Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol...

21
1 Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol Joel Saraiva Ferreira 1 , Petr Melnikov 1 , Ana Cristina Gomes de Lima 2 , Tatiana Soares 3 , Pablo Teixeira Salomão 3* 1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande/Brasil; 2 Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande-Mato Grosso do Sul; 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul- Campus Aquidauana, Brasil; *Correspondence: Pablo Teixiera Salomão, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul- IFMS, Aquidauana, Mato Grosso do Sul, Rua Cinco s/n, Vila Ycaraí, CEP 79200-000, Brasil. [email protected]. RESUMO Exercícios de resistência executados de forma prolongada podem alterar processos fisiológicos normais. O futebol é um exemplo de exercício de resistência por sua dinamicidade e intermitência, envolvendo atividades anaeróbicas e aeróbicas de alta intensidade. Desse modo, o atleta de futebol pode sofrer alterações no seu perfil específico de normalidade, que podem incluir modificações antropométricas, bioquímicas e minerais. O objetivo desse trabalho é qualificar e quantificar as alterações nos 1 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Transcript of Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol...

Page 1: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

1

Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas

de futebol

Joel Saraiva Ferreira1, Petr Melnikov1, Ana Cristina Gomes de Lima2, Tatiana

Soares3, Pablo Teixeira Salomão3*

1Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande/Brasil;2Secretaria Municipal de Saúde Pública de Campo Grande-Mato Grosso do Sul;3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul- Campus

Aquidauana, Brasil;

*Correspondence: Pablo Teixiera Salomão, Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Mato Grosso do Sul-IFMS, Aquidauana, Mato Grosso do Sul, Rua Cinco

s/n, Vila Ycaraí, CEP 79200-000, Brasil. [email protected].

RESUMO

Exercícios de resistência executados de forma prolongada podem alterar processos

fisiológicos normais. O futebol é um exemplo de exercício de resistência por sua

dinamicidade e intermitência, envolvendo atividades anaeróbicas e aeróbicas de alta

intensidade. Desse modo, o atleta de futebol pode sofrer alterações no seu perfil

específico de normalidade, que podem incluir modificações antropométricas,

bioquímicas e minerais. O objetivo desse trabalho é qualificar e quantificar as alterações

nos parâmetros antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas que praticam

atividades periódicas e sistematizadas de futebol. Como resultado, foram observadas

discretas diferenças para o colesterol HDL e triglicérides, quando comparados grupo

controle e atletas. Já em relação aos perfis minerais o estudo encontrou diferenças

significativas para o mineral magnésio e fósforo. Conclui-se que os indicadores

supracitados apesar de estarem dentro dos parâmetros de normalidade, podem fornecer

alguns indícios sobre o índice de agressão provocada pelas cargas de treino e

competição bem como de eventuais desequilíbrios minerais.

Palavras-chave: Marcadores antropométricos, bioquímicos, minerais, futebol.

12

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

Page 2: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

INTRODUÇÃO

Exercícios de resistência executados de forma prolongada podem alterar

processos fisiológicos normais, incluindo a indução de lesão muscular grave (Gonzáles-

Alonso & Calbet, 2003; Hoffman et al., 2013; Kupchak et al., 2013; Millet et al.,

2011), e, desequilíbrio nos níveis de fluidos e eletrólitos (Kupchak et al., 2014; Siegel et

al., 2008). O futebol é um exemplo de exercício de resistência por sua dinamicidade e

intermitência, envolvendo atividades anaeróbicas e aeróbicas de alta intensidade

(Miranda, 2008). Desse modo, o atleta de futebol pode sofrer alterações no seu perfil

específico de normalidade, que podem incluir modificações antropométricas,

bioquímicas e minerais (American College os Sports Medicine – ACSM, 2009; Nielsen

et al., 2003).

De modo geral, as alterações mais significativas impostas ao organismo durante

a realização de exercícios físicos se concentram nas modificações bioquímicas,

relacionadas ao aumento da demanda energética por parte dos músculos envolvidos, os

quais requerem maior suprimento tecidual de oxigênio e de nutrientes, podendo

repercutir nos parâmetros relacionados às condições atléticas e à saúde (Coswig et al.,

2013; Haskell & Kiernan, 2000).

