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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ CURSO DE ZOOTECNIA PROJETO ORIENTADO FELIPE RIBEIRO PRADO PRODUÇÃO DE BOVINOS EM PASTOS DIFERIDOS DE CAPIM MULATO II OU PAIAGUÁS RECEBENDO DUAS DOSES DE SUPLEMENTO JATAÍ GO 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ

CURSO DE ZOOTECNIA PROJETO ORIENTADO

FELIPE RIBEIRO PRADO

PRODUÇÃO DE BOVINOS EM PASTOS DIFERIDOS DE CAPIM

MULATO II OU PAIAGUÁS RECEBENDO DUAS DOSES DE

SUPLEMENTO

JATAÍ – GO

2017

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FELIPE RIBEIRO PRADO

PRODUÇÃO DE BOVINOS EM PASTOS DIFERIDOS DE CAPIM MULATO II OU PAIAGUÁS RECEBENDO DUAS

DOSES DE SUPLEMENTO

Orientador: Prof. Dr. André Luis Da Silva Valente

Relatório de Projeto Orientado apresentado à Universidade Federal de Goiás – UFG, Regional Jataí, como parte das exigências para a obtenção do título de Bacharel em Zootecnia

JATAÍ – GO 2017

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FELIPE RIBEIRO PRADO

Relatório do Projeto Orientado apresentado como parte das exigências para a obtenção

do título de Bacharel em Zootecnia, defendido e aprovado em 31 de agosto de 2017, pela

seguinte banca examinadora:

______________________________________________

Dr. André Luis da Silva Valente UFG/Jataí

Presidente da Banca

_____________________________________________

Dra. Vera Lúcia Banys UFG/Jataí Membro da Banca

_____________________________________________

Dr. Thiago Carvalho Silva UFG/Goiânia

Membro da Banca

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Dedico,

A todos os meus familiares por sempre terem acreditado no meu

potencial e pelo apoio em todos os momentos dessa trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a DEUS pela oportunidade de estar aqui presente redigindo esse

trabalho de conclusão de curso, com muita saúde, felicidade, paz, e que Ele, mais do que

ninguém, sabe o quão difícil foi chegar até aqui. Por todos os ensinamentos a mim

passados durante toda essa caminhada. Acredito que não estamos aqui somente de

passagem e que a busca pelo conhecimento e a ajuda ao próximo, permitirá com que

cresçamos cada vez mais espiritualmente, tornando assim o mundo melhor.

Aos meus pais Marcelo Sousa Prado e Wânia Luci do Carmo Ribeiro Prado que

foram o meu esteio durante toda a minha vida, mostrando o que é certo e o que é errado,

o que é bom e o que é ruim sempre me apoiando em minhas decisões, escolhas, me

incentivando a nunca desistir dos meus sonhos e mostrando que a vida nem sempre vai

ser fácil como esperamos, mas que com muito esforço, humildade e trabalho,

conseguiremos atingir os nossos objetivos almejados. O homem que me tornei hoje, foi

graças a vocês. Amo vocês!

Ao meu irmão Marcelo Sousa Prado Filho pelo apoio que sempre me deu, pelo

incentivo a seguir em frente e lutar pelos meus sonhos, pelo amor de irmão, e pelos

sonhos que compartilhamos juntos em nos tornarmos grandes empreendedores,

começando do zero, em busca do sucesso, assim como um grande ídolo que nós

compartilhamos juntos, grande empreendedor brasileiro que saiu da periferia do Rio de

Janeiro rumo ao sucesso, Flávio Augusto da Silva – Geração de Valor.

A minha cunhada Fernanda Peres que desde sempre me apoiou nos meus

sonhos, nas minhas decisões, acreditando no meu potencial e nunca me deixando

sequer pensar em desistir.

A minha irmã Allyne Moraes Prado pelo amor de irmã, pelo apoio e incentivo na

busca pela realização do meu sonho durante esses 5 anos de Universidade.

Aos meus padrinhos Carmem e Marcos, meus tios Lázara e Paulo, Marlise e

Anadir Júnior, por todo apoio, pelas experiências de vida compartilhadas e por

acreditarem sempre no meu potencial. Enfim, agradeço a todos das famílias Ribeiro e

Prado.

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A minha namorada Marcela Assis que me acompanhou desde o início desse

sonho, do cursinho pré-vestibular até esta data, não permitindo desistir dos meus sonhos,

respeitando minhas decisões, me incentivando. Mesmo diante de algumas reviravoltas

em nossas vidas, o que sobressaiu perante as dificuldades, foi o nosso amor.

Aos professores do Curso de Zootecnia pelos ensinamentos, pelas experiências

profissionais e de vida, que foram de fundamental importância para a minha carreira

profissional e para minha vida pessoal.

Ao meu orientador Prof Dr. André Luís da Silva Valente pela realização desse

trabalho, pela amizade, experiência de vida compartilhada, pelo incentivo e

companheirismo durante essa caminhada.

Agradeço aos meus amigos do Curso de Zootecnia da Universidade por tudo que

nós enfrentamos juntos, um apoiando e incentivando o outro, em busca do mesmo

sonho, ser Zootecnista.

Quero agradecer o meu amigo Reginaldo Medrada, por tudo que nós enfrentamos

juntos durante esses anos, desde as melhores coisas até mesmo nas “latadas” que

entramos algumas vezes, e que, independente das dificuldades que cada um enfrentou

nessa caminhada, nunca desistimos, e sempre seguimos com um sorriso no rosto e

enfrentando cada dificuldade da melhor maneira possível em busca do sucesso.

Agradeço às duas novas famílias que adquiri durante esses anos de faculdade,

Família Lisossomos e Família Ranca Toco. Obrigado meus amigos!

A todos os integrantes do grupo NEFOT (Núcleo de Estudos em Forrageiras

Tropicais) pelos trabalhos realizados juntos, pelo companheirismo, amizade e por me

apoiarem na realização desse projeto.

Agradeço também a empresa Agroquima pela parceria com a Universidade que

permitiu a realização desse projeto, ao Gerente Wender Partata, Coordenadora de

estágio Ana Paula Monteiro, Representante Comercial e Zootecnista Gustavo e ao

Promotor de Pastagem Marcelo por terem acreditado e me apoiado nesse trabalho.

Mais um desafio concluído, mais um trabalho realizado. Agradeço imensamente a

todos vocês que compartilharam comigo todas as experiências vividas. É muito

gratificante estar concluindo mais um sonho ao lado de tantas pessoas especiais. Este é

apenas mais um dos sonhos realizados e, assim como falo para todos meus amigos,

colegas e familiares... Foco no Objetivo!

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“Na adversidade, uns desistem, enquanto outros batem recordes.”

