Fisioterapia é saúde funcional longe da reabilitação

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Mas como surgiu a expressão Saúde Funcional? Este foi um dos debates para compor o histórico necessário a toda proposição. Antes da internet, a comunicação com o Coffito era presencial. Em 1993, apresentei uma proposta de política pública na 9.ª Conferência Nacional de Saúde a convite do então presidente do Coffito, Ruy Gallart de Menezes, cujo tema era FISIOTERAPIA DOMICILIAR NO MUNICÍPIO DE SANTOS. O presidente a conhecia porque foi tema-livre no 10.º Congresso Brasileiro de Fisioterapia da antiga ABF, em 1991, em Fortaleza, CE, trabalho produzido e inscrito por 10 fisioterapeutas do Serviço de Fisioterapia Domiciliar do SUS em Santos. Por ironia do destino, Philippe Souchard não compareceu ao evento por questões de disputa política pela direção da associação nacional e para preencher a lacuna, fui convidado, junto com os colegas Luiz Paulo Silva e o saudoso Sidney Alcântara, a apresentar o tema na forma de conferência. Lotou o espaço e teve repercussão. Dois anos depois, dr. Ruy faz o convite para a nona conferência de 1993 e me viu chegando com jornais especialmente confeccionados pela prefeitura para a apresentação. No título constava REABILITAÇÃO. Pois o presidente do Coffito fez comigo uma profunda discussão de pelo menos umas QUATRO HORAS, antes da apresentação, mostrando detalhadamente a política das profissões de saúde no Congresso Nacional e o devido espaço de cada assistência profissional e do contexto de reabilitação manipulado pela fisiatria (dr. Ruy já se posicionava contrário ao 'ato médico' antes dele existir). Fiz a apresentação e me vi em concordância com a linguagem adotada pelo órgão de controle social da Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Ruy Gallart foi convincente. De volta para casa, procurei uma forma de vislumbrar uma alternativa ao equivocado viés fisiátrico- reabilitacional. Coincidentemente, participava de um grupo de estudos que traduzia a "Kinésithérapie" francesa, da Éditions Técniques. O curioso é que a parte da enciclopédia em que a Fisioterapia estava contida chamava-se RÉÉDUCATION FONCTIONELLE, enquanto na linguagem anglo-saxã era REHABILITATION. Pensava: o uso inadequado teria vindo de lá, transcrição literal e mecanicista? Também participava ativamente do conselho municipal de saúde e via SAÚDE MENTAL, SAÚDE BUCAL e... REABILITAÇÃO!! Dava um 'tilt' na minha cabeça! Por que a Fisioterapia não seria enquadrado numa "Saúde" mais voltada ao seu perfil específico, ficando preso a um dos níveis de assistência à saúde? Na 5.ª conferência municipal de saúde de Santos, em 1998, fiz parte da comissão organizadora e propus que fosse substituída a denominação REABILITAÇÃO pelo nome usado pelos franceses, substituindo a REEDUCAÇÃO pela usual SAÚDE, e foi aprovada a SAÚDE FUNCIONAL, utilizada até os dias de hoje. Ontem, quando da aprovação em Brasília, mandei e-mail para o CMS Santos para que resgatassem essa documentação histórica. Com ela nas mãos, pretendo enviar a você, Eduardo, e aos demais membros do GT, para que possam comprovar o que apenas citaram lá em Brasília junto aos técnicos da SAÚDE DO IDOSO. Parabéns a todos nós! O povo brasileiro, a partir da publicação no diário oficial da união, será o grande beneficiado pela qualidade de vida que a política pública proporcionará! Abraços do Rivaldo Novaes Fisioterapeuta, docente e idealista persistente 15/12/10

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Fisioterapia é Saúde Funcional, longe de ser reabilitação

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Mas como surgiu a expressão Saúde Funcional? Este foi um dos debates para compor o histórico necessário a toda proposição. Antes da internet, a comunicação com o Coffito era presencial. Em 1993, apresentei uma proposta de política pública na 9.ª Conferência Nacional de Saúde a convite do então presidente do Coffito, Ruy Gallart de Menezes, cujo tema era FISIOTERAPIA DOMICILIAR NO MUNICÍPIO DE SANTOS. O presidente a conhecia porque foi tema-livre no 10.º Congresso Brasileiro de Fisioterapia da antiga ABF, em 1991, em Fortaleza, CE, trabalho produzido e inscrito por 10 fisioterapeutas do Serviço de Fisioterapia Domiciliar do SUS em Santos. Por ironia do destino, Philippe Souchard não compareceu ao evento por questões de disputa política pela direção da associação nacional e para preencher a lacuna, fui convidado, junto com os colegas Luiz Paulo Silva e o saudoso Sidney Alcântara, a apresentar o tema na forma de conferência. Lotou o espaço e teve repercussão. Dois anos depois, dr. Ruy faz o convite para a nona conferência de 1993 e me viu chegando com jornais especialmente confeccionados pela prefeitura para a apresentação. No título constava REABILITAÇÃO. Pois o presidente do Coffito fez comigo uma profunda discussão de pelo menos umas QUATRO HORAS, antes da apresentação, mostrando detalhadamente a política das profissões de saúde no Congresso Nacional e o devido espaço de cada assistência profissional e do contexto de reabilitação manipulado pela fisiatria (dr. Ruy já se posicionava contrário ao 'ato médico' antes dele existir). Fiz a apresentação e me vi em concordância com a linguagem adotada pelo órgão de controle social da Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Ruy Gallart foi convincente. De volta para casa, procurei uma forma de vislumbrar uma alternativa ao equivocado viés fisiátrico-reabilitacional. Coincidentemente, participava de um grupo de estudos que traduzia a "Kinésithérapie" francesa, da Éditions Técniques. O curioso é que a parte da enciclopédia em que a Fisioterapia estava contida chamava-se RÉÉDUCATION FONCTIONELLE, enquanto na linguagem anglo-saxã era REHABILITATION. Pensava: o uso inadequado teria vindo de lá, transcrição literal e mecanicista? Também participava ativamente do conselho municipal de saúde e via SAÚDE MENTAL, SAÚDE BUCAL e... REABILITAÇÃO!! Dava um 'tilt' na minha cabeça! Por que a Fisioterapia não seria enquadrado numa "Saúde" mais voltada ao seu perfil específico, ficando preso a um dos níveis de assistência à saúde? Na 5.ª conferência municipal de saúde de Santos, em 1998, fiz parte da comissão organizadora e propus que fosse substituída a denominação REABILITAÇÃO pelo nome usado pelos franceses, substituindo a REEDUCAÇÃO pela usual SAÚDE, e foi aprovada a SAÚDE FUNCIONAL, utilizada até os dias de hoje. Ontem, quando da aprovação em Brasília, mandei e-mail para o CMS Santos para que resgatassem essa documentação histórica. Com ela nas mãos, pretendo enviar a você, Eduardo, e aos demais membros do GT, para que possam comprovar o que apenas citaram lá em Brasília junto aos técnicos da SAÚDE DO IDOSO. Parabéns a todos nós! O povo brasileiro, a partir da publicação no diário oficial da união, será o grande beneficiado pela qualidade de vida que a política pública proporcionará! Abraços do Rivaldo Novaes Fisioterapeuta, docente e idealista persistente 15/12/10