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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UnB INSTITUTO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS IB PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM BOTÂNICA Florística e estrutura da vegetação em Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás: método RAPELD Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Botânica da Universidade de Brasília, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Botânica. Ana Magalhães Cordeiro Teixeira Orientador: Dr. José Roberto Rodrigues Pinto BRASÍLIA DF, 2015

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB

INSTITUTO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS – IB

PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

Florística e estrutura da vegetação em Cerrado sentido restrito no

Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás: método RAPELD

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Botânica da Universidade de

Brasília, como requisito para a obtenção do

título de Mestre em Botânica.

Ana Magalhães Cordeiro Teixeira

Orientador: Dr. José Roberto Rodrigues Pinto

BRASÍLIA – DF, 2015

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Teixeira, Ana Magalhães Cordeiro

Florística e estrutura da vegetação em Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de

Terra Ronca, Goiás: método RAPELD

Ana Magalhães Cordeiro Teixeira – Brasília, 2015

Dissertação de mestrado (M) – Universidade de Brasília/Instituto de Biologia,

Departamento de Botânica, 2015.

1. Fitossociologia 2. Flora 3. Intensidade amostral 4. Método de amostragem 5. Parcela

permanente 6.Savana

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ANA MAGALHÃES CORDEIRO TEIXEIRA

FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO EM CERRADO SENTIDO

RESTRITO NO PARQUE ESTADUAL DE TERRA RONCA, GOIÁS:

MÉTODO RAPELD

Dissertação aprovada em 10 de Setembro de 2015 junto ao Programa de Pós Graduação

em Botânica da Universidade de Brasília, como requisito para a obtenção do título de

Mestre em Botânica.

Banca examinadora:

____________________________________

Prof. Dr. José Roberto Rodrigues Pinto

Departamento de Engenharia Florestal – UnB

Orientador

____________________________________

Dr. Bruno Machado Teles Walter

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa

Examinador externo

____________________________________

Profa. Dra. Cássia Beatriz Rodrigues Munhoz

Departamento de Botânica – UnB

Examinadora interna

____________________________________

Prof. Dr. Manoel Cláudio da Silva Júnior

Departamento de Engenharia Florestal – UnB

Suplente

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“A natureza é o único livro

que oferece um conteúdo valioso

em todas as suas folhas”

Goethe

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AGRADECIMENTOS

Ao Zé por sua valiosa orientação e por todos os ensinamentos. Essa dissertação

representa os resultados do nosso trabalho em parceria.

À Cássia, ao Bruno e ao Manoel por contribuírem como membros da banca avaliadora.

À Cássia por sua participação desde o projeto até a defesa.

Ao Bruno pela minuciosa correção dessa dissertação.

Ao Manoel pelo auxílio na identificação de várias espécies.

Ao Jair pelo auxílio na identificação das Myrtaceae e à Aryanne por sua participação na

coleta e identificação da flora herbácea e subarbustiva.

Aos amigos que auxiliaram nas coletas de campo: Diego, Vitória, André, Larissa,

Ricardo e alunos da disciplina Botânica de Campo.

Ao Sr. Geraldo e ao Edito, moradores do povoado de São João, que nos acompanharam

nos trabalhos em campo. À equipe da Pousada São Mateus pela receptividade e pelas deliciosas

refeições.

Ao Thomaz por ser grande companheiro na vida e braço direito na elaboração do guia

de fotos da Flora da Terra Ronca.

Ao Antônio por conduzir a análise das imagens de satélite utilizadas na série histórica

de incêndios.

Ao Pedro pelo auxílio na elaboração de análises estatísticas que não foram incluídas

nesta etapa do estudo.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão da bolsa de estudos.

Às queridas moradoras da Colina pela amizade e por me receberem de braços abertos:

Fernandinha, Natacha, Lívia e Tamires. Também à Tamilis por sua agradável amizade.

À Ana Pimenta e aos moradores da casa do sagui amarelo, pela amizade e por me

receberem em Brasília desde o primeiro dia que cheguei.

À minha mãe, ao meu pai e meu irmão por serem pessoas presentes, amigas e queridas.

Obrigada por apoiarem as minhas escolhas - mesmo as mais incompreensíveis. À minha avó

Zeny por ter sido a matriarca e o alicerce da minha família.

Por todas as oportunidades que a vida me proporcionou.

Por todos os momentos que estive em serras, cerrados, florestas, cachoeiras, montanhas,

picos, trilhas, lagoas, praias, rios e mares. A presença constante de ambientes naturais

certamente influenciou meu caminho profissional.

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SUMÁRIO

Resumo Geral ...................................................................................................... 1

Introdução Geral ............................................................................................... 3

Objetivos Específicos ......................................................................................... 4

Referências ......................................................................................................... 5

Capítulo 1 ........................................................................................................... 7

Primeira Parte: Flora vascular do Cerrado sentido restrito no Parque

Estadual de Terra Ronca, Goiás, Brasil ..................................................... 8

Introdução .................................................................................................. 8

Material e Métodos .................................................................................... 10

Resultados ................................................................................................... 14

Discussão ................................................................................................... 24

Referências ................................................................................................. 29

Segunda Parte: Registro Fotográfico - Flora do Cerrado sensu stricto -

Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, Brasil ......................................... 34

Capítulo 2 – Comparação florístico-estrutural entre estratos da vegetação

lenhosa de Cerrado sentido restrito e suas implicações para a conservação ........ 43

Introdução .................................................................................................. 44

Material e Métodos .................................................................................... 45

Resultados .................................................................................................. 47

Discussão ................................................................................................... 51

Conclusões ................................................................................................. 53

Referências ................................................................................................. 53

Capítulo 3 – Avaliação do método RAPELD aplicado à vegetação arbustivo-

arbórea em Cerrado sentido restrito...................................................................... 57

Introdução .................................................................................................. 58

Material e Métodos .................................................................................... 61

Resultados .................................................................................................. 68

Discussão ................................................................................................... 74

Conclusões ................................................................................................. 78

Considerações Finais .................................................................................. 79

Referências ................................................................................................. 80

Anexos ....................................................................................................... 85

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Resumo Geral

Este estudo teve como objetivo caracterizar a flora e a estrutura do Cerrado

sentido restrito sobre Neossolo Quartzarênico no Parque Estadual de Terra Ronca -

PETeR, localizado na região nordeste do estado de Goiás. Pretendeu-se, também,

avaliar o método RAPELD utilizado para amostrar a vegetação arbustivo-arbórea em

Cerrado sentido restrito. No capítulo 1, a flora foi amostrada a partir de três transecções

de 5 Km. Registramos 222 espécies, sendo que nove representam novas ocorrências

para o estado de Goiás e duas para o bioma Cerrado. Dentre as espécies registradas,

28% são endêmicas do Cerrado e 72% são compartilhadas com outros domínios

fitogeográficos. O maior compartilhamento ocorreu com a Caatinga, o que demonstra o

aspecto transicional com este domínio. A elevada similaridade florística com os

cerrados da Bahia e do norte de Minas Gerais confirmam a afinidade da flora do PETeR

com a província fitogeográfica norte-nordeste. No capítulo 2, a estrutura da vegetação

arbustivo-arbórea foi analisada em duas classes de tamanho distintas - a classe 1 inclui

indivíduos com diâmetro entre 2 e 5 cm e foi amostrada em oito parcelas de 4 x 250 m;

a classe 2 engloba os indivíduos com diâmetro maior que 5 cm e foi amostrada em oito

parcelas de 20 x 250 m. A partir da comparação da flora e dos parâmetros estruturais

entre as classes sugerimos que pode haver redução no número de espécies que compõe a

classe 2. Os valores de densidade (403 ind.ha-1

), área basal (5,31 m2.ha-1

), riqueza (43)

e diversidade (2,80) registrados na classe 2 foram os mais baixos quando comparados

com outras áreas de Cerrado sentido restrito sobre Neossolo Quartzarênico. Esses

resultados associados à análise da ocorrência de fogo na área de estudo, nos últimos 20

anos, nos permite sugerir que a vegetação lenhosa está sendo negativamente

influenciada pela elevada frequência de incêndios. Nesse sentido, ressaltamos que o

controle e o manejo do fogo devem ser priorizados nas ações de manejo do PETeR a

fim de garantir a conservação da flora nativa. Por fim, no capítulo 3, a comparação do

protocolo de amostragem do método RAPELD (MR) com o protocolo do método de

parcelas permanentes (MPP), subsidiou a avaliação do desempenho do MR aplicado à

vegetação arbustivo-arbórea em Cerrado sentido restrito. Além disso, avaliamos o

impacto da redução de 50% do esforço amostral sobre as estimativas dos parâmetros

fitossociológicos, de riqueza e diversidade de espécies, obtidas por meio do MR. A

utilização do MPP resultou em estimativas dos parâmetros estruturais semelhantes ao

MR. Além disso, o MPP foi mais eficiente para estimar a riqueza e a diversidade de

espécies e apresentou menor tempo de execução. Dessa forma, se o propósito do

levantamento é conhecer a composição de espécies, a riqueza, a diversidade e a

estrutura da vegetação, recomendamos a adoção do MPP. Por outro lado, se a pesquisa

tem como objetivo analisar a interação da flora com outros grupos taxonômicos, o MR

deve ser utilizado, pois possibilita o levantamento de dados de táxons distintos

utilizando a mesma estrutura de amostragem. A redução de 50% do esforço amostral na

amostragem do MR não alterou significativamente as estimativas dos parâmetros

florísticos e estruturais da vegetação. Portanto, o esforço amostral do MR deve se

reduzido pela metade a fim de otimizar a relação custo-benefício deste método de

amostragem.

Palavras-chave: Fitossociologia, flora, intensidade amostral, método de

amostragem, parcela permanente, savana

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Abstract

This study aimed to characterize structure and flora of Cerrado sensu stricto in

Terra Ronca State Park – PETeR. The aim was also to evaluate the RAPELD method

used to sample shrub and tree vegetation in Cerrado sensu stricto. PETeR is located in

northeastern of Goiás state, on Tocantins River basin. In chaptear 1, flora was sampled

based on three 5 Km transects. We recorded 222 species, nine represent new records for

Goiás state and two for the Cerrado biome. Among the recorded species, 28% are

endemic to Cerrado and 72% are shared with other phytogeographic domains. The

highest share occurred with Caatinga, showing the transitional aspect with this domain.

The high floristic similarity with Cerrados from Bahia and north of Minas Gerais

confirmed the affinity of PETeR flora with north-northeast phytogeographic province.

In chapter 2, the structure of shrub-tree vegetation was analyzed in two different size

classes - class 1 includes individuals with diameter between 2 and 5 cm and was

sampled in eight plots of 4 x 250 m; class 2 comprises individuals with diameter above

5 cm and was sampled in eight plots of 20 x 250 m. By comparing flora and structural

parameters between classes, we suggest that there will probably happens a reduction in

number of species from class 2. Density (403 ind.ha-1

), basal area (5.31 m2.ha

-1),

richness (43) and diversity (2.80) values registered in class 2 were the lowest when

compared to other areas of Cerrado sensu stricto on Quartzipsamment. These results

associated with fire occurrence analysis in study area, on last 20 years, allow us to

suggest that woody vegetation is being negatively influenced by the high frequency of

fires. Thus, we emphasize that the control and fire management must have priority in

PETeR management actions in order to ensure the conservation of native flora. In

chapter 3 the evaluation of RAPELD method (MR) applied to sample shrub and tree

vegetation in Cerrado sensu stricto was carried out by comparing the sampling protocol

of MR with permanent plots protocol (MPP), proposed by Cerrado and Pantanal

Permanent Plots Network. We assess the efficiency of these methods for estimating

phytosociological parameters, floristic composition, richness and diversity of species in

community. In addition, we evaluated the 50% reduction of sampling effort on

estimates obtained using the MR. The use of MPP resulted in structural parameters

similar to MR. In addition, the MPP was more efficient to estimate richness and

diversity of species and had lower running cost. Thus, if the purpose of the survey is to

know species composition, richness, diversity and vegetation structure, we recommend

the adoption of MPP. On the other hand, if the aim of the research is to analyze the flora

interaction with other taxonomic groups, the MR should be used, because it allows the

survey of distinct taxa using the same sampling frame. The 50% reduction of sampling

effort in MR didn’t significantly change the floristic and structural parameters

estimates. Therefore, the MR sample effort should be halved in order to optimize the

cost-benefit ratio of this sampling method.

Key-words: Phytosociology, flora, sampling intensity, sampling method,

savanna, permanent plot

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Introdução Geral

O domínio fitogeográfico do Cerrado representa cerca de 22% do território

brasileiro (Eiten, 1972; Oliveira-Filho & Ratter, 2002; Sano et al., 2010) e contempla a

mais rica savana tropical do mundo (Silva & Bates, 2002; Walter et al., 2008). Estima-

se que, das cerca de 12.000 espécies da flora registradas para o Cerrado (Mendonça et

al. 2008), por volta de 4.400 (35%) são endêmicas deste domínio (Mittermeier et al.,

2011). Devido a sua elevada riqueza biológica, ao alto grau de endemismo e à elevada

perda de habitats, o Cerrado foi considerado um dos 35 hotspots mundiais para

conservação da biodiversidade (Mittermeier et al., 2011).

A vegetação do Cerrado é composta por um mosaico representado por

fitofisionomias florestais, savânicas e campestres (Ribeiro & Walter, 2008). O Cerrado

sentido restrito é uma das fitofisionomias savânicas do bioma (Ribeiro & Walter, 2008),

ocupa aproximadamente 60 a 65% da área geográfica do domínio (Sano et al., 2010) e é

caracterizado pela presença de árvores tortuosas, distribuídas aleatoriamente sobre o

terreno em diferentes densidades, sem que formem dossel contínuo (Ribeiro & Walter,

2008). A estrutura da vegetação que compõe esta fisionomia é comumente estudada em

regiões de Latossolos (Goodland, 1971; Felfili et al. 2001, Ratter et al., 2003), tipo de

solo predominante que ocorre em 46% do domínio fitogeográfico do Cerrado (Reatto et

al., 2005; 2008). Por outro lado, há escassez de estudos sobre a composição e estrutura

da vegetação que compõe o Cerrado sentido restrito que ocorre em outros tipos de solo,

como, por exemplo, sobre Neossolos Quartzarênicos (Lindoso & Felfili, 2007), tipo de

solo que ocorre em 15,2% da área de domínio do Cerrado (Reatto et al., 2005; 2008).

