Fatores Criticos de SUcesso

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Motivações e fatores críticos de sucesso para o planejamentoMotivações e fatores críticos de sucesso para o planejamentode sistemas interorganizacionais na sociedade da informaçãode sistemas interorganizacionais na sociedade da informação

Henrique Flávio Rodrigues da SilveiraHenrique Flávio Rodrigues da SilveiraDoutorando em ciência da informação (UnB). Mestre em ciênciada informação (UnB, 2001). Analista do Banco Central do Brasilcom atuação na área de planejamento e orçamento.E-mail: [email protected]

“A Internet ignora os três fundamentos do Universo:o do tempo, o do espaço e o da massa”(Arno Penzias, Prêmio Nobel de Física)

INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

Neste trabalho, foram identificados e classificados osfatores críticos de sucesso para o planejamento desistemas de informação envolvendo várias organizações,com destaque para a oferta de informações e serviçospúblicos via Internet. Também foram identificadas eclassificadas as razões que levam (ou podem vir afazê-lo) as organizações à opção por sistemasinterorganizacionais.

Para estudar a questão da motivação e dos fatores quepodem determinar o sucesso na construção de sistemasinterorganizacionais no setor público, inicialmente foirealizada uma revisão de literatura sobre sistemasinterorganizacionais e suas aplicações na Internet.A seguir, foi estudada a presença governamental naInternet e foram selecionados órgãos públicos queeventualmente poderiam participar de projetosenvolvendo sistemas interorganizacionais no setorpúblico no ambiente Internet.

Com o apoio do referencial teórico foram identificadosos fatores críticos de sucesso e as motivações para aparticipação em sistemas interorganizacionais para oambiente Internet. A partir de entrevistas dirigidas comos responsáveis pela área de planejamento de sistemasde informação dos órgãos selecionados, houve aclassificação e a análise dos dados coletados.

Percebe-se que as organizações públicas utilizam cadavez mais a Internet para oferecer serviços e prestarinformações à sociedade. A motivação para oferta deserviços e informações públicos no ciberespaço, por meiode sítios (sites), faz parte do processo de reforma doEstado, que, entre outros pressupostos, prevê a existênciade mecanismos de controle dos organismos estatais porparte da sociedade. Conforme Pereira (1997), o princípiogeral é que será preferível o mecanismo de controle quefor mais geral, mais difuso, mais automático, o que éperfeitamente compatível com os fundamentos daInternet.

Resumo

O trabalho identifica, classifica e analisa as motivações e osfatores críticos de sucesso a ser considerados no processode planejamento de sistemas interorganizacionais no setorpúblico utilizando o ambiente Internet. A conclusão registraque a decisão de implementar sistemas interorganizacionaissignifica uma quebra de paradigma, por afastar-se da formatradicional de gerenciamento de sistemas e passar a convivercom os benefícios (e riscos) do modelo colaborativo, comoutros limites e novas regras.

Palavras-chave

Governo; Cidadania; Informação; Sistemasinterorganizacionais; Fatores críticos de sucesso.

Motivations and critical success factors forplanning interorganizational systems ininformation society

Abstract

This work identifies, classifies and analyzes the motivationsand the critical success factors that should be considered inthe planning process of interorganizational systems directedto the public sector using the Internet. The conclusionregisters that the decision of implementing interorganizationalsystems means a paradigm break, since it introduces newlimits and rules, and allows the breaking of the traditional wayof systems´ administration allowing the share of benefits (andrisks) of the collaborative model.

Keywords

Government; Citizenship; Information; Interorganizationalsystems; Critical success factors.

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Henrique Flávio Rodrigues da Silveira

O Programa Sociedade da Informação, lançado em 1999,apresenta, como um dos objetivos setoriais, odesenvolvimento de sistemas para integrar e ampliarações de governo em benefício da cidadania, no novo“paradigma da sociedade da informação”.

Segundo o documento de apresentação do programa,existem três tipos de organizações públicas na Internet:

a) oferecimento apenas de informações institucionais;

b) prestação de serviços relevantes de download (cópia apartir de um computador remoto) de informações parao usuário;

c) prestação de serviços públicos em tempo real e deforma interativa com o cidadão.

Assim, as organizações públicas utilizam a Internet comoinstrumento de aproximação com a sociedade, por meioda prestação de serviços e oferta de informações, aomesmo tempo em que ampliam sua capacidadeoperacional e sua área de cobertura. O planejamento desítios na Internet, por parte das organizações públicas,deve incorporar a busca pelo interesse e necessidadesdos cidadãos, e não apenas a redução de custo portransação. Jardim (1999)* ainda ressalva que asorganizações públicas devem ir além da oferta de umsimples folder eletrônico.

A realidade, entretanto, é que os sítios governamentaisconstituem um imenso arquipélago, formado por ilhas(sítios), que, ou não se comunicam entre si, ou o fazempor meio de pontes virtuais ( links) entre as ilhas, o quepossibilita ao usuário navegar entre elas, mas, se houvera necessidade de organizar informações que estãodistribuídas, caberá ao usuário a tarefa de reunir e tentarpadronizar o conjunto de informações coletadas. Assim,prevalecem sítios com administração individualizada,que no máximo oferecem a possibilidade de acesso aoutros sítios, quando mais interessante seria uma visãode ”continente”, com sítios integrados de formatransparente para o usuário.

Para alcançar os propósitos de transparência e efetivacomunicação dos atos de governo e sua repercussão, faz-se necessária maior integração das organizações públicas,no desenvolvimento de sítios que facilitem o exercícioda cidadania. O usuário poderia acessar, a partir de um

único sítio, um conjunto de informações e serviços deorigem variada, destinados a um mesmo público, sem autilização de ligações (links) entre os sítios originais devárias organizações.

Contudo, o processo de desenvolvimento e gerência desítios cooperativos traz implicações importantes para oprocesso de concepção, desenvolvimento e gerência desistemas de informação. Questões como design,segurança, compatibilidade (hardware e software),diversidade de metodologia e de regras para publicaçãodevem ser consideradas.

Para estudar o tema dos portais cooperativos no setorpúblico – sítios com oferta de serviços e informações deorigem variada, com o propósito de atender àsnecessidades dos usuários de forma integrada –, optou-se pela delimitação da pesquisa, que enfoca o estudo dasmotivações e dos fatores críticos de sucesso para odesenvolvimento de sistemas interorganizacionais, quedarão suporte informacional aos portais cooperativos epermitirão que haja um novo tipo de presença deorganizações públicas na Internet, a de portaisinterinstitucionais com informação integrada sobre áreasespecíficas de interesse do cidadão, das organizações eda sociedade.

CONEXÃO COM A CIÊNCIA DACONEXÃO COM A CIÊNCIA DAINFORMAÇÃOINFORMAÇÃO

A ciência da informação, ciência de caráterinterdisciplinar, tem por objeto o estudo daspropriedades gerais da informação (natureza, gênesee efeitos). Assim, em pesquisas que abordam o temada informação, a ciência da informação contribui comestudos das necessidades informacionais, processos deinteração, sistemas de informação e estudo do uso dainformação.

Também contribui para o planejamento de sistemasinterorganizacionais, a partir de estudos e técnicasreferentes ao ciclo informacional (figura 1, a seguir),a ser aplicado em um contexto no qual diferentesexpectativas e culturas organizacionais irãointeragir.

Sobre a importância da ciência da informação, Vickery& Vickery (1989) afirmam que ela está identificadacom o estudo da comunicação da informação nasociedade, o que pode significar efetiva contribuiçãopara a facilitação dos processos de transferênciade informações e para a construção da cidadania.A participação de profissionais da informação também

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* JARDIM, José M. Entre o vital e o virtual: o acesso aos arquivospúblicos no Brasil, 1999. Não publicado.

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é coerente com o princípio da multi-disciplinaridade que deve reger a construçãode sistemas de informação, especialmente nocaso de sistemas interorganizacionais.

O estudo das motivações e dos fatores críticosde sucesso dos sistemas interorganizacionaisno setor público é importante, pois aexistência de tais sistemas facilitaria nãosomente o acesso dos cidadãos aos produtose serviços governamentais, mas também oentendimento sistêmico da ação do governo,passando da visão de “arquipélago” (sítioscomo ilhas) para uma visão de ”continente”(sítios integrados de forma transparente para o usuário).