A obtenção do desempenho de alto nível se relaciona intimamente com a forma

e funções corporais que podem ser abordadas a partir de métodos não invasivos que

proporcionam parâmetros quanto ao nível de aptidão física dos atletas (Coswig et al.,

2013; Franchini et al., 2011). Por outro lado, análises de parâmetros sanguíneos

fornecem dados bioquímicos e hematológicos dos atletas, que refletem informações

desde a assimilação do programa de treinamento à saúde geral dos atletas, que

possibilitam melhor entendimento de como o organismo está se adaptando à prática

esportiva (Paiva, 2010). Já que, a composição do plasma expressa de modo fidedigno o

estado metabólico dos tecidos, de forma a avaliar possíveis lesões, desequilíbrios

metabólicos específicos ou de origem nutricional (González & Scheffer, 2003).

Os minerais são essenciais para a vida e suportam uma série de reações

bioquímicas intensificadas com o exercício físico. Dentre os minerais ganham especial

atenção o magnésio, cálcio e fósforo por desempenharem funções metabólicas, como a

produção de energia, manutenção da saúde óssea, proteção contra oxidação celular e

controle do metabolismo celular (ACSM, 2009). As necessidades nutricionais destes

minerais podem estar aumentadas em atletas devido ao aumento da deperdição

23

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50

51

52

53

54

55

56

57

58

59

60

61

62

63

64

65

66

67

Page 3: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

provocada pela sudação excessiva promovida pelo exercício físico exaustivo e/ou pela

frequente exposição a condições adversas do envolvimento (Miranda, 2008).

Nesse sentido, objetivou-se qualificar e quantificar as alterações nos parâmetros

antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas que praticam atividades periódicas e

sistematizadas de futebol. O estudo destes indicadores pode fornecer alguns indícios

sobre o índice de agressão provocada pelas cargas de treino e competição bem como de

eventuais desequilíbrios minerais que podem se desenvolver ao longo da época

desportiva de futebol que chega a ser superior a dez meses ininterruptos de atividade.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo analítico observacional transversal, com

abordagem quantitativa (Hochman et al., 2005). Foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

(CEP/UFMS) (protocolo nº 1168) (Ministério da Saúde, 1996).

Para a coleta dos dados, todos os sujeitos receberam informação sobre os

propósitos e procedimentos da pesquisa, assim como possíveis benefícios e transtornos

causados pela mesma, momento anterior à entrega do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido – TCLE para assinatura.

Participaram 100 indivíduos voluntários do sexo masculino com faixa etária

entre 18 e 35 anos (faixa adulta) e foram alocados em dois grupos:

(i) Grupo Atletas (ATL); formado por 60 atletas jogadores de futebol de três, dos

quatro clubes sediados no município de Campo Grande, que regularmente

disputam o campeonato estadual de Mato Grosso do Sul. São atletas cujo

treinamento desportivo tem a periodicidade mínima de cinco vezes por semana

e pelo menos 60 minutos de duração cada sessão, além de não terem reportado

interrupção dos exercícios num período maior que sete dias consecutivos nos

últimos três meses.

(ii) Grupo Controle (CON); formado por 40 estudantes universitários do curso de

Educação Física do Instituto de Ensino Superior da Fundação Lowtons de

Educação e Cultura - FUNLEC, todos os voluntários foram classificados como

“sedentários” (menos de 150 min por semana de atividades físicas moderadas

e/ou vigorosas), segundo Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ

– versão curta) (Booth & Lees, 2006).

34

68

69

70

71

72

73

74

75

76

77

78

79

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

100

101

Page 4: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

Todos os envolvidos foram avaliados individualmente em relação aos

parâmetros da pesquisa com profissional da área específica. Inicialmente, foi aplicada a

anamnese, a qual registrou as características demográficas (idade, tempo de prática,

estatura e massa corporal, percentual de gordura), e, juntamente com a coleta sanguínea,

foi aplicado o IPAQ, com o objetivo de quantificar o nível de atividade física dos

mesmos.

