação relativa na produção da carne bovina, seguidos do Estado da Bahia (região Nordeste), Minas Gerais (Sudeste) e Mato Grosso (Centro-Oeste).

Diferentes faces da expansão podem ser caracterizadas entre os estados dessas regiões. Com a sedimentação no uso do solo das Regiões Sudeste e Nordeste, a expansão da pecuária verificada na Bahia e em Minas Gerais, pode ser atribuída à ocupação de “fronteiras internas” ainda existentes nesses estados, que implicaram ocupação de zonas de cerrados.

No Estado de Mato Grosso, a utilização do solo ainda apresenta remanejamentos acentuados, porém declinantes, e o crescimento da pecuária tende a dividir-se entre a ocupação parcial das áreas já abertas (aumento de produtividade), e, em parte, e o desmatamento.

Já na Região Norte, há ainda um grande movimento de remanejamento de áreas, que da mesma forma como ocorreu na Região Centro-Oeste tende a decrescer, à medida que se expandam as áreas de lavouras, sobretudo nas imediações de zonas mais bem-servidas de infraestrutura. Espera-se, portanto, que a expansão da pecuária ocorra mediante avanço para as áreas de matas, porém compartilhada, de modo crescente, com a intensificação dos índices técnicos, devido à presença de um crescente parque industrial de modernos frigoríficos (Tabela 01).

Com o aumento da convergência entre a produção inspecionada e a produção total, detectada em estudo de IGREJA et alii (2006), espera-se que haja fidedignidade na análise

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da dinâmica da produção a partir das estatísticas oficiais de abate do IBGE, e que compreendem os abates inspecionados.

Corroborando essas hipóteses, os índices de crescimento da produção para o Brasil

e Regiões Geográficas são apresentados na Tabela 02. Tabela 02. Participação Relativa na Produção de Carne Bovina Inspecionada das

Principais Unidades da Federação, Brasil, 1997 a 2003, (em %).

Unidade da Federação

Ano (%) 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mato Grosso 12,60 12,96 13,79 14,67 15,79 15,52 13,97 São Paulo 18,24 17,01 18,24 16,66 14,29 14,03 13,36 Mato Grosso do Sul 16,35 15,21 14,65 13,38 12,18 12,18 11,21 Goiás 9,78 10,58 10,19 9,87 9,58 9,33 10,82 Minas Gerais 6,59 7,30 6,93 7,10 8,04 8,34 9,64 Pará 6,51 6,88 6,56 7,04 7,41 7,68 7,43 Rondônia 4,33 4,23 4,04 4,61 5,44 6,58 5,94 Rio Grande do Sul 4,84 5,49 6,29 6,65 6,51 4,41 4,90 Paraná 4,67 4,42 4,69 4,87 4,62 4,21 4,22 Bahia 2,16 2,22 2,37 2,87 3,05 3,34 3,70 Tocantins 2,86 2,73 2,86 3,14 3,36 3,40 2,89 Maranhão 2,35 2,47 2,22 1,98 2,46 2,45 2,62 Pernambuco 1,68 1,53 1,23 1,18 1,19 1,30 1,34 Acre 1,10 1,03 0,79 0,78 0,89 1,39 1,33 Espírito Santo 0,92 1,03 0,92 0,85 0,88 1,01 1,28 Santa Catarina 1,03 1,03 0,87 0,98 1,02 1,00 1,20 Ceará 1,44 1,30 1,05 0,97 0,95 0,97 1,02 Alagoas 0,54 0,64 0,52 0,49 0,48 0,52 0,56 Rio de Janeiro 0,38 0,32 0,31 0,34 0,23 0,41 0,54 Piauí 0,49 0,46 0,38 0,37 0,34 0,38 0,39 Rio Grande do Norte 0,29 0,24 0,15 0,22 0,29 0,35 0,36 Paraíba 0,29 0,24 0,20 0,22 0,21 0,23 0,25 Outros 0,54 0,68 0,77 0,67 0,82 0,96 1,03 Brasil 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Dados básicos do IBGE - Pesquisa Trimestral de Abate de Animais

2. METODOLOGIA

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A metodologia de análise consiste em uma adaptação do Modelo Shift-Share ou “Estrutural-Diferencial” (PATRICK, 1975; IGREJA, 1987), e permite mensurar efeitos relevantes para o crescimento da produção da carne bovina. Considerou-se como determinantes do crescimento: variações na Dimensão do Rebanho, no Peso Médio da Carcaça, na Taxa de Desfrute e na Localização Geográfica. Pelas razões que serão esclarecidas adiante, o caráter diferencial é dado por diferenças que se obtém na produção quando a mesma é simulada com os efeitos considerados.