Ayrton Senna

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RESUMO

Objetivou-se com o presente trabalho avaliar duas doses de suplementação sobre o desempenho de novilhas em fase de recria mantidas em pastos de Brachiaria no período

de escassez hídrica após o diferimento. Foram utilizadas 60 novilhas da raça nelore, distribuídas aleatoriamente entre os tratamentos com peso corporal inicial de 275,5 kg. Foram estudados durante 65 dias dois níveis de suplementação, sendo 0,3 e 0,6% PV e duas cultivares, Brachiaria híbrida cv. Mulato II e Brachiaria brizantha cv. Paiaguás,

sendo os tratamentos: T1 - animais recebendo 3 g por kg-1 do PC de suplemento proteico/energético (SPE) em pastos diferidos de capim Mulato II; T2 - animais recebendo 6 g por kg-1 do PC de SPE em pastos diferidos de capim Mulato II; T3 - animais recebendo 3 g por kg-1 do PC de SPE em pastos diferidos de capim Paiaguás, e T4 - animais recebendo 6 g por kg-1 do PC de SPE em pastos diferidos de capim Paiaguás. Foram utilizados 12 piquetes de 1 ha cada, sendo 6 piquetes formados de capim Mulato II e 6 piquetes de capim Paiaguás. O plantio das braquiárias foi realizado no dia 11 de Novembro, sendo o primeiro pastejo feito no mês de Janeiro de 2017 até o dia 28 de Fevereiro, em seguida foram diferidos para sua utilização no experimento no mês de Junho. Os pastos foram manejados em pastejo de lotação contínua, com os animais distribuídos de acordo com a massa de forragem disponível. Foram avaliadas às variáveis: massa de forragem (MF), composição morfológica (% lâmina foliar, % colmo, % material morto) e desempenho animal. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2 × 2 (doses × cultivares), com medidas repetidas no tempo (dois períodos). Houve diferença significativa entre os períodos para todas as variáveis da forragem. A massa de forragem total foi 26% superior no 1º período (Junho) em relação ao último período (Agosto). Apesar das cultivares apresentarem resultado negativo em relação ao ganho médio diário (GMD), animais em pastos de capim Mulato II apresentaram desempenho 40% superior e maior taxa de lotação em relação ao capim Paiaguás. A suplementação com 6 g/kg de PC proporcionou menor perda de peso comparado com animais recebendo 3 g/kg. Independente da cultivar ou da dose de suplemento, os animais apresentaram desempenho positivo no primeiro período e negativo no segundo período experimental. Houve uma diminuição expressiva na oferta de folha entre os períodos, sendo que no 1º período experimental a oferta de folha era 50% superior ao 2º período experimental. Independente das estratégias de suplementação com altos níveis, a forragem caracteriza-se como alimento principal, influenciando diretamente a resposta da suplementação e consequentemente o desempenho animal.

PALAVRAS-CHAVE: bovinos de corte, desempenho, pastejo,

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ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate two doses of supplementation on the performance of rearing heifers kept in Brachiaria pastures in the period of water scarcity after deferral. Sixty Nellore heifers were randomly distributed among treatments with initial body weight of 275.5 kg. Two supplementation levels were studied for 65 days, with 0.3 and 0.6% PV and two cultivars, Brachiaria hybrid cv. Mulato II and Brachiaria brizantha cv. Paiaguás, being treated: T1 - animals receiving 3 g per kg-1 PC of protein / energy supplement (SPE) in deferred pastures of Mulato II grass; T2 - animals receiving 6 g per kg-1 PC of SPE in deferred pastures of Mulato II grass; T3 - animals receiving 3 g per kg-1 PC of SPE in deferred pastures of Paiaguás and T4 grass - animals receiving 6 g per kg-1 PC of SPE in deferred pastures of Paiaguás grass. Twelve paddocks of 1 ha each were used, with 6 paddocks formed of Mulato II grass and 6 paddocks of Paiaguás grass. The planting of the brachiaria was carried out on November 11, the first being colored on January 2017 until February 28, instead of differentials for its use without experience in the month of June. The pastures were managed in continuous grazing, with the animals distributed according to the available forage mass. The following variables were evaluated: forage mass (MF), morphological composition (% leaf blade,% stalk,% dead material) and animal performance. The experimental design was completely randomized in factorial arrangement 2 × 2 (doses × cultivars), with measures repeated in time (two periods). There was an important difference between the periods for all forage variables. A total forage mass to 26% higher in the first period (June) than the last period (August). Although the cultivars presented negative in relation to the average side of the daily (GMD), animals in Mulato II grass showed a 40% higher performance and a higher stocking rate in relation to Paiaguás grass. Supplementation with 6 g / kg PC resulted in less weight loss compared to animals receiving 3 g / kg. Regardless of the cultivar or dose of supplement, the animals showed positive performance not first negative period There is no experimental period. There was an expressive decrease in the leaf supply between the periods, and not 1 experimental period a leaf offer was 50% higher than the 2nd experimental period. Regardless of the strategies of supplementation with high levels, forage is characterized as main food, directly influencing the response of the supplementation and consequently the animal performance. KEY WORDS: beef cattle, performance, grazing,

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................1

2. REFERENCIAL TEÓRICO ...............................................................................................................2

2.1. DIFERIMENTO DE PASTAGENS .................................................................................................2

2.2 Brachiaria brizantha BRS PAIAGUÁS .........................................................................................4

2.3 Brachiaria híbrida cv Mulato II ..................................................................................................5

2.4 SUPLEMENTAÇÃO ....................................................................................................................6

3. MATERIAL E MÉTODOS ..............................................................................................................9

3.1. LOCAL, ÁREA EXPERIMENTAL E PERÍODO DE AVALIAÇÃO ........................................................9

3.2 ANIMAIS EXPERIMENTAIS....................................................................................................... 10

3.3 TRATAMENTOS ...................................................................................................................... 10

3.4 MÉTODO DE PASTEJO E AVALIAÇÃO DA FORRAGEM .............................................................. 11

3.5 DESEMPENHO ........................................................................................................................ 15

3.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISES ESTATÍSTICAS .................................................... 15

4. RESULTADOS ............................................................................................................................ 15

5. DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 18

6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 21

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................. 22

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1. INTRODUÇÃO

A pecuária de corte no Brasil é caracterizada pelo uso intenso das pastagens

como forma de alimentação bovina. No entanto, pastagens tropicais apresentam

variações sazonais resultando em sistemas de criação com baixos índices zootécnicos e

produtivos, uma vez que, no período seco, ocorre rápida senescência de folhas e

perfilhos, produção forrageira reduzida, resultando em baixa quantidade e qualidade de

forragem.

As espécies do gênero Brachiaria que foram introduzidas no Brasil entre 1952 e

1965 e formam a maior área de pastagens cultivadas, enquanto que as pastagens

naturais, que apresentam menor valor nutritivo, têm perdido cada vez mais espaço para

esse gênero (FONSECA et al., 2010).

