Ficha Men to Bat is Mode Sangue

6

Click here to load reader

Transcript of Ficha Men to Bat is Mode Sangue

Page 1: Ficha Men to Bat is Mode Sangue

FichamentoBatismo de Sangue - Os dominicanos e a morte de Carlos Marighella

I. CARLOS, O ITINERÁRIO● Carlos Marighela, filho de imigrante italiano Antônio Marighela (tradição socialista) e a

baiana Maria Rita● O privilégio da carreira universitária não apagou, em Carlos, as marcas de sua origem

proletária e as idéias socialistas que recebera do pai● Poeta, aos 21 anos critica em versos o interventor da Bahia, Juracy Magalhães. Em

represália, é conduzido pela primeira vez à prisão● A cisão provocada pelo movimento trotskista internacional, em 1936, se refletiria no

PCB● Trotski e as divergências com Lênin dentro do cenário comunista internacional● Após a morte de Lênin, Trotski discordava do "socialismo em um só país" de Stálin:

uma traição às idéias de Marx - Gera ameaça; o Trotski funda em Paris a Liga Comunista; Entre intelectuais do PCB, especialmente em São Paulo, a nova tendência angariava simpatias, ameaçando a unidade partidária

● O Comitê Central decide entregar a solução da crise à habilidade política de Carlos Marighella. Acatando o pedido de Luiz Carlos Prestes e de Astrogildo Pereira, o militante baiano transfere-se para a capital paulista.

● A habilidade política de Marighella, reforçada por seu raciocínio arisco e palavra abundante, desanuvia a crise entre os comunistas de São Paulo.

● Primeiro de maio de 1936. Nas manifestações dos trabalhadores paulistas, a Polícia Especial de Filinto Müller detecta a presença do PCB sob o comando astuto de Carlos Marighella. Preso, o jovem comunista é torturado durante vinte e três dias

● Após um ano de prisão, a anistia de 1937 veio libertá-lo. E a implantação do Estado Novo, consolidando a ditadura de Getúlio Vargas, veio lançá-lo à clandestinidade. Sem temer riscos, o militante comunista mobiliza os trabalhadores paulistas contra o avanço do nazi-fascismo.

● Quanto ao conflito mundial, a ditadura de Vargas mantém-se em duvidosa neutralidade pressionada, de um lado, pelos integralistas e, de outro, pelos comunistas

● Inspirado no Front Populaire organizado por Thorez como reforço à Resistência Francesa, Marighella dedica-se a estruturar o CNOP

● (Conjunto Nacional de Operações Práticas), cujo objetivo era forçar o Brasil a entrar na guerra contra os nazistas e popularizar as bandeiras de luta defendidas pelo Partido. É novamente preso em 1939.

● Só a anistia conquistada pelo movimento social em 1945 o traria de volta à liberdade, após seis anos de encarceramento. O fim da guerra, com a vitória dos aliados, acelerara a queda de Vargas. Marighella retorna à militância, agora como membro do Comitê Central do PCB.

● Ao se iniciarem os anos 50, o PCB engaja-se resolutamente na campanha presidencial pró-Vargas.

Page 2: Ficha Men to Bat is Mode Sangue

● Membro da Comissão Executiva do PCB a partir de 1957, Marighella também aprova as teses defendidas pelo Partido Comunista da União Soviética de "transição pacífica" para o socialismo e de "coexistência pacífica" com as potências imperialistas.

● O conflito ideológico entre a União Soviética e a China semearia, no seio do PCB, a crise de 1960: João Amazonas, Pedro Pomar e Maurício Grabois — membros do Comitê Central — criticam a linha assumida por Prestes e Marighella como "revisionista e direitista", e assumem a defesa das posições do PC chinês

● Nesse meio tempo, em setembro de 1961, a alegação de facilitar um eventual pedido de registro eleitoral obtém, da Conferência Nacional do Partido Comunista do Brasil, permissão para modificar o nome para Partido Comunista Brasileiro. Aos olhos dos dissidentes maoístas, essa mudança é o símbolo do abandono das autênticas posições proletárias e revolucionárias. Convocam a Conferência Nacional Extraordinária e, em fevereiro de 1962, rompem com o Partido Comunista Brasileiro e prosseguem organizados no Partido Comunista do Brasil (PC do B)

● Marighella manteve-se fiel à linha de inspiração soviética, enquanto o PC do B impregnava-se de forte conotação maoísta.

● A vitória dos guerrilheiros cubanos (contrariando as análises do PC daquele país), a heróica luta do povo vietnamita, o golpe militar de 1964 no Brasil conduziriam Carlos Marighella a rever suas posições.

● Era um dos mais procurados pelo aparelho policial militar, e vivia na clandestinidade atuando no eixo Rio - São Paulo.

● Resistiu a prisão mas ficou detido por seis meses● "Os brasileiros estão diante de uma alternativa" — escreve Marighella em Porque

Resisti à Prisão. "Ou resistem à situação criada com o golpe de 1.° de abril ou se conformam com ela.

● "O que havia de errado nesse tipo de democracia vinha de longe. Era um vício de origem. Um pecado original. Não se tratava de uma democracia feita pelo povo. Quem a instituiu foram as classes dirigentes”.