A estrutura da vegetação é comumente estudada por meio da análise de

parâmetros fitossociológicos, como densidade, dominância e frequência (Moro &

Martins, 2011). Além desses parâmetros, índices de riqueza, diversidade e similaridade

também são utilizados como descritores da vegetação (Durigan, 2009). Estudos focados

na descrição estrutural e florística da vegetação são importantes para orientar a

definição de áreas prioritárias para conservação, para subsidiar o planejamento de ações

de restauração de ambientes degradados, para possibilitar a identificação de padrões

ecológicos nas comunidades vegetais, além de contribuírem para o desenvolvimento de

grandes estudos fitogeográficos (Durigan, 2009; Moro & Martins, 2011).

As metodologias utilizadas nos estudos de análise e descrição da estrutura da

vegetação geralmente apresentam diferenças quanto ao tipo de unidade amostral (por

exemplo, pontos ou parcelas), no tamanho, no formato e no delineamento das unidades

amostrais; nos critérios de inclusão (tamanho ou diâmetro mínimo dos indivíduos a

serem mensurados) e também na intensidade amostral (esforço amostral). O uso de

metodologias distintas compromete a comparação de dados entre as áreas estudadas

(Felfili et al., 2011). Além disso, essas diferenças metodológicas dificultam a

estruturação de bancos de dados capazes de abranger grandes áreas (Costa &

Magnusson, 2010) como, por exemplo, um banco de dados que forneça informações

sobre a estrutura da vegetação do domínio do Cerrado como um todo. Considerando

essa dificuldade em comparar e integrar dados obtidos por meio de metodologias

distintas, Costa & Magnusson (2010) propuseram a adoção de metodologia padronizada

para estudos de biodiversidade, denominada RAPELD.

O método RAPELD foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa em

Biodiversidade – PPBio1 com objetivo de atender às demandas de pesquisas de longa

1 http://www.cnpq.br/web/guest/ppbio

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duração (Projetos Ecológicos de Longa Duração – PELD2) e permitir inventários

rápidos para avaliação da complementaridade biótica e planejamento do uso da terra

(Magnusson et al., 2005). O componente RAP da sigla RAPELD, foi inspirado no

Programa de Avaliação Rápida da Conservação Internacional – CI (Rapid Assessment

Program – RAP3). As principais características que buscam garantir a eficiência e

eficácia dos levantamentos que adotam este método são: ser padronizado, permitir

pesquisas integradas de todos os táxons, ser grande o suficiente para monitorar todos os

elementos da biodiversidade e processos ecossistêmicos, ser modular para permitir

comparações com amostragens menos intensivas, ser compatível com iniciativas já

existentes e disponibilizar dados rapidamente de forma útil para atender às demandas de

profissionais envolvidos com manejo e outros interessados1.

No Brasil, o método RAPELD foi proposto e implantado na Amazônia e,

posteriormente, foi difundido para o Pantanal e o Cerrado (Costa & Magnusson, 2010).

O PPBio e seus parceiros possuem mais de 70 grades e módulos RAPELD instalados no

Brasil (Magnusson et al., 2013). O Serviço Florestal Brasileiro - SFB recentemente

adotou o método RAPELD como padrão para o monitoramento de áreas em exploração

sob regime de concessão florestal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis – IBAMA também passou a exigir a adoção do método

RAPELD para o monitoramento ambiental de grandes obras de infraestrutura federal

(Magnusson et al., 2013). De acordo com os idealizadores do RAPELD, este método de

monitoramento da biodiversidade é o que mais cresce no mundo e, atualmente, foi

disseminado para a Austrália e o Nepal.

Nesse contexto, a Rede de Cooperação em Ciência e Tecnologia para a

Conservação e o uso Sustentável do Cerrado – Rede ComCerrado, preocupada em

fomentar o avanço do conhecimento ambiental e sócio-econômico do bioma, apresentou

como uma de suas metas a instalação de oito módulos de amostragem da biodiversidade

norteados pela metodologia RAPELD. Com o intuito de promover a implementação dos

módulos no Cerrado, a Rede ComCerrado promoveu reuniões com os pesquisadores das

instituições vinculadas a Rede para propor ajustes e modificações na metodologia

RAPELD e estabelecer protocolos para amostragem dos diferentes grupos taxonômicos

no Cerrado. Além disso, na tentativa de garantir a realização de estudos de longa

duração, os módulos são prioritariamente instalados em unidades de conservação de

proteção integral. Neste sentido, o Parque Estadual de Terra Ronca – PETeR, situado na

porção nordeste do estado de Goiás, foi selecionado para abrigar um dos módulos

RAPELD coordenados pela Rede ComCerrado.

Dessa forma, este estudo teve como objetivo caracterizar a flora e a estrutura do

Cerrado sentido restrito sobre Neossolo Quartzarênico no Parque Estadual de Terra

Ronca – Goiás. Pretendeu-se, também, avaliar o método RAPELD utilizado para

amostrar a vegetação arbustivo-arbórea em Cerrado sentido restrito.

Objetivos Específicos

(i) Descrever a flora do Cerrado sentido restrito sobre Neossolo Quartzarênico

no Parque Estadual de Terra Ronca. Perguntas: a) Qual é a composição e a riqueza de

espécies? b) Quais são as relações florísticas do sítio estudado com outros domínios

fitogeográficos? c) E com outras áreas de Cerrado sentido restrito sobre Neossolo

Quartzarênico ao longo do bioma Cerrado? (Capítulo 1).

2 http://www.cnpq.br/web/guest/apresentacao7

3 http://www.conservation.org.br/programas/index.php?id=94

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(ii) Caracterizar a composição e a estrutura da vegetação arbustivo-arbórea e

comparar as duas classes de tamanho amostradas. Perguntas: a) Existe semelhança

florístico-estrutural entre a vegetação da classe 1 (2 ≤ Db30cm< 5 cm) e da classe 2

(Db30cm ≥ 5 cm)? b) Quais são as implicações dessa análise para a conservação da

vegetação? (Capítulo 2).

(iii) Avaliar o protocolo de amostragem da vegetação arbustivo-arbórea do

Cerrado sentido restrito, aplicado aos módulos RAPELD. Perguntas: a) O protocolo

adotado atualmente é adequado para a amostragem da vegetação arbustivo-arbórea em

Cerrado sentido restrito? A redução do esforço amostral preconizado por este protocolo

influencia as estimativas dos parâmetros estruturais, de riqueza e de diversidade da

vegetação arbustivo-arbórea?

Referências

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Silva, J. M. C.; Bates, J. M. 2002. Biogeographic patterns and conservation in the south

american Cerrado: A Tropical Savanna Hotspot. BioScience, 52 (3): 225–233.

Walter, B. M. T.; Carvalho, A. M.; Ribeiro, J. F. 2008. O conceito de savana e de seu

componente Cerrado. In: Sano, S. M.; Almeida, S. P.; Ribeiro, J. F. (Eds.). Cerrado:

ecologia e flora. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica. p. 19–45

.

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Capítulo 1

Primeira parte: Flora vascular do Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca,

Goiás, Brasil

Segunda parte: Registro Fotográfico - Flora do Cerrado sensu stricto Parque Estadual de Terra

Ronca, Goiás, Brasil

Guia de campo publicado no Field Museum – link para acesso: http://fieldguides.fieldmuseum.org/guides/guide/686

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Flora vascular do Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, Brasil

Resumo

Realizamos estudo florístico do Cerrado sentido restrito na região do Vão do Paranã, no Parque

Estadual de Terra Ronca, nordeste do estado de Goiás. Complementarmente, analisamos aspectos

fitogeográficos e avaliamos a similaridade florística com outros sítios com a mesma fitofisionomia

e que ocorrem sobre Neossolo Quartzarênico. Coletamos os dados ao longo de três transecções de 5

km, registramos 222 espécies, duas representam novos registros para o bioma Cerrado. Cerca de

28% das espécies são endêmicas do Cerrado e 72% são compartilhadas com outros domínios

fitogeográficos. O maior compartilhamento ocorreu com a Caatinga, demonstrando o aspecto

transicional e a afinidade da flora da região com este domínio. A elevada similaridade florística com

o Cerrado da Bahia e do Norte de Minas Gerais, associada à ocorrência de elementos florísticos

considerados típicos da província fitogeográfica norte-nordeste do bioma Cerrado, reforçam a

inclusão do sítio estudado nesta província.

Palavras-chave: Domínio fitogeográfico, fitogeografia, florística, Neossolo Quartzarênico, Parque

Estadual de Terra Ronca, similaridade florística.

Introdução

As savanas tropicais abrangem cerca de 20% da superfície terrestre e ocorrem

principalmente na África, na América do Sul e na Austrália (Lehmann et al. 2011). O Cerrado

representa a maior e mais rica savana neotropical (Silva and Bates 2002), ocupava originalmente

área de 205 milhões de hectares (Sano et al. 2010), sendo considerado o segundo maior bioma sul-

americano. Estendendo-se, continuamente, desde a borda sul da Floresta Amazônica até os estados

de São Paulo e Paraná, o Cerrado abrange mais de 20º de latitude; e com relação à variação

altitudinal, estende-se desde próximo ao nível do mar até 1.800 metros (Oliveira-Filho and Ratter

2002). A ampla variação espacial, edáfica e altitudinal, associada a eventos climáticos pretéritos,

conferem a este bioma expressiva heterogeneidade ambiental, o que resulta em diversificado

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mosaico vegetacional formado por fitofisionomias campestres, savânicas e florestais (Ribeiro and

Walter 2008). As formações savânicas englobam o Cerrado sentido restrito, Parque Cerrado,

Palmeiral e Vereda (Ribeiro and Walter 2008). O Cerrado sentido restrito é caracterizado pela

presença de árvores baixas e tortuosas, com predominância de arbustos e subarbustos; as árvores

possuem casca espessa, folhas em geral rígidas e coriáceas, sugerindo adaptações ao fogo e à seca

(Ribeiro and Walter 2008).

A heterogeneidade ambiental e a diversidade de paisagens existentes no Cerrado

proporcionam a ocorrência de elevada riqueza florística (Mendonça et al. 2008). A flora vascular

nativa do bioma apresenta mais de 11.000 espécies, das quais aproximadamente 4.400 são

endêmicas (Mendonça et al. 2008; Mittermeier et al. 2011). A elevada riqueza biológica e o alto

grau de endemismo, associados ao intenso processo de degradação registrado nas últimas décadas,

levaram o Cerrado a ser incluído entre os 35 hotspots mundiais para a conservação da

biodiversidade (Mittermeier et al. 2011).

Desde a década de 1970 o avanço da fronteira agrícola sobre o Cerrado contribui de forma

expressiva para a supressão e degradação da vegetação nativa (Klink and Machado 2005; Bittar

2011). Vastas áreas já foram convertidas em pastagens e áreas agrícolas, restando atualmente em

torno 45% de vegetação nativa (Machado et al. 2004). As áreas remanescentes estão distribuídas

espacialmente de forma heterogênea, sendo mais abundantes na porção norte do bioma e mais

escassas na porção sul (Sano et al. 2010).

A região norte do estado de Goiás foi incluída entre os cinco blocos de vegetação nativa

remanescente mais expressivos (Machado et al. 2004), principalmente a porção nordeste do estado ,

onde está localizada a região do Vão do Paranã (Ferreira et al. 2009). O Vão do Paranã é

classificado como área prioritária para conservação da biodiversidade do bioma e, apesar da

execução de inventário biológico ter sido apontada como ação de máxima prioridade pelo Governo

brasileiro (MMA, 2007), os estudos sobre a vegetação nativa nessa região ainda são escassos.

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Com o intuito de contribuir para o conhecimento da vegetação nativa da região do Vão do

Paranã, investigamos a flora do Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca –

PETeR, que se destaca por ser a única unidade de conservação de proteção integral situada nesta

região. Nesse sentido, os objetivos deste trabalho foram: 1) caracterizar a flora vascular do Cerrado

sensu stricto no PETeR, 2) analisar as relações florísticas com os domínios fitogeográficos da

Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga e 3) comparar a flora registrada com outros sítios de mesma

fitofisionomia que também ocorrem sobre Neossolos Quartzarênicos, a fim de avaliar a similaridade

florística e a contribuição do Parque para a conservação da flora deste ambiente. Este estudo

representa a primeira caracterização da flora vascular do Cerrado sensu stricto no PETeR e

apresenta relevante contribuição para o conhecimento da composição florística da região, onde

estão concentrados importantes remanescentes de vegetação nativa da maior e mais rica savana

neotropical.

Material e Métodos

Área de estudo

O Parque Estadual de Terra Ronca está localizado no nordeste do estado de Goiás, na bacia

hidrográfica do Rio Tocantins, na região do Vão do Paranã (Figura 1). Seu limite leste é definido

pela Serra Geral de Goiás, onde faz divisa com o extenso polo agrícola do oeste da Bahia (Sano et

al. 2011). Devido à sua riqueza natural e cultural, a região foi considerada pela UNESCO como

parte integrante da Reserva da Biosfera do Cerrado (Paiva 2000). O Parque foi criado no ano de

1989 com o intuito de preservar a flora, a fauna, os mananciais e, sobretudo, as cavernas, já que

sete, das trinta maiores cavernas do Brasil estão localizadas no PETeR (Soares-Filho and Mateucci

2001).

O clima, segundo o sistema de classificação de Köppen, é do tipo Aw - tropical com duas

estações bem definidas, inverno seco (de abril a setembro) e verão úmido (de outubro a março)

(Silva et al. 2008). Nos últimos dez anos a temperatura média foi de 24,3ºC e a precipitação média

foi de 1.406 mm/ano (INMET 2014).

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Figura 1: Localização da região do Vão Paranã em relação ao estado de Goiás - GO e ao Brasil (a).

Localização do Parque Estadual de Terra Ronca (PETeR) em relação ao Vão do Paranã (b).

Localização das transecções no PETeR (c).