Avaliações bioquímicas e minerais

Para as avaliações bioquímicas os participantes seguiram as recomendações da

IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemia e Prevenção da Aterosclerose devido à análise

do perfil lipídico (Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007).

Todas as coletas foram realizadas no mesmo dia, por profissional formado em

Farmácia e Bioquímica, com experiência de três anos nos procedimentos e que

dominava as técnicas relacionadas à punção e acondicionamento sanguíneo.

A partir de flebotomia venosa de membro superior dos sujeitos, foram coletados

10 ml de sangue (Booth & Lees, 2006; Degoutte et al., 2003; Kraemer et al., 2001;

Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2007; Umeda et al., 2008), pela manhã, entre as

09h e 12h, sendo as amostras imediatamente distribuídas em tubos à vácuo contendo os

aditivos conforme a finalidade da análise laboratorial da marca VACUETTE®,

obedecendo à ordem estabelecida pela CLSI (Clinical and Laboratory Standards

Institute) (Kiechle et al., 2010). Obteve-se soro e plasma por centrifugação a 3000

rpm/10mim, sendo descartadas todas as amostras com sinal de hemólise.

As determinações de Glicose, colesterol com suas frações, triglicérides, foram

realizadas a partir de sangue/EDTA-K3 por processo de automação (SYSMEX XS

1000i®). Já as dosagens de magnésio, cálcio e fósforo foram obtidas através de plasma

fluoretado (NaF).

Na análise dos resultados das dosagens de minerais utilizaram-se os parâmetros

propostos por Burtis et al. (2006), os quais incluem valores normativos (mínimo e

máximo) para a saúde humana em adultos.

Os dados apresentados de forma descritiva foram expostos em tabelas com valor

mínimo, valor máximo e intervalo de confiança de 95% para a média. Para a

comparação das médias do grupo CON e do grupo TRE, para uma mesma variável,

aplicou-se o teste t de Student. Na análise de correlação entre as variáveis utilizou-se o

45

102

103

104

105

106

107

108

109

110

111

112

113

114

115

116

117

118

119

120

121

122

123

124

125

126

127

128

129

130

131

132

133

134

Page 5: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

teste de correlação linear de Pearson (Minayo, 2004; Thomas & Nelson, 2002). Estas

análises foram realizadas de forma que todas as correlações possíveis fossem testadas.

O p-Valor adotado foi ≤ 0,05 em todas as análises e os dados foram processados

usando o programa estatístico BioEstat 5.0.

RESULTADOS

O grupo CON realizava apenas atividades físicas de forma esporádica, com

média semanal de 0,8 horas [IC 95%: 0,6; 1,0] e apresentou a média de 23,5 ± 3,7 anos

de idade [IC 95%: 18,0-35,0] (Tabela 1).

O grupo ATL tinha valores médios de carga horária de treinamento semanal de

24,7 horas [IC 95%: 22,3; 27,1], já para variável idade, o grupo apresentou média de

22,5 anos [IC 95%: 21,5; 23,5] (Tabela 1).

FALTOU FALAR DO IMC E GORDURA CORPORAL

Tabela 1. Medidas descritivas (médias ± Dp), valores mínimo e máximo da idade, tempo de

prática e medidas antropométricas de atletas de futebol de Campo Grande-MS.

Variável Atletas (n=60) Valores mínimos e

máximos

Idade (anos) 22,3±3,7 [18,0-35,0]

Tempo de prática (anos) 24,8±9,3 [22,3–27,1]

Peso corporal (kg) 70,6±7,2 [57,2–88,4]

Estatura (m) 1,8±0,1 [1,62–1,91]

IMC* (kg/m2) 22,9±1,9 [18,7–26,7]

Gordura corporal (%) 10,5±3,2 [6,2-20,6]

*IMC = índice de massa corporal.