Para que os referidos efeitos e, particularmente o Efeito Localização Geográfica, sejam obtidos, parte-se de cinco identidades, somatórias dos i Estados, tal como estão definidas a seguir, de (1) a (5).

Q o = ΣΣΣΣΣΣΣΣ δδδδδδδδiioo .. ααααααααiioo .. GGoo .. WW iioo (1)

Q t = ΣΣΣΣΣΣΣΣ δδδδδδδδii tt .. ααααααααii tt .. GGtt .. WW ii tt (2)

QR

t = ΣΣΣΣΣΣΣΣ δδδδδδδδiioo .. ααααααααiioo .. GGtt .. WW iioo (3)

QW

t = ΣΣΣΣΣΣΣΣ δδδδδδδδiioo .. ααααααααiioo .. GGtt .. WW ii tt (4)

QD

t = ΣΣΣΣΣΣΣΣ δδδδδδδδii tt .. ααααααααiioo .. GGtt .. WW iioo (5)

Define-se ααααααααii00 -- Participação percentual do Estado i no rebanho bovino de corte do Brasil; δδδδδδδδii00 -- Taxa de desfrute do Estado i; GG00 -- Dimensão do Rebanho Bovino de Corte, Brasil, período inicial (0); GGtt -- Dimensão do Rebanho Bovino de Corte, Brasil, período final (t); WW ii00-- Peso Médio da Carcaça, Estado i, período inicial (0); WW ii tt -- Peso Médio da Carcaça, Estado i, período final (t); A identidade (1) afere a quantidade produzida no período inicial (0). A identidade (2) expressa a quantidade produzida no período final (t). A identidade (3) expressa a produção de carne bovina em uma situação hipotética

em que somente a Dimensão do Rebanho tivesse variado (como, de fato, variou) entre um período inicial (0) e um período final (t).

A identidade (4) expressa a produção da carne bovina a partir de uma situação hipotética em que, além da Dimensão do Rebanho, também o Peso Médio da Carcaça tenha variado entre (0) e (t).

Finalmente, a identidade (5) expressa a produção da carne bovina a partir de uma situação hipotética em que, além das variáveis mencionadas no parágrafo anterior, também a Taxa de Desfrute variasse entre (0) e (t) (como de fato variou).

Pode-se demonstrar que uma seqüência de diferenças compõem a variação total da produção entre (0) e (t), daí o termo Diferencial, para se referir ao modelo, a saber:

[ (3) – (1 )] + [ (4) – (3 )] + [ (5) – (4) ] + [ (2) – (5) ] = [ (2) – (1) ]

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Ou, analogamente,

)-()-()-()-()- ( 00 QQQQQQQQQQ tDtt

Wt

Dt

Rt

Wt

Rt =+++ ( 6 )

O primeiro parêntese da expressão (6) mede a contribuição da Dimensão do

Rebanho para a variação total na produção de carne bovina, entre os períodos iniciais (0) e final (t). O segundo parêntese mede a contribuição do Peso Médio da Carcaça. O terceiro afere a contribuição da Taxa de Desfrute. E, finalmente, o quarto expressa a contribuição da Localização Geográfica, a qual é objeto de análise mais acurada no presente trabalho.

Deve-se lembrar que, neste estudo, o Modelo Estrutural-Diferencial foi utilizado para toda a série de dados estatísticos, sendo, portanto, o período (0) correspondente a um determinado ano, e o período (t) ao ano subseqüente.

