Fiocruz e Servi- er anunciam re- médio para is- quemia ...o Vastarel) para o tratamento da isquemia...

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Fiocruz e Servier anunciam remédio

para isquemia cardíaca.......................1

Ações de assistência farmacêutica recebem R$ 6,3 milhões......................2

Cientistas criam células capazes de produzir insulina.................................2

OMS recomenda adoção de vacina contra dengue por países endêmi-

cos......................................................3

Dilma sanciona lei que libera o uso da

'pílula do câncer' .................................4

Cientistas testam melatonina contra Doença de Chagas .............................4

Pesquisadores fluminenses compro-vam que o Zika vírus é o causador da microcefalia fetal................................5

Há conflito entre interesses de farma-

cêuticas e sociedade, diz especialista da OPAS/OMS.....................................7

9 de Maio

Plenária temática - Uso Racional

de Medicamentos (Porto Alegre/

RS) Mais informações: http://goo.gl/

jZ2Ost

21 e 22 de Maio

Curso - Suplementação Esportiva

com Fitoterápicos, Nutracêuticos e Ortomolecular (Rio de Janeiro/RJ)

Mais informações: http://goo.gl/

eFbYPT

30 de Maio

Palestra - A importância do farma-

cêutico na luta contra a dopagem no esporte (São Paulo/SP)

Mais informações: http://goo.gl/

Di3nc2

Maio de 2016

Nesta Edição

Agenda

Fiocruz e Servi-er anunciam re-médio para is-quemia cardíaca Fonte: Agência Fiocruz de Notícias Disponível em: https://goo.gl/Hexi7y

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e o Grupo

Servier anunciaram no dia 6 de abril uma parceria de transferência de tecnolo-

gia de uma plataforma de produção de liberação modificada de micropellets, o

que permitirá a fabricação da terceira geração de um medicamento inovador

(o Vastarel) para o tratamento da isquemia cardíaca, segunda doença de mai-

or mortalidade no mundo. O medicamento produzido em parceria com Far-

manguinhos abastecerá o mercado nacional e estará disponível também para

exportação. A plataforma já tem desenvolvimento para outros medicamentos

e poderá ser utilizada para desenvolvimento de novos produtos de interesse

do sistema público de saúde.

O anúncio ocorreu na cerimônia que comemorou os 40 anos de atuação da

Servier no Brasil, na qual também foi divulgado um pacote de investimentos

que inclui o lançamento de novos medicamentos e de parcerias em pesquisa,

além do apoio a projetos sociais.

SERVIER

Parte dos 30 principais grupos farmacêuticos do mundo, a Servier faturou 3,9

bilhões de euros no mundo em 2015 e tem um modelo de negócio único: é

uma fundação privada sem fins lucrativos, 100% dedicada à pesquisa e ao de-

senvolvimento de medicamentos inovadores com 100% do lucro reinvestido a

cada ano. Não há distribuição de dividendos. A estrutura foi pensada pelo fun-

dador Jacques Servier antes de sua morte em 2014, para garantir sustentabili-

dade e independência do mercado financeiro.

FARMANGUINHOS

O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) é, atualmen-

te, o maior laboratório farmacêutico oficial vinculado ao Ministério da Saúde.

Farmanguinhos produz mais de 1 bilhão de medicamentos por ano para os

programas estratégicos do Governo Federal, que são distribuídos à população

pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de atender demandas emergenciais

no Brasil e no exterior. Entre os produtos elaborados pelo Instituto estão anti-

bióticos, anti-inflamatórios, anti-infecciosos, antiulcerantes, analgésicos, medi-

camentos para doenças endêmicas, como malária e tuberculose, antirretrovi-

rais contra a Aids, medicamentos para o sistema cardiovascular e o sistema

nervoso central e para os programas de diabetes e hipertensão. Atualmente, o

Instituto pode produzir mais de 50 tipos de medicamentos diferentes, de acor-

do com as necessidades do SUS.

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Ações de assistência farmacêutica rece-bem R$ 6,3 milhões

Fonte: Portal Brasil Disponível em: http://goo.gl/NJQpmJ

Mais de mil municípios irão receber R$ 6,3 milhões para

aprimorar a qualidade e estrutura dos serviços farmacêuti-

cos. A iniciativa faz parte do Programa Nacional de Qualifi-

cação da Assistência Farmacêutica no âmbito do Sistema

Único de Saúde (Qualifar-SUS). O recurso também poderá

ser destinado para a contratação de novos profissionais,

além do aprimoramento dos serviços de conectividade dos

locais, para dar maior agilidade ao atendimento à população

e uma melhor organização dos estoques de medicamentos.