A procura por forrageiras produtivas e de alta qualidade é intensa, fazendo

necessário o estudo e lançamento de novas cultivares, principalmente do gênero

Brachiaria devido as características do gênero que permitem a adaptação em várias

regiões do Brasil. Entretanto, existem poucas informações sobre alguns materiais

lançados mais recentemente, bem como suas características produtivas e qualitativas.

A Embrapa Gado de Corte lançou no ano de 2013, a Brachiaria brizantha cv. BRS

Paiaguás, como opção do gênero das braquiárias para estabelecimento em solos de

média fertilidade no bioma Cerrado (EMBRAPA GADO DE CORTE, 2014), que vem

demonstrando bons resultados em produtividade, vigor de perfilhamento, fácil manejo,

alto teor de folhas, especialmente no período de baixa disponibilidade hídrica.

Outra opção dos novos cultivares é o Mulato II, que é o segundo híbrido do

gênero Brachiaria decorrente do cruzamento de três cultivares, a B. ruzizienses, B.

decumbens e B. brizantha. Mesmo que existam poucos trabalhos realizados no Cerrado

brasileiro, sobretudo sob lotação contínua, esse híbrido vem despertando interesse no

setor produtivo devido às suas características de alto potencial produtivo (acima de 35

toneladas), tolerância à cigarrinha-das-pastagens, alto valor nutritivo (entre 8 e 16% de

PB; teor médio de 60% de NDT), exigindo solos de média a alta fertilidade e com boa

drenagem (ALMEIDA, 2014).

As pastagens constituem a base da alimentação dos ruminantes, por isso o

desempenho animal é dependente da relação disponibilidade de forragem disponível,

consumo animal, digestibilidade da dieta e das exigências nutricionais, que variam

conforme a idade do animal, definindo ganhos significativos ou não para os sistemas

produtivos.

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O diferimento de pastagens no final do período chuvoso vem como alternativa de

reduzido custo para os produtores, porém, mesmo com o excesso de forragem, os

resultados ainda são de perda de peso corporal dos animais. Por isso, a suplementação

é essencial para a dieta dos animais, devendo ser apropriado do ponto de vista técnico-

econômico (ZERVOUDAKIS et al., 2002).

A suplementação pode ser fornecida para complementar nutrientes deficientes

nas pastagens, principalmente no período seco, em que a maioria das gramíneas não

chegam a atingir o valor mínimo de 7,0% de proteína bruta (PB) na matéria seca,

havendo uma redução na velocidade com que as partículas de alimentos são

degradadas, pois os microorganismos não apresentam crescimento suficiente para uma

boa degradação alimentar, aumentando o tempo destas partículas no rúmen e reduzindo

o consumo animal (GOMES JR. et al., 2002). Em sistemas que desejam maior produção

animal, níveis crescentes de suplementação são utilizados para se obter maiores ganhos

por unidade de área, aumentando a taxa de lotação, produtividade e eficiência alimentar,

bem como a redução do tempo ao abate de bovinos em terminação sob pastejo visando

maior giro de capital no sistema.

A relação entre pasto e suplemento torna-se importante para a condução de

experimentos que visam direcionar o melhor manejo, tipo de forrageira e o uso de

suplementos, objetivando maior desempenho animal e melhor viabilidade econômica no

sistema produtivo.

Sendo assim, objetivou-se com o presente trabalho avaliar dois níveis de

suplementação (0,3 e 0,6% PV) sobre o desempenho de novilhas Nelore em fase de

recria mantidos em pastos de capim Mulato II e Paiaguás, bem como avaliar a

disponibilidade dessas forrageiras no período seco após o diferimento.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. DIFERIMENTO DE PASTAGENS

A produção de carne e leite no Brasil é fundamentado quase que de forma

exclusiva em pastagens de gramíneas e leguminosas forrageiras, existindo no Brasil

cerca de 150 milhões de hectares de pastagens onde 85% das áreas são estabelecidas

por forrageiras do gênero Brachiaria, por sua capacidade de adaptação a diferentes

regiões brasileiras e a diferentes métodos de manejo (PAULINO & TEIXEIRA, 2010).

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Animais criados nas pastagens apresentam vantagens relacionadas a outros

tipos de sistemas devido ao custo das pastagens comparado com as silagens, fenos e

alimentação concentrada (FONSECA et al., 2010) e, também devido ao fato do próprio

animal realizar a colheita da forragem através do pastejo, reduzindo os custos com a

colheita, transporte, armazenamento e fornecimento.

Nas condições tropicais, as plantas forrageiras denotam crescimento diferente

no decorrer do ano, com maior produção de matéria seca no período das águas,

primavera-verão, em comparação ao período seco, ou seja, outono-inverno (SOUZA,

2011). Denominada sazonalidade de produção, está relacionada com fatores como

características fisiológicas, deficiência hídrica, fotoperíodo e temperatura abaixo do ótimo

(MENDONÇA, 2006). Essas variações sazonais nas características das pastagens

causam grande impacto qualitativo nas forragens e na pecuária brasileira, devido à

maioria dos animais serem alimentados basicamente por pasto.

Santos et al. (2007) analisaram as mudanças sazonais no valor nutritivo de B.

decumbens no período de dezembro de 1997 a outubro de 1998, e concluiu que houve

redução nos teores de proteína bruta de 8,75% para 3,53%, e aumento nos teores de

fibra em detergente neutro de 70,98 para 80,48%.

A sazonalidade produtiva é uma realidade dos países tropicais, porém existem

estratégias de manejo da pastagem que podem reduzir seus efeitos (SANTOS et al.,

2007). Uma delas, citada por Santos et al. (2009) é o diferimento de pastagem, estratégia

de manejo em que permite selecionar determinada área de pasto da propriedade e retirá-

la do pastejo, no final do verão, objetivando o acúmulo de massa que, posteriormente,

será pastejada no período de carência do recurso forrageiro.

A estrutura de uma pastagem que foi diferida pode vir a ser caracterizada pela

mensuração das massas de folha, colmo e material morto na forragem. Outra ocorrência

importante nas condições de pastos diferidos é o tombamento dos perfilhos, resultando

em um pasto com estrutura peculiar (SANTOS et al., 2009)

O período de diferimento, isto é, o tempo em que o pasto fica sem animais e,

portanto, em crescimento livre, deve garantir produção de forragem em quantidade

suficiente para alimentar o rebanho no inverno, sem prejudicar as características

estruturais do pasto diferido. Assim, por meio da alteração do período de diferimento,

objetiva-se que o pasto diferido tenha alta percentagem de perfilhos vegetativos em

detrimento dos reprodutivos e perfilhos vegetativos com colmo mais curtos e poucas

folhas mortas. Reis et al. (2012) afirmam que o manejo da pastagem aliada a estratégia

de diferimento, no fim do período das águas, são fundamentais na produção de forragem

de melhor valor nutritivo.

