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julho | 2017

Federação Nacional dos Apicultores de Portugal

#4

informar para melhorar

REPORTAGEMVencedores do 8º Concurso Nacional do Mel

Como se avalia o mel?

ENTREVISTA«Estamos empenhados em fomentar a criação de redes »

João Ribeiro Lima, vogal do Conselho Diretivo do INIAV

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Setor apícola nacional crescee profissionaliza-se

Dados oficiais revelam que em 2016 atingimos um númerorecorde de 700.000 colmeias em Portugal, com um cres-cimento de 23,5 %, embora se mantenha a tendência dediminuição do nº de explorações (10.698) dos últimosanos. Este é um sinal claro de que os apicultores portugue-ses estão mais profissionais e especializados. Prova dissoé a qualidade dos méis apresentados ao 8º ConcursoNacional do Mel, que passaram por um apertado screeningde análises físico-químicas, polínicas e sensoriais querevelamos nesta edição da APINFO.

A atividade da FNAP é o reflexo de um setor dinâmico eem crescimento, que quer dar um salto qualitativo atravésdo Conhecimento e da Inovação e que procura para talos parceiros certos. Veja-se o exemplo do protocolocelebrado a 13 de julho entre a FNAP e o Instituto Nacionalde Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) para dinamizaro Posto Apícola (PA), instalado na Tapada da Ajuda, emLisboa. Ou ainda os vários projetos apresentados à medidados Grupos Operacionais do PDR2020, em que a FNAPestá envolvida, com vista a desenvolver produtos apícolasinovadores e a valorizar os méis monoflorais portuguesese méis protegidos.

Um caminho não menos importante que a FNAP tem vin-do a trilhar é o diálogo aberto e franco com o setor agríco-la, porque, como ficou provado num seminário organizadopela FNAP na Feira Nacional de Agricultura, é possívelpraticar uma agricultura intensiva e rentável, que é emsimultâneo amiga do ambiente e das abelhas. Para tal épreciso medir o impacto dos pesticidas nas abelhas e naapicultura e munir os apicultores de ferramentas que lhespermitam mitigar esses impactos através da construçãode indicadores de uso de pesticidas, como se propõe oGrupo Operacional PP4B.

«É urgente estabelecer mecanismos eficazes de comu-nicação entre a apicultura e agricultura», reconhece o nossoentrevistado desta edição, João Ribeiro Lima, do INIAV, umaafirmação que subscrevemos e estamos a pôr em prática.

Boa leitura!

CONSULTÓRIO TÉCNICO

Perguntas e respostas sobre a cresta

NOTÍCIAS

XVIII Fórum Nacional de Apicultura

Adulteração de mel com açúcaresexógenos preocupa apicultores europeus

Criada Parceria Europeia para a saúde das abelhas

Posto Apícola será Laboratório Nacionalde Referência da Qualidade do Mel

Comissão Europeia atualiza estatísticasdo setor apícola

AGENDA

ENTREVISTA

«Estamos empenhados em fomentar a criação de redes», João Ribeiro Lima, vogal do Conselho Diretivo do INIAV

REPORTAGEM

8º Concurso Nacional do Mel

Mel do Ano 2017

Como se avalia o mel?

Apicultura, agricultura e biodiversidade

O valor da polinização na agricultura

ESPAÇO ASSOCIADOS

APIGUADIANA - Associação de Apicultoresdo Parque Natural do Vale do Guadiana

AALBA - Cooperativa de Produtores

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editorial índice

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Com o final da Primavera chega a altura de �colher� o mel,chega a altura da cresta. Esta operação pode ser crítica parao sucesso de todo um ano de trabalho. Em muitos apicultoresainda persistem dúvidas relativamente à cresta, nomea-damente:

P: Qual a melhor altura para realizar a cresta?

Não existe uma data melhor ou pior para realizar a cresta.O mel pode ser recolhido de uma colmeia em praticamentequalquer altura, desde que esteja completamente operculado.Por completamente operculado entende-se que pelo menos7/8 de cada lado do quadro de mel (da alça ou da meia-alça)está coberto com uma película de cera (opérculo), que asabelhas colocam quando o néctar que recolheram finalmentese transformou em mel.

Crestar mel operculado é muito importante, pois esse factosinaliza que o mel já está pronto, já está �maduro�. Se, pelocontrário, realizar a cresta sem que o mel esteja operculado,corre o risco de vir a ter problemas com a conservação, em-balamento e a comercialização do seu mel, uma vez que aoapresentar teores de humidade elevados, o mel apresentatambém maior tendência para fermentar.

Recomenda-se a realização da cresta em épocas do ano emque a temperatura ambiente esteja elevada, uma vez que talfacilita a extração do mel, pois contribui para a sua maiorfluidez. Sempre que crestar, lembre-se de uma regra essencialpara a perenidade e sustentabilidade das suas colónias e,consequentemente para a viabilidade económica da suaexploração: deixe sempre reservas de mel suficientes paraas suas abelhas!

P: Como deve ser feita a recolha e transporte das alças durantea cresta?

A recolha das alças para a extração do mel deve seguiralgumas regras, com o objetivo da manutenção das suascaracterísticas originais e, consequentemente, da qualidadedo produto final. É importante salientar que é uma etapacrítica, uma vez que é o início de um longo processo desuscetibilidade do produto: em relação às condições dasinstalações, dos equipamentos e às condições ambientaisde manipulação.Sendo a cresta uma operação simples, é

também a mais trabalhosa e mais pesada para o apicultor,devendo, sempre que possível ser realizada em equipa.

Afastar as abelhas dos quadros e das alças é algo essencialquando se realiza a cresta. Devemos ter o cuidado de diminuirao máximo o número de abelhas que acompanharão asalças, assim como procurar diminuir ao máximo o stresscausado nos enxames por esta operação. Tal pode muitasvezes revelar-se difícil ou mesmo impossível. O afastamentodas abelhas dos quadros pode ser efetuado com jato de ar,pelo sistema de escovar as abelhas, pelo uso do fumigador,entre outros. Quando recorrer à utilização do fumigador, énecessário ter em atenção que o mel é um produto quepode absorver odores com facilidade, mesmo quandooperculado nos quadros. Assim, a sua utilização deve serfeita com parcimónia e de forma correta, para evitar que autilização excessiva do fumo altere as característicasorfanológicas do mel.

Lembre-se que a utilização do fumigador deve ainda respeitaras regras de segurança de proteção do operador e doambiente, nomeadamente nos períodos críticos de risco deincêndio.

Após retirar as alças das colmeias, estas não devem per-manecer expostas ao sol por longos períodos, pois as elevadastemperaturas podem levar a um aumento do teor dehidroximetilfurfural (HMF) no mel, podendo comprometeros valores paramétricos definidos na legislação em vigor(Decreto-Lei nº 214/2003, de 18 de setembro).

O veículo usado para o transporte das alças até à área deextração (Imagem 5) deve ser previamente higienizado enão deve ter transportado, recentemente, qualquer materialque possa ter deixado algum tipo de resíduo (produtosquímicos, adubos, esterco, etc.). Considere ainda cobrir asalças com uma tela impermeável e ignífuga caso o meio detransporte tenha a saída de escape à frente das alças(considerando o sentido da marcha), por ex.: tratores comatrelado, para evitar a contaminação do mel com resíduosda combustão e a perda de qualidades aromáticas do mel.

Textos adaptados a partir do Manual de Boas Práticas na Produçãode Mel, de Ana Maria Gomes de Sousa Neves, editado pela FNAPem julho de 2016. Disponível em: http://fnap.pt/web/wp-content/uploads/documento_cnt_projectos_121.pdf

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consultório técnico

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Imagem 1. A cresta é uma operação pesada, que requer trabalhode equipa

Imagem 2. Durante a cresta utilize o fumigador com parcimónia

Imagem 3. Utilização de soprador durante a cresta Imagem 4. Acondicione as alças num local fresco e protegidodo Sol

Imagem 5. Veículo de transporte de alças com quadros

Confira na próxima edição da APINFO,as boas práticas e os cuidadosa ter em conta na extração,processamento e embalamento do mel.

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XVIII Fórum Nacional de Apicultura

«A Apicultura é atualmente uma atividade económica capazde gerar rendimentos e que dessa forma fixa as populaçõesnos meios rurais, onde o apicultor é interveniente fundamentalenquanto �maestro� na gestão sustentável dos recursos doterritório e da natureza. Atualmente, alguns recursos comoos matos silvestres apenas são valorizados através da apicultura,sendo a origem dos néctares de alguns dos mais emblemáticosméis monoflorais nacionais: o mel de rosmaninho e o mel deurzes.»

Foi com este mote, que a FNAP e a anfitriã AGUIARFLORESTA- Associação Florestal de Vila Pouca de Aguiar, apresentou àcomunidade apícola o XVIII Fórum Nacional de Apicultura.Estendendo-se pelo território do Alto Tâmega, a edição de2017 do Fórum Nacional de Apicultura contará com acoorganização da CAPOLIB - Cooperativa Agrícola de Boticas,CRL e da MONTIMEL - Cooperativa dos Apicultores do AltoTâmega, CRL nos dias 7, 8, 9 e 10 de Setembro 2017, em VilaPouca de Aguiar.

