FAZENDO 1

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Recicle este jornal ou recicle-se a si, mas recicle qualquer coisa. FAZENDO Boletim do que por cá se faz. 01 OUTUBRO 2008 Quarta-feira Edição nº. 1 | Agenda Cultural Quinzenal DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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Agenda Cultural FaialenseComunitário, não lucrativo e independente.

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Recicle este jornal ou recicle-se a si, mas recicle qualquer coisa.

FAZENDOBoletim do que por cá se faz.

01 OUTUBRO 2008Quarta-feiraEdição nº. 1 | Agenda Cultural QuinzenalDISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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Ajude-nos a fazerColabore connosco enviando-nos todos os eventos em que está envolvido. Um bom planeamento e uma boa divulga-ção podem levar ao sucesso de um evento. Antecedência, atenção à sobreposição com outros eventos com público alvo conver-gente e optimização das ferramentas di-sponíveis são pequenos elementos a ter em conta. Portanto dinamize, ajude a dinam-izar e tire proveito da nossa dinâmica. Envie-nos todos os dados para:[email protected]

P.S. Sugestões, críticas e esse tipo de coi-sas também são muito benvindas.

Manifesto Editorial

Nós, o Fazendo, propomo-nos a criar uma plataforma de divulgação do que por cá se faz. O que por cá se faz na música, o que por cá se faz no cinema, na pintura, no teatro, na fotografia, na ciência e em tudo mais.Sem qualquer pretensão a um alternativ-ismo (o que quer que isso seja) pretende-se dar primazia à criatividade, à originalidade e à qualidade do que por cá se vai fazendo. E ainda se vai fazendo algum. Aquilo que muitos clamam não existir vai aparecendo em paredes, em telas, em colunas, em pal-cos, laboratórios e folhas de papel de sítios que por cá temos, sitíos que nós pretend-emos que cada vez mais gente tenha.Como complemento aos veículos de infor-mação existentes, sentimos nós, inocente-mente, a necessidade de criar este espaço de promoção cultural comunitariamente, não lucrativamente e de modo indepen-dente. Não temos jornalistas creditados, não temos profissionais peritados nem te-mos críticos conceituados, mas temos im-ensa vontade de fazer e mostrar o que por cá se anda a fazer. Assim, fazendo.

A Direcção

#2 COISAS... compostasFICHA TÉCNICA

FAZENDOIsento de registo na ERC ao

abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art.

9º, nº2.

DIRECÇÃO GERALJácome Armas

DIRECÇÃO EDITORIALPedro Lucas

COORDENADORES TEMÁTICOS

Catarina AzevedoLuís MenezesLuís Pereira

Pedro GasparRicardo Serrão

Rosa Dart

COLABORADORESDina Dawling

Jaen Nieto Amat Fernando Tempera

GRAFISMO E PAGINAÇÃOVera Goulart

[email protected]

ILUSTRAÇÃO CAPAPedro Braia

www.myspace.com/pedrobraia

PROPRIEDADEJácome ArmasPedro Lucas

SEDERua Rogério Gonçalves,

nº18, 9900-Horta

PERIODICIDADEQuinzenal

Tiragem_400

IMPRESSÃOGráfica O Telegrafo, De

Maria M.C. Rosa

[email protected]

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Fazer em cimado joelhoNo próximo domingo, dia 5, realizar-se-à na rotunda junto à polícia antiga um workshop subordinado ao tema “Erguer Cidades” a ser ministrado pelo Duque de Ávila e Bo-lama. Este acto de formação realiza-se ma-tutinamente (por volta das 6h00) de modo a aproveitar o potencial de público que por essa hora é obrigado a abandonar os es-paços nocturnos locais mas que sente que ainda tem algo mais para dar.Aproveitando a deixa, o Infante D. Hen-rique apresenta no seu Largo no mesmo dia, se bem que um pouco mais tarde (por volta da hora do pequeno-almoço), uma palestra intitulada “A Culinária a Bordo – A Arte de Bem Fazer Ou Como Se Dizia Na Minha Altura: Le Talent de Bien Faire”. O “Navegador” vem assim apresentar um tra-balho no qual começou a trabalhar em 1452 mas que devido a alguns problemas ditos técnicos se estendeu no tempo um pouco mais do que desejara incialmente.

Envie-nos as suas estórias, cartoons, banda desenhada para [email protected]

A cronicazinha...

