FGV - RAE Revista de Administração de Empresas, 2016. Volume 56, Número 5

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FÓRUM | FORUM Reflexões sobre gestão de operações: Estado da arte e algumas contribuições do Brasil Charbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeira e Susana Carla Farias Pereira Value creation and capture in buyer-supplier relationships: A new perspective Fábio Campos Tescari e Luiz Artur Ledur Brito Tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras Alini da Silva, Taciana Rodrigues de Souza e Roberto Carlos Klann Influências não lineares da indústria no desempenho da firma Julia Pinto de-Carvalho e Alexandre Teixeira Dias Os melhores e os piores: O boca a boca em sites de varejo eletrônico Fabrício de Carvalho Inocêncio e Érico Veras Marques ARTIGOS | ARTICLES Evaluación de la distribución espacial de plantas industriales mediante un índice de desempeño Pablo Alberto Pérez Gosende The state of research on cleaner production in Brazil Geraldo Cardoso Oliveira Neto, Fábio Ytoshi Shibao e Moacir Godinho Filho PENSATA | ESSAY Hermenêutica ricoeuriana e sua articulação nos estudos organizacionais Paulo Marcelo Ferraresi Pegino RESENHA | BOOK REVIEW O processo de administrar eventos Ivan Fortunato INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS | BOOK RECOMMENDATIONS O poder da criatividade Samy Dana e Inês Pereira Música: Transformando coração e mente Sandra Carvalho de Mattos R$ 50,00 PESQUISA E CONHECIMENTO V. 56, N. 5, Setembro–Outubro 2016 www.fgv.br/rae

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FÓRUM | FORUM

Reflexões sobre gestão de operações: Estado da arte e algumas contribuições do BrasilCharbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeira e Susana Carla Farias Pereira

Value creation and capture in buyer-supplier relationships: A new perspectiveFábio Campos Tescari e Luiz Artur Ledur Brito

Tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileirasAlini da Silva, Taciana Rodrigues de Souza e Roberto Carlos Klann

Influências não lineares da indústria no desempenho da firmaJulia Pinto de-Carvalho e Alexandre Teixeira Dias

Os melhores e os piores: O boca a boca em sites de varejo eletrônico Fabrício de Carvalho Inocêncio e Érico Veras Marques

ARTIGOS | ARTICLES

Evaluación de la distribución espacial de plantas industriales mediante un índice de desempeñoPablo Alberto Pérez Gosende

The state of research on cleaner production in BrazilGeraldo Cardoso Oliveira Neto, Fábio Ytoshi Shibao e Moacir Godinho Filho

PENSATA | ESSAY

Hermenêutica ricoeuriana e sua articulação nos estudos organizacionaisPaulo Marcelo Ferraresi Pegino

RESENHA | BOOK REVIEW

O processo de administrar eventosIvan Fortunato

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS | BOOK RECOMMENDATIONS

O poder da criatividadeSamy Dana e Inês Pereira

Música: Transformando coração e menteSandra Carvalho de Mattos

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PESQUISA ECONHECIMENTOV. 56, N. 5,Setembro–Outubro 2016

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EDITORA-CHEFEMaria José Tonelli

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Publicação bimestral da Fundação Getulio VargasEscola de Administração de Empresas de São Paulo

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PESQUISA E CONHECIMENTO | V. 56, N. 5, SETEMBRO-OUTUBRO 2016

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RAE – Revista de Administração de Empresas / Fundação Getulio Vargas.Vol. 1, n. 1 (maio/ago. 1961) - . - Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1961 - v.; 27,5cm.

Quadrimestral: 1961–1962. Trimestral: 1963–1973. Bimestral: 1974–1977.Trimestral: 1978–1992. Bimestral: 1992–1995. Trimestral: 1996–2010.Bimestral: 2011–.

Publicada: São Paulo: FGV-EAESP, 1988–

ISSN 0034-7590

1. Administração de empresas – Periódicos. I. Fundação Getulio Vargas. II. Escola de Administração de Empresas de São Paulo.

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CDD 658CDU 658

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Setembro/Outubro 2016

SUMÁRIO

466 EDITORIAL

FÓRUM

468 REFLEXÕES SOBRE GESTÃO DE OPERAÇÕES: ESTADO DA ARTE E ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DO BRASIL Panorama sobre as pesquisas que mais têm gerado impacto na comunidade de gestão de operações

globalmente, com destaque para os desafios da área. Charbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeira e Susana Carla Farias Pereira

474 CRIAÇÃO E CAPTURA DE VALOR EM RELACIONAMENTOS COMPRADOR-FORNECEDOR: UMA NOVA PERSPECTIVA

Desenvolvimento e teste de um novo modelo de criação e captura de valor nas relações entre compradores e fornecedores.

Fábio Campos Tescari e Luiz Artur Ledur Brito

489 TEMPESTIVIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL EM EMPRESAS FAMILIARES BRASILEIRAS Análise sobre a tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras por

meio de pesquisa descritiva, documental e quantitativa. Alini da Silva, Taciana Rodrigues de Souza e Roberto Carlos Klann

503 INFLUÊNCIAS NÃO LINEARES DA INDÚSTRIA NO DESEMPENHO DA FIRMA Investigação sobre o efeito do ambiente da indústria no desempenho da firma por meio de um

modelo de regressão múltipla não linear com firmas brasileiras de capital aberto ativas no período de 2005 a 2012.

Julia Pinto de-Carvalho e Alexandre Teixeira Dias

518 OS MELHORES E OS PIORES: O BOCA A BOCA EM SITES DE VAREJO ELETRÔNICO Pesquisa sobre os fatores internos do boca a boca no varejo eletrônico brasileiro, comparando os melho-

res e piores sites em quatro dimensões: intensidade, valência positiva, valência negativa e conteúdo. Fabrício de Carvalho Inocêncio e Érico Veras Marques

ARTIGOS

533 AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE PLANTAS INDUSTRIAIS SEGUNDO UM ÍNDICE DE DESEMPENHO Apresentação de um indicador de avaliação do desempenho da distribuição espacial de plantas

industriais, classificando-as entre um cenário ideal e anti-ideal. Pablo Alberto Pérez Gosende

547 O ESTADO DA PESQUISA SOBRE PRODUÇÃO MAIS LIMPA NO BRASIL Estudo sobre o estado da pesquisa em produção limpa no Brasil, realizado por meio de revisão de

literatura, dados bibliométricos e análise de redes. Geraldo Cardoso Oliveira Neto, Fábio Ytoshi Shibao e Moacir Godinho Filho

PENSATA

578 HERMENÊUTICA RICOEURIANA E SUA ARTICULAÇÃO NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Reflexão sobre os aspectos filosóficos fundamentais da teoria hermenêutica ricoeuriana a fim de

reconstruir o caminho deixado pela obra de Paul Ricoeur e suas potencialidades no campo dos estudos organizacionais.

Paulo Marcelo Ferraresi Pegino

RESENHA

585 O PROCESSO DE ADMINISTRAR EVENTOS Ivan Fortunato

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

586 O PODER DA CRIATIVIDADE Samy Dana e Inês Pereira

587 MÚSICA: TRANSFORMANDO CORAÇÃO E MENTE Sandra Carvalho de Mattos

Page 6: FGV - RAE Revista de Administração de Empresas, 2016. Volume 56, Número 5

ISSN 0034-7590© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016

September/October 2016

CONTENTS

466 EDITORIAL

FORUM

468 REFLECTIONS ON OPERATIONS MANAGEMENT: THE STATE OF THE ART AND A FEW CONTRIBUTIONS FROM BRAZIL

A panorama of the studies that have had most impact on the operations management community globally, with an emphasis on the challenges in the area.

Charbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeira and Susana Carla Farias Pereira

474 VALUE CREATION AND CAPTURE IN BUYER-SUPPLIER RELATIONSHIPS: A NEW PERSPECTIVE Developing and testing a new model of value creation and capture in relationships between buyers

and vendors. Fábio Campos Tescari and Luiz Artur Ledur Brito

489 THE TIMELINESS OF ACCOUNTING INFORMATION IN BRAZILIAN FAMILY BUSINESSES An analysis of the timeliness of accounting information in Brazilian family businesses by means of a

descriptive, documentary and quantitative study. Alini da Silva, Taciana Rodrigues de Souza and Roberto Carlos Klann

503 THE NON-LINEAR INDUSTRY EFFECTS ON FIRM PERFORMANCE An investigation of the effect of industry environment on firm performance using a non-linear

regression model with Brazilian listed companies for the period from 2005 to 20012. Julia Pinto de-Carvalho and Alexandre Teixeira Dias

518 THE BEST AND THE WORST: WORD-OF-MOUTH IN E-TAIL WEBSITES A study about internal word-of-mouth factors in Brazilian online retail, comparing the best and worst

websites in four dimensions: intensity, positive valence, negative valence, and content. Fabrício de Carvalho Inocêncio and Érico Veras Marques

ARTICLES

533 AN APPROACH TO INDUSTRIAL FACILITY LAYOUT EVALUATION USING A PERFORMANCE INDEX The paper presents an indicator which assesses the performance of industrial plants’ spatial

distribution, classifying them between ideal and anti-ideal scenarios. Pablo Alberto Pérez Gosende

547 THE STATE OF RESEARCH ON CLEANER PRODUCTION IN BRAZIL A study of the state of research on cleaner production in Brazil, conducted by means of a literature

review, bibliometrics data, and analysis of networks. Geraldo Cardoso Oliveira Neto, Fábio Ytoshi Shibao and Moacir Godinho Filho

ESSAY

578 RICOEUREAN HERMENEUTICS AND ITS ARTICULATION IN ORGANIZATIONAL STUDIES A reflection about key philosophical aspects of hermeneutic theory for rebuilding the path left by the

work of Paul Ricoeur and its potentialities in the field of organizational studies. Paulo Marcelo Ferraresi Pegino

BOOK REVIEW

585 THE PROCESS OF MANAGING EVENTS Ivan Fortunato

BOOK RECOMMENDATIONS

586 THE POWER OF CREATIVITY Samy Dana and Inês Pereira

587 MUSIC: TRANSFORMING HEART AND MIND Sandra Carvalho de Mattos

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ISSN 0034-7590 © RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016

SUMARIO

Septiembre/Octubre 2016

466 EDITORIAL

FORO

468 REFLEXIONES SOBRE GESTIÓN DE OPERACIONES: NIVEL DE DESARROLLO Y ALGUNAS CONTRIBUCIONES DE BRASIL

Panorama de las investigaciones que han generado más impacto en la comunidad de gestión de operaciones en ámbito mundial, especialmente las que se refieren a los desafíos del área.

Charbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeira y Susana Carla Farias Pereira

474 CREACIÓN Y CAPTURA DE VALOR EN LAS RELACIONES COMPRADOR-PROVEEDOR: UNA NUEVA PERSPECTIVA Desarrollo y puesta a prueba de un nuevo modelo de creación y captura de valor en las relaciones

entre compradores y proveedores. Fábio Campos Tescari y Luiz Artur Ledur Brito

489 TEMPESTIVIDAD DE LA INFORMACIÓN CONTABLE EN EMPRESAS FAMILIARES BRASILEÑAS Análisis sobre la tempestividad de la información contable en empresas familiares brasileñas por

medio de investigación descriptiva, documental y cuantitativa. Alini da Silva, Taciana Rodrigues de Souza y Roberto Carlos Klann

503 INFLUENCIAS NO LINEALES DE LA INDUSTRIA EN EL DESEMPEÑO DE LA EMPRESA Investigación sobre el efecto del ambiente de la industria en el desempeño de la empresa por medio

de un modelo de regresión múltiple no lineal con empresas brasileñas de capital abierto activas en el período de 2005 a 2012.

Julia Pinto de-Carvalho y Alexandre Teixeira Dias

518 LOS MEJORES Y LOS PEORES: EL BOCA A BOCA EN SITIOS WEB DE COMERCIO ELECTRÓNICO AL POR MENOR Estudio sobre los factores internos del boca a boca en el comercio electrónico al por menor brasileño,

que compara los mejores y los peores sitios web en cuatro dimensiones: intensidad, valencia positiva, valencia negativa y contenido.

Fabrício de Carvalho Inocêncio y Érico Veras Marques

ARTÍCULOS

533 EVALUACIÓN DE LA DISTRIBUCIÓN ESPACIAL DE PLANTAS INDUSTRIALES MEDIANTE UN ÍNDICE DE DESEMPEÑO

Presentación de un indicador de evaluación de desempeño de la distribución espacial de plantas industriales, que las clasifica entre un escenario ideal y anti-ideal.

Pablo Alberto Pérez Gosende

547 EL ESTADO DE LA INVESTIGACIÓN SOBRE PRODUCCIÓN MÁS LIMPIA EN BRASIL Estudio sobre el estado de la investigación sobre producción limpia en Brasil, realizado por medio de

revisión de literatura, datos bibliométricos y análisis de redes. Geraldo Cardoso Oliveira Neto, Fábio Ytoshi Shibao y Moacir Godinho Filho

ENSAYO

578 HERMENÉUTICA RICOEURIANA Y SU ARTICULACIÓN EN LOS ESTUDIOS ORGANIZACIONALES Reflexión sobre los aspectos filosóficos fundamentales de la teoría hermenéutica ricoeuriana a los

efectos de reconstruir el camino legado por la obra de Paul Ricoeur y sus potencialidades en el campo de los estudios organizacionales.

Paulo Marcelo Ferraresi Pegino

RESEÑA

585 EL PROCESO DE ADMINISTRAR EVENTOS Ivan Fortunato

RECOMENDACIONES BIBLIOGRÁFICAS

586 EL PODER DE LA CREATIVIDAD Samy Dana e Inês Pereira

587 MÚSICA: TRANSFORMANDO CORAZÓN Y MENTE Sandra Carvalho de Mattos

Page 8: FGV - RAE Revista de Administração de Empresas, 2016. Volume 56, Número 5

466

© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 ISSN 0034-7590

RAE | Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

EDITORIALDOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160501

Há quase duas décadas, o Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais (SIMPOI) tem se destacado no cenário nacional, com parceria internacional relevante com o Production and Operation Management Society (POMS), nas edições de 2001 e 2007. Em 2015, o Simpósio teve a participação

de pesquisadores de 16 estados brasileiros e de outros três países, e os artigos indicados para prêmio foram convidados a participar do Fórum RAE-SIMPOI, organizado pelos professores Charbel José Chiappetta Jabbour, da University of Stirling, na Escócia, Rafael Teixeira, da Escola de Gestão e Negócios da UNISINOS, no Rio Grande do Sul, e Susana Carla Farias Pereira, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV. Os organizadores do Fórum apresentam, na abertura, um breve panorama sobre a produção acadêmica em gestão de operações e apontam que os artigos internacionais mais citados buscam orientar metodologicamente as pesquisas nesse campo, especialmente as de base qualitativa como estudos de caso. Dos 10 trabalhos mais citados, argumentam os organizadores, apenas dois tratam de questões teóricas, um voltado para operações sustentáveis e outro para a gestão de operações em situações de crises e desastres. Os organizadores destacam, ainda, a importância de pesquisa aplicada, com impacto prático na gestão de operações. Por fim, os editores apresentam os artigos selecionados que, após serem submetidos ao processo de avaliação por pares, foram aprovados para publicação.

Mas, além dos artigos aprovados no Fórum, outros dois artigos da área compõem esta edição da RAE-Revista de Administração de Empresas, que está praticamente dedicada à área de operações e logística. O artigo “Evalución de la distribuición espacial de plantas industriales mediante un índice de desempeno”, de Pablo Alberto Pérez Gosende, propõe um indicador para dimensionar o desempenho de plantas industriais já existentes e apresenta um caso prático de uma empresa do setor metal-mecânico, que registrou melhoria de cerca de 50% na sua distribuição espacial. Em “Improving the state of research on cleaner production in Brazil”, Geraldo Cardoso Oliveira Neto, Fábio Ytoshi Shibao e Moacir Godinho Filho apresentam o estado da arte em pesquisas sobre produção limpa no Brasil. Os autores mostram que a aplicação de produção mais limpa (PML) não é comum no nosso país e apontam que países em desenvolvimento têm mais dificuldade de desenvolver políticas para práticas desse tipo. Essa questão, entretanto, é essencial para o desenvolvimento sustentável, e o tema, conforme indicado pelos autores do Fórum, é central na pesquisa em gestão de operações.

A Pensata desta edição, de Paulo Marcelo Ferraresi Pegino, discute a importância da obra de P. Ricouer para os estudos organizacionais. Exatamente na contramão de uma apologia de pesquisas aplicadas, o autor mostra as “armadilhas da operacionalização precoce e da simplificação”. Um contraponto interessante para o clássico debate entre teoria e prática. Completa esta edição a seção de Indicações Bibliográficas sobre os temas criatividade e música.

Boa leitura!

MARIA JOSÉ TONELLI | Editora-chefeProfessora da Fundação Getulio Vargas,Escola de Administração de Empresas de São PauloSão Paulo – SP, Brasil

Page 9: FGV - RAE Revista de Administração de Empresas, 2016. Volume 56, Número 5

ISSN 0034-7590

RAE | Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP 467

© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016

EDITORIALDOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160501

or almost two decades, the Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais (Symposium on the Administration of Production, Logistics and International Operations [SIMPOI]) has been a national event of note, and it included the international participation of the Production and Operations

Management Society (POMS) in 2001 and 2007. In 2015, the Symposium featured the participation of researchers from 16 Brazilian states and three other countries, and the articles nominated for awards were given a chance to appear in the RAE-SIMPOI Forum, organized by Professors Charbel José Chiappetta Jabbour of the University of Sterling in Scotland, Rafael Teixeira of the UNISINOS Management and Business School of Rio Grande do Sul, and Susana Carla Farias Pereira of the FGV Business School of São Paulo. The organizers of the Forum open with a brief panorama about academic production in operations management and point out that the most cited international articles seek to guide research in this field in terms of methodology, especially qualitative case studies. The organizers argue that only two of the 10 most cited works deal with theoretical questions, one relating to sustainable operations and the other relating to managing operations in crises and disasters. The organizers further emphasize the importance of applied research which has a practical impact on operations management. Finally, the editors present the selected articles which have passed the double blind review process and have been approved for publication.

But along with the articles approved from the Forum, there are two other articles in this issue of the RAE-Revista de Administração de Empresas (Journal of Business Administration), which is practically dedicated to the area of operations and logistics. The article “Evalución de la distribuición espacial de plantas industriales mediante un índice de desempeno (An approach to industrial facility layout evaluation using a performance index)” by Pablo Alberto Pérez Gosende proposes an indicator to measure the performance of existing industrial plants and presents a case study of a company in the metal-mechanical sector which registered an improvement of roughly 50% in its spatial distribution. In “The state of research on cleaner production in Brazil”, Geraldo Cardoso Oliveira Neto, Fábio Ytoshi Shibao, and Moacir Godinho Filho present the state of the art in terms of research on clean production in Brazil. The authors show that the application of cleaner production is not common in our country and point out that developing countries have greater difficulty in developing practices of this type. This question, however, is essential to sustainable development, and this topic, as indicated by the Forum’s authors, is central to operations management research.

This issue’s Essay by Paulo Marcelo Ferraresi Pegino discusses the importance of the works of P. Ricouer to organizational studies. Running against the tide of apologies for applied research, the author illustrates the “traps of precocious and simplified operationalization.” It is an interesting counterpoint to the classic debate between theory and practice. Rounding out this issue the Book Recommendations on creativity and music.

Good reading!

MARIA JOSÉ TONELLI | Editor in ChiefProfessor at Fundação Getulio Vargas,

Escola de Administração de Empresas de São PauloSão Paulo – SP, Brazil

Page 10: FGV - RAE Revista de Administração de Empresas, 2016. Volume 56, Número 5

468

ISSN 0034-7590© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 468-472

CHARBEL JOSÉ CHIAPPETTA [email protected] da University of Stirling, Centre for Advanced Management Education – Stirling – Escócia, Reino Unido

RAFAEL [email protected] da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Escola de Gestão e Negócios – São Leopoldo – RS, Brasil

SUSANA CARLA FARIAS [email protected] da Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo – São Paulo – SP, Brasil

FÓRUMArtigo convidado

REFLEXÕES SOBRE GESTÃO DE OPERAÇÕES: ESTADO DA ARTE E ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DO BRASIL

INTRODUÇÃO

A área de gestão de operações vem se consolidando e se diversificando, tanto em termos temáticos quanto em termos metodológicos, acompanhando a evolução das empresas brasileiras, desde a década de 1990 (Correa, Paiva, & Primo, 2010). No que tange a diversidade temática, observa-se multidisciplinaridade e maior complexidade, para dar respostas aos emergentes e complexos problemas da sociedade contemporânea. Em termos metodológicos, observa-se uma multiplicidade de possibilidades de métodos e técnicas para coleta e análise de dados. Um exemplo da pujança da área de gestão de operações do Brasil é o crescimento e consolidação de eventos científicos na área. Cabe destacar o XVIII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais (SIMPOI) da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP), São Paulo, Brasil, que a cada ano se aperfeiçoa em comunicar pesquisas que sejam não apenas academicamente rigorosas, mas também valiosas pelas implicações práticas nelas encapsuladas.

Esse desenvolvimento da área de gestão de operações no Brasil e, particularmente, no SIMPOI ocorre na esteira do incremento em relevância da área de operations management no mundo. Percebe-se que a pesquisa nacional, embora explorando temas relevantes para o Brasil, está cada vez mais relevante em termos internacionais, seja porque explora temáticas de interesse generalizado, seja porque adota pressupostos metodológicos internacionalmente reconhecidos como relevantes. Edições especiais sobre gestão de operações na América Latina, com forte destaque para o Brasil, são cada vez mais frequentes (Blanco & Paiva, 2014). Nesse contexto, o objetivo deste artigo é apresentar um seleto conjunto de trabalhos, com base em critérios de mérito acadêmico, durante o XVIII SIMPOI, intitulado “Cadeias globais e competitividade em mercados emergentes”. Uma ponte entre os artigos aprovados para publicação no Fórum RAE-SIMPOI e os artigos mais citados da literatura internacional em operations management é apresentada, para que similaridades e oportunidades futuras sejam, então, apontadas.

Almeja-se, especificamente:• sobrevoar a produção científica internacional em gestão de operações, fornecendo

um panorama sobre as pesquisas que mais têm se destacado na comunidade de gestão de operações ao redor do globo;

• destacar os desafios que podem emergir ao se fazer pesquisa de impacto na área de gestão de operações;

• apresentar um conjunto de artigos de elevada qualidade aprovados para apresen-tação e indicados ao prêmio de melhor artigo do evento, pela comissão de premia-ção do XVIII SIMPOI, e posteriormente convidados a participar do Fórum da RAE.

RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160502

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ISSN 0034-7590

AUTORES | Charbel José Chiappetta Jabbour | Rafael Teixeira | Susana Carla Farias Pereira

© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 468-472

PRODUÇÃO CIENTÍFICA INTERNACIONAL EM GESTÃO DE OPERAÇÕES

Um olhar sobre a produção científica internacional em gestão de operações pode ser útil para compreender a produção científica sobre o tema no Brasil e também valiosa para traçar um paralelo com os artigos deste Fórum RAE-SIMPOI. Para tanto, prospectaram-se artigos com o termo operations management em seus títulos, na base de dados Scopus. Os documentos encontrados foram, então, ordenados por citação (maior-menor). De tal forma, encontrou-se o conjunto dos artigos mais citados, tendo-se selecionado os 10 mais expressivos (Quadro 1).

Interessante é notar que quase a totalidade dos artigos mais citados da área de operations management discute aspectos metodológicos da área e tenta fornecer diretrizes para a elaboração de pesquisas mais robustas.

A maior parte dos artigos dedica-se a valorizar, compreender e melhor desenvolver pesquisa qualitativa baseada em estudo de caso, conforme Voss, Tsikriktsis, e Frohlich (2002), Meredith (1998), McCutcheon e Meredith (1993) e Stuart, McCutcheon, Handfield, McLachlin, e Samson (2002). Em menor quantidade, mas ainda relevante, são os artigos dedicados a incentivar o melhor desenvolvimento de estudos quantitativos empíricos, com larga preferência pela pesquisa do tipo survey (Flynn, Sakakibara, Schroeder, Bates, & Flynn, 1990; Forza, 2002). Um dos trabalhos mais citados ressalta a escassez e relevância de pesquisa-ação em gestão de operações (Coughlan & Coghlan, 2002).

Uma outra tendência do estado da arte é a preocupação com a contribuição teórica dos estudos em gestão de operações. Segundo essa perspectiva, a valorização da área de operações depende da robustez e contribuição teórica de seus achados (Schmenner & Swink, 1998). Apenas dois trabalhos, entre os 10 mais citados, podem ser considerados “temáticos”, isto é, discutem não métodos de pesquisa propriamente ditos, mas, sim, temas pertinentes a gestão de operações. Entre estes, devem ser citados os temas de gestão de operações sustentáveis (Kleindorfer, Singhal, & Wassenhove, 2005) e de gestão de operações em contextos de desastres e conflitos humanitários (Altay & Green, 2006). Novamente, é interessante notar que nenhum dos trabalhos apresenta resultados práticos, mas, sim, uma agenda de pesquisa para fazer avançar essas temáticas.

Um dos principais desafios da área de gestão de operações, tanto nacional quanto internacionalmente, é produzir pesquisa com impacto, que seja útil acadêmica e empresarialmente. Para tanto, Gallien, Graves, e Scheller-Wolf (2015) sugerem que pesquisa com impacto prático na área de gestão de operações deva percorrer as seguintes etapas: (1) escolher uma questão de pesquisa que seja útil para a sociedade, inovadora, não seja

obviamente respondida e leve a novas questões; (2) desenvolver parceria de longo prazo, ganha-ganha, com agentes da sociedade, como empresas; (3) evidenciar validação prática e acurada dos conceitos, modelos e resultados propostos; e (4) mensurar, no longo prazo, se a pesquisa realizada gerou, de fato, impacto para os stakeholders envolvidos.

AS CONTRIBUIÇÕES DO SIMPOI 2015

É com satisfação que os editores deste fórum especial da RAE apresentam os artigos indicados a prêmio no XVIII SIMPOI, em versões cientificamente mais robustas e ampliadas em termos de conteúdo e potencial impacto. Os artigos foram submetidos para uma das seguintes linhas temáticas do SIMPOI:

• Estratégia de Operações e Competitividade

• Gestão de Operações

• Logística e Cadeia de Suprimentos

• Gestão de Operações Internacionais

• Gestão de Tecnologia

• Sustentabilidade das Operações

• Gestão de Empreendimentos

• Inovação e Empreendedorismo

• Intersecções – Além dos Limites da Função de Operações

• Pesquisa e Ensino em Administração da Produção e Operações

Os artigos aqui apresentados perpassaram um processo de avaliação por pares que contém diversas etapas e crivos. Primeiramente, eles foram submetidos a avaliação double-blind review, quando os avaliadores do SIMPOI apreciam o mérito dos artigos submetidos ao evento. Uma vez vencida essa etapa, com distinção, tais artigos foram, então, indicados e agraciados como os melhores do SIMPOI, fazendo jus a um Fórum para esta edição da RAE. Para fazer parte desta edição, os autores dos artigos premiados durante o SIMPOI foram convidados para submeter sua contribuição à RAE. As novas versões dos artigos submetidos foram, então, reavaliadas, em sistema de double-blind review. Nem todos os artigos submetidos foram aprovados ao final desse processo, apenas quatro artigos tiveram êxito. Esse processo exaustivo de melhoria contínua dos artigos faz com que eles possam ser considerados amostra de elevada qualidade da pesquisa em gestão de operações no SIMPOI, no Brasil e alhures.

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FÓRUM | Reflexões sobre gestão de operações: Estado da arte e algumas contribuições do Brasil

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Quadro 1. Produção científica internacional em gestão de operações: Artigos mais citados

Pesquisa Título do artigo Objetivo/Contribuição PeriódicoCitações no

Scopus (1.8.2016)

Voss et al. (2002)Case research in operations management

Discute o uso da estratégia de estudo de casos na área de gestão de operações

International Journal of Operations

and Production Management

1.127

Flynn et al. (1990)Empirical research methods in operations management

Convida a comunidade em gestão de operações a se arriscar em projetos de pesquisa baseados em dados reais e empíricos

Journal of Operations

management659

Meredith (1998)

Building operations management theory through case and field research

Incentiva a condução de mais pesquisas qualitativas na área de gestão de operações, por meio de estudo de casos e pesquisa de campo

Journal of Operations

management566

Kleindorfer et al. (2005)

Sustainable operations management

Ressalta os desafios e oportunidades que pesquisadores da área de gestão de operações podem enfrentar ao inserir a temática da sustentabilidade em seus temas tradicionais de pesquisa

Production and Operations

management440

McCutcheonand e Meredith (1993)

Conducting case study research in operations management

Explora a importância e a complexidade da condução de estudo de casos em gestão de operações. Ressalta a necessidade de garantir validade e confiabilidade nos estudos realizados

Journal of Operations

management423

Coughlan e Coghlan (2002)

Action research for operations management

Ressalta a relevância de se adotar pesquisa-ação para avançar em pesquisas mais práticas na área de gestão de operações

International Journal of Operations

and Production Management

395

Altay e Green (2006)

OR/MS research in disaster operations management

Afirmam que a área de gestão de operações pode contribuir com o avanço da pesquisa em gerenciamento de operações em contexto de desastres

European Journal of Operational

Research383

Forza (2002)Survey research in operations management: A process-based perspective

Oferece diretrizes para o projeto e execução de surveys na área de gestão de operações

International Journal of Operations

and Production Management

345

Stuart et al. (2002)Effective case research in operations management: A process perspective

Os autores afirmam que, embora se defenda a pesquisa com estudo de casos em gestão de operações, sua aceitação nos periódicos internacionais populares ainda é incerta. Eles, então, oferecem diretrizes para estudo de casos de sucesso

Journal of Operations

management321

Schmenner e Swink (1998)

On theory in operations management

Defendem o valor da contribuição teórica dos estudos em gestão de operações. Sugerem formas para organizar e potencializar a contribuição teórica das pesquisas na área

Journal of Operations

management303

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ISSN 0034-7590

AUTORES | Charbel José Chiappetta Jabbour | Rafael Teixeira | Susana Carla Farias Pereira

© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 468-472

O trabalho “Tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras”, de Silva, Souza, e Klann (2016), teve como objetivo analisar a tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras. Para tanto, os autores realizaram uma pesquisa descritiva, documental e quantitativa. A amostra do estudo foi composta por 124 empresas (de 2010 a 2013). Os resultados apontaram que o lucro por ação, o tamanho da empresa e o crescimento das vendas foram variáveis significativas para explicar o retorno das ações. Em relação à tempestividade, observou-se que as informações contábeis são menos tempestivas nas empresas familiares quando considerado um horizonte de longo prazo para o retorno das ações (15 meses). Quando utilizados retornos de curto prazo (3 e 6 meses), as variáveis contábeis não se mostraram significativas, não sendo possível afirmar que as empresas familiares apresentam informações mais ou menos tempestivas. Os autores sustentam que a originalidade do estudo reside no fato de se investigar o efeito da gestão/controle familiar sobre a tempestividade das informações contábeis, tema ainda não observado no cenário brasileiro.

Inocêncio e Marques (2016) apresentaram o trabalho “Os melhores e os piores: O boca a boca em sites de varejo eletrônico”. A pesquisa analisou os fatores internos do boca a boca (BAB) no varejo eletrônico brasileiro, comparando os melhores e piores sites em quatro dimensões: intensidade, valência positiva, valência negativa e conteúdo, por meio de um modelo conceitual específico dado pela literatura. Sugere-se, então, que a intensidade do BAB seja maior para os melhores sites, e que o grau de promoção (valência positiva) dos melhores sites seja menor que o grau de detração (valência negativa) dos piores sites. Esse resultado reforça achados prévios na literatura, que apontam que BAB negativo é mais passional e extremo. Ainda, os resultados demonstram que fatores como confiança, velocidade de entrega e atendimento pós-compra reforçam tanto o BAB positivo nos melhores sites quanto o BAB negativo nos piores sites. Contudo, segurança das transações e facilidade de uso não reforçam o BAB negativo nos piores sites, sugerindo um certo grau de comoditização desses fatores entre melhores e piores sites.

Em “Influências não lineares da indústria no desempenho da firma”, de de-Carvalho e Dias (2016), explorou-se o efeito do ambiente da indústria no desempenho da firma, por meio de um modelo de regressão múltipla não linear. As amostras por período variaram de 178 (2005) a 252 (2012) firmas brasileiras de capital aberto, ativas no período de 2005 a 2012. A análise por decomposição da variância permitiu a identificação de tendência de incremento da influência da rivalidade no desempenho da firma, ao passo que a relação quadrática aponta para um ponto

ótimo do efeito da rivalidade na indústria, que, caso ultrapassado, poderá provocar efeito inverso na lucratividade. Tais resultados estão alinhados com a perspectiva de que, quanto maior a rivalidade, mensurada por meio da receita dos concorrentes, maior a possibilidade de obtenção de receitas originadas da venda de produtos, até o ponto em que a intensidade da rivalidade passa a dificultar o acesso a recursos oriundos das vendas.

Tescari & Brito (2016) apresentaram o artigo “Value creation and capture in buyer-supplier relationships: A new perspective”. Em tal trabalho, foi desenvolvido e testado um novo modelo para criação e captura de valor em relações comprador-fornecedor. O modelo foi testado empiricamente por meio de um survey focando 127 díades (comprador-fornecedor) em cadeias de suprimentos brasileiras. Os resultados sugerem que ambas as empresas se beneficiam do valor total criado pela relação, mas há variação em termos do grau de captura do valor. O valor percebido por fornecedores tende a ser superior àquele percebido pelos compradores, o que explica a busca pela continuidade da parceria.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo apresentou um breve panorama do estado da arte do tema de gestão de operações à luz dos artigos mais citados segundo a base de dados Scopus. Além disso, introduziu quatro trabalhos que se distinguiram pela elevada qualidade e rigor durante o XVIII SIMPOI, em 2015. Importante é notar que, no panorama apresentado, entre os artigos mais citados, a larga maioria dos artigos se dedica a incentivar e orientar determinadas abordagens metodológicas em gestão de operações, por exemplo, estudo de caso, survey e pesquisa-ação. Outros artigos propuseram discussão sobre a importância da teoria em gestão de operações e sobre temas emergentes (sustentabilidade e gestão de desastres). Acredita-se que os quatro artigos do SIMPOI aqui apresentados estejam aptos a contribuir com qualidade, rigor e relevância com os chamados do estado da arte, principalmente no que tange a produção de pesquisa empírica com dados reais.

REFERÊNCIAS

Altay, N., & Green, W. G. (2006). OR/MS research in disaster operations management. European Journal of Operational Research, 175(1), 475-493. doi:10.1016/j.ejor.2005.05.016

Blanco, D. E. E., & Paiva, D. E. L. (2014). Supply chain management in Latin America. International Journal of Physical Distribution & Logis-tics Management, 44(7). doi: 10.1108/ijpdlm-05-2014-0102.

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FÓRUM | Reflexões sobre gestão de operações: Estado da arte e algumas contribuições do Brasil

© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 468-472

Correa, H. L., Paiva, E. L., & Primo, M. A. M. (2010). A pesquisa em gestão de operações no Brasil: Um breve relato de sua evolução. RAE-eletrônica, 9(2). Recuperado de http://rae.fgv.br/rae-eletronica/

Coughlan, P., & Coghlan, D. (2002). Action research for operations management. International Journal of Operations & Production Management, 22(2), 220-240. doi:10.1108/01443570210417515

De-Carvalho, J. P., & Dias, A. T. (2016). Influências não lineares da indústria no desempenho da firma. RAE-Revista de Administração de Empresas, 56(5), 503-517. doi:10.1590/S0034-759020160505

Flynn, B. B., Sakakibara, S., Schroeder, R. G., Bates, K. A., & Flynn, E. J. (1990). Empirical research methods in operations management. Journal of Operations Management, 9(2), 250-284. doi:10.1016/0272-6963(90)90098-X

Forza, C. (2002). Survey research in operations management: A process-based perspective. International Journal of Operations & Production Management, 22(2), 152-194. 10.1108/01443570210414310

Gallien, J., Graves, S. C., & Scheller-Wolf, A. (2016). OM Forum – Practice-based research in operations management: What it is, why do it, related challenges, and how to overcome them. Manufacturing & Service Operations Management,  18(1), 5-14. doi:10.1287/msom.2015.0566

Inocêncio, F. de C., & Marques, E. V. (2016). Os melhores e os piores: O boca a boca em sites de varejo eletrônico. RAE-Revista de Administração de Empresas, 56(5), 518-532. doi:10.1590/S0034-759020160506

Kleindorfer, P. R., Singhal, K., & Wassenhove, L. N. (2005). Sustainable operations management. Production and Operations Management, 14(4), 482-492. doi:10.1111/j.1937-5956.2005.tb00235.x

McCutcheon, D. M., & Meredith, J. R. (1993). Conducting case study research in operations management. Journal of Operations Management, 11(3), 239-256. doi:10.1016/0272-6963(93)90002-7

Meredith, J. (1998). Building operations management theory through case and field research. Journal of Operations Management, 16(4), 441-454. doi:10.1016/S0272-6963(98)00023-0

Schmenner, R. W., & Swink, M. L. (1998). On theory in operations management. Journal of Operations Management, 17(1), 97-113. doi:10.1016/S0272-6963(98)00028-X

Silva, A., Souza, T. R., Klann, R. C. (2016). Tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras. RAE-Revista de Administração de Empresas, 56(5), 489-502. doi:10.1590/S0034-759020160504

Stuart, I., McCutcheon, D., Handfield, R., McLachlin, R., & Samson, D. (2002). Effective case research in operations management: A process perspective. Journal of Operations Management, 20(5), 419-433. doi:10.1016/S0272-6963(02)00022-0

Tescari, F. C., & Brito, L. A. L. (2016). Value creation and capture in buyer-supplier relationships: A new perspective. RAE-Revista de Administração de Empresas, 56(5), 474-488. doi:10.1590/S0034-759020160503

Voss, C., Tsikriktsis, N., & Frohlich, M. (2002). Case research in operations management. International Journal of Operations & Production Management, 22(2), 195-219. doi:10.1108/01443570210414329

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ISSN 0034-7590© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 474-488

FÁBIO CAMPOS TESCARI [email protected] in Business Administration from Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo – São Paulo – SP, Brazil

LUIZ ARTUR LEDUR BRITO [email protected] of the Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo – São Paulo – SP, Brazil

FORUMSubmitted 10.14.2015. Approved 07.26.2016Evaluated by double blind review process. Scientific Editors: Charbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeiraand Susana Carla Farias Pereira

VALUE CREATION AND CAPTURE IN BUYER-SUPPLIER RELATIONSHIPS: A NEW PERSPECTIVECriação e captura de valor em relacionamentos comprador-fornecedor: Uma nova perspectiva

Creación y captura de valor en las relaciones comprador-proveedor: Una nueva perspectiva

ABSTRACTThis research paper develops and tests a new model for value creation and capture in buyer-supplier relationships. In addition to including both value creation and capture in the same model, value creation is unraveled by the identification of its sources, both intrinsic and relational. Intrinsic value is the set of benefits derived from resources belonging to one party that can be captured by another party if there is a relationship between them, even if this relationship is non-collaborative. Relational value encompasses the mutual benefits that are generated as the collaboration between buyer and supplier increases. The model was tested using a survey of 127 dyads (buyer and supplier). The results indicated that both sides benefit from the total value created by the relationship, but the degree of value capture varies. The value perceived by the supplier is greater than that perceived by the buyer, which consequently encourages the former to boost its efforts even further to ensure that the relationship continues.KEYWORDS | Value creation, value capture, buyer-supplier relationships, relationship value, value-based strategy.

RESUMOEste artigo desenvolve e testa um novo modelo de criação e captura de valor em relacionamentos entre compradores e fornecedores. Além de incluir tanto criação quanto captura de valor no mesmo modelo, a criação de valor é esmiuçada, identificando-se suas fontes – intrínseca e relacional. O valor intrínseco é o conjunto de benefícios oriundos dos recursos que uma parte detém e que podem ser capturados pela outra devido ao relacionamento entre elas, mesmo que este relacionamento não seja colaborativo. O valor relacional abrange os benefícios mútuos que são criados à medida que a colaboração entre o comprador e o fornecedor aumenta. O modelo foi testado por meio de uma survey com 127 díades (comprador e fornecedor). Os resultados indicaram que ambas as empresas beneficiam-se do valor total criado pelo relacionamento, mas o grau de captura de valor varia. O valor percebido pelo fornecedor é maior do que o percebido pelo comprador, o que, consequentemente, leva o fornecedor a impulsionar ainda mais seus esforços para assegurar a continuidade do relacionamento.PALAVRAS-CHAVE | Criação de valor, captura de valor, relacionamentos comprador-fornecedor, valor do relacionamento, estratégia baseada em valor.

RESUMENEl presente artículo de investigación desarrolla y pone a prueba un nuevo modelo para creación y captura de valor en las relaciones comprador-proveedor. Además de incluir tanto creación como captura de valor en el mismo modelo, la creación de valor es explicada por la identificación de sus recursos, tanto intrínsecos como relacionales. El valor intrínseco es el conjunto de beneficios derivados de recursos pertenecientes a una parte que puede ser capturada por otra parte si existe una relación entre ellas aunque esta relación no sea colaborativa. El valor relacional comprende los beneficios mutuos que se generan a medida que aumenta la colaboración entre el comprador y el proveedor. El modelo fue probado usando un estudio de 127 díadas (comprador y proveedor). Los resultados indicaron que ambas partes se benefician del valor total creado por la relación, pero el grado de captura de valor varía. El valor percibido por el proveedor es más grande que el percibido por el comprador, que en consecuencia estimula al primero a impulsar sus esfuerzos aún más lejos para asegurar que la relación continúe.PALABRAS CLAVE | Creación de valor, captura de valor, relaciones comprador-proveedor, valor de las relaciones, estrategia basada en valor.

RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160503

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ISSN 0034-7590

AUTHORS | Fábio Campos Tescari | Luiz Artur Ledur Brito

© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 474-488

INTRODUCTION

Despite the increasing importance of buyer-supplier relationships to the competitiveness of firms, the study of value creation and capture in these relationships presents a number of challenges and offers a multitude of approaches. Firstly, there are very few studies available that integrate the analysis of value creation with that of value capture (Pitelis, 2009). Since most studies focus on either the buyer or the supplier, they intrinsically conflate value creation with value captured by the party under study. For example, Geiger et al. (2012) look at buyers’ and sellers’ behavioral intentions in their relationships, but they only focus on the capture of operational and relational benefits. James, Leiblein, and Lu (2013) study value capture in the context of innovation, without, however, discussing the role of its value creation. Winkelbach and Walter (2015) describe the value created by science-to-industry technology transfer projects, whereas such transfer could be better understood from the perspective of value capture. Secondly, the focus tends to be on collaboration and integration as the prime sources of value, disregarding the potential of non-collaborative, transactional type relationships to contribute to value creation as well. The majority of studies in this area focus on how or when collaboration can bring benefits to the enrolled firms (Castro, Bronzo, Resende, & Oliveira, 2015; Ramanathan & Gunasekaran, 2014). A complementary approach, as in Molina-Morales and Martínez-Fernández (2009) and Villena, Revilla, and Choi (2011), involves exploring whether collaborative relationships can present an inverted U-shaped generation of benefits, that is, where the performance and the generation of innovations decrease in scenarios with high levels of social capital (trust, friendship, intensity of contacts, etc.). Thirdly, the concept of value is approached in several ways that limit the generalization and integration of the findings (Lindgreen, 2012; Lindgreen & Wynstra, 2005). For example, Pardo, Henneberg, Mouzas, and Naudè (2006) classify value into three categories: one consumed by the customer (exchange value), another by the supplier (proprietary value) and the third consumed by both firms involved in the relationship (relational value). Pinnington and Scalon (2009) include dimensions like expectations, competence, power and influence. Makkonen and Vuori (2014) highlight the importance of inter- and intra-organizational perspectives in the process of relationship value creation. Moreover, value extraction from interfirm relationships is scarcely investigated due to the complexity of the interactions between the different parties (Terpend, Tyler, Krause, & Handfield, 2008).

In this study, we develop and test a new relationship value model that contributes to addressing these gaps. Our model clearly separates value creation from value capture by

the buyer and by the supplier. The empirical test was performed on dyads, with the paired responses from the respective buyers and suppliers allowing for a clear identification of the value captured by each party. The value creation part of our model identifies two types of value sources. One of these value sources refers to the value that is jointly created by both parties, which we call relational value, and this is often created through the very collaboration and interaction that have been the focus of much of the literature on the subject (Cao & Zhang, 2011; Dyer & Singh, 1998). The other type of source is one we refer to as intrinsic value. This is a value that derives from the resources and capabilities of each party, and which they bring to the relationship, but that is independent from collaborative activities and can even exist in transactional relationships. We also explore how this intrinsic value can contribute to enhancing the creation of relational value. Finally, our conceptualization of value is inspired by recent strategic management literature that has defined competitive advantage as superior economic value creation (Peteraf & Barney, 2003), the so called VPC model (Hoopes, Madsen, & Walker, 2003). By using a value concept connected to competitive advantage we provide a link between buyer-supplier relationships and the competitiveness of firms.

The model was tested on a sample of firms in the Brazilian chemical industry. Our unit of analysis was the dyad, so for each observation we had two paired responses, one from the buyer and one from the supplier. In total, we analyzed 127 dyads with 254 respondents. Constructs were measured using multi-item scales, while path analysis was used to test the relationships within the model. The development of new scales for intrinsic value was an additional contribution of this work.

Our results suggest that both buyers and suppliers capture value from their relationships. This suggests that such relationships do indeed contribute to the total value creation of each of the parties, thereby playing an important role in their overall competitiveness. The relational value, jointly created by both buyer and supplier, increases the value captured by both parties, implying that this value is shared by both of them. However, the supplier appears to obtain a higher share of this total value. Finally, intrinsic value seems to contribute to relational value creation and the buyer’s intrinsic value directly affects the value captured by the supplier.

THEORETICAL BACKGROUND

Value creation and its spillover to the partners in a relationship have been acknowledged as primary objectives in any such buyer-supplier relationship. They are also considered important

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FORUM | Value creation and capture in buyer-supplier relationships: A new perspective

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sources of business retention and competitive advantage (Haksever, Chaganti, & Cook, 2004; Sánchez, Vijande, & Gutiérrez, 2010). From the perspective of a relationship between a supplier and its customer, value reflects the perception of that customer in relation to the benefits that the supplier offers, which underpins the definition of how much the customer is willing to pay for the product or service on offer. Thus, the wedge between the customer’s willingness to pay and the price charged by the supplier represents the portion of value created by the relationship between the supplier and its customer and captured by the customer (buyer). Increasing the willingness to pay or reducing the price charged, or both, increases the value captured by the buyer, sometimes at the expense of the supplier. This portion of value can also be reduced if the opposite movements occur. This integrated discussion on value creation and capture in interorganizational relationships is based on the VPC (Value-Price-Cost) economic model (Hoopes et al., 2003).

At the other extreme, suppliers are also able to perceive the benefits they can reap by supplying specific customers, as compared to their second best alternative. This represents suppliers’ opportunity costs. Thus, the difference between the opportunity cost and the price charged by a supplier is a portion of value, created by the relationship between the supplier and its customer, and captured by the supplier. If the opportunity cost falls, where, for example supplying to this specific customer becomes more attractive than to the second best alternative, or if the supplier is able to increase the price it charges, then the supplier captures more value. The opposite can also occur when price and opportunity cost move in different directions.

The sum of the portions of value captured by the buyer (the wedge between the buyer’s willingness to pay and the price) and the supplier (the wedge between the supplier’s opportunity cost and the price) represents the total value created by the relationship, and we refer to this as relationship value in this paper.

Therefore, a firm’s relationship with its customers and suppliers can potentially create value for all the parties involved, since the firm captures the value resulting from the difference between the price charged and the cost incurred. From a broader perspective, Hoopes et al. (2003) highlight the possibilities that a network of relationships can open up to a firm, which are related to the different forms of using the resources that leverage its competitive advantage.

Chatain (2011) states that value creation is dyad-specific, thus limiting the extent of effective competition and of performance heterogeneity. As a consequence, the firm itself develops certain practices in order to maximize the benefits

captured from this relationship and from others, as well as to reap the benefits of interaction with a particular customer (Storbacka & Nenonen, 2009). Researchers also pay attention to determining the value that comes from solutions that the different parties create during their relationship, which are less likely to occur when contact between the parties is more transactional (Lindgreen & Wynstra, 2005).

Haksever et al. (2004) define value as the ability of a firm to meet a need or provide benefits to another party. These authors classify the sources of value creation for buyers and suppliers into three dimensions: financial, non-financial and time. The financial dimension refers to benefits with a short-term impact on the parties involved. The non-financial dimension reflects the benefits that do not have this immediate impact, even though they may have the potential to generate benefits in the future. Finally, the time dimension is composed of three sub-dimensions: speed of access to the benefits obtained, time savings, and continuity of the generation of benefits over time. By providing examples of sources of value creation for buyers and suppliers, Haksever et al. (2004) show that price and product features are not sufficient to create differentiation, which increases the efforts of firms to seek alternatives in this direction. The development of relational and intellectual capital, supply chain and customer relationship management, trust and commitment are among the different forms of expanding value creation (Sánchez et al., 2010).

There are multiple types of benefits, but some protection mechanisms may avoid the capture and the sharing of these benefits by the parties involved or other stakeholders (Lepak, Smith, & Taylor, 2007). In other words, relationships can be based on behavior that is not necessarily collaborative, resulting in an imbalance between the amounts of value captured by each party, as shown by Touboulic, Chicksand, and Walker (2014) regarding the influence of power. Similarly, Bowman and Ambrosini (2000) state that value capture is influenced by factors such as bargaining power, magnitude of the investments and reputation. However, involved firms can implement actions aimed at leveraging their value capture, by increasing their customers’ willingness to pay or by reducing their suppliers’ opportunity costs, which can contribute to increasing the total value created in the relationship.

The perception of each party regarding the benefits that the relationship can bring acquires a relevant position in the decision-making process for business continuity. There is, therefore, a need to continuously provide mutual benefits or evidence to the other party, thereby fostering the continuity of the relationship (Kleinaltenkamp & Ehret, 2006). The capture of the value created can occur immediately after a motivating

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fact (e.g. a higher standard of quality offered to the market, or recognition of the prestige of supplying a recognized company), or be derived from the development of the relationship through improvements in delivery and access to new technological opportunities.

In general, the intention to and the potential of replacing a partner are higher on the buyer’s side, since the effect of the benefits received is less direct than in the case of the supplier, who can simply identify the generation of profits due to sales (Geiger et al., 2012). The buyer’s awareness of its attractiveness to the other party is also more evident than the supplier’s, which indicates a potential power imbalance in interorganizational relationships, favoring the buyer’s side (Tanskanen, 2015). On the other hand, a good quality partnership reduces the likelihood of replacement and contributes to the buyers and suppliers’ willingness to intensify their relationships in order to capture more value (Athanasopoulou, 2009).

If there is no reciprocity between the parties to invest in their relationship, the probability of obtaining benefits and gains decreases. Thus, the interdependence and the magnitude of switching costs offer an integrative perspective of value capture. Considering a collaborative relationship that creates value, the perception of the buyer as to its willingness to pay should consider how problematic it would be to switch suppliers, in terms of supply availability and existing synergies. Similarly, the supplier would have to analyze the consequences of the loss of a particular buyer, considering the perspective of opportunity cost. Additionally, the value created in non-collaborative relationships is important in motivating the parties involved to maintain their relationship.

The relationship value, or the sum of the values captured by the buyer and the supplier in a relationship, can have different sources or origins. Looking now at value creation instead of value capture, this value can derive from resources and capabilities owned by either the supplier or the buyer that benefit the other. We refer to this value origin as intrinsic value. But value can also be created by joint action on the part of both parties, normally through collaboration. We refer to this value origin as relational value. The next two sections discuss these two sources of value and their capture.

Creation and capture of intrinsic value

Before establishing a relationship, firms tend to analyze the characteristics of their potential partners as a way of identifying which alternative supply could provide a broader set of relevant resources. Once the relationship begins, such characteristics

are still perceived by the parties and can act as sources of interest in terms of the continuity of the relationship. We define intrinsic value as the set of benefits derived from all the resources belonging to a firm that can be captured by the other when a relationship exists between them.

This perception of intrinsic value leads to the choice and maintenance of certain alternative suppliers on the part of the buyer firm, as well as the selection and continuity of a particular buyer as a target of the supplier. There is a consistent perceptual characteristic in intrinsic value, since it considers all the analysis of benefits and sacrifices involved in the relationship, which reflect in the buyer’s willingness to pay and the supplier’s opportunity cost.

Intrinsic value is essentially unidirectional, since one of the parties perceives the resources owned by the other and evaluates how these resources can generate benefits once the relationship goes ahead. The capture of intrinsic value does not require the establishment of a collaborative relationship. Some resources previously owned by a party can spill over to the other, and sometimes, the owner of these resources does not even realize that this transfer is taking place. Such benefits may belong genuinely to the firm or may have been developed in a relationship with other business partners (Jap, 1999).