Para ver a lista completa de municípios contempla-

dos, acesse esse endereço: http://goo.gl/L6Ji9x

“Essa medida visa qualificar a gestão da assistência farma-

cêutica por meio da formação profissional e informatização

dos serviços farmacêuticos que existem no País. Assim,

ampliando o acesso e a qualidade dos serviços para a popu-

lação” explica o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos

Estratégicos do Ministério da Saúde, Eduardo Costa.

Desde a criação do Programa, em 2012, o Ministério da Saú-

de já destinou mais de R$ 100 milhões para 1.582 municí-

pios, 70% dos incluídos na lista do Programa Brasil sem Mi-

séria com até cem mil habitantes. A estratégia de qualificar

os serviços de saúde integra o conjunto de investimentos já

realizados por meio do Projeto de Qualificação da Assistên-

cia Farmacêutica e Intervenção Sistêmica da Assistência

Farmacêutica nas Redes de Atenção à Saúde (QualiSUS-

Rede), que foi desenvolvido em 15 regiões do País, em 486

municípios, com entrega de computadores, realização de

pesquisa diagnóstica sobre os serviços farmacêuticos e

ofertas educacionais na modalidade a distância para mais

de 5 mil profissionais de saúde.

O PROGRAMA

Para participar do Qualifar-SUS, o município deve estar na

lista do Brasil Sem Miséria e fazer parte de outros progra-

mas da Atenção Básica, como o Programa Nacional de Me-

lhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ),

Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saú-

de (Requalifica UBS) e o Hórus, sistema de Assistência Far-

macêutica que permite o controle da compra, armazena-

mento, distribuição e dispensação dos medicamentos.

Organizado em quatro eixos (estrutura, educação, informa-

ção e cuidado), o programa engloba desde investimentos na

estruturação dos serviços farmacêuticos até ações de cui-

dado ao usuário. A proposta é contribuir para o aprimora-

mento, implementação e integração das atividades da as-

sistência farmacêutica nas ações e serviços de saúde, vi-

sando uma atenção contínua, integral, segura, responsável e

humanizada.

Cientistas criam células capazes de produzir insulina Fonte: Jornal O Globo (on-line) Disponível em: http://goo.gl/dDRw59

Cientistas americanos anunciaram nesta quarta-feira a

descoberta de uma proteína capaz de criar células que

secretam insulina, o hormônio que regula o nível de gli-

cose no sangue. Como todas as pesquisas relaciona-

das ao diabetes, a equipe do Instituto Salk, na Califórnia

(EUA), tentou primeiro converter células-tronco embrio-

nárias em células beta funcionais, mas não teve suces-

so. Até agora, todos os estudos paravam neste ponto,

porque o resultante eram células beta imaturas, incapa-

zes de secretar insulina.

Desta vez, porém, o biólogo molecular Ronald Evans

conseguiu superar este obstáculo: em um experimento

com ratos, ele identificou a proteína ERR-gama, e a

acrescentou às células beta imaturas. Com isso, obteve

células funcionais.

Depois, o pesquisador percebeu que a quantidade des-

sa proteína era muito maior em células funcionais do

que nas imaturas, acelerando o crescimento das mito-

côndrias — organela celular responsável pelo metabo-

lismo da glicose e a síntese de energia do organismo.

Era como se o motor produtor da insulina tivesse sido

“ligado”.

— Encontramos o elemento que faltava para a produção

de células beta humanas robustas e funcionais, e que

pode levar a um novo tratamento para o diabetes —

conta Evans, que publicou seu estudo na revista “Cell

Metabolism”. — Superamos um grande bloqueio.

PRODUÇÃO RÁPIDA DE ENERGIA

De acordo com o pesquisador, a ERR-gama tem ação

importante em diversos tipos de célula, como as mus-

culares e as cerebrais, já que permite a produção rápida

de energia.

— Quando eliminamos esta proteína dos animais, a res-

posta à glicose também é eliminada. Isso mostra como

a ERR-gama é importante para conseguirmos uma célu-

la beta funcional — explica Evans. — Esta produção po-

derá ser ininterrupta. É uma nova era no tratamento do

diabetes.