As fitofisionomias predominantes no PETeR são Cerrado sensu stricto e Floresta Estacional

Decidual. As Florestas Deciduais ocorrem associadas a afloramentos de calcário, em solos

mesotróficos (IBGE, 1995), e estão situadas principalmente na porção oeste do PETeR. As

formações savânicas ocorrem sobre solos distróficos (IBGE, 1995) e estão localizadas

predominantemente na porção leste do Parque.

O sítio estudado apresenta relevo plano ou suavemente ondulado e a altitude varia de 600 a

800 metros. Predominam os solos tipo Neossolos Quartzarênicos (IBGE and Embrapa 2001),

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caracterizados como solos jovens, profundos, bem drenados, arenosos (com mais de 90% de areia),

ácidos, de baixa fertilidade, com pouca diferenciação em perfis e alta saturação por alumínio

(Furley and Ratter 1988; Reatto and Martins 2005).

Coleta de dados e análises

Realizamos a amostragem na porção leste do PETeR, onde avaliamos a composição

florística do Cerrado sensu stricto ao longo de três transecções de 5 km de comprimento por

aproximadamente 60 m de largura (Figura 1). Registramos as espécies por meio de adaptação ao

método de levantamento rápido (Ratter et al. 2001, 2003; Walter and Guarino 2006). As transecções

foram percorridas e as diferentes espécies visualizadas foram coletadas e identificadas. Todos os

materiais férteis foram coletados, enquanto os materiais estéreis foram coletados apenas no estrato

arbustivo-arbóreo, pois frequentemente são passíveis de identificação taxonômica. Cabe ressaltar

que a adoção deste critério de amostragem inviabiliza a análise da proporção da flora herbácea em

relação à arbustivo-arbórea.

Coletamos material botânico em abril, maio e novembro de 2013; fevereiro, maio e julho de

2014; e março de 2015, totalizando sete excursões de coleta de campo com duração média de cinco

dias cada. Identificamos as espécies por meio de consulta a taxonomistas e por comparação com

material do herbário da Universidade de Brasília (UB), onde registramos e incorporamos as

exsicatas ao acervo. A circunscrição das famílias seguiu APG III (2009) e para conferir sinonímias

e padronizar a nomenclatura botânica, utilizamos a Lista de Espécies da Flora do Brasil

(http://floradobrasil.jbrj.gov.br), por meio do pacote ‘flora’, versão 0.2.4 (Carvalho 2015) no

programa R (version 3.0.3; R Development Core Team 2015).

Determinamos a ocorrência das espécies nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Mata

Atlântica e Caatinga, com base no banco de dados da Flora do Brasil e verificamos o

compartilhamento de espécies com estes domínios (Forzza et al. 2014). Analisamos a similaridade

da flora arbustivo-arbórea do PETeR com outros 11 sítios de Cerrado sensu stricto sobre Neossolos

Quartzarênicos (Tabela 1, Figura 2). Elaboramos uma matriz de presença e ausência e eliminamos

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as espécies que ocorreram em apenas um sítio, conforme procedimento adotado por Ratter et al.

(2003). A partir dessa matriz realizamos análise de agrupamento (UPGMA), com base no índice de

Jaccard e geramos o dendrograma (Sneath and Sokal 1973), no programa Past (Hammer et al.

2001).

Direcionamos a análise dos aspectos fitogeográficos principalmente para a flora arbustivo-

arbórea, pois no Brasil os estudos fitogeográficos que consideram a flora herbácea e subarbustiva

ainda são escassos. A análise de similaridade florística foi restrita ao estrato arbustivo-arbóreo, pois

não há dados sobre a flora do componente herbáceo-subarbustivo para áreas de Cerrado sensu

stricto sobre Neossolos Quartzarênicos.

Tabela 1: Sítios de Cerrado sensu stricto sobre Neossolo Quartzarênico comparados com o presente

estudo. Cod. – código dos sítios, Prec. – Precipitação média anual (mm/ano), T – temperatura média

anual (oC), Long – longitude (W), Lat – latitude (S).

Cod. Sítios Prec. T Long Lat Altitude (m) Referências

BR Brotas 1.450 20 47o 54' 22o 11' 710 Durigan et al. 2002

PP Patrocínio Paulista 1.400 21 47o 14' 20o 46' 805 Teixeira et al. 2004

AR Arraial e Regeneração * 1.360 28 42o 29' 6o 32' 183 Lindoso et al. 2009

P7 Parque Nacional Sete Cidades * 1.500 28 41o 42' 4o 06' 198 Lindoso, 2008

FI Filadélfia 1.719 26 47o 35' 7o 17' 160 Medeiros and Walter 2012

CA Carolina 1.719 26 47o 28' 7o 01' 150 Medeiros et al. 2008

CO Correntina 1.576 25 45o 24' 13o 31' 770 Felfili and Silva-Júnior 2001

FO Formosa do Rio Preto 1.516 26 45o 27' 11o 08' 550 Felfili and Silva-Júnior 2001

GS Parque Nacional Grande Sertão Veredas 1.650 24 45o 56' 14o 49' 783 Felfili and Silva-Júnior 2001

CU Cuiabá 1.800 25 55o 59' 15o 12' 350 Oestreich-Filho 2014

CH Chapada dos Guimarães 2.000 23 55o 30' 15o 13' 390 Oestreich-Filho 2014

TR Parque Estadual de Terra Ronca 1.406 24 46o 16' 13o 35' 750 Presente estudo

*Os sítios AR e P7 estão localizados no bioma Caatinga, segundo o mapa do IBGE (2004), entretanto, considerando os aspectos

florísticos e estruturais, a vegetação foi caracterizada como Cerrado sensu stricto (Lindoso 2008; Lindoso et al. 2009).

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Figura 2: Localização dos sítios de Cerrado sensu stricto sobre Neossolos Quartzarênicos, em

relação ao Cerrado e ao Brasil. Os sítios estão representados por códigos, conforme Tabela 1 e os

estados brasileiros estão representados por siglas, em círculos: MT – Mato Grosso, TO – Tocantins,

MA – Maranhão, PI – Piauí, BA – Bahia, GO – Goiás, MG – Minas Gerais, SP – São Paulo. Fonte:

Limite do bioma Cerrado - IBGE (2004)

Resultados

Registramos 222 espécies, pertencentes a 161 gêneros e 62 famílias (Tabela 2). As famílias

mais ricas foram Fabaceae (34 espécies), Rubiaceae (15), Asteraceae (12), Poaceae (12),

Malpighiaceae (11), Cyperaceae (8) e Myrtaceae (8), contribuindo com 45% da flora registrada.

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Tabela 2: Flora vascular do Cerrado sensu stricto registrada no Parque Estadual de Terra Ronca,

Goiás, Brasil. * – novo registro de ocorrência para o estado de Goiás, # – novo registro de

ocorrência para o domínio fitogeográfico do Cerrado, Erv – erva, Sub – subarbusto, Arb – arbusto,

Arv – árvore, CE – espécie que ocorre no domínio fitogeográfico do Cerrado, AM – espécie que

ocorre no domínio fitogeográfico da Amazônia, MA – espécie que ocorre no domínio fitogeográfico

da Mata Atlântica, CAA – espécie que ocorre no domínio fitogeográfico da Caatinga.

Espécie Voucher* Hábito Domínios Fitogeográficos

ACANTHACEAE

Ruellia incomta (Nees) Lindau AGA 2720 Sub CE AM

AMARANTHACEAE

Gomphrena agrestis Mart. AGA 2555 Erv, Sub CE AM MA CAA

Pfaffia denudata (Moq.) Kuntze AGA 2512 Sub CE

Pfaffia tuberosa (Spreng.) Hicken AGA 2719 Sub CE

MA

ANACARDIACEAE

Anacardium humile A.St.-Hil. CBRM 7552 Arb CE AM MA CAA

Anacardium occidentale L. AMCT 174144 Arv CE AM MA CAA

Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. Estéril Arv CE AM MA

Tapirira guianensis Aubl. Estéril Arv CE AM MA CAA

ANNONACEAE

Annona coriacea Mart. CBRM 7694 Arv CE AM

CAA

Annona crassiflora Mart. CBRM 7747 Arv CE AM

Annona dioica A.St.-Hil. CBRM 7473 Arb CE

Annona tomentosa R.E.Fr. AMCT 174124 Arb CE AM

Duguetia furfuracea (A.St.-Hil.) Saff. AMCT 174117 Arb CE AM MA CAA

Xylopia aromatica (Lam.) Mart. CBRM 7554 Arv CE AM

APOCYNACEAE

Aspidosperma macrocarpon Mart. CBRM 7471 Arv CE AM

Aspidosperma tomentosum Mart. AMCT 174142 Arv CE AM

CAA

Hancornia speciosa Gomes AMCT 174118 Arv CE AM

CAA

Himatanthus obovatus (Müll.Arg.) Woodson Estéril Arv CE

Mandevilla pohliana (Stadelm.) A.H.Gentry CBRM 7446 Sub CE

CAA

Minaria micromeria (Decne.) T.U.P.Konno & Rapini AGA 2722 Sub CE

MA

ASTERACEAE

Calea teucriifolia (Gardner) Baker AGA 2522 Arb, Sub CE

Chromolaena chaseae (B.L.Rob.) R.M.King & H.Rob. AGA 2735 Arb, Sub CE

Eremanthus glomeratus Less. CBRM 7676 Arb CE

Lepidaploa aurea (Mart. ex DC.) H.Rob. AGA 2605A Arb CE

MA

Lepidaploa nitens (Gardner) H.Rob. AGA 2737 Sub CE

Lessingianthus laevigatus (Mart. ex DC.) H.Rob. AGA 2592 Sub CE

Lessingianthus monocephalus (Gardner) H.Rob. AGA 2734 Arb CE

Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker Estéril Arv CE

Porophyllum angustissimum Gardner AGA 2724 Sub CE AM MA CAA

Riencourtia tenuifolia Gardner AGA 2559 Erv, Sub CE

CAA

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Espécie Voucher* Hábito Domínios Fitogeográficos

Trichogonia cinerea (Gardner) R.M.King & H.Rob. AGA 2728 Arb CE

Vernonanthura ferruginea (Less.) H.Rob. AMCT 174164 Arb CE

BIGNONIACEAE

Anemopaegma glaucum Mart. ex DC. CBRM 7674 Sub CE

Anemopaegma scabriusculum Mart. ex DC. AGA 2523 Arb CE

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. Estéril Arv CE

MA CAA

Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos CBRM 7429 Árv CE

MA

Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex

S.Moore CBRM 7749 Árv CE AM MA CAA

Zeyheria montana Mart. Estéril Arb CE

MA

BORAGINACEAE

Varronia truncata (Fresen.) Borhidi AGA 2732 Sub CE

BROMELIACEAE

Dyckia brasiliana L.B.Sm. AGA 2641 Erv CE

BURSERACEAE

Protium ovatum Engl. AMCT 174145 Arb CE AM

CALOPHYLLACEAE

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. CBRM 7436 Arv CE AM

Kielmeyera rubriflora Cambess. AMCT 174113 Arb CE

Kielmeyera speciosa A. St.-Hil Estéril Arv CE

CARYOCARACEAE

Caryocar cuneatum Wittm. AMCT 174147 Arv CE AM

CAA

CARYOPHYLLACEAE

Polycarpaea corymbosa (L.) Lam. AGA 2519 Erv CE AM MA CAA

CELASTRACEAE

Plenckia populnea Reissek Estéril Arv CE AM MA CAA

CHRYSOBALANACEAE

Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. CBRM 7420 Arv CE AM

CAA

Exellodendron cordatum (Hook.f.) Prance AMCT 174123 Arb, Arv CE

CAA

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. AMCT 174171 Arv CE AM

CAA

Hirtella glandulosa Spreng. Estéril Arv CE AM

CAA

Parinari obtusifolia Hook.f. AGA 2582 Arb CE AM

COMBRETACEAE

Terminalia argentea Mart. Estéril Arv CE

MA CAA

Terminalia fagifolia Mart. AMCT 174119 Arv CE

CAA

COMMELINACEAE

Commelina erecta L. AGA 2744 Erv CE AM MA CAA

CONNARACEAE

Connarus suberosus Planch. AMCT 174115 Arb, Arv CE

Rourea induta Planch. AMCT 174116 Arb CE AM

CAA

CONVOLVULACEAE

Jacquemontia evolvuloides (Moric.) Meisn. AGA 2502 Erv, Trep CE

MA CAA

CYPERACEAE

Bulbostylis conifera (Kunth) C.B.Clarke CBRM 7640 Erv CE AM MA CAA

Bulbostylis junciformis (Kunth) C.B.Clarke AGA 2640 Erv CE AM MA CAA

Bulbostylis pachypoda Kral & M.T.Strong AGA 2714 Erv CE

Cryptangium verticillatum (T. Koyama) Vitta AGA 2568 Erv CE AM MA

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Espécie Voucher* Hábito Domínios Fitogeográficos

