filosofia hermetica

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A Filosofia Hermética Uma visão da Filosofia Hermética dada por pontos de vista variados: Estamos apresentando aos estudantes e investigadores da Doutrina Secreta esta pequena página baseada nos Preceitos herméticos do mundo antigo. Existem poucos escritos sobre este assunto apesar das inúmeras referências feitas pelos ocultistas aos Preceitos que aqui expomos, de modo que, por isso, esperamos que os investigadores dos Arcanos da Verdade saibam dar bom acolhimento à página que ora lhes aparece. A finalidade aqui não é a enunciação duma filosofia ou doutrina especial, mas sim fornecer aos estudantes uma exposição da Verdade que servirá para reconciliar os fragmentos do conhecimento oculto que adquiriram, mas que são aparentemente opostos uns aos outros, e que só servem para desanimar e desgostar o principiante neste estudo. O nosso intento não é construir um novo Templo de Conhecimento, mas sim colocar nas mãos do estudante uma Chave-Mestra com que possa abrir todas as portas internas que conduzem ao Templo do Mistério cujos portais já entraram. Nenhum fragmento dos conhecimentos ocultos possuídos pelo mundo foi tão zelosamente guardado como os fragmentos dos Preceitos herméticos que chegaram até nós através dos séculos passados, desde o tempo do seu grande estabelecedor, Hermes Trismegisto, o mensageiro dos deuses, que viveu no antigo Egito quando a atual raça humana estava em sua infância. Contemporâneo de Abraão, e se for verdadeira a lenda, instrutor deste venerável sábio, Hermes foi e é o Grande Sol Central do Ocultismo, cujos raios têm iluminado todos os ensinamentos que foram publicados desde o seu tempo. Todos os preceitos fundamentais e básicos introduzidos nos ensinos esotéricos de cada raça foram formulados por Hermes. Mesmo os mais antigos preceitos da Índia tiveram indubitavelmente a sua fonte nos Preceitos herméticos originais. Da terra do Ganges, muitos mestres avançados se dirigiram para o país do Egito para se prostrarem aos pés do Mestre. Dele obtiveram a Chave-Mestra que explicava e reconciliava os seus diferentes pontos de vista, e assim a Doutrina Secreta ficou firmemente estabelecida. De outros países também vieram muitos sábios, que consideravam Hermes como o Mestre dos Mestres; e a sua influência foi tão grande que, apesar dos numerosos desvios de caminho de centenas de instrutores desses diferentes países, 1

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A Filosofia Hermtica

Uma viso da Filosofia Hermtica dada por pontos de vista variados:

Estamos apresentando aos estudantes e investigadores da Doutrina Secreta esta pequena pgina baseada nos Preceitos hermticos do mundo antigo. Existem poucos escritos sobre este assunto apesar das inmeras referncias feitas pelos ocultistas aos Preceitos que aqui expomos, de modo que, por isso, esperamos que os investigadores dos Arcanos da Verdade saibam dar bom acolhimento pgina que ora lhes aparece. A finalidade aqui no a enunciao duma filosofia ou doutrina especial, mas sim fornecer aos estudantes uma exposio da Verdade que servir para reconciliar os fragmentos do conhecimento oculto que adquiriram, mas que so aparentemente opostos uns aos outros, e que s servem para desanimar e desgostar o principiante neste estudo. O nosso intento no construir um novo Templo de Conhecimento, mas sim colocar nas mos do estudante uma Chave-Mestra com que possa abrir todas as portas internas que conduzem ao Templo do Mistrio cujos portais j entraram. Nenhum fragmento dos conhecimentos ocultos possudos pelo mundo foi to zelosamente guardado como os fragmentos dos Preceitos hermticos que chegaram at ns atravs dos sculos passados, desde o tempo do seu grande estabelecedor, Hermes Trismegisto, o mensageiro dos deuses, que viveu no antigo Egito quando a atual raa humana estava em sua infncia. Contemporneo de Abrao, e se for verdadeira a lenda, instrutor deste venervel sbio, Hermes foi e o Grande Sol Central do Ocultismo, cujos raios tm iluminado todos os ensinamentos que foram publicados desde o seu tempo. Todos os preceitos fundamentais e bsicos introduzidos nos ensinos esotricos de cada raa foram formulados por Hermes. Mesmo os mais antigos preceitos da ndia tiveram indubitavelmente a sua fonte nos Preceitos hermticos originais. Da terra do Ganges, muitos mestres avanados se dirigiram para o pas do Egito para se prostrarem aos ps do Mestre. Dele obtiveram a Chave-Mestra que explicava e reconciliava os seus diferentes pontos de vista, e assim a Doutrina Secreta ficou firmemente estabelecida. De outros pases tambm vieram muitos sbios, que consideravam Hermes como o Mestre dos Mestres; e a sua influncia foi to grande que, apesar dos numerosos desvios de caminho de centenas de instrutores desses diferentes pases, ainda se pode facilmente encontrar certa semelhana e correspondncia nas muitas e divergentes teorias admitidas e combatidas pelos ocultistas de diferentes pases atuais. Os estudantes de Religies comparadas compreendero facilmente a influncia dos Preceitos hermticos em qualquer religio merecedora deste nome, quer seja uma religio apenas conhecida atualmente quer seja uma religio morta, ou uma religio cheia de vida no nosso prprio tempo. Existe sempre uma correspondncia entre elas, apesar das aparncias contraditrias, e os Preceitos hermticos so como que o seu grande Conciliador. A obra de Hermes parece ter sido feita com o fim de plantar a grande Verdade-Semente que se desenvolveu e germinou em tantas formas estranhas, mais depressa do que se teria estabelecido uma escola de filosofia que dominasse o pensamento do mundo. Todavia, as verdades originais ensinadas por ele foram conservadas intatas, na sua pureza original, por um pequeno nmero de homens que, recusando grande parte de estudantes e discpulos pouco desenvolvidos, seguiram o costume hermtico e reservaram as suas verdades para os poucos que estavam preparados para compreend-las e dirigi-las. Dos lbios aos ouvidos, a verdade tem sido transmitida entre esses poucos. Sempre existiram, em cada gerao e em vrios pases da terra, alguns Iniciados que conservaram viva a sagrada chama dos Preceitos hermticos, e sempre empregaram as suas lmpadas para reacender as lmpadas menores do mundo profano, quando a luz da verdade comeava a escurecer e a apagar-se por causa da sua negligncia, e os seus pavios ficavam embaraados com substncias estranhas. Existiu sempre um punhado de homens para cuidar do altar da Verdade, em que mantiveram sempre acesa a Lmpada Perptua da Sabedoria. Estes homens dedicaram a sua vida a esse trabalho de amor que o poeta muito bem descreveu nestas linhas:

"Oh! no deixeis apagar a chama! Mantida de sculo em sculo Nesta escura caverna, Neste templo sagrado! Sustentada por puros ministros do amor! No deixeis apagar esta divina chama!"

Estes homens nunca procuraram a aprovao popular, nem qualquer tipo de seguidores. So indiferentes a estas coisas, porque sabem quo poucos de cada gerao esto preparados para a verdade, ou podem reconhec-la se ela lhes for apresentada. Reservam a carne para os homens feitos, enquanto outros do o leite s crianas. Reservam suas prolas de sabedoria para os poucos que conhecem o seu valor e sabem traz-las nas suas coroas, em vez de lan-las ao porco vulgar, que as enterraria na lama e as misturaria com o seu desagradvel alimento mental. Mas esses poucos no esqueceram nem desprezaram os preceitos originais de Hermes, que tratam da transmisso das palavras da verdade aos que esto preparados para receb-la, a respeito dos quais se afirma: "Em qualquer lugar que se achem os vestgios do Mestre, os ouvidos daqueles que estiverem preparados para receber o seu Ensinamento se abriro completamente." E ainda: "Quando os ouvidos do discpulo esto preparados para ouvir, ento vm os lbios para ench-los com sabedoria." Mas a sua atitude habitual sempre esteve estritamente de acordo com outro aforismo hermtico: "Os lbios da Sabedoria esto fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento." De modo que, de acordo com o indicado, s dar ateno a esta pgina aquele que tiver uma preparao especial para receber os Preceitos que ela transmite. E, reciprocamente, quando o estudante estiver preparado para receber a verdade, tambm esta pgina lhe aparecer. Esta a Lei. O Principio hermtico de Causa e Efeito, no seu aspecto de Lei de Atrao, levar os ouvidos para junto dos lbios e a pgina para junto do discpulo Princpio do Mentalismo "O TODO MENTE; o universo mental." Este Princpio contm a verdade que Tudo Mente. Explica que o TODO (que a Realidade substancial que se oculta em todas as manifestaes e aparncias que conhecemos sob o nome de Universo Material, Fenmenos da Vida, Matria, Energia, numa palavra, sob tudo o que tem aparncia aos nossos sentidos materiais) ESPRITO, INCOGNOSCVEL e INDEFINVEL em si Mesmo, mas pode ser considerado como uma MENTE VIVENTE INFINITA e UNIVERSAL. Ensina tambm que todo o mundo fenomenal ou universo simplesmente uma Criao Mental do Todo, sujeita s Leis das Coisas criadas, e que o universo, como um todo, em suas partes ou unidades, tem sua existncia na mente do TODO, em cuja Mente vivemos, movemos e temos a nossa existncia. Este Princpio, estabelecendo a Natureza Mental do Universo, explica todos os fenmenos mentais ou psquicos que ocupam grande parte da ateno pblica, e que, sem tal explicao, seriam ininteligveis e desafiariam o exame cientfico. A compreenso deste Princpio hermtico do Mentalismo habilita o indivduo a abarcar prontamente as leis do Universo Mental e a aplicar o mesmo Princpio para a sua felicidade e adiantamento. O estudante hermetista ainda no sabe aplicar inteligentemente a grande Lei Mental, apesar de empreg-la de maneira casual. Com a Chave-Mestra em seu poder, o estudante poder abrir as diversas portas do templo psquico e mental do conhecimento entre por elas livre e inteligentemente. Este Princpio explica a verdadeira natureza da fora, da Energia e da Matria, como e por que todas elas so subordinadas ao Domnio da Mente. Um velho Mestre hermtico escreveu, h muito tempo: Aquele que compreende a verdade da Natureza Mental do Universo est bem avanado no caminho do Domnio." E estas palavras so to verdadeiras hoje, como no tempo em que foram escritas. Sem esta Chave-Mestra, o Domnio impossvel, e o estudante bater em vo nas diversas portas do Templo.

