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FflDIALËTICO4ESTÃGIOMÀIS )NOUSQM

SISTEMAS ACI.FJOPECUnuIA

Edmundo Gastai

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ENFOQUE DIAUTICO: UM ESTÁGIO MAIS AVA2ÇADO NO 1350 DE

SISTEMAS NA PESQUISA AGROPECUÁRIA

Edmundo Gastai

Tendo em conta que o objetivo básico da pesquisa agrope-

cuária & a obtenção de conhecimentos que perraitam aumen-

tar, continuamente, a efici?ncia econ6raica e social na

reaiizaçâo do processo produtivo na agricultura, se des-

taca a importância da incorporação da consci€ncia dia-

lética no trabalho de pesquisa. A partir da cotnparaç&o

entre Sistemas e Estruturalismo se estabelece a relação

do Método Estrutural com o Método Dialético e o Enfoque

de Sistemas. Finalmente se faz tima revisão dos princi-

pais aspectos envolvidos no uso da Diai&ica na pesquisa

agropecuéria.

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ABSTRACT. Dialetic approach: a more advanced step ou the use of agricultural re-

search systems. Considering that the basic objective aí agricultural rese&rch

and the attainment of knowiedge which will allow to increase, continuously,

the economic and social efficiency in the realization of tbe productive pro-

ceas in agriculture, the significance of the inclusion of the dialectic

conscience in research work should be pointed out. Thc relationship between

the Structural and Dialectic Methoda and the Systems Approach takes placa

when comparing Systems and Structiiralism. Pinaily, there is a revision of the

inain aspeces involved in the use ci the dialectie in agricultural research.

RESUMEN. Teniendo en cuenta que ei objetivo bésico de la investigaci6n agrope-

cuaria es la obtenci6n de conocinientos que perinitan aumentar, continuamente 1

la eficiencia econ6mica y social eu la realizaci6n dei proceso productivo en

la agricultura, èe destaca la -imporancia de la incorporac16n de la con-

ciencia dialéctica en cl trabajo de investigaci6n. A partir de la compara-

cián entre Sistemas y Estructuralismo, se establece la relaci6n dcl Método

Estructurni com ei MCtodo Dialéctica y com cl Enfoque de Sistemas. Final-

mente, se realiza una revis16n de los principales aspectos incluidos en ei

uso de la Dialéctica em la investigaci6n agropecuaria.

EDMUNDO CASTa, Engenheiro Agrónomo, com mestrado em Economia Rural (Viçosa),

Doutor em Ciências e Livre Docente da Universidade Federal de Pelotas.

Funcionario dei Instituto Interamericano de Ccoperaçãq para a Agricultura

(IICA) desde março de 1964. Foi Diretor Executivo da ElIERAPA (1973 - 1979),

atualmente é Diretor do Programa Cooperativo de Pesquisa Agrícola do Cone Sul

IICA/BID/PROCISUR, com sede em MontevidEu, Uruguai. Areas de nteresse

planejamento e administração da pesquisa agropecuária, política de cinc1a e

tecnologia, metodologia científica e filosofia da ciancia.

Agradecimentos:

O autor agradece as críticas enriquecedoras de Eliseu Alves, Ivan Sergio

Freire de Souza e Elísio Contini.

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1ntroduç10

o ojettvo pasico da pesquisa agropecuária é a obtençAo de conhecimentos que

permitam aumentar, conlinuaintnto, a efici6ncia econ&mica e social na realização do

processo produtivo na agricultuta Tendo eoo produto o conhecimento e como açilo

(trabalho) a pesquiss, está-se perante o conhcimento científico ; isto 6, aquele

que 6 alcançado rediantc a utilizaç3o do uCtodo da ciência, podendo consequente-

mente ser submetido a prova, enriquecer-se e inclusive ser superado mediante a

utilização do mesmo m5todo com a finalidade de alcançar objetivos previamente

determinados.

- Ouso do método científico e das t&nicas experimentais no estudo da agri-

cultura, t3n por finalidade increme.atar a disponibilidade de conhecimentos que

pmitem aumentar o poder e o domínio do homem sobre as forças e fenômenos que

contrclam a produção dc bens agropecuários. A pesquisa científica realiza-se como

conseqGencia do desconhecirncto que o homem tem do mundo; Ela se desenvolve a par-

tir da consciência de que se pode aperfeiçoar o acervo atual de conhecimentos,

melhorando a explIcaç5o e o controle doo probleuas e fen6menos que ocdrrem na

natureza.

t inerente ao espírito científico o recor'hecimento tcito de que conhecimento

atual do mundo é prcviR6rio e incompleto, P.econheciento cote que no invalidao

progresso científico nas, ao contrário, o justifica, o exige. O conhec1nnto e a

expei6ncia acumulada so importantes, porém devem ser um estímulo e um obs-

táculo à busca de novos conhecir?sntos. Conforme assinala Bachelard (1974), "Na

formação do espírito cjentffco, o primeiro obstáculo é es. !xperincia básica, é a

experiancia colocada iniciaimene e por cima da crítica enquanto que; esta sim, €

necessariamente um elemento lntegnnte do espírito científico",

£ c&modo para a preguiça intelectual refugiar-se no etpirismo, dizer que

um fato" e vedar-se a ±nvestigaçüo de uma lei. Por isto toda cultura científica

deve começar por uma catarse intelectual e afetiva. Surge assim a tarefa mais di-

fícil: p6r a cultura cier.tífica em estado de mobilização permanente, substituindo

o saber hermético e sotático por tgi conhecinnnto aberto e dtnmico; dialetizar

todas as variáveis experimentais e dar finalmente motivos para que a razão evolua,

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O conceito de instrumental da pesquisa científica t0 se limita apenas às

técnicas experimentais e aos instrumentos de que o cientjsta diapSe no labora-

t6rio. Conforme assinala Pinto (1969), estende-se igualnente às idéias gerais pe-

las quais se representa o estudo do mundo, às propriedades dos corpos, às leis da

natureza e às abstrações de ordem superiorO universo inteiro do conhecimento

matemático e filosófico constitui um conjunto de outros tantos determinantes do

trabalhõ sobre a natureza que influem na eiaboraçáo e disposição dos elementos do

ato pesquisador. As idéias funcionan como instrumentos de trabalho, a título aná-

logo aocdas ferramentas e artefatos materiais. Também elas, da mesma maneira que

os instrumentos de ltborat6rio, compendiam resultados de uma evolução cultural que

se vem realizando desde um passado imemorial e tm a garantia de verdade na com-

firmaflo prática que recebem todas as vezes que são postas à prova na funflo de

propor 5:. dirigir a experiência investigadora, recolhendo e interpretando os

resultados.

Por tudo isto, é muito suspeito o que se intitula pesquisador, quando comple-

tamente destituído de um mínimo de formação filosófica, exposto à falta de fani-

liaridade com o Método Científico e ao desconhecimento dos princípios básicos de

Lógiàa e da Dialética. Pode, talvez, por sua alta capacidade criativa, ser um

inventor.

Ë certó, os que trabalham com a pesquisa relacionada com o processo produtivo

agropecuário, tanto nas:.áreAs biológicas como os dedicados As ciencias sociais, em

geral, não se mostrammiiito receptivos às elocubrações teóricas e dispostos para

incursões nos fundamentos filosóficos de suas atividades. Na realidade estão mais

acostumados à coisas práticas, à ações concretas e às atividades mais objetivas.

Talvez seja justamente por isto que para buscar alguma suposta evidancia da

relação do enfoque de sistemas com o uso da dialética na pesquisa agropecuária, é

necessário lançar tngo: das semelhanças do enfoqua sistémico com o estruturalismo,

movimento intelectual importante na área de Ciencias HumanasA.

* Uma análise mais ampla e detalhada se encontra em Gastai (1985).

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O Enfoque de Sistemas

Na atualidade, a id€ia de sistem& entrou no vocabulário de muitas disciplinas

atravás: da "Teoria Grai de Sistemas". Elementos desta teoria sáo encontrados no

estruturalismo linguístico iniciado por Ferdivan&de Saussure (1857 - 1913), na

teoria psico16gica da forma ou da estrutura nas pesquisas bio16gicas de Paul A.

Weisa e outros. A teoria se desenvolveu, principalmente, a partir da chamada "bio-

logia organísmica" cultivada por Ludwing von Sertalanffy (1901 -. 1972), discípulo

de Paul A. Weles, como estudo de sistemas biológicos. Tanto a teoria geral de sis-

temas como as concepções organísmicas se opôetn a todo "atomismo" e a todo "redu-

cíonismo lV e poem especial atenção a noção de "todo" e as idáias de totalidade,

estrutura de funções e finalidade, especialmente sob a forma de auto-regulação

(Ferrater Morã, 1980). Tarnb&n a cibernática de Norbert Wiener (1894- 1964) e a

"teoria da informação" proporcionaram um instrumento valioso para o desenvolvi-

mento da teoria geral de sistemas. -

Existem muitas classes de sistemas e de imediato se pode distinguir, segundo

Bertalanffy, "sistemas naturais", isto á, sistema reál ou no sentido onto16gico e

"sistemas cognoscitivo", ou seja, sistema no sentido metodo16gico e conceitual

Cabe ainda distinguir diversos tipos de sistemas, visto que, na verdade, tudo na

realidade, natural du social, se apresenta na forma de sistema: sistemas físicos,

orgnicos, ecosistemas, sistemas sociais, sistemas de produção, etc. O conceito de

sistema se constitue, assim, em um n8vo "paradigma" destinado a substituir outros

conceitos e, especialmente, ao conceito de estruturas organizadas em forma tal que

a soma ou o composto seja analisável atravás de certo n6mero de elementos simples,

eles mesmos não analisáveis (Bertalanffy, 1977).