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Cinema e Teatro DESCULPA PÁ PIPOCA

BRINCADEIRAS PERIGOSAS (FUNNY GAMES U.S.)O último filme de Michael Haneke

Na primeira edição desta publica-ção, bem vinda por sinal, cá vão algumas palavras sobre o primeiro filme a ser exibido em Outubro pelo Cineclube da Horta. A fita, na sua versão portuguesa, dá pelo nome de “BRINCADEIRAS PERIGOSAS”. Já muita coisa foi dita relativamente ao facto deste filme ser submetido a

um remake. Quem já visualizou o trailer, rejeitou de imediato a versão americana, visto que esta é praticamente fotocópia da versão original. No entanto, a verdade é que esta versão made in states que agora chega à Ilha do Faial, era obrigatória e, fe-lizmente, Michael Haneke, decidiu realizá-la. Isto deve-se, sobretudo, à excessiva crítica que a fita transparece à violência, que é abundantemente consumida pelas massas que anseiam pela visualização de mortes e sangue, sobretudo nas terras de George W. Bush. Em “Funny Games U.S.”, essa nunca é vista, mas obviamente está sempre lá. A parte assustadora, essa, é induzida através dos sons e das reacções das personagens, uma característica do tipo Hitchcockiana que se adequa perfeita-mente aos propósitos do realizador. “Funny Games U.S.” é psicótico e perturbador, mas por outro lado é genial, re-alista e obrigatório. A forma como Michael Haneke consegue induzir vontade no espectador em ver sangue, sem que este nunca se proporcione é, de facto, uma combinação de astúcia, talento e quase genialidade. Aliás, toda a realização de Haneke é muito interessante, desde os longos planos de ardil tormento, passando pelos ângulos de filmagem e culminando nas transições entre as cenas. Mas não seria justo apenas falar do realizador quando estamos perante um elenco excep-cional. O elenco, composto por Naomi Watts, Tim Roth e Devon Gearhart, é toda ele extraordinário. Depois há um Devon em grande face à curta carreira e tenra idade onde surpreende pela veracidade com a qual encarna a sua personagem. Tim Roth, mais do que consagrado, volta a provar o porquê de ser um grande actor, se bem que não seria necessário, realizando o papel do patriarca que tenta proteger a família apesar da impotência ser de tal ordem que se evidencia um claro sentimento de frustração. Os jovens que submetem a família aos seus jogos são simplesmente aterradores e psicóticos. Michael Pitt e Brady Corbet, no papel de Paul e Peter respectivamente, são de tal ordem frios e cínicos que chegam a ser assustadores. Dizem que na versão original, os jovens ainda suplantam estas condições inerentes aos jovens americanos. Será possível? Bem, a verdade é que eles são alemães, por isso tudo é possível. Em termos artísticos, a sonoplastia adequa-se perfeitamente às intenções cruas e frias, assim como os cenários o fazem para a crítica social.Os americanos não gostaram desta fita, visto ser incomodativa e inconveniente, sobretudo num país em que a violência abunda de todos os lados e da mais diversa forma possível. No entanto, é imperial dar o devido crédito a Haneke cuja sagaci-dade e astúcia surpreende e acarreta elevados graus de inteligência e maturidade cinematográfica. Recorde-se que o Cineclube da Horta, já exibiu no Cine Teatro Faialense uma fita de Michael Haneke, que agradou ao público, falamos de “NADA A ESCONDER” - “CACHÉ”, que foi estreada na Horta a 11 de Julho de 2006.

Luís Pereira

Já foi visto...VEM E VÊ - Uma fita de Elem KlimovUm filme de 1985, sobre a segunda grande guerra mundial, mas que é muito mais que um filme de guerra. A natureza humana é desven-dada através da história de um adolescente, resplandecente na sua ingenuidade. A cena final, ao som do Requiem de Mozart – Lacrimosa, acho que nunca a vou esquecer – é o derradeiro murro no estômago: o rapaz de 14 anos protagonista do filme, Florya, envelhecido pelas atrocidades que testemunhou, tomado pelo ódio e desejo de vingança, dispara sobre um retrato de Hitler abandonado no chão pelas tropas nazis. Cada disparo faz estilhaçar um vidro que revela outro retrato, o de um Hitler cada vez mais jovem – até que, por fim, no derradeiro disparo, Florya se vê confrontado com o retrato de um bebé inocente, o próprio Hitler. Uma fita que o Cineclube da Horta, exibirá opor-tunamente na Ilha do Faial, em reposição e em película de 35MM. Para os mais curiosos, que queiram ver o trailer, aqui vai o endereço http://www.youtube.com/watch?v=LMKwMzLj8Ow

A SOLIDÃO – (LA SOLEDAD) Realizado por Jaime RosalesCom Sonia Almarcha, Petra Martínez, Miriam Correa Esta é uma obra espanhola de grande qualidade a mar-car presença nas nossas salas (quer dizer algumas, pronto vá, poucas). Com Sonia Almarcha e Petra Mar-tinez, a história de sobrevivência, esforço e amor de uma mãe para sustentar os seus filhos, num parâmetro cada vez mais realista á situação actual.