Segundo Moresi (2000)*, as motivações para oplanejamento de sistemas de informação podem serclassificadas de acordo com sua natureza:

a) conceitual – o planejamento de sistemas de informaçãodecorre do exercício normal da atividade de gestão daorganização;

b) prática – o planejamento de sistemas de informaçãodecorre do reconhecimento e tentativa de resolução pelaorganização de problemas de ordem prática no seusistema de informação;

c) estratégica – o planejamento de sistemas de informaçãodecorre da procura de oportunidades pela utilização dosistema de informação e das tecnologias de informaçãoassociadas.

Os resultados esperados com o planejamento de sistemasde informação contemplam o alinhamento do sistemade informação com as necessidades da organização, aobtenção de vantagens competitivas pela utilização detecnologia da informação, o comprometimento da altadireção da organização, a previsão das necessidades dosistema de informação e o estabelecimento de políticase caminhos de desenvolvimento para a tecnologia dainformação, em um contexto de permanente sintoniacom o ambiente.

Em todo esse processo de monitoramento ambiental, asorganizações selecionam, organizam, armazenam,recuperam e distribuem informação. Sobre as formascomo as organizações utilizam a informação, Choo (1996)define três finalidades básicas:

FIGURA 1Ciclo informacionalCiclo informacional

Fonte: Adaptado do Ponjuán Duarte, 1998

a) para fundamentar o processo decisório – nesse caso,a informação atua como um redutor da incerteza;

b) para interpretar o ambiente, reduzindo a equivocação;

c) para criar conhecimento novo.

Admite-se que fatores dos ambientes físico, econômico,social e institucional, assim como os recursos humanose tecnológicos, determinam e influenciam os sistemasde informação. O processo de monitoramento ambientalpermite a identificação, entre esses fatores, daquelesconsiderados críticos para o sucesso do planejamento,desenvolvimento e gerência de sistemas de informação.Essa identificação pode ser feita com o auxílio da técnicade fatores críticos de sucesso (Rockart, 1979).

Rockart (1979), em reconhecido estudo sobre a definiçãode necessidades informacionais para altos executivos,propôs uma nova metodologia, que contemplava autilização da técnica de fatores críticos de sucesso, comodeterminante para que os sistemas de informaçõesgerenciais atendessem aos objetivos para os quais foramplanejados.

Os fatores críticos de sucesso, segundo Rockart, podemser estudados de acordo com o seu relacionamento comas áreas ou processos da organização. Alguns fatorescríticos de sucesso dizem respeito ao negócio da empresa,ao ramo de atividade em que ela atua. Outros podem seratribuídos de forma geral aos vários componentes daorganização, enquanto outros são específicos dedeterminadas unidades organizacionais.

A partir das considerações feitas sobre fatores críticosde sucesso, é reconhecida a necessidade de identificá-los em número reduzido – alguns autores sugerem não

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* MORESI, Eduardo. Gestão da informação. Brasília : Universidadede Brasília, 2000. Não publicado.

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mais que uma dezena (Stollenwerk, 2000)*, a fim de evitara dispersão que poderia ocorrer com o registro de umnúmero elevado de fatores. Porém, uma vez identificado,um fator crítico de sucesso pode ser desdobrado de formaa contemplar os diferentes processos e áreas envolvidas,observadas as relações de pertinência. A essa propriedadede desdobrar os fatores críticos de sucesso, dá-se o nomede arborescência.

A dinamicidade admitida para o conjunto de fatoresestratégicos identificados decorre dos impactosprovocados pelas mudanças nos ambientes interno eexterno da organização. Tais mudanças devem sermonitoradas e avaliadas e podem acarretar alteraçõesno conjunto de fatores críticos de sucesso, que podemsignificar inclusão, exclusão ou alterações de importância.

Sobre o assunto objeto deste trabalho – motivações efatores críticos de sucesso para o planejamento desistemas interorganizacionais no setor público utilizandoo ambiente Internet –, admite-se a existência de inúmerosaspectos que devem ser considerados para projetos esistemas do tipo em estudo. Para isso, a utilização datécnica de fator crítico de sucesso permitirá maioratenção àqueles aspectos considerados mais relevantese decisivos para o sucesso de iniciativas de sistemasinterorganizacionais.

Este trabalho encontra apoio na ciência da informaçãoe também contribui para essa área do conhecimento,por incorporar, apresentar e propor análises relativas àgestão da informação, que, conforme documentado,apóia-se cada vez mais em sistemas que envolvem maisde uma organização em sua concepção, planejamento,desenvolvimento, gerência e execução: os sistemasinterorganizacionais.

Define-se gestão da informação como sendo a aplicaçãode princípios administrativos à aquisição, organização,controle, disseminação e uso da informação para aoperacionalização efetiva de organizações de todos ostipos (Wilson, 1997). O principal objetivo da gestão dainformação é identificar e potencializar recursosinformacionais de uma organização ou empresa,ensinando-a a aprender e adaptar-se às mudançasambientais.

SISTEMAS, SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ESISTEMAS, SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ECIÊNCIA DA INFORMAÇÃOCIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Bertanlanffy (1977), em sua obra sobre a Teoria Geraldos Sistemas, define sistema como um complexo deelementos em interação, e a engenharia de sistemas comosendo o planejamento, traçado, evolução e construçãode sistemas de modo científico. Admitindo acrescente mecanização, o autor ainda registra que,independentemente da opção por considerar positivaa expansão do conhecimento ou temerário o riscode controle social, a informatização dos sistemas éum fato e por isso precisa ser estudada.

Apesar de freqüentemente identificada com a teoria desistemas, a cibernética é apenas uma parte da teoria geral,porque trata especificamente da teoria dos mecanismosde controle na tecnologia e na natureza, fundada nosconceitos de informação e retroação. Os sistemascibernéticos são um caso especial, embora importante,dos sistemas que apresentam auto-regulação, em funçãode atuarem como sistemas abertos capazes de alcançarum estado de organização “superior”, devido àinformação introduzida no sistema.

Shimizu (1994), Bio (1996) e Cornachione (1998)apresentam conceitos de “sistema” que seguem a linhatraçada por Bertanlanffy. Já o estudo de sistemas deinformação revela uma profusão de terminologia econceitos muitas vezes conflitantes entre si. Moresi(2000) apresenta as principais razões para essa situação:

a) o caráter marcadamente multidisciplinar dos sistemasde informação;

b) o pouco tempo de maturação dos sistemas deinformação como ferramenta de gestão empresarial;

c) deformações e má aplicação intencional determinologia e conceitos, por razões comerciais ou demarketing;

d) elevado número de contribuições e comunicaçõesesparsas, sem configurar escolas de pensamento.

Ein-Dor & Segev (1986), Saviani (1998), Bio (1998) eAlbertin (1999), com pequenas variações, definem sistemade informação como um sistema para a coleta,armazenamento, recuperação e processamento deinformações que é usado (ou poderia sê-lo) para a tomadade decisão. Registre-se o paralelo óbvio que se pode traçarcom o ciclo informacional, objeto de atenção daciência da informação. Os autores ainda destacam

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* STOLLENWERK, M. F. O método dos fatores críticos de sucesso esistemas de inteligência competitiva. In: CURSO DE INTELIGÊNCIACOMPETITIVA, 3., 2000, Brasília, DF. Não publicado.

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que um sistema de informação não énecessariamente automatizado, até porquesistemas de informações já existiam muitoantes da invenção do computador.

Para Buckingham (apud Moresi, 2000), umsistema de informação é um sistema quereúne, guarda, processa e facultainformação relevante para a organização,de modo que a informação esteja acessívele útil para aqueles que dela necessitam,incluindo gestores, funcionários, clientes.Assim, pode-se afirmar que é a utilidadeda informação que indicará seu valor, quedependerá do contexto em que é utilizada.A utilidade pode ser percebida, entre outros fatores, pelamelhoria da produtividade (eficiência), melhoria daqualidade na tomada de decisão, aumento nodesempenho das tarefas (eficácia) e aumento na curvade aprendizagem organizacional.