Cyperus aggregatus (Willd.) Endl. AGA 2627 Erv CE AM MA CAA

Lagenocarpus tenuifolius (Boeckeler) C.B.Clarke CBRM 7478 Erv CE

MA

Rhynchospora consanguinea (Kunth) Boeckeler AGA 2609 Erv CE AM

CAA

Scleria comosa (Nees) Steud. * AGA 2556 Erv CE AM

DILLENIACEAE

Curatella americana L. Estéril Arv CE AM MA CAA

Davilla elliptica A.St.-Hil. AMCT 174120 Arb, Arv CE

EBENACEAE

Diospyros hispida A.DC. Estéril Arv CE AM MA CAA

Diospyros sericea A.DC. Estéril Arv CE

CAA

ERIOCAULACEAE

Comanthera nivea (Bong.) L.R.Parra & Giul. * AGA 2628 Erv CE

MA

ERYTHROXYLACEAE

Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. CBRM 7670 Arb CE AM MA

Erythroxylum tortuosum Mart. Estéril Arv CE

EUPHORBIACEAE

Croton goyazensis Müll.Arg. AGA 2541 Arb, Sub CE

MA

Maprounea guianensis Aubl. Estéril Arv CE AM MA

Microstachys bidentata (Mart.& Zucc.) Esser AGA 2611 Erv, Sub CE AM

CAA

Microstachys daphnoides (Mart.) Müll.Arg. AGA 2544 Sub CE

MA CAA

FABACEAE

Aeschynomene brevipes Benth. AGA 2524 Erv, Sub CE AM

CAA

Andira cujabensis Benth. AMCT 174125 Arv CE AM

Andira vermifuga (Mart.) Benth. CBRM 7536 Arv CE AM MA CAA

Bauhinia malacotricha Harms AGA 2597 Arb CE

Bauhinia platyphylla Benth. Estéril Arb CE

Bowdichia virgilioides Kunth CBRM 7496 Arv CE AM MA CAA

Calliandra dysantha Benth. AGA 2587 Arb, Sub CE

CAA

Cenostigma macrophyllum Tul. AMCT 174129 Arb, Arv CE AM

CAA

Chamaecrista cathartica (Mart.) H.S.Irwin & Barneby AGA 2510 Erv, Sub CE

CAA

Chamaecrista langsdorffii (Kunth ex Vogel) Britton ex

Pittier AGA 2509 Erv, Sub CE AM MA CAA

Chamaecrista orbiculata (Benth.) H.S.Irwin &

Barneby AMCT 174139 Arv CE

CAA

Copaifera langsdorffii Desf. AMCT 174138 Arv CE AM MA CAA

Copaifera luetzelburgii Harms AMCT 174126 Arb CE

Crotalaria incana L. AGA 2746 Sub CE AM MA CAA

Crotalaria maypurensis Kunth AGA 2601 Sub CE AM MA CAA

Dalbergia miscolobium Benth. CBRM 7460 Arv CE

Dimorphandra gardneriana Tul. AMCT 174128 Arv CE

CAA

Dioclea coriacea Benth. AGA 2545 Trep CE AM

Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. CBRM 7728 Arv CE

Galactia martii DC. AGA 2636 Trep CE

MA CAA

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne AMCT 174131 Arv CE AM

CAA

Leptolobium dasycarpum Vogel AMCT 174130 Arv CE AM

Machaerium acutifolium Vogel AMCT 174127 Arv CE AM MA CAA

Machaerium opacum Vogel AMCT 174137 Arv CE

CAA

Mimosa gracilis Benth. AGA 2554 Erv, Sub CE

MA

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Espécie Voucher* Hábito Domínios Fitogeográficos

Plathymenia reticulata Benth. Estéril Arv CE AM MA CAA

Pterodon pubescens (Benth.) Benth. Estéril Arv CE

Senna rugosa (G.Don) H.S.Irwin & Barneby AGA 2573 Arb, Sub CE AM MA CAA

Senna uniflora (Mill.) H.S.Irwin & Barneby AGA 2596 Erv CE AM

CAA

Stryphnodendron coriaceum Benth. AMCT 174132 Arv CE

CAA

Stryphnodendron rotundifolium Mart. Estéril Arv CE

CAA

Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. AGA 2558 Erv, Sub CE

Tachigali rubiginosa (Mart. ex Tul.) Oliveira-Filho CBRM 7479 Arv CE

Tachigali subvelutina (Benth.) Oliveira-Filho AMCT 174140 Arv CE

IRIDACEAE

Trimezia cathartica (Klatt) Niederl. AGA 2613 Erv CE

KRAMERIACEAE

Krameria argentea Mart. ex Spreng. AGA 2600 Erv, Sub CE

Krameria tomentosa A.St.-Hil. CBRM 7696 Sub CE AM MA CAA

LAMIACEAE

Aegiphila verticillata Vell. Estéril Arv CE AM MA CAA

Cyanocephalus lippioides (Pohl ex Benth.) Harley &

J.F.B.Pastore * CBRM 7516 Sub CE

MA

Eriope complicata Mart. ex Benth. AGA 2723 Erv, Sub CE

Martianthus stachydifolius (Epling) Harley &

J.F.B.Pastore * # AGA 2638 Sub

CAA

LAURACEAE

Aniba desertorum (Nees) Mez AGA 2564 Arv CE

CAA

LENTIBULARIACEAE

Utricularia cucullata A.St.-Hil. & Girard AGA 2620 Erv CE AM MA

LOGANIACEAE

Antonia ovata Pohl AMCT 174136 Arv CE AM MA

LYTHRACEAE

Cuphea linarioides Cham. & Schltdl. AGA 2569 Sub CE

MA

Diplusodon sigillatus Lourteig AGA 2604 Sub CE

Lafoensia pacari A.St.-Hil. AMCT 174168 Arv CE

MALPIGHIACEAE

Banisteriopsis latifolia (A.Juss.) B.Gates AMCT 174163 Arv CE

Banisteriopsis malifolia (Nees & Mart.) B.Gates AGA 2586 Arb, Trep CE AM MA CAA

Banisteriopsis stellaris (Griseb.) B.Gates AGA 2608 Arb, Trep CE AM

CAA

Byrsonima blanchetiana Miq. * AGA 2585 Arb CE

CAA

Byrsonima coccolobifolia Kunth Estéril Arv CE AM MA

Byrsonima crassifolia (L.) Kunth AGA 2740 Arv CE AM MA CAA

Byrsonima intermedia A.Juss. AGA 2580 Arb CE AM MA

Byrsonima pachyphylla A.Juss. Estéril Arv CE AM

Heteropterys byrsonimifolia A.Juss. CBRM 7702 Arb CE

Heteropterys procoriacea Nied. * AGA 2583 Arb CE

Peixotoa goiana C.E.Anderson AGA 2595 Sub CE

MALVACEAE

Eriotheca gracilipes (K.Schum.) A.Robyns AMCT 174162 Arv CE AM

CAA

Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Schott & Endl. AMCT 174150 Arv CE

Luehea paniculata Mart. & Zucc. Estéril Arv CE AM MA CAA

Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) A.Robyns AMCT 174151 Arv CE AM MA CAA

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Espécie Voucher* Hábito Domínios Fitogeográficos

Pseudobombax tomentosum (Mart. & Zucc.) A.Robyns Estéril Arv CE

CAA

Waltheria indica L. AGA 2745 Erv, Sub CE AM MA CAA

MELASTOMATACEAE

Miconia albicans (Sw.) Triana AMCT 174152 Arb, Arv CE AM MA CAA

Miconia fallax DC. CBRM 7550 Arb CE AM

CAA

Mouriri elliptica Mart. AMCT 174122 Arv CE

Mouriri gardneri Triana AMCT 174166 Arv CE

Mouriri pusa Gardner AMCT 174121 Arv CE AM

CAA

MORACEAE

Brosimum gaudichaudii Trécul AMCT 174148 Arb, Arv CE AM MA CAA

MYRISTICACEAE

Virola subsessilis (Benth.) Warb. AGA 2546 Arb CE

MYRTACEAE

Calycolpus sessiliflorus Landrum AGA 2730 Arb, Arv CE

Eugenia blanchetiana O.Berg * # AGA 2612 Arv

CAA

Eugenia dysenterica (Mart.) DC. AMCT 174158 Arv CE

MA CAA

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. AMCT 174155 Arb, Arv CE AM MA CAA

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. AMCT 174159 Arv CE AM MA CAA

Myrcia lasiantha DC. AMCT 174157 Arb CE

MA

Myrcia splendens (Sw.) DC. Estéril Arv CE AM MA CAA

Psidium myrsinites DC. CBRM 7664 Arv CE AM

CAA

NYCTAGINACEAE

Guapira graciliflora (Mart. ex Schmidt) Lundell Estéril Arv CE AM

CAA

Guapira opposita (Vell.) Reitz CBRM 7517 Arv CE AM MA CAA

Neea theifera Oerst. Estéril Arv CE

OCHNACEAE

Ouratea hexasperma (A.St.-Hil.) Baill. CBRM 7723 Arv CE

Ouratea ovalis (Pohl) Engl. Estéril Arv CE

Ouratea spectabilis (Mart.) Engl. CBRM 7538 Sub CE

OLACACEAE

Heisteria citrifolia Engl. * AMCT 174167 Arv CE

OPILIACEAE

Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. Estéril Arv CE AM MA CAA

PASSIFLORACEAE

Passiflora foetida L. CBRM 7533 Trep CE AM MA CAA

PHYLLANTHACEAE

Phyllanthus orbiculatus Rich. AGA 2571 Sub CE AM

CAA

PHYTOLACCACEAE

Microtea paniculata Moq. AGA 2721 Erv CE AM MA CAA

PLANTAGINACEAE

Angelonia goyazensis Benth. AGA 2637 Erv, Sub CE

POACEAE

Andropogon fastigiatus Sw. AGA 2639 Erv CE AM

CAA

Aristida gibbosa (Nees) Kunth AGA 2631 Erv CE AM MA

Aristida setifolia Kunth AGA 2520 Erv CE

MA CAA

Axonopus pellitus (Nees ex Trin.) Hitchc. & Chase AGA 2594 Erv CE AM MA CAA

Echinolaena oplismenoides (Munro ex Döll) Stieber AGA 2576 Erv CE AM

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Espécie Voucher* Hábito Domínios Fitogeográficos

Gymnopogon foliosus (Willd.) Nees AGA 2511 Erv CE AM MA CAA

Loudetiopsis chrysothrix (Nees) Conert AGA 2501 Erv CE AM MA CAA

Mesosetum loliiforme (Hochst.) Chase AGA 2548 Erv CE AM MA CAA

Panicum cervicatum Chase AGA 2713a Erv CE AM MA CAA

Paspalum gardnerianum Nees AGA 2578 Erv CE AM

CAA

Paspalum pectinatum Nees ex Trin. AGA 2718 Erv CE AM MA

Trachypogon macroglossus Trin. AGA 2518 Erv CE AM

POLYGALACEAE

Polygala equisetoides A.St.-Hil. & Moq. AGA 2635 Erv, Sub CE

PROTEACEAE

Roupala montana Aubl. Estéril Arv CE AM MA CAA

RHAMNACEAE

Rhamnidium elaeocarpum Reissek Estéril Arv CE AM MA

RUBIACEAE

Alibertia edulis (Rich.) A.Rich. AMCT 174135 Arb, Arv CE AM

CAA

Borreria crispata (K.Schum.) E.L.Cabral &

Bacigalupo AGA 2506 Arb, Sub CE

Borreria schumanniana Taub. ex Ule AGA 2507 Erv CE

Cordiera concolor (Cham.) Kuntze CBRM 7408 Arb CE AM MA CAA

Declieuxia cordigera Mart. & Zucc. ex Schult. &

Schult.f. AGA 2603 Erv CE

MA

Declieuxia pruinosa Pohl ex DC. AGA 2528 Arb, Sub CE

CAA

Ferdinandusa elliptica (Pohl) Pohl AMCT 174133 Arv CE AM

CAA

Galianthe grandifolia E.L.Cabral AGA 2736 Arb, Sub CE AM

CAA

Galianthe ramosa E.L.Cabral AGA 2590 Erv, Sub CE

Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl. Estéril Arv CE AM MA CAA

Mitracarpus steyermarkii E.L.Cabral & Bacigalupo AGA 2537 Erv CE

Rudgea erioloba Benth. Estéril Arv CE

Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. AMCT 174170 Arb, Arv CE AM

CAA

Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum. AMCT 174134 Arb, Arv CE AM MA CAA

Tocoyena viscidula Mart. CBRM 7508 Arb CE

CAA

RUTACEAE

Esenbeckia pumila Pohl AGA 2563 Arb, Arv CE

CAA

Zanthoxylum rhoifolium Lam. Estéril Arv CE AM MA CAA

SALICACEAE

Casearia sylvestris Sw. AMCT 174149 Arb, Arv CE AM MA CAA

SAPINDACEAE

Dilodendron bipinnatum Radlk. AMCT 174154 Arv CE AM MA

Magonia pubescens A.St.-Hil. AMCT 174153 Arv CE AM

CAA

Matayba guianensis Aubl. Estéril Arv CE AM MA

SAPOTACEAE

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. AMCT 174112 Arv CE AM MA CAA

Pouteria subcaerulea Pierre ex Dubard AMCT 174160 Sub CE

Pouteria torta (Mart.) Radlk. AGA 2634 Arv CE AM MA CAA

SIMAROUBACEAE

Simaba ferruginea A.St.-Hil. AMCT 174169 Arb CE AM MA CAA

Simarouba versicolor A.St.-Hil. AMCT 174146 Arv CE AM

CAA

SMILACACEAE

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Espécie Voucher* Hábito Domínios Fitogeográficos

Smilax brasiliensis Spreng. AGA 2607 Sub CE

TURNERACEAE

Piriqueta sidifolia (Cambess.) Urb. AGA 2731 Sub CE

MA CAA

Turnera oblongifolia Cambess. AGA 2561 Erv CE

MA

VELLOZIACEAE

Vellozia swallenii L.B.Sm. * CBRM 7519 Arb CE

Vellozia tubiflora (A.Rich.) Kunth AGA 2533 Arb, Sub CE AM

CAA

VERBENACEAE

Lippia lupulina Cham. CBRM 7455 Sub CE AM MA

Lippia origanoides Kunth AGA 2521 Arb, Sub CE AM MA CAA

Lippia stachyoides Cham. AGA 2606 Arb, Sub CE

VOCHYSIACEAE

Callisthene fasciculata Mart. AMCT 174165 Arv CE AM MA

Qualea grandiflora Mart. AMCT 174141 Arv CE AM MA CAA

Qualea parviflora Mart. AMCT 174114 Arv CE AM MA CAA

Salvertia convallariodora A.St.-Hil. AMCT 174143 Arv CE

CAA

Vochysia gardneri Warm. CBRM 7585 Arv CE

* Coletores: AGA – Aryanne Gonçalves Amaral, AMCT – Ana Magalhães Cordeiro Teixeira, CBRM – Cássia Beatriz

Rodrigues Munhoz

Dentre as espécies registradas, 28% (62 espécies) são endêmicas do domínio fitogeográfico

do Cerrado e 72% (160 espécies) são compartilhadas com outros domínios. Se considerarmos as

espécies compartilhadas exclusivamente com cada um dos domínios fitogeográficos, o maior

compartilhamento ocorreu com a Caatinga (9,5%, 21 espécies), seguido pela Amazônia (6,8%, 15)

e Mata Atlântica (6,3%, 14). As demais espécies (49,5%, 110 espécies) ocorreram em mais de dois

domínios fitogeográficos (Figura 3a).

