Filhos Cangurus

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A família tem sido alvo de diversos estudos e pesquisas por se entender que parte das transformações sociais mais contundentes das nossas sociedades atingem diretamente as famílias, devido a função da mesma no processo de reprodução das sociedades e pelo fato dela estar exposta a mudanças que ocorrem em outras instituições.Devido a tais transformações o modelo tradicional de familia, pai, mãe e filhos, dá lugar a outras configurações familiares. Assim, tem-se com esta pesquisa o objetivo de compreender as influências e implicações desta nova configuração familiar, denominada "filhos cangurus", pela ótica de alunos universitários.Segundo Cerveny (2012), entende- se por "filhos cangurus" aqueles filhos com idade entre 25 e 35 anos graduados ou em processo de graduação e/ou pós-graduação, atuantes no mercado de trabalho e em condições financeiras para morar sozinhos ou de constituírem uma nova família e que, no entanto, continuam morando com os pais. Os filhos cangurus podem ser encontrados nos mais diversos arranjos familiares, ou seja, esta nova configuração familiar não é exclusiva em famílias tradicionais, mas também nas monoparentais, reconstruídas, entre outras.Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005), um comparativo entre pesquisas realizadas com jovens de classe média e alta no ano de 1993, 43% dos jovens com idade entre 25 e 29 anos ainda moravam com os pais já em 2005 este percentual elevou-se para 66%. Numa outra faixa etária com jovens entre 30 e 34 anos em 1994, 20% destes ainda residiam com seus pais e em 2004 este número bateu na casa dos 29%.Em 2013, segundo o mesmo órgão, estima-se que existam no Brasil mais de três milhões de famílias com filhos cangurus. Realidade que pode ser explicada pelo fato da sociedade ver a geração canguru como normal e totalmente aceitável.As opiniões dos pesquisadores quanto as razões da permanência dos filhos na casa dos pais, do que chamam de prolongamento da juventude, variam em alguns aspectos. De acordo com Henriques (2003), tal fenômeno se da a partir de fatores intra e extra familiares, como por exemplo, a escolha profissional, a permissão para o sexo na casa dos pais, o conforto da casa dos pais, o adiamento do casamento e a dificuldade na separação de pais e filhos, etc.De acordo com Silveira (2004), tal acontecimento seria em função de motivações explicitas, tais como dificuldade da entrada no mercado de trabalho, conquista de melhores salários e implícitas, como tarefas familiares não cumpridas ao longo do ciclo vital que dificultam a autonomia dos filhos.Cerveny (2012), relaciona o conceito de filho canguru ao que Balman (2001) conceitua de liquido, isto é, na sociedade atual tudo é temporário, prevalecendo incertezas e relações superficiais.Elaboramos nesta primeira etapa do nosso trabalho um levantamento bibliográfico com as teorias que irão nos nortear tanto na elaboração quanto na execução da pesquisa. Começamos por mostrar o movimento sócio-histórico pelo qual a família passou ao longo do tempo até chegar aos dias de hoje. Em seguida, apresentaremos nossa base teórica, Abordagem Familiar Sistêmica, pela qual construiremos as argumentações e buscaremos as respostas, objeto desta pesquisa.

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UNIP-UNIVERSIDADE PAULISTAInstituto de Cincias Humanas

Curso de Psicologia

FILHOS CANGURUS: PERCEPES DE JOVENS ADULTOS SOBRE O PROLONGAMENTO DA CONVIVNCIA FAMILIAR

Jackeline Penna Pombo - RA: A123695

Jos dos Santos Filho - RA: A53DFE-9

Mariana Xavier - RA: 874071-2

So Jos dos Campos- So Paulo2013UNIP-UNIVERSIDADE PAULISTAInstituto de Cincias Humanas

Curso de Psicologia

Jackeline Penna Pombo - RA: A123695

Jos dos Santos Filho - RA: A53DFE-9

Mariana Xavier - RA: 874071-2

FILHOS CANGURUS:PERCEPES DE JOVENS ADULTOS SOBRE O PROLONGAMENTO DA CONVIVNCIA FAMILIAR

So Jos dos Campos- So Paulo2013SUMRIO

31.INTRODUO................................................................................................

41.1.Famlia numa perspectiva histrica.................................................................

81.2.Diferentes configuraes familiares.................................................................

111.3.Configurao familiar dos filhos cangurus.....................................................

151.4.A Abordagem Sistmica................................................................................

181.5Abordagem Familiar Sistmica: uma nova perspectiva para entender as relaes familiares....................................................................................................

241.6.Os estgios do ciclo de vida familiar na viso Sistmica...............................

271.7.Os vnculos afetivos familiares......................................................................

301.8.Objetivo Geral................................................................................................

301.9.Objetivos Especficos.....................................................................................

311.10.Hipteses.......................................................................................................

311.11.Justificativa....................................................................................................

332MTODO.......................................................................................................

332.1Participantes/Sujeitos....................................................................................

342.2Instrumentos..................................................................................................

352.3Aparatos........................................................................................................

352.4Procedimentos...............................................................................................

362.5Cronograma (2014)........................................................................................

37REFERNCIAS........................................................................................................

39APNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido.............................

41APNDICE B - Roteiro de entrevista....................................................................

1. INTRODUOA famlia tem sido alvo de diversos estudos e pesquisas por se entender que parte das transformaes sociais mais contundentes das nossas sociedades atingem diretamente as famlias, devido a funo da mesma no processo de reproduo das sociedades e pelo fato dela estar exposta a mudanas que ocorrem em outras instituies.

Devido a tais transformaes o modelo tradicional de familia, pai, me e filhos, d lugar a outras configuraes familiares. Assim, tem-se com esta pesquisa o objetivo de compreender as influncias e implicaes desta nova configurao familiar, denominada "filhos cangurus", pela tica de alunos universitrios.

Segundo Cerveny (2012), entende- se por "filhos cangurus" aqueles filhos com idade entre 25 e 35 anos graduados ou em processo de graduao e/ou ps-graduao, atuantes no mercado de trabalho e em condies financeiras para morar sozinhos ou de constiturem uma nova famlia e que, no entanto, continuam morando com os pais. Os filhos cangurus podem ser encontrados nos mais diversos arranjos familiares, ou seja, esta nova configurao familiar no exclusiva em famlias tradicionais, mas tambm nas monoparentais, reconstrudas, entre outras.

Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2005), um comparativo entre pesquisas realizadas com jovens de classe mdia e alta no ano de 1993, 43% dos jovens com idade entre 25 e 29 anos ainda moravam com os pais j em 2005 este percentual elevou-se para 66%. Numa outra faixa etria com jovens entre 30 e 34 anos em 1994, 20% destes ainda residiam com seus pais e em 2004 este nmero bateu na casa dos 29%.

Em 2013, segundo o mesmo rgo, estima-se que existam no Brasil mais de trs milhes de famlias com filhos cangurus. Realidade que pode ser explicada pelo fato da sociedade ver a gerao canguru como normal e totalmente aceitvel.

As opinies dos pesquisadores quanto as razes da permanncia dos filhos na casa dos pais, do que chamam de prolongamento da juventude, variam em alguns aspectos. De acordo com Henriques (2003), tal fenmeno se da a partir de fatores intra e extra familiares, como por exemplo, a escolha profissional, a permisso para o sexo na casa dos pais, o conforto da casa dos pais, o adiamento do casamento e a dificuldade na separao de pais e filhos, etc.

De acordo com Silveira (2004), tal acontecimento seria em funo de motivaes explicitas, tais como dificuldade da entrada no mercado de trabalho, conquista de melhores salrios e implcitas, como tarefas familiares no cumpridas ao longo do ciclo vital que dificultam a autonomia dos filhos.

Cerveny (2012), relaciona o conceito de filho canguru ao que Balman (2001) conceitua de liquido, isto , na sociedade atual tudo temporrio, prevalecendo incertezas e relaes superficiais.

Elaboramos nesta primeira etapa do nosso trabalho um levantamento bibliogrfico com as teorias que iro nos nortear tanto na elaborao quanto na execuo da pesquisa. Comeamos por mostrar o movimento scio-histrico pelo qual a famlia passou ao longo do tempo at chegar aos dias de hoje. Em seguida, apresentaremos nossa base terica, Abordagem Familiar Sistmica, pela qual construiremos as argumentaes e buscaremos as respostas, objeto desta pesquisa.1.1. Famlia numa perspectiva histrica As mudanas econmicas, polticas, sociais e culturais do mundo contemporneo retratam apenas parte do cenrio atual da famlia brasileira, principalmente no tocante s camadas mdia e alta da populao. Buscando compreender a viso que filhos cangurus tm de sua situao dentro de suas famlias de origem, percebemos a necessidade de buscar conceitos para a instituio famlia, apresentando o seu desenvolvimento e a forma como ela vem se modificando ao longo do tempo.

A idia de famlia surgiu muito antes do Direito, dos cdigos, da interveno do Estado e da igreja na vida das pessoas. A humanidade sempre se portou e se apresentou sob a forma de grupos, evidenciando ser psicologicamente difcil para o ser humano a vida isolada, sem compartilhamentos e trocas. A partir dessa juno comearam a se formar instituies denominadas famlias.

De acordo com Machado (2000), o modelo de famlia brasileira tem suas origens na famlia romana que, por sua vez, se estruturou e sofreu influncia do modelo familiar grego. Desta forma, a antiga Roma sistematizou normas severas que fizeram da famlia uma sociedade patriarcal, na qual o ptrio poder tinha carter unitrio exercido pelo pai, ou seja, todas as pessoas pertencentes famlia eram submetidas autoridade paterna.

No contexto brasileiro no foi diferente, segundo Da Matta (1987), a famlia patriarcal era considerada uma instituio indispensvel para a vida social, sendo assim, quem no fizesse parte desse contexto, ou seja, no fosse submetido a um patriarca seria malvisto, renegado ou mesmo ignorado pela sociedade.