Numa edição que prevê 4 dias de conversas apícolas, visitastécnicas, formação dedicada e a discussão dos temas maispertinentes para o desenvolvimento do setor apícola nacional,augura-se a participação dos apicultores num ambiente deconvivência em prol da valorização dos territórios rurais, numconvite a empreender no Alto Tâmega também no domínioda Apicultura.

Simultaneamente estará em funcionamento a XVI FeiraNacional do Mel e a Feira de Inovação na Apicultura � ALTOTÂMEGA 2017 nos dias 08, 09 e 10 de Setembro 2017, doiscertames de impulsionamento à criatividade e engenho dosapicultores e da indústria dedicada ao mundo apícola.

Adulteração de mel com açúcares exógenospreocupa apicultores europeus

De acordo com dados revelados pela Comissão Europeia,14,2 % dos méis importados de países terceiros para UniãoEuropeia apresentam inconformidades. Os resultados obtidosnos 28 Estados-Membros e apresentados em 2016 tinham já

apontado para uma situação preocupante, uma vez que cercade 20% das 2.237 amostras de mel recolhidas, no ano passadoapresentava algum tipo de inconformidade.

As organizações de apicultores que integram o Grupo Meldo COPA-COGECA consideram necessária uma intervençãopor parte da Comissão, no sentido de instalar capacidadeanalítica na cadeia produtiva, bem como de intervir ao níveldo enquadramento legislativo do produto mel, ou seja, alterara Diretiva 2001/110/CE, a qual permite a comercialização demisturas de mel sem indicação do país de origem, assim comoalterar a definição de mel filtrado atualmente em vigor. Consi-deram ainda necessário que sejam estabelecidos códigos deboas práticas para a alimentação de colmeias, uma vez queatualmente se verifica um elevado nível de utilização destesfatores de produção por parte dos apicultores europeus.

Os dados acima referidos resultam da execução de um planoabrangente e coordenado para determinar a prevalência depráticas fraudulentas na comercialização de mel. A DireçãoGeral de Saúde e Segurança Alimentar, entidade da ComissãoEuropeia, é a responsável pelo plano que começou a ser exe-cutado em 2015 em todos os Estados Membros, (em Portugala entidade responsável foi a ASAE � Autoridade de SegurançaAlimentar e Económica), tendo sido realizadas análises físico-químicas, polínicas e sensoriais e sido determinados os açúca-res através de Cromatografia Liquida ou Cromatografia Gasosa.Em 2016, a Comissão Europeia, em colaboração com o CentroComum de Investigação (JCI), analisou 1069 dessas amostrasatravés de uma metodologia considerada como o estado daarte, denominada LC-IRMS (Cromatografia Liquida � IsotopeRatio Mass Spectrometry). Os resultados finais globais foramapresentados a 31 de Maio de 2017, por ocasião da reuniãodo Grupo de Diálogo Civil �Produtos Animais� da ComissãoEuropeia�, em que a FNAP participou.

Tabela 1. Resultados obtidos por tipo de operador

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Tipo de Operador

TOTAL Produção Indústria * Comércio ** Fronteiras Desconhecidos

* Inclui distribuidores, importadores, embaladores e outras tipologias de empresas

** Inclui amostras recolhidas em retalhistas, armazenistas e grossistas

nº de amostras

89351

192641

45

Inconformidades(%)

14,2%9,8%8,9%16,4%0,0%0,0%

(n)

127517

10500

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notícias

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Tabela 2. Resultados obtidos por local de origem do mel

Organizações de Apicultores aderem a nova parceria europeia � Confiança é a palavra chave

Apicultores, cientistas, decisores políticos e outras entidadesrelevantes no sector apícola, estão a formar uma parceria deâmbito Europeu com o objetivo de transformar a forma comoa saúde das abelhas é monitorizada na UE.

O compromisso foi o principal resultado de uma importantereunião científica realizada em Bruxelas, no passado dia 30 dejunho, designada por �Towards a European Bee Partnership�(�Rumo a uma parceria europeia para as abelhas�), tendo con-tado com a presença de 120 representantes de instituiçõesdo sistema científico, órgãos da UE, investigadores, organiza-ções de apicultores e agricultores (entra as quais o Grupo Meldo COPA-COGECA) e ONG�s ligadas à apicultura e ao ambiente.

Vontade de colaborar

Simon More, que lidera o grupo de trabalho MUST_B da EFSA,pronunciando-se acerca dos riscos para as abelhas, referiu

que resulta �claro na reunião de hoje, que existe vontade decolaborar por parte de todos os grupos aqui representados�.

�Temos um claro caminho pela frente: a EFSA facilitará acriação do grupo que servirá de embrião para a concretizaçãoda desta parceria europeia a favor das abelhas. Mas isto éapenas o começo. Serão necessárias mais discussões paratornar esta parceria tão ampla e representativa quanto possível".

Acrescentou ainda que �esta deve ser uma parceria de todosos interessadas para todos os interessados, uma parceria davontade, fundada na confiança mútua. Será a única forma damesma ser bem sucedida".

Reforçar a monitorização da saúde das abelhas

O foco principal da reunião, integrada no evento promovidopelo Parlamento Europeu �Bee Week�, foi como melhorar arecolha e a partilha de toda informação disponível sobre aapicultura e as abelhas.

A Eurodeputada Mariya Gabriel, Presidente do Grupo deTrabalho do Parlamento Europeu sobre Apicultura e Saúdedas Abelhas, disse na sessão de abertura: �O espírito da BeeWeek é promover a colaboração a todos os níveis e entre to-dos os setores. A presença de tantos interessados e de tantosperitos é encorajadora; os vossos esforços e valiosas contribui-ções serão decisivos para tornar este evento um sucesso�.

�No entanto, o objetivo é ir além da Bee Week. É fundamentalque apicultores, cientistas, ONG, fabricantes, agricultores,veterinários e as instituições europeias continuem, no longoprazo, a unir os seus esforços para obter uma melhor e maiorpartilha e gestão de informação, fortalecer a colaboraçãomútua e permitir uma mais sólida monitorização e avaliaçãoda saúde das abelhas em toda a UE".

Acrescentou ainda que o trabalho desenvolvido pela EFSA naárea da sanidade apícola, bem como a sua equipa multidis-ciplinar de especialistas, constituirá uma enorme mais valiana liderança deste projeto.

A EFSA organizou a reunião com a colaboração do COPA-COGECA, da EPBA � European Professional BeekeepersAssociation, da Bee Life � European Beekeeping Coordinatione a ECPA European Crop Protection Association.

In: http://www.beeculture.com/catch-buzz-bee-groups-embrace-new-eu-partnership-trust-key/. Tradução: FNAP �Federação Nacional dos Apicultores de Portugal

Local de Origem

TOTALEstado Membro da UEPaíses TerceirosMisturas de Méis UE de Méis UE e não UE de Méis não UEDesconhecido

nº de amostras

89327555

964263011

Inconformidades(%)

14,2%19,3%20,0%

19,8%9,4%

10,0%9,1%

(n)

1275311

194031

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Posto Apícola será Laboratório Nacional deReferência da Qualidade do Mel

A Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP) eo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária(INIAV) unem esforços para divulgar as Boas Práticas juntodos apicultores portugueses e pretendem criar umLaboratório Nacional de Referência da Qualidade do Mel.

No âmbito do protocolo de colaboração técnico-científica,assinado a 13 de Julho na sede da CAP, as duas entidadescomprometeram-se a revitalizar o Posto Apícola, uma estruturade investigação, experimentação, formação e divulgação,situada na Tapada da Ajuda, em Lisboa, que será um polodinamizador do setor apícola.

«A partir desde momento os apicultores portugueses e o setorapícola em geral têm no Posto Apícola um centro de apoiopara atualizar conhecimentos e melhorar a sua atividade»,afirmou Manuel Gonçalves, presidente da FNAP, que realçaa juventude e a dinâmica do setor da colmeia em Portugal,que conta com mais de 45 técnicos especializados no apoioaos apicultores.

O presidente do INIAV explicou que o Posto Apícola procuraráconcentrar todas as estruturas de apoio à produção de mele outros produtos da colmeia, entre as quais, o laboratóriode referência de sanidade apícola e, futuramente, o LaboratórioNacional de Referência da Qualidade do Mel, para análisesfísico-químicas, polínicas e sensoriais. «O protocolo que hojeassinamos com a FNAP enquadra-se na estratégia do INIAVde estabelecer parcerias com as organizações de cúpula dosetor primário, com vista a transferir conhecimento da investi-gação para os utilizadores finais, estou muito satisfeito commais este passo», afirmou Nuno Canada.

Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da CAP-Confederaçãodos Agricultores de Portugal, manifestou satisfação pelaescolha da sede da CAP para a assinatura do protocolo e

disponibilidade em apoiar: «no âmbito das atividades da CAPserá com muito gosto que apoiaremos a dinamização dosetor do mel, que merece uma atenção especial de divulgaçãoe apoio aos apicultores, para que criem massa crítica e conso-lidem as suas posições no diálogo com os seus interlocutorescomerciais», afirmou.