Ao analisarmos o estrato herbáceo-subarbustivo e arbustivo-arbóreo separadamente, a

proporção de espécies exclusivas do Cerrado e compartilhadas com outros domínios mantém-se a

mesma de quando analisamos os estratos conjuntamente (28%, 72%, respectivamente).

Considerando apenas as 134 espécies arbustivo-arbóreas, as proporções de compartilhamento entre

domínios são alteradas, entretanto o maior compartilhamento permanece com a Caatinga (11%, 15

espécies), seguido pela Amazônia (7,5%, 10) e Mata Atlântica (3%, 5) (Figura 3b). No estrato

herbáceo-subarbustivo ocorreram alterações no padrão de compartilhamento entre os domínios

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fitogeográficos, sendo que o maior compartilhamento de espécies ocorreu com a Mata Atlântica

(11%, 10 espécies), seguido pela Caatinga (7%, 6) e Amazônia (5,5%, 5).

(a) (b)

Total

Cerrado

Caatinga

Mata

Atlântica

Amazônia

21 esp.

62 espécies

endêmicas

* 57 esp.

15 esp.

* 15 esp.* 8 esp.

* 30 esp.

14 esp.

Cerrado

Caatinga

Mata

Atlântica

Amazônia

15 esp.

37 espécies

endêmicas

* 35 esp.

10 esp.

* 10 esp.* 3 esp.

* 20 esp.

4 esp.

Arvore + Arbusto

(c)

Cerrado

Caatinga

Mata

Atlântica

Amazônia

6 esp.

25 espécies

endêmicas

* 22 esp.

5 esp.

* 5 esp.* 5 esp.

* 10 esp.

10 esp.

Figura 3: Compartilhamento das espécies em relação aos domínios fitogeográficos do Cerrado, da

Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica, considerando todas as espécies (a); compartilhamento de

espécies arbustivo-arbóreas (b) e de espécies herbáceo-subarbustivas (c) amostradas no Cerrado

sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca. *espécies que ocorreram em mais de dois

domínios fitogeográficos.

Ao analisarmos a flora arbustivo-arbórea do PETeR e de outros 11 sítios de Cerrado stricto

sensu sobre Neossolos Quartzarênicos (Tabela 1), registramos 250 espécies, das quais 114 (45,6%)

foram desconsideradas para a análise de similaridade, por ocorrerem em apenas um sítio. As 134

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espécies que compõem a flora arbustivo-arbórea do PETeR contribuíram com 53% do total de

espécies registradas nos sítios de Cerrado sensu stricto analisados.

A similaridade da flora arbustivo-arbórea do PETeR com os outros sítios de Cerrado sensu

stricto sobre Neossolo Quartzarênico variou de 0,233, em Patrocínio Paulista – SP, a 0,455, em

Formosa do Rio Preto – BA. Considerando o nível de corte de 0,4, a análise de agrupamento

formou cinco grupos, Cerrados de São Paulo (G1), Cerrados do Piauí (G2), Cerrados de Tocantins e

Maranhão (G3), Cerrados da Bahia, norte de Minas Gerais e nordeste de Goiás (G4) e Cerrados do

Mato Grosso (G5) (Figuras 4 e 5).

G1

G2

G5

G4

G3

Similaridade Jaccard

TR_GO

Figura 4: Dendrograma da análise de agrupamento (UPGMA), com base no índice de similaridade

de Jaccard, para os sítios de Cerrado stricto sensu sobre Neossolo Quartzarênico. Os sítios

encontram-se descritos na tabela 1.

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Figura 5 – Grupos formados a partir da análise de agrupamento (UPGMA) para os sítios de Cerrado

stricto sensu sobre Neossolo Quartzarênico. Os sítios encontram-se descritos na tabela 1.

Discussão

Das nove espécies registradas pela primeira vez para estado de Goiás (Byrsonima

blanchetiana, Comanthera nivea, Cyanocephalus lippioides, Eugenia blanchetiana, Heisteria

citrifolia, Heteropterys procoriacea, Martianthus stachydifolius, Scleria comosa e Vellozia

swallenii), duas também representam novos registros para o bioma Cerrado (E. blanchetiana e M.

stachydifolius), de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al. 2014). Essas

espécies eram consideradas exclusivas do domínio fitogeográfico da Caatinga (Forzza et al. 2014) o

que demonstra o aspecto transicional do Cerrado da região do PETeR com a Caatinga. A presença

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25

de elementos da flora da Caatinga em áreas de Cerrado foi verificada por Françoso (2014)

principalmente em áreas de ecótono entre estes biomas.

As famílias que apresentaram maior riqueza no PETeR são comumente citadas como as

mais ricas em áreas de Cerrado sensu stricto no Centro-Oeste (Batalha and Martins 2007, IBGE

2004, Medeiros et al. 2012), no Sudeste (Weiser and Godoy 2001; Sasaki and Mello-Silva 2008;

Ishara et al.2008) e no Nordeste (Costa et al. 2004; Medeiros et al. 2008), além de constarem entre

as dez mais ricas do bioma (Mendonça et al. 2008).

Fabaceae frequentemente destaca-se entre as mais ricas do Cerrado sensu stricto, tanto no

componente arbustivo-arbóreo (Felfili and Silva-Júnior 1993), quanto no subarbustivo (Rossato et

al. 2008), o que coincide com os resultados observados no PETeR. No Brasil, a elevada riqueza em

espécies desta família não é exclusividade do Cerrado. Este padrão também foi relatado para outras

formações vegetacionais, como a Caatinga (Ferreira et al. 2013, Oliveira et al. 2013), a Mata

Atlântica (Morim 2006; Reis et al. 2007) e a Amazônia (Hopkins 2005). Essa elevada riqueza e a

ampla distribuição desta família estão associadas à plasticidade ambiental; ao variado tipo de

hábito, desde grandes árvores até ervas (Joly 1993), e à ocorrência de nódulos radiculares com

bactérias fixadoras de nitrogênio (Judd et al. 2009), que lhes proporciona condições de

estabelecimento em diferentes condições ambientais.

O elevado percentual de espécies compartilhadas com outros domínios fitogeográficos

(72%) aproxima-se dos resultados obtidos por Ratter et al. (2006), que encontraram 66% de

espécies da flora lenhosa do Cerrado stricto sensu compartilhada com outros domínios. O

compartilhamento da flora do Cerrado com outros domínios foi detectado por inúmeros estudos de

caráter fitogeográfico, e frequentemente é atribuído às sucessivas expansões e contrações ocorridas

durante as alternâncias de clima seco e úmido no período Terciário (65 a 1,8 milhões de anos atrás)

e Quaternário (1,8 milhões de anos atrás) (Eiten 1972; Sarmiento 1983; Oliveira-Filho and Ratter,

2002, Simon et al. 2009). Além disso, o posicionamento geográfico do Cerrado, que conecta a

Caatinga ao Chaco através do corredor de vegetação xérica - formado pelas Matas Secas (Prado and

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Gibbs 1993), e a Floresta Amazônica à Mata Atlântica por meio dos corredores dendríticos -

representados pelas Matas de Galeria e Matas Ciliares (Oliveira Filho and Ratter 1995), certamente

favorece o intercâmbio de espécies entre domínios fitogeográficos.

O expressivo compartilhamento das espécies que compõem a flora do PETeR com o

domínio fitogeográfico da Caatinga demonstra o caráter transicional e a afinidade florística da

região com este domínio. A proximidade geográfica da área de estudo com a Caatinga pode ser

fator determinante para explicar esse laço florístico, já que regiões geograficamente próximas

geralmente apresentam maior fluxo de dispersão, além de condições climáticas mais similares. Esse

padrão de compartilhamento com a Caatinga também foi detectado para os Cerrados da região

nordeste (Vieira 2012) e para os cerrados da região norte da Cadeia do Espinhaço (Françoso 2014)

que estão situados em áreas limítrofes do domínio do Cerrado com a Caatinga. Outra possível

explicação pode ser pautada em eventos pretéritos que datam do último período de glaciação do

Quaternário (20 a 13 mil anos atrás). Em decorrência do clima seco, característica marcante dos

períodos de glaciação, no Vale do Paranã, onde atualmente ocorre o Cerrado, predominava a

vegetação típica da Caatinga (Ab’Sáber, 2003). Nesse sentido, a afinidade da flora da região do

PETeR com a Caatinga pode ser reflexo da soma entre a proximidade geográfica e a influência

desses fatores históricos.

Com relação ao compartilhamento de espécies do estrato arbóreo-arbustivo com os demais

domínios fitogeográficos, a menor contribuição de espécies da Mata Atlântica em relação à

Amazônia contradiz o padrão geral sugerido por diversos autores (Oliveira-Filho and Fontes 2000;

Méio et al. 2003; Ratter et al. 2006). Cabe destacar a discrepância entre as proporções registradas

por Méio et al. (2003), 44,8% das espécies compartilhadas com a Mata Atlântica e 1,4% com a

Amazônica. Esses estudos analisaram sítios dispersos ao longo do domínio do Cerrado, incluindo

várias regiões do país, entretanto, a maioria das áreas analisadas está localizada mais próxima da

Mata Atlântica do que da Amazônia. Desta forma, o maior compartilhamento com a Mata Atlântica

pode ser o padrão geral para a flora arbustivo-arbórea do domínio do Cerrado, mas também pode

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ser reflexo da localização geográfica das áreas analisadas. Outra questão a ser considerada é que

novos levantamentos realizados nas grandes lacunas de informação existentes na Amazônia poderão

alterar as proporções de compartilhamento de espécies arbustivo-arbóreas com outros domínios

fitogeográficos, como sugere Françoso (2014).

O estrato herbáceo-subarbustivo não seguiu o mesmo padrão de compartilhamento de

espécies que o estrato arbustivo-arbóreo, já que houve maior compartilhamento com a Mata

Atlântica do que com a Amazônia. Rossato et al. (2008) observaram que as relações de similaridade

florística identificadas para a flora herbáceo-subarbustiva do Cerrado de São Paulo foram diferentes

da flora arbustivo-arbórea, sugerindo que o estrato herbáceo-subarbustivo pode revelar padrões

fitogeográficos distintos. Entretanto, o número de estudos sobre a flora herbáceo-subarbustiva no

Cerrado está muito aquém do necessário para chegarmos a conclusões abrangentes sobre a

distribuição das espécies deste estrato (Munhoz and Felfili 2007). Dessa forma, a discussão sobre os

padrões de compartilhamento com outros domínios fitogeográficos torna-se incipiente devido à

escassez de dados sobre a flora herbácea e subarbustiva, sendo necessário expandir as bases de

dados para, então, ampliar a abrangência deste tipo de análise.

A partir da análise do conjunto de sítios de Cerrado sentido restrito sobre Neossolo

Quartzarênico, verificamos que a formação dos agrupamentos G1 e G2 pode estar associada à

temperatura média anual atuando como fator ambiental condicionante da flora, pois no G1

(Cerrados de São Paulo) a temperatura média anual corresponde aos valores mais baixos e no G2

(Cerrados do Piauí) aos valores mais altos. A separação desses grupos pode ser comparada aos

resultados dos estudos de Castro and Martins (1999), que classificaram o Cerrado lato sensu em três

agrupamentos. Estes autores sugeriram que os Cerrados de São Paulo são floristicamente distintos e

formam agrupamento que estaria relacionado à ocorrência de geadas, em decorrência de baixas

temperaturas. Os cerrados do Piauí, juntamente com de outras regiões do Nordeste, formariam

grupo associado à ocorrência de secas severas, e o terceiro agrupamento seria formado por áreas

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localizadas próximas à região do planalto central. Estes agrupamentos foram denominados por

Castro e Martins (1999) como supercentros de biodiversidade do Cerrado.

Os grupos G3 (Cerrados de Tocantins e Maranhão), G4 (Cerrados da Bahia, norte de Minas

Gerais e nordeste de Goiás) e G5 (Cerrados do Mato Grosso) são formados por sítios que

apresentaram temperaturas médias anuais intermediárias em relação aos grupos G1 e G2. Desta

forma, a separação desses grupos aparentemente não está relacionada à temperatura, mas pode ser

consequência das variações de altitude e precipitação. No G4 são registradas as maiores altitudes e

os menores valores de precipitação, enquanto no G3 e G5 temos menores altitudes e elevados

valores de precipitação. A precipitação e a altitude foram consideradas como importantes fatores

determinantes da variação florística no Cerrado (Castro and Martins 1999, Oliveira-Filho and Ratter

2002) e, embora não haja consenso entre os pesquisadores, outros fatores como o regime de fogo, a

fertilidade e drenagem dos solos também são considerados importantes (Oliveira-Filho and Ratter

2002, Ratter et al. 2003).

As espécies Hirtella ciliata, Mouriri elliptica, Vochysia gardneri, Strhyphnodendron

coriaceum, Mouriri pusa e Dimorphandra gardneriana, que são consideradas indicadoras da

província norte-nordeste (Françoso 2014), ocorreram em elevada frequência no PETeR. A

ocorrência dessas espécies, associada à elevada similaridade da flora com os cerrados da Bahia e do

norte de Minas Gerais, confirmam a afinidade da flora da região do Vão do Paranã, especificamente

do PETeR, com a província norte-nordeste do bioma Cerrado, proposta por Ratter et al. (2003).

Os resultados desse estudo contribuíram para a caracterização e o conhecimento da

diversidade da flora da região do Vão do Paranã, que representa uma das áreas prioritárias para a

conservação do Cerrado e que abriga expressivos remanescentes de vegetação nativa. Além disso,

as novas ocorrências aqui apresentadas fornecem elementos para incrementar a lista de espécies do

bioma Cerrado e do estado de Goiás. Por isso, é recomendável que estes novos registros sejam

incorporados à base de dados da Flora do Brasil. Além disso, a expressiva contribuição da flora do

PETeR em relação ao total de espécies listadas para o Cerrado stricto sensu sobre Neossolo

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Quartzarênico demonstra a importância desta unidade de conservação para a preservação deste

ambiente.

Referências

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Ateliê Editorial. 159 pp.

