Fazer historia Interrogar documentos

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Texto: Fazer História, Interrogar Documentos... - Mary Del Priore (15 de outubro de 2008) - Fazer história, interrogar documentos e fundar a memória:a importância dos arquivos no cotidiano do historiador* Priore (Extraido de:Territórios e Fronteiras: Revista de Pós-Graduaçãoem História da Universidade Federal de Mato Grosso.Cuiabá, v. 3, n. 1 jan – jun 2002.) A cena é clássica: ao final da graduação em História, o professor sugere um trabalho de final de curso. O rosto de alguns alunos se ilumina. O de outros, fecha-se numa interrogação. Como lidar com documentos primários, como freqüentar arquivos e selecionar fontes, enfim, como fazer história ? – perguntam-se alguns deles. Para responder a estas questões gostaria de começar por uma pergunta aparentemente simples, mas que segue nos interpelando. O que é história ? Resposta simples: história é o que faz o historiador. Como já disse Antoine Prost , a disciplina chamada História não é uma essência etérea, uma idéia platônica. É uma realidade histórica situada no tempo e no espaço, feita por homens que se dizem historiadores e reconhecidos como tais, recebida e apropriada como história por um público variado. Não existe uma história sub spécie aeternitatis, cujas características atravessariam imutáveis as vicissitudes do tempo, mas produções diversas que os contemporâneos de uma determinada época se acordam em considerar história. Isto quer dizer que antes de ser uma disciplina científica, como pretende ser e até certo ponto é, a História é uma prática social. Essa asserção pode tranqüilizar o historiador que, como nós, toma a decisão de refletir sobre sua disciplina; ela o remete àquilo a que está acostumado a fazer: o estudo de um grupo profissional, de suas práticas, de sua evolução. Há vários grupos de historiadores que invocam tradições, constituem escolas, reconhecem regras constitutivas de seu ofício comum, respeitam uma deontologia, praticam ritos de incorporação e exclusão. Homens e mulheres que se dizem historiadores e que possuem a consciência de pertencer a uma comunidade, fazem história para um público que os lê ou os escuta, os discute e os acha importantes, por vezes interessantes. Historiadores são também movidos pela curiosidade intelectual, o amor da verdade, o culto da ciência, mas o seu reconhecimento social, assim como o seu salário, depende da sociedade que acorda um status e uma remuneração. Um duplo reconhecimento, o dos pares e do público, consagra o historiador como tal. Eis porque o discurso historiográfico dos historiadores emana de uma história indissociável social e cultural. Tudo que os historiadores de uma época ou de uma escola dizem de sua disciplina exige uma dupla leitura: num primeiro nível a leitura remete ao conceito de história definido pelo autor; num segundo nível, atenta para tal definição, ela remete a um contexto intelectual e político onde o método utilizado pelo autor se explica. Um exemplo: Novo Mundo nos trópicos, de Gilberto Freyre . Num primeiro nível refere-se a uma interpretação do Brasil, destacando a questão do mulatismo e da tropicalidade. Num segundo, é um debate em vários níveis contra a centralização do poder exigida pela ditadura Vargas, uma crítica ao modernismo cosmopolita proposto pelos paulistas, uma reação contra a invasão cultural americana. As duas leituras mostram que não apenas o historiador é debitário daqueles que o precederam e de seus contemporâneos, mas que ele debate em relação a outros grupos científicos pela dominação do campo social e científico . Sendo assim, fica claro que a história é uma prática social antes de ser uma prática científica, ou melhor, porque sua ambição científica é também uma forma de tomar posição na sociedade, a epistemologia da história é ela também parte desse processo que descrevemos. Parte integrante desta prática é a pesquisa histórica. Esta – como ensina José Honório Rodrigues – é a descoberta cuidadosa, exaustiva e diligente de novos fatos históricos, a busca crítica da documentação que prove a existência dos mesmos, sua incorporação ao escrito ou narrativa histórica ou a revisão e interpretação nova da História. A expressão é de origem espanhola, significando uma atividade de atuação probatória no sistema processual medieval com o fim de obter provas num caso controvertifo. O trabalho de indagação – inquisito, pesquisia – se praticava por fieles exquisitores ou pesquisadores nomeados pelo próprio tribunal. A evolução posterior do processo de administração da justiça por introdução do direito romano na Península Ibérica fez desaparecer a pesquisa no processo civil, conservando-a apenas no processo criminal. O triunfo do processo inquisitorial na Baixa Idade Média e da centralização administrativa fez com que a pesquisa se tornasse um processo de atuação dos órgãos judiciais