Fenilpropanóides. Definição: Grupo de produtos naturais derivados de aminoácidos fenilalanina e...

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Fenilpropanóides

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Fenilpropanóides

Definição:

Grupo de produtos naturais derivados de aminoácidos fenilalanina e tirosina ou derivados do ácido chiquímico

Características:

Contém um grupo fenila ligado a uma cadeia de propano com 3 carbonos e sem nitrogênio

Classificação:

Cumarinas Lignanas Flavonóides Taninos

I) Cumarinas Definição: são lactonas, a palavra origina do

cumaru, nome dado a árvore Dipteryx odorata Ocorrência: existem mais de 700 cumarinas

vegetais diferentes, com grande distribuição em várias espécies vegetais

Característica organoléptica: Sabor ardente, aromático e amargo

Síntese: podem ser facilmente sintetizadas Exemplos: Dicumarol – ação anticoagulante, sal

de warfarin usado em trombose venosa e embolia pulmonar Psoralenos – usados para repigmentação do vitiligo Equinaea – planta cujo rizoma são usados como cicatrizante ou estímulo ao sistema imunológico Quelina – usada para espasmo uretral e cólica renal, e potente dilatador da coronária e brônquios

Dipteryx odorata

II) Lignanas e neolignanas

Definição: compostos diméricos, exclusivos de espécies lenhosas, essencial para a conquista vegetal do meio terrestre

Localização: concentram-se na parede da célula vegetal

Interesse farmacológico: atividade antitumoral e antiviral

Exemplos: Podofilum – antimitótico, cáustico para papilomas, purgativo drástico Etoposídeo – derivado semi-sintético com ação antineoplásica coadjuvante em tumores testículo, pulmão e leucemia Teniposídeo – derivado semi- sintético com ação antineoplásica em leucemia na infância  

III) FlavonóidesDefinição: compostos orgânicos, com unidade

básica de 15 carbonos, 2 anéis aromáticos hidroxilados ligados por fragmento de 3 C (C6C3C6)

Biossíntese: Formados a partir da via do acetato e do ácido chiquímico

Características gerais:

O termo flavonóide deriva do latim “flavus” que significa amarelo

Um grupo fitoquímico numeroso, com mais de 4.200 compostos já isolados

Vulgarmente, conhecidos como pigmentos das flores, pois ocorre em abundância nas Angiospermas (planta com flores, frutos e sementes)

Já detectado também em algas, briófitas e fungos

Propriedades gerais: Compostos vegetais de núcleo aromático e polifenóis Compostos que aparecem na forma de cristais amarelo ou

excepcionalmente incolores, como as flavonas A grande maioria, são encontrados sob a forma de glicosídeos Também denominados de flavonosidos, bioflavonóides,

vitamina P e fator P Maioria encontrada nas Angiospermas (plantas superiores) Flavonóides de cadeia fechada são as AURONAS Flavonóides de cadeia aberta são as CHALCONAS Auronas e chalconas são precursoras de flavonas, flavonóis,

antocianinas e isoflavonóides (responsáveis por atração de polinizadores, através da cor)

Solúveis em água e álcool, insolúveis em compostos orgânicos apolares

Polarizam a luz

Papel nos vegetais:

Proteção contra raios ultra-violetas Proteção contra insetos, fungos, vírus e bactérias Atração de animais que farão a polinização Repelentes de animais herbívoros Antioxidantes Controle da ação de hornônios vegetais Agentes alelopáticos Inibição de enzimas

Interesse econômico:

Usados na pigmentação de couro

Fermentação do chá da índia

Manufatura do cacau

Sabor aos alimentos

Classificação geral dos flavonóides:

ANTOCIANOS = responsáveis pela cor do vermelho até azul em flores e frutos (cianidina, delfinidina, malvidina, pelargtonidina, peonidina)

FLAVONÓIS = possuem uma hidroxila no carbono 3, protetoras contra raios UV nas folhas (canferol, quercetina, astragalina, isetina, galangina, morina, gossipetina, herbacetina, isoramnetina, miricetina, rutina)

FLAVONAS = compostos com grupo metoxilas ou isoprenilas, protetoras contra raios UV nas folhas (apigenina, acacetina, apiína, crisina, crisoeriol, diosmetina, escutelareína, luteolina, ticetina, tricina)

ISOFLAVONÓIDES = exclusivo da família Fabaceae, propriedades estrogênicas (isoflavona, isoflavanona, isoflavana, rotenóides, cumestano)

FAVONÓIDES C-HETEROSÍDEOS = açúcar ligado com um átomo de Carbono (lucenina, orientina, scoparina, vicenina, violantina, vitexina)

CHALCONAS = pigmentação amarela (buteína, coreopsina, flavokawina, isoalipurposídeo, mareína)