Os valores médios de todas as variáveis bioquímicas analisadas no grupo ATL

são considerados adequados para a saúde humana de acordo com os valores de

referência dispostos na Tabela 2. Contudo, na glicose, colesterol total e colesterol HDL

há indivíduos que não se enquadraram em tais padrões, o que pode ser observado pelos

valores mínimos e máximos destas variáveis.

56

135

136

137

138

139

140

141

142

143

144

145

146

147

148

149

150

151

152

153

154

155

156

157

158

159

160

Page 6: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

Já os valores bioquímicos das mesmas variáveis no grupo CON, mostraram-se

alterados em todas as variáveis analisadas (Tabela 2). Dentre estas, o colesterol HDL

(35,0%) é o que teve maior percentual fora dos padrões considerados adequados à saúde

humana. Na sequência estão triglicérides (27,5%), colesterol total (10,0%), glicose

(7,5%) e colesterol LDL (2,5%).

Os valores médios dos minerais analisados no grupo ATL enquadram-se como

adequados à saúde de acordo com os valores de referência apresentados na Tabela 2.

Ocorrendo alterações apenas nos minerais magnésio e fósforo, com valores mínimos

abaixo dos padrões, e no cálcio, com valor máximo acima da referência. Esses

percentuais foram baixos em relação ao grupo, tanto no excedente de cálcio (1,7%),

quanto no déficit de magnésio (5,0%) e de fósforo (1,7%).

Já na dosagem de minerais do grupo CON apresentou alteração apenas na

variável fósforo, na qual os indivíduos foram classificados como deficitários. Contudo,

essa alteração representou um elevado percentual (77,5%) em relação ao grupo todo.

Tabela 2. Dados bioquímicos e minerais em atletas de futebol, comparados com grupo

controle.

Variável Valores de

referência*

Atletas

(n=60)

Controle

(n=40)

p-Valor

Bioquímica (ml/dl)

Glicose <110 85,6±7,6 87,5±7,8 NS

Colesterol total <200 152,6±26,8 165,9±113,

8

0,0244

Colesterol HDL >60 50,6±7,6 41,9±39,1 < 0,0001

Colesterol LDL <100 86,4±24,6 99,2±33,6 0,0196

Triglicérides <150 77,0±55,6 118,1±7,7 < 0,0001

Minerais (ml/dl)

Magnésio 1,7-2,6 1,9±0,2 2,1±0,2 < 0,0001

Cálcio 8,6-10,2 9,4±0,4 9,4±0,3 NS

Fósforo 2,5-4,8 3,5±0,6 2,3±0,5 < 0,0001

NS: valor de p não significativo (p>0,05).

67

161

162

163

164

165

166

167

168

169

170

171

172

173

174

175

176

177

178

179

Page 7: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

* (Burtis et al., 2006)

DISCUSSÃO

O exercício físico bem como o treinamento podem causar diversas modificações

hematológicas em resposta ao estresse provocado pelas atividades e alterações no estado

nutricional, logo é possível avaliar alterações no perfil metabólico, decorrentes da

diferença no transporte de gases, déficits nutricionais e surgimento de diversas infecções

(Monteiro et al., 2006). Esforços físicos prolongados e de forma intensa podem

ocasionar alterações do ponto de vista bioquímico, sendo importante o monitoramento,

a fim de evitar danos à saúde (Jäger et al., 2007; Jones & Ledford, 2012; Kupchak et

al., 2013; Kupchak et al., 2014; Vigne et al., 2010).

A Tabela 2 demonstra a glicose plasmática, triglicerídeos e colesterol dentro dos

níveis recomendados para os dois grupos não tendo diferenças significativas

corroborando com os achados de Oliveira et al. (2010) e Degoutte et al. (2004).

No metabolismo da glicose, o que difere atletas das pessoas sedentárias é a

quantidade desse nutriente usada na formação de moléculas de alta energia; infere-se

que o nível de experiência, a longo prazo, não influencie nas concentrações de glicose,

triglicerídeos, colesterol, corroborando com outros estudos como de Oliveira et al.

