Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO NÚCLEO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Felipe Augusto Almeida Barbosa Análise Pericial de Residências Populares CARUARU, Junho / 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

NÚCLEO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Felipe Augusto Almeida Barbosa

Análise Pericial de Residências Populares

CARUARU, Junho / 2015

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Felipe Augusto Almeida Barbosa

Análise Pericial de Residências Populares

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil do Centro

Acadêmico do Agreste - CAA, da

Universidade Federal de Pernambuco -

UFPE, como requisito para obtenção de

título de Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Estruturas

Orientador(a): Prof(a) M.Sc. Douglas Mateus

de Lima

CARUARU, Junho / 2015

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária - Simone Xavier CRB/4-124

B238a Barbosa, Felipe Augusto Almeida.

Análise pericial de residências populares. / Felipe Augusto Almeida Barbosa. - Caruaru: O Autor, 2015.

82f. : il. ; 30 cm. Orientador: Douglas Mateus de Lima. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA, Engenharia Civil, 2015. Inclui referências bibliográficas

1. Residências populares - Construção. 2. Construção civil - Inspeção. 3.

Construção civil - Métodos. I. Lima, Douglas Mateus. (Orientador). II. Título

620 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2015-114)

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Felipe Augusto Almeida Barbosa

Análise Pericial de Residências Populares

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil do Centro

Acadêmico do Agreste - CAA, da

Universidade Federal de Pernambuco -

UFPE, como requisito para obtenção de título

de Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Estruturas

A banca examinadora composta pelos professores abaixo, considera o candidato FELIPE

AUGUSTO ALMEIDA BARBOSA aprovado com nota _______.

Caruaru, 05 de junho de 2015.

Banca examinadora:

Prof. M. Sc. Douglas Mateus de Lima _________________________________________

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Orientador)

Prof. D. Sc Humberto Correia Lima Júnior_________________________________________

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Examinador 1)

Prof. D. Sc Flávio Eduardo Gomes Diniz _________________________________________

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Examinador 2)

Profa. D. Sc. Sylvana Melo dos Santos _________________________________________

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Coordenador da disciplina)

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Dedico e agradeço a Deus pela força e coragem

de sempre seguir em frente, sem questionar os

obstáculos e pedras do caminho.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus, razão de todas as coisas, por sempre ser meu consolo nas horas mais

difíceis.

Aos meus familiares e amigos, em especial minha mãe, Ana Cristina Almeida, meu

primo, Francisco Almeida, e a Joyce Gabriella Barros, por nunca deixarem de me apoiar em

todos os momentos e por sempre procurarem me ajudar de todas as formas possíveis.

Ao meu orientador, Douglas Mateus de Lima, por estar sempre disponível para

auxílio, dividindo comigo toda a sua experiência, paciência e boa vontade de ajudar sempre.

Sou muito grato.

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Resumo

Os métodos construtivos aplicados por muitas empreiteiras e profissionais autônomos, que

atuam na área de construção de residências unifamiliares, apresentam-se um tanto quanto

arcaicos e acomodados, principalmente quando se trata da construção de residências para

compradores de baixa renda, o que compromete o conforto e a segurança dos moradores.

Neste contexto, o presente trabalho veio com o intuito de realizar análises periciais em

residências domiciliares, diagnosticando os problemas existentes em cada unidade analisada e

as suas respectivas causas, na tentativa de divulgar as técnicas construtivas mais adequadas

para este tipo de obra no agreste pernambucano. As perícias foram realizadas em visitas feitas

a seis residências domiciliares de diferentes bairros da cidade de Caruaru-PE, onde foram

colhidas algumas informações técnicas junto aos atuais moradores sobre a concepção original

da casa, possíveis obras de modificações realizadas em seus elementos e possíveis problemas

já ocorridos na residência. Alguns documentos essenciais foram elaborados no momento da

visita, como o memorial fotográfico dos aspectos relevantes da residência e das patologias

observadas pelo autor e o preenchimento de uma planilha de perícia e um croqui

demonstrando, simultaneamente, a disposição original e atual dos cômodos e ambientes da

residência. Após a rotina de visitas periciais realizadas, constatou-se um padrão de patologias

existentes em todas as residências, inclusive numa residência com apenas um ano de

construída, o que mostra um vício nos métodos construtivos comumente aplicados na região,

evidenciando a necessidade da atualização dos conceitos técnicos de alguns responsáveis pela

construção de residências populares.

Palavras-chave: Perícia. Patologia. Métodos construtivos.

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Abstract

The construction methods applied by many contractors and self-employed professionals,

working in the area of construction of single-family homes, present somewhat archaic and

accommodated, especially when it is about building homes for low-income buyers, which

compromises comfort and the safety of residents. In this context, this monograph came in

order to perform expertise analysis on household residences, diagnosing existing problems in

each unit and their respective causes, in attempt to disseminate appropriate construction

techniques for this type of work in Pernambuco. The expertise were realized in visits made to

six home residences in different districts of the city of Caruaru-PE, where some technical

information were collected from the current residents about the original construction of the

house, possible construction changes made in its elements and potential problems that have

already occurred in the residence. Some essential documents were prepared at the time of the

visit, such as a photographic memorial of the relevant aspects of the residence and its

pathologies observed by the author and fill a expertise’s sheet and a sketch showing both the

original and current layout of the rooms and surroundings of the residence. After all the

expertise, there was a standard of pathologies found in all residences, including a residence

with only one year of built, which shows an addiction in construction methods commonly

applied in the region, emphasizing the need for updating the technical concepts of some

responsible for the construction of popular homes .

Key-words: Expertise. Pathology. Construction methods.

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Lista de Figuras

Figura 1 – Armaduras de sapata e de pilar prontas para concretagem......................................21

Figura 2 – Armaduras de viga baldrame e pilar com uma parte das fôrmas.............................23

Figura 3 – Armações prontas para elementos estruturais de residências..................................23

Figura 4 – Aplicação de revestimento sobre parede de alvenaria.............................................25

Figura 5 – Corte de residência e esquema de umidade ascendente...........................................28

Figura 6 – Danos ao revestimento gerados pela umidade.........................................................28

Figura 7 – Possibilidade de formação de fungos......................................................................28

Figura 8 – Afundamento de piso com quebra do revestimento cerâmico.................................29

Figura 9 – Afundamento de piso grave.....................................................................................29

Figura 10 – Trinca em alvenaria por carga concentrada...........................................................31

Figura 11 – Trinca em vértice de janela pela ausência de verga e contraverga........................31

Figura 12 – Manchas em revestimento.....................................................................................32

Figura 13 – Eflorescência em revestimento..............................................................................33

Figura 14 – Destacamento do revestimento..............................................................................33

Figura 15 – Fissuras no revestimento.......................................................................................34

Figura 16 – Expansão por umidade nos tijolos.........................................................................35

Figura 17 – Degradação de elemento de madeira por cupins...................................................36

Figura 18 – Ilustração de cargas sobre alvenaria de vedação...................................................38

Figura 19 – (a) Fachada............................................................................................................47

Figura 19 – (b) Laje treliçada do terraço...................................................................................47

Figura 19 – (c) Janelas de ferro originais..................................................................................48

Figura 19 –(d) Degradação das paredes por umidade ascendente............................................48

Figura 19 –(e) Instalações elétricas antigas e inadequadas.......................................................48

Figura 19 –(f) Telhas cerâmicas e estrutura do telhado originais.............................................48

Figura 19 –(g) Abertura de porta com verga.............................................................................48

Figura 19 –(h) Fissura na alvenaria por falta de elementos estruturais (verga)........................48

Figura 19 –(i)Piso cimentado polido original...........................................................................49

Figura 20 – Croqui da residência 1...........................................................................................49

Figura 21 –(a) Fachada.............................................................................................................51

Figura 21 –(b) Esquadrias de madeira......................................................................................51

Figura 21 – (c) Revestimento cerâmico....................................................................................52

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Figura 21 – (d) Telhado com telhas cerâmicas apresentando eflorescência e

criptorescência..........................................................................................................................52

Figura 21 – (e) Marcas de infiltração........................................................................................52

Figura 21 – (f) Fissuras devidas a falta de elementos estruturais.............................................52

Figura 21 – (g) Danos no revestimento devido EPU no tijolo cerâmico..................................52

Figura 21 – (h) Revestimento cerâmico no piso e paredes da cozinha.....................................53

Figura 21 – (i) Revestimento cerâmico no piso e paredes do banheiro....................................53

Figura 22 – Croqui da residência 2...........................................................................................54

Figura 23 –(a) Fachada.............................................................................................................56

Figura 23 –(b) Parte interna com esquadrias em madeira.........................................................56

Figura 23 – (c) Fissura nas aberturas por falta de verga...........................................................57

Figura 23 – (d) Área construída não original da residência......................................................57

Figura 23 – (e) Forro de gesso inserido pela proprietária.........................................................57

Figura 23 – (f) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico.....................................57

Figura 23 – (g) Revestimento danificado devido a EPU no tijolo cerâmico............................57

Figura 23 – (h) Telhado em bom estado...................................................................................58

Figura 23 – (i) Banheiro com revestimento cerâmico / Esquadria original..............................58

Figura 24 – Croqui da residência 3...........................................................................................58

Figura 25 –(a) Fachada.............................................................................................................61

Figura 25 – (b) Parte interna.....................................................................................................61

Figura 25 – (c) Fissura nas aberturas por falta de verga...........................................................61

Figura 25 – (d) Área construída não original da residência......................................................61

Figura 25 – (e) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico.....................................61

Figura 25 – (f) Laje inclinada parcialmente retirada pelo morador..........................................61

Figura 25 – (g) Forro em gesso inserido pelo morador.............................................................62

Figura 25 – (h) Banheiro com revestimento cerâmico / Esquadrias originais..........................62

Figura 25 – (i) Esquadria adicionada e abertura ampliada........................................................62

Figura 25 – (j) Cozinha ampliada / adicionado revestimento cerâmico....................................62

Figura 26 – Croqui da residência 4...........................................................................................63

Figura 27 –(a) Parte interna......................................................................................................65

Figura 27 – (b) Parte interna.....................................................................................................65

Figura 27 – (c) Fissura nas aberturas por falta de verga...........................................................65

Figura 27 – (d) Telhado subdimensionado e telhas com eflorescência....................................65

Figura 27 – (e) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico.....................................66

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Figura 27 – (f) Tubulação do banheiro adicionado pelo morador / revestimento

danificado..................................................................................................................................66

Figura 27 – (g) Forro em gesso danificado por infiltração de águas pluviais...........................66

Figura 27 – (h) Banheiro adicionado pelo morador..................................................................66

Figura 27 – (i) Esquadria de ferro original...............................................................................67

Figura 27 – (j) Marca do banheiro original / piso cimentado polido original...........................67

Figura 28 – Croqui da residência 5...........................................................................................67

Figura 29 –(a) Fachada.............................................................................................................70

Figura 29 – (b) Parte interna.....................................................................................................70

Figura 29 – (c) Telhado com eflorescência...............................................................................70

Figura 29 – (d) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico.....................................70

Figura 29 – (e) Reservatório de água inferior (cisterna)...........................................................70

Figura 29 – (f) Forro de gesso adicionado pelo morador.........................................................71

Figura 29 – (g) Banheiro adicionado pelo morador..................................................................71

Figura 29 – (h) Parede com infiltração proveniente de vazamento do reservatório da casa

vizinha.......................................................................................................................................71

Figura 29 – (i) Telhas com disposição irregular.......................................................................71

Figura 30 – Croqui da residência 6...........................................................................................72

Page 12: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

Lista de Quadros

Quadro 1 – Classificação das residências de acordo com a ABNT NBR 12721

(2006).................................................................................................................................... ....40

Quadro 2 – Informações básicas e patológicas da residência 1................................................47

Quadro 3 – Informações básicas e patológicas da residência 2................................................51

Quadro 4 – Informações básicas e patológicas da residência 3................................................56

Quadro 5 – Informações básicas e patológicas da residência 4................................................60

Quadro 6 – Informações básicas e patológicas da residência 5................................................65

Quadro 7 – Informações básicas e patológicas da residência 6................................................69

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Sumário

1 Introdução ......................................................................................................................... 14

1.1 Relevância do Tema ....................................................................................................... 14

1.2 Objetivos............... ......................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivos Gerais .......................................................................................................... 15

1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................. 15

2 Referencial Teórico ........................................................................................................... 17

2.1 Perícia Judicial ............................................................................................................... 17

2.1.2 Informações sobre perícias .......................................................................................... 18

2.2 Técnicas Construtivas .................................................................................................... 19

2.2.1 Fundações ................................................................................................................... 20

2.2.2 Elementos de estrutura ................................................................................................ 21

2.2.3 Revestimento em argamassa ........................................................................................ 24

2.2.4 Estruturas de telhado ................................................................................................... 25

2.3 Patologias frequentes em Residências Populares ............................................................ 25

2.3.1 Umidade ascendente de fundações em paredes de alvenaria......................................... 26

2.3.2 Afundamento de Piso .................................................................................................. 29

