Flipalma no 9 junho 2016= palmanaque =palmateca

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Onde ela estava...

C Marilia Brandt

Acordara ali, naquele lugar...cheio de latas e garrafas quebradas-Droga onde é que eu estava...-ela se perguntava.Só lhe vinha flash da festa ou da tal balada para qual ela fora misteriosamente

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convidada...um endereço um telefone um cartão em sua porta e mais nadaA festa era pomposa e bem cuidada...copos devidro, Dj e mulheres, serviço aprimorado...lembrou-se que conheceu um cara...é dele essa casa!Mas porque diabos ela estava ali amarrada.

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O jantar

Fernan D'Antonio

A esposa estava decabeça baixa sem comer.O marido mastigavasuinamente. Ele perguntou se ela não ia comer nada e ela respondeu que estava sem fome. A dieta ia lhe fazer bem, precisava mesmo perder peso, ele disse à ela. O corpo dela já não era mais toda aquela gostosura que fazia seus amigos terem inveja dele como quando eles

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namoravam, lembrou o marido. A esposa ficou em silêncio e permaneceu cabisbaixa O marido continuou jantando e sentiu raiva porque a mulher havia exagerado notempero da comida que descia queimando goela abaixo. Pontadas como um enxamede abelhas no estômago. De repente, tontura, suor frio, vistas turvas. Sentiu que ia apagar. Pela primeira vez desde quesentaram à mesa, a mulher levantou a cabeça e olhou diretamente ao marido. A última coisa que ele viu antes de morrer foi o sorriso de sua esposa e o olho roxo que lhe dera ontem.

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Um artista do trapézio Franz Kafka

– como se sabe, esta arte que sepratica no alto das cúpulas dosgrandes circos é uma das maisdifíceis entre todas as exequíveisao homem – tinha organizado sua vida de talmaneira – primeiro por afã profissional deperfeição, depois por costume que se tornaratirânico – que, enquanto trabalhava na mesmaempresa, permanecia dia e noite no trapézio. Todasas suas necessidades – por outro lado muitopequenas – eram satisfeitas por criados que se

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revezavam em intervalos e vigiavam em baixo.Tudo o que se precisava em cima subiam ebaixavam em cestinhos construídos por acaso.Desta maneira de viver não se deduziam para otrapezista dificuldades especiais com o resto domundo. Apenas era um tanto incomodo durante osoutros números do programa, porque como não sepodia esconder que ele permanecera lá em cima,ainda que permanecesse quieto, sempre algumolhar do publico se desviava para ele. Mas osdiretores perdoavam-no, porque era um artistaextraordinário, insubstituível. Além disso erasabido que não vivia assim por capricho e de queapenas daquela maneira podia estar sempretreinando e conservar a extrema perfeição de suaarte. Além do mais, lá em cima estava muito bem.

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Quando nos dias quentes de verão, se abriam asjanelas laterais que corriam ao redor da cúpula e osol e o ar irrompiam no âmbito crepuscular docirco, era até belo. Seu trato humano estava muitolimitado, naturalmente. Alguma vez subia pelacorda de ascensão algum colega de exibições,sentava-se ao seu lado do trapézio, apoiado um nacorda da direita, outra na da esquerda, econversavam longamente, ou então os operáriosque reparavam o teto trocavam com ele algumaspalavras por uma das clarabóias ou o eletricista quecomprovava as ligações de luz na galeria mais alta,lhe gritava algumas palavras respeitosas, se bemque pouco compreensíveis. A não ser nessasoportunidades, estava sempre solitário. Alguma vezum empregado transitava cansadamente nas horas

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de sesta pelo circo vazio, erguia seu olhar à quaseatraente altura, onde o trapezista descansava ou seexercitava em sua arte sem saber que eraobservado. Assim teria podido viver tranquilo oartista do trapézio, a não ser, pelas inevitáveisviagens de um certo lugar para outro que omolestavam sumamente. Certo é que o empresáriocuidava de que este sofrimento não se prolongassedemasiado. O trapezista saía para a estação em umautomóvel de corridas que corria, pela madrugada,pelas ruas desertas, com máxima velocidade; muitolenta, contudo para sua nostalgia do trapézio. Notrem, estava preparado um apartamento somentepara ele, onde encontrava, em cima, na redezinhadas equipagens, uma substituição mesquinha – masde algum modo equivalente – de sua maneira de

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viver. No local de destino já estava arrumado otrapézio, muito antes de sua chegada, quando aindanão se tinham fechado as taboas nem colocado asportas. Mas para o empresário era o instante maisagradável aquele em que o trapezista se apoiava nacorda e subia e em um átimo se encarapitava denovo sobre o seu trapézio. Apesar de todas asprecauções, as viagens perturbavam gravemente osnervos do trapezista, de modo que por muitosfelizes que fossem economicamente para oempresário, sempre lhe eram penosas. Uma vez emque viajavam, o artista na redezinha comosonhando, e o empresário recostado no canto dajanela, lendo um livro, o homem do trapézioapostrofou-o suavemente. E lhe disse, mordendo oslábios, que dali em diante, necessitava para o seu