Yourdon (1990) afirma que um sistema de informaçãopode existir independentemente da presença deprocessamento eletrônico de dados e que é precisoestudar a Teoria Geral dos Sistemas para que os sistemasde informação sejam construídos de forma a atenderaos requisitos da estabilidade e confiabilidade. Buscar aessência dos sistemas é o desafio a ser vencido pelosprofissionais envolvidos com o planejamento de sistemasde informação.

Dessa forma, um sistema aberto pode tender “ativamente”para um estado de organização superior, isto é, pode passarde um estado inferior de ordem a um estado superior deordem, devido às condições do sistema e à internalizaçãoda informação. Bertanlanffy (1977) afirma que esse “estadode organização superior” acontece devido à aprendizagem,isto é, à informação introduzida no sistema.

Para Cruz (1998), tecnologia da informação é todo equalquer dispositivo que tenha a capacidade de “tratardados e/ou informação”, tanto de forma sistemática quantoesporádica, quer essa capacidade esteja aplicada no produtoou no processo. Yourdon (1990) define tecnologia dainformação como sendo o conjunto de equipamentos esuportes lógicos (hardware e software), que permitemexecutar tarefas como aquisição, transmissão,armazenamento, recuperação e exposição de dados – nestacolocação há clara analogia com o ciclo informacional.Já para Albertin (1999), tecnologia de informação é tudoaquilo com o que podemos obter, armazenar, tratar,comunicar e tornar disponível a informação.

Novamente temos uma analogia direta com o cicloinformacional. Pode-se afirmar que essa recorrência existepor causa da clara identificação do objeto de estudo daciência da informação – a informação e o trabalho coma informação – com os processos de gestão em umaorganização, que são apoiados por sistemas deinformação. Assim, a gestão da informação (aquisição,armazenamento, análise e uso) provê a estrutura para osuporte ao crescimento e desenvolvimento de umaorganização inteligente, voltada para o aprendizado, quese adapta, responde e se antecipa a exigências e novidadesdo ambiente.

Há, entretanto, cada vez mais sistemas de informaçãoque ultrapassam as fronteiras de uma organização. Sãoos sistemas interorganizacionais, conceito queestudaremos a seguir.

SISTEMAS INTERORGANIZACIONAISSISTEMAS INTERORGANIZACIONAIS

Os sistemas distribuídos, ou DDP (distributed dataprocessing), que tinham seu processamentodescentralizado dentro da organização, são os precursoresdos sistemas interorganizacionais, que incorporaramparte dos requisitos tecnológicos desenvolvidos para ossistemas distribuídos (Claver; Garcia & Gonzaléz, 2001),conforme mostra a figura 2.

Com relação a sistemas interorganizacionais, a maioriados autores pesquisados utiliza o termo para definirrelações entre duas ou mais organizações. Clarke (1992),porém, argumenta que sistemas que atendem a mais deduas organizações deveriam ser classificados como“multiorganizacionais”.

Para efeito deste estudo, entretanto, será utilizado o termoconsagrado na literatura, “sistemas interorganizacionais”,para representar os sistemas de informação que integram,

FIGURA 2De sistemas distribuídos para sistemas interorganizacionaisDe sistemas distribuídos para sistemas interorganizacionais

Fonte: adaptado de Claver, Garcia & Gonzalez, 2001.

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total ou parcialmente, os processos de negócio de duasou mais organizações. Já “sistema de informação”, aindapara o propósito deste trabalho, pode ser definido comosendo o conjunto de dados, procedimentos e canais decomunicação que permite a estruturação da informaçãopara o atendimento das necessidades dos processosdecisórios em vários níveis.

Sistemas interorganizacionais ainda se referem à infra-estrutura de computadores e telecomunicaçõesdesenvolvida, operada e/ou utilizada por duas ou maisempresas com o propósito de trocar informações queapóiam processos de negócio (Li & Williams, 1999). Asorganizações podem ser fornecedores e clientes de umamesma cadeia produtiva, parceiros estratégicos e atémesmo competidores.

Sistemas interorganizacionais podem ser classificadossob diversos aspectos. Claver, Garcia & Gonzaléz (2001)sugerem que os tipos de padrões utilizados e orelacionamento entre as organizações podem ser critériosválidos para classificação. Segundo o tipo de padrãoutilizado, os sistemas interorganizacionais podem serclassificados em dois grupos:

a) padrões abertos – adotam padrões abertos em suaoperação, seja em escala nacional ou internacional, comoo padrão Edifact para sistemas de intercâmbio eletrônicode documentos (EDI);

b) sistemas proprietários – adotam padrões particulares,desenvolvidos especificamente para determinado grupode empresas ou softwares.

Em função da crescente necessidade de intercâmbio, háresistência cada vez maior entre as organizações quantoà adoção de sistemas proprietários e também acentuadaprocura por padrões abertos, com aceitaçãointernacional, em busca de soluções que facilitem aintegração entre organizações e sistemas.

Já a classificação com base no relacionamento entre asorganizações apresenta quatro possibilidades:

a) sistemas interorganizacionais para mercadoscomplementares – nesse caso, as organizações participantesnão são competidoras entre si; oferecem serviços e produtoscomplementares e utilizam a vantagem proporcionada pelossistemas interorganizacionais para atuar no mercado. Comoexemplo, pode-se citar a associação entre hotéis, locadorase cartões de crédito, que compartilham informações sobreclientes comuns, com aumento nas possibilidades denegócio e redução de custos;

b) sistemas interorganizacionais intra-setoriais – asorganizações participantes são competidoras entre si, mashá vantagens na associação em função da racionalizaçãode custos a partir da utilização de uma infra-estruturacompartilhada de tecnologia da informação. Centraisde informações sobre créditos e os caixas automáticosutilizados por clientes de diversos bancos são exemplosnessa categoria;

c) sistemas interorganizacionais que conectam clientese fornecedores – são os casos mais freqüentes;desenvolvidos entre organizações que integram umamesma cadeia de valor em uma indústria ou ramo daindústria;

d) sistemas interorganizacionais direcionados pelosfornecedores de tecnologia da informação – umaempresa de tecnologia pode criar um novo produto eprover o arcabouço tecnológico para que seus clientespossam desenvolver seus negócios na nova plataforma.

Dependendo do tipo de informação compartilhada,Claver, Garcia & Gonzaléz (2001) destacam que épossível classificar os sistemas interorganizacionais emprimários e avançados. Primários seriam os sistemasmenos sofisticados, que apenas habilitam troca deinformações básicas entre os participantes.

Já em sistemas avançados, os participantes estãohabilitados tanto a compartilhar informações, quanto aalterar dados de outras organizações. Nesse tipo desistema, há também a possibilidade de sugeriremalterações no processo produtivo de um parceiro, emfunção de necessidades operacionais ou de mudança deestratégia de negócios.

A questão sobre a compulsoriedade na integração desistemas interorganizacionais pode levar a uma outraforma de classificação: sistemas interorganizacionais deadesão compulsória e sistemas interorganizacionais deadesão voluntária.

Claver, Garcia & Gonzaléz (2001) definem que sistemasinterorganizacionais de adesão compulsória são aquelesem que a existência do sistema funciona como umabarreira à entrada de novos competidores, indicandoque, para fazer parte daquele mercado, a adesão ao sistemainterorganizacional existente não é uma opção para aorganização. Em contrapartida, no caso dos sistemasinterorganizacionais de adesão voluntária, não hárestrição à participação no mercado pelo fato de nãofazer parte do sistema existente.

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A partir de estudo sobre as fontes de informação externa,Choo (1995) apresenta o conceito de “cadeia alimentarinformacional”, que se refere ao fato de que as váriasfontes “alimentam-se” umas das outras, formandodiversas cadeias alimentares inter-relacionadas, até chegarao consumidor final da informação.

De forma geral, sistemas interorganizacionais requeremnão apenas o desenvolvimento de infra-estrutura detecnologia apropriada, mas também o reconhecimentodo papel das empresas na cadeia produtiva e de aspectoscomo estrutura e valores.