2.1 Dados

Utilizou-se o Modelo Estrutural-Diferencial para séries históricas do IBGE, por

meio da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, de janeiro de 1997 a junho de 2008 e da Produção Pecuária Municipal (IBGE, 2010).

Da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais, do IBGE, realizada por amostragem, foram utilizados: a) Número de Animais Enviado para Abate (Total), Estado i - Ni b) Peso dos Animais Enviados para Abate (Total), Estado i – Wi c) Dimensão do Rebanho (Total) – Gi

É possível, a partir dessas estatísticas, estabelecer nexos entre, Gi e G, Ni e Wi, com aderência à esfera produtiva, e levando em conta a dinâmica regional.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Brasil apresentou um crescimento de cerca de 96% da produção de carne bovina

inspecionada, entre 1997 e 2008, sendo que o efeito mais expressivo na contribuição para esse aumento foi a Taxa de Abate, seguido do Efeito Dimensão do Rebanho (Tabelas 03 e 04).

Tabela 03. Simulação da Produção Inspecionada, em toneladas, a partir do

Modelo Shift-Share, Brasil, período 1997-2008, Brasil, (em mil toneladas).

Ano EDR1 EPM2 ETA3 ELG4 Produção 1997 3.375,25 3.375,25 3.375,25 3.375,25 3.375,25 1998 3.411,60 3.431,75 3.332,62 3.376,20 3.426,41 1999 3.442,40 3.413,87 3.689,14 3.387,09 3.806,75 2000 3.563,90 3.439,57 3.633,45 3.388,63 3.899,81 2001 3.713,43 3.557,14 3.800,09 3.385,37 4.330,28 2002 3.933,39 3.576,48 3.920,21 3.395,27 4.699,61 2003 4.192,09 3.451,98 4.066,79 3.392,10 4.977,21

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2004 4.420,17 3.401,34 4.893,24 3.317,21 5.906,21 2005 4.496,53 3.368,45 5.321,71 3.284,92 6.345,87 2006 4.457,61 3.380,78 5.909,31 3.237,52 6.859,46 2007 4.253,24 3.465,88 6.244,32 3.174,32 7.012,01 2008 4.342,23 3.517,30 5.754,04 3.133,56 6.621,37

1 - Efeito Dimensão do Rebanho; 2 - Efeito Peso Médio das carcaças; 3 - Efeito Taxa de Abate; 4 - Efeito Localização Geográfica Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Tabela 04. Índices da Produção Inspecionada (1997: 100), Brasil, período

2002-2008.

Ano EDR1 EPM2 ETA3 ELG4 Produção

1997 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 1998 101,08 101,67 98,74 100,03 101,52 1999 101,99 101,14 109,30 100,35 112,78 2000 105,59 101,91 107,65 100,40 115,54 2001 110,02 105,39 112,59 100,30 128,30 2002 116,54 105,96 116,15 100,59 139,24 2003 124,20 102,27 120,49 100,50 147,46 2004 130,96 100,77 144,97 98,28 174,99 2005 133,22 99,80 157,67 97,32 188,01 2006 132,07 100,16 175,08 95,92 203,23 2007 126,01 102,69 185,00 94,05 207,75 2008 128,65 104,21 170,48 92,84 196,17

1 - Efeito Dimensão do Rebanho; 2 - Efeito Peso Médio das carcaças; 3 - Efeito Taxa de Abate; 4 - Efeito Localização Geográfica Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate)

O Efeito Peso Médio da carcaça foi ascendente ao longo do período, mesmo com o

significativo aumento da proporção de vacas abatidas no total de animais enviados para abate, que evoluiu de 29,22% em 197 para 36,93% em 2006, declinando para 33,27% em 2008. A influência do ganho de peso dos bois enviados para o abate pode revelar um ganho tecnológico da pecuária de corte no período (Tabela 05).