2.3.3 Trincas em paredes de alvenaria .................................................................................. 29

2.3.4 Degradação do revestimento de argamassa nas paredes ............................................... 31

2.3.5 Expansão por umidade (EPU) ...................................................................................... 34

2.3.6 Patologias das estruturas de madeira das cobertas ........................................................ 35

2.3.7 Patologia causada por falta de elementos estruturais .................................................... 37

2.3.8 Instalações hidrossanitárias inapropriadas .................................................................... 38

2.3.9 Instalações elétricas inapropriadas ............................................................................... 39

2.4 Avaliação do custo unitário básico (CUB) para orçamentos ............................................ 39

3 Metodologia ...................................................................................................................... 42

4 Resultados e Discussões .................................................................................................... 43

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4.1 Observações Gerais ........................................................................................................ 43

4.1.1 Residências ................................................................................................................. 43

4.1.2 Patologias Detectadas e suas soluções ......................................................................... 44

4.2 Observações Específicas ................................................................................................. 46

4.2.1 Imóvel 1 ...................................................................................................................... 46

4.2.2 Imóvel 2 ...................................................................................................................... 50

4.2.3 Imóvel 3 ...................................................................................................................... 53

4.2.4 Imóvel 4 ...................................................................................................................... 57

4.2.5 Imóvel 5 ...................................................................................................................... 61

4.2.6 Imóvel 6 ...................................................................................................................... 66

5 Considerações Finais ......................................................................................................... 71

Referências .......................................................................................................................... 73

Apêndice A...............................................................................................................................76

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14

1 Introdução

A análise pericial de engenharia pode ser definida como a avaliação isolada das

condições técnicas de uso e manutenção de uma edificação, que envolve a apuração das

causas que motivaram determinado evento, sempre realizada por um perito habilitado pelos

Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA). O perito deve levantar dados

suficientes de forma a coletar todas as informações necessárias à formulação do seu parecer

técnico. Tais dados devem estar devidamente evidenciados no laudo técnico emitido.

Um problema recorrente, principalmente em casas populares construídas há algumas

décadas, é a aplicação de técnicas construtivas inadequadas. As anomalias construtivas são

aquelas que prejudicam a vida útil da edificação e estão relacionadas a deficiências de ordem

construtiva. Estas anomalias podem ser divididas em quatro tipos: endógenas, originárias do

projeto, materiais usados ou da execução; exógenas, originária de fatores externos, terceiros a

construção; natural, originária de fenômenos da natureza; funcional, originária após o término

da vida útil da edificação.

Apesar dessas possíveis causas para as anomalias em edificações, as que

frequentemente se apresentam nas casas populares são devidas aos fatores endógenos; uma

vez que, a grande maioria das edificações direcionadas a população de baixa renda foram e

são projetadas e executadas de maneira a priorizar completamente o menor custo, em

detrimento às boas técnicas construtivas. Problemas como ausência de elementos estruturais,

de elementos de fundação e de impermeabilização não são raros de serem encontrados,

mesmo sendo essenciais para qualquer edificação.

1.1 Relevância do Tema

A análise pericial se baseia em conceitos técnicos, na pessoa de um perito habilitado,

para avaliar o objeto da lide. Este é o primeiro e principal passo para auxiliar e fornecer

fundamentos com os quais as autoridades judiciais chegarão a alguma conclusão sobre o caso.

Após abordados os principais e comuns problemas enfrentados pela sociedade, torna-

se de suma importância a reavaliação das técnicas construtivas que vêm sendo utilizadas em

Caruaru e região. A disseminação das técnicas corretas de construção é um trabalho em longo

prazo, mas que precisa ser realizado para o bem social e econômico da região.

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Deve ser mostrada a população, moradores das residências periciadas, a importância

da manutenção das estruturas da construção, pois, apesar de a grande maioria das anomalias

encontradas comumente serem por má execução, ou até mesmo, falta de elementos

estruturais, a falta de manutenção da parte dos moradores também pode acarretar em

problemas estruturais de difícil e dispendiosa solução.

Além de serem menos atraentes, deficiências estruturais causam danos pessoais,

favorecem o crime, afastam o turismo e reduzem a autoestima dos moradores da própria

residência e das residências circunvizinhas. Por isso, é importante procurar as causas de

problemas causados pelo tempo, pela falta de manutenção e pelos erros construtivos,

contando-se com a ajuda do perito.

O grande campo de trabalho e a grande importância que tem a análise pericial para o

desenvolvimento social, juntamente com a falta de profissionais capacitados nesta área, geram

oportunidades para novos engenheiros que queiram realmente suprir esta deficiência.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivos Gerais

Avaliar, pericialmente, residências populares de Caruaru-PE apresentando soluções

técnicas para os possíveis problemas encontrados.

1.2.2 Objetivos Específicos

Elaborar uma ficha pericial de campo;

Realizar perícias em algumas residências populares (edificações do tipo RP1Q,

conforme a ABNT NBR 12721, 2006);

Elaborar um memorial fotográfico para detalhar as residências vistoriadas e os

problemas construtivos encontrados;

Apresentar plantas baixas individualizadas das residências, obtidas por forma

de croqui;

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16

Analisar os danos encontrados e apontar as prováveis causas, consequências e

soluções.

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17

2 Referencial Teórico

2.1 Perícia Judicial

A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação, realizado por perito, sobre

pessoas ou coisas, para verificação de fatos ou circunstâncias que interessam à lide.

A perícia constitui-se numa forma de provar, por meio da qual, pessoas

especialmente capacitadas, em decorrência dos conhecimentos especiais (técnicos e

científicos) que possuem, por ordem judicial e mediante compromisso informarem

o Juízo a respeito de ocorrência de determinados fatos, bem como do significado dos

mesmos (parte narrativa da perícia e parte da aplicação dos conhecimentos técnicos,

ou científicos, sobre ditos fatos). (Manual de Direito Processual Civil, vol. II, Processo de Conhecimento, Ed. Revista dos Tribunais, 1978, p. 315)

A perícia, a fim de ser utilizada para busca e esclarecimento da verdade, a ser utilizada a

favor da justiça, depende de dois itens essenciais, sendo estes:

Alto grau de conhecimento técnico da matéria a ser examinada, de forma que o

perito possa ser reconhecido como um especialista no assunto;

A honestidade praticada no seu mais alto sentido moral.

O campo de trabalho do perito é vasto, mas depende, particularmente, da lide e da

legislação que regulamenta as atribuições de sua área, sendo economistas, engenheiros,

contadores, médicos, entre outras.

O Código de Processo Civil – CPC – Lei 5869 possui cerca de 1200 artigos, onde

alguns especiais serão citados neste trabalho com intuito de mostrar resumidamente a

legislação que rege a perícia judicial.

Art. 145 – Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico,

o juiz será assistido por perito segundo o disposto no art. 421.

§ 1º – Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário,

devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Cap.

VI, seção VII, deste código. (BRASIL, Lei Federal n° 5.869, de 11 de janeiro de

1973)

Sendo assim, como observado no artigo 145, os peritos devem ser profissionais de nível

universitário, com especialidade comprovada por certidão de habilitação, expedida pelo órgão

profissional. É comum o Juízo organizar, anualmente, uma lista de peritos habilitados a

participar das perícias que venham a surgir. Não cabe ao perito julgar, tendo ele o seu campo

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limitado ao que se vê, onde ele apenas fornece subsídios técnicos que facilitem a decisão do

Juiz responsável pelo caso.

Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas

responderá pelos prejuízos que causar à parte; ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a

funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.

(BRASIL, Lei Federal n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973)

Portanto, além de inválida a prova quando o perito não tem capacidade técnica para a

elaboração do laudo, cabem ainda as devidas penas ao mesmo pelos erros cometidos.

2.1.2 Informações sobre perícias

Neste item serão abordadas algumas etapas e informações essenciais a realização da

perícia de acordo com a ABNT NBR 13752 (1996) – Perícias de engenharia na construção

civil e também da Norma de inspeção predial IBAPE/SP (2011).

No que diz respeito a classificação das inspeções prediais, onde a inspeção predial

poderá estar classificada de acordo com o nível pretendido do inspetor e da finalidade da

mesma, divididas em níveis, que são:

Nível 1: Identificação das anomalias e falhas aparentes, elaborada por profissional

habilitado;

Nível 2: Vistoria para a identificação de anomalias e falhas aparentes eventualmente

identificadas com o auxilio de equipamentos e/ou aparelhos, bem como análises de

documentos técnicos específicos, consoante à complexidade dos sistemas construtivos

existentes;

Nível 3: Equivalente aos parâmetros definidos para a inspeção de NÍVEL 2, acrescida

de auditoria técnica conjunta ou isolada de aspectos técnicos, de uso ou de

manutenção predial empregada no empreendimento, além de orientações para a

melhoria e ajuste dos procedimentos existentes no plano de manutenção.

É essencial fazer a classificação do objeto periciado quanto a sua funcionalidade. Além

da classificação de imóvel, que é a classificação pertinente a este trabalho, os objetos

periciados podem ainda ser terrenos, benfeitorias, máquinas e equipamentos, instalações,

direitos, entre outros.

Existem alguns requisitos essenciais que um trabalho pericial, cujo desenvolvimento se

faz através de metodologia adequada, deve atender, bem como: a inclusão de um número

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19

adequado de fotografias por cada bem periciado; a execução de um croqui de situação de cada

imóvel periciado; a descrição sumária dos bens nos seus aspectos físicos, dimensões, áreas,

utilidades, materiais construtivos, etc.; indicação e perfeita caracterização de eventuais danos

e/ou eventos encontrados; análise dos danos e/ou eventos encontrados, apontando as

prováveis causas e consequências; orçamento detalhado e comprovante de ensaios

laboratoriais, quando se fizerem necessários. Em relação a estes requisitos, é obrigatório ao

perito a especificação, em qualquer parte do laudo pericial, a descrição e listagem dos

requisitos obedecidos.

Em relação a vistoria do objeto da pericia a ser realizada devem ser levantadas

características da região, como relevo, solo, meio ambiente, vias de acesso, urbanização,

coleta de lixo, restrições físicas e legais, entre outros. Devem ser levantadas também

características do imóvel periciado, como localização e identificação do bairro, logradouro,

número, ocupação adequada a região, entre outros. E ainda, em relação as características do

terreno, como perímetro, relevo, forma geométrica, solo e subsolo, dimensões e áreas.

No que diz respeito a apresentação dos laudos periciais, devem apresentar,

obrigatoriamente alguns itens, como indicação da pessoa física ou jurídica que tenha

contratado o trabalho e do proprietário do bem objeto da perícia; relato da data de vistoria;

diagnóstico da situação encontrada; memórias de cálculo, resultados de ensaios e outras

informações relativas à sequência utilizada no trabalho pericial; nome, assinatura, número de

registro no CREA e credenciais do perito de engenharia.

Portanto, deve-se obedecer a prescrição da ABNT NBR 13572 (1996): “O levantamento

de dados deve trazer todas as informações disponíveis que permitam ao perito elaborar seu

parecer técnico”. (ABNT. NBR 13572, 1996)

2.2 Técnicas Construtivas

Nesta seção serão apresentadas algumas das técnicas construtivas corretas para

utilização em construções de residências populares. Este modelo de técnicas pode ser seguido

para que a edificação seja construída com segurança.

As técnicas citadas serão apenas as referentes as patologias frequentes em residências

populares (item 2.3) a fim de evitá-las desde o início da construção.

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20

2.2.1 Fundações

É o elemento estrutural que tem a função de absorver as cargas provenientes da

superestrutura da edificação e transmiti-la para o solo com segurança, sem provocar ruptura

do solo ou do próprio elemento de fundação e cujos recalques possam ser devidamente

absorvidos pelo conjunto estrutural.

A fundação direta é o elemento onde a carga é distribuída ao terreno,

predominantemente pela pressão distribuída na base da fundação e em que a profundidade de

assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a sua menor dimensão

de base. Este tipo de fundação é vastamente utilizado em Caruaru e região e é o que vai ser

descrito neste trabalho.

Para começar a ser feita a execução do elemento de fundação, o projeto deve estar em

mãos e as peças devidamente locadas. Deve-se fazer a abertura da cava com a largura 20cm

maior do que a dimensão da sapata e depois cavar até a cota de apoio da fundação. Depois de

atingida a cota de resistência compatível com a do projeto, deve-se proceder a compactação

do fundo da cava com um soquete de 5kg ou por meio de um compactador tipo sapo. Após a

compactação, deve-se atentar para a devida regularização do fundo da cava e, se necessário,

reajustá-la. Deve ser lançado um lastro de concreto simples (concreto magro), que preencha

toda a superfície do fundo da cava, deve ter pelo menos 5cm de espessura e também serve

como camada de regularização. Quando a sapata for apoiada diretamente na rocha, esta deve

ser totalmente limpa para garantir a aderência entre elas.

