Fios de suturas

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Fios de suturas Bruno Belarmino de Queiroz Graduando em Medicina do 4º período das Faculdades Integradas Pitágoras – Fip-MOC FACULDADES INTEGRADAS PITÁGORAS - FIPMOC DISCIPLINA: INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS CIRÚRGICAS PROFESSOR: FRANCISCO BARROS Montes Claros - MG 01 de dezembro de 2014

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Fios de suturas

Bruno Belarmino de Queiroz

Graduando em Medicina do 4º período das Faculdades Integradas Pitágoras – Fip-MOC

FACULDADES INTEGRADAS PITÁGORAS - FIPMOC

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS CIRÚRGICAS

PROFESSOR: FRANCISCO BARROS

Montes Claros - MG

01 de dezembro de 2014

Page 2: Fios de suturas

Introdução

Os fios são uma porção de material sintético ou

derivado de fibras vegetais ou estruturas orgânicas,

flexíveis, de secção circular, com diâmetro muito

reduzido em relação ao comprimento. São utilizados

para aproximar tecidos incisados cirurgicamente ou

lacerados em traumatismos e para ligar vasos

sanguíneos.

As suturas favorecem a cicatrização de ferimentos ou

incisões por primeira intenção.

Os fios podem ser divididos em absorvíveis e não

absorvíveis, característica a ser vista mais adiante.

Page 3: Fios de suturas

Fio Ideal

O fio ideal deve ter:

alta resistência à ruptura permitindo o uso de fios de calibre

menores;

facilidade de manuseio;

boa segurança do nó;

adequada resistência tênsil;

boa visualização mesmo quando molhados de sangue;

Page 4: Fios de suturas

Introdução

O fio ideal deve ter:

baixa reação tecidual;

não ser carcinogênico;

não favorecer início ou manutenção de infecção;

manutenção das integridade da sutura até a fase proliferativa

da cicatrização;

baixo custo;

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Escolha do Fio

Ao se escolher o fio ideal para cada tipo de tecido ouregião, deve-se observar as seguintes características:

tipo de tecido a ser suturado;

localização do tecido a ser suturado;

espessura do tecido a ser suturado;

tamanho da incisão;

tempo necessário para a cicatrização do tecido;

se há tensão sobre o tecido;

condições clínicas e características do paciente (idade, estadonutricional, doenças);

preferência do cirurgião;

Page 6: Fios de suturas

Classificação

Quanto à sua estrutura, os fios também se dividem em

dois tipos:

monofilamentar: cada fio é composto de um único filamento

compacto.

multifilamentar: cada fio é composto por vários filamentos

trançados ou torcidos entre si.

monofilamentar multifilamentar

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Classificação

Quanto à capacidade de absorção, os fios se

classificam em dois grandes grupos:

Absorvíveis: o fio é reabsorvido com o passar do tempo, por

fagocitose ou hidrólise.

Origem animal – Categute (catgut) simples e cromado

Origem sintética – Ácido poliglicólico (Dexon), Poligliconato

(Maxon), Poliglactina (Vicryl), Poliglecaprona 25 (Monocryl),

Polidioxanona (PDS)

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Classificação

Quanto à capacidade de absorção, os fios se

classificam em dois grandes grupos:

Inabsorvíveis: o fio não se modifica ou se modifica muito pouco

com o tempo.

Origem orgânica ou biológico – Seda

Origem vegetal – Algodão

Origem sintética – Poliamida (Nylon), Poliéster (Ethibond, Mersilene),

Polipropileno (Prolene).

Origem metálica – prata, cobre, aço, agrafes ou clips de Michel.

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Características dos Fios

Absorvíveis de origem animal:

Categute (Catgut) simples e cromado:

Feito a partir de fitas de colágeno da submucosa do intestino delgado de

carneiro ou da serosa do gado(quanto mais puro melhor);

Simples: mantém força tênsil por 7 dias e absorção em 10-14 dias por

fagocitose;

Cromado: (sais de cromo) resistente a enzimas do corpo; força tênsil por 14

dias (máx. 21), e absorção em 90 dias;

Rápida absorção (5-7 dias) se tratado com calor.

Desencadeiam uma reação inflamatória intensa ao seu redor, mais

evidente no categute simples.

Indicado para suturas gastrointestinais, amarraduras de vasos, na tela

subcutânea, suturas ginecológicas e urológicas.

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Características dos Fios

Absorvíveis de origem sintética:

Ácido poliglicólico (Dexon):

Obtido pela polimerização do ácido Glicólico;

Possui resistência maior que o categute;

A absorção ocorre por hidrólise entre 60 a 90 dias após sua utilização;

Resistência tênsil perdida em torno da terceira semana;

Muito usado em suturas de músculos, fáscias, tecido celular

subcutâneo;

Ocasiona pouca reação inflamatória;

Multifilamentar.