Tabela 05. Proporção de Vacas Abatidas, Índice do Peso Médio de Bois

Abatidos (1997:100), e Índice do Número de Vacas Abatidas (1997:100), Brasil, Período 1997-2008, (em percentagem)

Ano Vacas Abatidas/Abate Total

Vacas Abatidas Peso Médio Carcaça de Boi Gordo

1997 29,22 100,00 100,00

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1998 25,49 87,33 101,11 1999 26,48 102,17 101,02 2000 25,98 102,05 101,76 2001 22,70 96,23 103,80 2002 23,94 109,64 103,96 2003 31,08 154,64 103,55 2004 34,43 205,30 103,82 2005 36,58 235,65 104,95 2006 36,93 256,63 105,15 2007 34,49 242,17 105,35 2008 33,27 219,52 105,51

Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Das três regiões de expansão da pecuária de corte, duas são consideradas “de

fronteira agrícola”, e uma é região de ocupação antiga, com disponibilidade de “fronteiras internas”, disponíveis com a abertura de áreas de cerrados (Região Nordeste).

A proporção de vacas abatidas no total de animais enviados para o abate nessas regiões pode ser analisada na tabela 06. Em todas as regiões brasileiras houve significativo aumento da proporção de vacas abatidas, mas níveis mais elevados são observados nas regiões Norte e Centro-Oeste, havendo um crescimento proporcionalmente maior na Região Nordeste. (Tabela 06).

Tabela 06. Proporção de Vacas Abatidas, Regiões Norte, Centro-Oeste e

Nordeste, Período 1997-2008, (em percentagem)

Ano Norte Centro-oeste Nordeste 1997 27,75 34,02 16,54 1998 25,28 28,49 17,90 1999 24,31 29,74 18,42 2000 23,85 29,14 16,59 2001 22,59 24,69 15,76 2002 24,24 27,09 16,55 2003 28,54 36,85 20,59 2004 34,48 39,11 22,80 2005 41,02 41,20 22,80 2006 45,00 40,31 25,09 2007 46,53 34,57 26,27 2008 42,20 31,37 30,46

Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Verifica-se, portanto, que para o conjunto de animais abatidos há acentuada

interferência do aumento da proporção de vacas enviadas ao abate para as regiões Norte e Centro-Oeste , e, embora menor na Região Nordeste, seu crescimento foi acentuado nos últimos anos (Tabela 07).

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Tabela 07. Efeito Taxa de Abate, Regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste,

Período 1997-2008, (1997:100)

Ano Norte Centro-Oeste Nordeste

1997 100,00 100,00 100,00 1998 116,19 93,22 120,85 1999 129,82 117,76 126,47 2000 134,92 115,15 130,49 2001 129,00 112,02 133,72 2002 157,03 110,88 144,95 2003 150,47 114,84 149,00 2004 147,63 140,19 153,59 2005 194,96 148,94 162,86 2006 273,58 164,01 185,77 2007 373,74 166,83 200,26 2008 289,58 145,39 206,84

Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Esses números referentes à proporção de vacas abatidas (Tabela 07) contribuem

para que a taxa de abate fique distorcida, não contribuindo, em um período curto, como o analisado, para detectar avanço tecnológico da pecuária de corte. Para contornar essa distorção, analisa-se a evolução do peso médio da carcaça, tanto para o total de animais abatidos (obtido pelo Método Shift-Share), quanto para os bois enviados para abate.

O efeito do peso médio da carcaça também sofre a interferência do aumento na

proporção de vacas abatidas, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste (Tabela 08).

Tabela 08. Efeito Peso Médio da Carcaça (EPM)1, Regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, Período 1997-2008, (1997:100)

Ano Norte Centro-oeste Nordeste Brasil 1997 100,00 100,00 100,00 100,00 1998 101,08 102,36 99,86 101,67 1999 102,47 100,69 98,51 101,14 2000 105,06 101,33 101,05 101,91 2001 111,47 105,10 104,94 105,39

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2002 111,95 103,84 106,38 105,96 2003 107,28 98,95 101,71 102,27 2004 99,76 98,12 100,33 100,77 2005 94,01 96,77 99,88 99,80 2006 85,82 98,29 100,00 100,16 2007 83,88 104,02 97,14 102,69 2008 90,84 107,07 92,14 104,21

1. Obtido do Modelo Shift-Share Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Para tornar a análise mais consistente, levou-se a efeito a construção de índices de

ganhos de peso para os bois gordos enviados para o abate. Estes revelam que a Região Norte apresentou ganhos maiores, de 9,39%, entre 1997 e 2008, indicando evolução tecnológica favorável, possivelmente em decorrência da presença de um maior número de indústrias de abate e processamento de carne bovina na Região Norte, o que leva a efeito uma mudança nas relações técnicas entre os elos da cadeia produtiva (BLISKA; GUILHOTO e IGREJA, 2001) (BARROS et alii, 2002) (Tabela 09).

