Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres...

48

Transcript of Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres...

Page 1: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...
Page 2: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Opinião: D. Pio Alves08 - Opinião: António Rego10 - Opinião: José Luis Gonçalves12 - Mensagens dos Bisposportugueses54 - Papa Francisco

56 - Reportagem Ecclesia: Fernando Santos Rão Kyao Alexandre Palma Alice Vieira Inês Gil Pedro Mexia88 - Multimédia90 - Liturgia92 - LusoFonias

Foto de capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

2

Um presépio não tem porta.Tem Maria,tem José.Tem Jesus sempre.Pode ter vaca, pode ter burro.Alguns têm reis magos,palha quase todos,mas porta nenhum tem. Pode ter telhado.Parede, até.Mas porta, um presépio nunca tem. Não há porta, para quedonde quer que venhasquando quer que venhascomo quer que venhasnão haja barreira algumaque te impeça de entrar.Entra.Fica tu,só tu e Ele.E está. Depois,depois sê tu a portaque o presépio não tempara outros entrarem. Fermando Magalhães, Alfragide

3

Page 3: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

Quando não há Natal

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Em Alepo não há Natal. Em Alepo, Mossul,Ancara, Berlim, Nice, Paris, Bruxelas,Afeganistão, Sudão do Sul e em muitos maislocais ou países, infelizmente…Na geografia da guerra não há Natal. Sobretudonos conflitos que servem de berço a mais de 500milhões de crianças porque nascem e crescementre bombardeiros ou no meio dos escombrosque provocam. A maioria, quase 400 milhões, naregião da África Subsariana. Lembra a UNICEFque uma em cada quatro crianças depara-setodos os dias com os horrores de guerras ecatástrofes.No meio da fome não há Natal. Um drama que senão atinge um bilião de pessoas, pouco falta, eque contraria a proposta de relacionamentoentre os humanos inaugurada há dois mil anos eo respeito por todos os recursos naturais e pelasua distribuição fraternal entre todos os seres.Na mobilidade forçada de homens e mulheresnão há Natal. A tragédia é vivida por 65 milhõesde pessoas que recria fugas de outros tempos eacentua a ausência de direitos fundamentaispara um número crescente de cidadãos domundo. A organização das Nações Unidas paraos Refugiados estima que 24 pessoas porminutos são obrigadas a abandonar terras deorigem por causa de conflitos armados ouesgotamento dos recursos.Na escravidão, no racismo, na corrupção, naopressão… não há Natal!Também não há Natal na especulação financeira,no jogo das bolsas ou nas pressões de qualquer

4

rating. Ou em projetos pessoais ouempresariais que pretendemimpessoalmente conquistar aqualidade de vida através deíndices de riqueza, metas para odéfice, juros sobre valores deoutros, fuga aos impostos ounormas forçadas por centros dedecisão desconhecidos.É, no entanto, porque há não háNatal que é Natal! Ontem, hoje esempre, até que a humanidadeinaugurada em Belém e revelada noCalvário preencha o quotidiano demulheres e homens de cada tempoe o relacionamento entre povos enações, onde o encanto doPresépio

se conquista pela energiatransformadora da Cruz. Como jáacontece com abundância emmuitos ambientes, de forma muitoexpressiva nestes dias! Porque éNatal!

Foto retirada de "Neste Natal- Poemas e presépios" de Lopes Morgado

5

Page 4: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

Presépio

D. Pio Alves Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

Neste tempo, abundam, um pouco por todo lado,as mais variadas representações do presépio, asmais variadas representações do nascimento deNosso Senhor Jesus Cristo. Apesar daembriaguez de luz, da correria às prendas e dobonacheirão Pai-Natal, ainda há Natal.No Norte (não sei se é assim em toda a nossageografia), é notável a variedade de presépios,obra de trabalhos manuais de idosos de centrossociais e de crianças das escolas. Quantasvezes, às sugestivas e coloridas representaçõesdas crianças só lhes falta uma assinatura famosapara valerem muito dinheiro!Hoje, parei um pouco mais a tentar ler umpequeno conjunto de quatro minúsculospresépios. Cada um deles dentro de um frascopequenino: um está feito em três grãos de arroz;outro, em dois feijões escuros e meio feijãobranco; um terceiro em dois feijões brancos maismeio; o último sobre três minúsculas pontas delápis. O fundamental está lá. Uma maravilha deingénua imaginação, carinho e arte!Dei comigo a pensar: de nada se faz umpresépio! Melhor: de quase nada. Melhor ainda:de um dinamismo profundo que, com a extensãode séculos e a força do Inefável, arraigou nomais profundo das nossas vidas. E encontraformas. E multiplica-se em expressões.O Natal (celebração do nascimento de JesusCristo, Filho de Deus, Deus) é a realizaçãosuprema da perceção de que, habitualmente, “ogrande

6

nasce pequeno”. E sãoos pequenos quem têm maiscapacidade para fazer essa leitura.Quem não foinunca desarmado com a perguntainesperada de uma criança para aqual não encontramos resposta?Quem não foi nunca surpreendidopela resposta / explicação de ummiúdo que vale por muitos tratados?Que bom seria que o presépio, comtudo o que representativamenteencerra, nos ajudasse a perceber asimplicidade da vida e das coisas. Eque, afinal, Deus não é complicado.

Pouparíamos em discursos. Não nosgastaríamos na imaginação degestos. Ofereceríamos, enfim, apossibilidade de uma leitura maisfácil da realidade! Assim: naspessoas; nas instituições; nasociedade; na Igreja; no Mundo.Às vezes enredamo-nosno complicómetro. Como se oprincípio fosse: “se uma coisa podeser complicada porque havemos dea fazer simples?”O mistério maior da Humanidade,representado no presépio, cabenum pequeno frasco com três grãosde arroz!

7

Page 5: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

Hoje

Seria possível esta manhã nãohaver jornais nem noticiários. Ostelemóveis podiam adormecer nossofás. Hoje é dia de o mundo nascercalmo em todos os quadrantes, comas crianças em volta dosbrinquedos, o Pai Natal a ressonardepois de noites perdidas

e o Menino apenas a olhar para oteto da gruta. Os anjos poderiamfazer passar o filme da nossainfância, com todos de pouco apouco a olharem o presépio e descobrirem figuras novas eajeitarem as figuras velhas, algumascoladas, mas duma tremendapoesia.

insira a foto aqui

8

Pouca falta fazia o Pai Natal paraquem já tinha percebido que era umerro.Até faz confusão a realidade doMenino com o mito de S. Nicolau.Vale que Jesus é misericordioso eaceita os maiores disparates comque pintamos a imaginação paracelebrar o Natal.Mas há notícias, atentados, Alepopovoado de ruinas, caos na Líbia,o

Afeganistão, dezenas de conflitos,a violência no bairro, a criançaviolada, os pais que disputaram osafetos dos filhos, os idosos longashoras sentados à espera quealguém os venha ver ou levar para oalmoço de Natal.É neste presépio real que Jesusnasce. Veio para o meio de nós emvez de ficar no seu paraíso. Hoje.

9

Page 6: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

Peregrino. Imigrante. Estrangeiro.Viajante…

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

Se existe um fenómeno que marca a vidacontemporânea esse é, sem dúvida, o damobilidade, realidade visível nas mais diversascirculações diárias (trabalho, escola e consumo),sazonais (turismo e viagens de trabalho), sociais(deslocação de grupos humanos relevantes) oumediáticas (fluxo de imagens, de informação e deidentidades virtuais). A mobilidade, no entanto, éambivalente. Por um lado, põe em evidência astransformações aceleradas das nossassociedades e, nessa perspetiva, preenche aagenda da globalização. Por outro lado, podeser lida “como momento de uma nova busca doGraal, representando outra vez simultaneamentea dinâmica do exílio e da reintegração” (M.Maffesoli, Du Nomadisme).Neste contexto, a reflexão sobre o lugar - ouexatamente a desconstrução da ideia de lugar –tornou-se central a partir da ideia de mobilidade,e adquiriu muitas designações diferentes,consoante os seus autores: heterotopias(Foucault), lugares antropológicos (Augé),multilocalidade (Rodman), ethnoscapes(Appadurai). A ideia de desterritorialização(Deleuze, Guatarri) vem questionar a fiabilidadedo território como referente único no interior doqual se desenvolvem as relações desociabilidade. Além de já não ser capaz dealbergar a pluralidade identitária da pessoa e assuas aspirações, assiste à constituição

10

de tribalismos vários que fazemimplodir as comunidades ditasculturalmente homogéneas eredefinir as suas fronteirassimbólicas.Procurando compreender estemundo em mudança, G. Simmelafirmara, há mais de um século, quea mobilidade constitui um elementopoderoso da (re)organização social,cultural e espacial da cidade e dosque nela habitam, erigindo a figurado estranho/estrangeiro como oelemento positivamentedesestabilizador da ordem territorial-simbólica instituída. A sua presençatem o poder de redefinir relaçõesde proximidade e de distância pelasinterações sociais que desencadeia,ora religando pessoas através dosgestos de hospitalidade,descentração e empatia, orafechando-se-lhe portas pelarejeição ou a animosidade queexperimenta.O estranho/estrangeiro redefine o

‘dentro’ e o ‘fora’…Por isso, a um estranho nada égarantido, e mesmo que desejeapenas cumprir a lei de um território(recensear-se, por exemplo), corre orisco de “não ter lugar nahospedaria…” (Lucas 2,7). Desdehá dois mil anos que determinadosespaços-territórios erigidos a partirde delimitações geográficas,culturais, linguísticas ou simbólicasteimam em não desfazer as suasfronteiras, mas apenas em seredefinir para sobreviver. Noentanto, qualquer fronteira tem umadimensão temporal e os muros queteimosamente (re)legitima nasmentes e nos corações têm prazode validade…Mobilidade. Itinerância. Migração.Nomadismo. Desterritorialização…Gruta de Belém.Peregrino. Imigrante. Estrangeiro.Viajante… “O Verbo fez-se homem eveio habitar connosco…” (Jo. 1,14).

11

Page 7: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

ALGARVE

Natal acontece mesmo nadesumanidade de tantas situações

A mensagem de Natal do bispo doAlgarve destaca Deus que continuaa vir ao encontro de todos oshomens e mulheres, “apesar dadesumanidade presente em tantassituações do mundo”.“Sucedem-se os conflitosimplacáveis que destroem e matamindiscriminadamente, os atentadossem escolher lugares e vítimas;

sentimo-nos impotentes perante odrama e até mesmo o desfechotrágico dos refugiados; a pobreza demuitos, em todas as suas formas”,mas “Deus continua a cada Natal arecordar-nos que não desiste denós”, realça D. Manuel Quintas.Para o prelado, “celebrar o Natal” éperceber na “luz que brota do rostode Cristo” a inutilidade de uma vida

12

feita de “trevas”, é um desafio a“eliminar todas as formas deviolência” e a “construir um mundoverdadeiramente humano”.“O mundo precisa urgentementedesta Luz”, frisa o bispo do Algarve,que destaca o Natal como umconvite a lutar contra uma“indiferença cada vez maisglobalizada, que anestesia a fé,silencia a consciência, conduz

ao descompromisso solidário”“A missão da Igreja e de cadadiscípulo de Cristo é refletir estaLuz. Este é o seu serviço ao mundo:iluminar todas as realidadeshumanas, particularmente assituações onde a escuridão é maisdensa”, escreve D. Manuel Quintas,num documento enviado à AgênciaECCLESIA.

13

Page 8: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

ANGRA

Pelas vítimas da pobreza e exclusãoA mensagem de Natal do bispo deAngra, nos Açores, desafia ascomunidades cristãs a assumiremcomo “compromisso” a busca de“um futuro de esperança e de plenarealização” para todas as pessoas.No seu texto, publicado pelo portal‘Igreja Açores’, D. João Lavradorrealça a importância de olhar nestaquadra para todos quantos hojelutam para recuperar ou preservar“a sua dignidade”.

