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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA HISTÓRIA REGIONAL PARA A

COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES DE PODER E CULTURA QUE SE ESTABELECEM NO

MUNDO CONTEMPORÂNEO

Autor VALDECIR ANTRONIO NATH

Escola de Atuação CEEBJA PROFESSORA JOAQUINA MATTOS

BRANCO

Município da escola CASCAVEL

Núcleo Regional de Educação CASCAVEL

Orientador PROF. DR. NILCEU JACOB DEITOS

Instituição de Ensino Superior UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE

DO PARANÁ

Disciplina/Área (entrada no

PDE)

HISTÓRIA

Produção Didático-

pedagógica

UNIDADE DIDÁTICA

Relação Interdisciplinar

Público Alvo

ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Localização

CEEBJA PROFESSORA JOAQUINA MATTOS BRANCO –

AVENIDA BRASIL, 4541 – CEP – 85812-002 – CASCAVEL -

PR

Apresentação

Esta Unidade Didática apresenta textos e atividades que

visam o estudo do conteúdo da História Regional, com

enfoque para a História do Oeste do Paraná, de acordo

com o que propõem as Diretrizes Curriculares para o

Estado do Paraná, tendo como espaço de atuação o

CEEBJA de Cascavel, modalidade Educação de Jovens

e Adultos. Consideramos que é por meio do estudo de

aspectos da história regional que conseguiremos

redimensionar as bases teóricas e práticas que orientam

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esta modalidade de ensino, na disciplina de história,

tornando os conteúdos significativos para os alunos e

contribuindo de forma que os mesmos compreendam

aspectos da história do lugar onde vivem como condição

para ampliar a noção do conhecimento histórico. A

Unidade Didática está composta de três temas que

tratam do processo de colonização do Oeste do Paraná,

através de textos e atividades que serão desenvolvidas

com uma turma de alunos do Ensino Médio, sendo:

Tema 1 – A organização do sistema obragero no Oeste

do Paraná: Considerações sobre as relações de

trabalho e poder que foram construídas; Tema 2 – A

colonização do Oeste do Paraná inserida no contexto do

Programa “Marcha para o Oeste”; Tema 3 – As relações

de trabalho, poder e cultura que se estabeleceram no

Oeste do Paraná a partir da década de 1940.

Palavras-chave História Regional; Diretrizes Curriculares; Ensino de

História.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E

PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL

VALDECIR ANTONIO NATH

UNIDADE DIDÁTICA

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA HISTÓRIA REGIONAL PARA A

COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES DE PODER E CULTURA QUE SE

ESTABELECEM NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

CASCAVEL

2011

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VALDECIR ANTONIO NATH

UNIDADE DIDÁTICA

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA HISTÓRIA REGIONAL PARA A

COMPREENSÃO DAS RELAÇÕES DE PODER E CULTURA QUE SE

ESTABELECEM NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Material Didático Pedagógico – Unidade

Didática apresentado ao Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE,

Secretaria de Estado da Educação do

Paraná – SEED, como requisito parcial de

participação no Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE, turma

2010, na área de História, a ser

implementado no Centro Estadual de

Educação Básica para Jovens e Adultos –

CEEBJA de Cascavel, sob orientação do

Prof. Dr. Nilceu Jacob Deitos, da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

– UNIOESTE, Campus Toledo.

CASCAVEL

2011

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO …......................................................................................... 4

METODOLOGIA DO TRABALHO.....................................................................

9

TEMA I – O SISTEMA OBRAGERO NO OESTE DO PARANÁ NO FINAL

DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX...................................................

12

1.2 Objetivos .................................................................................................... 12

1.3 Conversando sobre o tema ...................................................................... 13

1.4 Questionamentos ..................................................................................... 13

1.5 Texto de apoio ........................................................................................... 14

1.6 Atividades sobre o texto ...........................................................................

21

TEMA II - O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO DO OESTE DO PARANÁ E O

PROGRAMA “MARCHA PARA O OESTE”.....................................................

24

2.2 Objetivos ...................................................................................................... 24

2.3 Conversando sobre o tema ......................................................................... 24

2.4 Questionamentos ........................................................................................ 25

2.5 Texto de apoio ............................................................................................. 25

2.6 Atividades sobre o texto ..............................................................................

31

TEMA 3 – AS RELAÇÕES DE TRABALHO, PODER E CULTURA QUE SE

ESTABELECERAM NO OESTE DO PARANÁ A PARTIR DA DÉCADA DE

1930....................................................................................................................

33

3.2 Objetivos ...................................................................................................... 33

3.3 Conversando sobre o tema ......................................................................... 34

3.4 Questionamentos ........................................................................................ 35

3.5 Texto de apoio ............................................................................................. 37

3.6 Atividades sobre o texto ..............................................................................

46

AVALIAÇÃO .....................................................................................................

48

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 49

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APRESENTAÇÃO

Esta Unidade Didática apresenta textos e atividades que visam o estudo

do conteúdo da História Regional, enfatizando a História do Oeste do Paraná, de

acordo com o que propõem as Diretrizes Curriculares para o Estado do Paraná, no

que se refere ao ensino desta disciplina no Ensino Médio. Para tanto, tem-se como

espaço de atuação o CEEBJA de Cascavel, modalidade Educação de Jovens e

Adultos.

A Educação de Jovens e Adultos no Ensino Médio se constitui numa

modalidade de ensino composta por alunos que não conseguiram concluir a

Educação Básica na idade apropriada, de acordo com a legislação educacional. O

retorno destes alunos à escola é marcado muitas vezes por insegurança e

preocupação em não conseguir acompanhar os conteúdos e atividades que são

desenvolvidas e também pela imposição do mercado de trabalho onde os mesmos

estão inseridos ou que pretendem buscar, que exige cada vez mais a conclusão do

Ensino Médio, como requisito básico tanto para o ingresso como a permanência do

trabalhador no mundo do trabalho.

Como a maioria destes encontra-se matriculado e frequentando o ensino

no período noturno e são, portanto, trabalhadores, há necessidade de metodologia

específica e calendário apropriado para atendê-los de maneira a integrá-los ao

processo educacional para que os mesmos obtenham êxito e possam prosseguir

após o término do Ensino Médio, cursando o Ensino Superior. O atendimento para

estes alunos é diferenciado do Ensino Regular.

Os professores que atuam nessa modalidade de ensino recebem material

de apoio e formação específica da Secretaria de Estado da Educação. O material

consiste em cadernos e/ou módulos planejados por disciplina, contemplando os

conteúdos que devem ser abordados em sala de aula, no processo de formação dos

educandos.

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O que tem preocupado os docentes, no entanto, é que os cadernos ou

“apostilas”, como nos referimos, na maioria das vezes, em relação à disciplina de

História, não contemplam muitos dos conteúdos da proposta de ensino prevista nas

Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná – DCE (PARANÁ, 2008), quanto ao

aspecto do conteúdo, que

[...] sob uma perspectiva de inclusão social, consideram a diversidade cultural e a memória paranaense, de modo que buscam contemplar demandas em que também se situam os movimentos sociais organizados e destacam os seguintes aspectos: O cumprimento da Lei n. 13.381/01, que torna obrigatório, no Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual, os conteúdos de História do Paraná (DCE História, 2008. p.44-45).

No entanto, não é apenas a questão do conteúdo que preocupa os

professores, mas também o fato do que as diretrizes propõem para o ensino de

História na Educação Básica que os conteúdos devem ser tratados de modo

contextualizado, estabelecendo-se, entre eles, relações interdisciplinares de forma

que os conhecimentos trabalhados nesta área contribuam para a crítica às

contradições sociais, políticas, econômicas e culturais presentes nas estruturas da

sociedade contemporânea, propiciando ao aluno a compreensão da produção

científica, da reflexão filosófica, da criação artística, nos contextos em que elas se

constituem.

Neste sentido, de acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais – DCE,

2008, a concepção de currículo

[...] propõe-se que esses temas sejam abordados pelas disciplinas que lhes são afins, de forma contextualizada, articulados com os respectivos objetos de estudo dessas disciplinas e sob o rigor de seus referenciais teórico-conceituais. Nessa concepção de currículo, as disciplinas da Educação Básica terão, em seus conteúdos estruturantes, os campos de estudo que as identificam como conhecimento histórico. Dos conteúdos estruturantes, organizam-se os conteúdos básicos a serem trabalhados por série, compostos tanto pelos assuntos mais estáveis e permanentes da disciplina quanto pelos que se apresentam em função do movimento histórico e das atuais relações sociais. Esses conteúdos, articulados entre si e fundamentados nas respectivas orientações teórico-

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metodológicas, farão parte da proposta pedagógica curricular das escolas (DCE História, 2008. p. 26).

O plano de trabalho do professor é elaborado a partir da proposta

pedagógica da escola, vinculado à realidade e às necessidades dos seus alunos.

Neste plano estão explicitados os conteúdos específicos a serem trabalhados

durante a vigência da disciplina, assim como os encaminhamentos metodológicos e

o processo de avaliação.

Acreditamos que é por meio do estudo de aspectos da história da região

que conseguiremos redimensionar as bases teóricas e práticas que orientam esta

modalidade de ensino, na disciplina de História, tornando os conteúdos significativos

para os alunos e contribuindo de forma que os mesmos compreendam aspectos da

história do lugar onde vivem como condição para ampliar a noção do conhecimento

histórico do Brasil e da História Universal.

Sentimos esta necessidade pelo fato de que a EJA, principalmente no que

se refere ao Ensino Médio, sempre esteve relegada a um segundo plano,

constituindo-se num ensino transitório que, no entanto, vem se definindo há mais de

vinte anos e precisa ser redimensionado na sua prática, em respeito aos cidadãos

plenos de direito que vêem nesta modalidade uma das grandes alternativas para sua

emancipação social, econômica, política e cultural.

Não podemos desconsiderar as já citadas “apostilas”, nem mesmo o Livro

Didático Público, que tem contribuído para o desenvolvimento do trabalho. No

entanto estes materiais didáticos não estão direcionados para a especificidade que a

Educação de Jovens e Adultos exige e necessita, uma vez que as DCEs

Se propõe formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na sociedade (DCE História, 2008. p. ).