Supplier’s intrinsic value

The attributes that are taken into account in the decision-making involved in procurement processes can be useful indicators of a supplier’s intrinsic value. These tangible and intangible attributes are perceived by the buyer as differentiators which that specific supplier has compared to his peers in the market. Thus, these attributes tend to influence the buyer’s choice. Zaichkowsky, Parlee, and Hill (2010) have identified four intangible attributes: (i) reliability and technological characteristics, in the product dimension; (ii) reliability, in the dimension of distribution; (iii) expertise in the dimension of support services; and (iv) image and reputation in the supplier’s perspective.

In different contexts, other studies have provided complementary approaches. Lindgreen and Wynstra (2005) point to the physical location of the supplier and its innovation capacity. The latter, which may not even have been tested yet, may be useful in the future, as the buyer might require new product development. Wilson and Jantrania (1994) quote responsiveness, social bonding, and identifiable post-purchase costs as examples of sources of intrinsic value. Tanskanen and Aminoff (2015) differentiate four groups of benefits: economic (e.g., cost and delivery), behavior (e.g., communication, trust and common history), resources (e.g.,

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product portfolio and innovation capability) and the potential for the relationship with the supplier to lead to a larger value network – bridging (e.g., geographical presence and position in the value network).

In summary, the potential of a supplier’s value creation derives from three dimensions (functions): efficiency, which refers to most effective use of existing resources in the form of cost reduction; effectiveness, which refers to the capacity of the supplier to develop and to deploy solutions that offer additional benefits to the buyer; and network, where the supplier has extended access to resources within the supply chain in order to deliver improvements in its offer to the buyer (Möller & Törrönen, 2003).

Buyer’s intrinsic value

The expectation of achieving business profitability, as well as of maintaining a long-term relationship that guarantees its financial safety, are among the main benefits that a supplier perceives in a relationship with a buyer. However, other non-financial aspects are also relevant to value creation for the supplier, such as access to knowledge and technology that can improve the quality of its operations and its prestige, which allow the expansion of its customer base through its reputation in the market (Haksever et al., 2004). This non-financial perspective offers some aspects that have the potential to generate future benefits for the supplier and this does not necessarily require the establishment of a collaborative relationship between the parties. These sources of a buyer’s intrinsic value are discussed below in two dimensions: learning and reference.

Learning enables suppliers to develop capabilities that can contribute to the improvement of their performance (Kale, Singh, & Perlmutter, 2010). These can come from relationships that support the development of research, which in turn lead to the generation of patents and consequently protect their intellectual capital, as well as from opportunities for launching new products in the market. Such capabilities may stem from the relationship with the buyer itself, through knowledge transfers, or may have been leveraged through the buyer’s demands for innovation (Alcacer & Oxley, 2014). Thus, appropriate governance mechanisms should be used in such relationships so as to enable learning to effectively enhance the performance of the parties involved (Hernández-Espallardo, Rodríguez-Orejuela, & Sánchez-Pérez, 2010).

In turn, the use of references can also influence the organizational buyer’s decision by generating certain market assets for its suppliers, such as reputation and brand positioning (Jalkala & Salminen, 2010). Initiatives such as visits to leading

customers, lists of active customers and cases of success are practices used by suppliers to enhance their credibility or to reduce the risk perception of a potential buyer (Helm & Salminen, 2010). A supplier makes use of such references in a strategic way in order to reach existing or potential target buyers. To do so, it must seek out a buyer who is perceived by the market as a source of such a reference value (Kumar, Petersen, & Leone, 2013). Increasingly, interfirm relationships are seen as sources of reputation, since they have certain characteristics that can lead to different forms of positive behavior on the part of different stakeholders, such as loyalty and advocacy (Money, Hillenbrand, Day, & Magnan, 2010).

Creation and capture of relational value

Relationships provide their members with certain specific resources. These resources originate beyond the boundaries of firms, and they are unique in that they do not come from the isolated characteristics of the parties involved (Dyer & Singh, 1998). The length of the relationship can contribute to the development of these specific characteristics, but this requires the establishment of trust between the parties, which reduces the probability of any opportunistic behavior occurring (Kale et al., 2000). Furthermore, transactional integrity, evidenced by honesty and the absence of speculation, strengthens the bonds between the parties and leads to an increase in the creation of value within the relationship (Obloj & Zemsky, 2015).

We define relational value as the mutual benefits that are generated as the collaboration between buyer and supplier increases. Some examples of these benefits include: joint development of products, improvements in logistics, information and customer service systems, and efficiency gains for both parties (Möller, 2006). Relational value thus has a bidirectional nature and necessarily presupposes the presence of a collaborative relationship. From this perspective, collaborative relationships with key customers and suppliers are transformed into assets for firms, since they assume a joint value creation that guides how best to invest time and economic and social capital in certain specific relationships (Hogan & Armstrong, 2001).

Firms engage collaboratively in relationships because relational orientation provides more competitive advantage than transactional orientation. It is not only financial elements that generate benefits for firms. For example, some engine manufacturers make profit sacrifices in order to supply Formula One racing teams, which in turn helps leverage their reputation (Castellucci & Ertug, 2010). Business representativeness, in

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terms of size and concentration, available alternatives and the size of investments made in the relationship are all aspects that influence the behavior of the parties involved (Gulati & Sytch, 2007). Even asymmetrical power relations can be beneficial, as the more powerful party in a relationship may encourage the use of synergistic interaction with the weaker party to develop more relational value (Pinnington & Scanlon, 2009).

Hypotheses

The initiatives taken by the supplier aimed at increasing the buyer’s willingness to pay, i.e., in order to increase the total value created and captured in the relationship, lead to a corresponding movement by the buyer to better capture this value generated by the supplier. Indeed, the nature of the specific resources owned by suppliers contributes to transforming programs of strategic supplier selection into a source of competitive advantage for the buyers (Koufteros, Vickery, & Dröge, 2012). Thus, the buyer chooses the supplier based on the differential that it offers, which can be expressed as the additional amount of value generated by the increase in the buyer’s willingness to pay. Once the buyer increases its willingness to pay, it has more value to capture from the relationship, which is the basis of the formulation of the first hypothesis in this study:

H1: The supplier’s intrinsic value positively influences the value capture by the buyer.

Suppliers must look after their relationship portfolio in order to identify the group of customers (buyers) that offer the best return on investment, considering all their efforts to compete in the market (Johnson & Selnes, 2004). However, suppliers tend to be more conservative when identifying the factors that can be considered as their differentiators in the market (Tanskanen, 2015). They also tend to take their relationship bonds more seriously than buyers do, mainly because they have a greater need to adapt in order to maintain the relationship with their customers because of competition (Ambrose, Marshall, & Lynch, 2010). Therefore, suppliers are usually perceived as the weaker link in the relationship. On the other hand, dealing with a stronger party may increase the bargaining power of the weaker party in other relationships, by capturing the intrinsic value generated by the stronger party, in the form of reference value (Kumar et al., 2013). In this context, the buyer’s intrinsic value plays an important role in the perception of the supplier as to opportunity cost, thereby focusing its efforts on capturing this value. This fact suggests the following hypothesis:

H2: The buyer’s intrinsic value positively influences the value capture by the supplier.

The efficiency of unilateral actions taken by both buyer and supplier, as in, for example, cost reduction and mitigation of opportunistic behavior, increases the value creation in the relationship. As the relationship progresses, the parties increasingly realize the generated benefits, which entail the increase in the buyer’s willingness to pay and the reduction in the supplier’s opportunity cost. Indeed, once a firm realizes the potential benefits of the relationship, it defines certain measures aimed at maintaining this relationship. Such measures or initiatives should reflect the search for mutual gains, which have the potential of strengthening the ties between the parties. The engagement between these parties occurs through the expenditure of time and resources that prove necessary on different occasions. Thus, the individual perceptions of the potential of the other party’s value creation enable the relational value creation to be leveraged. The following twin hypotheses reflect this aspect:

H3a: The supplier’s intrinsic value positively influences the relational value creation.

H3b: The buyer’s intrinsic value positively influences the relational value creation.

Relationships provide their members with specific resources. These resources originate beyond the boundaries of the firms, making them rare and valuable and they therefore represent sources of competitive advantage (Dyer & Singh, 1998). Since value creation is sequential, it is expected that by entering into a relationship, the benefits obtained by the parties increase over time, thereby leveraging the representativeness of the relationship within each other’s business, which consequently results in greater value capture (Chatain, 2011). We thus have the fourth twin hypotheses, as follows:

H4a: The greater the relational value creation, the greater the value capture by the buyer.

H4b: The greater the relational value creation, the greater the value capture by the supplier.

Figure 1 summarizes the model tested and the different aforementioned research hypotheses.

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Figure 1. Research model and hypotheses

Buyer’sintrinsic value

H3b

H4b

H2 H1

H3a

H4a

Relational value

Value capturedby the supplier

Value capturedby the buyer

Supplier’sintrinsic value

METHOD

A cross-sectional survey of chemical companies operating in Brazil was applied. In the chemical sector, the constant search for innovation to meet market requirements forces firms to engage in building relationships. Thus, the need for differentiation and the consequent complex product portfolio provide a positive environment for value creation initiatives (Brito, Brito, & Morganti, 2009). The unit of analysis used was the relationship, and the data collection included both perspectives (buyer and supplier) of each dyad in the purchase of chemicals. The study of the dyad allows for an effective capture of the specificities of interorganizational relationships. It also contributes to literature, since this approach has only been used in a very limited number of studies (Kaufmann & Saw, 2014).

Sample

A database of 743 Brazilian chemical manufacturers was provided by the Brazilian Chemical Industry Association. Prior to sending out our questionnaires, phone contact was first made with each company on the list in order to identify the most appropriate respondent and thus avoid receiving replies from persons not appropriate to the survey’s requirements (Forza, 2002). The

original list was reduced through the elimination of some firms that presented incorrect contact information, resulting in a final list of 706 companies.

The questionnaire was applied via the Google Forms platform or by phone, depending on the preference of each respondent. Procurement professionals were asked to talk about a relationship their firm had with a freely chosen supplier they knew well. A more established relationship has an important role in value creation and it is desirable to avoid response biases derived from occasional transactions (Choi, Wu, Ellram, & Koka, 2002). It was also requested that at least one of the products purchased from the supplier in question might have multiple supply alternatives, since a limited availability could result in some degree of bias in terms of buyers’ response. At the end of the questionnaire, respondents were asked to provide contact details of the person responsible for sales at their chosen supplier. Thus, the second stage involved suppliers being asked to participate. In both cases, an executive summary containing the main research results was offered to the respondents as a way of thanking them for participating.

All the 706 firms were contacted and 235 responses from buyers (return rate of 33%) were received. Each buyer indicated a supplier and these were contacted, resulting in 127 responses (return rate of 54%). The final sample was thus composed of

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254 matched questionnaires: 127 from buyers and 127 from the suppliers to these buyers. Since the unit of analysis was the relationship, our analysis looked at a total of 127 dyadic relationships in all.

Only one answer per purchasing firm was permitted, but there were cases of more than one respondent from the supplying firms. This procedure helped reduce the common method variance due to the bias of a single respondent per firm (Podsakoff, MacKenzie, Lee, & Podsakoff, 2003). However, this was controlled to avoid the same person participating more than once. Table 1 shows the demographic profile of the sample.

Table 1. Demographic profile of the sample

Average annual revenue Buyers Suppliers

Less than R$2.4 million 26 10

From R$2.4 million to R$16 million 33 13

From R$16 million to R$90 million 27 14

From R$90 million to R$300 million 11 22

More than R$300 million 9 38

Do not know / Cannot say 21 30

Respondent department Buyers Suppliers

General Management 19 24

Sales / Marketing 1 95

Procurement 94 -

Finance 4 2

Manufacturing 3 3

R&D 5 3

Respondent position Buyers Suppliers

President or vice-president 2 2

Director 14 10

Manager 24 29

Coordinator 15 19

Supervisor 7 21

Buyer / Salesperson 65 46

Data collection instrument and measurements

The development of the measurement scales included three phases (Netemeyer, Bearden, & Sharma, 2003). Firstly, items

were generated from a broad literature review. Secondly, these items were analyzed by four potential respondents as to their constitutive definition, their wording and their order of importance, as well as to obtain any suggestions for the inclusion of new items. This phase considered both buyer and supplier perspectives in order to detect any potential differences related to each function (Kaufmann & Saw, 2014). Executives from different industries were included in order to provide the questionnaire with a more generalized view. Thirdly, there were two rounds of Q-Sort, aimed at assessing the reliability and validity of the scales, corresponding to the stage of the pre-test questionnaire. The objective here was to define a more parsimonious scale with five items per construct.

Each stage of the Q-sort consisted of an analysis by three judges, selected from a group of professors and doctoral students. Three analytical methods were used in order to increase the reliability of the scales’ development. Firstly, the convergence rates of inter-judge agreement were found satisfactory (minimum of 70% in the first round and 87% in the second) showing no biases. Secondly, the reliability of the indicators measured by the convergence rate of the items per construct reached 93% in the second stage. Thirdly, the minimum rate of correct allocation of the items by construct was 87% in the second stage, which was also higher than the minimum acceptable percentage (Nahm, Rao, Solis-Galvan, & Ragu-Nathan, 2002).

Finally, in order to prevent the threat to validity resulting from common method variance, some procedures were adopted as recommended by Podsakoff et al. (2003): (i) items and questions without socially desirable answers were not included; (ii) different scales and sections to evaluate the independent and dependent variables were used; and (iii) the confidentiality of the individual responses was guaranteed. Applying the Harman’s one-factor test (Podsakoff & Organ, 1986) did not suggest common method variance: 64% of the variance was explained by six factors with Eigenvalues greater than 1, wherein the first factor only explained 24% of the total variance.

Measurement was made using a seven-point Likert scale for each item. Missing data did not show a pattern and was rare, which allowed for different types of corrective action (Hair, Black, Babin, Anderson, & Tatham, 2009). Thus, missing data was estimated according to the average of the responses for the respective item (McDonald & Ho, 2002). Once the data was obtained from two sources in the dyad, the data used in the analysis reflected the most knowledgeable source (Kaufmann & Saw, 2014). Thus, the responses from the buyer were used to evaluate the supplier’s intrinsic value and the value captured by the buyer. In turn, the perceptions of the supplier comprised the constructs of the buyer’s intrinsic value and value captured by

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the supplier, and the construct relational value was represented by the average between the responses given by the buyer and the supplier in each dyad.

To analyze reliability, unidimensionality, and convergent and discriminant validity, we performed a Confirmatory Factor Analysis (CFA). Due to the limitations of the sample size, two separate nested models were used, relating to value creation and value capture. The results of the CFA are presented in Table 2, and indicate an acceptable goodness-of-fit (Bentler & Bonnett, 1980; Kline, 2005). Three items were dropped from three different constructs due to low weights or high modification indices.

Table 2. Fit indexes

IndexValue creation

modelValue capture

modelRecommended

value

CMIN/DF 1.18 1.22 < 2.00

χ2 p-value 0.16 0.21 > 0.05

GFI 0.92 0.95 > 0.90

NFI 0.90 0.91 > 0.90

CFI 0.98 0.98 > 0.90

RMSEA 0.04 0.04 < 0.05

We also performed a bootstrap analysis, in order to cope with any eventual multivariate non-normality which could mislead the interpretation of the outputs. The bootstrapping carried out on 1,000 samples resulted in adequate parameters, as all the bootstrap samples were perfectly usable (Blunch, 2013).

Table 3 presents all the items that were used after the purification process. The questionnaires were originally administered in Portuguese, and were adapted to English for the purposes of this paper. The composite reliability index (CR) of all the constructs reached generally acceptable levels exceeding 0.7 in all cases. We examined the convergent validity based on the average variance extracted (AVE). Three constructs presented an AVE higher than or equal to 0.5, which indicates convergent validity (Kline, 2005). Convergent validity of the remaining constructs (supplier’s intrinsic value and value captured by the buyer) were close to this limit, but were considered satisfactory, since the model had a good fit and they presented positive and significant loadings. Finally, the discriminant validity was tested by checking the difference between the statistic χ2 from a nested model (when the correlation between the constructs is equal to 1) and a model where the correlation between the constructs is free, among the constructs analyzed in pairs (Bagozzi, Yi, & Phillips, 1991). The results presented in Table 4 confirmed that the constructs are different as the χ2 difference for all pairs is significant at p < 0.01.

Table 3. Items and basic statistics of the constructs

Construct Items Loadings

Buyer’s intrinsic valueAVE = 0.52CR = 0.81(Helm & Salminen, 2010; Jalkala & Salminen, 2010; Walter et al., 2001)

The reputation of the supplier increases by having the buyer as a customer

0.80

The supplier builds stories of success with the buyer 0.69

Having the buyer as a customer allows the supplier to develop innovative products and processes

0.79

The buyer provides useful learning to increase the supplier’s ability to compete

0.59

Supplier’s intrinsic valueAVE = 0.40CR = 0.72(Möller & Törrönen, 2003; Walter et al., 2001)

The supplier assures the compliance of supplying contracts 0.49

The supplier contributes to the buyer’s profitability 0.84

The volume required is supplied in the short and long terms 0.44

The supplier shares information about the market 0.69

Relational valueAVE = 0.61CR = 0.89(Chatain, 2011; Jap, 1999; Wagner et al., 2010)

The reliability in demand and delivery forecasts has increased 0.75

There have been more savings and mutual gains due to the interaction between the parties

0.77

The relationship facilitates the expansion of the business between both firms and between them and their suppliers and customers

0.78

The flexibility to develop mutual solutions for the business has increased

0.80

The level of learning brought from the relationship has increased 0.81

Value captured by the buyerAVE = 0.44CR = 0.76(Crook & Combs, 2007; Krause et al., 2007; Walter et al., 2001).

The supplier is an important source of competitiveness 0.64

Relevant time and effort are needed to develop an equivalent supplier

0.63

It is difficult to buy the volume with the same acquisition cost from a different supplier

0.73

The supplier is an important source of joint development 0.64

Value captured by the supplierAVE = 0.50CR = 0.83(Crook & Combs, 2007; Krause et al., 2007; Walter et al., 2001).

Relevant time and effort are needed to develop an equivalent customer

0.71

Losing the buyer will bring a negative impact in the market due to its relevance

0.66

It is difficult to restore the volume with the same profitability from a different customer

0.67

Losing the buyer will lead to process adaptations in order to try to recover previous gains

0.67

The buyer is an important source of joint development 0.81

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Table 4. Discriminant validity between construct pairs

Construct pairFree model Nested model χ2 difference

χ2 d.f. χ2 d.f.

Buyer’s intrinsic value

Supplier’s intrinsic value 48.0 26 144.4 27 96.4*

Relational value 46.6 34 160.4 35 113.9*

Value captured by the buyer 48.4 34 199.8 35 151.4*

Value captured by the supplier 54.7 34 184.1 35 129.4*

Supplier’s intrinsic value

Relational value 27.0 26 116.1 27 89.2*

Value captured by the buyer 19.8 26 116.2 27 96.4*

Value captured by the supplier 42.7 26 136.0 27 93.3*

Relational value

Value captured by the buyer 41.0 34 184.9 35 143.9*

Value captured by the supplier 65.1 34 217.0 35 151.9*

Value captured by the buyer

Value captured by the supplier 45.7 34 205.7 35 160.0*

*Significant at p < 0.01

Analysis

Due to sample limitations a fully latent structural regression model could not be used. Following the CFA analysis, we estimated the value of each construct using the average of items and tested the hypotheses using a path model as indicated in Figure 1. The correlation matrix for the final variables and their descriptive statistics are presented in Table 5.

Table 5. Correlation matrix and descriptive statistics

Constructs 1 2 3 4 5 Mean SD

1. Supplier’s intrinsic value 1.00 5.08 0.81

2. Buyer’s intrinsic value 0.074 1.00 4.73 0.98

3. Relational value 0.206 0.504 1.00 4.72 0.66

4. Value captured by the buyer 0.046 0.144 0.180 1.00 4.12 1.43

5. Value captured by the supplier -0.118 0.392 0.366 -0.021 1.00 3.74 1.51

RESULTS

The research model presented in Figure 1 was tested with a path analysis technique using the Amos software. The final model with the results of the standardized regression weightings is presented in Figure 2. Regarding the overall model fit, the statistical tests indicated acceptable indexes (χ2 = 8.030, df = 4, p = 0.09; RMSEA = 0.089; NFI = 0.902; IFI = 0.948; CFI = 0.944; TLI = 0.860).

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Figure 2. Path analysis coefficients

Buyer’sintrinsic value

0.49

0.23 0.18

0.28

0.19

0.28

0.03

0.17

0.07

Z1

Z2 Z3

Relational value

Value capturedby the supplier

Value capturedby the buyer

Supplier’sintrinsic value

Figure 2 shows the standardized regression weightings for all relationships that presented a level of statistical significance (p < 0.05). This therefore signifies that the relationship between the supplier’s intrinsic value and the value captured by the buyer is non-significant, which does not support the first hypothesis. One possible explanation for this might be that on average, in this specific industry, there is a high representativeness of the volume purchased by the buyers in the total sales of the suppliers. Thus, an increasing generation of mutual benefits has more impact on the supplier’s side, by providing conditions to accelerate the return on investments made in the relationship.

Hypothesis 2 is supported, as the path coefficient is 0.28 (p < 0.01), confirming that the value capture by the supplier is positively influenced by the buyer’s intrinsic value. The results also support the positive influence of intrinsic value on relational value. The higher influence comes from the buyer’s intrinsic value (H3b; 0.49, p < 0.001), but the influence of the supplier’s intrinsic value is also positive (H3a; 0.17, p < 0.05). Hypothesis 4 states that the relational value is positively related to value capture. Both path coefficients confirm this hypothesis, showing the influence

of relational value on the value captured by the buyer (H4a; 0.18, p < 0.05) and by the supplier (H4b; 0.23, p < 0.05).

DISCUSSION

Overall, the results confirmed that relationship value creation can be split into two according to its different sources: intrinsic value and relational value. These portions also influence the capture of value by each party. In this relationship, both parties see specific benefits in each other – intrinsic value – and this fact motivates them to engage in actions that lead to the creation of mutual benefits which then translate into relational value. The greater the relational value creation, the greater its capture by the parties involved. After all, the relational value promotes relationship quality, leading to the achievement of successive benefits which strengthen the relationship as a whole, not only from the standpoint of each party individually. It makes the perception of relational value more specific, leading to a better assessment of its capture potential (Ulaga & Eggert, 2006).

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The buyer’s intrinsic value has a stronger influence on relational value creation and capture. The buyer’s intrinsic value is also directly captured by the suppliers, and this fact triggers their initiatives in terms of searching for buyers that can provide more value, thus enabling them to gain competitive advantage. Buyers also benefit from the value generated through the relationship, but to a lesser extent than the suppliers do. Indeed, buyers do perceive the value that is created by the relationship itself, but they fail to identify the supplier’s intrinsic value that could be directly captured. Potentially, a well-structured program of supplier selection could help buyers increase their perception of the benefits available from suppliers, regardless of the relationship (Kannan & Tan, 2006).

The greater impact of relationship value creation on the value captured by suppliers helps us understand how dependent suppliers behave when faced with different buyers. Given that relationships provide value to be captured, several studies address the need for suppliers to adapt more quickly and make certain sacrifices in order to maintain their relationship with their customers (Möller & Törrönen, 2003; Ritter & Walter, 2012). These sacrifices, or even efforts, may jeopardize these suppliers’ image in the market, by positioning them as partners that do not offer any additional benefits to the merely financial ones.

As suppliers capture intrinsic value from buyers, so they are led to believe that it is no longer necessary to make much effort to strengthen these relationships further, since firms can benefit from the resources owned by other parties without necessarily having to collaborate with them. This aspect counteracts a consolidated view in literature concerning the effects of collaboration in value creation in buyer-supplier relationships. For instance, Leuschner, Rogers, and Charvet (2013) point to the requirement for there to be some kind of strategic connection based on certain attitudes, such as trust, commitment and long-term orientation. However, the performance of both firms in the relationship does not necessarily come from this connection, as it can come directly from the parties’ intrinsic value. Thus, one firm must evaluate the potential of value creation in each dyad, since each relationship has an optimal configuration that allows the firm to maximize the value captured. There is no single strategy for collaboration. Since performance relates to value capture, buyers and suppliers can trace performance improvement goals depending on how much value they aim to get from the relationship.

The results also show that if the parties engage in creating more relational value, they increase the feasibility of the relationship, as the additional value created is captured by both firms. If both firms perceive that the relationship is creating value, they can make additional efforts and investments to maintain the relationship within a virtuous cycle (Ambrose et al., 2010). For instance, the higher the buyer’s intrinsic value, the higher the probability is that the supplier will make every effort

to capture and use these benefits, which can avoid the use that its competitors might make.

This study therefore corroborates the arguments advocated by Lavie (2006), who proposed an extension of the Resource-Based View, stating that the value created by a firm comes not only from its own resources, but also from the resources belonging to its partners and from resources derived from its alliance networks. We hereby extend this statement further by adding the resources obtained from non-collaborative, or purely transactional relationships to the group of sources of value creation.

CONCLUSIONS

The objective of this paper was to investigate the issue of value creation and capture through an empirical test of a model that separates the concept of relationship value according to its sources: the individual parties (intrinsic value) and the relationship itself (relational value). Briefly, this objective summarizes the main theoretical contributions of this paper. Firstly, it separates value creation from value capture, contrary to the general approach that tends to bunch them together, for which scales were developed. Secondly, it divides the relationship value into two types that can, in turn, be split into three components according to the sources of value creation (both the buyer’s and the supplier’s intrinsic value, and relational value). Thirdly, the study identifies the relations between these components, as well as the spectrum of the capture of this value within the dyad. The study approaches the data collection by looking at dyads, which is in itself a relevant contribution since most literature on the subject tends to prioritize just the one side of the relationship.

The results show that both the buyer’s and the supplier’s intrinsic value are directly related to relational value creation, and that the greater the relational value creation, the greater is the value captured by each party. The test also demonstrates that the buyer’s intrinsic value is captured by the supplier, who benefits from this capture in other relationships along the value chain. Some managerial contributions also emerge. Firstly, purchasing professionals must be aware of their organization’s intrinsic value, and better communicate these attributes. By doing so, suppliers are expected to engage in actions aimed at capturing this value, and these actions can then lead to a superior relational value creation, which in turn benefits the buyer as well. Secondly, sales professionals must identify opportunities for their own development, considering the additional benefits derived from each relationship in which the supplier company is engaged.

In theory, one firm could benefit exclusively from the portfolio of its relationships, as all the value it generates could

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be derived from relationship value spillovers, regardless of the degree of collaboration. However, if both firms engage in more collaborative relationships, this fact stimulates the sharing of resources and knowledge between them in order to increase mutual value creation and capture. If each party succeeds in capturing more intrinsic and relational value from its relationships, it then benefits from better performance and competitiveness.

With regard to the limitations of this study, one should highlight the profile of the sample. On average, respondents at buying firms are less strategically driven than those working for suppliers. This operational perspective tends to focus more on expenditure rather than on value earnings, whereas a more strategic view leads to a greater perception of attributes and benefits. Other limitations can, however, be seen as opportunities for further research. Firstly, since the study shows a more prominent value capture by suppliers, it would be useful to have a better understanding of which intrinsic characteristics associated with buyers might help enhance value creation, and which mechanisms are used by suppliers to improve their competitive advantage in relation to other customers. Such research could also contribute to the examination of value creation in networks of relationships, expanding the dyadic view. Secondly, the data collection was based on the Brazilian chemical industry, which means that the results were specific to this sector. Extending the survey to other industries and other countries could be beneficial to the validity and reliability of the model. Industries like cosmetics, foodstuffs and telecommunications have certain demand specificities and a high diversity of buyers and suppliers that would help to test the framework in different scenarios, so as to generalize the conclusions. In terms of surveying other countries, one could check the sensibility of the results by testing different cultural and geographic/logistical environments.

ACKNOWLEDGEMENTSThe authors acknowledge and thank the financial support from Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

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ISSN 0034-7590 © RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 489-502

ALINI DA SILVA [email protected] em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Regional de Blumenau, Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – Blumenau – SC, Brasil

TACIANA RODRIGUES DE [email protected] em Ciências Contábeis pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – São Leopoldo – RS, Brasil

ROBERTO CARLOS [email protected] da Universidade Regional de Blumenau, Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – Blumenau – SC, Brasill

FÓRUMSubmetido 15.10.2015. Aprovado 28.06.2016Avaliado pelo processo de double blind review. Editores Científicos: Charbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeira e Susana Carla Farias Pereira

TEMPESTIVIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL EM EMPRESAS FAMILIARES BRASILEIRASThe timeliness of accounting information in Brazilian family businesses

Tempestividad de la información contable en empresas familiares brasileñas

RESUMOO objetivo do estudo foi analisar a tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras. Realizou-se uma pesquisa descritiva, documental e quantitativa. A amostra foi composta por 124 empresas, no período de 2010 a 2013. Os resultados apontaram que o lucro por ação, o tama-nho da empresa e o crescimento das vendas foram variáveis significativas para explicar o retorno das ações. Em relação à tempestividade, observou-se que as informações contábeis são menos tempes-tivas nas empresas familiares quando considerado um horizonte de longo prazo para o retorno das ações (15 meses). Quando utilizados retornos de curto prazo (3 e 6 meses), as variáveis contábeis não se mostraram significativas, não sendo possível afirmar que as empresas familiares apresentam informações mais ou menos tempestivas. A originalidade deste estudo reside no fato de se investigar o efeito da gestão/controle familiar sobre a tempestividade das informações contábeis, tema ainda não observado no cenário brasileiro e que aborda a qualidade da informação contábil das empresas familiares sob um aspecto distinto de outros estudos, que utilizaram o conservadorismo contábil e o gerenciamento de resultados.PALAVRAS-CHAVE | Propriedade familiar, qualidade da informação contábil, tempestividade da infor-mação, controle familiar, gestão familiar.

ABSTRACTThe aim of this study was to analyze the timeliness of accounting information in Brazilian family busi-nesses, and we chose a descriptive, documentary and quantitative research method for this purpose. The sample consisted of 124 companies, covering a period from 2010 to 2013. The results showed that earnings per share, overall company size and sales growth were significant variables in explaining returns on share price. In terms of timeliness, it was noted that accounting information was less timely in the case of family businesses when considering a long-term view of the return on share price (15 months). When a short-term view was considered (3 and 6 months), the accounting variables were not found to be significant, and it was not possible to confirm if family businesses had more or less timely information. The originality of this study lies in the fact that it investigates the effect of family management/control over the timeliness of financial reporting. This theme has not previously been investigated within the Brazilian scenario, and it addresses the quality of the accounting information of family businesses from a different perspective to that of other studies, which have opted to use accounting conservatism and earnings management.KEYWORDS | Family owned, quality of accounting information, timeliness of information, family con-trol, family management.

RESUMENEl objetivo del estudio fue analizar la tempestividad de la información contable en empresas fami-liares brasileñas. Se realizó una investigación descriptiva, documental y cuantitativa. La muestra fue compuesta por 124 empresas, en el período de 2010 a 2013. Los resultados señalaron que el lucro por acción, el tamaño de la empresa y el crecimiento de las ventas fueron variables significativas para explicar el rendimiento de las acciones. En relación a la tempestividad, se observó que las informacio-nes contables son menos tempestivas en las empresas familiares cuando se considera un horizonte a largo plazo para el rendimiento de las acciones (15 meses). Cuando se utilizan rendimientos a corto plazo (3 y 6 meses), las variables contables no se mostraron significativas, y no fue posible afirmar que las empresas familiares presentan informaciones más o menos tempestivas. La originalidad del presente estudio reside en el hecho de investigar el efecto de la gestión/control familiar sobre la tem-pestividad de las informaciones contables, tema todavía no observado en el escenario brasileño y que aborda la calidad de la información contable de las empresas familiares bajo un aspecto distinto de otros estudios, que utilizaron el conservadorismo contable y la gestión de resultados.PALABRAS CLAVE | Propiedad familiar, calidad de la información contable, tempestividad de la informa-ción, control familiar, gestión familiar.

RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160504

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INTRODUÇÃO

Boa parte das empresas, ao iniciar suas atividades, é gerida por famílias, as quais podem decidir por manter a propriedade e a gestão familiar, desde que os benefícios sejam maiores do que os custos (Cheng, 2014). A propriedade familiar, nos últimos anos, tem sido objeto de inúmeras pesquisas (Miralles-Marcelo, Miralles-Quirós, & Lisboa, 2014), com o intuito de verificar o efeito do controle e/ou gestão familiar nas empresas, sob a perspectiva da gestão e finanças empresariais (Barontini & Caprio, 2006).

A concentração de propriedade, típica de empresas familiares, além de contribuir para a gestão e finanças empresariais, influencia de maneira positiva a qualidade da informação contábil (Alves, 2012; Cascino, Pugliese, Mussolino, & Sansone, 2010). Nesse sentido, Wang (2006) destaca que empresas familiares fornecem informações de qualidade aos usuários das demonstrações financeiras, a fim de obterem capital ao menor custo.

Entre as diversas medidas para avaliar a qualidade da informação contábil, a tempestividade relaciona-se à perspectiva de a informação estar disponível em tempo hábil aos gestores para a tomada de decisão, de acordo com a necessidade destes. A eficácia do sistema contábil depende desse aspecto da qualidade, pois proporciona informações úteis e tempestivas para permitir a obtenção de benefícios aos gestores (Silva & Brito, 2002). O Conselho Federal de Contabilidade, na Resolução nº 785 (1995), define que uma informação é tempestiva quando é divulgada em tempo hábil para que os usuários possam utilizá-la para seus fins. Além disso, a tempestividade, para Soltani (2002), é uma característica importante da informação contábil para profissionais contábeis, usuários e agências reguladoras.

Diversos estudos têm analisado a qualidade da informação contábil sob a perspectiva da tempestividade da informação, seja relacionando-a a padrões de governança (Lopes, 2009); aos ambientes competitivos (Almeida, 2010); à auditoria (Silva, Ayub, Pacheco, & Macedo, 2012); ou à adoção dos International Financial Reporting Standards (Silva, 2013).

Sob outra perspectiva, alguns estudos têm investigado o efeito do controle/gestão familiar sobre a qualidade da informação contábil, como Cascino et al. (2010), que investigaram se a propriedade familiar em empresas italianas afetava a qualidade de relatórios financeiros, em termos de qualidade dos accruals, persistência, previsibilidade, suavização de resultados, relevância da informação e conservadorismo e tempestividade; Moura, Franz, e Cunha (2013), que analisaram se empresas familiares com níveis diferenciados de governança corporativa apresentavam melhor qualidade da informação contábil, em termos de persistência dos resultados e dos

fluxos de caixa, oportunidade e relevância; ou Santana e Klann (2016), que avaliaram o efeito da adoção das IFRS no nível de conservadorismo de empresas familiares e não familiares.

Os estudos supracitados destacam que empresas familiares estão mais propensas a apresentar informações contábeis de qualidade superior em relação às demais, embora nenhum deles tenha investigado o efeito do controle/gestão familiar sobre a tempestividade das informações contábeis, com exceção de Cascino et al. (2010), que avaliaram tal aspecto, mas cujos resultados não foram significativos.

Quando se analisa a qualidade da informação contábil por meio da tempestividade, procura-se capturar um aspecto externo da qualidade da informação contábil, diferentemente de quando se avalia o conservadorismo ou o gerenciamento de resultados. O foco nesses dois últimos está dentro da empresa, pois as práticas conservadoras ou de gerenciamento ocorrem no ambiente interno à empresa. Já na tempestividade, o foco é externo, na reação dos investidores (com reflexo no preço dos títulos) às informações contábeis divulgadas. Assim, este estudo explora uma característica qualitativa da informação contábil de empresas familiares sob outro prisma, relacionado à velocidade com que a informação contábil é divulgada ao mercado por empresas de controle/gestão familiar. Assim, pressupõe-se que, dependendo do interesse dos proprietários/controladores (família), a divulgação das informações contábeis de empresas familiares poderá ser mais ou menos tempestiva.

Nesse contexto de propriedade familiar e qualidade da informação contábil sob a perspectiva de tempestividade da informação contábil, a problemática do presente estudo rege-se pela seguinte questão: qual é a tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras? Para a resolução desse problema de pesquisa, tem-se como objetivo analisar a referida tempestividade em empresas familiares brasileiras

O presente estudo supre a lacuna de investigar o efeito do controle/gestão familiar na tempestividade da informação contábil de empresas brasileiras, visto que os demais estudos analisaram a qualidade da informação contábil sob a perspectiva da tempestividade de informações, porém não verificaram no âmbito específico de empresas familiares (Almeida, 2010; Lopes, 2009; Silva, 2013; Silva et al., 2012); ou analisaram a influência da propriedade familiar na qualidade da informação contábil sob a perspectiva de outras métricas, como o conservadorismo, gerenciamento de resultados, valor relevante, mas não sob o enfoque da tempestividade da informação (Cascino et al., 2010; Moura et al., 2013).

Dessa forma, torna-se oportuno investigar, no cenário de empresas brasileiras, em que medida as informações contábeis são tempestivas para empresas familiares, comparando-se com

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as não familiares. Ao considerar que empresas familiares operam suas atividades com foco no longo prazo, primando mais por sua continuidade no mercado e não tanto com foco no lucro imediato, como empresas não familiares, também há uma perspectiva de que as suas informações contábeis sejam mais tempestivas.

A tempestividade da informação contábil pode exercer influência para a gestão, uma vez que retornos tempestivos implicam informações mais úteis no momento da tomada de decisão aos usuários, podendo as informações disponíveis representar “boas notícias”, por meio de retornos positivos, ou, ainda, “más notícias”, por meio de retornos negativos (Cascino et al., 2010). Wang (2006) destaca que as empresas familiares são mais propensas a informar o mercado sobre a magnitude de más notícias, apresentam melhor qualidade nos retornos e divulgam mais os lucros. Bushman, Chen, Engel, e Smith (2004) também ressaltam que informações tempestivas são capazes de influenciar as decisões de agentes econômicos, que, consequentemente, podem afetar o valor das ações. De acordo com Chen, Hsu, e Chen (2014), as empresas familiares possuem diferentes visões e estratégias em comparação com as demais empresas, devido ao envolvimento direto da família nas tomadas de decisões empresariais. Dessa forma, torna-se necessária a consecução de resultados empíricos sobre a qualidade da informação contábil nessas empresas, sob a perspectiva da tempestividade da informação, a fim de contribuir com as investigações já realizadas sobre as propriedades positivas ou negativas de tal controle e gestão à empresa.

REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção, apresentam-se as principais referências acerca da propriedade familiar, tempestividade da informação contábil e a relação entre tempestividade da informação contábil e empresas familiares, a fim de dar embasamento teórico ao presente estudo.

Empresas familiares e as informações contábeis

As empresas familiares são o tipo de organização empresarial que predomina em todo o mundo e contribuem significativamente para a criação da riqueza mundial. A maioria das organizações é controlada por fundadores, herdeiros ou famílias dos herdeiros (Burkart, Panunzi, & Shleifer, 2003). Há diferentes perspectivas para que uma empresa se configure como familiar. Anderson e Reeb (2003) apontam que uma empresa é familiar quando existem membros presentes no conselho de administração ou

a família fundadora tem participação no capital da organização. Segundo Miller, Breton-Miller, Lester, e Canella (2007), a empresa caracteriza-se como familiar se diversos membros de uma mesma família são gerentes do negócio ou grandes proprietários.

De acordo com Donnelley (1967), este tipo de empresa deve estar relacionada a uma família e que há, no mínimo, duas gerações vem exercendo influência sobre os interesses empresariais e da família. Bornholdt (2005) define empresa familiar como aquela em que uma família ou grupos familiares detêm relevante participação acionária, todavia a gestão da empresa não necessita ser realizada por membros familiares. De modo geral, são entidades com comando na organização e administração de membros familiares.

Para Miralles-Marcelo et al. (2014), empresa familiar configura-se pela criação de uma empresa com controle de uma mesma família, mesmo quando aberto o capital. Além disso, membros da família devem estar presentes no conselho de administração ou em cargos que controlam as decisões desse conselho, bem como a cultura da família deve estar disseminada na organização. Cheng (2014) corrobora essa definição argumentando que, quando os fundadores ou descendentes da família fundadora continuam a exercer cargos importantes na administração, como no conselho, configura-se a empresa como familiar.

No atual mercado competitivo, para que uma empresa familiar se mantenha atuante, os membros familiares devem apresentar sinergia e envolvimento com a empresa. A família deve criar valor para a empresa, e a empresa deve demonstrar resultados positivos para criar valor à família (Chua, Christman, & Steier, 2003). Fundadores de empresas que são membros de uma mesma família procuram manter a concentração de propriedade, visto que o lucro da empresa é que gera bem-estar a eles. Também nomeiam outros membros da família para realizarem atividades na gestão da empresa (Cheng, 2014).

Empresas familiares diferem das demais empresas, principalmente, pela característica de perpetuidade do negócio, tanto no meio empresarial como no familiar. Busca-se a sobrevivência de empresas familiares de maneira mais aguerrida ao longo prazo, em que os resultados financeiros em curto prazo, de certa forma, são consequências das ações da empresa pensando em longo prazo (Flores & Grisci, 2012).

A ligação genética e dinâmica familiar são fatores intrínsecos de empresas familiares, que influenciam a forma de realizarem estratégias, controles gerenciais e obterem resultados. Empresas familiares, com controle ou gestão familiar, possuem características particulares, que, por consequência, geram efeitos positivos ou também negativos ao negócio, o que varia conforme o enraizamento da cultura do fundador e as estratégias de crescimento (Freire, Soares, Nakayama, & Spanhol, 2010).

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A propriedade familiar pode gerar impactos positivos e negativos às empresas. Segundo Chen, Hsu, e Chen (2014), em empresas familiares, há menos assimetria de informação, conflitos de interesses e objetivos, em comparação com as empresas não familiares, ao considerar que os indivíduos da família concentram esforços para a concretização do objetivo da empresa, que é de sua propriedade. De acordo com Wang (2006), as empresas familiares possuem incentivos para fornecerem informações de qualidade aos usuários das demonstrações financeiras, visto que estes podem oferecer capital ao menor custo. Dessa forma, a qualidade da informação contábil de empresas familiares auxilia a diminuição da assimetria da informação com os usuários externos, o que pode acarretar a melhora da captação de recursos.

Entretanto, de acordo com Peng e Jiang (2010), a propriedade familiar pode gerar benefícios e custos às empresas. O impacto positivo e/ou negativo que a propriedade familiar gera nas organizações depende das instituições legais e regulamentares que regem a proteção dos investidores. A propriedade familiar, em empresas localizadas em países com instituições legais com poder e que regem normas a fim de aumentar a proteção de investidores, pode beneficiar a assimetria da informação. No entanto, em países com instituições reguladoras com menos poder em reger normas de proteção aos investidores, o controle da empresa dar-se-á por meio de gestores da família, podendo ocorrer a expropriação dos acionistas minoritários, o que agrava a assimetria da informação.

Tempestividade da informação contábil

A informação contábil contida nos relatórios financeiros é importante para a tomada de decisão dos usuários. A tempestividade dos relatórios contábeis é considerada uma das mais fundamentais características de informações da contabilidade financeira para a profissão contábil, para os usuários da informação e para as agências reguladoras (Soltani, 2002). Para Kazemi e Kola (2015), a tempestividade e a confiabilidade são os componentes mais importantes para determinar a qualidade das informações contábeis das empresas, uma vez que os usuários podem utilizar-se dela de modo útil.

As informações contábeis são tempestivas quando se registram as variações patrimoniais no momento em que o fato gerador ocorre, concedendo tempo suficiente para que os usuários dessas informações maximizem a sua utilidade. Por outro lado, se o registro não for tempestivo, as demonstrações contábeis mostrar-se-ão incompletas, fato que prejudicará as análises, prognósticos e diagnósticos, ou seja, deve-se evitar que

os registros patrimoniais estejam desatualizados ou incompletos nas demonstrações financeiras (Iudícibus, 2005).

A tempestividade, de acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, na Resolução Nº 785 (1995), “refere-se ao fato de a informação contábil dever chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a fim de que este possa utilizá-la para seus fins” (p. 3). Além disso, é necessário que a periodicidade das informações que são preparadas e divulgadas de modo sistemático seja mantida.

De acordo com o CPC 00 (2015), a tempestividade é uma das características qualitativas de melhoria da informação contábil, que significa a informação estar disponível a tomadores de decisão em tempo hábil para influenciar suas decisões. Informações antigas possuem menos utilidade; todavia, se a informação for necessária para projeções futuras, terá a tempestividade prolongada.

De acordo com Tazik e Mohamed (2014), os usuários da informação financeira precisam que as informações sejam relevantes, confiáveis e tempestivas para sobreviverem em um ambiente competitivo. Nesse sentido, Bushman et al. (2004) ressaltam que os diretores externos exigem que as informações dos relatórios contábeis sejam tempestivas com o propósito de ajudá-los no acompanhamento das suas responsabilidades.

As informações oportunas são aquelas que incorporam renda econômica, ou seja, podem afetar a tomada de decisão de agentes econômicos, que, por sua vez, pode alterar o valor das ações (Bushman et al., 2004). Informações tempestivas são aquelas disponíveis em tempo hábil para a tomada de decisão de interessados. As propriedades timeliness da informação possuem similaridades de impactar o preço das ações, pela influência na tomada de decisões de agentes econômicos, visto o fornecimento de informações oportunas e tempestivas.

Relação entre empresas familiares e tempestividade da informação contábil

A qualidade da informação contábil e sua relação com a propriedade/gestão familiar foi investigada em âmbitos internacional e nacional. No que se refere a pesquisas internacionais, Cascino et al. (2010) verificaram que a alta concentração de propriedade e a propriedade familiar produzem efeito positivo na qualidade da informação contábil em relação à qualidade dos accruals, persistência, previsibilidade, suavização de resultados, relevância da informação e conservadorismo, enquanto os resultados para a tempestividade não foram significantes. Os autores investigaram também se a propriedade familiar em empresas italianas afetava a qualidade de relatórios financeiros. Os resultados mostraram que

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as empresas familiares apresentaram qualidade da informação contábil superior em relação a empresas não familiares, fornecendo evidências sobre a influência positiva da propriedade familiar na qualidade de relatórios financeiros.

Lim, How, e Verhoeven (2014), usando dados em painel, encontraram uma relação não linear entre a propriedade concentrada das empresas e o atraso nos relatórios, analisando 1.276 empresas da Malásia de 1996 a 2009. Os resultados mostraram que empresas familiares apresentaram informações menos oportunas. Tal resultado pode ser decorrente da baixa necessidade de financiamento pelo mercado de ações de empresas com propriedade concentrada.

Fan e Wong (2002) analisaram as relações entre estrutura de propriedade e informatividade dos lucros de 977 empresas em sete economias no Leste Asiático. Os resultados mostraram que os proprietários controladores podem relatar informações financeiras por interesses próprios, e a propriedade concentrada mostrou-se associada com baixa informatividade nos lucros.

A literatura internacional utiliza o termo timeliness das informações contábeis como informação oportuna e tempestiva. Autores como Basu (1997) e Francis, Lafond, Olsson, e Schipper (2004) verificaram a oportunidade da informação contábil, enquanto Bushman et al. (2004), Lopes (2009), Almeida (2010) e Silva (2013) analisaram a tempestividade. Embora existam modelos econométricos distintos, pode-se dizer que, teoricamente, esses termos são equivalentes, relacionados à velocidade com que as informações contábeis estão disponíveis aos tomadores de decisão.

Em relação à tempestividade, Lopes (2009) verificou se a qualidade da informação em empresas brasileiras que adotavam padrões de governança era superior à de empresas que não operavam nesse mesmo regime. Os resultados demonstraram que as empresas com elevados padrões de governança apresentaram maior tempestividade, conservadorismo e relevância.

Almeida (2010) investigou o efeito do ambiente competitivo na qualidade da informação contábil divulgada pelas firmas brasileiras. Para verificar a qualidade da informação contábil, utilizou modelos para detectar o gerenciamento de resultados, o conservadorismo contábil, a tempestividade e a relevância da informação. Entre os resultados, em relação ao efeito do ambiente competitivo na tempestividade da informação, observou-se relação positiva, pela percepção dos gestores em potencializar informações para diminuição do grau de competição.

Silva (2013) investigou o impacto da adoção das IFRS na qualidade das demonstrações contábeis e no custo de capital de empresas brasileiras. Entre os modelos utilizados para verificar a qualidade da informação contábil, encontrava-se o da tempestividade. Os resultados demonstraram que a adoção

das IFRS pelas empresas analisadas resultou em aumento da tempestividade da informação contábil.

Entre esses estudos supracitados, não se observou a relação entre empresas familiares e a tempestividade da informação contábil, o que torna propício este estudo. No entanto, essa falta de resultados empíricos dificulta o estabelecimento de hipóteses de pesquisa, visto que o resultado pode ser uma relação tanto positiva entre tempestividade e controle/gestão familiar quanto negativa.

De acordo com Flores e Grisci (2012), em empresas familiares, as ações e atitudes são traçadas pensando-se nos benefícios em longo prazo, sendo os resultados de curto prazo consequências das ações de longo prazo. Dessa forma, acredita-se que, para ter benefícios no longo prazo, as empresas familiares terão de ter transparência em suas evidenciações, reportando informações de maior qualidade, inclusive informações mais tempestivas, que possam reduzir seu custo de capital.

Além disso, nesse tipo de empresa, pode haver o que Shleifer e Vishny (1997) chamam de efeito alinhamento, em que grandes acionistas (família) possuem maiores incentivos para monitorar os gestores, fazendo com que as informações a serem divulgadas sejam mais tempestivas. Por outro lado, pode haver um efeito entrincheiramento (Demsetz, 1983), na medida em que o acionista principal (família) procura expropriar os acionistas minoritários, surgindo incentivos para menor transparência nas informações contábeis, com possível redução de sua tempestividade.

Assim, dados a falta de resultados empíricos consistentes e o framework teórico não conclusivo quanto à influência positiva ou negativa do controle/gestão familiar sobre a tempestividade das informações contábeis, optou-se por se estabelecer uma hipótese geral, mas sem indicação de sinal da relação esperada, conforme segue:

H1: Há uma relação estatisticamente significativa entre o controle/gestão familiar e a tempestividade da informação contábil.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para analisar a tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras, realizou-se uma pesquisa descritiva, documental quanto aos procedimentos técnicos e com abordagem quantitativa.

População e amostra

A população da pesquisa compreendeu todas as empresas listadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo

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(BM&FBOVESPA). A amostra foi composta por 124 empresas, as quais dispunham de todas as informações necessárias para a realização da pesquisa. Das 124 empresas da amostra, 41 apresentavam gestão familiar e 8, controle familiar, as quais, em conjunto, representaram as empresas familiares da amostra. Os dados foram coletados anualmente, no período compreendido entre os anos de 2010 a 2013. No Quadro 1, apresenta-se a amostra do estudo, segmentada nos setores de atuação.

Quadro 1. Amostra da pesquisa

Bens industriais Construção e transporte

Csu Cardsyst; Dtcom Direct; Embraer; Inds Romi; Inepar; Iochp-Maxion; Kepler Weber; Lupatech; Marcopolo; Metalfrio; Plascar Part; Randon Part; Valid; Weg.

Arteris; BR Brokers; Brookfield; CCR AS; Cr2; Cyrela Realt; Eternit; Even; Eztec; Gafisa; Helbor; JHSF Part; João Fortes; Log-In; Lopes Brasil; MRV; PDG Realt; Portobello; Prumo; Rodobensimob; Rossi Resid; Tecnisa; Tegma; Trisul; Triunfo Part; Viver; Wilson Sons.

Consumo cíclico Consumo não cíclico

B2W Digital; BHG; Cia. Hering; Estácio Part; Grendene; Guararapes; IGB S/A; Le Lis Blanc; Localiza; Lojas Americanas; Lojas Marisa; Lojas Renner; Springs.

Ambev S/A; BRF AS; Cremer; Dasa; Dimed; Hypermarcas; JBS; M.Diasbranco; Marfrig; Minerva; Natura; Odontoprev; Profarma; RaiaDrogasil; Renar; São Martinho; SLC Agrícola; Souza Cruz; Tempo Part; V-Agro.

Financeiro e outros Materiais básicos

Amazônia; Banestes; BmfBovespa; BR Malls Par; Bradesco; Bradespar; Brasil; Cyre Com-Ccp; Generalshopp; Iguatemi; ItaúUnibanco; Multiplan Porto Seguro; São Carlos; Ultrapar.

Duratex; Fer Heringer; Gerdau; Gerdau Met; Magnesita AS; MMX Miner; Paranapanema; Providência; Sid Nacional; Usiminas; Vale.

Petróleo, gás e biocombustíveis Tecnologia da informação

OGX Petróleo; Petrobras. Bematech; Ideiasnet; Positivo Inf; Totvs.

Telecomunicações Utilidade pública

Embratel Part; Inepar Tel; Oi; Telef Brasil; Tim Part S/A.AES Tietê; Cemig; Cesp; Copasa; Copel; CPFL Energia; Eletrobrás; Energias BR; Eneva; Equatorial; Light S/A; Sabesp; Tractebel.