De acordo com Roudinesco (2000), todas as transformaes sociais, polticas e econmicas pelas quais o mundo foi passando como: a perda do poder paterno, a insero da mulher no mercado de trabalho e sua consequente independncia, a legalizao do divrcio, entre outras; contriburam para que novas formas de convivncia conjugal e familiar fossem formadas.

claro que isso no significa que antes desse perodo no existisse outras formas conjugais e familiares contudo, foi com a constituio de 1988 que legalmente foi desfeita a desigualdade entre homens e mulheres.

Em todo o mundo a famlia passou por diversas transformaes e atualmente, a noo de famlia juridicamente atualizada, se projeta para todo o territrio brasileiro. Atravs da Lei n 11.340, de 2006, tem-se uma nova regulamentao legislativa da famlia, juridicamente compreendida como a comunidade formada por indivduos que so ou se consideram aparentados, unidos por laos naturais, por afinidade ou por vontade expressa; independentemente de orientao sexual (art. 5, inciso II, e pargrafo nico). Consagrando a pluralidade de formas de famlia, verificveis a partir do reconhecimento da unio estvel (art. 226, 3) e da famlia monoparental (art. 226, 4) pela Constituio de 1988, a entidade familiar passa a ser entendida como um meio de promoo da felicidade de cada um dos seus membros.

De acordo com Minuchin (1985, 1988), a famlia se constitui num complexo sistema de organizao, com suas crenas, valores e prticas direcionadas s transformaes da sociedade, sempre em busca da melhor adaptao para a sobrevivncia de seus membros e da instituio familiar.

Segundo Carter eMcGoldrick (1995), a famlia representa o espao de socializao, busca da sobrevivncia e do exerccio da cidadania, possibilidade de desenvolvimento individual e grupal de seus membros, independente dos arranjos que se formam na atualidade. Possui dinmica prpria e afetada pelas vrias fases de seu ciclo vital, assim como pelas polticas econmicas e sociais.

Sendo assim, a famlia entendida como um dos principais contextos de socializao, com papel fundamental no desenvolvimento humano, o qual se configura em um processo de constante transformao, sendo multideterminado por fatores individuais e por aspectos do contexto social no qual est inserido (DESSEN e BRAZ, 2005).

Os conceitos so os mais variados, mas um ponto em comum o de que a unio dos membros de uma famlia, com ou sem laos consanguneos, se d a partir da intimidade, do respeito e da comunicao entre seus membros, da amizade, da troca de conhecimentos e experincias e do desenvolvimento conjunto. Contudo, famlia uma sociedade natural formada por indivduos, unidos por lao de sangue ou de afinidade. Os laos de sangue resultam da descendncia. A afinidade se d com a entrada dos cnjuges e seus parentes que se agregam entidade familiar, atualmente por meio de diversos tipos de unio, configurando desta forma a Famlia Contempornea.

nesse ponto que nosso projeto de pesquisa ir se concentrar, pois na famlia que atualmente encontramos o crescente aumento do nmero de jovens que de certa forma, prolongam sua juventude morando na casa dos pais, mesmo em condies de morar sozinho ou constituir uma nova famlia.

De incio, devemos lembrar que, frente incrvel diversidade de configuraes familiares encontradas atualmente, muitos pesquisadores questionam o sentido de falar em a famlia. Aquela famlia nuclear, com um casal heterossexual, unido pelo casamento e criando todos os seus filhos biolgicos, parece cada vez menos pertinente, tanto em termos estatsticos quanto em termos normativos.

De 1965 para c, a taxa de casamento, assim como a taxa de fecundidade, caiu de 30% a 40%. Para muitos jovens, parece que o casamento legal tornou-se uma formalidade antes do que uma obrigao moral, de forma que, em diversos pases, entre um tero e um quarto dos nascimentos so ilegtimos.

O divrcio deu um salto, triplicando e at mesmo quadruplicando em certos pases nesse mesmo perodo.

Em termos estatsticos, a unidade domstica calcada na famlia nuclear no se manifesta com a mesma frequncia que cinquenta anos atrs e, em termos normativos, no exerce mais a hegemonia de tempos passados (OSRIO, 2002).

A famlia vem, portanto, se revelando como algo bem mais complicado do que imaginvamos. E, tendo reconhecido essa complexidade, temos dificuldade em aceitar as receitas tericas clssicas que nos ofereciam modelos simplificados. Assim, o modelo patriarcal, elaborado por Gilberto Freyre no incio dos anos trinta, no mbito da casa grande nordestina deixou de ser visto como matriz da famlia brasileira tradicional. Em outras palavras, para a compreenso da complexa realidade que enfrentamos no Brasil contemporneo, a noo da famlia patriarcal extensa, tal como foi descrita por Freyre, vista como sendo de relevncia limitada.

A proliferao de pesquisas antropolgicas nas ltimas dcadas do sculo vinte mostrou que existe, no seio da modernidade, uma enorme diversidade de dinmicas familiares.

Encontramo-nos portanto, sem as nossas antigas crenas consoladoras sobre a evoluo da famlia e sem crena num destino fixo. As relaes familiares parecem continuar ocupando um lugar de destaque na maneira em que a maioria de ns vemos e vivemos o mundo (OSRIO, 2002).

Falar de famlia evocar um conjunto de valores que dota os indivduos de uma identidade e a vida de um sentido.

Alm dessa funo simblica, a noo de famlia ainda desempenha um papel pragmtico na formulao de polticas pblicas. Ao imaginarem que a famlia nuclear e conjugal era a nica adequada vida moderna, muitos pesquisadores, ainda pouco tempo atrs, interpretavam as mudanas (baixa de natalidade, aumento de divrcio, etc.), como sinal de crise ou at de um declnio geral das relaes familiares.

SegundoVaitsman (1994) a famlia contempornea sem dvida modificou-se assumindo novos padres na constituio e nas relaes e consequentemente nas estruturas familiares. O que caracteriza a famlia contempornea justamente a inexistncia de um modelo dominante, seja no que diz respeito s prticas, seja enquanto um discurso normatizador das prticas.

Isso se confirma na colocao de Osrio (2002), quando diz que, no atual cenrio, os termos moderno e arcaico parecem perder sentido, inviabilizando a hierarquizao de formas familiares. Essa constatao no significa, contudo, que no existam diferenas. Pelo contrrio. A falta de um modelo hegemnico acompanha a proliferao de configuraes e dinmicas familiares especficas a determinados contextos.

Tendo em vista que "filhos cangurus" so encontrados nos mais diversos arranjos e contextos familiares, entendemos que se faz necessrio uma breve apresentao de algumas dentre as diversas configuraes familiares encontradas atualmente em nossa sociedade.1.2. Diferentes configuraes familiaresUma estrutura familiar que tem crescido na atualidade a formada por pais ou mes nicos, denominada famlias monoparentais. So famlias decorrentes de divrcios ou separaes, onde um dos componentes do casal assume o cuidado dos filhos e o outro no ativo na parentalidade ou ainda em situaes em que um dos pais solteiro e o outro nunca assumiu a parentalidade (FISHER, 1995).

De acordo com esse autor, a maior parte das famlias monoparentaisso constitudas por mes e filhos. No raro encontrarmos mulheres com estabilidade econmica optarem por terem filhos sem assumirem um comprometimento com seus parceiros. Porm, vem crescendo o nmero de pais solteiros, contribuindo para novos estudos na busca de compreenso deste comportamento, na interao dos papis masculino-feminino.

Essa estrutura familiar pode enfrentar dificuldades pelo motivo de um progenitor ter que assumir funes que normalmente so assumidas por ambos os progenitores. importante que o progenitor presente assuma essas funes, respeitando a questo do gnero, pois a resposta verbal poder ser a mesma, mas a postura, a linguagem no-verbal ser pertinente ao gnero do progenitor. Alguns estudos apontam que crianas que pertencem a essas estruturas familiares, desenvolvem maior maturidade e capacidade de deciso.

Fisher (1995), afirma que outra estrutura familiar que se encontra crescente em nossa sociedade, a famlia reconstruda, a qual no um fenmeno novo, porm em virtude do grande nmero de recasamentos e as mudanas em sua natureza tm sido atribudas a fatores sociais e econmicos.

A independncia financeira das mulheres aps a Revoluo Industrial e as guerras mundiais, as mudanas sociais, a liberao sexual e a busca pela felicidade individual tm contribudo para que recasamentos tornem-se uma estrutura familiar muito comum nos dias atuais.

Famlias reconstrudas tm sido consideradas frequentemente, como frgeis ou instveis, com dificuldades emocionais, econmicas e sociais. Situao essa que se evidencia pela escassez de vocbulos adequados para as novas situaes que ocorrem no mbito familiar, para as quais faz-se necessrio buscar novos significados.

De acordo com Vaitsman (1994), mesmo diante desses fatores, nem sempre essa estrutura de famlia ser conflituosa ou com tendncia a se dissolver. Nessas famlias ocorre a ampliao do relacionamento familiar, pois existem os filhos de unies anteriores e possivelmente haver os filhos do atual relacionamento. Nessas configuraes familiares ocorrem impasses quanto aos direitos e deveres de cada um, qual o papel a ser desempenhado por cada membro da famlia. Essa nova estrutura precisa de um maior investimento de cada membro, na elaborao de situaes anteriores para que possa atingir relaes mais saudveis.

Segundo Fisher (1995), outra configurao familiar surgiu entre casais que costumam no formalizar suas unies, optando por unies consensuais. Esse tipo de compromisso encontrado tanto entre casais de primeira unio como famlias reconstrudas. Existem tambm casais que vivem cada um em sua prpria casa, com o intuito de evitar conflitos entre si ou provocados por filhos de unies anteriores.

De acordo com Carvalho (2000), outra configurao bastante presente a de casais adolescentes. Quando uma adolescente engravida, ocorre muitas vezes que o pai biolgico desta criana fique distanciado do processo de gravidez e do prprio nascimento, pois continua morando com seus pais e no consegue em muitos casos assumir essa responsabilidade. Mesmo que o casal passe a morar junto, ocorrero interferncias dos pais do novo casal, devido prpria imaturidade dos mesmos e das dificuldades econmicas.

Atualmente, encontramos a estrutura familiar constituda por casais sem filhos por opo, priorizando necessidades individuais e vontade de satisfao pessoal. Essa constituio familiar ocorre muitas vezes pela busca de ascenso profissional, independncia social ou financeira e em alguns casos, em virtude de alguns relacionamentos insatisfatrios vividos com figuras parentais (FISHER, 1995).