Compreendemos a partir daí que esta é uma grande responsabilidade dos

professores de História em propor alterações, modificações ou inserções não

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apenas no que se refere ao conteúdo, mas também aos textos que podem e devem

ser trabalhados e à metodologia adequada a esta modalidade de ensino, de forma a

respeitar as diferenças e a inclusão não apenas na educação mas na sociedade

como um todo.

As DCEs reconhecem que as disciplinas escolares incorporam e atualizam

conteúdos decorrentes do movimento das relações de produção e dominação que

determinam relações sociais, geram pesquisas científicas e trazem para o debate

nas salas de aula questões políticas e filosóficas emergentes. Precisamos ainda

considerar que as diretrizes preveem a interdisciplinaridade relacionada ao conceito

de contextualização sócio-histórica como princípios integradores do currículo, uma

vez que

Propõem uma articulação que vá além dos limites cognitivos próprios das disciplinas escolares, sem, no entanto, recair no relativismo epistemológico. Ao contrário, elas reforçam essas disciplinas ao se fundamentarem em aproximações conceituais coerentes e nos contextos sócio-históricos, possibilitando as condições de existência e constituição dos objetos dos conhecimentos disciplinares (DCE História, 2008. p. 28).

Para as DCEs, o contexto não é apenas o entorno contemporâneo e

espacial de um objeto ou fato, mas é um elemento fundamental das estruturas sócio-

históricas, marcadas por métodos que fazem uso, necessariamente, de conceitos

teóricos precisos e claros, voltados à abordagem das experiências sociais dos

sujeitos históricos produtores do conhecimento e, neste caso, alunos e professores

da Educação de Jovens e Adultos que tem, obrigatoriamente, os primeiros o direito

ao conhecimento e os segundos, as condições de pesquisa e levantamento de

dados históricos e metodológicos que atendam às necessidades de ausência de

material didático-pedagógico que sejam capazes da dar resposta ao que está

evidenciado nas propostas pedagógicas das instituições de ensino, de forma que

alunos e professores, através das experiências sociais sejam, de fato, sujeitos

históricos produtores do conhecimento.

Compreendendo a História dentro dessa perspectiva social das atividades

humanas, faz-se necessário um trabalho que preencha essa lacuna quanto aos

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conteúdos específicos sobre alguns aspectos da História Regional, construindo

material didático-pedagógico e adequando-o às teorias e encaminhamentos teórico-

metodológicos, não apenas para atender às Diretrizes, mas principalmente da

concepção de que o aluno trabalhador que não teve acesso à escolarização na

idade apropriada possa ter assegurado na sua formação o conhecimento necessário

para entender e compreender o processo histórico da nossa região.

Enquanto professor da disciplina de História na Educação de Jovens e

Adultos, considero relevante buscarmos os elementos necessários para o ensino da

História Regional, no ensino médio, de forma que ao compreenderem a sociedade

onde vivem e estão inseridos, os alunos se compreendam como sujeitos da própria

história.

Esta Unidade Didática está composta de três temas sobre o processo de

colonização do Oeste do Paraná, através de textos e atividades que serão

desenvolvidas com uma turma de alunos do Ensino Médio, sendo: Tema 1 – A

organização do sistema obragero no Oeste do Paraná: Considerações sobre as

relações de trabalho e poder que foram construídas; Tema 2 – A colonização do

Oeste do Paraná inserida no contexto do Programa “Marcha para o Oeste”; Tema 3

– As relações de trabalho, poder e cultura que se estabeleceram no Oeste do

Paraná a partir da década de 1940.

Sabemos, no entanto, que não estaremos esgotando o assunto a partir do

trabalho desenvolvido nesta Unidade Didática, muito pelo contrário, esta apenas

inicia um processo que pode ser aprofundado por outros professores ou

pesquisadores, envolvendo outras temáticas como: urbanização, migrações, luta

pela posse da terra, religiosidade, além de outros temas pertinentes à História

Regional e que, na maioria das vezes, possui inúmeros trabalhos publicados por

pesquisadores ligados às universidades da região.

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METODOLOGIA DO TRABALHO

A importância do estudo da História Regional, para a compreensão das

relações de poder e cultura que se estabelecem no mundo contemporâneo é uma

Unidade Didática apresentada à Secretaria de Estado da Educação, como material

didático do PDE - Programa de Desenvolvimento Educacional, na Área de História,

realizado na UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste Paranaense), sob a

orientação do Prof. Dr. Nilceu Jacob Deitos.

A Unidade Didática é uma das ações do projeto de implementação

pedagógica na escola, que está direcionada aos alunos do Ensino Médio, a ser

implementada em uma turma de alunos, com o objetivo de despertar nos alunos o

interesse pelo estudo da História Regional como importante e necessária para a

compreensão dos sujeitos históricos, como agentes do processo de transformação

social.

Através da implementação deste projeto pretende-se apresentar aos

alunos e disponibilizar aos professores da área de História textos e atividades sobre

a História da Região Oeste do Paraná, de forma que os alunos compreendam que

fazem parte deste espaço e, consequentemente, da história de nossa região e do

nosso Estado.

O projeto de implementação pedagógica está organizado em sete

encontros, cada encontro constituído de quatro horas/aula:

1º Encontro: Estudo e discussão do texto: “A organização do sistema obragero no

Oeste do Paraná: considerações sobre as relações de trabalho e poder que foram

construídas”.

2º Encontro: Realização das atividades propostas, envolvendo a participação de

todos os alunos.

3º Encontro: Estudo e discussão do texto: “A colonização do Oeste do Paraná

inserida no contexto do Programa “Marcha para o Oeste”.

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4º Encontro: Análise do texto estudado na aula anterior e realização das atividades

propostas.

5º Encontro: Estudo e discussão do texto: “As relações de trabalho, poder e cultura

que se estabeleceram no Oeste do Paraná a partir da década de 1940”.

6º Encontro: Análise e discussão do texto, realização das atividades com os

alunos.

7º Encontro: Avaliação do trabalho realizado, considerando os textos, o material

didático utilizado, recursos tecnológicos e do conteúdo, por parte dos alunos, através

de formulário próprio.

A Unidade Didática está dividida em três temas, a saber:

Tema 1 – “A organização do sistema obragero no Oeste do Paraná:

Considerações sobre as relações de trabalho e poder que foram construídas”;

A partir deste tema pretende-se fazer uma reflexão sobre o processo de ocupação

do Oeste do Paraná a partir da exploração argentina e paraguaia na região, no

contexto do sistema obragero e como esse sistema interferiu na ocupação da região,

criando relações de poder, cultura e trabalho que permearam as relações sociais no

contexto do capital, estruturado com bases políticas e econômicas. Serão propostas

atividades de reflexão e compreensão do texto, de forma que todos os alunos

possam participar discutindo e buscando entender as questões que considerarem

mais importantes.

Tema 2 – A colonização do Oeste do Paraná inserida no contexto do

Programa “Marcha para o Oeste”; Neste tema serão analisadas, mesmo que

rapidamente, algumas implicações no processo de colonização do Oeste do Paraná

e como estas se processaram no conjunto da sociedade. Questões pertinentes à

ocupação do espaço no município de Cascavel e como o Governo de Getúlio Vargas

interferiu através da criação do Programa Marcha para o Oeste, fazendo com que

colonos sulistas migrassem para a região, inseridos no projeto desenvolvimentista e

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nacionalista do Governo Federal, como condição para estabelecer o domínio

brasileiro na região.

Tema 3 – As relações de trabalho, poder e cultura que se

estabeleceram no Oeste do Paraná a partir da década de 1940. Neste tema

faremos uma análise do processo de ocupação da região, considerando a

importância do Artigo 165 à Constituição Federal da década de 1930, as implicações

da criação da denominada Faixa de Fronteira, bem como a criação do Território

Federal do Iguaçu. Na segunda parte do texto analisaremos as questões culturais

que marcaram a construção da sociedade do Oeste do Paraná, como estas se

processaram e interferiram na organização da sociedade. O estudo da cultura, das

expressões culturais, artísticas, religiosas e educacionais é fundamental para

compreendermos como a sociedade se organizou e construiu seus espaços tendo

como base o trabalho, elemento fundamental para a reconstrução da cultura dos

diferentes grupos sociais que passaram a fazer parte da sociedade oestina.

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TEMA 1 – O SISTEMA OBRAGERO NO OESTE DO PARANÁ NO

FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX

1.1 Carga Horária: 8 horas/aula

1.2 Objetivos:

Compreender o processo de colonização do Oeste do Paraná no período

que antecede a chegada dos denominados primeiros moradores, também

considerados os primeiros colonizadores da região;

Conhecer como se constituiu o sistema obragero na região, influências e

interferências que este causou no processo colonizatório e como se deu a extração

da erva-mate e madeira na região;

Perceber as relações de poder, cultura e trabalho que se estabeleceram

na região e como estas se configuraram no sistema obragero como um todo.

1.3 Conversando sobre o tema:

O professor e os alunos se reúnem na sala de aula, onde o mesmo expõe

os objetivos e os conteúdos do trabalho a ser desenvolvido, demonstrando a

importância do estudo deste tema e quais aspectos devem ser observados pelos

alunos, na leitura do texto e discussão do mesmo.

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Destacar a importância do conhecimento histórico para a compreensão

das relações que se estabelecem na sociedade, a forma como foram construídas e o

período histórico que muitos fatos ocorreram e como interferem hoje nas relações

que vivenciamos tanto política, econômica, social e culturalmente.

Reflexão:

“Compreendermos os elementos constitutivos da nossa história é buscarmos

a compreensão de nós mesmos enquanto sujeitos da própria história. À

medida que vamos existindo, vamos construindo história”.

1.4 Questionamentos:

I. O que sabemos sobre a História do Oeste do Paraná?

II. Quais foram os meios que utilizamos para adquirir esse conhecimento?

III. Você considera importante conhecer a História do Oeste do Paraná? Por

que?

IV. Já ouviu falar sobre o sistema obragero no Oeste do Paraná?

V. Você imagina o que teria sido uma obrage?

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1.5 Texto de Apoio:

A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA OBRAGERO NO OESTE DO

PARANÁ: CONSIDERAÇÕES SOBRE AS RELAÇÕES DE TRABALHO E PODER

QUE FORAM CONSTRUÍDAS

Valdecir Antonio Nath1

Para compreendermos o processo de ocupação e colonização do Oeste

do Paraná, não podemos considerar como marco inicial a chegada dos espanhóis

ou portugueses na região. É preciso analisarmos que quando os portugueses

chegaram ao Brasil e começaram a impor seu modelo de colonização, em 1500, as

terras brasileiras eram povoadas por inúmeros grupos indígenas com suas tradições,

cultura, costumes e organização política. No Oeste do Paraná também não seria

diferente, Sperança (1992, p. 18) faz referência às reduções jesuíticas em 1610,

dizendo que estas se constituíram em verdadeiros municípios de índios, abrigando

Guaranis, Tupis e Carijós.