APG III. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and

families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105-121. DOI:

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Batalha, M.A. and F.R. Martins. 2007. The vascular flora of the Cerrado in Emas National Park

(Central Brazil): a savanna flora summarized. Brazilian Archives of Biology and Technology,

50(2): 269-277. doi: 10.1590/S1516-89132007000200012

Bittar, I.M.B. 2011. Modernização do cerrado brasileiro e desenvolvimento sustentável: revendo a

história. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável 6(1): 26-38.

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encrave de cerrado na chapada do Araripe, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 18(4): 759-

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

Flora do Parque Terra Ronca 1 Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras - UFLA 3- Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira, Thomaz Gaya e José Roberto R. Pinto. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado. Agradecemos pelo auxílio na

identificação de espécies: Manoel Cláudio da Silva-Júnior, Jair Eustáquio Quintino de Faria, Anderson Alves-Araújo, Aryanne Amaral, Daniela Zappi, Jorge Antônio Silva Costa e Roberta Chacon.

© [email protected], [email protected] versão 1 07/2015

1 Anacardium occidentale

ANACARDIACEAE 2 Anacardium occidentale

ANACARDIACEAE 3 Annona coriacea

ANNONACEAE 4 Annona coriacea

ANNONACEAE 5 Annona coriacea

ANNONACEAE

6 Annona crassiflora

ANNONACEAE 7 Annona crassiflora

ANNONACEAE 8 Annona crassiflora

ANNONACEAE 9 Annona crassiflora

ANNONACEAE 10 Annona tomentosa

ANNONACEAE

11 Annona tomentosa

ANNONACEAE 12 Annona tomentosa

ANNONACEAE 13 Duguetia furfuracea

ANNONACEAE 14 Duguetia furfuracea

ANNONACEAE 15 Duguetia furfuracea

ANNONACEAE

16 Xylopia aromatica

ANNONACEAE 17 Xylopia aromatica

ANNONACEAE 18 Hancornia speciosa

APOCYNACEAE 19 Hancornia speciosa

APOCYNACEAE 20 Hancornia speciosa

APOCYNACEAE

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

Flora do Parque Terra Ronca 2Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras – UFLA 3 – Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira, Thomaz Gaya e José Roberto R. Pinto. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado.

© [email protected], [email protected]. versão 1 07/2015

21 Aspidosperma macrocarpon

APOCYNACEAE 22 Aspidosperma macrocarpon

APOCYNACEAE 23 Aspidosperma tomentosum

APOCYNACEAE 24 Aspidosperma tomentosum

APOCYNACEAE 25 Tabebuia aurea

BIGNONIACEAE

26 Tabebuia aurea

BIGNONIACEAE 27 Zeyheria Montana

BIGNONIACEAE 28 Zeyheria Montana

BIGNONIACEAE 29 Zeyheria Montana

BIGNONIACEAE 30 Cochlospermum regium

BIXACEAE

31 Protium ovatum

BURSERACEAE 32 Discocactus sp.

CACTACEAE 33 Kielmeyera coriaceae

CALOPHYLLACEAE

34 Kielmeyera coriaceae

CALOPHYLLACEAE 35 Kielmeyera speciosa

CALOPHYLLACEAE

36 Kielmeyera speciosa

CALOPHYLLACEAE 37 Kielmeyera rubriflora

CALOPHYLLACEAE 38 Caryocar cuneatum

CARYOCARACEAE

39 Caryocar cuneatum

CARYOCARACEAE 40 Caryocar cuneatum

CARYOCARACEAE

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

Flora do Parque Terra Ronca 3 Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras – UFLA 3 – Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira, Thomaz Gaya e José Roberto R. Pinto. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado,.

© [email protected], [email protected]. versão 1 07/2015

41 Exellodendron cordatum

CHRYSOBALANACEAE 42 Exellodendron cordatum

CHRYSOBALANACEAE 43 Exellodendron cordatum

CHRYSOBALANACEAE 44 Hirtella ciliata

CHRYSOBALANACEAE 45 Hirtella ciliata

CHRYSOBALANACEAE

46 Hirtella ciliata

CHRYSOBALANACEAE 47 Hirtella ciliata

CHRYSOBALANACEAE 48 Hirtella ciliata

CHRYSOBALANACEAE 49 Connarus suberosus

CONNARACEAE 50 Connarus suberosus

CONNARACEAE

51 Connarus suberosus

CONNARACEAE 52 Rourea induta

CONNARACEAE 53 Rourea induta

CONNARACEAE 54 Rourea induta

CONNARACEAE 55 Curatella americana

DILLENIACEAE

56 Davilla elliptica

DILLENIACEAE 57 Davilla elliptica

DILLENIACEAE 58 Davilla elliptica

DILLENIACEAE 59 Diospyros sericea

EBENACEAE 60 Erythroxylum deciduum

ERYTHROXYLACEAE

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

Flora do Parque Terra Ronca 4 Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras – UFLA 3 – Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira, Thomaz Gaya e José Roberto R. Pinto. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado,

© [email protected], [email protected]. versão 1 07/2015

61 Erythroxylum deciduum

ERYTHROXYLACEAE 62 Andira vermifuga

FABACEAE 63 Andira vermifuga

FABACEAE 64 Andira vermifuga

FABACEAE 65 Bauhinia sp.

FABACEAE

66 Bowdichia virgilioides

FABACEAE 67 Bowdichia virgilioides

FABACEAE 68 Calliandra sp.

FABACEAE 69 Chamaecrista orbiculata

FABACEAE 70 Chamaecrista orbiculata

FABACEAE

71 Chamaecrista orbiculata

FABACEAE 72 Copaifera luetzelburgii

FABACEAE 73 Copaifera luetzelburgii

FABACEAE

74 Copaifera luetzelburgii

FABACEAE 75 Dimorphandra gardneriana

FABACEAE

76 Hymenaea stigonocarpa

FABACEAE 77 Hymenaea stigonocarpa

FABACEAE

78 Hymenaea stigonocarpa

FABACEAE

79 Leptolobium dasycarpum

FABACEAE 80 Leptolobium dasycarpum

FABACEAE

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

Flora do Parque Terra Ronca 5Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras – UFLA 3 – Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira, Thomaz Gaya e José Roberto R. Pinto. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado.

© [email protected], [email protected]. versão 1 07/2015

81 Plathymenia reticulata

FABACEAE 82 Plathymenia reticulata

FABACEAE 83 Stryphnodendron coriaceum

FABACEAE 84 Stryphnodendron coriaceum

FABACEAE 85 Stryphnodendron coriaceum

FABACEAE

86 Heisteria citrifolia

OLACACEAE 87 Heisteria citrifolia

OLACACEAE 88 Antonia ovata

LOGANIACEAE 89 Antonia ovata

LOGANIACEAE 90 Lafoensia pacari

LYTHRACEAE

91 Lafoensia pacari

LYTHRACEAE 92 Lafoensia pacari

LYTHRACEAE 93 Lafoensia pacari

LYTHRACEAE 94 Lafoensia pacari

LYTHRACEAE 95 Eriotheca gracilipes

MALVACEAE

96 Eriotheca gracilipes

MALVACEAE 97 Mouriri elliptica

MELASTOMATACEAE 98 Mouriri elliptica

MELASTOMATACEAE 99 Mouriri elliptica

MELASTOMATACEAE 100 Mouriri pusa

MELASTOMATACEAE

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

Flora do Parque Terra Ronca 6Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras – UFLA 3 – Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira, Thomaz Gaya e José Roberto R. Pinto. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado.

© [email protected], [email protected]. versão 1 07/2015

101 Mouriri pusa

MELASTOMATACEAE 102 Mouriri gardneri

MELASTOMATACEAE 103 Mouriri gardneri

MELASTOMATACEAE 104 Mouriri gardneri

MELASTOMATACEAE 105 Mouriri gardneri

MELASTOMATACEAE

106 Brosimum gaudichaudii

MORACEAE 107 Brosimum gaudichaudii

MORACEAE 108 Brosimum gaudichaudii

MORACEAE 109 Virola subsessilis

MYRISTICACEAE 110 Virola subsessilis

MYRISTICACEAE

111 Virola subsessilis

MYRISTICACEAE 112 Eugenia cf. suberosa

MYRTACEAE 113 Eugenia cf. suberosa

MYRTACEAE 114 Eugenia cf. suberosa

MYRTACEAE 115 Ouratea ovalis

OCHNACEAE

116 Ouratea ovalis

OCHNACEAE 117 Ouratea ovalis

OCHNACEAE 118 Agonandra brasiliensis

OPILIACEAE 119 Agonandra brasiliensis

OPILIACEAE 120 Alibertia edulis

RUBIACEAE

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL

Flora do Parque Terra Ronca 7Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras – UFLA 3 – Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira, Thomaz Gaya e José Roberto R. Pinto. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado.

© [email protected], [email protected]. versão 1 07/2015

121 Ferdinandusa elliptica

RUBIACEAE 122 Ferdinandusa elliptica

RUBIACEAE 123 Ferdinandusa elliptica

RUBIACEAE 124 Cordiera sp.

RUBIACEAE 125 Cordiera sp.

RUBIACEAE

126 Rudgea erioloba

RUBIACEAE 127 Rudgea erioloba

RUBIACEAE 128 Tocoyena formosa

RUBIACEAE 129 Tocoyena formosa

RUBIACEAE 130 Esenbeckia pumila

RUTACEAE

131 Casearia sylvestris

SALICACEAE 132 Casearia sylvestris

SALICACEAE 133 Magonia pubescens

SAPINDACEAE 134 Magonia pubescens

SAPINDACEAE 135 Magonia pubescens

SAPINDACEAE

136 Magonia pubescens

SAPINDACEAE 137 Magonia pubescens

SAPINDACEAE 138 Pouteria subcaerulea

SAPOTACEAE 139 Pouteria subcaerulea

SAPOTACEAE 140 Pouteria ramiflora

SAPOTACEAE

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL 8

Flora do Parque Terra Ronca Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras – UFLA 3 – Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira, Thomaz Gaya e José Roberto R. Pinto. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado.

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141 Pouteria ramiflora

SAPOTACEAE 142 Pouteria ramiflora

SAPOTACEAE 143 Pouteria torta

SAPOTACEAE 144 Pouteria torta

SAPOTACEAE 145 Pouteria torta

SAPOTACEAE

146 Simarouba versicolor

SIMAROUBACEAE 147 Simarouba versicolor

SIMAROUBACEAE 148 Simarouba versicolor

SIMAROUBACEAE 149 Callisthene fasciculata

VOCHYSIACEAE 150 Qualea grandiflora

VOCHYSIACEAE

151 Qualea grandiflora

VOCHYSIACEAE 152 Qualea parviflora

VOCHYSIACEAE 153 Qualea parviflora

VOCHYSIACEAE 154 Salvertia convallariodora

VOCHYSIACEAE 155 Salvertia convallariodora

VOCHYSIACEAE

156 Vochysia gardneri

VOCHYSIACEAE 157 Vochysia gardneri

VOCHYSIACEAE 158 Vochysia gardneri

VOCHYSIACEAE 159 Simaba ferruginea

SIMAROUBACEAE 160 Simaba ferruginea

SIMAROUBACEAE

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Flora do Cerrado sensu stricto – Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, BRASIL 9

Flora do Parque Terra Ronca Ana Magalhães C. Teixeira

1, Thomaz R. L. M. Gaya

2, José Roberto Rodrigues Pinto

1, Cássia Beatriz Munhoz

1,3

1- Universidade de Brasília - UnB 2- Universidade Federal de Lavras – UFLA 3 – Herbário da Universidade de Brasília - UB Fotos: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Produzido por: Ana Magalhães Teixeira e Thomaz Gaya. Apoio: Rede ComCerrado.

© [email protected], [email protected]. versão 1 07/2015

Vista panorâmica do Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca.

Vista panorâmica do Cerrado no Parque, com a Serra Geral ao fundo (foto superior do lado esquerdo) e perfil fisionômico (demais fotos).

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43

Capítulo 2

Comparação florístico-estrutural entre estratos da vegetação lenhosa de cerrado sentido

restrito e suas implicações para a conservação

Capítulo formatado conforme as normas da Revista Floresta – UFPR. Submetido em maio de 2015.

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44

COMPARAÇÃO FLORÍSTICO-ESTRUTURAL ENTRE ESTRATOS

DA VEGETAÇÃO LENHOSA DE CERRADO SENTIDO RESTRITO E

SUAS IMPLICAÇÕES PARA A CONSERVAÇÃO

Ana Magalhães Cordeiro Teixeira1, José Roberto Rodrigues Pinto

2

1 Eng. Florestal, Mestranda no Departamento de Botânica, UnB, Brasília, DF, Brasil – [email protected]

2 Eng. Florestal, Dr., Professor no Departamento de Engenharia Florestal, UnB, Brasília, DF, Brasil – [email protected]

Resumo

Investigamos a composição florístico-estrutural da vegetação lenhosa de Cerrado sentido restrito e

comparamos os estratos adulto e regenerante, com o objetivo de entender os processos ecológicos que

exercem influência sobre a flora arbustivo-arbórea. O estudo foi conduzido no Parque Estadual de Terra

Ronca (PETeR), na região nordeste de Goiás. Dividimos a vegetação em duas classes de tamanho.

Amostramos a classe 1 em oito parcelas de 4 x 250 m e avaliamos os indivíduos com diâmetro da base

medido a 30 cm do solo (Db30cm) ≥ 2 cm e ˂ 5 cm. Na classe 2 registramos em parcelas de 20 x 250 m os

indivíduos com Db30cm ≥ 5 cm. A partir das comparações sugerimos que haverá redução no número de

espécies que compõe a classe 2. Este resultado associado aos baixos valores de densidade (403 ind.ha-1)

,

área basal (5,31 m2.ha

-1), riqueza (43) e diversidade (2,80) na classe 2, nos permite sugerir que a

ocorrência frequente de incêndios na área influenciou negativamente a composição e a estrutura da

vegetação local, que é bastante peculiar. Nesse sentido, ressaltamos que o controle e o manejo do fogo

devem ser priorizados nas ações de manejo do PETeR a fim de garantir a conservação da flora lenhosa

nativa.

Palavras-chave: Fitossociologia, fogo, Parque Estadual de Terra Ronca, regeneração natural, savana.