Princpio da Correspondncia "O que est em cima como o que est embaixo, e o que est embaixo como o que est em cima." Este princpio contm a verdade que existe uma correspondncia entre as leis e os fenmenos dos diversos planos da Existncia e da Vida. O velho axioma hermtico diz estas palavras: O que est em cima como o que est embaixo, e o que est em embaixo igual ao que est em cima." A compreenso deste Princpio d ao homem os meios de explicar muitos paradoxos obscuros e segredos da Natureza. Existem muitos planos fora dos nossos conhecimentos, mas quando lhes aplicamos o Princpio de Correspondncia chegamos a compreender muita coisa que de outro modo nos seria impossvel compreender. Este princpio de aplicao e manifestao universal nos diversos planos do universo material, mental e espiritual: uma Lei Universal. Os antigos Hermetistas consideravam este Princpio como um dos mais importantes instrumentos mentais, por meio dos quais o homem pode ver alm dos obstculos que encobrem vista o Desconhecido. O seu uso constante rasgava aos poucos o vu de sis e um vislumbre da face da deusa podia ser percebido. Justamente do mesmo modo que o conhecimento dos Princpios da Geometria habilita o homem, enquanto estiver no seu observatrio, a medir sis longnquos, assim tambm o conhecimento do Princpio de Correspondncia habilita o homem a raciocinar inteligentemente do Conhecido ao Desconhecido. Estudando a mnada, ele chega a compreender o Arcanjo.

Princpio da Vibrao Nada est parado; tudo se move; tudo vibra." Este princpio encerra a verdade que tudo est parado; fato que a Cincia moderna observa, e que cada nova descoberta cientfica tende a confirmar. E, contudo este Princpio hermtico foi enunciado h milhares de anos pelos Mestres do antigo Egito. Este princpio explica que as diferenas entre as diversas entre as diversas manifestaes de Matria, Energia, Mente e Esprito, resultam das ordens variveis de Vibrao. Desde TODO, que Puro esprito, at a forma mais grosseira da Matria, tudo est em vibrao; quanto mais elevada for a vibrao, tanto mais elevada ser a posio na escala. A vibrao do Esprito de uma intensidade e rapidez to infinitas que praticamente ele est parado, como uma roda que se move muito rapidamente parece estar parada. Na extremidade inferior da escala esto as grosseiras formas da matria, cujas vibraes so to vagarosas que parecem estar paradas. Entre estes polos existem milhes e milhes de graus diferentes de vibrao. Desde o corpsculo e o eltron, desde o tomo e a molcula, at os mundos e universos, tudo est em movimento vibratrio. Isto verdade nos planos da energia e da fora (que tambm variam em graus de vibrao); nos planos mentais (cujos estados dependem das vibraes), e tambm nos planos espirituais. O conhecimento deste Princpio, com as frmulas apropriadas, permite ao estudante hermetista conhecer as suas vibraes mentais, como tambm a dos outros. S os Mestres podem aplicar este Princpio para a conquista dos Fenmenos Naturais, por diversos meios. Aquele que compreende o Princpio de vibrao alcanou o cetro do poder", diz um escritor antigo.