L.P.

GOMORRARealizado por Matteo GarroneCom Salvatore Cantalupo, Gianfelice Imparato, Maria Nazionale, Toni Servillo

“Gomorra” é um drama italiano sobre as actividades ilícitas da Camorra napolitana, uma das muitas facções da máfia italiana que lucra fortunas com a persecução de actividades ilegais como a prostituição, extorsão, falsi-ficação e venda de drogas. Este filme, baseado no livro homónimo de Roberto Saviano e realizado por Matteo Garrone, foi uma das maiores estrelas do mais recente festival de Cannes, tendo arrebatado inúmeras críticas positivas e bastantes aplausos, bem como o prestigiado Premio Especial do Júri para Melhor Filme.A história do filme foca-se nas actividades ilegais da Camorra, o que nos transporta para um mundo onde o poder, dinheiro e sangue são os “valores” a ter em conta e onde a única linguagem é a das armas. Neste violento cenário, ambientado num mundo cruel e os-tensivamente inventado mas profundamente enraizado na realidade, cruzam-se cinco histórias em redor das vi-das de Toto (Salvatore Abruzzese), Pasquale (Salvatore Cantalupo), Don Ciro (Gianfelice Imparato) e Maria (Maria Nazionale), Franco (Toni Servillo) e Roberto (Carmine Paternoster), Marco (Marco Macor) e Ciro (Ciro Petrone). Todas as cinco histórias têm naturezas diferentes, contudo estão ligadas de uma forma ou de outra à poderosa Camorra e no final do dia, todas as personagens terão que eventualmente lhe prestar con-tas.

L.P.

Apoie este projecto através de anúncios e/ou contribuições. Contacte-nos:[email protected]

À VISTA

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#4 COMICHÃO NO OUVIDO Música

CLOSER Joy Division 1981

Em 18 de Maio de 1980, o vocalista e letrista Ian Curtis, cometia suicídio, dando um fim aos Joy Division e início a um culto que se espalharia por todo o planeta.O nome da banda havia sido retirado do livro “The House of Dool”, obra que relatava o sa-domasoquismo nos Campos de Concentração

Alemães – as chamadas “divisões da alegria”, que seriam espaços reservados a prostitutas e presas mantidas vivas, para a diversão dos oficiais. Perseguido e atormentado pelos seus demónios, Ian definitivamente fincou um punhal no pós-punk quando as suas letras, muitas vezes angus-tiadas e carregadas de um lirismo profundo, con-taminaram jovens no mundo inteiro. Da estreia em 1979 (fazendo a primeira parte dos Buzzcocks no Electric Circus – Manchester), até ao trágico fim da banda, os Joy Division lançaram alguns singles e dois álbuns de linha: “Unknow Plea-sures” (1979) e “Closer” (1980). Lançado pos-tumamente, Closer é provavelmente o melhor trabalho dos Joy Division.

F.

SLEEP THROUGH THE STATICJack Johnson 2008 www.jackjohnsonmusic.com

O novo disco de Jack Johnson, onde a guitarra acústica é mais uma vez prepon-derante na estrutura rítmica e melódica, e a voz resulta numa plena simbiose com os instrumentos. A poesia envolve as relações humanas, onde paira uma pro-fusa mensagem de paz e amor. A sim-plicidade das músicas transporta-nos para atmosferas de bem-estar interior. Apesar de soar menos energético que os anteriores, este disco apresenta uma in-tensidade e densidade que poderá resul-tar num estado de hipnose inesperado. Aconselhado para seguidores, mas tam-bém para quem não conhece a música do cantor, músico, compositor e surfista. F.