(2010) e Degoutte et al. (2003). EU AINDA ACHO SEM SENTIDO ESSE

PARÁGRAFO! EM ESPECIAL A ÚLTIMA FRASE, A EXPERIÊNCIA ESTÁ

LIGADA À CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE , TG E COLESTEROL??!

Na dosagem de minerais (Tabela 2), o magnésio e o fósforo diferiram

estatisticamente entre os grupos analisados, sendo o primeiro íon com média mais

elevada no grupo CON e o segundo com maior média no grupo de ATL.

Alterações nas concentrações séricas de minerais podem ser decorrentes da

prática de esforços físicos, conforme demonstrado por Meludu et al.(2002) , onde foram

avaliados indivíduos que realizaram exercícios anaeróbios e identificaram alterações na

concentração de potássio, zinco, magnésio e cálcio, sendo que as principais

modificações na concentração sérica desses eletrólitos foram notadas pelos

pesquisadores nas mensurações realizadas no período logo após o término dos

exercícios.

Importante ressaltar que o magnésio participa de processos bioquímicos do

metabolismo celular de rotina, como a condução neural e formação dos dentes, mas

também tem papel primordial em ações que estão diretamente ligadas a contração

78

180

181

182

183

184

185

186

187

188

189

190

191

192

193

194

195

196

197

198

199

200

201

202

203

204

205

206

207

208

209

210

211

212

213

Page 8: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

muscular e, consequentemente, ao exercício físico, como os processos catabólicos dos

macronutrientes e a síntese protéica (Meludu et al., 2002).

O exercício estimula a ação de osteoblastos na epífise óssea, que induz a uma

maior captação de magnésio para fortalecimento ósseo mediante a formação de

hidroxiapatita juntamente com cálcio e fósforo, corroborando os resultados encontrados

no presente estudo e que coincidem com os encontrados por McArdle et al. (2006),

Watt et al. (2002), e, Webster et al., (2002).

Atletas com déficit em magnésio representam potenciais complicações

metabólicas relacionadas aos momentos de catabolismo e anabolismo celular, uma vez

que o elemento interage com macronutrientes em processos aeróbios e anaeróbios de

contração muscular, acarretando redução do desempenho esportivo e afetando

diretamente o sistema imunológico (Alexander et al., 2008; McArdle et al., 2006). Uma

dessas possíveis complicações está relacionada à regulação glicêmica, tendo em vista

que o magnésio tem envolvimento com a secreção de insulina. Neste caso, pode haver

uma utilização inadequada da glicose plasmática, predispondo o indivíduo a

desenvolver resistência à insulina e, em casos mais graves, levar a um quadro de

diabetes (ACSM, 2009).

Conforme já apresentado, o fósforo, no grupo ATL, teve média superior aos

indivíduos do grupo CON. De acordo com Whitney e Sizer (2006), esta boa condição

homeostática de fósforo, especificamente no grupo ATL, pode estar relacionada a

influência sofrida por este mineral de outros elementos biológicos, como a insulina e o

glucagon. Seguindo este raciocínio, é possível inferir que a maior demanda de

produção de moléculas de adenosina trifosfato e de creatina fosfato, por parte de atletas,

não representa necessariamente uma condição de risco de deficiência de fósforo, pois a

regulação biológica do íon supre tais demandas (Whitney & Sizer, 2006).

Vale ressaltar que o fósforo é componente essencial na formação óssea, do

mediador intracelular monofosfato de adenosina (AMP) cíclico e dos compostos

intramusculares de alta energia. Durante a atividade física tem-se uma diminuição de

fosfato plasmático, pela regeneração de ATP e intermediários de alta energia. A

participação do fósforo no fortalecimento ósseo, na medida em que a força mecânica

proporcionada pelo exercício estimula a atividade osteoblástica.

O estresse mecânico provocado pelo exercício diminui as concentrações séricas

de fósforo para maior formação ou regeneração óssea dentro da matriz óssea,

principalmente em atividades que tenham maior tração óssea (Whitney & Sizer, 2006).