O bispo de Angra recorda sobretudo“os pobres, os excluídos, osmarginalizados, os injustiçados, asvitimas inocentes da guerra e daviolência”.“Celebrar o Natal é também umconvite a estabelecer relaçõesnovas a nível social, cultural, politicoe religioso de modo a reconhecerem cada homem um irmão com igualdignidade e com o direito a usufruirdas condições para uma vidadigna”,

14

frisa D. João Lavrador.Para aquele responsável católico, “aluz e a esperança que brotam” donascimento de Cristo pedem oenvolvimento “de todos” na procurade “melhores condições” paraaqueles que mais precisam.“É urgente que cada comunidadecristã e cada cristão se tornemarautos desta mesma noticia que serefere à luz verdadeira queresplandece para o mundo, porqueJesus Cristo nasce na nossahumanidade”, acrescenta.D. João Lavrador deixa depois votosde “boas festas” a todas as

comunidades diocesanas e lembrade modo especial “os numerososdesempregados, os doentes eidosos, tantas vezes na solidão”.Também “as famílias, tantas delasferidas, os pobres, os excluídos sejacultural, social ou religiosamente, ascrianças sem pão e sem afeto, osque estão na diáspora, os jovens,tantos sem perspetivas de futuro” e“os que vivem afastados de Deus”.Este vai ser o segundo Natal de D.João Lavrador na Diocese de Angra,depois de ter chegado àcomunidade católica dos Açoresprimeiro como bispo coadjutor, a 29de novembro de 2015.

15

Page 9: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

AVEIRO

Natal é ir ao encontro dos dons deDeus e das necessidades dos outrosO bispo de Aveiro afirmou que oNatal “é um renovado convite à fé eà esperança” e “compete” à Igrejaanunciara que é possível “construiruma sociedade nova”.“Temos de ser testemunhas de ummundo onde haja lugar para todos eninguém fique privado ou excluídodos bens necessários a uma vida

digna”, escreveu D. AntónioMoiteiro, na sua mensagem deNatal.“Natal, mais do que consumismo, é irao encontro dos dons de Deus edas necessidades dos outros”,acrescenta, no documento intitulado‘Natal do Emanuel – Deus connosco’.O prelado afirma que “não épossível” Jesus nascer no coração ena vida

16

de cada pessoa quando ainda nãose assumiu uma “atitude dehumildade, de simplicidade, de amore de serviço”.“Por mais bonitos presépios que sefaçam, o coração humano é omelhor presépio de Jesus, cujosvalores devem refletir-sepermanentemente na vida e notestemunho pessoal de cadacristão”, desenvolve.O bispo de Aveiro espera que opresépio seja “uma interpelação”para acolher a Palavra e crescercomo um homem novo e recordaque o Papa Francisco, no início doAdvento, convidou à “sobriedade, anão ser dominados pelas coisasmateriais”.Neste contexto, indica anecessidade de, “à luz do presépiode Belém”, fazer uma “retrospetiva einterrogar” as comunidades cristãs ecada um sobre como devem viver ecomo é que “a Igreja pode sertestemunha do Emanuel que se fezDeus connosco”.“Celebrar o Natal é acolher asalvação, renovar a nossaesperança e assumir plenamente amissão de mensageiros daesperança”, afirma.D. António Moiteiro relembra quemuitos seguidores de Jesus

“consagram a sua vida, ou partedela, a continuar a Sua missãocomo as pessoas que se dedicam “aacompanhar os que vivem sozinhos,a defender os imigrantes e osrefugiados”.“A educar na interioridade e naresponsabilidade, a compartilhar aslutas dos pobres, a investigarremédios para doenças incuráveis,a dignificar a política e a vidapública, a fazer resplandecer nomeio da sociedade «O Emanuel, oDeus connosco»”, exemplifica ainda.Desta forma, o bispo diocesanopede que o Advento e o Natal sejamvividos de forma “ponderada, justa epiedosa” e a aprender com Deus aser-se “sensíveis aos dramas dahumanidade”.Na mensagem ‘Natal do Emanuel –Deus connosco’, publicada no sítioonline da diocese, D. AntónioMoiteiro sublinha também que aaproximação de Jesus faz-seatravés dos que “vivem oprimidospela miséria, violência, degradaçãoambiental, pela dor e pelasangústias”.

17

Page 10: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

BEJA

Contrariar a imagem do Cristianismocomo religião tristeO bispo de Beja desafiou oscatólicos da diocese a contrariar aideia de uma religião triste, atravésdo anúncio da “grande alegria domistério do Natal”.“Celebrar o Natal é lutar contra atristeza e o desânimo, contra ofatalismo e contra a degradaçãodentro de cada um de nós e ànossa volta, é celebrar a esperançae a alegria, é acolher o Único quetem poder para nos libertar dopessimismo e iluminar a nossa vidacom a sua sabedoria”, escreve D.João Marcos, na sua mensagempara o Natal de 2016.No documento enviado à AgênciaECCLESIA, o prelado assinala queJesus “vem para transformar asvidas”, por isso, pede que ascomunidades católicas vão aoencontro de quem sofre “momentosdifíceis” pela doença, pela morte epela solidão”.A mensagem dirige-se também aosque se sentem “perdidos na vida,esmagados com problemasfamiliares, sem amor e carinho deninguém”, a quem a vida parece“reduzir-se a uma coleção dedesilusões e de fracassos”.“Abri-Lhe, dai-Lhe espaço emvossos corações, celebrai e vivei oNatal com alegria”, refere o bispo deBeja,

afirmando que a Igreja é o lugar “dagrande alegria” para todo o povoque acredita em Jesus – “pobres ericos, doutores e analfabetos,doentes e sãos”.D. João Marcos sustenta que quemquer que “a grande alegria domistério do Natal inunde” a sua vidadeve ter o mesmo dinamismo de“escuta, caminha, vê, fala” dospastores, representados nopresépio.“Deixa que o Senhor Jesus te cureda tua surdez e da tua paralisia, datua cegueira e da tua mudezespirituais”, acrescenta.O bispo de Beja considera que nosúltimos dois séculos se tornou“moda, em alguns ambientesculturais”, dizer que o Cristianismo éuma religião triste, “que Jesus Cristoé o Deus do sofrimento, daresignação, da agonia e da cruz”.Neste contexto, o prelado recorda amensagem anunciada pelo anjo aospastores no primeiro Natal: “Nãotemais, porque vos anuncio umagrande alegria para todo o povo:nasceu-vos hoje, na cidade deDavid, um Salvador, que é CristoSenhor”.

1819

Page 11: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

BRAGA

Contemplar o presépio por ummundo mais solidário

O arcebispo de Braga defende quea contemplação do presépio implicaresponsabilizar-se pela construçãode um "mundo mais solidário",dando atenção ao "que ninguémquer ver" e intervindo "comdenúncia e ação".D. Jorge Ortiga convida aarquidiocese a "contemplar a fé come como Maria" no Advento e Natal,que é o "sentido mais profundo" doprograma pastoral da Diocese deBraga para 2016/2017. "Contemplarsignifica ver as situações queninguém quer

ver e intervir com denúncia e ação.Só assim o Natal será a festa defraternidade universal. Com osilêncio da meditação, ouvimos oscânticos dos anjos louvando oSenhor e despertamos para osgritos, talvez silenciosos, de quemainda espera um Salvador que lherestitua a paz construída pelo nossoamor", refere.Para D. Jorge Ortiga, acomunicação social desmonta edesnuda toda a realidade", masesquece-se "de referir muitassituações que ofendem

20

a dignidade humana", ignorando "amiséria e o sofrimento oculto queultrajam os pilares maisfundamentais de uma sociedadejusta onde os direitos não sãorespeitados". "Contemplemos, porisso, o presépio

e colhamos, sem hipocrisia, aresponsabilidade, que Ele noscoloca nas mãos, de construirmosum mundo solidário que todosesperam e muitos necessitam",indica o arcebispo de Braga.

O cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos,inaugurou este domingo a 11ª Edição do Presépio ao Vivo de Priscos, naArquidiocese de Braga, como representante do Papa. Francisco enviou umamensagem na qual agradece a todos os que tornaram possível este evento,em especial os figurantes e os responsáveis pela sua criação e manutenção."Espero que o façam a pensar não tanto nos visitantes que vos admiram,mas sobretudo pelo festejado Senhor Jesus, o único capaz de tornar a vidasempre nova e sempre bela", escreveu, num texto divulgado hoje pelo"Diário do Minho", jornal da arquidiocese.

21

Page 12: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

BRAGANÇA-MIRANDA

Natal em mirandês e língua gestualportuguesa

O bispo de Bragança-Mirandapublicou este ano a sua mensagemde Natal em formato áudio, comtexto em português e mirandês, eem vídeo, com interpretação emlíngua gestual, com a ajuda dasredes sociais.A mensagem de D. José Cordeiro,também disponível no sítio online

da Diocese de Bragança-Miranda,dirige-se “a todas as famílias,especialmente a cada criança,jovem, idoso, doente, pessoa comdeficiência, preso, migrante,refugiado”, para desejar “um SantoNatal, como Maria” e que em todo ocoração exista “montes de paz e deluz”.

22

Na intervenção, enviada hoje àAgência ECCLESIA, o preladoafirma que o tempo do Natalconstitui “uma prolongada memóriada maternidade divina”.“Ela olha para nós e sobretudo olhapor nós. Às vezes nós olhamos sópara os outros e esquecemo-nos deolhar pelos outros”, destaca.O bispo de Bragança-Miranda cita aexortação apostólica do PapaFrancisco ‘Alegria do Evangelho’:“Há um estilo mariano na atividade

evangelizadora da Igreja”.Neste contexto, D. José Cordeiroindica a “alegria de comunicar” oEvangelho como Maria, que seenvolve “fielmente no caminho deJesus Cristo ao serviço de todas aspessoas”.“Nela [Maria] vemos que ahumildade e a ternura não sãovirtudes dos fracos mas dos fortes,que não precisam de maltratar osoutros para se sentir importantes”,recorda ainda.

23

Page 13: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

COIMBRA

Coragem de lutar arduamente pelapaz

O bispo de Coimbra deseja àcomunidade diocesana que tenha “acoragem de lutar arduamente” em“favor da paz, da justiça, dapromoção humana”, em todos osâmbitos da vida.No vídeo de Natal enviado àAgência ECCLESIA, D. VirgílioAntunes saúda a Diocese deCoimbra e deseja no trabalho, navida social, económica, politica eassociativa afirme a “dignidade detodo o ser humano”.“O Natal é este período do ano emque esta força dos sentimentoshumanos, em que as exigências quevêm do coração, e do respeito

por todos os homens e mulheresnossos irmãos vem mais ao decima”, afirma.Para o bispo de Coimbra o “esforço,sentimentos e atitude” que seprocura desenvolver no Natal“possam prosseguir e perseverar”ao longo de todos os dias e todosos anos.D. Virgílio Antunes começa porsaudar, em primeiro lugar, todas asfamílias e recorda que o PapaFrancisco anunciou-lhesrecentemente “a boa nova doEvangelho acerca da vida dafamília”.“Entusiasmando-as para viverem naalegria esta festa do encontro

24

de todos os dias que é os esposos,os pais e os filhos. A família maisalargada todos permaneceremjuntos na alegria e no amor”,acrescentou sobre a “granderiqueza” que se quer tambémprolongada “durante todo o tempoda vida”.O bispo de Coimbra deixa tambémuma mensagem de “muita fé e muitoamor” aos irmãos e irmãs “unidos”em Jesus Cristo Salvador.“Aqueles que fazem parte da Igrejae, nesta altura, sentem não só aalegria

da fraternidade humana mas sentema esperança, conforto assentes nafraternidade espiritual que nos une,que nos une a Deus e nos une, porisso, uns aos outros”, desenvolveu.D. Virgílio Antunes assinala aindaque Solenidade do Natal tem odesafio de acolher na vida o “Deusmenino que nasceu para quepermaneça também por todos osdias e sentimos o desafio detestemunhar a “grandeza da alma,amor, força interior que depositounos corações”.

25

Page 14: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

ÉVORA

Celebrar nascimento de Jesuscom boas obrasO arcebispo de Évora afirma na suamensagem de Natal que a luz deDeus se torna visível “pelas boasobras que cada um pratica”, umtestemunho que é “esperado detodos os crentes”, em particular nacelebração do nascimento de Jesus.“Para que o espírito de Natal não sereduza a luzes feéricas, compras eoutras exterioridades, à margem doacontecimento central que é onascimento de Jesus, não podemos

deixar de lado a prática das boasobras, em favor dos outros, dos queprecisam da nossa ajuda, da nossacompreensão, do nosso tempo, donosso amor”, escreve D. José Alves.Na mensagem de Natal enviada àAgência ECCLESIA, o arcebispoafirma que todos podem “realizarboas obras” e “há muitos modos” deas praticar.“Não acabaram as guerras, aexploração, os abusos, a pobreza,

26

os desentendimentos e tantasoutras situações que esperam pelaajuda de alguém”, recorda.Para o arcebispo de Évora, as boasobras “não dependem” da riquezanem das qualidades pessoais ou daposição social, mas da “bondade docoração” que guia na ação e “abreos olhos para os bons exemplos quea vida nos proporciona”.Neste contexto, D. José Alveslembra bons exemplos de boasações que existem na sociedadecomo os “milhares de pessoas quecolaboram de diferentes modos como Banco Alimentar contra a Fome”,os que “partilham os seus bens comoutros”, quem se compromete nadefesa da vida humana, “dominviolável de Deus”, e os quepartilham o tempo com “os reclusos,os doentes,

os sem-abrigo, os idosos”.“Em tempo de Natal, faz-nos bemrecordar estes bons exemplos, quenos estimulam à prática das boasobras que iluminam a vida daspessoas e se tornam testemunhosda Luz”, acrescenta.Segundo o arcebispo “não hánenhuma quadra festiva” que exerçatanto fascínio e agitação nasociedade em geral como a festa doNatal, onde a luz é o “símbolo maisrico e mais generalizado”.Na mensagem ‘Natal é testemunhoda Luz’, também publicada no sítioonline da Arquidiocese de Évora, D.José Alves explica que para oscristãos a luz “é mais do que umsinal de festa” sendo “símbolo da luzinvisível” é “símbolo de Cristo, oSalvador, que nasceu em Belém”.