À DESCOBERTAUM NOVO PANORAMA MUSICAL

De há cerca de um ano e tal para cá, te-mos assistido no Faial a um verdadeiro boom de projectos musicais e actuações ao vivo. Grupos como os bANdARRA, Pedro Nuvem, Mr Pimm Quartet, Babud-jah, entre outros, têm surgido em grande força no panorama cultural da ilha, com novas sonoridades e novas cores. Uma particularidade curiosa é o facto de al-guns destes projectos nascerem de en-contros fortuitos pelos bares da cidade, na figura de jam session, e que pelo seu imediato potencial, se desenvolvem com o ensejo de outros voos. Para tal também muito tem contribuído a música de out-ras paragens que por aqui tem passado, quer em festivais, quer em bares, quer no Teatro Faialense, e que nos têm inspira-do e alargado os horizontes.A música é uma forma eficaz de comu-nicação, mas também um sítio de en-contros, de troca de experiências e de emoções. Ao amplo papel das filarmóni-cas, dos grupos musicais tradicionais, e do conservatório ao longo dos tempos na ilha do Faial, junta-se agora um movi-mento de expressão livre por intermédio de músicos amadores (que amam), que

sendo estimulado se poderá transfor-mar numa lancha rápida para o mundo. Mas para isso é importante que se dê a devida atenção, e que em certa medida se apoie esta onda de novos projectos. Um local de ensaio comum que funcionasse como uma espécie de laboratório, e onde pudesse haver uma zona de concertos para as bandas mostrarem o seu trabalho será uma forma muito construtiva de criar esse estímulo necessário. A Câmara Municipal da Horta está empenhada em colaborar, sendo que a dificuldade actual está em encontrar o espaço. Este local de ensaios, a acontecer poderá marcar uma viragem importante na música faialense contemporânea.

Fausto

Já foi ouvido...

CANÇÃO AO LADODeolinda 2008www.myspace.com/deolindalisboa

As canções de Deolinda baseiam-se no fado, mas também nas marchas e outros sons populares urbanos menos recentes. Este projecto original deve o seu recente sucesso à grande qualidade técnica e criativa dos músicos e a presença vocal e pessoal da vocalista Ana Bacalhau. A sua sonoridade retrata um novo imag-inário lisboeta, reinterpretando todas as referências que construíram cultural-mente a cidade. A ouvir sem reservas. F.

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Artes Plásticas PVC

Título: La Tripulación – Aguarela

Pintor de origem argentina, Pedro Solà apresenta no Museu da Horta a partir de 26 de Setembro corrente, uma exposição composta por três dezenas de obras a óleo, aguarela e técnica mista. Pedro Solà tem um longo currículo nesta área, sendo que descendente de família de artistas, frequentou alguns cursos de belas artes, e desde criança que convive em ate-liers de pintura. As suas obras já foram expostas na Argentina, Brasil, China, França, Republica Dominicana e Suíça. As peças agora expostas no Museu da Horta, revelam a maturidade de um pintor de grande qualidade, quer pelo domínio das diversas técnicas, quer pela composição e beleza cromática. Através dos seus quadros comunica as suas emoções, impressões da sua arte de viver o mundo do mar, como o mundo imaginário que é o seu, que não deixa indiferente a quem se cruza com a sua obra.

L. M.

Na Biblioteca Pública e Arquivo Re-gional João José da Graça estão

patentes duas exposições de fotografia instaladas pelo Museu da Horta: A Ma-neira Atlântica II, relativa ao II Concurso de Fotografia da Macaronésia Europeia, e Uma Memória Digital Atlântica, sobre fotografia antiga dos Arquipélagos dos Açores, Madeira e Canárias.

Integra-se esta iniciativa num projecto de cooperação inter-regional no âmbito do programa comunitário INTERREG II B ( que já vai na sua terceira versão – INTERREG III B), em que a Direcção Regional da Cultura, após ter criado o EMAIA – Estrutura de Missão do Arqui-vo de Imagem dos Açores, implementou um processo de organização de acervos fotográficos do arquipélago (projecto MEDIAT), não descurando a fotografia contemporânea, assim como uma base

de conteúdos para a criação de algo mais vasto, um arquivo de imagem onde se in-cluem outros suportes, como a película cinematográfica (projecto CINEME-DIA)A fotografia surge em 1837, quando Da-guerre inventa o processo de revelação, mas foi só a partir da década de 60 que surgem os primeiros profissionais no

arquipélago, cuja circulação de es-trangeiros se torna crucial para a sua divulgação: recor-damos a família Dabney, a fixação de colónias es-trangeiras ligadas às companhias cabotelegráficas, como ao próprio movimento do