Como expresso desse processo de individualizao, encontram-se tambm em ascenso as famlias unipessoais, que so estruturas formadas por pessoas que buscam um espao fsico individual, principalmente em grandes cidades. Normalmente o motivo de tal constituio se d muitas vezes pelo fato da pessoa ir estudar fora de seu lugar de origem, ou por novas oportunidades de trabalho ou mesmo pela necessidade de um espao fsico e emocional, onde no precisem, necessariamente, manter trocas emocionais vindas de um convvio compartilhado, evitando conflitos que normalmente ocorrem na vida familiar (CARVALHO, 2000).

Conforme Fisher (1995), o que h de realmente novo nas configuraes das famlias contemporneas o predomnio de pessoas solteiras e divorciadas, vivos e vivas vivendo sozinhas.

Um novo tipo de estrutura familiar e o constitudo pela associao, isto , composta por amigos sem nenhum grau de parentesco e que no mantm relacionamento sexual. Festejam feriados e datas comemorativas, se ajudam mutuamente quando adoecem e o que ocorre neste modelo de famlia uma rede de parentesco baseada na amizade, no qual podem surgir novos termos de parentesco, novos tipos de seguro, novos planos de sade e novos tipos de moradia.

Segundo Carvalho (2000), uma configurao familiar bastante polmica a formada por casais de homossexuais, os quais passam por circunstncias e presses, mitos e realidades especficas que de alguma forma os afetam. Como qualquer outro, o casal homossexual necessita pertencer a um grupo social que o apoie. Em alguns casos, a prpria famlia do indivduo tem dificuldades em aceitar o seu parceiro, no os reconhecendo como casal e fazendo com que eles busquem compreenso no convvio com outras pessoas homossexuais. Uma dificuldade relevante para a unio de homossexuais a questo dos filhos, os quais muitas vezes vm de relacionamentos heterossexuais anteriores. Deve-se considerar a privacidade do casal frente aos filhos e a prpria identificao sexual desses filhos.1.3. Configurao familiar dos filhos cangurusComo foi citado anteriormente, os filhos cangurus podem ser encontrados nos mais diversos arranjos familiares. De acordo com Cerveny (2012), o que caracteriza esta configurao a permanncia do filho adulto na casa dos pais mesmo tendo condies financeiras de morar sozinho ou de constituir uma nova famlia.O termo filho canguru, faz referncia ao animal que possui o marspio (espcie de bolsa que a fmea tem no abdmen), no qual o filhote se alimenta e conclui o seu desenvolvimento.

Esse nome tem sido emprestado s pesquisas e reflexes psicolgicas acerca das famlias contemporneas, identificando filhos que, mesmo adultos e em condies de morar sozinhos, permanecem na bolsa, morando com seus pais (CERVENY, 20012).

As opinies a respeito do assunto so as mais diversas envolvendo aspectos sociais, econmicos, culturais e psicolgicos. Alguns tericos enfatizam questes intrapsquicas, outros citam questes inter-relacionais e outros ainda problemas econmicos e socioculturais, e o que verificamos que est cada vez mais fcil de ser observado.

Henriques (2003), associa o crescente aumento da gerao canguru a fatores intrafamiliares e extrafamiliares, como: escolhas profissionais, o conforto e a permisso para o sexo na casa dos pais, adiamento do casamento, dificuldade de separao entre pais e filhos, etc.

Dificuldades de entrada no mercado de trabalho e busca de salrios melhores, assim como atrasos na emancipao fsica e emocional do filho em virtude de tarefas familiares no cumpridas ao longo do ciclo vital, so outros fatores que contribuem para a permanncia do adulto jovem na casa dos pais (SILVEIRA, 2004).

Uma questo bastante discutida que alguns pais entendem a sada dos filhos adultos de sua casa como uma crise, que vai alm da separao fsica; ocorre tambm a conscientizao de que sua funo de pais cuidadores, provedores, educadores e assim por diante, j no mais to necessria. Em contra partida, os filhos podem apresentar dificuldades para sarem da famlia de origem por no ter conseguido finalizar o processo de individuao que envolve o afastamento dos pais e a elaborao das perdas que fazem parte desse processo (HENRIQUES, JABLONSKI e FERES-CARNEIRO, 2004).

Outro ponto a ser considerado a demanda da sociedade atual, a qual influenciada pelos meios de comunicao, vincula a felicidade obteno de bens materiais. Assim, muitos filhos adultos retardam a sada da casa dos pais visando conseguir antes, a obteno de bens materiais que tm acesso na famlia de origem como: casa prpria, carro, eletrodomsticos, entre outros (WAGNER, 2011).Henriques, Jablonski e Feres-Carneiro (2004), defendem com relao s vantagens emocionais, econmicas e socais a permanncia dos filhos cangurus na casa paterna, como uma forma evitar possveis conflitos afetivos, do mundo do trabalho e da prpria sociedade atual.

Isso se confirma nas ideias de Bauman (2001), criador do conceito de modernidade lquida, considerado por ele como o momento histrico atual, no qual tudo muda de forma rapidamente, onde nada feito para durar, para ser slido; resultando entre outras coisas, a obsesso pelo corpo ideal, o culto s celebridades, a instabilidade dos relacionamentos, a paranoia com relao segurana num mundo de incertezas. De acordo com Minuchin (1982), a famlia se constitui como um ambiente natural para se desenvolver e receber auxlio, garantindo a pertena do indivduo. Parece que alguns jovens, diante de uma sociedade to solvel, optam por prolongar sua morada junto famlia de origem, onde podem ser vivenciadas relaes mais slidas e duradouras, na busca de um referencial no encontrado na sociedade moderna.

A ideia de prolongamento da juventude, atualmente somada aos valores e ideais de juventude promovidos pela sociedade contempornea, na qual mercados de todos os segmentos tm focado o marketing de seus produtos num pblico jovem ou no to jovem, mas com os mesmos ideais; aproximando geraes.

Mais uma questo apresentada por estudiosos e que pode provocar o crescente aumento da gerao canguru a falta de diferenciao entre geraes. De acordo com Outeiral (1994), a unio das palavras adulto e adolescncia formam o termo adultescncia, que caracteriza uma pessoa adulta, geralmente com idade superior aos 35 anos, que continua vivenciando padres de comportamentos da cultura jovem. Ou ainda o termo kindadults, utilizado para nomear adultos que agem e que se vestem de forma infantilizada. Entende-se que esses indivduos no desenvolvem experincias adultas de vida, no se sentindo confortveis para tirar concluses sobre vivncias do cotidiano e praticar a transmisso dessas para seus descendentes. Assim, alguns autores enfatizam que o prolongamento da adolescncia se constitui num importante fator de influncia e consequncia do prolongamento da juventude na famlia de origem.

Dolto (1988), defende que a adolescncia pode ser prolongada em funo das projees que os pais e a sociedade direcionam sobre o adolescente, sendo esta fase do ciclo vital, um estado psquico amplamente influenciado por fatores psicolgicos e scio-culturais.

Aberastury eKnobel (1970), apontam que o trmino da adolescncia e a entrada na vida adulta dos filhos tem estreita relao com a capacidade dos pais de elaborao do luto da infncia desses filhos; esse processo envolve tanto a separao dos pais reais, quanto das figuras parentais internalizadas.

Blos (1979), considera a existncia de um conflito final de adolescncia a partir da vivncia e resoluo da trama edpica, com seu pice nesse momento da vida do indivduo. Esse processo de separao dos pais edpicos ocorre lentamente, com o passar do tempo, a posio sexual do jovem vai se afirmando e a individuao vai sendo viabilizada. no territrio da ao que essas posies ou conquistas psquicas vo sendo vivenciadas, portanto so adquiridas a partir de experincias e no de fantasias. Esse processo possvel pela maior estabilidade emocional desenvolvida na fase de individuao e renncia edpica. O autor acrescenta ainda que o prolongamento da adolescncia impede a concluso caracterstica da adolescncia que justamente de lanar o indivduo para frente, ou seja, para a prxima fase do ciclo vital, o adulto jovem.

Erickson (1968), tambm enfatiza o estgio da adolescncia, no qual segundo ele, negociado o senso de identidade que ir influenciar os trs estgios seguintes, juventude, maturidade e velhice. Para o autor, na adolescncia o indivduo busca a constituio de uma identidade prpria, reorganizando elementos de identidade da fase infantil e contrapondo-os com o mundo social, uma vez que j possui um eu capacitado a incorporar papis sociais, ideolgicos, morais e profissionais. Na juventude o indivduo deve estar preparado para unir sua identidade a de outras pessoas em relacionamentos de intimidade e parceria. Erickson defende tambm que nesta fase, existe um perodo de procura de alternativas e experimentaes de papis que permitem a elaborao interna, caracterizadas pelas necessidades e exigncias socioculturais.

Aylmer(1995), afirma que a forma como so renegociados os relacionamentos familiares originais com pais, irmos e parentes; determinam mais do que qualquer outro fator, a sada do jovem adulto da casa dos pais e incio da formao de uma identidade no mundo do trabalho e dos relacionamentos ntimos.

Pode-se compreender, a partir das ideias abordadas pelos diversos autores que a passagem da adolescncia para o adulto jovem se constitui como um processo complexo de individuao, o qual envolve a separao das figuras parentais, elaborao dos lutos caractersticos dessa fase, maior integrao social na busca de identidade pessoal e profissional e de relacionamentos ntimos.

Entende-se assim que a m elaborao da adolescncia ter influncias negativas sobre o adulto jovem que no se encontrar em condies para ser lanado ao mundo e assim, ver como uma alternativa satisfatria a sua permanncia na casa paterna.

A partir das consideraes de diversos estudiosos do assunto em questo, filhos cangurus, entendemos que essa configurao familiar atualmente se constitui num fenmeno que envolve as esferas da famlia e do contexto social.