Professora de pós-graduação de Endocrinologia da PUC

-Rio, Isabela Bussade acredita que a pesquisa

“acrescenta mais uma peça no quebra-cabeças da tera-

pia molecular do diabético”. Os beneficiados, avalia, são

os portadores do diabetes tipo 1, que correspondem a

aproximadamente 5% dos diabéticos do mundo.

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— Os pacientes com diabetes tipo 1 não têm células beta

funcionais e precisam de uma aplicação diária de insulina. A

terapia proposta na pesquisa, se for desenvolvida, pode su-

prir esta necessidade — explica. — O diabetes tipo 2 não é

ligado a deficiências na produção de insulina, e sim a resis-

tências da ação desse hormônio.

'É COMO UM TRANSPLANTE'

O diagnóstico é confirmado por Ana Carolina Nader, diretora

da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia no

Rio (SBEM-RJ):

— A maior dificuldade do diabetes tipo 1 é que ele destrói as

células beta. A partir deste estudo, podemos pensar em mo-

dos de reinseri-las no organismo. É como se fosse um

transplante de um órgão novo — compara Ana, que também

é endocrinologista do Hospital Federal dos Servidores do

Estado. — Mas ainda falta estudar se este procedimento

terá um resultado definitivo ou se, depois de um tempo, o

organismo pode rejeitar

essas células.

Ana Carolina destaca por

que a cura do diabetes

sempre passou pela maior

compreensão sobre o po-

tencial das células-tronco

embrionárias:

— Como estas células têm

capacidade de se transfor-

mar em qualquer tecido,

acreditava-se que elas

seriam capazes de curar

qualquer doença. No dia-

betes, porém, isso nunca se confirmou. Só conseguíamos

células beta que não eram funcionais — destaca. — Agora

finalmente descobrimos que esta proteína é fundamental

para a ação celular, devido a sua reação ao nível de glicose

no sangue.

Para Michael Downes, coautor do estudo, o avanço resultará

em uma resposta mais bem controlada da insulina do que a

disponível atualmente.

— Antes não se sabia nada sobre o processo de maturação

das células beta. Procuramos em uma caixa preta e agora

sabemos o que está ali — diz ele, que classifica a técnica

como fácil, rápida e barata.

Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde divul-

gou um relatório alertando que o número de diabéticos no

mundo é quatro vezes maior do que em 1980. O número de

casos da enfermidade aumentou principalmente nos países

em desenvolvimento. No Brasil, existem cerca de 16 mi-

lhões de diabéticos.

OMS recomenda adoção de vacina contra dengue por países endêmicos Fonte: Portal G1 Disponível em: http://goo.gl/pOZPuv

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta

sexta-feira (15), a recomendação de que países com

elevada transmissão de dengue considerem a introdu-

ção da vacina produzida pela Sanofi Pasteur - única

imunização contra dengue registrada no mundo até o

momento – como parte das estratégias de prevenção

contra a doença, que também incluem o controle de

mosquitos.

A recomendação foi feita com base em um parecer do

Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas (Sage)

sobre Imunização da OMS, que se reuniu para discutir o

assunto nesta quinta-feira

em Genebra.

O grupo considera que a va-

cinação no início da adoles-

cência pode reduzir a hospi-

talização por dengue entre

10% e 30% no período de 30

anos, o que representa um

benefício significativo para a

saúde pública. A recomenda-

ção vale para regiões em

que a prevalência de pesso-

as que já tiveram dengue é

de aproximadamente 70% ou

maior, já que a vacina tem

maior eficácia em pessoas que já foram acometidas

por um dos sorotipos.

Para a farmacêutica-bioquímica Amanda Pinho, diretora

de planejamento estratégico de dengue da Sanofi Pas-

teur, a recomendação da OMS é um dos critérios que

pode ser levado em consideração pelo Ministério da

Saúde para uma possível incorporação da imunização

ao Sistema Único de Saúde (SUS).

A vacina recebeu o registro da Agência Nacional de Vi-

gilância Sanitária (Anvisa) em dezembro de 2015 e, atu-

almente, aguarda definição de preço pela Câmara de

Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Só a

partir dessa definição, esperada para este semestre, é

que a vacina poderá ser comercializada no país.

FILIPINAS JÁ COMEÇOU VACINAÇÃO

Nas Filipinas, a vacina já faz parte de um programa de

vacinação pública que pretende aplicá-la em um milhão

de crianças de três regiões com alta transmissão de

dengue ainda este ano.