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Características como a taxa de crescimento da forrageira, devem ser

consideradas para a escolha correta do período de diferimento. Desse modo, forrageiras

com alta taxa de crescimento devem permanecer diferidos por períodos mais curtos.

Contrariamente, forrageiras com menores taxas de crescimento, para garantir a

qualidade do pasto, podem permanecer diferidos por mais tempo.

Uma das desvantagens do diferimento de pastagem citada por Santos et al.,

(2007) é a de que o diferimento não ocasiona grandes alterações nas taxas de lotação

das pastagens, devido ao vigor da rebrota no período de escassez hídrica ser restringido

por fatores ambientais. Sendo que em condições em que se deseja desempenho animal

superior, o uso da suplementação dos animais em pastos diferidos torna-se uma

estratégia para complementar o valor nutritivo da forragem disponível, bem como

melhorar a conversão alimentar dos animais.

2.2 Brachiaria brizantha BRS PAIAGUÁS

O capim Paiaguás é mais uma alternativa dentre diversas outras Brachiaria

brizantha para solos do Cerrado que apresentam média fertilidade. O cultivar foi

selecionado para produtividade, produção de sementes e vigor, tendo potencial de

produção animal elevado no período de baixa disponibilidade hídrica, com teores

elevados de folhas, bom valor nutritivo e sob pastejo mais intensivo apresentou bom

controle de invasoras (EMBRAPA GADO DE CORTE, 2014). De acordo com Andrade

(2015), o capim paiaguás tem apresentado também eficiência na produção de matéria

seca, possuindo resposta semelhante ao capim-marandu.

Apesar dessas características positivas para a pecuária brasileira, um ponto

negativo dessa forrageira é a suscetibilidade a cigarrinha-das-pastagens, em comparação

as outras B. brizantha, assim como sua característica de hospedeira da praga (VALLE et

al., 2013).

Comparando as cultivares Paiaguás e Piatã, Andrade (2015) notou superioridade

do capim paiaguás nas características de taxa de acúmulo e porcentagem de folha em

relação ao capim piatã. O capim paiaguás apresentou taxa de acúmulo de forragem 48%

superior (17 e 9 kg/ha/dia, respectivamente) e porcentagem de folhas (26 e 22%,

respectivamente) na época seca em relação ao capim-piatã.

Euclides et al. (2016) concluiu que a Brachiaria brizantha cv Paiaguás apresentou

vantagens sobre o cultivar Piatã, principalmente acúmulo de forragem com valor

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nutricional superior, resultando assim em desempenho animal por unidade de área

superior no período seco do ano.

2.3 Brachiaria híbrida cv Mulato II

A Brachiaria híbrida cv Mulato II possui como nome comercial Convert HD364

dado pela empresa Dow AgroSciences (detentora dos direitos de comercialização desse

material na atualidade), e que foi desenvolvido pelo Projeto de Forragens Tropicais do

CIAT (Centro Internacional de Agricultura Tropical), localizada em Cali, Colômbia,

resultado da seleção das progênies de três gerações de cruzamentos entre Brachiaria

ruziziensis x Brachiaria decumbens x Brachiaria brizantha, (B. ruziziensis x B. decumbens

= F1 e, seguidamente, F1 x B. brizantha).

O Mulato II possui como características ser perene, apresentar crescimento

semi-ereto, com altura de produção máxima de 1 metro de altura, folhas lanceoladas

próximas a 3,8 cm largura de cor verde intensa, comprimento médio de 35 a 40 cm,

largura 2,5 a 3,0 cm e considerável pubescência. Possui sistema radicular profundo,

garantindo alta resistência ao período seco. É de fácil adaptação em regiões tropicais e

subtropicais, tolerando também solos com pouca drenagem, a não ser que o

encharcamento seja permanente. Requer solos de média à alta fertilidade e tolera a

presença de cigarrinha das pastagens (ARGEL et al., 2007). Apresenta como função

elevado perfilhamento e recuperação ao corte ou pastoreio, causado pelo mecanismo de

rebrota por gemas basais e da boa capacidade para emitir estolões que enraizam

formando novas plantas (PEREIRA et al., 2001).

Poucos resultados concretos relacionados a este híbrido são encontrados no

bioma Cerrado, entretanto, existem alguns trabalhos desenvolvidos que indicam alto

potencial produtivo, com produção de 10 a 27 t/ha/ano de massa seca (ARGEL et al.,

2007).

De acordo com Argel et al. (2007), o Mulato II produziu em 2004, no Panamá,

19,3 t/ha de matéria seca, sendo que 3,7 t/ha foram na época seca e 15,6 t/ha durante a

época chuvosa com oito meses de duração, sendo superior a cultivar Mulato I. Teodoro

(2011) realizou um estudo sobre as características produtivas do Mulato II e Marandu,

concluiu que o Mulato II possui produção forrageira semelhante à do Marandu quando

ambas foram analisadas sem adubação e com colheita realizada com diferentes alturas

de resíduo.

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Pequeno et al. (2015) analisando o acúmulo de forragem e o valor nutricional do

B. híbrida cv Mulato II, B. brizantha cv Marandu e Tifton 85, e como estes são afetados

pela frequência de colheita e irrigação, notaram que na estação seca, o Mulato II chegou

a produzir 13% a mais de forragem comparada a Marandu e 44% a mais quando

comparada com o Tifton 85.

O CIAT (2006) realizou um estudo na Colômbia com Mulato II e resultados

iniciais demonstraram que esse cultivar promoveu nos períodos secos e das águas,

aumento da utilização da pastagem de 11 e 23 %, quando comparadas com as

produções de B. decumbens cv Basilisk e B. brizantha cv Xaraés.

Soares (2013) avaliando o desempenho animal e a taxa de lotação em pastos

de capim Mulato II manejados sob diferentes alturas (20, 30, 40, 50 cm), observou que o

ganho em peso diário (GMD) aumentou de forma linear com o aumento das alturas.

Porém, a taxa de lotação (TL) reduziu chegando a um valor médio de 2,77 UA/ha. Apesar

da redução da taxa de lotação, não houve diferença no ganho em peso por unidade de

área devido as diferentes alturas manejadas.

2.4 SUPLEMENTAÇÃO

O período seco constitui na fase mais preocupante para o sistema de produção

de bovinos nas pastagens, uma vez que os animais se alimentam de forrageiras de baixo

valor nutritivo, caracterizado pelo alto teor de fibra indigestível e teores de proteína bruta

inferiores ao nível crítico, 6 a 7% de matéria seca (REIS et al., 2009).