O protocolo tem como objetivos: dinamizar estudos, atividadese projetos no espaço do Posto Apícola, que é propriedade doINIAV; aproximar o Posto da comunidade e dos operadoresda fileira apícola, na ótica da promoção do intercâmbio etransmissão de conhecimentos, contribuindo para a afirmaçãoda sua relevância no setor apícola nacional.

Comissão Europeia atualiza estatísticas do setor apícola

A Comissão Europeia atualizou as estatísticas referentes aosetor apícola europeu, revelando que em 2016 registaram-se no território dos 28 Estados Membros 606.082 exploraçõesapícolas, o que corresponde a um efetivo de 17.189.000colmeias (aumento de 9,5 % relativamente a 2015). Portugal,com um crescimento de 23,5 %, atinge um número recordede 700.000 colmeias, mantendo-se a tendência de diminuiçãodo nº de explorações (10.698) verificada nos últimos anos, eque corresponde a uma especialização e crescente profis-sionalização, dos apicultores portugueses (gráfico 1).

Gráfico 1. Efetivo apícola nos diferentes Estados Membros da UE(milhares de colmeias)

Fonte: Estados Membros

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Apesar da evolução positiva, a apicultura continua a ser umsetor pequeno, comparativamente com o volume de negóciosde outros setores agroalimentares, mas cuja importância écrescente, senão crítica, para outras atividades agrícolas, cadavez mais dependentes do serviço de polinização proporci-onado pelas abelhas.

A União Europeia mantém-se como o 2º produtor mundialde mel, apenas ultrapassada pela China, tendo em 2016 sidoproduzidas 268.000 toneladas de mel pelos 28 estados-membros (um crescimento de 12 % face a 2014). Ainda assim,a UE é altamente deficitária em mel, tendo importado em2015 um recorde de 197.545 toneladas de mel, das quais 40 %provém da China. A balança comercial é altamente negativa.

Os dados relativos às importações confirmam a tendência desubida das entradas de mel a partir de países terceiros emPortugal, algo que não acontecia em 2012. Desde 2013, coma entrada de 81 toneladas de mel, o nosso país apresentaentre os 28 o maior crescimento das importações de melproveniente de países terceiros, com especial destaque paraa China, atingindo em 2016 as 3.447 toneladas. Nos primeirostrês meses de 2017, Portugal importou 1.630 toneladas demel (gráfico 2).

Gráfico 2. Importações de Mel por Estado Membro da UE(toneladas)

Fonte: Eurostat Comext

www.fnap.pt #8

Agenda

XVIII Fórum Nacional de Apicultura9 de setembro de 2017XVI Feira Nacional do Mel7 a 10 setembro 2017Organização: FNAP � Federação Nacional dosApicultores de PortugalAGUIARFLORESTA � Associação Florestal eAmbiental de Vila Pouca de AguiarCâmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar

IHC � International Honey Commission 2017MeetingBelek � Antalya, Turquia25 a 28 de setembro de 2017 � Nova dataOrganização: IHC

45º Congresso da APIMONDIAIstambul, Turquia29 de setembro a 4 de outubro de 2017Organização: APIMONDIA e TAB

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«Estamos empenhados em fomentara criação de redes»

O Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária(INIAV) e a FNAP celebraram dia 13 de Julho um protocolode colaboração para dinamizar o Posto Apícola (PA), instaladona Tapada da Ajuda, em Lisboa. João Ribeiro Lima, vogal doConselho Diretivo do INIAV, revela os vários projetos ondeINIAV e FNAP colaboram.

A produção de mel está a aumentar em Portugal e o setorapícola está a atrair novos investidores, a maioria jovens. Noentanto, o setor apícola carece de apoio a vários níveis parase tornar mais competitivo, sendo isso também crítico aonível de I&D. O que está o INIAV a fazer para ajudar nestamatéria?

Promover o incremento da apicultura em Portugal, contri-buindo para o aumento da rentabilidade das exploraçõesapícolas, quer através do aumento da produtividade nacionalem mel, mas sobretudo através da diferenciação e caracte-rização do Mel português, nomeadamente da sua qualidade,diversidade e valor alimentar, procurando evidenciar as suascapacidades enquanto alimento nutracêutico. De igual modoa polinização é um serviço do ecossistema prestado essenci-almente pelas abelhas melíferas duma forma intensiva. Nossistemas agroflorestais intensivos desenvolveu-se uma

dependência crucial deste serviço por parte das abelhas. Aapicultura é diversa e varia muito de região para região. Asvariáveis bioclimáticas e a própria subespécie da abelhamelífera ibérica transformam a apicultura nacional numaatividade peculiar, que requer forte investimento ID&T.Estamos empenhados em fomentar criação de redes comvarias entidades do sistema científico nacional e internacional,politécnicos e universidades e centros de investigação, emestreita colaboração com as estruturas organizativas desector produtivo, particularmente a FNAP.

O INIAV é parceiro de todas as iniciativas submetidas àOperação 1.0.1 - Grupos Operacionais do PDR2020. Quefunção terá o INIAV nestes projetos?

O INIAV dinamizou e é parceiro nas Iniciativas GruposOperacionais integradas nas prioridades da agenda deinvestigação (em finalização) de Centro de Competências daApicultura e Biodiversidade (CCAB). A função de INIAV é defacilitador, promovendo a interligação entre as várias equipasde trabalho (ver caixa na página 10). A atividade da apiculturadesenvolve-se no Posto Apícola do INIAV, IP., tendo comofunções estabelecidas a investigação e desenvolvimentoexperimental, formação e extensão em Apicultura. O Labo-ratório de Patologia Apícola, localizado também na Tapadada Ajuda, é laboratório nacional de referência no domínio dapatologia apícola.

Do ponto de vista do INIAV, quais devem ser as prioridadesde atuação do CCAB?

O INIAV integra o Centro de Competência da Apicultura eBiodiversidade, onde de forma cooperativa participa ativa-mente na missão de promover o desenvolvimento sustentávele competitivo da fileira apícola nacional, nas vertentes socio-económicas, formativa, técnica e ambiental, pela via da co-operação institucional, com vista ao reforço da investigação,da inovação e da promoção das boas práticas apícolas e datransferência e divulgação do conhecimento. Definiram-secomo prioridades de atuação:

� Promoção e o incremento da apicultura em Portugal,contribuindo para o aumento da rentabilidade dasexplorações apícolas.

� Promoção da proteção de um dos principais insetospolinizadores dos ecossistemas naturais existentes noterritório português, a abelha Apis mellifera, subespécieApis mellifera iberiensis.

entrevista

João Ribeiro Lima com Manuel Gonçalves, presidente da FNAP,na Feira Nacional de Agricultura

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� Promoção da prática apícola extensiva praticada emPortugal, de acordo com os princípios da apiculturasustentável.

� Promoção da adesão dos produtores apícolas a sistemasde qualidade certificados (DOP e MPB), contribuindopara a sustentabilidade e competitividade dessessistemas, ao mesmo tempo que se assegura aoconsumidor o fornecimento de produtos alimentaresde elevada qualidade.

� Promoção de uma estratégia de investigação para todoo sector apícola, focando os principais constrangimentos,numa perspetiva de incremento da produção ecomercialização dos produtos, bem como numa apostaem produtos diferenciadores no segmento da �Saúdee bem-estar�, incrementando o valor deste tipo deprodutos nos mercados.

O INIAV e a FNAP celebraram dia 13 de Julho um protocolode colaboração para dinamizar o Posto Apícola (PA), instaladona Tapada da Ajuda. Quais as atividades a desenvolver no PA?

O Posto Central de Fomento Apícola foi criado pelo Decretonº20417 de 21 de Outubro de 1931 (Lei do Fomento Apícola)pelo ministro Linhares de Lima, sendo as funções alteradaspelo Decreto-lei nº 27207 de 16 de Novembro de 1936, tendotido um papel preponderante na modernização da apiculturamobilista. É um local com um valor histórico importante etem infraestruturas que poderão ser postas ao serviço dainvestigação em apicultura, nomeadamente um apiárioexperimental, uma melaria, oficinas de apoio e um laboratório.O apiário experimental e escola apresenta-se em socalcos,envolvido por grande diversidade de plantas melíferas.Atualmente tem 50 colónias instaladas em colmeias tipolusitana. São objetivos principais do protocolo a dinamizaçãode estudos, atividades e projetos no espaço do Posto Apícola,

e, a aproximação do Posto Apícola da comunidade e dosoperadores da fileira apícola, na ótica da promoção dointercâmbio e transmissão de conhecimentos, contribuindopara a afirmação da sua relevância no setor apícola nacional.

Como se vão articular as duas entidades na gestão destainfraestrutura?

A gestão do presente Protocolo será assegurada por repre-sentantes nomeados por cada uma das partes, que terãocomo missão ser os interlocutores privilegiados nas relaçõesentre as mesmas. Haverá lugar a troca de informação entreas partes, tendo em vista a realização de projetos de investi-gação de interesse para ambas e para o país.

O INIAV participa no Plano de Ação para a Vigilância eControlo da Vespa velutina em Portugal. Que balanço fazdas atividades desenvolvidas desde 2015?