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No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, já sinalizou

em janeiro que considera a vacina da Sanofi "muito cara" e

que a pasta ainda estuda se pretende ou não adotar o pro-

duto no sistema público.

O esquema de vacinação envolve a aplicação de três doses

com intervalo de seis meses entre elas. Os resultados obti-

dos até o momento sugerem que não seria necessário reva-

cinar.

A vacina é indicada para pessoas de 9 a 45 anos. Estudos

clínicos de fase 3 haviam apontado que, em uma população

de 9 a 16 anos, a vacina é capaz de proteger 66% dos indiví-

duos contra a dengue.

Nesse grupo etário, a imunização é bem mais eficaz para

quem já foi infectado por um dos quatro sorotipos do vírus.

Quem já pegou dengue tem uma proteção de 82%. Enquanto

isso, quem nunca pegou a doença tem apenas 52% de pro-

teção garantida.

VACINA DO BUTANTAN

Até o momento, a vacina de dengue da Sanofi - cujo nome

comercial é DengVaxia - é a única aprovada no mundo. Mas

existem outras vacinas em estudo. A que está em fase mais

avançada é a que foi desenvolvida em parceria entre o Insti-

tuto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA

(NIH), que já deu início à ultima fase de testes clínicos antes

de ser submetida à Anvisa para registro.

Dilma sanciona lei que libera o uso da 'pílula do câncer' Fonte: Jornal O Tempo (on-line) Disponível em: http://goo.gl/gxazR4

A presidente Dilma Rousseff sancionou nesta quinta-feira

(14) o projeto de lei aprovado no Congresso que permite a

produção, a distribuição e o uso da fosfoetanolamina sinté-

tica, conhecida como "pílula do câncer".

A medida autoriza pessoas com câncer a utilizarem a subs-

tância "por livre escolha", desde que apresentem laudo mé-

dico com a comprovação do diagnóstico e assinem termo

de consentimento e responsabilidade.

A nova lei também autoriza a produção, importação, distri-

buição, prescrição e uso da fosfoetanolamina, "em caráter

excepcional", ainda que a substância não tenha registro na

Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A liberação foi publicada no "Diário Oficial da União". A deci-

são ocorre mesmo após pareceres contrários do Ministério

da Saúde, da Ciência e Tecnologia e da própria Anvisa, entre

outros órgãos, que temem riscos à saúde dos pacientes

com a sanção da nova lei.

O principal impasse é que a substância, embora tenha

sido desenvolvida há 20 anos, nunca passou por estu-

dos clínicos que comprovem sua segurança e eficácia.

Além disso, os primeiros resultados de testes indepen-

dentes feitos com a pílula, divulgados pelo Ministério

da Ciência e Tecnologia, não foram bons. Segundo as

análises, ela teve desempenho muito inferior ao de dro-

gas anticâncer já disponíveis há décadas.

SEM VETOS

A iniciativa de sancionar o projeto já havia sido indicada

à presidente após reunião na Casa Civil na quarta-feira

(13).

Inicialmente, no entanto, a ideia era que fosse vetado

apenas um artigo, que trata o uso da fosfoetanolamina

como de "relevância pública". O trecho foi mantido.

A forte pressão de pacientes e do Congresso pesaram

na decisão por sancionar o texto integralmente. A avali-

ação é que o veto total ao projeto, como era a recomen-

dação de alguns ministérios, poderia trazer maior des-

gaste à presidente, a três dias da votação do impeach-

ment na Câmara dos Deputados.

Em meio ao impasse, o governo pretende que seja cria-

do um grupo de trabalho não apenas para monitora-

mento do resultado das pesquisas, financiadas pelos

ministérios da Ciência e Tecnologia e Saúde, como tam-

bém para discutir regras para distribuição e uso da fos-

foetanolamina.

A liberação da substância ocorre apenas até que os

estudos clínicos sejam finalizados. A lei diz ainda que a

produção, importação, distribuição e prescrição somen-

te serão permitidas para agentes autorizados pelos ór-

gãos de controle, como a Anvisa.

Cientistas testam melatonina contra Doença de Chagas Fonte: Agência USP de Notícias Disponível em: http://goo.gl/gsbLUQ

O chamado hormônio do sono, a melatonina, possui

várias ações. Entre elas, melhorar a resposta imune e

diminuir inflamações. Com isso, o uso da melatonina na

Doença de Chagas tem mostrado ação anti-inflamatória

e protetora na fase crônica da infecção. Este é um dos

mais recentes achados da equipe de pesquisadores do

laboratório de parasitologia da Faculdade de Ciências

Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, lide-

rada pelo professor José Clóvis do Prado Júnior.