porto da Horta, como à exigência legal a partir de cerca de 1917, da anexar o re-trato ao passaporte.Carlos F.J. Reckell, terá sido muito provavelmente quem introduziu a fo-tografia na ilha do Faial no final da década de 60, tendo montado o seu estúdio.Como nota curiosa, já na década anteri-or, o médico faialense, António Ferreira Borralho, teria sido um dos primeiros fo-tógrafos açorianos amadores, que viven-do em Ponta Delgada, ali veio a falecer

em 1853, vítima de intoxicação com os produtos que utilizava na revelação.Outro pioneiro de origem faialense foi Severino João de Avelar, que tendo ab-erto estabelecimento na década de 70 na Horta – Photographia Avelar - , acabaria por estabelecer-se passados poucos anos em Angra do Heroísmo.A este último seguir-se-iam outros fo-tógrafos/proprietários de ateliers até à I Grande Guerra, para registar apenas os nomes dos mais antigos: António d´Avelar Ribeiro, Luísa Avelar Ri-beiro, Domingos Mendes Faria, João Augusto Laranjo, os irmãos Manuel e José Goulart, Luís Lemos e Tiago Romão de Sousa.Relativamente a Tiago Romão de Sousa, com estabelecimento aberto na Rua da Conceição – Foto Popular -, o seu espó-lio foi adquirido por um coleccionador particular pós-sismo de 98, com cerca de 7 000 negativos, estando hoje a ser trat-ado pela Estrutura de Missão do Arquivo de Imagem dos Açores, estando prevista uma exposição sobre parte desse acervo para o próximo mês de Novembro na Horta.O interesse deste projecto ambicioso de constituição de um Arquivo de Imagem dos Açores, para além da sua curiosi-dade, tem enorme potencial científico a vários níveis, como seja a simples ilustra-ção genealógica, como para o património

urbanístico e natural insular.No caso particular da história faialense, temos um património de relevante inter-esse, e só para citar mais alguns exem-plos, temos: os relatórios fotográficos oficiais do terramoto de 1926, cuja cober-tura retrata o momento da destruição até o início dos anos 30, em fase de trata-mento; o largo acervo público e privado da erupção do vulcão dos Capelinhos de 1957-58, já aqui acompanhado do registo cinematográfico; até ao riquíssimo espó-lio deixado pelos irmãos Goulart a juntar ao citado Tiago Romão de Sousa.Está assim em curso nos Açores, a preser-vação dos espólios fotográficos públicos – museus e bibliotecas -, bem como de acervos privados com interesse público, através de protocolos de cooperação, considerando que não faz parte deste projecto uma política de aquisições.Consta da preservação deste património, a inventariação de espécies, estabiliza-ção, digitalização e catalogação, poten-ciando a criação de uma base de dados electrónica de arquivo de dimensão re-gional. Um auxiliar para a investigação insular de enorme alcance e estímulo.

Luís Menezes

1. Para esta síntese recorreu-se às notas de in-vestigação de Carlos Enes, como às extraídas em torno da investigação feita em torno da figura de Tiago Romão de Sousa e, estabelecimentos de fotografia da Horta, pelo autor deste artigo.

A FOTOGRAFIA : arte e documento

Daguerreótipo: Perspectiva a partir do actual Clube Naval

Pedro Solà no Museu da Horta

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# 6 - ENDOS, - ANDOS, - INDOS Literatura

Apesar de inevitável, a morte de um autor não se mede da mesma forma que a morte de um outro alguém porque só ocorre verdadeiramente quando já ninguém abre um dos seus livros. Curiosamente, por vezes, é até a morte quem traz de volta as palavras e as reaviva , numa curi-osidade de descobrir ou redescobrir aquele de quem se ouve falar.