Princpio da Polaridade Tudo Duplo; tudo tem dois polos; tudo tem seu oposto; o igual e o desigual so a mesma coisa; os opostos so idnticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades so meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados." Este Princpio encerra a verdade: Tudo Duplo; tudo tem dois polos; tudo tem seu oposto, que formava um velho axioma hermtico. Ele explica os velhos paradoxos, que deixaram muitos homens perplexos, e que foram estabelecidos assim: A Tese e a Anttese so idnticas em natureza, mas diferentes em grau; os opostos so a mesma coisa, diferindo somente em grau; os pares de opostos podem ser reconciliados; os extremos se tocam; tudo existe e no existe ao mesmo tempo; todas as verdades so meias-verdades; toda verdade meio-falsa; h dois lados em tudo, etc. Ele explica que em tudo h dois polos ou aspectos opostos, e que os opostos so simplesmente os dois extremos da mesma coisa, consistindo a diferena em variao de graus. Por exemplo, o Calor e o Frio, ainda que sejam opostos, so a mesma coisa, e a diferena que h entre eles consiste simplesmente na variao de graus dessa mesma coisa. Olhai para o vosso termmetro e vede se podereis descobrir onde termina o calor e comea o frio! No h coisa de calor absoluto ou de frio absoluto; os dois termos calor e frio indicam somente a variao de grau da mesma coisa, e que esta mesma coisa que se manifesta como calor e frio nada mais que uma forma, variedade e ordem de Vibrao. Assim o calor e o frio so unicamente os dois polos daquilo que chamamos Calor; e os fenmenos que da decorrem so manifestaes do Princpio de Polaridade. O mesmo Princpio se manifesta no caso da Luz e da Obscuridade, que so a mesma coisa, consistindo a diferena simplesmente nas variaes de graus entre os dois polos do fenmeno. Onde cessa a obscuridade e comea a luz? Qual a diferena entre o grande e o pequeno? Entre o forte e o fraco? Entre o branco e o preto? Entre o perspicaz e nscio? Entre o alto e baixo? Entre o positivo e o negativo? O Princpio de Polaridade explica estes paradoxos e nenhum outro Princpio pode exced-lo. O mesmo Princpio opera no Plano mental. Permitiu-nos tomar um exemplo extremo: o do Amor e o dio, dois estados mentais em aparncia totalmente diferentes. E, apesar disto, existem graus de dio e graus de Amor, e um ponto mdio em que o uso dos termos Igual ou Desigual impossvel, pois eles se encobrem mutuamente de modo to gradual que s vezes temos dificuldades em conhecer o que nos igual, desigual ou nem um nem outro. E todos so simplesmente graus da mesma coisa, como compreendereis se meditardes um momento. E mais do que isto (coisa que os Hermetistas consideram de mxima importncia), possvel mudar as vibraes de dio em vibraes de Amor, na prpria mente de cada um de ns e nas mentes dos outros. Muitos de vs, que ledes estas linhas, tivestes experincias pessoais da transformao do Amor em dio ou do inverso, quer se desse com eles mesmos, quer com outros. Podeis, pois tomar possvel a sua realizao, exercitando o uso da vossa Vontade por meio das frmulas hermticas. Deus e Diabo so, pois os polos da mesma coisa, e o Hermetista entende a arte de transmutar o Diabo em Deus, por meio da aplicao do Princpio de Polaridade. Em resumo, a Arte de Polaridade fica sendo uma fase da Alquimia Mental, conhecida e praticada pelos antigos e modernos Mestres hermetistas. O conhecimento do Princpio habilitar o discpulo a mudar a sua prpria Polaridade, assim como a dos outros se ele consagrar o tempo e o estudo necessrio para obter o domnio desta arte.

Princpio de Ritmo Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas mars; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilaes compensadas; a medida do movimento direita a medida do movimento esquerda; o ritmo a compensao." Este Princpio contm a verdade que em tudo se manifesta um movimento para diante e para trs, um fluxo e um refluxo, um movimento de atrao e repulso, um movimento semelhante ao pndulo, uma mar enchente e uma mar vazante, uma mar alta e uma mar baixa, entre os dois polos, que existem, conforme o Princpio da Polaridade que tratamos na pgina anterior. Existe sempre uma ao e uma reao, uma marcha e uma retirada, uma subida e uma descida. Isto acontece nas coisas do Universo, nos sis, nos mundos, nos homens, nos animais, na mente, na energia e na matria. Esta lei manifesta na criao e destruio dos mundos, na elevao e queda das naes, na vida de todas as coisas, e finalmente nos estados mentais do Homem (e como estes ltimos que os Hermetistas reconhecem a compreenso do Princpio mais importante). Os Hermetistas compreenderam este Princpio, reconhecendo a sua aplicao universal, e descobriram tambm certos meios de dominar seus efeitos no prprio ente com o emprego de frmulas e mtodos apropriados. Eles aplicam a Lei mental de Neutralizao. Eles no podem anular o Princpio ou impedir as suas operaes, mas aprenderam como se escapa dos seus efeitos na prpria pessoa, at certo grau que depende do Domnio de Princpio. Aprenderam como empreg-lo, em vez de serem empregados por ele. Neste e noutros mtodos consiste a Arte dos Hermetistas. O Mestre dos Hermetistas polariza-se at o ponto em que desejar, e ento neutraliza a Oscilao Rtmica pendular que tenderia a arrast-lo ao outro polo. Todos os indivduos que atingiram qualquer grau de domnio prprio executam isto at certo grau, mais ou menos inconscientemente, mas o Mestre o faz conscientemente e com uso da sua Vontade, atingindo certo grau de Equilbrio e Firmeza mental quase impossvel de ser acreditado pelas massas populares que vo para adiante e para trs como um pndulo. Este Princpio e o da Polaridade foram estudados secretamente pelos Hermetistas, e os mtodos de impedi-los, neutraliz-los e emprega-los formam uma parte importante da Alquimia Mental do Hermetismo.