27

Page 15: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

FUNCHAL

Natal solidário na Madeira

O bispo do Funchal anunciou que atradicional ‘Renúncia de Advento’ nadiocese madeirense vai reverterpara as vítimas dos incêndios deagosto, através do Fundo SocialDiocesano. “A recolha das ofertasserá feita nas Missas da Festa daEpifania, nos próximos dias 7 e 8 dejaneiro”, informou D. AntónioCarrilho.O prelado incentivou os católicos doarquipélago a “contribuir, de modoespecial”, para a aquisição dos

“equipamentos das habitações” queestão a ser recuperadas.“Intensificar o espírito da caridadenão exclui, antes implica e exige osmaiores esforços para adequaçãodos sistemas económicos aosdesafios do bem comum e da justiçasocial, em ordem ao verdadeiroprogresso e desenvolvimentointegral da pessoa, relevando a suadignidade transcendente”,desenvolveu D. António Carrilho,numa intervenção

28

divulgada pelo site diocesano.Segundo o bispo do Funchal,perante a situação de “carências edificuldades” com que tantos sedebatem, “é importante” que avivência da fé nas Missas do Parto -novena preparatória para o Natal -“intensifique a caridade de todospara com os mais pobres, osmarginalizados e carenciados deamor ou de bens materiais”.“A quadra do Natal tem sempre amarca da solidariedade e dafraternidade cristã, que se traduz

em gestos concretos de presença eajuda a quem mais precisa”, disseainda D. António Carrilho.Em meados de agosto, a Ilha daMadeira foi atingida por diversosfocos de incêndio, os mais gravesdos quais registados no Concelhodo Funchal. Segundo asautoridades regionais, houve quatromortos, diversos feridos e cerca de300 casas destruídas oudanificadas, estimando-se prejuízosmateriais na ordem dos 60 milhõesde euros.

As comunidades católicas na Madeiracomeçam a celebrar as tradicionais‘Missas do Parto’, novena de preparaçãopara o Natal que decorremhabitualmente ao fim da madrugada. ADiocese do Funchal publicou um guiãocom sugestões para as homilias dascelebrações de 2016, com o tema‘Maria, Tabernáculo do Espírito Santo’.As chamadas ‘Missas do Parto’ são umatradição particular do Arquipélago daMadeira, um momento exclusivo para cantar versos populares, em honra daVirgem Maria e do Menino Jesus, alguns dos quais remontam aos primeirospovoadores do arquipélago. Outro fenómeno que alimenta a tradição é amesma estrutura da novena, com a invocação ao Espírito Santo, o canto daLadainha, o retrato da Senhora e a missa, onde também são entoadas loasà Virgem, ao seu parto e à alegria do nascimento de Jesus.

29

Page 16: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

GUARDA

Celebrar a vida, rejeitar cultura damorteO bispo da Guarda alertou na suamensagem de Natal para asconsequências de uma eventuallegalização da eutanásia,recordando quem vive a“marginalidade” do abandono, bemcomo as crianças que não têm painem mãe.“Natal não é morte, mas vidanascente que se afirma, apesar dasdificuldades, como foi, no caso doMenino de Belém”, afirma D. ManuelFelício, para quem “há muito afazer” neste campo.

Na mensagem enviada à AgênciaECCLESIA, o prelado considera queas situações mais extremas podemlevar os implicados a pedir “paralhes anteciparem a morte”.“A solução não é legalizar aeutanásia, pois essa é a escolhamais fácil, que significaria sempre arendição da sociedade e das suasinstituições diante das dificuldades,em vez de procurar congregaresforços, com o empenho de todos,para as superar”, desenvolve.

30

O bispo da Guarda considera quenão é legítimo tomar esta decisão“nas costas da sociedade civil”, que“não elegeu” os seus deputadospara isso.D. Manuel Felício evoca depois,“com atenção privilegiada”, ascriançasque não têm pai nem mãe “paracuidar delas, as ajudar a crescer navida” e realizarem “o sonho legítimo”de construírem o seu futuro comdignidade.“Queremos trabalhar para oferecera essas crianças as condições quelhes faltam para viverem felizes.Saudamos, por isso, todas asinstituições que se propõem acolhê-las e ajudá-las”, acrescenta oprelado, que destaca o projeto‘Anascer’ da Cáritas Diocesana daGuarda.Para o bispo diocesano, amensagem do Presépio de Belémtoca o coração, “modifica asrelações e os comportamentos, etraz novas razões de esperança”,porque na “simplicidade e pobreza”da Criança do presépio está “cadauma e todas as crianças domundo”.~“Queremos contribuir para darresposta às situações variadas

de especial dificuldade que estão aatingir crescente número depessoas e famílias”, sublinha obispo da Diocese da Guarda.D. Manuel Felício assinala que oNatal “é motivação particular para irao encontro de todos os queprecisam”.“Apesar das muitas conquistas eprogressos das sociedades atuais, asolidão e o abandono continuam afazer sofrer grande número depessoas, nos nossos ambientes”,adverte.

31

Page 17: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

LAMEGO

Porque Tu vieste ao mundoJesus veio ao mundo,Desceu ao meu coração,Tantas vezes vazio,Ou esvaziado,Cheio só de frio,Planificado. Portanto, plano, triste, aplanado.Mas Tu vieste ao mundo,E o meu pobre coraçãoSentiu-se amado,Cheio de amor,Plenificado. Obrigado, Senhor,Por derramares em mimA tua plenitude,Graça sobre graça. Faz-me agora encontrarA melhor atitudePara Te louvar,Para Te levarDe rua em rua,De praça em praça,Em cada dia do ano que passa.

Desejo a todos os meus irmãos,sacerdotes, diáconos,consagrados/as e fiéis leigos,doentes, idosos, jovens e crianças,emigrantes, das 223 Paróquias danossa Diocese de Lamego, e daIgreja inteira, um Santo Natal comJesus sempre no meio e um NovoAno cheio de Maria e dos caminhossempre novos da Missão. Portanto,caríssimos irmãos e irmãs, «Ide portodo o mundo e anunciai oEvangelho a toda a criatura!».Vem, Senhor Jesus, bate à nossaporta, encandeia a nossa vida, econduz os nossos passos pelocaminho da Paz e do Carinho. D. António Couto,Bispo de Lamego

32

33

Page 18: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

LEIRIA-FÁTIMA

Natal exige gestos concretos

O bispo de Leiria-Fátima afirma nasua mensagem de Natal para 2016que celebrar o mistério donascimento de Cristo “exige realizaratitudes ou gestos concretos” paralevar “esperança a quantos estãono sofrimento e na aflição”. “Nãobastam as palavras belas e vãs, asaparências sem conteúdo.Interroguemo-nos: onde está o amorfraterno, o espírito de paz, deperdão e reconciliação, o sentido departilha e solidariedade?”, escreveD. António Marto.

No texto, intitulado ‘Natal com ascores da Misericórdia’, oresponsável católico dirige o seupensamento e oração “a todos,crentes ou não, e a todas asfamílias”, particularmente, aos quevivem a “provação da pobreza, dasolidão, do abandono, da doença,do luto, da separação, dodesemprego, da prisão”.“Um Natal de partilha para acabarcom o escândalo da pobreza econverter os nossos hábitos deexcesso de consumo e desperdícioem modos de vida

34

mais simples e mais sóbrios”, é odesejo do prelado, para quem asgrandes superfícies se tornaram“novos templos do consumo”.“É caso para nos interrogarmos:onde está a ‘graça’ própria do Natalcristão?”, acrescenta.Na mensagem enviada à AgênciaECCLESIA pelo GabineteInformação e Comunicaçãodiocesano, o prelado apela“vivamente” à participação de todosna iniciativa de solidariedade deNatal promovida pela CaritasInternacional e replicada na Caritasnacional e diocesana ‘10 milhões deestrelas’ pela paz.O prelado recorda que cada velacusta 1 euro e o valor angariadoreverte em 65% para as CaritasDiocesanas, no apoio aos projetoslocais, e os restantes 35% para aCaritas da Grécia apoiar famíliasrefugiadas.“Celebrar o mistério do Natal deCristo com as cores da misericórdiaexige realizar atitudes ou gestosconcretos de proximidade, deternura e de solidariedade paralevar esperança a quantos estão nosofrimento e na aflição”, assinala.O bispo deseja que as festasnatalícias tenham a marca “daternura, da

misericórdia e da paz” e sejamvividas à “luz” de diversasdimensões: “um Natal de fé viva; defraternidade; de diálogo paraquebrar as cadeias doindividualismo; de reconciliação epaz”.D. António Marto observa tambémque o Natal 2016 é celebrado “numcontexto eclesial muito significativo”,entre o final do Jubileu daMisericórdia e a abertura do AnoJubilar Centenário das Aparições deNossa Senhora em Fátima.“Estes dois acontecimentosconvidam-nos a dar à vivência desteNatal a tonalidade da beleza dascores da misericórdia divina que oacontecimento natalício repercuteem todo o mundo”, explica o bispode Leiria-Fátima, na mensagempublicada no sítio online da diocese.

35

Page 19: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

LISBOA

O modo divino de acontecer“O Natal, cada Natal, é ocasiãooportuna e necessária para nósaprendermos o modo divino deacontecer e o modo solidário deagir. O modo divino de acontecerporque é sempre para nós umasurpresa como Deus apareceu nomundo – foi esperado, e éesperado, por tantas gerações edepois acontece assim, tãoimprevisivelmente num lugarrecôndito em Belém de Judá, semlugar na hospedaria… e é assimque Deus acontece no mundo e porisso temos de estar muito atentos aeste modo divino de acontecer paratambém podermos coincidir com Eleem tudo aquilo que é mais simples eque foge às atenções, mas é o lugarde Deus. E daqui o modo solidáriode agir. Porque não podemosesquecer aquela frase doEvangelho de que o Menino foideitado numa manjedoira porquenão havia lugar na hospedaria.Quantas pessoas ainda hoje,quantos meninos, quantos outrosque já nasceram há mais tempo nãotêm um teto que os abrigue comdignidade, não têm uma casa ondepossam viver como Deus quer. Daía solidariedade, para que, de anopara ano, de Natal em Natal, todosnós como sociedade – e nós,cristãos, integramos uma

sociedade que deve crescerprecisamente aí, na solidariedade –vamos resolvendo esta problemáticada habitação, que é umaproblemática fundamental para quetudo o resto possa acontecer bem.

D. Manuel Clemente,cardeal-patriarca de Lisboa

Mensagem aos leitoresdo jornal 'Voz da Verdade'

3637

Page 20: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

PORTALEGRE-CASTELO BRANCO

Que cada pessoa faça o presépiodentro de siO bispo de Portalegre-CasteloBranco afirmou hoje a centralidadedas festividades desta quadra é"Jesus Cristo", sendo o seunascimento o acontecimento que secelebra."Tudo o mais que envolve estesdias de festa há de concorrer paracentralizar no essencial da Festa, atornar maior, mais significativa, maisvivida e para que todos possamsentir-se mais motivados aanunciarem uns aos outros umagrande alegria", afirmou D. AntoninoDias na mensagem de Natal enviadaà Agência ECCLESIA.No texto intitulado «Anuncio-vosuma grande alegria», o responsávelafirma o desejo de que o Natalaconteça "dentro de cada um" e quecada pessoa "faça o presépio"dentro de si, deixando-se"transformar"."O que mais e melhor podemosdesejar uns aos outros em ambientede Boas Festas é que seja Nataldentro de cada um, que façamospresépio dentro de nós, queacolhamos este Menino que vem aonosso encontro, que nos deixemostransformar por Ele"

D. Antonino Dias expressa o desejode que "todos possam sentir emfamília, a alegria da Família deNazaré, que acolheu Jesus Meninocom ternura e encanto, comsimplicidade e humildadecontemplativa, com gratidão eesperança, em silêncio e ação deGraças".