Morto Dias de Melo, remetido ao maior de todos os silêncios, restam as suas palavras, o gosto pela vida dos que trilhavam o mar, a admiração infinita por essa coragem, feita de simplicidade, dos que desafia-vam os elementos, o recordar de histórias que descreviam as figuras pitorescas das ilhas, esses homens e mulheres que pareciam acorrentados a uma terra por vezes cruel, histórias que relembravam o tempo passado, quando os dias não se mediam pelas horas de televisão mas tão somente pelo correr do sol e pelas marés.Relembrá-lo é não só relembrar a figura magra, de cabelos alvos e cachimbo mas também, mais do que as palavras ditas pelo contador, relembrar sobretudo as palavras escritas pois nelas se redescobria a di-mensão possível de uma aventura, que trazia à memória Melville e o seu Moby Dick. Reminiscências de histórias em que dava nitidez aos contornos do que é ser ilhéu e a certeza de que era preciso lembrar os gestos, os hábitos, tudo o que, ultrapassado ou não, nos constituía como insulares.Contudo, este quase dever de memória não impede a sua dimensão universal pois o fulcral para ele não era o espaço em que as suas histórias se desenrolavam mas antes os homens e as mulheres que habitavam esse espaço. Essa sua preocupação com o humano permitia-lhe denunciar as injustiças e a opressão, fundamentando na obra a dimensão ética e política das suas escolhas pessoais.Mais do que nos diálogos, povoados de expressões deliciosas que situavam imediatamente cada persona-gem, era nos silêncios, adivinhados por detrás das palavras, que cada uma delas se desenhava melhor, como se nos quisesse obrigar a olhar para dentro, numa introspecção que desvendava o essencial de cada um de nós tal como o fazia para cada um dos retratos que traçava.As suas histórias não remetiam para universos distantes ou ficcionais, não implicavam o futuro nem a rapidez dos tempos modernos, conquistas desmedidas ou tesouros fabulosos, eram antes relatos em que punha em cena quotidianos que estavam ao alcance da mão, tornando-nos a todos possíveis heróis desses desvendar do mar.

Catarina [email protected]

Os dias não estão para isso

Neste livro, que reúne poemas escritos ao longo de 2005, não pode deixar de se notar a presença adivinhada da primeira forma para que foram es-critos: o weblog. Assim, os poemas oscilam tanto na extensão como na forma, sendo que alguns se resumem a simples aforismos, numa necessidade absoluta de condensar o pensamento.Numa poesia feita de pequenos nadas do quotidia-no, o autor deixa adivin-har preocupações mas mantém sempre uma certa distanciação iróni-ca, como uma crítica im-plícita a si e aos leitores, e remete para um certo cansaço das convenções e do pré-definido.

Vida Vivida em Terra de Baleeiros

Picaroto, Dias de Melo centrou a sua obra no contexto que rodeava a vivência das gentes, dando especial relevo à dimensão marítima dos ilhéus.Em Vida Vivida em terra de baleeiros (1983), opta por partilhar com o leitor a sua experiência pessoal – observador atento do que o rodeava fez-se porta-voz de todos os que não tinham uma voz - mas acrescenta a esta dimensão uma outra mais documental, já que descreve de forma vívida a história da caça à baleia no Pico desde o aparecimento da primeira armação até ao declínio da caça.

C. A.

Dias de Melo

À CONQUISTA

Já foi lido...

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Ciência e Ambiente APAGA A LUZ

O que é um briozoário?O nome “bryozoário” vem do Grego brúon que significa “musgo” e z_on que significa “animal”. Os briozoários são pequenos animais inverteb-rados, predominantemente marinhos, que vivem alojados em pequenas “caixas” adja-centes e formam assim colónias que se fixam a um substrato. As colónias formadas pelas difer-entes espécies podem ser quit-inosas, gelatinosas ou calcárias, apresentando formas e taman-hos variáveis. Os briozoários possuem polimorfismo, sendo que cada indivíduo da colónia pode ter funções específicas que podem consistir de fixação da colónia, captação de partículas de alimento, incubação, defesa ou limpeza. O principal alimento dos briozoários é constituído por fitoplâncton.

É reconhecido que a expansão de espécie introduzidas e invasoras representa um dos maiores problemas ambientais da actualidade. Recentemente, foi comunicada a ocorrência de um organismo de dimensões consideráveis crescendo na zona inferior de alguns pontões da nova marina da Horta. Investigações em laboratório permitiram reconhecer tratar-se de um grande briozoário chamado Zoobot-hryon verticillatum, vulgarmente conhecido por “briozoário-esparguete”.

O briozoário-esparguete é uma espécie cosmopolita que habita águas tropicais e subtropicais. A sua fixação aos cascos dos navios tem permitido o seu transporte e introdução em novos locais onde, ao proliferar, pode provocar danos ecológicos e económicos. Não se sabe o efeito que o briozoário-esp-arguete poderá ter nos mares açorianos. A sua presença na nova marina da Horta foi relativamente abundante du-rante o mês de Agosto, o que pode ter sido potenciado por condições favoráveis de tem-peratura e a reduzidos níveis de hidrodinamismo. A pre-sença da espécie começou a decair em meados de Agosto e actualmente já não se obser-vam colónias de dimensões significativas sob os pontões.