O INIAV participa nas ações de vigilância passiva, vigilânciaativa (coordenação), formação, divulgação e monitorização.O INIAV tem colaborado com ações de formação com oobjetivo específico de capacitar todos os intervenientesneste Plano, independentemente da fase de atuação ouintervenção em que participam, de modo a estarem dotadosde conhecimento técnico e capacidade operacional. Asações de formação têm sido realizadas periodicamente edado resposta a todas as solicitações, com recurso a técnicosda DGAV, do Instituto da Conservação da Natureza e dasFlorestas (ICNF), do Instituto Nacional de Investigação Agráriae Veterinária (INIAV) e da Federação Nacional dos Apicultoresde Portugal, na qualidade de formadores, e dirigidas aosdiversos agentes intervenientes, tendo participado em 16ações realizadas cerca de 630 participantes, entre os quaistécnicos dos vários organismos da Administração Central eda Administração Local do Estado � DGAV, INIAV, ICNF,DRAP, Câmaras Municipais (nomeadamente GTF - GabinetesTécnicos Florestais e Serviços Municipais de Proteção Civil),técnicos de organizações de apicultores (associações, socie-dades, cooperativas), de caça; de produtores florestais eelementos do SEPNA/GNR, Bombeiros, Guardas de RecursosFlorestais, Vigilantes da Natureza e Sapadores Florestais. Nasavaliações de reação a estas ações de formações, devida-mente arquivadas na DGAV, a apreciação global tem sidomuito positiva, os participantes/formandos têm demonstradoo seu contentamento com a mais-valia dos conhecimentosadquiridos para as funções que exercem.

«É urgente estabelecer mecanismos eficazes de comunicação entre a apicultura e agricultura»

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www.fnap.pt #11

Fale-nos do plano de investigação integrado que está a serdesenvolvido no âmbito do projeto Gesvespa�

Atendendo às necessidades de investigação do �Plano deAção para a Vigilância e Controlo da Vespa-asiática emPortugal�, particularmente nas ações de vigilância ativa,monitorização e controlo, o INIAV propôs um plano deinvestigação integrado que está a ser desenvolvido no âmbitodo projeto Gesvespa - POSEUR-03-2215-FC-000008, emdesenvolvimento de forma colaborativa com instituições doSI&ID regional (IPB, IPVC e UTAD), com as ComunidadesIntermunicipais (Alto Minho, Ave, Cávado e Tâmega e Sousa)a FNAP e a DGAV. A área de intervenção abrange a NUTNORTE e os concelhos adjacentes da NUT CENTRO. Estáinstalada a rede de monitorização em 180 apiários sentinela,que com a coordenação da FNAP, e a participação das suasassociadas, recolhem, acondicionam e enviam para olaboratório do INIAV, quinzenalmente as amostras recolhidas.O material biológico é estudado e identificado e permitiráobter informação sobre o ciclo biológico e comportamento.Realizam-se ensaios sobre a eficácia de diferentes tipos dearmadilhas e iscos, em colaboração com parceiros locais. OINIAV como entidade líder do projeto, coordena o projetoe assume a responsabilidade pela gestão integral do mesmo.Este projeto dará contribuições assinaláveis para aimplantação do Plano de Ação particularmente nas açõese vigilância ativa, monitorização e controlo, assim como oconsórcio estabelecido produzirá resultados que irãocertamente de encontro às necessidades de investigaçãoenunciadas, particularmente os conhecimentos locais sobrereprodução, comportamento, genética e sanidade da Vespavelutina; avaliação de potenciais riscos sanitários para oefetivo apícola; análise da estrutura paisagística enquantofator que influencia a disseminação da espécie; modelospreditivos para a evolução da disseminação da espécie;adequação e validação de métodos de controlo, capturacom armadilhas seletivas e destruição de ninhos.

O que é a Plataforma SOSVespa?

A Plataforma SOSVespa tem como objectivo apoiar aidentificação e o controlo da Vespa velutina em Portugal.Através da geolocalização online dos ninhos desta espécieexótica invasora, esta WebSIG contribui para a comunicaçãoentre as autoridades de nível local (nomeadamente a proteçãocivil), a população e a administração central, bem como paraa tomada de decisões. É uma aplicação gratuita e colaborativaque apoia a monitorização da distribuição e disseminação

da vespa asiática através da geolocalização online, numservidor de mapas, de avistamentos de ninhos ou de vespas.Quando um avistamento é introduzido, a Plataforma enviaavisos automáticos aos administradores locais, para que elespossam agir mais rápido e apropriadamente na destruiçãodos ninhos ou dos espécimes avistados. Desde que estaPlataforma está operacional (Janeiro de 2015), foramregistados cerca de 7200 ninhos e 900 avistamentos devespas. Cada registo está sujeito a validação pelo admi-nistrador local da Plataforma e é visível para o público apenasdepois disso. Cerca de 6900 ninhos já foram validados, dosquais aproximadamente 5000 foram destruídos pelasautoridades locais. O site SOS vespa tem sido valorizadointernacionalmente, servindo até de modelo para outrospaíses recentemente invadidos pela Vespa velutina,particularmente a Itália e Alemanha.

O INIAV mantém contato com investigadores de outrospaíses onde a Vespa velutina é endémica. Existem medidasde controlo a ser adotadas nesses países, que possam serreplicadas em Portugal?

A Vespa velutina é uma espécie endémica do sudoesteasiático, sendo referenciada na Coreia, China e Japão, ondenão é referida com risco para as abelhas locais (Apis ceranae),que têm estratégias para se defenderem naturalmente. OINIAV vai integrar parcerias europeias nomeadamenteCOLOSS � Velutina Task Force que determina a incorporaçãode uma ação asiática no sentido de incorporar informaçãosobre os fatores de limitação natural, como parasitas,parasitoides e predadores, assim como estratégias de controloimplementadas nestes territórios de origem. Como curio-sidade refere-se a utilização das larvas de vespa para aalimentação humana, como justificação da contenção nodesenvolvimento do crescimento, promovendo uma procurade ninhos e sua deteção precoce, cuja recolha origina umaverdadeira ação de limitação e controlo.

«O site SOS vespa tem sido valorizado internacionalmente, servindo até de modelo para outros países»

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www.fnap.pt #12

Peço um comentário seu à seguinte afirmação: «Os agricultoresquerem produzir de forma mais amiga das abelhas, mas temque ser rentável para eles», Walter Haefeker, presidente daAssociação Europeia de Apicultores Profissionais (EPBA)

O essencial neste comentário é na nossa perspetiva a neces-sidade urgente de estabelecer mecanismos eficazes decomunicação entre a apicultura e agricultura. Havendo umaestratégia de interação entre os agricultores e os apicultoresé possível desenvolver práticas acertadas entre a atividadeapícola e a atividade agrícola, conduzindo a mais-valias assina-láveis para as duas partes. Esta solução poderá de igual modoser utilizada por agricultores, permitindo a melhoria significativado processo produtivo, ao incorporar questões relacionadascom pesticidas, biodiversidade e práticas culturais e relacioná-las entre si, permitirá percepcionar os riscos causados no e-cossistema e facilitar a adoção de práticas mais sustentáveise a redução do uso de pesticidas. Esta visão biunívoca (proces-so) é claramente inovadora, e permitirá obter benefícios emdois setores de grande importância e profundamente interde-pendentes � agricultura e apicultura. A colocação no mercadode produtos que se podem diferenciar com rótulo do tipo�amigo das abelhas� significa acrescentar competitividade nummercado onde a suspeita de falta de qualidade tem trazidodesvantagens competitivas. Este tipo de designações permitiráum posicionamento no mercado de novos produtos agrícolase apícolas, que se distinguem pela qualidade (produtos prove-nientes de ecossistemas mais equilibrados) e segurançaassociada à redução do uso de pesticidas (Homem e ambiente).Estes produtos são vocacionados para mercados exigentes,com capacidade de os diferenciar e disponíveis para pagarmais por estes benefícios associados à qualidade dos produtose segurança para a saúde e ambiente.

A implementação desta ideia está contida numa proposta deiniciativa de Grupo Operacional (PP4BEES) em que somosparceiros, em que através da construção e disponibilizaçãode um referencial para avaliar e gerir o risco de pesticidas estesirva de suporte e apoio à tomada de decisão de agricultorese apicultores.

João Ribeiro Lima, vogal do Conselho Diretivo do INIAV

Grupos Operacionais no âmbito da Apicultura

PoliMax - Promoção e aumento da eficiência da Poli-nização entomófila em macieiras, pereiras e cerejeiras.Objetivos: Promover o processo de Polinização ento-mófila como forma de aumentar o rendimento daprodução agrícola, obtendo-se frutos, com sementes,de valor acrescentado devido à sua qualidade nutricio-nal, capacidade de conservação e resistência a inimigos.Coordenador: COTHN Centro Operativo TecnológicoHortofrutícolaParceiros: INIAV, Cerfundão, Cooperfrutas, Campotec,FNAP e Pinus Verde.