Coleta e análise dos dados

Para a coleta de dados, utilizaram-se a base de dados Economática® e o Formulário de Referência das empresas, disponibilizado no website da BM&FBOVESPA. As informações econômico-financeiras foram coletadas na base de dados Economática®, enquanto os dados necessários para o enquadramento das empresas em familiar ou não familiar foram verificados nos seus Formulários de Referência.

Para o enquadramento das empresas como familiares ou não familiares, utilizaram-se os conceitos de Porta, Lopez‐de‐Dilanes, e Shleifer (1999), visto que uma das principais preocupações em estudos com empresas familiares é a sua identificação. Dessa forma, de acordo com esses autores, para a identificação das empresas familiares, verifica-se a posse acionária de membros familiares, se estes possuem mais que

10% das ações da firma, bem como se estavam presentes no conselho de administração, para o enquadramento da empresa com propriedade familiar.

No atual estudo, verificaram-se empresas com controle e gestão familiar, sendo as empresas que apresentavam ou controle ou gestão familiar, consideradas como familiares. Para o enquadramento das empresas com controle familiar, foi analisado se a percentagem de participação dos membros familiares na empresa era superior a 10% das ações. Para o enquadramento das empresas com gestão familiar, verificou-se se dois ou mais membros da família faziam parte do conselho de administração.

Para capturar a tempestividade da informação contábil, foram utilizadas equações baseadas no modelo de tempestividade da informação contábil adotado por Bushman et al. (2004) e Lopes (2009). Demonstram-se, no Quadro 2, as variáveis utilizadas no estudo.

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Quadro 2. Variáveis do estudo

Variáveis dependentes

Variável Descrição Operacionalização Autores

Retit+3

Retorno da ação da firma i no período t+3 (três meses após o final do ano fiscal investigado).

Preço da ação it+3 / Preço da ação it

Bushman et al. (2004), Lopes (2009), Almeida (2010), Silva et al. (2012) e Silva (2013).

Retit+6

Retorno da ação da firma i no período t+6 (seis meses após o final do ano fiscal investigado).

Preço da ação it+6 / Preço da ação it

Lopes (2009), Almeida (2010), Silva et al. (2012) e Silva (2013).

Retit15

Retorno da ação da firma i de 15 meses (t), considerando o preço da ação de 12 meses anterior ao final do ano fiscal investigado com o preço da ação de 3 meses após o ano fiscal investigado.

Preço da ação it+3 / Preço da ação it-12

Bushman et al. (2004).

Variáveis independentes

Variável Descrição Operacionalização Autores

LPAit Resultado contábil por ação da firma i no período t.Lucro líquido/Quantidade de ação

Bushman et al. (2004), Lopes (2009), Almeida (2010), Silva et al. (2012) e Silva (2013).

∆LLit

Variação do resultado contábil da firma i no período t.

(Lucro líquido t – Lucro líquido t-1)/Lucro líquido t-1

Bushman et al. (2004), Lopes (2009), Almeida (2010), Silva et al. (2012) e Silva (2013).

Variáveis de teste

Variável Descrição Operacionalização Autores

FAMit

Variável dummy: 1 se mais que dois membros familiares estão presentes no conselho de administração ou se membros familiares detêm mais do que 10% das ações da firma i no período t e 0 caso contrário.

Formulário de referência – Item 12.9 e Item 12.6/8

Porta, Lopez‐de‐Dilanes, e Shleifer (1999), Cascino et al. (2010), Moura et al. (2013).

FAM*LPAit

Multiplicação da variável empresa familiar com a variável de lucro por ação da empresa i no período t.

FAM*LPA Criado pelos autores.

FAM*∆LLit

Multiplicação da variável empresa familiar com a variável de variação do lucro líquido da empresa i no período t.

FAM*∆LL Criado pelos autores.

Variáveis de controle

Variável Descrição Operacionalização Autores

TAMit

Logaritmo natural do ativo total da firma i no período t.

Ln (Ativo total)Lopes (2009), Almeida (2010) e Silva (2013).

CVit Crescimento das vendas da empresa i no período t.(Receita t – Receita t-1) / Receita t-1

Lopes (2009), Almeida (2010) e Silva (2013).

ACit

Índice Herfindahl da empresa i no período t, o qual relaciona o ativo total da empresa i com o ativo total do segmento do qual ela participa, elevado ao quadrado.

ixX

i

N

1

2

-

/ Almeida (2010).

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De acordo com Bushman et al. (2004), Lopes (2009) e Almeida (2010), para tentar captar por meio de modelos estatísticos a característica de tempestividade da informação, mede-se o impacto de informações contábeis como lucro por ação e a variação do lucro sobre o retorno da ação. Caso a informação contábil (lucro) tenha influenciado significativamente o retorno, pode-se inferir que ela foi tempestiva o suficiente para impactar a decisão do investidor, o que reflete no retorno das ações.

Dessa forma, foram rodadas equações a fim de avaliar o R² de cada modelo, em que esse R² representa o poder explicativo, ou seja, o quanto as informações contábeis são tempestivas para impactar as decisões dos investidores. Para responder à questão de pesquisa, foram comparados os R² entre empresas familiares e não familiares.

Lopes (2009) considera que o lucro pode influenciar o preço durante um longo período. Desse modo, a especificação do modelo que analisa a tempestividade da informação contábil, conforme o Quadro 2, procura observar se o lucro corrente influencia o retorno corrente, ou seja, se o lucro e a variação do lucro podem explicar o retorno contemporâneo das ações.

De acordo com as variáveis apresentadas no Quadro 2, foram elaboradas três equações para a análise dos dados. Essas equações diferenciaram-se pelas variáveis dependentes de retorno da ação. O modelo utilizado por Bushman et al. (2004) considera o retorno de 15 meses, determinando como data final três meses após o encerramento do exercício. Assim, para informações do ano de 2010, foi considerado o retorno do período entre os dias 31/12/2009 e 31/3/2011. Como análises adicionais, foram considerados também períodos de retorno mais curtos, como de três meses (Retit+3), e de seis meses (Retit+6). Considerando que as demonstrações contábeis são publicadas, geralmente, em média, três meses após o encerramento do exercício, o retorno de três meses procura capturar reações imediatas dos investidores em relação às informações contábeis divulgadas. Já o modelo de seis meses tem um horizonte um pouco maior, mas ainda de curto prazo, tentando capturar o efeito das informações contábeis nos três meses seguintes a sua publicação.

As três equações apresentaram como variáveis independentes o lucro por ação (LPA) e a variação do lucro (∆LL), que são constantes no modelo original. Além disso, foram acrescentadas variáveis de controle, tais como tamanho da empresa (TAM), crescimento das vendas (CV) e ambiente competitivo (AC). O crescimento nas vendas e o tamanho elevado alteram a qualidade da informação contábil. O tamanho da empresa pode auxiliar o aumento da qualidade da informação (Almeida, 2010; Silva, 2013), por geralmente estarem sujeitas a maior monitoramento, tanto interno quanto externo, enquanto empresas com crescimento nas vendas podem ter menor

qualidade da informação contábil, por utilizar a conta vendas para mascarar os resultados (Lopes, 2009). Em ambientes competitivos, a informação contábil pode ser afetada, visto que gestores potencializam informações contábeis para diminuir o grau de competitividade entre as empresas (Almeida, 2010).

Para comparar a tempestividade entre empresas familiares e não familiares, as três equações foram aplicadas em amostras separadas (de empresas não familiares e familiares), como também em uma amostra global com todas as empresas em conjunto, sendo, para a identificação das empresas familiares nesse modelo, adicionadas variáveis dummy de empresa familiar (FAM), variável de multiplicação entre FAM e lucro por ação (FAM*LPA) e variável de multiplicação entre FAM e variação do lucro líquido (FAM*∆LL), a fim de capturar a tempestividade nas empresas familiares.

Conforme já comentado, as três equações apresentaram como variável dependente o retorno da ação de três, seis e 15 meses, respectivamente. Os modelos econométricos estão demonstrados na sequência.

(1)Retit+3 = b0 +b1 LPAit +b2 ∆LLit+ b3 TAMit + b4 CVit + b5 ACit +eit

(1a)Retit+3 = b0 +b1 LPAit +b2 ∆LL it+ b3 FAMit + b4 FAM*LPAit + b5

FAM*∆LLit + b6 TAMit + b7 CVit + b8 ACit +eit

(2)Retit+6 = b0 +b1 LPAit +b2 ∆LLit+ b3 TAMit + b4 CVit + b5 ACit +eit

(2a)Retit+6 = b0 +b1 LPAit +b2 ∆LLit+ b3 FAMit + b4 FAM*LPAit + b5

FAM*∆LLit + b6 TAMit + b7 CVit + b8 ACit +eit

(3)Retit15 = b0 +b1 LPAit +b2 ∆LLit+ b3 TAMit + b4 CVit + b5 ACit +eit

(3a)Retit15 = b0 +b1 LPAit +b2 ∆LLit+ b3 FAMit + b4 FAM*LPAit + b5

FAM*∆LLit + b6 TAMit + b7 CVit + b8 ACit +eit

As equações 1, 2 e 3 foram rodadas e analisadas separando-se as amostras em empresas familiares e não familiares, a fim de identificar o R² de cada modelo, o qual representa a tempestividade da informação contábil. Já as equações 1a, 2a e 3a foram rodadas e analisadas com a amostra global (tanto familiar quanto não familiar), acrescentando as variáveis dummies de empresas familiares, com o objetivo de identificar se estas acrescentam informações importantes para aumentar o poder de explicação do modelo, ou seja, da tempestividade da informação contábil.

Com base nas equações de 1 a 3, a análise dos dados foi realizada pela utilização de técnicas estatísticas, como estatística descritiva, por meio do software SPSS®, além de regressão de dados em painel, com a utilização do software STATA®.

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APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Estatística descritiva

Apresentam-se, nesta seção, a descrição e a análise dos resultados. A Tabela 1 apresenta a estatística descritiva das variáveis: retorno das ações de três, seis meses depois de publicadas as informações (Retit+3 e Retit+6), retorno de 15 meses (Retit15), lucro por ação (LPA), variação do lucro (∆LL), tamanho da empresa (TAM), crescimento das vendas (CV) e ambiente competitivo (AC). As demais variáveis não foram analisadas por meio de estatística descritiva, pois corresponderam a variáveis dummies que variam de 0 a 1, somente.

Tabela 1. Estatística descritiva

Variáveis Mínimo Máximo MédiaDesvio padrão

Retit+3 0,497 1,709 1,019 0,166

Retit+6 0,180 1,943 0,969 0,233

Retit15 -0,943 2,253 0,088 0,449

LPAit -5,388 14,139 1,146 1,941

∆LLit -261,800 40,159 -0,376 12,157

TAMit 9,662 20,989 15,471 1,705

CVit -1,000 3,392 0,167 0,331

ACit 0,000 0,986 0,024 0,095

De acordo com a Tabela 1, pode-se verificar que o mínimo do retorno das ações três (Retit+3) e seis (Retit+6) meses após a publicação das informações do trimestre anterior correspondeu a 0,497 e 0,180, respectivamente, o máximo a 1,709 (Retit+3) e 1,943 (Retit+6). Os desvios padrões de 0,166 e 0,233 demonstraram pouca variância do retorno das ações em relação às médias de 1,019 (Retit+3) e 0,969 (Retit+6). Observa-se que o retorno da ação seis meses depois de publicadas as informações manteve-se semelhante ao retorno da ação de três meses.

Quanto ao retorno da ação de 15 meses (Retit15), observou-se média baixa de 0,088 em relação aos demais retornos analisados, além de demonstrar, pelo valor mínimo, que algumas empresas tiveram diminuição do preço de suas ações com o passar do tempo.

Em relação ao lucro por ação (LPA) e à variação do lucro (∆LL), percebeu-se que algumas empresas apresentaram valores negativos, sendo o valor máximo observado de 14,139 (LPA) e 40,159 (∆LL). O desvio padrão elevado de ambas as variáveis demonstrou que muitas empresas apresentaram valores discrepantes em relação à média de 1,146 e -0,376, respectivamente, possuindo a média das empresas variação do lucro por ação negativa.

O logaritmo natural do ativo total (TAM) demonstrou desvio padrão baixo (1,705), se comparado à média. O crescimento das vendas (CV) demonstrou índice médio em torno de 16%, com desvio padrão elevado (0,331), o que mostra elevada dispersão nos dados. A variável de ambiente competitivo (AC), que vai de 0 a 1, em que, quanto mais perto de 0, maior é o ambiente competitivo do setor da empresa, por apresentar média 0,024, representa que a maioria das empresas opera em um ambiente altamente competitivo. Em relação ao valor máximo de 0,986, este corresponde às empresas do setor de petróleo, o qual é operado por poucas empresas.

Análise dos modelos de tempestividade

Após analisada a estatística descritiva das variáveis, foram aplicados os testes de Durbin-Watson, Shapiro-Wilk e Levene às variáveis de teste para verificar a aleatoriedade, normalidade e homoscedasticidade dos dados, respectivamente. Observou-se que inexiste autocorrelação de primeira ordem entre os resíduos, que a distribuição dos resíduos é normal e a variância dos erros, uniforme, atendendo aos pressupostos para análise multivariada em todos os modelos. Dessa forma, depois de verificados os pressupostos dos modelos de regressão de dados em painel, apresentam-se, na Tabela 2, os resultados oriundos das equações 1 e 1a.

Conforme informações constantes na Tabela 2, pode-se observar que a equação 1, tanto para empresas familiares quanto não familiares, não se demonstrou significativa na amostra analisada, assim como a equação 1a. Assim, pode-se inferir que, na amostra e no período analisados, as informações de lucro por ação (LPA), variação do lucro líquido (∆LL), tamanho da empresa (TAM), crescimento das vendas (CV), bem como as informações de empresas familiares (FAM; FAM*LPA; FAM*∆LL) e ambiente competitivo (AC), não se demonstraram significativas para impactar a decisão de investidores, o que poderia ser refletido no retorno da ação de três meses. Ou seja, as informações contábeis das empresas divulgadas no final do exercício não foram tempestivas o suficiente para impactar a decisão do investidor três meses após o término do exercício. Tal resultado pode ser decorrente de que as informações contábeis tenham sido divulgadas após o terceiro mês do exercício social seguinte, ou porque outros fatores tenham influenciado o retorno da ação nesse período, o que constitui uma limitação do modelo estatístico utilizado. Dessa forma, essa constatação pode sugerir que as informações contábeis teriam maior tempestividade sobre o retorno de seis meses depois de publicadas as informações, visto que, nesse período, todas as informações do exercício anterior já teriam sido divulgadas.

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Tabela 2. Análise de regressão de dados em painel – Equações 1 e 1a

Variáveis

POLS POLS POLS

(1) Não familiarRetorno da ação

3 meses

(1) FamiliarRetorno da ação

3 meses

(1a) Amostra globalRetorno da ação

3 mesesCoefic. Sig. Coefic. Sig. Coefic. Sig.

LPAit 0,012 0,034 -0,000 0,863 0,011 0,040∆LLit 0,000 0,645 -0,008 0,004 0,000 0,705FAMit ------ ------ ------ ------ 0,020 0,238FAM*LPAit ------ ------ ------ ------ -0,012 0,102FAM*∆LLit ------ ------ ------ ------ -0,008 0,004TAMit -0,000 0,882 0,003 0,638 0,000 0,873CVit -0,025 0,465 -0,013 0,652 -0,016 0,458ACit 0,004 0,959 -0,650 0,117 -0,033 0,702

_Constante 1,023 0,000 0,976 0,000 0,9953 0,000R Within ------ ------ ------R Overall ------ ------ ------R-squared 0,0217 0,0455 0,0283Teste F 0,3234 0,0669 0,0799LM de Breusch-Pagan Sig X² 0,1895 Sig X² 1,0000 Sig X² 1,0000Teste de Chow Sig. F 0,5710 Sig. F 0,9662 Sig. F 0,9933Teste de Hausman Sig. X² ------ Sig. X² ------ Sig. X² ------N 270 226 496

Apresenta-se, a seguir, a Tabela 3 com a regressão de dados em painel das equações 2 e 2a.

Tabela 3. Análise de regressão de dados em painel – Equações 2 e 2a

Variáveis

POLS Efeitos fixos Efeitos fixos

(2) Não familiarRetorno da ação

6 meses

(2) FamiliarRetorno da ação

6 meses

(2a) Amostra globalRetorno da ação

6 meses

Coefic. Sig. Coefic. Sig. Coefic. Sig.

LPAit 0,043 0,000* -0,012 0,297 0,010 0,439

∆LLit 0,000 0,659 -0,012 0,344 -0,000 0,713

FAMit ------ ------ ------ ------ 0,119 0,040*

FAM*LPAit ------ ------ ------ ------ -0,027 0,108

FAM*∆LLit ------ ------ ------ ------ -0,003 0,408

TAMit -0,011 0,217 0,229 0,001* -0,173 0,000*

CVit -0,029 0,546 -0,103 0,032* -0,066 0,062*

ACit -0,077 0,533 -1,107 0,672 -0,367 0,828

_Constante 1,100 0,000 4,501 0,000 3,625 0,000

R Within ------ 0,1216 0,0681

R Overall ------ ------ ------

R-squared 0,1088 ------ ------

Teste F 0,0000* 0,0009* 0,0011*

LM de Breusch-Pagan Sig X² 0,1046 Sig X² 0,1403 Sig X² 0,0983

Teste de Chow Sig. F 0,0705 Sig. F 0,0047 Sig. F 0,0044

Teste de Hausman Sig. X² ------ Sig. X² 0,0000 Sig. X² 0,0003

N 270 226 496

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Em relação às equações 2 e 2a, apresentadas na Tabela 3, estas se demonstraram significativas a 5%, tanto para as empresas familiares ou não familiares quanto para a amostra global, em que o R² se demonstrou mais elevado para a amostra de empresas familiares (0,1216), o que sugere que, em empresas familiares, há maior tempestividade de informações contábeis. Além disso, observou-se que o tamanho (TAM) e crescimento das vendas (CV) também foram significativos para explicar o retorno das ações. No entanto, o TAM apresentou-se com final inverso ao esperado. É importante destacar que as informações contábeis somente foram significativas para as empresas não familiares em relação ao lucro por ação (LPA). Portanto, apesar do maior R2 no

modelo de empresas familiares, não é possível afirmar que as informações contábeis dessas empresas são mais tempestivas.

Já para a equação de amostra global, constatou-se que também as variáveis tamanho da empresa (TAM) e crescimento das vendas (CV) foram novamente significativas para explicar o retorno das ações. Também a variável de empresa familiar (FAM) apresentou impacto positivo no retorno da ação de seis meses (Retit+6), o que sugere que, em empresas familiares, há maior retorno da ação.

Apresentam-se, na Tabela 4, os resultados das equações 3 e 3a aplicados tanto na amostra de empresas familiares ou não familiares quanto na amostra global.

Tabela 4. Análise de regressão de dados em painel – Equações 3 e 3a

Variáveis

Efeitos fixos POLS Efeitos fixos

(3) Não familiarRetorno da ação

15 meses

(3) FamiliarRetorno da ação

15 meses

(3a) Amostra globalRetorno da ação

15 meses

Coefic. Sig. Coefic. Sig. Coefic. Sig.

LPAit 0,054 0,040* 0,037 0,011* 0,077 0,002*

∆LLit 0,000 0,897 -0,011 0,163 0,000 0,696

FAMit ------ ------ ------ ------ 0,253 0,022*

FAM*LPAit ------ ------ ------ ------ -0,089 0,006*

FAM*∆LLit ------ ------ ------ ------ -0,006 0,412

TAMit -0,213 0,122 -0,040 0,057* -0,357 0,000*

CVit 0,412 0,001* -0,003 0,960 0,090 0,184

ACit -0,795 0,848 -1,601 0,137 1,419 0,658

_Constante 3,326 0,118 0,713 0,028 5,414 0,000

R Within 0,1218 ------ 0,0882

R Overall ------ ------ ------

R-squared ------ 0,0703 ------

Teste F 0,0002* 0,0065* 0,0000*

LM de Breusch-Pagan Sig X² 0,2755 Sig X² 0,4133 Sig X² 0,1697

Teste de Chow Sig. F 0,0457 Sig. F 0,0713 Sig. F 0,0159

Teste de Hausman Sig. X² 0,0449 Sig. X² ------ Sig. X² 0,0017

N 270 226 496

Em relação à Tabela 4, pode-se observar que as equações 3 e 3a aplicadas às amostras de empresas familiares, não familiares e global demonstraram-se significativas a 5%, apresentando-se o poder de explicação do modelo maior para a amostra de empresas não familiares (0,1218). Tal resultado é divergente em relação aos modelos anteriores, entretanto esse resultado pode ser ocasionado pela análise das informações tempestivas para os investidores considerando o retorno das ações de 15 meses, portanto com um horizonte temporal mais de longo prazo, diferente dos modelos anteriores (seis e três meses).

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Em relação às informações contábeis que se demonstraram significativas, observou-se o lucro por ação (LPA) e crescimento das vendas (CV) para as empresas não familiares e lucro por ação (LPA) e tamanho da empresa (TAM) para as empresas familiares e para a amostra global.

Em relação à equação com amostra global, observou-se que a variável de empresa familiar (FAM) impactou positivamente o retorno da ação de 15 meses (Retit15), o que se pode inferir que, em empresas familiares, houve um maior retorno das ações. Entretanto, não se pode afirmar que esse resultado seja oriundo somente da divulgação de informações contábeis, podendo ser ocasionado também por informações não contábeis. Ainda, a variável FAM*LPA, que representa o lucro por ação somente de empresas familiares, demonstrou influência significativa sobre o retorno das ações de 15 meses (Retit15).

Considerando as três equações da Tabela 4, pode-se afirmar, de maneira geral, que as informações contábeis (LPA) de empresas familiares foram menos tempestivas do que nas empresas não familiares, o que fica comprovado pelo maior R2 da equação de empresas não familiares (12,18%) em relação às empresas familiares (7,03%). Além disso, no modelo global, a variável FAM*LPA apresentou-se negativa e significativa, indicando que, em empresas familiares, a influência do LPA sobre o retorno é menor, indicando menor tempestividade dessa informação nas empresas familiares.

Discussão dos resultados

Apresenta-se, nesta seção, uma discussão dos resultados encontrados quanto à tempestividade da informação contábil em empresas familiares. Infere-se que os resultados verificados devem ser interpretados com cuidado, visto que os modelos apresentaram resultados distintos conforme a variável dependente utilizada. Nos modelos com retornos de curtíssimo (três meses) e curto prazo (seis meses), apesar de os modelos sugerirem maior associação das variáveis preditoras com a variável dependente nas empresas familiares, as variáveis contábeis (LPA e ∆LL) não foram significativas, não sendo possível afirmar que as informações contábeis de tais empresas foram mais tempestivas.

Entretanto, quando considerado um horizonte temporal mais longo para o retorno das ações (15 meses), verificou-se que as informações contábeis (pelo menos o LPA) demonstraram-se mais tempestivas para as empresas não familiares. Dessa forma, pode-se inferir que, nesse caso, os controladores/gestores das empresas familiares podem estar evidenciando informações não tempestivas, o que Demsetz (1983) chama de efeito entrincheiramento, na medida em que o acionista principal

(família) procura expropriar os acionistas minoritários, surgindo incentivos para menor transparência nas informações contábeis com possível redução de sua tempestividade.

Além disso, empresas com controle e gestão familiar demonstram menos conflitos de interesses entre principais e agentes, visto que os gestores familiares concentram esforços para a concretização do objetivo da empresa, que retorna em benefícios para a família (Chen, Hsu, & Chen, 2014). Assim, o fato de as informações contábeis de empresas familiares mostrarem-se menos tempestivas (ao menos no modelo de 15 meses) reforça a visão de possível conflito entre os acionistas majoritários (família) e demais acionistas minoritários, com aumento da assimetria de informações entre esses dois grupos de usuários.

Com base no exposto, rejeita-se a hipótese da pesquisa (H1), que previa uma relação estatisticamente significativa entre o controle/gestão familiar e a tempestividade da informação contábil.

Esse resultado coaduna o encontrado por Lim et al. (2014), em empresas da Malásia entre 1996 e 2009, e Fan e Wong (2002), em sete economias no Leste Asiático, os quais constataram menor tempestividade e informatividade dos lucros, respectivamente, em empresas de controle/gestão familiar. É importante considerar a diferença de contextos entre esses dois estudos e este atual, em termos de tamanho do mercado de capitais, desenvolvimento econômico, estruturas de governança e outros fatores não considerados neste estudo. É possível que fatores exógenos possam influenciar o retorno das ações, o que pode criar um viés na análise. A falta de coerência entre os resultados das equações 1 e 2 (modelos de curto prazo) e da equação 3 (longo prazo) reforça essa percepção.

No entanto, essa é uma limitação inerente a todos os modelos econométricos, e o modelo estatístico utilizado neste estudo tem sido amplamente aplicado em estudos nacionais e internacionais para capturar o efeito da tempestividade da informação contábil.

Os achados corroboram também os encontrados por Almeida (2010) e Silva et al. (2012), em relação à influência do lucro no retorno das ações; por Lopes (2009), quanto ao crescimento das vendas; e por Almeida (2010), em relação ao tamanho da empresa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo teve como objetivo analisar a tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras. Para tanto, foi realizada uma pesquisa descritiva, documental e

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com abordagem quantitativa. A amostra foi composta por 124 empresas, com dados coletados anualmente, no período entre os anos de 2010 a 2013.

As variáveis dependentes da regressão de dados em painel que compõem o estudo foram o retorno da ação da firma, três e seis meses depois de divulgadas as informações contábeis, além do retorno de 15 meses. Já as variáveis independentes foram compostas pelo lucro por ação, variação do resultado contábil, variáveis independentes de empresa familiar, acrescidas de variáveis de controle relativas ao tamanho da empresa, ao crescimento das vendas e ao ambiente competitivo. Essas variáveis foram distribuídas em três equações de regressão de dados em painel para empresas familiares e não familiares e subequações, considerando as empresas familiares e não familiares em conjunto.

Por meio da análise de tais equações, verificou-se que as variáveis lucro por ação, tamanho da empresa e crescimento das vendas foram significativas para explicar o retorno das ações. Em relação às variáveis de interesse do estudo, de maneira geral, conclui-se que empresas familiares apresentaram menor tempestividade da informação contábil (quando analisado o modelo de longo prazo – equações 3 e 3a). Infere-se, assim, que controladores/gestores de empresas familiares podem retardar a divulgação de demonstrações financeiras aos agentes econômicos, ocasionando assimetria da informação e possível tentativa de expropriação de acionistas minoritários.

Todavia, tal efeito não foi observado quando considerados modelos de retorno de curto prazo (três e seis meses), o que limita, de certa forma, as conclusões do estudo sobre a tempestividade das informações contábeis de empresas familiares. Além disso, observou-se que não somente informações contábeis foram significativas para explicar o retorno das ações, o que sugere que outras variáveis ainda poderiam ser acrescidas ao modelo para elevar o R² (proxy de tempestividade) encontrado. Dessa forma, sugere-se, em estudos futuros, a inclusão de outras variáveis no modelo de tempestividade, a fim de contribuir com a análise desse fenômeno em empresas familiares.

A pesquisa apresenta limitações, principalmente no que se refere à amostra ser pouco representativa, uma vez que nem todas as empresas dispunham das informações necessárias para a realização da pesquisa. Todavia, devido à quantidade de observações analisadas, tal limitação não compromete a contribuição dos resultados. Outra limitação refere-se à análise de uma característica qualitativa da informação contábil por meio de testes econométricos, necessários para estudos quantitativos, mas que podem resultar em variáveis omitidas e outros vieses de análise. Entretanto, tal estudo pode contribuir para as pesquisas na linha positiva da contabilidade, em que se analisam, por meio

de teste econométricos, fenômenos contábeis. Espera-se que os achados deste estudo possam ser ampliados e complementados em estudos futuros, com a utilização de outras variáveis ou de empresas de um mesmo segmento, podendo abranger um período maior de análise.

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FÓRUM | Tempestividade da informação contábil em empresas familiares brasileiras

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ISSN 0034-7590 © RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 503-517

JULIA PINTO DE-CARVALHO [email protected] em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo – São Paulo – SP, Brasil

ALEXANDRE TEIXEIRA DIAS [email protected] da Universidade FUMEC, Faculdade de Ciências Empresariais – Belo Horizonte – MG, Brasil

FÓRUMSubmetido 15.10.2015. Aprovado 12.07.2016Avaliado pelo processo de double blind review. Editores Científicos: Charbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeira e Susana Carla Farias Pereira

INFLUÊNCIAS NÃO LINEARES DA INDÚSTRIA NO DESEMPENHO DA FIRMAThe non-linear industry effects on firm performance

Influencias no lineales de la industria en el desempeño de la empresa

RESUMOEsta pesquisa tem por objetivo investigar o efeito do ambiente da indústria no desempenho da firma, por meio de um modelo de regressão múltipla não linear. As amostras por período variam de 178 (2005) a 252 (2012) firmas brasileiras de capital aberto, ativas no período de 2005 a 2012. A análise por decomposição da variância permitiu a identificação de tendência de incremento da influência da rivalidade no desempenho da firma, ao passo que a relação quadrática aponta para um ponto ótimo do efeito da rivalidade na indústria que, caso ultrapassado, poderá provocar efeito inverso na lucratividade. Tais resultados estão alinhados com a perspectiva de que, quanto maior a rivalidade, mensurada por meio da receita dos concorrentes, maior a possibilidade de obtenção de receitas originadas da venda de produtos, até o ponto em que a intensidade da rivalidade passa a dificultar o acesso a recursos oriundos das vendas.PALAVRAS-CHAVE | Desempenho, vantagem competitiva, lucratividade, ambiente da indústria, regressão múltipla não-linear.

ABSTRACTThis paper aims to investigate the effects of the industry environment on firm’s performance, by using a non-linear regression model. The samples used range from 178 (2005) to 252 (2012) publicly traded Brazilian firms, active in the period from 2005 to 2012. The analysis, which uses the variance decom-position method, allows one to identify a tendency for the influence of rivalry to increase a firm’s performance. The quadratic relationship identified here points to an equilibrium point of the industry environment effect that, if exceeded, may cause a reverse effect on profitability. These results are in line with the view that as rivalry increases, as measured in terms of rivals’ performance, so the possi-bility of obtaining a better sales performance also increases, until the point where the level of rivalry intensity becomes a barrier to increasing sales any further.KEYWORDS | Performance, competitive advantage, profitability, industry environment, non-linear multiple regression.

RESUMENEste estudio tiene como objetivo investigar el efecto del ambiente de la industria en el desempeño de la empresa, por medio de un modelo de regresión múltiple no lineal. Las muestras por período varían de 178 (2005) a 252 (2012) empresas brasileñas de capital abierto, activas en el período de 2005 a 2012. El análisis por descomposición de la varianza permitió la identificación de tendencia de incremento de la influencia de la rivalidad en el desempeño de la empresa, mientras que la relación cuadrática apunta hacia un punto excelente del efecto de la rivalidad en la industria que, en caso de ser superado, podrá provocar efecto inverso en la lucratividad. Tales resultados están alineados con la perspectiva de que, cuanto mayor la rivalidad, medida por medio de los ingresos de los competidores, mayor la posibilidad de obtención de ingresos originados de la venta de productos, hasta el punto en que la intensidad de la rivalidad comienza a dificultar el acceso a recursos oriundos de las ventas.PALABRAS CLAVE | Desempeño, ventaja competitiva, lucratividad, ambiente de la industria, regresión múltiple no lineal.

RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160505

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INTRODUÇÃO

As decisões estratégicas são definidas em confluência com a área de atuação das firmas, com os padrões de desempenho esperados para si e de modo a equilibrar as pressões oriundas das restrições econômicas; ou seja, a firma opera em um ambiente particular com objetivos de desempenho definidos (Child, 1972).

As relações entre fatores ligados à indústria e ao desempenho da firma têm sido abordadas por vários autores (e. g. Child, 1974; Hatten & Schendel, 1977; Mauri & Michaels, 1998; Prescott, 1986; Roquebert, Phillips, & Westfall, 1996; Rumelt, 1991; Schmalensee, 1985; Tirole, 1988), entre os quais há aqueles que consideram os efeitos da indústria de uma forma mais ampla (Bamiatzi & Hall, 2009; Hawawini, Subramanian, & Verdin, 2003; Kim & Reinschmidt, 2012) e os de suas características, em termos de munificência, instabilidade e complexidade (Keats & Hitt, 1988), de concentração (Griffiths, Jensen, & Webster, 2011; Sharma, 2011) e rivalidade (Cool & Dierickx, 1993; Cool, Dierickx, & Jemison, 1989; Mas-Ruiz & Ruiz-Moreno, 2011), que, em sua maioria, abordam tais relações sob uma perspectiva linear.

Em alinhamento com as perspectivas dos autores e com as proposições de Tirole (1988) acerca da natureza não linear das relações entre contexto competitivo e desempenho da firma, tendo em vista a competição baseada em preços, esta pesquisa tem como objetivo contribuir para essa temática por meio da análise da variação, ao longo do tempo e sob uma perspectiva não linear, da influência da indústria no desempenho da firma, no contexto brasileiro. O contexto competitivo da indústria foi caracterizado por meio da rivalidade da indústria e o desempenho da firma, por meio da lucratividade.

Segundo Cameron e Whetten (1983, como citado em Matitz e Bulgacov, 2011, (p. 582)), os esforços das pesquisas direcionadas ao estudo do desempenho impactam diretamente os modelos de efetividade da firma, que apresentam implicações:

“(a) teóricas, pois se encontra no centro de todos os modelos organizacionais; (b) empíricas, pois é a variável dependente final em pesquisa organizacional e; (c) práticas, pois há necessidade de avaliar os resultados obtidos pelas organizações”.

Como contribuição para as pesquisas acerca dessa temática, este artigo investiga a influência do ambiente da indústria no desempenho de firmas brasileiras, por meio da proposição de um modelo de regressão múltipla não linear, aplicado a uma amostra que varia de 178 (2005) a 252 (2012) firmas brasileiras de capital aberto ativas no período entre 2005 e 2012, que apresentaram informações contábeis completas na base Economática®, publicaram informações trimestrais na base da Comissão de Valores Mobiliários e tiveram ações negociadas em bolsa nesses mesmos anos. O estudo de tal

período foi realizado em função da crise econômica ocorrida em 2008, nos Estados Unidos, englobando tanto períodos que a precederam (de 2005 a 2007) quanto que a sucederam (de 2009 a 2012), assim como o próprio ano de 2008, cujos reflexos, com diferentes intensidades, alcançaram âmbito mundial. Os resultados da estimação do modelo proposto confirmam a existência de uma relação não linear entre a rivalidade na indústria e o desempenho da firma, com aumento da sua capacidade explicativa ao longo do tempo.

A opção pela inclusão somente de firmas brasileiras na amostra deu-se em função da emergência econômica do País em termos mundiais, durante o período considerado para estudo, e pelo seu alinhamento com outras pesquisas que abordaram aspectos econômicos, financeiros e competitivos de tais firmas, a exemplo da pesquisa desenvolvida por Pimentel e Aguiar (2016).

O artigo está estruturado de modo a apresentar, inicialmente, discussões conceituais acerca das relações entre lucratividade, desempenho e vantagem competitiva, passando pelo papel dos condicionantes ambientais na determinação do desempenho das firmas e chegando à proposição das hipóteses de pesquisa que buscam abordar as lacunas deixadas por artigos empíricos desenvolvidos sob a mesma temática. A seguir, são apresentados os aspectos metodológicos da pesquisa, englobando a operacionalização e mensuração das variáveis, a coleta de dados e a composição da amostra. Logo em seguida, são apresentados e discutidos os resultados da análise de dados, para depois serem tecidas as considerações e conclusões.

LUCRATIVIDADE, DESEMPENHO E VANTAGEM COMPETITIVALewin e Minton (1986, como citado em Matitz e Bulgacov, 2011) atentam para o fato de que as pesquisas empíricas ainda não foram capazes de desenvolver uma teoria universal de efetividade organizacional. Ainda assim, deve-se ter claro o longo caminho percorrido durante as últimas décadas de pesquisas em estratégia, e, mais especificamente, de pesquisas sobre a influência do ambiente e seu impacto no desempenho organizacional.

Segundo Richard, Devinney, Yip, e Johnson (2009), “a competição de mercado por clientes, insumos e pelo capital torna o desempenho organizacional essencial para a sobrevivência e para o sucesso da empresa moderna” (p. 719). A fim de viabilizar esses objetivos, Simerly e Li (2000, p. 37) mencionam que a gestão estratégica enxerga a firma como uma organização de múltiplos personagens, interesses e objetivos, sendo impossível maximizar o retorno de todos ou alcançar todos os objetivos. O

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AUTORES | Julia Pinto de-Carvalho | Alexandre Teixeira Dias

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raciocínio dos autores culmina no fato de que a estratégia se preocupa com a sobrevivência da firma dentro do seu ambiente e que isso requer modelos mais complexos para a sua gestão.

Richard et al. (2009), inspirados em Venkatraman e Ramanujam (1986), afirmam que “o desempenho é um tipo de indicador da eficácia, com vantagens e desvantagens” (p. 722). Assim, eles diferenciam desempenho e eficácia com a seguinte definição (Richard et al., 2009):

• Desempenho organizacional: abrange três áreas específicas de resultados: (a) a lucratividade; (b) o desempenho do mercado de produtos (vendas, participação de mercado etc.); e (c) o retorno dos acionistas.

• Eficácia organizacional: é mais ampla e captura o desempenho organizacional além da diversidade de resultados do desempenho interno. Normalmente está associada às operações mais eficientes ou eficazes, além de incluir outras medidas externas, como é o caso da responsabilidade social corporativa.

Conforme coloca Schilke (2014), a posição de uma firma em seu ambiente competitivo permite identificar a ocorrência de vantagem competitiva, quando seu desempenho está situado em patamares superiores aos de seus competidores, confirmando a proposição de Powell (2001) de que o desempenho superior está diretamente ligado ao conceito de vantagem competitiva. Brito e Brito (2012) afirmam que, quando a maioria dos estudos empíricos se direciona apenas a modelar métricas de desempenho, deixa à margem o alcance e a manutenção de um patamar superior de desempenho, diante da indústria, que deveria ser o cerne de todos esses estudos.

A maioria dos estudos empíricos infere a existência de vantagem competitiva em casos de desempenho superior (Powell, 2001). Ainda de acordo com Brito e Brito (2012), a análise da lucratividade abrange o domínio da apropriação de todo o valor da firma definido pelo valor de troca (preço e custo), desconsiderando outros resultados, como o desenvolvimento de recursos e capacidades com seus parceiros comerciais. Ao tratar do conceito de vantagem competitiva, Brito e Brito (2012) vão além de Powell (2001), pois a definem não apenas como desempenho superior, mas como criação de valor superior em relação aos concorrentes, estando alocada como um antecedente do desempenho, o que possibilita que a criação de valor superior se manifeste também no desempenho financeiro da firma.

Brito e Brito (2012) mantêm a estrutura fundamental desse pensamento, modificando, entretanto, a interpretação das ações

e das responsabilidades que cabem a cada um dos personagens. Tem-se, então, a régua do valor criado estratificada em três partes, denominadas: a parte do fornecedor, o valor apropriado e o excedente do cliente. A parte do fornecedor diz respeito aos benefícios defasados e aos ganhos operacionais, haja vista que existem mecanismos de relacionamento com fornecedores que podem provocar melhoria no desempenho operacional (Brito & Brito, 2012). O valor apropriado pela firma é a parte dedicada ao lucro e à rentabilidade propriamente, pois se aloca no intervalo entre preço e custo. A lucratividade deve ser ampliada, a fim de remunerar do melhor modo possível os acionistas que empregam capital na firma (Brito & Brito, 2012), e é esta a dimensão da vantagem competitiva adotada nesta pesquisa.

Por fim, tem-se a longitudinalidade dos estudos de desempenho, que se trata não apenas de investigar os motivos que proporcionaram vantagem competitiva à firma no passado, mas também de como mantê-la com o passar dos anos. Para tanto, o ganho dessa vantagem não deve ser encarado como fruto de um fator aleatório, como o acaso ou a boa sorte, mas de estratégias pensadas especificamente com esse fim. Se um evento de boa sorte ocorrer, ele deverá ser detectado de modo que possa, na medida do possível, ser estrategicamente replicado (Brito & Brito, 2012).

CONDICIONANTES AMBIENTAIS

A definição da indústria na análise do ambiente deve abranger com precisão quais firmas efetivamente competem entre si, pois é delas que a firma sofrerá o impacto das ações decorrentes de suas decisões estratégicas. De acordo com Murthi, Rasheed, e Goll (2013), os efeitos dos grupos estratégicos, formados com base na similaridade de efeitos das variáveis representativas das estratégias das firmas no desempenho, capturam a heterogeneidade da utilização de recursos por parte das firmas.

Para que se possa refletir sobre a composição da indústria, deve-se focar a atenção na atuação e nos resultados das firmas concorrentes (Porter, 2004), procurando antever seus próximos passos e, ainda, prever o possível impacto que elas causarão no ambiente da indústria de atuação, antecipando, dessa maneira, uma reação interna a essas demandas e a esses efeitos ambientais.

Outra justificativa para a inclusão do ambiente competitivo nos estudos do desempenho é a perspectiva de Child (1972) de que o ambiente tem sido considerado a principal fonte de restrição ao planejamento estratégico da firma. A manutenção do posicionamento competitivo da firma depende da troca que ocorre com as outras firmas, e essa dependência impõe uma restrição no direcionamento estratégico da firma, fazendo com que ela deva se

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adaptar ao contexto competitivo. As firmas devem atingir certos níveis de desempenho a fim de obterem vantagens competitivas que lhes permitam desenvolver capacidade de sobreviver. Se a firma não se adapta ao seu ambiente, as oportunidades são perdidas, os custos crescem e sua sobrevivência é ameaçada.

Conforme apontam Tarziján e Ramirez (2010), ao abordarem os efeitos da firma, da indústria e da corporação no desempenho, tanto a firma quanto a indústria têm um impacto significativo no efeito da indústria no desempenho, tendo em vista que o efeito das estratégias competitivas na lucratividade da firma é diretamente relacionado à indústria à qual a firma está vinculada.

Na busca por compreender o conjunto de características externas que afetam simultaneamente várias firmas concorrentes, o impacto do contexto competitivo sobre a firma deve ser considerado na análise do desempenho, afirmação que encontra justificativa na tese desenvolvida por Brito (2011), a qual pontua que, “em diferentes contextos, as empresas buscam resultados distintos [...] o desempenho organizacional é algo específico da escolha estratégica de cada empresa” (p. 56).

Quanto ao dinamismo ambiental, estreitamente relacionado à rivalidade, e sua importância sob a ótica longitudinal de análise, Simerly e Li (2000, p. 38) relatam que o aumento do dinamismo ambiental faz crescer, nos gestores e demais personagens envolvidos com os negócios da firma, a incapacidade de prever com eficiência as condições ambientais, tanto do futuro quanto do presente. Dessa maneira, como cada firma adota estratégias diferentes a fim de lidar com as mesmas exposições ambientais, infere-se que o sucesso, que pode ser parcialmente mensurado pelo desempenho, também será observado de maneira distinta, haja vista o posicionamento de cada uma diante da rivalidade ambiental (Simerly & Li, 2000).

Segundo Simerly e Li (2000), espera-se que as características particulares do ambiente de uma indústria afetem as firmas de modo semelhante, enquanto, dentro de cada firma, o sucesso depende da adoção de mecanismos de resposta apropriados para tratar os fatores ambientais. A análise de várias pesquisas empíricas demonstra que uma maior incerteza sobre os aspectos ambientais está associada com o maior dinamismo ambiental, definido como o produto de várias forças operando em um mesmo tempo e mensurado como a taxa de instabilidade às mudanças ambientais, diretamente pelo grau de rivalidade na indústria.

HIPÓTESES DE PESQUISAE MODELO DE ANÁLISEEm sintonia com o objetivo estabelecido para este trabalho, considerando os aspectos apontados em relação aos efeitos

da indústria e da própria firma no desempenho, as hipóteses de pesquisa são:

H1: Há uma relação não linear entre o desempenho da fir-ma e o comportamento do ambiente da indústria da qual ela faz parte.

H2: A influência do ambiente da indústria no desempenho da firma aumenta ao longo do tempo.

O modelo final de análise foi proposto tomando-se por referência as fundamentações teóricas apresentadas anteriormente, cujo cerne encontra-se descrito na abordagem teórica para vantagem competitiva desenvolvida por Brito e Brito (2012). A operacionalização desta pesquisa deu-se com os constructos validados na pesquisa desenvolvida por Dias (2004) para a lucratividade. Nesta pesquisa, as variáveis relacionadas ao ambiente da indústria foram extraídas da pesquisa de Dias (2009).

METODOLOGIA

Direcionando-se para o problema da mensuração do desempenho propriamente, os textos de Simerly e Li (2000) e de Richard et al. (2009) nos orientam para o fato que o desempenho é um constructo multidimensional e que, assim, um único índice não é suficiente para fornecer uma compreensão abrangente da relação existente entre o desempenho e os demais constructos de interesse.

Essa multidimensionalidade conceitual é apontada como um consenso por Brito e Brito (2012), na discussão sobre o desempenho da firma. A diferença dependerá, portanto, do método de análise, da fonte utilizada para obtenção dos dados e das métricas adotadas pelo pesquisador (Combs, Crook, & Shook, 2005). Essas dimensões são úteis em posicionar pesquisas teóricas realizadas que objetivam ampliar a compreensão acerca do constructo desempenho e para definir as características desta pesquisa.

Operacionalização e mensuração das variáveis

As variáveis adotadas para a execução do modelo de pesquisa são apresentadas nesta subseção, baseadas nas pesquisas desenvolvidas por Dias (2004, 2009). Primeiramente, são apresentadas as variáveis representativas do ambiente da indústria para, em seguida, serem apresentadas as variáveis que integram o constructo lucratividade.

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Ambiente da indústria – Variáveis preditoras

As variáveis representativas do ambiente da indústria foram metodologicamente propostas na tese desenvolvida por Dias (2009), entretanto, para fins metodológicos, adotou-se trabalhar com as variáveis padronizadas pela distribuição normal centradas na média zero e com variância igual a um. São elas:

• RECTOT: “Variação [...] entre períodos da receita total, calculada pela soma das receitas operacionais, das receitas não operacionais e da receita líquida de vendas total” (Dias, 2009, p. 81).

• RVLIQ: “Variação [...] entre períodos das receitas oriundas das vendas líquidas, que correspondem à diferença entre a receita bruta total (proveniente da venda de produtos e serviços industriais, da revenda de mercadorias e da prestação de serviços não industriais) e o total das deduções (vendas canceladas e descontos, ICMS e outros impostos e contribuições incidentes sobre as vendas e serviços, como Cofins, Simples etc.)” (Dias, 2009, p. 81).

Tomando por base as abordagens de Porter (1979, 1981), de Tan e Litschert (1994) e de Sharp, Bergh e Li (2013) e considerando a influência da rivalidade como parte do ambiente competitivo, a rivalidade da indústria foi acessada por meio da média das variáveis RECTOT e RVLIQ das firmas concorrentes, excluindo-se a influência da própria firma no indicador, o que traz a certeza de que esse indicador calculado representará exclusivamente o impacto da estrutura da concorrência, refletindo a rivalidade do segmento da indústria em dois níveis de estratificação da North America Industrial Classification (NAICS). Tendo em vista a perspectiva de Tirole (1988) de que os preços praticados pela firma permitem uma rápida adaptação à rivalidade enfrentada no ambiente competitivo, a utilização das receitas bruta e líquida médias das firmas atuantes em uma mesma indústria como proxies da rivalidade mostra-se adequada aos objetivos desta pesquisa.

O uso de tais variáveis como controles de quase indústria em detrimento de varáveis dummy está em alinhamento com os estudos de Sharp et al. (2013), que apontam que as variáveis dummy apresentam a limitação de influenciarem negativamente o poder estatístico do modelo de regressão, além de comprometerem a parcimônia. Além disso, ainda conforme os autores quanto ao nível de análise, é indicada a utilização de variáveis que representem a diferença entre o desempenho médio da indústria e o desempenho específico da firma.

Assim, em alinhamento com Sharp et al. (2013), tem-se as seguintes variáveis de análise, as quais permitem o controle do efeito da indústria e a mensuração de tal efeito, simultaneamente:

• RECTOTNi: representa o impacto da estrutura da concorrência, representada pelo RECTOT, no i-ésimo nível de segmentação da NAICS, para todo i = 01, 02.

• RVLIQN0i: representa o impacto da estrutura da concorrência, representada pelo RVLIQ, no i-ésimo nível de segmentação da NAICS, para todo i = 01, 02.

O cálculo final estimado do segmento da indústria para cada firma é representado, para a variável RECTOT, genericamente pela fórmula (1).

1RECTOT

RECTOTN jRECTOT

l

jk

lk

11= -

-=

8 B/% (1)

E, analogamente, para a variável RVLIQ, pela fórmula (2).

1RVLIQ

RVLIQN jRVLIQ

l

jk

lk

11= -

-=

8 B/% (2)

Em que:k = firma;j = número de firmas que compõem o segmento, no i-ésimo

nível da NAICS.

Desempenho financeiro (lucratividade) – Constructo resposta

As variáveis constituintes do constructo desempenho, associado à lucratividade da firma, foram metodologicamente propostas na dissertação desenvolvida por Santos (2008). São elas:

• ROA – retorno sobre o ativo.• EBITDA – margem de lucro antes dos impostos, da

depreciação e da amortização.• ROI – retorno sobre o investimento.• ROS – retorno sobre as vendas.• ROE – retorno sobre o patrimônio líquido.

Coleta dos dados

Foram consideradas unidades de observação firmas brasileiras de capital aberto, ativas no período de 2005 a 2012, que apresentaram informações contábeis na base Economática®, publicaram informações trimestrais na base da Comissão de Valores

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Mobiliários e tiveram ações negociadas em bolsa nesses mesmos anos. A adoção desse intervalo para a pesquisa deu-se por motivos técnicos, devido à disponibilidade das variáveis consideradas nesta pesquisa, de modo que o tamanho da amostra não ficasse comprometido, e, principalmente, em função da crise econômica ocorrida em 2008, nos Estados Unidos, englobando tanto períodos que a precederam (de 2005 a 2007) quanto que a sucederam (de 2009 a 2012), assim como o próprio ano de 2008, cujos reflexos, com diferentes intensidades, alcançaram âmbito mundial.

Foram excluídas da amostra inicial as observações que se encaixaram em uma das seguintes características: (1) foram ponto de influência no cálculo da distância de Mahalanobis para amostras multivariadas (Barnett & Lewis, 1978); (2) surgiram como ponto de influência (outlier) ao longo do processo de modelagem,

via análise de regressão múltipla (Neter, Kutner, Nachtsheim, & Wasserman, 1996); e (3) foram detectados visualmente na análise de resíduos (Barnett & Lewis, 1978).

A exclusão de tais observações também levou em conta a proposta de Hawawini, Subramanian, e Verdin (2005), que sugerem que firmas as quais tenham obtido patamares de desempenho destacados somente devem ser mantidas na amostra caso, em conjunto e de maneira significativa, isso ocorra de modo persistente durante o período sob análise, fato que representa a manutenção de vantagens competitivas sustentadas.

Constituíram a amostra final de 178 (2005) a 252 (2012) firmas, conforme Tabela 1, e a identificação e o agrupamento das firmas por indústria foram efetivados com base nos níveis um e dois da NAICS.

Tabela 1. Composição das amostras por ano

Ano Informações AmostraPonto de influência

MahalanobisRegressão

Análise de resíduosTotal

2005Frequência 158 12 8 178

% 88,76% 6,74% 4,49% 100,00%

2006Frequência 168 11 8 187

% 89,84% 5,88% 4,28% 100,00%

2007Frequência 198 9 8 215

% 92,09% 4,19% 3,72% 100,00%

2008Frequência 194 14 12 220

% 88,18% 6,36% 5,45% 100,00%

2009Frequência 207 14 7 228

% 90,79% 6,14% 3,07% 100,00%

2010Frequência 221 10 2 233

% 94,85% 4,29% 0,86% 100,00%

2011Frequência 218 18 6 242

% 90,08% 7,44% 2,48% 100,00%

2012Frequência 233 17 2 252

% 92,46% 6,75% 0,79% 100,00%

APRESENTAÇÃO, TRATAMENTO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Considerando o enfoque da pesquisa que avalia o impacto dos diferentes níveis de estratificação do ambiente da indústria no desempenho da firma, os resultados da análise descritiva consideram essa estratificação por níveis da indústria. As principais etapas metodológicas seguidas com o objetivo de verificar as hipóteses de pesquisa foram:

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a) estimar, para o período mais recente, a composição dos constructos constituintes do modelo, em termos do peso atribuído a cada uma das variáveis, via análise de componentes principais;

b) mensurar o percentual da variância total do construto resposta lucratividade em função das variáveis representativas do ambiente da indústria, por meio do cálculo da decomposição da variância, oriundo da análise de variância obtida a partir do modelo de regressão completo. Essa análise foi efetuada para todos os períodos considerados na pesquisa, e os resultados obtidos foram comparados longitudinalmente, a fim de se identificar uma possível persistência da explicação da variância. O tamanho médio dos concorrentes foi incluído no modelo como variável de controle;

c) verificar, para o período mais recente considerado na análise, a significância das relações entre as variáveis representativas da rivalidade na indústria e o constructo lucratividade, adotado como indicador do desempenho da firma, delineando o comportamento dessas relações via análise de regressão. Depois de construído o modelo para o período mais recente, ele foi replicado para os períodos anteriores. Os resultados obtidos foram comparados longitudinalmente, a fim de se verificar a persistência da capacidade explicativa do modelo, ao longo do tempo.