Acreditam os especialistas que a melatonina também

apresenta potencial antioxidante, pois foi observada

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uma diminuição do estresse oxidativo e controle do proces-

so de morte celular. Os pesquisadores usam o hormônio

sintético idêntico ao natural, que é produzido no cérebro

humano pela glândula pineal, estrutura bem pequena locali-

zada no centro do cérebro que secreta o hormônio durante

a noite e o inibe pela manhã, com a luz do sol.

Há anos estudando os efeitos desse hormônio em animais

infectados pelo parasita Trypanosoma cruzi, o grupo já ha-

via demonstrado seu papel no potencial de resposta imune

na fase aguda da doença. Os resultados dessa etapa de

estudos mostraram que o hormônio induziu a redução da

carga parasitária no sangue e nos tecidos infectados. Já o

que observaram agora, mostra que a melatonina tem ação

também na fase crônica da Doença de Chagas, algo consi-

derado extremamente positivo, pois o único medicamento

utilizado no Brasil, o Benzonidazol, “apresenta eficácia tera-

pêutica limitada no tratamento de pacientes com infecção

crônica”, lembra o professor Prado Júnior.

Tratando os animais na fase crônica da Doença de Chagas

com melatonina, a equipe da FCFRP conseguiu confirmar

“as ações antioxidantes deste hormônio, reduzindo o estres-

se oxidativo e inflamação”. E ainda, continua o professor,

“demonstramos outra característica importante da molécula

de melatonina: sua capacidade de regular o processo de

apoptose (morte) celular”.

INFECÇÃO CRÔNICA

As informações inéditas foram alvo de publicações recentes

em duas importantes revistas científicas internacionais,

a Immunobiology e o Journal of Pineal Research. “Os meca-

nismos imunológicos envolvidos na infecção porTrypanoso-

ma cruzi, seja na proteção ou no avanço da doença no orga-

nismo do hospedeiro ainda não estão completamente escla-

recidos”, ressalta Vânia.

Os estudos foram conduzidos até o momento em experi-

mentos com animais (ratos Wistar) infectados pelo parasi-

ta. Vânia conta que administraram doses de melatonina

sintética dissolvida em água por via oral aos animais. A pes-

quisadora lembra que ainda não existem relatos científicos

de uso de melatonina para tratar a Doença de Chagas em

humanos. O que está provado, afirma Vânia, é que esse hor-

mônio sintetizado possui ação de indução do sono, princi-

palmente em transtornos ocasionados por mudanças brus-

cas no fuso horário (jet lag) e trabalhadores com jornada

noturna.

“Outras evidências demonstram que a melatonina pode ser

um agente terapêutico importante contra o câncer, hiperten-

são e doenças neurodegenerativas”, conta a pesquisadora,

adiantando que ainda não existem avaliações adequadas

quanto ao uso da melatonina para tratar tais doenças.

Mas o trabalho continua no laboratório de parasitologia da

FCFRP. Um novo projeto, aprovado pela Fundação de Ampa-

ro à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), já está em

andamento e os pesquisadores avançam na compreensão

“dos mecanismos celulares e moleculares que alteram a

imunidade ao longo da vida e seus reflexos frente à Doença

de Chagas”, estudo este conduzido pela doutoranda

Rafaela Pravato Colato.

Outra proposta inédita dos pesquisadores vem sendo

desenvolvida pela pós-doutoranda Vânia Brazão que

tenta entender as alterações das funções imunológicas

em animais idosos e chagásicos, em tratamento com

melatonina. Vânia comenta que respostas como estas

podem ser importantes na elaboração de futuros trata-

mentos com substâncias imuno-modulatórias no senti-

do de tornar o sistema imune do hospedeiro mais efici-

ente contra o parasita.