Princpio de Causa e Efeito Toda a causa tem seu Efeito; todo o Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso simplesmente um nome dado a uma Lei no reconhecida; h muitos planos de causalidade, porm nada escapa Lei." Este princpio contm a verdade que h uma Causa para todo o Efeito e um Efeito para toda Causa. Explica que: Tudo acontece de acordo com a Lei, nada acontece sem razo, no h coisa que seja casual; que, no entanto, existem vrios planos de Causa e Efeito, os planos superiores dominando os planos inferiores, nada podendo escapar completamente da Lei. Os Hermetistas conhecem a arte e os mtodos de elevar-se do plano ordinrio de Causa e Efeito, a certo grau, e por meio da elevao mental a um plano superior tornam-se Causadores em vez de Efeitos. As massas do povo so levadas para frente; os desejos e as vontades dos outros so mais fortes que as vontades delas; a hereditariedade, a sugesto e outras causas exteriores movem-nas como se fossem pees no tabuleiro de xadrez da Vida. Mas os Mestres, elevando-se ao plano superior, dominam o seu gnio, carter, suas qualidades, poderes, to bem como os que o cercam e tornam-se Motores em vez de pees. Eles ajudam a jogar a criao, quer fsica, quer mental ou espiritual, possvel sem partida da vida em vez de serem jogados e movidos por outras vontades e influncias. Empregam o Princpio em lugar de serem seus instrumentos. Os Mestres obedecem Causalidade do plano superior, mas ajudam a governar o nosso plano. Neste preceito est condensado um tesouro do Conhecimento hermtico: aprenda-o quem quiser.

Princpio de Gnero O Gnero est em tudo; tudo tem seu princpio masculino e seu princpio feminino; o gnero se manifesta em todos os planos." Este princpio encerra a verdade que o gnero manifestado em tudo; que o princpio masculino e princpio feminino sempre esto em ao. Isto certo no s no plano fsico, mas tambm nos Planos mental e espiritual. No plano fsico este princpio se manifesta como sexo, nos planos superiores toma formas superiores, mas sempre o mesmo Princpio. A compreenso das suas leis poder esclarecer muitos assuntos que deixaram perplexas as mentes dos homens. O Princpio de Gnero opera sempre na direo da gerao, regenerao e criao (gerao no Plano fsico; regenerao no Plano mental e criao no Plano espiritual). Todas as coisas e todas as pessoas contm em si os dois elementos deste grande Princpio. Todas as coisas machas tm tambm o Elemento feminino; todas as coisas fmeas tm o Elemento masculino. Se compreenderdes a filosofia da Criao, Gerao e Regenerao mentais podero estudar e compreender este Princpio hermtico. Ele contm a soluo de muitos mistrios da Vida. Ns os advertimos que este Princpio no tem relao alguma com as teorias e prticas luxuriosas, perniciosas e degradantes, que tm ttulos empolgantes e fantsticos, e que nada mais so do que prostituio do grande princpio natural de Gnero. Tais teorias, baseadas nas antigas formas do Falicismo, tendem a arruinar a mente, o corpo e a alma; e a Filosofia hermtica sempre publicou notas severas contra estes preceitos que tendem a luxuria, depravao e perverso dos Princpios da Natureza. Se desejardes tais ensinamentos podeis procura-los noutra parte: o Hermetismo nada contm nestas linhas que sirva para vs. Para aquele que puro, todas as coisas so puras; Para os vis, todas as coisas so vis e baixas. Obs.: A gerao de uma ideia a formao do grmen dessa ideia; a regenerao o aperfeioamento e o crescimento dessa ideia, e a criao e a realizao completa da ideia.

Outros Axiomas Hermticos "Os lbios da Sabedoria esto fechados, exceto aos ouvidos do Entendimento." "Em qualquer lugar que se achem os vestgios do Mestre, os ouvidos daqueles que estiverem preparados para receber o seu Ensinamento se abriro completamente." "Quando os ouvidos do discpulo esto preparados para ouvir, ento vm os lbios para enche-los com Sabedoria." Os Princpios da verdade so sete; aquele que os conhece perfeitamente possui a Chave-Mgica com qual todas as portas do Templo podem ser abertas completamente. A Mente (to bem como os metais e os elementos) pode ser transmutada de estado em estado, de grau em grau, de condio em condio, de polo em polo, de vibrao em vibrao. A verdadeira transmutao hermtica uma Arte Mental. "Para mudar a vossa disposio ou vosso estado mental, mudai a vossa vibrao." "Para destruir uma desagradvel ordem de vibrao mental, ponde em movimento o Princpio de Polaridade e concentrai-vos no polo oposto aos que desejais suprimir. Destru o desagradvel mudando sua polaridade." "O Ritmo pode ser neutralizado pela aplicao da Arte de Polarizao." "Sob as aparncias do Universo, do tempo, do espao e da mobilidade, est sempre encoberta a Realidade Substancial: a Verdade fundamental." "Aquele que a Verdade Fundamental, a Realidade substancial, est fora de uma verdadeira denominao, mas o sbio chama-o O Todo." "Na sua Essncia, O Todo incognoscvel." "Mas os testemunhos da Razo devem ser hospitaleiramente recebidos e tratados com respeito." "O Universo Mental: ele est dentro da mente d'O Todo." "O Todo cria na sua Mente infinita, inumerveis Universos, que existem por eons de tempo; e, contudo, para O Todo, a criao, o desenvolvimento, o declnio e a morte de um milho de Universos como que o tempo de pestanejar dum olho."" A Mente infinita d'O Todo a matriz dos Universos."" Dentro da Mente Pai-Me, o filho mortal est na sua morada."" No h nenhum rfo de Pai ou de Me no universo."" Enquanto Tudo est n'O Todo, tambm verdade que O Todo est em Tudo. Aquele que compreende esta verdade alcanou o grande conhecimento."" Os falsos sbios, reconhecendo a irrealidade comparativa do Universo, imaginaram que podiam transgredir as suas leis: estes tais so vos e presunosos loucos; eles se quebram na rocha e so feitos em pedaos pelos elementos, por causa da sua loucura. O verdadeiro Sbio, conhecendo a natureza do Universo, emprega a Lei contra as leis, o superior contra o inferior, e pela Arte da Alquimia transmuta aquilo que desagradvel naquilo que agradvel, e deste modo triunfa. O Domnio no consiste em sonhos anormais, em vises, em vida e imaginaes fantsticas, mas sim no emprego das foras superiores contra as inferiores, escapando assim das penas dos planos inferiores pela vibrao nos superiores. A Transmutao no uma degenerao presunosa, a arma ofensiva do Mestre. "" A posse do Conhecimento sem ser acompanhada de uma manifestao ou expresso em Ao como o amontoamento de metais preciosos, uma coisa v e tola. O Conhecimento , como a riqueza, destinado ao Uso. A Lei do Uso Universal, e aquele que viola esta Lei sofre por causa do seu conflito com as foras naturais.