PP4B - �Impacto dos pesticidas nas abelhas e naapicultura�Objetivos: Avaliação do risco de mortalidade deabelhas por aplicação de produtos fitofarmacêuticosem sistemas biodiversos e policulturais no territóriocontinental e implementação de um processo paraa sua mitigação através da construção de indicadoresde uso de pesticidas.Coordenador: IPV - Instituto Politécnico de ViseuParceiros: IPS/ESAS, INIAV, FNAP, DGAV, AABA,ECOSEIVA Lda, João Coimbra & Herdeiros

PRIMEMEL - Valorização dos méis monofloraisportugueses e méis protegidos através da definiçãodas suas características sensoriais, físico-químicas epolínicas, contribuindo assim para o seu enquadra-mento legal e a sua afirmação junto dos consumidores.Coordenador: FNAPParceiros: INIAV, PROSENSE, CONSULAI, IPB

DivInA- DIVersificação e INovação na produção Apí-cola (já aprovado)

Objetivos: Melhoria da rentabilidade das exploraçõesapícolas pela comercialização de produtos apícolasInovadores com elevado potencial de mercadoCordenador: IPBParceiros: INIAV, UAlgarve, FNAP, Associação dosApicultores do Parque Natural de Montesinho; Apilegre- Associação dos Apicultores do Nordeste do Alentejo;Associação dos Apicultores da Região de Leiria;MELGARBE � Associação dos Apicultores do Sotaven-to Algarvio.

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8º Concurso Nacional do Mel

A FNAP anunciou a 16 de Maio, na Feira Nacional de Agriculturaem Santarém, os vencedores do 8º Concurso Nacional doMel e do 5º Concurso Nacional de Embalagens de Mel.

Com um Regulamento renovado, o 8º Concurso Nacionalde Mel premiou os melhores méis portugueses das classescorrespondentes às predominâncias polínicas típicas daflora apícola nacional, produzidas em modo convencionalou modo de produção biológico. Este ano o Regulamentointroduziu a exigência de número mínimo de amostraspara a atribuição de medalhas, por forma a validar a clas-sificação por comparação entre méis representativos damesma classe.

Estiveram a concurso 36 méis, com representatividade detodo o território de Portugal Continental, Madeira e Açores.

Os méis mais representados foram o Mel Rosmaninho, oMel de Urze e Mel Multifloral em ambas as categorias àsquais foram atribuídas 5 Medalhas de Ouro; 5 Medalhasde Prata; 2 Medalhas de Bronze, incluindo o Mel do Anoobtido na Classe de Mel Urze.

Qualificaram-se ainda 5 Menções Honrosas para as classesCastanheiro; Eucalipto; Incenso, Laranjeira e Medronheiro,por insuficiente número de amostras a concurso.

Estes resultados demonstram a crescente preocupaçãodos apicultores e embaladores em submeter a concursoméis previamente selecionados organoleticamente, emdetrimento da quantidade, assim como o rigor e exigênciade qualidade imposta pela FNAP enquanto promotora doConcurso Nacional de Mel.

Aos produtores medalhados foi disponibilizada peloCNEMA, parceiro neste concurso, o direito de uso daImagem do Concurso Nacional de Mel e respetivo prémio�Mel de ..� em todas a publicações promocionais e rótulodos lotes premiados. A todos eles os nossos parabéns.

Mel do Ano

Capolib � Mel de Urzes (16/05) - Produtor: Capolib Crl.

Mel de Rosmaninho

Ouro: Mel Serra de Portel - Produtor: Mel Serra de Portel

Prata: Apisland - Produtor: Apislad, Lda

Mel de Urze

Ouro: Capolib - Produtor: Capolib Crl

Prata: Cooperativa do Ceira - Produtor: Cooperativa Sociale Agro-industrial de Vila Nova do CeiraBronze: Apimel - Produtor: Apimel - Ventura & Castanheira, Lda

reportagem

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Mel Multiflora

Ouro: Lousamel � Mel de Urze e Castanheiro(Mel de Montanha) Produtor: Lousamel, Crl.

Prata: Serramel � Mel de Queiró e RosmaninhoProdutor: Euromel, Lda.Bronze: Mel da Serra de Montemuro e Paiva � Produtor:Associação de Produtores Florestais de Montemuro e Paiva

Mel em Modo de Produção Biológico � Rosmaninho

Ouro: Ângela Oliveira

Prata: Helder Afonso � Biomelmder � Produtor: Helder AfonsoBronze: Apisland � Produtor: Apisland, Lda.

Mel em Modo de Produção Biológico - Urze

Ouro: Mel Santa Maria � Produtor: MSM � Apicultura, Lda.

Mel em Modo de Produção Biológico - Multiflora

Ouro: Apisland � Produtor: Apisland, Lda

Prata: Mel do Parque de Montesinho � Produtor:Agrupamento de Produtores de Mel do Parque

Menções Honrosas

Mel de Laranjeira � Produtor: Apisland, LdaMel de Incenso � Produtor: Flor do Incenso � CooperativaApícola da Ilha do PicoMel de Eucalipto � Produtor: Apimel - Ventura & Castanheira, LdaMel de Castanheiro � Produtor: Apisland, LdaMel de Medronheiro � Produtor: Apisland, Lda

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5º Concurso Nacional de Embalagens de Mel

www.fnap.pt #15

Ouro: Apisland, Lda

Prata: Flor do Incenso � Cooperativa Apícola da Ilha do Pico

Bronze: Euromel, Lda.

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Mel do Ano 2017

De sabor muito intenso, com acentuadas notas florais a urzee carqueja, o �Mel de Barroso�, da Capolib-CooperativaAgrícola de Boticas, conquistou o júri do 8º ConcursoNacional do Mel e arrecadou o Ouro.

O Barroso foi um lugar de tradições, onde Homem e Naturezaconvivem em plena harmonia, tirando partido do climacontinental de montanha, com invernos frios e verões suaves.Na flora autóctone abunda a urze e a carqueja, fonte dealimentação da famosa raça bovina Barrosã, e repasto deeleição também para a abelha Apis melífera.

A apicultura é uma atividade relevante na região e atrai cadavez mais jovens investidores, que encontram na Capolib-Cooperativa Agrícola de Boticas uma âncora sólida paratransformar, comercializar e promover o seu mel.

A Capolib é a primeira Organização de Produtores (OP) demel reconhecida em Portugal e tem um histórico invejávelde méis medalhados. Este ano arrecadou o prémio máximodo 8º Concurso Nacional do Mel, organizado pela FNAP,com o Mel de Urzes. Um orgulho para os 160 apicultoresassociados da Capolib, expresso nas palavras de Albano

Álvares, seu presidente: «este prémio reconhece o trabalhoordenado e coordenado da Capolib em prol da identidadedo mel do Barroso. Só com o empenho dos nossos associadose da equipa técnica que os acompanha é possível apresentarum mel de qualidade ao mercado».

A OP de mel da Capolib reúne um total de 160 apicultores,com apiários nos concelhos de Boticas, Montalegre, Chaves,Vila Pouca de Aguiar e Murça. A apoiá-los está uma equipade dois técnicos, a tempo inteiro no terreno, e que tambémajudam com candidaturas a subsídios, projetos de inves-timento, entre outros.

«Os nossos apicultores só têm de se preocupar em produzirbom mel, o resto é tratado pela Casa do Mel», explica AlbanoÁlvares, referindo-se aos serviços de extração do mel, emba-lamento e rotulagem realizados pela cooperativa.

A produção média anual da Capolib ronda as 30 toneladasde mel, um volume razoável, atendendo à região deminifúndio em que se insere. O objetivo da cooperativa éatingir as 50 toneladas de mel nos próximos anos e investirna promoção e venda de novos produtos à base de mel.«Estamos a fazer um trabalho de seleção do mel e a criarnovos produtos, como o mel com amêndoas ou com nozese a investir em embalagens premium», acrescenta. Emparceria com investigadores do Instituto Politécnico deBragança e, da Universidade de Vigo e com o chef HélioLoureiro, a Capolib está a criar novos produtos que retomama tradição gastronómica das casas de lavoura do Barroso,como os rojões com mel ou os bolos secos de mel.

reportagem

Mel do Ano 2017

A urze faz parte da flora autóctone do Barroso

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Como se avalia o mel?

Os méis submetidos ao Concurso Nacional do Mel passampor um apertado screening de análises físico-químicas,polínicas e sensoriais que aferem a sua qualidade e auten-ticidade. O júri do concurso é composto por um experientepainel de provadores que têm em comum a paixão pelo mele uma acuidade sensorial acima da média.

Nos bastidores do 8º Concurso Nacional do Mel reina osilêncio e a concentração entre os 12 membros do júri queprocede à análise sensorial de 36 amostras. Munidos de água,bolachas de água e sal e fatias de maçã, para lavar o palatoentre duas provas de mel, apuram os sentidos e iniciam amaratona.

O critério aparência é o primeiro a ser avaliado. O olhartreinado do provador varre a amostra em poucos minutos,tentando posicionar o mel quanto à cor, turbidez e brilho,numa escala de 1 (�Mau�) a 10 (�Excelente�). O olfato é o

segundo sentido a entrar em ação. Ao primeiro contato, sãoinalados os aromas mais evidentes e avaliados quanto à suaintensidade, persistência e valia global. Logo depois entramem ação as papilas gustativas, medem-se as sensaçõesgustativas e retronasais, as sensações tácteis (consistênciae cristalização) e eventuais defeitos do mel, que se detetampelo sabor a fermentado, a fumo, a químicos ou a timol.