Conhecer um pouco mais sobre este fenmeno o foco deste trabalho principalmente por saber que o mesmo pode estar inserido em qualquer um dos muitos arranjos familiares, seja no modelo tradicional, monoparental, recasamento, unio consensual ou em outros.Assim nossa proposta ser a de verificar e compreender algumas das caractersticas, influncias e consequncias dessas relaes familiares em jovens adultos da nossa sociedade, a partir de uma viso sistmica. Desta forma, entendemos que neste momento fazse necessrio a apresentao de alguns conceitos da Abordagem Sistmica, com forte influncia no trabalho com famlias, assim como os vnculos que se formam no ambiente familiar, pois acreditamos serem de grande relevncia para o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa.1.4. A Abordagem Sistmica A influncia da Abordagem Sistmica no trabalho psicolgico com famlias,teve seu incio nos Estados Unidos, na dcada de 1950. Durante a Segunda Guerra Mundial e no ps guerra, esse pas vivia a consolidao de sua expanso e transformaes em diversas reas, como o ingresso das mulheres no mercado de trabalho, a crescente industrializao, novas tecnologias, modificao nas relaes sociais, maior acesso educao, etc. O clima de otimismo e esperana num futuro promissor, proporcionou o aumento das famlias e a crena de que a famlia seria um lugar de felicidade (PONCIANO, 1999).

A Segunda Guerra Mundial provocou a imigrao de vrios profissionais de diversas reas; da Europa para os Estados Unidos, os quais levavam consigo suas experincias vividas durante a guerra, e influenciaram consideravelmente as disciplinas relacionadas com a sade mental, pois em situaes de guerra, parece que as pessoas perdem a capacidade de controle sobre suas vidas, devido s foras do ambiente. Essa percepo fez com que aumentasse a conscincia da importncia do contexto social sobre a vida dos indivduos, e com isso, o tema adquiriu uma maior complexidade (BLOCH e RAMBO, 1998)

Esses mesmos autores afirmam que o descontentamento com o modelo psicanaltico, com forte expresso no perodo ps-guerra, teve incio aps vrias crticas ao carter limitado do modelo de desenvolvimento psicolgico feminino; mudanas dos paradigmas nas cincias sociais e naturais, incluindo a fsica ps-einsteniana, a teoria da informao, a ciberntica, a lingustica e a teoria geral dos sistemas, assim como a conscincia das limitaes nas noes de sade mental e as novas concepes em relao importncia do contexto. Segundo os crticos, tudo isso estaria em desacordo com a psicanlise, com seu enfoque voltado para a histria passada, na experincia interna do indivduo. Nas tentativas com o objetivo de aumentar as perspectivas do modelo psicanaltico, que inclussem as condies do ambiente como contexto, destacaram-se alguns psicanalistas como Sullivan, Horney, Tompson e Fromm- Reichman. Alm dessas tentativas, havia grande insatisfao com os tratamentos dos pacientes esquizofrnicos e delinquentes de famlias menos favorecidas. Todos esses fatores contriburam para a criao de condies favorveis para uma prtica clnica sistmica (GRANDESSO, 2000).

Assim, os trabalhos iniciais centrados na famlia, iniciaram com pesquisas voltadas principalmente s famlias de pacientes esquizofrnicos e delinquentes que no estavam se beneficiando dos tratamentos convencionais. Enquanto que as pesquisas dirigidas s famlias com delinquentes tiveram incio no projeto Wiltwick, realizado por Minuchin (1960).

De acordo com Grandesso (2000), iniciava-se assim, o desenvolvimento de um novo campo de pesquisas, com a principal caracterstica na mudana de foco do indivduo e processos intrapsquico, para a famlia, com nfase nas interaes entre seus membros. Diferente da psicanlise, com incio de suas formulaes centradas em um autor principal, esse novo campo de pesquisa comeou a se desenvolver com influncias de diversos campos e autores; todavia, as maiores influncias na formao da Teoria Familiar Sistmica foram da Teoria Geral dos Sistemas e da Ciberntica.

Buscando desenvolver leis que explicassem o funcionamento de sistemas gerais, independente de sua natureza, Ludwig Bertalanffy desenvolveu a Teoria Geral dos Sistemas, visando tambm aplicar princpios organizacionais a sistemas biolgicos e sociais (RAPIZO, 1996).

Essa teoria defende que, existem princpios e leis que se aplicam a sistemas em geral; independente de seu tipo particular, de sua natureza ou das relaes que atuam entre eles. Dentre esses princpios e leis, se destacaram trs propriedades que estariam presentes em sistemas; das quais a primeira seria a totalidade, que defende a idia de que todos os sistemas so compostos de elementos interdependentes e em interao; a segunda seria a relao, que se refere s estruturas bsicas dos elementos e ao modo como eles se relacionam; e a equifinalidade, que diz respeito caracterstica de se alcanar o mesmo estado final a partir de diferentes condies iniciais e de diversas maneiras. Na definio dessas propriedades, essa teoria operou o deslocamento da nfase no contedo para a estrutura (PONCIANO, 1999).

A respeito da outra teoria de grande influncia na Abordagem Sistmica, a palavra ciberntica vem do grego kybernetes, que significa piloto ou condutor, e foi escolhida pelos criadores da ciberntica, Wiener, Rosenblueth e Bigelow , nomeando o campo do conhecimento que se ocupa da teoria do controle e da comunicao na mquina e no animal. Com a sugesto de que o nome fosse associado s mquinas que pilotavam os navios, por estas apresentarem na poca, as primeiras e mais bem desenvolvidas formas de feedback, conceito central dessa teoria. Conforme suas ideias foram sendo apresentadas, outros estudiosos perceberam de forma muito clara a analogia entre o funcionamento do sistema nervoso dos animais e o funcionamento das mquinas de computao. Com o objetivo de manter sua organizao, os sistemas funcionam atravs dos mecanismos de feedback ou retroalimentao, os quais operam de acordo com um propsito, garantido por mecanismos de controle e regulao, mantendo a veiculao da informao sobre qualquer desvio do padro de funcionamento esperado para alcanar a meta. Deste modo, ocorrendo algum tipo de desvio, mecanismos de correo dos mesmos, chamados de retroalimentao negativa ou feedback, forneceriam a informao do desvio, permitindo ao sistema, neutraliz-los, mantendo assim o seu propsito enquanto organizao homeosttica, visando a sobrevivncia do sistema e impedindo mudanas alm de um nvel limite que possa modificar sua organizao. Esse momento conhecido como primeira ciberntica (GRANDESSO, 2000).

A segunda ciberntica nasce da concepo de que, alm de depender de sua capacidade de manter o equilbrio e organizao, mesmo diante das modificaes do ambiente (morfoestase), um sistema vivo, precisa tambm modificar sua organizao bsica para se adaptar s condies do meio (MARUYAMA, 1968, apud VOGEL, 2011). Segundo esse autor, o mecanismo chamado por ele de morfognese, funcionava com seqncias que amplificavam o desvio, fazendo com que o sistema conseguisse sobreviver adaptando-se s condies externas. Esses dois momentos, primeira e segunda ciberntica, constituem a Ciberntica de Primeira Ordem, que mais tarde evoluiu para a Ciberntica de Segunda Ordem.

Segundo Rapizo (1996), o interesse dos cientistas das reas humanas pela ciberntica, provocou o deslocamento do estudo de mquinas artificiais para o estudo de sistemas que no podem ser organizados de fora, ou seja, sistemas auto-organizadores. Ressaltando assim, noes como a autonomia e a auto-referncia. Deste modo, a circularidade, informao, regulao, entre outras noes clssicas da Ciberntica de Primeira ordem, abriram espao para outras como, desordem, complexidade e coerncia. Essa nova conceituao terica foi denominada como Ciberntica de Segunda Ordem.

De acordo com Vasconcelos (2002), a passagem da Ciberntica de Primeira para a Segunda Ordem, representa uma mudana paradigmtica, ocorrendo mudana no cientista e no na cincia como algo independente; assim, as dimenses da simplicidade, da estabilidade e da objetividade, so substitudas pela complexidade, instabilidade e intersubjetividade. Essas teorias influenciaram e continuam influenciando diretamente o campo da Abordagem Familiar Sistmica, da qual discorreremos a seguir.1.5 Abordagem Familiar Sistmica: uma nova perspectiva para entender as relaes familiaresEntender algo sistemicamente significa, literalmente, coloc-lo dentro de um contexto e estabelecer a natureza de suas relaes (CAPRA, 1996). Por meio desta perspectiva, Minuchin (1982), nos mostra que a famlia deve ser entendida como um sistema social complexo, ativo, auto regulador e em constante transformao a fim de assegurar sua autoperpetuao.

Diferente da viso tradicional que focaliza a anlise das partes, na perspectiva sistmica, defende-se a ideia de que o todo maior que a soma das partes, empenhandose em obter snteses dialgicas partir da totalidade das interaes entre as partes para a existncia de um todo, levando em considerao aspectos de contradies, conflitos e paradoxos que comportam os fenmenos familiares.

A Abordagem Familiar Sistmica considera que a identidade uma construo prioritariamente familiar, em que a famlia entendida como a matriz de identidade, onde cada experincia nica, contextualizada em seu meio social e cultural em tempo e espao determinado, sendo influenciada circularmente por todas as pessoas envolvidas, no sendo assim passveis de generalizaes. Nessa abordagem, as famlias so compreendidas como sistemas abertos em interao com o meio, baseando-se em questes econmicas e de propriedade, permeados de afetos e sentimentos, assumindo desta forma, funes de proteo de seus membros, bem como a de transmisso sua prole de padres culturais presentes na sociedade em que esto inseridas (PAY, 2011). Podemos perceber que a Abordagem Familiar Sistmica trouxe importantes contribuies tericas, uma vez que atua no contexto imediato do sujeito, com uma concepo essencialmente processual e dinmica da realidade; seja no campo dos fenmenos da natureza, da sociedade ou das experincias humanas como um todo (PAY, 2011).