38

39

Page 21: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

PORTO

Bispo do Porto pede atençãoaos que mais sofremO bispo do Porto recordou na suamensagem para o Natal de 2016quem vive situações de dificuldade,apelando à partilha solidária “comos que menos têm”.“Desejo, nesta hora de Natal, estarmuito próximo dos que mais sofrem,daqueles que vivem sós, dos quenão têm abrigo, dos que sãorefugiados, acolhidos na nossaterra, e daqueles que passam porhoras de provação, de doença oude luto”, refere D. António Franciscodos Santos, numa intervenção emvídeo, disponível no canal dadiocese no YouTube.O responsável dirige-se aossacerdotes, famílias, jovens ecrianças da diocese, que convida aver “no rosto do Menino Jesus abênção de Deus”, a cuidar dosidosos e a oferecer “carinho” aosque sofrem.“O melhor presépio que poderemosoferecer para o nascimento deJesus é o coração humano na suaabertura e na sua capacidade de sedar aos outros, o ambienteabençoado das famílias”, diz o bispodo Porto.D. António Francisco dos Santosmanifesta “o desejo da Igreja doPorto de ser uma Igreja de portasabertas, para irmos ao encontro detodos,

40

continuando assim o grande desafioe a grande mensagem que o PapaFrancisco nos deixou ao longo doAno da Misericórdia”.“Quero renovar a proposta que fiz àdiocese, para que com Maria e comJosé, possamos todos sonhar aalegria do Natal”, prossegue.O bispo do Porto deixa votos de quetodos partilhem a “alegria do Natal”,para que esta possa “renovar aIgreja” e” transformar o mundo”.O prelado dirige-se ainda àsinstituições sociais, para que cadauma delas “saiba transportar para arealidade concreta da sua vida ejunto daqueles com quem trabalhaesta alegria do Natal”.“Que a bênção de Deus e apresença do Menino Jesus no meiode nós nos deem um Santo e FelizNatal”, conclui D. António Franciscodos Santos.

O bispo do Porto vai estar com umafamília de refugiados, com os idososdo Lar de Santo António e no CentroMaterno-Infantil daquela cidade, nanoite de 24 para 25 de dezembro.D. António Francisco Santos disse àAgência ECCLESIA que a família derefugiados está a cargo da SantaCasa da Misericórdia de Penafiel e“foram dos primeiros acolhidos” naDiocese do Porto.Apesar destes refugiados “nãoserem católicos”, o bispo do Portovai partilhar com eles esta dataemblemática, tal como fará com osidosos daquela instituição.Já no Centro Materno-Infantil doHospital de Santo António, D.António Francisco vai presidir àEucaristia da meia-noite, no localonde “acontece o dom da vida”.

41

Page 22: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

SANTARÉM

Natal, uma missão de todos os dias

42

O bispo de Santarém publicou a suamensagem de Natal 2016, na qualdeixa “um convite à alegria”, mesmoque a sociedade possa hoje sermarcada por diversas situações de“tristeza e desânimo”.O texto de D. Manuel Pelino,enviado à Agência ECCLESIA,recorda os homens, mulheres ecrianças que vivem “necessitadosde amor, de consolação e de ajuda”.“Que razões temos para andarmoscontentes e felizes? Há um segredopara a alegria: o encontro comJesus Cristo, a descoberta e aconvicção de que Ele caminhaconnosco”, realçao prelado, quedesafia os cristãos a serem“mensageiros da fraternidade e dapaz” de Cristo para “todos”.“Que o Natal não seja um dia masuma missão de todos os dias”, apelaainda.O bispo de Santarém expressa oseu desejo de que esta quadra sejamarcada pela “felicidade” entre aspessoas, entre as suascomunidades, com “luz, cânticos,prendas, encontro de familiares eamigos”.A mensagem deixa votos de quetodos sejam incluídos, “crianças,idosos, jovens e adultos”, e em

especial os “que estão sós” ouestão “doentes”.A participação nas celebrações étambém outro aspeto apontado porD. Manuel Pelino, que convida todosa encher as igrejas e a partilhar emconjunto momentos de festa à voltado Deus-Menino.“Ao desejar o júbilo natalício, façovotos também para que procuremosir beber à fonte da alegria para aguardar e partilhar”, complementa.

43

Page 23: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

SETÚBAL

Natal solidário para famílias emdificuldade e refugiados

O bispo de Setúbal convidou ascomunidades da diocese a viver oNatal num espírito de família, de“carinho e de vida”, respondendocom solidariedade às preocupaçõese dificuldades dos maisnecessitados.“Não é difícil encontrar no Natal deBelém uma imagem do Natal dasfamílias de hoje, com a sua alegria eternura, mas igualmente com

os dramas da miséria, da falta derecursos, da ausência de amor e darecusa de acolhimento esolidariedade”, escreveu D. JoséOrnelas.Na mensagem enviada à AgênciaECCLESIA, o prelado sadinosublinha que o Natal de Jesus e decada família se apresentaigualmente como “apelo àsolidariedade, acolhimento e

44

partilha das outras famílias”.O bispo de Setúbal afirma que acelebração do Natal guia a atençãopara as famílias “em dificuldade enecessitadas de atenção e ajuda”.“A estrela de Belém paira hoje sobreas casas onde se encontramfamílias sem meios para viver comdignidade, onde há vítimas deviolência e de abusos, ondeesmoreceu a chama do amor, ondehá anciãos abandonados e semcuidados”, explica D. José Ornelas.Já o presépio, acrescenta, fazconvergir a sua “luz desafiadora”sobre os campos de refugiados commilhares de famílias e crianças semfamília que “fogem da violência e

da miséria, em busca de pão, casa,carinho e nova esperança”, namesma situação de Jesus no Egito.Segundo o bispo de Setúbal, o“carinho do Natal não pode serapenas um slogan vazio”, mas surgecomo desafio a “caminharsolidariamente até às grutas epresépios onde um menino e seuspais, esperam uma visita de carinho,de partilha, de ajuda, de apoio eesperança”.D. José Ornelas recorda que afamília de Jesus encontrou “asimpatia, solidariedade e partilha depessoas simples”, como os pastoresdas redondezas e os magos, “emcontraposição” com a oposição ouindiferença dos grandes eabastados.

45

Page 24: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

VIANA DO CASTELO

Celebrar o nascimento de Jesus comos olhos postos nos filhos

O bispo de Viana do Castelo afirmana sua mensagem de Natal que estacelebração é em Portugal uma"festa de família”, sublinhando aimportância dos filhos.“O filho pode ajudar também [oscasais] a serem uma só carne, nãosó através daquilo que é, mas,sobretudo, daquilo que necessita”,disse D. Anacleto Oliveira.Na mensagem de Natal 2016,divulgada através do YouTube,

o prelado afirma que os filhospodem ser exemplo para os pais deque “a vida verdadeira só serecebe, só se obtém, dando erecebendo”.Na medida em que os paiscorrespondem às necessidades dosfilhos e transmitem o que precisa, obispo de Viana considera que “estãoa juntar esforços e a formar uma sócarne” aprendendo do filho o que “éfundamental” para “teremconsciência das suas fragilidades eabrirem-se ao dom”.

46

“Temos o exemplo e força que nosvem do próprio filho de Deus”,observa.O responsável apresenta a famíliacomo “comunidade íntima de vida ede amor”, e destaca que o filho“pode ser elemento fundamental”nessa “intimidade”.D. Anacleto Oliveira apelo, por isso,aos pais, marido e esposa queaproveitem o tempo de Natal parase aproximarem um do outro: “Paraeventualmente se conciliarem sehouve problemas, zangas,

reencontrarem a força do amor emvolta dos filhos pelos quais vivem”.Na videomensagem de Natal,publicada no sítio online da Diocesede Viana do Castelo, o preladorecorda ainda que na noite de 24 dedezembro tem lugar a celebraçãosolene do nascimento de Jesus, às23h00, na Sé diocesana.“É a noite mais longa do ano mastambém a noite em que o tempo daluz, do calor, começa a aumentar apartir do Deus-Menino”, assinala D.Anacleto Oliveira.

47

Page 25: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

VILA REAL

Inclusão sem discriminações,como no presépioO bispo de Vila Real divulgou a suamensagem para o Natal 2016, naqual convida a “praticar a inclusão,sem discriminações, muros erejeições”.“O Natal congrega, no amor, na fé ena esperança”, escreve D. AmândioJosé Tomás, destacando que opresépio, com a Sagrada Família,os pastores

e os magos, “evoca o gestoamoroso de Deus” que veio, querviver e “entrar nos corações”.O prelado assinala que Deusconvida a abrir a porta, “a unir, apraticar a inclusão, semdiscriminações”, muros e rejeições.No documento, publicado na página

48

na internet da diocesetransmontana, o bispo de Vila Realobserva que “ninguém é excluído”,porque Deus chama e quer asalvação dos que “creem e recebema Palavra de Deus, para seremsalvos”.A mensagem dá como exemplo oencontro de Jesus com Zaqueu,relatado pelos Evangelhos.“Nos pecadores e afastados, queviviam sem Deus e sem alegria,distanciamento,

vergonha e rejeição, agora, háalegria, magnanimidade, fé,empenho, esperança e razão deviver”, acrescentou.D. Amândio José Tomás adianta quedentro em pouco o Presépio vai serarmado “em casa e na Igreja,evocando a vinda de Jesus” que,hoje, no tempo da Igreja “bate àporta do coração de cada um e querentrar”.O bispo de Vila Real assinala que a“fé na encarnação, morte eressurreição do Filho de Deus e navinda do Espírito Santo” deve levartambém a um “redobrado empenhomissionário”.“Não calarmos o que vimos eouvimos e a não nosenvergonharmos de Jesus Cristo edo Seu Evangelho com constância efidelidade, todos os reveses,perseguições e contratempos”,desenvolve.Na mensagem ‘Advento e Natal,para receber em casa o Filho deDeus’, D. Amândio José Tomásapela à consciência da importânciada família e de Jesus “que ilumina,alegra e dá sentido à existênciahumana”.

49

Page 26: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

VISEU

Natal em perigoEstamos a chegar ao aniversário doNatal de Jesus!…O Natal de Jesus foi anunciado aolongo do Advento de todo o AntigoTestamento… E Jesus nasceu, há2016 anos e anunciou o Reino deDeus! Os valores deste Reino – quesão a realização do Natal – têm sidoanunciados desde há 2016 anos…E, tantos deles, ainda nãoaconteceram! Quer dizer: Deuscumpre a Sua parte, desde oinício… Nós não estamos a fazertudo para que o Natal tenha suaexpressão universal…Continuaremos a evocar o Natal dopassado, representado noPresépio… E estamos à espera dosvalores do Reino de Deus quedevem acontecer na paz, no amor,na justiça, na verdade, na vida… Esão tão necessários e urgentes!No Natal de Jesus, já acontecido, osAutores foram Deus Pai, Deus Filho,Deus Espírito Santo e Maria eJosé… No Natal que queremos queaconteça, somos todos nós, os quedevemos concretizar os valores doReino de Deus.Olhando esta nossa Sociedade,consequência da vida de todos nós,sentimos como é tudo tão diferentedo anunciado pelo Céu, em Belém,

quando os Anjos cantaram: “glória aDeus nas alturas e paz na terra, aoshomens que Deus ama”!A vida dos homens continua a estarem perigo em tanto lado… A glóriade Deus não é participada… Daíque o Natal esteja, também, emperigo. Ficam somente as luzes, asmontras, os presépios de imagensde barro ou de pano, as prendas…Tiram-nos o melhor: os valoresdaquele Menino, filho de Deus e deMaria, que nasceu para nós e quenos ofereceu o Seu Reino…Desejo um Santo e Feliz Natal paratodos!

D. Ilídio Leandro,Bispo de Viseu

50

51

Page 27: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

FORÇAS ARMADAS E DE SEGURANÇA

Viver a misericórdia na família

O bispo das Forças Armadas e deSegurança escreveu umamensagem de Advento e Natal emque recorda “as implicações” de umDeus que “escolhe a condiçãohumana” e convida “viver amisericórdia na família”.“Neste Natal, proponho o âmbito daproximidade familiar como o difícilcampo da existência a ser maistocado pelas necessárias atitudesque nascem da fé”, escreve D.Manuel Linda.