Posteriormente à apresentação dos resultados da estatística descritiva estratificados por níveis da indústria, o constructo lucratividade teve sua composição definida via análise de componentes principais, por meio da adoção da primeira componente construída, e, em seguida, o impacto de cada uma das variáveis do ambiente da indústria sobre esse constructo foi testado.

Haja vista o caráter longitudinal comparativo desta pesquisa, o modelo que associou o constructo representativo

do desempenho às variáveis do ambiente da indústria foi obtido via análise de regressão múltipla para o período mais recente, ou seja, para o ano de 2012. A adequação da utilização de tal método está alinhada com a pesquisa de Bamiatzi, Bozos, e Nikolopoulos (2010).

Em seguida, esse mesmo modelo foi aplicado aos períodos anteriores, e os resultados foram comparados ano a ano, por meio da evolução da proporção da variância explicada, por variável. Os modelos de regressão pesquisados testaram, além da linearidade, a possível existência da não linearidade, por meio da inclusão do termo quadrático no processo de modelagem.

Para todos os modelos obtidos por meio de equações de regressão, foram confirmadas as suposições de normalidade e homocedasticidade, via análise de resíduos (Neter et al., 1996), validando os modelos construídos. Já a suposição de autocorrelação dos resíduos não foi considerada nesses modelos, uma vez que os dados não foram obtidos de modo sequencial em um mesmo processo, mas, sim, como resultados oriundos de diferentes firmas, tornando a ordem dos dados e, consequentemente, esse passo da análise dispensáveis. Para todos os casos, considerou-se um nível de significância de 5% (a = 0,05).

Ambiente da indústria

Esta subseção detém-se em descrever o comportamento do ambiente da indústria por meio das variáveis RECTOT e RVLIQ ao longo dos oito anos considerados na análise. Todas as variáveis foram padronizadas, e, na Tabela 2, encontram-se as estatísticas descritivas que sumarizam o comportamento da amostra para a variável RECTOT constituídas por média, desvio padrão, mínimo, primeiro quartil (Q1), segundo quartil ou mediana, terceiro quartil (Q3) e máximo.

Tabela 2. Estatísticas descritivas – RECTOT (padronizado) de 2005 a 2012

Ano Média Desvio padrão Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

2005 -0,021 0,409 -0,251 -0,229 -0,187 -0,018 1,969

2006 -0,022 0,367 -0,232 -0,210 -0,167 -0,019 2,041

2007 -0,081 0,336 -0,239 -0,230 -0,198 -0,088 2,472

2008 -0,027 0,440 -0,234 -0,212 -0,178 -0,043 2,753

2009 -0,004 0,483 -0,267 -0,234 -0,179 -0,035 2,807

2010 0,005 0,509 -0,265 -0,237 -0,180 -0,003 3,637

2011 -0,045 0,397 -0,256 -0,230 -0,186 -0,053 2,603

2012 -0,019 0,498 -0,258 -0,234 -0,184 -0,049 3,846

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A análise de variância aponta para uma constância no efeito do ambiente mensurado pela variável RECTOT, cujo resultado apontou para a não significância da diferença entre os anos (P-Valor = 0,678). O ano de 2007 apresentou um resultado diferente em relação aos demais, que reflete apenas o comportamento da amostra e não representa significância estatística. Na Tabela 3, encontram-se as estatísticas descritivas que sumarizam o comportamento da amostra para a variável RVLIQ.

Tabela 3. Estatísticas descritivas – RVLIQ (padronizado) de 2005 a 2012

Ano Média Desvio padrão Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo

2005 -0,034 0,473 -0,231 -0,213 -0,180 -0,037 4,506

2006 -0,045 0,409 -0,231 -0,208 -0,172 -0,017 4,194

2007 -0,091 0,304 -0,229 -0,219 -0,194 -0,090 2,531

2008 -0,040 0,512 -0,231 -0,212 -0,177 -0,075 5,377

2009 -0,031 0,480 -0,238 -0,206 -0,161 -0,035 5,120

2010 -0,020 0,455 -0,244 -0,210 -0,167 0,006 4,365

2011 -0,059 0,390 -0,239 -0,201 -0,165 -0,053 4,485

2012 -0,055 0,394 -0,407 -0,235 -0,183 -0,056 2,955

A exemplo dos resultados apresentados pela variável RECTOT, a análise de variância também aponta para uma constância no efeito do ambiente mensurado pela variável RVLIQ, com resultado não significativo para a diferença entre os anos (P-Valor = 0,845). Novamente, o ano de 2007 apresentou um resultado diferente em relação aos demais, sendo este apenas reflexo do comportamento da amostra.

Lucratividade

O constructo lucratividade, como parte representativa do desempenho da firma é, nesta pesquisa, composto pelas variáveis: retorno sobre o ativo (ROA), margem de lucro líquido antes do imposto, depreciação e amortização (EBITDA), retorno

sobre o investimento (ROI), retorno sobre as vendas (ROS) e retorno sobre o patrimônio líquido (ROE).

Para que se possa identificar a composição mais adequada do constructo lucratividade, considerando a variância do vetor composto pelas cinco variáveis mencionadas, efetuou-se uma análise de componentes principais. A função definida pela primeira componente principal (CP1) obtida, que apresenta a maior proporção de variância explicada, foi escolhida como representativa do constructo lucratividade.

Essa análise foi replicada para todos os anos da pesquisa, e a estabilidade longitudinal da composição do constructo, bem como a importância que cada variável possui na composição da lucratividade associada ao seu peso de inclusão na função obtida por meio da primeira componente principal construída, é apresentada na Tabela 4.

Tabela 4. Evolução longitudinal da composição do constructo lucratividade – 1ª componente principal de cada ano

Variável 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

ROA 0,602 0,616 0,522 0,619 0,573 0,629 0,594 0,601

EBITDA 0,129 0,161 0,077 0,159 0,092 0,105 0,118 0,109

ROI 0,553 0,519 0,519 0,547 0,561 0,483 0,567 0,566

ROS 0,109 0,002 0,056 0,057 0,008 0,034 0,013 0,105

ROE 0,551 0,570 0,670 0,538 0,590 0,599 0,559 0,543

Autovalor 2,544 2,322 1,796 2,272 2,248 2,282 2,575 2,524

Proporção de explicabilidade

0,509 0,464 0,359 0,454 0,450 0,456 0,515 0,505

Proporção acumulada

0,509 0,464 0,359 0,454 0,450 0,456 0,515 0,505

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As variáveis de maior peso na composição do constructo lucratividade foram o ROA, o ROI e o ROE, que apresentaram flutuações de peso entre 0,483 (variável ROI, 2010) e 0,629 (variável ROA, 2010).

No ano de 2005, as firmas encontravam-se em um nível elevado de lucratividade, se comparado aos demais anos da pesquisa, porém com alta variabilidade. No ano seguinte, esse patamar médio manteve-se, e, além disso, houve uma redução da variabilidade. Em 2007, houve uma forte queda, recuperada em 2008, mas sentida novamente em 2009. Essa flutuação coletiva pode ter apontado o início da crise e a alta volatilidade do mercado no período. A partir de 2008, houve uma retomada gradual da lucratividade que ocorreu inicialmente com alta variabilidade, que se reduziu

com o passar dos anos até 2012. Após o impacto da crise financeira, em 2009, as firmas, em média, recuperaram-se já no ano seguinte (2010), porém a recuperação não ocorreu no mesmo ritmo para todas. Nos anos seguintes, em 2011 e 2012, o comportamento de retomada manteve-se, e, finalmente, em 2012, as firmas voltaram ao patamar de lucratividade de 2005, mas com menor flutuação nos resultados. A análise de variância (ANOVA) confirma que, ao longo dos oito anos da pesquisa, a diferença nos resultados da lucratividade apresentou significância estatística (P-Valor = 0,000).

A comparação múltipla de Tukey, apresentada na Tabela 5, permite detectar exatamente quais são os pares de anos cuja lucratividade média foi significativamente diferente e respalda as conclusões anteriores.

Tabela 5. Comparação múltipla de Tukey – lucratividade de 2005 a 2012

Anos comparadosIntervalo e confiança (95%) para a diferença entre os anos

ConclusãoLimite inferior Média Limite superior

2005

2006 -0,0738 0,0378 0,1495 Igual

2007 -0,2337 -0,1263 -0,0190 Diferente

2008 -0,0800 0,0274 0,1349 Igual

2009 -0,2294 -0,1232 -0,0169 Diferente

2010 -0,1720 -0,0670 0,0381 Igual

2011 -0,1040 0,0013 0,1065 Igual

2012 -0,0586 0,0454 0,1493 Igual

2006

2007 -0,2713 -0,1641 -0,0570 Diferente

2008 -0,1177 -0,0104 0,0969 Igual

2009 -0,2671 -0,1610 -0,0549 Diferente

2010 -0,2097 -0,1048 0,0001 Igual

2011 -0,1416 -0,0365 0,0685 Igual

2012 -0,0962 0,0076 0,1113 Igual

2007

2008 0,0510 0,1537 0,2565 Diferente

2009 -0,0984 0,0031 0,1047 Igual

2010 -0,0409 0,0593 0,1596 Igual

2011 0,0271 0,1276 0,2281 Diferente

2012 0,0726 0,1717 0,2708 Diferente

2008

2009 -0,2523 -0,1506 -0,0490 Diferente

2010 -0,1948 -0,0944 0,0060 Igual

2011 -0,1268 -0,0261 0,0745 Igual

2012 -0,0813 0,0179 0,1172 Igual

2009

2010 -0,0429 0,0562 0,1553 Igual

2011 0,0251 0,1245 0,2238 Diferente

2012 0,0706 0,1686 0,2665 Diferente

20102011 -0,0298 0,0683 0,1663 Igual

2012 0,0157 0,1123 0,2090 Diferente

2011 2012 -0,0528 0,0441 0,1409 Igual

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Modelo empírico lucratividade vs. ambiente da indústria

O impacto que o ambiente da indústria exerce sobre a lucratividade da firma é mensurado em função das variáveis RECTOT e RVLIQ, além da média dos concorrentes de cada firma que atuem no mesmo nível 1 da indústria (RECTOTN01 e RVLIQN01) e nível 2 da indústria (RECTOTN02 e RVLIQN02). Todas as variáveis relacionadas ao ambiente da indústria foram padronizadas. O modelo de regressão principal construído foi delineado para o

período mais recente, pelo fato de a dinâmica do ambiente desse ano ser a mais atual possível. Depois de obtido o modelo ótimo para esse ano, ele foi replicado para os sete anos anteriores, e a persistência da capacidade em explicar a variabilidade do constructo lucratividade, por meio das variáveis do ambiente da indústria, foi avaliada comparando-se os resultados obtidos ano a ano.

Ao longo do processo de modelagem, construíram-se os modelos de regressão apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Modelos de regressão construídos ao longo da modelagem

Fonte de variaçãoModelo de regressão

Linear Quadrático Cúbico Exponencial Logarítmico

F 5,810 11,630 13,430 6,460 1,390

P-Valor 0,000 0,000 0,000 0,000 0,245

R2 (ajustado) 13,28% 21,93% 27,71% 18,25% 9,33%

A análise exclusiva desses parâmetros induziria a escolha do modelo cúbico como o de melhor ajuste, entretanto, comparado ao modelo quadrático, o modelo cúbico apresentou forte multicolinearidade (modelo quadrático: VIF (RVLIQ2) = 5,09; modelo cúbico: VIF (RVLIQ2) = 69,61; VIF (RVLIQ3) = 44,72), o que compromete a sua robustez, bem como sua adoção. Dessa maneira, optou-se pela adoção do modelo quadrático como o de melhor ajuste, em alinhamento com o proposto por Neter et al.(1996).

Após as simulações computacionais terem sido efetuadas,

o modelo no qual estão incluídas as variáveis RVLIQ e RVLIQ2 foi identificado como o mais bem ajustado, apontando para o efeito quadrático dessa variável quando associada à lucratividade; para o efeito linear da variável de controle tamanho; e, por fim, houve, ainda, a inclusão da variável RECTOT numa relação linear, em procedimento similar ao adotado por Schilke (2014). Esse modelo apresentou capacidade explicativa acima de 20% para os dados do ano de 2012. A Tabela 7 apresenta o modelo em que se excluem as variáveis não significativas, também representado na Equação 1.

1,0684 0,0602 0,1722 0,85870,1946 0,1697 0,2454

TAMANHO RECTOT RVLIQRECTOT RVLIQ RVLIQ

LUCRATIVIDADEi i i

N N i

i

01 012

i i f

=- - + -

+ - +

%

(1)

Tabela 7. Análise de regressão lucratividade vs. ambiente da indústria – modelo final – 2012

Variável preditora Coeficiente Erro-padrão Estatística T P-valor

Constante 1,0684 0,2042 5,23 0,000

TAMANHO -0,0602 0,0120 -4,31 0,000

RECTOT -0,1722 0,0574 -3,00 0,003

RVLIQ 0,8587 0,1298 6,61 0,000

RECTOTN01 -0,1946 0,0714 -2,73 0,007

RVLIQN01 0,1697 0,0714 2,38 0,018

RVLIQ2 -0,2454 0,0474 -5,18 0,000

S = 0,237092 R2 = 24,0% R2(adj) = 21,9%

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No modelo construído, observamos, além da contribuição das variáveis RECTOT e RVLIQ, que a variável RVLIQ foi incluída em sua composição quadrática, apontando para a existência de uma relação não linear entre a lucratividade e a receita de vendas líquida, em forma de U invertido, tendo em vista o sinal negativo do parâmetro estimado, resultado similar ao apurado por Schilke (2014), fornecendo embasamento empírico para a não rejeição da hipótese de pesquisa 1. Além disso, as duas variáveis representativas dos resultados médios do nível 1 da indústria, RECTOTN01 e RVLIQN01, também foram mantidas no modelo, indicando a influência do desempenho dos concorrentes que atuam no mesmo setor, no desempenho da firma. Considerando que o período de 2012 representa com maior fidedignidade as condições atuais do ambiente da indústria, o modelo apresentado na Equação 1 foi adotado como o modelo final para representar a lucratividade, em função das características do ambiente da indústria. Ele foi replicado para todos os sete anos anteriores que compõem a amostra da pesquisa, a fim de se comparar a sua eficácia, também nos anos anteriores.

Análise longitudinal do modelo empírico

Nesta subseção, são apresentados os resultados da estimação do modelo de referência em relação aos demais períodos que compuseram o estudo. As mesmas variáveis significativas que compuseram o modelo de regressão estimador da lucratividade em função das variáveis do ambiente da indústria foram incluídas em outras regressões, a fim de simular a flutuação no comportamento destas, porém para os sete anos anteriores da pesquisa.

A longitudinalidade dos estudos de desempenho trata não apenas de investigar os motivos que trouxeram vantagem competitiva à firma no passado, mas, também, de como mantê-la com o passar dos anos. Para tanto, o ganho dessa vantagem não deve ser encarado como fruto de um fator aleatório, como o acaso ou a boa sorte, mas de estratégias pensadas especificamente com esse fim.

A persistência do desempenho foi definida por Waring (1996) em um modelo de série temporal autorregressivo de ordem 1 (AR(1)). Esse tipo de análise acompanha os resultados de cada item da amostra, ou seja, o desempenho de cada firma linearmente, com o passar do tempo. Entretanto, os modelos de série-temporal apresentam algumas suposições, sendo a sazonalidade a principal delas, pois é por meio do estudo probabilístico da repetição do comportamento que a construção do modelo empírico torna-se viável, o que não foi possível neste caso.

Haja vista a ausência de sazonalidade, construir um modelo para cada espaço de tempo, considerando o comportamento da

amostra como um todo e comparando-os em seguida, parece ser mais razoável do que trabalhar com a média, por firma, dos vários momentos presentes na amostra, pois a média dilui o efeito do tempo e, logo, faz supor que eles são oriundos de uma mesma realidade histórica, o que não faz sentido, em se tratando de estratégia organizacional.

Para tanto, optou-se por replicar o modelo construído para o período mais recente aos sete anos anteriores. A principal vantagem dessa abordagem sobre a inclusão dos anos no modelo de regressão como variáveis dummy vem do fato de que assim é possível efetuar a decomposição da variância anualmente, o que não seria possível caso todos os anos fossem incluídos em uma única equação de regressão, possibilitando uma comparação anual da influência proporcional do ambiente da indústria. Além disso, um modelo com oito variáveis dummy para cada período seria pouco parcimonioso e suporia que o comportamento não linear seria o mesmo para todos os anos, o que de fato não ocorre.

O modelo construído para o ano de 2005 manteve as variáveis RECTOT e RVLIQ, incluindo o termo quadrático, como significativas. O total da variância explicada foi de apenas 8,30%, porém o modelo apresentou significância estatística (P-Valor = 0,000) e pode ser considerado válido. O modelo construído para o ano de 2006 também manteve as variáveis RECTOT e RVLIQ, incluindo o termo quadrático, como significativas, apontando para a estabilidade no comportamento do ambiente da indústria representado pela rivalidade nesses dois anos. O total da variância explicada foi de 13,10%, superior ao ano anterior, e o modelo novamente apresentou significância estatística (P-Valor

= 0,000), podendo ser considerado válido.Já o modelo construído para o ano de 2007 manteve

apenas a variável RVLIQN01 como significativa. O total da variância explicada foi de 7,70%, apontando para uma queda na capacidade explicativa do modelo. Entretanto, o modelo é válido em estimar parte da variabilidade da lucratividade (P-Valor

= 0,003). Considerando a natureza polinomial da equação de regressão, mesmo não havendo significância do termo RVLIQ, este deve ser mantido no modelo a fim de manter o polinômio completo, haja vista a significância da variável RVLIQ2.

Para o ano de 2008, o modelo de regressão manteve as seguintes variáveis: RVLIQ, incluindo seu efeito quadrático RVLIQ2, e as duas variáveis representativas do comportamento médio do setor (RECTOTN01 e RVLIQN01). O total da variância explicada foi de 19,20%, apontando para uma capacidade explicativa muito próxima àquela observada no modelo original de 2012. No ano de 2009, o modelo de regressão apresentou significância das variáveis RVLIQ, incluindo seu efeito quadrático RVLIQ2, e RECTOT. O total da variância explicada foi de 12,20%. No ano de 2010, o modelo de regressão apresentou significância para a constante, a variável de controle

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tamanho, as variáveis RVLIQ, incluindo seu efeito quadrático RVLIQ2, e RECTOT. O total da variância explicada foi de 16,90%.

Para o ano de 2011, o modelo de regressão apresentou significância para os seguintes termos: a constante, a variável de controle tamanho, as variáveis RVLIQ, incluindo seu efeito

quadrático RVLIQ2, e RECTOT. O total da variância explicada foi de 10,00%.

A seguir, na Tabela 8, tem-se a composição das equações de regressão construídas para os anos da pesquisa, incluídos os termos do modelo original construído para o ano de 2012.

Tabela 8. Coeficientes dos modelos – regressão lucratividade – de 2005 a 2012

Variável preditora 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Constante 0,7139 -0,0896 -0,0161 0,3308 -0,2317 0,9201 1,1278 1,0684

TAMANHO -0,0364 0,0215 0,0037 -0,0128 0,0175 -0,0574 -0,0643 -0,0602

RECTOT -0,6710 -0,4644 0,0895 -0,0683 -0,1833 -0,3316 -0,6247 -0,1722

RVLIQ 1,7390 1,0498 -0,0996 0,4418 0,5058 1,2441 1,7337 0,8587

RECTOTN01 -0,0266 0,5015 -0,1262 -0,2442 0,0233 0,0953 -0,1000 -0,1946

RVLIQN01 0,0172 -0,5380 0,5275 0,2432 -0,0380 -0,1980 0,0913 0,1697

RVLIQ2 -0,3350 -0,2113 0,0500 -0,0694 -0,0923 -0,2614 -0,3338 -0,2454

R2adj 8,30% 13,10% 7,70% 19,20% 12,20% 16,90% 10,00% 21,90%

A Tabela 9 representa a decomposição da variância, por ano, em termos percentuais, extraída a partir da soma de quadrados da ANOVA, associada ao modelo de regressão completo construído para todos os períodos. Esse resultado demonstra exatamente em quanto cada variável estudada contribui para a explicação da variância total do constructo lucratividade, e o resultado sumarizado é apresentado no Gráfico 1, fornecendo embasamento empírico para a não rejeição da hipótese de pesquisa 2.

Tabela 9. Decomposição da variância (%) – regressão lucratividade – de 2005 a 2012

Variável preditora 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

TAMANHO 8,748% 9,459% 1,393% 8,547% 6,816% 0,683% 0,084% 0,024%

RECTOT 0,238% 0,513% 0,383% 3,768% 0,268% 0,320% 0,051% 1,652%

RVLIQ 0,062% 0,002% 0,300% 1,221% 0,928% 2,746% 0,854% 9,508%

RECTOTN01 0,481% 0,038% 6,885% 0,005% 0,001% 1,134% 0,025% 1,137%

RECTOTN02 2,504% 0,056% 0,081% 0,051% 0,058% 5,592% 0,232% 0,446%

RVLIQN01 0,002% 0,833% 2,187% 2,549% 0,006% 0,365% 0,582% 2,528%

RVLIQN02 0,043% 4,097% 0,323% 2,563% 2,401% 0,001% 0,375% 0,741%

RECTOT2 0,453% 0,198% 0,874% 1,358% 2,654% 4,004% 2,607% 0,003%

RVLIQ2 2,068% 3,447% 0,092% 3,430% 3,248% 8,537% 8,701% 10,533%

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Gráfico 1. Decomposição da variância (em %) – regressão lucratividade – de 2005 a 2012

20122011201020092008200720062005

8,7

30.0%

25.0%

20.0%

15.0%

10.0%

5.0%

0.0%

Som

a de

qua

drad

os -

SQ (%

)

9,5 9,211,1

1,4

8,5

14,9

9,6

6,8

0,7 0,1 0,0

13,4

26,5

22,7

Tamanho Ambiente

Houve uma grande flutuação na capacidade explicativa do modelo construído para estimar a lucratividade em função das variáveis do ambiente da indústria, tendo em vista o modelo inicial construído para o ano de 2012.

Em relação aos modelos matemáticos representados pelas equações de regressão construídas, propriamente, não há a indicação de ascensão do R2 com o passar dos anos, o que aponta para a impossibilidade de construir um modelo matemático único ou, ainda, que inclua um possível efeito do tempo, já que esse efeito varia aleatoriamente em termos de capacidade de explicação da variância da variável resposta, para a equação avaliada neste estudo.

Entretanto, a análise longitudinal comparativa das oito equações de regressão obtidas aponta para uma semelhança fundamental entre elas: a quase constância da inclusão da variável RECTOT em sua representação linear e da RVLIQ em sua representação quadrática, o que sugere uma tendência clara de relação entre a lucratividade e essas variáveis representativas do ambiente da indústria.

CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÕES

Como resultado do esforço por contribuir para a compreensão das relações entre contexto competitivo e desempenho da firma, este trabalho apresenta contribuições de naturezas metodológica e acadêmica. A contribuição metodológica reside na proposição de um modelo de regressão múltipla não linear quadrático que aborda a influência que o ambiente da indústria exerce sobre o desempenho representado em termos da lucratividade da firma.

Além de se mensurarem múltiplos itens ao compor o constructo lucratividade por meio da análise de componentes principais, pôde-se adotá-lo como variável resposta em um modelo de regressão. Essa escolha possibilitou, além de identificar a significância dos efeitos das variáveis representativas da indústria no desempenho, quantificar o efeito de cada uma delas sobre o constructo resposta, bem como investigar o comportamento dessas variáveis mais a fundo, com a inclusão do termo quadrático nas variáveis representativas do ambiente da indústria, constituindo a contribuição acadêmica da pesquisa.

A relação quadrática identificada fornece embasamento empírico que sustenta a hipótese de pesquisa 1, pois aponta para a existência de um ponto de equilíbrio da variável RVLIQ que, caso ultrapassado, provoca efeito inverso na lucratividade, podendo, até mesmo, culminar em prejuízo para a firma e redução ou eliminação de vantagens competitivas. Dessa forma, além de identificar o efeito crescente da rivalidade na indústria sobre a lucratividade, o estudo focou a importância da definição qualificada das ações estratégicas, pois o efeito sobre a lucratividade será nulo, e, portanto, a firma não conseguirá criar vantagem competitiva, caso se mantenha atuando na média das demais, constatação que constitui a contribuição gerencial desta pesquisa. Esses resultados estão em alinhamento com a perspectiva de que, quanto maior a rivalidade, mensurada por meio da receita dos concorrentes, maior a possibilidade de obtenção de receitas originadas da venda de produtos, até o ponto em que a intensidade da rivalidade passa a dificultar o acesso a recursos oriundos das vendas, em função do incremento da capacidade competitiva dos concorrentes, quando comparada à capacidade competitiva da firma em foco.

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Sob a ótica longitudinal, conforme proposto na hipótese 2, fazendo-se uso da decomposição da variância, foi identificada tendência de incremento quanto ao efeito do ambiente da indústria sobre o desempenho da firma, desde os menores 5,90% de variabilidade da lucratividade explicada pelo ambiente da indústria em 2005, até 26,50% para o período mais recente (2012).

Como principal limitação deste estudo, tem-se a não inclusão de firmas brasileiras de capital fechado na composição da amostra, devido à não disponibilidade de informações necessárias para a operacionalização do constructo lucratividade, o que dificulta a generalização dos resultados e aponta para o desenvolvimento de pesquisas que incluam firmas brasileiras de capital fechado. Outra sugestão de pesquisa é a inclusão de variáveis que representem outras características do ambiente da indústria, além da rivalidade.

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FABRÍCIO DE CARVALHO INOCÊNCIO [email protected] em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo – São Paulo – SP, Brasil

ÉRICO VERAS MARQUES [email protected] da Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia Administração Atuária e Contabilidade – Fortaleza – CE, Brasil

FÓRUMSubmetido 20.10.2015. Aprovado 07.07.2016Avaliado pelo processo de double blind review. Editores Científicos: Charbel José Chiappetta Jabbour, Rafael Teixeira e Susana Carla Farias Pereira

OS MELHORES E OS PIORES: O BOCA A BOCA EM SITES DE VAREJO ELETRÔNICOThe best and the worst: Word-of-mouth in e-tail websites

Los mejores y los peores: El boca a boca en sitios web de comercio electrónico al por menor

RESUMOEsta pesquisa busca analisar os fatores internos do boca a boca (BAB) no varejo eletrônico brasi-leiro, comparando os melhores e piores sites em quatro dimensões: intensidade, valência positiva, valência negativa e conteúdo, por meio do modelo de Goyette, Ricard, Bergeron, e Marticotte (2010). Sugere-se que a intensidade do BAB seja maior para os melhores sites, enquanto o grau de promo-ção (valência positiva) dos melhores sites seja menor que o grau de detração (valência negativa) dos piores sites. Esse resultado reforça achados na literatura, que apontam que BAB negativo é mais passional e extremo. Ainda, os resultados demonstram que fatores como confiança, velocidade de entrega e atendimento pós-compra reforçam tanto o BAB positivo nos melhores sites quanto o BAB negativo nos piores sites. Contudo, segurança das transações e facilidade de uso não reforçam o BAB negativo nos piores sites, sugerindo um certo grau de comoditização desses fatores entre melhores e piores sites.PALAVRAS-CHAVE | Comércio eletrônico, varejo eletrônico, boca a boca, modelagem de equações estruturais, comportamento do consumidor on-line.

ABSTRACTThis paper aims to investigate the internal dimensions of Word-of-Mouth (WOM) behavior, compa-ring the best and the worst Brazilian e-tail websites in four dimensions: intensity, positive valence, negative valence and content. The research used for this paper is based on the multidimensional fra-mework of Goyette, Ricard, Bergeron, and Marticotte (2010). It suggests that WOM intensity is higher in the case of the best websites, while the degree of promotion (positive valence) of the best websites is lower than the degree of detraction (negative valence) of the worst websites. This result supports previous findings, showing that negative WOM is passionate and extreme. Yet, elements such as trust, delivery time and post-purchase support, reinforce both positive WOM in the best websites and nega-tive WOM in the worst websites. However, security of transaction and ease of use do not reinforce negative WOM in the worst websites, suggesting a certain degree of commoditization of such factors between the best and the worst websites.KEYWORDS | E-commerce, e-tail, word-of-mouth, structural equation modeling, online consumer behavior.

RESUMENEste estudio se propone analizar los factores internos del boca a boca (BAB) en el comercio electrónico al por menor brasileño, comparando los mejores y los peores sitios web en cuatro dimensiones: inten-sidad, valencia positiva, valencia negativa y contenido, por medio del modelo de Goyette, Ricard, Bergeron, y Marticotte (2010). Se sugiere que la intensidad del BAB sea mayor para los mejores sitios web, mientras el grado de promoción (valencia positiva) de los mejores sitios web sea menor que el grado de detracción (valencia negativa) de los peores sitios web. Ese resultado refuerza hallazgos en la literatura que señalan que el BAB negativo es más pasional y extremo. No obstante, los resultados demuestran que factores como confianza, velocidad de entrega y servicio postcompra refuerzan tanto el BAB positivo en los mejores sitios web como el BAB negativo en los peores sitios web. Sin embargo, la seguridad de las transacciones y la facilidad de uso no refuerzan el BAB negativo en los peores sitios web, lo que sugiere un cierto grado de comoditización de esos factores entre los mejores y los peores sitios web.PALABRAS CLAVE | Comercio electrónico, comercio electrónico al por menor, boca a boca, modelado de ecuaciones estructurales, comportamiento del consumidor online.

RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160506

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INTRODUÇÃO

Devido à credibilidade e influência que são atribuídas a uma recomendação entre conhecidos (Kozinets, Valck, Wojnicki, & Wilner, 2010), o boca a boca (BAB) acaba por destacar-se em relação a outras fontes de informação sobre produtos e marcas, e posiciona-se como um fenômeno crítico para o varejo eletrônico, dado que a recomendação não se restringe a produtos, englobando também os canais de varejo eletrônico (Baptista & Botelho, 2007).

Existe uma tendência na literatura em estudar fatores que antecedem ou sucedem o BAB (Andrade & Brandão, 2012; Chevalier & Mayzlin, 2006; Gauri, Bhatnagar, & Rao, 2008; Henning-Thurau, Gwinner, Walsh, & Gremler, 2004; Kumar & Benbasat, 2006; Park & Lee, 2009; Tubenchlak, Faveri, Zanini, & Goldszmidt, 2015; Vieira, Matos, & Slongo, 2009).

As relações entre seus fatores internos, contudo, ainda representam uma lacuna a ser investigada. Para tal, é necessário medir o construto de maneira integrada, considerando todas as suas dimensões internas, algo só possível com modelos multidimensionais (Goyette et al., 2010).

Segundo Goyette et al. (2010), o BAB sobre comércio eletrônico em geral possui quatro dimensões: intensidade (o quanto é frequente e disperso), valência positiva (o quanto é favorável), valência negativa (o quanto é desfavorável) e conteúdo (o que é comunicado).

A pesquisa de Goyette et al. (2010) estudou sites populares (preferidos pelos usuários) do Canadá e apresentou forte valência positiva no construto BAB, sem ocorrência de valência negativa. Esse comportamento é diferente do contexto brasileiro, em função da presença valência negativa no BAB (Andrade & Brandão, 2012; Sandes & Urdan, 2010).

A fim de captar as nuances do fenômeno BAB a partir de experiências pós-compra tanto positivas quanto negativas, um modelo multidimensional adaptado de Goyette et al. (2010) é aplicado em um grupo de melhores sites (preferidos) e outro de piores sites (preteridos), apontados por consumidores brasileiros.

Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é analisar os fatores internos do BAB sobre sites de varejo eletrônico no Brasil, comparando os melhores e piores sites indicados por consumidores. A pesquisa tem as seguintes questões de partida: (1) Como se estabelecem as dimensões intensidade e valência positiva e negativa do BAB no varejo eletrônico brasileiro, em relação aos melhores e piores sites? (2) Como os fatores da dimensão conteúdo se relacionam com as demais valências do BAB, em relação aos melhores e piores sites?

O artigo está dividido da seguinte forma: após a introdução, tem-se, no referencial teórico, a revisão da literatura acerca das dimensões dos construtos do BAB e são apresentadas as

hipóteses de pesquisa; na metodologia, são apresentados o modelo de pesquisa e os procedimentos de coleta de dados; na análise dos resultados, são apresentados os resultados da pesquisa e a verificação das hipóteses de pesquisa; na conclusão, é apresentado o resumo dos achados, juntamente com sugestões para estudos futuros e limitações; e, nas referências, são apresentadas as fontes consultadas.

REFERENCIAL TEÓRICO

A seguir, são apresentados o referencial teórico e hipóteses de pesquisa.

A multidimensionalidade do BAB

O BAB consiste na transmissão de comunicação informal sobre produtos direcionada a outros consumidores (Westbrook, 1987), na qual expressa alta credibilidade em relação às decisões de compra (Kozinets et al., 2010).

Segundo Allsop, Bryce, e Hoskins (2007), a mensagem de BAB tem um número de dimensões que afeta a forma como a comunicação é propagada. Da perspectiva de quem promove a comunicação, Harrison-Walker (2001) agrupou alguns construtos do BAB em duas dimensões fundamentais: favorabilidade ou valência e atividade. Posteriormente, Goyette et al. (2010) realizaram um estudo no qual foram identificadas quatro dimensões, especificamente em comércio eletrônico de maneira geral: intensidade (o quanto é frequente e disperso), valência positiva (o quanto é favorável), valência negativa (o quanto é desfavorável) e conteúdo (sobre quais assuntos específicos os consumidores conversam).

No estudo de Goyette et al. (2010), valência positiva foi a dimensão que explicou a maior parte da variância no construto BAB, sendo seguida por intensidade, conteúdo e valência negativa. Dado tal resultado, os pesquisadores lançaram a seguinte questão: A propagação de valência positiva é forte especificamente no contexto de comércio eletrônico?

Há algumas respostas que podem justificar o alto poder explicativo da valência positiva no trabalho de Goyette et al. (2010). A literatura relacionada ao BAB apresenta evidências de que qualidade do serviço (Parasuraman, Zeithaml, & Berry, 1988) e satisfação (Matos, 2011) são fatores que antecedem o BAB. Como na pesquisa de Goyette et al. (2010) foram selecionados os sites mais populares do Canadá, seria natural que a lista de sites investigados possuísse alto índice de BAB positivo, sendo os mais populares e utilizados.

Os achados de Sandes e Urdan (2010) e Andrade e Brandão (2012) sobre o varejo eletrônico brasileiro apresentaram evidências

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de valência negativa. Isso possibilita uma oportunidade de investigação mais aprofundada acerca da relação entre BAB e preferência de sites, na qual se supõe encontrar BAB negativo em sites não preferidos (preteridos), testando a generalização acerca da valência positiva de Goyette et al. (2010) no comércio eletrônico.

Considerando uma análise simultânea sobre os melhores sites (preferidos) e piores sites (preteridos) apontados por consumidores brasileiros, a partir do modelo desenvolvido por Goyette et al. (2010), espera-se encontrar as seguintes relações entre as dimensões do BAB, conforme Figura 1.

Figura 1. Hipóteses referentes às dimensões do BAB nos melhores e piores sites

Intensidade Intensidade

ValênciaPositiva

ValênciaPositiva

ValênciaNegativa

ValênciaNegativa

Conteúdo Conteúdo

BAB(Melhores Sites)

BAB(Piores Sites)

+H1a +H1b

+H2a +H2b

+H4a +H4b

–H3a –H3b

Grupo Melhores Sites Grupo Piores Sites

Fonte: Adaptado de Goyette et al. (2010).

Observa-se que é esperado que a valência negativa não tenha uma relação com BAB dos melhores sites e que valência positiva não tenha uma relação com BAB dos piores sites. Dessa forma, são apresentadas as seguintes hipóteses em relação à dimensionalidade do BAB:

H1a: Intensidade tem relação significativa com BAB nos melhores sites

H1b: Intensidade tem relação significativa com BAB nos piores sites

H2a: Valência positiva tem relação significativa com BAB nos melhores sites

H2b: Não há relação significativa entre valência positiva e BAB nos piores sites

H3a: Não há relação significativa entre valência negativa e BAB nos melhores sites

H3b: Valência negativa tem relação significativa com BAB nos piores sites

H4a: Conteúdo tem relação significativa com BAB nos me-lhores sites

H4b: Conteúdo tem relação significativa com BAB nos pio-res sites

A seguir, é apresentada a discussão relacionada às dimensões intensidade, valência positiva e valência negativa do BAB.

Intensidade, valência positiva e valência negativa do BAB

Harrison-Walker (2001) define que intensidade (ou atividade) do BAB representa o engajamento de um indivíduo na comunicação, por meio da (1) frequência em que é comunicado algo, (2) quantidade de pessoas em que a comunicação é repassada e (3) quantidade relativa de informação passada.

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A relevância da intensidade no BAB está relacionada à força da comunicação, dado que o volume de informação impacta a popularidade do argumento (Khare, Labrecque, & Asare, 2011), e, em alguns casos, essa força relaciona-se positivamente com vendas futuras (Dhar & Chang, 2009).

Já valência ou louvor (praise) refere-se à natureza da comunicação acerca de um produto ou serviço, podendo ser favorável/positiva/promotora, neutra e desfavorável/negativa/detratora (Goyette et al., 2010). Allsop et al. (2007) também definem valência como polaridade, possuindo as mesmas propriedades. A literatura relacionada ao BAB apresenta evidências de que satisfação, confiança e qualidade percebida são fatores que antecedem uma valência positiva (Matos, 2011; Parasuraman et al., 1988; Srinivasan, Anderson, & Ponnavolu, 2002), e, dessa forma, um BAB positivo pode resultar em vendas futuras (Chevalier & Mayzlin, 2006).

Todavia, a literatura parece dedicar-se mais à valência negativa. Segundo Cheung e Thadani (2010), a maior frequência de estudos encontra-se em entender o BAB negativo, principalmente o extremo. Nesse sentido, Richins (1983) encontrou evidências de que o BAB negativo depende do grau de insatisfação com o produto ou serviço experimentado pelo consumidor. Quando uma insatisfação mínima é experimentada, é mais provável que os consumidores nem reclamem ou gerem BAB negativo. Quando a insatisfação é grave, consumidores tendem a reclamar, independentemente de outros fatores envolvidos no contexto de consumo do produto ou serviço.

Dessa forma, as pessoas tendem a engajar-se mais em mensagens negativas do que em mensagens positivas, muito em função de alertar conhecidos sobre más decisões acerca da aquisição de produtos ou serviços (Allsop et al., 2007; Harrison-Walker, 2001; Stokes & Lomax, 2002).

Esse fenômeno corrobora Sweeney, Soutar, e Mazzarol (2005), que demonstraram que o BAB negativo pode estar mais associado a uma atitude passional do consumidor, com o objetivo de retaliação, enquanto o BAB positivo já assume uma resposta mais racional do consumidor. Também há uma convergência com os achados de Matos (2011), que encontrou evidências de que valência negativa possui uma associação forte com quebra de lealdade, justificando um comportamento forte e passional, algo que poderia ser relatado nos piores sites (preteridos) da presente pesquisa.

Considerando que a literatura apresenta achados da força do BAB negativo em relação ao BAB positivo (Allsop et al., 2007; Harrison-Walker, 2001; Richins, 1983; Stokes & Lomax, 2002; Sweeney et al., 2005), são apresentadas as seguintes hipóteses de pesquisa:

H5: Intensidade dos piores sites é maior que intensidade dos melhores sites

H6: Valência negativa dos piores sites é maior que valência positiva dos melhores sites

A seguir, é apresentada a discussão sobre a dimensão conteúdo do BAB e sua relação com valência.

Relação entre valência e conteúdo no BAB

Goyette et al. (2010) afirmam que é relevante identificar “sobre o que” os consumidores estão conversando, dessa forma, há necessidade de adicionar a dimensão conteúdo no modelo de mensuração do BAB, a fim de captar fatores que possam gerar valor de conversa para uma comunicação BAB.

De fato, o conteúdo das mensagens no BAB possui implicações relevantes. O teor do conteúdo das postagens influencia outros consumidores em uma comunicação BAB, dado que o conteúdo criado pelo consumidor é orientado ao usuário, e muitas vezes descreve o produto e medidas de desempenho do ponto de vista de um usuário, em situações reais de uso (Bickart & Schindler, 2001). Dessa forma, há uma relação entre comunicação BAB e fatores ou atributos de produtos e serviços específicos de um determinado segmento (Subramani & Rajagopalan, 2003).

No trabalho de Goyette et al. (2010), foram considerados os seguintes fatores para compor a dimensão conteúdo: velocidade de entrega, preços, qualidade do produto, segurança das transações, usabilidade (facilidade de uso) e variedade de produtos.

No entanto, é necessário identificar outros fatores dentro do contexto do varejo eletrônico brasileiro que sejam relevantes para os consumidores, a fim de construir um modelo de mensuração capaz de captar o fenômeno de maneira integrada e adequado ao âmbito local.

Algumas pesquisas fornecem evidências de características específicas que acarretam a decisão de escolha de canais e consequentes implicações na comunicação BAB, que não foram contemplados no modelo original de Goyette et al. (2010), tais como confiança (Baptista & Botelho, 2007; Schramm-Klein, Swoboda, & Morscheet, 2007; Turban & King, 2004) e atendimento pós-compra (Baptista & Botelho, 2007; Barreto, Hor-Meyll, & Chauvel, 2011; Forbes, Kelley, & Hoffman, 2005; Lima, 2010; Turban & King, 2004).

Dessa forma, é relevante analisar achados na literatura relacionados a fatores específicos do canal de vendas, como confiança e atendimento pós-compra (ambos a serem integrados ao modelo), e velocidade de entrega, facilidade de uso e segurança nas transações (já presentes no modelo utilizado). Também é oportuno realizar uma investigação sobre a relação desses itens com as valências do BAB, algo não contemplado no trabalho de Goyette et al. (2010).

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Não serão feitas considerações ou hipóteses sobre os fatores presentes no modelo de Goyette et al. (2010) que tratam de produto (como preço, variedade e qualidade). Contudo, esses fatores serão mantidos no modelo desta pesquisa, a fim de contemplar todos os itens do modelo original de Goyette et al. (2010). A seguir, é apresentada a revisão relacionada aos fatores do conteúdo comtemplados no escopo desta pesquisa.

Confiança

No contexto do varejo eletrônico, confiança é definida como a disposição de consumidores em acreditar em atributos relacionados a terceiros (McKnight & Chervany, 2002), a qual tem como objetivo funcional reduzir a complexidade em situações de incerteza numa decisão de compra (Chang, Cheung, & Lai, 2005). Dessa forma, quanto maiores forem as consequências negativas que enfrenta um comprador em perceber alto risco, maior será a necessidade de confiança (Grazioli & Jarvenpaa, 2000).

Moshrefjavadi, Dolatabadi, Noubarkhsh, Poursaeedi, e Asadollahi (2012) reforçam que, no varejo eletrônico, os clientes não possuem qualquer sentido aprofundado sobre o produto que veem na internet (visão, tato, paladar, olfato e audição). Assim, eles podem desenvolver baixa confiança, devido à falta de comunicação face a face. Dessa forma, quanto maior a confiança, maior a predisposição do consumidor para comprar no comércio eletrônico (Schramm-Klein et al., 2007; Turban & King, 2004). Esse fator também foi evidenciado no varejo eletrônico brasileiro em relação à escolha de canais (Baptista & Botelho, 2007).

Assim, são formuladas as seguintes hipóteses acerca da confiança:

H7a: Valência positiva dos melhores sites tem relação sig-nificativa com confiança

H7b: Valência negativa dos piores sites tem relação signifi-cativa com confiança

Atendimento pós-compra e velocidade de entrega

Outros pesquisadores dedicam seus esforços a compreender o impacto da qualidade do canal na satisfação do consumidor, a fim de reduzir falhas comuns que acontecem no setor. Forbes et al. (2005) mapearam as principais falhas e motivos de reclamações no varejo eletrônico. Os principais motivos de reclamações estão relacionados ao serviço de entrega do produto, principalmente prazos, e falhas no atendimento, principalmente em situações pós-compra.

Barreto et al. (2011) analisaram 720 depoimentos de consumidores brasileiros em sites dedicados a reclamações, com a finalidade de mapear as principais razões de insatisfação com compras realizadas na internet. Os pesquisadores também encontraram evidências de que velocidade no serviço de entrega do produto e falhas no atendimento pós-compra parecem não atender bem às expectativas dos consumidores. Esses fatores também foram demonstrados por Turban e King (2004), Lima (2010) e em pesquisa realizada pelo eBit sobre o varejo eletrônico brasileiro (Webshoppers, 2013).

Dessa forma, entendendo que velocidade de entrega e atendimento pós-compra são fatores relevantes para o consumidor, infere-se que estes estejam presentes na comunicação BAB da seguinte forma:

H8a: Valência positiva dos melhores sites tem relação sig-nificativa com atendimento pós-compra

H8b: Valência negativa dos piores sites tem relação signifi-cativa com atendimento pós-compra

H9a: Valência positiva dos melhores sites tem relação sig-nificativa com velocidade de entrega

H9b: Valência negativa dos piores sites tem relação signifi-cativa com velocidade de entrega

Facilidade de uso e segurança nas transações

Os dois últimos fatores possuem um ponto controverso na literatura. Apesar de alguns autores referenciarem usabilidade ou facilidade de uso como um atributo relevante para os consumidores (Turban & King, 2004; Vieira et al., 2009), trabalhos mais recentes, como o de Costa e Marques (2011), encontraram evidências de que, nos sites de varejo eletrônico no Brasil, existe um alto índice de utilização de princípios referentes à usabilidade, demostrando que o setor pode estar nivelado em relação a esse atributo. Da mesma forma, apesar de segurança nas transações também ser um item relevante para os consumidores (Vieria et al., 2009), o recurso não é mais exclusivo dos líderes de mercado (Webshoppers, 2013).

Lima (2010) ressalta que facilidade de uso e segurança nas transações não representam mais vantagens competitivas para um site de varejo eletrônico, já que o consumidor naturalmente infere que todo site as deva possuir. Isso evidenciaria uma certa comoditização em relação a esses aspectos.

Assim, em relação a esses dois atributos no BAB, o comportamento esperado apresenta-se da seguinte forma:

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H10a: Não há relação significativa entre valência positiva dos melhores sites e facilidade de uso

H10b: Não há relação significativa entre valência negativa dos piores sites e facilidade de uso

H11a: Não há relação significativa entre valência positiva dos melhores sites e segurança nas transações

H11b: Não há relação significativa entre valência negativa dos piores sites e segurança nas transações

São apresentadas, no total, 20 hipóteses para verificação nesta pesquisa. A seguir, é apresentada a metodologia.

METODOLOGIA

Dada a natureza multivariada dos construtos estudados, é uti-lizada a técnica de modelagem de equações estruturais chama-da Análise Fatorial Confirmatória (AFC) de 2a Ordem. Isso em razão de uma justificativa teórica para a existência de fatores

hierárquicos superiores (Marôco, 2010), no caso, o BAB. A se-guir, são apresentados o modelo de pesquisa e os demais pro-cedimentos metodológicos.

Modelo de pesquisa

As variáveis são operacionalizadas baseando-se no modelo elaborado por Goyette et al. (2010), que consiste em medir o BAB em quatro dimensões: intensidade, valência positiva, valência negativa e conteúdo.

Em razão de melhor adequação ao contexto do varejo eletrônico brasileiro, na dimensão conteúdo são acrescentados itens referentes a atendimento pós-compra e confiança, em função da frequência destacada na literatura. Outra mudança é referente a dois itens que medem aspectos semelhantes: o item “eu discuto sobre a facilidade de transações” foi removido, dado que o item “eu discuto sobre a facilidade de uso do site” incorpora aspectos relacionados à usabilidade das transações. Os demais itens se mantêm constantes em relação ao modelo original de Goyette et al. (2010).

Dessa forma, 15 itens são utilizados para medir quatro dimensões do construto BAB, conforme a Figura 2:

Figura 2. Diagrama de caminhos

Item 1

Item 4

Item 6

Item 8

Item 10

Item 2

Item 5

Item 7

Item 9

Item 11

Item 12 Item 13 Item 14 Item 15

Item 3

BABIntensidade

BAB ValênciaPositiva

BAB ValênciaNegativa

BAB Conteúdo

Boca a boca

Fonte: Adaptado de Goyette et al. (2010).

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O modelo apresentado na Figura 2 é aplicado nos grupos de melhores e piores sites, de maneira separada e simultânea, a fim de tecer as análises comparativas posteriores.

No Quadro 1, é apresentado modelo de medida com a legenda de variáveis escalares. As variáveis e dimensões que representam o contexto melhores sites iniciam com a letra “M”, e piores sites iniciam com a letra “P”.

Quadro 1. Lista de variáveis escalares

Dimensão Item de medida Variável Melhores sites Variável Piores sites

Intensidade(MINT e PINT)

Eu falo deste site com muito mais frequência do que sobre qualquer outro site de varejo eletrônico

MINT1 PINT1

Falei deste site com muito mais frequência do que sobre sites de qualquer tipo

MINT2 PINT2

Eu falo deste site para muitos indivíduos MINT3 PINT3

Valência positiva (MVAP e PVAP)

Eu já recomendei este site MVAP1 PVAP1

Tenho falado favoravelmente deste site para outras pessoas MVAP2 PVAP2

Valência negativa (MVAN e PVAN)

Eu, principalmente, digo coisas negativas para os outros MVAN1 PVAN1

Eu tenho falado aspectos desfavoráveis deste site para os outros MVAN2 PVAN2

Conteúdo(MCONT e PCONT)

Eu discuto sobre a facilidade de uso do site MFac PFac

Eu discuto sobre a segurança das transações do site MSeg PSeg

Eu discuto sobre os preços dos produtos oferecidos MPre PPre

Eu discuto sobre a variedade dos produtos oferecidos MVar PVar

Eu discuto sobre a qualidade dos produtos oferecidos MQua PQua

Eu falo sobre a velocidade da entrega MEnt PEnt

Eu falo sobre serviços de atendimento pós-compra MPos PPos

Eu discuto sobre a confiança do site MCon PCon

Os procedimentos de coleta de dados são descritos a seguir.

Coleta de dados

O respondente foi informado de que o escopo da pesquisa se refere a sites de varejo de bens de consumo, nos quais não serão incluídos sites de serviços eletrônicos, como internet banking e sites de compras de passagens aéreas. Ele deveria informar qual o melhor e o pior site e atribuir as respostas às questões do modelo, baseado em sua experiência prévia de consumo, em cada site indicado.

Nesta pesquisa, define-se como amostra estudantes universitários (graduação e pós-graduação), residentes na cidade de Fortaleza – CE, que tenham comprado algum produto em sites de varejo eletrônico nos dois anos anteriores à pesquisa, a fim de investigar o fenômeno com usuários experientes. Um item referente à frequência de compra mensal também foi utilizado, para identificar respondentes com hábito de compra frequente.

A coleta da pesquisa aconteceu de 22.12.2013 a 14.03.2014, resultando em 617 questionários, sendo 247 válidos. Essa eliminação foi decorrente de alguns fatores como: não indicação do site, perfil fora dos critérios da amostra, usuários com hábito de compras pouco frequente e respostas sobre sites fora do escopo de pesquisa.

Os valores omissos foram tratados por meio do método da tendência linear do ponto (Corrar, Paulo, & Dias, 2007).

Tratamento dos dados

Foram utilizados os softwares Excel, SPSS e AMOS para tratamento da base de dados, seguindo as etapas de Hair, Anderson, Tatham, e Black (1998) e Marôco (2010), conforme descrito a seguir.

Para teste de normalidade, as variáveis escalares apresentaram índices satisfatórios (skewness menor que 2 e kurtosis menor que 7) e não foi identificada multicolinearidade (variance inflation fator [VIF] menor que 5).

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Para testar a confiabilidade das escalas em medir as dimensões, o Alfa de Cronbach deve ser acima de 0,7 (Nunnaly, 1978). Seguem, na Tabela 1, os valores indicando índices satisfatórios. Além do Alfa de Cronbach, outro indicador de confiabilidade são as correlações entre as variáveis dentro das dimensões. Todos os itens dentro das dimensões possuem correlações satisfatórias (entre 0,2 e 07), conforme recomendações de Hair et al. (1998).

Tabela 1. Índices de conformidade das dimensões dos modelos

Contexto Dimensão Alfa de Cronbach Número de itens

Melhores sites

Intensidade 0,817 3

Valência positiva 0,777 2

Valência negativa 0,817 2

Conteúdo 0,918 8

Piores sites

Intensidade 0,885 3

Valência positiva 0,707 2

Valência negativa 0,905 2

Conteúdo 0,880 8

Após uma AFC de 1a ordem, a fim de melhorar a estimação do modelo, foram desenhadas covariâncias dos erros residuais identificados por meio do índices de modificação do AMOS (Byrne, 2010). Seguem, na Tabela 2, os índices de confiabilidade composta (CC), variância média extraída (VME) e quadrado da correlação dos fatores (QCF), conforme Marôco (2010) e Hair et al. (1998), do modelo após AFC.