De acordo com Cerveny (1992) um aspecto importante que tipos diferentes de sistemas podem ter caractersticas iguais e se organizam por meio de conexes e padres repetitivos, o que de grande relevncia quando aplicamos as ideias sistmicas compreenso das pessoas ou subsistemas. A fase da vida de cada um desses subsistemas e o momento do ciclo de vida familiar, tambm so fatores importantes para a compreenso do que ocorre em termos de suas crises existenciais e com a famlia quanto s crises evolutivas que atravessa. Evidenciando assim que os acontecimentos da vida do sujeito e da vida familiar, so mutuamente influenciveis.

Segundo Pay (2011), na Abordagem Familiar Sistmica,alguns conceitos como: no somatividade, globalidade ou causalidade circular, homeostase, morfognese, comunicao ou linguagem, retroalimentao ou feedback, equifinalidade; so considerados de grande relevncia e fundamentais no cenrio interventivo sistmico. Sendo assim, sabendo da importncia de se compreender tais conceitos, neste ponto daremos um destaque tais conceitos.

A no somatividade, representa a forma de se entender as relaes familiares, compreendendo que a famlia como um todo maior que a soma de suas partes, sendo assim a anlise de uma famlia no igual soma das anlises individuais de seus membros. Existem padres de interao familiar que vo alm das finalidades individuais de cada um dos membros de uma determinada famlia, que precisam ser considerados pois, de outra forma o que se tem apenas parte da realidade (PAY, 2011).De acordo com a mesma autora, a Globalidade ou Causalidade Circular nos mostra que todas as pessoas que compem uma famlia interagem afetando-se mutuamente e provocando um impacto multidimensional. Isso significa que a alterao do padro de comportamento em um dos membros (subsistemas) ir provocar uma modificao no sistema como um todo e que ao mudar este sistema tambm provocar modificaes nos subsistemas e assim sucessivamente.O indivduo deve ser entendido como parte de vrios sistemas, como por exemplo a escola, igreja, trabalho, etc., com os quais ele interage e que contribuem para o seu desenvolvimento. A famlia consideradoo principal sistema uma vez que acompanha o sujeito desde o seu nascimento e nela que vai se percebendo e construindo a sua auto-imagem (MINUCHIN, 1982).

Em todo sistema existe padres cuja finalidade manter o sistema gerao aps gerao e o que vai manter os pagres a homesotase. Homeostase a busca pelo equilbrio, via feedback negativo ou punio, cujo objetivo o de suportar as tenses, as trocas e as novas e diferentes variveis impostas pelo meio e por seus membros individuais. Em outras palavras,Bateson e Col. apud Schwartz & Nichols (2007), homeostase a maneira que o sistema encontra para se manter inalterado. Desta forma, quando alguma mudana extrema ameaa o funcionamento tradicional ou geracional de uma famlia espontaneamente o sistema adota medidas a fim de manter a tradio, a situao social, a estabilidade e a coeso familiar, mesmo que tais medidas sejam sintomaticas. Cita o exemplo de um filho que fica doente sempre que os pais brigam. Neste caso, o sintoma pode ser uma maneira de interromper a briga ao unir o casal em uma mesma preocupao (BATESON e COLS, 1956 apud SCHAWARTZ e NICHOLS, 2007). A funo do sintoma, seriauma espcie de pedido de socorro, uma tentativa de reequilibrar um sistema ameaado, surgindo como a melhor soluo encontrada pelo individuo que assumiu a responsabilidade de carregar as mazelas da famlia.

Pay (2011), afirma quequando o sistema torna-se muito rgido um de seus membros pode apresentar um sintoma com a finalidade de ao denunciar estes padres possibilitar se outros padres possam ser estabelecedos. Por esta perspectiva, quando algum na famlia apresenta algum sintoma acredita-se que porque a famlia est precisando, naquele momento aprender algum novo comportamento, fazer uma remodelao em seu funcionamento, ou seja, que ela est precisando mudar comportamentos que em outros tempos foram teismas que agora so disfuncionais.Um sintoma pode ser precipitado por uma multiplicidade de eventos, que vo desde os relacionados sistemas mais amplos nos quais a famlia est inserida, como como a comunidade, a sociedade a cultura, etc, ou o evento precipitador do sintoma pode vir de dentro da prpria famlia decorrente de uma ocorrncia do ciclo de vida vital como por exemplo o nascimento de uma criana, uma doena, separao, morte, ou at a sada de um dos filhos do lar. Qualquer um destes eventos podem, por meio de um sintoma, manter ou fragmentar os padres familiares. Resumindo, o sintoma um meio tanto para se manter quanto para se estabelecer um novo padro (SCHWARTZ e NICHOLS, 2007).

A Comunicao ou linguagem um veculo de interao dentro dos sistemas familiares. Continuamente se transmite mensagens ou sinais interpessoais, verbais ou no verbais, com um contedo de informao importante sobre os acontecimentos, pensamentos ou sentimentos, assim como a inteno desses contedos que tem o objetivo de definir a natureza da interao relacional. A retroalimentao ou feedbeck que vai garantir a circulao da informao entre os componentes do sistema. Enquanto o feedback negativo trabalha para manter a homeostase do sistema, o feedback positivo responde pelas mudanas sistmicas ou morfognese.Organizada de acordo com esses conceitos, a teoria sistmica familiar considera a famlia um sistema aberto, com interdependncia entre seus membros e com o meio, na troca de informaes, utilizando-se de retroalimentao para manuteno de sua organizao. Pode-se dizer que as regras familiares que mantm a homeostase, so as normas e as expectativas abertas ou ocultas que contribuem para estabelecer o estilo de vida familiar. Para atingirem um consenso, as famlias diferem-se em relao a essas regras, quanto ao que ou no permitido e aos procedimentos positivos ou negativos utilizados nos diferentes contextos familiares, culturais, econmicos e sociais. Um aspecto importante que tipos diferentes de sistemas podem ter caractersticas iguais e se organizam por meio de conexes e padres repetitivos, o que de grande relevncia quando aplicamos as ideias sistmicas compreenso das pessoas ou subsistemas. A fase da vida de cada um desses subsistemas e o momento do ciclo de vida familiar, tambm so fatores importantes para a compreenso do que ocorre tanto nos micro quanto nos macro sistema. As histrias de adaptaes, enfrentamentos e superaes vividas por cada pessoa e a famlia, ao longo de seus percursos geracionais e intergeracionais, so temas de grande importncia para a compreenso das relaes familiares dentro da viso sistmica.Sistemas familiares sadios apresentam flexibilidade e adaptabilidade no que se refere mudanas internas ou externas (CARTER e MCGOLDRIC, 1995)Na Abordagem Familiar Sistmica destaca-se a Escola Estratgica que se constitui em um modelo pragmtico voltado essencialmente para a clnica e para a elaborao de estratgias visando a soluo do problema. Progressivamente vo sendo planejadas intervenes que requerem a cooperao de todos os membros da famlia at que o problema familiar seja resolvido e posteriormente entra-se numa fase de manuteno dos ganhos obtidos (PISZEZMAN, 2007).

De acordo com Haley (1979), alterar o problema trazido pelo cliente, o primeiro passo do terapeuta. Pra ele o problema pertence famlia como um todo e no apenas ao paciente indicado por ela, mas ressalta que intil tentar convencer a famlia nesse sentido e prope que o terapeuta induza uma crise dentro desse sistema familiar para que ele tenha que se reorganizar ou crie e persista numa pequena mudana na famlia, at que ela esteja to ampliada que o sistema exija estratgias para se adaptar.

Segundo Piszezman (2007), outro destaque nessa terapia a Escola Estrutural, a qual valoriza a estrutura familiar mapeando fronteiras, regras, direo da funcionalidade familiar, padro de organizao das interaes, repeties de comportamentos, coalizes e dinmicas de interao. Valorizando assim a anlise e a interveno nos subsistemas que so grupos demarcados por fronteiras internas, como o subsistema fraternal, o conjugal, etc.; alm da funo de demarcar as hierarquias no sistema familiar.

De acordo com Minuchin (1982), a Abordagem Familiar Sistmica Estrutural uma abordagem teraputica naturalista, onde o terapeuta enxerga a famlia como um ecossistema no qual o problema existe. Assim a famlia um sistema governado por regras compreendendo subsistemas que interagem mutuamente e se afetam entre si. Segundo ele, existe o subsistema parental do casal enquanto pais; subsistema do casal que se constitui na interao entre os esposos; o subsistema dos filhos; subsistema constitudo por pessoas de duas ou mais geraes ou ainda subsistema constitudo por um nico indivduo. Esses subsistemas se formam de acordo com as diferentes formas de interaes que se processam no interior das famlias.

Haley (1979) e Minuchin (1982), apesar de serem referncia em diferentes abordagens da Terapia Familiar Breve, Estratgica ou Estrutural, concordam que as famlias no trazem as suas disfunes para a terapia e sim um pedido de que o terapeuta faa acompanhamento com um membro da famlia, o chamado paciente identificado (PI), que pensam equivocadamente ser o nico que precisa de ajuda.

Assim, embora essas abordagens se apresentem como modelos distintos em funo da predominncia de diversos aspectos a serem trabalhados durante o tratamento familiar, tm tambm algumas semelhanas. Na epistemologia por exemplo no se diferem, ou seja, ambas so sistmicas. Cada terapeuta trabalha em funo de sua formao, condies de trabalho e da demanda (PISZEZMAN, 2007).

Cernveny (1992) afirma que, por ser a Abordagem Familiar Sistmica um novo campo de conhecimento, natural que essa rea esteja se descobrindo e reformulando conceitos, valendo-se da experincia e dos talentos pessoais de cada profissional, o que dificulta a universalidade e o consenso da prtica teraputica.

Sendo assim, a Abordagem Sistmica trabalha de forma a identificar e promover mudanas naquilo que disfuncional no ambiente familiar, considerando diversos aspectos presentes na constituio e nas relaes familiares como: luto, padres de repetio, intergeracionalidade, longevidade, filhos cangurus, vnculos, parentalidade, representaes, afetividade, desenvolvimento humano e social, lealdade, entre outros (CERVENY, 2012).

Existe um mito idealizado de que famlia normal feliz, harmoniosa e sem conflitos. Isso se constitui numa inverdade, pois famlias normais se encontram constantemente lutando com os problemas da vida cotidiana, e o que as distingue no a falta de conflito, mas a existncia de estrutura familiar funcional que se adapta s mudanas impostas pelas relaes e pelo ambiente.