Abstract

(Floristic and structural comparison of wood vegetation strata on Cerrado stricto sensu in Terra Ronca

State Park, Goiás, Brazil). We investigate the floristic and structural composition of wood vegetation in

Cerrado stricto sensu and compare natural regeneration with adult community. The study was carried out

on Terra Ronca State Park - TRSP, in northeast of Goiás, Brazil. The vegetation was split in two size

classes. We sampled class 1 in eight plots with 4 x 250 m and evaluate individuals with base diameter

measured at 30 cm above the ground level (Db30cm) ≥ 2 cm e ˂ 5 cm. In class 2 we recorded all

individuals with Db30cm ≥ 5 cm in eight plots with 20 x 250 m. Based on comparisons we suggested that

there will be a decrease on number of species that make up the class 2. This result associated with low

density values (403 ind.ha-1

), basal area (5.31 m2.ha

-1), richness (43) and diversity (2.80) in class 2, allows

us to suggest that the frequent occurrence of fire has a negative effect on composition and structure of

community. In this regard, we emphasize that the control of fire should be prioritized in the management

actions of TRSP in order to ensure the conservation of native wood flora.

Keywords: Phytosociology, fire, Terra Ronca State Park, natural regeneration, savanna.

INTRODUÇÃO

O Cerrado é a mais rica savana tropical do mundo (SILVA; BATES, 2002). Com mais de 11.000

espécies de plantas vasculares, a vegetação deste bioma apresenta cerca de 4.400 espécies endêmicas

(MENDONÇA et al., 2008; MITTERMEIER et al., 2011), o que lhe confere importante contribuição

para o cômputo da flora nativa brasileira. Por outro lado, nas últimas décadas, cerca de 40 a 50% da área

originalmente ocupada pelo Cerrado foi convertida principalmente em áreas agrícolas e de pastagem

(KLINK; MACHADO, 2005; SANO et al., 2010), o que levou este bioma a ser considerado um dos mais

ameaçados do país (MARRIS, 2005). Assim, devido a sua notável riqueza biológica, alto grau de

endemismo e elevada perda de habitat, o Cerrado foi considerado um dos 35 hotspots mundiais de

biodiversidade, o que ressalta sua importância para a conservação da diversidade biológica mundial

(MITTERMEIER et al., 2011). Apesar disso, apenas 3,08% do Cerrado encontram-se protegidos por

unidades de conservação de proteção integral (MMA, 2013). Diante desse cenário, é fundamental que

estas unidades tenham sua flora e fauna estudadas, de forma a orientar as ações de conservação e de

manejo de seus ecossistemas.

Estudos florísticos e fitossociológicos, somados ao conhecimento dos processos de sucessão e de

regeneração natural, contribuem para o entendimento sobre a conservação da diversidade biológica e

sobre a dinâmica e o manejo da vegetação nativa (BARREIRA et al., 2002; MEDEIROS et al., 2007).

Aliado a esses estudos a análise da regeneração natural permite a realização de previsões sobre o

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45

comportamento e o desenvolvimento futuro da vegetação (BARREIRA et al., 2002; GAMA et al., 2002),

pois o estrato adulto é composto por árvores que no passado foram integrantes do estrato regenerante.

Em fitofisionomias florestais a regeneração e o estrato adulto comumente apresentam

composições florísticas distintas, justificada principalmente pela escassez de espécies heliófitas no estrato

regenerante (JARDIM et al., 1993). Entretanto, nas formações savânicas aparentemente não ocorre este

padrão de dissimilaridade, já que existe elevada disponibilidade de luz, independente do estrato da

vegetação, o que possibilita a ocorrência de heliófitas no subbosque (DURIGAN et al., 2002). Portanto,

para o Cerrado sentido restrito geralmente a semelhança florística entre os estratos regenerante e adulto

indica que a área encontra-se bem preservada (MEDEIROS et al., 2007), ao passo que, a dissimilaridade

sugere que a área está sob influência de algum tipo de distúrbio (DURIGAN et al. 2002). Como exemplos

de distúrbios antrópicos responsáveis pela degradação da vegetação, podem ser citados o desmatamento

resultante da expansão da fronteira agropecuária, que elimina extensas áreas de vegetação nativa, e a

elevada frequência de incêndios (ALHO, 2005; KLINK; MACHADO, 2005), que resulta em redução da

riqueza de espécies e altera a estrutura da vegetação (HOFFMANN; MOREIRA, 2002).

As comparações entre os estratos da vegetação contribuem para a compreensão dos processos

ecológicos que atuam nos ecossistemas, porém ainda são raros os estudos dessa natureza (BARREIRA et

al., 2002; DURIGAN et al., 2002; MEDEIROS et al., 2007). Na maioria das vezes a amostragem se

restringe aos indivíduos do estrato adulto e, no caso da vegetação lenhosa das formações savânicas do

Cerrado isso ocorre a partir de indivíduos com diâmetro na base superior a 5 cm (DURIGAN, 2012).

Nesse contexto, investigamos a estrutura, a riqueza e a diversidade da vegetação lenhosa em Cerrado

sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás e comparamos os estratos regenerante e adulto.

Adicionalmente analisamos a série história de ocorrência de incêndios no Parque, nos últimos 20 anos. A

partir das informações da vegetação e da ocorrência de fogo buscamos entender os processos ecológicos

que regem a composição florístico-estrutural da vegetação e aplicar estes conhecimentos na conservação

da flora nativa.

MATERIAL E MÉTODOS

Conduzimos o estudo em área de Cerrado sentido restrito, localizado no Parque Estadual de

Terra Ronca (PETeR). O Parque está situado na Bacia do Rio Paranã, na microrregião denominada Vão

do Paranã, na porção nordeste do estado de Goiás e abrange os municípios de São Domingos e Guarani

de Goiás (Figura 1). A Bacia do Paranã faz parte da Bacia Hidrográfica do Tocantins e está inserida no

Domínio Fitogeográfico do Cerrado, na zona de transição entre a Caatinga e o Cerrado (ESPÍRITO-

SANTO et al., 2009).

O clima da região é do tipo Aw - tropical com duas estações bem definidas, segundo o sistema

de classificação de Köppen (SILVA et al., 2008). A temperatura média é de 24,3ºC e a precipitação

média de 1.380 mm/ano, com período de seca concentrado entre os meses de maio a setembro (INMET,

2014). A umidade relativa do ar média varia entorno de 60% e a altitude oscila entre 400 e 600 m (IBGE,

1995). As fitofisionomias predominantes na região são Cerrado sentido restrito e Floresta Estacional

Decidual, sendo que as formações savânicas ocorrem sobre solos distróficos, enquanto as florestais

ocorrem em solos mesotróficos, frequentemente associados a afloramentos de calcário (IBGE, 1995).

Segundo Silva et al. (2006), a vegetação que ocorre na região nordeste de Goiás, onde está localizado o

PETeR, apresenta semelhanças florísticas e fisionômicas com trechos de vegetação do sul do Tocantins,

norte de Minas Gerais, sudoeste de Goiás, sudeste e leste do Mato Grosso.

Na área estudada predominam os Neossolos Quartzarênicos (IBGE; EMBRAPA, 2001),

caracterizados como solos profundos, de textura arenosa ou franco-arenosa e com expressiva presença de

quartzo em sua composição (EMBRAPA, 2006). Estes solos possuem baixa capacidade de troca catiônica

em consequência dos baixos teores de argila e de matéria orgânica, além de baixa reserva e

disponibilidade de nutrientes para as plantas (REATTO; MARTINS, 2005). As análises de solo das

amostras coletadas na área resultaram em teor de argila médio de 4,1% (± 0,6) e a média do percentual de

areia foi de 94,8% (± 0,7) (TEIXEIRA; PINTO, 2015 - dados não publicados).

O PETeR foi criado em 1989, abrange área de 57.000 há, e atualmente apenas cerca de 55% do

território foi desapropriado (SEMARH, 2014). A região foi historicamente utilizada como pastagem

nativa para pecuária extensiva ou ocupada por pastagens plantadas (IBGE, 1995). Nos imóveis rurais

situados dentro do perímetro do Parque, que ainda não foram desapropriados, a pecuária é a atividade

econômica predominante. No limite leste do polígono do PETeR, na região das Chapadas, situa-se o

extenso polo agrícola da região oeste da Bahia. A atual situação fundiária do Parque e do seu entorno

contribuem para ocorrência frequente de incêndios nos períodos mais secos do ano.

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46

Figura 1: Localização do Parque Estadual de Terra Ronca - PETeR em relação ao estado de Goiás e ao

Vão do Paranã e localização das parcelas no módulo RAPELD. Em preto estão as parcelas amostradas.

Figure 1: Localization of Terra Ronca State Park, Goiás state and Vão do Paranã region. Location of

study area and distribution of module RAPELD plots. The sampled plots are in black.

Amostramos a vegetação de acordo com a metodologia RAPELD (MAGNUSSON et al., 2005;

MAGNUSSON et al., 2013). O módulo RAPELD no PETeR é constituído por duas trilhas principais no

sentido Norte-Sul, com 5 km de extensão cada e com espaçamento de 1 km entre as trilhas. As parcelas

estão instaladas a partir destas trilhas, com espaçamento de 1 km entre cada parcela, num total de dez

parcelas (Figura 1), cinco em cada trilha. Restringimos a amostragem à vegetação lenhosa, cuja

fitofisionomia foi caracterizada como de Cerrado sentido restrito (Tabela 1).

Tabela 1: Coordenadas geográficas das parcelas no Módulo RAPELD, localizado no Parque Estadual de

Terra Ronca, Goiás e caracterização do tipo fitofisionômico principal.

Table 1: Geographic coordinates of module RAPELD plots, located in Terra Ronca State Park and

characterization of the main phytophysiognomy.

Parcela Posição/

Trilha Coordenadas Caracterização Fitofisionômica

1 500 L 13° 37.277’S 46° 17.378’W Cerrado sentido restrito

2 1.500 L 13° 36.735’S 46° 17.375’W Cerrado sentido restrito

3 2.500 L 13° 36.192’S 46° 17.371’W Cerrado sentido restrito

4 3.500 L 13° 35.646’S 46° 17.363’W Vereda

5 4.500 L 13° 35.100’S 46° 17.351’W Cerrado sentido restrito

6 500 O 13° 37.282’S 46° 16.832’W Cerrado sentido restrito

7 1.500 O 13° 36.737’S 46° 16.826’W Cerrado sentido restrito

8 2.500 O 13° 36.198’S 46° 16.855’W Vereda

9 3.500 O 13° 35.652’S 46° 16.839’W Cerrado sentido restrito

10 4.500 O 13° 35.110’S 46°16.816’W Cerrado sentido restrito

Para analisar o estrato regenerante e o estrato adulto, dividimos a vegetação em duas classes de

tamanho. Na classe 1 (C1) amostramos os indivíduos com Db30cm maior ou igual a 2 cm e menor que 5

cm, compreendendo o estrato regenerante de espécies arbóreas e de arbustos de grande porte, além de

indivíduos adultos de arbustos de pequeno porte. Na classe 2 (C2), consideramos os indivíduos com

diâmetro da base medido a 30 cm do solo (Db30cm) maior ou igual a 5 cm, correspondendo ao estrato

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47

adulto. Registramos os indivíduos da C2 em oito parcelas permanentes de 20 x 250 m (4 ha) e os da C1

em oito parcelas de 4 x 250 m (0,8 ha), instaladas na região central das parcelas da classe superior.

Plaqueteamos, identificamos e mensuramos a altura total e o Db30cm de todos os indivíduos das classes C1

e C2. No caso de indivíduos bifurcados abaixo da altura de medição (30 cm acima do solo), calculamos a

área basal separadamente para cada fuste e posteriormente somamos, conforme recomendado por

DURIGAN (2012).

Classificamos as espécies em famílias botânicas de acordo com o Angiosperm Phylogeny Group

III (APG III, 2009) e checamos a grafia dos nomes científicos na base de dados da Flora do Brasil

(FORZZA et al., 2014). Comparamos o número de espécies em cada classe por meio de curvas de

rarefação (GOTELLI; COLWELL, 2011) e calculamos a similaridade florística entre as classes pelo

índice de Sørensen (KENT; COKER, 1992). Utilizamos o perfil de diversidade para comparar a

diversidade de espécies, conforme recomendado por Melo (2008). Os parâmetros fitossociológicos,

densidade, dominância, frequência e índice de valor de importância (IVI) foram calculados conforme

Müller-Dombois e Ellenberg (1974).

Para caracterizar a comunidade num contexto mais amplo, comparamos os parâmetros

fitossociológicos, a riqueza e a diversidade de espécies da C2 com outros levantamentos realizados em

Cerrado sentido restrito sobre Neossolo Quartzarênico. Com relação à C1, a comparação entre

levantamentos é complexa, pois, além de serem escassos (BARREIRA et al., 2002; DURIGAN et al.,

2002; MEDEIROS et al., 2007), os levantamentos que incluem classes de tamanho inferiores a 5 cm de

diâmetro adotam métodos de amostragem muito distintos o que compromete as comparações

(DURIGAN, 2012). Por isso, restringimos a caracterização por meio de comparações com outros

levantamentos à C2.

Analisamos a ocorrência de incêndios na região do módulo RAPELD, nos últimos 20 anos, a

partir da série histórica de imagens obtidas pelos satélites landsat 5 e 8 (EARTH EXPLORER, 2014).

Obtivemos imagens mensais e detectamos a ocorrência com base na comparação das imagens e na

presença de cicatrizes de fogo. Avaliamos o efeito da última ocorrência de incêndio sobre a densidade, a

área basal e a riqueza de espécies arbustivo-arbóreas em C1, em cada uma das parcelas.

RESULTADOS

Ao todo encontramos 55 táxons, distribuídos em 23 famílias, sendo que três espécimes foram

identificados apenas em nível de gênero e dois em nível de família. Na C2 amostramos 43 espécies de

hábito arbóreo, pertencentes a 17 famílias e as que mais contribuíram com a riqueza florística foram

Fabaceae (14 espécies), Myrtaceae (5), Apocynaceae (3) e Chrysobalanaceae (3), somando 57% das

espécies amostradas. Na C1 registramos 46 espécies, sendo 26% de hábito arbustivo e 74% de arbóreas.