O painel de provadores que serve de júri ao Concurso Nacionaldo Mel foi selecionado pela FNAP, com a consultoria de umaempresa externa e independente, e é treinado por ambas asentidades há vários anos. Os provadores são pessoas comgrande capacidade de reagir a estímulos sensoriais e acuidadesensorial acima da média. «Provar aprende-se e requer muitotreino até que o provador consiga abstrair-se das condicio-nantes externas (frio, calor, etc) e internas (estado de humor,etc) que afetam os seus sentidos no momento da prova»,explica Sara Beirão da Costa, sócia-gerente da ProSense econsultora a responsável pela validação do processo de prova.«Pode parecer chocante, mas pretendemos que o provadorse assemelhe a uma máquina, ou seja, confrontado 20 vezescom o mesmo estímulo dará uma resposta semelhante»,acrescenta. Apesar disso, na avaliação sensorial o Homemnão pode ser substituído pela máquina, porque só o serhumano consegue fazer uma avaliação holística, analisandoem simultâneo aspeto visual e sonoro, sabor e aromas.

Os critérios sensoriais são os que contam no momento deconsumir o mel e de decidir se repete a compra, no entanto,num concurso de mel há outros critérios de avaliação nãomenos importantes e que podem ditar a exclusão dasamostras apresentados a concurso. Tudo começa com asanálises físico-químicas, para pesquisa de resíduos econtaminantes, e com a classificação do mel por categorias

www.fnap.pt #17

«A qualidade do mel nacionalmelhorou imenso»

reportagem

Sara Beirão da Costa (à esq.), sócia-gerente da ProSense, e HelenaGuedes, técnica da FNAP

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� Produção Convencional ou Modo de Produção Biológico- e por classes � Monoforal ou Multifloral, consoante o perfilpolínico das plantas que lhe dão origem. É no laboratórioque se afere se a amostra respeita o teor mínimo de pólenadmitido de determinada espécie de flor para que sejaconsiderado monofloral. Caso não atinja o mínimo necessário,o mel em causa continua em concurso, mas passa para acategoria de Multifloral.

O Concurso Nacional do Mel é uma forma de promoção daautenticidade e qualidade do mel nacional e pretende ensinarmais sobre o produto. «O Concurso Nacional do Mel servepara garantir ao consumidor final e a toda a cadeia decomercialização que os méis estão a ser acompanhadosdesde a produção, e que cumprem as normas em vigor desdea colmeia à embalagem, mas também visa informar osconsumidores sobre os diferentes tipos de méis que existem,desmistificando a ideia de que o mel sabe o mel», explicaHelena Guedes, técnica da FNAP. «Já começa a haver umaforma diferente de pedir o mel, o consumidor está maisinformado graças aos concursos de mel e ao trabalho depromoção realizado pela FNAP e pelas suas associadas, masé preciso fazer mais para que os apicultores saibam promoveros seus méis em função da distinção do sabor e da origem»,remata Helena Guedes.

www.fnap.pt #18

«Este concurso avaliao que de melhor se faz em Portugal»

Paulo Varela, técnico da Montemormel- Associação dos Apicultoresdo Concelho de Montemor-o-Novo, é provador de mel desde 2001,primeiro em concursos regionais e mais recentemente como mem-bro do júri do Concurso Nacional de Mel promovido pela FNAP.«Notou-se ao longo dos anos uma melhoria dos méis apresentadosaos concursos regionais. Mais do que ganhar um prémio, osapicultores participam para aferir a sua forma de produção, porqueum concurso de mel também serve para corrigir erros», conta PauloVarela, acrescentando que «um painel de júri com credibilidade fazuma aferição dos méis apresentados a concurso, o que é uma mais-valia para o produtor que ganha o concurso, mas também para osetor apícola», remata.

O gosto pela apicultura e o fascínio pela diversidade e qualidadedos méis portugueses motivam Helena Paula Vicente a integrar opainel de provadores de mel da FNAP. Na sua carreia profissionalde mais de 30 anos no atual Instituto de Conservação da Naturezae Florestas (ICNF), integrou um dos primeiros grupos que recebeuformação sensorial para provas de mel e deixou-se seduzir pelariqueza deste produto. «Os primeiros méis que avaliei, de cortiço,quase não se podiam classificar como tal, mas hoje em dia, frutodo trabalho de formação realizado pelos técnicos apícolas juntodos apicultores, a qualidade do mel nacional melhorou imenso. Éincrível o salto qualitativo que os méis nacionais deram nos últimosanos», afirma, acrescentando: «os concursos de mel são umaferramenta potente para divulgar o mel e a sua qualidade junto doconsumidor».

O olhar treinado do provador varre a amostra em poucos minutos,tentando posicionar o mel quanto à cor, turbidez e brilho

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Apicultura, agricultura e biodiversidade

Apicultura e agricultura são atividades compatíveis epodem conviver de forma harmoniosa em prol damanutenção e incremento da biodiversidade.

Um seminário organizado pela FNAP-Federação Nacionaldos Apicultores de Portugal, a 16 de Junho, na Feira Naci-onal de Agricultura em Santarém, mostrou como é possívelpraticar uma agricultura intensiva e rentável, que é emsimultâneo amiga do ambiente e dos insetos polinizadores.

O exemplo de boas práticas foi apresentado por JoãoCoimbra, agricultor que pratica «uma gestão de precisãopara conciliar produtividade e sustentabilidade» na suaexploração na Quinta da Cholda, na Golegã, onde produzmais de 500 hectares de milho em monocultura. Encaraa tecnologia de precisão como uma ferramenta paraaumentar a rentabilidade, reduzindo em simultâneo osimpactos no ambiente. Há cerca de cinco anos começoua instalar infraestruturas ecológicas na sua exploraçãopara alimentação e refúgio da fauna local: margensbiodiversas semeadas com misturas de espécies herbáceasselecionadas para fixar insetos auxiliares; charcas pararépteis e anfíbios; abrigos para morcegos; sebes naturais

nas bordaduras das parcelas; sementeira de ervasaromáticas para fixar insetos e até um apiário. Cerca de15% da área da sua exploração agrícola é devotada a estasinfraestruturas ecológicas. «Manter a biodiversidade émais barato do que recuperá-la», garante João Coimbra,que quer envolver outros agricultores da região nestemodo de fazer agricultura, e promete para breve apublicação de manual de boas práticas. O seu próximodesafio é quantificar o valor dos bens públicos produzidosna sua exploração agrícola.

Cristina Amaro da Costa, investigadora da Escola SuperiorAgrária de Viseu, apresentou o Grupo Operacional PP4B� �Impacto dos pesticidas nas abelhas e na apicultura�,que visa avaliar o risco de mortalidade de abelhas poraplicação de produtos fitofarmacêuticos em sistemasbiodiversos e policulturais e implementar um processopara a sua mitigação através da construção de indicadoresde uso de pesticidas. Os investigadores criaram umafórmula para avaliar a �pegada� causada pelos pesticidasem várias regiões do país, que funcionará como indicadordas zonas de maior risco onde os apicultores não deveminstalar apiários. A intenção do projeto é disponibilizaruma aplicação que os apicultores podem usar notelemóvel. O Grupo Operacional é coordenado pela ESAVe tem como parceiros a FNAP, a Escola Superior Agráriade Santarém, o Instituto Nacional de Investigação Agráriae Veterinária, a Direção-Geral de Agricultura e Veterinária,a Associação de Agricultores do Baixo Alentejo e asempresas ECOSEIVA Lda e João Coimbra & Herdeiros.

www.fnap.pt #19

reportagem

Manuel Gonçalves, presidente da FNAP, apresenta a mesa de debate,moderada por João Ribeiro Lima, vogal do conselho diretivo do INIAV

João Coimbra, agricultor na Golegã

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Henrique Pereira, investigador do Centro de EcologiaFuncional da Universidade de Coimbra, explicou aimportância da polinização entomófila, ou seja, por insetos,nas explorações agroflorestais. Mais de 75% das espéciesvegetais beneficiam dos serviços de polinização porinsetos, que aumenta a produção de sementes e frutos,assim como a qualidade do fruto. Segundo o investigador,a diversidade de polinizadores silvestres está positivamentecorrelacionada com o aumento na produção vegetal. Ovalor da polinização, à escala global, equivale a valoresentre os 235 mil milhões e 577 mil milhões de dólares. Noentanto, na última década o declínio das populações deabelhas melíferas e outros insetos polinizadores tem vindoa ser intensamente reportado, estando na sua origemdiversos fatores, entre os quais as alterações climáticas eo uso intensivo de pesticidas. É por isso necessário«desenvolver estratégias adequadas de conservação evalorização dos recursos de polinização», afirmou,deixando um alerta da autoria de Albert Einstein: «Se asabelhas desaparecerem da face da Terra, ao Homem restamapenas quatro anos de vida. Sem abelhas, não hápolinização, não há plantas, não há animais, não háhomem».