Segundo Piszezman (2007), famlias disfuncionais so aquelas que no conseguem se ajustar s transies que ocorrem no ciclo vital familiar, tornando rgidas em determinados pontos. A estrutura familiar num sentido geral tem a ver com determinados modos de como a famlia se organiza; de como os membros se relacionam; que tipo de hierarquia existe; quais os papis presentes; quais as regras veladas que governam as relaes familiares.

Diante do exposto, pode-se perceber que o modelo sistmico nos permite visualizar a multiplicidade do sistema familiar, de cada membro e de suas interaes, levando-nos compreenso da famlia em seus mais diversos contextos, na sua pluralidade que inclui o cultural, o econmico, o social e o temporal, uma vez que as geraes vo deixando suas marcas na histria familiar, transmitindo e perpetuando a repetio de padres ao longo do tempo (CERVENY; BERTHOUD, 2002).

Como foi dito anteriormente, o ajustamento s transies dos ciclos da vida familiar de grande importncia para que o sistema no se torne disfuncional. Sendo assim, se faz necessria a apresentao desses ciclos para uma melhor compreenso de sua relevncia dentro do sistema familiar.1.6. Os estgios do ciclo de vida familiar na viso SistmicaMcGoldrick e Carter (1995), consideram que a famlia uma unidade emocional operativa que acompanha um indivduo desde seu nascimento at sua morte, e os estgios deste ciclo de vida familiar na realidade nada mais so do que um processo de transio, que se d no campo emocional do indivduo, no processo de desenvolvimento pessoal.

Esses autores defendem que, diferentemente de outras perspectivas, o ciclo de vida familiar se inicia com a sada de casa dos filhos para formarem outra famlia. Aps esse ciclo, o novo casal que se forma, entra na fase de unio das famlias dos cnjuges, sendo necessrio que ambos se comprometam. A prxima fase inicia-se com a chegada dos filhos, onde se faz necessria a aceitao de novos membros no sistema e a criao de novos ajustes conjugais para criar espaos para esses filhos. Com o crescimento e desenvolvimento dos filhos, parte-se para a fase das famlias com adolescentes, na qual encontra-se a necessidade de aumentar a flexibilidade das fronteiras familiares incluindo a independncia do filho. Na prxima fase, continuando o ciclo de vida familiar, os pais vo lanar seus filhos para que eles sigam em frente na constituio de suas prprias famlias. E finalmente, a prxima fase a entrada no estgio tardio da vida, que envolve a aceitao das limitaes e das perdas caractersticas dessa fase.

Passamos assim, por todos os ciclos da vida familiar numa viso sistmica. importante notar que nessa abordagem o ciclo de vida inicia justamente na fase em que se encontram os filhos cangurus, os quais so o foco do nosso estudo.

De acordo com McGoldrick e Carter (1995), esta fase o marco principal na vida de uma pessoa, por isso, a forma como a transio nesta etapa da vida feita ter influncia nos demais estgios, bem como nas escolhas e relacionamentos futuros. nesta fase que o jovem ir buscar por sua individualidade, diferenciando seu eu em relao a sua famlia de origem. nesta fase tambm que ele deve buscar por seus prprios objetivos, anseios e independncia financeira de forma a ter condies de formar seu prprio subsistema, ou seja, sua famlia. Para esses autores, um jovem ao sair de casa, precisa faz-lo no com a inteno de fugir de alguma situao incomoda, ou mesmo por quebrar vnculos rompendo relaes com um ou com ambos os pais, mas sim para o seu desenvolvimento pessoal.

Segundo os mesmos autores, por ser a mais longa, esta fase do ciclo de vida familiar geralmente tambm a mais complexa, tanto para os pais como para os filhos; principalmente quando um dos cnjuges (pai ou me), apresenta dificuldade em liberar os filhos devido aos sentimentos paternos de vazio. Pai e me precisaro desenvolver um novo padro de relacionamento com seus filhos crescidos, de adulto para adulto, assim como abrir-se para fazer a incluso dos novos parentes, marido e esposa dos filhos, e tambm dos netos. Nesta fase precisa-se aumentar a flexibilidade das fronteiras familiares incluindo a independncia do filho, com a finalidade de facilitar que entrem e saiam do sistema.

Cerveny (2012), sugere a importncia que se busque uma compreenso contextualizada desta difcil fase de transio do jovem para a vida adulta, que no deve ser vista de forma nica e linear.

De acordo com Aris (1981), a juventude surgiu na luta por novos valores para a renovao de uma sociedade repleta de antigos conceitos e concepes. No Brasil por exemplo, os movimentos na dcada de 1960 contra a ditadura militar, foram liderados por jovens estudantes, artistas ou intelectuais; incentivados pelos movimentos de ascenso jovem da dcada de 1950, nos Estados Unidos.

A classificao da Organizao Mundial da Sade (OMS),define a juventude para indivduos com idade entre 15 e 24 anos. Assim o jovem ingressa na vida adulta a partir dos 25 anos, no entanto, essa classificao desconsidera as diferenas existentes em funo da cultura, classes sociais, localizao, gnero, raa, entre outras. Somente durante as dcadas de 1980 e 1990 as singularidades da juventude comearam a ser valorizadas e consideradas em sua diversidade (CERVENY, 2012).

Quando a diversidade da juventude considerada, o processo de transio passa a ser visto de forma mais flexvel em virtude dos fatores citados acima e tambm em funo dos diferentes arranjos familiares que formam nas famlias contemporneas. Cada vez mais o processo de transio familiar tradicional de escolarizar-se, ingressar na vida profissional, sair da casa paterna, casar-se e ter filhos; no acontece em nossos dias necessariamente nessa ordem (CAMARANO, 2004 apud CERVENY, 2012).

De acordo com McGoldrick e Carter (1995), a questo do gnero tambm pode influenciar nas diferentes formas da entrada para a vida adulta, uma vez que homens e mulheres se diferem em ralao sua autonomia e diferenciao dentro das relaes familiares. Alguns fatores como: intimidade, identidade, posio que ocupa na famlia, opo sexual, escolha profissional e casamento; so situaes vivenciadas de formas diferentes entre homens e mulheres no ambiente familiar.

Segundo Bowen (1991apud CERVENY, 2012), quanto maior o grau de diferenciao do jovem em relao famlia de origem, assim como quanto maior tambm o grau de diferenciao que tiveram seus pais em relao a famlia de origem deles; mais fcil ser para este jovem a sua sada da casa dos pais. Essa transmisso geracional de diferenciao em relao famlia de origem, recebeu o nome na teoria boweniana de Processo de Projeo Familiar. De acordo com esse conceito, quanto mais o filho for exposto ansiedade dos pais, mais difcil ser a busca pela diferenciao do eu em suas relaes familiares, tornando-se assim mais dependente dos pais e podendo repetir esse tipo de relao com seus filhos em sua futura famlia . Esse fator pode se constituir em um considervel incentivo ao prolongamento da juventude e permanncia na casa paterna, caracterizando a condio de filho canguru. O autor ressalta ainda que, a sada da casa dos pais no significa necessariamente que o filho tenha atingido um grau de diferenciao satisfatrio, uma vez que, mesmo a distnciapode ser mantida uma dependncia no adequada.

Para McGoldrick e Carter (1995), os rituais, religiosos ou no, que celebram a passagem de um ciclo para o outro, adotados pelas famlias, podem facilitar a transio de um Status para o seguinte.

