Ficha nº2_Noções gerais sobre o desenvolvimento
-
Upload
joana-ferrao-barradas -
Category
Documents
-
view
179 -
download
1
Transcript of Ficha nº2_Noções gerais sobre o desenvolvimento
Escola Profissional Gustave Eiffel - Arruda dos Vinhos
Curso de Práticas de Acção Educativa (Tipo 2) – 1º ano
Disciplina de Acompanhamento de CriançasMódulo 1.1: Desenvolvimento Infantil e relacionamento empático afectivoFicha nº2
Noções gerais sobre o desenvolvimento
O conceito de desenvolvimento
É o conjunto de transformações quantitativas ou qualitativas que desde o
momento da concepção e ao longo de toda a vida marcam a existência de um
indivíduo.
As modificações quantitativas manifestam-se sobretudo no plano físico (altura,
peso, etc.) e fisiológico mas também podem referir-se ao aumento do número de
competências e habilidades.
As mudanças qualitativas são alterações
psicológicas como, por exemplo, a evolução das
aptidões intelectuais e as alterações no modo
como nos relacionamos com os outros e como o
que nos acontece.
1. A natureza do desenvolvimento humano
Podemos aprofundar o conceito de desenvolvimento indicando algumas características
que o identificam:
O desenvolvimento é um processo temporalmente sequenciado que engloba todo
o ciclo vital.
As mudanças e transformações próprias do desenvolvimento, apesar de mais
intensas e espectaculares nos primeiros anos de vida, verificam-se ao longo de
toda a vida: o desenvolvimento ocorre em qualquer período da nossa existência.
Esta realidade implica que, embora importantes, as experiências vividas durante a
infância e a adolescência não determinam rigidamente o resto de uma pessoa.
EPGE | Turma PAE 1º Ano | Joana Ferrão Barradas 1
Escola Profissional Gustave Eiffel - Arruda dos Vinhos
Curso de Práticas de Acção Educativa (Tipo 2) – 1º ano
Disciplina de Acompanhamento de CriançasMódulo 1.1: Desenvolvimento Infantil e relacionamento empático afectivoFicha nº2
Por outro lado, as transformações próprias do desenvolvimento cumprem uma
espécie de agenda ou programação temporal. Assim, não se é criança num dia e
adolescente no dia seguinte.
O desenvolvimento é integrativo, o que significa que tem a sua base de apoio em
experiências e aquisições anteriores.
O modo como as crianças e os adultos respondem às situações e aprendem no
momento presente depende em parte de experiências anteriores relacionadas com
tais situações. Por exemplo, os bebés nascem sem qualquer noção de bem ou de
mal: o desenvolvimento moral decorre gradualmente, formando-se a partir de
experiências no meio familiar, no infantário, na escola, das reacções emocionais a
essas experiências e da crescente
compreensão dos outros.
O desenvolvimento é direccional,
o que significa que se desenvolva
no sentido de uma complexidade
crescente.
Os recém-nascidos transformam-se
primeiro em crianças e
adolescentes e depois em adultos.
Com uma coordenação motora muito reduzida, um bebé abre a mão para alcançar
uma bola e a agarrar. À medida que se dá a maturação (amadurecimento) dos
músculos, nervos e ossos, a criança torna-se cada vez mais hábil em captar e lançar
a bola. Com a maturação posterior e a prática poderá desenvolver a velocidade e a
coordenação necessárias à prática de determinado desporto.
O desenvolvimento é organizado, o que significa que as aquisições e
competências são progressivamente integradas.
Os bebés tornam-se lentamente capazes de organizar e controlar as suas acções.
EPGE | Turma PAE 1º Ano | Joana Ferrão Barradas 2
Escola Profissional Gustave Eiffel - Arruda dos Vinhos
Curso de Práticas de Acção Educativa (Tipo 2) – 1º ano
Disciplina de Acompanhamento de CriançasMódulo 1.1: Desenvolvimento Infantil e relacionamento empático afectivoFicha nº2
Enquanto bebés aprendemos a coordenar os músculos e as funções perceptivas,
enquanto adultos aprendemos a organizar e regular as diversas tarefas da nossa
actividade quotidiana.
Finalmente, o desenvolvimento é global, o que significa que as mudanças e
evoluções não ocorrem isoladamente.
Cada aspecto do desenvolvimento, seja físico, cognitivo, afectivo e social depende
de todos os outros aspectos, isto é, da interacção entre estes vários elementos. A
aquisição da linguagem, por exemplo, depende da maturação do cérebro e do
aparelho fonador (que produz voz); da compreensão de que as palavras
representam objectos que não estão necessariamente presentes e da interacção
com outras pessoas.