Fatores que afetam diretamente o desempenho animal, além da quantidade e

qualidade da forrageira disponível, é a suplementação dos animais, bem como

quantidade e qualidade do suplemento fornecido para os bovinos sob pastejo (REIS et

al., 2009).

Durante o período seco do ano a queda da quantidade e qualidade da forragem

e o aumento nos constituintes fibrosos, notadamente tecidos lignificados (VAN SOEST,

1994) refletem negativamente na digestibilidade da matéria seca e no consumo animal,

resultando em diminuição no desempenho (MOORE, 1980). Além disso, os teores de

proteína bruta das gramíneas não atingem o valor mínimo de 7% relatado por Minson

(1990) como limitante para adequada atividade da microbiota ruminal, o que compromete

a utilização de substratos energéticos fibrosos potencialmente digestíveis tornando

necessária a adição de nutrientes para que o desempenho não seja comprometido.

Uma vez que as pastagens constituem a base da alimentação de rebanhos

produzidos nas regiões tropicais, o desempenho animal é obtido a partir da interação

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forragem disponível, consumo, digestão e exigências nutricionais, que pode ser

satisfatório ou não dependendo do sistema de produção. Diante de um desempenho não

satisfatório, uma estratégia interessante é a suplementação da dieta dos animais, que

deve ser conveniente do ponto de vista técnico-econômico (ZERVOUDAKIS et al., 2002).

Os fatores determinantes da produção animal em sistemas de suplementação

em pastagem consistem na definição dos seus objetivos principais. Consequentemente,

devem ser estabelecidas estratégias de fornecimento de nutrientes que viabilizem os

padrões de crescimento pretendidos no sistema de produção. Neste contexto, o

fornecimento de nutrientes via suplementação pode possibilitar desempenho diferenciado

aos animais, desde a simples manutenção de peso, passando por ganhos moderados, de

200 a 300 g/dia, até ganhos de 500 a 600 g/dia (PAULINO, 2001).

Moore (1980) apresenta três efeitos relacionados às interações do consumo da

forragem disponível e o consumo do suplemento: efeito aditivo, no qual apresenta

consumo de forragem constante, mesmo que em diferentes doses de suplemento,

ocorrendo a adição total no consumo animal; efeito combinado, onde ocorre o aumento

do consumo total, mas com redução no consumo de forragem; efeito substitutivo, em que

o consumo da forragem diminui a partir do momento em que é aumentada a quantidade

de suplemento fornecido. Deste modo, o fornecimento de suplemento para animais sob

pastejo pode permanecer inalterado, aumentar ou diminuir, dependendo da quantidade e

qualidade da forragem disponível e das características do suplemento, aliados ao

potencial produtivo dos animais e da maneira com que o suplemento é fornecido (REIS et

al., 2009).

O significativo aumento da presença de material morto no dossel forrageiro e

diminuição na qualidade disponível de forragem, pertinente a variações na precipitação,

luminosidade e temperatura médias, causam interferência no consumo e na

digestibilidade da matéria seca, prejudicando o desempenho dos animais e a taxa de

lotação. Desta forma, quando se deseja manter altos índices produtivos no sistema, é

fundamental o aumento dos níveis de suplementação, bem como, ajustes na taxa de

lotação visando o aumento linear no ganho em peso médio diário.

Ítavo et al. (2007) realizaram no período da seca a suplementação de novilhos

F1 Canchim x Nelore, castrados com 24 meses de idade em pastos de capim Brachiaria

brizantha cv Marandu com níveis de 0,25 e 0,5% PC, e não observaram diferenças nos

ganhos médios diários (GMD) que foram de 1,12 kg/dia para os animais recebendo

0,25% e de 1,05 kg/dia para os animais recebendo 0,5%, porém, a taxa de lotação para

os animais suplementados com 0,5% foram mais que o dobro dos animais recebendo

0,25% do PC. Oliveira et al. (2004) realizando a suplementação de 0,2 e 0,4% de

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novilhos da raça Nelore em pastejo de Brachiaria brizantha cv Marandu, não foi

observado diferenças nos ganhos médios diários desses animais (426 g/dia para 0,2% e

497 g/dia para 0,4%).

Resende et al. (2008) citado por Reis et al. (2012), trabalharam na fase de recria

e terminação com novilhos com maneiras distintas de suplementação e terminação em

confinamento e pastagem e, notaram que utilizando o suplemento proteico-energético

com nível de 0,5% PV/dia, tanto no período seco quanto nas águas, reduziram em mais

de 100 dias de idade de abate dos novilhos terminados em confinamento em relação aos

novilhos terminados no pasto.

Peres et al. (2005) avaliaram na transição águas/seca o desempenho de

novilhas da raça Holandês x Zebu com idade de 17 meses, com 215 kg de média de

peso, sob pasto de capim elefante e a viabilidade econômica desse sistema produtivo.

Avaliaram sistemas SP1 - sem suplementação; SP2 - suplementação com ração

concentrada; SP3 - suplementação com Stylosanthes cv Mineirão e observaram ganho

médio diário (GMD) de 429, 624 e 535 g respectivamente, e ganhos de 2,38, 3,46 e 1,43

kg/ha/dia. A taxa interna de retorno observado foi 29, 30 e 10%. Sendo o preço gerado

pelas novilhas fator impactante no desempenho econômico.

Silva et al. (2010) avaliaram entre agosto e novembro durante 84 dias, quatro

níveis de suplementação, controle, 0,3; 0,6 e 0,9% PV em comparação com sal

mineralizado e as respostas econômicas em novilhos da raça Nelore com peso inicial de

371 kg e 26 meses em fase de terminação em pastagens de Brachiaria brizantha no

Sudoeste da Bahia e observaram que a suplementação mineral promoveu menor ganho

de peso, porém crescente, o que pode ser explicado devido às chuvas atípicas no

período de avaliação, e que aumentarem a disponibilidade de matéria seca, bem como a

quantidade de folhas verdes, permitindo que os animais consumissem a forrageira com

maior valor nutricional em comparação com outros períodos de escassez hídrica.

Os níveis de 0,6 e 0,9% PV apresentaram efeito substitutivo, e os ganhos

esperados de 650 e 850 g respectivamente, não foram alcançados. Apesar do efeito

linear crescente da suplementação, o ganho médio diário que foi superior aos demais

níveis avaliados (240,48 g; 133,40 g; 98,76 respectivamente para sal mineral, 0,3 e 0,6%

PV). Houve aumento na produção kg PV/ha em relação aos demais níveis, sendo 60,12,

26,29 e 18,23% respectivamente para sal mineralizado, 0,3 e 0,6% PV.