Pesquisadores fluminenses compro-vam que o Zika vírus é o causador da microcefalia fetal Fonte: FAPERJ Disponível em: http://goo.gl/0P2NJJ

A relação entre o vírus da Zika e a microcefalia em fe-

tos foi comprovada por pesquisadores da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto D’Or de

Pesquisa e Ensino (Idor), que divulgaram seus resulta-

dos na tarde desta segunda-feira, 11 de abril, durante

coletiva de imprensa realizada na sede da Academia

Brasileira de Ciências (ABC). Até então, em meio à epi-

demia de mais de mil casos de microcefalia no País, os

cientistas ainda não tinham comprovação de que o ví-

rus da Zika é o causador desta alteração no desenvolvi-

mento do cérebro de bebês. O estudo, resultado de um

esforço coletivo de pesquisa em tempo recorde – fo-

ram apenas 25 dias de trabalho incessante, entre 6 de

fevereiro e 2 de março –, ganhou destaque com a publi-

cação de um artigo na revista Science, uma das mais

conceituadas do mundo.

Para se ter ideia da relevância dessa conquista, em 136

anos de existência da Science, raros foram os trabalhos

realizados por cientistas lotados exclusivamente no

Brasil e publicados na revista. Intitulado Zika virus im-

pairs growth in human neurospheres and brain orga-

noids(http://science.sciencemag.org/content/

early/2016/04/08/science.aaf6116.full), o artigo é assi-

nado por diversos pesquisadores, que já têm uma longa

experiência nessa área de estudo. São eles: Patricia

Pestana Garcez, do Instituto de Ciências Biomédicas

(ICB/UFRJ) e do Idor; Erick Loiola, Rodrigo Madeiro da

Costa, Pablo Trindade e Stevens Rehen – todos do La-

boratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias

(LaNCE/UFRJ) e do Idor; Luiza Higa, Rodrigo Brindeiro e

Almicar Tanuri, do Laboratório de Virologia Molecular

da UFRJ; Rodrigo Delvecchio, do Instituto de Biologia da

UFRJ; e Juliana Minardi Nascimento, pesquisadora do

Idor e da Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp).

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A partir de células-tronco reprogramadas, os cientistas, lide-

rados por Stevens Rehen, da UFRJ e do Idor, criaram estru-

turas conhecidas como minicérebros, que simulam as célu-

las do cérebro humano durante o desenvolvimento e, por

isso, são um excelente modelo para investigar o que aconte-

ce no sistema nervoso após a infecção com o vírus da Zika.

“Infectamos essas estruturas com o Zika vírus a fim de ob-

servar as consequências para a formação do cérebro fetal e

chegamos à conclusão de que, nos modelos investigados –

de 11 dias de vida, que simulam o córtex cerebral de um

feto com um mês de gestação –, houve uma redução de

40% no crescimento”, destacou Rehen.

Ele contou que os minicérebros estão entre as novíssimas

tecnologias utilizadas por pesquisadores de ponta nas me-

lhores universidades do mundo, sendo o Instituto D'Or um

dos primeiros a abrigar a estrutura necessária para sua ma-

nutenção e desenvolvimento. Eles são uma aplicação do

que genericamente os cientistas chamam de organoides –

capazes de simular os estágios de desenvolvimento dos

diferentes órgãos do corpo humano. Como não são irriga-

dos e nutridos pelos vasos sanguíneos, não crescem muito,

alcançando cerca de dois milímetros de tamanho. Estes

minicérebros são gerados a partir da

obtenção de células-tronco não-

embrionárias, adquiridas em amostras

de urina e, posteriormente, convertidas

em neurônios.

Os organoides que vêm sendo utiliza-

dos para simular as condições do cére-

bro pela equipe brasileira permitem o

estudo das células neurais em estágio

precoce, dividindo-se após a infecção

com o Zika vírus. “Ninguém sabe ainda

como o Zika atua no tecido cerebral.

Observamos por imagens feitas no

microscópio eletrônico que o vírus

causa uma grande alteração na organi-

zação dessas neuroesferas, o que cul-

mina com a destruição total desse te-

cido, por morte celular”, ressaltou Rehen.

O neurocientista lembrou que o grau de

toxicidade do vírus depende do estágio de desenvolvimento

da célula neural. “Quanto mais precoce a infecção, pior é

para o desenvolvimento do cérebro. Com as células isola-

das, observamos que, em três dias, o vírus da Zika é capaz

de destruir 80% da cultura, o que atesta como ele é agressi-

vo”, completou.