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viver, não de um trapézio, como até então, masdois, dois trapézios, um em frente ao outro. Oempresário concordou logo. Mas o trapezista, comose quisesse mostrar que a aceitação do empresárionão tinha mais importância do que a sua oposição,acrescentou que nunca mais, em nenhuma ocasião,trabalharia unicamente sobre um trapézio. Pareciahorrorizar-se ante a ideia de que isso pudesse viracontecer-lhe alguma vez. O empresário, detendo-se e observando o seu artista, declarou novamentesua absoluta concordância. Dois trapézios sãomelhor do que um só. Além disso, os novostrapézios seriam mais variados e vistosos. Mas oartista, de súbito, se pôs a chorar. O empresário,profundamente comovido, ergueu-se de um salto eperguntou-lhe o que lhe acontecia, e como não

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recebesse nenhuma resposta, subiu ao acento,acariciou e abraçou e estreitou seu rosto contra oseu, até sentir as lagrimas em sua pele. Depois demuitas perguntas e palavras carinhosas, o trapezistaexclamou, soluçando: - Apenas com uma barra nasmãos como poderia eu viver! Então, foi muito fácilao empresário consolá-lo. Prometeu-lhe que naprimeira estação, na primeira parada e hospedaria,telegrafaria para que instalassem o segundotrapézio. Enfim, deu-lhe os agradecimentos por ter-lhe feito observar por fim aquela omissãoimperdoável. Desse modo, pode o empresáriotranquilizar o artista e tornar a seu canto. Em troca,ele não estava tranquilo, com grave preocupaçãoespiava, às furtadelas, por cima do livro, aotrapezista. se semelhantes pensamentos tinham

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começado a atormentá-lo, poderiam já cessar porcompleto? Não continuariam aumentando dia pordia? Não ameaçariam sua existência? E oempresário alarmado, acreditou ver naquele sonoaparentemente tranquilo, em que tinha terminadoos choros, começar a desenhar a primeira ruga nalisa fronte infantil do artista do trapézio.

Tradução: Torrieri Guimarães.

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Através

Pe Fábio Costa

Um horizonte se abre quando olho atravésdela.Estática, mas instrumento nobre.Permite a entrada dos ares rejuvenecedores.

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Guarda histórias infinitas em seus desbotados frontões.Janela de minh'alma.Abertura do meu ser.Reencosto em seu parapeito em dias de sol.Na chuva, sinto o frio que insiste adentrar a sala aquecida pelos beijos de quem muito amo.A vida não seria a mesma sem você.Divisória do meu antes e depois.Janela de minh'alma. Janela do meu ser.

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Bem no fundo

PAULO LEMINSKI

No fundo, no fundo,bem lá no fundo,

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a gente gostariade ver nossos problemasresolvidos por decreto

a partir desta data,aquela mágoa sem remédioé considerada nulae sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,maldito seja quem olhar pra trás,lá pra trás não há nada,e nada mais

mas problemas não se resolvem,

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problemas têm família grande,e aos domingossaem todos a passearo problema, sua senhorae outros pequenos probleminhas.

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Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra PasárgadaLá sou amigo do reiLá tenho a mulher que eu queroNa cama que escolherei

Vou-me embora pra PasárgadaVou-me embora pra PasárgadaAqui eu não sou felizLá a existência é uma aventuraDe tal modo inconsequenteQue Joana a Louca de EspanhaRainha e falsa dementeVem a ser contraparenteDa nora que nunca tive

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E como farei ginásticaAndarei de bicicletaMontarei em burro braboSubirei no pau-de-seboTomarei banhos de mar!E quando estiver cansadoDeito na beira do rioMando chamar a mãe-d’águaPra me contar as históriasQue no tempo de eu meninoRosa vinha me contarVou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudoÉ outra civilizaçãoTem um processo seguro

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De impedir a concepçãoTem telefone automáticoTem alcaloide à vontadeTem prostitutas bonitasPara a gente namorar

E quando eu estiver mais tristeMas triste de não ter jeitoQuando de noite me derVontade de me matar— Lá sou amigo do rei —Terei a mulher que eu queroNa cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada.

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Soneto da Desorientação

Jady Tariane

versada nos hieroglifos dos quererescedi ao impulso tórpido do mal,a heresia da paixão de um mortalpelo eco de um reflexo dos deuses!

navego agora o triste mar dos desalentosenviados do profundo tormento do umbral

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e a sombra moribunda na víscera primordialcastiga a delicadeza desses sentimentos

no balanço cíclico dos acontecimentosnauseei o veneno suculento dos alimentosdo sacro pomar ilícito celestial

adoeci a mais vil de todas as chagasdesbalancei a aerodinâmica das asasao fitar um único feixe do prisma universal

Link: http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=123580

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“Ser feliz é encontrarforça no perdão,esperanças nas batalhas,segurança no palco domedo, amor nosdesencontros. Éagradecer a Deus a cadaminuto pelo milagre da vida.”