Também precisamos considerar a questão do domínio espanhol na região,

uma vez que pelo Tratado de Tordesilhas, de 1492, as terras do atual Estado do

Paraná estavam localizadas quase na totalidade em território espanhol. O que

justifica a presença espanhola na região, em fins do século XIX caracterizada pela

ação de argentinos e paraguaios na exploração da erva-mate e da madeira. Esta

situação legalmente só foi alterada em 1777 quando Portugal e Espanha assinaram

o Tratado de Santo Ildefonso. Por esse tratado, a Espanha reconhecia como

fronteira portuguesa ocidental em território hoje paranaense, os rios Paraná e

Iguaçu, ou seja, é só a partir desta data que o Oeste do Paraná passa a ser

considerado território português.

Considerando as questões anteriores analisaremos o processo de

ocupação brasileira em fins do século XIX no Oeste do Paraná, a partir da

implantação da Colônia Militar em Foz do Iguaçu. Segundo Wachowicz (1987), em

1 Professor PDE 2010. Texto produzido para desenvolvimento deste conteúdo com alunos do Ensino

Médio do CEEBJA de Cascavel, como atividade de Implementação Pedagógica na Escola.

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1888 o Ministério da Guerra do Império Brasileiro nomeou uma comissão com

inúmeros encargos referentes às fronteiras ocidentais do Paraná, entre estes

encargos constava fundar uma colônia militar na foz do rio Iguaçu. Esta expedição

saiu de Guarapuava e chegou a Foz do Iguaçu em 22 de novembro de 1889, ou

seja, Wachowicz (1987) conclui que partira, pois, de Guarapuava no regime

monárquico e chegava a seu destino no republicano.

A partir daí ocorreu a formação da Comissão de Estradas Estratégicas,

criada em 1903, com o objetivo de organizar a abertura de estradas que se

tornariam importantes no processo de colonização. No Oeste destacou-se a

construção da Estrada Estratégica Militar que partia de Guarapuava a Catanduvas,

seguindo até Foz do Iguaçu, incluindo a instalação da linha telegráfica em todo este

percurso.

O objetivo principal do governo federal ao construir a Estrada Estratégica e

criar a colônia militar em Foz do Iguaçu era garantir a presença brasileira na região,

local de disputa pela presença estrangeira. Um levantamento da população da área,

quando da instalação da Colônia Militar, comprovou que a presença de brasileiros

era mínima na região, de acordo com Sperança (1992) 212 paraguaios, 95

argentinos, 9 brasileiros, 5 franceses, 2 espanhóis e 1 inglês na região .

A atuação da colônia militar na região não atendeu na totalidade, as

expectativas para a qual foi criada. Ao invés de imprimir costumes e leis brasileiras,

dobrava-se aos exploradores estrangeiros do mate e da madeira. Abandonada,

nestes confins do Brasil, a colônia dependia dos estrangeiros para sobreviver. A

própria língua e moeda do Estado brasileiro não tinham força para se impor, uma

vez que a maioria da população continuou sendo estrangeira.

Quem detinha o domínio da região, na época, era o sistema obragero.

Segundo Wachowickz (1987), os obrageros eram argentinos que possuíam a

concessão do Governo do Estado do Paraná para a exploração de madeira e erva-

mate na região que, após extraída, era levada até os portos do Rio Paraná e

transportada para a Argentina. No entanto, nem sempre as concessões eram legais,

ou seja, autorizadas pelo governo do Estado. Muitos obrageros simplesmente

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invadiam determinadas áreas da região e aí se dedicavam a extração e transporte

da madeira e do mate.

O interesse fundamental de um obragero não era a colonização em

regime de pequena ou média propriedade, nem o povoamento de

suas vastas terras. Seu objetivo precípuo era a extração da erva-

mate, nativa da região, bem como da madeira em toros, abundante

na mata nativa, subtropical A obrage, portanto, estava ligada ao

binômio extrativista: erva mate e madeira. Esse tipo de exploração

teve início nas primeiras décadas do século XIX na Argentina e no

Paraguai e penetrou de forma natural e espontânea pelos vales

navegáveis do Paraná e do Paraguai (WACHOWICZ, 1992, p. 44).

A utilização da erva mate estava em plena expansão no mercado platino,

principalmente Buenos Aires e Montevideo. O hábito do chimarrão entre os

argentinos exigia, cada vez mais a matéria prima, ou seja, a erva mate

industrializada. Os estados do Sul do Brasil e Mato Grosso se tornaram os grandes

fornecedores desta matéria prima. De acordo com Wachowicz (1987, p. 44), foi,

portanto, o estímulo desse mercado, cada vez mais exigente, que provocou a

obtenção desse produto nas selvas subtropicais, sobretudo do território de Misiones.

O rio Paraná foi a via natural do escoamento desse produto.

A partir de 1881 as denominadas frentes extrativas provenientes de

Corrientes e Misiones penetram o rio Paraná, mais precisamente nas barrancas, ou

seja, na margem esquerda do rio. Nestes lugares onde aportavam, normalmente era

organizados os portos para desembarque de trabalhadores e embarque da erva.

Dessa forma, toda a margem paranaense da foz do rio Iguaçu até os

saltos das Sete Quedas, encheram-se de portos, muitos de vida

efêmera, outros de maior durabilidade. Muitos desses portos foram

clandestinos, outros legais, porque dentro de concessões ou

propriedades legais, poucos ou nenhum registrados na Marinha

brasileira (WACHOWICZ, 1987, p. 46).

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A partir do sistema das obrages, os argentinos foram adentrando os

sertões do Oeste do Paraná e explorando a erva mate. Em poucas décadas, muitas

obrages ocupavam a região e eram povoadas por milhares de trabalhadores2. O

recrutamento desses trabalhadores era feito no Paraguai, em Corrientes ou em

Posadas. Estes eram denominados mensus, palavra de origem espanhola que

significa mensalista, ou seja, aquele que recebe por mês.

Outra relação que se estabeleceu entre o obragero e o mensu foi o

chamado antecipo que, de acordo com Wachowicz (1987) quando o trabalhador era

contratado, realizava-se o antecipo, pois nenhum mensu era capaz de trabalhar,

sem receber por adiantamento dois ou três meses de salário. Era um costume

regional e, sem o antecipo, o mensu não viajava. Ainda sobre esta relação,

Wachowicz afirma que

O valor do antecipo era de acordo com as qualidades comprovadas

do interessado, registradas na caderneta de trabalho. Podia variar

de 250 a 400 pesos; o mensu, por exemplo, recebia somente 250

pesos. O obragero, apesar de dispender com o antecipo somas

avultadas, apreciava-o e não abria mão do mesmo costume. Ele era

o início da corrente de ferro que tornava os mensus, se não

escravos, verdadeiros servos, presos ao patrão por uma conta

corrente, praticamente interminável (1987, p. 48).

Ainda sobre essa relação obrageros e mensus, nas obrages do Oeste do

Paraná, o autor afirma que

Cada mensu ao chegar numa obrage, tinha aberta uma conta

corrente. O mensu passava a depender diretamente do patrão. Ele

era obrigado a suprir-se de gêneros alimentícios, roupas e tudo mais

2 De acordo com Wachowicz (1987), essa numerosa mão de obra não era brasileira, era

preferencialmente paraguaia, guarani. São os denominados guarani modernos, descendentes de índios aldeados pelos jesuítas, nas suas famosas reduções de Mato Grosso, Paraguai, Paraná e região missioneira. Muitos deles miscigenaram-se com as populações rurais, surgindo essa numerosa população que Darcy Ribeiro denomina de guarani modernos. Essa população de origem indígena, falando o guarani, há séculos convivendo com as populações brancas, consideradas civilizadas, é que vieram fornecer a leva principal de mão de obra para a implantação das obrages, tanto na Argentina, como no Paraguai e no Brasil (p. 47).

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no armazém ou no barracón da obrage. Dessa forma o patrão

ganhava duplamente: pagando salário ínfimo e obrigando o mensu a

abastecer-se no armazém da empresa. O mensu, dificilmente

conseguia pagar o que recebeu e se não tentasse fugir,

provavelmente morreria devendo (WACHOWICZ, 1987, p. 49-50).

O autor destaca ainda que na obrage o peão não via dinheiro.

Praticamente não havia circulação de dinheiro. Quando terminava um serviço, em

algumas obrages, o mensu recebia uma espécie de vale por escrito, em outras,

exemplificando com a Obrage Mate Laranjeira, ele recebia moedas metálicas onde

estava impresso o valor da mesma. No entanto esse valor não era dinheiro,

correspondia a produtos que ele poderia retirar no armazém do obragero, por

exemplo, uma moeda poderia corresponder a um quilo de carne ou outro produto.

Esse “dinheiro” era chamado de boleto. Uma espécie de dinheiro corrente, apenas

dentro daquela obrage.

Até mesmo a Colônia Militar fundada na Foz do rio Iguaçu, em 1889,

aderiu ao sistema. Wachowicz diz que

As autoridades de Foz do Iguaçu incorporaram-se, direta ou

indiretamente, de direito ou de fato, aos interesses das obrages.

Quase todas elas obtiveram suas fontes de renda extra, quer como

sócio ou representante da obrage. Se nenhuma dessas opções

ocorreria, o lucro da participação no contrabando de importação ou

exportação, comum na região, lhes fornecia o estímulo para

permanecerem caladas (WACHOWICZ, 1987, p. 52).

As obrages eram muitas. Dentre elas podemos citar a Petry, Meyer e

Azambuja, Domingos Barth Nunes Y Gibaja, Julio Tomas Allica e Mate Laranjeira.

Destaquemos as duas últimas.