A idfta de sistema á praticamente tão antiga quanto o homem, visto que me-

tente à natureza e, consequentemente, perceptível desde o momento em que o homem

estabelece relações conscientes com a mesma. Entretanto, só mais recentemente, com

o desenvolvimento da Cibernática e a revolução da "comunicação" 6 que se desen-

volveu todo um esforço de elaboração teórica em torno.da velha id€ia de "Sistema".

Um "sistema" á, em tiltima anhÇlise, um conjunto de entes (elerentos) e de suas

relações. Urna "estrutura" vem a ser o conjunto dessas relações entre esses ele-

mentos. Logo, Sistema á "coisa", estrutura á "relação". Sistema é conceito abso-

luto; estrutura 6 conceito eminentemente relativo.

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Portanto, se todo sistema tem sua estrutura e se esta não se acha determinada

cosologicamente pela natureza objetiva dos elementos ativos que a compõem,

to,ns-ge possível adotar um método de análise de estrutura -análise relacional'-

suicientemante geral para que se aplique a todos os domínios do real.

Por isto Maciel (1971) afirma que a Teoria Geral de Sistemas realiza a unifi-'

ct;Ao das CL?ncias. Matcmaticarnnte, diz ele, una sociedade é um conjunto (Sia-

tcata) de indivíduos (ele:uentos ativos), igual que um organismo rüulticelular 6 um

c.njunto (Sictema) da células (elementos ativos). Portanto, "sociedade" e "orga-

nsmo multicelular' t cão entes ratematícamente isomorfos. A unificação das cinciac

di vida, por conseguinte -incluídas aí, naturalmente, a Biologia e também a

Eociologia- tona-se metodoloaice.mente viável e bastante natural.

- Estabelecido o isomorfismo entre os sistemas investigados (biológicos ou se-

iais, por exemplo), cabe destacar os conceitos fundamentais em torno dos quais se

concentra a unificação das ci6ncias. A categoria fundamental E a de "Ação". Os

elementos que cor.stituet um crganisno vivo, ou um sistema social, são "elementos

ativos". Ao conjunto da elementos do Sistema (biológico ou social), está necessa-

riamente associado um conjunto de "atividades". Porém, ação subentende "relação".

Qualquer sis.,tcma, nLo importa a que domtnio objetivo da realidade pertença,

supôe estes trs conjuntos intinnente associados: conjunto de elernentos, conjunto

de atividades (ações) e conjunto de relaçCas.

No entanto, as categorias de ação e relação não são suficientes para deter»

minar um sistema ccplc:o. Juntas, elas constItuem a categoria da "interação", que

tanto pode ser definida cm termos de terceiro conjunto (estrutura), quanto em ter-

mos de uma relaçik definida no conjunto dos estímulos e respostas ( " imputa " e

"outputs") do sistema. Falta ainda urna atina categoria para completar a análise,

visto que a relação cnte estír.ulo e resposta, que constitui a ess?ncia da intera--

ç&o, exige, pela própria definição dc relação, que se tenham ao menos "dois ele-

mentos" trocando ação. O estfrulo de um corresponde à resposta do outro, é uma

"transformação" dessa resposta. Impõe-se, pois, também, a categoria de "cornuni-

cação ou Inforrtação".

Conforme foi destacado, a Teoria Geral dos Sistemas, com sua abordagem cmi-

nentemente interdiccipinar, propicia um enfoque suficientemente universal e ut',

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metodologia adaptáv1 às diversas ciancias. E justamente com base nesta üniversa-

lidade que se pode viabilizar a aplicação da idéia dc sistvmas e a utílizaç&o do»

instrumental da Teoria Geral dos Sistemas nos mais variados níveis da atividade

humana.

Em termos do processo produtivo, aplica-se às diversas formas de prõduçio,

desde a produç5o individual intelectual, até ãquelas que envolvem a utílizaçãohde -

tizk instrumental bem mais complicado a diversificado, como é o caso dos graidas.

comnlexos institucionais com mitiplos produtos.

Dentro dessa linha, e considerada a agricultura como um processo de ação do

homem sobre a natureza, como o processo produtivo através do qual o homem obtém:da

natureza os ?t0t0t essenciais para a sua sobrevivência e bem estar, também em

termos de setor agropccurio se pode encontrar a utilização da idéia de sistemas

de produço e que consIste na aplicação conjunta de um grupo de conhecimentos

inter-relàcicnados, para a obtenção de um determinado produto.Trata-se daTjitilt

zaçCó dS enfoque e do instrutontal de sistemas, a nível dopxocessoprimátio de

prc'duçâo de bens gropecurios. Consiste no processo através do qual se obtn as

produtos agropecuários, em forma isolada oú associada, e que se constitui.enr :úm

sistema, podendo, portanto, ser abordado ccm os moios propiciados pela Teoria

Geral dos Sjnttaa. Com isto, o homem, o técnico, o produtor, o agricu1tor-passa

a cciitar com os instrumentos que lhe permitem explicar, compreender-e realizara

produção a3ropecu5ría em forma mais eficiente, no seu betiefício e.dàè:.demais

(Castal, 1975).

?or istõ 5 nuiLo importante a adoção do enfoque de sistemas corno estratgfl

básica napeoquisa aropecuária. Aqui não se trata de técnicas e instrumentos, mas

da adoção, por partà de todos os pesquisadores,de uma nova posturacom relaç5o L

pesquisa, nacual a visão globalizante do sistei.a de produção se tørna'.o ccnd-

fonte essencial.

Conforme assinala Brockington (1974), "o enfoqpe de sistema é uma fortna»do

pensar, e as técnicas quo se Doss3m aplicar são essoncialmente i ncidenta i s ...Is t o

não está em oposição com uma pesquisa analítica convencional, onde o pesquiador

aborda o processo estudado mediante experimentos controlados. A análise de um sjs-

tema 6 essencial para lograr as informações necessárias à síntese do sistema te-

tal: os dois processos são mutuamente interdependentes; não competitivos.

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Fundamentalmente, trata-se da seleço de problemas e fixação de objetivos,

segundo uma nova ética, na qual o que interessa é o omportaniento do sistema de

produçíío como um todo e não àpenas, isoladamente, o de cada uma das partes que o

comp6em.

Aqui a preocupação principal se concentra na utilização da abordagem de sis-

temas como estrutura e fundamento da seleçflo de projetos e atividades de pesquisa.

Envolve necessariamente uma mudança de postura por parte dos pesquisadores e uma

revisão na velha rotina: observação - (problema) - hipótese - predição dedutivae

teste de desempenho, conforme assinala Dilion (1973): ". . . baseada no culto de

níveis arbitrárias de significado estatístico". Revisão que não vai alterar a

metodologia científica, mas sim o enfoque e o contexto, nos quais ela é um meio.e

não um fim em si mesmo.

Trata-se de superar. -uma visão do mundo em função dos conceitos de reducio-

nismo e mecanicismo em que o reducionismo subentende a redução dS fenômenos às

suas partes básicas, enquanto o mecanicismo pretende que os fen6menos afio expli-

cados em termos de relacionamento de causa e efeito, mec2nicos ou automáticos.

Substituir esta visão pelo expansionismo, a teleologia e a síntese, cada vez mais

reconhecidos pelas ciências na época atual como formas adequadas à compreensão do.

mundo.

O expansionismo como inverso do reducionismo, pressupondo que os objetos e

acontecimentos constitueii parte de todos maiores, dá €nfase à totalidade, sem

abandonar o estudo das partes, porém este a partir da observação do funcionamento

do todo. A abordagem teleolégica ou de meios - fins, implica no estabelecimento de

um objetivo e na aferição das diretrizes alternativas no tocante à forma de aI-

cançá-.lo, quaisquer que sejam as condições iniciais especificadas. Finalmente a

síntese como instrumento fundamental de agregação e reconstituição do todo, uma

vezret9rmuladaa as partes.

°v isto se levanta :.aJiip6tese de que o enfoque de sistemas ê uma toxina ue

descobrimento, por parte 4o pesquisador agrícola, das possibilidades dautiljzaço de um instrumentaL:científicn...,até há pouco não utilizado e, com raras exceções,

desconhecido para eles, isto é, a lógica dialética. Note-se que se trata da ali-

caflo da dia14tica não como uma alternativa de substituição à lógica formal, mas,

para seguir a partir do momento em que esta se esgota e, assim, enriquecer meto-

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dologicamente a busca dos conhecimentos necessários ao desenvolvimento do sètor

agropecuário. Trata-se de um processo dialético no qual, a partir da situação

atual (tese), verificando outras possibilidades proporcionadas pela ci&ncia, tec-

nologia e a experiência de t6cnicos e produtores (antítese) e através da análise

desta situação global e das contradições que ela encerra, chega-se ao novo sistema

(síntese) (Gastai, 1980).

O Estruturalismo

Conforme foi antes assinalado, elementos da Teoría Ceral de Sistemas são en-

contrados no estrúturalismo linguístico, muito antes que fossem utilizados na pes-

quisa agropecuária.

A noção de "estrutura" e as diversas tendencias "estruturalista6 t1 , se popu--

iarizarsm a partir do começo do século XX. Foram pesquisas e id6ias que se desen-

vplvem principalmente na França, com autores como Lévi-Strauss, Jacques Lacan

(1901 - 1981), Louis Althusser, Füchel Foucault (1926- 1964), Roland Bartheci

(1915 - 1980), 3. P. Sartre (1905 - 1980). Naturalmente que àutores de outros

países tatb6m contribuirem expresivamente como é o caso, por exemplo de, Ron'.an

Jakobson, Jean Piaget, Noam Chomsky, Ferdinand de Saussure (1851 - 1913), este já

citado, e outros. Cabe ressaltar que alguns dos mesmos, como sucáde com freqilancia

nestes casos, negam Bar, ou ser samente, estruturalfstas. Por&, sem deixar do

reconhecer a contribuição dos vários autores referidos e outros, sem nenhuun dú-

vida as exposições sobre o estruturalismo se apóiam basicamente em Lévi-Strauss.

E o pr6prio Lvi Strauss que diz* "O estruturalismo identifica 08 , fatos

sociais na prática e os transporta ao laborat6rlo". Aí Lie se esforça por

representá-loà sob forma de modelos levando sempre em consideração, não os termos,

mas as relações ettre os termos Ele trata em seguida cada sistema de relaces

como um caso 'articu1ar de outros sistemas, reais ou simplesmente possíveis

procura sua explicação global no nível das regras e transformação, permitindo

passar de um sistema a outro, tais como a observação concreta, linguística ou

etn16gic pode zpreenda-los. Êle aproxima assim as Ciancias Humanas das ciancias

Físicas e Naturais, visto que ale não faz nada a]Ám, em suma, de colocarern prá-

tica a observaçÉo profÉtica de Niels Bohr, que escrevia em 1939: "AS difercnçt.s

tiadicióíais entre as culturas humanaè assemelham-se, sob muitos aspectop,•. i-

* te Nouvel Observate.ur, N° 115, 25L 31 de onero de 1967, pág. 32, .citadopor

Sève, L. (1968).

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Latentes maneiras, mas equivaléntes, segundo as quais a experi€ncia física pode

ser descrita t1 .

A estrutura pode ser entendida como um conjunto ou grupo de elementos rela-

cionados entre si, seguindo certas regras ou algum conjunto ou grupo de elementos

funcionalmente correlacionados. Estes elementos do conjunto sâo considerados mais

como membros do que como partes. O conjunto ou grupo é um todo e não uma mera

soma. Como se va, existe muita semelhança entre este sentido da teoria das estru-turas e a teoria geral de sistemas. Entretanto, existe outro enfoque da noção de

estrutura, tsáb6m relacionado com os sistemas, que entende a estrutura como um

conjunto oü grupo de.sistemas. A estrutura não 6, portanto, uma realidade"compos

ta" dmembros; é um modóde ser dos sistemas, de tal modo que os sistemas fun-

cionàm em virtude da estrutura ;que t&n. Assim podem ) existir v.ãri.os :sistemaet por

exemplo A, B, C, quê diferempelã sua coÚtposiçãomate.rialmas que executam funçôes

que mesmo sendo distintas, são comparáveiasignificativamePte, isto 4, funções

tais que tenhaí significações torrelativas-Um.desteS sistemas pode.incLusive,

servir de jiodelà para outrøs'comÕ é o caso do caminho de um fluído por um canal,

servindo de modelo para o fluxo do transito cm uma estrada e vice - versa. Podem

haver, também, e se espera que geralmente existam, 'regras de transformação que

permitam passar de um sistema A outro (Ferrater Mora, 1980).:

Segundo Piaget (1979), em uma primeira aproximação, uma estrutura é um sis-

tema de transformações que comporta leis enquanto siotema (por opesição às pro-

priedades doe elementos) e que se conserva ou se enriquece pelo pr6prio jogo de

suas transformações, sem que estas conduzam para fora de suas fronteiras ou façam

apelo a elementos exteriores;- Em resumo, urna estrun&ra, dbmpreende os caracteres de

totalidade, de transformações e de auto - ragulação. Em uma segunda aproxiniaçâo,

uma fase bem ulterior e que sucede imediatamente A descoberta da estrutura, esta

deve poder dar lugar a uma formalização que é obra do teórido, ao passo que a es-

trutura é independente dele e põde traduzir-se imediatamente em cquaçes 16gico -

matemáticas ou passar pelo intcrsdiário de um modelo cibernético. Existem, por-

tanto, diferentes graus possíveis deforntalizaçAo, dependentes das decisões- do

tc6rico, ao pasàà que o modo de existgncia da estrutura que ele descobre deve ser

determinado emcada domínio particular de pesquisa.

Na maior parte doe estruturalistas se manifesta a tend€ncia a considerar que,

por debaixo de certas estruturas que se podem considerar como superficiais,

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exiscem.estruturas profundas. .corre urna correlação entre o dois tipos de çatni-

turas, porEm, as superficiais não são apenas uma manifestação das estruturas pro-

fundas. A correlação se estabelece porque à estrutura superficial corresponde uma

profunda.

• Pàrki L6vi-Strauss, a estrutura nunca existe na realidade concreta, mas 6 ela

que deiiie o sistema de relaçôes e transformaçôes possíveis dessa realidade. O seu

princípio nuclear (c6c10 de todo o "estruturalismo") E este: "Para atingir o real E preciso primeiro afastar o vivido"*.

Conforme destaca Bachelard (1974), 6 necessário qüe o pensamento abandone o

empirismo imediato. O pensamento empírico adota, então, um sistcma porEm, o pri-

meiro sistema, em geral, E falso. E falso mas tem ao menos o mErito de libertar o

pensamento, afastando-o do conhecimentd imediato; o primeiro-sistema mobiliza o

pensamento.Ent3o o espírito, constituídõ'm sistema,pode voltar à experincia

com pensamentos simples, porEm agressivos; iiiterrogantes com urna espEcie de iro-

nia metafísica-muito marcada nos experitnentalores jovens, tAo seguros de si mes-

moa, tão dispostos a observar o real em funçWo das suas pr6prias teorias.

Segundo .Lucien. Sve (1968) 6 necess5rio diferenciar varias ntveis, vaos

momentos do que se apresenta como mEtodo estrutural:

- O conceito de estruturar em si muito antigo, isto E, o conceito de reis-

çôee internas esUveis características de un objeto e pensadas segundo o princípio

dc prioridade 16ica do todo s&bre suas partes, isto 6, de maneira que 1) nenhum

e1emebo da estrutura pode ser compreendido fora da poiçâo que ocupa na conf i-

guração tdtaf 2) a configuraçAo total E capaz de persistir enquanto invariantá

apesar modificaçôes dos seus elementos, isto 6, de engendrar seus

pr6pic elementoig. A noção de invarigncia da estruturase encontra no coração dos

problemas aqui discutidos.

O desenvolvimento em :dóÈíios bem defïnidos do sabér e particularmente

em tingüística, no urso do Citimo meio eEculo, dêS terto n6moro de princípios

metõdológicos que püderam ser qualificados Strõspectivarnehte de estruturais; se

bem q*ie fles tenham sua origemmenos no conteitode estrutura do que no desistSa

e que introduzem no funcionamento -do conceito de estrutura desenvolvimentos novos.

LEvi-Strausa, Tristes Tropiqueij Cal. 10118, pp. 44 - 45, citado por Prado

Coólho, E. --(1967).

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Esses princípios estruturais são essenciaimente em nCmefb de tr€a: 1) a análise

estrutural não é legítima se não é exaustiva, isto'é, se não permite explicar a

totalidade do sistema e do conjunto de suas manifestações; 2) t6da estrutura é

feita de relações de oposição e, em particular, de oposições binárias, nas quais a

relação dos elementos entre si releva a de complementariedade; 3) é preciso dis-

tinguir rigorosamente o ponto de vista sincr6nco, isto é, o exame do estado do

sistema e de seu funcionamento num momento dado e o ponto de vista diacrôníco,

isto é, o exame da história do sistema e de seu desenvolvimento de estágio em es-

tágio. A prioridade metodológica do ponto de vista sincrônico é absoluta, porque a

história de um sistema, a menos que se limite a contá-la de fora como uma sucessão

de acontecimentos cujo laço interno permanece incompreendido (erro do historicis-

no), á o modo específico do desenvolvimento deste sistema, do qual á preciso pois,

antes de tudo, conhecer a textura para apreender, em seguida, eventualmente, o

processo. evolutivo*.

- Urna série de traSfer&ncias d€sses princípios metodolõgicos e sua apli-

caçao a outros objetos que nãó seu objeto de origem -em particular a passagem da

Linguística estrutural à Etnologia estrutural nos anos 40, passagem à qual perna-

necem ligados os nomes de Jakobson e Lévi-Strauss- os fizeram aparecer como uni-

versalizáveis, sob a forma de um método estrutural, isto é, válido para o conjunto

das Ciências Humanas, ou seja para outros domínios (Sève, 1968).

São evidéntes as afinidades entre Sistemas e. Estruturalismo. Sem dúvida, em

grande parte 1 são os mesmos principios.e elementos aplicados em distintos campos

do conhecimento. E justamente devido a esta íntima vinculação do estruturalismo

com os sistemas que interessa aqui uma análise das relações daquele com..a dialé-

tica. Entretanto, é importante, antes, recordar os fundamentos básicos desta.

A Dialética

A busca do conhecimento, o ato de pesquisa, envolve algo mais, muito mais do

que a simples realização de um experimento ou a utilizaçio de tini detêrminado mé-

todo. Necessariamente, estão envolvidos outros instrumentos, bem comd certas téc-

nicas, conhecimentos anteriores, procedimentos e teorias que, além decomplemen-

tares a utilização do método científico servem, também, no processo de pésquisa,

* No caso da pesquisa agrícola o que ocorre com a história do uso do solo, pode

ser considerado um bom exemplo da diacronia como complemento à sincronia

(análise do solo).

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como embasamento e suporte na própria utilização do m6todo.. Por isto, •6 fundamen-

tal que se tenham presente certas características básicasda Lógica..

A Lógica, entendida corno o estudo das condições do pensamento certo, mais

precisirnente a análise histórica do conhecimento que, no contato com a realidade,

estabelece os Instrumentos, as formas objetivas do conhecimento, as formas •do

imenso significado da vida, isto 6, as que correspondem ao conteúdo objetivo. Como

diz Bachelard (1974), as leis e regras fecundas da lógica serão as leis maisge-

rais da natureza, descobertas pelo conhecimento científico e, a seguï±, eltièÍda- .......................................................

das, formuladas, convertidas em "formas", em instrumentos de análise, em regras de

pesquisa. A lógica será, então, concebida como a teoria de uma prática: o conhe-

cimento.

- Porám, busca de conhecimento que envolve o uso de um movimento de pensaménto

que, partindo da lógica formal, incorpora a dialática nã rotina da pesquisa. Con-

forme assinala Letêbvre (1970), o pensamento réaliza, necessariamente, a elimi-

naçâo(parcia1 e momentAnea) do conteúdo.. !-uma fase, uma etapa, um aspecto, um

momento.de:sua atividade: o momento da akfl.ração. A lógica formal, lógica da for-

ma, ó, portanto, a lógica da abstração. No entanto, quando o pensamento, depois

desta redução provisória do conteúdo, volta a ele para tornar a captá-lo, a lógica

formal se revela como insuficiente. E necessário..introduzir uma lógica concreta,

uma lógica de conteúdo, da qual a lógica formal 6 apenas um elemento, um esboço

válido no plano formal; porém aproximativo e incompleto. Estando formado osigni-

ficado, por interàçôés de elementoS opostos -como o objeto e-o sujeito- o exame

destas interaçóds se denomina, por definição, dialática, e a lógica concreta ou

lógica do conteúdo, será a lógica dial6tfca.

Esta não surge por inspiraflo da imaginação, nem por um menor refinamento da

exclusiva análise dos conceitos, cujo apoio seja a lógica formal, mas deriva dia

percepção aprofundada da objetividade dos.processos naturais. A lógica dia16tica 6

o sistema de pensamento racional que, reflete fidedignamente o movimento real das

transfornaç3es que ocorrem no. mundo exterior, físico e social. Trata-se de um sis-

tema de relação entre idóias, capaz de incorporar os dados da experincia e es

truturá-los em uma representação coerente. Introduz alguns conceitos gerais ou

categorias de espócie diferente, ignorados pela concepção anterior, isto é: "con-

tradição, ação recíproca, totalidade, negação, síntese, identidade dos contrários,

etc.'s que impõem-um. novo estilo de. pensar, diverso do formalismo clásico (Pinto,

1969).

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A lGgica dialética é a ciencia que estuda o conhecimento científico na sua

integralidade, no seu desenvolvimento evolutivo e no desenvolvimento do pensamento

que o expresa. Como consequencia deste estudo, a lógica dialética afina e aumenta

a capacidade de lograr urna compreensão mais profunda e clara da realidade exis-

tente. A lógica dialética expressa o conteúdo do conhecimento científico e co-

munica este conteúdo ao pensamento. O entendimento quando procede de uma maneira

dialética, cria os conceitos como imagens mentais dos processos, de suas proprie-

dades e de sua evolução. Em seguida, tais conceitos são ordenados, agrupados e

vinculados de outras formas de acordo com seu conteúdo. Como consequencia desta

reflexão ativa e imaginativa se formulam os juízos, se realizam inferências e se

executam outras apelações lógicas. Os resultados obtidos desta maneira são sub-

metidos a dupla prova de sua demonstração racional e sua comprovação no experi-

mento. Uma vez que os conceitos e suas relações tenham sido determinados pelo en-

tendimento dialético, são convertidos por meio da abstração em formas e em ope-

rações entre formas. também são estabelecidas assim as regras de operação e as

partes para executá-las. Então e somente entAo é quando se torna possível a exe-

cução das operações da lógica formal, ajustando-a sempre aos esquemas e regras

construídas pela lógica dialética (De Gortari, 1979 a).

Nenhum elemento da totalidade pode separar-se por completo do resto do uni-

verso, nem mesmo de um só dos outros elementos. No entanto, smente no isolamento

relativo é possivel a determinação e chegar ao conhecimento do todo universal. A

totalidade do universo se manifesta nos seus elementos individuais e estes, por

sua vez, smente se expressam como partes inseparáveis do conjunto.

A existancia se sobrepõe ao pensamento exigindo sempre um aprofundamento

maior nas suas manifestações e uma revisão constante das leis descobertas. A exis-

tncia do universo determina a consciancia humana de sua exist&icia e a exist&cia

do pensamento é que possibilita a reflexão do homem sobre o seu próprio pensamento

e conhecimento. ConseqUentemente as contradições do pensamento não provém 4mente

do pensamento, elas são impostas a este pela dialética da existgncia universal. A

corrente de contradições é expressão do movimento universal e do seu conte6do, o

qual se eleva até o nível da consciência e da reflexão. A dialética, como movi-

mento do pensamento, não ocorre senão no pensamento em movimeto. Hoje, seja sob

a forma de uma teoria geral do devir e de suas leis, seja como uma teoria do

conhecimento ou, ainda como lógica, a dialética sempre é um instrumento para a

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pesquisa e para. a,ação, porEm sem jamais constitu4rrse,,em doga. 4 própria expo-

siflo da dialEtica não. podo seroutra.coisa que.sua,pr6pria express5o em. um,

mento determinado, em um nível detinido da pesquisp., da çi&icia .e da atividade

social.

....O process,o ininterrupto do conhecimento envolve o reconhecizento da trans-

fqrmação da quantidade em qualidade e, vice-versa, da possibilidade da negação da

negação e caracteriza-se pela separaç3o por oposição e na unificação do contra-

ditório. Conforrn foi ensinado por llege3. (1944), envolve a natural sucessão dos

três momentos doprocesso l 6gico. Primeiro a tese, como consumação de urna deter-

minação rígida e diferanciada das outras, como produto limitado, no qual se unÍ-

fica a concepção daquilo que se encontrava relativamente separado. Os processos

so entendidos.., em form3 abstrata ! O coflceito, . neste princiro, momento, se forma

considerando aos processos em aí e, por sí mesmos,, sem refer&nca aos 4eqs.

Incluem-se dentro do conceito, por assim dizer,. unican2nte as relaçôes internas e

imediatas que os.nrocessoa nostram ra, sua objetividada.. NQentanto, esta d2tcr-

minação abstrata, visto que está baseada na consideração 4os precessos, em Iso-

lamento, sem levar em conta a cqnec.o coz. .su4 9toior±dads. ; .

Entretanto este comento dia16tico.da tose tonde.r necessidade, a suprimir

a citr.da deteninaço finita para dar.. 1ugar.. à .cua oposta. A determinacão iso1ada

com refer€ncia às, ddmaia, não se.mantGQ,4o,. contrario, se nga aseçontradiz,

gendra sua antítese. Isto pprque 4.a, conexão e a.necesaidade fazem que, o fittose.

suprirsa sS mesto e pr si necno.. E o segundo momento dialgtico, isp E,, o mo,

mente da suprescão das referIdas determinações finitas dos processos na sua se-

paração e sua.. pagsegea .àscontrrias. Opera-se ,p p.ro.,eosp 4 reflexão negativa-

mente raeionalqtn..conduz fl antíteae A reflexão consiste, primeiro, em ir alm

das determinações isoladas, .consideran4o 505 processos na. sua relação com os de

mais.. Porm, esta reflcxão se resolve, em segundo lugar, na expressão da.x4la

teralidade e da. limitação, das determinações separadas com guanegação.,No,.uni-

versot'do finito mosçra.çt propriedade de suprimir-se a sima rno.e esta qua]4dade

inerente tamb&i cs rtanií.ecta.no conhecimento. A elevação sobre o finito E, assim,

o resultado da conexiio imanente e a necessidade, contides.na determinação corto ex-

pressáo..dag relações entro os 'modos de existneia.dos ..roccos. O conceito se

enriquece, depta forta, pala negação da sua limitação, com a determinação das re-

lações externas.e imediatas que os procestos mostram na,conexão de sua cxIst&cta..

Porem esta determinação negativa não supera ainda a determinação primitiva, visto

que apenas contrapõe o interno do processo à sua'exterioridade (Ilegel, 1944).

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Finalmente, no terceiro momento, é concebida a unidade das determinações em

sua oposlçáo. Surge, assim, o afirmativo na sua solução e superação. O movimento

dialético avança até a síntese como um resultado positivo, alcançando-a porque tem

um conteCdo determinado; isto é, porque seu processa não é abstrato e vazío, mas,

sim, é a negação de certas determinações que se encontram contidas no resultado,

justamente porque este é um resultado da experi&tcia que expressa, de alguma for-

ma, .a existência do universo. Par isto, a filosofia não tem nada que fazer com

meras abstrações ou com pensamentos puramente formais mas, somente, com pensa-

mentos concretos e expressivos dos modos de existncia.do universo, o que lhes dá

objetividade. Pois bem, como em toda síntese o conceito é, ao mesmo tempo, uma

nova tese, a qual também tem seu aspecto de abstração e de separação, pelo que se

encontra impulsionada a engendrar a sua negação. Desta forma, .o processo. começa, de

nôvo recorrendo 38 tras momentos da conceituação de forma incessante. :P2t6Q,.: sem-

pre ocorre uma elevação na determinação a qual faz que, por um lado, seja .lmpossí-.

vel atara repetição e, por outro, que as., determinações sejam cada vez

mais inclueivas (Regel, 1944).

Portanto, denomina-se síntese à reunião das deteninações opostas..e suas con-

tradições. Ela consiste, conseqiiantemente, na formulação de uma nova determinação

que comprende à muitas outras determinações anteriores. Entretanto, o resultado

não é uma mera agregação dos elementos componentes mas, verdadeiramente é um com-

plexo que incluí novas características que não se manifestam nos seus integrantes,

porque somente surgem na sua conjugação. A síntese tem, assim, novas propriedades

que resultam da combinação entre os elementos intervenientes.

Por outro lado, a análise, na perspectiva dialtica, não se çonstitui em um

mero enumerar das características contidas em uma determinação superior. Não é o

simples desgiose das:notas -descritivas já conhecidas., e..que se.encontram reunidas

na unidade sintética-Ao contrário,, consiste na identificação, destas novas pro-

priedades que surgiram ou que sbmente .se manifestam como ,resultado.da combinação

cintética. Segundo o ponto de vista estrito do conhecimento científico, carece por

completo de va1or a simples repetição daquilo querjá era conhecido. Se a análise

tem o nível de uma operação lógica, é porque representa um proçcsso relativamente

inverso ao;da síntese porém, ao mesmo tempo, tem o mesmo sentido em quanto.aq pro-

gresso.do conhecimento. Por meio da síntese se pratica .a4eterminação, reunindo em

uma unidade as determinações anteriores e assim se. alcança um novo avanço de co-

nheciinento.. Em troca, a operação analítica parte duma determinação composta para

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regreséar a ádus elmentos donstitutivos porém determinando-os de maneira dife-

rente no que se réfere outraS propriedades desconhecidas. Conseqientemente, tam-

bém atr,é's às ai1isée pode fazer aváncar oconhecimentó (De Cortari, 1979 b).

Outra correlãçãõ entre opostos contradit6rios é encontrada na função recí-

proca que ocorre entre quantidade e qualidade. Com a determinação em base a di-

ferenças qualitativas, se distinguem entre s!, as formas adotadas pelos processos,

tornando possível separá-los por suas, distintas qualidades. Porém, esta mera qua-

lificação implica a necessidade de que sejam elas também diferenciadas conforme a

quantidade. Porém, sua simples quantificação como magnitude transforma-se em me-

dida, isto é, em quantidade qualificada. Com isto se tem, novamente, porém em um

plano superior, uma determinação que distingue diferenças qualitativas.. Conseqi!en-

temente, '.olta a se impor a necessidáde de estabelecer um conhecimento qualita-

tivo.A qúántidade € assim a determinação da qualidade e esta resulta de 'uma con-

iideraão distinta da magnitude quando, esta Gitima; sofre variações quantitati-

vas. Desta forma se intensifica a interpenetração entre quantidade e qualidade.. A

qualidade se expressa por meio de sua dimensão e a quantidade se manifesta nas

mudanças qualitativas (De Cortari, 1979 b);

O suposto conflito entre a dedução e'f indução também se resolve numa síntese

dialética que as unifica de forma tráiisit6ria e relativa para mostrar, de.. imedia-

to, sua luta em etro nível distintdAtese constituída.na:.fase dedutiva e su

correspondente antítese, faseindutivá, fi camdõriciliadas e; superadas., junto,coma

contradição que as separa e as une aã mesmo tempo, na síütesedométodo dialética

materialista. A fase indutiva inclui, originalmente, as operações necessárias para

efetuar infrEncias racionais a partir dos dados proporcionados pela experi&ncia.

Na fae dedutiva se tem, primeiro, as operaçõés necéssárias para praticar infergn-

cias racionais. boij ométodoaialético se tõgra o enlace'objetivo entre a expe-

i&ncia e a ráéionalização dá experi&icia, entre a racionalidade, e a experimen-

taçÁo dó racioóinio, entre a 'prática e a teoria é vice-versa.

Em ouiro senâido, a' dedução 6 a expresão instrumental do estudo qualitativo

das quantidades como nõta àarácterística da ciência antiga, enquanto que a indução

epresenta i' expresssão operativa do estudo quantitativo das qualidades,-r o qual

constitui uiíãáter importante 'dá ciancia moderna. Póis bem 1 neste' sentido, a

dialética matriÁlista 'corresponde, de maneira explícita e prépria, ao estudo da

transformação d 'quantidade em qualidade e da mdtua conversão de qualidade em

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quantidade, que caracteriza -, evidentemente, a cincia contemporánea. Por outrola-

do, a dialética materialistasupera com seu método, em definitivo, a unilatera-

lidade e a relativaàstkdção tanto do método dedutivo como do indutivd e do mé-

todo dedutivo - indutivo, porque reproduz na sua integridade o desenvolvimento

concreto dos processoé objetivos, dentro do desenvolvimento do conhecimento (De

Gortari, 1979 a).

Através do método dialético se chega a superar os resultados da atividade

experimental com a formulação racional de teorias e, ao mesmo tempo, a subseqilnte

elevação dos resultados teóricos, com sua comprovação nos experimentas científicos

e seu enriquecimento nas diversas formas da atividade social prática. Desta forma,

o cõàbecimento científico se apresenta como um desenvolvimento cíclico de expe-

rineitaAoe racionaliiação, com o qual se superam, se ampliam considerávelmente e

àeextendem os resultados .1 alcançados, assim como são descobertos outros pro-

cessas àntes desconhecidõs ou novos aspectos dos processos já conhecidos.

Além da cotnplementaçiõ recíproca entre a teoria e a prática, o método dia-

lético sintetiza a oposiçãõ m6tua do particular com o geral. Com a aplicação fe-

cunda da dialética materialista, não sómente o geral se concreta no particular,

corno intensifica sua generalidade. E, por sua vez, o particular não se concreta

s8xnente no geral como, também, extrema sua particularidade com o metodo dialética

objetivo.

Dialética versus Estruturalismo

Em vista das afinidades entre Sistemas e Estruturalismo, assim como ao com-

cidencias entre o método estrutural e a dialética, se pode pensar que com a adoção

do enfoque de sistemas se esgotá a problema metodológico a nível da pesquisa agro-

pecuária. Ocorre que cientis'tas ètü ciencias humanas evidenciaram diferenças essen-

ciais entre os métãdi etrutural e dialético que, por extensão, são válidas na

comparação entré > o enfàqüede sistemas e o uso da dialética na pesquisa.

Foi justamente devido a estas diferenças que se frustrou a tentativa de tun-

os métodos estrutural e dialético, no campo do materialismo histórico, com a

finalidade de produzir uma ciência estrutural da diacronia o que seria, em outras

palavras, uma versão estrutural da dialética.

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Segundo Sève (1968), a tçntativa de estruturalizar a dialética termina num

impasse te6rico, excluindo-se de. imediato a hipótese de justaposição dos métodos

estrutural .e dialética, devido às diferenças de essência. Para vê-las basta eça-

minar no seu conjunto as deformações-que a operação estrutural, fêz sofrer.à dia-

lética. Segunda fte, é fácil resumi-las: a teoria dialética implica que a estru-

tura da contradição não smente é intrinsicamente variável, ela é o processa motor

da variação, explicando a necessidade imancnte do desenvolvimento, enquanto que a

versão estrutural coloca uma estrutura invariante por si mesma, onde a complemen-

tariedade. :.1m6vel dos opostos substitui a contradição motora e rejeita a fonte do

movimento por saltos nos limites externos que a estrutura encontra em Outras es-

truturas que lhe silo axteriores. Em suma, é t&!a a autodinêmica da dialética que

foi recusada, e icso não pelo princípio de prioridade do sincr6nico em relação ao

diacr6nico, porém, mais eosencialmcnte ainda, pela separação dssee dois pontos de

vista, enquanto a dialética- tem por base a identificação da estrutura e do pro-

cesso. Por isto tal "ciência estrutural da diacronia" deixa. escapar justamente o

que se trata de apreender: a lógica concreta do desenvolvimento. Uma vez que a

estrutura interna no é compreendida como processo, diacronia e sincronia são li-

gadas de.fora, perrrsnecendo fundauttmtalmente estranhas. Da fusão-cinematográfica

reproduz indo o movimento, real, ceo-se numa série descontínua de visóes fixas. A

alma da dialética está perdida.

Não de todo, certanente, que o m€todo dialético recusa o conceito de, estru-

tura; mas a concepção e as regras de emprego estruturalistas e dialéticos dêsse

conceito são incor.cilláveis. Para o método dialética, a estrutura, que atrás de

sua estabilidade relativa não € senão a configuração transitória do processo, tem

dentro dela própria, sob a.forma da. contradição motora interna, a necessidade de

sua própria cransforrtç3o. Para o método estrutural, ao contrário, a sincronia

sendo rigorosatente distinta da .diacronia, a estrutura é por ela mesma invariante

e não encontra a necessidade de sua transformação senão no choque com limites ex-

ternos.; Isso pernite referenciar, com certeza o mtodo estrutural em relação ao

4todo dial&tico: o método estrutural se situa aquém da lógica dialética, no campo

daquilo que Hegel e os clássicos do marxismo chamam de pensamento metafísico, isto

6.. do nensamento Que opera com cateorías-f1xas.'(Sàve, 1968).

E necessário necar a validade científica ao estruturalismo? Seria cometer um

profundo erro acreditar que depois do nascimento da lógica dialética, a lógica nãc

-dialética não poderia mais se desenvolver. Os fatos mostraram que ao contrário,

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por razões e por caminhos sob certos aspectos inesperados, a lágica não-dialética

das configurações internas, das formas constituídas, dos sistemas fechados e dos

funcionamentos estáveis se desenvolveu com sucesso, em domínios científicos onde o

efeito da dialética pode ser, em primeira aproximação, considerado como negligen-

ciável, isto é, onde se pode, sem absurdo ) fazer abstração de tudo o que, no 'in-

terior mesmo da estrutura, anuncia as mudanças qualitativas inevitáveis em certos

pontos nodais da conexão e do desenvolvimento. O método estrutural, assim como o

enfoque de sistemas, parecem poder ser caracterizados como uma légica não-

dialética muito desenvolvida dos segmentos internodais das contradições dialéti-

cas, conõideradas desde então de maneira simplificadora como sistemas invariantes.

Nesse sentido, e sem nenhum elitismo, se pode reconhecer a validade do método es-

trutural ao lado do método dialético. Mas os problemas que coloca necessàriamente

o primeiro não encontram sua solução senão no segundo (Sve, 1968).

E uma falha do estruturalismo pretender estudar as estruturas, entendidas

como a ess€ncia escondida do real, dissimuladas sob as apar€ncias superficiais,

sômente na dimensão da "sincronia". Porque as estruturas se desdobram no tempo e

não sômente no espaço; um tempo que não é abstração vazia (não mais que o espaço

aliás!): cada estrutura, cada elemento de estrutura tem sua temporalidade pr6pria.

A idéia de que urna espécie de divisão arbitrária do trabalho é suficiente para

superar as insuficincias da "sincronia", estudando em seguida a estrutura na

"diacronia", no sentido do passar do tempo, não resolve o problema. Porque as

duaa."dimensôes", espacial e temporal, não se podem isolar senão por abstração.

Elas estão de fato indissoluvelmente imbricadas, igualmente "plenas" e não redu-

tíveis a €sse espaço - tempo homog$neo e abstrato que é o da mecn1ca do século

XVIII" (Begel, 1944). O estruturalismo está assim impedido de apreender as estru-

turas na sua realidade, isto 4, no seu movimento como devir e na sua interdepen-

d€ncia métua.

Muito mais contundente ainda é a crítica de Lefébvre (1972) a partir da idéia

de que o estruturalismo é um enfoque reducionista e uma ideología de substituição

que se pretende sobrepor ao materialismo dialético para impor sua "verdade" tec-

nocrática. Diz ale: "Examinemos rapidamente o uso legítimo do conceito de sistema

* Sôbre asse ponto, ver as notas de L. Althusser (1969) stbre o caráter ilu-

s6rio do "corte de essancia" (que pretende apreender a essancia, a estrutura

ao nível do "corte" sincr6nico), e s6bre a natureza do par "sincronia-

diacronia" como "lugar de um desconhecimento".

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enilugardeíetichizá-lo.Nocurso de uma pesquisa o sábio pode criar umasérie de

convençôeé.quedefinamtal ou.quàl sistema. Deve determinar as condiç6esde ais-

t&cia destè sistema, sua identidade e sua identificação, as modificações que pode

sofrer semperde±. sua identidade e as que •o transformam em outro sistema, a en-

tradae saída dos elementos que o constituem 1 etc. Um sistema assim, corretamente

definido, se converte num instrumento metodo16gico e a pesquisa se aplica então ao

que lhe ocorre, As relaç5es nas quais entra, à suas consolidações e suas destruí-

ç5es eventuais. A sociologia procederá assim a nível nicrosocio16gico ou macro-

sociàlégico, estudando tal grupo, tal rede de relações. Porém, a escola estru-

turalista no se conforma com esta forma de emprego racional do sistema e do no

dflo.Eli se deslizada metodología à epistemología, isto é, da busca.de:um me-

trunentode conhecimento ao dogmatismo que declara que determinadosaber duma

aquisição definitiva, fora de •t8da discussão.

 questAo do método e o nfoçue na pesquisa agropecuária

E indispensâvel evitar que o mesmo ocorra com a ucl.Llzaçao co enioqua ue

temas na pesquiàa agropecuri'a. iiã6' ãepetende que a l6gica 'dïalética ànule a

1d1.cãfonal cléssica mas,6mènte, qu2 a dial&tica é hoje a forma de pensamento

i' 4õtnte cozo instrumeito te6rico satisfat6rio para os processos em evolu-

ção, para as conezões de conjunto e para o transito de um dommni6 da pesquisa ti

outro. Sendo o reflexo das formas universais, do ser e das relações que se mani-

festam no mundo material e nõ conhecimento, as categorias e as leis da dialética

permitem a formulação doè Imperativos, aos qdàis deve estar submetidà a atividade

dopehsamento e a atividade prátÏca. Estes muperativos constituem os princípiosRo

pnsamento dialético, do método dia1tidd do conhecimento e da transformação cria-

tiva da realidadi. O conhecimento destes princípios eleva o nível do pensamento e

amplia tuas possibilidades inovadoras.

Já foi dilto entes, o ob'3ctivà básico da pesuisa agropecuária é a busca de

conhecimentos que• põssibiliteti o incremento continuado da eficiancia econ6mica e -. .. . .

social do processo produtivo ni agrícultura. Neste processà intervém fatores fí-

icos, ii016gic e sociais. Trata-se de uma interação prática entre o' tijito

(homem) e o objeto (natureza) que tem como base o movimento do conhecimento...no

sentido de novos rertiltados. Conhedimentos que surgem da experi€ia e, princi-

palmen' da pesuina.

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Quando se submete a natureza, a história humana ou a própria atividade mental

ao exame do pensamento, se encontra, em prineiro lugar, o quadro de um emaranhado

infinito de relações, de ações e reações, na qual nada permanece o que era nem

como era e ande estava. Tudo se move, se transforma, dev&n e desaparece. Esta fina-

gem do universo, primitiva e simplista, porém realmente exata e coerente como a

existência objetiva dos.processos, ja a tinhamos antigos filósofos gregos e apa-

rece expressada claramente pela primeira vez em Herácllto (535? - 465? AC): "tudo

E e não 6, pois tudo flue, tudo se encontra sujeito a um movimento constante de

transformação, de incessante nascimento e caducidade (Engels, 1967).

A variabilidade qualitativa doquadrocientífico do mundo não exclui, supõe

sua unidade interna. Esta se manifesta, em especial,, no fato de que ao lado das

leis espeèíficas de cada domínio particular da natureza, estudadas pelas ci?ncias

aplicadas, existem leis científicas gerais que são aplicáveis em todos os domínios

da natureza. Estas leis explicitam as propriedades comuns atodas as fortias da.

matéria e do seu movimento: a massa a. energ$. Esta unidade se manifesta também. na formulação matemática das leis específicas de diferentes: fen6rnenos, em parti-

cular, o fato de que as leis que tratam de diferentes fenômemos materiais podem

receber a mesma representação mateinática. Esta analogia não é puramente formal,

ela reflete certa semelhança entre as propfledade objetivas de 4iferentes pro-

cessos dinâmicos. Esta unidade, de formas qualitativamente distintas de rnovltento.

que se refletem nos modelos matemSticos,• í, par;icularmente evidente, na Ciber-

nética (Fataliev, 1966)., Em que consiste a1»ase.çbjetva•que•pemite a utilização.

da Cibernética na Biologia? Trata-se do fato de que entre o funcionamento dos sis-

temas de comando de uma técnica e o comportamento.nps organismos. vivos, existe,

certa semelhança que traduz a unidade interna das formas. da waté;iae;de seu.mo-

vimento, estudados pela Biologia e pela Física. E a dialética objetiva das formas

da matéria e do seu movimento que dão as bases para aplicar os métodos gerais da

Cibernética nos sistewas técnicos, de comando e nos organismos vvos.

Com base nisto é que,nos4ltitoL,-anos, se vem tratando de..incoporar.q enff

foque de sistemas na pesquisa agropecuária.. Assim, o objetivo fundamental d..pes-

quisa agropecuária passa a.sex a' sintetizaçâo.de. sistemas de produ.çmas.efi-

cientes do que os que são utilizados atualmente pelos agricultores...O.trabalho dç

pesquisa é dirigido objetivamente na busca dos conhecimentos decisivos para a for-

mulação e difusão de novos sistemas,:..enfocando, priorjtariçnçnte,, aqueles .proble-

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más que t6m uin'rélacíonamento mais direto e uma influ?ncia mais profunda n&robten-

çlo de' novos sistemas de producã& e; através destes, alcançar a ."performance" ai-

mejWda iS procésso produtivo.

- Partijido de uma visualização global do processo produtivo na agricultura (en-

volvendo '66-produto isolado ou um conjunto de' produtos), considera-se a idnti-

ficação de problemas a serem pesquisados como um esforço de síntese, visto-repre--

sentar, em última instância, um esforço de abstrair de uma realidadc complee da-

terminados elementos específicos que constituiro o objeto da pesquisa1 No outro

extremo do processo, os conhecimentos gerados deverão ser incorporados e copa-

tibilizados em sistemas de produção, singulares ou múltiplos quanto ao'nctn2ro d

produtos envolvidos; a serem utilizados pelos produtores.

O ponto inicial deve ser tanto os sistemas de produção ou uso na atualldaci':.

como, também, ujná visualizaçâo antecipada de novos sistemas (potenciais)-, passí--

vais de áerem obtidos em prazos e com a utilização de volumes de recurscs :const-,.

deradôõ ràzoáveis • em base aos resültados'. a! serem alcançados pela pesquisa

íitentaçâo. -

Execução- aõs projetos de pesquisa que, mesmo partindo de uma idéia tais gb-

bal, dará origem a conhecimentos parciais. A mente humana, no estágio atual- de-.

conhecimentos, ainda está'lim±tada a esta necessidade -'de um certo nível de de:a-.

gregaçáo "que caracteriza a pesquisa analítica. Obtidos os conhecimentos pnciais e

infõrmações'ieoladás,'cabe aos pesquisadores, utilizando a capacidde.dc síntes3,

drdenar nóvos sistemas de produção, testar os mesmos -com a - ajuda de instruriantos

adêquadcs' (assistência técnica, crédito, etc.), e difundi-los entre os:azricui-

totes. - -

Este esforco -dé síntese deve ser realizado a partir não só- do volunia do .&-

formações acumuladas pela pesquisa mas, também, a que resulte da confrontaç&o des-

tas informáçôes com a situação atual das exploraçôes que se dedicam -produç5o do

produto ou produtos considerados, incluindona descrição-desta última-:a.experi?u'-

eia-e - os conhecimentos acumulados por produtores e técnicos,- que tambn-s-ão parte

da Realidade considerada.

- Note-se que a sintetização de sistemas não elimina - a pesquisa: sobre prcb1et:as

específicos. Ao contrário, oferece um meio mais objetivo para a programçao da

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pesquisa analítica, através da identificação de problemas cuja solução se cana-

titui em aspectos realmente relevantes para o aperfeiçoamto tecnológico do pro-

cesso produtivo. Além disso, pode constituir-se em um meio de renovação permanente

de contato da pesquisa com a realidade, visto que uma informação atual e detalhada

com relação ao que ocorre no mundo da produção é tão iwportatt, na formulação de

sistemas de produção melhorados, como as ínformaçõe ~~ sobre as distintas variáveis

obtidas na pesquisa física, biológica, economica e social.

Neste ponto, torna-se evidente a relação de complementaridade entre a análise

e a síntese, ficando bem clara a impropriedade de se considerar que a pesquisa de

sistemas substitui ou elimina a pesquisa analítica conv!ncional. O que poderia ser

' considerado inovadr é o fato de que a seleção dos problemas, objeto da busca da

novos conhecimetos, é feita no contexto amplo do sistema e, conseqèktemente, com

um grau de segurança muito mais elevado quanto A sua relevZncia nã melhoria do

processo produtivo.

O objetivo da pesquisa, com base no enfoque de sistemas, passa a ser a expli-

caflo e predição do comportamento de um processo, ou o qu' é mais freqüente, o

aperfeiçoamento do controle de sistemas já utilizados e a caracterização de novos

sistemas mais eficientes que os atuais. E evidente que se trata da busca de um

tipo de conhecimento onde predomina a função prático-social. Conseqüentemente,

facilmente pode se confundir com ideologia no caso que o conhecimento estabelecido

não esteja apoiado numa fundamentação teórica e comprovação experimental.

Pela sua relação com a prática, a ideologia está sempre interessada (sejam

esses interesses de classe ou não), em obter determinadas respostas. O modo corno

formula as suas questes faz que nelas já estejam contidas as respostas que está

interessada em obter. Não se dirá, pois, que a ideologia pretende conhecer efe-

tivamente, mas préteffdé,sim, "reconhecer" aquilo que ela estava interessada em

"conhecer". Não há progresso nas suas perguntas e respostas. Existe apenas urna

dualidade especulativa, fechada e. asfiante, intransitiva e vi !ciad?.,.de uma re-

lação icagin5ria. Na ideologia, pevalece.p desconheciment.q:..recoihecimento..

A ideología oscila assim, entre doisxtremos,i,ima excessiva ..prQximl4a4e do

real(uma alusão ao real imediato) e um desconheçiento efe.tivp 1 .desse...re4., Na

medida em tue,dominada pelas pressões do próprio rel, ela só. va nele,quulo.que

está interessada em 16 ver, a sua alusão ao real 6 ilusão. Indispetzsáyel no nível

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frLI

politico e estratgico, a ideologia E inconveniente no nível da realização do pr.-

cesso científico de busca do conhecimento.

Outa vez usando as semelhanças entre o estruturalismo e o enfoque de sis-

temas E importante destacar que o mEtodo estrutural, 6egundo Sève (1968), propicia

a saída do terreno da ideologia e a entrada no campo da prática científica porque

implica, atEm de outros princípios: 1) uma epistemologia do modelo, que rejeita o

ponto de vista empirista segundo o qual a estrutura se deixaria apreender ao nível

das relaçôes imediatas entre os fen6menos para sustentar, ao contrário, que ela

deve ser construída pela razão científica, para a16m das aparncias e se necessá-

rio contra elas; 2) correlativamente, uma ontologia da estrutura com infra-estru-

tura inconsciente das relações percebidas e, consequentemente, uma desqualificação

daquilo que aparece A consci?ncia imediata dos sujeitos, sob a forma do vivido e,

nesta perspectiva, aquilo que se fundamenta no nível do sujeito humano sendo ne-

cessàriaiente ilus6rio, ou seja um anti - humanismo teórico; 3) ao mesmo tempo, a

rejeição da concepção historicista da HistEria como progresso contínuo e homoganeo

da humanidade, em proveito de uma concepção da diversidade dos fatos humanos como

desdobrainenio das soluções possíveis a um problema geral cujos dados de base, m-

plicados nas leis universais do espírito humano, e sem dúvidâ da pr6pria matEria,

não poderiam mudar.

i análise de sistemas igual que o estruturalismo, encarando os fatos na sua

conexão, dl conta da interação ou ação recíproca dos elementos interiores a uma

estrutura ou sistema. Mas, infelizmente, muito freqCientemente param aí, consideram

a estrutura como im6vel, situando-se fora do tempo. Essa maneira de proceder pode

ser legítima e mesmo indispensável, num certo nível do estudo. Mas se pretende

permanecer aí, recai-se inevitàvelmente no modo de pensamento metafísico e nas

suas inuficincias, escorrega-se para uma concepção de conjunto positivista ou

idealista, único meio de se destacar, porEm apenas em apar&ncia, as contradições

insolúveis.

Upeúsamento criativo correto no nível atual de desenvolvimento da ciência e

da prática social envolve, necessàriamente, que os hómens conheçam as leis do fun-

cionamento e do desenvolvimento do conhecimento, as leis da atividade intelectual

e que saibam usá-las racionalmente para resolver tarefas práticas. O pesquisador

contempor2neo deve dominar o mátodo dialEtico do conhecimento, deve conhecer e

aplicar conscientemente os princípios da dialEtica, às formas e nos procedimentos

lEg&os da pesquisa científica e da criatividade.

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Apesar de 'repetitivo, convém insistir que não se jandonam os instrumentos

convencionais da pesquisa. A metodologia científica tradicional, o enfoque de sis-

temas e o Instrumental da Teoria Gàrai',de Sistemas estão incorporados no enfoque

dialéttco. Constitui um grave erro pensar que depois do surgimento da 16gica dia-

lética, a 16gica não-dialética já nâo:.podia mais enriquecer-se. A adoção do enf 0.

qué sistêmico na rotina da realização da pesquisa agropecuária é um magnífico

exemplo de que houve um enriquecimento e não uma substituição na metodologia cien-

tífica utilizãda. Porém não chega a ocorrer a indispensável passagem da dimensão

sincr8nica para o nível da diacronia. Por outro lado, com o enfoque dialético e a

necessária incórporação da dimensão diacr6nica na pesquisa agropecuária não se

el1íí Za'metodología analítica, o enfoque sistémico,, e a aplicação da Teoria

Geral déS1stemas. Entretanto, a útilização do enfoque sistêmico também não deve

diftàâi ô ú•so da 15gica dialética na pesquisa agropecuária. As mesmas restrições

antes referidas com rélação ao estruturalismo, são, válidas aqui com relação ao

enfoque de sistemas.

Parápoder atuár com êxito, o .pesquisador tem quepreviamente projetar o, seu

trabalho induzindo os procedimentos para a execução. O método científico',, corno se

sabe, é o procedimento rigoroso estruturado pela 16gica como meio para adquirir

conhecimentos. Todas asoperaçõés 16gicas. estão incDjídas no método e até mesmo a

imaginatão científica deve estar governada pelo método. Nisto está incluído o con-

dicionamento das possibilidades levadas racionalmente à confirmação pelo experi-

mentó e na atividade' social prática. O método científico é, portanto, o procedi-inento programado que se segue na pesquisa para descobxir as formas de existência

doá processõs no universo, para deslindar suas conexões internas e externas, para

generalizar e aprofundar os conhecimentos adquiridos, para chegar a demonstrá-los

com' rigor racional e para 'chegar a sua comprovação no experimento e com a técnica

da sua aplicação.

O método científico comprende, portanto, três fases que são inseparáveis, mas

distintas: a) fase especulativa de descobrimento de novos processos objetivos ou

de as$ctos novos nos processos já conhecidos; b) outra fase demonstrativa, de

cnexãoracional entre 'os resultados alcançados e a respectiva confirmação expe-

rimental e, c) fase expositiva, na qual os resultados são explicitados de forma

clára para servir de material à novas pesquisas e çomo informação do conhecimento

adquirido aos demais.

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Em coriespondncia com estas três faaes ou modalidades antes citada, sedes-

tacam tras tipos de procedimentos met6dicos. - Na primeira a pesquisa em si mesma

para'deterrninar a matéria em estudo, analisar suas diversas formas de desenvoÍ-:

vime.nto é descobrir seus vínculos íntimos. Na fase demonstrativa ou de sistema-.

tização se enàontra a conexão do novo conhecimento tornos demais, incorporando

estrutura científica e, quando necessário, são feitas as transformações requeridas

na éitada estrutura de acordo com o novo resultado da pesquisa. S8tnenie depois de

realizado este trabalho é que o desenvolvimento do processo em estudo, tal comõ

foi determinado, poae ser apresentado em forma convincente e satisfat6ria, na ter-

ceira fase. Quando isto é logrado se tem uma imagem racional na qual se expresSa

algo novo da ex1stncia material do universo. Os procedimentos de pesquisa per-

mitem, assim, descobrir novos processos e adquirir novos conhecimentos sobre os

mesmos. Estes procedimentos são eminentemente dial€ticos,'.incluem também a-indução

e à dedução, coco fases pàrciais e necessárias, porém nk suficientes. -

Tratando de resumir o que foi exposto sobre o método dialético, se pode in-

sistir nos ispectos que seguem como indispensáveis .para a realização de uma: pes-

quísa'frutífera

a) Rëalizar umá análise objétiva e concreta do processo a ser estudado...

b) Descobrir o conjunto de conexôes internas do processo, ..em 'todos . seus:::

aspectás; np seu movimento e no seu pr6prio desenvolvimento.

e) - Identificar os aspectos e os momentos contraditérios, considerando o..

processo como uma totalidade e como uma unidade de. contradições.

d) Examinar o conflito interno dos contrários, o desenvolvimento . da sua

lúta, suas mudanças, suas alternancias e suas tendgncias..

e) Descobrir e analisar as conexões do processo com os outros processos, na

sua atividcde e nas influ€ncias recíprocas.

f) Estudar as transiç5es do processo entre seus diversos aspectos e suas

contradições, nas distintas fases-que apresenta e.:no seu contínuo, de-

- - venir.

g) Comprovar reiteradamente, através de experimentos, tudo aquilo que- .foi

reconstituido, generalizado e explicado racionalmente, com base nos ex-

peritnentos anteriores.

h) Aprofundar e ampliar constantemente a pesquisa sem tomar, jamais, a-. co-

nheciiwento algum como definitivo ou imutável.

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Palavras finais

A partir fia14ca4a_70 no que se refere A tecnologia para a agricusturd,

tornou-se cornu,.diz que o enfoque adequado começa a nível do produtor e termina

com os produtores agropecuários. Seguramente se trata de urna dimensão verdadeira

porém, talvez, ing6nua de uma realidade dialática, claramenté explicitada por

Lflébvre (1969) na, forma: "Enfitn, a energia criadora da dialét ca se extende e se

manifesta na e pela prática humana, isto € pela atividade total do homem, pela

ação e pelo çensatento, no trabalho material e no conhecimento. A experffncia e a

razão, a intelig!ncia e a ação, o conhecimento e a criação, podem se opor de nodo

abstratõ e uilzteral por(, sempre acabam por cer unificados na prática i súpe-

rados na mesma prática. A prática é, assim e incessantemente, o ponto de paftida e

o ponto de chegada da dialética. A mata da dialética não 6 outra que o aperfei-

çoamento. O aprofundamento da expressão da.prática é, correlativamente, a trans-

formação da prática atual em uma prática social consciente, coerente e livre.

Desternodo, a meta teórica.e a meta prática, o conhecimento e a ação criadora, sãc

inseparáveis" -

£ evidente e se deve destacar sempreo papel deçisivo da prática em tudo o

que tem que ver com o processo produtivo na agricultura. No entanto não se pode

perder de vista a importância da teoria e a dimensão dialética do citado proces2o.

Parafraseando. Kant se pode dizeçque a prática sea teoria é cega !0r fiem a

prática é,vazia. Sónente com a síntese dialética da teoria e da prática, exres-

sadá na prazis é que. si.pc.de dar um trataente adequado para solucionar os pro-

blemas 'técnicQ$, económicos esociais da .agr,cu1cura.

Com o surgimento da ccnscincia, o reflexo da realidade para o sujeito ad-

quire.um caráter 'explícito e se manifesta, acima de tudo, sob a forma de conhe-

cimento destinao a assegurar,, para a sociedade, os dados que esta necessita pari

a organização e desenvolvimento da produç5o, assim como para transformar o ambien-

te conforme os interesses da humanidade. Estes momentos da relacão do homem com a

natureza só podem ser captados plenamente com o enfoque dialético materialista.

Portanto é necessário rebater a d6vida que com freqiância se levanta

-injustificada e provocadora-, com relação ao valor científico da dialética. O

critério de verdade, conforme foi destacado,, á a prática. Porém, muitas vezes,

esta f6rnula 6 interpretada de maneira equivocada, visto que o critério de verdade

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de urna teoria é a prática desta mesma teoria e não a aplicação desta teoria a ou-

tras práticas distintas. E o modo como a teoria se desenvolve e se estrutura, se

sistematizã e se consolida. Não á o êxito ou fracasso da sua aplicação num campo

real que vai ser julgado mas, sim, a forma como ela se imobiliza e repete, ee.di-

nainiza e inova ou, ainda, o modo como ela se pratica a si mesma.

Não devem existir temores que impeçam a incorporação da dialética na rotiná

da pesquisa agropecuária. E necessário superar o "terrorismo" assim como rejeitar

a repressão institucionalizada que se manifesta através da "cultura" dos cultura-

listas que permite que eles selecionem os quadros de pessoal, integrem novos mem-

brc's e excluam aos "desviados". Superar a ideologia que se integra por um lado com

a publicidade, poesia comicamente sincera, ret6rica da mercadoria e do consumo,

apologia da satisfação; por outro lado, usando o falso idioma do rigor, através do

"cientificismo", do " tecnicismo", do "historicismo".

E necessária a incorporação da consci€ncia dialética no trabalho de pesquisa,

especialmente no campo das ciEncias naturais. Conforme destaca Pinto ( 1969), sâ

recentemente á que está começando a surgir esta consciência porém, apesar disto,

pareceria que ainda por muito tempo, devido A sustentaçâo objetiva, material e

social da conscikcia inflnua, ásta seguirá sendo a dominante.

Tudo indica que a cffncia continuará sendo realizada' ainda por pertodo regu-

lar de tempo, com a participação de mi grande número de epecialistas pouco fami-

liarizados com a razão dialética, o que restringe significativamente aspossibi-

lidades de uma interpretação mais ade4uada do mundo e sociedade em que se vive.

trata-se pois de reduzir este lapso de tempo.

Montevideu, junho de 1987

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Revisado 17/6/7