Na mensagem divulgada peloOrdinariato Castrense, o preladopede aos membros das ForçasArmadas e de Segurança que nosfamiliares e outros próximos sejamcapazes de “descobrir o valor e adignidade do ser pessoa”, e recordaque Deus chegou até às pessoas“pela via da humanidade”.“Sugiro uma especial atenção aosmais débeis e que nos perguntemoscomo é que Jesus Cristo, o‘verdadeiro homem’ agiria nasnossas situações

52

concretas. E imploro que a‘porta santa’ da misericórdia nuncase feche no nosso coração”,desenvolve.Na mensagem de Advento e Natal, obispo reflete sobre “as implicações”de um Deus que “escolhe acondição humana” e sublinha que éa Ele que se vai “buscar o exemploda solicitude pessoal e da ternurapor cada um”.Segundo o prelado, a misericórdiavolta-se e volta os elementos dessadiocese na “direção daqueles” comquem lidam que é “a única direçãopossível de quem é misericordioso”:“(Con)viver com os outros comoquem pensa mais neles que em sipróprio.”

D. Manuel Linda explica que ahistória da humanidade “é marcada”pela tentativa de o homem “atingirDeus” para obter os seus favores ecomo “sujeito da ação” podeenganar-se nesse encontro, afinal,“o homem tomou por divindade asrealidades mais estranhas: astros eplantas, animais e artefactos, ideiase totens”.“Em Cristianismo passa-se ocontrário: a nossa fé é a longahistória de um Deus amoroso quenão desiste da pessoa humana,mesmo quando esta lhe volta ascostas”, explica o bispo das ForçasArmadas e das Forças deSegurança, na mensagem publicadaonline.

53

Page 28: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

PAPA FRANCISCO

8 frases do Papa Franciscopara preparar o Natal de 2016

“Neste mundo, onde se adora tantoo deus dinheiro, que o Natal nosajude a ver a pequenez deste Deusque virou ao contrário os valoresmundanos. Desejo-vos um santoNatal e feliz: um santo e feliz Natal”(22.12.2016) “Desejo um Natal verdadeiramentecristão a todos vós e às vossasfamílias, de tal modo que os votosde ‘Boas Festas’, que ides trocaruns com os outros, sejam expressãoda alegria que sentis por saber queDeus está no meio de nós”(21.12.2016)

“Procuremos entrar no verdadeiroNatal, o de Jesus que está próximo,é Deus connosco, próximo de nós,para receber a graça desta festa,que é uma graça de amor, dehumildade e de ternura”(18.12.2016) “Abramos os nossos corações aesta pequenez e esta maravilha, edeixemo-nos surpreender peloDeus-Menino que se faz vizinho decada um de nós”(14.12.2016)

54

“Estes sinais exteriores [do Natal]convidam-nos a acolher o Senhorque vem sempre e bate à nossaporta; convidam-nos a reconheceros seus passos entre os dos irmãosque passam ao nosso lado,especialmente os mais fracos enecessitados”(11.12.2016) “No Natal veremos esta pequenez,esta pequena coisa: uma criança,uma manjedoura, uma mãe, um pai.Corações grandes mas atitude depequeninos”(29.11.2016)

“Na dolorosa experiência destesirmãos e irmãs [migrantes] devemosrever a do Menino Jesus, que nomomento do seu nascimento nãoteve onde ficar e veio ao mundo nagruta de Belém; depois, foi levadopara o Egito, para fugir à ameaça deHerodes”(09.12.2016) “Com o nascimento de Jesus emBelém, é o próprio Deus que fazmorada no meio de nós paralibertar-nos do egoísmo, do pecadoe da corrupção”(04.12.2016)

55

Page 29: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Família Fonseca anima lares,hospitais e centros de dia commúsicas de Natal

A família Fonseca, os pais e quatrofilhos, vivem a tradição do Natal eminterajuda, todos participam naconstrução do presépio, e nadedicação aos outros através dasmúsicas que vão cantar dia 24 alares e hospitais.“Uma irmã minha organiza sempre oque chamamos de ‘Natal doshospitais’, entre sobrinhos, filhos,amigos dos sobrinhos, percorremosnas redondezas lares, hospitais,centros de dia e lares de crianças”,

explica Tiago Fonseca sobre avivência familiar na véspera donascimento do Menino Jesus.À Agência ECCLESIA, TeresaFonseca acrescenta que o dia deNatal é vivido em família “hábastantes anos”, com “uma pequenaencenação” da natividade em Belémque reúne “os filhos e sobrinhos”.Teresa e Tiago são casados há 18anos e têm quatro filhos – aConstança, o Francisco, o João e aCarolina.A família de Jesus, Maria e José é

56

“um modelo e um exemplo”, que“não deixa de ser uma famílianormal, simples e feliz”.“[Família de Nazaré] Passaram poradversidades, por dificuldades, mastambém por muitas alegrias e nuncadeixaram de ser fiéis, nuncadesanimaram, nunca se deixaramabater”, desenvolve Teresa,observando que os Fonsecatambém são “uma família normal efeliz”.Quando chega o tempo do Natal, atradição é recordar a SagradaFamília através da construção dopresépio

com a participação de todos, paise filhos, que ajuda a ter atenção noessencial.Neste contexto, Tiago Fonsecaexplica que “qualquer que seja onível financeiro” quer-se sempremais e “é bom” ter a noção e saber-se que é preciso “focar noessencial”.“É uma forma de eles cresceremmais saudável, aprendem apartilhar, aprendem com algumadificuldade mas é um caminho e issoajuda a crescer de outra forma”,afirmou Teresa Fonseca.

57

Page 30: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Dois gémeos e muitos presépiosPreparar o Natal através da criaçãode presépios é já uma tradição paraa família Mestre Homem, naParóquia de São Brás, em Lisboa.Em entrevista à Agência ECCLESIA,Ricardo Homem destaca aimportância desta iniciativa da suacomunidade como forma de viver aquadra natalícia “em família”,envolvendo também os filhos,gémeos, Maria e Lourenço, de seteanos.

“Pintamos, decoramos e vendemospara levar a mensagem de Jesus amais pessoas e é a nossapreparação, eles estão muitohabituados“, conta o catequista.Quanto à esposa, Ana Mestre,também catequista, destaca aoportunidade de “partilhar e levar aFamília de Nazaré a muita gente”. “AFamília de Nazaré para quem aconhece é um exemplo, na maneira

58

como se educa, como se ama ooutro, até esta venda é umaevangelização”, salienta.Há sete anos o nascimento dosfilhos Maria e Lourenço veio dar umtom ainda mais especial ao Natal deRicardo e Ana.A Missa da noite de Natal foi mesmoo primeiro contacto dos gémeoscom a comunidade. “Nesse ano opadre Fernando queria dar osnossos filhos a beijar, havia duasfilas: a fila para

beijar o Menino e a fila para ver osmeninos, que muita gente ainda nãoos tinha visto”, recorda Ana Mestre.Desde o início o casal temprocurado transmitir aos mais novoseste espírito natalício, da partilha,da alegria e da esperança. Numambiente onde, como mostra oPrograma ECCLESIA na RTP2, nãofaltam a música e a luz que como aestrela de Belém, aponta o MeninoJesus que está prestes a nascer.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai associar-se àcampanha de Natal da Cáritas Portuguesa, ‘10 Milhões de Estrelas’, com “umgesto pela paz” acendendo uma vela na noite de 24 de dezembro. O Paláciode Belém também terá uma vela acesa à janela, “fazendo parte da correnteque irá ser criada como gesto que apela à Paz no Mundo” na véspera deNatal, refere a Cáritas Portuguesa. O projeto ‘10 Milhões de Estrelas – UmGesto pela Paz’ é uma ação focada no apoio a pessoas carenciadas emPortugal.

59

Page 31: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Quando Deus se manifesta nonascimento de uma filha comTrissomia 21

Madalena e Bernardo PlantierSantos são pais de cinco filhos evão celebrar este Natal com acerteza de a gravidez “sofrida” deRosarinho, a mais nova, que nasceucom Trissomia 21, foi um tempo emque “Deus se manifestou”.“A [gravidez] mais marcante foi aRosarinho e muitas vezes identifico-me com Maria, com a sua espera

porque soubemos na ecografia quetinha um valor um bocadinhoalterado mas como a nossa maneirade estar - seja o que Deus enviar navida nós aceitamos”, disseMadalena Plantier Santos.À Agência ECCLESIA, a entrevistadaexplicou que nessa altura nãoquiseram “fazer outros exames,

60

outras coisas” porque era a vontadede Deus. Até à ecografiamorfológica, a segunda, quemostrou que a última filha tinha “umproblema cardíaco, normalmente,associado a Trissomia 21”, viveramtempos tranquilos.“Foi uma espera mais difícil naincerteza do que é que vinha, o queé que Deus nos reservava, sempreapoiados nesta Palavra de Deus,que Deus providencia. Sempreacreditei que não me ia dar umsofrimento que não suportasse”,desenvolveu a arquiteta paisagista,que se dedica apenas àmaternidade “para dar mais apoio”aos cinco filhos.“O interessante é que Deus semanifesta no sofrimento e estesofrimento pode tornar-se glorioso,a cruz de Deus. Vemos aqui aRosarinho que é especial, é o nossoanjo”, acrescentou na entrevista aoprograma ECCLESIA, da Antena 1da rádio pública.Bernardo Plantier Santos explica,por sua vez, que se identifica“muito” com a família de Nazaré etambém destaca Maria que “dissesim a um algo desconhecido”porque tinha “confiança plena emDeus”.

“Acabámos por dizer este sim na23.ª semana, é aquele limite que oEstado infelizmente impõe e que odemónio nos tenta sempre”, observao engenheiro civil.A poucos dias de celebrar o Natal,Madalena e Bernardo PlantierSantos com os seus cinco filhospreparam a sua casa com cores,luzes e diversos símbolos natalíciosao redor do presépio.“Cada dia lemos uma mensagem dopresépio. Dia 25 pomos a figura deJesus”, explicou Benedita PlantierSantos, a filha mais velha com noveanos de idade, acrescentando que afigura que mais gosta de colocarsão os reis magos.

61

Page 32: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLEIA

Viver um Natalà imagem da família de NazaréMargarida e Daniel Ferreira, dacomunidade da Congregação doSantíssimo Redentor(Redentoristas) de Gaia/Porto, sãopais de Sara e partilharam afelicidade de ir viver este ano umNatal à imagem da família deNazaré. “Temos oportunidade decriar esta menina com a pinta deJesus e queremos mesmo fazê-lo.Queremos que ela cresça comJesus do lado dela e como umamigo”, disse Margarida Ferreirasobre a filha que tem cerca de trêsmeses.À Agência ECCLESIA, a engenheiraquímica de 30 anos explicou que oinício foi “complicado” com “muitocansaço, emoção, aprendizagem”mas depois é “cada vez melhor” eter a Sara “é uma graça enorme” eestão “profundamente deliciados”.O casal pertence aos Redentoristasde Gaia/Porto e vai tentandointegrar a filha nos hábitosfamiliares e comunitários que tinhamantes do seu nascimento. “Ela vaiconnosco à Eucaristia, aosencontros que temos uma vez porsemana. Vai-nos acompanhando,com as limitações que um bebépequenino impõe, mas até

agora tem corrido sempre tudobem”, adianta Margarida Ferreira.A preparar-se para viver um Natal àimagem da família de Nazaré, com apequena Sara, de três meses, aentrevistada relembrou um episódioque não vai esquecer e queaconteceu nesta mesma altura, em2015, quando partilhou “umanovena especial” escrita pelo padreRedentorista Rui Santiago “como sefosse escrita por Maria”. “Conseguiamesmo transmitir aquilo que sesente nos últimos dias de gravidez,deliciava-me e partilhava noFacebook. Na véspera de Natal omeu pai perguntou-me se estavagrávida”, desenvolveu,acrescentando que afinal, “uns diasdepois”, descobriram que estavarealmente grávida.“Essa novena foi rezada muitasvezes durante a gravidez”, contou.Margarida Ferreira comentou que asprimeiras semanas de gravidez“foram muito estranhas” com “muitosreceios” ao contrário do pai, oDaniel que esteve “sempre muitotranquilo”. “À medida que o tempofoi passando, foi melhor, a ideia deque íamos tendo um bebe foi cadavez mais real”, revelou ainda a leigaRedentorista.