Tabela 09. Índices do Peso Médio da Carcaça dos Bois Gordos Enviados para

Abate, Regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, Período 1997-2008, (1997:100)

Ano Norte Centro-oeste Nordeste Brasil

1997 100,00 100,00 100,00 100,00 1998 101,69 100,38 100,97 101,11 1999 105,23 99,74 100,59 101,02 2000 107,05 100,82 103,54 101,76 2001 109,83 102,25 106,50 103,80 2002 110,02 101,42 108,20 103,96 2003 109,85 101,35 105,75 103,55 2004 109,21 102,24 105,63 103,82 2005 109,83 103,29 105,81 104,95 2006 108,68 102,81 107,24 105,15 2007 108,75 103,85 107,14 105,35 2008 109,39 104,81 105,58 105,51

1. Obtido do Modelo Shift-Share Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) O Efeito Localização Geográfica, ou Fator Locacional, atenuou-se na Região Norte

e reduziu-se no Centro-Oeste, indicando uma menor pressão substituidora sobre outros usos do solo, em especial, sobre as áreas de florestas. Na Região Nordeste esse efeito recuperou-se nos anos de 2007 e 2008, indicando provável avanço da pecuária sobre áreas dos cerrados (Tabela 10).

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Tabela 10. Efeito Localização Geográfica, Regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, Período 1997-2008, (1997:100)

Ano Norte Centro-oeste Nordeste Brasil

1997 100,00 100,00 100,00 100,00 1998 109,87 102,04 88,04 100,03 1999 117,38 102,66 86,13 100,35 2000 129,01 103,64 86,09 100,40 2001 144,84 103,09 87,76 100,30 2002 161,52 104,09 84,48 100,59 2003 175,31 105,67 82,81 100,50 2004 210,42 100,88 81,57 98,28 2005 220,35 100,64 87,36 97,32 2006 217,72 97,78 96,30 95,92 2007 192,20 96,61 110,56 94,05 2008 200,40 96,58 109,04 92,84

1. Obtido do Modelo Shift-Share Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Ainda que o Efeito Taxa de Abate possa ter sido afetado pelo aumento da

proporção de vacas abatidas, seu impacto foi menor nas Regiões Sul e Sudeste (Tabela 11). Tabela 11. Proporção de Vacas Abatidas, Regiões Sul e Sudeste e Brasil,

Período 1997-2008, (em percentagem) Ano Sul Sudeste Brasil 1997 34,04 24,57 29,22 1998 31,23 21,76 25,49 1999 28,69 23,26 26,48 2000 24,90 25,93 25,98 2001 24,16 21,80 22,70 2002 26,39 21,07 23,94 2003 32,73 27,08 31,08 2004 38,91 29,34 34,43 2005 38,87 30,75 36,58 2006 35,19 30,99 36,93

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2007 29,04 29,75 34,49 2008 31,02 31,47 33,27

Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate). Desta forma, o Efeito Taxa de Abate reflete, em conjunto com o Efeito Peso Médio

da carcaça, uma intensificação tecnológica da pecuária nas Regiões Sul e Sudeste (Tabelas 12, 13, 14 e 15).

Tabela 12. Simulação da Produção Inspecionada, em toneladas, a partir do

Modelo Shift-Share, período 1997-2008, Região Sul, (em toneladas).