Tabela 2. Indicadores para confiabilidade, validade convergente e discriminante

Melhores sites CC VME r2(INT) r2(VAP) r2(VAN) r2(CONT)

INT 0,890 0,606 -

VAP 0,865 0,644 0,536 -

VAN 0,942 0,929 0,003 0,009 -

CONT 0,955 0,605 0,490 0,588 0,002 -

Piores sites CC VEM r2(INT) r2(VAP) r2(VAN) r2(CONT)

INT 0,937 0,738 -

VAP 0,817 0,573 0,089 -

VAN 0,949 0,836 0,166 0,005 -

CONT 0,919 0,468 0,118 0,348 0,028 -

Hair et al. (1998) sugerem que, para uma confiabilidade satisfatória, CC deve ser acima de 0,7. A Tabela 2 demostra que todos os construtos atingiram tal nível. Ainda segundo os autores, para uma validade convergente satisfatória, VEM deve ser acima de 0,5 e CC > VME. Para Marôco (2010, p. 188), a validade discriminante é satisfatória quando VME > QCF. Pela Tabela 2, é possível verificar que todos os fatores possuem validade discriminante satisfatória.

O modelo apresentou índices satisfatórios referentes à confiabilidade composta, validade convergente, validade discriminante e de ajustamento, considerando todos os 15 itens de pesquisa para os piores e melhores sites. Na Tabela 3, segue uma comparação dos índices de ajustamento do modelo antes e após a reespecificação:

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Tabela 3. Comparação dos índices de ajustamento entre os modelos

IndicadorModelo original melhores sites

Modelo final melhores sites

Modelo originalpiores sites

Modelo final pioressites

Requerido

X2 231,817 187,89 364,022 164,019 -

Gl 86 83 86 79 -

X2/gl 2,696 2,264 4,233 2,076 < 5,00

P-Value 0,000 0,000 0,000 0,000 > 0,05

GFI 0,887 0,908 0,832 0,918 > 0,90

NFI 0,9 0,919 0,829 0,923 > 0,90

CFI 0,934 0,952 0,863 0,958 > 0,90

TLI 0,919 0,94 0,832 0,944 > 0,90

PGFI 0,638 0,628 0,596 0,604 > 0,60

PCFI 0,765 0,753 0,707 0,721 > 0,60

RMSEA 0,083 0,072 0,115 0,066 < 0,08

Por fim, foi realizado o teste do fator único de Harman (1960), a fim de identificar se o modelo possui problema de viés comum ao método, atribuído à variância indesejada causada pelo modelo de medição (Bagozzi & Yi, 1991). O teste indicou valores abaixo de 50% de variância, para o grupo de variáveis de melhores e piores sites (respectivamente 47,7% e 36,5%), indicando ausência do problema (Harman, 1960).

A seguir, é apresentada a análise dos resultados.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seção análise dos resultados é composta de uma análise das estatísticas descritivas, acerca da amostra de sites apontados e verificação das hipóteses.

Estatísticas descritivas

Em relação aos melhores, 37 sites foram citados. Americanas.com apresentou 95 ocorrências, seguido de Submarino.com. Juntos, os 10 primeiros sites representam 85% da amostra. Os outros 15% foram distribuídos em 27 sites, com, no máximo, duas ocorrências cada, acumulando 37 ocorrências.

A distribuição de frequência dos melhores sites é apresentada no Gráfico 1.

Gráfico 1. Distribuição de frequência dos melhores sites

americanas.c

om

submarin

o.com

netshoes

walmart

cultu

ra

shoptim

eoutro

s

100

80

95

35 3718 18 14 10 7 7

3 3

6040

200

saraiva

.com

extra.co

m

dafiti.com

pontofrio.co

m

Em relação aos piores, 59 sites foram citados, com uma dispersão bem maior que os melhores sites, muitos com baixa frequência. Observa-se que Americanas.com também foi o site mais citado, seguido por Submarino.com. Os 10 primeiros sites representam 75% da amostra. Os outros 25% foram distribuídos em 49 sites com 57 ocorrências. É apresentada, no Gráfico 2, a distribuição de frequência dos piores sites.

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Gráfico 2. Distribuição de frequência dos piores sites

americanas.c

om

submarin

o.com

extra.co

m

walmart

shoptim

e

mini in th

e boyoutro

s

7060

65

33

57

21 17 14 10 8 8 5 5

5040

102030

0

saraiva

.com

magazineluiza

.com

casa

sbahia

pontofrio.co

m

Esses dados demonstram que parte das experiências negativas dos consumidores provém de sites desconhecidos, porém os sites mais populares (Comscore, 2014) estão presentes nos grupos de melhores e de piores sites. Comparando os dois grupos, sete sites revezam-se entre as 10 primeiras posições.

Verificação das hipóteses

Após os procedimentos de validação dos modelos, foram gerados os coeficientes padronizados para análise do primeiro grupo de hipóteses. Na Figura 3, é apresentado o modelo final com as cargas geradas e alguns indicadores de conformidade já apontados na Tabela 3:

Figura 3. Modelos finais com coeficientes padronizados

MINT PINT

MVAP PVAP

MVAN PVAN

MCONT PCONT

BAB(Melhores sites)

BAB(Piores sites)

0,85 0,910,74 0,930,74 0,72

0,75 0,81

0,75 1,05

0,85 0,67

0,85 0,79

0,85 0,760,72 0,520,54 0,510,81 0,74

0,86 0,78

-0,04 0,26

0,90 0,73

0,81 0,48

0,80 0,65

0,80 0,790,84 0,720,81 0,72

Melhores sites Piores sitesMINT 1 PINT 1

MINT 2 PINT 2

MINT 3 PINT 3

MVAP 1 PVAP 1

MVAP 2 PVAP 2

MVAN 1 PVAN 1

MVAN 2 PVAN 2

MFac PFac

MSeg PSeg

MPre PPre

MVar PVarMQua PQuaMEnt PEntMPos PPosMCon PCon

X2/gl = 187,9/83 = 2,26GFI = 0,9; NFI = 0,92

RMSEA = 0,7

X2/gl = 164,0/79 = 2,07GFI = 0,91; NFI = 0,92

RMSEA = 0,7

Observa-se que, nos melhores sites, as dimensões intensidade, valência positiva e conteúdo possuem alto poder explicativo do construto latente BAB, sendo os coeficientes padronizados respectivamente 0,81; 0,90 e 0,86 (p < 0,001). Valência negativa não foi significativamente diferente de zero em 95%. Esse resultado corrobora os achados de Goyette et al. (2010), que não apontam a presença de valência negativa em sites populares (melhores sites)

Já em relação aos piores sites, observa-se que todas as dimensões (intensidade, valência positiva, valência negativa e conteúdo) demonstraram alto poder explicativo do construto latente BAB, sendo os coeficientes padronizados respectivamente: 0,48; 0,73; 0,26 e 0,78 (p < 0,001).

Observa-se, ainda, que, nos piores sites, há presença tanto de valência positiva (0,73) quanto de valência negativa (0,26). Esses achados corroboram as pesquisas de Sandes e Urdan (2010) e Andrade e Brandão (2012) acerca da presença de valência negativa. Contudo, a presença de valência positiva nos piores sites não foi esperada. Dessa forma, em relação à dimensionalidade do BAB, os dados dão suporte às hipóteses de H1a a H4b, exceto H1b.

Para verificação das hipóteses de pesquisa H5 e H6, utilizaram-se as matrizes de coeficientes (não padronizados) dos modelos finais, melhores e piores sites, gerados pelo AMOS para estimar os escores das dimensões por meio de regressão linear, conforme procedimento descrito por Marôco (2010, p.

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200). Para cada observação, foi calculado o escore de cada dimensão, multiplicando-se os valores dos itens das escalas Likert e coeficientes não padronizados, obtendo-se a média ponderada de cada construto para cada observação. Na Tabela 4, seguem as matrizes de coeficientes geradas pelo AMOS.

Tabela 4. Matriz de coeficientes não padronizados

  MVAP1 MVAP2 MVAN1 MVAN2 MINT1 MINT2 MINT3

MCONT 0,02 0,035 -0,003 0,002 0,022 0,012 0,011

MVAP 0,227 0,394 -0,009 0,005 0,071 0,039 0,034

MVAN 0,005 0,009 1,083 -0,552 0,006 0,003 0,003

MINT 0,032 0,056 -0,005 0,002 0,34 0,186 0,164

  PVAP1 PVAP2 PVAN1 PVAN2 PINT1 PINT2 PINT3

PCONT 0,053 0,025 0,017 -0,003 0,013 0,018 0,004

PVAP 0,417 0,197 0,018 -0,003 0,014 0,019 0,004

PVAN -0,009 -0,004 0,984 -0,191 -0,002 -0,003 -0,001

PINT 0,011 0,005 0,003 -0,001 0,285 0,387 0,082

Com os escores calculados, foi realizado um teste de T de diferenças de médias, apresentado na Tabela 5.

Tabela 5. Teste de T de diferenças de médias

 

Diferença emparelhada

Teste T gfSig.

(2 caudas)Média Desvio padrão

Intervalo da diferença com 95% de confiança

Inferior Superior

Par 1MINT_DIM - PINT_DIM

0,858 1,656 0,650 1,066 8,143 246 0,000

Par 2PVAN_DIM - MVAP_DIM

0,267 1,887 0,030 0,503 2,222 246 0,027

Analisando a Tabela 5, no Par 1, observa-se que o resultado final do escore de intensidade para os melhores sites é estatisticamente maior que o intensidade dos piores sites. Contudo, quando comparada a valência positiva dos melhores sites com valência negativa dos piores sites (Par 2), há uma inversão: o contexto negativo é superior.

Isso demonstra que, para os melhores sites, o BAB possui maior intensidade, porém, nos piores sites, a comunicação possui um maior grau de detração comparado ao grau de promoção dos melhores sites. Os resultados referentes à intensidade (H5) não confirmam alguns achados na literatura, sobre o BAB negativo

ser geralmente mais intenso (Allsop et al., 2007; Harrison-Walker, 2001; Stokes & Lomax, 2002). Em relação à comparação de valências (H6), os resultados confirmam achados na literatura (Matos, 2011; Richins, 1983; Sweeney et al., 2005) sobre o BAB negativo ser mais passional e extremo.

Para verificação das hipóteses relacionadas ao conteúdo (H7a a H11b), utilizou-se a correlação dos itens do conteúdo dos melhores sites com valência positiva dos melhores sites e itens do conteúdo dos piores sites com valência negativa dos piores sites, a partir dos mesmos escores não padronizados apresentados na Tabela 4. As correlações são apresentadas na Tabela 7.

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Tabela 6. Correlação das valências positivas e negativas com itens do conteúdo

MFac MSeg MPre MVar MQua MEnt MPos MCon

MVAP_DIM 0,511** 0,573** 0,567** 0,499** 0,590** 0,537** 0,360** 0,622**

MVAN_DIM -0,110 -0,079 -0,088 -0,050 -0,050 0,004 0,088 -0,072

PFac PSeg PPre PVar PQua PEnt PPos PCon

PVAP_DIM 0,461** 0,396** 0,388** 0,419** 0,422** 0,187** 0,153* 0,308**

PVAN_DIM 0,099 0,098 0,209** 0,131* 0,043 0,150* 0,206** 0,143*

Nota: **. A correlação é significante no nível 0,01 (2 extremidades); *. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).

Em relação aos melhores sites, todos os itens apresentam correlação com valência positiva. Dessa forma, as hipóteses H7a, H7a e H9a são suportadas, e as hipóteses H10a e H11a não são suportadas.

Em relação aos piores sites, apenas facilidade de uso e segurança nas transações não apresentaram correlações significativas com valência negativa. Dessa forma, as hipóteses H7b, H8b, H9b, H10b e H11b são suportadas.

Esses resultados confirmam achados na literatura que predizem que, quanto maior confiança, maior a predisposição do consumidor para comprar no comércio eletrônico ou continuar comprando em determinado site (Baptista & Botelho, 2007; Schramm-Klein et al., 2007; Turban & King, 2004), e que isso consequentemente gera valor de conversa em comunicação BAB.

Esse é um comportamento semelhante a quando se trata de atendimento pós-compra e velocidade de entrega (Baptista & Botelho, 2007; Barreto et al., 2011; Forbes et al., 2005; Lima, 2010; Turban & King, 2004).

Em relação à facilidade de uso e segurança nas transações, os resultados corroboram a literatura sobre sua relevância (Turban & King, 2004; Vieira et al., 2009). Contudo, não era esperado que esses fatores reforçassem a comunicação BAB positiva dos melhores sites, assim, as hipóteses H10a e H11a não foram suportadas. No entanto, não houve evidências de que esses fatores reforçassem a comunicação BAB negativa dos piores sites, dando suporte às hipóteses H10b e H11b.

Esses resultados corroboram, pelo menos em parte, os achados de Lima (2010) e Costa e Marques (2011) sobre a comoditização desses atributos entre melhores e piores sites. Todavia, é necessário realizar mais estudos para confirmar tal comportamento.

O resumo das hipóteses é apresentado na Tabela 7

Tabela 7. Resumo dos resultados das hipóteses

Hipótese Construtos CondiçãoSuporte dos resultados

H1a MINT e MBAB relação Sim

H1b PINT e PBAB relação Sim

H2a MVAP e MBAB relação Sim

H2b PVAP e PBAB sem relação Não

H3a MVAN e MBAB sem relação Sim

H3b PVAN e PBAB relação Sim

H4a MCONT e MBAB relação Sim

H4b PCONT e PBAB relação Sim

H5 PINT e MINT 1o maior que 2o Não

H6 PVAN e MVAP 1o maior que 2o Sim

H7a MVAP e MCon relação Sim

H7b PVAN e PCon relação Sim

H8a MVAP e MPos relação Sim

H8b PVAN e PPos relação Sim

H9a MVAP e MEnt relação Sim

H9b PVAN e PEnt relação Sim

H10a MVAP e MFac sem relação Não

H10b PVAN e PFac sem relação Sim

H11a MVAP e MSeg sem relação Não

H11b PVAN e PSeg sem relação Sim

A seguir, é apresentada a conclusão da pesquisa.

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CONCLUSÃO

O objetivo desta pesquisa foi analisar os fatores internos do BAB no varejo eletrônico no Brasil, comparando os melhores e piores sites apontados por consumidores, com as seguintes questões de partida: (1) como se estabelecem as dimensões intensidade e valências entre melhores e piores sites; e (2) como os fatores da dimensão conteúdo se relacionam com as demais valências do BAB nos piores e nos melhores sites.

O modelo de mensuração base foi de Goyette et al. (2010), que mede o BAB no varejo eletrônico em quatro dimensões: intensidade, valência positiva, valência negativa e conteúdo. Em função de considerações levantadas na literatura sobre varejo eletrônico geral e brasileiro, foram incluídos novos itens ao modelo original, a fim de captar mais detalhes sobre a dimensão conteúdo do BAB.

O modelo modificado nesta pesquisa apresentou índices satisfatórios de ajustamento, confiabilidade e validade. Como resultado, foi possível observar alguns achados descritos a seguir.

Em relação à multidimensionalidade do BAB, os resultados apontaram a existência de valência negativa nos piores sites, corroborando Sandes e Urdan (2010), Andrade e Brandão (2012), e indo de encontro a Goyette et al. (2010), que não apontou a presença significativa de valência negativa para sites do Canadá. Assim, esse resultado não fornece suporte à generalização de Goyette et al. (2010) sobre a predominância de valência positiva no comércio eletrônico de maneira geral.

Em relação à questão: como se estabelecem as dimensões intensidade e valências em relação aos melhores e piores sites, a pesquisa forneceu evidências de que a intensidade é maior nos melhores sites. Isso alimenta uma divergência na literatura, pois não dá suporte a achados que apontam que as pessoas tendem a se engajar mais em mensagens negativas do que em positivas (Allsop et al., 2007; Harrison-Walker, 2001; Stokes & Lomax, 2002).

Para este caso, é importante ressaltar que os principais players do mercado foram citados (Comscore, 2014), e que os líderes de mercado se revezam entre as primeiras posições como os mais frequentes no grupo dos melhores e de piores sites, apontados por respondentes distintos. Como a amostra mais significativa da pesquisa refere-se a um conjunto de sites que está presente em ambos os grupos, e esse conjunto é formado por sites populares e mais acessados, seria plausível que o BAB dos melhores sites fosse mais intenso, dada uma relação da recomendação de uso com a liderança de mercado.

Dessa forma, apesar de a literatura encontrar evidências de uma maior intensidade no BAB negativo, os resultados desta pesquisa apontam que, para sites preferidos pelos consumidores, há uma maior intensidade acerca de BAB positivo.

No entanto, a pesquisa apresentou evidências de que a valência negativa dos piores sites é maior que a valência positiva dos piores sites, ou seja, a comunicação BAB dos piores sites tem um maior grau de detração em relação ao grau de promoção da comunicação BAB dos melhores sites. Esse resultado confirma achados na literatura sobre um comportamento mais passional e extremo na comunicação BAB negativa (Matos, 2011; Richins, 1983; Sweeney et al., 2005).

Já em relação à questão: como os fatores da dimensão conteúdo se relacionam com as demais valências do BAB, há as seguintes considerações sobre os itens analisados.

Em relação à confiança, a pesquisa apontou evidências de haver correlação significativa do item com valência positiva nos melhores sites e com valência negativa nos piores sites. Esses resultados confirmam achados na literatura que predizem que, quanto maior confiança, maior a predisposição do consumidor para comprar no comércio eletrônico ou continuar comprando em determinado site (Baptista & Botelho, 2007; Schramm-Klein et al., 2007; Turban & King, 2004). Esse fator gera implicações relevantes para o fenômeno BAB, dado que esta pesquisa aponta que os consumidores conversam sobre confiança de sites com outros consumidores e que esse tópico está fortemente associado às valências (positiva e negativa), gerando possivelmente implicações em outros fenômenos como intenção de compra.

Os resultados da pesquisa também apontaram comportamento semelhante quando se trata de atendimento pós-compra e velocidade de entrega como fatores relevantes, como apresenta a literatura (Baptista & Botelho, 2007; Barreto et al., 2011; Forbes et al., 2005; Lima, 2010; Turban & King, 2004).

Em relação à facilidade de uso e segurança nas transações, os resultados apontam que esses fatores ainda estão fortemente relacionados à valência positiva nos melhores sites, mas já não tiveram relação significativa com valência negativa nos piores sites.

Esses resultados reforçam o fato de que tais fatores são relevantes para os consumidores no varejo eletrônico (Turban & King, 2004; Vieira et al., 2009) e que isso implica comunicação BAB positiva para melhores sites. Da mesma forma, demonstram, pelo menos em parte, que há um certo grau de comoditização desses atributos (Costa & Marques, 2011; Lima, 2010), pois já não são fatores críticos para os piores sites, com implicações em BAB negativo. No entanto, esses achados precisam ser investigados com mais profundidade.

Esta pesquisa fornece alguns insumos para trabalhos futuros. Do ponto de vista metodológico, contribui com a formulação de um modelo de mensuração multidimensional do BAB, adaptado de Goyette et al. (2010) para o varejo eletrônico brasileiro, capaz de captar aspectos relevantes do construto e

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aplicado a contextos diferentes (melhores e piores sites). Do ponto de vista teórico, este trabalho contribui com achados que reforçam a literatura do campo em relação a aspectos intrínsecos ao fenômeno BAB, como as relações entre suas dimensões internas, evidenciando fatores importantes do varejo eletrônico presentes na comunicação BAB.

Este estudo possui algumas limitações. Primeiro, a amostra foi restrita à cidade de Fortaleza – CE, apenas com estudantes de graduação e pós-graduação, pelo método de amostragem por conveniência. Segundo, em relação ao instrumento de pesquisa, a grande quantidade de itens pode ter afetado o engajamento do respondente em relação à segunda parte do instrumento de pesquisa (referente aos piores sites), o que ocasionou também, a eliminação de diversos questionários. Dessa forma, diversas observações tiveram que ser eliminadas. Outro fator limitante em relação ao questionário é que ele busca respostas baseadas em experiências passadas, as quais dependem da memória do respondente para aferir uma resposta sobre o fenômeno pesquisado.

Para pesquisas futuras, sugere-se verificar como a dimensão conteúdo poderia ser dividida em outras duas dimensões, uma especificamente para aspectos relacionados aos produtos comercializados (preço, qualidade e variedade) e outra agrupando aspectos relacionados ao canal em si (confiança, velocidade de entrega, atendimento pós-compra, facilidade de uso e segurança nas transações), a fim de entender o fenômeno BAB distinguindo aspectos específicos do canal e aspectos dos produtos ofertados. A fim de validar os achados desta pesquisa em outros contextos, sugere-se também a replicação deste estudo em outras regiões do País.

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FÓRUM | Os melhores e os piores: O boca a boca em sites de varejo eletrônico

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PABLO ALBERTO PÉREZ [email protected] de la Universidad Politécnica Salesiana del Ecuador – Guayaquil, Ecuador

ARTÍCULOSSometido 02.08.2015. Aprobado 18.04.2016 Evaluado por el sistema double blind review. Editor Científico: Eric Cohen

EVALUACIÓN DE LA DISTRIBUCIÓN ESPACIAL DE PLANTAS INDUSTRIALES MEDIANTE UN ÍNDICE DE DESEMPEÑOAvaliação da distribuição espacial de plantas industriais segundo um índice de desempenho

An approach to industrial facility layout evaluation using a performance index

RESUMENUna amplia literatura científica ha abordado el problema de la distribución espacial de plantas indus-triales completamente nuevas. Sin embargo, no se ha prestado suficiente atención al problema de la redistribución de instalaciones ya existentes. Las escasas investigaciones que evalúan el layout, en su mayoría, aplican métodos que solo tienen sentido si se comparan varias alternativas. En con-secuencia, no son de utilidad para evaluar el desempeño del layout actual de una planta industrial y no permiten diagnosticar la necesidad de una redistribución. Frente a esto, este trabajo presenta un indicador que permite evaluar el desempeño de una distribución espacial existente, identificando su posicionamiento entre el escenario ideal y el anti-ideal. De tal forma, permite sustentar la pertinencia o irrelevancia de una redistribución. El indicador fue aplicado en el caso práctico de una empresa del sector metalmecánico de la ciudad de Guayaquil.PALABRAS CLAVE | Índice de desempeño del layout, distribución en planta, evaluación de la distribu-ción en planta, redistribución, empresa metalmecánica.

RESUMOUma ampla literatura científica tem abordado o problema da distribuição espacial de plantas industriais totalmente novas. No entanto, não se tem prestado atenção suficiente ao problema da redistribuição de instalações já existentes. Em sua maioria, as poucas investigações que avaliam o layout aplicam métodos que só fazem sentido quando se comparam várias alternativas. Consequen-temente, não são úteis para analisar o desempenho do layout atual de uma planta industrial e não permitem diagnosticar a necessidade de uma redistribuição. Levando isso em consideração, este tra-balho apresenta um indicador que permite dimensionar o desempenho de uma distribuição espacial existente, identificando seu posicionamento entre o cenário ideal e o não ideal. Dessa maneira, per-mite sustentar a pertinência ou a irrelevância de uma redistribuição. O indicador foi aplicado ao caso prático de uma empresa do setor metal-mecânico da cidade de Guayaquil.PALAVRAS-CHAVE | Índice de desempenho do layout, distribuição em planta, avaliação da distribui-ção em planta, redistribuição, empresa metal-mecânica.

ABSTRACTA good deal of literature dealing with the facility layout problem has focused on greenfield layout design. However, little attention has been paid to the facility re-layout problem. Generally, methods applied to plant layout evaluation research, only make sense if several different layout alternatives are compa-red. Consequently, these methods tend to have limited value in evaluating existing plant layouts or in supporting the need for a re-layout. With this in mind, this work suggests an indicator that allows one to evaluate an existing plant’s layout performance by identifying where it stands in relation to the ideal and the non-ideal scenarios. The application of this particular indicator can help justify the pertinence or irrelevance of facility re-layout decisions. The method is illustrated in a case study carried out on a company in the metal components processing industry, located in the city of Guayaquil.KEYWORDS | Layout performance index, facility layout, facility layout evaluation, facility re-layout, metal components processing industry.

RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160507

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INTRODUCCIÓN

La distribución en planta o layout, es el proceso de ordenamiento de los elementos que conforman el sistema productivo en el espacio físico, de manera que se alcancen los objetivos de producción de la forma más adecuada y eficiente posible. Es considerada una de las decisiones de diseño más importantes dentro de la estrategia de operaciones de una organización (Chase & Jacobs, 2014; Krajewski, Malhotra, & Ritzman, 2015).

La distribución en planta tiene un impacto importante y directo en la eficiencia de la producción y el nivel de productividad de los sistemas de manufactura (Ariafar, Ismail, Tang, Ariffin, & Firoozi, 2011; Edis, Kahraman, Araz, & Özfirat, 2011; Garcia-Hernandez, Arauzo-Azofra, Salas-Morera, Pierreval, & Corchado, 2013; Kanaganayagam, Muthuswamy, & Damodaran, 2015; Mallikarjuna, Veeranna, & Reddy, 2011; Ripon & Torresen, 2014; Sadeghpour & Andayesh, 2015; Vasudevan & Son, 2011). De ahí que la identificación de las oportunidades de mejora de la distribución espacial de los centros de actividad que conforman un sistema productivo sea vital para contribuir a la mejora de la productividad del trabajo de una organización.

De acuerdo con la Teoría de la Complejidad, el problema de la distribución en planta (Facility Layout Problem [FLP]) se clasifica como NP-completo (Garey & Johnson, 1979). Los problemas clasificados bajo esta denominación, según Diego-Mas (2006), son considerados los más difíciles de resolver, pues no existe un algoritmo que proporcione una solución óptima en un tiempo razonable.

Este nivel de complejidad del FLP, dada su naturaleza multicriterio y multiobjetivo, no ha sido impedimento para que distintos autores lo hayan abordado aplicando desde técnicas exactas hasta las más avanzadas técnicas metaheurísticas, proporcionando soluciones aceptables en tiempos de cálculo realistas. Tales enfoques de resolución han sido aplicados, generalmente, al caso de plantas completamente nuevas. Sin embargo, a pesar de su poca trascendencia en la literatura, en la práctica el problema de la redistribución espacial de la planta (Facility Re-layout Problem [FRLP]) es más común (Kulturel-Konak, 2007).

Las empresas necesitan adaptarse constantemente a las necesidades cambiantes de los mercados. Para esto, aumentan o contraen su capacidad productiva, cambian parcial o totalmente de tecnología, crean nuevos productos y servicios y mejoran e implementan nuevos procesos. Esta dinámica requiere que las empresas dispongan de distribuciones espaciales suficientemente flexibles (Emami & Nookabadi, 2013), pues de forma paulatina van perdiendo la bondad de la distribución en planta inicial y comienzan a suscitarse una serie de situaciones que pueden traer consigo la necesidad de una redistribución. De acuerdo con Chase y Jacobs (2014) y Krajewski et al. (2015),

entre estos síntomas es probable encontrar simultaneidad de cuellos de botella, congestión y deficiente utilización del espacio, acumulación excesiva de materiales en proceso, puestos de trabajo ociosos o sobrecargados, ansiedad y malestar de la mano de obra, trabajadores calificados realizando demasiadas operaciones poco complejas, accidentes laborales y dificultad en el control de las operaciones y del personal.

A los síntomas anteriormente expuestos, habría que adicionar el exceso de manutención de materiales. Cuando no existe un adecuado nivel de adyacencia entre los centros de actividad de la organización, se genera un desaprovechamiento de la jornada laboral en actividades de transporte que no aportan valor. Esta es una de las razones principales por las que aumentan los tiempos de fabricación unitarios (throughput time) y disminuyen los niveles de productividad del trabajo.

La necesidad de una redistribución se presenta, entonces, cuando se detectan reservas de mejora de la productividad como resultado de un proceso de evaluación del layout. A pesar de la amplia literatura científica que aborda el FLP, son escasas las investigaciones que abordan esta etapa de evaluación, y no existen referencias de algún procedimiento que permita diagnosticar objetivamente el problema de la redistribución espacial.

La solución del FRLP es tanto o más compleja que la distribución espacial para una planta completamente nueva, dado que existen restricciones y objetivos adicionales. Implementar cambios en un layout existente requiere de inversión adicional y retrasos o interrupción total de los planes de producción durante el período que dure la redistribución. Sin embargo, dado que los cambios en el layout tienen un efecto significativo en la productividad, las decisiones de mejora de la distribución espacial son vitales para mantener un adecuado nivel de competitividad de la organización (Han, Bae, & Jeong, 2012). De ahí la importancia de que las empresas cuenten con una herramienta que les permita evaluar el desempeño de su distribución actual. De esta manera podría diagnosticarse la necesidad de una redistribución de la planta, al identificarse oportunidades de mejora que podrían redundar en reservas de productividad.

Con este antecedente, en esta investigación se presenta un Índice de Desempeño del Layout (IDL) mediante el cual los gerentes de operaciones pueden evaluar el desempeño actual de la distribución espacial de la organización y sustentar la pertinencia o irrelevancia de una redistribución. El IDL permite identificar las reservas de mejora del layout determinando su posicionamiento entre el escenario ideal (que supone adyacencia entre los centros de actividad que tienen flujo de trabajo y/o relaciones cualitativas de cercanía entre sí), y el anti-ideal (aquel donde los centros de actividad están dispuestos de forma caótica en el espacio fabril, sin ningún tipo de relación cualitativa y/o cuantitativa que justifique su adyacencia).

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AUTOR | Pablo Alberto Pérez Gosende

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MARCO TEÓRICO

La generación y selección de la distribución espacial óptima para una organización es un proceso complejo e iterativo que depende de las relaciones que existen entre los elementos que conforman su sistema de producción de bienes o servicios. En el campo de la ingeniería, varias han sido las estrategias formuladas para resolver el problema de la distribución en planta. Entre ellas, de acuerdo con Diego-Mas (2006), las más importantes son las propuestas por Immer (1953), Buffa (1955), Muther (1961), Reed (1961), Nadler (1967) y Apple (1977) (referidas en Diego-Mas, 2006). Sin embargo, el SLP (Systematic Layout Planning) creado por Muther (1961), ha sido la más aceptada y utilizada (Río-Cidoncha, Martínez-Palacios, & Iglesias, 2007).

La mayoría de los estudios posteriores se han centrado en la fase de distribución de conjunto del SLP, que busca determinar el ordenamiento óptimo de n centros de actividad indivisibles en n posiciones dentro del espacio físico disponible, de forma tal que se satisfagan ciertos objetivos relevantes. Entre estos objetivos el más comúnmente utilizado, de acuerdo con Moslemipour, Lee, y Rilling (2012), es minimizar el costo de manutención de materiales. Sin embargo, otros objetivos tales como reducir la distancia recorrida por los materiales, disminuir los niveles de trabajo en proceso (work in progress) y los tiempos de fabricación (throughput times), y evitar la congestión general, también han sido considerados (Askin & Standridge, 1993; Francis, McGinnis, & White, 1992; Fu & Kaku, 1997; Mecklenburgh, 1985).

El FLP ha sido modelado matemáticamente como un problema de asignación cuadrática (QAP) (Koopmans & Beckman, 1957), de cobertura cuadrática de conjuntos (QSP) (Bazaraa, 1975), mediante programación entera lineal (LIP) (Lawler, 1963) y a través de programación entera mixta (MIP) (Kaufman & Broeckx, 1978). También ha sido formulado mediante teoría de grafos (Foulds & Robinson, 1978).

De manera general, los métodos usados en la búsqueda de soluciones óptimas o cercanas al óptimo, pueden categorizarse en métodos exactos, heurísticos y metaheurísticos (Matai, Singh, & Mittal, 2010). Los métodos exactos como el Branch-and-bound y los algoritmos de corte han permitido obtener soluciones óptimas al FLP formulado como QAP, cuando el número de instalaciones es menor de 16 (Singh & Sharma, 2006). Para un número mayor, el FLP no puede ser resuelto de forma óptima en un tiempo computacional razonable (Suo, 2012).

Para obtener soluciones cercanas al óptimo en un tiempo computacional razonable fueron desarrollados los métodos heurísticos. Básicamente, un algoritmo heurístico es un conjunto establecido de pasos que permite encontrar soluciones de buena calidad (Matai et al., 2010). De acuerdo con Moslemipour et al.

(2012), estos pueden ser clasificados en dos clases: algoritmos de construcción y algoritmos de mejora.

Los algoritmos de construcción son considerados los enfoques heurísticos más simples y antiguos para resolver el modelo QAP (Singh & Sharma, 2006). Estos consisten en la sucesiva selección y colocación de centros de actividad en el plano de distribución, buscando minimizar el costo total de manutención de materiales. Según Matai et al. (2010), algunos de los algoritmos de construcción más conocidos en la literatura son: HC66 propuesto por Hillier y Connors (1966), ALDEP desarrollado por Seehof y Evans (1967) y CORELAP presentado por Lee y Moore (1967) (todos referidos en Matai et al., 2010). Lamentablemente, la simplicidad de estos algoritmos es frecuentemente asociada a soluciones de baja calidad (Singh & Sharma, 2006).

Los algoritmos de mejora, por su parte, parten de una solución inicial que es mejorada mediante alguno de los siguientes enfoques: intercambiando la ubicación de un par de centros de actividad a la vez (pair-wise exchange) o intercambiando múltiples pares (multi-pair-wise exchange) (Moslemipour et al., 2012). En este caso, la calidad de la solución obtenida depende del layout inicial y el enfoque de intercambio elegido. Entre los algoritmos de mejora referenciados en la literatura se encuentran: CRAFT, creado por Armour y Buffa (1963); MULTIPLE, desarrollado por Bozer, Meller, y Erlebacher (1994); SABLE, creado por Meller y Bozer (1996); y MSA, desarrollado por Singh y Sharma (2006) (todos referidos en Matai et al., 2010).

En los últimos años, varios enfoques metaheurísticos como el Recocido Simulado (SA), Algoritmos Genéticos (GA), Enjambre de partículas (PSO), Búsqueda Tabú (TS) y Colonias de Hormigas (ACO), han sido aplicados exitosamente en la resolución de problemas de distribución de plantas industriales. Una revisión bastante exhaustiva de estos enfoques puede consultarse en Sharma, Singh y Singhal (2013).

Han et al. (2012), clasificaron el FLP en dos áreas fundamentales: la distribución de plantas completamente nuevas (Green field layout design) y la redistribución de plantas ya existentes (Facility re-layout problem, FRLP).

Un análisis de las investigaciones que han abordado el estado del arte del FLP (Drira, Pierreval, & Hajri-Gabouj, 2007; Kulturel-Konak, 2007; Kusiak & Heragu, 1987; Matai et al., 2010; Meller & Gau, 1996; Moslemipour et al., 2012; Singh & Sharma, 2006), permite concluir que la mayor parte de la literatura se enfoca en la distribución de plantas completamente nuevas. En tales casos, se busca diseñar la distribución espacial de una planta sin la influencia de las restricciones que normalmente se presentan al hacerlo en una instalación ya existente. Solo Kulturel-Konak (2007) señaló al problema de la redistribución espacial (FRLP) como un área por abordar en futuras investigaciones.

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Una redistribución de la planta, es la decisión que se toma como resultado de un proceso de evaluación, en el que se detecta que el layout no permite cumplir los objetivos trazados por la organización. En la literatura son escasas las investigaciones que evalúan la distribución espacial de instalaciones de producción o servicios. De hecho, en las últimas dos décadas, los enfoques del FLP se han centrado en la generación de alternativas de layout y muy pocos logros se han obtenido en la etapa de evaluación (McKendall, Shang, & Kuppussamy, 2006; Shahin & Poormostafa, 2011).

En este sentido, Neumann y Fogliatto (2013) propusieron un índice general para medir la flexibilidad del layout (IDFL) en entornos dinámicos, a partir de la medición de tres factores primarios, 12 secundarios, 33 terciarios y 50 indicadores de tipo cualitativo. Tortorella y Fogliatto (2008) combinaron herramientas de decisión multicriterio con SLP en la búsqueda de la mejor alternativa de layout para una empresa del sector automovilístico. La evaluación de alternativas en este caso se realizó mediante la técnica AHP (Analytic Hierarchy Process) basado en siete criterios: maximizar la flexibilidad para futuras expansiones, los factores humanos, el aprovechamiento del área, la linealidad del flujo, las relaciones entre centros de actividad y minimizar los reajustes y sus costos.

Shahin y Poormostafa (2011), utilizaron SLP para generar un número considerable de alternativas de layout, que luego fueron evaluadas mediante criterios cuantitativos y cualitativos a través de simulación y AHP difuso, respectivamente. El escenario más eficiente fue identificado mediante el método TOPSIS (Technique for Order of Preference by Similarity to Ideal Solution).

Yang, Su, y Hsu (2000), aplicaron SLP para generar alternativas de layout de una fábrica de obleas semiconductoras, que luego fueron evaluadas mediante AHP. Distribuciones celulares basadas en SLP fueron evaluadas mediante AHP por Nagapak y Phruksaphanrat (2011), en el caso de estudio de una planta de servicios de fabricación de componentes electrónicos. Combinaciones de AHP y DEA (Data Envelop Analysis) también han sido empleadas en la selección de la mejor distribución espacial (Gao, Yoshimoto, & Ohmori, 2010; Yang & Kuo, 2003).

Yang y Deuse (2012) utilizaron AHP para obtener las ponderaciones de los criterios de decisión y PROMETHEE (Preference Ranking Organization METHod for Enrichment of Evaluations) para seleccionar el mejor layout entre un grupo de alternativas. Önüt, Kara, y Efendigil (2008) desarrollaron un enfoque multicriterio híbrido basado en AHP difuso y TOPSIS difuso, para evaluar y seleccionar el layout para un centro de mecanizado CNC.

Como puede observarse, en la literatura de forma frecuente se han utilizado métodos de decisión multicriterio

(Multiple Criteria Decision Making, MCDM) para la evaluación de alternativas de distribución en planta. Sin embargo, a pesar de su extendido uso, las técnicas de MCDM ofrecen únicamente medidas relativas que solo tienen sentido si se comparan varias alternativas de layout. Por tal razón, no son de utilidad para evaluar el desempeño del layout actual de una planta industrial, o lo que es lo mismo, no permiten diagnosticar la necesidad de una redistribución.

De tal manera, el IDL se presenta en esta investigación como una herramienta que permite diagnosticar la necesidad de una redistribución espacial, a la vez que constituye un método de evaluación de layouts alternativo a los complejos métodos de decisión que involucran interacción humana como los métodos de decisión multicriterio.

PRESENTACIÓN DEL ÍNDICE DE DESEMPEÑO DEL LAYOUTSe estableció un procedimiento de cinco pasos para la determinación del Índice de desempeño del Layout (IDL), mediante el cual se evaluará el desempeño de la distribución espacial actual de una organización. El esquema del procedimiento propuesto se presenta en la Figura 1.

Figura 1. Procedimiento para el cálculo del Índice de Desempeño del Layout (IDL)

Paso 1 – Identificar las intensidades de transportetotales entre los centros de actividad

Paso 2 – Identificar las relaciones cualitativasde adyacencia ideales

Paso 3 – Identificar las relaciones de adyacenciade la distribución espacial actual

Paso 4 – Determinar la importancia relativade los criterios cuantitativos sobre los cualitativos

Paso 5 – Calcular el Índice de Desempeño del layout(IDL) e interpretar el resultado

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A continuación se describe el procedimiento con mayor detalle.

Paso 1: Identificar las intensidades de transporte totales entre los centros de actividad

La intensidad de transporte entre dos centros de actividad (tij) corresponde a la cantidad de materiales (objeto de trabajo) que se traslada entre ellos en una unidad de tiempo. La unidad de medida de esta variable podría expresarse en l/día, m3/mes, t/año, entre otras, de acuerdo con las unidades de medidas apropiadas según el sistema productivo en estudio.

Evidentemente, no se espera obtener un valor numérico que exprese la intensidad de transporte para cada par posible de centros de actividad, pues estos no necesariamente mantienen un flujo de materiales entre sí. Lo anterior puede demostrarse en el caso de empresas que brindan servicios a clientes, sean estos servicios puros, un servicio principal con bienes y servicios secundarios, productos híbridos o bienes tangibles que incluyen algunos servicios (Kotler & Keller, 2012). Aquí el flujo de trabajo no se referiría al material exclusivamente, como ocurre en sistemas de manufactura, sino a los clientes e incluso a la información.

Cuando el flujo de los clientes que se atienden es importante, la media de clientes que se desplazan entre los centros de actividad en una unidad de tiempo relevante, tal como una semana o un mes de operaciones, podría ser la intensidad de transporte adecuada a considerar. Sin embargo, cuando únicamente existe un flujo de información entre los centros de actividad, si este se realiza con soporte en las Tecnologías de la Información y las Comunicaciones (TIC), entonces no sería relevante considerar las intensidades de transporte como condicionante de la cercanía entre departamentos o áreas de actividad, sino el comportamiento de otros criterios de naturaleza cualitativa.

El primer paso del procedimiento involucra tres etapas que se describen a continuación.

Etapa 1.1: Identificar los centros de actividad de la organización

Un centro de actividad es un espacio físico en el que se realizan actividades involucradas en los procesos operativos, estratégicos y de apoyo de la organización, incluyendo los espacios necesarios para los servicios auxiliares. Pueden tener una frontera física o imaginaria, y su cantidad está en dependencia de la distribución básica escogida por la gerencia de la organización: por posición fija, por producto, por procesos o celular (Chase & Jacobs, 2014; Krajewski et al., 2015). Los centros de actividad pueden

identificarse mediante revisiones de los planos de planta, entrevistas a expertos u observación directa.

Etapa 1.2: Desarrollar la matriz cuadrada orientada de las intensidades de transporte parciales (matriz T)

La matriz cuadrada orientada de las intensidades de transporte parciales, denominada alternativamente matriz T, tendrá un orden que corresponde al número de centros de actividad (n) que esté bajo consideración. Para su obtención, es necesario determinar la cantidad de materiales que se transporta entre cada par de centros de actividad en una unidad de tiempo apropiada de acuerdo a la estacionalidad de la demanda del producto, aunque utilizar un promedio mensual o anual, en cualquier caso, es siempre una buena estrategia. Esta información podría recopilarse de los registros de actividad que se tengan en la organización, o en última instancia, mediante observación directa.

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WWWWWWWWW

Etapa 1.3: Desarrollar la matriz triangular no orientada de las intensidades de transporte totales (matriz T)

Aquí se busca obtener el flujo total de transporte entre cada par de centros de actividad en ambas direcciones. Esto se logra considerando que Tji = tij+tji. El resultado es una matriz triangular no orientada de las intensidades de transporte totales a la que alternativamente se denominará matriz T.

000 00 0 0

0

00

t t t tt t t

t tT

t t t tt t t

t tt t0

0 0 0 0

1n n

n n

n n

n n

13 31 14 41 1

23 32 24 42 2 2

34 43 3 3

4

12 21

4

g

g

g

g

h h h h j h

g

=

+ + ++ + +

+ ++

+R

T

SSSSSSSSS

V

X

WWWWWWWWW

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Paso 2: Identificar las relaciones cualitativas de adyacencia ideales entre los centros de actividad

Las relaciones existentes entre cada par de centros de actividad no deben limitarse a la intensidad del transporte de flujo de materiales o personas entre ellos, pues en ocasiones estas relaciones son irrelevantes o inexistentes. Es por esto que deben cuantificarse también las relaciones cualitativas que pudieran existir entre los centros de actividad que justifican las necesidades de adyacencia o su indeseabilidad. Entre estos, las exigencias constructivas, ambientales, de seguridad e higiene, los sistemas de manipulación necesarios, el abastecimiento de energía y la evacuación de residuos, la organización de la mano de obra, los sistemas de control del proceso, los sistemas de información, entre otros, podrían considerarse relevantes.

La valoración de las relaciones de adyacencia ideales de acuerdo con los criterios de naturaleza cualitativa entre los centros de actividad i y j se obtendrá mediante el juicio de expertos. Algunos autores defienden la utilidad del uso de expertos en la toma de decisiones cuando, como en este caso, se necesita obtener información precisa que no está disponible o es costosa de obtener; cuando se requiere estudiar o definir áreas donde hay una considerable incertidumbre y/o falta de consenso, y también para modelar un fenómeno del mundo real que implica una serie de puntos de vista y para el cual existe poca evidencia cuantitativa (Bendaña, Caño, & Cruz, 2008; Bradley & Stewart, 2002; Lucko & Rojas, 2010; Orndoff, 2005; Padel & Midmore, 2005; Sourani & Sohail, 2014; Yeung, Chan, & Chan, 2009). Otra de las bondades que saltan a la vista de forma evidente, es que el número de factores que es considerado por un grupo es mayor que el que podría ser tenido en cuenta por una sola persona. Cada experto podrá aportar a la discusión general la idea que tiene sobre el tema debatido desde su área de conocimiento. Para desarrollar este paso, deberán seguirse las siguientes dos etapas.

Etapa 2.1: Seleccionar expertos en los procesos y operaciones de la organización objeto de estudio

Un experto es una persona que tiene un conocimiento especial respecto a un tema específico (Martino, 1993). El criterio clave para su selección es el nivel de conocimiento o grado de experticia en la temática objeto de investigación (Sourani & Sohail, 2014), aunque según Martino (1993) otros criterios como la voluntad y la disponibilidad del candidato también revisten especial importancia. No se especifica en la literatura científica

el número específico de expertos necesarios para la conducción de una técnica de expertos, sin embargo se reconoce que la cantidad mínima apropiada oscila entre siete u ocho (Sourani & Sohail, 2014).

Etapa 2.2: Desarrollar la matriz triangular de las relaciones cualitativas de adyacencia ideales (matriz R)

Con el objetivo de obtener las valoraciones de los expertos acerca de las relaciones cualitativas de adyacencia ideales entre cada par de centros de actividad, se realiza una reunión presencial. Tales valoraciones se registrarán mediante una escala ordinal donde E significa que la adyacencia es extremadamente importante, I importante, O ordinariamente importante, D indiferente y N indeseable. Se tratará de lograr un consenso respecto a los criterios que justifican dichas relaciones.

Una vez concluido el proceso, el moderador determinará el valor modal de las valoraciones para cada par bajo análisis y cuantificará la magnitud de las relaciones mediante un coeficiente Rij de la siguiente forma: Rij = 10 para relaciones de adyacencia extremadamente importantes; Rij = 5 para las importantes; Rij = 2 si tiene una importancia ordinaria; Rij = 0 si es indiferente, y por último, Rij = -10 si la adyacencia es indeseable. En caso de que la distribución de valoraciones sea multimodal, se escogerá la moda de menor coeficiente. Con esta información se desarrolla la matriz de relaciones cualitativas de adyacencia ideales, a la que alternativamente se le denominará matriz R.

000 00 0 0

tR

r r r rr r r

r rr

0

0

0

0 0 0 0

n

n

n

n

12 13 14 1

23 24 2

31 34 3

4

g

g

g

g

h h h h j h

g

=

R

T

SSSSSSSSS

V

X

WWWWWWWWW

Paso 3: Identificar las relaciones de adyacencia de la distribución espacial actual

El coeficiente binario de adyacencia entre los centros de actividad i y j (Xij) tomará un valor de uno si los centros de actividad son

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adyacentes o cero si no lo son. Dos centros de actividad se consideran adyacentes cuando son contiguos o colindantes, o sea, cuanto tienen un límite fronterizo común, pudiendo ser este físico (un pasillo, una pared, etc.) o imaginario. Para cumplir con el principio de circulación y de la mínima distancia recorrida los departamentos con mayor intensidad de relaciones deben ser adyacentes. Como resultado de este paso del procedimiento se desarrolla la matriz X.

00 00 0 00 0 0 0

x

0 0 0 0 0

1n

n

n

n

12 13 14

23 24 2

34 3

4

g

g

g

g

h h h h j h

g

\ \ \ \

\ \ \

\ \

\=

R

T

SSSSSSSSS

V

X

WWWWWWWWW

Paso 4: Determinar el nivel de importancia relativa de los criterios cuantitativos frente a los criterios cualitativos

Los criterios cuantitativos y los criterios cualitativos no necesariamente deben tener el mismo peso en la evaluación de un esquema de distribución espacial específico, por lo que requieren ser ponderados. En esta investigación, la ponderación o nivel de importancia relativa de los criterios cuantitativos respecto a los cualitativos es identificado con la letra griega alpha (α), y su valor depende de la naturaleza del sistema de producción objeto de estudio.

Al realizar un análisis de la distribución espacial en empresas de manufactura, se recomienda al analista emplear un valor de α superior a 0,5. De esta forma se estaría asignando un mayor peso o importancia relativa a las intensidades de transporte entre los centros de actividad respecto a los criterios de orden cualitativo. Esto se sustenta en la muy razonable idea de que al localizar los centros de actividad de mayor flujo de forma adyacente, se minimizan las distancias recorridas por el objeto de trabajo durante su proceso de transformación, y son precisamente estas actividades de manutención las que junto a las demoras no agregan valor al producto. De tal forma, mientras menor distancia recorra el objeto de trabajo, menor será su tiempo de procesamiento y mayores serán los índices de utilización de la maquinaria. En consecuencia, también la fuerza de trabajo mejoraría su aprovechamiento de la jornada laboral.

Todo lo anterior, impacta positivamente en el aumento de la productividad y en la reducción de los costos totales de producción. No obstante, puede ser que los analistas quieran considerar, dada su importancia, únicamente las intensidades de transporte como condicionante de las relaciones de adyacencia entre los centros de actividad, en cuyo caso α sería igual a la unidad.

En contraposición a los sistemas de manufactura, en los sistemas de servucción, generalmente, el flujo de materiales entre los distintos centros de actividad es irrelevante o inexistente. Así, los criterios cualitativos que justifican las relaciones entre los centros de actividad adquieren un rol preponderante en la decisión de organización espacial. Es muy probable que en este último caso, el analista le asigne a estos criterios una importancia relativa superior, por lo que α tomaría valores inferiores a 0,5, e incluso, en aquellos sistemas donde sólo existe flujo de información entre departamentos, esta ponderación puede estar muy cercana a cero.

Paso 5: Calcular el Índice de Desempeño del Layout (IDL) e interpretar el resultado.

El Índice de Desempeño del Layout (IDL) se calcula mediante la siguiente relación matemática:

(1)IDLIf Ifs

10010$ $a a

=+ -^ h

Donde α representa el nivel de importancia relativa del flujo de trabajo (factor objetivo) respecto a los factores de cercanía subjetivos. Ifo es el Índice de flujo operativo entre los centros de actividad considerados en el estudio e Ifs representa el Índice de las relaciones subjetivas de adyacencia entre los centros de actividad.

El Ifo y el Ifs se formulan como sigue:

(2)T

T xIfo 100

ij

j i

n

i

n

ij ij

j i

n

i

n

11

1

11

1

$

$=

= +=

-

= +=

-

^ h

//

//

sIx

fR

R100

ij

j i

n

i

n

ij ij

j i

n

i

n

11

1

11

1

$

$=

= +=

-

= +=

-

^ h

//

//(3)

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Tij es la intensidad de transporte del objeto de trabajo entre el par de centros de actividad i y j. En el mismo caso, Xij representa el coeficiente binario de adyacencia, y Rij, por su parte, la valoración de los factores subjetivos de cercanía de acuerdo al juicio de expertos.

El Ifo representa el porcentaje del flujo total de materiales que está siendo transportado de forma óptima entre los centros de actividad, pues recorren la menor distancia posible dada su condición de adyacentes (Xij = 1). Su complemento, (1- Ifo), permite cuantificar las reservas de mejora de la distribución espacial actual respecto a la solución óptima ideal, que supone adyacencia entre todos los pares de centros de actividad que tienen un flujo material distinto de cero entre sí (entiéndase óptima, pero no necesariamente factible desde el punto de vista geométrico).

El Ifs, por su parte, representa el nivel de bondad de la distribución actual de acuerdo con las relaciones de adyacencia ideales establecidas por el juicio de los expertos involucrados en el estudio. Este índice es particularmente importante cuando entre los centros de actividad, dada la naturaleza del sistema productivo en cuestión, no existe un flujo material tangible o este es irrelevante. De igual manera, su complemento (1- Ifs) reviste especial importancia, dado que constituye una medida de las reservas de mejora de la distribución espacial relacionada con el comportamiento actual de aquellos factores que no por ser subjetivos dejan de ser relevantes y que pueden impactar negativamente en el logro de la eficacia y la eficiencia de la organización.

El IDL, por su parte, permitirá identificar el posiciona-miento de la distribución espacial bajo análisis, en un intervalo real que toma valores entre cero y uno. Un IDL cercano a cero indicará que el layout se acerca al anti-ideal o escenario más desfavorable, que es aquel donde los centros de actividad están dispuestos de forma caótica en el espacio fabril, sin ningún tipo de relación cualitativa y/o cuantitativa que justifique su adya-cencia o contigüidad. Por su parte, un IDL cercano a la unidad, indicará que el layout se acerca a la mejor distribución espa-cial posible, es decir, a la óptima ideal, que supone adyacencia entre todos los centros de actividad que mantienen flujo de materiales entre sí, o tienen algún otro tipo de relación de natu-raleza cualitativa.