Sistemas interorganizacionais são algumas vezesdenominados redes entre empresas (inter-firm networks)ou sistemas de informação entre empresas ( inter-firminformation systems). Segundo Li & Williams (1999),os sistemas interorganizacionais podem ser divididos emtrês categorias:

a) utilização de tecnologia proprietária por gruposfechados;

b) utilização de tecnologia aberta por grupos fechados;

c) utilização de sistemas abertos baseados em mídiasabertas como a Internet.

Os sistemas interorganizacionais do primeiro grupoapresentam como característica a existência de umainterface proprietária para um grupo de empresas. Casoalguma outra organização venha a fazer parte do grupo,terá de investir na tecnologia (hardware e software)específica que está sendo utilizada pelo grupo. A utilizaçãode sistemas interorganizacionais dessa categoria pode estarvinculada à proteção do mercado, à falta de padrões quandoo sistema foi desenvolvido, ou a necessidades de segurançanão providas por sistemas abertos.

A segunda categoria é a mais difundida e contempla ossistemas desenvolvidos em padrões e protocolos abertos.Assim como os sistemas interorganizacionais da primeiracategoria, nesse caso também os componentes do gruposão previamente conhecidos, configurando o que Li &Williams (1999) chamam de electronic alliance (aliançaeletrônica).

A terceira categoria tornou-se possível com a Internet,devido à possibilidade de conexões entre um númeronão predeterminado de parceiros: é o electronic market(mercado eletrônico). Nesse novo ambiente, hápossibilidades reduzidas de bloquear mercados a novoscompetidores, e é praticamente impossível impedir umcliente de ter acesso a novos fornecedores.

Para Crook & Kumar (1998), sistemas interorganizacionais(IOS – interorganizational systems) são sistemas deinformação desenvolvidos e utilizados por duas ou maisorganizações que trabalham em rede. Esses sistemas deinformação compartilhados, nos quais a informação écoletada, processada e distribuída, não apenas para uma,mas para várias organizações, são apoiados em intensautilização de tecnologia da informação e devem assegurareqüidade da cooperação e nos resultados, em umrelacionamento do tipo winner-to-winner (algo como“ganha-ganha”) (Claver, Garcia & Gonzaléz, 2001).

Ainda sobre a cooperação para o desenvolvimento egerência de sistemas de informação, há um campo depesquisa denominado CSCW (Computer SupportedCooperative Work), ou “trabalho cooperativo apoiadopor computador”, também chamado groupware, quetrata das necessidades tecnológicas para odesenvolvimento de trabalhos em grupo. Asferramentas de groupware devem permitir que pessoasdistribuídas geograficamente possam se comunicar ecompartilhar informações.

Um outro autor (Ciborra, 1993) considera que o conceitode groupware inclui dois elementos distintos: o group,de caráter socioorganizacional, que é uma forma detrabalho coletivo, envolvendo colaboração ecompartilhamento, e o ware, representando o artefatoou ferramenta. O group ware conecta, então, doismundos – um humano e um artificial –, e pode seconstituir importante instrumento de aprendizado etransformação, muito mais que apenas uma eficienteferramenta de coordenação.

Nesse sentido, Drucker, já em 1971, afirmava que o testede adequada utilização de tecnologia da informação virádo tempo de trabalho liberado para que os executivos edemais profissionais possam fazer relações diretas epessoais, libertando o ser humano da preocupação coma informação e lhe permitindo trabalhar com acomunicação. Nesse novo ambiente, longe de seremafastadas as interações pessoais, estas são incrementadaspelo trabalho em grupo com auxílio da rede(internetworking).

Cresce, então, a necessidade de definição eimplementação de sistemas que integrem processose informações de várias organizações. Em especialno setor público, admite-se que as tecnologias hojeexistentes podem facilitar a interação do governo coma sociedade.

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PRESENÇA GOVERNAMENTAL NAPRESENÇA GOVERNAMENTAL NAINTERNETINTERNET

No Brasil, o Programa Sociedade da Informaçãoapresenta, como um dos objetivos setoriais, odesenvolvimento de sistemas para integrar e ampliarações de governo em benefício da cidadania, no novoparadigma da sociedade da informação. Os conteúdosofertados pelos governos (federal, estadual e municipal)devem, progressivamente, facilitar o exercício dacidadania. Nesse sentido, Beniger (1986) afirma que ocontrole de qualquer sistema está relacionado aoprocessamento distribuído e ao acesso generalizado.

Além da redução de custos por transação, outros custossão alvo das atenções do governo. Segundo a AgênciaNacional de Telecomunicações (Anatel), a multiplicidadede redes de telecomunicações mantidas pelos diversosórgãos de governo, distribuídos nas diferentes esferasdos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, geramcustos que poderiam ser reduzidos se houvesse maiorintegração entre as redes.

Para além dos custos financeiros, existe a questão daracionalização e integração das ações de governo, quegera custos e desperdícios difíceis de mensurar. Seriapreciso utilizar de forma mais eficiente e de modoexemplar a infra-estrutura de telecomunicações, essencialpara que o governo desenvolva suas atividades finalísticas.

O desempenho da burocracia estatal deve ser melhoradopela otimização dos processos e diversificação dos meiospara prestação de serviços. Essa melhoria não podeacontecer sem modernas tecnologias de criar, gravar,armazenar e processar informações (Beniger, 1986). Ouseja, sem que o ciclo informacional esteja no centrodas atenções em processos de desenvolvimento da ofertade serviços e informações à sociedade, praticando, defato, o que foi definido como gestão da informação(Wilson, 1997).

Em 2000, Silveira desenvolveu um guia sobre a presençado governo brasileiro na Internet, com concentraçãono Poder Executivo federal. A partir dos levantamentosfeitos para a elaboração do guia e de contatos realizadoscom órgãos de coordenação superior, constatou-seaparente falta de controle sobre sítios governamentais einformações e serviços ofertados.

Mesmo não sendo exaustivo, o guia buscou representartodas as áreas de atuação do Poder Executivo. Foielaborada uma lista de grandes assuntos (áreas de atuaçãodo governo – agricultura, saúde, ciência, tecnologia e

outras) e realizada pesquisa para localizar sítiosrepresentativos daqueles segmentos de ação. O guiarepresenta interessante documento sobre a presença dogoverno brasileiro na Internet e poderia ser útil comoauxílio àqueles que precisam conhecer melhor o queneste trabalho foi denominado “arquipélago” formadopelas ilhas (sítios) de organizações públicas.

O próprio governo federal, reconhecendo a necessidadede maximizar sua presença na Internet, vemintensificando os esforços para organizar e disciplinar aquestão. As possibilidades de utilização da Internet paraampliar a interação do governo com a sociedade e paracombater a exclusão tecnológica, com a universalizaçãodo acesso aos serviços e informações governamentais,são objeto de estudos e pesquisas. A despeito dasdesigualdades de renda e de acesso à tecnologia e dasdificuldades orçamentárias, o governo pretende ampliara oferta de informação e serviços públicos pela Internet.

No caso do Brasil, segundo documento apresentado noseminário Using knowledge for development: Brazil –India – China Forum, realizado em Londres, de 19 a 25de março de 2001, no início de 2001 o governo já contavacom 629 serviços e 3.500 tipos de informação compossibilidade de acesso pela Internet. Já o grupo detrabalho Novas Formas Eletrônicas de Interação (2000)**

registra como diagnóstico inicial a existência de redesisoladas, a falta de padronização nos serviços e a falta decomunicação e permuta de dados entre sistemas de órgãosgovernamentais.

Essas iniciativas demonstram que o governo brasileiroestá consciente de sua responsabilidade na atuação paraincrementar presença na Internet, em um ambienteseguro, e, ao mesmo tempo, aumentar as oportunidadesde acesso às modernas tecnologias. Ainda assim, percebe-se uma visão fragmentada da ação governamental, emfunção da ausência ou pouca evidência de atuaçãobaseada em sistemas interorganizacionais.

Aspectos como cooperação, convergência e integraçãodas redes e dos sistemas de informação do governo devemser considerados para permitir uma utilização racionaldos recursos que a sociedade repassa sob a forma deimpostos e taxas. Além disso, é importante registrar osganhos potenciais que a integração pode trazer, na formade economia de escala na aquisição de produtos eserviços de tecnologia.

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* PROPOSTA de política de governo eletrônico para o Poder ExecutivoFederal. Grupo de Trabalho: Novas Formas Eletrônicas de Interação.Brasília, 20 set. 2000 (Não publicado).

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Sobre a questão orçamentária, a preocupação do governoé medir, física e financeiramente, o esforço dedicado aoincremento do acesso dos cidadãos às informações eserviços públicos. É a tentativa de mensuração doimpacto dos custos da sociedade da informação nascontas públicas. Com relação ao assunto, Suaiden (2001)registra a preocupação de que os orçamentos consignadosnão refletem um crescimento do acesso à informação,embora seja clara a preocupação com questõestecnológicas e de infra-estrutura de comunicação.

Apesar da preocupação registrada com os aspectosexterno e econômico da questão, os documentos doPrograma Sociedade da Informação reconhecem que ofundamento da ação governamental deve ser o cidadãobrasileiro e seu direito à informação. Segundo Jardim(1999), o direito à informação situa-se como um direitocivil, um direito político e um direito social.

O exercício de tal direito, entretanto, está condicionadoàs possibilidades de efetivo acesso e à capacidade deentendimento da informação, e são justamente a essescondicionantes que o Programa Sociedade da Informaçãopretende atender. É, para o Estado brasileiro, o momentode tomar decisões e implementá-las. Propiciarinformação e educação a todos os cidadãos não significa,porém, tornar o Estado onipresente e determinador dodestino das pessoas. Longe de mediar as relações entreos homens ou de guiá-los, cabe ao Estado prover, oupermitir que outros o façam, o acesso à informação.

Miranda (1977) afirma que a geração de conhecimentoacontece através dos canais do sistema educativo, por meioda transmissão da informação. Esses canais poderão serincrementados a partir da própria infra-estrutura emconstrução, como pretende o Programa Sociedade daInformação. A educação será transformada, passando deuma experiência passiva e individual para um novoprocesso interativo e coletivo (Sullivan-Trainor, 1995).

A educação, de fato, deve ter como tarefa a capacitaçãodos homens pela combinação de cidadania com liberdadena criatividade individual (Russell, 1979). Miranda (1977)afirma que a capacidade dos cidadãos de julgar eparticipar do governo também está relacionada àquantidade e à qualidade da informação à qual eles têmacesso. Mas a informação não precisa apenas ser acessadaou ter sua circulação facilitada, é preciso que ela sejapercebida e entendida, e essa capacidade somente podeser desenvolvida com processos educacionais adequados.

A participação do profissional de ciência da informaçãono processo de oferta de produtos e serviços mostra-secom crescente importância (Rosenfeld & Morville, 1998).

Os cyberians (termo usado por Rosenfeld e Morvillepara a nova geração de librarians) entendem que o novoterreno da Internet é uma nova fronteira, depois de muitotempo provendo acesso à informação impressaarmazenada em bibliotecas tradicionais. Esseconhecimento acumulado, devidamente atualizado emtermos tecnológicos, pode ser usado para resolverproblemas de informação em inúmeros contextos(Barbosa, 1998).

Em suma, o desafio a ser vencido é manter a simplicidadee, ao mesmo tempo, a funcionalidade, tendo sempre emvista que o interesse central é o atendimento dasnecessidades do cidadão, e não a promoção daorganização. É contribuir para a ampliação daparticipação nos processos decisórios do governo, paraa compreensão dos processos econômicos, sociais epolíticos, assim como seus conflitos inerentes nos níveisnacional e internacional (Somavía, 1980). Nesse processode construção de sistemas de informação, pode-se afirmarque o ambiente informacional atual já contempla asexpectativas traçadas em 1974 por Servan-Schreiber,quanto ao acesso à informação:

a) qualquer que seja o lugar em que a informação éproduzida;

b) no próprio momento em que a informação é produzida(e, conseqüentemente, influenciando os própriosacontecimentos);

c) onde quer que se encontre o consumidor dainformação;

d) qualquer que seja o momento em que se precisar dainformação;

e) qualquer que seja o tema desejado.

ESTUDO DE CASO: ORGANIZAÇÕESESTUDO DE CASO: ORGANIZAÇÕESPÚBLICAS E SISTEMASPÚBLICAS E SISTEMASINTERORGANIZACIONAISINTERORGANIZACIONAIS

Motivações e fatores críticos de sucessoMotivações e fatores críticos de sucesso

A decisão de implementar sistemas interorganizacionais,na esfera pública ou em qualquer tipo de organização,significa uma quebra de paradigma. Partindo doconceito discutido por Kuhn (1982), paradeigma(original grego) é uma forma de entender a realidade,uma forma de pensar um modelo. Assim, afastar-se daforma tradicional de gerenciamento de sistemas e sedispor a entender os benefícios (e riscos) do modelo

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colaborativo implica aceitar um novo paradigma, umnovo modelo, com outros limites e novas regras.

A resistência a mudanças, ainda segundo Kuhn, têm opapel de assegurar que o paradigma anterior não seráfacilmente abandonado, e a crise decorrente dosconflitos tem por significado exatamente o fato deindicar que é chegada a ocasião para renovarprofundamente os instrumentos e os conhecimentosexistentes (as diferenças entre paradigmas sucessivos sãoao mesmo tempo necessárias e irreconciliáveis). Ademais,a transição para um novo paradigma não é umarearticulação do velho paradigma: é preciso modificarconcepções, métodos e objetivos.

A migração para ambientes colaborativos, com aprevalência de sistemas interorganizacionais, é umamudança de paradigma e, como tal, deve ser encaradapelas organizações: com políticas e estratégias adequadasao novo ambiente, a partir de motivações claramenteidentificadas e com respaldo institucional, além de dedicarespecial atenção para os fatores críticos de sucesso, quepoderão definir os resultados na nova empreitada.

As motivações para o envolvimento de uma organizaçãono planejamento de sistemas interorganizacionais podemser resumidas em cinco grupos principais:

a) compartilhamento de informações;

b) aumento de produtividade;

c) redução de custos;

d) determinação superior, legal ou normativa;

e) incremento do relacionamento com os clientes/usuários.

As maiores preocupações das organizações com relaçãoa sistemas interorganizacionais, identificadas comofatores críticos de sucesso, são:

a) custo de desenvolvimento e manutenção;

b) segurança;

c) habilidade e/ou capacidade de cooperação com outrasorganizações;

d) efeitos na organização administrativa interna;

e) apoio da alta gerência.

PressupostosPressupostos

Para efeito da pesquisa, admite-se que as motivações eos fatores críticos de sucesso que devem serconsiderados no processo de planejamento de sistemasinterorganizacionais no setor público para o ambienteInternet correspondem àqueles anteriormenteidentificados.

Para efeito de levantamento junto às organizaçõespúblicas selecionadas, partiu-se do pressuposto geral deque todas as organizações pesquisadas registramparticipação em sistemas interorganizacionais oumanifestam intenção de participar deles, seja poriniciativa própria ou por determinação superior, legalou normativa.

Quanto aos pressupostos específicos, foram levantandosos seguintes:

a) a principal motivação para a participação em sistemasinterorganizacionais é o incremento do relacionamentocom os clientes/usuários, levando em conta o novomodelo de gestão preconizado pelo governo federal, quecoloca o usuário/cidadão como centro das atenções dasorganizações públicas;

b) a importância atr ibuída às mot ivações“compartilhamento de informações” e “aumento deprodutividade” é superior àquela atribuída à motivação“redução de custos”, refletindo a consciência dasorganizações pesquisadas de que não devem seenvolver com sistemas interorganizacionais apenas poruma questão de redução de custos, e sim em funçãoda expectativa de melhoria dos processos e dosresultados;

c) o principal fator crítico de sucesso para oplanejamento de sistemas interorganizacionais é asegurança, tendo em vista a preocupação que asorganizações têm com o sigilo e a preservação dosdados sob suas responsabilidades, inclusive pordeterminação legal;

d) a importância atribuída aos fatores críticos desucesso “habilidade e/ou capacidade de cooperaçãoc o m o u t r a s o r g a n i z a ç õ e s” e “ c u s t o d edesenvolvimento e manutenção” é superior àquelaatribuída ao fator crítico “efeitos na reorganizaçãoadministrativa interna”, o que indica que aimplantação de mudanças administrat ivaseventualmente necessárias a partir da utilização de

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sistemas interorganizacionais não trazdificuldades maiores que a falta dearticulação ou de recursos para oprojeto.

MetodologiaMetodologia

Para coletar os dados e comprovar ospressupostos, optou-se pela aplicação deentrevistas junto a órgãos públicos comárea de atuação relacionada com temasde interesse do Banco Central evinculação hierárquica ao Ministério daFazenda, em função do relacionamentoinstitucional do autor da pesquisa como Banco Central do Brasil, vinculadoàquela pasta.

Quatorze órgãos foram selecionados, dosquais doze (86%) responderam àsquestões sobre a participação e apercepção das organizações em relaçãoa sistemas interorganizacionais.Cumprindo o que estava dispostoquando da coleta dos dados, as respostasforam agrupadas, de forma a tratar osdados sempre em bloco.

A primeira questão dirigida aosórgãos pesquisados indagou sobre oenvolvimento da organização emrelação a sistemas interorganizacionais.Os resultados encontram-se natabela 1.

Para efeito de verificação junto aosórgãos públicos selecionados e porrazões de clareza e concisão, asmotivações para o envolvimento deuma organização no planejamento desistemas interorganizacionais foramsintet izadas em cinco gruposprincipais. Nesse item, os resultadosestão apurados na tabela 2.

Foram classificados, também, os fatores críticos desucesso identificados com maior recorrência dereferências na literatura. O resultado encontra-se natabela 3.

TABELA 1Envolvimento organizacional em sistemasEnvolvimento organizacional em sistemasinterorganizacionaisinterorganizacionais

Qual o envolvimento da organização com sistemasinterorganizacionais?Atenção: as opções (a) e (b) não são excludentes

a) é patrocinadora de um ou mais sistemas ou projetos de sistemas(responsável pelo desenvolvimento ou pela iniciativa dedesenvolvimento)b) é participante de um ou mais sistemas ou projetos de sistema(integra o conjunto de organizações participantes de um sistemadesenvolvido ou patrocinado por outra organização)c) não é patrocinadora ou participante de sistemas ou projetos desistemas, mas há planos de participar de projetos de sistemasinterorganizacionais ou de participar de sistemas já existentesd) não é patrocinadora ou participante de sistemas ou projetos desistemas, e não há planos de participar de projetos de sistemasinterorganizacionais ou de participar de sistemas já existentes

Quantidadede respostas

3(25%)

10(83%)

2(17%)

0(0%)

TABELA 2Motivação para a participação em sistemas interorganizacionaisMotivação para a participação em sistemas interorganizacionais

Classifique, da menos importante (1) à mais importante (5),as motivações para o envolvimento, ou potencial envolvimento,da sua organização em sistemas interorganizacionais

a) compartilhamento de informaçõesb) aumento de produtividadec) redução de custosd) determinação superior, legal ou normativae) incremento do relacionamento com os clientes/usuários

Somatório dasrespostas

46 (25,6%)35 (19,4%)24 (13,3%)38 (21,1%)37 (20,6%)

TABELA 3Fatores críticos de sucesso para a participação em sistemasFatores críticos de sucesso para a participação em sistemasinterorganizacionaisinterorganizacionais

Classifique, do menos importante (1) ao mais importante (5),os fatores críticos de sucesso para o planejamento de sistemasinterorganizacionais, sob o ponto de vista de sua organização

a) custo de desenvolvimento e manutençãob) segurançac) habilidade e/ou capacidade de cooperação com outras organizaçõesd) efeitos na organização administrativa internae) apoio da alta gerência

Somatóriodas

respostas

39 (21,7%)52 (28,9%)41 (22,8%)22 (12,2%)26 (14,4%)

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ResultadosResultados

As respostas à primeira indagação sobre o envolvimentoda organização em relação a sistemas inter-organizacionais revelam a percepção, por parte dasorganizações pesquisadas, da presença desses sistemasem suas atividades. Nenhuma das organizaçõespesquisadas se declarou, ao mesmo tempo, não-patrocinadora, não-participante e sem planos departicipar de sistemas interorganizacionais.

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O pressuposto geral de que “todas as organizaçõespesquisadas registram participação em sistemasinterorganizacionais ou manifestam intenção departicipar deles” foi confirmado. Das organizaçõesconsultadas, 100% declararam participar ou ter intençõesde participar de sistemas interorganizacionais.

Dezessete por cento (17%) das organizações declararamque, apesar de não serem patrocinadoras ou participantesde sistemas ou projeto de sistemas interorganizacionais,têm planos de participar de projetos ou de sistemas jáexistentes. A decisão de participar de sistemasinterorganizacionais pode indicar a consciência dainexorabilidade da presença crescente desses sistemasna rotina das organizações.

Oitenta e três por cento (83%) das organizações sedeclararam participantes de sistemas interorga-nizacionais, ainda que não tenham sido por elaspatrocinados. Considerando a complexidade e osimpactos de sistemas interorganizacionais, pode-seafirmar que as organizações têm consciência daexistência desses sistemas. Essa consciência podesignificar um espaço para discussão mais elaborada arespeito dos efeitos, benefícios e preocupaçõesrelacionados aos sistemas interorganizacionais, a serdesenvolvida em estudos posteriores.

Existe, ainda, a prevalência de sistemas inter-organizacionais com gerência centralizada. Apenas três,das 12 organizações pesquisadas, declararam-sepatrocinadoras de sistemas, ao mesmo tempo em que sedeclararam também participantes. Essa concentração nagestão dos sistemas pode indicar que os sistemas

TABELA 4Consolidação dos resultados da pesquisaConsolidação dos resultados da pesquisa

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interorganizacionais ora em uso têm um “interessadoprincipal”, definido como a organização que seria a maiorinteressada na execução regular e satisfatória do sistema.

Sobre motivações e fatores críticos de sucesso, a partirdos dados coletados foram calculados – para cada item– o desvio-padrão, como medida de dispersão dos dadosem relação à média, a moda, como medida de ocorrênciamais freqüente, e a freqüência, como medida de repetiçãode valores. A tabela 4 foi elaborada com os resultados dapesquisa, para efeito de análise.

A motivação considerada mais importante foi“compartilhamento de informações”, com 25,6% do totalde pontos, cinco pontos percentuais acima da segundamotivação mais bem classificada. O fato de ter apresentadotambém o segundo menor desvio-padrão indica que houvecerta convergência de opiniões sobre a maior importânciado “compartilhamento de informações” como motivaçãopara o envolvimento das organizações com sistemasinterorganizacionais. Essa possibilidade foi tratada porDrucker (1971), Hill & Ferguson (1989), Li & Williams(1999), Maloff (1996) e Zwass (2001).

Ainda que o governo venha desenvolvendo esforços paramudar a cultura da administração pública, de um modeloburocrático (mais voltado para a própria estrutura doestado), para um modelo gerencial (mais voltado para ocliente, para o cidadão), a importância dada ao“compartilhamento de informações”, em detrimento daimportância atribuída à motivação “incremento dorelacionamento com os clientes/usuários”, pode indicarmaior atenção aos processos internos.

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Com esse resultado, o pressuposto de que a “a principalmotivação para a participação em sistemas inter-organizacionais é o incremento do relacionamento comos clientes/usuários, levando em conta o novo modelode gestão preconizado pelo governo federal, que colocao usuário/cidadão como centro das atenções dasorganizações públicas”, não foi confirmado.

De qualquer forma, há percepção, por parte das organi-zações, da importância dos sistemas interorganizacionaispara racionalizar os processos de geração, seleção,representação, armazenamento, recuperação, distribuiçãoe uso da informação, expressa na manifestação do“compartilhamento da informação” como motivaçãomaior para a participação em sistemas interorga-nizacionais.

A motivação à qual foi atribuída a menor importânciafoi “redução de custos”, com 13,3% do total, mais deseis pontos percentuais a menos que o quarto lugar. Foitambém o item que recebeu o menor desvio-padrão dogrupo, o que pode indicar certa concordância entre asorganizações. De fato, a moda para este item foi o valor“1” (menor importância), com a maior freqüência damoda do grupo – cinco em 12 respostas.

Foi confirmado o seguinte pressuposto: a importânciaatribuída às motivações “compartilhamento deinformações” e “aumento de produtividade” é superioràquela atribuída à motivação “redução de custos”,refletindo a consciência das organizações pesquisadasde que não devem se envolver com sistemasinterorganizacionais apenas por uma questão de reduçãode custos, e sim em função da expectativa de melhoriados processos e dos resultados.

Menor atribuição de importância aos custos, em termosrelativos a outras opções, pode indicar que, mesmo emépoca de restrições orçamentárias, as organizaçõesentendem que o envolvimento com sistemasinterorganizacionais não deve ser induzido por questõesde custos, e sim devido às possibilidades que o novoambiente colaborativo pode representar. Sobre custos,diversos autores registraram considerações, entre elesBowonder (apud Moresi, 2000), Bryonjolfsson (2001),Claver, Garcia & Gonzaléz (2001) e Davenport (1994).

O segundo lugar para a motivação “determinação legal,superior ou normativa”, com 21,1% do total, podedenotar a influência da questão burocrática e formalque delimita os espaços de atuação das organizaçõespúblicas. É necessário registrar, porém, que as

organizações pesquisadas atuam na área do Ministérioda Fazenda, que é fortemente regulamentada, sendo quealguns sistemas têm amparo legal para sua execução.A motivação com base em determinação externa foiespecialmente tratada em Crook & Kumar (1998).

A motivação “incremento do relacionamento comos clientes/usuários” ficou em terceiro lugar, com20,6% do total, a apenas 0,5% do segundo colocado.A importância atribuída a essa motivação pode serconsiderada como uma tomada de consciência, por partedas organizações, da necessidade de atender melhor aocliente/usuário/cidadão.

Foi o item, entretanto, que apresentou mais diversidadede opiniões, representado pelo maior desvio-padrão dogrupo e pela menor freqüência da moda, o que podesignificar que as organizações têm diferentes percepçõesda importância do relacionamento com os clientes, deacordo com suas funções e estruturas. Também nesseponto poderiam ser desenvolvidos estudos posteriores,talvez agrupando as organizações por perfil derelacionamento com o público. A motivação com baseno cliente foi enfatizada em especial por Fleming (1998),Guimarães (2001) e Jardim (1999).

O “aumento de produtividade” esperado com oenvolvimento da organização em sistemasinterorganizacionais ficou em quarto lugar, com 19,4%.O fato de o “aumento de produtividade” apresentar maisde seis pontos percentuais à frente da motivação “reduçãode custos” pode significar que as organizações entendemque o aumento de produtividade contribui mais para osucesso da organização que a busca da redução de custos.

Sobre isso pode-se questionar também o grau deconsciência das organizações quanto ao fato de quesistemas interorganizacionais podem não gerar reduçãode custos, podendo mesmo implicar maiores gastos emdecorrência dos recursos e tecnologias a seremempregados, e, dessa forma, a opção pelo ambientecolaborativo somente se justifica como um apelo àmelhor performance das organizações. A busca deaumento de produtividade como motivação para acooperação foi tratada em especial por Andrews (1983),Cunha (1999), Drucker (1963), Tarapanoff & Álvares(1994) e Vancil (1983).

Quanto aos fatores críticos de sucesso, a primeiracolocação em importância ficou com o fator “segurança”,com 28,9% do total, mais de sete pontos percentuaisacima do segundo colocado. O fato de também ter

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apresentado o menor desvio-padrão do grupo e o únicoabaixo de um (0,78), uma moda de valor “5”, apoiadaem uma freqüência alta (50% do total de respostas),indica clara compreensão, por parte das organizações,da importância que deve ser atribuída ao aspecto“segurança” em um sistema interorganizacional.

Com os resultados, confirmou-se o pressuposto:“o principal fator crítico de sucesso para o planejamentode sistemas interorganizacionais é a segurança, tendoem vista a preocupação que as organizações têm com osigilo e a preservação dos dados sob sua responsabilidade,inclusive por determinação legal”. Destaque-se,especificamente no caso das organizações pesquisadas,que há exigências legais e regulamentares sobre o sigilodas informações que comprometem os gestores emrelação à guarda e proteção dos dados. Sobre segurança,diversos autores destacaram sua importância, entre elesClarke (1992), D´Andréa (2001), Davis & Davidson(1993) e Martini (2000).

O reconhecimento de que a participação em sistemasinterorganizacionais requer “habilidade e/ou capacidadede cooperação com outras organizações” fez com queesse fator ficasse em segundo lugar, com 22,8% do total.De fato, o processo de construção e de gestão de sistemasque envolvem várias organizações requer uma disposiçãopara o aprendizado contínuo, para a negociação e parao trabalho em grupo. Reconhecendo a importância dessefator, as organizações dão importante passo para o sucessode sua participação em sistemas interorganizacionais,como destacado por Ciborra (1993), Drucker (1971,1996), Gates (1999), Pouloudi & Reed (1998) e Preiss,Goldman & Nagel (1998).

Se a questão de “redução de custos” ficou em últimolugar como motivação para o envolvimento dasorganizações em sistemas interorganizacionais, o fatorcrítico de sucesso “custo de desenvolvimento emanutenção” representa uma preocupação maior paraas organizações pesquisadas, ficando em terceiro lugar,com 21,7% do total, apenas 1,2% abaixo do segundocolocado. As restrições à gestão orçamentária e financeiradas organizações públicas, que exigem procedimentosespecíficos para aquisição de produtos e serviços, bemcomo para assinatura de contratos, podem levar asorganizações a refletir, com bastante propriedade, sobreos encargos decorrentes da participação em sistemasinterorganizacionais.

Os resultados confirmaram o pressuposto de que “aimportância atribuída aos fatores críticos de sucesso“habilidade e/ou capacidade de cooperação com outrasorganizações“ e “custo de desenvolvimento e manutenção”é superior àquela atribuída ao fator crítico “efeitos nareorganização administrativa interna”, o que indica que aimplantação de mudanças administrativas eventualmentenecessárias a partir da utilização de sistemasinterorganizacionais não traz dificuldades maiores que afalta de articulação ou de recursos para o projeto.

O “apoio da alta gerência” foi considerado pelasorganizações pesquisadas o quarto fator em ordem deimportância, com 14,4% do total, mais de sete pontospercentuais abaixo do terceiro lugar. Por envolverinteresses e recursos de diferentes organizações e tambémpelos impactos nos processos internos que um sistemainterorganizacional pode acarretar, o apoio da altagerência é fundamental. A posição relativa desse fatorna pesquisa ora sob análise poderia ser explicada pelofato de que os comandos das organizações já se envolvemnecessária e decisivamente no projeto de sistemasinterorganizacionais, tendo sido atribuída importânciarelativa maior aos outros fatores (segurança, habilidadese custo). Entre outros autores, Rosenfeld & Morville(1998) destacaram a relevância desse fator nodesenvolvimento de sistemas interorganizacionais.

Finalmente, os “efeitos na organização administrativainterna” decorrentes da participação em sistemasinterorganizacionais ficaram com a última posição: 12,2%do total. Porém, o fato de ter registrado o maior desvio-padrão do grupo, bastante superior aos demais, e umamoda de valor “1”, com a maior freqüência de moda dogrupo (oito ocorrências em 12 resultados), indica que essesefeitos são avaliados por algumas organizações de formabastante diferente de outras, talvez em função de suascaracterísticas e cultura organizacional, certamente porconta dos impactos de reestruturação causados pela opçãopor sistemas interorganizacionais. A necessidade deimplementar mudanças na organização em decorrênciada adoção de um ambiente informacional colaborativofoi objeto de estudo por parte de Adernes (2001),Chavetando (1998), Cruz (1998) e Grabowski & Roberts(2001), entre outros.

O único pressuposto não confirmado diz respeito aoincremento do relacionamento com o cliente/usuáriocomo motivação preponderante na decisão de participarde sistemas interorganizacionais. A não-confirmaçãodesse pressuposto poderia indicar que as organizações

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pesquisadas desenvolvem a maior parte de seus processosinternamente, sendo seus resultados aferidos não a partirde avaliação externa, mas do cumprimento regular desuas obrigações.

Entretanto, o desvio-padrão para a motivação em pautafoi o mais alto do grupo, e, apesar de a moda ter sido ovalor “1” (menor importância), sua freqüência foi a maisbaixa do grupo. Estes indicadores permitem afirmar quenão houve convergência de opiniões sobre a questão, oque denota o fato de que as organizações percebem aimportância do incremento do relacionamento com osclientes/usuários de forma diversificada.

Em resumo, a análise dos dados indica que asorganizações têm a percepção da presença e daimportância dos sistemas interorganizacionais em suasatividades. As motivações parecem estar mais ligadas aaspectos de melhoria da performance organizacional(compartilhamento e relação com o cliente), que aaspectos meramente relacionados à redução de custos.Há clara percepção da necessidade de implementarrequisitos de segurança como fator crítico de sucessopara o desenvolvimento e gerência de sistemasinterorganizacionais, sendo menos relevantes os aspectosligados à estrutura interna das organizações.

O fato de as freqüências de moda dos fatores críticos desucesso terem sido, no conjunto, mais altas que asfreqüências de moda das motivações, de forma inversaaos desvios-padrões, pode indicar que há menor influênciadas características de cada organização na forma de avaliaros fatores críticos de sucesso, sendo a percepção daimportância das motivações mais influenciada pelascaracterísticas próprias de cada organização.

CONCLUSÕESCONCLUSÕES

“A maior descontinuidade que nos cerca é a mudançaocorrida na posição e no poder do conhecimento”

(Drucker, 1969)

O estudo de sistemas interorganizacionais demonstra quese trata de um fenômeno que deve ser seriamenteconsiderado pelas organizações, em suas múltiplas facetas.Os executivos precisam estar preparados para lidar comas conseqüências organizacionais de sua implementação,para além das preocupações estritamente técnicas.

Assim, quando o tema “sistemas interorganizacionais”assume importância para todas as organizações, pelasresponsabilidades e possibilidades que encerra, a ciênciada informação tem papel fundamental no estudo das

necessidades informacionais, do comportamento nabusca da informação, no estudo do uso da informação edos processos de interação e planejamento dos sistemasde informação.

A mudança tecnológica de caráter revolucionário exercecoerção sobre as organizações – ela exige inovação. Nãose trata de apenas aperfeiçoar os processos, mas derepensar a própria organização. Drucker (1971) alertaque nada poderia ser menos produtivo do que tornarmais eficiente aquilo que não deveria estar sendo feito.As perguntas devem ser sobre quais as tarefas que devemser executadas e por que devem sê-lo.

Para sobreviver e prosperar em um ambiente turbulento,torna-se crítico gerenciar o conhecimento de fora paradentro, e não apenas de dentro para fora. É precisoampliar a colaboração, o compartilhamento, oaprendizado, para além das fronteiras da organização.A value chain (cadeia de valor) em que a organizaçãoestá inserida está mudando muito rapidamente, e umadas mais poderosas forças que movem (e provocam) asmudanças é a tecnologia da informação e suas aplicações.

Uma nova organização deve ser fundada em um ambienteonde as organizações e as pessoas estão conectadas emrede (internetworking), onde a colaboração deverásuplantar a rivalidade e a competição predatória, comochave para um desenvolvimento sustentável dos negóciose da sociedade. Convênios para ações cooperativas,descritas por Cunha (1999) para bibliotecas, poderão setornar usuais entre organizações públicas.

Afinal, se ignorarmos as fronteiras das organizações erepensarmos o trabalho retroativamente a partir do seuresultado final, ou seja, começando com a satisfação docliente, freqüentemente veremos que o processo queproduz aquele resultado envolve várias organizações, cadauma executando uma parte do processo.

Hammer (1997) afirma que a essência do gerenciamentode um negócio é o gerenciamento de seus processos.Seria factível admitir, então, que não caberá mais àsorganizações gerenciar apenas seus próprios processos,mas participar ativamente da gestão dos processos dacadeia produtiva em que estão envolvidas, o que estariade acordo com Chiavenato (1998), que destaca acrescente importância da administração sem fronteiras.

Os resultados dos sistemas interorganizacionais podemser medidos pelo incremento dos resultados financeiros,decorrentes da redução de custos e aumento deprodutividade, e pelo aumento na utilidade social das

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informações. Entendem-se por aumento da utilidadesocial os benefícios para a sociedade, advindos daracionalização na utilização dos recursos e da oferta deinformações e serviços de forma integrada.

Para Servan-Schreiber (1974), a informaçãocompartilhada encontra-se na base de toda a “boainteligência”, e, assim, se um povo está suficientementeinformado, delibera. Mesmo a ocorrência de pequenasdiferenças não tira do resultado o caráter de “vontadegeral” e, por conseguinte, benéfico para o conjunto dasociedade. Thomas Jefferson (apud Dizard, 1982) tambémafirmava que a liberdade de expressão e de opinião é abase de todo governo e também que a melhor maneirade aperfeiçoar as imperfeições da democracia éaumentando a quantidade e a qualidade das informaçõesà disposição do povo.

Os estudos aqui apresentados revelam que sistemasinterorganizacionais serão decisivos para ampliar apresença do Estado na Internet, facilitando o exercícioda cidadania, e também para aumentar a competitividadedas empresas. Deve haver a percepção de que, no setorprivado, se uma organização explora o monopólio emum dado segmento, este segmento perderácompetitividade e sofrerá abalos na confiança dosconsumidores, e, no setor público, a sociedade nãoaceitará a falta de integração que aumenta o consumode recursos públicos e reduz a efetividade da ação doEstado. Pode-se afirmar que restarão dois tipos deorganização: as colaborativas e aquelas em extinção.

As motivações identificadas na revisão de literatura(compartilhamento de informações; aumento deprodutividade; redução de custos; determinação superior,legal ou normativa e incremento do relacionamento comos clientes/usuários) atendem às inquietações dosgestores quanto à racionalização do uso de recursos e aoaumento de produtividade, assim como aos anseios dasociedade pelo acesso mais fácil à informação públicaintegrada.

Quanto aos fatores críticos de sucesso identificados narevisão de literatura (custo, segurança, habilidade decooperação, efeitos internos, apoio superior), pode-seafirmar que há suficiente desenvolvimento tecnológico

para minimizar as questões relativas à segurança,confidencialidade e integridade das informações, a custoscompatíveis com os benefícios esperados. O necessárioapoio da alta gerência existe e pode ser comprovado pelasinúmeras iniciativas governamentais de estímulo àadoção de melhores práticas para o setor público.

Já os fatores relacionados aos efeitos na reorganizaçãoadministrativa interna, por conta da implementação desistemas interorganizacionais, devem ser tratados em umcontexto de reforma do setor público, no qual há apreocupação com a busca de resultados da açãogovernamental, com as estruturas internas dasorganizações públicas em constante aperfeiçoamento,valorizando as competências individuais e o trabalhoem equipe, mas sempre com o foco no cliente dogoverno: a sociedade.

O fator crítico “habilidade e/ou capacidade decooperação com outras organizações” parece ser o quevai requerer atenção especial por parte do governo.A persistência de ilhas na administração pública é umarealidade que não pode ser desconsiderada, apesar dasiniciativas oficiais conclamando à integração. A mudançacultural dos processos de gestão, a fim de incorporarpráticas colaborativas, deve ser estimulada e talvez atéser objeto de mensuração do desempenho dos gestorespúblicos.

A pesquisa realizada confirma a necessidade crescentede disseminação cooperativa da informação. Já na décadade 1970, Miranda (1977) afirmava que os países emdesenvolvimento precisavam acelerar a disseminação dainformação em todos os níveis de sua estrutura social.Essa é a questão central: assegurar o acesso à informação,para a construção de uma cidadania plena, a activaecivitatis (cidadania ativa), de que nos fala Bobbio (1986),pois informação é energia para a mente (Drucker, 1971).

“Ser informado é ser livre”(Norbert Wiener)

Artigo recebido em 13-02-2003 e aceito para publicação em 07-05-2003

Henrique Flávio Rodrigues da Silveira

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