É necessário preparar o sistema de fôrmas a ser empregado para concretagem do

elemento, escorando-as em estacas externas cravadas no fundo e nas laterais da cava. As

fôrmas são executadas com sarrafos e tábuas de madeira. É necessário verificar a altura do

toco do pilar que vai apoiar-se no elemento de fundação, atentando para a correta angulação

das laterais do elemento. Após esses passos descritos, pode-se seguir com o correto

posicionamento da armadura da fundação e do pilar e em seguida a concretagem. (Figura 1)

Page 22: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

21

Figura 1 – Armaduras de sapata e de pilar prontas para concretagem.

Fonte: Miranda (2011)

Para fazer a ligação dos pilares apoiados nos elementos de fundação usa-se a viga

baldrame. Consiste em uma viga de amarração entre os pilares para evitar deslocamentos

diferenciais entre estes. Sua execução se assemelha a de uma viga comum, amarrando-se as

armaduras nos pilares, envolvendo-as com fôrmas e seguindo com a concretagem.

Para evitar o problema de umidade ascendente, deve-se realizar uma impermeabilização

sobre a viga baldrame após executada. O respaldo das vigas baldrame deve ser chapiscado

com argamassa de cimento no traço de 1:3 mediante projeção energética. Após 24h, deve-se

aplicar o revestimento sobre o chapisco com argamassa de cimento, com espessura mínima de

1,5cm no traço 1:3 com aditivo hidrófugo. A impermeabilização deve seguir pelo menos

15cm abaixo do respaldo na parte lateral da viga. As primeiras três fiadas de tijolos das

paredes de alvenaria acima das vigas baldrame também devem ser assentadas com argamassa

com aditivo impermeabilizante.

As informações estão de acordo com a ABNT NBR 6122 (2010) e Squaiela (2010).

2.2.2 Elementos de estrutura

Toda edificação precisa de elementos estruturais para sustentar as suas cargas e

distribui-las com segurança até a fundação e depois até o solo. Estes elementos são

classificados como lajes, vigas, pilares e blocos de fundações. Podem ser de concreto armado,

de aço ou de madeira.

Neste trabalho serão mencionadas as técnicas construtivas relativas as estruturas de

concreto armado, pois são vastamente utilizadas na região.

Page 23: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

22

Inicialmente, é feita a montagem das armaduras dos elementos a serem concretados,

com o auxílio de algumas faces de fôrma montados em alguns elementos estrategicamente.

Deve-se sempre atentar para o número de barras e seus respectivos diâmetros para cada

elemento de acordo com o projeto. No caso dos pilares, é necessário fazer toda a montagem

da ferragem antes de colocar qualquer face da fôrma.

Para manutenção do cobrimento correto da armadura, pequenos afastadores (cocada)

com espessura igual a do cobrimento necessário devem ser fixados para manter a armadura

longe da fôrma. Banquetas (caranguejo) de aço sustentam usualmente a parte superior da

armação, precisando ser resistente para sustentar o tráfego de operários.

O procedimento da colocação do aço é o seguinte: posiciona-se duas barras de aço e

coloca-se todos os estribos, fixando somente os da extremidade; em seguida, posicionar as

demais barras e amarrá-las aos estribos de extremidade; depois de posicionar os demais

estribos, conferir o espaçamento e o numero de barras de acordo com o projeto.

Antes de serem posicionadas as fôrmas de madeira dos elementos, deve ser passado

desmoldante na parte interna destas. Ao realizar a colocação das fôrmas deve ser conferido o

encontro das faces no topo das fôrmas com auxílio de um esquadro metálico para garantir a

perpendicularidade entre elas. O prumo no caso dos pilares deve ser obtido por meio de

ajustes nas escoras laterais dos painéis, nas duas direções. É necessário deixar uma janela na

base dos pilares para limpeza do seu interior antes da concretagem. Travar nas laterais das

fôrmas as barras de ancoragem com porcas próprias.

Após montadas todas as fôrmas dos pilares e das vigas de fundação (baldrame), deve ser

iniciada a montagem das fôrmas das vigas. É preciso colocar os fundos de viga a partir do

topo das fôrmas de pilar, apoiando-se diretamente em alguns garfos apoiados no vão abaixo

da viga. Estes garfos serão nivelados e apoiarão a fôrma inferior da viga também em nível.

Feito isso, coloca-se as outras faces da fôrma apoiadas na fôrma inferior já nivelada.

Após devidamente montadas as fôrmas e armaduras, deve-se ser realizada a

concretagem dos elementos seguida da vibração do concreto em trabalhabilidade adequada.

(Figura 2)

As informações estão de acordo com Sabattini (2007).

Page 24: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

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Figura 2 – Armaduras de viga baldrame e pilar com uma parte das fôrmas.

Fonte: Fernandes (2010)

Outro elemento importante que deve ser ressaltado são as vergas e contravergas. São

vigas de concreto com dimensões reduzidas para serem colocadas sobre vãos de portas e

janelas. Estes elementos ajudam a evitar o carregamento sobre a esquadria e o trincamento da

alvenaria por esforços cisalhantes excessivos. O posicionamento de fôrma para a verga e

contraverga possibilita a devida concretagem desses elementos.

A GERDAU fornece opções de armações prontas para todos os elementos estruturais

necessários a uma residência de pequeno porte. (Figura 3)

Figura 3 - Armações prontas para elementos estruturais de residências.

Fonte: Gerdau (2003)

Page 25: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

24

2.2.3 Revestimento em argamassa

Após devidamente assentada as paredes de alvenaria ou os elementos em concreto

armado com tempo de cura já transcorrido, é necessário aplicar algumas camadas de

revestimento sobre esses elementos para realização do acabamento dos mesmos. As técnicas

descritas a seguir são as comumente usadas na região do agreste de Pernambuco para

residências populares.

É recomendado realizar um preparo da base antes de começar a aplicar o revestimento,

fazendo uma limpeza para remoção de sujeita ou incrustações presentes no elemento a ser

rebocado. É preciso preencher espaços vazios provenientes de rasgos ou quebras de blocos e

regularizar os demais defeitos superficiais.

Após o preparo inicial, pode-se começar a aplicação da camada de chapisco. Este é feito

com argamassa fluida de cimento e areia, com traço sempre em torno de 1:3 (em volume).

Pode ser usado aditivo adesivo para facilitar a cola da argamassa com o elemento. A

argamassa deve ser projetada energicamente, de baixo para cima, contra o substrato. A

aplicação deve ser feita sobre o substrato previamente molhado, para que não ocorra absorção

da água de hidratação da argamassa de chapisco pelo elemento. A espessura máxima a ser

utilizada para chapisco é de 5 mm.

O revestimento acima do chapisco pode ser feito com argamassa de camada única.

Recomenda-se utilizar argamassas industrializadas, que possui cimento, calcário e aditivos,

onde necessita-se apenas da adição de água para obtenção da argamassa, além de um melhor

controle tecnológico do traço e dos componentes presentes nestas. A espessura do

revestimento deve ser entre 15 mm até 25 mm.

Inicialmente, deve-se observar os pontos com maior e menor espessura utilizando o

prumo e o esquadro. Depois, devem ser assentadas as taliscas de cerâmica nos pontos de

menor espessura. Executar as mestras entre as taliscas com a argamassa a ser utilizada no

revestimento, amassando-a com a colher de pedreiro até obter a espessura desejada ao longo

de toda a mestra. Posicionar e chumbar cantoneiras metálicas para acabamento dos cantos.

Por fim, deve-se dispor a argamassa no restante da parede a fim de preencher os espaços entre

as mestras já endurecidas e então realizar o sarrafeamento de todo o revestimento aplicado

baseando-se nas espessuras das mestras. (Figura 4)

As informações estão de acordo com Ceotto et al. (2005).

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Figura 4 – Aplicação de revestimento sobre parede de alvenaria.

Fonte: Pedreirão (2014)

2.2.4 Estruturas de telhado

Esta é responsável pela absorção das cargas das telhas e distribuição para os elementos

estruturais. Trataremos aqui dos telhados em estruturas de madeira, quais são vastamente

utilizados na região agreste. É composta por uma armação principal e outra secundária,

também conhecida por trama. A estrutura principal poderá ser constituída por tesouras ou por

pontaletes e vigas principais, sendo a trama constituída pelas ripas, pelos caibros e pelas

terças.

As terças devem ser posicionadas de maneira a transmitir as cargas sobre os nós das

tesouras O alinhamento das peças deve ser bem verificado, formando painéis planos do

telhado, sem concavidades. A emenda das terças deve ser feita sobre os apoios ou próximas a

eles. Recomenda-se que as emendas sejam feitas com duas talas de madeira, posicionadas nas

duas faces laterais das terças.

A estrutura principal da coberta precisa ser ancorada ao corpo da edificação. As faces

dos entalhes, cortes e emendas devem apresentar superfície plana e com angulação apropriada

para que o ajuste das peças seja o melhor possível. O madeiramento deve ser revestido por

camada de inseticida que evite a contaminação por cupins e a consequente degradação dos

elementos.

Informações retiradas da ABNT NBR 7190 (1997).

2.3 Patologias frequentes em Residências Populares

Page 27: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

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As patologias são modificações estruturais e ou funcionais causadas por doenças no organismo, as quais podem causar a degradação do material e/ou de suas

propriedades físicas e/ou estruturais. As edificações também podem apresentar

patologias comparáveis às doenças, as quais são denominadas Patologias da

Construção. Tais patologias podem se apresentar em forma de trincas, rachaduras,

fissuras, manchas, descolamentos, deformações, rupturas, corrosões, entre outras.

Observa-se que quando não tratadas, essas patologias podem minorar o desempenho

das edificações no que tange a sua estabilidade, estética, servibilidade e

durabilidade. (RIPPER, 2001)

Além de colocar em risco os usuários das edificações, as patologias geram desconforto

visual, favorece o crime e afasta o turismo. Portanto, geram impactos significativos não só

para os usuários destas edificações, mas também a sociedade como um todo. Observações

mostram que o problema com as patologias vem se agravando nos últimos anos, muito por

causa do aumento da demanda do setor da construção civil, aliada à escassez de mão de obra

qualificada, falta de projetos, baixa qualidade de materiais de construção, falta de

planejamento, etc.

Os acidentes prediais decorrentes das Patologias Construtivas e/ou falhas na manutenção predial vêm causando mortes e prejuízos injustificáveis. Observa-se que

muitos dos acidentes noticiados pelos meios de comunicação, alguns com vítimas

humanas, poderiam ter sidos evitados com medidas preventivas simples, baseadas

em um plano de manutenção, o qual deve ser parte constituinte do Manual de Uso

do Imóvel; todavia, apesar de obrigatório, ainda não é prática comum o

fornecimento de tal documento por parte dos Construtores e/ou Construtoras.

(ABNT. NBR 5674, 1999)

As patologias têm quatro tipos diferentes de fatores originários: exógenas, endógenas,

naturais e funcionais. Os fatores exógenos são os realizados por terceiros à construção, como

interferência gerada por construções vizinhas, choque de veículos, vandalismo, etc., e

ameaçam seriamente a estabilidade e segurança da edificação, sendo aconselhável recorrer às

soluções desses problemas o mais rapidamente possível. Os fatores endógenos são referentes

ao próprio sistema construtivo relacionado a edificação, como defeitos ou a falta de um

projeto adequado, não cumprimento das reivindicações fornecidas pelo projetista, má

qualidade dos materiais construtivos utilizados, etc. Geralmente, a correção dessas patologias

são muito complexas e, na maioria das vezes, financeiramente inviáveis aos moradores. Os

fatores naturais são, na grande maioria, gerados pelas variações de temperatura e umidade do

ambiente e pelas intempéries naturais que podem danificar as condições de funcionamento da

edificação, colocando-as em risco. E os fatores funcionais, que são as patologias geradas pelo

uso repetitivo e/ou indevido da edificação sem a manutenção necessária para evita-las.

Seguindo o exposto até aqui, será feita a listagem de tais patologias.

2.3.1 Umidade ascendente de fundações em paredes de alvenaria

Page 28: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

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Capilaridade ou ação capilar é a propriedade física que os fluidos têm de subirem ou

descerem em tubos extremamente finos. Essa ação pode fazer com que líquidos fluam mesmo

contra a força da gravidade ou à indução de um campo magnético. Se um tubo que está em

contato com esse líquido for fino o suficiente, a combinação de tensão superficial, causada

pela coesão entre as moléculas do líquido, com a adesão do líquido à superfície desse

material, pode fazê-lo subir por ele. Esta capacidade de subir ou descer resulta da capacidade

de o líquido "molhar" ou não a superfície do tubo.

Sabendo disso, pode-se entender que a água presente no solo pode ascender por

capilaridade à base da construção, desde que os diâmetros dos poros capilares e o nível do

lençol freático sejam propícios (Figura 5). Os primeiros sinais percebidos desta patologia é a

presença de manchas e marcas na parte inferior das paredes de alvenaria das residências, que

tendem a aumentar de tamanho, avançando em sentido ascendente na alvenaria, gerando mofo

e fungos e um ambiente insalubre, principalmente a pessoas alérgicas (Figuras 6 e 7).