Devido à adição do concentrado na dieta, o custo da arroba produzida aumentou

em 252,80; 470,48 e 600,81% em relação ao grupo que recebeu sal mineralizado, sendo

assim, representou 14,52% (sal mineralizado), 75,78% (nível de 0,3% PV), 85,02% (0,6%

PV) e 87,80% (0,9%PV) no custo total da arroba produzida. Diante disso, a

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suplementação superior ao nível de 0,3% PV pode prejudicar o retorno econômico,

reduzindo em 65,44% a lucratividade por hectare.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. LOCAL, ÁREA EXPERIMENTAL E PERÍODO DE AVALIAÇÃO

O experimento foi conduzido no setor de Forragicultura da Universidade Federal

de Goiás, Regional Jatai, Estado de Goiás, localizada a 21º15’22” Sul, 48º18’58” Oeste e

595 metros de altitude, onde o clima observado na região é subtropical do tipo Aw de

acordo com a classificação de Köppen.

A área experimental para avaliação dos animais em pastejo é formada com seis

piquetes de Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás e seis piquetes de Brachiaria híbrida

cv. Mulato II. Cada piquete possui área de 1 hectare, totalizando 12 hectares de área

experimental divida em 12 piquetes. Todos os piquetes são dotados de cocho (60 cm

lineares por animal) e bebedouros. Anexo à área experimental tem-se o curral de manejo,

dotado com tronco de contenção e balança digital.

O período de adaptação dos animais foi de 20 de Maio à 03 de Junho e o

período de avaliação foi do dia 03 de Junho até 07 de Agosto de 2017, totalizando 79

dias.

Figura 1. Área experimetal de 12 ha no total formada em novembro de 2016, dividida em 6 ha de Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás e 6 ha de Brachiaria híbrida cv. Mulato II.

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3.2 ANIMAIS EXPERIMENTAIS

Foram utilizadas 60 novilhas da raça Nelore (figura 2) com peso corporal (PC)

inicial médio de 275,5 kg. Todos os animais foram numerados e distribuídos

aleatoriamente entre os tratamentos. Nessa ocasião foi realizado o controle de endo e

ecto parasitas com endectocida injetável a base de eprinomectina a 1,8% e a base de

fluazuron a 8% na dose de 1 mL para cada 50 kg de peso corpóreo. A adaptação dos

animais foi realizada durante 14 dias, fornecendo 1/3 da suplemento durante os primeiros

cinco dias, 2/3 por mais cinco dias e a dose final nos últimos quatro dias antes de

começar o período de avaliação dos animais.

Figura 2. Novilhas utilizadas durante o período experimental

3.3 TRATAMENTOS

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Foi avaliado o efeito de duas doses de suplementação, 3 ou 6 g por kg-1 do PC e

dois cultivares, sendo Brachiaria híbrida cv Mulato II e Brachiaria brizantha cv BRS

Paiaguás na recria de novilhas Nelore. Os tratamentos foram: T1 - animais recebendo 3 g

por kg-1 do PC de suplemento proteico/energético em pastos diferidos de capim Mulato II;

T2 - animais recebendo 6 g por kg-1 do PC de suplemento proteico/energético em pastos

diferidos de capim Mulato II; T3 - animais recebendo 3 g por kg-1 do PC de suplemento

proteico/energético em pastos diferidos de capim Paiaguás, e T4 - animais recriados

recebendo 6 g por kg-1 do PC de suplemento proteico/energético também em pastos

diferidos de capim Paiaguás (Tabela 1).

Tabela 1. Porcentagem dos ingredientes na matéria seca utilizados na formulação do suplemento

Ingredientes %

Milho 74

Farelo de soja 10

Sal branco 5

Uréia 5

Núcleo¹ 6

Núcleo¹: Fosquima núcleo proteico (Ca min. – 190 g; Ca máx. – 220 g; Enxofre min. – 47 g; Magnésio min. – 31 g; Zinco min. – 4.900 mg; Manganês min. – 1.940 mg; Cobre min. – 980 mg; Cobalto min. – 184 mg; Iodo min. – 182 mg; Selênio min. – 20 mg; Fósforo min. – 75 mg; Vitamina A min. – 74.970 mg; Salinomicina min. – 1.000 mg; Metionina min. – 5.270

mg.

Os suplementos foram fornecidos diariamente às 11 horas para os animais de

acordo com o tratamento.

3.4 MÉTODO DE PASTEJO E AVALIAÇÃO DA FORRAGEM

O plantio dos cultivares Mulato II e BRS Paiaguás (Figura 3) na área

experimental foi realizado no dia 11 de Novembro de 2016 com semeadora regulada para

aplicação de 12 kg sementes/ha a lanço na área toda (Figura 4).

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Figura 3. Brachiaria híbrida cv. Mulato II e Brachiaria brizantha cv. Paiaguás utilizados

para formação da área experimental.

Figura 4. Plantio da área experimental a lanço, realizada em 11 de Novembro de 2016

No dia 14 de Dezembro de 2016 foi realizada a aplicação do herbicida 2,4-D

para controle de plantas invasoras (Figura 5).

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Figura 5. Aplicação de herbicida para controle das invasoras

O primeiro pastejo da área experimental ocorreu em Janeiro de 2017, utilizando

60 vacas mestiças com o intuito de rebaixar a forragem disponível e promover o

perfilhamento das plantas. Os animais permaneceram na área experimental até o dia 28

de Fevereiro, a partir dessa data foram diferidos por 3 meses até o inicio do experimento

em Junho de 2017 (Figura 6).

Figura 6. Animais utilizados para rebaixar a forragem disponível e acelerar o processo de perfilhamento das plantas

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Durante o período experimental que iniciou em 03 de Junho de 2017, os pastos

foram manejados em lotação contínua, com os animais distribuídos de acordo com a

massa de forragem disponível. Para a avaliação da massa de forragem (MF), foram

realizadas três coletas a cada 30 dias após início da adaptação dos animais com corte de

amostras da forragem em cinco pontos representativos da altura média do dossel

forrageiro (Tabela 2) em cada piquete obtida a partir da medição de 80 pontos aleatórios

dentro de cada piquete com auxílio de uma régua graduada em centímetros. As amostras

foram colhidas por intermédio de corte rente ao nível do solo, sendo delimitada pelo

quadrado de amostragem com área conhecida de 0,25 m².

Tabela 2. Médias das alturas dos piquetes de Mulato II (M) e Paiaguás (P)

Piquetes Alturas médias

27/05 24/06 04/08

M1 73,4 66,7 63

M2 77,7 71,7 69,3

M3 58,1 64,2 66

M4 56,5 68,6 68

M5 55,1 61,5 65

M6 65,3 74,7 65

P1 46,9 53,7 48,3

P2 50,5 53,6 56,9

P3 41,8 61,9 61

P4 45,7 61,3 66

P5 45,3 57,9 62

P6 52,5 63,2 55

Foram cinco amostras por piquete pesadas inicialmente, depois sub-amostradas.