A indústria de pesticidas foi também convidada para odebate, em sua representação a ANIPLA apresentou otrabalho que realiza em Portugal na área da formaçãosobre uso seguro de produtos fitofarmacêuticos e algunsprojetos das empresas suas associadas em prol do

incremento da biodiversidade e da proteção da saúde dasabelhas, como o �Bayer Bee Care�, da Bayer Crop Sciencee o �Operation Pollinator�, da Syngenta ou o �ProjetoGirassol�, iniciado em Espanha pelo INIA, com a parti-cipação de ambas as empresas, que estuda a saúde dasabelhas em campos de girassol semeados com sementestratadas com pesticidas.

www.fnap.pt #20

Henrique Pereira, investigador do Centro de Ecologia Funcional daUniversidade de Coimbra

Cristina Amaro da Costa, investigadora da Escola Superior Agráriade Viseu

Catarina Reis e Teresa Sezinando em representação da ANIPLA

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O valor da polinização na agricultura

A Associação dos Apicultores da Região de Leiria, Ribatejoe Oeste, associada da FNAP, organizou a 29 de Abril oseminário �Apicultura e Agricultura- o valor da polinização�,no auditório da biblioteca municipal de Alcobaça.

As infraestruturas verdes (margens funcionais e sebes deflores) são uma forma de proteção dos insetos polini-zadores no contexto agrícola. Henrique Pereira, investiga-dor do Centro de Ecologia Funcional da Universidade deCoimbra, o primeiro orador da tarde, deu como exemploo projeto europeu Poll-Ole-GI , que visa reforçar a abun-dância e a biodiversidade de insetos polinizadores atravésda instalação de infraestruturas verdes especializadas paraculturas oleaginosas (girassol e colza) em Portugal, Espanhae França, proporcionando o habitat e os recursos neces-sários aos polinizadores. Embora a polinização animal nãoseja estritamente necessária para qualquer uma destasplantas, a sua qualidade melhora bastante com a poliniza-ção por insetos e a quantidade de sementes que produzemé maximizada.

Em Portugal, o projeto PoliMax tem por objetivo promovere aumentar a eficiência da polinização entomófila emmacieiras, pereiras e cerejeiras, que garante frutos commais sementes e, potencialmente, maior qualidade dafruta à colheita e durante a sua conservação. Este projeto

é uma iniciativa conjunta da FNAP, COTHN, Cerfundão,Cooperfrutas, Campotec, Pinus Verde e INIAV e foi apro-vado no âmbito dos Grupos Operacionais, aguardandofinanciamento. Os proponentes querem dar resposta aproblemas como a reduzida atratividade das flores dapereira Rocha para os polinizadores; a necessidade deproduzir frutos de maior calibre em variedades de maçãReineta e Fuji ou a auto-incompatibilidade de variedadesde cerejeira para polinização cruzada. «Queremos reduzira dependência dos produtos de síntese, promovendo ouso de polinizadores entomófilos pelos agricultores. É umserviço que o apicultor pode prestar ao fruticultor, bene-ficiando simultaneamente a produção de méis monoflorais»,explicou Maria do Carmo Martins, secretária-geral doCOTHN.

Rui Maia de Sousa, investigador do polo do INIAV emAlcobaça, deu uma verdadeira aula sobre polinização emfruteiras, reforçando algumas ideias que todos os fruti-cultores devem reter, como por exemplo, que «os frutosque são polinizados de forma natural (polinização ento-mófila) têm mais sementes e por isso maior qualidade doque os frutos de árvores que são sujeitos à aplicação dehormonas e reguladores de crescimento». A este propósitoexplicou que é o diâmetro e não o peso que conta na ava-liação do calibre da fruta, nomeadamente nas peras, eque a assimetria dos frutos está em geral relacionada comuma polinização mal feita ou deficiente.

O investigador aludiu aos valores de referência para onúmero de colmeias a instalar por hectare de pomar defruteiras, sendo as espécies mais exigentes o kiwi (9 a 12colmeias/ha), a cerejeira (8) e a amendoeira (6 a 8). Deixouainda uma lista de itens que devem figurar num contratode prestação de serviços de polinização entre fruticultore apicultor: nº colmeias a instalar, custo por colmeia, datade colocação e retirada das colmeias do pomar, modo dedistribuição das colmeias no pomar, número de visitas a

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reportagem

80% da produção agrícola na EU-15 precisa de polinização entomófila

«Não podemos ter fruticultoressem apicultores»,Rui Maia de Sousa, INIAV

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efetuar pelo apicultor às colmeias, ter uma fonte de águapróxima do pomar e não aplicar produtos fitofarmacêuticosdurante a estadia das colmeias no pomar.

João Casaca, secretário-geral da FNAP, apresentou dadossobre a apicultura na União Europeia e o valor do serviçode polinização para a agricultura europeia, avaliado empelo menos 10,4 mil milhões de euros. Quanto às perdasanuais de colónias de abelhas no espaço comunitário amédia é de 15%, embora haja países em que as perdasatingem os 40%. Em Portugal o número de colmeias temvindo a aumentar 5% a 10% ao ano, tendo atingido em2016 o valor mais elevado de sempre - 700 mil colmeias -,o que revela «o forte investimento realizado pelosapicultores nacionais e prova que o setor apícola temsucesso e condições para crescer ainda mais», afirmou.

Segundo a FNAP, em Portugal 90% dos serviços de po-linização estão assegurados (dados de 2014), embora nosúltimos anos devido à plantação de grandes áreas depomares de fruteiras (amendoais e outros) a necessidadede polinizadores esteja a aumentar. Na vizinha Espanhaapenas 50 a 70% das necessidades de polinização naagricultura estão cobertas.

A tarde de debate terminou com a degustação de bolosà base de mel, sumos naturais de fruta e fruta fresca,fazendo alusão à simbiose necessária e desejável entre osdois mundos: apicultura e agricultura.

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«A aplicação de pesticidasdurante o período de floraçãoé um crime»,Rui Maia de Sousa, INIAV

Painel de oradores (da esq. para a dir.): João Casaca (FNAP), RuiMaia da Sousa (INIAV), Maria do Carmo Martins (COTHN), SílviaCastro e Henrique Pereira (Universidade de Coimbra)

Anabela Mendes e Ivo Santos da Associação dos Apicultores da Regiãode Leiria, Ribatejo e Oeste (AARL), com João Casaca da FNAP

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APIGUADIANA - Associação de Apicultoresdo Parque Natural do Vale do GuadianaRua D.Sancho II, nº 157750-350 MértolaTelefone: 927 689 038E-mail: [email protected]

Assistência Técnica: Engª. Marlene Soares

A APIGUADIANA � Associação de Apicultores do ParqueNatural do Vale do Guadiana é uma associação sem finslucrativos criada em Março de 2000. Conta actualmentecom 133 associados. Estes apicultores representam cercade 13.000 colónias, segundo o registo efectuado em 2016e produzem em média 260 toneladas de mel.

A área de actuação da Associação abrange toda a área doParque Natural do Vale do Guadiana e, com o passar dotempo devido às solicitações dos apicultores, foi esten-dendo a sua intervenção aos concelhos de Almodôvar,Beja, Castro Verde, Alcoutim e Castro Marim.

Concelhos abrangidos

A APIGUADIANA tem como principais objectivos: apoiara produção de mel de qualidade e facilitar o escoamento

de mel produzido; promover o mel da área do ParqueNatural do Vale do Guadiana, controlando as doenças dedeclaração obrigatória e a entrada de apiários transumantese promover a região, através da divulgação do mel degrande qualidade que é produzido pelos seus associadosnos concelhos de Mértola, Serpa e limítrofes.

Principais atribuições da Associação, conforme estatutos:colaborar e incentivar a criação de uma zona �sanita-riamente controlada�, que abrangerá toda a sua área deactuação; ministrar formação aos associados e interessadosnos aspectos sanitários, no maneio dos apiários, na colheita,embalagem e armazenamento do mel, com vista aoaumento da produção e da melhoria da qualidade dosprodutos apícolas; fazer a promoção dos produtos apícolasdos associados junto do público; representar os associadosjunto de outras organizações de apicultores e das entidadespúblicas e privadas, defendendo os seus interesses edesenvolver todas as iniciativas tendentes à criação de uma�Denominação de Origem Protegida � D.O.P�, para o melproduzido em toda a área de actuação da Associação.

Quais as principais características dos produtos apícolasda região?

Toda a área do Parque Natural do Vale do Guadiana écaracterizada pela influência mediterrânica, com Verõesquentes e secos e Invernos amenos e pouco chuvosos.Esta influência traduz-se numa vegetação adaptada aosclimas secos e com uma época de produção apícola muitocurta, com elevadas produções de néctar. Outracaracterística a ter em conta é a ausência de agriculturaintensiva, estando a atividade ligada à pastorícia e culturasde sequeiro, garantindo assim a elevada qualidade dosprodutos da região.

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Presidente da Direção: Engº. Paulo Silva

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Existem vários tipos de méis na região, mas o que mais sedestaca é o Mel de Rosmaninho de Mértola. Na região existemtrês espécies de rosmaninho, o que confere ao mel umaqualidade impar, reconhecida há largos anos. Consoante oclima, são ainda produzidos na região, mel de cardo (Carlinaracemosa) e meladas de azinheira. A água-mel, produzidafamiliarmente, com sabor forte e muito característico éconsiderada um precioso subproduto.