89

214

215

216

217

218

219

220

221

222

223

224

225

226

227

228

229

230

231

232

233

234

235

236

237

238

239

240

241

242

243

244

245

246

247

Page 9: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

No entanto, a análise dos dados apresentados na Tabela 2 difere da literatura encontrada

sobre o metabolismo do fósforo permitindo verificar que para este momento de

treinamento os atletas apresentam um excelente quadro de resposta da homeostasia do

fósforo após treinamento.

No presente estudo, os valores médios de cálcio foram idênticos nos dois grupos,

apesar de um deles realizar regularmente exercícios físicos. É possível, desta forma, que

a alteração na concentração de alguns minerais só ocorra de forma aguda, ou seja, logo

após a realização do esforço físico, sem que isso se torne uma condição permanente no

organismo do desportista, conforme descrito no estudo de Meludu et al. (2002).

Além disso, o eficiente sistema de controle da homeostase do cálcio também

pode explicar o fato de não haver diferença na quantidade desse elemento no presente

estudo, comparando atletas e grupo controle, fato este corroborado por Murray et al.

(2003).

Com isso, entende-se que a suplementação com tal elemento só é necessária se

houver carência diagnosticada clinicamente. Esta mesma consideração foi feita por

Steingrimsdottir et al. (2005) após desenvolverem um estudo com 944 indivíduos

adultos saudáveis na Islândia, no qual observou-se que o estado nutricional desse

mineral nos participantes era adequado, com raras alterações séricas.

CONCLUSÃO

A prática regular de exercícios físicos em atletas de futebol favorece a formação

de um perfil bioquímico diferente daquele de indivíduos sedentários, no entanto, não

repercute significativamente no seu metabolismo mineral.

REFERÊNCIAS

FALTA VERIFICAR A FORMATAÇÃO DAS REFERÊNCIAS (SE ESTÃO

PADRONIZADAS E SE TODAS FORAM CITADAS!)

Alexander RT, Hoenderop JG, Bindels RJ. Molecular determinants of magnesium

homeostasis: insights from human disease. J Am Soc Nephrol 2008;19(1):1451-

1458.

910

248

249

250

251

252

253

254

255

256

257

258

259

260

261

262

263

264

265

266

267

268

269

270

271

272

273

274

275

276

277

278

279

280

Page 10: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

American College of Sports Medicine – ACSM. Nutrition and athletic performance.

2009;41(3):709-731.

Booth FW, Lees SJ. Physically active subjects should be the control group. Med Sci

Sports Exerc. 2006 38(3):405-6.

Brasil. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos;

Resolução 196 de 10 de outubro de 1996. En: Conselho Nacional de Saúde,

editor. Brasília: Ministério da Saúde; 1996.

Brasil. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos;

Resolução 251, de 05 de agosto de 1997. En: Conselho Nacional de Saúde,

editor. Brasília: Ministério da Saúde; 1996.

Burtis CA, Ashwood ER, Bruns DE. Tietz Textbook of clinical chemistry and

molecular diagnostic. 4 ed. Amesterdan: Elsevier; 2006.

Canali, E. S.; Kruel, L. F. M. Respostas hormonais ao exercício. Revista Paulista de

Educação Física, São Paulo, v. 2, n. 15, p. 141-153, jul./dez. 2001

Coswig VS, Neves AHS e Del Vecchio, FB. Efeitos do tempo de prática nos parâmetros

bioquímicos, hormonais e hematológicos de praticantes de jiu-jitsu brasileiro.

2013. Rev Andal Med Deporte. (1):17-23.

Degoutte F, Jouanel P, Filaire E. Energy demands during a judo and recovery. Br J

Sports Med. 2003;37(3):245-9.

Degoutte F, Jouanel P, Filaire E. Solicitation of protein metabolism during a judo match

and recovery. Science & Sports. 2004;19(1):28-33.

Franchini E, Del Vecchio FB, Matsushigue KA, Artioli GG. Physiological Profiles of

Elite Judo Athletes. Sports Med. 2011;41(2):147-66.