Pelo facto de os Açores se encontrarem no limite Norte da distribuição da espécie, é possível a sua proliferação seja pontual, mas será sempre necessário considerar futuros efeitos do aquecimento global. Uma aten-ção especial será mantida sobre esta nova ocorrência, esperando-se que, no caso de a espécie se revelar residente, não assuma um carácter invasor, como está a acontecer com a alga-verde Caulerpa webbiana (sobre a qual escreveremos em breve), contra a qual deco-rre um plano de de extermínio.

Jaen Nieto Amat & Fernando TemperaDepartamento de Oceanografia e Pescas –

Universidade dos Açores

E eis que mais uma espécie vem navegando até os Açores

Sete escolas da ilhado Faial recebem Bandeira Verde por boas práticas ambientais

Setenta e quatro estabelecimentos de ensino da Região Autónoma dos Açores foram distingui-dos, no ano lectivo 2007/2008, com o galardão de “Eco-Escolas” pela ABAE (Associação da Bandeira Azul da Europa). A atribuição da Ban-deira Verde às escolas é uma forma de reconhec-er e premiar o trabalho desenvolvido pelos alunos e comunidade escolar em benefício do ambiente.Na ilha do Faial são sete as Eco-Escolas que se encontram de parabéns por terem ganho o galardão: a EB1,2 António José de Ávila, a Escola Secundária Dr. Manuel de Arriaga, o Centro de Actividades Ocupacionais da Santa Casa da Misericórdia da Horta, a EB1/JI da Ribeirinha, a Escola Profissional da Horta, o Colégio e a Casa de Infância de Santo António. O programa Eco-Escolas é uma iniciativa da FEE (Fundação para a Educação Ambiental) destinado preferencialmente às escolas do ensino básico, implementado em Portugal desde o ano lectivo 1996/97 é coordenado a nível nacional

pela ABAE, sendo promovido nos Açores com o apoio da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Tem como objectivo estimular nos alunos, o hábito de participação nos processos de decisão e a adopção de comportamentos adequados, no seu quotidiano, ao nível pessoal, familiar e comunitário, promove a melhoria e salvaguarda do ambiente. Incentivando, assim, a criação de parcerias locais entre a escola e as autarquias, ecotecas, órgãos de comunicação social, ON-GA’s e outros agentes interessados em contribuir para a melhoria do ambiente.O programa Eco-escolas segue uma metodologia sintetizada em sete passos e aborda os temas base: água, resíduos e energia, e o tema do ano: alterações climáticas, tendo como temas comple-mentares: biodiversidade, agricultura biológica, espaços exteriores, ruído e transportes.Uma escola que pretenda ser galardoada com a Bandeira Verde Eco-Escolas deverá apresentar a sua candidatura demonstrando que seguiu a met-odologia proposta e concretizou o seu plano de acção no âmbito dos temas base e tema do ano.As escolas interessadas em participar neste programa devem apresentar uma proposta de inscrição à ABAE até ao dia 31 de Outubro. Toda a informação relativa ao Eco-escolas é facultada pelo Gabinete de Promoção Ambiental da Secre-taria Regional do Ambiente e do Mar e pela Rede Regional de Ecotecas dos Açores, encontrando-se igualmente disponível na internet em http://www.abae.pt e www.eco-schools.org/.

ECOTECA DO [email protected]

Seja um cidadão ecológico reduza a sua pegada de Carbono!Andar a pé, para além de ser saudável, ajuda o ambiente. No entanto, todos nós precisamos de usar algum meio de transporte de vez em quando. Nessas alturas, é importante fazer as escolhas certas para poupar em emissões de CO2.Para deslocar-se até ao seu local de trabalho prefira ir a pé, de bicicle-ta, partilhar o carro com os colegas ou utilizar os transportes públicos. Em média, por cada litro de combustível consumido por um motor de carro, são libertados mais de 2,5 kg de CO2 (fonte: http://ec.europa.eu/environment/climat/campaign/index_pt.htm).Quando utilizar o seu carro tenha uma condução ecológica: coloque-o a trabalhar sem carregar no acelerador, conduza com suavidade: ao evitar acelerações repentinas e travagens bruscas está a minimizar as emissões de gases com Efeito Estufa. Esta condução além de ser amiga do ambiente é económica, segura e prolonga o tempo de vida útil do seu automóvel.