Com que desafios se depara atualmente a apicultura naregião?

São dois os principais desafios na nossa região: adaptaçãoàs alterações climáticas e encontrar áreas de pastagem faceà redução das mesmas.

Sobre o primeiro, o aumento das ondas de calor e a reduçãoda precipitação nos meses de produção, tem afetado muitoa produção de mel, tanto em termos de qualidade, comoem quantidade, além de influenciar as condições fisiológicasdas abelhas, tornando-as mais suscetíveis às doenças. Algunsapicultores optam por diversificar as suas produções, umavez que a principal produção afetada é o mel.

Existem já algumas estratégias seguidas pelos nossosapicultores, como colocar as colmeias à sombra, criarestruturas de ensombramento, mas faltam ainda colmeiasmais resistentes ao calor, modelos alternativos que facilitema circulação de ar e outras estratégias que possam ajudar asabelhas durante o período crítico do calor.

Existem já inúmeros modelos experimentais (modeloscaseiros), mas falta testá-los e validá-los com base emparâmetros quantificáveis, que possam ser comparáveis, etransferir esses modelos para os apicultores.

E o problema da redução da área de pastagem�

Mértola foi em tempos uma zona muito forte em área derosmaninho, sendo por isso o seu mel de rosmaninho muitoapreciado e valorizado. Data da época de D. Dinis (1261-1325), um foral que concedia a Serra de Mértola e Serpa paraa exploração apícola, exploração essa que tinha por base aelevada qualidade do mel de rosmaninho, bem como dacera aí produzida. Foi ainda elaborado, no ano de 1406, umplano de ordenamento (Aranzel das Malhadas) que definiacomo máximo 400 colmeias por apiário, sinónimo daqualidade e quantidade de pastagem existente.

No entanto, essas áreas têm sido reduzidas, devido às políticasagrícolas nacionais que obrigam os agricultores a desmatarpara receber as ajudas, mesmo que aí não produzam nada.Aliás, apreciando a situação do ponto de vista do custobenefício, sem contar com os apoios recebidos, a apiculturadeve ser uma das atividades mais rentáveis que podemosencontrar nas zonas de interior em regime de sequeiro. Setivermos em conta critérios ambientais, como sequestro decarbono e serviços de polinização, então passa a ser umadas atividades como maior grau de sustentabilidade em todoo mundo da agricultura.

O ideal seria fazer as contas sobre o que produz um hectarede mato de alta qualidade e comparar com as produçõesdesse mesmo hectare com diferentes utilizações de sequeiro,para ver que tipo de ocupação seria mais rentável, podendoassim exigir-se mais apoios para o setor apícola.

O que perspetiva para a fileira apícola nacional nos próximosanos?

A fileira apícola terá obrigatoriamente de seguir o caminhoda profissionalização, distinguindo o apicultor profissionaldo não profissional. Este é um passo importante, pois existemmuitos apicultores e jovens apicultores que se têmestabelecido, que dependem exclusivamente das abelhaspara garantir o seu rendimento. Esta distinção é importantenão tanto ao nível dos serviços ambientais, mas ao nível dospossíveis apoios à produção.

Num quadro de alterações climáticas com redução dasprecipitações, aumento das temperaturas, muitas dasatividades agrícolas que hoje são rentáveis, poderão não oser num futuro próximo.

E nessa altura colocar-se-á a questão de que agriculturaqueremos ou podemos fazer. Vamos procurar modelos deagricultura mais adaptados aos cenários anteriormentereferidos e vamos ver que a apicultura se enquadraperfeitamente. Iremos ver que não podemos apoiar todosos apicultores, até porque muito deles têm atividadescomplementares ou não dependem exclusivamente delapara garantir o seu sustento.

Ai teremos obrigatoriamente de fazer a distinção entreapicultor profissional e não profissional e passar a apoiar aprodução de mel de qualidade, que terá meios de se afirmarna Europa e no Mundo, à semelhança de outros setores.

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AALBA � Cooperativa de produtores de Mel, CRLUrbanização dos Camarinhos, Lt 69, R/C DtoMeia Légua2400-442 Parceiros LRA244 826 700 | 961 828 544www.aalbacoop.com | [email protected]

A AALBA - Cooperativa de Produtores de Mel, CRL fundadaa 21/12/2012, com sede em Leiria, surgiu a partir do trabalhorealizado pela Associação de Apicultores da Região deLeiria, Ribatejo e Oeste (AARL), no sentido de valorizar aprodução dos seus associados. Neste contexto, a AARLreativou a produção do Mel do Ribatejo Norte DOP, da qualse tornou Entidade Gestora, e incentivou os produtores acriarem uma Cooperativa para comercializar este e outrosméis oriundos da sua produção.

Desde a sua fundação, a Cooperativa tem como área deintervenção todo o território nacional e como principalobjetivo concentrar, valorizar e comercializar os produtosresultantes das explorações apícolas dos seus cooperadores.

Constituída por 71 produtores, em que cerca de 43% sãoapicultores que implementaram projetos de investimento,é uma �jovem� entidade com uma capacidade produtivacrescente.

Foi reconhecida como Organização de Produtores pelaprimeira vez em 2014, ano em que iniciou as suas atividadescomerciais no mercado Europeu, com o qual continua atrabalhar.

Comercializa própolis, cera e mel a granel assim comoembalado nas marcas AALBA e Mel do Ribatejo Norte DOP.

Quais as principais características dos produtos apícolasda região?

Os produtos apícolas da região são, de certo modo, osprodutos apícolas do país, sendo o mel o mais conhecidoe comercializado. Anualmente produzimos monofloraisde eucalipto, alecrim, rosmaninho, urze, melada e multi-florais muito diversificados.

O nosso produto mais diferenciado é o Mel do RibatejoNorte DOP que é produzido, conforme o caderno deespecificações, nos concelhos de Ferreira do Zêzere, Ourém,Tomar, Alcanena, Torres Novas e Vila Nova da Barquinhaem 4 sub-regiões ecológicas: Serra de Aire (Alecrim);Albufeira do Castelo de Bode (Urze, Eucalipto e Castanhei-ro); Bairro (Orégão); Alto-Nabão (eucalipto, urze).

Esta DOP tem como Entidade Gestora a nossa parceira,Associação de Apicultores da Região de Leiria, Ribatejo eOeste (AARL) e Organismo Privado de Controlo eCertificação (OPC), a SATIVA.

Produzimos também própolis, ainda que em pequenasquantidades, principalmente nas regiões Centro e Oeste.

espaço associados

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Propriedade

FNAP - Federação Nacional dos Apicultores de Portugal

Rua Mestre Lima de Freitas, nº 1

1549-012 LISBOA

Tel: 217 100 084

Coordenação Editorial

Nélia Silva | [email protected]

Design Gráfico

MI design | [email protected]

Com que desafios se depara atualmente a apicultura naregião?

Os desafios da região são no fundo os desafios da apicul-tura nacional, entre alterações climáticas, com anosapícolas cada vez mais atípicos, sanidade, custos de pro-dução elevados, nomeadamente gastos com combustíveis.É gritante a falha grave no apoio sob a forma de �gasóleoverde� ou outro similar que é dado a outras áreas da pro-dução e a apicultura fica de fora.

No que toca à produção, tal como referido, é uma lutaanual sem tréguas que os produtores enfrentam, sendo

esse o primeiro passo para obter resultados. Trabalhar deforma organizada, com regras comuns e de acordo comas exigências do mercado é outra luta que vamos vencendoem cada campanha.

A valorização dos produtos tem sido mais aplicada aoproduto mel � Mel do Ribatejo Norte DOP e Mel MarcaAALBA � onde já investimos bastante em imagem e divul-gação, representando ainda uma pequena percentagemdas nossas vendas, mas em cada campanha tem vindo aconquistar mercado.

Estamos, literalmente, conforme o nosso objetoestatutário, continuamente a assegurar a programaçãoda produção e a adaptação desta à procura, tendo comofatores específicos a qualidade, quantidade e certificação.

No que toca a desafios, enfrentar, resolver e ultrapassartem sido o ponto forte da AALBA! Como a sua constituição,a primeira exportação, a conquista de novos clientes, oseu reconhecimento como OP (processo pelo qual jápassámos 3 vezes), a gestão de pessoas e outros.

O que perspetiva para a fileira apícola nacional nospróximos anos?

A nossa perspetiva, muito �albística�, na área da apiculturaprofissionalizada, cruzando dados e tendências do nossosector é bastante otimista. Temos apicultores com umamédia de idades inferior a 50 anos, potencial produtivo,conhecimento, tecnologia, mercado, alguns apoios/ajudase a fileira está organizada.

Não faz parte da nossa filosofia, dar perspetivas negativas,daí estarmos sempre a citar Peter Drucker �A melhor formade prever o futuro é criá-lo�. Acreditamos sobretudo nacapacidade trabalho, aceitando o facto de que é precisoestar constantemente a melhorar e inovar.