Fry A, Schilling BK, Fleck SJ, Kraemer WJ. Relationships between competitive

wrestling success and neuroendocrine responses. J Strength Cond Res.

2011;25(1):40-5.

Gonzáles-Alonso J; Calbet JAL. Reductions in systemic and skeletal muscle blood flow

and oxygen delivery limit maximal aerobic capacity in humans. Circulation.

2003;107:824-830.

González FHD, Scheffer JFS. Perfil Sanguíneo: Ferramenta de análise clínica,

metabólica e nutricional. En: González FHD, Campos RI,editores. Simpósio de

Patologia Clínica Veterinária da Região Sul do Brasil. Porto Alegre, Brasil:

Gráfica da Universidade Federal do rio Grande do Sul; 2003. p. 73-89.

1011

281

282

283

284

285

286

287

288

289

290

291

292

293

294

295

296

297

298

299

300

301

302

303

304

305

306

307

308

309

310

311

312

313

Page 11: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

Haskell, W.L.; Kiernan, M. Methodologic issues in measuring activity and physical

fitness when evaluating the role of dietary supplements for physically active

people. Am J Clinical Nutrition. 72(sup.1):541-550. 2000.

Hochman, Nahas FX, Oliveira Filho RS, Ferreira LM. Desenhos de pesquisa. Acta Cir

Bras 2005; 20 (sup1):1-9.

Hoffman MD, Hew-Butler T, Stuempfle KJ. Exercise- associated hyponatremia and

hydrationstatus in 161-km ultramarathoners. Med Sci Sports Exerc. 2013; 45:

784–791.

Insel P, Ross D, McMahon K, Bernstein M. Nutrition. 4 ed. Subdury: Jones & Bartett;

2010.

Jäger R, Purpura M, Kingsley M. Phospholipids and sports performance. J Int Soc

Sports Nutr 2007;4(5):1-8.

Jones NB, Ledford E. Strength and conditioning for Brazilian jiu-jitsu. Strength

Conditioning J. 2012;34(2):60-9.

Kanzaki M. Insulin receptor signals regulating GLUT4 translocation and actin

dynamics. Endocr J 2006;53(3):267-293.

Kiechle F, Betsou F, Blakeney J, Calam R, Catalasan I, Raj P, et al. Procedures for the

Handling and Processing of Blood Specimens for Common Laboratory Tests;

Approved Guideline. 4 ed. Wayne: Clinical and Laboratory Standards Institute;

2010.

Kraemer WJ, Fry AC, Rubin MR, Triplett-Mcbride T, Gordon SE, et al. Physiological

and performance responses to tournament wrestling. Med Sci Sports & Exer.

2001;33(8):1367-78.

Kupchak BR, Kraemer WJ, Hoffman MD, Phinney SD, Volek JS. The Impact of an

Ultramarathon on Hormonal and Biochemical Parameters in Men. Wild Environ

Med. 2014; 25: 278–288.

Kupchak BR, Kraemer WJ, Hoffman MD, Phinney SD, Volek JS. The Impact of an

Ultramarathon on Hormonal and Biochemical Parameters in Men. Wild Environ

Med. 2014; 25: 278–288.

Kupchak BR, Volk BM, Kunces LJ, et al. Alterationsin coagulatory and fibrinolytic

systems following an ultra-marathon. Eur J Appl Physiol. 2013; 113: 2705-2712.

Kupchak BR, Volk BM, Kunces LJ, et al. Alterationsin coagulatory and fibrinolytic

systems following an ultra-marathon. Eur J Appl Physiol. 2013; 113: 2705-2712.

1112

314

315

316

317

318

319

320

321

322

323

324

325

326

327

328

329

330

331

332

333

334

335

336

337

338

339

340

341

342

343

344

345

346

Page 12: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

McArdle WD, Katch FI, Katch VL. Essentials of exercise physiology. 3 ed. Baltimore:

Lippicott Williams & Wilkins; 2006.

Meludu SC, Nishimuta M, Yoshitake Y, Toyooka F, Kodama N, Kim CS, Maekawa Y,

Fukuoka H. Anaerobic exercise – induced changes in serum mineral

concentrations. Afr J Biomed Res 2002;5:13-17.