62

A família Rocha Ramos recebeu a Ecclesia na sua casa na Ramada, emLisboa. Este ano vai ser um Natal mais preenchido e rico para todos. Apequena Maria veio-se juntar às irmas, Inês e Marta, e entrar na festa. Paulae António, casados há 16 anos, sonharam um dia constituir uma família. OAmor que os une cresceu e hoje são cinco. É com a pequena Maria, dequase um mês ao colo, que contam a sua vivência de Natal.

63

Page 33: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

“Se Jesus não tivesse nascidonão havia Natal”

Fernando Santos disse à AgênciaECCLESIA que o nascimento deJesus é o “acontecimento único”que “torna significativa” a quadranatalícia.“Se Jesus não tivesse nascido nãohavia Natal. Havia outra coisaqualquer. Não havia eraseguramente Natal, nem estecalendário existia. Se há esta data,este 25 de dezembro, se écelebrada em todo o mundo, éporque Jesus nasceu”, afirmou oselecionador de Portugal.

Fernando Santos referiu que acelebração do Natal acontecesempre em família e, desde há 20anos para cá, passou a ter “umsentido diferente”, deixando de serapenas “um ritual”.“Hoje celebramos essencialmente onascimento de Jesus. Isso dá umcariz diferente em relação a estafesta de Natal, não perdendo o queé habitual e é importante para asfamílias”, sublinhou.

64

Fernando Santos participou numCurso de Cristandade há cerca de20 anos e experiência de três diasde silêncio e de escuta deconferências determinou a suaexperiência crente daí em diante,marcada pelo testemunhopermanente da fé em Cristo vivo.Para o treinador de futebol, oambiente que carateriza estaquadra “também faz parte” dacelebração do Natal, onde onascimento de Jesus “está sempre amarcar este dia”, mesmo que“inconscientemente”.“Não sou daquelas pessoas quepassa para o lado totalmentecontrário, a dizer que há umconsumismo que

tomou conta do Natal. Estas coisassão normais”, referiu.Fernando Santos celebra o Natal emfamília, com a “tradição e vem desdea infância” em torno da “árvore denatal, do presépio, das prendas, doPai-Natal, no convívio em família”.“Isso repete-se desde que nasci econtinuamos a celebrar em famíliana Noite de Natal”, recordou.“Passou-se com os filhos, abrandoudepois um pouco esse tipo de ritual,mas depois vieram os netos e ascoisas voltam ao princípio. É sempremuito agradável ver o neto areceber as prendas. Faz parte dafelicidade de todos nós e dascrianças”, concluiu FernandoSantos.

65

Page 34: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Natal Rão Kyao

“A música no Natal é fundamental,porque é a expressão das emoçõesmais profundas do homem.E este é um momento de alegriae por isso tem de haver música”,sublinhou.

Rão Kyao estudou música na Índiae considera que o seu “percurso musical”é também um “percurso interior”.

66

67

Page 35: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Igreja: Natal celebra dimensão«nuclear» da fé cristã que fala atodas as pessoasO padre Alexandre Palma, professorna Faculdade de Teologia daUniversidade Católica Portuguesa,afirma que o Natal toca umadimensão “nuclear da fé cristã” quefala a toda a humanidade.“Todo o ciclo do Natal tem umadimensão teológica muito evidenteenquanto a celebração desteadvento de Deus até à condiçãohumana. Aquilo que vivemos nesteperíodo no fundo é o celebrar, oexaltar, uma dimensão muitoconstitutiva, muito própria do que éa fé cristã”, explicou à AgênciaECCLESIA.Para o sacerdote do Patriarcado deLisboa, o cristianismo vê no Adventode Deus à condição humana “nãoapenas o cumprimento daspromessas” do Antigo Testamento,do antigo Israel, mas num âmbitomais universal a resposta a “umasede de vida que existe no coraçãohumano em qualquer contextoreligioso, cultural ou epocal”.O padre Alexandre Palma observaque o ciclo do Natal, relacionadocom uma história particular, “tem umalcance universal” no qual existeuma dimensão antropológica, “uma

espécie de fome de vida, sede devida, de sentido que encontra emJesus a sua resposta”.O professor na Faculdade deTeologia da Universidade CatólicaPortuguesa, sublinha que onascimento de Jesus “nasce dasantigas profecias” mas não éresposta apenas a um povo “é aresposta à humanidade”, umauniversalidade presente, porexemplo, nos pastores e nos reismagos do oriente.Segundo o sacerdote, a história daafirmação de que Deus que “vai aolimite da condição humana”começou a ser contada do “fim parao princípio” e não ao contrário, oque quer dizer que o que “fezexplodir o Cristianismo foi a morte eressurreição de Jesus”.“É imenso raio de luz que vaipermitir iluminar retrospetivamentetudo o que passara na vida deleantes. Recuando tanto no tempoquanto o seu próprio nascimento”,acrescentou.O nascimento de Jesus, assinalatambém o padre Alexandre Palma,conferiu à humanidade “outrosentido”, uma vez que, Deus aounir-se dessa forma elevou “ahumanidade a uma outra condição”,

68

“A partir daí a humanidade torna-selugar teológico”, explicou.Atualmente, refere o docenteuniversitário, “importa reconhecer”que “é evidente” umamercantilização e comercializaçãodo Natal, um “grande momento” danarrativa cristã que “penetrou” nacultura como nenhum outro.

“Foi porque o Natal passou tão bema mensagem que perdemos umpouco o controlo. É o problema quese vá afastando da sua raiz mas éelemento da mundividência cristãque se tornou cultura pelo menos nomundo ocidental”, sublinha o padreAlexandre Palma sobre o queconsidera “uma meia derrota e meiavitória”.

69

Page 36: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Presépios como espelho da vida

Na casa da escritora Alice Vieira sãoos presépios que ganham espaçonesta altura do ano, conforme os vaidesembrulhando e montando.Criada com “tios-avósprofundamente laicos e ateus” aescritora recorda que “os presépiosnão eram visita lá de casa”.Passou a adolescência e ajuventude; depois casou e opresépio ganhou um lugar dedestaque num momento

marcante da sua vida.“Casei com um homemprofundamente comunista e católico.Nesse primeiro Natal já estavagrávida e, como não me podialevantar, ele arranjou um presépiopara eu ter na minha mesinha decabeceira”, explicou à AgênciaECCLESIA.Foi este o quadro que deu a AliceVieira o entendimento que cada

70

presépio tem um laço de afetividadee “não são só uns bonecos queestão ali”.A escritora vai mais longe e esteano tem tentado com os filhos etambém com os netos fazer oparalelismo da atualidade com afamília de Nazaré de há 2000 anos.“Levar a pensar neste grandeproblema dos refugiados e dosdeslocados. Onde é que vão nasceras crianças? E como é quenascem? E que não têm nada? Eque se pode comparar com oMenino que nasceu e não tinhanada. Está na altura do presépiomostrar que o Natal ser mais do queconsumismo e correrias”.E é sem correrias mas muito métodoe organização que Alice Vieira vaitirando das caixas os presépios, asua paixão, e espalhando-os portoda a casa. São algumas dezenas,vindos de vários sítios, oferecidospor amigos ou enviados por leitores.Casa representação do nascimentotem uma história.“O último presépio que recebi foifeito por um amigo médico pediatrae ri-me imenso, é um dos maissimples que tenho. É a manjedoura,o S. José,

Nossa Senhora e o Menino feito compauzinhos de ver a garganta àscrianças… E isso vem daimaginação, gosto e alegria de fazereste tipo de trabalho”.Os presépios são para a escritoratambém uma forma olhar osrecomeços de vida e os presépiossão “espelho disso: com quemestou, onde estou, as casas ondevivo”.“Sei perfeitamente porque tenhoeste e aquele presépio, porque éque aquele é assim, porque cadaum corresponde a uma etapa daminha vida”. Nesta época do Natal Alice Vieiranão dispensa a presença,companhia e alegria das crianças eapesar da neta mais velha já ter 12anos, “considera-os semprecrianças”.“Participarem na montagem dospresépios, estarmos juntos nestaaltura, uma vez que vivem fora, éaproveitarmos tudo; e é o melhorque tenho no Natal”, conclui.

71

Page 37: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Pergunta sobre Deus no Cinemaatrai crentes e não crentesA expressão de Deus na linguagemcinematográfica é um trabalho queatrai crentes e não crentes havendodiferentes formas de interpretação“mais literal” ou “subjetiva”, defendea especialista católica Inês Gil.Para a docente de cinema efotografia na UniversidadeLusófona, os não crentes sentir-se-ão “tocados pela questão de Deusquando ela é colocada num filmemas de forma implícita”.“Quando há uma tentativa de figurarDeus, isso afasta os não crentes. Aquestão da liberdade é muitoimportante e a pergunta atrai mais”,sublinha a também membro daequipa de cinema do SecretariadoNacional da Pastoral da Cultura.Questionada sobre a presença deDeus no cinema não confessional, adocente recorda palavras de umacrítica francesa Sylvie Pierre, atualeditora-chefe da revista Trafic, ateiae não crente - que afirma que arelação entre cinema e religião foisempre uma questão apaixonante -,mas Inês Gil sublinha que estaexpressão será sempre “subjetiva” epassível de “interpretações”.

Na realização “não há regras, tudo élivre”.A cineasta recorda Rosselini que“enquanto crente” utilizava o mundotal “como ele se apresenta, na suabanalidade, luminosidade, semdramatismo, uma luz uniforme quenão privilegia ninguém”.Já Bergman, que tinha “uma relaçãopouco pacífica com a instituiçãoeclesial e com a religião”, procura“dramatizar, utilizar os efeitos daimagem”.O tempo e o silêncio, “muitas vezesassociados à interiorização econtemplação”, surgem como“formas que podem ser usadas nocinema para um questionamentosobre Deus e a religião”.Para Inês Gil, o “interessante nocinema” é a diversidade queapresenta na “expressão de Deus”,sendo este um trabalho presenteessencialmente “no cinemaindependente”.“Há muitos realizadores que nãosendo crentes sentem-se tocadospor estas questões, pela perguntaexistencial. Esta é uma realidadepresente sobretudo no cinemaindependente. Mas não há um

72

grande mercado”, observa.A linguagem cinematográfica é“extremamente favorável” a umdiálogo entre crentes e não crentes.Inês Gil assinala a “abertura” daIgreja católica ao participar, atravésda atribuição do prémio Árvore daVida, no festival de cinema IndieLisboa.“Assistimos a um acolhimento dasnovas tecnologias da expressão daespiritualidade por parte da Igrejacatólica”, mas admite a docentehaver um “anticlericalismo primário,pouco interessante, mas muito

presente” no cinema.As programações dos festivais decinema vão também mostrandodiversidade e abertura: “Isso mostraque não há um cinema espiritual, hávários filmes e várias formasespirituais. E isso é que torna arelação entre o cinema e otranscendente muito rica”.Inês Gil gostaria de ver aintervenção da Igreja de forma mais“ativa e visível”, lamentando a“timidez” e a ausência de um diálogo“pleno, aberto e livre”.

73

Page 38: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Liberdade na literaturapotencia encontros com Deus

O crítico literário Pedro Mexia afirmaque a liberdade dos escritores nacomposição de um texto potencia osencontros com o “transcendente” eque o critério de escrita deve ser a“qualidade literária” e não aconfessionalidade. “Trata-se de ummultiplicador de descobertas

individuais, que são dificilmentearregimentadas, catalogadas,quantificáveis, mas que potenciam apossibilidade do encontro. Deusestá aí”, afirma à Agência ECCLESIAo crítico literário e comentadorPedro Mexia, questionado sobre apresença de Deus na literatura não-confessional.

74

Os escritos chegam na forma de“perguntas, ansiedades”, que sãocomuns a todo o ser humano, queé, acredita o comentador político,“uma criatura potencialmentereligiosa” mesmo quando “sublima oimpulso religioso noutrasdimensões”. O assessor cultural daPresidência da República afirmaque todo o ser humano faz “asmesmas perguntas” sobre a vida, amorte, o amor, a solidão, o desejo,“podendo encontrar diferentescaminhos para as respostas”.Para isso a liberdade é essencial,acrescenta: “Nunca o gesto religiosofoi tão livre porque já não émaioritário, hegemónico, obrigatório.É mais caótico, claro, porquepermite uma espiritualidade difusa,mas apresenta uma multiplicidademaior de caminhos em liberdade. Eo facto de haver mais caminhos emliberdade, penso que se trata deuma oportunidade e uma bênção”.Para Pedro Mexia, a qualidadeliterária da obra ultrapassa a sua“confessionalidade”. “Hoje lemosSão João da Cruz (poeta místico efrade carmelita, ndr) porque é umgrande poeta, não por ser católico.A intemporalidade é marcada pela

literatura mais do que pelaespiritualidade”, precisa.Outro exemplo mencionado é o dePaul Claudel, "genericamenteconsiderado o maior poeta católicofrancês do século XX", que seconverteu ao cristianismo lendoArthur Rimbaud. "Não há nada nasconvicções ou no que Rimbaudescreveu que tenha qualquer coisaa ver com o catolicismo. Isso mostraque as pessoas encontram o seucaminho de forma inusitada",sublinha, reforçando que umapessoa pode não ter fé e escreversobre a fé."Alguns autores em que a ideia dosagrado é mais forte no século XXnão são pessoas religiosas nosentido canónico", reforça.Segundo o assessor cultural dapresidência da República, a "ideiade Deus" não esmoreceu naliteratura: "A ideia de Deus éabsolutamente é transversal,intemporal, e ao contrário do queparece acontecer, não esmoreceu.Manifesta-se de formas diferentes,diminuiu no laço de pertença, masno fundamental, mesmo com osavanços da ciência e uma visãomais laicista no ocidente, essadimensão não desapareceu".