Diante das diversas estruturas e fases que se estabelecem no ciclo de vida familiar, faz-se necessrio neste estudo, consideraes respeito dos vnculos que se formam nesses sistemas, principalmente sobre as relaes que ocorrem nas famlias com filhos cangurus. Essas consideraes sero tratadas no prximo item deste trabalho.1.7. Os vnculos afetivos familiaresAlguns autores citados anteriormente, conferem o prolongamento da permanncia de jovens adultos na famlia de origem, forma como os vnculos familiares foram construidos entre pais e filhos no cotidiano do ambiente familiar.O tema vnculos tem sido estudado tambm por muitos pesquisadores do desenvolvimento infantil e abrange varias reas do conhecimento: psicologia, psiquiatria, pedagogia, sociologia, pediatria, entre outras. Esses estudiosos afirmam que aprendemos a ler, somar subtrair. Ensinaram-nos traar mapas, a descrever eventos histricos, a falar outras lnguas e tantas outras atividades, como tcnicas e habilidade pelas criaes artsticas aplicadas pintura, msica, escultura, nos formamos engenheiros, mdicos, advogados, tornamo-nos profissionais por questes de aptido e afinidades.No entanto, de acordo com Bowlby (2002) as pessoas so, em grande parte, resultado das relaes interpessoais que estabelecem durante a vida. Ningum sai ileso de um encontro com outra pessoa, h sempre uma relao de causa e efeito acontecendo, mais ainda quando estes relacionamentos acontecem em um ncleo familiar. Esses efeitos podem ser para melhor ou para pior, construtivos ou destrutivos, para uma das partes ou para ambas, so especialmente marcantes quando uma das pessoas considerada significativa, aquela que tem maior influncia sobre a outra devido ao papel social que desempenha.O ser humano ao nascer depende totalmente de outra pessoa, para aliment-lo, proteg-lo do frio, do calor, transmitir-lhe sentimentos de afeto, conforto, que sero interpretados como bons e satisfatrios pelo entendimento emocional mental e fisiolgico em formao em uma criana, com as trocas que ela far com seu meio fsico interno e externo (WINNICOT, 1999).Esse mesmo autor defende ainda que a me a responsvel por um ambiente facilitador do desenvolvimento emocional da criana considerando que as bases da sade mental de um indivduo, se estabelecem por meio do relacionamento.Bolwby (2002), vai um pouco mais alm da relao me/beb, ao que ele denomina de vnculo, afirmando que tanto as relaes interpessoais quanto os vnculos vo se construindo medida das necessidades de cada um, do meio familiar, social, cultural; cabendo cada indivduo fazer a travessia de um rio turbulento de emoes e sentimentos, da condio de indivduo para a condio de pessoa que consiste em dispor de si e dispor-se aos outros, inserindo-se no social como sujeito cognocente, que traz, adquire, busca informaes conscientes e inconscientes da relao do homem com o mundo social. Em outras palavras, para que o desenvolvimento se d de forma plena, o amor, o cuidado, a compreenso e o respeito, funcionaro como uma fundao, ou seja, um alicerce pronto para receber as paredes e o telhado que nos servir de moradia e que permitir que sejamos capazes de construir a relao do viver e do conviver (BOLWBY, 2002). Sendo assim, a pessoa inteira aquela que estabelece um contato significativo e profundo com o mundo sua volta, que estabelece o processo de assimilao da experincia mente e a acomodao da mente nova experincia, chegando-se segundo Piaget (2002), na equilibrao, que permite a adaptaes cada vez mais estveis para as frustraes que naturalmente surgiro no transcorrer da vida de cada indivduo. Esses processos so permanentes, ou seja, vo acontecendo o tempo todo, ao longo da vida.As relaes interpessoais e vnculos tambm vo se construindo na medida das necessidades de cada um, do meio familiar, social, cultural, cabendo a cada indivduo fazer a travessia de um rio turbulento de emoes e sentimentos, da condio de indivduo para a condio de pessoa que consiste em dispor de si e dispor-se aos outros, inserindo-se no social como sujeito cognocente, que traz, adquire, busca informaes consciente e inconsciente da relao homem mundo social. Muitas so as tentativas de olhar o fenmeno do apego como sendo contextualizado, cujo desenvolvimento deve ser considerado como um fenmeno multideterminado que sofre a ao das variveis do contexto do indivduo, da natureza fsica, os elementos simblicos e sociais, no entanto, Donley (1993), destaca a importncia da famlia e ressalta a escassez de estudos sobre o apego neste micro-sistema. De acordo com este autor essencial entender o funcionamento do sistema familiar como um todo para depois poder discutir os padres de apego. Outro ponto ressaltado por ele, que, os estudos sobre o apego no contexto familiar focaliza uma ou duas relaes no mximo, ou seja, ou se considera o prprio indivduo ou a relao do indivduo com a me ou com o pai, e que a compreenso desta dade no seria suficiente para compreenso do apego e por isso sua proposta que observe as trades indivduo/me/pai, indivduo/me/irmo, indivduo/pai/irmo, etc.Minuchin (1990) vai tratar deste assunto como sendo uma forma particular de conexo entre os membros de uma famlia que variam de acordo com a forma como esto estruturados, bem como com os padres de repetio e o que contribui para a contextualizao do jovem adulto na perspectiva sistmica e a noao de ciclo vital da familia, discutida anteriormente. Segundo Carter e McGoldrik (2001) o ciclo vital do individuo ocorre limitado ao ciclo de vida da familia, visto que o ultimo e o espao principal de crescimento humano. Isto porque, os comportamentos individuais sao compreendidos em relaao as transioes que o sistema familiar como um todo sofre ao longo da vida. Elas propuseram estagios de transiao pelas quais a maioria das familias passa e que estes estgios teriam o proposito de destacar o movimento implicito essencial de ampliaao, retraao e rearranjo do sistema para dar conta dos movimentos de chegada de novos membros, partida de outros e desenvolvimento dos demais de maneira adequada, sendo um destes estagios o lanamento do jovem adulto solteiro. Segundo as autoras cada estagio do ciclo exige algumas mudanas especificas para que a familia consiga seguir em seu processo de desenvolvimento. Dentre elas destacam-se; que o sujeito se veja como uma pessoa distinta de sua familia de origem; que estabelea relaes intimas com outros adultos que estejam passando pelo mesmo momento do ciclo de vida familiar; e que se posicione diante das questoes profissionais e se emancipe financeiramente de sua familia de origem.

A finalizao esperada dessa fase do ciclo vital requer que o adulto jovem solteiro se separe da sua familia de origem sem que haja um corte das relaes ou mesmo que ele encontre um substituto afetivo para fugir da relao familiar. Tambm pode acontecer dos pais, mesmo sem perceber, incentivarem seus filhos a permanecer dependentes deles tanto emocional como financeiramente, da mesma forma que os filhos tambm podem querer manter essa dependncia. Outra possibilidade que em funo da no resoluo das relaes de conflito os filhos se revoltem e rompam as relaoes com sua familia de origem, numa falsa independncia (Carter &McGoldrik, 2001). Para essas autoras os padres de repeties se estabelecem devido estes rompimentos promovendo o que chamam de desvinculaao afetiva do jovem adulto solteiro dos padroes interativos da sua familia de origem. Assim, ao inves do individuo encontrar soluoes adequadas aos relacionamentos afetivos estabelecidos, prosseguira reproduzindo os mesmos padroes com os quais rompeu, e com os quais nao esta de acordo.

No entanto, de acordo com Wagner (2005) atualmente ao inves de romper, muitos filhos jovens adultos tm prolongado sua permanncia na casa dos pais e muito se tm discutido sobre as funoes e consequncias desse fenmeno chamado geraao canguru, fase do ninho cheio ou "filhos cangurus", sendo que a questao central nao esta no fato do jovem adulto morar com os pais, mas sim no tipo de relaao que este estabelece com os mesmos em questoes referentes a sua diferenciaao, intimidade, escolha profissional e independncia financeira.1.8. Objetivo GeralCompreender a percepo de jovens adultos independentes financeiramente e que ainda residem com os seus pais - sobre o prolongamento da convivncia familiar aqui denominada gerao canguru.1.9. Objetivos Especficos-Compreender como so as relaes familiares pela tica dos filhos canguruse os motivos atribuidos ao prolongamento da convivncia familiar.-Verificar as caractersticas da educao familiar e da transmisso geracional nessa configurao familiar, a partir do relato dos jovens adultos.1.10. Hipteses- Existe uma tendncia a se falar que o conforto da casa dos pais e a busca pela estabilidade econmica sejam os principais fatores geradores desta configurao familiar.-A falta de autonomia pode ser tambm um fator preponderante no aumento do nmero de filhos cangurus em nossa sociedade.-A estrutura familiar e a transmisso geracional de um modelo de relacionamento afetivo entre pais e filhos podem influenciar e promover o crescimento desta configurao de famlia.- A prolongada permanncia na famlia de origem percebida de forma natural, tanto para os jovens quanto para seus pais, contrariando as expectativas sociais.1.11. JustificativaEstudos anteriores apontam como o fator mais importante da permanncia dos filhos na famlia de origem, o conforto da casa dos pais e a dificuldade destes em se desligar dos filhos. Outros autores enfatizam como fatores preponderantes: as escolhas profissionais, a permisso para o sexo na casa dos pais, o adiamento do casamento, dificuldades de entrada no mercado de trabalho, tarefas familiares no cumpridas ao longo do ciclo vital entre outros. Observaes anteriores apontam tambm como fator determinante dessa configurao familiar, a caracterstica lquida da sociedade, levando jovens adultos a buscar na famlia de origem razes e durabilidade de relaes, no encontradas numa sociedade onde vigora o provisrio.Assim, uma nova gerao se configura na famlia brasileira, os chamados filhos cangurus, jovens acima de 25 anos, independentes financeiramente e considerados por seus familiares e pela sociedade como pessoas capazes de viver a autonomia caracterstica desse ciclo vital, mas mesmo assim continuam morando com suas famlias de origem.Em algumas das pesquisas j realizadas a respeito desse assunto, as opinies divergem em relao ao crescente aumento do nmero de filhos que, de certa forma, prolongam a sua juventude e continuam morando na casa dos pais, mesmo tendo condies de morar sozinho ou mesmo constituir uma nova famlia. Essas diferentes opinies em estudos j realizados nos levam a considerar a relevncia de outros estudos e pesquisas na busca de conhecimentos e novas compresses, a cerca dessa nova configurao familiar.Compreender os papis e funes que esses filhos assumem nessa relao, bem como as possveis razes deste retardamento na sada dos filhos de suas famlias de origem, e tambm a influncia e consequncias dessas relaes no futuro desses jovens e na sociedade instigaram nossa curiosidade e nos levaram novas e possveis reflexes.De acordo com Cerveny (2012), a construo da gerao canguru se faz na interao entre as esferas da famlia e do contexto social. Essa forma de pensar se confirma nas consideraes de Henriques (2004), quando diz que a permanncia estendida dos filhos na casa dos pais se configura como um fenmeno psicossocial construdo na interface da instituio familiar e o contexto social contemporneo.Verifica-se assim, a importncia de pesquisas que retratem essa configurao familiar em sua complexidade e ao mesmo tempo, respeitando as individualidades existentes, em nosso caso, os filhos cangurus.A partir dessas consideraes, este trabalho de pesquisa ser realizado a luz da teoria sistmica, com a proposta de verificar e compreender as relaes e implicaes advindas desta nova configurao de famlia na viso dos filhos, assim como promover conhecimento e conscientizao a cerca da problemtica que envolve esse contexto familiar, tanto para pesquisadores quanto para pesquisados e a sociedade em geral.2 MTODOCompartilhando das idias de Minayo (1994), Entendemos por metodologia o caminho do pensamento e a prtica exercida na abordagem da realidade. Ou seja, a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o mtodo), os instrumentos de operacionalizao do conhecimento (as tcnicas), e a criatividade do pesquisador (sua experincia, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade).

Neste trabalho optamos pela pesquisa qualitativa no por acharmos ser esta a melhor abordagem de pesquisa, pois segundo Minayo (1994), a diferena entre as abordagens no est a nvel hierrquico, mas de natureza, isto , a escolha deve ser feita pela que melhor atender a demanda da pesquisa.

Nosso objeto de estudo nesta pesquisa ser a famlia, mais especificamente os "filhos cangurus". E como partimos do princpio de que a famlia no uma instituio esttica uma vez que est em constante processo de transformao histrica, cultural, econmica e poltica, as respostas que buscaremos dificilmente poderiam ser traduzidas em nmeros ou quantificadas. Sendo assim, nossa escolha se deu exatamente por que buscaremos pelo que subjetivo e singular aos sujeitos alvo desta pesquisa.