Page 11: Fios de suturas

Características dos Fios

Absorvíveis de origem sintética:

Poligliconato (Maxon):

Monofilamentar;

Possui uma absorção lenta com manutenção da resistência tênsil

por longo período (a mais duradoura dos fios absorvíveis);

Indicado para suturas de tendões, cápsulas articulares e

fechamento da parece abdominal.

Fio de alto custo.

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Características dos fios

Absorvíveis de origem sintética:

Poliglactina (Vicryl):

Vicryl rapide: parcialmente hidrolisado esterilizado com raios gama.

Em 5 dias, 50% da força tênsil . Absorção em 7- 14 dias.

Vicryl plus : envolvido com uma camada de triclosan efetivo contra

S. aureus, S. epidermis, MRSA e MRSE.

Semelhante ao comportamento do APG.

Hidrolisa-se e é completamente absorvido em torno de 60 a 90 dias

por hidrólise.

Cor violeta e branca.

Cirurgias gastrointestinais, urológicas, ginecológicas, oftalmológicas

e na aproximação de tecido celular subcutâneo.

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Características dos Fios

Absorvíveis de origem sintética:

Poliglecaprona 25 (Monocryl):

Indicado para aproximação e/ou ligação de tecidos lisos em geral,

mas não é indicado para uso em tecidos cardiovasculares ou

neurológicos, microcirurgia ou cirurgia oftálmica.

30-40% da força tênsil em 2 semanas 0% em 21 dias.

Tempo de absorção estimado entre 90 a 120 dias por hidrólise.

Comparado ao Vicryl rapide, o Monocryl apresenta menor

tendência a cicatriz hipertrófica e reações.

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Características dos Fios

Absorvíveis de origem sintética:

Polidioxanona (PDS):

70% da resistência tênsil em 14 dias, 50% em 28 e 25% em 42 dias.

Absorção em 180 dias por hidrólise.

Difícil manuseio.

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Características dos Fios

Inabsorvíveis de origem orgânica ou biológica:

Seda:

Provém do casulo do bicho-da-seda de onde o fio é processado

limpo e esterilizado.

Apesar de ser classificado como inabsorvível, experimentos

mostram que perde quase que totalmente sua força em um ano e

que após dois anos não é mais possível detectá-lo no tecido.

Produzem pouca reação tecidual.

Multifilamentar.

Uso em cirurgia oftálmica e micro cirurgia.

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Características dos Fios

Inabsorvíveis de origem vegetal:

Algodão:

Possui fibras naturalmente torcidas. Foi introduzido no final da

década de 1930;

Melhor segurança nos nós que a seda, perda lenta da tensão de

estiramento (50% em 6 meses e 70% em dois anos);

Provoca uma reação tecidual semelhante à da seda, potencializa

infecções;

Multifilamentar;

É utilizado em praticamente qualquer estrutura;

Fácil manuseio, nós seguros, pode ser reesterilizado em autoclave e

acondicionado em embalagem comum.

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Características dos fios

Inabsorvíveis de origem sintética:

Poliamida (Nylon):

Derivado das poliaminas, tem sido empregado desde 1938;

Elástico e resistente à água;

Mono ou multifilamentar;

Pouca reação tecidual;

Difícil manipulação, duro e corrediço, não produz nó firme;

Perde resistência tênsil ao longo do tempo, podendo ser

degradado e absorvido ao longo de dois anos.

Os monofilamentares, negros ou incolores, são preferíveis para

sutura de pele.

Page 18: Fios de suturas

Características dos Fios

Inabsorvíveis de origem sintética:

Poliéster (Ethibond, Mersilene):

Multifilamentar;

Resistentes e de grande durabilidade;

Excelentes para suturas de aponeuroses, tendões e vasos;

Sem cobertura (Mersilene, Surgilene);

Cobertos por polibitilato(Ethibond) ou teflon (Tevdek);

Requerem, no mínimo, cinco nós para um fixação segura;

Causam pouca reação tecidual.

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Características dos Fios

Inabsorvíveis de origem sintética:

Polipropileno (Prolene):

Monofilamentar;

Pouca reação tecidual;

Incolor ou azul;

Mantém sua resistência tênsil vários anos após sua utilização;

Muito usado em sutura vascular;

Facilmente removível, é ideal para sutura intradérmica.

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Características dos Fios

Fios de origem metálica:

Aço:

Composto por ferro, cromo, níquel e molibdênio.

Não promove reação inflamatória nos tecidos, possui maior tensão

de estiramento de todos os materiais quando implantado nos

tecidos, possui a maior segurança nos nós de todos os materiais,

pode ser autoclavado, e é recomendado para tecidos com

cicatrização lenta. A forma monofilamentar pode ser usada em

feridas contaminadas e infectadas

Tendência a cortar os tecidos, manuseio pobre (principalmente

para atar os nós), quebra quando torcido muitas vezes no mesmo

ponto e promove necrose tecidual pelo movimento dos tecidos

contra as pontas não flexíveis.