A Alquimia, precursora da Qumica moderna e da Medicina, foi a cincia principal durante a Idade Mdia. A busca da Pedra Filosofal e da capacidade de transmutao dos metais inclua no s as experincias qumicas, mas tambm uma srie de rituais. A filosofia Hermtica era um de seus alicerces, assim tambm como partes da Cabala e da Magia.

Ao longo do tempo, diversos alquimistas descobriram que a verdadeira transmutao ocorria no prprio homem, numa espcie de Alquimia da Alma; diversos outros permaneceram na busca sem sucesso do processo de transformao de metais menos nobres em ouro; afirma-se que alguns mestres atingiram este objetivo...

A Alquimia tambm se preocupava com a Cosmogonia do Universo, com a Astrologia e a Matemtica. Os escritos alqumicos constituam-se muitas vezes de grandes pantculos e de esquemas e figuras complexas, onde procuravam sintetizar a sua mensagem simbolicamente de modo grfico e, na maioria das vezes, de modo codificado ou dissimulado, da, talvez a conotao dada ao termo hermtico = fechado, acessvel apenas para os iniciados.

Da ligao com o Hermetismo, a lei da analogia e o domnio dos trs planos podem ser expressos nos dizeres abaixo, atribudos a Tbua de Esmeralda de Hermes, conhecidos tambm como:Versos Esmeraldinos

"Verum sine mendacio, certum et verissimum:

Quod est inferius est sicut quod est superius, et quod est superius est sicut quod est inferius, ad perpetranda miracula rei unius.

Et sict omnes res fuerunt ab uno, mediatione unius, sic omnes res nat fuerunt ab hac una re, adaptatione.

Pater ejus est Sol, mater ejus Luna;

portavit illud Ventus in ventre suo; nutrix ejus Terra est.

Pater omnes Telesmi totius mundi est hic.

Vis ejus integra est, si versa fuerit in Terram.

Separabis terram ab igne, subtile a spisso, suaviter, cum magno ingenio.

Ascendit a terra in clum, interumque descendit in terram et recipit vim superiorum et inferiorum.

Sic habebis gloriam totius mundi.

Ideo fugiet a te omnis obscuritas.

Hic est totius fortitudinis fortitudo fortis: quis vincet omnem rem subtilem omnemque solidam penetrabit.

Sic mundus creatus est.

Hinc erunt adaptationes mirabiles quarum modus est hic.

Itaque vocatus sum Hermes Trismegistus, habens tres partes philosophi totius mundi.

Completum est quod dixi de operatione Solis."

" verdade, correto e sem falsidade, que o que est em baixo, como em cima, para cumprir-se a Grande Obra. Como todas as coisas derivam-se da Coisa nica, pela vontade e pela palavra daquele nico que as mentalizou, assim tambm tudo deve a sua existncia a esta Unidade, pela ordem Natural, e tudo pode ser aperfeioado por adaptao quela Mente.Seu pai o Sol; sua me a Lua, o Vento a transporta em seu ventre, sua nutriz a Terra. Este ente o pai de todas as coisas do Mundo. Seu poder imenso e perfeito, quando novamente separada da Terra. Separas, pois o Fogo da Terra, o sutil do denso, mas com cuidado, com grande habilidade e critrio.

Ela sobe da Terra ao Cu e novamente desce Terra, renascendo e assim tomando para si o poder de Cima e o poder de Baixo. Desta forma o esplendor do mundo ser todo teu, possuirs todas as glrias do universo e quaisquer trevas afastar-se-o de t. Nisso consiste o poder poderoso de todo poder; capaz de vencer todo o sutil e penetrar tudo o que slido. Do mesmo modo o universo criado. De l vem as realizaes maravilhosas, e seu mecanismo o mesmo. por isso que sou chamado Hermes Trismegistus, possuindo poder sobre os trs aspectos da filosofia universal. O que eu disse da obra-mestra da Arte Alqumica, a Obra Solar, aqui est dito e encerra tudo.