Dom Júlio Tomas Allica, de acordo com o autor, explorava as terras para

Leste e Sul até a região de Cascavel e Campo Mourão, a nordeste. A maior parte da

área explorada por Allica era de terras pertencentes à Brazil Railway Company,

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através de sua subsidiária, a BRAVIACO3 (Companhia Brasileira de Viação e

Comércio), que segundo Wachowicz era o maior latifúndio da história do Paraná.

A BRAVIACO cobrava taxas pelas quais permitia a exploração de

seus ervais, bem como das reservas de madeiras, ali existentes. O

tipo de exploração organizada por Allica, vem reforçar a tese de que

a obrage típica, estava praticamente desvinculada da propriedade

da terra. O homem não era fixado definitivamente, como povoador.

Circunstancialmente, ele se instalava provisoriamente como

predador dos ervais e extirpador das madeiras de lei e do pinheiro.

Ali o obragero permanecia até o esgotamento da matéria prima.

Uma vez escassa e esgotada a matéria prima, o homem levantava

acampamento e ia embora, ou procurava alongar a penetração da

picada, à procura de mais erva mate e madeira (WACHOWICZ,

1987, p. 65).

Em sua obrage, Allica mantinha os mais bárbaros padrões de

relacionamento com os mensus, eficientemente auxiliado por seu capataz Santa

Cruz. O Império de Allica só foi desfeito em 1924, quando atingido pela Revolução.

Precisamos considerar que a propriedade legal de Allica, por exemplo, limitava-se a

uma parte da Fazenda Britânia às margens do Rio Paraná.

A Mate Laranjeira, tendo como seu representante Tomas Laranjeira.

Conforme exposto por Wachowicz (1987), explorava erva mate no Brasil, Paraguai e

Argentina. Foi fornecedor de produtos ao Exército Brasileiro durante a Guerra do

Paraguai. Após a guerra, obteve concessão para explorar erva mate no sul do Mato

Grosso (1882).

3A Companhia de Domingos Barth Nunes Y Gibaja, também recebeu concessão para atuar na região

de domínio da BRAVIACO, sendo que esta fez as concessões iniciais para os primeiros moradores

da região de Encruzilhada. Data de 1921 a aquisição, por parte do colono catarinense Antonio José

Elias, o “Antônio Diogo”, das terras situadas às margens do Rio Cascavel. A compra foi feita junto à

empresa Braviaco (SPERANÇA, 1992, p. 80).

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Essa concessão foi obtida através do decreto n. 8.799 de 9-12-

1882. Por esse decreto, Tomas Laranjeira obtinha permissão de

explorar, por um período de dez anos, os ervais existentes na região

fronteiriça com o Paraguai, no perímetro compreendido pelos morros

do Rincão, Julho e as cabeceiras do Iguatemi, e entre os rios

Amambaí e Verde. Nessa concessão não se incluía a exploração

das madeiras de lei e teria de permitir a colheita da erva mate aos

moradores já existentes no território compreendido pela concessão.

Com esta concessão, Tomas Laranjeira recebia praticamente um

prêmio pelos serviços prestados ao exército imperial (WACHOWICZ,

1987, p. 67).

A Mate Laranjeira teve sua primeira sede em Concepción, no Paraguai e,

devido a concessão do governo brasileiro foi, pouco a pouco, transferindo a

exploração do Paraguai para o Mato Grosso, sem deixar de lado a produção

paraguaia. No entanto, devido ao mercado da erva mate ser prioritariamente

argentino, a empresa instalou-se também em Buenos Aires.

No Estado do Mato Grosso, a Companhia Mate Laranjeira cresceu tanto

que gerou diferenças ideológicas, das quais nasceu o Partido Republicano

Matogrossense. Seus membros consideravam que a Companhia Mate Laranjeira já

era um Estado dentro do Estado (p. 69).

De acordo com o autor, esta companhia praticamente não explorava erva

mate no Paraná, ela apenas utilizava-se de seu território, para chegar ao mercado

platino (p. 75). No entanto, o sistema implantado pela companhia no Mato Grosso

era muito semelhante ao implantado no Paraná.

Desta forma, podemos concluir que o sistema obragero, ao ser implantado

no Estado do Paraná e, mais precisamente no que se refere à Região Oeste do

Estado, deixou suas marcas no processo de ocupação, estabelecidas através das

relações de trabalho e poder, de mercado e de organização social.

A Revolução de 1930 revelou ao país inteiro a situação social e econômica

em que se encontravam as populações da região (WACHOWICZ, 1987, p. 140). O

Oeste do Paraná foi encontrado pelos revolucionários ainda dominado pelos

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obrageros. No entanto, uma nova mentalidade começava a aparecer entre os

homens que realizavam a revolução de 1930.

No período pós-revolucionário com Getúlio Vargas no comando do país,

tem início a chamada nacionalização da fronteira guarani (região fronteiriça entre

Paraguai e Argentina). A criação do Programa “Marcha para o Oeste”,

gradativamente foi ocupando a região com migrantes do Rio Grande do Sul e Santa

Catarina, além da presença de outras frentes de colonização que já estavam na

região ou foram chegando, extinguindo definitivamente o sistema obragero no Oeste

do Paraná e no Brasil.

Referências

SPERANÇA, Alceu.A. Cascavel – A história. Curitiba: Lagarto, 1992.

WACHOWICZ, Ruy. C. Obrageros, mensus e colonos: História do oeste paranaense.

2ª. Ed. Curitiba: Vicentina, 1987.

I - Atividade de leitura compreensiva do texto:

A leitura do texto é uma das possibilidades para que o aluno entre em

contato com o conteúdo e através deste contato com o texto possa estar levantando

os elementos necessários para a discussão.

A leitura do texto será realizada como atividade presencial, portanto, em

horário de aula, onde, ao final, o professor encaminhará as discussões iniciais

considerando cada aspecto do texto e seu conteúdo.

O aluno irá grifar no texto as idéias principais que iremos discutir na

sequência da aula, considerando:

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1. O Oeste do Paraná no século XIX;

2. A criação da Colônia Militar em Foz do Iguaçu;

3. Quem eram os obrageros;

4. Relações de trabalho presentes no sistema obragero;

5. A exploração dos trabalhadores no sistema.

Reflexão:

II – Fazer análise dos principais fatos que ocorreram em cada período,

conforme exposto no texto e completar a tabela abaixo, construindo uma Linha

do Tempo:

ANO

PRINCIPAIS FATOS E/OU ACONTECIMENTOS

HISTÓRICOS

1777

1881

Durante a discussão não perder o foco da análise e

interpretação do texto, considerando os aspectos sociais,

econômicos, políticos e culturais que permearam todo o

processo de construção histórica do Oeste do Paraná e,

neste caso, analisar as contradições que este sistema de

exploração constituiu na região. A compreensão das

contradições geradas pelo sistema obragero contribuirá para

que os alunos compreendam os antecedentes do processo

de colonização do Oeste do Paraná.

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1888

1924

Obs: Cada aluno receberá a tabela acima e escreverá os fatos que encontrar no texto e considerar importantes para a compreensão da história da região a partir do

conteúdo trabalhado.

III – Após análise e discussão do texto, descrever aspectos referentes às

questões Sociais, Culturais, Políticas e Econômicas do sistema obragero no

Oeste do Paraná, como:

A) Qual o papel da Colônia Militar na ocupação e colonização do Oeste do

Paraná?

B) Quem eram os obrageros na região?

C) Quais as relações estabelecidas entre obrageros, colonos e mensus?

D) Como era a vida nas obrages?

E) Que relações sociais se estabeleceram nas duas principais obrages da

região, a de Julio Tomas Allica e Companhia Mate Laranjeira?

IV – Utilizar o Mapa da América do Sul e localizar a região ocupada pelas

obrages na Região Oeste do Estado do Paraná e no Mato Grosso, bem como

os países que estavam inseridos neste processo: Brasil, Argentina e Paraguai.

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TEMA II – O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO DO OESTE DO PARANÁ E O

PROGRAMA “MARCHA PARA O OESTE”

2.1 Carga Horária: 8 horas/aula

2.2 Objetivos:

Compreender o processo de colonização da Região Oeste do Paraná

inserido no contexto da urbanização e industrialização do Brasil;

Entender como o Oeste do Paraná foi colonizado a partir do Programa do

Governo Federal denominado “Marcha para o Oeste”;

Perceber as relações que se estabeleceram na região após a chegada

dos primeiros grupos colonizadores e como estes organizaram o processo produtivo

da região.

2.3 Conversando sobre o tema:

O professor expõe aos alunos os objetivos e os conteúdos do trabalho a

ser desenvolvido, considerando os aspectos importantes deste processo de forma

que os mesmos compreendam a importância da história regional, utilizando-se de

texto informativo sobre o assunto.

Destacar o processo de colonização de Cascavel, inserido no contexto de

ocupação regional, como se deu a sua ocupação, primeiros grupos de pioneiros,

como se organizaram e como o Governo de Getúlio Vargas, a partir de 1930,

interferiu nas condições para que a região fosse ocupada e colonizada.

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Reflexão:

“A colonização do Oeste do Paraná a partir da implementação do Programa

Marcha para o Oeste, adquiriu nova forma e a região se constituiu num

importante espaço atrativo para que colonos descendentes de italianos e

alemães do Sul do Brasil se deslocassem para o Oeste, construindo uma nova

forma de organização social, política, econômica e cultural”.

2.4 Questionamentos:

I. Você já ouviu falar sobre a chegada dos primeiros colonizadores na região de

Cascavel, a partir de 1920?

II. O que você sabe sobre esse processo de ocupação?

III. Você sabe a que se deve a denominação da região de Cascavel?

Conhece alguma lenda que fale sobre o assunto?

IV. Possui informações sobre as origens de Cascavel? Será que a região sempre

teve essa denominação?

2.5 Texto de Apoio:

A COLONIZAÇÃO DO OESTE DO PARANÁ INSERIDA

NO CONTEXTO DO PROGRAMA “MARCHA PARA O OESTE”

Valdecir Antonio Nath4

O período compreendido entre 1920 e 1938 foi caracterizado pela

ocupação esporádica ou dispersa, em alguns pontos da região, por famílias de

4 Professor PDE 2010. Texto produzido para desenvolvimento deste conteúdo com alunos do Ensino

Médio do CEEBJA de Cascavel, como atividade de Implementação Pedagógica na Escola.