● "Este um dos pecados capitais do PCB: acreditar na tendência progressista, revolucionária, de uma burguesia nacional em contradição com o imperialismo e atrelar-se a essa esperança. Para Marighella, a "libertação ( . . . ) não será jamais o fruto do conformismo, senão o resultado de uma tenaz resistência, com ponto de apoio na organização do povo pela base".

● Na conclusão de que "a ditadura deve ser derrotada", Marighella admite que "o único meio, para a reconquista da democracia, ou melhor, para a conquista de uma democracia em consonância com a realidade econômica e social brasileira, é a luta de massas com as forças populares e nacionalistas à frente"

● A direção do PCB considerou que Marighella se excedera em A Crise Brasileira● Após criticar os líderes do Partido por confiarem em líderes políticos burgueses,

Marighella reafirma que "a saída no Brasil — a experiência atual está mostrando — só pode ser a luta armada.

● Do seu ponto de vista, o PCB abandonou o caminho revolucionário e, por isso, perdeu a confiança do proletariado e transformou-se em "auxiliar da burguesia"

● Rompimento com PCB

Page 3: Ficha Men to Bat is Mode Sangue

● Marighella insistia ● na importância de se deflagar a guerrilha fora do "cerco estratégico do inimigo", situado

"na extensa faixa à margem do Atlântico, a região mais bem povoada do Brasil, de maior penetração do capitalismo, servida por modernas ferrovias e rodovias".

● Cuba - Questões sobre a Guerrilha e como esta deveria se dar pelo território: Estratégias

● Marighella insistia nos "princípios da sobrevivência": ter a guerrilha "conduta honesta e leal, não fazer injustiças e dizer a verdade”.

● De regresso ao Brasil, Carlos Marighella reúne os dissidentes do PCB para formarem o ● Agrupamento Comunista de São Paulo.● O modelo de estrutura de organização do PCB já não servia por alimentar a burocracia,

entravar a ação revolucionária e impedir a iniciativa dos militantes de base"● O Agrupamento — ou a Organização — seriam grupos revolucionários sob o comando

geral da guerrilha.● A parte final do Pronunciamento identifica a concepção de partido com a experiência de ● A partir de 1968, o Agrupamento passa a constituir-se numa organização revolucionária,

a Ação Libertadora Nacional (ALN) .

II. SUL, A TRAVESSIA ● Seus escritos são multiplicados entre estudantes universitários e à sua autoria são

atribuídas ações armadas que, cada vez mais freqüentes, ocorrem nas grandes cidades● Sobre Frei Betto: Voltei ao jornalismo, cujo aprendizado, na Faculdade Nacional de

Filosofia, no Rio, eu largara em fins de 1964 para ingressar na Ordem Dominicana● Foi decretado o Ato Institucional n.° 5, o golpe no golpe● O grupo de estudantes dominicanos comungava os impasses e as opções de uma

expressiva parcela de nossa geração universitária. Frei Ratton, Frei Ivo, Frei Magno e Frei Tito eram alunos da Universidade de São Paulo. Os três primeiros vinham da turma dos doze noviços de 1965, da qual Frei Osvaldo e eu fazíamos parte.

● Aos frades dominicanos que vieram a ser atingidos posteriormente pela repressão policial, somavam-se ainda Frei Fernando, Frei Giorgio e Frei Maurício.

● Frei Betto fica escondido até conseguir sair de São Paulo: a casa de uma família norte-americana, em Interlagos. Ali estive por três meses, até maio, quando me transferi para São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

● Já em 1965, o Governo Castello Branco pensara em expulsar a Ordem Dominicana do país. O convento de Belo Horizonte chegou a ser invadido duas vezes pela polícia

● De férias, passei por São Paulo. A guerrilha urbana prosseguia e a repressão fazia-se onipresente nas ruas da cidade

● Preocupado com a minha segurança, um amigo ofereceu-me um documento frio. ● Por temer o risco de prisão, aceitei o documento na esperança de que ele facilitasse a

minha fuga em caso de necessidade● O Seminário Cristo Rei: Cerca de quinhentas pessoas habitavam o seminário quando ali

cheguei

Page 4: Ficha Men to Bat is Mode Sangue

● Na raiz teológica da Igreja gaúcha está o Seminário Cristo Rei. Entre seus ex-alunos figura o Cardeal Vicente Scherer. Ainda em 1969, certas tradições se conservavam: vivíamos em regime de internato, embora com direito de saídas aos domingos

● Com certa perplexidade, descobriam que eu via no compromisso político um meio evangélico na vivência da fé cristã e compreendia teologicamente a opção revolucionária do padre Camilo Torres,

● Conta como auxiliou os refugiados na travessia da fronteira com Uruguai● Desaparecimento de Marighella

III. PRISÃO, O LABIRINTO ● Um grupo de estudantes jesuítas habitava pequena casa próxima ao Cristo Rei. Camilo,

em cujo nome eu recebia correspondência, era o mais velho da comunidade. Pressentia minhas atividades, mas sem indagações, nem satisfações de minha parte.

● Camilo é preso no lugar de Frei Betto