A deficiência na impermeabilização entre o solo e o alicerce da construção pode causar

movimentações higroscópicas, que é a capacidade de absorver partículas de água, entre o solo

e os painéis de alvenaria. Usualmente, essas movimentações podem causar variações

dimensionais nesses painéis. As variações são de dilatação (que logo após a queima do

processo de fabricação da alvenaria, e durante meses e anos após a fabricação, ocorrerá a

reidratação por adsorção de água em forma de vapor de umidade natural, e do meio ambiente

onde a placa cerâmica for assentada. A reidratação por adsorção de água, provoca um

aumento das moléculas dos minerais, expandindo o corpo cerâmico) e de retração (que é o

processo de fissuração por perda de água de hidratação do sistema).

Como resultado das variações dimensionais, gradientes de tensões internas e

deformações começam a surgir. Observa-se que os painéis de alvenarias não são capazes de

absorverem essas tensões e deformações, uma vez que, são elementos rígidos e de

comportamento frágil. Deste modo, ocorre o surgimento de trincas, desprendimentos dos

revestimentos e, finalmente, degradação dos tijolos cerâmicos que compõem as alvenarias.

Informações retiradas de SOUZA (2008).

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Figura 5 – Corte de residência e esquema de umidade ascendente.

Fonte: Ciplak (?)

Figura 6 – Danos ao revestimento gerados pela umidade.

Fonte: Bandeira (2012)

Figura 7 – Possibilidade de formação de fungos.

Fonte: Araldi (2013)

Page 30: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

29

2.3.2 Afundamento de Piso

Em qualquer tipo de piso é indispensável que a base (solo ou laje) esteja preparada para

receber o contrapiso, sobre o qual será aplicado o revestimento final. No caso das residências

térreas é comum a execução do contrapiso diretamente sobre o solo. Quando o solo não foi

devidamente compactado no momento da execução da obra, observa-se que ao passar dos

anos, a presença de umidade, o efeito gravitacional e tensões externas provocam essa

compactação que solo não teve na etapa de construção, gerando irregularidades e inclinações

relativas no piso da residência, fazendo com que o piso ceda, podendo interferir na

higienização do ambiente e na segurança dos moradores.

Na maioria das vezes esse tipo de patologia é colocado em segundo plano, mas este

pode colocar em risco as vidas humanas, uma vez que o solo abaixo da edificação pode ceder

em excesso e formar crateras abaixo do contrapiso. Em situações mais críticas, a ruptura

destes contrapisos ocorrem de maneira brusca, por estes serem não armados, tornando a

situação ainda mais perigosa. (Figura 8 e 9)

Figura 8 – Afundamento de piso com quebra do

revestimento cerâmico.

Fonte: Autor (2015)

Figura 9 – Afundamento de piso grave.

Fonte: Terra Roxa (2013)

2.3.3 Trincas em paredes de alvenaria

Alvenaria é a construção de estruturas e de paredes utilizando unidades unidas entre si

por argamassa. Estas unidades são blocos (de cerâmica, de vidro, de concreto ou de pedras).

São dispostos em fiadas horizontais que sobrepõem umas às outras. Quanto à capacidade de

Page 31: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

30

suporte as alvenarias podem ser classificadas em Alvenaria Estrutural e Alvenaria de

Vedação.

As alvenarias estruturais são projetadas para resistirem a esforções submetidos pela

estrutura, como telhados, lajes, etc. além do seu próprio peso. Podendo ser utilizados blocos

de concreto ou de cerâmica, elas podem ser armadas ou não e devem seguir as especificações

citadas nas normas ABNT NBR 15961 (2011) (Alvenaria Estrutural – Blocos de Concreto –

Partes 1 e 2) e ABNT NBR 15812 (2010) (Alvenaria Estrutural – Blocos Cerâmicos – Partes

1 e 2).

A alvenaria de vedação não é dimensionada para resistir as solicitações geradas pelos

elementos acima desta, além de seu próprio peso. A vedação vertical é responsável pelo

fechamento da edificação e também pela compartimentação dos ambientes internos. A

maioria das edificações executadas pelo processo construtivo convencional (estrutura

reticulada de concreto armado moldada no local) utiliza para o fechamento dos vãos, paredes

de alvenaria de vedação.

Podem ser confeccionadas com tijolos cerâmicos ou blocos de gesso e suas

especificações são regidas pelos preceitos normativos da ABNT NBR 8545 (1984). Ressalva-

se, contudo, que para serem capazes de suportar seus pesos próprios, esses elementos devem

ser construídos sobre elementos estruturais como: vigas baldrames, vigas, lajes, sapatas

corrida, etc.

Mesmo sendo uma técnica totalmente equivocada nos processos executivos de

edificações de qualquer porte, ainda é muito comum na região do agreste pernambucano a

utilização de alvenaria de vedação para suporte de cargas verticais, principalmente

proveniente de telhados, caixas d’água, etc. Essa prática, muitas vezes é aliada de um sistema

de fundação precário e incompleto, onde os elementos de alvenaria se apoiam sobre

elementos muito deformáveis. As alvenarias de vedação, quando consolidadas e executadas

de maneira adequada e eficiente e sendo respeitado o tempo de pega da argamassa utilizada,

apresentam bom comportamento de suporte a esforços distribuídos de compressão axial, mas,

não são capazes de resistir a solicitações de tração, cisalhamento, cargas concentradas,

perturbações nos esforços de compressão e recalque diferencial do solo. Assim sendo, é

comum o aparecimento de fissuras nas paredes de alvenaria das edificações que fizeram uso

indevido destas (Figura 10).

Com base nesses princípios discutidos acima, é de suma importância que se defina,

ainda na fase de projeto e planejamento, o tipo de alvenaria e de elemento estrutural que será

utilizado para a edificação. Se for utilizado o sistema em alvenaria de vedação, é necessário o

Page 32: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

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correto dimensionamento dos elementos estruturais para que nenhum esforço decorrente seja

absorvido pela alvenaria, evitando assim as patologias citadas anteriormente. Um exemplo

desses locais com concentrações de tensões são os vértices de janelas e portas, onde usa-se

estruturas denominadas de vergas e contravergas moldadas em concreto armado. (Figura 11)

Figura 10 – Trinca em alvenaria por carga

concentrada.

Fonte: Construtop (2013)

Figura 11 – Trinca em vértice de janela pela

ausência de verga e contraverga.

Fonte: Construtop (2013)

2.3.4 Degradação do revestimento de argamassa nas paredes

As informações estão de acordo com Souza (2008).

A argamassa de revestimento é de grande importância no acabamento, principalmente

de parede de alvenaria de tijolos que são substancialmente permeáveis, uma vez que esse

revestimento auxilia bastante o elemento preservando a sua estanqueidade. Devido a sua

grande exposição a condições ambientais adversas, esses elementos estão sujeitos a patologias

que prejudicam o seu bom funcionamento, tanto em questão de estética, quanto na questão da

proteção e isolamento da parede.

As argamassas são misturas formadas por agregado miúdo, aglomerante hidráulico e

água. No caso das argamassas de revestimento, o aglomerante hidráulico pode ser a cal, o

cimento ou os dois juntos.

“Definição de Argamassa de revestimento: Mistura homogênea de agregado(s)

miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos ou adições, com

propriedades de aderência e endurecimento” (ABNT. NBR 13529, 1995).

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Dentre as patologias mais constantes observadas nos revestimentos, destacam-se:

1. Manchas: Podendo apresentar diferentes colorações, desde verde, cinza ou

marrom, estão relacionadas a umidade e microrganismos, que podem provocar

mofo e fungos. As manchas marrons são, geralmente, causadas pela oxidação de

armaduras de elementos estruturais;

Figura 12 – Manchas em revestimento.

Fonte: Lérias (2010)

2. Eflorescências: São depósitos cristalinos de coloração branca que aparecem nos

revestimentos de paredes e tetos. São provenientes da evaporação de soluções

aquosas salinizadas anteriormente presentes. Os depósitos ocorrem quando os

sais solúveis das alvenarias, argamassas e revestimentos, são absorvidos pela

água, que pode ter origem da lavagem dos revestimentos, de alguma infiltração,

ou da água usada na própria construção. Ao contato com o ar, a água tende a

evaporar e os sais a se cristalizar. Quando a cristalização ocorre dentro do

revestimento, tensões adicionais surgem nos capilares, podendo causar danos e

degradação deste, em um fenômeno chamado de criptorescência.

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Figura 13 – Eflorescência em revestimento.

Fonte: Reforma Fácil (2010)

3. Destacamento: é o desprendimento do revestimento do elemento em que ele é

constituinte. Pode ocorrer em mais de uma camada do revestimento, podendo

chegar até o chapisco e deixar a alvenaria à vista. Pode ser causado por falhas de

aderência da argamassa utilizada, falha de hidratação dos materiais, ou espessura

excessiva das camadas do revestimento;

Figura 14 – Destacamento do revestimento.

Fonte: Engenharia 3D (?)

4. Fissuras: as fissuras que aparecem no revestimento, quando não há fissuração

da alvenaria ou da estrutura de fundação, são relacionadas a fatores da execução

da argamassa, solicitações hidrotérmicas e principalmente por retração

hidráulica da argamassa e da tinta;

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Figura 15 – Fissuras no revestimento.

Fonte: Oggioni (2012)

De modo geral, as patologias apresentadas nesse item estão relacionadas a variações de

temperatura e umidade presente no ambiente. Logo, a solução relacionada a esses problemas

está ligada a impermeabilização na execução da obra.

2.3.5 Expansão por umidade (EPU)

Avaliando a atração intermolecular, a superfície de um sólido possui o que para os líquidos é chamada tensão superficial, que é responsável por uma compressão para o

interior do sólido. Se a água ou outro líquido é adsorvido, esta adsorção irá reduzir a

energia superficial do sólido e, consequentemente, a compressão dentro do sólido.

Quando esta tensão é reduzida, o sólido comporta-se elasticamente e expande

originando a EPU (MENEZES et al., 2006).

EPU, também conhecida como expansão higroscópica, é o termo relacionado a

expansão de materiais cerâmicos, como o tijolo das paredes de alvenaria, quando em contato

com água líquida ou em vapor. Geralmente essas expansões são muito pequenas, mas podem

gerar tensões adicionais, que quando maiores que os limites de resistência, danificam a

estrutura dos corpos cerâmicos (Figura 16). Em relação aos revestimentos, a EPU pode

prejudicar a aderência entre revestimento e alvenaria, podendo levar a destacamento e danos

físicos ao elemento. Pode, ainda, causar rachaduras nos tijolos da alvenaria devido ao

acréscimo de tensões.

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Figura 16 – Expansão por umidade nos tijolos.

Fonte: Autor (2015)

Para solucionar o problema de EPU, é necessário acabar primeiro com a fonte do

problema. Quando o elemento danificado estiver sujeito a ação de umidade, uma

impermeabilização deve ser feita para evitar que o mesmo problema volte a surgir no futuro.

Após realizado a correção do problema, os elementos danificados devem ser retirados e

substituídos por outros em condições boas de utilização.

2.3.6 Patologias das estruturas de madeira das cobertas

As informações estão de acordo com Brito (2014).

A madeira é um material construtivo vastamente utilizado desde as épocas antiquadas

até os dias de hoje, tanto para desempenhar funções estruturais quanto decorativas. Este

material possui características mecânicas excelentes e possui grande durabilidade quando

empregado de maneira correta. Apesar disso, é preciso tomar alguns cuidados quanto a ação

de intempéries na madeira, uma vez que ela apresenta grande susceptibilidade a ataque de

fungos e insetos. São divididos em dois grupos os fatores que danificam a madeira: fatores

abióticos e fatores bióticos.

Dos agentes abióticos, o que mais causa dano a madeira é a água, podendo produzir

fendilhamento, retração, empenamento e putrefação. Os raios solares causam fotodegradação

da madeira. O fogo, o mais perigoso em relação a ruína de elementos estruturais de madeira,

destrói progressivamente a todas as camadas do elemento. Com exceção do fogo atuando por

muito tempo na madeira, os agentes abióticos não apresentam danos muito consideráveis a

madeira, mas, são portas para entrada de agentes bióticos.

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Os agentes bióticos estão relacionados a microrganismos que também podem causar

degenerações na madeira. Exemplos desses agentes são bactérias, fungos, roedores, aves e

insetos. Os mais conhecidos e também mais comumente encontrados são os cupins. São

divididos em cupins de madeira seca e subterrâneos. Os de madeira seca geralmente atacam

estruturas de madeira e vivem em colônias longe do solo e não necessitam de fonte externa de

umidade para sobreviver. Já os cupins subterrâneos possuem suas colônias abaixo do nível do

solo e saem para se alimentar nas edificações, mas sempre retornando a colônia. Os caminhos

usados pelos cupins são espaços entre tijolos de alvenaria e eletrodutos de energia e telefonia,

e assim eles se espalham pela edificação. Este tipo de cupim precisa de uma fonte de umidade

externa para sobreviver, constroem suas colônias em locais escuros, escondidos e distante da

fonte de alimento.