Ação terapêutica:

ação sobre a permeabilidade dos capilares (protetora ou tônica venosa, atua em hemorragia e fragilidade capilar, aumentando a resistência vascular). Ex. Rutina e hesperidina

ação antiinflamatória (semelhante a da cortisona, inibe a enzima cicloxigenase, a COX). Ex. hesperidina e diosmina

Antioxidante (atua na captura e neutralização de substância oxidantes, como o peróxido e as hidroxilas)

anti-alérgico (inibe a histamina) potenciação do ácido ascórbico (vitamina C) e vitamina E, pois atua

por sinergismo antiviral antiucerogênico anticarcinogênico (inibe a síntese da enzima ornitina-descarboxilase) Bactericida Colerético (confere cor e sabor)

Quimiotaxionomia:

Aesculus hippocastanum (castanha-da-índia) anti-inflamatória e diminui a permeabilidade e a fragilidade capilar

Extração e identificação: Extração: em álcool 70%

Identificação: REAÇÃO DE SHINODA OU CIANIDINA = consiste em adicionar na solução

alcoólica um pequeno fragmento de magnésio. Os derivados flavônicos de cor amarela reduzem-se adquirindo cor avermelhada, ou no caso dos antociânicos cor azulada. O teste é negativo para chalconas e isoflavonas.

REATIVO DE WILSON OU REAÇÃO CITRO - BÓRICA = consiste em adicionar ácidos cítricos e bórico diluído em acetona. As soluções cetônicas que contenham flavonas, flavonóis e chalconas adiquirem tons amarelados e fluorescência amarelo-esverdeado.

REAÇÃO DE MARINI - BETTOLO = pentacloreto de antimônio em tetracloreto de carbono reage com chalconas (precipitados vermelho escuro ou violáceo) e com flavonas (precipitado amarelo ou laranja).

REAÇÃO COM H2SO4 = (ácido sulfúrico concentrado) = formam sais que podem ser precipitados pela adição de água. As flavonas e flavonóis formam soluções amareladas, as chalconas e auronas coloração vermelho a carmim.

REAÇÃO COM HIDRÓXIDOS ALCALINOS = hidróxido de sódio promove coloração amarelada.

REAÇÃO COM CLORETO FÉRRICO = cloreto férrico promove coloração verde ou amarela

REAÇÃO COM CLORETO ALUMÍNIO = cloreto de alumínio promove fluorescência amarela ou azulada

IV) Taninos

Substâncias complexas, poliidroxiladas, de alto peso molecular, capazes de precipitar proteínas, pectinas, alcalóides e metais pesados em solução aquosa.

Bem disseminadas no reino vegetal, localizadas em órgãos vegetais como folhas, frutos e caule

Características:

Ação adstringente (precipitam proteínas tornando resistente a enzimas – usado em cortumes)

Substâncias amorfas (não cristalizáveis)

Coloração marrom escuro

Organoléptica: sabor levemente ácido e azedo

Solúveis em água, álcool, acetona, propilenoglicol, glicerina e acetado de etila

Nos vegetais tem de proteção

Usos terapêuticos: Adstringente do tubo digestivo (contraem os

tecidos) inibindo a proliferação de microorganismos (ação bactericida)

Escoriações cutâneas, queimaduras, pois formam um revestimento protetor devido a precipitação (complexação) de proteínas

Hemostático, pois impede o sangramento devido a precipitação de proteínas, o que favorece a cicatrização

Antiinflamatória, reduzindo a secreção e a irritação

Ação toxicológica:

O uso prolongado pode levar a carcinogênese

Classificação dos taninos:Condensados ou catequínicos ou leucocianidina ou não hidrolisáveis

Gálicos ou elágico ou hidrolisáveis

Extração e identificação:Extração: por decocção em água

Identificação : a) Reação com CLORETO FÉRRICO, observar coloração b) Reação com a solução aquosa de ALCALÓIDES: observar precipitados c) Reação com ACETATO NEUTRO DE CHUMBO: observar precipitado d) Reação com solução de ACETATO DE COBRE: observar precipitado e) Reação com GELATINA: a gelatina é composta por proteínas que

reagem com tanino. f) Reação com ACETATO DE CHUMBO e ÁCIDO ACÉTICO GLACIAL:

observar a formação de precipitado. Identifica taninos gálicos ou hidrolisáveis

g) Reação com reativo de WASICKY: precipitado identifica tanino catequínico

h) Reação em CLORETO FÉRRICO: coloração azul a violeta na presença de taninos gálicos e coloração verde na presença de tanino catequínico.

i) Reação com MOLIBATO DE AMÔNIO: coloração identifica taninos gálicos.

j) Reação com ÁGUA DE BROMO: precipitado identifica taninos catequínicos.

Bibliografia:

SIMÕES, C. M. O. E COLABORADORES FARMACOGNOSIA: DA PLANTA AO

MEDICAMENTO.

FIM