ECOTECA

briozoário-esparguete fixado sob um pontão

AQUELA DICA

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#8 FAZENDUS Agenda

até 31 de Outubro Exposições Fotográficas

“Uma Memória Digital Atlântica”“A Maneira Atlântica”Biblioteca Pública João José da GraçaSeg-Sex, 9h00-19h00; Sáb, 9h30-12h30.

1 de Outubro Concerto de Comemoração do Dia Mundial

da Música.Composições de Mozart e Enrique GranadosIgreja de S. Francisco, 21h00.

3 de Outubro Concerto pela Sociedade Filármónica União

Praiense.Praia do Almoxarife, 21h00.

Filme: Get Smart – Olho VivoTeatro Faialense, 21h30 (repete dias 4 e 5). 4 de Outubro

Coastwatch Europe – Um olhar sobe a biodiversidade.Reunião Técnica de Coordenadores Regionais(Inscrições até dia 2).

Concerto Allegreto Ensemble – Conservatório Regional da Horta.Centro de Interpretação do Vulcão, 18h00

Música ao VivoPedro Núvem e Cliff + Jam SessionBrothers On The Dish - Vocal VibrationsBooka, 23h00

Instalação de Moda Colecção Outouno/Inverno ZimodasCentro do Mar, 23h00

6 de Outubro Workshop de Iniciação à Banda Desenhada por

Mestre José RuyBiblioteca Pública João José da Graça10h00 às 12h00 ou 18h00 Às 20h00 (até dia 10)

7 de Outubro Cine Teatro Faialense – 21:30

BRINCADEIRAS PERIGOSAS - Funny Games

Realizador: Michael Haneke Actores: Susanne Lothar, Ulrich Mühe, Arno Frisch Ano: 2007 ; Idade: M/18; Duração: 103 minutos; País de Origem: Áustria.

Georg, Anna e o seu pequeno filho Schorschi chegam para umas férias na sua casa de Verão à beira do lago. Mais tarde, um simpático e jovem desconhecido, Peter, surge inesperadamente em casa de Anna pedindo-lhe ovos e afirmando estar hospedado em casa dos seus

vizinhos Fred e Eva. Anna sente-se algo perturbada pela presença do jovem e pelo seu ar insolente. Depois surge outro jovem, Paul, e as coisas tomam rumos inesperados. Os dois rapazes são demenciais psicopatas...

8 de Outubro Acção de Formação: “ Dez Reis de Gente... e de

Livros: Literatura Portuguesa para a Infância” por Dr.ª Sara Reis da Silva.Biblioteca Pública João José da Graça (dias 8 e 9).

10 de Outubro Filme: A Múmia – O Túmulo do Imperador

DragãoTeatro Faialense, 21h30 (repete dias 11 e 12) 11 de Outubro

Concerto pela Sociedade Filarmónica União FaialenseIgreja de São Francisco, 21h00

13 de Outubro Centro do Mar

Workshop: Programa de Observação para as Pescas dos Açores – Passado, Presente e Futuro

Inscrições em www.intradop.info (dias 13 e 14)

O Programa de Observação para as Pescas dos Açores (POPA), que tem como objecto a monitorização e gestão dos recursos pesqueiros no Arquipélago dos Açores, irá juntar nos próximos dias 13 e 14 no Centro do Mar representantes do governo, pescadores,

industriais, investigadores e todos os interessados no sector das pescas para uma reflexão sobre o que foi feito e o que resta fazer nesta área, de forma a que se possam definir linhas de orientação sólidas para o futuro do Programa.

14 de Outubro Cine Teatro Faialense - 21:30

NÃO ESTOU AÍ - I’m Not ThereRealizador: Todd Haynes Actores: Cate BlanchettChristian Bale, Richard Gere, Heath Ledger, Ben Whishaw Ano: 2007; Idade: M/12; Duração: 135 minutos; Género: Biografia / Drama / Musica; País de Origem: EUA / Alemanha.

I’m Not There é uma viagem pouco convencional à vida e aos tempos de Bob Dylan. Seis actores interpretam o papel de Dylan, como uma série de personagens em mutação – do público ao privado, passando pelo fantasioso – tecendo no seu conjunto um retrato rico e colorido deste sempre esquivo ícone americano. Poeta, profeta, fora-da-lei, falso, estrela eléctrica, mártir do rock’n’roll, Cristão Novo – sete identidades cruzadas, sete órgãos a alimentar a história de uma vida, tão densa e vibrante como a era que a inspirou.

15 de Outubro Apresentação do Boletim do Núcleo Cultural da

Horta.Biblioteca Pública João José de Graça pelas 20h30.

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