A Tbua de Esmeralda - Hermes Trismegistus

A Alquimia, segundo G. O. Mebes uma cincia Hermtica por excelncia. tambm uma cincia Solar, que tem no sol, assim como Hermes Toth, uma grande fora e uma grande fonte de atrao.

Ainda de acordo com Mebes, o Sol, representado no Taro pelo Arcano 19 e pela letra hebraica Cuph, indica trs processos fundamentais:. Alcanar as verdades frutferas, que corresponde a Obra Magna no campo das ideias. Adquirir as virtudes hermticas, a Obra Magna do Hermetismo tico. Realizar a Pedra Filosofal, a Obra Magna da Alquimia.

De acordo com o Hermetismo tico, cada ser humano composto de uma substncia cuja disposio e fixao numa determinada ordem, fazem com que a pessoa se torne virtuosa. O "pai" desta virtude a atividade - o Sol, sua me a passividade - a Lua. Durante o perodo de gestao, a virtude carregada pelo Vento, ou seja no ambiente astral; nutrida pela me Terra dever se manifestar no mundo do sacrifcio, ambiente zodiacal; entretanto, somente o Telesma, que o invlucro da Vontade, pode causar os processos de gestao, do nascimento e da adaptao. Em outras palavras, o prprio Pentagrama que cria sua virtude.

Para formar suas convices no campo da Filosofia Hermtica, preciso primeiro separar a f do conhecimento, para depois sintetiz-los numa totalidade harmoniosa. Assim, no Hermetismo tico, necessrio saber quais impulsos provem do Tringulo Superior e quais os que provem do Tringulo Inferior, na Estrela de Salomo. preciso desenvolver uma receptividade consciente para os princpios vindos do Alto assim como uma capacidade de avaliao das manifestaes densas do Baixo. Do Alto vem o preceito "ama o teu prximo". Mas como e o que amar nele? O que fazer para ele? A resposta : "amar como a si mesmo", e isto s pode ser aprendido no plano da involuo do Tringulo Inferior. Assim, temos que conhecer os ideais elevados e a aspirao Reintegrao e, paralelamente, observar e estudar o nosso prprio egosmo rasteiro, para poder interlig-los pelas grandes leis da tica.

absolutamente necessrio saber elevar-se da Terra para o Cu e voltar de novo... buscando os princpios em suas fontes no Alto e a suas manifestaes no Baixo. Ento nossa Virtude adquirir fora plena, e quaisquer trevas desaparecero do corao.

Quando estivermos prontos para assimilar o que sutil, ento seremos mais virtuosos; e por meio das correntes que formaremos e atravs delas, essa Virtude penetrar tudo que denso, vencer a inrcia egosta das massas e, mesmo contra sua vontade, incutir-lhes- os princpios ticos.

No plano puramente mental do Hermetismo, o intelecto oscila entre o Cu (princpios) e a Terra (fatos), isto , pratica a deduo e a induo; o mesmo deve ser feito pelo corao...

Em ambos os campos, encontramos os trs princpios Alqumicos ligados ao Hermetismo tico: ENXOFRE ativo (aspirao as alturas) MERCRIO passivo (conhecimento das plancies)SAL neutro (produto da harmonizao entre os dois primeiros)

Nos dois campos, existe o Quaternrio expresso pelo Tetragramaton da Cabala ou pela Cruz Hermtica:

IOD 1 - Busca da Verdade 1 - Atividade Evolutiva (Triangulo Superior)HE 2 - Aspirao em assimil-la 3 - Emotividade PassivaVAU 3 - Aspirao em transmiti-la 2 - Atividade Involutiva (Triangulo Inferior)2 HE 4 - Desejo de sintetiz-la num 4 - Emoes Positivas

Sistema harmonioso

Tanto no campo do corao como no da mente existe o quinto elemento que o prprio operador, no centro do quaternrio. Em metafsica o quinto elemento o Ado decado que adquire a experincia do bem e do mal na grande balana que mantm o equilbrio do mundo.

No Hermetismo o quinto elemento a quintessncia, a Vontade que Rege a Cruz Hermtica.

Trecho de escrito do telogo Hans Urs von Balthasar ao livro "Meditaes sobre os 22 Arcanos Maiores do Tar sobre Hermetismo Cristo:Um pensador e orante cristo, cuja pureza fora admirao, apresenta-se diante de ns, inspirando-se nas cincias cabalsticas e em alguns elementos da alquimia e da astrologia, smbolos do hermetismo cristo em seus diferentes nveis mstica gnose e magia smbolos esses reunidos nos chamados vinte e dois "grandes arcanos" do jogo de taro, e, por suas meditaes, procura reconduzir sabedoria mais profunda, porque universal, do mistrio catlico.