Este posicionamiento entre el layout anti-ideal y el óptimo ideal, permite la identificación de oportunidades de mejora de la distribución en estudio y en consecuencia, reservas de mejora de la productividad del trabajo. Particularmente, si el IDL calculado fuese muy desfavorable (IDL<0.6), la gerencia podría iniciar estudios que permitan la generación de nuevas alternativas

de layout, e implementar aquella variante que cumpla con las restricciones de espacio y de capital, a la vez que mejore el Índice de Desempeño del Layout.

ESTUDIO DE CASO

En este apartado se muestra la aplicación del Índice de Desempeño del Layout propuesto, en un caso real. La empresa pertenece al sector metalmecánico de la ciudad de Guayaquil y se dedica a la construcción de bombas de flujo axial, turbinas, compresores, transportadores de banda y matricería para las empresas procesadoras y envasadoras de camarón de la región costeña del Ecuador.

Mediante entrevistas y observación directa se detectaron los siguientes centros de actividad, los cuales han sido enumerados tal como se presenta a continuación:

1. Taller de prensas

2. Área de pulido

3. Taller de roscado

4. Zona de arenado

5. Taller de fresado

6. Módulo de control numérico computarizado

7. Taller de tornería

8. Área de montaje

9. Área de inspección y embalaje

10. Área de recepción y despacho

11. Oficinas

12. Almacén

Mediante los reportes de operaciones que maneja la organización, se determinaron las intensidades de transporte que se presentaron durante el año 2014 expresadas en toneladas anuales (t/año). Con esta información se desarrolló la matriz T que se presenta a continuación.

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0 0 10,2 0 0 0 15,7 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 31,6 12,8 0 0 0

0 0 0 0 0 13,5 0 5,9 2,3 0 0 0

0 0 0 0 0 23,1 26,5 0 0 0 0 0

0 2,5 1,6 0 0 0 0 4,1 0 0 0 0

0 18,2 0 0 0 0 3,4 12,2 0 0 0 0

0 19,8 8,9 0 6,4 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 30,2 0 0 0

0 1,2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 39,3

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 43,4

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

12,3 0 0 10,8 22,1 33,4 38,7 0 0 0 0 0

t =

Con la matriz T como insumo, aplicando la relación Tji = tij+tji, pudo obtenerse la matriz T, que es la matriz triangular no orientada de las intensidades de transporte totales. La misma que considera el flujo de ida y vuelta, en caso de existir, entre cada par de centros de actividad.

0 0 10,2 0 0 0 15,7 0 0 0 0 12,3

0 0 0 0 2,5 18,2 19,8 31,6 12,8 0 0 0

0 0 0 0 1,6 13,5 8,9 5,9 2,3 0 0 0

0 0 0 0 0 23,1 26,5 0 0 0 0 10,8

0 0 0 0 0 0 6,4 4,1 0 0 0 22,1

0 0 0 0 0 0 3,4 12,2 0 0 0 33,4

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 38,7

0 0 0 0 0 0 0 0 30,2 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 39,3

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 43,4

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

T =

A continuación se hizo una selección de ocho expertos, todos trabajadores de la organización y con más de cinco años de experiencia. Esto permitió asegurar que la totalidad de candidatos conocieran a fondo los procesos que tienen lugar en la empresa. A partir de sus valoraciones acerca de las relaciones cualitativas de adyacencia ideales entre cada par de centros de actividad se obtuvo la matriz R.

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0 0 5 0 0 0 5 0 0 0 -10 2

0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 -10 0

0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 -10 2

0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 -10 5

0 0 0 0 0 0 10 5 0 0 0 5

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -10 5

0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 2 10

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 10

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

R =

Un resumen del proceso de obtención de las relaciones cualitativas de adyacencia ideales mediante el juicio de los expertos puede observarse en la Tabla 1. En este caso, para facilitar la representación, se excluyen las relaciones de importancia tipo D (indiferente) que determinan coeficientes Rij = 0.

Tabla 1. Resumen del proceso de obtención de las relaciones cualitativas de adyacencia mediante el juicio de expertos

Centros de actividad

Relaciones ideales de adyacenciaModa Rij Justificación

i j E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

1 3 I I E O E I I I I 5 Facilitar la supervisión

1 7 O I I I O I I I I 5 Comparten personal común

1 11 N N N N N N N N N -10 Alto nivel de ruido

1 12 I O O I O O O I O 2 Reducir traslado de materia prima pesada

2 5 O O O O I I I O O 2 Facilitar la supervisión

2 11 N N N D N D N N N -10 Alto nivel de ruido

3 6 O I I I O O I D I 5 Facilitar la supervisión

3 8 D O O O D D O O O 2 Comparten personal común

4 6 O I I O I I I I I 5 Facilitar la supervisión

4 7 I O I I I O I I I 5 Comparten personal común

4 11 N N N N D N N D N -10 Aire enrarecido (polvos)

4 12 D O I O O O D O O 2 Aire enrarecido (polvos)

5 6 O O O D D O D O O 2 Facilitar la supervisión

5 11 D N N N N N N N N -10Ruido y posible proyección de virutas o limallas

5 12 O I I I O I I I I 5 Facilitar control de trabajo en proceso

(continua)

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Tabla 1. Resumen del proceso de obtención de las relaciones cualitativas de adyacencia mediante el juicio de expertos

Centros de actividad

Relaciones ideales de adyacenciaModa Rij Justificación

i j E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8

6 7 E I E E E I E E E 10 Comparten personal común

6 8 I E I I I I I O I 5 Actividades con flujo directo

6 12 I E O I I O I I I 5 Facilitar control de trabajo en proceso

7 11 N D N N N D N N N -10Ruido y posible proyección de virutas o limallas

7 12 O O I O O I O I I 5 Facilitar control de trabajo en proceso

8 9 E E E I I E E E E 10 Actividades con flujo directo

9 10 I E I E E E I E E 10 Agilizar el despacho

9 11 O O O D O O D D O 2 Bajo nivel de ruido

9 12 E E E I E E I E E 10 Agilizar estiba a bodega y facilitar el control

10 11 O I I O I O I I I 5 Comparten personal común

10 12 I E E E E E I E E 10Facilitar el control de la recepción y el despacho

11 12 O O D O O D D O O 2Facilitar la recepción de materiales y su control

La matriz X se obtuvo mediante observación directa, y representa las relaciones de adyacencia entre los centros de actividad de acuerdo a la distribución espacial actual.

0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 1 0

0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0

0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0 1

0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0

0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0

0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

X =

Una vez realizados los cálculos, considerando una importancia relativa del flujo de trabajo sobre los factores cualitativos del 75% (α = 0,75), el índice de flujo operativo obtuvo un valor de 39,38%. Esto implica que el flujo de trabajo

en la distribución espacial actual está muy alejado del escenario óptimo, específicamente en un 60,62%. El layout actual no cumple con el principio de circulación ni el de la mínima distancia recorrida posible, por lo que admite mejoras.

El Ifs obtuvo un valor de 68,75%. De ahí se interpreta que el layout actual también está alejado de la variante de ordenamiento espacial ideal establecida por el juicio de los expertos. Al comparar este valor con el del Ifo, puede deducirse que la distribución espacial actual está sobreestimando el comportamiento de los factores cualitativos respecto al flujo del objeto de trabajo, aun cuando el nivel de importancia relativa de este último es tres veces mayor (α = 0,75), por tener una mayor contribución a la reducción de costos e impactar en mayor medida sobre el mejoramiento de la productividad del trabajo.

Los valores obtenidos por el Ifo y el Ifs hacen que el IDL esté muy bajo (IDL = 46,72%), lo cual significa que el sistema productivo objeto de estudio tiene unas reservas de mejora de su layout del 53,28% (1-IDL×100 = 53,28%). Ante esta situación, una redistribución espacial es inminente para optimizar el tiempo de fabricación y los costos, aumentar la productividad y contribuir a la competitividad de la organización. Es importante que en la redistribución a realizar se prioricen aquellos cambios que impacten positivamente en el índice de desempeño, siempre que lo permitan las restricciones de espacio y de capital.

(continuación)

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DISCUSIÓN

En la generación y evaluación de alternativas de layout mediante el SLP (Muther, 1961), criterios cuantitativos como el flujo de materiales tienen el mismo tratamiento que los criterios de naturaleza cualitativa. Ambos tipos de factores, necesarios al intentar justificar el nivel de cercanía entre centros de actividad, son medidos con la misma escala ordinal, donde A = Absolutamente necesaria, E = Especialmente importante, I = Importante, O = Ordinariamente importante, U = No importante y X = Indeseable.

Por otra parte, AHP, que es una de las herramientas de decisión multicriterio más utilizadas en la evaluación de alternativas de layout, utiliza la misma escala de nueve puntos para las valoraciones de importancia de ambos tipos de criterios, lo cual hace difícil clasificar particularmente a los criterios de tipo cuantitativo. Por su parte, el indicador propuesto en este estudio (IDL) discrimina ambos tipos de criterios y permite al proyectista decidir cuál de ellos debe tener una mayor repercusión en la decisión final mediante el coeficiente α, que representa el nivel de importancia relativa de los criterios objetivos respecto a los subjetivos.

En la literatura, la evaluación de layouts ha sido abordada de forma frecuente mediante métodos de decisión multicriterio (Arunkumar, Barnabas, Kumar, & Kamatchi, 2012; Emami & Nookabadi, 2013; Gao et al., 2010; Nagapak & Phruksaphanrat, 2011; Önüt et al., 2008; Shahin & Poormostafa, 2011; Tortorella & Fogliatto, 2008; Yang & Deuse, 2012; Yang, Deuse, & Jiang, 2013; Yang & Kuo, 2003; Yang et al., 2000). Sin embargo, tales métodos ofrecen únicamente medidas relativas que solo tienen sentido si se comparan varias alternativas, por tanto, no son de utilidad para evaluar el desempeño del layout actual de una planta industrial, o lo que es lo mismo, no permiten diagnosticar la necesidad de una redistribución.

Solo Neumann y Fogliatto (2013) propusieron un índice para la evaluación del layout existente, al que denominaron IGFL. Esta herramienta se enfoca en la medición de la flexibilidad del layout y permite identificar sus oportunidades de mejora. Sin embargo, emplea un conjunto excesivo de factores de evaluación (tres factores primarios, 12 secundarios, 33 terciarios y 50 indicadores) que al decir de sus propios autores no pueden ser cambiados por el analista. Tampoco es aconsejado por estos autores el cambio de las intensidades de relacionamiento entre los factores terciarios y los indicadores. Además, la totalidad de factores bajo análisis no necesariamente son relevantes o aplicables a cualquier sistema de producción fabril. Incluso aquellos factores terciarios relacionados con el flujo de materiales son tratados cualitativamente, desaprovechando la magnitud del flujo de producción que transita a lo largo de todo el sistema de producción.

El IDL, por su parte, permite evaluar el desempeño de la distribución espacial actual de una planta existente, con una

distribución espacial óptima ideal (no necesariamente factible desde el punto de vista geométrico), que considera adyacencia entre todos aquellos centros de actividad que tienen flujo material entre sí (medido cuantitativamente) y que, a su vez, satisfacen criterios cualitativos relevantes establecidos mediante el juicio de expertos. Tales criterios cualitativos varían de acuerdo al sistema de producción considerado y al nivel de conocimiento de los expertos acerca de los procesos y las operaciones que se desarrollan en la organización. Como resultado, el IDL permite conocer el posicionamiento del layout bajo análisis, en un intervalo real que parte de la situación más desfavorable (layout anti-ideal, donde IDL = 0) hasta la mejor organización espacial posible (layout óptimo ideal, donde IDL = 1), permitiendo la identificación de oportunidades de mejora. Incluso el IDL podría utilizarse también como un método de evaluación alternativo a los referenciados en la literatura, para la evaluación y selección de la mejor distribución espacial entre un grupo de alternativas obtenidas mediante cualquier método de generación de layouts.

Un valor de IDL inferior a 0,6 es un indicativo de la necesidad de una redistribución espacial de la planta objeto de estudio, pues evidentemente las actividades con mayor flujo de materiales no están lo más próximas posible (incumpliendo el principio de la mínima distancia recorrida), ni alineadas de acuerdo a la secuencia con la que se tratan, elaboran o montan los materiales (principio de la circulación). De tal manera, puede afirmarse que el Índice de Desempeño del Layout aquí desarrollado puede sustentar la toma de decisiones relativas al reordenamiento o redistribución espacial de los centros de actividad de una organización, permitiendo la priorización de aquellos ajustes que involucren menores desembolsos de dinero y que tengan un mayor impacto positivo en la productividad del sistema.

Es importante destacar que esta investigación no cubre la determinación de las oportunidades de mejora de la organización espacial de los factores productivos a nivel de detalle dentro de cada centro de actividad, quedando pendiente dicho análisis para futuras investigaciones.

CONCLUSIONES

Esta investigación presentó el procedimiento para el cálculo de un Índice de Desempeño del Layout (IDL) que permite evaluar el desempeño de la distribución espacial de sistemas de producción e identificar sus reservas de mejora. Dicho indicador, en esencia, permite determinar el posicionamiento del layout bajo análisis entre el escenario ideal y anti-ideal, basado en el comportamiento simultáneo de factores cuantitativos y cualitativos de acuerdo al contexto práctico específico del sistema productivo considerado.

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ISSN 0034-7590

AUTOR | Pablo Alberto Pérez Gosende

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Su aplicación como caso de estudio en una empresa del sector metalmecánico permitió identificar reservas de mejora de la distribución espacial del 53,28%. Este resultado sustenta la necesidad inminente de una redistribución espacial de la planta objeto de estudio, pues el layout actual está más cercano al escenario anti-ideal que al óptimo ideal.

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ARTÍCULOS | Evaluación de la distribución espacial de plantas industriales mediante un índice de desempeño

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ISSN 0034-7590 © RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 547-577

GERALDO CARDOSO OLIVEIRA [email protected] at Universidade Nove de Julho, Programa de Mestrado em Engenharia de Produção – São Paulo – SP, Brazil

FÁBIO YTOSHI [email protected] at Universidade Nove de Julho, Programa de Mestrado Profissional em Administração – Gestão Ambiental e Sustentabilidade – São Paulo – SP, Brazil

MOACIR GODINHO [email protected] at Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Engenharia da Produção – São Carlos – SP, Brazil

ARTICLESSubmitted 11.19.2015. Approved 03.31.2016Evaluated by double blind review process. Scientific Editor: Antônio Domingos Padula

THE STATE OF RESEARCH ON CLEANER PRODUCTION IN BRAZILO estado da pesquisa sobre produção mais limpa no Brasil

El estado de la investigación sobre producción más limpia en Brasil

ABSTRACTThe application of cleaner production (CP) practices in companies is not commonplace in Brazil. Moreover, there are significant difficulties in establishing partnerships among universities, com-panies, and the government. However, an increase in the number of companies concerned about the impacts of industrial activities on the environment has enabled the development of CP research. Hence, using a literature review and a bibliometric analysis to quantify the scientific production of CP, published in a congress promoted by the Journal of Cleaner Production in Brazil, and an analysis of social networks using UCINET-Draw, this study contributes to the current state of CP research in Brazil. Despite remarkable developments, shareholders and entrepreneurs still lack knowledge about the subsidies/funds to implement CP made available by the government, which would improve the imple-mentation of CP practices. Moreover, university research programs may help companies to generate innovations in this field. This study is one of the first to review CP practices in Brazil, and proposes a framework to promote CP practices in Brazil.KEYWORDS | Cleaner production, bibliometric analysis, UCINET-Draw, sustainable production and consumption, participation of universities, enterprises, and governments in research.

RESUMOA aplicação da produção mais limpa (PML) em empresas não é prática comum no Brasil. Além disso, há dificuldades significativas para o estabelecimento de parcerias entre universidades, empresas e o governo. Entretanto, um aumento no número de empresas preocupadas com os impactos das atividades industriais no meio-ambiente tem permitido o desenvolvimento de pesquisas sobre PML. Assim, utilizando uma revisão de literatura e uma análise bibliométrica para quantificar a produção científica sobre PML, publicadas em um congresso promovido pelo Journal of Cleaner Production no Brasil, e uma análise de redes sociais, com a utilização do UCINET-Draw, este estudo contribui para o estado atual da pesquisa sobre PML no Brasil. Apesar de notáveis avanços, ainda falta aos acionis-tas e empreendedores conhecimento sobre os subsídios/fundos disponibilizados pelo governo para a implementação da PML, os quais melhorariam a implementação de práticas de PML. Além disso, programas de pesquisa universitária podem ajudar as empresas a gerar inovações neste campo. Este estudo é um dos primeiros a revisar práticas de PML no Brasil, e propõe uma estrutura para promover práticas de PML no Brasil.PALAVRAS-CHAVE | Produção mais limpa, análise bibliométrica, UCINET-Draw, produção e consumo sustentáveis, participação de universidades, empresas e governos em pesquisas.

RESUMENLa aplicación de prácticas de producción más limpia (CP) en compañías no es habitual en Brasil. Además, existen dificultades significativas para establecer alianzas entre universidades, compañías y el gobierno. Sin embargo, un aumento de la cantidad de compañías preocupadas con los impactos de las actividades industriales en el medio ambiente ha permitido el desarrollo de la investigación de CP. Por consiguiente, usando una revisión bibliográfica y un análisis bibliométrico para cuantificar la pro-ducción científica de CP, publicados en un congreso promovido por el Journal of Cleaner Production en Brasil, y un análisis de las redes sociales utilizando UCINET-Draw, el presente estudio contribuye al estado actual de la investigación de CP en Brasil. A pesar de los notables acontecimientos, a los accionistas y emprendedores aún les falta conocimiento sobre los subsidios/fondos para implemen-tar CP ofrecidos por el gobierno, lo que mejoraría la implementación de prácticas de CP. Además, los programas universitarios de investigación pueden ayudar a las compañías a generar innovaciones en este campo. Este estudio es uno de los primeros en reseñas prácticas de CP en Brasil y propone un marco para promover las prácticas de CP en Brasil.PALABRAS CLAVE | Producción más limpia, análisis bibliométrico, UCINET-Draw, producción y con-sumo sostenibles, participación de universidades, empresas y gobiernos en investigación.

RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160508

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ARTICLES | The state of research on cleaner production in Brazil

© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 547-577

INTRODUCTION

Intense global competition and a rapidly changing business environment have encouraged enterprises to search for new ways to obtain a competitive advantage. Moreover, in order to minimize the impacts on the environment, many companies have changed their production processes, which has made research on cleaner production (CP) possible.

According to The United Nations Environment Programme, CP is defined as the continuous application of an integrated preventative environmental strategy to processes, products, and services to increase efficiency and reduce risks to humans and the environment (UNIDO, 2015).

This concept emerged in response to the need to disseminate information on sustainable development to enterprises, government agencies, and the academic community so that the impact of industrial activities on ecosystems could be understood and minimized. This understanding aids the identification and resolution of the problem of wasted raw materials in manufacturing processes. CP must be included in manufacturing processes in order to reduce emissions and to promote the use of resources in an eco-efficient manner (Glavič & Lukman, 2007).

CP was initially introduced in Brazil in 1995 through the creation of the National Center for Clean Technologies (CNTL). The Brazilian Network subsequently supported the Center in order for CP work centers to be installed in all Brazilian states (Pereira & Sant’Anna, 2012).

CP analyzes aspects related to the operation of a business and identifies opportunities for improvement, in terms of both economic and environmental performance (Khan, 2008).

Works that use bibliometric, meta-analyses, content analyses, and systematic reviews related to CP stakeholders include methanol production, sustainable development, similarities and differences in the concept of CP, carbon dioxide reuse in the production of leather, and barriers and CP strategies. Staniskis (2012) conducted analysis in different cases of researches carried out in Austria, Bulgaria, Estonia, Lithuania and Spain, denoting that the best results can be achieved when all stakeholders work together to implement sustainable production and consumption. However, seeking stakeholder’s cooperation in environmental and economic practices is a challenge.

Riaz, Zahedi, and Klemes (2013) reviewed how CP is used in the methanol production process. The main purpose was to highlight the problems associated with the production of methanol, as well as to comply with the efforts of scientists and researchers to overcome these problems using modeling and optimization. Furthermore, they discussed the environmental

benefits of methanol in reducing carbon dioxide (CO2). Their findings indicate that methanol can increase consumption when mixed with fuel gas. Fluidized bed reactors, membrane reactors, and thermally coupled reactors are more viable, and have the potential to contribute to CP.

Karatzoglou (2013) compiled a literature review of education for sustainable development from articles published between 2003 and 2011. The results showed that CP is an excellent strategy for sustainable development. The most relevant journals were the Journal of Sustainability in Higher Education and the Journal of Cleaner Production, which included case studies.

Sangwan and Mittal (2015) reviewed green manufacturing and similar structures in order to trace the origin, definitions, scope, similarities, and differences of green manufacturing; environmentally conscious manufacturing; environmentally responsible manufacturing; environmentally benign manufacturing; sustainable manufacturing; clean manufacturing; cleaner production; and sustainable production with reference to the triple bottom line, product life cycle engineering, the systems approach, resource and energy efficiency, supply chains, and pollution prevention. Their results showed the need for standardization, because the aforementioned terms are not used consistently as concepts. In general, these terms focus on the life cycle, formulating end-of-life strategies, including the overall supply chain, and integrating environmental improvement strategies with business strategies.

Deng, Chen, Huang, Hu, and Chen (2015) reviewed carbon dioxide deliming in leather production, and proposed reusing carbon dioxide by means of available absorption and desorption technologies, which reduces occupational safety risks, regenerates new resources, and leads to CP. Moreover, they give an overview of the fundamentals, process optimization, occupational safety, and possible ways forward for carbon dioxide deliming in leather, and provide useful information to researchers and engineers in this field. Then, Hu and Deng (2016) conducted a literature review on the application of supercritical carbon dioxide in leather processing, and found opportunities to use carbon dioxide as a potential alternative solution for the CP of leather.

Vieira and Amaral (2016) conducted a survey to identify why CP is not widely adopted based on a systematic review of 37 articles distributed between 1994 and 2014. Their findings showed that regulations need to be more than simply a legal requirement, and must be seen as an opportunity for improvement. In addition, they identified characteristics that must be emphasized in methodologies and tools that can help in the execution of CP programs. These characteristics are related to culture, policies, methodologies adopted, education, and a lack of social pressure. It is necessary to promote the dissemination of knowledge and

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AUTHORS | Geraldo Cardoso Oliveira Neto | Fábio Ytoshi Shibao | Moacir Godinho Filho

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commitment within the entire chain of businesses, academics, governments, and the community.

Chang, Wu, Qiao, and Zhang (2015) used a spatial and temporal analysis to show the geographical characteristics, regional differences, time variations, and industry allocations of CP development in China. In addition, they emphasized the implementation of CP in various industries to further demonstrate the regional characteristics of CP development in China. Finally, they proposed suggestions to promote the use of CP management systems for future CP development in China. The above findings indicate many deficiencies and gaps. With regard to the gaps, possible actions and measures include the following. First, to perfect the institutional system, it is necessary to institute supporting and supplemental regulations and policies in order to enhance the pertinence, compulsion, and enforceability of laws and provisions and to increase the applicability of CP to industries. In addition, it is highly recommended that CP be integrated with environmental management. Second, to improve administrative management, it is necessary to refine the scope of work for government agencies and to establish collaborative procedures and coordinating mechanisms between government departments, such as the environmental protection bureau, the competent authority of the industrial sector, and funding management agencies. Third, to expand China’s funding sources, it is necessary to institute policies that encourage the use of CP, including emission reduction incentives, CP subsidies, tax exemptions and reductions, and bank financing. Fourth, it is necessary to improve the technical capacity, including regular training sessions, annual performance evaluations, and the development of a professional qualification certificate system. It is also necessary to regularly compile and publish reports on CP case analyses in order to facilitate the dissemination of knowledge and technologies. Fifth, to enhance system acceptance, it is important to develop personnel so that they may qualify as experts. Moreover, it is crucial to constantly promulgate updated technical guidelines for industrial sectors in order to direct CP implementations. Sixth, to increase the number of research projects, it is necessary to increase the funding for such projects, including regulations, policies, institutions, methodologies, and technical guidelines. Furthermore, public participation needs to be promoted to develop a platform of information disclosure to broadcast new laws, regulations, and provisions in a timely manner, as well as to share experiences. Therefore, although CP development in China is generally increasing, there are clear geographically significant differences across regions, with considerable disparity in industrial allocation, especially for key enterprises, owing to government initiatives. Thus, it

would beneficial to CP development in China if regionalized CP management systems were established and operated based on key geographical features, regional differences, and allocations among the various industries.

We were not able to find any literature that promotes improvements in the state of CP research in Brazil. Our results enable us to discuss the current state of such research in Brazil, and to suggest ways in which it can be improved and to present the possible consequences of making such changes. Therefore, this study serves as a guide for future Brazilian research on this topic.

The Journal of Cleaner Production (JCP) has published many articles on CP (Karatzoglou, 2013). Moreover, it promotes and assists various workshops around the world to develop CP research. Another relevant aspect is that, every two years, the journal conducts the International Workshop on Advances in Cleaner Production (IWACP), in which the JCP chief editor launches a special volume to boost national and international submissions for the journal.

Thus, the research question addressed in the present research is as follows: How do we improve the state of CP research in Brazil?

Based on this question, this research aims to achieve the following objectives:

• To identify the main thematic research on CP in Brazil

• To identify the most used research methods when investigating CP in Brazil

• To identify which business segments have adopted CP in Brazil

• To understand the relationship among universities, the government, and enterprises in terms of CP research in Brazil.

This article is organized as follows. Next sections present the research procedures, our results and analysis, and the discussion of the results. Last section concludes the article.

Research procedures

The research procedure consists of a bibliometric analysis to quantify the scientific production (Cooper & Lindsay, 1998). According to Pilkington and Meredith (2009) and Hassan, Haddawy, and Zhu (2013), a bibliometric analysis is relevant to indicating directions and strategies for future studies.

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ARTICLES | The state of research on cleaner production in Brazil

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Data collection

First, we perform a literature review of bibliometric studies and bibliometric reviews on the research topic of the present study. In this phase, “ProQuest,” “EBSCO,” “JSTOR,” and “Google Scholar” were researched for the period April 2013 to July 2013. The researched articles included the following keywords (in the title, keywords, or abstract): “bibliometric” and “cleaner production,” “bibliometric” and “environmental,” “bibliometric” and “sustainable production” and “bibliometric” and “sustainable manufacturing.” Based on this search, we identified 42 articles from which the constructs of the present study could be proposed, as follows: the main thematics; business segments studied; research methods employed; and author affiliations, which can be specified as university, government, enterprise, or country.

Next, 512 articles published on the proceedings of the JCP congress of 2007, 2009, 2011, and 2013 were identified. A systematic analysis of the content of these papers was performed to identify their research constructs and to codify the data in a Microsoft Excel spreadsheet. The content analysis performed in this study is a source document that represents the content of these documents for the inference of knowledge through a set of operations (codification, categorization) (Bardin, 1986). The document analysis of the 512 articles lasted approximately 10 months, after which the data were codified and extracted from the articles and categorized based on the constructs. Data collection was performed and conferred upon by three researchers in an independent manner to minimize errors and prejudice (Hayes & Krippendorff, 2007).

Building the basis of our constructs: Bibliometric stu-dies found in literature

For this study, we identified 42 articles that performed bibliometric studies in the environmental area. The main goal of this review was to select the basis for the constructs of the present study. The variables were chosen because they were found in the 42 articles related to bibliometric CP studies.

Of the 42 papers, 20 are based on thematics, in which publications are evaluated based on the primary subject of the articles. According to Leonidou and Leonidou (2011), the analysis of thematics seeks to identify the primary subjects, making it possible to suggest directions for future studies and to assess the knowledge of a specific thematic (Barrios, Borrego, Vilaginés, Ollé, & Somoza, 2008). The subjects studied by the authors included the following: technology, knowledge, science, and evolution and policy (Radosevic, 2008); competitive advantage and sustainable supply chains (Brito & Berardi, 2010); green

supply chains (Brito & Berardi, 2010; Jung, 2011; Rocha, Rocha, Rosa, Camargo, Zamberlan, & Gomes, 2013); sustainability (Avila, Madruga, Zamberlan, & Barros, 2013; Rocha et al., 2013); environmental management (Leonidou & Leonidou, 2011); sustainable innovation (Kneipp, Rosa, Bichueti, Madruga, & Schuch, 2011); design processes and design cognition (Chai & Xiao, 2012); environmental disclosure and environmental accounting (Rosa, Ensslin, Ensslin, & Lunkes, 2012a); and water (Avila et al., 2013).

An analysis of universities identified the teaching institutions affiliated with the authors published in the events, congresses, and conferences, as well as their relationships. According to Du, Wei, Brown, Wang, and Shi, (2013), an analysis of universities identifies the teaching institutions that produced the most articles per country on a specific thematic. Yarime, Takeda, and Kajikawa (2010) comment that various attempts have been initiated to create global systems of research collaboration among universities in order to improve the quality of studies. The country analysis seeks to identify the origins of the universities affiliated with the published authors. According to Machado, Manfrin, Lima, Silva, and Maciel (2012), a country analysis consists of identifying the geographic locations of the universities through the author affiliations. Yarime et al. (2010) note that an analysis of countries includes international collaborations within a specific thematic, which can be effective for sharing existing regional knowledge. In general, the works studied from this perspective, associated universities with analyses by country.

The results showed that an article addressing the thematic of eco-design analyzed 2,978 publications, and that the Delft University of Technology was the most prolific, with 85 publications (Boks, Stevels, & Koster, 2001). A study on sustainable development identified 304 different universities in 53 countries, with an emphasis on 16 universities: 12 located in the United States, 2 in Canada, 1 in England, and 1 in Australia (Wright & Pullen, 2007). Another study on research technology, knowledge, science, and evolution and policy identified the degree of concentration of these articles as 35% in universities in the United States, and 20% in universities in developing countries (Radosevic, 2008). When addressing sustainability, US universities published 27%, and UK universities published 11% (Yarime et al., 2010).

In analyzing the assessment of the environmental impact, it was observed that there was a significant increase in the number of publications, from five articles in 1973 to 250 in 2009 (Yanhua, Song, Hongyan, & Beibei, 2011). With regard to sustainable innovation, the United States published the most articles (236), and Sweden published the least (33). From this, we inferred that the institutions that published the most are found in

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countries that invest in research (Kneipp et al., 2011). With regard to sustainability, renewable energy, and the environment, it was observed that 40 universities produced more than 50 articles, with The Technical University of Denmark being the most productive (Romo-Fernandez, Guerrero-Bote, & Moya-Anegon, 2012). The article identified the United States (30%) and the UK (20%) as the countries that published the most, and Asia (10%) and Oceania (10%) as the regions that published the least (Chai & Xiao, 2012).

With regard to environmental disclosure, it was observed that the University of the Witwatersrand (47) published the most, and the University of Western Ontario (14) published the least, while the United States (560) published the most and Iran (29) published the least (Rosa et al., 2012a). A study on performance measurement identified that the United States (66) published the most articles, and Italy (8) published the least (Taticchi, Tonelli, & Pasqualino, 2013). With regard to green supply chain management, the University Kassel (9) published the most articles, and Dalian University Technology (4) published the least. Then, the country with the most publications was the United States (81), while Brazil (7) had the fewest publications (Rocha et al., 2013). With regard to water, it was found that the Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO) (154) was the university with the most publications, while Cornell University (34) was 25 in the list. Here, the United States (1,234) published the most articles, followed by Australia (532) (Avila et al., 2013).

Finally, with regard to energy efficiency, the University of California, Berkeley, USA (142), published the most articles, while Oak Ridge National Lab, USA (32), published the least. Of the universities that published the most articles, two were American, six were Asian, one was European and one was Brazilian. Furthermore, the United States (1,799) published the most articles, and Italy (201) published the least (Du et al., 2013).

In the studied works, seven bibliometric studies that analyzed the research methods used in the publications were identified. The analysis of the publication methods enables us to rank the methodological procedures used and to conduct a relational analysis. According to Leonidou and Leonidou (2011), the method of analysis consists of evaluating whether the studies showed greater consistency in their results. The articles were on the thematics of environmental management (Leonidou & Leonidou, 2011), life cycle analyses (Costa & Boente, 2012), and sustainability operation management (Machado et al., 2012). For the thematics, a greater use of exploratory research and a low incidence of literature reviews were found. With regard to the thematics of corporate social responsibility (Bakker, Groenewegen, & Hond, 2005) and environmental accounting (Rosa et al., 2012b), the most common method was the literature

review, while descriptive studies were least common. For the thematic of ecological economics, a trend toward empirical methods (42%) was noted (Silva & Teixeira, 2011). For the thematic of responsible procurement, quantitative research was the most used method (35.10%), and descriptive studies were the least used (4.8%) (Hoejmose & Adrien-Kirby, 2012).

Of the researched studies, five bibliometric studies analyzed government agencies. A bibliometric analysis of government agencies seeks to identify participation and the relationships in articles published by entities of the government in congresses, conferences, and so on. The analysis of government agencies in bibliometric studies permits the identification of government participation in sustainability practices (Romo-Fernandez et al., 2012). The articles showed that government agencies published more than universities when studies published in the primary congresses were considered (Boks et al., 2001). With regard to technology, knowledge, science, and evolution and policy, the results of government policies were limited when there were no organizers in the university, enterprise, and government relationships (Radosevic, 2008). For sustainability, renewable energy, and the environment, 22% articles were published by government agencies (Romo-Fernandez et al., 2012).

Four bibliometric studies on business constructs were identified. Bibliometric analyses that focus on business seek to identify the participation of companies in research and their relationships in articles published in congresses, conferences, and so on. According to Boks et al. (2001), the participation of enterprises in scientific articles in the environmental area consists of evaluating whether the enterprises are promoting and allowing research on sustainability practices in production. The articles mention eco-design, which refers to enterprises that produce their own publications (6%) (Boks et al., 2001). With regard to technology, knowledge, science, and evolution and policy, this method identified that innovation is successful when enterprises participate in research (Radosevic, 2008). With regard to the green supply chain, the regulatory pressure of the market is the predominant focus in the relationship between the enterprise and stakeholders (41%), followed by the objectives of improving the economic and environmental performance (30%) (Brito & Berardi, 2010).

Only one study that performed a bibliometric study of business segments of enterprises was identified. According to Rocha et al. (2012b), analyses of the business segments of enterprises consists of understanding which business segments participated in studies in published articles, for example, when sustainability is studied in the mining industry segment.

Exhibit 1 shows the constructs used in the bibliometric studies found in the literature.

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Exhibit 1. Bibliometric reviews found in the present study

Authors Title ScopeConstructs

ThematicsResearch methods

Business segments

University Enterprise GovernmentsCountry analisys

Boks et al. (2001)

The impact of literature references in the field of applied ecodesign

Ecodesign X X X X

Bakker et al. (2005)

A bibliometric analysis of 30 years of research and theory on corporate social responsibility and corporate social performance

Corporate social responsibility

X

Wright & Pullen (2007)

Examining the literature: A bibliometric study of ESD journal articles in the education resources information center database

Sustainable development

X X

Lopez (2008)

A tailored method for eco-innovation strategies and drivers (in the South)

Eco innovation

Radosevic (2008)

A review of a literature on innovation, with a focus on policy and instiitutional implications

Technology, knowledge, science and

policy

X X X X X

Yin (2009)

Bibliometric analysis of journal articles published by Southeast Asian chemical engineering researchers

Chemical engineering researchers,

Journal studies

X X X

Brito & Berardi (2010)

Competitive advantage in supply chain sustainable management: A meta study

Green supply chain, Sustainable supply chain

X X

Velter et al. (2010)

The study of sustainability in administration: A survey of the “hot topics” published in the last decade

Sustainability X

(continue)

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Exhibit 1. Bibliometric reviews found in the present study

Authors Title ScopeConstructs

ThematicsResearch methods

Business segments

University Enterprise GovernmentsCountry analisys

Yarime et al. (2010)

Towards institutional analysis of sustainability science: A quantitative examination of the patterns of research collaboration

Sustainability X X

Banchieri et al. (2011)

What has been said, and what remains to be said, about the balanced scorecard?

Balanced scorecard

Jung (2011)

A bibliometric analysis on green supply chain management: A preliminary result

Green supply chain

Kneipp et al. (2011)

Emergency of the sustainable innovation thematic: An analysis of sicentific production through Web of Science base

Innovation Sustentabilidade

X X X

Leonidou & Leonidou

(2011)

Research into environmental marketing/management: A bibliographic analysis

Environmental management

X X

Manfrin et al. (2011)

Sustainability: The evolution of the theme in operations management - a literature review

Sustainability, Operations

Management, Social Networks

X

Pereira et al. (2011)

Socio-environmental sustainability: A bibliometric study on the evolution of the concept in the area of operations management

Sustentaibility X

Romo-Fernandez

et al. (2011)

Analysis of Europe’s scientific production on renewable energies

Renewable energy, Europe

X X

Silva & Teixeira (2011)

A bibliometric account of the evolution of EE in the last two decades Is ecological economics (becoming) a post-normal science?

Ecological economics

X X

(continuation)

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Exhibit 1. Bibliometric reviews found in the present study

Authors Title ScopeConstructs

ThematicsResearch methods

Business segments

University Enterprise GovernmentsCountry analisys

Yanhua et al. (2011)

Global environmental impact assessment research trends (1973-2009)

Environmental impact

assessment (EIA)X X

Assefa & Rorissa (2012)

A bibliometric mapping of the structure of STEM education using co-word analysis

Science education

Chai & Xiao (2012)

Understanding design research: A bibliometric analysis of Design Studies (1996 e 2010)

Design studies X X X

Costa & Boente (2012)

Analysis of the characteristic of the brazilian papers on the life cycle between 2000 and 2011

Life Cycle X

Dassisti (2012)

Sustainable manufacturing as a game: A proposal of framework

Sustainability

Hoejmose & Adrien-

Kirby (2012)

Socially and environmentally responsible procurement: A literature review and future research agenda of a managerial issue in the

Responsible procurement,

Corporate social responsibility

X X X

Machado et al. (2012)

Sustainability operations management: An overview of research trends

Operations management, Sustainability

X X X

Poser et al. (2012)

Shades of green: Using computer-aided qualitative data analysis to explore different aspects of corporate environmental performance

Corporate environmental performance

Ramirez & Restrepo

(2012)

Scientific research analysis of sectoral innovation systems

Innovation systems

(continuation)

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Exhibit 1. Bibliometric reviews found in the present study

Authors Title ScopeConstructs

ThematicsResearch methods

Business segments

University Enterprise GovernmentsCountry analisys

Rocha et al. (2012a)

Electronic waste: A survey of scientific production and hot topics published in the Web of Science database in the last decade

Electronic waste X X

Rocha et al. (2012b)

Management for sustainability in the mineral industry: A survey of scientific production and hot topics published in the last decade

Mining industry X X

Romo-Fernandez

et al. (2012)

World scientific production on renewable energy, sustainability and the environment

Renewable energy

X X X

Rosa et al. (2012a)

Environmental disclosure management: A constructivist case

Environmental disclosure

X X X

Rosa et al. (2012b)

Environmental accounting in Spain: A structured process of review and theoretical reference analysis environmental accounting

Environmental accounting

X

Schiederig et al. (2012)

Green innovation in technology and innovation management – An exploratory literature review

Environmental innovation,

Sustainable innovation

X

Avila et al. (2013)

Water and sustainability: A survey of scientific production and hot topics published in the last decade

Water, Sustainability

X X X

Battistella et al. (2013)

The study of sustainability in administration: A research of the hot topics published in the last decade

Sustainable development

X

(continuation)

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Exhibit 1. Bibliometric reviews found in the present study

Authors Title ScopeConstructs

ThematicsResearch methods

Business segments

University Enterprise GovernmentsCountry analisys

Buter & Van Raan (2013)

Identification and analysis of the highly cited knowledge base of sustainability science

Sustainability science

X

Du et al. (2013)

A bibliometric analysis of recent energy efficiency literatures: an expanding and shifting focus

Energy efficiency X X

Lu & Liu (2013)

The knowledge diffusion paths of corporate social responsibility – From 1970 to 2011

Corporate social responsibility

Rocha et al. (2013)

Supply chain management and sustainability: A bibliometric study of scientific production in the Web of Science database

Supply chain management, Sustainability

X X X

Santos & Carneiro

(2013)

Organizational innovation and performance: A study of scientific publications from the Web of Knowledge database

Sustanaible Innovation

X

Schaltegger et al. (2013)

Is environmental management accounting a discipline? A bibliometric literature review

Environmental management accounting

X X

Taticchi et al. (2013)

Performance measurement of sustainable supply chains: A literature review and a research agenda

Performance measurement,

Sustainable suply chains

X X

Vaughter et al. (2013)

Greening the Ivory Tower: A review of educational research on rustainability in post-secondary education

Sustainability, Education

X X

(continuation)

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Data analysis

Following the data codification, the data extracted from the articles through lexical means were categorized: words were classified according to their meaning, using pairing and grouping (Bardin, 1986). This method enabled the identification of thematics, business segments, and research methods in the articles. Next, the authors’ affiliations were identified. In addition, to identify the number of occurrences for each of these constructs, the networks were analyzed to establish the relationships among the constructs.

According to Pareto principles, 80% of the total is dependent on 20% of the whole, which is formally known as the 80/20 rule. Thus, this rule was used for Brazilian universities.

A social network analysis examines the patterns of ties in a network of nodes and ties. In a social network, the nodes can be persons or firms that have activities in that both have the ability to make choices. Network metrics can be calculated at the node level and at the network level. Node-level metrics measure how an individual node is embedded in a network from that individual node’s perspective. Network level metrics compute how the overall network ties are organized (Kim, Choi, Yan, & Dooley, 2011).

In this analysis, the primary thematic (see Table 1) and Brazilian universities (see Table 3) were identified (Graph 1) to facilitate the analysis of social networks using UCINET-Draw in order to generate indicators and to substantiate graphics (Borgatti, 2002). However, when analyzing foreign universities, governments, and enterprises, 100% of cases were considered (see Table 3).

Next, the CP thematic was analyzed (219 articles), culminating in a single network showing the relationship among research methods and business segments. The main subjects of the papers were taken from the Principles of CP. Then, the networks were analyzed in order to establish the relationships among the most and least business segments investigated, the research methods, and subjects (see Table 2).

The networks of Brazilian and foreign universities, governments, and enterprises were analyzed based on 512 articles in two groups. The first group was composed of the following two steps, in which the total affiliations of authors of Brazilian universities were analyzed:

(i) The number of internal relationships (relationships among themselves) and the number of external relationships (publications with other universities, governments, and enterprises) are identified. For example, if an article has three authors, we analyzed whether they are

affiliated with the same university (internal relationships; IR) or other universities, governments, and enterprises (external relationships; ER). Next, the data were recorded in the first column of Table 3.

(ii) Then, 32 universities from 15 relations were analyzed in detail to identify the most relevant relationships, allowing us to generate propositions about the research findings. The most important relationships were then recorded in the second column of Table 3. Note that in this network, repeated affiliations in the same article were excluded. In other words, we considered just one per item in order to evaluate the number of times each university, government, and enterprise appeared in a relationship.

The second group was composed of two steps, which analyzed the total affiliations of the authors in foreign universities, governments, and enterprises, considering all foreign affiliations, regardless of whether they had relationships with Brazilian entities:

(i) Overall, we measured the quantity of internal relationships (relationships among themselves) and the number of external relationships (publications performed with other universities, governments, and enterprises), as shown in the third column of Table 3.

(ii) The most relevant relationships (companies from four external relations, universities from three external relations, and all government affiliations) allowed us to generate propositions about the research findings, in addition to identifying the most important relationships. The results are shown in the fourth column of Table 3. This step repeated the procedure performed in step two of the first group.

In this study, the density was extracted from external relationships only. If a specific node or actor did not have an external relationship, then their density in the network is set to zero (Hanneman & Riddle, 2005).

Then, we selected the strongest ties (cohesion) in each of the constructs studied. Here, we extracted the data from the most relevant relations among these constructs in order to create Table 3. According to De Nooy, Mrvar, and Batagelj (2005), analyzing the cohesion of a network enables the identification of the strongest ties, which represent the most important nodes of the relationships.

The bibliometric indicators of the social network analysis were as follows: (i) the degree of centrality (DC), which evaluates the number of ties that one element has in relation to others in

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the network (Wasserman & Faust, 1994); if one element shows a larger number of connections, it is more centralized (Scott, 2000); (ii) the cohesion, which identifies the strongest ties relative to the researched universe (De Nooy et al., 2005); and (iii) the density, which evaluates the average force of all possible ties (Hanneman & Riddle, 2005). According to Watts and Strogatz (1998), density is a measure of the intensity of interactions among network actors. Its measurement contributes to the formation of propositions about information that circulates through the network, which means it can be calculated For the network as a whole and for each of the programs.

RESULTS AND ANALYSIS

In this section, the thematics, research methods, and business segments of the JCP congress and their relationships are evaluated using social network indicators.

Graph 1 shows the main thematics of all articles published in 2007, 2009, 2011, and 2013. The data indicate that the six most used thematics are cleaner production (219 publications), environmental management (76), sustainable development (47), energy (31), environmental education (29), and waste management (27).

Graph 1. Thematics analysis of all articles published in 2007, 2009, 2011 and 2013 - IWACP

Year Cleaner Production Total

2007 43 17 4 4 1   3 6 5 1   1 1       1   87

2009 50 16 5 9 7 5 7 3 3 2   2 1           110

2011 64 29 19 7 14 11 8 4 2 2   1 1 2         164

2013 62 14 19 11 7 11  1 3  11 1 6       2 2   1 151

Total 219 76 47 31 29 27 19 16 11 10 6 6 4 3 2 2 2 1 1 512

Table 1 measures the number of ties (T) and the degree of centrality (DC) in the relationships among thematics and business segments. The metal mechanics segment was the most studied business segment in the CP thematic. Agribusiness is the most studied segment in the sustainable development and energy thematic. The building sector is also widely studied in the energy thematic. With regard to environmental management, deals with more than one segment (several business segments) are more frequent than any other individual segment. The education segment is the most studied segment within environmental education, and landfills and agribusiness are the most frequent segments in waste management.

From Table 1, we can also see that case studies are the most used research method in the following thematics: CP, sustainable development, and environmental education. Case studies are also used frequently in the other three thematics, but other research methods are employed more often. Theoretical descriptive research is the most used research method for thematic environmental management and energy. Laboratory research is the most used research method for waste management. Other research methods, such as surveys, multiple cases, bibliometric research, and action research were rarely found in these six main thematics.

The average force of the ties indicates that in 2011 the CP thematic measured a larger density than it did in the other years (0.3516) and had a greater number of ties (64).

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Table 1. Relationship among thematics, research methods, and business segments

Thematics

Cleaner Production Environmental Management

Business segments

Methods

Ties DC

Methods

Ties

Case

stu

dy

Labo

rato

ry re

sear

ch

Theo

retic

al d

escr

iptiv

e re

sear

ch

Case

s m

ultip

les

Surv

ey

Bibl

iom

etric

Theo

retic

al d

escr

iptiv

e re

sear

ch

Case

stu

dy

Surv

ey

Labo

rato

ry re

sear

ch

Case

s m

ultip

les

Bibl

iom

etric

Metal Mechanics 8 4 2 2 16 0.327 1 2 3Agribusiness 6 7 2 15 0.306 1 1 2

Building 10 2 3 15 0.306 2 2 1 5Sanitation 4 7 2 13 0.265 1 3 1 5Chemical 4 6 2 12 0.245 4 4Plastics 7 2 1 10 0.204 0

Education 4 4 8 0.163 2 2Fuel 1 3 4 8 0.163 1 1

Furniture 8 3 11 0.224 1 1Foods 2 4 1 7 0.143 2 2

Automotive 6 1 7 0.143 1 1 2Electric 4 4 2 10 0.204 4 4Textile 3 3 6 0.122 2 2

Ceramic 4 1 5 0.102 0Several 4 1 5 0.102 4 2 6

Electronics 3 1 4 0.082 1 1Graphic 3 1 4 0.082 0Rubber 2 2 4 0.082 0Landfill 1 2 3 0.061 0Mining 2 1 3 0.061 1 1

Petrochemicals 2 1 3 0.061 1 1 2Steel 2 1 3 0.061 0

Tanneries 2 1 3 0.061 0Wooden artifacts 1 1 1 3 0.061 0

Others 11 9 19 1 0 1 41 0.837 25 6 1 0 0 1 33Ties total methods 100 68 37 9 4 1 219 ......... 33 30 6 4 2 1 76

DC Methodology Individual Network

Thematics2.041 1.388 0.755 0.184 0.082 0.020 ......... 0.150 0.136 0.027 0.018 0.009 0.005

DC Methodology General Network

Thematics1.695 1.153 0.627 0.153 0.068 0.017 16,676 ......... 0.559 0.508 0.102 0.068 0.034 0.017 6,134

Cleaner Production ......... Environmental Management

Density Thematics per year

2007 2009 2011 2013 ......... 2007 2009 2011 2013

0.2756 0.3205 0.3516 0.3022 ......... 0.1417 0.1026 0.1593 0.0714Ties per year 43 50 64 62 ......... 17 16 29 14DC per year 8,333 8,333 7,692 7,143 ......... 3,295 2,667 3,486 1,613

a Density (D); Ties (T); Degree Centrality (DC) (Continue)

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Table 1. Relationship among thematics, research methods, and business segments

Thematics

Sustainable Development Emergy

Methods

Ties

Methods

Ties

Case

stu

dy

Theo

retic

al d

escr

iptiv

e re

sear

ch

Labo

rato

ry re

sear

ch

Surv

ey

Case

s m

ultip

les

Bibl

iom

etric

Theo

retic

al d

escr

iptiv

e re

sear

ch

Case

stu

dy

Labo

rato

ry re

sear

ch

Case

s m

ultip

les

Actio

n re

sear

ch

0 0

3 1 1 1 6 3 2 1 6

2 1 1 4 1 3 1 5

2 2 1 1 2

0 0

0 0

1 1 1 1 1 3

2 1 3 0

0 1 1

2 2 4 0

0 1 1

2 1 3 1 1 2

0 0

0 0

2 2 0

0 0

0 0

1 1 0

1 1 0

0 0

1 1 0

0 0

0 0

0 0

7 10 1 0 0 1 19 6 3 2 0 0 11

22 17 3 2 2 1 47 12 8 8 2 1 30

0.100 0.077 0.014 0.009 0.009 0.005 0.055 0.036 0.036 0.009 0.005

0.373 0.288 0.051 0.034 0.034 0.017 3,793 0.203 0.136 0.136 0.034 0.017 2,502

Sustainable Development Emergy

2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013

0.0256 0.0321 0.1044 0.0934 0.0256 0.0321 0.1044 0.0934

4 5 19 19 4 9 7 11

0.775 0.833 2,284 2,189 0.775 1,500 0.0385 1,267a Density (D); Ties (T); Degree Centrality (DC)

(continuation)

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Table 1. Relationship among thematics, research methods, and business segments

Thematics

Environmental Education Waste Management

Methods

Ties

Methods

Ties

Ties

tota

l

DC

Case

stu

dy

Theo

retic

al d

escr

iptiv

e re

sear

ch

Surv

ey

Bibl

iom

etric

Labo

rato

ry re

sear

ch

Case

s m

ultip

les

Actio

n re

sear

ch

Labo

rato

ry re

sear

ch

Case

stu

dy

Case

s m

ultip

les

Surv

ey

Theo

retic

al d

escr

iptiv

e re

sear

ch

0 0 19 1,614

1 1 2 2 4 34 2,744

1 1 1 3 0 32 2,583

1 1 0 23 2,341

0 0 16 1,372

1 1 0 11 0.969

4 1 2 1 1 9 0 23 1,776

1 1 1 1 14 1,130

0 0 13 1,049

2 2 1 1 2 17 1,695

1 1 1 1 12 1,211

0 1 1 20 1,614

0 1 1 9 0.807

0 0 5 0.404

1 1 1 1 2 16 1,291

0 1 1 6 0.484

0 0 4 0.323

0 0 5 0.404

0 3 1 4 8 0.646

0 0 4 0.323

0 0 6 0.565

0 0 3 0.242

0 0 3 0.323

0 0 3 0.242

3 4 0 1 0 1 0 9 2 4 1 1 2 8 103 .........

12 7 5 2 1 1 1 29 9 9 3 3 3 27 ......... .........

0.055 0.032 0.023 0.009 0.005 0.005 0.005 0.041 0.041 0.014 0.014 0.014 0.123 ......... .........

0.203 0.119 0.085 0.034 0.017 0.017 0.017 2,341 0.153 0.153 0.051 0.051 0.051 2,179 ......... .........

Environmental Education Waste Management

2007 2009 2011 2013 2008 2009 2011 2013 .........

0.0256 0.0321 0.1044 0.0934  Null 0.0321 0.0604 0.0549 .........

1 7 14 7  Null 5 11 11 .........