A principal diferença entre os dois tipos de cupins é que os de madeira seca só

conseguem transitar pela sua fonte de alimento, geralmente a madeira. Assim sendo, esse tipo

de colônia tem sua duração de acordo com a duração do alimento disponível. Já os cupins

subterrâneos não tem esse problema, podendo transitar em qualquer lugar a procura de novas

fontes de alimento, tornando muito mais difícil o controle de propagação destes últimos.

Os cupins são pragas que podem causar danos muito consideráveis ao madeiramento de

uma edificação, podendo até trazê-la a ruína. (Figura 17)

Figura 17 – Degradação de elemento de madeira por cupins.

Fonte: Máxima Inset (?)

Métodos curativos podem solucionar ou não os problemas relacionados aos cupins,

pois, dependendo do estado em que se encontra a madeira atacada, nem sempre será possível

continuar a utilizar o mesmo elemento. Mas existem intervenções químicas que podem

Page 38: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

37

extinguir a colônia de cupins. O ideal é realizar métodos preventivos desde a fabricação dos

elementos de madeira e principalmente antes da sua utilização.

Outra patologia muito comum em estruturas de madeira é o subdimensionamento dos

elementos da estrutura. Flechas excessivas, vãos excessivamente grandes para elementos com

dimensionamento incorreto ou sem dimensionamento. A solução para este problema é o

correto dimensionamento dos elementos, considerando as cargas que vão suportar, agindo de

acordo com a norma ABNT NBR 7190 (1997) Projeto de estruturas de madeira. Os elementos

já denegridos devem ser substituídos por outros novos e bem dimensionados.

2.3.7 Patologia causada por falta de elementos estruturais

Citado como uma das mais graves patologias está a falta de elementos estruturais. É

bem comum encontrar residências populares que têm sua fundação formada por duas ou três

fiadas de tijolos de uma vez de onde nascem as alvenarias de vedação, sem nem ao menos o

auxílio de uma viga baldrame (também conhecida como cinta de amarração). A edificação

fica totalmente vulnerável a recalques diferenciais e pequenos sismos que possam vir a

ocorrer na região do agreste pernambucano. Não se executam pilares nem vigas para transferir

o carregamento proveniente da edificação. Assim sendo, todo carregamento fica apoiado nas

alvenarias de vedação, o que causa graves rachaduras que podem interferir na estabilidade

global da edificação (Figura 18).

A ABNT 6.122 (2010) – Projeto e execução de fundações, não especifica a utilização

fieiras de tijolos de furo como elemento de fundação. A ABNT 12722 (1992) – Discriminação

de serviços para construção de edifícios, indica que as edificações necessitam estarem de

acordo com as normas brasileiras em todos os setores da obra. Não há, em nenhuma destas

normas, a especificação da utilização de alvenaria de vedação como elemento estrutural.

Muitas das casas residenciais de pequeno porte que possuem esses tipos de erros citados

acima não possuem problemas sérios por ter um solo de fundação muito rígido (rocha) ou pela

pequena carga suportada. Mas estes métodos não são indicados em nenhum caso de

construção de nenhum tipo de edificação.

A solução desses problemas apresentados seria a construção de elementos estruturais

em concreto armado, como vigas, pilares e sapatas de fundação, cortando assim as partes de

alvenaria por onde estes elementos devem passar. O problema dessa técnica é o alto custo

Page 39: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

38

empregado para sua realização, mostrando mais uma vez a importância das técnicas corretas

de construção.

Figura 18 – Ilustração de cargas sobre alvenaria de vedação.

Fonte: Tathiana (2012)

2.3.8 Instalações hidrossanitárias inapropriadas

É muito comum as construtoras responsáveis pela construção de residências populares

de pequeno porte deixarem de lado a aquisição de um projeto associado àquela construção, o

que pode gerar patologias nos sistemas hidrossanitários. Outros fatores de patologias desse

tipo são erros de execução e materiais de baixa qualidade.

Instalações mal feitas podem gerar danos as tubulações, como pressões elevadas em

trechos, falta de vedação correta nas conexões, que são mais sujeitas a vazamentos. Outro

aspecto que deve-se atentar são as sobrepressões, para não haver ocorrência de golpe de

Aríete.

A primeira forma de evitar esses problemas é a aquisição de um projeto de instalações

hidrossanitárias, fornecido por um profissional capacitado. Para seguir as recomendações do

projeto, deve-se haver profissionais habilitados também para execução correta do sistema. E,

não menos importante, a aquisição dos materiais deve ser por fornecedores que garantam o

acordo dos materiais com as normas vigentes.

A solução curativa para esse tipo de patologia é sempre a substituição total ou parcial do

sistema afetado.

Page 40: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

39

2.3.9 Instalações elétricas inapropriadas

Semelhante as patologias encontradas nas instalações hidrossanitárias, nas instalações

elétricas as causas dos problemas são basicamente as mesmas. Falta de um projeto que detalhe

a instalação fornecido por profissional capacitado, materiais que não possuem o selo do

INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e falta de

profissionais habilitados para realizar a execução da instalação de acordo com o projeto (se

houver).

Os principais problemas apresentados nas instalações elétricas são curto-circuitos, fuga

de corrente e sobrecarga de rede. Estes estão quase sempre associados a erros de projeto ou de

execução.

A solução é fazer uma rígida avaliação de todo o sistema elétrico da edificação, detectar

os erros e substituir total ou parcialmente o sistema.

2.4 Avaliação do custo unitário básico (CUB) para orçamentos

É importante fazer uso de algumas definições de termos técnicos utilizados na ABNT

NBR 12721 (2006) - Avaliação de custos unitários de construção para incorporação

imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios — Procedimento, para obter um

elemento de classificação das edificações periciadas e facilitar o entendimento do leitor em

relação a este item:

Projeto-padrão: Projetos selecionados para representar os diferentes tipos de

edificações, que são usualmente objeto de incorporação para construção em

condomínio e conjunto de edificações, definidos por suas características

principais: número de pavimentos; número de dependências por unidade; áreas

equivalentes e área de custo padrão privativas de unidades autônomas; padrão de

acabamento da construção e; número total de unidades.

Área real: Medida da superfície de quaisquer dependências, ou conjunto de

dependências, cobertas ou descobertas, nela incluídas as superfícies das

projeções de paredes, de pilares e demais elementos construtivos.

Área equivalente: Área virtual cujo custo de construção é equivalente ao custo

da respectiva área real, utilizada quando este custo é diferente do custo unitário

Page 41: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

40

básico da construção, adotado como referência. Pode ser, conforme o caso,

maior ou menor que a área real correspondente.

Para representar os diferentes tipos de edificação são considerados os projetos-padrão

definidos por suas características principais e acabamentos. De acordo com a ABNT NBR

12721 (2006), as residências avaliadas neste trabalho encaixam-se no seguinte projeto padrão:

Quadro 1 – Classificação das residências de acordo com a ABNT NBR 12721 (2006).

Fonte: ABNT. NBR 12721 (2006)

Como apresentado acima, a residência em questão é classificada de acordo com a sua

área real e área equivalente. Chamado de residência popular, com a classificação de RP1Q e

área real em torno de 39m², as residências periciadas neste trabalho são de pequeno porte e

chamadas unifamiliares.

Os projetos-padrão são ainda classificados em ALTO, NORMAL e BAIXO, levando

em conta, exclusivamente as condições de acabamento das devidas edificações. É considerada

nesta classificação a sofisticação dos materiais empregados no acabamento das edificações,

sendo as de nível alto as que possuem os melhores materiais.

De acordo com o item 3.9 da Norma Brasileira ABNT NBR 12721 (2006), o conceito

de Custo Unitário Básico é o seguinte:

Custo por metro quadrado de construção do projeto-padrão considerado, calculado

de acordo com a metodologia estabelecida em 8.3, pelos Sindicatos da Indústria da

Construção Civil, em atendimento ao disposto no artigo 54 da Lei nº 4.591/64 e que

serve de base para avaliação de parte dos custos de construção das edificações.

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12721, 2006)

A divulgação dos CUB deve ser feita mensalmente para cada estado do Brasil pela

SINDUSCON (Sindicato da Indústria da Construção Civil) até o dia 5 do mês subsequente,

como especificado pela Lei Federal 4.591 de 16 de dezembro de 1964:

Page 42: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

41

Art. 54: Os sindicatos estaduais da indústria da construção civil ficam obrigados a

divulgar mensalmente, até o dia 5 de cada mês, os custos unitários de construção a

serem adotados nas respectivas regiões jurisdicionais, calculados com observância

dos critérios e normas a que se refere o inciso I, do artigo anterior. (BRASIL, Lei

Federal n° 4.591, de 16 de dezembro de 1964)

O CUB de cada mês pode ser facilmente encontrado no site da SINDUSCON (Sindicato

da Indústria da Construção Civil) de cada estado ou pelo próprio site do CUB.

Page 43: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

42

3 Metodologia

A análise pericial deve respeitar os termos definidos na ABNT NBR 13752 (1996) –

Perícias de engenharia na construção civil, a qual fixa alguns conceitos e diretrizes em relação

ao trabalho e metodologia de pericia na engenharia civil, e também da Norma de inspeção

predial IBAPE/SP(2011), pela qual o objeto de perícia deste trabalho classifica-se no Nível 1:

identificação das anomalias e falhas aparentes, elaborada por profissional habilitado.

Para realização da perícia, uma sequência lógica deve ser seguida com objetivo de

facilitar a análise dos resultados obtidos, a identificação das patologias e as suas respectivas

soluções técnicas. Tais itens devem ser seguidos:

Alguns dias antes do dia da vistoria, todos os moradores proprietários das

residências a serem visitadas devem estar devidamente avisados sobre o dia e a

hora da visita;

Na vistoria devem ser fotografados todos os aspectos relevantes para a análise

pericial, bem como as patologias encontradas, para serem feitas as análises

necessárias às conclusões e ao parecer técnico das visitas;

As atividades de manutenção já realizadas pelos moradores devem ser

verificadas para a apuração de possíveis anomalias funcionais geradas pelo uso

indevido da residência;

Deve ser observada também a influência das construções do entorno da

residência vistoriada, uma vez que estas podem causar patologias exógenas

(definida no item 2.3) na residência;

Deve ser realizado no momento da inspeção, um croqui da planta da residência,

com a disposição simultânea do imóvel com a disposição original e atual dos

ambientes, para facilitar a identificação de cômodos e das anomalias

encontradas;

Os moradores das residências periciadas não devem ser identificados nos

resultados para garantir o sigilo das informações tratadas;

Todas as anotações e fotografias devem ser devidamente avaliadas para

determinação da solução recomendada às anomalias encontradas.

Page 44: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

43

4 Resultados e Discussões

4.1 Observações Gerais

Todos os imóveis com resultados presentes no item 4.2 foram periciados pelo autor

deste trabalho. As fichas técnicas utilizadas no ato da perícia estão disponíveis no apêndice A.

Todas as vistorias foram feitas com o consentimento e auxílio dos seus respectivos

moradores, os quais disponibilizaram todos os documentos possíveis para o recolhimento de

informações técnicas também mencionadas nos resultados. As características das residências

avaliadas foram confrontadas com o item 2.4 deste trabalho e apresentaram equivalência nos

resultados.

4.1.1 Residências

A tipologia de todos os imóveis analisados é residencial e composta por casas de

pavimento térreo. Os sistemas construtivos das residências são semelhantes, não apresentam

complexidade e são considerados de padrão baixo, enquadrando-se nos padrões especificados

na ABNT NBR 12721 (2006) como tipo RP1Q.

A maioria das residências apresentaram algumas modificações no modelo original

recebido pelos moradores. Algumas delas são listadas a seguir:

Substituição das esquadrias: em sua grande maioria por questões estéticas e,

alguns poucos, casos surgimento de cupim nas esquadrias originais;

Substituição do piso: na maioria das residências foi colocado piso cerâmico;

Revestimento de banheiros e cozinha: na maioria das residências, os moradores

colocaram revestimento cerâmico no piso e paredes de cozinhas e banheiros;

Paredes construídas e demolidas: reformas de ampliação das residências foram

mudanças comuns encontradas nas vistorias, uma vez que apresentaram área

construída diminuta;

Substituição de telhas cerâmicas: na maioria dos casos de substituição, foram

trocadas por patologia nas telhas, como alta porosidade, eflorescência e

criptorescência;

Page 45: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

44

Substituição total ou parcial do sistema de instalação elétrica: por motivo de

subdimensionamento de condutores e instalações de equipamentos com alta

potência não previstos em projeto, como chuveiros elétricos;

Substituição/ampliação do sistema de instalação hidrossanitário e colocação de

reservatórios de água;

A grande maioria das casas não possui sistema estrutural na construção

original, o que pode vir a causar prejuízos ainda maiores, como o risco de ruína

da residência. Os elementos estruturais identificados, na maioria dos casos,

eram provenientes de ampliações realizadas nas casas.