Millet GY, Tomazin K, Verges S, et al. Neuromuscular consequences of an extreme

mountain ultra-marathon. PLoS One. 2011; 6-17059.

Minayo, MC. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8º Ed. São

Paulo: Hucitec, 2004.

Miranda F.J.A. Estudo analítico das interações bioquímicas em jogadores profissionais

da I Liga Portuguesa, no decurso de uma época competitiva. Monografia

apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, 2008.

Miranda FJA. Estudo analítico das alterações bioquímicas em jogadores profissionais de

futebol da I Liga Portuguesa, no decurso de uma época competitiva. Monografia

apresentada na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Porto, 2008.

Monteiro AN, Bassini A, Cameron LC. Perfil hematológico e de reservas de

macronutrientes em jogadores de futebol em fase de pré-temporada. Fitness e

Performance. 2006;5(3):129-33.

Murray RK, Granner DK, Mayes PA, Rodwell VW. Harper’s illustrated biochemistry.

26 ed. New York: McGraw-Hill; 2003.

Nielsen, J.J. et al. Effects of high-intensity intermittent training on potassium kinetics

performance in human skeletal. The Journal of Physiology. 554(3):857-870.

2003.

Oliveira DCX, Rossano PI, Silva CNB. Effect of training judo in the competition period

on the plasmatic levels of leptin and pro-inflammatory cyokines in high-

performance male athletes. Biol Trace Elem Res. 2010;135(1): 345-54.

Paiva L. Pronto pra guerra: Preparação física específica para luta e superação. 2ªed.

OMP: Manaus; 2010.

Siegel AJ, Januzzi J,Sluss P, et al. Cardiac biomarkers, electrolytes, and other

analytesincollapsed marathon runners: implications forth e evaluation of runners

follow- ing competition. Am J Clin Pathol. 2008; 129: 948–951.

Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemia e

Prevenção da Aterosclerose. En: Departamento de Aterosclerose da Sociedade

Brasileira de Cardiologia, editor. São paulo: Arq Bras Cardil; 2007.

1213

347

348

349

350

351

352

353

354

355

356

357

358

359

360

361

362

363

364

365

366

367

368

369

370

371

372

373

374

375

376

377

378

379

380

Page 13: Ferreira et al_2015_Marcadores antropométricos, bioquímicos e minerais em atletas de futebol (Correção 30_3_15 versão pablo).docx

Steingrimsdottir L, Gunnarsson O, Indridason OS, Franzson L, Sigurdsson G.

Relationship between serum parathyroid hormone levels, vitamin D sufficiency

and calcium intake. JAMA 2005;294(18):2336-2341.

Thomas, J.R.; Nelson, J.K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3 ed. Porto Alegre,

Artmed Editora, 2002.

Umeda T, Yamai K, Takahashi I, Kojima A, Yamamoto Y, Tanabe M, et al. The effects

of a two-hour judo training session on the neutrophil immune functions in

university judoists. Luminescence. 2008;23:49-53.

Vigne G, Gaudino C, Rogowski I, Alloatti G, Hautier C. Activity profile in elite Italian

soccer team. Int J Sports Med 2010;31:304-310.

Watt MJ, Heigenhauser GJF, Dyck DJ, Spriet LL. Intramuscular triacylglycerol,

glycogem and acetyl group metabolism during 4 h of moderate exercise in man.

J Physiol 2002;541(3):969-978.

Webster, T. et al. Hydroxylapatite with substituted magnesium, zinc, cadmium, and

yttrium. II. Mechanisms of osteoblast adhesion.Journal of Biomedical Materials

Research New Jersey, v. 59, n. 2, p. 312-317, feb. 2002

Whitney E, Sizer FS. Nutrition: concepts and controversies. 11 ed. Belmont: Thomson

Wadsworth; 2006.

1314

381

382

383

384

385

386

387

388

389

390

391

392

393

394

395

396

397

398

399

400

401