Page 21: Fios de suturas

Diâmetro do Fio

O diâmetro do fio é determinado em milímetros e expresso em zeros.

Quanto menor o calibre do fio, maior o número de zeros.

Menor calibre: n° 12-0 (diâmetro de 0,001 a 0,01 mm).

Maior calibre: n° 3 (diâmetro de 0,60 a 0,80 mm).

Usam-se fios mais finos em tecidos mais delicados e em locais semtensão e fios mais grossos em tecidos mais grosseiros ou em tecidos com

mais tensão.

12-0 11-0 10-0 9-0 8-0 7-0 6-0 5-0 4-0 3-0 2-0 0 1 2 3

MAIORMENOR

CALIBRE

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Força Tênsil

A força tênsil é determinada dividindo-se a força necessária para

romper o fio pelo seu diâmetro. A força tênsil depende do calibre

do fio e do material com o qual ele é fabricado.

O diâmetro do fio varia de acordo com o material que o forma, istoé, nem todos os fios com o mesmo número tem o mesmo diâmetro,

pois a determinação desse número é dada pela resistência tênsil

do fio.

Quando se compara fios de mesmo material, quanto maior o

calibre do fio, maior sua resistência.

Quando se compara fios de mesmo calibre, porém de materiaisdiferentes a força tênsil varia.

Page 23: Fios de suturas

Força Tênsil

MAIS RESISTENTES

INABSORVÍVEIS ABSORVÍVEIS

Aço Poliglactina

Poliéster Ácido poliglicólico

Poliamida Polidioxanona

Polipropileno Poligliconato

Seda Categute cromado

Algodão Categute simples

MENOS RESISTENTES

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Absorção de Fluidos

É determinada pela capacidade que o fio tem de absorver fluidos

ao ser totalmente imerso.

Os multifilamentares como a seda e o algodão têm maior

capilaridade e absorção de fluídos.

Os monofilamentares tem muito pouca capacidade de absorver

fluidos.

Os fios multifilamentares, por mecanismo de capilaridade, ao

absorverem fluidos, também favorecem a migração de

microrganismos através de suas tramas, por isso não são indicados

para suturas na pele.

Page 25: Fios de suturas

Elasticidade

É a capacidade que o fio tem de retornar à sua forma e tamanho

originais após tração.

Quando se comparam fios de mesmo material os mais finos são

mais elásticos.

Page 26: Fios de suturas

Plasticidade

É a capacidade de manter-se sob nova forma após tracionado.

Page 27: Fios de suturas

Coeficiente de atrito

Fios com alto coeficiente de atrito tendem a não deslizar nos

tecidos, mas também é mais difícil de desatar o nó cirúrgico

espontaneamente.

Page 28: Fios de suturas

Reação tecidual

É o grau de reatividade do fio, varia conforme o material e o

calibre do fio.

MAIS REATIVOS MENOS REATIVOS

naturais sintéticos

animais vegetais minerais

monofilamentares multifilamentares

Page 29: Fios de suturas

Consequências da reação tecidual excessiva

As consequências de reações teciduais excessivas,

podem gerar fenômenos precoces e tardios, descritos a

seguir:

Fenômenos precoces:

Corte do tecido (Cutting out) – é o corte pelo fio dos tecidos

excessivamente inflamados e amolecidos, ou por excesso de força

na confecção do nó.

Retardo na cicatrização de feridas.

Formação de bridas intraperitoneais (neoformação de tecido

fibroso).

Predisposição a infecções.

Page 30: Fios de suturas

Consequências da reação tecidual excessiva

Fenômenos tardios:

Abscesso local.

Formação de cavidades (sinus).

Eliminação espontânea e periódica dos fios, associada à descarga

de material seroso ou purulento.

Formação de granuloma de corpo estranho.

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Referências

GOFFI, Fabio Schmidt, 1922 -Técnica Cirúrgica -Bases Anatômicas,

Fisiopatológicas e Técnicas da Cirurgia - 4 ed. 2001.

HOCHBERG J., MEYER K. M., MARION M. D. Suture choice and

methods of skin closure. Surg. Clin. N. Am. 89; 627 a 641, 2009.

MAGALHÃES, Helio Pereira de, 1938 -Técnica cirúrgica e cirurgia

experimental/ Helio Pereira de Magalhães. São Paulo: Sarvier, 1996.

SARDENBERG T., MULLER S. S. , SILVARES P. R. A., MENDONÇA A. B.,

MORAES R. R. L. Avaliação das propriedades mecânicas e

dimensões de fios de sutura utilizados em cirurgias ortopédicas.Acta. Ortop. Bras. 11 (2), Abr./Jun., 2003.