2. Questões sobre o desenvolvimento:
É o desenvolvimento contínuo ou descontínuo?
Os defensores da perspectiva continuísta entendem que o desenvolvimento
individual é um processo lento, gradual, cumulativo, sem alterações bruscas de
ritmo. Esta forma de conceber o desenvolvimento acentua a mudança
quantitativa: o desenvolvimento é contínuo, ou seja, conhecimentos, aptidões,
competências e habilidades acrescentam-se gradualmente a um ritmo
relativamente uniforme e deste modo se produzem mudanças significativas.
Os partidários deste modelo sugerem-nos que o pensamento e a inteligência dos
adultos apenas diferem quantitativamente do pensamento e da inteligência das
crianças: os adultos têm mais competências matemáticas e verbais do que as
crianças.
A perspectiva que acentua a descontinuidade do desenvolvimento entende que se
dá ao longo de distintos estádios do ciclo vital. Para partidários desta perspectiva, o
desenvolvimento é marcado por ritmos diferentes, verificando-se a alternância
entre os períodos com mudanças pouco frequentes e relevantes e períodos
EPGE | Turma PAE 1º Ano | Joana Ferrão Barradas 3
Escola Profissional Gustave Eiffel - Arruda dos Vinhos
Curso de Práticas de Acção Educativa (Tipo 2) – 1º ano
Disciplina de Acompanhamento de CriançasMódulo 1.1: Desenvolvimento Infantil e relacionamento empático afectivoFicha nº2
marcados por mudanças abruptas e descontínuas que implicam a passagem a um
novo estádio (fase do desenvolvimento que se distingue de fases anteriores e
posteriores) do desenvolvimento. Nesta visão o desenvolvimento dá-se especial
ênfase às mudanças qualitativas.
Assim, a mudança de lagarta para borboleta significa que aquela se torna mais
lagarta mas sim um diferente tipo de organismo. Há descontinuidade e não simples
acumulação neste desenvolvimento.
Do mesmo modo, como veremos com Piaget, uma criança de quatro anos que
ainda não é capaz de pensar logicamente, ao adquirir mais tarde essa capacidade
vive uma transformação qualitativa que modificará o modo de se compreender a si
e a sua relação com a realidade
Que factores controlam o desenvolvimento: a hereditariedade
(natureza) ou o meio (as experiências, a aprendizagem e a educação)?
O modo actual de perspectivar o papel da hereditariedade e do meio, da
maturação e da aprendizagem no processo de desenvolvimento acentua a
interacção e combinação dos dois factores. Assim, um indivíduo não jogará voleibol
correctamente a não ser que aprenda jogando e vendo os outros jogar.
Essa aprendizagem não poderá realizar-se efectivamente antes de determinada
idade porque exige um determinado desenvolvimento físico e motor, um certo
grau de maturação física e motora.
Também é indiscutível a importância do meio e da aprendizagem na aquisição e
desenvolvimento da linguagem. Aprendemos a falar a língua do nosso meio
sociocultural e as línguas que nos interessam. Mas aprender a falar, seja que língua
for, exige a maturação do aparelho fonador (é uma aquisição impossível antes de
determinada idade, embora cada indivíduo tenha o seu ritmo próprio).
EPGE | Turma PAE 1º Ano | Joana Ferrão Barradas 4
Escola Profissional Gustave Eiffel - Arruda dos Vinhos
Curso de Práticas de Acção Educativa (Tipo 2) – 1º ano
Disciplina de Acompanhamento de CriançasMódulo 1.1: Desenvolvimento Infantil e relacionamento empático afectivoFicha nº2
Conceito Importantes:
Estádio – Fase do desenvolvimento que se distingue qualitativamente de fazes
anteriores e posteriores. A sucessão dos estádios obedece a uma sequência uniforme
(não se aprende a falar antes de aprender a andar, nem a escrever antes de aprender a
falar) embora cada indivíduo tenha o seu ritmo próprio. Corresponde ao surgimento
de novos padrões comportamentais. Cada estádio integra as aquisições do estádio
anterior.
Maturação – A sequência ordenada de mudanças determinadas pelo programa
genético de um indivíduo. O termo refere-se ao crescimento sistemático do sistema
nervoso e de outras estruturas do organismo.
Interaccionismo – Modelo teórico que considera o desenvolvimento como um
processo dinâmico em que ao longo dos diferentes estádios se dá a interacção de
factores biológicos e ambientais. A oposição hereditariedade-meio ou maturação-
aprendizagem é superada. Piaget é o psicólogo mais representativo deste modelo
interpretativo do desenvolvimento
EPGE | Turma PAE 1º Ano | Joana Ferrão Barradas 5