Agora, a equipe está correndo contra o tempo para testar os

efeitos de diversos medicamentos nos minicérebros infecta-

dos, determinada a decifrar qual fórmula será eficaz contra

o vírus. A vantagem é que esses medicamentos já estão nas

prateleiras das farmácias e, se os cientistas comprovarem a

eficácia de algum deles em reduzir os danos às células neu-

rais causados pela doença, eles poderão ser utilizados pron-

tamente pelas gestantes, sem a necessidade do aval da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de regis-

tro de patente. Trata-se de um trabalho desafiador. ”Dez

medicamentos possíveis estão sendo testados e um deles

apresenta chances promissoras. Os testes começaram há

três semanas e acontecem dia e noite. Para isso, contamos

com a ajuda de dois robôs, que fazem análises automa-

tizadas em larga escala. Eles ajudam não só na veloci-

dade dos testes, mas na precisão dos movimentos. A

expectativa é boa para os próximos meses”, avaliou

Rehen.

Em um curto espaço de tempo, o artigo foi lido por

mais de dez mil pessoas no site da Science. Devido à

urgência da epidemia de Zika e seguindo recomenda-

ções da Organização Mundial da Saúde (OMS), a tradi-

cional revista flexibilizou os critérios de publicação e

aceitou divulgar o pré-print do artigo. “Espero que a pu-

blicação do artigo na Science contribua para reafirmar a

ciência brasileira de fato como uma ciência internacio-

nal”, ponderou Rehen. Ele também reconheceu a impor-

tância do apoio da FAPERJ ao longo de sua trajetória e

de outros pesquisadores da rede. “Sou bolsista da Fun-

dação desde a Iniciação Científica. Todos os colegas

em algum momento da carreira receberam apoio da

FAPERJ”, concluiu.

A publicação deste resultado pelos cientistas brasilei-

ros ocorre no momento em que há um esforço interna-

cional de pesquisa para tentar des-

vendar as causas da epidemia de

Zika e sua relação com a microcefa-

lia. Nessa corrida científica, um dia

após a divulgação dos resultados da

equipe brasileira na sede da ABC,

pesquisadores do órgão de controle

epidemiológico dos Estados Unidos,

o Centro de Controle e Prevenção de

Doenças (CDC), publicaram um estu-

do nesta quarta-feira, 13 de abril,

confirmando a relação entre a infec-

ção pelo vírus Zika em mulheres grá-

vidas e problemas de má-formação

congênita em bebês, como a micro-

cefalia. O estudo foi publicado no

jornal científico The New England

Journal of Medicine (NEJM) e classi-

ficou como suficientes as evidências

para confirmar a correlação.

Diversas autoridades prestigiaram a divulgação da pes-

quisa na ABC. O presidente da FAPERJ, Augusto C.

Raupp, destacou que os resultados em ciência e tecno-

logia dependem de investimentos contínuos no setor.

“O conhecimento em ciência é cumulativo, sendo este o

resultado de diversos investimentos feitos no passado

pela FAPERJ. A complementaridade entre investimen-

tos públicos e privados também é importante, porque a

ciência não pode parar. Por isso, a FAPERJ lançou um

edital conjunto com o Idor [Apoio à Realização de Pes-

quisas Clínicas e Translacionais no Estado do Rio de

Janeiro - 2014]”, disse Raupp. Ele destacou a importân-

cia do programa Pesquisa em Zika, Chikungunya e Den-

gue no Estado do Rio de Janeiro – 2015, que apoia o

estudo das três arboviroses – zika, chikungunya e den-

gue – abrangendo diversos aspectos, como fisiopatolo-

gia das doenças, seus aspectos clínicos, diagnóstico,

epidemiologia, interação vetor-vírus, ecologia dos veto-

res envolvidos, controle e monitoramento de vetores,

Células-tronco neurais, com os núcleos em azul, infectadas com vírus da Zika, em vermelho

(Foto: Rodrigo Madeiro)

Page 7: Fiocruz e Servi- er anunciam re- médio para is- quemia ...o Vastarel) para o tratamento da isquemia cardíaca, segunda doença de mai- ... — Esta produção po-derá ser ininterrupta.

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desenvolvimento de kits-diagnóstico e divulgação científi-

ca. “Este edital foi importante por seu caráter emergencial e

por ter ajudado a articular em redes os diversos grupos de

pesquisa”, completou.

Para o diretor Científico da Fundação, Jerson Lima Silva, a

capacidade de formar rapidamente essa rede de pesquisa,

diante da epidemia de Zika, é uma prova de que a ciência

brasileira atingiu a maturidade. “Ao identificar um problema,

os nossos cientistas estão prontos para responder de forma

rápida, e isso é um sinal de maturidade. O estado do Rio de

Janeiro é responsável por aproximadamente 36% da produ-

ção científica nacional na área de arboviroses.