75

Page 39: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Um presépio com o Papa, no meiodas compras de NatalUm grupo de leigos católicosdinamiza há 16 ediçõesconsecutivas o projeto ‘Presépio naCidade’ que este ano trouxe aoChiado, em Lisboa, a figura do PapaFrancisco, na representação donascimento de Jesus.“Temos vindo a transformar umpresépio que era muito bonito, muitogrande e luminoso numa coisa maispequena, mais próxima da realidadee que nos dê a possibilidade deviver dentro do presépio”, afirmouSofia Guedes à Agência ECCLESIA.

A edição deste ano apresenta cincofiguras tradicionais do presépio - oanjo, Maria grávida, São José, umpastor, a vaca e o burro – e um“convidado”, o Papa Francisco. “Éum pastor que anda no meio domundo”, disse Sofia Guedes,comentando “tem sido muitocurioso” ouvir os “comentários” dequem passa, como alguém quedisse que a cena tinha “o pastor doantigo testamento e o Papa querepresenta o novo”.Francisco está sentado à entrada

76

da casa que acolhe a família deNazaré e observa a cena tradicionaldo Natal, na qual as figurasremetem para o milagre da vida, emconcreto do nascimento de Jesus.“A gravidez dá ideia que já não temnada a ver com o homem, com anossa origem, é bom lembrar que opróprio Jesus quando se fez homemprecisou de uma mãe e foi em tudoigual a nós”, acrescentou aentrevistada.Com cinco objetivos, os leigoscatólicos que dinamizam o ‘Presépiona Cidade’ querem dar a conhecero Menino Jesus, à cidade de Lisboa,“e a todos os que nela vivem outrabalham, num espírito de paz,

alegria e simplicidade”.O projeto pretende também “repor overdadeiro sentido do Natal”, juntar“o maior número de pessoas” na Viada Alegria, uma procissão nas ruasde Lisboa, que “muitas grávidas”recebam a bênção da suamaternidade e “levantar bem alto osvalores da família e da vida”.O ‘Presépio na Cidade’ nasceu emLisboa no contexto do Jubileu doAno 2000 convidando a capitalportuguesa a “aproximar-se e aparticipar” do “grandeacontecimento” que é o Nascimentode Jesus e está presente tambémna internet, com um site e página narede social Facebook.

77

Page 40: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Solidariedade: Belém trocailuminações de Natal por alimentos

A Junta de Freguesia de Belémvoltou a não acender as luzes deNatal em 2016 e os custosassociados às iluminações vão serconvertidos em auxílio solidário aosmais carenciados.A ideia começou em 2012, com oinvestimento de 50 mil euros queera dedicado às iluminações a serconvertido em apoio alimentar.

No início, este auxílio concretizava-se em cabazes de alimentos queeram entregues às famílias, masatualmente, a ajuda consiste numcartão solidário como referiu àAgencia ECCLESIA o presidente daJunta de Freguesia de Belém.“É um cartão que a pessoa podegerir durante o ano inteiro para irbuscar

78

produtos essenciais que estãodefinidos numa lista, junto de umaconhecida cadeia desupermercados e assim beneficiardesta ajuda durante um ano inteiro”,refereFernando Ribeiro Rosa.O autarca reconhece que não éconsensual esta intenção da Juntade Freguesia em não instalariluminações de Natal, e até se dizdisponível para algum tipo deparceria com os comerciantes.Recorda, no entanto, que encontraessa luz no rosto das pessoas querecebem este auxílio: “Eu senti essebrilho de gratidão nos olhos daspessoas, e isso foi muitocomovente”.Contrariando a ideia de que na

freguesia de Belém "só vive genterica", Fernando Ribeiro Rosa indicamoradores "que já tiveram uma vidarazoável e agora vivem umasituação de muita carência".As famílias que já são apoiadas porinstituições como o Banco AlimentarContra a Fome, do Refeitório Socialda Freguesia ou o Re-food,recebem apenas apoio paraprodutos de higiene.Este auxílio destina-se a famíliascom rendimentos mensais inferioresa 419,20 euros e é prestado a nívelalimentar e de higiene.O cartão solidário chega este ano a220 famílias carenciadas dafreguesia de Belém.

79

Page 41: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

A luz de Natal é a que brilhadentro de cada um...

O padre Nuno Tavares é pároco emLisboa e acedeu ao convite danossa equipa de reportagem, paraum passeio pela Baixa da cidade.Com as iluminações natalícias e asmontras a tentarem sugerirpresentes, o desafio era identificarsinais que nos pudessem conduzirao Natal autêntico. Partimos assimcomo Magos em busca da estrelaque indica o caminho.Mesmo sendo padre e com o deverpastoral de centrar a festa no seu

verdadeiro significado, o padreNuno Tavares não esconde oagrado pelo fascínio visual que aquadra provoca. “Sempre gostei dascasas iluminadas na época de Natal,e gostei também quando essailuminação veio para as ruas...parecia que a rua, como a nossacasa, ficava mais acolhedora, maisbonita, e eu gosto muito de ver asluzes na rua”.Mas será possível perceber o Natalnessas luzes? “Pois assim já é umbocadinho mais difícil...” refere

80

o padre Nuno Tavares“encontramos estrelas, encontramoso menino Jesus, o simbolismo daárvore da vida... mas na maioriados casos se não soubéssemos oque é o Natal também nãoficaríamos a saber olhando amaioria das iluminações”.Este sacerdote assume mesmo orisco de tantas luzes nos ofuscaremo sentido do verdadeiro Natal,“particularmente outras luzes quenos atraem muito, as luzes queestão nas vitrinas em nós ficamosmergulhados nessa vertigem dospresentes”.Mas o padre Nuno lembra que ospresentes que se dão são um sinalde que nos tornamos presentespara essa pessoa. “Dou presentesquando não posso ser eu opresente, porque o melhor presentesomos nós tal como foi o meninoJesus para nós. Os presentes sãobonitos, mas às vezes parece queandamos presos a prendas que eurecebi também tenho que dar, etenho que dar àquele e depois eletambém tem de dar a mim... e issoàs vezes é uma confusão muitogrande”.No itinerário pelas luzes natalíciasda cidade, lembrámo-nos dosmagos. Que sinal seguiriam elesperante a oferta visual quetínhamos diante de nós? “Nãopoderia ser nenhum

destes” reconheceu o padre NunoTavares que alertava para um facto,“olhando para estes sinais acho quecorremos o risco de ficarmos presosa eles e não pensarmos em maisnada... o mistério do Natal é outroe aí precisaremos de procurar outraluz, a luz que vem de dentro e queestá dentro de nós. Os magostambém perderam a estrela evoltaram a encontra-la, é um bomdesafio para nós”.Com os magos na conversa, elesque também transportavampresentes, percebemos que nosrepresentam também a nós. Paraeste sacerdote, nós também osacompanhamos nessa caravana emdireção ao menino. “Eu quero sermago” aponta o padre NunoTavares, “mas reconheço que àsvezes sou mais como os habitantesde Jerusalém que ficaram muitoassustados quando os magosperguntaram pelo menino”. Estepároco em Lisboa reconhece quenos podemos distrair no meio detantas luzes... “as pessoas vãoatrás, querem divertir-se fazer festa,é legítimo, mas para sermos magostemos que fazer escolhas, afinaleles eram só três e aqui nesta ruanós observamos uma multidão... quantas destas pessoas procuramessa estrela?”.

81

Page 42: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Presépio tradicional português querdestacar verdadeiro sentido do NatalA igreja de Nossa Senhora dosPrazeres, em Beja, está a mostrarao público, até dia 6 de janeiro, umpresépio tradicional português,numa iniciativa da diocese com aautarquia local para destacar overdadeiro sentido do Natal.Em entrevista à Agência ECCLESIA,o bispo de Beja realça que opresépio mostra “de forma plástica abeleza de Deus que ama”, que “vemao encontro” da humanidade, que“se faz homem”, criança, pararenovar em todos a “esperança” deuma vida melhor.Uma mensagem de “festa e alegria”que está em causa numa sociedadeatual que parece querer viver “semDeus” e por isso “desumaniza-se”.“A História recente mostra-o.Tiramos Deus e o relacionamentoentre as pessoas degrada-serapidamente, nós precisamos deDeus para sermos homens emulheres, seres humanos, parasermos pessoas”, frisa D. JoãoMarcos, cuja reflexão remete nãoapenas para realidades como aguerra ou a violência mas para odrama interior em que vivem hojemuitos homens e mulheres.

“A mim impressiona-me muito atristeza que as pessoas trazemespelhada no seu rosto. Em todosos lados, aqui no Alentejo também,pessoas que vivem uma vida semhorizontes, em que se fecham em sipróprias e aguentam até ondepodem, numa solidão assombrosa.E tem de vir algo de fora, JesusCristo, que vem libertar as pessoasdeste fatalismo”, complementa.O presépio da igreja de NossaSenhora dos Prazeres, em Beja, temcomo objetivo recolocar “no centro”do Natal o “nascimento de Cristo”,uma simbologia que corre o risco dese perder para o lado mais“comercial” desta quadra.“A sociedade atual é demasiadoapressada, o próprio consumo está-se a querer apoderar de certamaneira desta manifestação”,aponta José António Falcão, diretordo Departamento do PatrimónioHistórico e Artístico (DPHA) daDiocese de Beja.Segundo aquele responsável, ahistória do presépio tradicionalportuguês remonta ao “século XVI” e“constitui uma das manifestações dacultura artística portuguesa, fazparte da

82

identidade nacional”. “No entanto”,este “legado” está hoje “em risco”,pois “já não são muitas as pessoas”dispostas a dedicarem-se a estaarte.Além da aposta na divulgação dopresépio tradicional português, aDiocese de Beja está apostada empreservar “estes conhecimentos”,de modo a que as novas geraçõespossam prosseguir com estetrabalho.“Esta experiência que aquirealizámos foi muito interessante,porque associámos a vários adultosque,

como voluntários, conceberam,projetaram e construíram opresépio, uma criança de seis anos,que será um elo desta continuidadeem que apostamos”, frisa JoséAntónio Falcão.O presépio tradicional português vaiestar exposto na igreja de NossaSenhora dos Prazeres, no centro dacidade de Beja, até dia 6 de janeiro,altura em que a iniciativa seráencerrada com um espetáculomusical, um ‘Cante ao Menino’.

83

Page 43: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Sagrada Família da Bordallo Pinheiromarca o Natal em Viseu

Uma escultura de grandesdimensões recria o ambiente dopresépio na rua Formosa em Viseu.As figuras artísticas desta “SagradaFamília” foram concebidas pelaunidade fabril Faianças ArtísticasBordallo Pinheiro, e oferecidas aoMunicípio de Viseu.A ideia nasceu há dois anos,quando o Presidente da Câmara deViseu lançou o desafio ao GrupoVisabeira que está sediado naregião. Almeida Henriques queriaum presépio que fosse específicoda cidade. “Há aqui um

trabalho de mais de dois meses, queenvolveu cerca de duas dezenas depessoas da Bordallo Pinheiro paracriar uma escultura que simboliza aprimeira peça bordaliana querepresenta a “Sagrada Família”,apontou Almeida Henriques.A obra escultórica pode serobservada na entrada do Mercado 2de maio, na rua Formosa, umaartéria pedonal no centro da cidade.O Presidente da edilidade refereque “em tempo de Natal este, acabapor ser um

84

gesto de amor porque foi toda umacomunidade que se mobilizou paraesta peça elaborada com grandededicação pelos artífices queparticiparam na sua construção”.Almeida Henriques acrescenta que“esta iniciativa permite que toda acomunidade de Viseu se envolva eparticipe, a cidade ganhou umadinâmica que está a atrair muitosvisitantes e isto é bom para todos”.Num momento em que asrepresentações natalícias parecem,por vezes, esconder o presépio,Viseu apresenta-o numa das suasruas mais movimentadas. OPresidente da Câmara afirma que“esta é uma

forma de assumir a matriz cristã quedefine a maioria da nossacomunidade, sem esquecer ainteração com as diversas igrejas eidentidades religiosas presentes emViseu”.As figuras do Presépio forammodeladas em grés de altatemperatura, na base de modelosem gesso. Pelo seu valor artístico, apeça está orçada em vários milhareseuros, mas foi oferecida aomunicípio pelo Grupo Visabeira queintegra as Faianças BordalloPinheiro e Vista Alegre. A “SagradaFamília” vai permanecer na ruaFormosa até ao dia 8 de janeiro.