0.194 1,167 0.0769 0.806  Null 0.833 1,322 1,267 .........

a Density (D); Ties (T); Degree Centrality (DC)

(continuation)

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With regard to the goals of this research, the focus henceforth is on the CP thematics. From Table 1, specifically for CP thematics, we developed a single network showing the relationships among research methods and business segments. Graph. 2 shows that the case study method was the most used research method, demonstrating greater cohesion (100 ties), which represents the strongest ties in relation to the other research methods. Laboratory research and theoretical descriptive research are also common. Other research methods, such as multiple cases, surveys, action research, and bibliometrics, are scarce.

Graph 2. Relationships among business segments and research methods for CP thematics.

Table 2 (and Graph 3 and 4, respectively) show the most studied and least studied business segments, the relationship among research methods, and the main subjects addressed in the papers. These main subjects were taken from the Principles of CP (Glavič & Lukman, 2007; Giannetti, Ogura, Bonilla, & Almeida, 2012; Garcia, Pongracza, Phillips, & Keiski, 2013): (1) the reduction and non-generation of emissions and resources; (2) economic and environmental benefits; (3) efficiency of the use of raw materials; (4) efficiency of the use of water; (5) efficiency of the use of energy; (6) recycling/reuse of wastes and emissions; and (7) occupational health benefits.

Table 2. The most and least studied business segments, and the relationships among research methods and subjects

Business segments

T DC Research methods T DC Subjects

Metal Mechanics 16 0.696

Case study 8 0.348 (8) Economic and environmental benefits

Laboratory research 4 0.174 (4) Reduction and non-generation of emissions and resource

Cases multiples 2 0.087 (2) Reduction and non-generation of emissions and resource

Survey 2 0.087(1) Efficiency of the use of raw materials(1) Occupational health benefits

Theoretical descriptive research, action research and bibliometrics 0 0 Not found

(Continue)

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Table 2. The most and least studied business segments, and the relationships among research methods and subjects

Business segments

T DC Research methods T DC Subjects

Agribusiness 15 0.652

Laboratory research 7 0.304 (4) Efficiency of the use of energy(3) Occupational health benefits

Case study 6 0.261 (5) Efficiency of the use of energy(1) Reduction and non-generation of emissions and resource

Theoretical descriptive research 2 0.087 (1) Reduction and non-generation of emissions and resource

Cases multiples, survey, action research and bibliometrics 0 0 Not found

Building 15 0.652

Case study 10 0.435 (10) Recycling/reuse of wastes and emissions

Theoretical descriptive research 3 0.13 (3) Reduction and non-generation of emissions and resource

Laboratory research 2 0.087 (1) Recycling/reuse of wastes and emissions(1) Economic and environmental benefits

Cases multiples, survey and bibliometrics. 0 0 Not found

Sanitation 13 0.565

Laboratory research 7 0.304 (7) Reduction and non-generation of emissions and resource

Case study 4 0.174 (4) Efficiency of the use of water

Theoretical descriptive research 2 0.087 (2) Recycling/reuse of wastes and emissions

Cases multiples, survey, action research and bibliometrics 0 0 Not found

Chemical 12 0.552

Laboratory research 6 0.261(3) Efficiency of the use of water(2) Reduction and non-generation of emissions and resource(1) Occupational health benefits

Case study 4 0.174 (3) Recycling/reuse of wastes and emissions(1) Reduction and non-generation of emissions and resource

Theoretical descriptive research 2 0.087 (2) Reduction and non-generation of emissions and resource

Cases multiples, survey, action research and bibliometrics 0 0 Not found

Mining 3 0.13Case study 2 0.087 (2) Occupational health benefits

Laboratory research 1 0.043 (1) Reduction and non-generation of emissions and resource.

Petrochemicals 3 0.13Case study 2 0.087 (1) Efficiency of the use of water

(1) Recycling/reuse of wastes and emissions

Survey 1 0.043 (1) Economic and environmental benefits

Steel 3 0.13Case study 2 0.087 (1) Recycling/reuse of wastes and emissions

(1) Efficiency of the use of energy

Laboratory research 1 0.043 (1) Reduction and non-generation of emissions and resource

Tanneries 3 0.13Case study 2 0.087 (1) Economic and environmental benefits

(1) Recycling/reuse of wastes and emissions

Theoretical descriptive research 1 0.043 (1) Efficiency of the use of water

Wooden artifacts 3 0.13

Case study 1 0.043 (1) Reduction and non-generation of emissions and resource

Laboratory research 1 0.043 (1) Efficiency of the use of raw materials

Cases multiples 1 0.043 (1) Economic and environmental benefits

Landfill 3 0.13Laboratory research 2 0.087 (1) Recycling/reuse of wastes and emissions

(1) Efficiency of the use of raw materials

Case study 1 0.043 (1) Efficiency of the use of energy

(continuation)

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Graph 3 shows that the subject most studied was recycling/reuse of wastes and emissions (RRWE; 13 ties) in the building segment (10) using case studies. This was followed by the reduction and non-generation of emissions and resources (RNGER; 13 ties) in the sanitation segment (7) using laboratory research. Then, the subject efficiency of the use of raw materials (EURM; 1 tie) and occupational health benefits (OHB; 1 tie) in metal mechanics using surveys were the least surveyed.

Graph 3. Relationships among research methods and CP subjects for the most studied business segments

Legend: Reduction and non-generation of emissions and resource (RNGER); Economic and environmental benefits (EEB); Efficiency of the use of raw materials (EURM); Efficiency of the use of water (EUW); Efficiency of the use of energy (EUE); Recycling/reuse of wastes and emissions (RRWE) and Occupational health benefits (OHB)

Graph 4 shows that in the less studied business segments, case studies (10 ties) and laboratory research (5 ties) on recycling/reuse of wastes and emissions prevails (RRWE; 4 ties, and case studies 3).

Graph 4. Relationships among research methods and CP subjects for the least studied business segments

Legend: Reduction and non-generation of emissions and resource (RNGER); Economic and environmental benefits (EEB); Efficiency of the use of raw materials (EURM); Efficiency of the use of water (EUW); Efficiency of the use of energy (EUE); Recycling/reuse of wastes and emissions (RRWE) and Occupational health benefits (OHB)

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The relationships among the universities, enterprises, and governments of the 512 papers of the JCP congress will be evaluated using social network indicators.

The participation of Brazilian and foreign universities, enterprises, and governments was evaluated in terms of absolute values and percentages per year, as shown in Graph 5. This figure shows that the participation of these bodies is superior to the participation of foreign universities, enterprises,

and governments. The figure also shows that the participation of universities is much higher than the participation of the government and enterprises. Graph 5 shows that the relative participation of international universities increased during the last two events, and that the participation of international audiences has increased. The participation of international enterprises and governments is scarce and remains fairly stable during the four years under study.

Graph 5. Participation of the universities, enterprises and government in the IWACP

From the graphs in Graph 6, we conclude that the relations with the most cohesion are U-UNIP/BRAZIL/SP, U-UNICAMP/BRAZIL/SP, U-USP/BRAZIL/SP and U-IFSULDEMINAS/BRAZIL/MG, with four ties, and DC of 0.106 shows the low participation of governments and enterprises. According to De Nooy et al. (2005), an analysis of the cohesion of a network enables the identification of the strongest ties, which represent the most important nodes of the relationships.

The results indicate low participation in CP research, because of the absence of coordination and organization for the participation of Brazilian government agents. Here, there were just five participations (G-CETESB/BRAZIL/SP, G-IPEN/BRAZIL/SP, G-IPT/BRAZIL/SP, G-INPA/BRAZIL/AM, G-IDR/BRAZIL/PR), representing 5% of the actors in this network.

It was found that 18 enterprises conducted joint studies with universities and governments on sustainability practices in CP. The enterprise that performed the most studies in cooperation with universities was the E-SEBRAE/BRAZIL/AM, with six ties, followed by E-TECNOAMBI/BRAZIL/RS, and E-SENAI/BRAZIL/RS, which had three external relationships.

Another aspect identified in the analysis of the networks, as shown in Graph 6, is isolated relationships. It is also important to clarify that the actors that are without ties only published internally, as is the case for U-UFTPR/BRAZIL/PR and U-UNISC/BRAZIL/RS. A proposition for this finding is that these universities are situated in regions with the most conservative cultures of Brazil, as is the case for the State of Parana and Rio Grande do Sul. However, in the study by Yanhua et al. (2011), one of the causes of isolation was an idiom-related problem.

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Graph 6. Relationships among Brazilian universities with the largest numbers of ties with enterprises and governments

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Graph 7 shows that universities are related independently of geographic location, for example: (i) U-UAH/CHILE/SANTIAGO (2 ties, DC: 0.114) for U-UNIP/BRAZIL/SP and E-GRINOVER/CHILE/HURTADO; (ii) U-NTNU/NORWAY/TRONDTHEIM, related twice with the U-UFRN/BRAZIL/RN (1 tie, DC: 0.057) with U-UNOPAR/BRAZIL/PR and E-INDEPENDENT/UK/RICHMOND. However, Yarime et al. (2010) states that collaboration networks are formed among countries that are geographically close, which contradicts the above findings.

Another result is the participation of three international government agencies that did not have relationships.

The main enterprises are consulting firms and service providers, which can relate to other universities and the government at the same time, for example, E-INDEPENDENT/UK/RICHMOND. According to Radosevic (2008), enterprises that lead in innovation promote more studies.

Table 3 was developed by selecting the strongest ties under each of the constructs studied. This table shows universities, enterprises, and governments and the most relevant relations among these constructs. Some findings arise from this table are as follows:

• Brazilian institutions (universities, government, and enterprises) present a low level of relationships with foreign institutions.

• Brazilian universities show far more external relationships than Brazilian enterprises do. This fact is the opposite of what happens overseas, where enterprises present more external relationships than universities do.

• Many universities, governments, and enterprises show zero external relationships. This represents a gap and an opportunity for performing joint studies among these constructs.

DISCUSSION

The most researched CP topics in Brazil are environmental management, sustainable development, energy, environmental education, and waste management. These issues have deployment synergy and so are the most used in cases. For instance, a Brazilian organization that decides to implement CP needs to train those involved in environmental education, especially if they adopt an environmental management system focused on minimizing energy, water, and waste management. Therefore, the implementation of these thematics enhances sustainable development in Brazil. Karatzoglou (2013) confirm this result, and concludes that the adoption of CP principles in production systems is an excellent strategy for sustainable development.

On the other hand, several important issues closely related to CP have received little attention, for instance, renewable energy and environmental responsibility. To increase research on these issues, the Brazilian government could (a) invest in research among universities, enterprises, and government, (b) reduce taxes for companies that use renewable energy and that are environmentally responsible, and (c) establish programs to promote environmental awareness among companies and people. The study on China by Chang et al. (2015) concluded that the government should establish financial assistance or provide sources of financing and investment in technical training to enhance the adoption of CP practices. Therefore, in developing countries such as Brazil and China, the participation of government agencies, enterprises, and universities is important to enhancing CP in industries. The application of research and business practices with renewable energy and environmental responsibility among Brazilian industries may also improve their competitiveness and enable them to commit to sustainable development.

Additionally, CP research found that intensity-related CP principles are as the reduction and non-generation of emissions and resources, recycling/reuse of waste and emissions, and economic and environmental benefits are used more often. This is because the Politica Nacional de Residuos Solidos (PNRS, 2010) was published in 2010, which advocated practical actions related to the management of industrial solid waste, thus motivating research. Furthermore, Brazil is a developing country. Thus, researchers seek to associate economic gains with environmental benefits achieved by adopting CP as a way to boost its implementation. Moreover, the principles of CP least studied are associated with the use of raw materials. This is because the majority of companies in Brazil do not use CP technologies. In order to change this situation, a simultaneous effort among companies, the government, and universities is necessary to promote such effort. Thus, the possible consequences are as follows: (a) reducing the consumption of natural resources; and (b) contributing for companies to reduce their costs in the medium/long term. In this context, the main barriers are a lack of CP law in Brazil to promote environmental responsibility or the use of renewable energy, a lack of long-range vision by entrepreneurs who invest in Brazilian companies, and a lack of technology and specialized people able to work with renewable energy and promote the efficient use of raw materials. For instance, in China, the CP law was promulgated in 2002 to facilitate the development CP. This law was altered in 2012 to further promote CP, as indicated by Chang et al. (2015). Vieira and Amaral (2016) emphasize that CP laws would enhance educational discourse.

Another relevant aspect is that the most used research methods are case studies (many of which are exploratory), theoretical descriptive research, and laboratory research, surveys, and bibliometric analyses.

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Other practical methods (multiple case, surveys, and action research) are scarce, and should be developed to spread the subject and promote practical application. To promote the use of this type of research, it is necessary to develop partnerships between universities and companies. This is rarely found in Brazil, and needs to be stimulated. In addition, the results should be presented in a more detailed way. A possible consequence of changing the observed situation is that the development of applied research tends to increase companies’ interest in CP technologies and methods. It is expected that this will lead to a virtuous cycle between research generation and the application of CP methods in Brazil, according to Leonidou and Leonidou (2011). The method of analysis consists of evaluating whether the studies showed greater consistency in their results. Vieira and Amaral (2016) analyzed research on why CP is not widely adopted, and found that there is a need to improve CP application methods, which is related to the innovation of new methodological procedures.

However, there are barriers to using action research and other research methods in the production system that negatively impact the adoption of CP in Brazilian industries. For instance, some companies are reluctant to share information, while others do not want to share negative results on the application of CP methods or environmental or economical results. Furthermore, resources from the Brazilian government are restricted, and there are few researchers exclusively dedicated to research. Chang et al. (2015) confirmed that in China, the acceptance by companies of CP provide opportunities to improve CP technical training, especially considering the motivation of researchers.

Some of the most studied business segments within CP are metal mechanics, building, and agribusiness. This is because several companies in these sectors are located in Brazil. These business segments and their intrinsic characteristics are more familiar with CP. On the other hand, some of the least studied segments are landfills, petrochemicals, steel, mining, tanneries, and wooden artifacts. Thus, it is necessary to promote CP in these business segments. Karatzoglou (2013) states that sustainable development in countries may be enhanced with the implementation of CP in all business segments. For instance, Deng et al. (2015) indicate that opportunities exist to reduce the occupational risk in the tannery sector by minimizing carbon dioxide generation as a CP strategy. Rocha et al. (2012b) added that the analysis of segments shows the scope and acceptability of sustainable development in a country.

Changing this situation would spread the use of CP to sectors that have not been studied and can lead companies in these business segments to implement such technologies and methods. However, in Brazil, barriers that hinder the implementation of CP need to be reduced. For instance, the dissemination of funds granted by the Brazilian government in the case of projects related to the adoption of technological innovations in companies needs to improve. The

Brazilian government provides financial resources for projects through Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). This finding was confirmed by Chang et al. (2015), who state the need to improve communication among various business sectors as a way to increase research projects using funding. Other barriers preventing CP include entrepreneurs who are not sure about the benefits of adopting CP technologies and methods, and a lack of technology and specialized people able to work with CP. To overcome these barriers, communication in sectors on existing is required to encourage the acceptance by entrepreneurs and to improve the technical capacity of those involved. This result is common in developing countries, as pointed out by Chang et al. (2015).

The participation of Brazilian universities, enterprises, and the government is superior to the participation of foreign universities, enterprises, and governments. However, the relative participation of international universities has increased, as has the participation of foreign government agencies. However, 75% conducted isolated studies. This finding was indicated by Romo-Fernandez et al. (2012), referring to the growth in government participation in studies. In order to improve this situation, it is necessary to increase external partnerships to boost foreign participation in events, which requires publishing papers that show the economic and social benefits of implementing CP. According to Radosevic (2008) and Romo-Fernandez et al. (2012), the government needs to organize the relationships among the government, universities, and enterprises. The studies by Wright and Pullen (2007), Radosevic (2008), Yarime et al. (2010), Kneipp et al. (2011), Chai and Xiao (2012), Rosa et al. (2012a), Taticchi et al. (2013), Rocha et al. (2013), Avila et al. (2013), and Du et al. (2013) indicate that large investments are necessary to boost research in universities.

The types of businesses that show greater participation are consulting companies and service providers. In order to change this situation, the Brazilian government should develop joint research between universities and companies. An example of such an effort is the Brazilian Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentaveis – 2011–2014 (PPCS), which aims to organize the relationships among the government, universities, and enterprises. This result is corroborated by Radosevic (2008), who states that success in the process of innovation depends upon joint action between universities and enterprises. Chang et al. (2015) agree on improving the system of communication between companies and universities to exchange experiences. For instance, in reviewing the literature, Riaz et al. (2015) show that most research on the use of CP in the manufacture of methanol is the result of interaction between companies and universities.

However, the results indicate that 10 enterprises did not develop studies with universities and government organizations, and

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AUTHORS | Geraldo Cardoso Oliveira Neto | Fábio Ytoshi Shibao | Moacir Godinho Filho

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did not share the results in partnership with universities, primarily the E-RHODIA/BRAZIL/SP, with three internal relationships. This finding agrees with those of Boks et al. (2001), who state that when enterprises publish, they do so in an isolated manner. In this context, it is suggested that enterprises can become more tractable for studies from universities with the support of government agencies, making it possible to integrate efforts in developing more detailed studies in the area of sustainability in production. Another relevant aspect of this analysis, identified in the study by Brito and Berardi (2010), is that enterprises are influenced by the government and society to create and implement new sustainability practices in the production system. According to Vieira and Amaral (2016), it is necessary to promote the dissemination of knowledge about CP to stakeholders, including businessmen, academics, government, and society.

There are few relationships/partnerships among Brazilian and foreign universities, enterprises, and government. In order to improve this situation, it is necessary to create partnerships to generate research and practical applications among these bodies, according Vieira and Amaral (2016). China, Italy, and Portugal, for example, have published various studies on CP. It is possible that a closer relationship with these countries would allow for the generation of more international submissions. This finding indicates that universities are related, regardless of their geographic location. However, Yarime et al. (2010) state that networks of collaboration are formed among countries that are geographically close, which contradicts the above findings.

The lack of relationships/partnerships among universities, enterprises, and government is valid for Brazilian and foreign institutions. Many universities, governments, and enterprises show no external relationships. This represents a gap and an opportunity for performing joint studies among these constructs. To improve this situation, partnerships that generate research and practical applications among universities, enterprises, and government are required. This is in line with the findings of Radosevic (2008) and Romo-Fernandez et al. (2012), who claims the need of such relationships, along with government support. Some Brazilian universities are already developing partnerships in masters and doctoral programs. The analysis performed in this study supports the inquiries of Boks et al. (2001) and Radosevic (2008) in terms of the joint participation of universities, enterprises, and governments being important for the development of emerging thematics in sustainability.

There are a number of possible consequences of changing the observed situation. Government support and the establishment of partnerships could increase the participation of international institutions in the event, which contributes to better quality articles and an increase in the level of the event. Partnership among universities and companies and the

government tend to generate applied research, which increase the enthusiasm of companies to implement CP technologies and methods. It is expected that this will lead to a virtuous cycle between research generation and the application of CP methods in Brazil, with the population becoming conscious of the importance of sustainable consumption, leading to companies implementing CP. Furthermore, Brazil can learn from foreign experiences. This finding is consistent with Chang et al. (2015) and Vieira and Amaral (2016) on the formation of networks of relationships among the government, businesses, universities, and the community for the internationalization of CP research.

On the other hand, barriers to establishing partnerships among universities, enterprises, and the government also exist between Brazilian and foreign institutions: scarce financial resources, low levels of internationalization of Brazilian universities on CP subjects, and a lack of laws in Brazil that incentivize CP. This result is consistent with Chen, Tang, and Feldmann (2015), who refer to developing or underdeveloped countries who are looking for ways to improve their economies. For example, China understands the need to adopt CP as a means of promoting sustainable development, but is still at the trend level, according to Chang et al. (2015). Brazil is currently in a political and economic crisis and focusing on ways to maintain or improve gross domestic production and, thus, has begun discussing laws of development, starting with the PPCS. Chang et al. (2015) focused on China, but the asymmetry with the Brazilian scenario suggests that the effectiveness of CP requires improving the institutional system focused on laws for implementing CP in industries, and recognizing opportunities to integrate CP with other environmental management schemes, for instance, emission reduction and energy conservation, total emission control, environmental impact assessments, and emission permits.

This study expands the debate and discussions in this research area, which we believe to be its main contribution. The specific conference targeted to promote CP themes supported by the Journal of Cleaner Production creates important integration among universities, businesses, and the government. When researchers receive grants and incentives from the government or companies, they can develop improved techniques from which everyone will benefit. When the most effective CP procedures are implemented in several companies, research can establish a pattern. Moreover, successful cases and articles can spread the practices used in companies. The government can also benefit from this improvement, owing to the fact that this idea helps them to control the procedures applied in the companies and reduces the costs and investment of the government. For instance, the costs of water treatment become cheaper when CP concepts are properly applied.

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Graph 7. Network of the foreign relationships among universities, enterprises, and government

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Table 3. Universities, enterprises, and government, and the most relevant relationsBrazilian institutions

U - Brazilian universities TR IR ER D U Most relevant relationsa T DCU-UNIP/Brazil/SP (I) 88 48 40 0.0009 (I) U-UNICAMP/Brazil/SP 4 0.106U-USP/Brazil/SP (II) 55 31 24 0.0005 U-IFSULDEMINAS/Brazil/MG 4 0.106U-UfSC/Brazil/SC (III) 39 21 18 0.0004 U-USP/Brazil/SP 4 0.106U-UNICAMP/Brazil/SP (IV) 32 18 14 0.00031 U-UNESP/Brazil/SP 3 0.079U-UFRGS/Brazil/RS (V) 15 1 14 0.00021 U-Fatec/Brazil/SP 3 0.079U-UNESP/Brazil/SP (VI) 33 20 13 0.00039 E-Grinover/Chile/Hurtado 2 0.053 U-UTFPR/Brazil/PR (VII) 18 8 10 0.00029 E-Fleury/Brazil/SP 1 0.026U-UCS/Brazil/RJ (VIII) 16 6 10 0.00025 G-Ipen/Brazil/SP 1 0.026G - Brazilian governments TR IR ER D (II) U-UNIP/Brazil/SP 4 0.106G-INPA/Brazil/AM 6 0 6 0.0001 U-USP/Brazil/SP-SC 3 0.079G-CEPIS/Brazil/PB 5 0 5 0.00008 U-UFTM/Brazil/MG 2 0.053 G-IPEN/Brazil/SP 14 9 5 0.00008 U-UFSCAR/Brazil/SC 2 0.053 G-CETESB/Brazil/SP 3 1 2 0.00003 E-Pinheiro Pedro L./Brazil/SP 1 0.026G-IPT/Brazil/SP 5 3 2 0.00003 E-Siemens/Germany/Erlangen 1 0.026G-SECTES/Brazil/MG 2 0 2 0.00003 E-Independent/Uk/Richmond 1 0.026G-APTA/Brazil/SP 1 0 1 0.00001 G-IPEN/Brazil/SP 1 0.026G-CDTN/Brazil/RJ 1 0 1 0.00001 G-Cetesb/Brazil/SP 1 0.026G-IDR/Brazil/PR 1 0 1 0.00001 (III) U-UDESC/Brazil/SC 3 0.079G-CETEA-Ital/Brazil/SP 1 0 1 0.00001 U-UFRGS/Brazil/RS 2 0.053 G-Eletronuclear/Brazil/RJ 1 0 1 0.00001 U-UFRGS/Brazil/RS 2 0.053 G-Fiocruz/Brazil/RJ 2 1 1 0.00001 U-UTFPR/Brazil/PR 2 0.053 G-Furnas/Brazil/SP 1 0 1 0.00001 U-Univali/Brazil/SC 2 0.053 G-Amar/Brazil/RJ 1 1 0 0.0000 (IV) U-UNIP/Brazil/SP 4 0.106G-Eletronorte/Brazil/DF 1 1 0 0.0000 U-Uninove/Brazil/SP 3 0.079G-SABESP/Brazil/SP 4 4 0 0.0000 U-Senac/Brazil/SP 2 0.053 E-Brazilian enterprises TR IR ER D E-CTBE/Brazil/SP 1 0.026E-Sebrae/Brazil/Am 6 0 6 0.0001 (V) U-Feevale/Brazil/RS 2 0.053 E-Tecnoambi/Brazil/RS 3 0 3 0.00008 U-UDESC/Brazil/SC 2 0.053 E-Senai/Brazil/RS 5 2 3 0.00008 U-UNIVALI/Brazil/SC 2 0.053 E-CTC/Brazil/SP 2 0 2 0.00003 U-UfSC/Brazil/SC 2 0.053 E-Delmanto Lawyers/Brazil/SP 2 0 2 0.00003 E-Tecnoambi/Brazil/RS 1 0.026E-Embrapa/Brazil/DF 2 0 2 0.00003 E-Senai/Brazil/RS 1 0.026E-Figueiredo/Brazil/SP 2 0 2 0.00003 (VI) U-FSP/Brazil/SP 3 0.079E-Senai/Brazil/CE 2 0 2 0.00003 U-UNIP/Brazil/SP 3 0.079E-Smart/Brazil/SP 2 0 2 0.00003 E-Delmanto L/Brazil/SP 1 0.026E-Braskem/Brazil/SP 1 0 1 0.00001 (VII) U-UFSC/Brazil/SC 2 0.053 E-CNH/Brazil/MG 1 0 1 0.00001 U-UEM/Brazil/PR 2 0.053 E-CTBE/Brazil/SP 2 1 1 0.00001 U-UFPR/Brazil/PR 2 0.053 E-E2/Brazil/MG 1 0 1 0.00001 (VIII) U-FTSG/Brazil/RS 2 0.053 E-Fat/Brazil/SP 1 0 1 0.00001 U-Unipampa/Brazil/RS 2 0.053 E-Firjan/Brazil/RJ 1 0 1 0.00001 E-Tecnoambi/Brazil/RS 1 0.026E-I3g/Brazil/SC 1 0 1 0.00001E-Klabin/Brazil/SP 1 0 1 0.00001E-Pinheiro Pedro Lawyers/Brazil/SP 1 0 1 0.00001E-Psa/Brazil/SP 1 0 1 0.00001E-Senai/Brazil/BA 2 1 1 0.00001E-Senai/Brazil/RJ 1 0 1 0.00001E-Whirlpool/Brazil/SP 1 0 1 0.00001E-Fleury/Brazil/SP 1 0 1 0.00001E-Innovatec's/Brazil/SP 1 0 1 0.00001E-Rhodia/Brazil/SP 3 3 0 0.0000E-BSH/Brazil/SP 1 1 0 0.0000E-Efil/Brazil/SP 1 1 0 0.0000E-Geosystec/Brazil/SP 1 1 0 0.0000E-Ineti/Portugal/Alfagride 1 1 0 0.0000E-Petrobras/Brazil/RJ 1 1 0 0.0000E-Pinheiro Neto Adv/Brazil/SP 1 1 0 0.0000E-Sebrae/Brazil/RN 1 1 0 0.0000E-Sherwin-William/Brazil/SP 1 1 0 0.0000E-Zinco/Brazil/SP 1 1 0 0.0000

aUniversity – U; Enterprise – E and Government – G. Total Relations – TR; Internal Relations – IR and External Relations - ER (continue)

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Table 3. Universities, enterprises, and government, and the most relevant relations

Foreign institutions

E- Foreign enterprises TR IR ER D E T Most relevant relationsa T DCE-Independent/UK/Richmond (I) 10 4 6 0.00019 (I) 6 U-USP/Brazil/SP 1 0.057E-K-Utec/Germany/Sondershausen (II) 6 0 6 0.00019 U-UFRN/Brazil/RN 1 0.057E-Barilla G/Italy/Parma (III) 4 0 4 0.0001 U-Uninove/Brazil/SP 1 0.057E-Grinover/Chile/Hurtado (IV) 4 0 4 0.0001 U-NTNU/Norway/Trondtheim 1 0.057E-Studiolce/Italy/Bologna (V) 4 0 4 0.0001 U-UNOPAR/Brazil/PR 1 0.057E-Advenient/USA/CA 2 0 2 0.00005 G-IPT/Brazil/SP 1 0.057E-Aquatech/USA/Florida 2 0 2 0.00005 (II) 6 G-INPA/Brazil/AM 2 0.114E-Brinkvos/Netherlands/Meppel 2 0 2 0.00005 U-UCB/Brazil/DF 2 0.114E-Hortasrl/Italy/Piacenza 2 0 2 0.00005 G-INPA/Brazil/AM 2 0.114E-Jne/Usa/California 2 0 2 0.00005 (III) 4 E-Studiolce/Italy/Bologna 2 0.114E-M&I/Canada/Mississauga 2 0 2 0.00005 E-Hortasrl/Italy/Piacenza 1 0.057E-Bmc/Netherlands/Moerdijk 1 0 1 0.00002 U-Roma Treuniversity/Italy/Roma 1 0.057E-Cementos Cienfuegos/Cuba/Cienfuegos 1 0 1 0.00002 (IV) 4 U-UAH/Chile/Santiago 2 0.114E-Siemens/Germany/Erlangen 1 0 1 0.00002 U-UNIP/Brazil/SP 2 0.114E-Axia/Usa/Washington 1 1 0 0.0000 (V) 4 E-Barilla G/Italy/Parma 2 0.114E-Feat/India/Kapur 1 1 0 0.0000 E-Hortasrl/Italy/Piacenza 1 0.057E-Ineti/Portugal/Alfagride 1 1 0 0.0000 U-Roma Treuniversity/Italy/Roma 1 0.057U - Foreign universities TR IR ER D U T Most relevant relationsa T DCU-Ntnu/Norway/Trondtheim (VI) 4 0 4 0.0001 (VI) 4 U-UFRN/Brazil/RN 2 0.114U-UAH/Chile/Santiago (VII) 4 0 4 0.0001 U-UNOPAR/Brazil/PR 1 0.057U-Unison/Mexico/Sonora (VIII) 14 11 3 0.00007 E-Independent/Uk/Richmond 1 0.057U-UCF/Cuba/Cienfuegos (IX) 4 1 3 0.00007 (VIIi) 4 U-UNIP/Brazil/SP 2 0.114U-Leuven/Belgique/Leuven (X) 3 0 3 0.00007 E-Grinover/Chile/Hurtado 2 0.114U-Linkoping/Sweden/Linkoping (XI) 3 0 3 0.00007 (VIII) 3 U-Lowell/USA/Massachusetts 2 0.114U-Ucans/Switzerland/Aargau 3 0 3 0.00007 U-UNIP/Brazil/SP 1 0.057U-Brussel/Belgique/Brussel 3 1 2 0.00005 (IX) 3 U-Brussel/Belgium/Brussel 1 0.057U-Lowell/USA/Massachusetts 3 1 2 0.00005 U-Leuven/Belgium/Leuven 1 0.057U-Denmark/Denmark/Esbjerg 2 0 2 0.00005 E-Cementos Cienfuegos/Cuba/Cienfuegos 1 0.057U-IESC/Portugal/Coimbra 2 0 2 0.00005 (X) 3 E-BMC/Nederlands/Moerdijk 1 0.057U-Roma Treuniversity/Italy/Roma 2 0 2 0.00005 U-Brussel/Belgium/Brussel 1 0.057U-Sai/Netherlands/Amsterdam 2 0 2 0.00005 U-UCF/Cuba/Cienfuegos 1 0.057U-Twente/Netherlands/Enschede 2 0 2 0.00005 (XI) 3 G-CEPIS/Brazil/PB 3 0.172U-Utad/Portugal/Villa Real 2 0 2 0.00005 G T Most relevant relationsa T DCU-Winnipeg/Canada/Winnipeg 3 1 2 0.00005 (XII) 1 U-Cardiff/UK/Cardiff 1 0.057U-Cardiff/UK/Cardiff 2 1 1 0.00002 (XIII) 0U-Anna/India/Tamil Nadu 1 0 1 0.00002 (XIV) 0U-Coimbra/Portugal/Coimbra 1 0 1 0.00002 (XV) 0U-Complutense/Spain/Madri 1 0 1 0.00002U-Cranfield University/UK/Bedford 1 0 1 0.00002U-ESEB/Germany/Berlin 1 0 1 0.00002U-Evora/Portugal/Evora 1 0 1 0.00002U-Grenoble/France/Grenoble 1 0 1 0.00002U-IFF/Norway/Trondhelm 1 0 1 0.00002U-Ljubljana/Slovenia/Ljubljana 1 0 1 0.00002U-NIT/India/Rourkela 1 0 1 0.00002U-Potosino/Mexico/San Luis Potosi 1 0 1 0.00002U-UEA/UK/East Anglia 1 0 1 0.00002U-UPV/Spain/Bilbao 1 0 1 0.00002U-University of Madrid/Spain/ Madrid 1 0 1 0.00002U-Bajio/Mexico/Bajio 2 2 0 0.0000U-KTU/Lithuania/Kaunas 2 2 0 0.0000U-New Orleans/USA/New Orleans 2 2 0 0.0000U-UNC/Argentina/Cordoba 2 2 0 0.0000U-Columbia/Canada/Columbia 1 1 0 0.0000U-Cordoba/Argentina/Cordoba 1 1 0 0.0000U-IJL/France/Nancy 1 1 0 0.0000U-Kth Royal/Sweden/Stockholm 1 1 0 0.0000U-Loughborough/UK/Loughborough 1 1 0 0.0000U-Maribor/Slovenia/Maribor 1 1 0 0.0000U-Northampton/UK/Northampton 1 1 0 0.0000U-Piraeus/Greece/Piraeus 1 1 0 0.0000U-Rheinischen/Germany/Bonn 1 1 0 0.0000U-Roorkee/India/Roorkee 1 1 0 0.0000U-Tirana/Albania/Tirana 1 1 0 0.0000U-Uppsala/Sweden/Uppsala 1 1 0 0.0000U-UTLS/Polish/Bydgoszcs 1 1 0 0.0000G - Foreign governments TR IR ER DG-UNDP/USA/New York (XII) 1 0 1 0.00002G-CNCPC/China/Beijing (XIII) 4 4 0 0.0000G-ENEA/Italy/Roma (XIV) 1 1 0 0.0000G-LNEG/Portugal/Lisboa (XV) 1 1 0 0.0000

aUniversity – U; Enterprise – E and Government – G. Total Relations – TR; Internal Relations – IR and External Relations - ER

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Improving the state of research on CP in Brazil

From the results presented in this research, a framework of research methods, business segments, subjects, universities, enterprises, and government should be proposed to improve the state of CP research. This framework shows the main points concerning the observed CP situation, how to change/improve this situation, and the possible consequences of change and removing barriers to change. This framework is shown in Exhibit 2.

Exhibit 2. Framework of thematics, subjects, research methods, business segments, universities, enterprises, and the government

Observed situation How to change/improve this situationPossible consequences in changing the observed situation

Possible barriers to change the observed situation

Them

atic

s

(i) The thematic of cleaner production (219 ties) is the central component of the JCP congress. Some important thematics closely related to CP are scarcely studied. Examples are: Renewable Energy (1 tie) and Environmental Responsibility (1 tie).

(ii) The most studied subjects within CP thematics are: Reduction and non-generation of emissions and resource (26 ties); Recycling/reuse of wastes and emissions (21 ties); Economic and environmental benefits (12 ties). The least studied subject within CP thematics is Efficiency of the use of raw materials (3 ties).

(i) Both thematics (renewable energy and environmental responsibility) are scarcely studied in Brazil. In order to address this situation, government should: (a) invest on research together with universities on such topics; (b) reduce taxes for companies which use renewable energy and are environmentally responsible; (c) establish programs in order to promote environmental awareness in companies and people.

(ii) Efficiency of the use of raw materials is a subject with little studies in Brazil. This is due the fact that the great majorities of companies in Brazil do not use or even consider to use cleaner technologies. In order to change this situation, a simultaneous effort (companies, government and universities) is necessary to promote such effort.

(i) Research and application of renewable energy and environmental responsibility can lead Brazilian companies to improve their market opportunities and therefore, their competitiveness level.

(ii) Efficiency of the use of raw materials can be useful for Brazil in the following ways: (a) reducing the consumption of natural resources; (b) contributing for companies to reduce their cost in the medium/long range.

- There is no law in Brazil that promotes environmental responsibility or the use of renewable energy.

- Lack of long-range vision of entrepreneur who invest in Brazilian companies.

- Lack of technology and specialized people able to work with renewable energy and to promote efficiency use of raw materials.

Rese

arch

met

hods

Concerning CP thematics, the most used research methods were case study (a lot of them just exploratory), theoretical descriptive research and laboratory research. The least used research methods were multiple case study, survey and bibliometrics. Any action research paper was found.

Although the existence of a great number of case studies, the great majority of them are just exploratory. Other practical methods (multiple case, surveys and action research) are scarce and should be developed in order to widespread the subject and promote practical application. To promote the use of this type of research it is necessary a partnership between university and companies. This is rarely found in Brazil and need to be stimulated. In addition, the results should be presented in a more detailed way, once a lot of the case studies found are only exploratory.

The development of applied research tends to increase the enthusiasm of companies to implement CP technologies and methods. It is expected that this leads to a virtuous cycle between research generation and application of CP methods in Brazil.

- Some companies are reluctant in widespread information.

- Some companies do not want to widespread negative results concerning the application of CP methods or environmental or economical results.

- Brazilian Government should release more resources for CP project implementation for companies

- Limited number of researchers exclusively dedicated to research.

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Exhibit 2. Framework of thematics, subjects, research methods, business segments, universities, enterprises, and the government

Observed situation How to change/improve this situationPossible consequences in changing the observed situation

Possible barriers to change the observed situation

Busi

ness

seg

men

ts

Some of the most studied business segments within CP were Metal Mechanics, Building and Agribusiness. Some of the least studied were Landfill, Petrochemicals, Steel, Mining, Tanneries and Wooden artifacts.

Some business segments, for its intrinsic characteristics, are more familiar with CP. It is necessary to promote CP into the business segments little studied in the present research.

The widespread of CP to sectors little studied so far can lead companies of such business segments to implement such technologies and methods.

- Lack of knowledge of entrepreneurs about government investments in CP Technologies, especially for some sectors.

- Entrepreneurs are not sure about the benefits of the adoption of CP technologies and methods.

- Lack of technology and specialized people able to work with CP.

Univ

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ties,

gov

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and

ent

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(i) In the four years of the JCP congress, the participation of Brazilian universities, enterprises and government is superior to the participation of foreign universities, enterprises and government. The relative participation of international universities has increased during the last two events. The participation of international enterprises and governments is scarce and remain fairly stable during the four years of the events.(ii) The type of enterprise that have more participation in the event are consulting companies and service providers(iii) There is scarce relationship/partnership between Brazilian and foreign universities, enterprises and government.(iv) There is scarce relationship/partnership between universities, enterprises and government. This is valid in both, Brazilian and foreign institutions.

(i) Increase the bonds of external partnerships to incentivize foreign participation in the JCP congress. In order to increase the participation of companies it is necessary to publish papers in which the economic and social benefits of implementing CP are shown. (ii) Brazilian government should incentivize the development of joint research between universities and companies. An example of such effort is the Brazilian PPCS (Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentaveis

- 2011-2014), which aims at organizing the relationship between government, universities and enterprises. (iii) Partnership to generate research and practical applications between Brazilian and foreign universities, enterprises and government. China, Italy and Portugal, for example, have published various studies about CP; it is possible that a closer relationship with these countries would allow for the generation of more international submissions to the JCP congress. (iv) Partnership to generate research and practical applications between universities enterprises and government. One such initiative towards this direction is the development of integrated master’s and doctoral programs between Brazilian and foreign universities.

- Government support and the establishment of partnerships will increase the participation of international institutions in the event, which contribute to attract better quality articles and increase the level of the event.

- Establishment of partnership between universities and companies and government tends to generate applied research.

- The development of applied research tends to increase the enthusiasm of companies to implement CP technologies and methods. It is expected that this leads to a virtuous cycle between research generation and application of CP methods in Brazil.

- Population being conscious of the importance of the sustainable consumption leads companies to implement CP

- Brazil can learns from foreign experience.

- There are a lot of difficulties for the establishment of partnership between universities, enterprises and government and also between Brazilian and foreign institutions: scarce financial resources, low level of internationalization of Brazilian universities concerning CP subject, intensify control over environmental responsibility and create laws to encourage CP in Brazil.

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CONCLUSIONS

This study presents a bibliometric review and network analysis of articles published from the congresses in 2007, 2009, 2011, and 2013. The main goal of the study is to present and contribute to improving the current state of CP research in Brazil.

First, we examined the thematics, subjects, business segments, and research methods studied in the JCP congress. Then, the affiliations (universities, government, enterprises, and countries) of the authors that participated in the four editions of the events were presented. In addition, the relationships among these constructs were elaborated upon. From these results, a framework was proposed. This framework (see Exhibit 2) shows the observed CP situation for the constructs, how to change/improve this situation, the possible and the consequences of changing this situation and removing barriers to change.

Based on this framework, we conclude that many thematics and subjects related to CP deserve more attention in Brazil. The adoption of CP by Brazilian companies has greater asymmetry with environmental education, environmental management systems, and ISO 14001, aimed primarily at reducing energy, water, and waste and solid waste management. However, there is little research on renewable energy and environmental responsibility, showing that opportunities exist for research and contributions on sustainable development. Moreover, the results indicated that the implementation of CP should be disseminated to various Brazilian business segments as a means of enhancing sustainable development.

While there are many remarkable accomplishments in the development of CP practices in Brazil, this is still only a trend. In general, to intensify CP in Brazilian companies we suggest improving the communication channels among government, enterprises, universities, and society in order to exchange experiences. In this way, shareholders and entrepreneurs will learn about the subsidies/funds to implement CP, allowing greater adherence to the implementation of CP practices. Moreover, universities, through their research programs, may help companies in their research, enabling innovation in terms of implementation and scientific methods. There is a need for more applied research, for instance, action research in operational reality to generate innovations. Therefore, society would be more educated, allowing for a continuous cycle of learning.

Consequently, one should not think of sustainable development through CP, without considering the stakeholders (government, enterprises, universities, and society). Development will only occur if the process is genuine and integrated. Note that in this process all stakeholders may benefit. Thus, sustainable public policies could be a reference and serve as a benchmark

for other countries. Companies may minimize costs by reducing waste and still reduce their environmental impact, which can lead to more attractive investments and an enhanced competitive advantage. Brazilian universities could generate more innovation and promote internationalization and society that recognizes environmental education as a means of survival for future generations.

However, developing countries (e.g., Brazil) have serious difficulties in developing a government system with CP laws because of the central focus on improving gross domestic production as a matter of survival and that projects related to sustainable production and consumption are still trends in character.

Such research has the potential for companies and the country to contribute to increasing their competitiveness level, manufacturing products in a sustainable way. Such research is mandatory to establish a relationship among Brazilian universities, government, and enterprises, as well as among these and foreign institutions.

The Brazilian government should create laws specifically directed at sustainable production and consumption, which incentivizes and supports the development of such research. Finally, CP funding analyses and policy priorities are being turned into scientific priorities and scientific results (Vasileiadou, Heimeriks, & Petersen, 2011).

This study provides the basis for future research, even though bibliometric methods have their limitations, according to Ferreira, Pinto, and Serra (2013). However, the evolution of research is a cumbersome work and requires considering both objective and subjective aspects (Tahira, Alias, & Bakri, 2013).

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PAULO MARCELO FERRARESI [email protected] da UniCesumar, Programa de Pós-Graduação em Gestão do Conhecimento nas Organizações – Maringá – PR, Brasil

PENSATASubmetida 14.07.2015. Aprovada 01.08.2016Avaliada pelo processo de double blind review. Editor Científico: Felipe Zambaldi

HERMENÊUTICA RICOEURIANA E SUA ARTICULAÇÃO NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS

INTRODUÇÃO

O principal objetivo deste trabalho é apresentar os aspectos filosóficos fundamentais da teoria hermenêutica ricoeuriana, a fim de reconstruir o caminho deixado pela obra de Paul Ricoeur e suas possibilidades no universo dos estudos organizacionais. Os principais aspectos abordados versam sobre o status ontológico e epistemológico dessa teoria e da tensão dialética resultante da intersecção desses dois planos. Acrescenta-se aí a dimensão conceitual da ideologia como o elemento que atravessa essa tensão e que, no discurso científico, deve ser considerado a partir de sua relação íntima com os aspectos filosóficos fundamentais explícitos ou implícitos no texto cien-tífico. A elucidação desses planos ontológicos e epistemológicos, perpassados pelo conceito de ideologia, faz emergir, por contraste, os riscos que se deve ter em perspectiva quando da articula-ção hermenêutica ricoeuriana no interior do campo dos estudos organizacionais. Assim, o quadro teórico de referência utilizado neste ensaio é a própria obra complexa de Ricoeur, principalmente em relação à sua definição de ontologia, que ultrapassa a dimensão de Heidegger com a dissolu-ção da dicotomia sujeito-objeto, e que devolve a possibilidade de se fazer ciência a partir da her-menêutica. Os resultados dessa investida sugerem que (i) o caminho deixado pela obra de um au-tor precisa ser identificado e reconstruído a partir da forma como a própria obra resolve o problema da filosofia fundamental; (ii) em tal caminho, a explicitação de si em relação ao objeto pesquisa-do deve, necessariamente, considerar a dimensão ideológica; e (iii) na reconstrução de tal cami-nho emergem algumas armadilhas, próprias do processo de significação da obra como texto cientí-fico. O caminho deixado pela obra de Ricoeur aponta para a possibilidade de inseri-lo nos estudos organizacionais, desde que se observe o pesquisador como aquele que explicita seu próprio ser

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DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160509

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AUTOR | Paulo Marcelo Ferraresi Pegino

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mediante a relação com o campo, tendo em vista aí a relação dialética entre esses pres-supostos filosóficos fundamentais e a ideo-logia que opera com o (e através do) sujei-to pesquisador.

É certo que alguns autores possuem obras tão vastas e profícuas que deixam como legado não apenas teorias sobre o mundo, mas indicam um caminho a ser tri-lhado por aqueles que buscam possíveis respostas e compreensões acerca da reali-dade. Esses são os casos de Marx e de We-ber, por exemplo, e esse parece ser o caso de Ricoeur, que vem, aos poucos, interes-sando pesquisadores nos estudos organiza-cionais. O legado de Marx é facilmente per-ceptível, uma vez que sua obra é discutida desde a filosofia até as ciências sociais. O “mundo do avesso” por ele denunciado per-mitiu, e ainda permite, aos pesquisadores seguir um dos poucos caminhos contra-he-gemônicos disponíveis na academia. We-ber, por sua vez, constituiu-se numa espécie de pilar para algumas vertentes da sociolo-gia moderna e de algumas searas nos estu-dos organizacionais. Ricoeur, obviamente, não dispõe da mesma popularidade de Marx e Weber, mas também deixou um desses ca-minhos a se seguir ao sintetizar, com parti-cular profundidade, um complexo campo do conhecimento: a hermenêutica. Em Ricoeur, é possível dizer que esse caminho é cons-truído com a elucidação e o entrelaçamento coerente dos aspectos que compõem aqui-lo que poderíamos chamar de filosofia fun-damental da obra: seus planos ontológicos e epistemológicos.

Esse caminho como legado da obra, contudo, deixa armadilhas. Na verdade, quase que invariavelmente, seguir o ca-minho deixado por um grande autor signi-fica reconstruí-lo, e isso só pode ser feito num esforço hermenêutico de considerá--lo a partir de seu contexto e de suas pró-prias influências. Entender esse Zeitgeist em paralelo à obra do autor é, por sua vez, um exercício dialético complexo e, muitas vezes, longo, mas que pode resultar, a par-

tir de um esforço de síntese, em novas for-mas de se compreenderem e explicarem os fenômenos sociais. Mas, para seguir o ca-minho, é preciso, antes de qualquer coisa, encontrá-lo, ou seja, voltar-se à obra e en-carar sua profundidade teórico-conceitual. E, ao encontrá-lo, é necessário reconstruí--lo, não mais no sentido de se refazerem os passos do autor e da obra, mas no sentido de confrontá-lo (e aqui surge mais um es-forço hermenêutico). Seguir o caminho da obra, nos termos de uma contribuição para as ciências sociais, não é um mero esforço estético de intelectualidade, mas um esfor-ço crítico, um confronto entre o sujeito his-tórico que tenta compreender, vis-à-vis com sua própria historicidade, e a obra que se tem em vista. Para Ricoeur, reivindicar qual-quer contribuição científica a partir da her-menêutica exige a resolução dessa tensão dialética entre explicação e compreensão.

Uma outra armadilha, igualmente com-plexa, consiste na pressa em se operaciona-lizarem conceitos, no campo empírico, sem a completa apreensão da filosofia funda-mental da obra. Esse problema diz respei-to à interpretação da obra em relação aos seus aspectos internos, que lhe conferem coerência (sua dimensão ontológica e epis-temológica), e a possibilidade de sua utili-zação no nível metodológico ou, de manei-ra acessória, no nível teórico. Diz respeito, enfim, às possibilidades de como pode ser utilizada determinada obra no contexto dos estudos organizacionais.

Essa será a contribuição deste traba-lho: revelar as possíveis armadilhas da filo-sofia fundamental da obra de Ricoeur a fim de avançar tanto o debate sobre sua per-tinência para os estudos organizacionais quanto para alertar sobre possíveis equívo-cos no processo de articulação de sua obra no interior do campo. Como contribuição acessória, discute-se, também, a ideologia em Ricoeur, a partir da ideia de que os as-pectos fundamentais de uma obra não po-dem prescindir da elucidação de seu plano ideológico.

A FILOSOFIA FUNDAMENTAL DA OBRA RICOEURIANA

Quase meio século se passou desde que Paul Ricoeur propôs uma reflexão herme-nêutica à oposição clássica proposta por Dilthey, na qual “explicação e compreen-são” eram colocadas como opostos, com singularidades não solúveis do ponto de vista filosófico – ao mesmo tempo, Ricoeur resolvia uma similar leitura (antropológica) de Heidegger que opunha o “objetivo e o existencial” (Ricoeur, 1969, p. 396). Àque-la altura, Ricoeur já observava que tais opo-sições constituíam-se, de fato, em falsos di-lemas que implicavam, para as “ciências do pensamento”, abdicar da possibilida-de de explicar o mundo em favor de siste-mas idealísticos preocupados quase que exclusivamente com o problema ontológi-co. Tal idealismo levou Ricoeur (1969) à se-guinte reflexão: “Sem dúvida, é necessário hoje render menos importância à Verstehen (compreensão), a qual é exclusivamente centrada na decisão existencial, e conside-rar o problema da linguagem e da interpre-tação em toda a sua amplitude” (p. 396 [tra-dução nossa]).

Nesse clássico de 1969, Ricoeur deu início a uma tarefa filosófica de substituir tais falsos dilemas por uma teoria herme-nêutica da interpretação baseada na dialé-tica da compreensão (Verstehen) e da expli-cação (Erklären). Pouco depois, em 1981, uma definição conceitual mais robusta apa-receu pela primeira vez em língua inglesa: “Hermenêutica é a teoria das operações da compreensão em sua relação com a inter-pretação de textos” (Ricoeur, 1981, p. 53 [tradução nossa]). Como resultado, algu-mas proposições ficavam mais claras, mas com profundas implicações sobre as rela-ções antes dicotômicas entre o sujeito e o objeto: cada atividade de interpretação deveria revelar formas de se compreender o mundo a partir de um sujeito particular. De modo concomitante, cada atividade de interpretação deveria permitir explicações

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objetivas (e, dessa forma, científicas) de um objeto particular. Entre essa práxis, opera-ria uma dinâmica sócio-histórica na qual ambos, sujeito e objeto, estariam imersos e imporiam limites à atividade de interpre-tação. A partir daí, a hermenêutica deixaria de ser uma mera metafísica sem pretensões científicas.

A ontologiaÉ importante ressaltar que, quando Ricoeur propôs render menos importância à Vers-tehen, ele não estava abrindo mão da on-tologia. Tampouco propunha centrar car-ga exclusiva na produção do conhecimento (a Erklären). Daquela reflexão, na verdade, se derivava uma hipótese: só poderia ha-ver uma hermenêutica em condições de ex-plicar o mundo se ela resolvesse esses dois polos que, até então, haviam sido tratados como antagônicos: o ontológico e o epis-temológico. O primeiro passo para a cons-trução de uma hermenêutica científica se-ria, aliás, concebê-la a partir de um status ontológico (Ricoeur, 2008). Essa condição, ao mesmo tempo, auxiliaria a hermenêutica em suas pretensões de se fixar como campo do saber e de abandonar as atividades que Ricoeur (2008) chamava de regionais, como a dedicação limitada à exegese dos textos bíblicos e à filologia dos textos clássicos. De quebra, evitaria os equívocos que come-tem algumas epistemologias quando fixam os meios de se compreender o outro antes mesmo de se resolver a questão acerca de quem é esse ser que compreende, como no caso do idealismo em suas diferentes cor-rentes, desde o positivismo até algumas formas de fenomenologia. É o sujeito histó-rico que vai dizer algo a respeito do mun-do, muito embora esse sujeito possa não ter consciência disso, e toma essa expres-são da compreensão de si como um objeto natural (no caso do positivismo), ou reduz o dito à expressão singular de sua consciên-cia e o mundo, a uma representação dessa consciência (no caso da fenomenologia). O status ontológico é necessário para a cria-

ção de uma hermenêutica desregionalizada e global, ao mesmo tempo que serve para escapar dessa pretensão epistemológica em que, supostamente, haveria um pesqui-sador neutro.