4.1.2 Patologias detectadas e suas soluções

Após a análise do memorial fotográfico realizado nas perícias, ficaram constatadas

patologias comuns às residências vistoriadas. Estas patologias são listadas a seguir, seguidas

das suas respectivas soluções técnicas.

Trincas em paredes de alvenaria

Observou-se falta de vergas e contravergas nas aberturas de esquadrias nas paredes de

alvenaria, o que causou aparecimento de trincas a 45° dos cantos das aberturas. Como todas

as paredes de alvenaria das residências periciadas tem função apenas de vedação, e não de

elemento estrutural, é comum que fissuras surjam nos locais de concentração de tensões,

quando as tensões não são adequadamente distribuídas por um sistema estrutural adequado. A

solução para esta patologia é a construção de vergas e contravergas acima e/ou abaixo das

aberturas nas paredes de alvenaria, como demonstrado no item 2.2.2.

Degradação do revestimento de argamassa das paredes

Todas as residências apresentaram patologias quanto ao revestimento das paredes,

causado pelo movimento ascendente da água do solo. As patologias mais constantes causadas

no revestimento são: manchas, eflorescências, destacamento e fissuras, como mostrado no

item 2.3.4. A medida corretiva seria a impermeabilização da fundação, realizando quebras

parciais (para evitar a ruína das paredes, realiza-se a quebra não contínua da parede, a uma

altura adequada para o trabalho de impermeabilização) das paredes e pisos para ter acesso a

fundação não impermeabilizada. Feito isso, realiza-se o trabalho de impermeabilização da

fundação e das primeiras fiadas dos tijolos de alvenaria, como mostra o item 2.2.1. No

entanto, tal método corretivo é extremamente complicado e caro para ser executado.

Page 46: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

45

Patologia das cobertas

Em alguns casos, a distância exagerada entre ripas do telhado, gerou problemas quanto

a estanqueidade da residência além de sobrecarregar as ripas, o que pode gerar ruína em

alguns pontos do telhado. A substituição ou reforço dos elementos de madeira do telhado,

seguindo as diretrizes da ABNT NBR 7190 (1997), seria a medida corretiva para o problema.

Telhas com eflorescência e criptorescência das telhas cerâmicas também foram comuns

nas vistorias. Alguns moradores já haviam feito a troca das telhas, pois constataram a quebra

ou esfarelamento de algumas delas, o que estava a prejudicar a estanqueidade do ambiente.

Após a troca, os moradores não observaram mais as patologias.

Patologias causadas pela falta de elementos estruturais

Em todas as residências foi observada a ausência completa ou parcial de elementos

estruturais em concreto armado (vigas, pilares, cintas, vigas baldrame, etc.). As paredes de

alvenaria não são classificadas como alvenaria estrutural, portanto, não deveriam receber

sobrecargas de outros elementos. Fissuras nas paredes de algumas residências tem esta

sobrecarga como causa.

As fundações são feitas com tijolos cerâmicos deitados (alvenaria de uma vez), o que

também não atua como elemento estrutural. Muitos destas alvenarias ainda apresentaram altos

níveis de EPU (expansão por umidade), o que diminui ainda mais a sua resistência, podendo

causar problemas em relação à estabilidade da residência.

A medida corretiva não pode ser executada completamente sem a demolição da

residência para que os métodos construtivos adequados fossem realizados, ou seja, é

necessário a reconstrução da mesma.

Instalações hidrossanitárias

As tubulações do sistema hidrossanitário foram bem dimensionadas, não gerando

problemas na sua concepção original. Alguns moradores construíram reservatórios superiores

para armazenamento de água, uma vez que o abastecimento público não atende com

frequência necessária a demanda da residência.

Ampliações e substituições nas instalações hidrossanitárias foram observadas nos casos

em que os moradores ampliaram a área construída da residência.

Instalações elétricas

Os condutores da instalação elétrica parecem não terem sido dimensionados

adequadamente, uma vez que todos os condutores observados tinham área de seção de

1,5 mm², que não atende as prescrições da ABNT NBR 5410 (1994) para tomadas de uso

Page 47: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

46

geral e específico. A maioria das casas adicionou chuveiros elétricos e/ou ares-condicionados

ao sistema, sobrecarregando-o ainda mais, e os problemas de subdimensionamento tornaram-

se ainda mais aparentes, fazendo necessário o reparo ou substituição dos condutores, seguindo

as diretrizes da ABNT NBR 5410 (1994).

Construção abaixo da cota da rua

Nenhuma das residências apresentou problemas quanto a construção abaixo do nível da

rua, como retorno em tubulações sanitárias e de águas pluviais.

4.2 Observações Específicas

4.2.1 Imóvel 1

A residência de número um se encontra no Bairro Kenedy em Caruaru-PE e pertence ao

padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertencente a um senhor que construiu a

casa por si mesmo no ano de 1971 e reside na mesma até os dias atuais. A casa tem uma área

construída original de 42 m² e permanece sem grandes alterações. Estas informações estão

resumidas no Quadro 2.Algumas observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:

A residência possui dois quartos, uma sala, uma cozinha e um banheiro, como

mostra o croqui (Figura 20);

Foi realizada apenas uma alteração de maior escala em relação a sua construção

inicial: inserção de uma laje treliçada acima do terraço de entrada da casa

(Figura 19 b);

A residência não apresenta sistema estrutural. Não foi constatada a existência de

pilares ou vigas. Apenas a laje treliçada construída, como citada anteriormente,

que se apoia nas paredes de alvenaria, mostrando não seguimento da ABNT

NBR 6118 (2014). Falta de vergas também foi constatada em algumas aberturas

(Figura 19 h);

As esquadrias são de ferro e apresentam um pouco de ferrugem (Figura 19 c);

As telhas são de material cerâmico, originais e apresentam patologias de

criptorescência e eflorescência. Algumas ripas e caibros da estrutura de madeira

do telhado foram substituídos por apodrecimento desta devido ao elevado tempo

Page 48: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

47

de utilização sem manutenção e de material de baixa qualidade. Não foi inserido

forro (Figura 19 f);

O sistema elétrico apresenta-se precário, mostrando-se ter sido executado de

forma inadequada e sem seguimento aos itens da ABNT NBR 5410 (2004), uma

vez que itens básicos não são observados, como eletrodutos para isolamento dos

condutores. O sistema hidrossanitário não apresenta problemas (Figura 19 e);

Patologia de umidade ascendente em todas as paredes da residência (Figura 19

d);

A residência foi toda construída com tijolo manual (tijolo maciço);

Quadro 2 - Informações básicas e patológicas da residência 1

N° Local m² Padrão

1 Bairro Kenedy - Caruaru 42,00 RP1Q

Patologia Ocorrência

Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM

Afundamento de piso NÃO

Trincas em paredes de alvenaria NÃO

Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM

Patologias das estruturas de madeira das cobertas SIM

Ausência de elementos estruturais SIM

Construção abaixo da cota da rua NÃO

Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO

Patologias nas Instalações elétricas NÃO

EPU SIM

Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM

Page 49: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

48

Figura 19: Memorial fotográfico residencia 1.

(a) Fachada

(b) Laje treliçada do terraço

(c) Janelas de ferro originais

(d) Degradação das paredes por

umidade ascendente

(e) Instalações elétricas antigas e

inadequadas

(f) Telhas cerâmicas e estrutura do telhado originais

(g) Abertura de porta com verga

Page 50: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

49

(h) Fissura na alvenaria por falta de elementos

estruturais (verga)

(i) Piso cimentado polido original

Fonte: Autor (2015)

Figura 20: Croqui da residência 1.

Fonte: Autor (2015)

Page 51: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

50

4.2.2 Imóvel 2

A residência de número dois se encontra na Cohab 1 em Caruaru-PE e pertence ao

padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a uma senhora que não é a

primeira proprietária da residência. A casa foi revendida pelo antigo proprietário para a atual

moradora no ano de 1993, mas a data de construção é datada por volta de 1980. A construção

original foi de responsabilidade de uma empresa contratada para construção de várias casas

populares no padrão dos COHABS (Conjuntos Habitacionais) da época. A casa tem uma área

construída original de 34,5m² e teve algumas alterações que ampliaram a sua área atual, que

agora possui três quartos, duas salas, dois banheiros, uma cozinha e uma garagem, como

mostra o croqui da Figura 22. Algumas destas informações estão resumidas no Quadro 3.

Algumas observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:

A residência sofreu alterações de média escala desde a sua construção original.

A área construída inicial era inicialmente de 34,5 m² e agora tem uma área de 66

m². Foram construídos mais dois quartos, um banheiro e uma garagem (Figura

22);

Todas as esquadrias foram trocadas por outras de madeira. As esquadrias

originais eram sempre de ferro (Figura 21 b);

Os banheiros e a cozinha possuem revestimento cerâmico, assim como o piso de

toda a residência e a garagem(Figuras 21 c, h, i);

O telhado foi trocado e expandido na reforma da casa, há mais de 20 anos.

Algumas ripas e caibros foram substituídos mais recentemente devido ao

apodrecimento da madeira. As telhas são de cerâmica e apresentam

criptorescência e eflorescência (Figura 21 d);

Os sistemas hidrossanitário e elétrico apresentam-se em bom estado. O sistema

elétrico teve toda a fiação trocada recentemente e apresenta funcionamento

adequado;

Umidade ascendente presente em quase todas as paredes. Alguns revestimentos

encontram-se danificados devido a ocorrência EPU nos tijolos cerâmicos das

paredes (Figura 21 g);

Foi construída uma laje treliçada de concreto no momento da reforma. Apesar

disso, não observam-se elementos estruturais adequados na residência,

Page 52: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

51

ocasionando o surgimento de algumas fissuras devido ao apoio da laje em

paredes de alvenaria (Figuras 21 c, f);

Notam-se alguns pontos em que a laje e paredes encontram-se umedecidas após

ocorrência de chuvas, o que mostra falha na estanqueidade do telhado e

drenagem pluvial da residência (Figuras 21 d, e);

Quadro 3 - Informações básicas e patológicas da residência 2

N° Local m² Padrão

2 Cohab 1 - Caruaru 34,50 RP1Q

Patologia Ocorrência

Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM

Afundamento de piso NÃO

Trincas em paredes de alvenaria NÃO

Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM

Patologias das estruturas de madeira das cobertas SIM

Ausência de elementos estruturais SIM

Construção abaixo da cota da rua NÃO

Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO

Patologias nas Instalações elétricas NÃO

EPU SIM

Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM

Figura 21: Memorial fotográfico residencia 2.

(a) Fachada

(b) Esquadrias de madeira

Page 53: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

52

(c) Revestimento cerâmico com

aderência danificada

(d) Telhado com telhas cerâmicas

apresentando eflorescência e

criptorescência

(e) Marcas de infiltração no

teto do quarto

(f) Fissuras devidas a falta de elementos estruturais

(g) Danos no revestimento devido EPU no tijolo

(h) Revestimento cerâmico na cozinha

(i) Revestimento cerâmico no banheiro

Fonte: Autor (2015)

Page 54: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

53

Figura 22: Croqui da residência 2.

Fonte: Autor (2015)

4.2.3 Imóvel 3

A residência de número três se encontra na Cohab 1 em Caruaru-PE e pertence ao

padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a uma senhora que adquiriu a

casa desde a sua construção original, por volta do ano de 1975. A residência nunca mudou de

proprietário até os dias atuais. A construção original, assim como o imóvel 2, foi de

responsabilidade de uma empresa contratada para construção de várias casas populares. A

casa tem uma área construída original de 34,5m² e teve algumas alterações que ampliaram a

sua área atual, que agora possui três quartos, três salas, três banheiros, uma cozinha e uma

garagem, como mostra o croqui da Figura 24. Algumas destas informações estão resumidas

no Quadro 4. Algumas observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:

Page 55: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

54

A residência sofreu alterações de média escala desde a sua construção original.

Após uma ampliação da área coberta, a residência passou de 34,5 m² para 73 m².

Foram construídos mais dois quartos, dois banheiros e uma garagem (Figura

24);

A proprietária apresentou muito zelo pela residência, mantendo todos os

ambientes sempre em melhor estado possível. Alegou pintar toda a residência

duas vezes por ano. Isso atrapalhou um pouco a identificação de algumas

patologias pelo fato de estas estarem camufladas.