85

Page 44: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

REPORTAGEM ECCLESIA

Igreja de São Francisco dá aconhecer presépios de todo o mundoA igreja de São Francisco em Évoraestá a promover uma exposição depresépios de todo o mundo,milhares de peças recolhidas aolongo dos anos pelo generalFernando Canha da Silva e a suaesposa. Em entrevista à AgênciaECCLESIA, o general Canha daSilva conta que começou com esteprojeto há cerca de 40 anos, “em1974 ou 75” e que a primeira peçada sua coleção era “um presépio dealtar de Estremoz, de um artesão dereferência na altura”.A sua “educação católica” e o“gosto pela arte” levaram-no acomeçar e desde aí nunca maisparou, com a ajuda da sua esposaFernanda, tendo já reunido “mais de2700 presépios” vindos de todos oscontinentes. “Desde miúdo que melembro de colaborar na paróquia napreparação do presépio por alturado Natal. Tenho presépiospequeninos grandes, mais valiosos,menos valiosos, procurando fazeruma cobertura mais alargadapossível, de modo a que as pessoaspossam ver como o nascimento deJesus é representado nos maisvariados países e costumes”, realçao colecionador.No último piso do convento de São

Francisco, os visitantes encontramduas galerias dedicadas ao temanatalício, uma com uma exposiçãopermanente de presépios e outracom uma mostra temporária, esteano dedicada ao continenteafricano.Depois de anos a fio a expor osseus presépios em Portugal e noestrangeiro, Fernando Canha daSilva encontrou um espaço própriopara dar a conhecer a sua coleçãoàs pessoas, desde 2015, a seguiràs obras de renovação da igreja edo convento de São Francisco emÉvora. “Estão cedidos à paróquia eirão ser doados à paróquia. É umbom contributo para completar oucomplementar a grande procura anível do turismo, da igreja de SãoFrancisco, da Capela dos Ossos”,aponta o general.Iraque, China, Rússia, Palestina,Afeganistão, Perú, Ruanda,Moçambique e Angola, Cabo Verde,Guiné-Bissau e Marrocos, sãoalguns dos países representadosnesta exposição.Em termos de materiais utilizados,encontramos desde o barroportuguês trabalhado até ao maisínfimo pormenor, até a outrosmateriais menos convencionaiscomo casca

86

de semente, madeira de pau-preto,caixas de fósforos, bagos de arroz,chifre de boi e miolo de figueira.“A iniciativa, o génio dos artesãosnão tem limites, aparecem as coisasmais incríveis”, frisa Canha da Silva.Para o pároco da igreja e doconvento de São Francisco, ospresépios ali expostos dão corpo aum autêntico “Evangelho vivo” que éposto à disposição dos visitantes.O objetivo é “dar a conhecer atodas as idades, a beleza e oencanto do Deus Menino, da suaMãe, de São José, visto pelo olharde muitos

artesãos de todo o mundo”,sustenta o padre Manuel da Silva.Depois da apresentação dospresépios africanos, o generalFernando Canha da Silva já temoutro trabalho em mente paraapresentar na ala de exposiçõestemporárias da igreja de SãoFrancisco. Centenas de figuras embarro, vindas de Itália, quecompõem um presépio enorme comvários episódios da vida da SagradaFamília, desde a Anunciação doAnjo a Maria ao diálogo de Jesuscom os doutores da lei, no templo, jácom 12 anos.

87

Page 45: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

O canto do Menino Jesus

www.cantodomeninojesus.org

A poucos dias de celebrarmos oNatal de Jesus, sugiro que mostremeste endereço aos mais novos, poisesta semana, o sítio que apresentochama-se o “Canto do MeninoJesus”. Este espaço, daresponsabilidade de um conjunto deleigos católicos do Patriarcado deLisboa, que criaram a iniciativa“Presépio na Cidade”,

procura “dar a conhecer o MeninoJesus à cidade de Lisboa e, a todosos que nela vivem ou trabalham,num espírito de Paz, Alegria eSimplicidade”, repondo assim overdadeiro sentido do Natal.Pretendem ainda, “deixar umamarca do Amor que os homens emulheres de Lisboa têm por Jesus epela Boa Nova que Ele é”,levantando assim “bem alto osvalores da

88

Família e da Vida”.Esta referência introdutória poderialevar-nos a pensar que o projectotem somente uma índole regional.No entanto, com a transposiçãodesta ideia para o ambiente digital,naturalmente que se alargou oespectro de possíveis visitantes. Istoporque, naturalmente, se pretendeatingir o maior número de pessoascom a mensagem da Boa Nova.Neste sítio, “poder-se-á descobrirvárias coisas, nomeadamente,descobrir mais sobre o Natal esobre o presépio”. Como o espaço édedicado aos mais novos, todo oambiente possui um designperfeitamente adaptado a essasidades, com cores vivas e umasimplicidade bastante eficaz,tornando-o um sítio de referência anão descurar para esta época doano.Em “actividades”, descobrimos uma“oficina” onde se encontramalgumas ideias e explicações para arealização de trabalhos maismanuais, tais como: presépios,estrelas e páginas para colorir.Temos uma opção que nos mostra ahistória do Menino Jesus, com umalinguagem simples e acessível eainda alguns poemas de Natal. Na“mochila dos Amiguinhos

do Jesus”, descobrimos umamochila que pode estar semprecheia com a seguinte bagagem:oração, palavra de Deus,celebrações e obras de caridade.Se quisermos descobrir como e oque temos de fazer para nostornarmos amigos de Jesus, bastaclicar em “amiguinhos de Jesus”. Porúltimo, uma breve palavra econselhos bastante úteis para “paise educadores”, onde se explicacomo é que podemos explorar edescobrir uma maneira diferente deviver o Natal.Aqui fica então a sugestão, visitem edivulguem este sítio pois, mesmonão estando próximos da capital,podemos participar activamenteneste projecto e acima de tudo“beber” desta ideia extraordinária.

Fernando Cassola [email protected]

89

Page 46: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

Ano A – Missa do Dia - Natal Aí está oDeusconnosco!

Celebramos hoje a Solenidade do Natal do Senhor, diade sublime apelo a acolher o Verbo de Deus. Todos osanos vivenciamos este mistério com renovada alegriae fecunda esperança. Sabemos que o nascimento deJesus é permanente, até dizemos que Natal é todos osdias. Daí a nossa vida cristã não ser de episódiosdesfasados e preceituais repetições, embora porvezes façamos dela uma itinerância com interrupções.Na Solenidade do Natal encontramo-nos com Deusque vem ao nosso coração, disponíveis para acolher oseu abraço de amor. Muitas vezes, porém, vemos, eaté colaboramos, no natal pagão do consumismo e dodesperdício, das prendas obrigatórias e nem sempresentidas, de tantos ritos e simbólicas que nos afastamdo essencial.O essencial é Deus connosco. As figuras de Maria ede José aí estão no presépio da vida, convidando-nosa ter o olhar centrado em Jesus, na essência dascoisas para quem prepara mesmo o Natal como deveser. Se assim for, não há estorvos que possamarredar-nos do caminho que vale: andar com oEmanuel, o Deus connosco.Sintonizemos com a liturgia da Missa do Dia de Natal,que nos convida a contemplar o amor de Deusmanifestado na incarnação de Jesus. Ele é o Verbo, aPalavra que vem habitar no meio de nós e nos oferecevida em plenitude, elevando-nos à dignidade de filhosde Deus.Acolhamos a Palavra que é o próprio Jesus, como luzque nos ilumina e transforma, eliminando tantas trevasque ofuscam a luz verdadeira: mentiras, oportunismos,violências, exploração dos pobres, miséria, limitaçõese atentados aos direitos e à dignidade da pessoa.Jesus, o menino do presépio que admiramos, é

90

para nós a Palavra suprema que dásentido à nossa vida, ou deixamosque outras palavras noscondicionem e nos induzam aprocurar a felicidade em caminhosde egoísmo, de alienação, decomodismo, de pecado?A terminar, convido-vos a meditaralgumas palavras de São LeãoMagno no Ofício de Leituras dehoje: «Hoje nasceu o nossoSalvador. Alegremo-nos. Não podehaver tristeza no dia em que nascea vida, uma vida que destrói o temorda morte e nos infunde a alegria daeternidade prometida. Ninguém éexcluído desta felicidade, porque écomum a todos

os homens a causa desta alegria:Nosso Senhor, vencedor do pecadoe da morte, não tendo encontradoninguém isento de culpa, veio paranos libertar a todos. Alegre-se osanto, porque se aproxima a vitória;alegre-se o pecador, porque lhe éoferecido o perdão; anime-se ogentio, porque é chamado para avida».Votos de santo e feliz Natal, paratodos vós e vossas famílias ecomunidades, com o coraçãocentrado no Deus connosco, que aíestá a iluminar as nossas vidas!

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

91

Page 47: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

Natal, tempo de colecção ou deVida?

Tony Neves Espiritano

Dizem que S. Francisco foi o primeiro a tentarilustrar, de forma plástica, como teria sido oprimeiro Natal. As figuras centrais eram fáceis deescolher, mas o ambiente de curral emanjedoura, as visitas e adoração de pastores emagos, os presentes destes…enfim, muitopoderia ficar dependente da criatividade esensibilidade de quem preparasse o presépio.Ao longo dos séculos, o Presépio tornou-seespaço de evangelização e podemos encontrar,em todos os povos e culturas, expressões destanoite de Natal. É inspirador visitar museus ousimples coleccionadores de presépios para fazeruma viagem no tempo e ir até Belém assistir aoprimeiro Natal.A história da Arte já regista grandes momentosde cultura, com escritores, pintores e escultoresa mostrar ao mundo, com todo o seu engenho etalento, presépios. Em Portugal, vale a pena daruma volta por algumas grandes Igrejas para vera beleza barroca dos presépios da EscolaMachado de Castro. E dou apenas um exemplo,um bom exemplo.Conheço diversas pessoas que coleccionampresépios. Como estamos num tempo em quemuita gente circula por esse mundo além, oscoleccionadores tentam convencer os seusamigos a trazerem sempre na bagagem um oumais presépios. E assim aumenta a colecção emquantidade, qualidade e diversidade, com Cristosde todas as cores, raças e expressões artísticas.

92

Quando entramos na casa de umcoleccionador ficamos com aimpressão que se abriram as portasde um museu que nos faz andardois mil anos na roda do tempo enos leva direitinhos á lapinha ondeMaria deu á luz o seu Filho único.Também percebemos logo que opresépio deixou de ser um conjuntode peças de armário que saem à luze ao pó apenas em Dezembro paralá regressarem em Janeiro! Nesta‘exposições’ improvisadas, oNascimento de Cristo ganha direitode cidadania e fica todo o ano comoelemento de decoração, de estéticae de evangelização, pois não sepode ficar indiferente a cenas comoa do Natal.Claro que para nós, cristãos, oPresépio não pode apenas serobjecto de cultura e estética.Também não

deve evocar apenas acontecimentosde há dois milénios sem impactosnos tempos que correm. Há Natalquando o Deus da justiça, da paz edo amor habita no coração dahumanidade. Sem esta dimensão, otempo do natal torna-se mais ummomento que aponta para oconsumismo que arrasa as nossasvidas, as atafulha de coisas semgrande valor e impede que vivamossegundo o essencial.Desejo um Santo e Feliz Natal ondenasça nos corações o Menino deBelém, portador da Paz e do Amorque faz do mundo um espaço ondea felicidade é para todos, semexcepção.

93

Page 48: Fermando Magalhães, Alfragide - agencia.ecclesia.pt · Na mobilidade forçada de homens e mulheres ... para valerem muito dinheiro! Hoje, parei um pouco mais a tentar ler um ...

94