Ano EDR1 EPM2 ETA3 ELG4 Produção

1997 591.825 591.825 591.825 591.825 591.825 1998 598.198 585.302 568.031 583.555 559.612 1999 603.228 592.537 571.581 569.849 561.722 2000 621.158 594.424 522.928 555.252 518.288 2001 641.029 599.313 473.743 545.831 484.442 2002 665.638 599.135 471.641 534.635 495.575 2003 692.917 594.025 517.763 514.823 544.056 2004 717.849 585.292 684.862 486.863 699.393 2005 726.891 575.453 804.238 461.967 793.076 2006 722.027 588.516 850.984 447.812 833.865 2007 697.182 608.898 693.450 450.138 674.195 2008 705.739 615.942 671.303 465.894 683.405

1 - Efeito Dimensão do Rebanho; 2 - Efeito Peso Médio das carcaças; 3 - Efeito Taxa de Abate; 4 - Efeito Localização Geográfica

Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Tabela 13. Índices dos Efeitos Dimensão do Rebanho, Peso Médio da Carcaça,

Taxa de Abate e Localização Geográfica e da Produção de Carne Inspecionada (1997: 100), Região Sul, período 1997-2008.

Ano EDR1 EPM2 ETA3 ELG4 Produção

1997 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 1998 101,08 98,90 95,98 98,60 94,56 1999 101,93 100,12 96,58 96,29 94,91 2000 104,96 100,44 88,36 93,82 87,57 2001 108,31 101,27 80,05 92,23 81,86 2002 112,47 101,24 79,69 90,34 83,74 2003 117,08 100,37 87,49 86,99 91,93 2004 121,29 98,90 115,72 82,26 118,18 2005 122,82 97,23 135,89 78,06 134,01 2006 122,00 99,44 143,79 75,67 140,90

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2007 117,80 102,88 117,17 76,06 113,92 2008 119,25 104,08 113,43 78,72 115,47

1 - Efeito Dimensão do Rebanho; 2 - Efeito Peso Médio das carcaças; 3 - Efeito Taxa de Abate; 4 - Efeito Localização Geográfica Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Tabela 14. Simulação da Produção Inspecionada, em toneladas, a partir do

Modelo Shift-Share, período 1997-2008, Região Sudeste, (em mil toneladas).

Ano EDR1 EPM2 ETA3 ELG4 Produção 1997 3.375,25 3.375,25 3.375,25 3.375,25 3.375,25 1998 3.411,60 3.431,75 3.332,62 3.376,20 3.426,41 1999 3.442,40 3.413,87 3.689,14 3.387,09 3.806,75 2000 3.563,90 3.439,57 3.633,45 3.388,63 3.899,81 2001 3.713,43 3.557,14 3.800,09 3.385,37 4.330,28 2002 3.933,39 3.576,48 3.920,21 3.395,27 4.699,61 2003 4.192,09 3.451,98 4.066,79 3.392,10 4.977,21 2004 4.420,17 3.401,34 4.893,24 3.317,21 5.906,21 2005 4.496,53 3.368,45 5.321,71 3.284,92 6.345,87 2006 4.457,61 3.380,78 5.909,31 3.237,52 6.859,46 2007 4.253,24 3.465,88 6.244,32 3.174,32 7.012,01 2008 4.342,23 3.517,30 5.754,04 3.133,56 6.621,37

1 - Efeito Dimensão do Rebanho; 2 - Efeito Peso Médio das carcaças; 3 - Efeito Taxa de Abate; 4 - Efeito Localização Geográfica Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate)

Tabela 15. Índices dos Efeitos Dimensão do Rebanho, Peso Médio da Carcaça,

Taxa de Abate e Localização Geográfica e da Produção de Carne Inspecionada (1997: 100), Região Sudeste, Período 1997-2008.