― Fernando Pessoa

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“A minha pátria é o mundo, e a minha religião a prática dobem.”

Thomas Paine

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Se o mundo vosodeia, sabei que,primeiro do que a vós,me odiou a mim.”

[João 15, 18]

― Jesus Cristo

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Os homens nunca dizem: 'Já não gosto.' Dizem: 'O problema não está em ti, está em mim. Preciso de pensar,preciso de espaço...'. As

mulheres são muito mais diretas: 'Deixei de gostar de ti.' E pronto. Os homens nunca o dizem porque querem que a mulher fique de reserva.” ― António Lobo Antunes

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“O segredo da nossa vidamoral não reside na etéreaconsciência, mas nasprofundas dainconsciência, onderastejam a dissimulação, acrueldade, o medo e outras virtudes adquiridas nos combates.”― Teixeira de Pascoaes

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O matuto e a câmara

O matuto viajou para o Riode Janeiro e três mesesdepois voltou pra ver afamília. Trouxe da viagemuma câmera moderna,dessas que programa e pradar tempo de sair na fotoprecisa sair correndo.Aí ele reuniu a família pertode uma cerca. Quando toda a família estava naposição certa ele programou a câmera e correupra sair na foto. Os parentes saíram correndo,gritando e pulando a cerca...

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E o matuto gritou:-Ei, vocês vão pra onde?O pai respondeu:- Se você que conhece o bichoestá correndo imagina a gente.

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Joãozinho inteligente

Piadas do JoãozinhoJoãozinho chega em casa e diz:–Mãe, eu descobri que sou mais inteligente

que a professora.E a mãe diz:- Por que você acha isso?–Porque eu passei de ano e ela continuou no

mesmo.

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Conversa de casal

Um casal se conhece num bare ela, muita vaidosa, depois dealguns drinks e conversa,pergunta:- Que idade você me dá?- Bem - responde o cara - peloscabelos, dou-lhe uns vinteanos, pelo olhar, dezenove, pela sua pele,dezoito, e pelo seu corpo, dezessete anos !- Hummm, mas como você é lisonjeador, e sabemesmo cortejar uma mulher!- Nada disso, sou muito sincero... Agora espere,que vou fazer a soma.

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A morte da freira

Uma freira na hora da morte, pediu paraescreverem no seu túmulo:"Nasci virgemVivi virgemMorri virgem"O coveiro achou que eram muitas palavras eescreveu: "Devolvida sem uso"

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Humor negro

Um ladrão com uma armaentra em um banco e exige odinheiro ao Caixa. Uma vezcom o dinheiro na mão ele sevolta para um cliente epergunta:- Você me viu roubar este banco?–Sim, eu vi.–O ladrão atira nele, matando-o

instantaneamente. Depois se volta para umcasal parado a seu lado e pergunta aohomem:

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- Você me viu roubar este banco?–Não, mas minha mulher viu.-

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Serapião– - Serapião! Andou sumido, tá com uma

carinha de doente, o que foi?– - Tou carente– - Que é isso....

– - Eu fui no banco, conversarcom aquela moça do caixa,sacou?

– - Aquela! Saquei!– - Então você sacou

primeiro!– - Ei, fala sério...– - Pois é, eu tentei, falei

muita coisa sobre minha

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vida atual, mas não teve jeito, ela não cedeu,não consegui retirar a grana, ela disse que eutava carente de recursos financeiros nainstituição!

– - E aí voltou pra casa ver a seção da tarde... oque passou ontem?

– - Longa metragem: "O Poderoso Chefão e aSogra Múmia Vestida para Casar emSetembro Negro"

– mas no caminho vi outra faixa daquelaigreja nova:

– "Venha participar desse novo Ministério"– entrei na igreja para ver se arrumava uma

boquinha no novo ministério,– mas cheguei tarde...

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–Serapião consegue emprego

E la vai Serapião, rumo a terras desconhecidas,ganhar seu pão...– Ponto final da linha, todos devem desembarcar aqui.

– Serapião desce do busão e observa o novo ambiente:

- Que legal, deve ser carnaval ou algo parecido, todos de máscaras!

- Né não, é que tem um surto de H1N1 aqui, as vacinas acabaram, já anteciparam as férias escolares, etc, etc...

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- Não tem vacina? De jeito nenhum?

- Só se atravessar a fronteira e tomar a vacina no Paraguai

- Vacina Paraguaia?

- É, mas é fabricada na Bolívia.

- Sei. Tava achando que esse emprego "caiu do céu", era muita sorte... E esse endereço, como faço pra chegar na "firma"

- É fácil, é bem ali, atrás do velório...

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FLIPALMA

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