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colonos ou em razão de construção de obras públicas, como a abertura e

manutenção da rodovia ligando Guarapuava a Foz do Iguaçu, denominada Estrada

Estratégica. Alguns núcleos de povoamento foram surgindo na região e ao longo da

estrada estratégica que ligava Guarapuava a Foz do Iguaçu, incluindo Cascavel.

De acordo com Sperança (1992), em 1921 Antonio José Elias, o “Antonio

Diogo”, adquiriu terras situadas às margens do Rio Cascavel, no lugar também

denominado de “Encruzilhada dos Gomes”. A compra foi efetuada junto à Empresa

Braviaco - Companhia Brasileira de Viação e Comércio e, em 1922, veio juntamente

com outras famílias, ocupar o lugarejo denominado “Cascavel”. Antonio José Elias é

considerado, por Sperança, como o primeiro morador “oficial” de Cascavel.

A primeira leva de colonos sulistas que se distribuiu pelo interior do

atual município de Cascavel chegou no final da segunda década do

século, ampliando-se em 1920 e nos anos imediatamente

subsequentes. Foram os poloneses, juntamente com os caboclos

guarapuavanos, os oestino-cascavelenses pioneiros, responsáveis

pelo estabelecimento das primeiras propriedades agrícolas,

pecuárias, industriais e prestadoras de serviços (SPERANÇA, 1992,

p. 99)

Esta primeira frente de colonização que passou a ocupar a região a partir

de 1920, também denominada Frente Cabocla, tinha na sua composição pessoas da

região de Guarapuava e também descendentes de poloneses.

Em 1923, José Silvério de Oliveira, “Nhô Jeca”, “passou” por Cascavel.

Esta foi uma das suas inúmeras viagens pela região indo a Foz do Iguaçu. José

Silvério era “safrista, criador, comerciante e empreiteiro, atividade que lhe dava a

condição de tropeiro...” (SPERANÇA; SPERANÇA, 1980, p. 59). O ano de 1924 é

considerado pelo autor como importante para Cascavel, uma vez que

Havia apenas cinco moradias às margens do rio Cascavel. O

pioneiro Antonio José Elias prestava serviços, como tantos outros, à

Companhia Barthe. Com exceção de pequenos povoados, de

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caráter essencialmente rural, a região era praticamente despovoada,

só havendo sinais de civilização referentes às origens ervateiras

(SPERANÇA; SPERANÇA, 1980, p. 83).

O final da década de 20 foi marcado, no contexto nacional, pela campanha

cívica e política da Aliança Liberal, culminando com a Revolução de 1930 e a vitória

da Aliança Liberal no processo revolucionário que conduziu Getúlio Vargas ao

poder. Este fato fez com que Cascavel não mais figurasse nos mapas como um

“antigo pouso ervateiro às margens de um rio com o mesmo nome” (SPERANÇA,

1992, p. 99).

A década de 1930 também se caracterizou pela ação das grandes

madeireiras de outras regiões do Estado e do País que implantaram em Cascavel e

na região as grandes serrarias com objetivos comerciais, dando início ao ciclo

econômico da madeira, que se estenderia até 1970.

Em 1930, José Silvério de Oliveira, “Nhô Jeca”, arrendou terras do colono

Antonio José Elias junto ao entroncamento de trilhas que formavam a Encruzilhada.

Trouxe consigo um significativo número de parentes e amigos, também instalou no

vilarejo um pequeno armazém, coordenou as plantações e a criação de suínos,

atividades necessárias à sobrevivência, contribuindo efetivamente para a construção

do povoado e desenvolvimento da região.

Entre as décadas de 1930 e 1940, colonos sulistas de Santa Catarina e

Rio Grande do Sul, descendentes de poloneses, alemães e italianos migraram para

a região puxados por carroções, trazendo ferramentas, sementes e utensílios para o

trabalho.

A Era Vargas e o processo de colonização do Oeste do Paraná

O período denominado de Primeira República (1889–1930), foi marcado

pelo controle político do país pelas oligarquias rurais, predominantemente de São

Paulo e Minas Gerais. Dentre os fatores que levaram à Revolução de 1930, pode-se

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considerar, em primeiro lugar, a emergência da classe média, do tenentismo, da

burguesia e do movimento operário, insatisfeitos com a forma pela qual a República

vinha sendo implementada no Brasil.

Os demais Estados da Federação estavam insatisfeitos com a exclusão

que São Paulo e Minas lhes impunha, através da política do chamado “Café com

Leite”5. Os outros setores econômicos - charqueadores, produtores de açúcar, de

cacau, de borracha, de arroz e os industriais não viam com bons olhos a política de

priorização do café, pois os incentivos oferecidos aos demais setores econômicos da

sociedade eram poucos, diante da supervalorização do café.

No entanto, além de toda a riqueza produzida pelo café durante o Império

brasileiro e início da Primeira República para a nossa economia, podemos

considerar também que o complexo cafeeiro auxiliou no processo de industrialização

do Brasil. As bases para o desenvolvimento industrial do Brasil foram construídas a

partir da crise do café e com os excedentes gerados por este processo de produção.

O complexo econômico gerado pelo núcleo cafeeiro, onde incluíam

desde as estradas de ferro aos bancos, o grande comércio de

exportação e importação, assim como a própria mecanização

crescente da produção, havia constituído a base de um crescimento

industrial tímido e descontínuo, verificado desde o nascimento da

„sociedade do café‟. Germinava, assim, o processo brasileiro de

industrialização, favorecido pela ruptura que a expansão cafeeira

representara em relação às formas tradicionais de dominação e de

reprodução do capital (XAVIER, 1990, p. 31).

A vitória da Aliança Liberal na Revolução de 1930, que conduziu Getúlio

Vargas ao poder, produziu uma mudança decisiva no plano da política interna,

enfraquecendo as oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrários

e comerciais. Getúlio Vargas adotou uma política de industrialização, em

5 De 1889 a 1930, período denominado de Primeira República, alternavam-se no poder político do país representantes dos estados de São Paulo e Minas Gerais. A política do Café com Leite representava a organização a nível nacional. Nos estados estruturava-se a denominada “Política dos Governadores” e nos municípios o “coronelismo”. Buscavam, assim articulados, manter as “velhas” estruturas agrárias fundadas sob a política de valorização do café.

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consonância com os interesses do capitalismo internacional, regulamentando o

mercado de trabalho urbano, limitando algumas importações e, mais tarde, dirigindo

investimentos estatais para a indústria de base6.

No Oeste do Paraná, a principal ação do governo Vargas caracterizou-se

pelo início do processo de ocupação por colonos vindos do Rio Grande do Sul e

Santa Catarina, denominada de frente sulista, através do programa do Governo

Federal, denominado “Marcha para o Oeste” (1940)7.

O projeto nacionalista de Vargas viabilizou o processo de ocupação e

colonização do Oeste e Sudoeste do Paraná, uma vez que a região era ocupada,

ainda na sua maioria, por estrangeiros. Um levantamento feito sobre a população

existente em 1920 confirmava que a região de Foz do Iguaçu “contava com 2.282

brasileiros e 4.148 estrangeiros” (SPERANÇA, 1992, p. 79).

A política varguista teve o intuito de promover a ocupação dos vazios

demográficos por meio da absorção dos excedentes populacionais que faziam

pressão no Centro-Sul do país, encaminhando-os para áreas que produziam

matérias primas e gêneros alimentícios a baixo custo para subsidiar a implantação

da industrialização no Sudeste do Brasil.

Este processo tinha como objetivo principal corrigir os desequilíbrios

regionais pela implantação de uma política demográfica que incentivasse a

migração, na tentativa de diminuir os desequilíbrios existentes entre as diversas

regiões do país.

6 Foram criadas grandes restrições à entrada de imigrantes, caracterizando a substituição de mão de

obra imigrante pela nacional. Essa mão-de-obra era formada, no Rio de Janeiro e São Paulo, devido ao êxodo rural (decadência cafeeira). Vargas investiu forte na criação da infra-estrutura industrial: indústria de base e energia. Destacando-se inclusive a criação da Petrobrás. 7 Este programa foi criado para incentivar o progresso e a ocupação do Centro-Oeste do Brasil,

objetivando a migração das pessoas do extremo Sul do Brasil para o Estado do Paraná e centro do Brasil, onde haviam terras desocupadas.

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O ano de 1932 foi significativo para o desenvolvimento regional do Oeste

do Paraná. A Revolução Constitucionalista8 contribuiu para que a região se tornasse

conhecida, ocupando posições estratégicas fundamentais, uma vez que o Sul do

país envolveu-se diretamente no conflito.

Ainda neste ano ocorreu a chegada de migrantes poloneses oriundos de

Santa Catarina em direção ao Oeste do Paraná.

Foi nessa turma que chegou Jacob Munhak, filho de poloneses, que

abriu estradas a facão para facilitar a passagem dos carroções de

oito animais que conduziam milho e outros produtos aos portos do

Alto Paraná e suínos a Foz do Iguaçu (SPERANÇA, 1992, p. 110).

A chegada de Jacob Munhak foi fundamental para desencadear o

processo de ocupação e colonização da região, principalmente para a formação do

município de Cascavel a partir da região ocupada pelo Distrito de São João D‟Oeste,

onde se estabeleceram os descendentes de poloneses que vieram de Santa

Catarina.

Eles se estabeleceram em Catanduvas e, em 1932, mudaram para

Cascavel, inseridos também na política expansionista de ocupação e colonização do

Oeste, desencadeada pelo Governo Federal.

No entanto, para que a política de Getúlio atingisse seu objetivo, era

necessária a criação de uma base de apoio nos estados periféricos como Goiás,

Mato Grosso e Paraná, que ficariam encarregados da produção de alimentos e

matérias-primas capazes de abastecer o novo pólo industrial do Sudeste.

8 A Revolução Constitucionalista de 1932 caracterizou-se por ser um movimento armado que ocorreu no Estado de São Paulo, tendo como objetivo principal derrubar Getúlio Vargas do Governo Provisório e promulgar uma nova constituição para o Brasil.

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Inserida neste processo de ocupação e colonização, a nível nacional, a

Região Oeste do Paraná foi sendo ocupada e colonizada, em algumas áreas de

forma organizada através das Companhias de Colonização, como a Maripá, PR

exemplo e, em outras, de forma diversa, como em parte do Oeste do Paraná e do

Sudoeste. Vale lembrar que muitas companhias de colonização atuaram na região e

provavelmente a Maripá tenha logrado maior êxito.

Referências

SPERANÇA, Alceu. Cascavel: a história. Curitiba: Lagarto, 1992.

SPERANÇA, Alceu; SPERANÇA, Carlos. Pequena História de Cascavel e do Oeste. Cascavel: J. S. Impressora Ltda, 1980.

XAVIER, Maria Elizabete Sampaio Prado. Capitalismo e escola no Brasil: a constituição do liberalismo em ideologia educacional e as reformas do ensino (1931-1961). Campinas: Papirus, 1990.

WACHOWICKZ, Rui. Paraná, Sudoeste: Ocupação e colonização. 2. ed. Curitiba: Vicentina, 1987.

I - Atividade de leitura compreensiva do texto:

Considerando a importância que a leitura exerce no processo de

aquisição do conhecimento, é imprescindível que a mesma se realize de forma que

o aluno, ao entrar em contato com o texto, busque se apropriar das ideias principais

que posteriormente vão subsidiar as discussões, bem como os elementos

fundamentais do texto, de forma a compreendê-lo e ser capaz de fazer uma nova

leitura a partir das discussões levantadas em sala de aula.

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Será realizada leitura do texto de forma individual, na sequência os alunos

trocarão ideias em duplas, discutindo o texto, apontando os principais elementos que

consideram importantes.

É interessante considerar que, como muitos alunos não possuem os

elementos necessários para construir a interpretação do texto de forma a

compreendê-lo da maneira mais clara e profunda, assim mesmo é importante a

leitura e discussão para que possamos aprofundar o entendimento em discussões

posteriores.

Será solicitado aos alunos que, na leitura do texto, destaquem pontos

importantes para discussão, considerando os aspectos históricos presentes na

História do Oeste do Paraná e de Cascavel, de forma que possamos aprofundá-los

na discussão, relacionando inclusive outros elementos que considerarem

importantes no texto.

Observar o roteiro de estudos proposto na sequência, de forma que haja

uma melhor compreensão dos alunos:

1. A presença de Antonio José Elias no processo de colonizaç ão de

Cascavel;

2. A vinda de José Silvério de Oliveira para Cascavel e as transformações

que ocorreram a partir daí;

3. Por que a denominada “Política do Café com Leite”, ao final da década

de 1920 não agradava mais aos brasileiros? O que ocorre a partir daí?

4. A importância do Governo de Getúlio Vargas para a colonização do

Oeste do Paraná.

II – Pesquisar, tendo como base a obra de Alceu Sperança (1992) “Cascavel –

A História”

a) Analisar as lendas que fazem menção à denominação “CASCAVEL”;

b) Discutir as denominações que foram atribuídas a Cascavel e quais os

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principais fatores que levaram a isso: Encruzilhada dos Gomes, Aparecida

dos Portos, Guairacá e Cascavel.

Reflexão:

III – Elaboração de um texto, em dupla, sobre o conteúdo estudado, de forma

que se possa evidenciar, a partir deste, o entendimento que os alunos

obtiveram sobre o conteúdo.

TEMA 3 – AS RELAÇÕES DE TRABALHO, PODER E

CULTURA QUE SE ESTABELECERAM NO OESTE DO PARANÁ A

PARTIR DA DÉCADA DE 1930.

3.1 Carga Horária: 8 horas/aula

3.2 Objetivos:

O Programa Marcha para o Oeste foi criado para incentivar o progresso e a ocupação do Centro-Oeste do Brasil, objetivando a migração das pessoas do extremo Sul do Brasil para o Estado do Paraná e centro do Brasil, onde haviam terras desocupadas. Pelo fato da região estar ocupada, na sua maioria, por argentinos e paraguaios, foi objeto do Governo Federal ao constituir este programa: Ocupar a região com brasileiros, de forma a assegurar o domínio da fronteira e não permitir as expansão estrangeira na região.

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Entender os principais elementos políticos que permearam o processo de

ocupação da região e como estes interferiram e contribuíram para a colonização da

região;

Compreender como se constituíram as diferentes formas de expressão

cultural no processo de colonização do Oeste do Paraná;

Analisar os principais aspectos da cultura, como os colonizadores se

organizaram em sociedade e a importância da expressão cultural através dos

elementos religiosos, de lazer e educacionais, contribuindo para o desenvolvimento

do Oeste do Paraná;

Perceber a importância do trabalho como elemento articulador do

processo de desenvolvimento social, econômico, político e cultural do Oeste

paranaense.

3.3 Conversando sobre o tema:

Na apresentação do tema, o professor expõe aos alunos os objetivos que

devem ser alcançados no desenvolvimento do conteúdo e das atividades propostas,

como forma do aluno compreender elementos fundamentais do processo de

colonização, de como as questões políticas de ordem nacional e local interferiram na

ocupação regional e quais as novas relações que foram construídas a partir de

então.

Destacar a importância das manifestações culturais, políticas, religiosas e

educacionais como parte do processo histórico de um povo, muitas vezes

construídas e desconstruídas a partir de determinações sociais, de conjunturas

políticas, econômicas que definem e definiram várias formas de atuação e a

importância do trabalho como elemento essencial na construção destes novos

significados.

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Reflexão:

A organização da Igreja em Cascavel, teve desdobramentos que foram

além das questões religiosa. Analisar a citação abaixo e buscar elementos que

contribuam para a compreensão dessa questão na obra de SPERANÇA, A.

A..Cascavel – A História. Curitiba: Lagarto, 1992, p. 142.

“A criação da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, não teve implicações

exclusivamente religiosas. Acabou se tornando uma questão política,

encarregada de provocar inúmeras conseqüências para o futuro da cidade,

enquanto conjunto de equipamentos e serviços urbanos” (SPERANÇA, 1992,

p. 142).

3.4 Questionamentos:

I. Como já realizamos uma análise do Programa Marcha para o Oeste,

desencadeado no Governo de Getúlio Vargas, você pode levantar quais as

razões que fizeram com que o governo Federal tomasse essa decisão?

II. A sua família é originária desse processo, ou de grupos que na década de

1940 e 1950 fizeram parte desta dinâmica?

III. Como você imagina que a sociedade se organizava ao chegar no sertão do

Oeste do Paraná quanto a: atividades de lazer, educação, religiosidade?

IV. Na sua concepção, o que entende por cultura?

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Sobre Cultura, podemos considerar que:

Sobre a cultura na História do homem...

“É a partir do conceito de representação que analisaremos as condições a

partir das quais o homem se torna o grande articulador do processo

de mudança e transformação do meio onde vive e o faz, através do

trabalho, para satisfazer necessidades historicamente produzidas

e/ou construídas pela sociedade. Desta forma, ao transformar as

suas condições próprias de existência, modifica sua cultura,

transformando-a ou ampliando as possibilidades de entendimento

da cultura que ora faz parte, podendo, para isso, fazer uso da

representação” (Extraído do Projeto de Intervenção Pedagógica, p. 16).

“A cultura na história do homem pode ser compreendida como o grande referencial

para as mudanças e transformações que este empreende no seu meio e na sua

existência, pois esta é facilmente percebida nas ações que os alunos trabalhadores

experimentam através das suas múltiplas vivências e traduzem a partir do trabalho com

os conteúdos, pois compreender a história representa a possibilidade de mudar a

própria história, acrescentando, necessariamente, novos elementos à própria cultura”

(Extraído do Projeto de Intervenção Pedagógica, p. 16).

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3.5 Texto de Apoio:

AS RELAÇÕES DE TRABALHO, PODER E CULTURA QUE SE

ESTABELECERAM NO OESTE DO PARANÁ

A PARTIR DA DÉCADA DE 1930

Valdecir Antonio Nath9

Chegando ao poder, através da Revolução de 1930, Getúlio Vargas

adotou uma série de medidas em relação ao Estado brasileiro. A criação do

Programa Marcha para o Oeste10 se constituiu para a região um dos marcos

decisivos da ocupação de um território eminentemente estrangeiro, cujo domínio era

brasileiro.

De acordo com Colodel (1988) é dentro desse contexto político, advindo

da Revolução de 1930, que o povoamento do Oeste paranaense recebeu seu

impulso definitivo. O pontapé inicial foi dado pelo próprio governo paranaense.

A partir de 1939, o Governo do Estado resolveu colonizar também as

suas terras devolutas [adquiridas por devolução, despovoadas] e de

antigas concessões, no Oeste paranaense, fundando, na margem

esquerda do Piquiri, as colônias Piquiri, Cantu, Goio-Bang e Goio-

Erê, e, à margem direita do Ivaí, as colônias Manuel Ribas, Muquilão

e Mourão. Seguiu planos de colonização, demarcando os lotes rurais

e prevendo áreas para a instalação de núcleos urbanos. Os lotes

agrícolas, nessas colônias, foram, em geral, de áreas superiores

àqueles do Norte do Paraná, medindo, em média, mais de 20

alqueires (WESTPHALEN et ali, 1968, p. 20).

9 Professor PDE 2010. Texto produzido para desenvolvimento deste conteúdo com alunos do Ensino

Médio do CEEBJA de Cascavel, como atividade de Implementação Pedagógica na Escola. 10

De acordo com Colodel (1988, p. 39) A Marcha para o Oeste se constituiu em tese numa maré

povoadora que, partindo do litoral já ocupado, penetraria nos sertões brasileiros através de estradas

de ferro e hidrovias a serem construídas. Um plágio tupiniquim do que fizeram os norte-americanos a

partir de meados do século XIX.

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Quando Getúlio Vargas, em 1937, instalou-se como ditador no então

denominado Estado Novo, inseriu o artigo 165 na Constituição Federal, através do

qual criava uma faixa de fronteira de 150 quilômetros de largura. Considerando que

neste momento, a migração de pessoas para a região já era grande, a alteração na

Constituição criou um problema para a população do Oeste do Paraná, pois esta

região ficava dentro do perímetro da faixa de fronteira recém criada.

Nos anos seguintes foi interrompido o projeto colonizador do Oeste do

Paraná. No entanto, na capital do país, Rio de Janeiro, uma legislação

complementar definiu o povoamento da faixa de fronteira. De acordo com Colodel

Dentre outros dispositivos legais, criou-se oficialmente o Território

Federal do Iguaçu, em 13 de setembro de 1943. A capital seria Foz

do Iguaçu e mais tarde Laranjeiras do Sul. O Território Federal do

Iguaçu permaneceria em vigência até que foi extinto por uma

emenda inserida na Constituição de 1946 (COLODEL, 1988, p. 41).

Em relação ao processo para criação do Estado do Iguaçu, há

necessidade de considerarmos que, já pelo artigo 165, o Estado do Paraná estava

impedido de colonizar e abrir estradas numa faixa de 150 quilômetros, ao longo de

suas fronteiras com a Argentina e o Paraguai (p. 151). Esse território ficou conhecido

como faixa de fronteira

Sobre essa questão, Wachowski considera ainda que

Foi desta maneira que o Estado do Paraná tomou oficialmente

conhecimento que uma substancial parte do seu território seria

desmembrada para a formação do Território Federal do Iguaçu. A

criação da faixa de fronteira de 150 km e o cerceamento na prática

de o Estado continuar a colonizar a região, já eram preparativos para

a concretização deste desideratum (1987, p. 152)

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Inserido no contexto político, oriundo da Revolução de 1930, a ocupação

e o povoamento do Oeste paranaense recebeu seu impulso definitivo. O pontapé

inicial foi dado pelo próprio governo11.

A década de 1940 se caracterizou por uma etapa de povoamento

ostensivo, com a presença das companhias colonizadoras particulares, oriundas, na

sua grande maioria, do Rio Grande do Sul, desempenharam um papel importante no

processo de colonização da região.

Desta forma o governo Federal transferiu para a iniciativa privada, de

caráter empresarial, a ação colonizatória da região de fronteira. Estas empresas

passaram a realizar a venda de pequenos lotes agrícolas aos colonos interessados

no cultivo direto da terra.

De acordo com Colodel (1988), Os projetos colonizadores se multiplicam

e atraem milhares de famílias durante as décadas de 1940-50. Podemos chamar

essa fase como sendo a frente de povoamento sulista, já que a corrente

colonizadora tem sua origem preferencialmente nos Estados do Rio Grande do Sul e

Santa Catarina. O crescimento populacional12, a partir deste período, ocorreu de

11 A colonização do Oeste e Sudoeste do Paraná, concebida através do Programa Marcha para o

Oeste, se constituiu numa medida alternativa, haja visto o crescimento populacional dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Havia uma necessidade urgente de buscar mais terras para acomodar esse excedente populacional que havia se formado nas pequenas propriedades rurais estabelecidas pelo interior do Rio Grande do Sul. A expansão da fronteira agrícola gaúcha havia se detido na divisa com Santa Catarina e não encontrava mais espaços vazios para ampliar seus

horizontes. 12

Durante a década de 40, a população dobrou de 145.000 habitantes para 295.000, o que se deveu

principalmente à entrada de uns 116.000 imigrantes [na verdade migrantes], tendo se dado a

penetração da região tanto pelo sul como, também, efeito do transbordamento da nova região

cafeeira, pelo norte, através de Campo Mourão e ao longo da ferrovia projetada de Cianorte para

Guaíra. Durante o decênio 1950-60, porém, a imigração [sic] para o oeste do Estado deu um salto

para 580.000 pessoas e a população total para 988.000, representando um aumento de

aproximadamente sete vezes em cerca de vinte anos; posteriormente, com a aceleração da

imigração [sic] líquida depois de 1960 (423.000 em cinco anos), a população alcançou 1.584.000 em

1965. Neste ano a densidade demográfica para todo o oeste era de 46,1 hab./milha quadrada [1

milha é igual 2.200 metros], maior do que a do leste do Paraná em 1965 se excluirmos a zona de

Curitiba [...] como resultado da Segunda onda de explosão demográfica no Paraná resultante da

imigração [sic], a participação do oeste na população total do Estado aumentou de 11,7 para 27,1 por

cento durante o período 1940-65. (NICHOLLS, 1971, p. 39).

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forma rápida, talvez pela organização e pelo sucesso alcançado pelas companhias

de colonização, em especial o desenvolvimento da Maripá13.

Estas são, portanto, algumas considerações acerca do processo político

que foi desencadeado a partir da década de 1930 em relação à colonização do

Oeste do Paraná, principalmente no que se refere à propriedade da terra. No

entanto, a chegada dos migrantes à região desencadeou questões de ordem

econômica, social e cultural que contribuíram para a construção da sociedade

oestina.

As relações de poder, cultura e trabalho que se estabeleceram no Oeste do

Paraná com a chegada dos colonizadores

Nas décadas de 1940 e 1950, o quadro populacional do Oeste do Paraná

mudou rapidamente. Milhares de colonos oriundos dos Estados do Sul do Brasil, de

outras regiões do próprio Estado e outros estados brasileiros ocuparam

definitivamente a região.

Foram três frentes de colonização que contribuíram para a colonização da

região, sendo: A primeira frente oriunda do “Paraná Tradicional”, da região dos

campos de Guarapuava; a segunda frente originária dos estados de Santa Catarina

e Rio Grande do Sul, chamada de frente sulista e a terceira frente oriunda do Norte

do Paraná, originada e estimulada pela economia cafeeira.

Os migrantes que chegaram à região trouxeram consigo suas

manifestações culturais, religiosas, festivas, muitas das quais, segundo Schreiner

(1996, p. 24), foram recriadas na nova terra. Outras, “esquecidas” por alguns anos,

13 Talvez o exemplo mais marcante dessa fase colonizadora, pela organização e pelo sucesso

alcançado, tenha sido a Industrial Madeireira e Colonizadora Rio Paraná S.A. – a famosíssima

Maripá. Sua sede era no atual município de Toledo e estruturou-se no ano de 1946, formada por

acionistas gaúchos. Naquele ano a Maripá comprou a Fazenda Britânia da Compañia Maderas del

Alto Paraná, que era uma das concessionárias de terras que haviam na região. Adquiriu 124 mil

alqueires, montou seu escritório, abriu estradas e picadas, mediu e demarcou os lotes urbanos e

rurais e iniciou a sua venda. Já em 1951 todas as áreas medidas e demarcadas estavam vendidas ou

compromissadas (COLODEL, 1988, p. 42-43).

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foram reinventadas e promovidas pelo poder público, como forma de

restaurar/recuperar a tradição.

Ainda, de acordo com Schreiner,

[...] as festas desde o início da colonização, em 1946, estiveram

ligadas ao trabalho do campo, à produção agropecuária na pequena

propriedade. As festas sempre foram celebrações festivas e alegres

pelos bons resultados colhidos numa região de terra fértil, onde “tudo

que se planta colhe”. As boas colheitas, os lucros advindos da venda

de animais sempre foram motivos para festejar (SCHREINER, 1996,

p. 24).

As comemorações e festividades que foram trazidas pelos colonizadores

e preservadas no decorrer do tempo, formam a identidade cultural de um povo,

identidade esta que se expressa através das diferentes manifestações e vai se

transformando à medida que novos elementos culturais vão sendo incorporados.

Schreiner (1996, p. 25), relata que a construção de clubes sociais, de

locais destinados ao lazer, à realização de bailes, é uma demonstração dessa

preocupação desde os primeiros anos da colonização. Esses espaços não foram

constituídos apenas nos núcleos urbanos, mas também nas comunidades rurais que

foram aparecendo à medida que avançava a colonização. A elite, da maioria dos

municípios da região, ligada ao comércio e a agricultura, assumiu um novo modo de

ser

Esse novo modo de ser, com o passar dos anos, fortaleceu a

diferenciação social, mas não anulou por completo a cultura anterior.

Prova disso, são os inúmeros conjuntos musicais ligados à música

tradicionalista gauchesca. O gaiteiro foi sendo substituído pelos

conjuntos musicais, mas a música tradicionalista gauchesca ainda

permanece como elemento cultural forte no meio social

(SCHREINER, 1996, p. 25).

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Considerando estes aspectos veremos que há, desde o início da

colonização, uma tendência de preservar estas tradições, haja visto o número de

CTGs (Centros de Tradição Gaúcha) que foram criados na maioria das cidades da

região. Em Cascavel, em 1949, foi criado o Tuiuti Esporte Clube, por iniciativa dos

militares, que serviu como ponto de encontro e integração da sociedade local;

também a criação do CTG Estância Colorada. A Festa de São Cristóvão ou Festa

dos Motoristas, criada na década de 1950, entre outros pontos de referência para as

atividades culturais.

Estes espaços de lazer, clubes, CTGs, onde eram realizadas festas e

comemorações, que se constituíam em pontos de convergência e encontro da

população nos mostram as mudanças sócio-econômicas e culturais que foram

sendo construídas na região a partir do trabalho.

Precisa-se considerar aqui que o trabalho é o elemento articulador de

todo o processo de organização da vida social, cultural, política e econômica, uma

vez que, segundo Schreiner (1996)

A colonização se efetivou a partir da escolha dos migrantes que se

auto-representam como “afeitos ao trabalho”. Na colonização

estabeleceu-se uma cultura que tem, de um lado, o trabalho como

meio gerador de riqueza e, de outro, como meio pelo qual se

reconhece o valor e a moral de um homem. [...] Esta cultura do

trabalho é, em parte, condição e, em parte, produto deste espaço,

dos sujeitos e das transformações sócio-econômicas e políticas com

as quais se imbrica (SCHREINER, 1996, p. 15)

Neste movimento de construções culturais a partir do trabalho, a igreja

representa um desses espaços. Além de se constituir no espaço religioso, no seu

entorno vão sendo construídos espaços de lazer que propiciavam a vida em

comunidade, como salão para festas, escola e outros elementos considerados

importantes e necessários para os colonizadores.

Com referência à escola, esta era uma necessidade imediata do

colonizador e, não raras as vezes, a igreja surgiu a partir da escola ou vice-versa.

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Em Cascavel, no ano de 1932 ocorreu a construção da primeira igreja e consequentemente a instalação da “escolinha” no local onde estaria sendo construído o primeiro núcleo urbano do povoado denominado Cascavel. Foi neste ano que teve início o processo educacional no então vilarejo de Cascavel. Com o passar do tempo, esta instituição tomou forma e passou a se estruturar de acordo com as políticas que emanavam do governo do Estado do Paraná (NATH, 2010, p. 31) .

Sperança (1980) relata como esta escola fora construída, fazendo

referência à construção também da primeira igreja de Cascavel

A primeira escolinha de Encruzilhada, criada em 1932, é um

pequeno rancho de pinho lascado, que também serve de capela

religiosa, tendo entre seus primeiros professores Orozendo Cordeiro

de Jesus e as irmãs Genoveva e Estanislava Boiarski (SPERANÇA;

SPERANÇA, 1980, p. 118).

Importante também destacar que a necessidade de escolarização para a

população era um dos fatores essenciais ao desenvolvimento da região. O

colonizador, ao chegar aqui, tinha como necessidade básica a escolarização dos

filhos e a construção do templo religioso. Outras necessidades poderiam ser

atendidas mais tarde. Esta questão se apresentava com menos intensidade na

cidade e de forma mais expressiva nas comunidades rurais.

A rapidez com que foi construída a “primitiva” escola em Cascavel

deu-se especialmente em razão das características humano-culturais

do grupo pioneiro. Tanto o grupo originário de Guarapuava (alguns

deles comerciantes), como os descendentes de imigrantes europeus,

viam na escolarização de seus filhos aspectos práticos para as

relações sociais, na humanização de si próprios e de sua cultura

(NATH, 2010, p. 32).

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Sobre a questão da igreja em Cascavel, datado de 1932 com a

construção da escola, esta estava vinculada primeiro a Guarapuava, depois a Foz

do Iguaçu

O povoado de Cascavel e outros núcleos habitacionais começaram a

ser atendidos espiritualmente por padres residentes em Guarapuava,

depois por padres residentes em Foz do Iguaçu, em seguida por

padres de Toledo e, por fim, por padres residentes em Cascavel. Isto

traz à memória que o território da atual Arquidiocese de Cascavel,

em tempos idos, pertenceu à Diocese de Curitiba, depois à Prelazia

de Foz do Iguaçu e, em seguida, à Diocese de Toledo. Enfim, em

1978, foi criada a Diocese de Cascavel (CAPELESSO; SCHERER;

DEITOS, 2010, P. 38).

Verifica-se, a partir daí a necessidade da Igreja e da sua organização,

fator essencial na organização da sociedade, vinculada, em grande parte ao ensino,

uma vez que

Ao lado de diversas Igrejas foram erguidos diversos colégios: O

Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, administrado pelas Irmãs

Missionárias de São Carlos, o Colégio Marista, sob os cuidados dos

Irmãos Maristas, o Colégio Santa Maria, de propriedade das Irmãs

Servas do Espírito Santo e o Educandário Sagrada Família, sob a

direção das Irmãs Servas de Maria Imaculada, de rito ucraniano

(CAPELESSO; SCHERER; DEITOS, 2010, P. 38).

As diferentes formas de organização social que ocorreram no Oeste do

Paraná, a partir do início da colonização e como estas foram sendo construídas e

transformadas com o passar do tempo, fazem referência à importância que o

trabalho desempenha no contexto social, seja no aspecto da própria organização da

sociedade, da luta pela posse da terra, do processo migratório em busca de

melhores condições de vida, nos seus aspectos educacionais, religiosos que,

permeados pela ação do homem através do trabalho, foram se modificando e se

reconstruindo, constituindo a cultura de um povo, do povo do Oeste do Paraná.

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São estas as considerações iniciais que julgamos pertinentes, no aspecto

histórico, para que possamos compreender alguns elementos básicos que interferem

e contribuem para a construção da história e para que os homens se compreendam

como parte desta história.

Referências

CAPELESSO, Pe. A.; SCHERER, D. I. R.; DEITOS, N. J. (org.). Dom Armando Círio:

Apóstolo e Missionário do Oeste do Paraná. Cascavel: Coluna do Saber, 2010.

COLODEL, J. A.. Obrages & companhias colonizadora: Santa Helena na história do Oeste

paranaense até 1960. Cascavel : Assoeste, 1988.

NATH, V. A.. Monografia: História e Memória: A constituição histórica da rede municipal de

ensino de Cascavel – 1950 a 1980. Cascavel: Unioeste, 2010.

NICHOLLS, W. H. A fronteira agrícola na história recente do Brasil: o Estado do Paraná,

1920-65. Revista Paranaense de Desenvolvimento. Curitiba, n.26, 19-53, 1971. Apud:

COLODEL, José Augusto. Obrages & companhias colonizadora: Santa Helena na história

do Oeste paranaense até 1960. Cascavel : Assoeste, 1988.

SCHREINER, D. F.. Cotidiano, trabalho e poder: A formação da cultura do trabalho no

extremo oeste do Paraná. Cascavel: Unioeste: Gráfica Universitária, 1996.

SPERANÇA, A.; SPERANÇA, C.. Pequena História de Cascavel e do Oeste. Cascavel: J. S.

Impressora Ltda, 1980.

WACHOWICZ, R. C.. Mensus e colonos: História do Oeste Paranaense. Curitiba: Editora e

Gráfica Vicentina, 1987.

WESTPHALEN, C. M.. História documental do Paraná: primórdios da colonização moderna

na região de Itaipu. Curitiba : SBPH-PR., 1987.

]

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I - Atividade de leitura compreensiva do texto:

Considerando a importância que a leitura exerce no processo de

aquisição do conhecimento, é imprescindível que a mesma se realize de forma que

o aluno, ao entrar em contato com o texto, busque se apropriar das idéias principais

que posteriormente vão subsidiar as discussões, bem como os elementos

fundamentais do texto, de forma a compreendê-lo e ser capaz de fazer uma nova

leitura a partir das discussões levantadas em sala de aula.

Será realizada leitura do texto de forma individual, na sequência os alunos

trocarão ideias em duplas, discutindo o texto, apontando os principais elementos que

consideram importantes.

É interessante considerar que, como muitos alunos não possuem os

elementos necessários para construir a interpretação do texto de forma a

compreendê-lo da maneira mais clara e profunda, assim mesmo é importante a

leitura e discussão para que possamos aprofundar o entendimento em discussões

posteriores.

Será solicitado aos alunos que, na leitura do texto, destaquem pontos

importantes para discussão, considerando os aspectos históricos presentes na

História do Oeste do Paraná e de Cascavel, de forma que possamos aprofundá-los

na discussão, relacionando inclusive outros elementos que considerarem

importantes no texto.

Observar o roteiro de estudos proposto, de forma que haja uma melhor

compreensão dos alunos:

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I. Os motivos que fizeram com que o Governo Federal desencadeasse o

Programa Marcha para o Oeste e a importância do programa no processo

de colonização do Oeste do Paraná;

II. A criação do Estado do Iguaçu, seu papel político no contexto oestino;

III. A construção da cultura no Oeste paranaense a partir do início da

colonização. A incorporação de novos elementos culturais e a

reconstrução cultural;

IV. A questão religiosa e educacional na construção da cultura no

Oeste do Paraná.

II – Em duplas, discutir as questões abaixo:

a) O que determinava o artigo 165, inserido na Constituição Federal, por

Getúlio Vargas?

b) Qual a importância da criação do Território do Iguaçu? Descreva os

fatores que levaram o Governo Federal a tomar essa decisão:

c) Pesquise sobre o espaço ocupado pelo Território do Iguaçu;

d) Quando os migrantes chegaram ao Oeste do Paraná, trouxeram

consigo elementos da sua cultura, expresso através de seus costumes e

tradições, muitos destes oriundos dos países de origem. Como isso se

processou no Oeste do Paraná, na construção da cultura?

Reflexão:

Nos estudos de Marx percebemos que, para ele, o dinheiro se

transforma em capital (p. 261) e que está colocado na sociedade

capitalista a partir das relações básicas que se estabelecem entre

trabalhadores operários e capitalistas, os detentores dos meios de

produção e da riqueza produzida a partir destes, configurando a

denominada acumulação primitiva do capital (p.261).

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III – Elaboração de um texto, em duplas, sobre o conteúdo estudado, de forma

que se possa evidenciar, a partir deste, o entendimento que os alunos

obtiveram sobre o conteúdo.

AVALIAÇÃO

A Avaliação consistirá de uma etapa ao final de cada tema a ser

trabalhado, com o objetivo de diagnosticar no decorrer do tema de estudo o

processo de ensino e aprendizagem.

O processo de avaliação se dará sob dois aspectos:

1. Avaliação do conteúdo: com o objetivo de verificar se o conteúdo foi

assimilado pelos alunos, se o mesmo teve significado, despertando atenção,

interesse, curiosidade e participação dos alunos, com o objetivo de redimensionar a

prática pedagógica; considerar se houve compreensão das ideias presentes no

texto; analisar quando os participantes falarem sobre o texto, se expressam suas

ideias com clareza e sistematizam o conhecimento de forma adequada; perceber se

estabelecem relações entre o texto e o conteúdo abordado nas questões.

2. Avaliação do encontro: com o objetivo de analisar o encaminhamento

metodológico da unidade didática, no que se refere a:

a) Coerência do texto utilizado com os objetivos que se pretende

alcançar;

b) Utilização de metodologias adequadas que contribuam para a

aprendizagem dos alunos;

c) Avaliar o interesse dos alunos em participar dos diferentes momentos

de execução da proposta. Neste momento será avaliada a produção

escrita coletiva, apresentação das atividades em plenário e observação da

sistematização do conhecimento durante todo o transcorrer do tema.

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51

Na avaliação serão levados em consideração os encaminhamentos

metodológicos e instrumentos avaliativos diferenciados. Será tomado como ponto

de partida a compreensão e o aprendizado de cada participante. Pretende-se que

os alunos compreendam o processo histórico de construção da sociedade no

Oeste do Paraná a partir do projeto de colonização e ocupação pelos diferentes

grupos sociais, bem como os fatores que contribuíram para o desenvolvimento

regional como um todo, inserido no contexto nacional e internacional.

REFERÊNCIAS

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares Estaduais.

Curitiba: SEED, 2008. Disponível em: http://www.pr.gov.br/deja/. Acesso em: 2 set

2010.

UNIOESTE. HISTEDBR, Grupo de Estudos e Pesquisas em "História, Sociedade e

Educação no Brasil. Disponível em:

http://www.unioeste.br/projetos/histedbropr/histedopr.asp. Acesso em: 6 out 2010.

SPERANÇA, Alceu. Cascavel: a história. Curitiba: Lagarto, 1992.

SPERANÇA, Alceu; SPERANÇA, Carlos. Pequena História de Cascavel e do Oeste.

Cascavel: J. S. Impressora Ltda, 1980.

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