A Science está dando o devido apreço à importância dessa

descoberta”, disse o diretor da FAPERJ, que também é pes-

quisador e professor titular do Instituto de Bioquímica Médi-

ca (IBqM/UFRJ).

Há conflito entre interesses de farmacêu-ticas e sociedade, diz especialista da OPAS/OMS Fonte: ONU BR—Nações Unidas no Brasil Disponível em: https://goo.gl/IjXQJZ

Existe um conflito entre as necessidades de saúde pública e

os interesses da indústria farmacêutica, que tem origem nas

disparidades existentes entre a lógica do lucro fomentado

pela economia de mercado e a condição de saúde desejada

pela sociedade.

Essa é a conclusão do estudo “Produção: a corda bamba

entre o mercado e as necessidades de saúde pública”, que

faz parte da publicação “Uso Racional de Medicamentos:

fundamentação em condutas terapêuticas e nos macropro-

cessos da Assistência Farmacêutica”, lançada no mês pas-

sado pela Organização Pan-Americana da Saúde/

Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS).

Segundo o artigo, da pesquisadora Kellen Santos Rezende,

um dos principais problemas no Sistema Único de Saúde

(SUS) é o crescente desinteresse comercial dos fabricantes

de insumos e medicamentos em manter a comercialização

de medicamentos antigos, mas que ainda têm seus resulta-

dos positivos sobre a saúde.

“Podemos citar, neste contexto, medicamentos oncológicos

antigos, como a L-asparaginase, indicado para leucemia

linfocítica aguda em pacientes pediátricos”, lembrou o arti-

go. “Dado que o período da novidade comercial (e lucrativa)

de um produto como esse foi há um bom tempo, os produ-

tores que precisam continuar a ter altas taxas de lucrativida-

de para manter o interesse dos seus investidores e, por isso,

lançam no mercado alternativas terapêuticas mais caras,

mas que nem sempre são melhores que os antigos”, com-

pletou.

Além do problema da substituição de medicamentos

antigos para a maior lucratividade, o artigo citou episó-

dios de desabastecimento de medicamentos da aten-

ção básica, que ocorrem frequentemente no sistema de

saúde brasileiro.

“É o caso da adrenalina (vasoconstritor) e fenitoína

(anticonvulsivante), além de grupos de insumos farma-

cêuticos ativos que não mais são produzidos no país,

tais como antibióticos e produtos para doenças raras”,

declarou.

“O resultado prático disto é que hoje o sistema de saú-

de nacional enfrenta graves crises de desabastecimen-

to de medicamentos antigos, amplamente utilizados,

muitos deles da atenção básica”, disse o texto.

Os desabastecimentos de produtos importantes para o

SUS têm ocorrido com frequência cada vez maior, sen-

do justificados por diversos motivos relacionados “à

tênue relação existente entre as necessidades de saúde

pública e as lógicas de mercado”, enfatizou o documen-

to.

“Por isso, os governos em seus diversos âmbitos de

atuação devem estabelecer mecanismos de regulação

para que esta relação não seja deficitária para o lado da

saúde pública.”

“Este balanço deve ser regulado para não afetar de for-

ma negativa nenhum dos lados para a quebra da rela-

ção existente entre produtores e consumidores, agrava-

da pela natureza dos produtos envolvidos serem produ-

tos para atendimento da saúde da população”, comple-

tou.

Outro problema é o monopólio na produção de determi-

nados medicamentos, o que torna os aumentos

de preços excessivos, que por sua vez provocam alta

exagerada dos gastos do poder público. “Quando se

trata de produtos estratégicos para a saúde, a situação

torna-se mais delicada”, disse o artigo.

Entre as sugestões para contornar os problemas, a au-

tora citou o fortalecimento da produção nacional, espe-

cialmente em épocas em que as condições cambiais

são desfavoráveis à importação.

Ela sugeriu também o fortalecimento das universidades

como rede de conhecimentos e inovações, de modo a

contribuir para a sociedade, seja na prestação de servi-

ços ou na introdução de novos produtos. E uma melho-

ra dos serviços de informação do sistema público para

reduzir os episódios de desabastecimentos de produtos

de baixo interesse pelo mercado.

Leia aqui o artigo completo da OPAS/OMS aqui: http://

goo.gl/tY481e