O primeiro passo para a construção de uma ontologia hermenêutica deveria ser, então, resolver o problema do ser, ou seja, do “lugar” onde as coisas primeiro aconte-cem. Esse ponto de partida é derivado das leituras (não existencialistas) que Ricoeur faz de Heidegger. Para Heidegger (1988), o ser, temporal e histórico, é tão desconhe-cido para si mesmo quanto é para o outro. Entretanto, no fluxo de sua relação com o mundo, ele tem, na compreensão, uma ati-vidade fundamental de existência. A com-preensão, aqui, não enseja um sentido filo-sófico de classificação de saberes e objetos ou de abstração sobre coisas, mas um sen-tido de orientação. Enquanto a classifica-ção e a abstração já implicariam a existên-cia de uma oposição entre o ser e o mundo ou entre o ser e um objeto particular, o sen-tido de orientação apenas revela um “ser--no-mundo” que navega, circunscrito por sua própria mundanidade – e, por isso mes-mo, limitado às suas determinações bioló-gicas, cognitivas, histórico-culturais etc. – explicitando-se a si mesmo no curso dessa existência.

Entretanto, o “ser-no-mundo” de Hei-degger implica a aparição determinística do círculo hermenêutico. O círculo refere-se ao fato de que o “ser-no-mundo” rompe com a dicotomia sujeito-objeto, uma vez que “[...] o sujeito se dá a si mesmo no conhecimen-to do objeto [...] e, em contrapartida, é de-terminado, em sua mais subjetiva disposi-ção, pela tomada que o objeto tem sobre o sujeito, antes mesmo que este empreenda seu conhecimento” (Ricoeur, 2008, p. 41). O círculo é, assim, a expressão teórica da relação irreconciliável entre a ontologia e a ciência, envolvendo todos os “pré-con-ceitos” que permitem ao sujeito seu senti-do de pertença (Gadamer, 1999), e que lhe conferem densidade ontológica (Ricoeur,

2008), mas que o impedem de uma efeti-va possibilidade de exercício crítico distan-ciado por estar existencialmente implicado naquilo que se propõe a conhecer (Heideg-ger, 1988).

Para Gadamer (1999), em Verdade e Método (Wahrheit und Methode, original-mente publicado em 1960), o rompimen-to do círculo exige, do hermeneuta, operar conscientemente no polo oposto ao da per-tença ontológica, ou seja, adentrar o uni-verso da estranheza do deslocamento dos horizontes históricos. Essa dialética entre a familiaridade e a estranheza é, para Gada-mer (1999), o terreno sob o qual a herme-nêutica deveria se assentar: ela deveria ab-dicar de “[...] desenvolver um procedimento da compreensão, mas esclarecer as condi-ções sob as quais surge compreensão” (p. 442). Dado que o outro possui seus pró-prios horizontes, ou seja, suas próprias amarrações sócio-históricas que operam sobre sua forma de compreender, restaria à hermenêutica propor a fusão desses ho-rizontes por meio da deliberada tomada de distância do sujeito em relação ao outro ou ao objeto.

Ricoeur (2008) rejeita esse distancia-mento alienante como elemento reconcilia-dor entre a Erklären e o círculo hermenêuti-co. Por outro lado, ele assume o outro polo da dicotomia proposta por Gadamer como ponto de partida para inverter a problema-tização: “Como é possível introduzir qual-quer instância crítica numa consciência de pertença expressamente definida pela re-cusa do distanciamento?” (Ricoeur, 2008, p. 49). Entende-se aqui que recusar o dis-tanciamento é assumir a pertença num mo-mento histórico, e a possibilidade da crí-tica – entendida como a possibilidade de se compreender e de se fazer ciência – dá--se pela relação dialética entre pertença e distanciamento. Para Ricoeur, a cisão en-tre pertença e distanciamento nunca foi uma cisão real, justamente porque a per-tença limita, necessariamente, o distan-ciamento. O lugar do ser é o lugar de per-

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tencer a um tempo histórico. Ainda assim, resta uma questão: ao assumir a pertença, não se reintroduziria o problema do círculo hermenêutico?

Para Ricoeur (2008), assim como para Gadamer (1999), o mundo é um mundo de significações contidas nos elementos da vida, como os signos e os textos. A com-preensão de si mesmo passa pela inter-pretação desse universo simbólico, e a lin-guagem desempenha o papel de função mediadora. Para Gadamer (1999), essa fun-ção mediadora permite a manipulação ins-trumental desse universo simbólico. Para Ricoeur (2008), a linguagem só encontra o distanciamento e só possibilita o exercí-cio da crítica quando a mediação do mun-do pela linguagem se transforma, antes de tudo, na mediação do mundo pelo texto.

A mediação pelo texto possibilita a ob-jetivação do mundo pelo fato de que o texto, em si, não pertence nem ao leitor nem ao au-tor (ou nem ao interlocutor nem ao locutor, quando se toma uma noção mais ampla de texto para Ricoeur). É o paradigma do distan-ciamento na comunicação. Nesse ponto, é possível refundar a noção ontológica da her-menêutica ricoeuriana a partir de uma rela-ção dialética com sua própria epistemologia, pois compreender-se (o problema do ser) é compreender-se diante do texto e pelo tex-to (donde se admitem a ruptura do círculo e a abertura da possibilidade da crítica). Não há, no problema do ser, uma intuição ime-diata que permita evidenciar-se a si mesmo como um ser. Na verdade, esse ser só é pos-sível pelo texto e, num sentido mais amplo, pelo texto do mundo. Em suma: o distancia-mento sem negar a pertença é possibilitado pela objetivação do texto.

A epistemologiaEssa mediação pelo texto permite, na pers-pectiva ricoeuriana, a reconciliação entre a Verstehen e a Erklären. Por texto, Rico-eur (2008) compreende um complexo ca-minho que se funda no discurso oral ou es-crito, perpassado pela dialética do evento

e da significação e que, ao final, expõe um mundo a ser explicado e compreendido. Por outro lado, é preciso ter em vista que o tex-to, para Ricoeur, não possui uma vincula-ção imediata com a escrita, mas, sim, com um universo simbólico mais amplo de ação recursiva (acessado e modificado) pelo dis-curso. Dessa forma, obra, texto e escrita são conceitos distintos, ainda que vincula-dos entre si e implicados dialeticamente na hermenêutica ricoeuriana. Enquanto o tex-to se aproxima do próprio universo simbó-lico compreensível e interpretável, a obra é uma ampliação sistêmica da unidade se-mântica, a frase, porém vinculada a um gê-nero (científico, literário etc.) e a um estilo (traço configurador que marca determinada individualidade) (Ricoeur, 2008). Entretan-to, a obra permite acessar o texto, e o tex-to permite a compreensão da obra, tendo como mediadores os discursos escritos ou orais. Além disso, é preciso levar em con-ta que o texto é um elemento transversal na problemática hermenêutica. Ele transpor-ta o discurso de um evento evanescente a uma intermediação fundamental do homem com o mundo, acomodando o processo her-menêutico novamente em sua origem: no “ser-no-mundo”.

Com o mundo do texto, o problema ontológico é colocado antes do problema epistemológico. Não como categorias es-tanques e hierarquizadas, mas como uma ontologia que se coloca por dentro do pro-blema epistemológico. Entretanto, há um salto no problema ontológico: a crítica é possibilitada pela objetivação do texto, mas o texto escrito (como seria possível su-por em uma referência imediata) é também o texto do mundo, numa metáfora mais am-pla. A linguagem, esse elemento fundamen-tal da intermediação do ser com o mundo, efetua-se como discurso, e o discurso efetu-a-se como um evento, ou seja, possui uma temporalidade e exprime-se por alguém e a respeito de algo (explicita um ser no mun-do diante do mundo). Por outro lado, a compreensão desse discurso só pode ocor-

rer como significação. A temporalidade do evento do discurso existe enquanto existir sua significação, atribuída pela interlocu-ção, permanece e recria-se, conforme a re-lação hermenêutica nela inserida. Há, en-fim, uma relação dialética entre o evento e a significação.

Com o texto, ocorre semelhante ope-ração, e a linguagem também se efetua como discurso. Mas é quando se passa da fala à escrita que se insere a possibilidade de uma investigação positiva do discurso: mais do que proteger fisicamente o discur-so, o texto ganha autonomia em relação ao seu autor Ricoeur (2008). É importante que se deixe claro que essa autonomia refere--se à autonomia semântica do texto e pos-sibilita uma relação muito mais ampla en-tre a dialética do evento e da significação. O evento, no discurso escrito, não é mais um evento evanescente que “exige” uma significação mais imediata, mas, ao se fixar como obra, permite que o processo de sig-nificação aconteça em diferentes épocas e contextos socioculturais. O texto é autôno-mo de seu autor e ainda guarda caracterís-ticas positivas (explicáveis): a intenção psi-cológica do autor pode até ser de interesse de algum ramo da ciência ou da filosofia, mas o texto em si tem nele registradas suas próprias características semânticas objeti-vadas e que são colocadas à prova em di-ferentes processos de interpretação her-menêutica. Esse mundo objetivo do texto permite diferentes explicitações do ser diante dele. Com o texto, o círculo herme-nêutico perde o sentido e se rompe, e a dis-tância não precisa abrir mão da pertença.

Claro está, porém, que a independên-cia semântica não protege o texto das trans-formações operadas pelas diferentes signi-ficações que ocorrem ao longo do tempo. Esse é o próprio processo hermenêutico de interpretação. Daí que, em suas páginas, o texto pode revelar que enunciados meta-fóricos se tornaram polissemia ou que sig-nos foram elevados a símbolos por meio da constante intermediação da ideologia.

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A IDEOLOGIA NA INTERMEDIAÇÃO DA FILOSOFIA FUNDAMENTAL

De início, uma pequena síntese da apre-sentação precedente: conhecer é explici-tar o tipo de ser na relação dialética entre explicação e compreensão. A tensão dialé-tica entre ontologia e epistemologia que se deixa revelar nessa síntese deve ser acres-cida de uma dimensão que as une e as per-passa como o elemento fundamental de todo o esforço hermenêutico de interpreta-ção: a ideologia.

Para Ricoeur (1991, 2008), o debate acerca da ideologia entra em pauta no mo-mento em que ele reconhece que o compre-ender-se diante da obra se mostra, ao mes-mo tempo, uma atividade de apropriação e de desapropriação de significações. Essa é, na verdade, uma decorrência natural da de-finição do status ontológico da hermenêuti-ca. A não ser que se recorra inutilmente ao idealismo (tanto objetivo quanto subjetivo) para se colocar o problema do mundo como um problema da exclusiva subjetividade do sujeito, a apropriação simbólica de um mundo que existe e é significante passa a fazer parte da relação do ser com o mundo, e constitui-se em elemento central no pro-cesso de compreender-se diante da obra. Acrescenta-se a isso que, uma vez que se tome conhecimento da teoria psicossocial de Freud (Enriquez, 1997), aceitando-a ou rejeitando-a, passa a ser necessária a aten-ção à possibilidade dos processos de in-trojeção, no indivíduo, dos mecanismos de controle sociais. Essa atenção deteve muito do esforço dos autores da Escola de Frank-furt (Jay, 1996), por exemplo.

Contudo, Ricoeur acredita que a dis-cussão acerca do problema da ideologia traz consigo duas armadilhas: a primei-ra diz respeito à definição inicial do con-ceito, e a segunda diz respeito ao seu es-tatuto epistemológico. No caso da primeira armadilha, Ricoeur rejeita a ideia de análi-se da ideologia em termos de classe social

e, por conseguinte, sua função inerente de dominação por uma classe dominante. Aqui há uma direção muito clara: superar o con-ceito marxista de ideologia, numa tentativa que ele chama de atravessá-lo. O que pa-rece claro, entretanto, é que essa rejeição é, na verdade, uma objeção a um marxis-mo vulgar que toma como ponto de parti-da a relação mecânica existente entre a in-fraestrutura econômica e a superestrutura simbólico-cultural. Desse marxismo vulgar, pode-se concluir que os aspectos simbóli-cos da vida são um epifenômeno natural de uma ordem econômica de base, e, dessa re-lação mecânica e previsível, todo o proces-so ideológico seria resultado da absorção passiva, por parte dos trabalhadores, do conjunto das ideias dominantes. Ricoeur, ao “atravessar” o marxismo, está, na verda-de, renunciando esse projeto marxista vul-gar, ignorando a fundamental relação dialé-tica entre infra e superestrutura proposta por Marx (Swingewood, 1978). Já no caso da segunda armadilha, relacionada ao estatu-to epistemológico do conceito, Ricoeur ab-dica da perspectiva positivista de ciência como o lugar por excelência da liberdade das amarras da ideologia. Ainda mais quan-do esse lugar é utilizado como porto segu-ro daqueles que, advogando em prol de sua própria (pretensa) objetividade e neutrali-dade, denunciam a ideologia de outras for-mas de conhecimento filosófico. Com es-forço, Ricoeur resvala na denúncia entre ciência e interesse levada a cabo pela Esco-la de Frankfurt. É bem verdade que, nos tra-balhos da Escola de Frankfurt, a relação en-tre ciência e ideologia revela mais a faceta de instrumentalização do homem pelo ho-mem a partir da relação evidente entre ci-ência e interesse e, numa perspectiva mais ampla, no aniquilamento do pensamento de protesto (Marcuse, 1969).

Destarte essa falta de apreciação críti-ca do trabalho marxista e de seus sucesso-res, Ricoeur constrói seu conceito de ideolo-gia em três etapas: (i) a ideologia deve ser apreendida a partir de sua dimensão inte-

gradora. Assim, se for verdade que a psicos-sociologia freudiana revela a possibilidade da introjeção dos mecanismos de contro-le social (e agora não se pode mais pensar em explicitação de si por meio dos elemen-tos significantes da vida sem considerar a di-mensão de apropriação de elementos ideo-lógicos e, consequentemente, de controle), também passa a ser verdade que ela apre-senta essa introjeção das normas e contro-les por meio do controle das funções pul-sionais como a forma possível de vida em sociedade. Para a psicanálise freudiana, não há sociedade sem controle, pois não há vín-culo social sem uma ordem integradora fun-damental ancorada em mitos e tabus (Enri-quez, 1997). É apoiado nessa perspectiva psicossocial que Ricoeur define um primei-ro nível da ideologia: “A ideologia é a função de distância que separa a memória social de um acontecimento que, no entanto, trata-se de repetir” (Ricoeur, 2008 p. 78).

Sob a perspectiva da integração, a ide-ologia pode fazer-se presente tanto como um elemento mobilizador quanto justifi-cador, muito embora Ricoeur (2008) reco-nheça que o elemento justificador seja o elemento preponderante. Outra faceta inte-gradora da ideologia é o seu caráter dinâmi-co, ou seja, ela pode ser motivadora ao pas-so que justifica e compromete. Ainda, para ter esse caráter integrador, a ideologia pre-cisa substituir as ideias por opiniões, subs-tituindo um sistema de pensamento por um sistema de crença. Dessa forma, o ní-vel epistemológico da ideologia é o nível da opinião, e não o da crítica, donde ela está no discurso em vez de ser propriamente uti-lizada pelo discurso: “[...] uma ideologia é operatória, e não temática. Ela opera atrás de nós, mais do que a possuímos como um tema diante de nossos olhos. É a partir dela que pensamos, mais do que podemos pen-sar sobre ela” (Ricoeur, 2008, p. 80). Por fim, nessa faceta integradora, a ideolo-gia revela um aspecto temporal. O novo só pode ser recebido a partir do típico, o que revela, enfim, a ortodoxia social: uma into-

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lerância e uma tendência à marginalização do diferente.

A ideologia possui, obviamente, uma (ii) função de dominação, pois o que a ide-ologia integra, no final das contas, é o siste-ma de autoridade de um dado grupo social (nesse caso, a noção de autoridade utiliza-da por Ricoeur é a noção weberiana). Ato contínuo, todo sistema de autoridade ca-rece de legitimação, e essa legitimação é ideológica e corresponde à crença dos in-divíduos. Entretanto, há uma relação dissi-métrica entre a crença (a oferta da crença) e as exigências de autoridade (demanda de autoridade), em que seguramente é maior a demanda de autoridade, ou seja, o dese-jo pela autoridade por parte daqueles que a possuem Ricoeur (2008). A dominação, em sua relação com as tipificações de au-toridade weberiana, é um elemento por cer-to desejado pelo grupo (correspondendo à oferta de crença), pois também possui um elemento integrador e há uma relação de pertença do nível integrador no nível da do-minação, donde se apreende, na teoria ri-coeuriana, que essa relação não é, em si, danosa, mas se dá em termos de equilíbrio e desiquilíbrio. Finalmente, a ideologia pos-sui um (iii) caráter de deformação. Aqui, o sentido é o sentido da ideologia marxista de deformação como um mundo de cabeça para baixo, invertido Ricoeur (2008).

Finalmente, a ideologia é definida tam-bém pelo seu conteúdo, pois, se há essa in-versão, é porque o produto simbólico dos homens é, em certa medida, também inver-são. O exemplo que evidencia esse caráter de inversão, para Ricoeur, é a religião, que toma a imagem pelo real e o reflexo pelo ori-ginal. Mas, para Ricoeur, esse é, ao mesmo tempo, um exemplo emblemático na ideo-logia marxista e sua ruína. A inversão que se opera, na cabeça dos homens, de modo a inverter o real pela tomada acrítica da aparência do mundo vivido não é analisada pelo marxismo em termos de sua função no espectro ideológico. A crítica marxista vai, então, concentrar-se em seu conteúdo, ele-

gendo a religião como o mal ideológico uni-versal.

O que seria necessário acrescentar a essa noção de ideologia ricoeuriana e sua crítica ao marxismo é que, na ideologia marxista, a autonomia do trabalho intelec-tual diante do material é apenas uma au-tonomia aparente. Decorre daí que o pró-prio marxismo apontou contra a pretensão de um projeto científico desvinculado dos interesses mundanos e de uma classe do-minante. Daí, também, que o produto des-se tipo de trabalho intelectual pode ser, ele mesmo, produto alienado, aprofundando o ritmo daquele desequilíbrio nas funções integradoras e de dominação da ideologia numa relação dialética entre as bases eco-nômicas da sociedade e sua superestrutu-ra simbólico-ideológica. Dessa forma, é na-tural ao marxismo pensar que não é apenas a religião o elemento deformador da ideo-logia, quando tomada pelo seu conteúdo, mas toda a ação simbólica que decorre no fluxo da vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Objetivou-se, com esse trabalho, apresen-tar os aspectos filosóficos fundamentais da teoria hermenêutica ricoeuriana, apontan-do caminhos para operacionalizá-la no in-terior dos estudos organizacionais. Ope-racionalização assume aqui um sentido bastante amplo e descompromissado, ig-norando, a princípio e propositalmente, possíveis diferenças epistemológicas des-se uso. Nesse sentido, operacionalizar é transformar a obra em um referencial teó-rico-metodológico que atravessa o esforço hermenêutico de pesquisa em meio à ten-são dialética da explicação versus compre-ensão. Em outros termos, operacionalizar é se utilizar da obra para compreender ou in-terpretar dado fenômeno ou conjunto de fe-nômenos ou variáveis da realidade social.

Num primeiro nível, a obra é operacio-nalizada de modo rudimentar, por meio de

fragmentos. O conjunto da obra é ignorado, quer seja pelo oportunismo ou pela facilida-de de se extraírem passagens ou conceitos isolados para uma utilização pragmática e imediatista por parte do pesquisador, quer seja pela complexidade inerente à obra e a dificuldade de se elucidarem seus aspectos filosóficos fundamentais. Significa, enfim, que o pesquisador retira da obra concei-tos descontextualizados para a utilização tal qual o faria com uma ferramenta. Pode ocorrer como resultado de fraqueza con-ceitual ou, num nível de pesquisa um pou-co mais elevado, como resultado da incom-patibilidade teórico-metodológica entre a obra e o trabalho que se está construindo. É possível que esse mau uso conceitual dos fragmentos de uma obra diga respeito ao problema do excesso de significação.

Ricoeur (1976) diz que o problema do excesso de significação é um problema emi-nentemente das obras literárias, uma vez que as obras científicas deveriam ser to-madas pela sua interpretação literal. O ex-cesso de significação é um problema decor-rente da característica mais primária dos signos lexicais: sua polissemia. A polisse-mia, por sua vez, é essa singular atribui-ção de novos significados para um mesmo signo lexical. A solução para a interpreta-ção da polissemia é o manejo dos contex-tos, ou seja, a capacidade de locutor e inter-locutor buscarem significados inequívocos para seus enunciados e de se entenderem a partir dessa operação. É um exercício ele-mentar de interpretação, que pode, depen-dendo do contexto em que opera, possuir pouca tensão dialética entre compreensão e explicação. Esse manejo, contudo, torna--se mais complicado na medida em que, no lugar da simples polissemia, encontra-se o uso simbólico do signo, ou o uso metafóri-co na frase, recurso comum em obras lite-rárias.

Particularmente, já não há certeza quanto à não pertinência desse excesso de significação também no mundo das obras científicas, pois se o excesso de significação

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é, nas obras literárias, um problema imedia-to, ou seja, pode ocorrer em cada estrofe, em cada frase e em cada enunciado metafó-rico, nas obras científicas o problema do ex-cesso de significação ocorre naquilo que Ri-coeur (1977) chama de discurso como obra. É no conjunto da obra que o excesso de sig-nificação se revela. Se não há problemas em se identificar o sentido literal dos tre-chos isolados dos discursos científicos, o mesmo não pode ser dito da interpretação da obra como um todo. É um problema her-menêutico mais amplo, o qual Ricoeur pa-rece apenas tangenciar despercebidamente quando discute ciência e ideologia. Porém, no discurso científico, o excesso de signifi-cação ganha um novo contorno: o risco não está mais no manejo do contexto imediato, mas, sim, em desvincular o significado lite-ral de uma frase do conjunto particular de sua obra. É um problema de outra grande-za: o excesso de significação resulta, enfim, em uma simplificação.

Num segundo nível, a operacionali-zação pode ser localizada ou ampla, de-pendendo dos objetivos de pesquisa e da profundidade com que se apreende deter-minada obra. Nela, o pesquisador pode ex-trair um conceito útil às suas pretensões sem, contudo, importar todo o arcabou-ço conceitual da obra. Geertz (1989), por exemplo, parece negociar bem a importa-ção do conceito weberiano de ação social para construir sua própria noção de cultu-ra. Nem por isso lança mão de tipificações weberianas ou adota qualquer possibilida-de do projeto epistemológico weberiano de “neutralidade axiológica”. O conceito resul-tante de cultura diz respeito às teias de sig-nificados construídas pelo homem e que lhe servem de amarras. Tais teias de signi-ficados ligam-se à noção de texto do mun-do, e a compreensão de si se dá pela com-preensão dessas teias (ou desses textos) e através dessas teias e textos. Essa é a natu-reza ontológica do trabalho de Geertz, ab-solutamente coerente com o conceito em-prestado. Assim, não poderia ser outra a

possibilidade de se construir conhecimen-to e de se fazer ciência em Geertz, que não fosse pela descrição densa. Enfim, o con-ceito weberiano foi empregado, e há uma construção filosófica fundamental que ex-plica a natureza ontológica de seu traba-lho (coincidentemente hermenêutica) e sua natureza epistemológica, apontando para uma ciência que não busca leis, mas, sim, uma descrição densa da realidade. A opera-cionalização do conceito é efetuada, mas as diferenças teórico-metodológicas da obra são neutralizadas.

É preciso ter em mente que algumas construções filosóficas são apenas especu-lativas, e o são de modo proposital. Como filósofo, Ricoeur não tinha uma preocupa-ção empírica imediata, o que acrescenta uma maior dificuldade de se operacionali-zar sua teoria no campo dos estudos orga-nizacionais. Mas, como afirmado no início, certas obras transcendem as preocupações mais imediatas dos seus autores, deixando um caminho para ampliar o escopo de seu trabalho. O problema resulta em como tri-lhar tal caminho. O que se pretendeu com este ensaio foi provocar um debate acer-ca da pertinência da obra de Ricoeur, autor pouco discutido nos estudos organizacio-nais, esboçando-se, em paralelo à crítica da operacionalização precoce, um projeto par-ticular de operacionalização de sua obra, tendo em vista as possíveis armadilhas in-seridas no caminho por ela deixada, como o complexo jogo dialético entre sua ontolo-gia e sua epistemologia.

O caminho deixado pela obra de Rico-eur aponta para a possibilidade de inseri--lo nos estudos organizacionais, desde que se tome cuidado em perceber o pesquisa-dor como aquele que explicita seu próprio ser mediante a relação com o campo, ten-do em vista aí a relação dialética entre es-ses pressupostos filosóficos fundamen-tais e a ideologia que opera com o (e por meio do) sujeito pesquisador. Aqui cabe uma consideração importante: não há ci-ência sem ideologia. O debate da ideologia

deve emergir em cada empreitada científi-

ca, como forma de desnudar, principalmen-

te, seus aspectos de dominação e deforma-

ção. Ainda no caminho da hermenêutica

ricoeuriana, vê-se como pertinente o de-

bate, nos estudos organizacionais, acerca

da relação dialética entre a compreensão

da obra científica (como já dito, dimensão

pouco tratada por Ricoeur em sua teoria da

interpretação), e a sua operacionalização

nos domínios da ciência, evitando as arma-

dilhas da operacionalização precoce e da

simplificação.

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RESENHA

PorIvan Fortunato

[email protected] do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia de São Paulo – Itapetininga – SP, Brasil.

O PROCESSO DE ADMINISTRAR EVENTOS

ADMINISTRAÇÃO DE EVENTOSAlexandre Shigunov Neto & Viktor Shigunov. Campinas, SP, Brasil: Ed. Alínea, 2015. 117 paginas.

O livro “Administração de eventos” foi pensado e executado, de acordo com os próprios autores, como um “guia de referência, de fácil utilização e compreensão, para os profissio-nais que atuam na realização de eventos” (p. 11), tendo como público-alvo iniciantes, aspi-rantes e estudantes universitários dos cursos de administração, hotelaria, turismo, educa-ção física e demais áreas cujos egressos poderão realizar, direta ou indiretamente, a árdua tarefa de administrar algum evento. Não obstante, o esforço interdisciplinar desses dois autores – um deles, bacharel em administração, o outro, licenciado em educação física – resultou em uma obra que deve ser compreendida muito além da praticidade de um guia, que foge da linguagem rebuscada e, ao final, ainda oferece mais de uma dúzia de modelos de documento para as diversas necessidades de um evento.

Afirma-se que este livro vai além porque, de uma maneira bastante sutil, seus autores ampliam a percepção do que subjaz a um evento e contribuem não apenas para que es-tes sejam mais bem organizados, mas, antes, mais bem administrados. Com isso, não se utiliza a expressão “organizar”, uma vez que “administrar” recobre melhor a complexida-de gerencial de um evento que se realiza de maneira pontual e datada aos usuários, po-rém demanda salutar profissionalismo para planejar, executar, controlar e avaliar cada uma de suas etapas. Isso começa muito antes e termina bem depois da materialização de cada evento.

Dessa forma, pode-se considerar que este guia se verte, facilmente, em uma obra de re-ferência teórica para ser utilizada nos cursos superiores – bacharelados e tecnológicos – por professores e alunos. Seja porque tira a complexa tarefa de coordenar um evento da simplicidade de uma organização, elucidando que um evento bem-sucedido requer conhe-cimento dos fundamentos da administração, seja porque Shigunov Neto e Shigunov tam-bém colocam em discussão conceitos fundamentais e adjacentes ao termo, de origem lati-na, que significa “um acontecimento, uma eventualidade, uma ocorrência” (p. 25).

O livro tem quatro partes distintas e complementares. Começa pela sua apresentação, na qual os autores tiveram a preocupação de contextualizar a obra a partir de dados oficiais sobre o exponencial crescimento do número de eventos no País. Em seguida, no primeiro capítulo da parte “Caracterização de eventos”, os verbetes informação e conhecimento são explicitados, explicados e relacionados com o aumento da oferta-procura por eventos, sen-do estes qualificados nas modalidades técnicos e científicos. No capítulo segundo dessa parte, as distintas modalidades de eventos técnicos, científicos e esportivos são discrimi-nadas, possibilitando aos leitores compreenderem as nuances que diferenciam congressos de simpósios, de colóquios etc.

Na parte seguinte, escrita em dois capítulos, os autores tratam, detalhadamente, a ad-ministração de eventos técnicos e científicos (capítulo três) e esportivos (capítulo quatro), incluindo formas assertivas de lidar com alguns imprevistos. A última parte do livro são os documentos anexos já referidos nesta resenha.

Para concluir, Shigunov Neto e Shigunov apresentam eloquente constatação a qual se deve endossar: administrar um evento é muito mais do que uma prática profissional baliza-da por conhecimentos científicos, pois se torna uma arte gerencial, na medida em que seu sucesso pressupõe o manejo adequado do basilar ciclo quádruplo planejar-executar-con-trolar-avaliar, mas também de assertividade, agilidade na tomada de decisões, gerencia-mento de pessoas para delegar e cobrar, noções de atendimento ao cliente, conhecimen-tos de logística etc.

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020160510

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INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICASO poder da criatividadeSamy Dana | [email protected]

Inês Pereira | [email protected]

Tema bastante discutido, especialmente no meio empresarial, a criatividade merece ser abordada de uma forma mais ampla. O poder criativo é o alicerce para a formação de bons profissionais, bons empresários e a força necessária para que a inovação seja constante na economia. Se demandamos funcionários criativos ou valorizamos produtos e serviços inovadores, é preciso encorajar a criatividade e a autonomia desde cedo. É fundamental que repensemos o sistema educacional tradicional para incentivar a habilidade criativa ou, pelo menos, não desencorajar a curiosidade das crianças. Segue um rol de referências fundamentais para o estudo do tema, indicadas pelos professores Samy Dana e Inês Pereira, ambos da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP).

CRIATIVIDADE S.A.: Superando as Forças Invisíveis que Ficam no Caminho da Verdadeira Inspiração.Ed Catmull & Amy Wallace. Rio de Janeiro, RJ: Rocco, 2014. 320 p.

Ed Catmull é cofundador da Pixar e traz um livro para gerentes e administradores que querem conduzir suas equipes ao crescimento. O livro traz uma narrativa rica no sentido de construir uma cultura de criatividade dentro das organizações. Um erro comum dos administradores é achar que a criatividade é algo necessário ape-nas aos artistas. Ph.D. em ciência da computação, o autor fez parcerias impor-tantes com George Lucas, Steve Jobs e John Lasseter.

INGENIUM: Um Curso Rápido e Eficaz sobre Criatividade.Tina Seelig. São Paulo, SP: Editora da Boa Prosa, 2012. 216 p. 

Tina Seelig desfaz o mito de que a criatividade é um dom com o qual a pessoa nasce. Segundo ela, a criatividade é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Autora de best-sellers, ganhadora de prêmio em educação pela Universidade de Stanford e consultora de empresas como Google, Cisco e IBM, ela oferece um guia de como desenvolver a criatividade que pode ser usado por qualquer pessoa.

CREATIVE SCHOOLS: The Grassroots Revolution That’s Transforming Education.Ken Robinson & Lou Aronica. New York, EUA: Penguin Books, 2015. 320 p. 

Ken Robinson é uma das principais referências internacionais em educação. Reconhecido como um líder em criatividade, ele foca um grande desafio: como transformar o atual sistema de educação. Sua argumentação consiste em der-rubar premissas ultrapassadas do modelo de ensino tradicional para engajar es-tudantes e profissionais do ensino em métodos de aprendizado orgânicos e per-sonalizados. Sua palestra no TED Talk, “Do schools kill creativity”, é uma das mais assistidas.

THE TEN FACES OF INNOVATION: Ideo’s Strategies for Defeating the Devil’s Advocate and Driving Creativity Throughout your Organization.Tom Kelley & Jonathan Littman. New York, EUA: Doubleday, 2005. 288 p. 

Os autores abordam estratégias para o desenvolvimento de pensamento inova-dor. Mais importante do que isso, apontam formas de superar o perfil pessimis-ta que constantemente sufoca a criatividade. O livro também traz a bagagem de quem vai a campo para analisar como as pessoas respondem a novos produtos, como meio de desenvolver outras inovações. Estar preparado para lidar com as adversidades é a chave para que os criativos e inovadores consigam prosperar no mundo empresarial.

THE INNOVATOR’S MINDSET: Empower Learning, Unleash Talent, and Lead a Culture of Creativity.George Couros. San Diego, EUA: Dave Burgess Consulting, Inc., 2015. 211 p. 

Crianças ingressam nas es-colas cheias de curiosidade. O autor encoraja educadores a utilizarem essa característi-ca para moldar a forma como os jovens aprendem. O livro é um convite para repensar o sistema educacional tradi-cional. Mais do que absorver um programa estudantil pre-definido, os jovens precisam ser encorajados a question-ar e desenvolver pensamento crítico. O modelo educacion-al tradicional inibe o desen-volvimento da criatividade e faz com que tenhamos uma sociedade pouco inovadora.

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587Indicações Bibliográficas

ISSN 0034-7590 © RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016 | 587

Música: Transformando coração e mente sandra Carvalho de Mattos | [email protected]

A música é muito mais que um apanhado de sons. Ela é uma parte integrante da humanidade, que nos absorve e provoca emoções intensas. É encontrada em todas as culturas, desde grandes sociedades até tribos bem pequenas, e em todos os tempos. Ela contém algo universal na variedade de melodias, temas e ritmos. Pesquisas atuais da neurologia indicam que ela está interligada ao nosso bem-estar, incentivando a criatividade, melhorando as relações de grupo e induzindo a redução de estresse, além de nos confortar em momentos de dificuldade. A música está entrelaçada em nossa história, mas continua intrigante. Sandra Carvalho de Mattos é maestrina e integrante do grupo de estudos em antropologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

A MILLION YEARS OF MUSIC: The Emergence of Human Modernity.Gary Tomlinson. New York, EUA: Zone Books, 2015. 368 p.

Tomlinson baseia-se em diferentes áreas para a construção da narrativa do sur-gimento da música humana, cuja pesquisa foi revigorada pelas descobertas nos campos da ciência cognitiva, linguística e teoria evolutiva arqueológica. Sua proposta de modelo da evolução humana amplia a compreensão da interação entre biologia e cultura, originando uma estrutura social complexa caracterizada pela linguagem, simbolismo, imaginação, rituais, além do uso de avançadas tec-nologias.

THE WORLD IN SIX SONGS: How the Musical Brain Created the Human Nature.Daniel J. Levitin. New York, EUA: Dutton, 2009. 368 p.

Em seu segundo best-seller, Levitin identifica seis funções fundamentais da canção: amizade, alegria, conforto, religião, conhecimento e amor. Ele mostra como as canções trabalham em nossos cérebros para preservar a história emocio-nal de nossas vidas e espécie. Combina investigação científica e cognição musi-cal. Suas experiências trazem entrevistas com músicos como Sting e David Byrne, além de maestros, antropólogos e biólogos evolutivos. Ajuda na compreensão da rápida adoção do iPod em nosso cotidiano.

MUSIC, HEALTH & WELLBEING.Raymond MacDonald, Gunter Kreutz & Laura Mitchell. Oxford, EUA: Oxford University Press, 2013. 532 p.

A música é sempre mais do que apenas eventos acústicos ou notas em uma pági-na. Ela tem potencial universal e atemporal para influenciar a forma como nos sen-timos. Este livro reúne pesquisas de psicologia da música, terapia, saúde pública e medicina, para explorar a relação entre a música, saúde e bem-estar. Ele será um recurso inestimável para estudantes, administradores e pesquisadores das ciên-cias humanas, sociais e ciências médicas.

HOW MUSIC HELPS IN MUSIC THERAPY AND EVERYDAY LIFE.Gary Ansdell. New York, EUA: Routledge, 2014. 376 p.

Este livro aborda questões específicas, por meio de exemplos, histórias e situ-ações cotidianas de pessoas comuns que descrevem a influência da música em suas vidas. Ansdell apresenta um quadro interdisciplinar e indica experiências musicais que auxiliam a construir e negociar identidades, relações não verbais ín-timas, pertencimentos em comunidade, e a encontrar momentos de transcendên-cia e significado. Indicado a profissionais, acadêmicos e pesquisadores para ori-entar o estudo em música, bem-estar e saúde.

THE SECRET LANGUAGE OF THE HEART: How to Use Music, Sound, and Vibration as Tools for Healing and Personal Transformation.Barry Goldstein. EUA: Hierophant Publishing, 2016. 208 p.

Goldstein aponta como aprove-itar o poder da música para aliviar doenças específicas, in-verter mentalidades e atitudes negativas, dissolver bloquei-os criativos e melhorar a saúde geral. Apoiado pelas últimas pesquisas científicas sobre os benefícios do som, música e vibração, este livro oferece in-struções práticas e concretas de como estimular a criatividade, atenção e produtividade com a criação de listas de reprodução personalizadas para se adequar à sua situação e humor.

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ISSN 0034-7590

RAE-Revista de Administração de Empresas | FGV/EAESP

© RAE | São Paulo | V. 56 | n. 5 | set-out 2016

GOVERNANÇA

Entidade de caráter técnico-científico e filantrópico, instituída em 20 de dezembro de 1944 como pessoa jurídica de direito privado, visando ao estudo dos problemas da organização racional do trabalho, especialmente nos seus aspectos administrativos e social, e à conformidade de seus métodos às condições do meio brasileiro.

Primeiro Presidente e Fundador: Luiz Simões Lopes

Presidente: Carlos Ivan Simonsen Leal

Vice-presidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque,Sergio Franklin Quintella.

CONSELHO DIRETORPresidente: Carlos Ivan Simonsen Leal

Vice-presidentes: Francisco Oswaldo Neves Dornelles, Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque,Sergio Franklin Quintella.

Vogais: Armando Klabin, Carlos Alberto Pires de Carvalho e Albuquerque, Cristiano Buarque Franco Neto, Ernane Galvêas, José Luiz Miranda, Lindolpho de Carvalho Dias, Marcílio Marques Moreira, Roberto Paulo Cezar de Andrade.

Suplentes: Aldo Floris, Antonio Monteiro de Castro Filho, Ary Oswaldo Mattos Filho, Eduardo Baptista Vianna, Gilberto Duarte Prado, Jacob Palis Júnior, José Ermírio de Moraes Neto, Marcelo José Basílio de Souza Marinho, Mauricio Matos Peixoto.

CONSELHO CURADORPresidente: Carlos Alberto Lenz César Protásio

Vice-presidente: José Alfredo Dias Lins (Klabin Irmãos & Cia.)

Vogais: Alexandre Koch Torres de Assis, Antonio Alberto Gouvêa Vieira, Andrea Martini (Souza Cruz S/A, Eduardo M. Krieger, Estado do Rio Grande do Sul, Estado da Bahia, Luiz Chor, Marcelo Serfaty, Marcio João de Andrade Fortes, Murilo Portugal Filho (Federação Brasileira de Bancos), Pedro Henrique Mariani Bittencourt (Banco BBM S.A), Orlando dos Santos Marques (Publicis Brasil Comunicação Ltda), Raul Calfat (Votorantim Participações S.A), José Carlos Cardoso (IRB-Brasil Resseguros S.A), Ronaldo Vilela (Sindicato das Empresas de Seguros Privados, de Previdência Complementar e de Capitalização nos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo), Sandoval Carneiro Junior, Willy Otto Jordan Neto.Suplentes: José Carlos Schmidt Murta Ribeiro, Luiz Ildefonso Simões Lopes (Brookfield Brasil Ltda), Luiz Roberto Nascimento Silva, Manoel Fernando Thompson Motta Filho, Nilson Teixeira (Banco de Investimentos Crédit Suisse S.A), Olavo Monteiro de Carvalho (Monteiro Aranha Participações S.A), Patrick de Larragoiti Lucas (Sul América Companhia Nacional de Seguros), Clóvis Torres (VALE S.A.), Rui Barreto, Sergio Lins Andrade, Victório Carlos De Marchi.

UNIDADES DA FGV-SPEscola de Administração de Empresas de São PauloDiretor: Luiz Artur Ledur Brito

Escola de Economia de São PauloDiretor: Yoshiaki Nakano

Escola de Direito de São PauloDiretor: Oscar Vilhena Vieira

FGV ProjetosDiretor: Cesar Cunha Campos

Diretor Técnico: Ricardo Simonsen

Diretor de Controle: Antônio Carlos Kfouri Aidar

Diretor de Qualidade: Francisco Eduardo Torres de Sá

Diretor de Mercado: Sidnei Gonzalez

Diretores-Adjuntos de Mercado: Carlos Augusto Lopes da Costa e José Bento Carlos Amaral Júnior

Diretoria da FGV para assuntos da FGV-SP

Diretor: Maria Tereza Leme Fleury

Diretoria de Operações da FGV-SP: Mario Rocha Souza

DIRETORIADiretor: Luiz Artur Ledur Brito

Vice-Diretor: Tales Andreassi

CONGREGAÇÃOPresidente: Luiz Artur Ledur Brito

CONSELHO DE GESTÃO ACADÊMICAPresidente: Luiz Artur Ledur Brito

DEPARTAMENTOS DE ENSINO E PESQUISAAdministração da Produção e de Operações:Susana Carla Farias Pereira

Administração Geral e Recursos Humanos:Maria Ester de Freitas

Contabilidade, Finanças e Controle: Jean Jacques Salim

Fundamentos Sociais e Jurídicos da Administração: Ligia Maura Costa

Informática e Métodos Quantitativos Aplicados à Administração: André Luiz Silva Samartini

Mercadologia: Delane Botelho

Planejamento e Análise Econômica Aplicados à Administração: Arthur Barrionuevo Filho 

Gestão Pública: Peter Kevin Spink

CURSOS, PROGRAMAS E SERVIÇOSCurso de Especialização em Administração para Graduados (CEAG): Luis Henrique Pereira

Curso de Especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde (CEAHS): Walter Cintra Ferreira Júnior

Master in Business and Management (MBM)Luís Henrique Rigato Vasconcellos

Mestrado e Doutorado em Administração de Empresas: Ely Laureano Paiva

Mestrado e Doutorado em Administração Pública e Governo: Mario Aquino Alves

Mestrado Profissional em Administração de Empresas (MPA): Marcelo Oliveira Coutinho de Lima

Mestrado Profissional em Gestão e Políticas Públicas: Regina Silvia Viotto Monteiro Pacheco

Mestrado Profissional em Gestão Internacional: Edgard Elie Roger Barki

Mestrado Profissional em Gestão para a Competitividade: Gilberto Sarfati

OneMBA: Marina de Camargo Heck

Coordenação Acadêmica para Educação Executiva da EAESP com o IDE: João Carlos Douat

Núcleo de Pesquisas/ GVpesquisa: Thomaz Wood Júnior

RAE-publicações: Maria José Tonelli

CENTROS DE ESTUDOSCentro de Empreendedorismoe Novos Negócios: Tales Andreassi

Centro de Estudos de AdministraçãoPública e Governo: Fernando Burgos Pimentel dos Santos

Centro de Estudos de Política e Economiado Setor Público: George Avelino Filho

Centro de Estudos em Planejamentoe Gestão de Saúde: Ana Maria Malik

Centro de Estudosem Sustentabilidade: Mário Prestes Monzoni Neto

Centro de Excelência em Logísticae Supply Chain: Priscila Laczynski de Souza Miguel

Centro de Excelência em Varejo: Maurício Gerbaudo Morgado

Centro de Tecnologiade Informação Aplicada: Alberto Luiz Albertin

Instituto de Finanças: João Carlos Douat

Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira: Lauro Emilio Gonzalez Farias

Centro de Estudos em Finanças: William Eid Jr.

Centro de Estudos em Private Equity: Newton Monteiro de Campos Neto

Centro de Estudos em Competitividade Internacional: Maria Tereza Leme Fleury

Fórum de Inovação: Marcos Augusto de Vasconcellos

Núcleo de Comunicação, Marketinge Redes Sociais Digitais: Izidoro Blikstein

Núcleo de Estudos em Organizaçõese Pessoas: Maria José Tonelli

APOIOCentro de Desenvolvimento do Ensino e da Aprendizagem: Francisco Aranha

Coordenadoria de Avaliação Institucional: Heloisa Mônaco dos Santos

Centro de Carreiras: Renato Guimarães Ferreira

Coordenadoria deCultura e Diversidade: Inês Pereira e Samy Dana

Coordenadoria de Relações Internacionais: Julia Alice Sophia von Maltzan Pacheco

Serviço de Apoio e Atendimento Psicológico e Psiquiátrico - Pró-Saúde GV: Tiago Luis Corbisier Matheus

Alumni GV: Francisco Ilson Saraiva Junior

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA FGV-EAESPPresidente: Vagner Neres da Silva

DIRETÓRIO ACADÊMICO GETULIO VARGASPresidente: Luis Gustavo Perez Fakhouri

DIRETORES DA RAEMaio/1961 a jun/65: Raimar Richers; jul/65 a dez/66: Yolanda F. Balcão; jan/67 a jun/68: Carlos Osmar Bertero; jul/68 a jun/69: Ary Bouzan; jul/69 a jun/71: Orlando Figueiredo;jul/71 a dez/72: Manoel Tosta Berlinck; jan/73 a jun/75: Robert N.V.C. Nicol; jul/75 a mar/80: Luiz Antonio de Oliveira Lima, abr/80 a mar/82: Sérgio Micelli Pessoa de Barros;abr/82 a dez/83: Yoshiaki Nakano; jan/84 a set/85: Sérgio Micelli Pessoa de Barros; out/85 a set/89: Maria Cecília Spina Forjaz; out/89 a dez/89: Maria Rita Garcia L. Durand;jan/90 a set/91: Gisela Taschner Goldenstein; out/91 a nov/95: Marilson Alves Gonçalves; dez/95 a dez/00: Roberto Venosa; jan/01 a dez/04: Thomaz Wood Jr.;jan/05 a ago/07: Carlos Osmar Bertero; ago/07 a ago/08: Francisco Aranha; set/08 a jan/09: Flávio Carvalho de Vasconcelos; fev/09 a dez/2015: Eduardo Diniz; jan/2016: Maria José Tonelli

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LINHA EDITORIAL

MISSÃO

A RAE-Revista de Administração de Empresas tem como missão fomentar e disseminar a produção de conheci-mento, promovendo a integração da comunidade cien-tífica brasileira às comunidades científicas mundiais no campo da Administração.

FOCO

A RAE tem interesse na publicação de artigos de desen-volvimento teórico, trabalhos empíricos e ensaios nos diversos campos da Administração de Empresas, tais como: Administração da Informação, Estudos Organiza-cionais, Ensino e Pesquisa em Administração, Estraté-gia em Organizações, Finanças, Gestão de Ciência, Tec-nologia e Inovação, Gestão de Operações e Logística, Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho e Marketing.

Como revista generalista na área, a RAE cobre um amplo espectro de subdomínios de conhecimento, perspectivas e questões, buscando levar ao seu público-alvo (professo-res, pesquisadores e estudantes) artigos inovadores e de excelente qualidade na área de Administração de Empre-sas. Aceitam-se colaborações do Brasil e de outros países e incentiva-se a pluralidade de abordagens e perspectivas.

O público primário da RAE é composto por acadêmicos - professores, pesquisadores e estudantes.

SUBMISSÃO

Os trabalhos devem ser encaminhados à Redação pela in-ternet, por meio do ScholarOne, sistema de submissão e gerenciamento de artigos, disponibilizado em parceria com SciELO: http://mc04.manuscriptcentral.com/rae-scielo.

Os artigos podem ser submetidos em português, in glês ou espanhol, observando o formato e as normas de pa-dronização específica da seção na qual o trabalho se insere, conforme descrito em nosso RAEpub Manual de Publi cação, disponível em http://rae.fgv.br/manu-al-rae/, na seção Formato. Os autores devem consultar ainda as Orientações aos Au tores, que fornecem instru-ções sobre posicionamento, estilo e estrutura que de-vem ser observadas antes do envio do trabalho para apreciação na RAE.

Os autores poderão submeter somente um artigo por vez (esta regra aplica-se também às chamadas de trabalhos), ou seja, enquanto existir um artigo em processo de avalia-ção, o autor não poderá submeter um segundo, seja como autor principal ou em co-autoria. Caso o trabalho seja re-jeitado em uma das etapas do processo, o autor poderá submeter o mesmo artigo, desde que tenha sido devolvido na situação “Reject & Resubmit”, ou um novo artigo.

INEDITISMO E EXCLUSIVIDADE

Artigos submetidos à avaliação na RAE devem ser inédi-tos (em qualquer idioma) e não devem estar sendo con-siderados por outro periódico. Ressalta-se que os tra-balhos apresentados em Congressos Científicos não perdem o ineditismo.

AVALIAÇÃO

O processo de avaliação de artigos submetidos à RAE, após triagem preliminar por formato (adequação do ar-tigo às regras de normalização e formatação exigidas) e uso de sistema de detecção de similaridades, consiste em três etapas: 

1ª) Triagem realizada pelo Editor-chefe, que examina a adequação do trabalho à linha editorial da revista e seu potencial para publicação;

2ª) Avaliação preliminar por um membro do Corpo Edi-torial Científico, que  visa identificar a contribuição do artigo para a sua área de especialidade; e

3ª) Sistema double blind review: coordenado por um membro do Corpo Editorial Científico da área de espe-cialidade do artigo, consiste na interação entre os auto-res e dois pareceristas especialistas que, ao avaliarem o trabalho, fazem comentários e sugestões de aperfeiçoa-mento. Essa etapa envolve reavaliações contínuas, reu-nindo esforços para aprimoramento dos artigos.

Habitualmente, os editores científicos e Editor-chefe acrescentam às sugestões dos avaliadores um aconse-lhamento editorial, cujo objetivo é o aprimoramento do artigo, visando à publicação.

PREPARAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO

Depois de aprovado, o artigo é submetido à edição e à revisão ortográfica e gramatical. A Redação envia a ver-são final para aprovação dos autores e eventuais atuali-zações, tais como afiliação institucional.

OUTRAS FORMAS DE CONTRIBUIÇÃO

A  RAE  está aberta a outros tipos de contribuição que compõem o conteúdo da revista:

As seções Resenha e Indicações Bibliográficas têm como objetivo apresentar aos leitores obras do campo da Administração de Empresas e áreas correlatas. Os li-vros escolhidos devem ser recentes e apresentar contri-buições para a teoria e prática.

Propostas de Fóruns temáticos, Entrevistas, Debates podem ser apresentadas e serão avaliadas pelo Editor-chefe com base no escopo editorial da RAE.

DIREITOS AUTORAIS

A FGV/EAESP/RAE detém os direitos patrimoniais dos artigos que publica, inclusive os de tradução e adota a Licença Creative Commons de Atribuição  (BY) (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)  em todos os trabalhos publicados, exceto quando houver indicação específica de outros detentores de direitos autorais.

Em caso de dúvidas, deve-se consultar a Redação:[email protected].

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Mais informações: (11) [email protected] | www.fgv.br/gvcasos

CHAMADA DE TRABALHOSGVcasos convida à submissão de trabalhos visando à publicação nas próximas edições.São publicadas duas edições da GVcasos por ano, procurando privilegiar trabalhos que enfoquem problemas organizacionais inseridos na realidade brasileira e latino-americana.A revista tem interesse em receber casos de ensino nas diversas áreas da Administração. Os casos submetidos precisam ser inéditos e não devem estar sendo considerados para publicação por outro periódico.

1. A submissão deve ser feita por meio do site da GVcasos: www.fgv.br/gvcasos (na página inicial, clicar em “submissões on-line”)

2. Quanto ao conteúdo e à estrutura, o caso de ensino deve compor duas partes, a saber:

(a) Corpo do texto:Esta parte deve conter um mínimo de 3 (três) e um máximo de 20 (vinte) páginas, incluindo eventuais tabelas e/ou figuras de apoio. Deve conter uma exposição, com texto claro e fluente, que descreva um contexto de tomada de decisão e um problema decisório real. O caso deve ser documentado com dados e datas reais.

(b) Notas de ensinoAs notas de ensino deverão conter exposição teórica do assunto relativo ao caso de ensino, entendendo-se por exposição teórica a exploração do arcabouço conceitual necessário à exploração ou discussão do caso. Devem também contemplar aspectos pedagógicos; análise das possíveis alternativas de decisões/soluções da situação organizacional focada no texto, além de referências bibliográficas pertinentes aos conceitos abordados.

3. Quanto à sua formatação, ambas as partes que compõem o caso submetido – corpo do texto e notas de ensino – devem estar em um único documento, com as seguintes características:

• Papel: A4 (29,7 x 21 cm)

• Margens: superior 3cm, inferior 2cm, direita 2cm, esquerda 3cm

• Editor de texto: Word do Office 2003 ou posterior

• Fonte: Times New Roman, tamanho 12

• Espaçamento: simples, parágrafo justificado

• Paginação: inserir número de páginas no rodapé com alinhamento ao lado direito

• Notas de rodapé ou de final de texto devem ser evitadas

4. O processo de avaliação de casos de ensino submetidos consiste de duas etapas: uma avaliação preliminar pelos editores, que examinam a adequação do trabalho à linha editorial da revista e o seu potencial para publicação, e avaliação duplo-cega.

Para mais informações sobre a política editorial da revista e orientações sobre o processo de submissão e avaliação de trabalhos, visite o site www.fgv.br/gvcasos.

Orientações para envio de trabalhos