As esquadrias na área original da residência são todas originais e apresentam

bom estado de conservação (Figuras 23 i);

Os banheiros e cozinhas estão todos revestidos com cerâmica, assim como o

piso de toda área (Figuras d, i);

A residência não apresenta sistema estrutural. Não foi constatada a existência de

pilares ou vigas, mostrando não seguimento da ABNT NBR 6118 (2014);

O telhado foi todo trocado, pois apresentava incidência de cupins e

subdimensionamento dos elementos da trama do telhado, desrespeitando alguns

itens da norma ABNT NBR 7190 (1997), onde os caibros e ripas tinham

espaçamento elevado. As telhas também foram todas trocadas e apresentam bom

estado de conservação (Figura 23 h);

Os sistemas elétrico e hidrossanitário também foram todos trocados

recentemente. A fiação da casa apresentava problemas de subdimensionamento,

apresentando alguns curtos-circuitos e desligamento repentino de aparelhos,

mostrando desconformidade dos condutores e circuitos com a norma ABNT

NBR 5410 (2004);

Umidade ascendente aparente em todas as paredes da casa, mesmo com a

pintura sendo refeita duas vezes por ano. Danos a revestimento cerâmico foram

verificados e causados por ocorrência de EPU nos tijolos cerâmicos do substrato,

o que causou esfarelamento destes tijolos e consequentes danos ao revestimento

(Figuras 23 f, g);

Foi inserido forro de gesso pela moradora, uma vez que as casas eram entregues

sem forro na compra do imóvel (Figura 23 e)

Algumas fissuras por falta de verga nas aberturas de parede, formando ângulo de

45° com a horizontal, o que caracteriza a causa da patologia, também foram

Page 56: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

55

verificadas, apesar de esta estar camuflada pelo bom estado de conservação da

residência (Figura 23 c);

Quadro 4: Informações básicas e patológicas da residência 3

N° Local m² Padrão

3 Cohab 1 - Caruaru 34,50 RP1Q

Patologia Ocorrência

Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM

Afundamento de piso NÃO

Trincas em paredes de alvenaria NÃO

Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM

Patologias das estruturas de madeira das cobertas SIM

Ausência de elementos estruturais SIM

Construção abaixo da cota da rua NÃO

Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO

Patologias nas Instalações elétricas SIM

EPU SIM

Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM

Figura 23: Memorial fotográfico residencia 3.

(a) Fachada

(b) Parte interna com esquadrias em madeira

Page 57: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

56

(c) Fissura nas aberturas por falta

de verga

(d) Área construída não original da

residência

(e) Forro de gesso inserido pela

proprietária

(f) Revestimento danificado por EPU no tijolo

cerâmico

(g) Revestimento danificado devido a EPU no tijolo

cerâmico

(h) Telhado em bom estado

(i) Banheiro com revestimento cerâmico / Esquadria

original

Fonte: Autor (2015)

Page 58: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

57

Figura 24: Croqui da residência 3.

Fonte: Autor (2015)

4.2.4 Imóvel 4

A residência de número quatro se encontra no residencial Baraúnas em Caruaru-PE e

pertence ao padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a um casal de

moradores que adquiriu a residência no ano de 2014, logo quando a construção do residencial

Baraúnas foi finalizada. A construção original foi de responsabilidade de uma empresa

contratada para construção de várias casas populares. A casa tem uma área construída original

de 49 m² e teve algumas alterações que ampliaram a sua área atual, que agora possui dois

quartos, uma sala, dois banheiros, uma cozinha, uma garagem e uma área de serviço, como

mostra o croqui da Figura 26. Algumas destas informações estão resumidas no Quadro 5.

Algumas observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:

A residência passou por alterações sobre a sua área construída original, que

possuía dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro. Um banheiro e a

Page 59: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

58

área de serviço foram adicionados e a cozinha foi ampliada (Figura 25 d). A área

construída inicial da residência era de 49 m² e agora é de 74,5 m² (Figura 26);

Fissuras formando um ângulo de 45° com a horizontal nas quinas das aberturas

de esquadrias foram verificadas, demonstrando a falta de vergas nestas aberturas

(Figura 25 c);

A residência original não apresenta nenhum sistema estrutural, com exceção de

uma viga e um pilar que suportam a cobertura do terraço, e uma laje inclinada

paralelamente ao telhado. Esta concepção enfatiza o desacordo com a ABNT

NBR 6118 (2014). No momento da reforma, o morador adicionou algumas vigas

e pilares na parede externa à residência e para o suporte de uma laje plana

construída acima da garagem;

Danos a revestimento cerâmico foram verificados e causados por ocorrência de

EPU nos tijolos cerâmicos do substrato, o que causou esfarelamento destes

tijolos e consequentes danos ao revestimento (Figura 25 e);

As lajes do telhado das casas construídas no residencial Baraúnas são inclinadas,

seguindo a inclinação das telhas. A empresa responsável pela construção executa

dessa maneira com o intuito de evitar que os moradores ampliem a residência

construindo pavimentos acima do pavimento térreo. Além disso, dispensam

sistema estrutural de madeira para servir de apoio para as telhas. Com isso, a

empresa economiza capital de execução da obra. O morador da residência quatro

demoliu uma parte da laje original para construir outra laje plana que serve de

cobertura para a garagem. A carga adicional gerada pela laje construída nas

paredes de alvenaria pode agravar ainda mais os problemas gerados pela falta de

sistema estrutural na residência (Figura 25 f);

Na parte interna da casa, o morador inseriu forro de gesso (Figura 25 g);

Os pisos e paredes dos banheiros, cozinha e área de serviço, receberam

revestimento cerâmico (Figura 25 h, j);

Algumas aberturas de esquadrias foram refeitas, ampliadas e tiveram a inserção

apropriada de verga e contraverga, segundo o morador (Figura 25 i);

Os sistemas elétrico e hidráulico foram todos substituídos e não apresentam

problemas funcionais;

Page 60: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

59

Pelo fato de a residência ser do ano de 2014, algumas patologias ainda estão

começando a se tornar aparentes, enquanto outras aparecerão depois de um

tempo de uso da residência.

Quadro 5 - Informações básicas e patológicas da residência 4

N° Local m² Padrão

4 Residencial Baraúnas 49,00 RP1Q

Patologia Ocorrência

Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM

Afundamento de piso NÃO

Trincas em paredes de alvenaria SIM

Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM

Patologias das estruturas de madeira das cobertas NÃO

Ausência de elementos estruturais SIM

Construção abaixo da cota da rua NÃO

Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO

Patologias nas Instalações elétricas NÃO

EPU SIM

Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas NÃO

Figura 25: Memorial fotográfico residencia 4.

(a) Fachada

(b) Parte interna

Page 61: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

60

(c) Fissura nas aberturas por falta de verga

(d) Área construída não original da residência

(e) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico

(f) Laje inclinada parcialmente retirada pelo

morador

(g) Forro em gesso inserido pelo morador

(h) Banheiro com revestimento cerâmico

Page 62: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

61

(i) Esquadria adicionada e abertura ampliada

(j) Cozinha ampliada / adicionado revestimento

cerâmico

Fonte: Autor (2015)

Figura 26: Croqui da residência 4.

Fonte: Autor (2015)

4.2.5 Imóvel 5

A residência de número cinco se encontra no bairro Rendeiras (Cohab 3) em Caruaru-

PE e pertence ao padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a uma família

que adquiriu a residência no ano de 2010, apesar das residências do bairro terem sido

construídas por volta da década de 80. A construção original foi de responsabilidade de uma

Page 63: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

62

empresa contratada para construção de várias casas populares para formação desse conjunto

habitacional. A casa tem uma área construída original de 45,5 m² e teve algumas alterações

que ampliaram a sua área atual, que agora possui três quartos, uma sala, um banheiro, uma

cozinha e uma área de serviço, como mostra o croqui da Figura 28. Algumas destas

informações estão resumidas no Quadro 6. Algumas observações pertinentes a residência são

destacadas abaixo:

A residência passou por alterações sobre a sua área construída original, que

possuía dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro. O banheiro original

da residência foi demolido (Figura 27 j) e um novo foi construído em outro

local. A cozinha original foi transformada em um quarto adicional. A sala atual

ocupa o espaço da sala original e do banheiro original. A área construída inicial

da residência era de 45,5 m² e agora é de 85,6 m² (Figura 28);

A residência não apresenta sistema estrutural. Apenas a existência de alguns

pilares nas paredes externas da residência, evidenciando desacordo com a ABNT

NBR 6118 (2014);

Fissuras formando um ângulo de 45° com a horizontal nas quinas das aberturas

de esquadrias foram verificadas, demonstrando a falta de vergas nestas aberturas

(Figura 27 c);

A estrutura de madeira do telhado mostra deflexão aparente de algumas terças e

caibros, evidenciando subdimensionamento dos mesmos, em desacordo com a

ABNT NBT 7.190 (1997). Algumas das terças do telhado são diretamente

apoiadas sobre a alvenaria de vedação, porém, fissuras geradas por carga

concentradas na alvenaria não foram detectadas, apesar da inadequação da

distribuição de cargas do telhado, mostrando descumprimento da ABNT NBR

8545 (1984) (Figura 27 d);

Danos ao revestimento devido a ocorrência de EPU no tijolo cerâmico também

foram constatados. Algumas paredes mostram um grau avançado deste tipo de

patologia, evidenciado pelo esfarelamento da alvenaria (Figuras 27 e, f);

A tubulação hidráulica do banheiro adicionado à residência mostra-se não

embutida em parede de alvenaria, o que expõe a tubulação a ação de intempéries

e choques mecânicos que podem vir a danificar a mesma (Figura 27 f);

Page 64: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

63

Forro de gesso foi adicionado pelo morador na residência. Alguns pontos do

forro mostram umidade e orifícios causados pela infiltração de águas pluviais,

evidenciando problemas de estanqueidade no telhado (Figura 27 g);

O banheiro da residência teve o piso e paredes revestidos com cerâmica (Figura

27 h);

As esquadrias dos quartos frontais da residência são de ferro e originais e

apresentam-se em bom estado de conservação (Figura 27 i).

Quadro 6 - Informações básicas e patológicas da residência 5

N° Local m² Padrão

5 Rendeiras (Cohab 3) 45,00 RP1Q

Patologia Ocorrência

Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM

Afundamento de piso NÃO

Trincas em paredes de alvenaria SIM

Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM

Patologias das estruturas de madeira das cobertas SIM

Ausência de elementos estruturais SIM

Construção abaixo da cota da rua NÃO

Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO

Patologias nas Instalações elétricas NÃO

EPU SIM

Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM

Figura 27: Memorial fotográfico residencia 5.

(a) Parte interna

(b) Parte interna

Page 65: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

64

(c) Fissura nas aberturas por falta de verga

(d) Telhado subdimensionado e telhas com

eflorescência

(e) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico

(f) Tubulação do banheiro adicionado pelo morador

/ revestimento danificado

Page 66: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

65

(g) Forro em gesso danificado por infiltração de águas

pluviais

(h) Banheiro adicionado pelo morador

(i) Esquadria de ferro original

(j) Marca do banheiro original / piso cimentado

polido original

Fonte: Autor (2015)

Page 67: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

66

Figura 28: Croqui da residência 5.

Fonte: Autor (2015)

4.2.6 Imóvel 6

A residência de número seis se encontra no bairro Rendeiras (Cohab 3) em Caruaru-PE

e pertence ao padrão RP1Q, segundo a ABNT NBR 12721 (2006). Pertence a uma família que

adquiriu a residência no ano de 1988, logo após o término da construção da casa. A

construção original foi de responsabilidade de uma empresa contratada para construção de

várias casas populares para formação desse conjunto habitacional. A casa tem uma área

construída original de 45,5 m² e teve algumas alterações que ampliaram a sua área atual, que

agora possui quatro quartos, duas sala, três banheiro, uma cozinha, uma área de serviço e um

pavimento acima do pavimento térreo, como mostra o croqui da Figura 28, apenas do

pavimento térreo. Algumas destas informações estão resumidas no Quadro 7. Algumas

observações pertinentes a residência são destacadas abaixo:

A residência passou por alterações sobre a sua área construída original, que

possuía dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro. O banheiro original

da residência foi demolido e os outros três foram construídos em outros locais. O

Page 68: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

67

pavimento superior foi construído acima de uma área parcial do pavimento

térreo. A área construída inicial da residência era de 45,5 m² e agora é de

119,7 m² (Figura 28);

A residência não apresenta sistema estrutural original. Um sistema estrutural a

parte foi adicionado na área do pavimento superior adicionado. Alguns pilares

foram construídos para suporte de telhados adicionados em algumas áreas

(Figura 29 d). O restante da residência não apresenta elementos estruturais,

evidenciando desacordo com a ABNT NBR 6118 (2014);

O telhado foi totalmente trocado quando a casa foi reformada. O madeiramento

apresenta-se em ótimo estado de conservação. As telhas cerâmicas apresentam

eflorescência em baixa escala (Figura 29 d). A estrutura de madeira do telhado

apresenta irregularidades quanto a sua inclinação (Figura 29 i);

Umidade ascendente pôde ser verificada em paredes sem revestimento cerâmico,

mostrando os danos causados ao revestimento pela ocorrência de EPU no tijolo

cerâmico (Figura 29 d);

O proprietário da casa adicionou dois reservatórios inferiores de água e um

superior, para garantir o armazenamento da água fornecida pela companhia de

abastecimento, uma vez que este abastecimento não tem continuidade suficiente

para atendimento da demanda (Figura 29 e);

Forro de gesso foi adicionado a toda a residência pelo proprietário (Figura 29 f);

O piso de toda a residência e as paredes externas, da cozinha e do banheiro,

foram todos revestidos com cerâmica (Figuras 29 b, g);

As paredes de um dos quartos da residência apresenta umidade gerada pelo

vazamento dos reservatórios de água da residência vizinha. A foto da Figura 29 i

foi tirada três dias após a pintura das paredes do quarto.