supremos em assuntos de interesse público. Desde então, os soberanos, especialmente os de Castela, ordenavam pesquisas nas povoações feitas pelos alcaides pesquisadores, e se impunha aos juízes ordinários fazer pesquisa de todos os delitos cometidos nas suas jurisdições. Na Espanha e nos países hispano-americanos, o vocábulo não foi empregado na indagação histórica, preferindo-se a palavra investigação, formada de forma erudita da palavra investigar, isto é, seguir vestígios. No Brasil, nos começos do chamado Instituto Histórico e Geográfico não se empregou nem “investigar” nem “pesquisar”. Seus primeiros documentos utilizam, em 1839, as palavras “metodizar e coligir” para referir-se à necessidade de mandar vir de Portugal os manuscritos afeitos à nossa história. Rodrigues diz também que muitos provavelmente por influência inglesa a palavra research passou a ser traduzida e incorporada ao cotidiano do historiador. Diferentemente da época em que o grande historiador publica seu A pesquisa histórica no Brasil (1952), em que pouco se fazia pesquisa, ela é, hoje, amplamente adotada. Inúmeros cidadãos freqüentam as instituições eruditas em busca de informações e o ensino universitário tornou-se um grande propulsor da ação de pesquisadores . Dentro da pesquisa histórica vamos nos deparar com o que durante muito tempo se constituiu em sua âncora: o fato e a crítica histórica. Se existe uma convicção bem enraizada na opinião pública é a de que onde há história, há fatos; e que é preciso conhecê-los. Essa convicção está na base, inclusive, das críticas e contestação de vários programas de história, exprimindo-se na exclamação habitual: “mas os alunos não sabem nada!”. Em história há coisas a saber, e tais coisas são fatos e datas. Para o grande público a história não passa de um esqueleto constituído de datas e memorizar. Para ele, aprender de cor é aprender história. Percebe-se aqui a diferença maior entre ensino e pesquisa, entre a história que se expõe didaticamente e aquela que se elabora. No ensino os fatos são fatos. Na pesquisa é preciso construí-los. Tal como aprendemos em muitas salas de aula, a história procede em dois tempos: primeiro conhecer os fatos. A seguir, explicá-los, amarrando-os num discurso coerente. Essa dicotomia entre o estabelecimento dos fatos e sua interpretação foi teorizada, no final do século passado, pela escola “metódica” e notadamente por Langlois e Seignobos . Ela estrutura uma obra, hoje clássica como monumento de época, Introdução aos estudos históricos (1897), citada por todos os teóricos. Os autores franceses não consideram os fatos como fatos. Eles http://www.upf.br/ahr - Arquivo Histórico Regional Powered by Mambo Generated: 9 May, 2011, 14:29

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  • Texto: Fazer Histria, Interrogar Documentos... - Mary Del Priore(15 de outubro de 2008) -

    Fazer histria, interrogar documentos e fundar a memria:a importncia dos arquivos no cotidiano do historiador* Mary DelPriore (Extraido de:Territrios e Fronteiras: Revista de Ps-Graduaoem Histria da Universidade Federal de MatoGrosso.Cuiab, v. 3, n. 1 jan jun 2002.) A cena clssica: ao final da graduao em Histria, o professor sugere umtrabalho de final de curso. O rosto de alguns alunos se ilumina. O de outros, fecha-se numa interrogao. Como lidar comdocumentos primrios, como freqentar arquivos e selecionar fontes, enfim, como fazer histria ? perguntam-se algunsdeles. Para responder a estas questes gostaria de comear por uma pergunta aparentemente simples, mas que seguenos interpelando. O que histria ? Resposta simples: histria o que faz o historiador. Como j disse Antoine Prost , adisciplina chamada Histria no uma essncia etrea, uma idia platnica. uma realidade histrica situada no tempo eno espao, feita por homens que se dizem historiadores e reconhecidos como tais, recebida e apropriada como histriapor um pblico variado. No existe uma histria sub spcie aeternitatis, cujas caractersticas atravessariam imutveis asvicissitudes do tempo, mas produes diversas que os contemporneos de uma determinada poca se acordam emconsiderar histria. Isto quer dizer que antes de ser uma disciplina cientfica, como pretende ser e at certo ponto , aHistria uma prtica social. Essa assero pode tranqilizar o historiador que, como ns, toma a deciso de refletir sobresua disciplina; ela o remete quilo a que est acostumado a fazer: o estudo de um grupo profissional, de suas prticas,de sua evoluo. H vrios grupos de historiadores que invocam tradies, constituem escolas, reconhecem regrasconstitutivas de seu ofcio comum, respeitam uma deontologia, praticam ritos de incorporao e excluso. Homens emulheres que se dizem historiadores e que possuem a conscincia de pertencer a uma comunidade, fazem histria paraum pblico que os l ou os escuta, os discute e os acha importantes, por vezes interessantes. Historiadores sotambm movidos pela