De acordo com Minayo (1994), os seres humanos se distinguem uns dos outros no apenas por fazerem coisas de maneiras diferentes, mas por pensarem e interpretarem suas aes de forma diferente. Sendo assim, conhecer os significados, valores, crenas, atitudes, motivos, ou seja, as diferenciaes internas dos pesquisados nosso objetivo.2.1 Participantes/SujeitosParticiparo desta pesquisa, 4 jovens adultos, de ambos os sexos, com idade acima de 25 anos, que exeram atividade remunerada, com nvel scioeconmico mdio e que residam com suas famlias de origem na cidade de So Jos dos Campos e regio.2.2 Instrumentos- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APNDICE A).

- Roteiro de entrevista semiestruturada (APNDICE B).Este trabalho caracteriza-se por uma pesquisa de natureza qualitativa e exploratoria, com alguns aspectos descritivos. De acordo com Gil (1999), a pesquisa exploratria envolve levantamento bibliogrfico, entrevista com pessoas que tm ou tiveram experincias prticas com o problema pesquisado e a anlise de exemplos que estimulem a compreenso. Sendo assim, visa proporcionar ao pesquisador um maior conhecimento acerca do assunto, para a formulao de problemas mais precisos e a criao de hipteses que possam ser pesquisadas por estudos posteriores.

As entrevistas sero semi-estruturadas e a opo pelas questoes abertas, foi devido a possibilidadeda flexibilidade e da abrangncia dos contedos das respostas. Assim, concordando com Minayo (1994),nosso alvo ser chegar aos significados atribuidos pelos participantes a situaao pesquisada. As questoes foram elaboradas procurando obter informaoes sobre o contexto de vida dos entrevistados (aspectos da historia e do ambiente familiar e profissional); sobre suas percepoes, conhecimentos e vivncias, bem como sobre suas expectativas em relao famlia e a prpria vida pessoal, profissional e da sua atuaao social. Sendo assim, conforme Minayo (1994), a escolha do mtodo, bem como todo o desenvolvimento da pesquisa foram norteados por perspectivas que buscassem verificar e compreender os sentidos de ser um "filho canguru".Para analisar os dados ser utilizada a tcnica Anlise de Contedo que em termos gerais pode ser definido como um conjunto de instrumentos metodolgicos que tm como fator comum uma interpretao controlada, baseada na inferncia. (Bardin, 1977/2010). A escolha desta tcnica se deu pelo fato de se obter, atravs de procedimentos sistemticos, indicadores qualitativos que permitiro uma interpretao dos resultados considerando o rigor da objetividade e a fecundidade da subjetividade.

2.3 AparatosPapel sulfite, caneta esferogrfica, lpis, borracha, prancheta, computador, impressora e gravador.2.4 ProcedimentosInicialmente realizou-se um levantamento bibliogrfico sobre o tema filhos cangurus e a Teoria Familiar Sistmica, escolhida por ns dentre tantas outras, por acreditarmos ser est a que melhor nos forneceria embasamento terico para o assunto em questo. Em seguida foi redigido um projeto de pesquisa. O trabalho foi orientado pela professora responsvel pela disciplina Projeto de Investigao Cientfica em Psicologia, da Universidade Paulista de So Jos dos Campos.O prximo passo ser o encaminhamento do projeto ao CEPPE para que o mesmo seja avaliado. Ao retornar, se aprovado, daremos prosseguimento iniciando a pesquisa a comear pelo convite de 4 adultos jovens de classe mdia e residentes na cidade de So Jos dos Campos e regio, que sejam financeiramente independentes, mas que residam na casa dos pais. Esses jovens podero ser indicados por pessoas do nosso convvio ou por profissionais das mais diversas reas. Logo aps o aceite dos participantes ser assinado o termo de consentimento (APNDICE A), em conformidade com as resolues do Conselho Nacional de Sade e do Conselho Federal de Psicologia que dispoem sobre a realizao de pesquisas com seres humanos, garantindo que cada participante esteja esclarecido em lngua acessvel de sua paticipao voluntria, assim como dos objetivos, das justificativas, dos procedimentos utilizados na pesquisa e os seus riscos. Aps a assinatura do termo, daremos incio ao prximo passo que ser a realizao de uma entrevista semiestruturada (APNDICE B), com todos os 4 participantes desta pesquisa, abordando questes sobre o prolongamento da permanncia dos filhos na famlia de origem.Depois de obtidos os resultados atravez das entrevistas, daremos inicio a anlise das informaes, conforme citado acima, confrontando-as com a teoria escolhida para a realizao deste trabalho. 2.5 Cronograma (2014)ATIVIDADEFEVMARABRMAIJUNJULAGOSETOUTNOVDEZ

Retorno do projeto do CEPPEX

Reviso do projeto e da literaturaXXX

Contato com instituies(Carta de Apresentao)XX

Contato com participantes (TCLE)X

Coleta de dadosXXX

Anlise e discusso dos dadosXX

Redao final do relatrio de pesquisaXXX

Apresentao banca/Entrega do relatrio final de pesquisaXX

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APNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido

UNIVERSIDADE PAULISTA UNIP

INSTITUTO DE CINCIAS HUMANAS CURSO DE PSICOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOCaro Participante:

Gostaramos de convid-lo a participar como voluntrio da pesquisa intitulada, Filhos Cangurus: percepes de jovens adultos sobre o prolongamento da convivncia familiar, que se refere a um projeto de Trabalho de Concluso de Curso dos alunos: Jackeline Penna Pombo, Jos dos Santos Filho e Mariana Xavier, do curso de Psicologia da Universidade Paulista - UNIP

O objetivo deste estudo compreender a viso que jovens adultos possuem sobre uma nova configurao familiar denominada Gerao dos filhos Cangurus. Os resultados contribuiro para promover conhecimentos e compreenses a cerca dessa configurao familiar contempornea que cresce a cada ano em nossa sociedade e servindo tambm como fonte de informao para futuras pesquisas nas reas que se ocupam em conhecer e compreender as relaes humanas.

Resumidamente, a pesquisa ser realizada da seguinte forma: voc assinar este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando a sua participao nesta pesquisa, que consiste em dar uma entrevista a respeito do tema em questo, em local, data e horrio a ser determinado posteriormente de acordo com a sua disponibilidade.

Seu nome no ser utilizado em qualquer fase da pesquisa, o que garante seu anonimato, e a divulgao dos resultados ser feita de forma a no identificar os voluntrios.

No ser cobrado nada, no haver gastos e no esto previstos ressarcimentos ou indenizaes.

Considerando que toda pesquisa oferece algum tipo de risco, nesta pesquisa o risco pode ser avaliado como: baixo.

Gostaramos de deixar claro que sua participao voluntria e que poder recusar-se a participar ou retirar o seu consentimento, ou ainda interromper sua participao se assim o preferir, sem penalizao alguma ou sem prejuzo. Nos casos em que se utilizar questionrio ou entrevista, voc poder recusar-se a responder as perguntas que causem eventuais constrangimentos de qualquer natureza a voc.

Desde j, agradecemos sua ateno e participao e colocamo-nos disposio para maiores informaes. Se voc desejar, poder ter acesso a este trabalho do qual participou.

Voc ficar com uma cpia deste Termo e em caso de dvidas ou necessidade de outros esclarecimentos sobre esta pesquisa, voc poder entrar em contato com o pesquisadora principal, Professora Ms. Lauren Mariana Mennocchi, na Universidade Paulista UNIP, Rod. Presidente Dutra, km 157,5 - Pista Sul - So Jos dos Campos SP, CEP 12240-420, Tel(12) 2136-9000.Eu ___________________________________________ RG ________________,confirmo que os participantesexplicaram-me os objetivos desta pesquisa, bem como a forma de minha participao. As condies que envolvem a minha participao tambm foram discutidas. Autorizo a gravao em udio da entrevista que porventura venha a dar e sua posterior transcrio pela equipe de alunos-pesquisadores responsveis, para fins de ensino e pesquisa. Autorizo a publicao deste material em meios acadmicos e cientficos e estou ciente de que sero removidos ou modificados dados de identificao pessoal, de modo a garantir minha privacidade e anonimato.Eu li e compreendi este Termo de Consentimento; portanto, concordo em dar meu consentimento para participar como voluntrio desta pesquisa.

So Jos dos Campos, dia de ms de 2014

__________________________________

Assinatura do participanteEu,______________________________________________RG____________________ obtive de forma apropriada e voluntria o Consentimento Livre e Esclarecido do participante da pesquisa ou seu representante legal.______________________________________________

Assinatura do membro da equipe que apresentar o TCLE______________________________________________

Professora Ms. Lauren Mariana Mennocchi

O projeto da presente pesquisa teve seus aspectos tcnicos, acadmicos e ticos previamente examinados e aprovados pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Educao CEPPE do Instituto de Cincias Humanas da Universidade Paulista UNIP.

Contato:

CEPPE - ICH

UNIP - Campus Indianpolis

Rua Dr. Bacelar, 1212 2 andar Vila Clementino

CEP: 04026-002 Fone: (11) 5586-4204

e-mail: [email protected]

Responsveis:

Prof. Dr. Joo Eduardo Coin de Carvalho

Prof. Dr. Waldir BettoiAPNDICE B - Roteiro de entrevista

1- Identificao

Entrevistado:

Idade:

Escolaridade:

Profisso/ocupao:

Renda familiar:

Constelao familiar:

2- Para voc, como morar com seus pais ou familiares?3- Como voc percebe o seu relacionamento com seus pais?4- Como voc avalia a sua educao familiar, a maneira como foi educado criado por seus pais?5- Quais so seus planos para os prximos anos? Como imagina que sua famlia participar ou reagir as suas escolhas?6- No convvio social, voc percebe uma grande incidncia de jovens adultos que moram na casa dos pais?7- Como voc acha que a sociedade percebe a permanncia de filhos adultos na famlia de origem?8- Em sua opinio, por quais razes as pessoas permanecem morando com seus pais, depois de adultas?9- Voc teria outras consideraes a fazer?Projeto de pesquisa apresentado para a disciplina de Projeto de Investigao Cientfica em Psicologia sob a orientao da Prof.Ms. Lauren Mennocci.