Page 69: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

68

Quadro 7 - Informações básicas e patológicas da residência 5

N° Local m² Padrão

6 Rendeiras (Cohab 3) 45,00 RP1Q

Patologia Ocorrência

Umidade ascendente das fundações em paredes de alvenaria SIM

Afundamento de piso NÃO

Trincas em paredes de alvenaria NÃO

Degradação dos revestimentos de argamassa das paredes SIM

Patologias das estruturas de madeira das cobertas NÃO

Ausência de elementos estruturais SIM

Construção abaixo da cota da rua NÃO

Patologias nas Instalações hidrossanitárias NÃO

Patologias nas Instalações elétricas NÃO

EPU SIM

Eflorescência/Criptorescência em telhas cerâmicas SIM

Figura 29: Memorial fotográfico residencia 6.

(a) Fachada

(b) Parte interna

Page 70: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

69

(c) Telhado com eflorescência

(d) Revestimento danificado por EPU no tijolo cerâmico

(e) Reservatório de água inferior (cisterna)

(f) Forro de gesso adicionado pelo morador

(g) Banheiro adicionado pelo morador

Page 71: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

70

(h) Parede com infiltração proveniente de vazamento do

reservatório da casa vizinha

(i) Telhas com disposição irregular

Fonte: Autor (2015)

Figura 30: Croqui da residência 6.

Fonte: Autor (2015)

Page 72: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

71

5 Considerações Finais

Todas as residências foram devidamente inspecionadas sendo detectadas várias

anomalias endógenas (relacionadas a erros construtivos dos métodos utilizados na

construção). A maioria das anomalias encontradas se encaixa nesta classificação (endógenas),

observando-se apenas algumas poucas de natureza exógena, natural ou funcional (termos já

definidos no item 2.3).

Analisando os resultados das perícias, algumas considerações são feitas:

Todas as casas visitadas se enquadram no modelo RP1Q que, segundo a ABNT

NBR 12721 (2006), são compostas de um dormitório, sala, banheiro e cozinha e

possuem uma área real de 39,56 m². Estas residências são consideradas de padrão

popular e são geralmente adquiridas por proprietários de classe média baixa. Para

conseguir atingir os preços de vendas desejados, as empreiteiras responsáveis pela

construção das residências economizam no que podem para conseguir garantir o seu

lucro. Esta economia, na maioria das vezes, acarreta as imprudências nos métodos

construtivos e vem a gerar as patologias observadas e o consequente desconforto dos

moradores.

Dentre as causas das patologias endógenas, a mais grave e comum a todas as

residências periciadas, é a falta de elementos estruturais apropriados ao tipo de

construção, mostrando o não cumprimento de várias normas da ABNT, como a

ABNT NBR 6118 (2014) e a ABNT NBR 15575 (2013).

As residências periciadas possuem anos de construção distintos, como mostram os

quadros listados no item 4.2. Apesar disso, as patologias mostram-se muito

semelhantes em todas elas, consequentes das mesmas inadequações construtivas.

Isso mostra a acomodação dos métodos construtivos apresentados em Caruaru-PE e

região, uma vez que os mesmos erros cometidos em obras há mais de 20 anos atrás,

ainda são cometidos nos dias atuais.

Além da distinção de época, as empresas responsáveis pela construção das

residências dos bairros também são distintas, o que mostra mais uma vez os vícios

construtivos muito difundidos neste tipo de obra.

Um dos objetivos iniciais e principais deste trabalho pôde ser atingido: a difusão dos

métodos construtivos adequados para a construção de residências populares. Mostrando os

problemas e desconfortos gerados pelos erros construtivos e as soluções de engenharia,

Page 73: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

72

inviáveis financeiramente, aplicáveis às patologias, ficou claro que a melhor maneira de evitar

a insatisfação e insegurança dos moradores seria extinguir os erros construtivos das

residências populares de Caruaru-PE e região.

Existe a possibilidade continuação deste trabalho, expandindo o campo de atuação em

perícias mais complexas, indo além do que foi tratado como objetivo de trabalho nesta

monografia, que tratou de residências de padrão RP1Q. Como exemplo, poderiam ser tratadas

edificações de classificação PP-B que, de acordo com a ABNT NBR 12721 (2006), trata-se de

prédios populares de padrão baixo. A amplitude das observações a serem feitas em

edificações desse porte seria mais abrangente do que no presente trabalho, uma vez que mais

métodos construtivos, patologias mais diversificadas e mais consideráveis, dentre outros

fatores, estariam inclusos.

Page 74: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

73

Referências

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<http://pintandodetudo.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html>. Acessado em: 01 de

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961. Alvenaria Estrutural

- Blocos de Concreto - Partes 1 e 2. Rio de Janeiro, 2011..

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12721. Avaliação de custos

unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condominios

edilícos - Procedimento. Rio de Janeiro, 2006.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12722. Discriminação de

serviços para construção de edifícios. Rio de Janeiro, 1992.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575. Edificações

Habitacionais - Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8545. Execução de

alvenaria sem função estrutural de tijolos de blocos cerâmicos. Rio de Janeiro, 1984

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410. Instalações elétricas

de baixa tensão. Rio de Janeiro, 1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674. Manutenção de

edificações - Procedimento. Rio de Janeiro, 1999.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13572. Perícias de

engenharia na construção civil. Rio de Janeiro, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de estruturas

de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190. Projeto de estruturas

de madeira. Rio de Janeiro, 1997.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122. Projeto e execução

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paredes e tetos de argamassas inorgânicas. Rio de Janeiro, 1995.

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Page 75: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

74

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Aprovado em Assembléia Geral Ordinária em 15 de março de 2011.

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Máxima Inset. Dedetização de cupim no Rio de Janeiro. Disponível em:

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MIRANDA, R.M. Execução das Sapatas. 21 de abril de 2011 Disponível em:

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Acessado em: 01 de maio de 2014

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Acessado em: 01 de maio de 2014

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2010. Disponível em: <http://www.reformafacil.com.br/dicas-para-evitar-e-corrigir-

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SOUZA, M. F. Patologias ocasionadas pela umidade nas edificações. Monografia.

Departamento de Engenharia de Materiais de Construção. Curso de Especialização em

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SQUAIELA, R. Apostila sobre Impermeabilização. Curso de Arquitetura e Urbanismo.

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TERRA ROXA - Piso de hospital sede após inundação recente. Portal Guaira. 17 de abril de

2013. Disponível em: <http://www.portalguaira.com/PG/terra-roxa-piso-do-hospital-

municipal-sede-apos-inundacao-recente/>. Acessado em: 01 de maio de 2014

Page 77: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

76

Apêndice A

Ficha de Vistoria Pericial

Local: Bairro Kenedy

N° 1

1 – Descrição do Imóvel

Área Construída Original: 34,5 m²

Reformas

Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura

Não Não

Cômodos Atuais

Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:

2 1 1 1

Estado de Conservação

Excelente

Bom Ruim

X

Péssimo

Condições de Habitação Normal Ruim

X

Sob Risco

2 – Descrição dos danos detectados

Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura

Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem

Alvenaria: Rachadura X Mofo e

Mancha

X Umidade

Ascendente

Vergas: Falta de verga Falta de contraverga

Revestimento: X Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco

Telhas: Abaulamento Já removidas Goteiras Porosas

Estrutura do

telhado:

X Cupins Apodrecimento Umidade

Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento

Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim

Janelas Metálicas: X Ferrugem Ferragem ruim

Instalações

Elétricas:

Original, boa X Deve ser

trocada

Já trocada

Instalações

hidráulicas:

X Original, boa Deve ser trocada Já trocada

Instalações

sanitárias:

X Original, boa Deve ser trocada Já trocada

Observações:

Page 78: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

77

Ficha de Vistoria Pericial

Local: Cohab 1

N° 2

1 – Descrição do Imóvel

Área Construída Original: 34,5 m²

Reformas

Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura

X X

Cômodos Atuais

Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:

Área de serviço / Garagem 3 2 1 2

Estado de Conservação

Excelente

X

Bom Ruim Péssimo

Condições de Habitação Normal

X

Ruim Sob Risco

2 – Descrição dos danos detectados

Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura

Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem

Alvenaria: Rachadura X Mofo e

Mancha

X Umidade

Ascendente

Vergas: X Falta de verga X Falta de

contraverga

Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco

Telhas: Abaulamento Já removidas Goteiras Porosas

Estrutura do

telhado:

Cupins X Apodrecimento Umidade

Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento

Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim

Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim

Instalações

Elétricas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

hidráulicas:

X Original, boa Deve ser trocada Já trocada

Instalações

sanitárias:

X Original, boa Deve ser trocada Já trocada

Observações:

Page 79: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

78

Ficha de Vistoria Pericial

Local: Cohab 1

N° 3

1 – Descrição do Imóvel

Área Construída Original: 34,5 m²

Reformas

Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura

X X

Cômodos Atuais

Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:

Garagem 3 3 1 3

Estado de Conservação

Excelente

X

Bom Ruim Péssimo

Condições de Habitação Normal

X

Ruim Sob Risco

2 – Descrição dos danos detectados

Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura

Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem

Alvenaria: Rachadura X Mofo e

Mancha

X Umidade

Ascendente

Vergas: X Falta de verga Falta de contraverga

Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco

Telhas: Abaulamento X Já removidas Goteiras Porosas

Estrutura do

telhado:

X Cupins Apodrecimento Umidade

Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento

Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim

Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim

Instalações

Elétricas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

hidráulicas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

sanitárias:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Observações:

Page 80: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

79

Ficha de Vistoria Pericial

Local: Residencial Baraúnas

N° 4

1 – Descrição do Imóvel

Área Construída Original: 49 m²

Reformas

Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura

X X

Cômodos Atuais

Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:

Área de Serviço / Garagem 2 1 1 2

Estado de Conservação

Excelente

Bom

X

Ruim Péssimo

Condições de Habitação Normal

X

Ruim Sob Risco

2 – Descrição dos danos detectados

Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura

Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem

Alvenaria: Rachadura Mofo e Mancha X Umidade

Ascendente

Vergas: X Falta de verga Falta de contraverga

Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco

Telhas: Abaulamento Já removidas Goteiras Porosas

Estrutura do

telhado:

Cupins Apodrecimento Umidade

Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento

Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim

Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim

Instalações

Elétricas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

hidráulicas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

sanitárias:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Observações:

Não tem estrutura de telhado.

Page 81: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

80

Ficha de Vistoria Pericial

Local: Cohab 3

N° 5

1 – Descrição do Imóvel

Área Construída Original: m²

Reformas

Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura

X X

Cômodos Atuais

Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:

Área de Serviço 3 1 1 1

Estado de Conservação

Excelente

Bom Ruim

X

Péssimo

Condições de Habitação Normal Ruim

X

Sob Risco

2 – Descrição dos danos detectados

Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura

Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem

Alvenaria: Rachadura X Mofo e

Mancha

X Umidade

Ascendente

Vergas: X Falta de verga Falta de contraverga

Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco

Telhas: Abaulamento Já removidas X Goteiras Porosas

Estrutura do

telhado:

Cupins Apodrecimento X Umidade

Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento

Portas de madeira: Cupins Apodrecimento X Ferragem

ruim

Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim

Instalações

Elétricas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

hidráulicas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

sanitárias:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Observações:

Page 82: Felipe Augusto Almeida Barbosa - UFPE

81

Ficha de Vistoria Pericial

Local: Cohab 3

N° 6

1 – Descrição do Imóvel

Área Construída Original: m²

Reformas

Supressão/Inserção de Parede Supressão/Inserção de Abertura

Cômodos Atuais

Quartos Salas Cozinhas Banheiros Outros:

Área de Serviço 4 2 1 3

Estado de Conservação

Excelente

X

Bom Ruim Péssimo

Condições de Habitação Normal

X

Ruim Sob Risco

2 – Descrição dos danos detectados

Embasamento: Recalque Falta Chapisco Umidade Com rachadura

Superestrutura: Fissuras Expos. da armadura Umidade X Não tem

Alvenaria: Rachadura Mofo e Mancha X Umidade

Ascendente

Vergas: Falta de verga Falta de contraverga

Revestimento: Descolamento X Pulverulento Fissuração Falta chapisco

Telhas: Abaulamento X Já removidas Goteiras Porosas

Estrutura do

telhado:

Cupins Apodrecimento Umidade

Contrapiso/piso: X Falta imperm. Rachaduras Recalque Afundamento

Portas de madeira: Cupins Apodrecimento Ferragem ruim

Janelas Metálicas: Ferrugem Ferragem ruim

Instalações

Elétricas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

hidráulicas:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Instalações

sanitárias:

Original, boa Deve ser trocada X Já trocada

Observações: