Fichamento - REDES DE RELAÇÕES SOCIAIS E ACESSO AO EMPREGO ENTRE OS JOVENS: O DISCURSO DA...

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  • 7/23/2019 Fichamento - REDES DE RELAES SOCIAIS E ACESSO AO EMPREGO ENTRE OS JOVENS: O DISCURSO DA MERITOC

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    Braslia, 23 de novembro de 2015

    Universidade de Braslia

    Introduo a Sociologia

    Tas Laurindo Pereira, 12/0042223

    REDES DE RELAES SOCIAIS E ACESSO AOEMPREGO ENTRE OS JOVENS: O DISCURSO DA

    MERITOCRACIA EM QUESTO

    O artigo em questo trata do processo de insero dos jovens egressos do ensinosuperior no mercado de trabalho, com enfoque nas formas utilizadas por eles para obteruma vaga de emprego. Os resultados das pesquisas ressaltaram que o discurso meritocratade necessidade de excelncia e excesso de competitividade nem sempre o principal

    responsvel por este processo. Por outro lado, a inflncia do meio social como agentefacilitador da insero no mercado de trabalho se torna cada vez mais predominante. Estainfluncia se daria por intermdio da famlia, amigos e a possibilidade de ser aprovado(a)em concurso pblico.

    A autora evidencia a inconsistncia do discurso meritocrtico no qual se disseminaa ideia de que o desenvolvimento escolar seria um parmetro exclusivo para aquisio deemprego. Para corroborar com esta tese, traz diversas teorias que fundamentam aexistncia da interao entre meio social e possiblidades de emprego. Dessa forma, oestudo foi dividido em duas partes. Na primeira, faz uma rpida anlise da transformao

    temporal do modelo de relao de trabalho, no qual criou-se a necessidade de umtrabalhador polivalente e multifuncional. Estabelece que, nessa nova lgica deorganizao das relaes sociais decorrentes do capital, a exigncia por qualificaoconvive com um mercado cada vez mais excludente e deteriorado. A segunda parte constituda de estudos franceses que relacionam o meio social do indivduo como umfator com grande influncia na insero deste no mercado de trabalho. Dessa forma,levanta-se a questo se de fato o mercado seria neutro e justo, possibilitandooportunidades homogneas para todos com determinado nvel de escolaridade. Os autoresfranceses, assim como a prpria autora, defendem que no, e o estudo traz resultados quereforam essa viso.

    Um dos pensadores franceses, Porchmann, defende uma diviso do mercado queevidencia as diferentes formas e nveis de insero dos jovens nesse meio. Seriam eles:segmento no organizado, de mercado de trabalho externo, de mercado de trabalhointerno e segmento de mercado profissional. Em cada um desses segmentos possvelidentificar um perfil de jovem trabalhador que absorvido por eles, de acordo com suaescolaridade e, quase reciprocamente, de acordo com a condio social onde osegmento de mercado profissional seria o que resultaria em maiores salrios, ocorrendoaps concluso da faculdade.

    Um dos pontos defendidos pela autora que atualmente ocorre um processo de

    alongamento dos estudos como estratgia de obter melhores chances com relao acompetividade l fora, mas que este processo no necessariamente configura uma total

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    Braslia, 23 de novembro de 2015

    Universidade de Braslia

    Introduo a Sociologia

    Tas Laurindo Pereira, 12/0042223

    excluso do jovem com relao ao trabalho, podendo as duas atividades serem por vezesexecutadas simultaneamente. Logo, nos deparamos com efeitos antagnicos, o ltimo

    como antecipador da insero no mercado e o alongamento do tempo gasto comescolaridade como retardador. No entanto, Marilia Maria da Silva defende que ambosfazem parte de um mesmo processo que caracteriza a insero atualmente no mercado

    brasileiro.

    Os resultados da pesquisa corroboram com os pontos defendidos no texto, de quea origem social determina em grande parte a forma de insero profissional do jovem.Para ilustrar esse fato, grande parte dos jovens que tinham pais com nveis elevados deescolaridade disseram possuir maiores salrios, assim como observou-se uma relaoentre maiores salrios e jovens que conseguiram emprego graas a recomendaes de

    amigos e famlia. Dessa forma, as relaes caractersticas de pessoas mais favorecidaseconomicamente, defendidas no texto como relaes fracas, por possurem esse carter,acabam propiciando uma maior circulao de informaes, por serem ligaes maisfrouxas, sendo mais eficientes e propiciando possibilidades promissoras de contratosde trabalho. Cada vez mais meios tradicionais de procura de emprego, como distribuiode currculos, processos seletivos etc parecem menos eficazes tendo em vista os processosdescritos anteriormente.

    O ltimo ponto a ser considerado que mesmo o concurso pblico, por vezesdefinido como democrtico, tambm reflete o meio social do qual o indviduo faz parte,

    com homens de melhor nvel financeiro ocupando grande parte dos cargos mais bempagos, segundo os resultados obtidos pela autora.

    Acredito que a autora realizou um estudo de enorme importncia para avaliaoda atual situao da empregabilidade na sociedade brasileira, contestando o discursoneoliberal que enfatiza a individualidade e mrito prprio como fonte de todaou quasetoda - possvel ascenso social. necessrio discutir at que ponto alguns indviduos so

    privilegiados devido sua condio social, para que se possa elaborar polticas pblicasque visem a melhoria ou extino dessa desigualdade que, se no for trabalhada, serefletir em um ciclo infindvel de desigualdade social.

    Bibliografia

    [1] SILVA, Marilia Maria. Redes de relaes sociais e acesso ao emprego entre osjovens: o discurso da meritocracia em questo. Educao e Sociedade, Campinas, v.31, n. 110, p. 243-260, janeiro-maro, 2010