A primeira sub-amostra foi separada em lâmina foliar, colmo+bainha e matéria morta para

determinação da composição morfológica dos pastos. Uma segunda sub-amostra foi

retirada e levada para estufa a 55ºC por 72 h para os cálculos da matéria seca total

(MST, kg MS ha-1) de forragem de cada piquete.

Em função da massa de forragem total ou da massa de folha e da carga animal

em cada unidade experimental (piquete), foi estimado a oferta de forragem total e oferta

de folha (OF) com base na MS destes componentes de acordo com a proposta feita por

Sollenberguer et al. (2005), em que a unidade utilizada foi de quilogramas de massa seca

total e material foliar (lâmina foliar ) por quilograma de peso corporal. O ajuste da taxa de

lotação ocorreu considerando a média de peso dos animais de 275,5 kg consumindo

2,5% PV, obtendo consumo de 6,88 kg de massa seca, e depois dividindo o valor de

massa de forragem total pelo consumo de massa seca do animal.

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3.5 DESEMPENHO

Foram avaliados duas pesagens em dois períodos, Julho e Agosto, sempre ás

07 horas da manhã. Os animais foram pesados em jejum prévio alimentar e hídrico de 14

horas, para cálculo do ganho por período e para ajuste no fornecimento de suplemento

os animais foram pesados sem jejum.

O peso corporal total dos animais de cada piquete, nos 2 períodos determinados

(Julho e Agosto), permitiu determinar a taxa de lotação em unidades animal por hectare

(450 kg PC há-1).

3.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISES ESTATÍSTICAS

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em arranjo fatorial 2 ×

2 (doses × cultivares), com medidas repetidas no tempo (dois períodos para animais e

três períodos para forragem). Os piquetes foram adotados como unidade experimental (n

= 3). Foi realizada análise de variância e considerando os efeitos das doses, cultivares e

período das interações dose × cultivar, dose × período e cultivar × período. Quando

significativo (P < 0,05), as médias foram comparadas pelo teste Tukey, e o efeito dos

períodos (tempo) foram analisados por contrastes ortogonais polinomiais para detecção

de efeito linear ou quadrático. As análises dos dados foram realizadas por meio do

software estatístico SAS (Statistical Analysis System, 2008).

4. RESULTADOS

Não foram encontradas diferenças nas características das forragens estudadas

em relação à massa de forragem total, massa de folha, massa de colmo, bem como

relação folha:colmo, em função dos cultivares estudados, da dose de suplemento, das

interações dose x cultivar, cultivar x tempo e dose x tempo. Entre os períodos, observou-

se efeito linear para todas as variáveis, sendo que a massa de forragem total foi 26%

superior no 1º período (Junho) em relação ao último período (Agosto). Com relação à

massa de folha, o decréscimo foi ainda mais acentuado, sendo que a oferta de folha no

1º período foi de 3.726 kg de MS/ha, enquanto que no último período essa massa decaiu

para 1.245 kg de MS/ha, resultando em um decréscimo de 67%. Resultado semelhante

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foi encontrado para massa de colmo que também apontou decréscimo. Contudo, para

variável massa de material morto observou-se aumento de 60%. A relação folha : colmo

também foi alterada, sendo que esta proporção em nenhum dos períodos experimentais

foi igual ou superior a 1 (Tabela 3).

Tabela 3. Valores obtidos a partir da avaliação da Massa de Forragem (kg MS/ha)

Variáveis Cultivar C Doses (D) Período (P)

Mulato II Paiaguas 3 g/kg 6 g/kg Junho Julho Agosto

MST 11689 9415 9872 11217 12421 9858 9224

Mf 2303 2005 2024 2378 3726 1824 1245

Mc 5950 3964 4571 5227 6211 4781 3828

Mmm 3437 3446 3278 3612 2484 3253 4151

% F 19,7 21,3 20,5 21,2 30 18,5 13,5

% C 50,9 42,1 46,3 46,6 50 48,5 41,5

% MM 29,4 36,6 33,2 32,2 20 33 45

F/C 0,39 0,51 0,44 0,45 0,6 0,38 0,33 MST: Massa seca total; Mf: Massa de folha; Mc: Massa de colmo; Mmm: Massa de material morto; % F: Porcentagem de folha; % C: porcentagem de colmo; % MM: porcentagem de material morto; F/C: Relação folha:colmo.

No Gráfico 1 são apresentadas as variações de massa de forragem total, massa

de folha, massa de colmo e massa de material morto, nos períodos, enfatizando que

houve efeito linear decrescente para as variáveis, massa de forragem total, de folha, de

colmo e um efeito linear crescente para massa de material morto.

Gráfico 1. Variações de massa de forragem total, folha, colmo e material morto em relação aos períodos (1,2,3) avaliados

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

14000

1 2 3

MST MF MC MMm

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Os dados referentes à taxa de lotação, oferta de forragem e ganho médio diário

(GMD) são apresentados na Tabela 4. Observa-se que houve diferença significativa para

o ganho em peso médio diário (kg por animal/dia) em função dos cultivares estudados, da

dose de suplemento e entre os períodos. Apesar de todos os cultivares estudados terem

apresentado resultado negativo em relação ao GMD, os animais mantidos em pastos de

Brachiaria híbrida cv Mulato II apresentaram um desempenho 40% superior quando

comparado com animais pastejando pastos de Brachiaria brizantha cv Paiaguás (Tabela

3). A suplementação com 6 g/kg de PC proporcionou menor perda de peso comparado

com a suplementação 3 g/kg.

Em relação ao desempenho animal pode ser observado nos períodos

experimentais uma vez que, independente do cultivar ou da dose do suplemento, os

animais apresentaram desempenho positivo (350 g/dia) no primeiro período e negativo no

segundo período experimental, - 400 g/dia (Tabela 4).

Tabela 4. Valores de ganho, lotação e oferta de forragem encontrados nas cultivares, doses e nos períodos avaliados

Variáveis Cultivar Doses (g/kg) Período

Mulato II Paiaguas 3 g/kg 6 g/kg Julho Agosto

GMD -0,03 -0,05 -0,07 -0,02 0,35 -0,4

Tx Lot 3,72 2,5 2,85 3,22 3,15 3,07

OFT 7,0 8,4 7,7 7,7 8,8 7,1

OFF 1,4 1,8 1,6 1,6 2,6 1,3 GMD: ganho médio diário; Tx Lot: taxa de lotação; OFT: Oferta de forragem total; OFF: Oferta de folha.

Os dados referentes à taxa de lotação (Tabela 4) demonstram maiores valores

nos pastos formados pelo cultivar Mulato II, quando comparado com a taxa de lotação

dos pastos de capim paiaguás. Em resposta a o maior nível de suplementação (6 g/kg

PV), observou-se taxa de lotação 12% superior quando comparada a suplementação na

dose de 3 g/kg de PC. A taxa de lotação decresceu linearmente com o andamento do

experimento sendo encontrada uma taxa de lotação média de 3 UA/há ao longo dos

períodos experimentais, valor muito superior à média brasileira.

A oferta de forragem total apresentada na Tabela 4 permite dizer que houve

diferença entre os cultivares e os períodos, não se observando diferença entre os níveis

de suplemento estudados. Os pastos formados de Brachiaria brizantha cv Paiaguás

apresentaram uma oferta de forragem total de 8,4 kg/MS por kg/PV, enquanto os pastos

formados de Brachiaria híbrida cv Mulato II apresentaram oferta de 7 kg/MS por kg/PV.

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Diminuição da oferta de forragem ao longo dos períodos experimentais também foi

observado.

A oferta de folha que é resultante da relação massa de folha total e a quantidade

em kg de PV demonstra que houve diferença entre os cultivares e os períodos

estudados, sendo que animais pastejando pastos de capim paiaguás tiveram maior oferta

de folha em relação ao animais mantidos no capim mulato II (1,8 e 1,4, respectivamente).

Diminuição expressiva na oferta de folha foi observada entre os períodos, sendo que, no

1º período experimental a oferta de folha era 50% superior ao 2º período experimental.

Gráfico 2. Desempenho de novilhas Nelore suplementadas com duas doses de

suplemento (3 e 6 g/kg) pastejando pastos de capim Mulato II ou Paiaguás

5. DISCUSSÃO

Nos sistemas de produção em pastejo a forragem é a principal fonte de

nutrientes a ser consumida pelos animais, sendo fundamental apresentar disponibilidade

de matéria seca que permita ao animal consumo em quantidade e qualidade (valor

nutritivo). Ofertar massa de forragem em quantidade e valor nutritivo com valores

satisfatórios durante o período de entressafra (período seco) é uma tarefa difícil devido às

mudanças na precipitação, temperatura e luminosidade, que resultam em diminuição no

desenvolvimento da forragem e aumento na proporção de colmo e material morto no

dossel forrageiro (OLIVEIRA et al., 2012).

De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, observa-se que a forragem

ofertada aos animais apresentou alta massa de forragem total no início do experimento

0,21

0,370,33

0,52

-0,21

-0,45 -0,48 -0,48

-0,6

-0,4

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

1 2 3 4

P1 P2

T1 T2 T3 T4

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(12.421 kg MS/ha). Contudo, os principais fatores que influenciam o consumo de

forragem por animais em pastejo podem ser agrupados em duas categorias: fatores

nutricionais e não nutricionais. Os fatores não nutricionais determinam a influência da

disponibilidade de forragem no comportamento ingestivo, mediante variáveis que afetam

a taxa de ingestão. Nesse contexto, apesar da alta massa de forragem disponível aos

animais no presente trabalho, é possível afirmar que as variáveis não nutricionais (altura,

densidade e disponibilidade de folha) influenciaram negativamente o consumo animal

refletindo no desempenho encontrado.

Os pastos permaneceram por um longo período em diferimento (Março à Maio,

totalizando 90 dias), além disso, a altura inicial no início do diferimento refletiu na alta

massa de forragem e na baixa proporção de folhas. Como enfatizado por Reis et al.,

(2012) o período de diferimento, deve garantir produção de forragem em quantidade

suficiente para alimentar o rebanho no inverno, sem prejudicar as características

estruturais do pasto diferido. Assim, por meio da alteração do período de diferimento, o

pasto diferido pode apresentar alta percentagem de perfilhos vegetativos em detrimento

dos reprodutivos e perfilhos vegetativos com colmo mais curtos e poucas folhas mortas,

estruturas essas que não foram encontradas no presente trabalho.

Além da alta disponibilidade de forragem, o elevado período de diferimento

resultou em abundância de estruturas de sustentação no relvado (colmo). Estando os

pastos nestas condições, quando os animais iniciaram o pastejo, foi possível observar um

elevado acamamento do pasto, reduzindo ainda mais a oportunidade dos animais de

selecionarem folha, que são as estruturas de preferência do animal no momento do

pastejo. Resultados semelhantes foram reportados por Santos et al., (2009), que

enfatizaram que pastos diferidos por maior período tiveram longo tempo de crescimento,

com isso, houve o aumento nas massas de lâminas foliares mortas e de colmos mortos

em resposta ao acentuado processo de senescência na fase final de crescimento de

pastos mantidos por longo período de rebrotação. Nesse sentido, Parsons et al., (1983)

relatam que períodos de crescimento demasiadamente longos comprometem a produção

líquida de forragem, em virtude da intensificação, tanto das perdas de senescência

quanto das perdas respiratórias de carbono.

O período de utilização das pastagens diferidas ocorreu no início do inverno

(Junho). Nesta estação, é comum a diminuição no processo fotossintético, principalmente

em razão da baixa temperatura. Assim, as plantas podem ter passado por um período de

acúmulo negativo de carbono durante o período de pastejo, o que explicaria o aumento

da massa de forragem morta, assim como o aumento da massa de colmo durante o

período de pastejo.

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Mudanças nas características da forragem (porcentagem de folha, porcentagem

de colmo e relação folha:colmo), influenciaram negativamente o desempenho animal

mostrando que, mesmo utilizando estratégias de suplementação com elevados níveis de

suplemento a forragem constitui o alimento basal e influencia diretamente a resposta da

suplementação.

Independente do nível de suplementação (3 ou 6 g/kg) os constituintes deste

deve levar em consideração a composição química do pasto para que os resultados do

uso dessa tecnologia sejam economicamente viáveis.

Dentre os efeitos associativos encontrados ao suplementar animais em pastejo

(aditivo, substitutivo ou combinado), foi observado efeito aditivo no desempenho dos

animais no 1º período experimental, o que significa que o suplemento fornecido

independente da dose atendia as exigências dos animais para manutenção e ganhos

moderados. No entanto, apesar das médias referentes às diferentes doses de

suplemento apontarem efeito negativo no desempenho, analisando os dados

numericamente observa-se que ao elevar a dose de suplemento, o efeito negativo foi

reduzido, ou seja, animais que receberam 6 g/kg de suplemento apesar de terem perdido

20 g/dia na média, tiveram resultado melhor do que os animais que receberam 3 g/kg que

perderam 70 g/dia.

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6. CONCLUSÃO

Pastos de Brachiaria híbrida cv. Mulato II suportam maiores taxas de lotação e

apresentam maior produção de massa de forragem total quando comparados a

Brachiaria brizantha cv. Paiaguás. A altura inicial do diferimento e seu tempo influencia a

relação folha:colmo ofertada e consequentemente diminui o desempenho animal. O

aumento no nível de suplementação resulta em resposta positiva no desempenho animal,

sendo este diretamente ligado as características da forragem ofertada.

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