curiosidade intelectual, o amor da verdade, o culto da cincia, mas o seu reconhecimento social,assim como o seu salrio, depende da sociedade que acorda um status e uma remunerao. Um duplo reconhecimento,o dos pares e do pblico, consagra o historiador como tal. Eis porque o discurso historiogrfico dos historiadoresemana de uma histria indissocivel social e cultural. Tudo que os historiadores de uma poca ou de uma escola dizemde sua disciplina exige uma dupla leitura: num primeiro nvel a leitura remete ao conceito de histria definido pelo autor;num segundo nvel, atenta para tal definio, ela remete a um contexto intelectual e poltico onde o mtodo utilizado peloautor se explica. Um exemplo: Novo Mundo nos trpicos, de Gilberto Freyre . Num primeiro nvel refere-se a umainterpretao do Brasil, destacando a questo do mulatismo e da tropicalidade. Num segundo, um debate em vriosnveis contra a centralizao do poder exigida pela ditadura Vargas, uma crtica ao modernismo cosmopolita propostopelos paulistas, uma reao contra a invaso cultural americana. As duas leituras mostram que no apenas o historiador debitrio daqueles que o precederam e de seus contemporneos, mas que ele debate em relao a outros gruposcientficos pela dominao do campo social e cientfico . Sendo assim, fica claro que a histria uma prtica social antesde ser uma prtica cientfica, ou melhor, porque sua ambio cientfica tambm uma forma de tomar posio nasociedade, a epistemologia da histria ela tambm parte desse processo que descrevemos. Parte integrante destaprtica a pesquisa histrica. Esta como ensina Jos Honrio Rodrigues a descoberta cuidadosa, exaustiva ediligente de novos fatos histricos, a busca crtica da documentao que prove a existncia dos mesmos, sua incorporaoao escrito ou narrativa histrica ou a reviso e interpretao nova da Histria. A expresso de origem espanhola,significando uma atividade de atuao probatria no sistema processual medieval com o fim de obter provas num casocontrovertifo. O trabalho de indagao inquisito, pesquisia se praticava por fieles exquisitores ou pesquisadoresnomeados pelo prprio tribunal. A evoluo posterior do processo de administrao da justia por introduo do direito romanona Pennsula Ibrica fez desaparecer a pesquisa no processo civil, conservando-a apenas no processo criminal. Otriunfo do processo inquisitorial na Baixa Idade Mdia e da centralizao administrativa fez com que a pesquisa setornasse um processo de atuao dos rgos judiciais supremos em assuntos de interesse pblico. Desde ento, ossoberanos, especialmente os de Castela, ordenavam pesquisas nas povoaes feitas pelos alcaides pesquisadores, e seimpunha aos juzes ordinrios fazer pesquisa de todos os delitos cometidos nas suas jurisdies. Na Espanha e nospases hispano-americanos, o vocbulo no foi empregado na indagao histrica, preferindo-se a palavra investigao,formada de forma erudita da palavra investigar, isto , seguir vestgios. No Brasil, nos comeos do chamado InstitutoHistrico e Geogrfico no se empregou nem investigar nem pesquisar. Seus primeiros documentos utilizam, em 1839,as palavras metodizar e coligir para referir-se necessidade de mandar vir de Portugal os manuscritos afeitos nossahistria. Rodrigues diz tambm que muitos provavelmente por influncia inglesa a palavra research passou a sertraduzida e incorporada ao cotidiano do historiador. Diferentemente da poca em que o grande historiador publica seuA pesquisa histrica no Brasil (1952), em que pouco se fazia pesquisa, ela , hoje, amplamente adotada. Inmeroscidados freqentam as instituies eruditas em busca de informaes e o ensino universitrio tornou-se um grandepropulsor da ao de pesquisadores . Dentro da pesquisa histrica vamos nos deparar com o que durante muito tempo seconstituiu em sua ncora: o fato e a crtica histrica. Se existe uma convico bem enraizada na opinio pblica a de queonde h histria, h fatos; e que preciso conhec-los. Essa convico est na base, inclusive, das crticas econtestao de vrios programas de histria, exprimindo-se na exclamao habitual: mas os alunos no sabem nada!. Emhistria h coisas a saber, e tais coisas so fatos e datas. Para o grande pblico a histria no passa de um esqueletoconstitudo de datas e memorizar. Para ele, aprender de cor aprender histria. Percebe-se aqui a diferena maior entreensino e pesquisa, entre a histria que se expe didaticamente e aquela que se elabora. No ensino os fatos so fatos. Napesquisa preciso constru-los. Tal como aprendemos em muitas salas de aula, a histria procede em dois tempos:primeiro conhecer os fatos. A seguir, explic-los, amarrando-os num discurso coerente. Essa dicotomia entre oestabelecimento dos fatos e sua interpretao foi teorizada, no final do sculo passado, pela escola metdica enotadamente por Langlois e Seignobos . Ela estrutura uma obra, hoje clssica como monumento de poca, Introduoaos estudos histricos (1897), citada por todos os tericos. Os autores franceses no consideram os fatos como fatos. Eleshttp://www.upf.br/ahr - Arquivo Histrico Regional Powered by Mambo Generated: 9 May, 2011, 14:29

  • passam bastante tempo a explicar quais regras devem rigorosamente ser seguidas para constru-los. Mas, no seuesprito, assim como no da escola metdica que eles formalizaram, uma vez construdos, os fatos so definitivos. Donde adiviso de trabalho em dois tempos e em dois grupos profissionais: os pesquisadores ou seja, os professoresuniversitrios estabelecem fatos; os professores de escola os utilizam. Os fatos so como pedras com as quais seconstroem os muros da histria, ajudando, segundo Seignobos, a descartar mitos e anedotas . A importncia entoacordada ao trabalho de construo dos fatos se explica por uma preocupao central: como dar ao discurso do historiadorum estatuto cientfico ? Como assegurar que a histria no uma cadeia de opinies subjetivas que cada um poderia ouno aceitar, mas expresso de uma verdade objetiva que se impe a todos ? Colocada h mais de cem anos, a questono pode ser considerada suprflua, intil ou caduca . Basta lembrar o papel do historicismo negacionista na Frana eAlemanha para compreender como o tema ainda importante. Ora, dentro do discurso do historiador fatos so oelemento duro, so o que resiste contestao. A preocupao com os fatos tambm a da administrao da prova, assimcomo est indissocivel da referncia. Da o uso obrigatrio de notas de rodap, capazes de explicitar o saber contido,reunido sobre tal e qual fato mencionado pelo historiador. No de pode pedir que o leitor acredite na palavra dohistoriador, da as notas, graas s quais o autor d ao leitor a oportunidade de verificar o que ele est dizendo. Daescola metdica Nova Histria, notas so uma regra comum da profisso. Em Apologia da Histria, Marc Bloch faz umelogio s notas, apresentando-as como fora da razo contra a subjetividade do historiador . A idia da busca pelohistoriador de certa verdade objetiva extrada dos fatos repousa sobre uma vasta discusso que no vamos explorartotalmente; importante reter que historiadores renegam informaes sem provas, para evitar simplismos, forjando umabase essencial para o seu trabalho: nenhuma afirmao sem provas, ou melhor, no h histria sem fatos. O problemapassa a ser outro: como estabelecer fatos ? Que procedimento seguir ? A resposta reside no chamado mtodo crticoque remonta ao De Re Diplomtica, de Mabillon (1681) . A princpio julgava-se necessrio construir fatos sobredocumentos escritos. Embora o campo do historiador tenha alargado o repertrio documental, a maior parte doshistoriadores continua a trabalhar com esse tipo de fonte, sem desqualificar as demais. Como diz bem Arlette Farge, oshistoriadores se reconhecem no gosto pelo Arquivo. E tal gosto, responsvel pela valorizao do documento, incitaFarge a ponderar que: "O gosto pelo arquivo passa por um gesto artesanal, lento e fecundo, graas ao qual copiam-setextos, parte aps parte, sem transformar nem forma, nem ortografia, nem mesmo a pontuao. Sem pensar muito. Mas,pensando nisso o tempo todo. Como se ao faz-lo, a mo permitisse ao esprito tornar-se cmplice e simultaneamenteestrangeiro ao tempo e a estes homens que se contam." A seguir, confronta-se o documento escolhido a tudo que seconhece sobre o perodo e o tema. Essa forma de crtica histrica em si, pois ela afina e aprofunda o que j se sabe.Vejamos como. Atravs da crtica externa ao documento o historiador dever estar atento a suas caractersticasmateriais: tipo de papel, de tinta, selo. A crtica interna remeter coerncia do texto, compatibilidade entre data efatos. Medievalistas, por exemplo, sofrem com documentos apcrifos. Da a importncia das disciplinas auxiliares. Apaleografia revela se a grafia de um documento corresponde ao perodo. A diplomtica, se as convenes s quais ele seprende so pertinentes (como comeavam, como estavam dispostos, como se designava o signatrio). A epigrafia, asregras segundo as quais se dispunham os tmulos na Antigidade. Enfim, assim armada, a crtica permite distinguir umdocumento verdadeiro de um falso . Mais alm, o historiador deve submeter o documento critica da sinceridade e daexatido. Atravs desta o historiador dar ateno s palavras utilizadas, s repeties, s lacunas, e seguindo de perto aconstruo das frases ele encontrar a uma representao, uma mentalidade, uma idia. Independentemente de o textoser um testemunho sincero, preciso no se enganar sobre seu sentido. Da a importncia de outra crtica, a dainterpretao. Termos ou conceitos que parecem transparentes e o so. Marc Bloch chegou a sugerir que se inclusse alingstica como disciplina auxiliar de histria. Um exemplo: a palavra burgus no designa a mesma coisa num textomedieval, num manifesto romntico ou no texto de Marx. Polcia outro termo usado equivocadamente por um historiadorbrasileiro para designar outras coisas que no era no sculo XVIII: civilidade. As regras da crtica, ao contrrio do queparecem, nada tm de artificial. Achar que so prescindveis falso. As regras da crtica e da erudio, a obrigao de darreferncias, no so as mesmas arbitrrias. Elas, em primeiro lugar, distinguem o historiador do romancista; elas tmpor funo educar o olhar que o historiador tem sobre o documento. uma atitude no espontnea que ajuda o historiador aformar-se no seu ofcio. Essa atitude to mais importante quanto a histria o conhecimento atravs de restos, oucomo diz J. Cl. Passron, um trabalho sobre objetos perdidos. Ela decorre de anlise sobre vestgios solidrios comcontextos no diretamente observveis, como explica Bloch. Normalmente, tais vestgios so documentos escritos:arquivos, peridicos, livros; mas podemos pensar tambm em objetos materiais: moedas, um pedao de cermicafunerria, a bandeira de um sindicato, utenslios de trabalho. No importa. O historiador efetua um trabalho sobre asmarcas e os restos para reconhecer os fatos. Esse trabalho constitutivo do fazer-histria. Compreende-se melhor oque um fato histrico: ele o resultado do raciocnio feito a partir de restos e indcios, segundo as regras da crtica. Mas no s; neste raciocnio reside o X do problema: a questo. Se no h fatos, tambm no h histria sem questo, oumelhor, o problema. O problema tem um lugar decisivo na construo da histria. A histria no se define pelo seu objeto,nem pelos documentos que lhe permitem reencontrar o fato, mas pela pergunta, o problema que colocado aosdocumentos. Podemos e fazemos a histria de tudo: do amor morte, da vida material, tcnicas, arte, instituies, emoes,paisagem etc. Mas a questo que ajuda a recortar um objeto original no universo sem limite dos fatos e dosdocumentos possveis. Do ponto de vista epistemolgico, ela preenche uma funo fundamental, no sentido etimolgico,pois ela funda e constitui o objeto histrico. Como dizem os historiadores franceses: uma histria vale o que vale suaquesto. Tal questo no ingnua: ningum se pergunta sobre o sentimento face natureza do homem de Cro-Magnon, pois esta uma questo ociosa por falta de traos. Objetivo, Robin Collingwood, em seu The Idea of History, dizque cada vez que um historiador se coloca uma questo, ele j intui como respond-la . No h, ento, documentosem questo. a questo que, instaurada pelo historiador, erige os restos do passado em fontes histricas. O documentosozinho, isolado, no existe se no houver interveno da curiosidade do historiador. Collingwood resume por uma frasehttp://www.upf.br/ahr - Arquivo Histrico Regional Powered by Mambo Generated: 9 May, 2011, 14:29

  • definitiva: Everything in the world is potential evidence for any subject whatever. Tudo poder servir na condio de que ohistoriador seja capaz de interpretar. O incio de uma pesquisa no a contemplao de fatos brutos, mas o fato de secolocar uma questo que deslancha o processo de coleta de informaes capazes de respond-la na forma de umraciocnio autenticamente histrico; caso contrrio isso no passa de uma curiosidade. Dizer que uma questo pode sercolocada significa que ela tem um lao, uma ligao lgica com produes anteriores. Na condio, insisto, na condio de que ohistoriador saiba como utilizar esta conexo, este lao, Lucien Febvre j dizia que a parte mais apaixonante do trabalhodo historiador fazer falar as coisas mudas . Tais coisas mudas podem ser tudo: documentos escritos, mas tambm,diz ele, paisagens, telhas, formas dos campos e ervas daninhas, tudo o que, pertencendo ao homem, vem do homem,serve ao homem, exprime a presena humana na ausncia de documento escrito. Historiador deve fabricar seu mel.Oprimado da questo sobre o documento tem duas conseqncias: 1) no se pode fazer jamais a leitura definitiva de umdocumento. O historiador no esgota jamais um documento; ele pode interrog-lo com outras questes ou faz-lo falarcom outros mtodos. Uma denncia do Santo Ofcio da Inquisio, por exemplo, a despeito de sua exigidade, permitefazer um retrato sociolgico dos diferentes grupos sociais: suas crenas, atividades profissionais, mobilidade geogrfica.V-se, a, o papel fundamental da questo na construo do objeto histrico. 2) a solidariedade indissocivel entre aquesto, o documento e o procedimento de tratamento desse ltimo explica que a renovao do questionamento leve renovao dos mtodos. medida que o historiador coloca novas questes, ele cria novos cenrios histricos, que, por suavez, levam a novas questes, numa bola de neve. Passamos de documentos escritos no sculo XIX aos documentos dacultura material, aos relatos orais, lingstica. A renovao do questionrio o motor da evoluo da disciplina. No porcapricho dos historiadores, mas porque questes se encadeiam, se polinizam, as curiosidades coletivas se movimentamnuma ou noutra direo, etc. Devemos, contudo, observar que a validade das perguntas tambm varia; a corporaoque determina seu status cientfico. A vlida sublinhe-se aquela que faz avanar a disciplina. Mas o que isso significa fazer avanar a disciplina ? a verdadeira lacuna, segundo Antoine Prost, no o objeto suplementar cuja histria no foifeita, mas as questes para as quais os historiadores ainda no tm resposta. E como as questes se renovam, hlacunas que se apagam sem terem sido, sequer, preenchidas. H questes que deixaram de ser feitas antes de seremrespondidas. Essa constatao leva a duas conseqncias.A primeira que jamais cessamos de escrever histria. Oshistoriadores do sculo XIX achavam que seu trabalho era definitivo. Isso era um sonho. Toda a histria uma relaocom os avanos feitos sobre o seu objeto at o momento presente. Donde resulta que toda a histria , ao mesmotempo, uma histria da histria. Isso quer dizer que o trabalho histrico no encontra sua legitimidade diretamente nosdocumentos: um estudo de primeira mo, diretamente um cima de documentos, pode no ter qualquer interesse cientficose no tem respostas nem questes. Um estudo de segunda mo, a partir de trabalhos anteriores, pode ter grandepertinncia se forem feitas questes inovadoras. Exemplo disso a biografia histrica. Idolatrada pela histria positivistafoi abominada pelos Annales por sua incapacidade de apreender os conjuntos sociais e econmicos. Entre os anos 50 e70, a biografia individual e singular foi substituda pela histria total. A demanda do pblico, na Europa, todavia, seguiapedindo biografias. Colees inteiras conheceram sucesso. Editoras solicitaram aos historiadores trabalhos nessesentido. O belssimo So Luiz , de Jacques Le Goff, no escapa a esta frmula e nasce neste contexto. Simultaneamente,a configurao da histria mudava. A esperana de uma histria sinttica e total, permitindo uma compreenso completa dasociedade e de sua evoluo, se esvaziava. Tornava-se mais interessante compreender o passado a partir de casosconcretos, funcionamento culturais, sociais e religiosos especficos, e nesse contexto a biografia, sobretudo aquela deannimos, muda de estatuto e encontra legitimidade. No mais a mesma biografia, nem mais as dos grandes homens.Ela menos busca determinar a influncia dos indivduos sobre os fatos e mais compreender, atravs deles, ainterferncia das lgicas e articulaes de redes complementares. Mas, para alm do problema e de sua insero numdeterminado tempo histrico, no se pode deixar de ver, na definio dos novos campos e das novas questes, os jogos dopoder no interior da profisso. Esclareamos de uma vez por todas: as posies de poder dentro da profisso so aquelasque decidem quais so os questionamentos pertinentes. Revistas temticas que recebem ou recusam artigos so umdesses lugares. Linhas de pesquisa em conhecidos departamentos e notrias faculdades, tambm. As editorasuniversitrias ou os postos relevantes dentro de fundaes de apoio pesquisa, igualmente. As tenses que se estendema diferentes abordagens, a diferentes linhas de ps-graduao ou escolas designam os conflitos sobre os quais se fundamidentidades profissionais. Confrontos trazem ganhos e perdas materiais e simblicos , influncia nas carreiras e empontos de prestgio. Logo, a histria da histria se define, alm da cincia e do social, ou seja, dos grupos, de insero,pelo enraizamento social das questes histricas, ou seja, pela demanda social. No Brasil ainda precisamos fazer areabilitao de camadas inteiras, sem falar em regies inteiras, que no tm merecido o interesse de nossos colegas.Ahistoricidade das questes um fato: Voltaire, com O Sculo de Lus XIV, mais responde ao interesse dos leitores pelatransformao dos mores na corte francesa do que por sua curiosidade sobre a vida do rei . Michelet, por sua vez, insere-se no movimento Romntico, que fazia do povo o heri coletivo. Mesmo a escola metdica, que almejava a absolutaobjetividade destacada das contingncias sociais, sofre a contaminao de questes polticas do tempo. Crise econmica eluta de classes, no primeiro quartel do sculo XX, fazem Ernest Labrousse debruar-se sobre as origens econmicas daRevoluo Francesa . Na atualidade, vemos Jean Delumeau preocupar-se com temas tais quais catolicismo, religio ehistria, etc . Por fim, at a moda da psicanlise existencial desemboca nos ensaios de ego-histria . Mas alm dosfumos do tempo e do lugar, o ofcio de intelectual coloca em relevo a personalidade de cada um. No se estuda duranteanos sem que o estudo tenha uma significao pessoal. O inconsciente tambm deve fazer a a sua parte. Num ensaionotvel, Roland Barthes analisa o gosto e a fascinao visvel de Michelet por sangue, descrevendo sua obra como umarede organizada de obsesses . Ao debruar-se sobre a vida e a morte dos homens do passado, o historiador debrua-sesobre a sua prpria. O deslocamento de sua curiosidade ao longo do tempo, e da idade, d a medida de sua identidade.Donde a necessidade de tomada de conscincia que se impe aos engajamentos sociais, polticos e religiosos de cadaintelectual. Paixes, acertos de contas e voluntarismos so riscos no trabalho. A histria tem, portanto, necessidade dehttp://www.upf.br/ahr - Arquivo Histrico Regional Powered by Mambo Generated: 9 May, 2011, 14:29

  • recuo. Mas ele no provm do distanciamento no tempo e no basta desej-lo para que ele exista. Em histriacontempornea isso to mais importante quanto fazer a histria a partir de documentos e no apenas de lembranas. preciso quebrar a imediatidade da atualidade e o historiador deve buscar mediaes entre a histria que est fazendo e aprpria histria. Ento, como j disse, o recuo no distncia no tempo, mas distncia do objeto. A histria cria o recuo. Asimplicaes pessoais no so necessrias apenas para a histria do tempo presente, pois, como lembrou Croce, todahistria contempornea: todo problema autenticamente histrico [ao que Croce opunha a anedota nascida da puracuriosidade] mesmo que diga respeito a um passado longnquo, tambm um drama que existe, hoje na conscinciado homem: uma pergunta feita pelo historiador na situao de sua vida, de seu meio e seu tempo. O historiadorprecisa apenas buscar certa racionalidade para elucidar suas implicaes com o objeto. Os riscos fora dessa dmarche,segundo Philippe Boutry , so de uma hipertrofia da relao objeto-historiador: enquanto o ego do historiador ocupa emsenhor absoluto o lugar onde antes havia o fato bruto, enquanto se procurar trocar os modelos explicativos porexperincias ldicas, o historiador perde as engrenagens da sua disciplina. O alerta vai contra a reivindicao,proclamada aos berros por alguns grupos, em favor da subjetividade do historiador e do eu no discurso histrico. Fazerhistria a partir dos textos no recopiar o real. Pelas escolhas e aproximaes que faz, o historiador d um sentidoindito s palavras que ele arranca ao silencia dos arquivos. A captura da palavra responde preocupao de reintroduzirexistncias, singularidades no discurso histrico e desenhar cenas que so tambm eventos. A presena da citao dentrodo texto histrico modificou totalmente seu sentido. Ela no mais ilustrao de uma regularidade, ela indica umainterrupo, uma clivagem, uma diferena, uma singularidade entre o que diz a fonte e o que diz o historiador. A questodo historiador passa, portanto, pelo subjetivo e pelo objetivo. Profundamente enraizada na personalidade de quem aformula, ela no se formula solidria com documentos onde ela possa encontrar respostas. Inserida nas teorias, svezes nas modas que atravessam a profisso, a questo preenche, como vimos uma funo profissional, uma questosocial e uma funo pessoal mais ntima.Em resumo, o problema em histria fundamenta a seriedade da disciplina e aportaao problema recorrente da objetividade na histria. A objetividade no pode vir do ponto de vista adotado pelo historiador,pois a situao desse obrigatoriamente subjetiva. Melhor do que falar em subjetividade falar em imparcialidade everdade; elas s podem ser conquistadas pelo trabalho laborioso do historiador. Elas esto no final do seu trabalho e nono incio. O que refora a importncia das regras do mtodo. Last, but not least, seria importante lembrar, neste percurso,o papel dos arquivos. A existncia destes que so o fundamento do saber histrico, da memria da nao e da construodo Estado nos adverte para o fato seguinte: o ofcio do historiador no se aprende lendo manuais ou livros de histria,mesmo se num estgio mais avanado da carreira o historiador se permite escrever snteses ou livros de vulgarizao. Oofcio se aprende em contato com documentos, e, no mais das vezes, documentos escritos. A estes o historiadoracrescenta testemunhos orais, imagens fixas ou animadas. No tenho qualquer dvida sobre a emoo suscitada pelaleitura de um velho testamento, a abertura de um processo ou a consulta a uma desgastada coleo de jornais. As folhasadormecidas depois de tanto tempo conservam os restos de muitas vidas, de paixes silenciadas, de conflitosesquecidos, de anlises inter rompidas, de contas obscuras. Vidas humanas, com suas grandezas e misrias,enterraram metodicamente nestas pastas conservadas, seus segredos . A primeira lio que a aprendizagem do arquivod ao futuro historiador a de que ele no deve contentar-se com o que os outros escreveram sobre o seu tema depesquisa. Ele deve ir ver com seus prprios olhos, ir s fontes, chegar a uma concluso pessoal. Ele deve buscar nospapis respostas para suas questes, garimpando em tal e qual fundo. o arquivo, por seu turno, devolve-lhe o esforo,modificando suas perguntas e problemticas, enriquecendo suas informaes, ajudando-o a definir uma intriga e a definirum cenrio. Guardio da memria e da documentao histrica, pela abundncia e variedade de fundos pblicos eprivados que, ao longo de quilmetros, se colocam disposio do cidado, o arquivo d conta das mudanas ocorridas noBrasil ao longo dos sculos nas instituies, na economia, nas mentalidades e na sociedade. Sem paralelos, essadocumentao oferece ao interesse de muitos de ns um infinito de investigaes; campo, diga-se, preparado pelo labor deannimos arquivistas que contribuem para classificar e tornar teis milhares de impressos e manuscritos. O afluxo semprecedentes de nova documentao, sobretudo aquela iconogrfica ou composta por documentos sonoros e deimagens, deve-se em parte, ao alargamento do campo intelectual da pesquisa histrica. A abertura progressiva destaltima aos domnios da vida econmica e social, da etnologia histrica e dos comportamentos individuais ou coletivosreflete-se numa coleta diversificada em benefcio de todas as cincias humanas. No so apenas os papisprovenientes de administraes pblicas e jurdicas que tm direito aos arquivos. Hoje, arquivos de empresas, alm dosprivados, suscitam uma fabulosa fome de pesquisa . Fazer histria, interrogar documentos e fundar a memria, pensar aimportncia dos arquivos no cotidiano do historiador, so tarefas do ofcio. Nunca demais lembrar que o discurso histricoprecisa aderir matria documental sem que a utilizao das fontes torne as citaes inadequadas. Quem escreve histria lembra Evaldo Cabral de Mello , um dos nossos maiores historiadores sabe que no problema empregar fontes demaneira expressiva, fazendo delas no uma demonstrao de erudio, mas a prpria carne e o sangue da obra. Contra osque no querem sujar as mos com papel velho, Mello contrape o ridculo dos demais que preferem uma pgina deAlthusser para compreender como foi a escravido em Conceio do Mato Dentro. Judicioso conselho ! Praia doFlamengo, abril de 2002. Notas: Coordenadora Geral de Pesquisa e Difuso da Informao do Arquivo Nacional. PROST, Antoine. Douze lessons dhistoire. Paris: Seuil, 1996. Empresto deste autor vrias das questes que sero aquitratadas. FREYRE, Gilberto. Novo Mundo nos trpicos. Rio de Janeiro: Topbooks, 2001. No caso, Gilberto empresta deUnamuno uma srie de teses para discutir as fronteiras brasileiras e a importncia da regionalizao, e de Franz Boas,alemo imigrado nos EUA, a idia de que no se estuda raa, como queria a antropologia fsica do sculo XIX, mascultura e, dentro da cultura aquilo que lhe d lgica prpria e autonomia. O conjunto de conhecimentos que tem porobjetivo o conhecimento cientfico. RODRIGUES, Jos Honrio. A pesquisa histrica no Brasil. So Paulo: CompanhiaEditora Nacional / MEC, 1978 (a primeira edio de 1952), p. 21. Em Portugal, desde Afonso III (1248-1279). RODRIGUES, op. cit. Ibidem, p. 23. LANGLOIS, Charles Victor; SEIGNOBOS, Charles. Introduction aux tudeshttp://www.upf.br/ahr - Arquivo Histrico Regional Powered by Mambo Generated: 9 May, 2011, 14:29

  • historiques. Paris: Hachette, 1897. Execlente sntese sobre a escola metdica encontra-se em BOURD, Guy; MARTIN,Herv. Les coles historiques. Paris: Seuil, 1983. Empresta a Antoine Prost suas idias, especialmente as do captuloIV, Les questions de lhistorien (Prost, op. cit., p. 79-99). BLOCH, Marc. Apologie pour histoire ou meter dhistorien. Paris:Armand Collin, 1960. Marc Bloch via no ano de 1681 uma grande data na histria do esprito humano. O beneditino DomMabillon o primeiro a elaborar uma erudio metdica, servindo-se de dicionrios, numismtica e epigrafia, para fazeruma histria sem preconceitos contra a Igreja> Ver Lhistoire rudite de Mabillon a Fustel de Coulanges, Em Bourd eMartin, op. cit., p. 126-155. FARGE, Arlete. L gut de larchive. Paris: Seuil, 1989, p. 25. Nos prximos pargrafosresumo idias de Prost, op. cit., especialmente o captulo III, Les faits et la critique historique, p. 55 passim. VerCOLLINGWOOD, Robin. The idea of History. Londres: Clarendon Press, 1946. Ver FEBVRE, Lucien. Combats pourlhistoire. Paris: Armand Collin, 1953. Ver LE GOFF, Jacques. So Luiz. So Paulo: Companhia das Letras, 2000. Terminada em 1739 e publicada em 1751, em Berlim, a obra contou com a colaborao de cortesos que lhe deram seudepoimento. Ver, tambm, POMEAU, Ren. Voltaire par lui mme. Paris: Armand Collin, 1965. Ver o seu La crise delconomie franaise fin de lAncien regime. Labrousse no pertence estritamente a nenhuma escola, preferindo beber emdiferentes tradies. Contemporneo de Braudel, leitor de Marx e, por meio de estatsticas minuciosas, cria a histriaserial. Ver seu artigo Que reste-t-il du paradis? em MICHAUD, Yves (Dir.). Luniversit de tous les savoirs:Lhistoire, lasociologie, lanthropologie. Paris: Odile Jacob, 2000, p. 185-200. Ver Foucault rvolutions lhistoire! em VEYNE, Paul.Comment on crit lhistoire. Paris: Seuil, 1971. BARTHES, Roland. Michelet par lui mme. Paris: Seuil, 1954. Vertambm Les moyen age de Michelet em LE GOFF, Jacques. Por um autre Moyen Age. Paris: Gallimard, 1977. Citadopor PROST, op. cit., p. 220. Mais uma vez, empresto idias de Prost, de seu artigo Les practiques et les mthodes, emPROST, Antoine. Lhistoire aujourdbui. Paris Sciences Humaines, 1999, p. 385. Ver Archives contemporaines et histoire.Paris: Nationales, 1995. Ver seu prefcio em MELLO, Jos Antnio Gonalves de. Tempo dos Flamengos.. Rio deJaneiro: Topbooks, 2001.

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