Ano EDR1 EPM2 ETA3 ELG4 Produção 1997 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 1998 101,08 101,67 98,74 100,03 101,52 1999 101,99 101,14 109,30 100,35 112,78 2000 105,59 101,91 107,65 100,40 115,54 2001 110,02 105,39 112,59 100,30 128,30 2002 116,54 105,96 116,15 100,59 139,24 2003 124,20 102,27 120,49 100,50 147,46 2004 130,96 100,77 144,97 98,28 174,99 2005 133,22 99,80 157,67 97,32 188,01 2006 132,07 100,16 175,08 95,92 203,23 2007 126,01 102,69 185,00 94,05 207,75 2008 128,65 104,21 170,48 92,84 196,17

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1 - Efeito Dimensão do Rebanho; 2 - Efeito Peso Médio das carcaças; 3 - Efeito Taxa de Abate; 4 - Efeito Localização Geográfica Fonte: IBGE (Pesquisa Trimestral de Abate) Em período recente, portanto, os indicadores obtidos para a localização geográfica

com os dados do IBGE – carne inspecionada – parecem refletir de modo adequado a dinâmica da redistribuição espacial da pecuária de corte no Brasil, com ênfase para as regiões Norte (desmatamento) e Nordeste (fronteiras agrícolas “internas”), e perda da importância da Região Centro-Oeste, alterando-se, em certo sentido, os resultados obtidos por IGREJA et alii (2005) para períodos anteriores.

Em concordância com o mesmo autor (IGREJA et alii, 2005), a pecuária de corte parece ter apresentado ganhos consideráveis de articulação entre os elos da cadeia produtiva, inclusive em regiões não tradicionais na expansão da pecuária de corte, como a Nordeste. 4. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES GERAIS

Tomando-se por base as fontes de dados estatísticos consideradas no presente trabalho (Produção Pecuária Municipal e Pesquisa Trimestral do Abate), pode-se constatar que a pecuária de corte brasileira apresentou, no período recente, uma trajetória de rápidas transformações, sobretudo a partir da segunda metade dos anos 90, período em que os fatores da competitividade mundial passaram a agir com maior intensidade sobre o setor no Brasil. Os abates inspecionados aumentaram rapidamente sua proporção em relação ao total de abates, dado o maior grau de articulação entre os elos da cadeia produtiva. Esse fenômeno se verificou em paralelo com o deslocamento espacial, tanto dos plantéis quanto da própria indústria, em favor de regiões recém-incorporadas, de início no Centro-Oeste e Norte, e mais recentemente com a incorporação das fronteiras “internas” do Nordeste.

No que concerne ao comportamento do Fator Locacional, e de sua possível relação com o desmatamento, constatou-se sua atenuação, com possível diminuição do impacto sobre as florestas nativas.

Entretanto, esse resultado deve ser analisado de forma cuidadosa, uma vez que, por razões relacionadas ao ciclo pecuário, houve acentuado aumento do descarte de fêmeas, principalmente entre 2002 e 2005, em aparente processo de redução do rebanho, e portanto, de diminuição da pressão sobre outros usos do solo, principalmente das matas naturais.

Dos dois indicadores de intensificação tecnológica, os efeitos do Peso Médio da Carcaça da Taxa de Abate tiveram sua análise prejudicada em função da fase descendente do ciclo pecuário. O Efeito Taxa de Abate foi superestimado e o Efeito Peso Médio da Carcaça foi subestimado, em razão do aumento na proporção das vacas abatidas. Construindo-se índices de ganhos de peso exclusivos para a categoria dos bois gordos, verificou-se uma evolução favorável e não desprezível, de cerca de 9%, para o Brasil, entre 1997 e 2008.

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É razoável supor, portanto, que a pecuária entrou em uma nova fase de progressos tecnológicos que possivelmente contribuem para atenuar o desmatamento.

Entretanto, será numa fase de preços ascendentes que se poderá aquilatar qual é a dimensão dessa contribuição da modernização.

A metodologia proposta neste trabalho pode ser utilizada como importante instrumento auxiliar na interpretação de dados provenientes de sensoriamento remoto, uma vez que permite cruzar informações sobre fases do ciclo da pecuária. REFERÊNCIAS BARROS, Geraldo Sant’Ana Camargo (coord.); ZEN, Sérgio de; ICHIHARA, Sílvio M.;

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BLISKA, F.M M.; GUILHOTO, J.J.M. e IGREJA, A.C.M. Participação da agropecuária e

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IGREJA, A.C.M.; BLISKA, F.M.M.; FILGUEIRAS, G.C.; MARTINS, S.S. e TIRADO,

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