Lembremos, em primeiro lugar, que essa tentativa no se encontra isolada na histria do pensamento catlico, teolgico e filosfico. De modo geral, os Padres da Igreja interpretavam os mitos nascidos do pensamento e da imaginao pagos como vagos pressentimentos do logos plenamente revelado em Jesus (demonstrao essa que foi retomada de maneira monumental por Schelling em sua ltima filosofia). Em particular, Orgenes, indo at o fim nesse caminho, empenhou-se em sua ao de cristo, em levar para a clareza da revelao bblica no s a sabedoria filosfica dos pagos como tambm a "sabedoria dos prncipes deste mundo" (I Cor 2,6), pela qual ele entendia "algo como a pretensa filosofia secreta dos egpcios" (fazendo aluso aos escritos hermticos atribudos a "Hermes Trismegisto" = Tot, divindade egpcia), "a astrologia dos caldeus e dos hindus... que prometem ensinar a cincia das coisas supraterrestres" e tambm "as mltiplas doutrinas dos gregos sobre a natureza do divino". Ele considerava possvel que os poderes do mundo no ensinem sua sabedoria "aos homens... para les-los, mas porque eles mesmos acreditam na verdade dessas coisas". Ideias semelhantes encontram-se na Praeparatio evanglica de Eusbio de Cesaria.

So conhecidas as muitas influncias, em parte rabes, exercidas durante a Idade Mdia pelas ideias de poderes do mundo ou de "inteligncias" (entendidas por uns como pensamentos de Deus, por outros, como anjos) na filosofia crist da natureza; mas conhecida, sobretudo a preocupao que, continuando esse gnero de especulao, tiveram os melhores espritos da Renascena de transpor novamente para o domnio cristo a cabala mgica e mstica dos judeus. Notou-se, nessa poca, que um bom nmero de Padres da Igreja tinha arranjado para o misterioso Hermes Trismegisto um lugar de honra entre os profetas e os sbios pagos, e que livros hermticos tinham circulado desde o comeo da Idade Mdia at a baixa Idade Mdia. A Renascena, por seu lado, celebra em Hermes Trismegisto o grande contemporneo de Moiss e o ancestral da sabedoria grega (lembremos a sua venervel figura incrustada no pavimento da catedral de Sena). Se, por meio dele e de outros pensadores pagos, os poetas, os artistas e os telogos, com um entusiasmo respeitoso, fazem voltar para seu foco cristo os raios dispersos da luz divina, muito mais peso tem o outro repatriamento, o da cabala, cuja tradio oral secreta feita remontar aos tempos de Moiss. As primeiras discusses defendendo ou contestando as doutrinas esotricas da cabala so atribudas aos judeus espanhis do sculo XII, convertidos ou no; trs sculos mais tarde foi tentado o contato com ela por Reuchlin, na Alemanha, por Marsilio Ficino e principalmente por Pico della Mirandola; e o surpreendente cardeal Egdio de Viterbo (1469-1555) procurou usar a cabala na exegese da Sagrada Escritura, non peregrina, sed domestica methodo, "empregando um mtodo que no lhe estranho, mas de acordo com o seu esprito". Por ordem de Clemente VII, esse prncipe da Igreja redigiu seu turbulento tratado da Schechina, dedicado a Carlos V. Seria fcil citar, alm desses poucos nomes clebres, uma multido de precursores e imitadores de menor envergadura; o que importa aqui que essa penetrao do esoterismo pago e judaico correspondia inegavelmente ao esprito do humanismo, que esperava insuflar uma vida nova na teologia crist estagnada, reunindo assim raios dispersos da revelao, sem duvidar, um s instante, da possibilidade de reunir todos esses elementos contrastantes na f crist autntica. Pico della Mirandola, de modo particular, afirmou claramente que no procurava nenhum sincretismo: "Trago em minha fronte o nome de Jesus, e morrerei com alegria pela ie que tenho nele. No sou mgico, nem judeu, nem ismaelita, nem herege; a Jesus que rendo culto, a sua cruz que trago em meu corpo". Tambm nosso autor subscreveria essa afirmao.

De modo anlogo, houve outras "repatriaes" notveis de sabedoria hermtica e cabalstica para o pensamento bblico e cristo como, de modo especial, as transposies, feitas por Martin Buber, do hassidismo, que era profundamente marcado pela cabala, para o nvel da percepo moderna, e a transformao, de um vigor igualmente to criativo, operada pelo filsofo Franz von Baader, incorporando a cristosofia de Jakob Boehme concepo catlica do mundo. Mencionaremos ainda, brevemente, uma terceira transposio, menos clara, porm, a saber, a da alquimia e a da magia antiga para as esferas da psicologia das profundezas, feita por C. G. Jung. Quanto s presentes meditaes, elas vo todas no mesmo sentido que as grandes contribuies de Pico della Mirandola e Baader, apesar de no decorrerem delas diretamente. Os afluentes msticos, mgicos e ocultos que alimentam o rio de suas reflexes so bastante variados, mas isso no impede que essas guas, misturando-se, cheguem a uma contemplao crist multiforme, mas unida em seu fundo.

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