Dentre as 20 famílias registradas na classe 1, as mais ricas foram Fabaceae (13 espécies), Myrtaceae (4),

Calophyllaceae (3), Chrysobalanaceae (3) e Melastomataceae (3), totalizando 55% das espécies.

A riqueza em espécies observada na C1 foi maior que a da C2 (Figura 2a), pois além de

contabilizar os indivíduos regenerantes das espécies arbóreas, também estão incluídas as espécies de

hábito arbustivo, exclusivas do C1. Na comparação da composição florística entre a C1 e C2, 34 espécies

foram compartilhadas pelas duas classes (61,82%), nove foram exclusivas da C2 e 12 exclusivas da C1.

Com isto, o índice de similaridade de Sørensen entre as classes foi de 75%.

Na C2 o índice de Shannon foi de 2,81 e a equabilidade de Pielou foi 0,74, enquanto na C1 os

índices foram de 3,09 e 0,80, respectivamente. Na comparação das classes, por meio do perfil de

diversidade, observa-se que C1 apresenta maior diversidade do que C2, independente do peso que é dado

à equabilidade (Figura 2b).

Em termos estruturais, amostramos 1.611 indivíduos na C2, o que resultou na densidade de

402,75 ind.ha-1

e área basal de 5,3107 m2.ha

-1. As espécies Hirtella ciliata, Qualea parviflora, Pouteria

ramiflora, Mouriri elliptica e Vochysia gardneri foram as que apresentaram os maiores índices de valor

de importância (IVI), somando 50,6% do IVI (Tabela 2). Na C1 registramos 569 indivíduos, o que

resultou na densidade de 711,25 ind.ha-1

e área basal de 0,5691 m2.ha

-1. As espécies Rourea induta,

Pouteria ramiflora, Hirtella ciliata, Mouriri elliptica, Connarus suberosus, Dimorphandra gardneriana e

Vochysia gardneri apresentaram os maiores valores de importância, o que totalizou 52,4% do IVI (Tabela

2).

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48

(a) Curva de rarefação (b) Perfil de diversidade

Figura 2: (a) Curvas de rarefação para a classe 1 – C1 (5 cm > Db30cm > 2 cm) e classe 2 – C2 (Db30cm > 5

cm), da vegetação lenhosa amostrada em Cerrado sentido restrito no PETeR, Goiás, com base no número

de indivíduos amostrados e nível de confiança de 95%. (b) Perfil de diversidade para a classe 1 (linha

contínua) e classe 2 (linha pontilhada).

Figure 2: (a) Rarefaction curves for class 1 – C1 (5 cm > Db30cm > 2 cm) and class 2 – C2 (Db30cm > 5

cm), based on the number of individuals sampled and 95% confidence level. (b) Diversity profile of class

1 (continuous line) and class 2 (dotted line).

Tabela 2: Parâmetros fitossociológicos das espécies da classe 1 (2 cm < Db30cm < 5 cm) e classe 2 (Db30cm

> 5 cm), amostradas em Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás. As espécies

estão em ordem decrescente do Índice de Valor de Importância (IVI) da classe 1. Hab – hábito, Arv –

árvore, Arb – arbusto, DA – Densidade absoluta, DoA – Dominância absoluta, FA – Frequência absoluta,

# espécie exclusiva da C1, * espécie exclusiva da C2.

Table 2: Phytosociological parameters of species from class 1 (2 cm <Db30cm <5 cm) and class 2

(Db30cm> 5 cm), sampled in Cerrado stricto sensu of Terra Ronca State Park, Goiás. Species are in

descending order of Importance Value Index (IVI) from class 1. Hab - habit, Arv – tree, Arb - shrub, DA

- absolute density, DoA - absolute dominance, FA - absolute frequency, # exclusive species from C1, *

exclusive species from C2. Classe 1

Classe 2

Espécie Hab DA DoA FA IVI

DA DoA FA IVI

Rourea induta Planch. Arv 90,0 0,0753 87,5 30,3

6,5 0,0298 62,5 4,8

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Arv 82,5 0,0628 100,0 27,7

59,8 0,6709 100,0 31,7

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. Arv 76,3 0,0618 100,0 26,7

86,5 1,3922 100,0 51,9

Mouriri elliptica Mart. Arv 65,0 0,0612 87,5 24,4

42,5 0,3822 100,0 22,0

Connarus suberosus Planch. Arv 58,8 0,0502 100,0 22,2

8,3 0,0331 87,5 6,4

Dimorphandra gardneriana Tul Arv 33,8 0,0260 75,0 13,1

11,0 0,1085 100,0 9,0

Vochysia gardneri Warm. Arv 31,3 0,0269 75,0 12,9

22,3 0,1837 100,0 13,2

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. Arv 25,0 0,0198 87,5 11,5

17,3 0,0943 100,0 10,3

Andira cujabensis Benth. Arv 23,8 0,0202 62,5 10,1

8,8 0,0820 75,0 6,9

Annona tomentosa R.E.Fr. # Arb 31,3 0,0159 50,0 9,7

- - - -

Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook.

Arv 16,3 0,0137 62,5 7,9

6,0 0,0315 87,5 5,8

Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos Arv 10,0 0,0093 75,0 6,9

3,5 0,0194 87,5 4,9

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Classe 1

Classe 2

Espécie Hab DA DoA FA IVI

DA DoA FA IVI

Qualea parviflora Mart. Arv 10,0 0,0090 75,0 6,8

37,0 1,0730 87,5 33,1

Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook.f.

Arv 11,3 0,0103 62,5 6,6

1,8 0,0186 50,0 2,9

Kielmeyera speciosa A. St.-Hil Arv 7,5 0,0084 75,0 6,3

8,0 0,0371 87,5 6,4

Hancornia speciosa Gomes Arv 12,5 0,0103 50,0 6,1

3,8 0,0208 62,5 4,0

Exellodendron cordatum (Hook.f.) Prance Arv 10,0 0,0062 62,5 5,7

0,5 0,0065 25,0 1,3

Leptolobium dasycarpum Vogel Arv 11,3 0,0072 50,0 5,4

2,5 0,0202 50,0 3,1

Eugenia cf. suberosa Cambess. Arv 10,0 0,0075 50,0 5,3

9,3 0,0511 87,5 7,0

Dalbergia miscolobium Benth. Arv 12,5 0,0088 37,5 5,2

7,8 0,0501 62,5 5,5

Stryphnodendron coriaceum Benth. Arv 7,5 0,0063 50,0 4,7

15,0 0,1357 87,5 10,0

Davilla elliptica A.St.-Hil. # Arb 7,5 0,0034 50,0 4,2

- - - -

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Arv 5,0 0,0031 50,0 3,8

6,0 0,0497 62,5 5,1

Machaerium opacum Vogel Arv 6,3 0,0061 25,0 3,2

1,8 0,0297 37,5 2,6

Lafoensia pacari A.St.-Hil. Arv 6,3 0,0045 25,0 2,9

5,5 0,0705 62,5 5,3

Andira vermifuga (Mart.) Benth. Arv 8,8 0,0044 12,5 2,6

1,8 0,0128 37,5 2,3

Kielmeyera rubriflora Cambess. # Arb 5,0 0,0023 25,0 2,4

- - - -

Bowdichia virgilioides Kunth Arv 2,5 0,0036 25,0 2,3

2,8 0,0493 37,5 3,2

Copaifera luetzelburgii Harms # Arb 3,8 0,0025 25,0 2,2

- - - -

Pouteria torta (Mart.) Radlk. Arv 2,5 0,0024 25,0 2,1

4,3 0,1229 62,5 6,0

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. Arv 2,5 0,0021 25,0 2,0

3,5 0,0528 62,5 4,5

Enterolobium gummiferum (Mart.)

J.F.Macbr. Arv 2,5 0,0017 25,0 1,9

0,8 0,0074 25,0 1,4

Cenostigma macrophyllum Tul. # Arb 3,8 0,0026 12,5 1,6

- - - -

Duguetia furfuracea (A.St.-Hil.) Saff. # Arb 3,8 0,0015 12,5 1,4

- - - -

Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. Arv 1,3 0,0024 12,5 1,2

0,8 0,0020 25,0 1,3

Mouriri pusa Gardner Arv 1,3 0,0019 12,5 1,1

8,3 0,2496 75,0 9,9

Banisteriopsis latifolia (A.Juss.) Cuatrec. # Arb 1,3 0,0012 12,5 1,0

- - - -

Peixotoa sp. # Arb 1,3 0,0012 12,5 1,0

- - - -

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Arv 1,3 0,0011 12,5 1,0

0,5 0,0049 12,5 0,7

Vitex sp. # Arb 1,3 0,0008 12,5 0,9

- - - -

Heisteria citrifolia Engl. Arv 1,3 0,0007 12,5 0,9

0,3 0,0022 12,5 0,6

Himatanthus obovatus (Müll.Arg.)

Woodson Arv 1,3 0,0007 12,5 0,9

0,5 0,0094 25,0 1,4

Psidium myrsinites DC. Arv 1,3 0,0005 12,5 0,9

1,5 0,0119 25,0 1,7

Melastomataceae sp # Arb 1,3 0,0005 12,5 0,9

- - - -

Asteraceae # Arb 1,3 0,0004 12,5 0,9

- - - -

Simaba ferruginea A.St.-Hil. # Arb 1,3 0,0004 12,5 0,9

- - - -

Machaerium acutifolium Vogel* Arv - - - -

2,8 0,0441 50,0 3,6

Terminalia fagifolia Mart. * Arv - - - -

1,5 0,0897 25,0 3,1

Caryocar cuneatum Wittm. * Arv - - - -

0,5 0,0450 25,0 2,0

Myrcia sp. * Arv - - - -

0,8 0,0075 25,0 1,4

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Classe 1

Classe 2

Espécie Hab DA DoA FA IVI

DA DoA FA IVI

Aspidosperma macrocarpon Mart. * Arv - - - -

0,5 0,0055 25,0 1,3

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. * Arv - - - -

0,3 0,0012 12,5 0,6

Tachigali subvelutina (Benth.) Oliveira-

Filho * Arv - - - -

0,3 0,0009 12,5 0,6

Aegiphila lhotskiana Cham.* Arv - - - -

0,3 0,0006 12,5 0,6

Fabaceae * Arv - - - -

0,3 0,0005 12,5 0,6

Total 711,3 0,5691 1962,5 300 402,8 5,3107 2362,5 300

Os valores de riqueza, diversidade, densidade e área basal que registramos na C2 foram os

menores, quando comparados com levantamentos realizados em Cerrado sentido restrito sobre Neossolos

Quartzarênicos (Tabela 3). Apesar do maior esforço amostral, a densidade que registramos foi próxima a

observada em Carolina - MA, a área basal foi próxima a encontrada em Correntina - BA e PARNA

Grande Sertão Veredas - MG, a riqueza em espécies foi similar a catalogada em Brotas - SP, e a

diversidade semelhante a registrada em Arraial - PI.

Tabela 3: Levantamentos da vegetação lenhosa realizados em Cerrado sentido restrito sobre Neossolo

Quartzarênico. A – área amostral, Critério de inclusão – altura da medição e diâmetro mínimo adotado, S

– número de espécies, N – número de indivíduos por hectare, AB – Área basal, H’ – Índice de Shannon, *

– informação indisponível.

Table 3: Wood vegetation surveys made on Cerrado stricto sensu over Arenosols (Quartzipsamments). A

- sampled area, Inclusion criteria – height of measurement and minimum diameter adopted, S – number of

species, N - number of individuals per hectare, AB – basal area, H '– Shannon Index * – unavailable

information .

Local A

(ha)

Critério de

inclusão S N

AB

(m2.ha-1) H’ Referência Bibliográfica

PETeR – GO 4,0 Db 30 cm > 5 cm 43 403 5,31 2,8

Formosa do Rio Preto – BA 1,0 Db 30 cm > 5 cm 68 628 7,65 3,7 Felfili e Siva-júnior (2001)

Correntina – BA 1,0 Db 30 cm > 5 cm 66 686 6,19 3,6 Felfili e Siva-júnior (2001)

São Desidério – BA 1,0 Db 30 cm > 5 cm 67 835 8,33 3,6 Felfili e Siva-júnior (2001)

PARNA Grande Sertão Veredas – MG

1,0 Db 30 cm > 5 cm 67 825 6,19 3,4 Felfili e Siva-júnior (2001)

Filadélfia – TO 1,0 Db 30 cm > 5 cm 53 789 9,53 3,3 Medeiros e Walter (2012)

Carolina – MA 1,0 Db 30 cm > 5 cm 52 542 6,88 3,0 Medeiros et al. (2008)

Arraial – PI 1,0 Db 30 cm > 5 cm 48 930 12,8 2,8 Lindoso (2008)

PARNA Sete Cidades – PI 1,0 Db 30 cm > 5 cm 45 1.017 10,7 3,1 Lindoso (2008)

Brotas – SP 0,5 Db 50 cm > 5 cm 44 1.150 7,2 3,0 Durigan et al. (2002)

Patrocínio Paulista – SP 0,3 D 130 cm > 5 cm 53 1.703 * 3,1 Teixeira et al. (2004)

Chapada dos Guimarães – MT 1,0 Db 0 cm > 3 cm 79 1.152 9,29 3,6 Oliveira-Filho et al. (1989)

Alto Paraíso – GO 1,0 Db 30 cm > 5 cm 88 944 8,05 3,4 Felfili et al. (2007)

Damianópolis – GO 1,0 Db 30 cm > 5 cm 52 833 11,2 3,2 Lindoso (2008)

Posse – GO 1,0 Db 30 cm > 5 cm 78 1.205 11,7 3,4 Lindoso (2008)

Registramos ocorrência de incêndios em todos os anos, exceto em 2010 (Tabela 4). Os incêndios

aconteceram em mosaico e afetaram a região de forma irregular, ou seja, os locais afetados pelo fogo

variaram de um ano para outro. As parcelas queimaram principalmente nos meses de agosto e setembro.

Na parcela 4.500L, onde ocorreu incêndio mais recentemente, em 2013, foram registrados os menores

valores de riqueza, densidade e área basal na C1 (Tabela 5).

Tabela 4: Série histórica da ocorrência de incêndios nas parcelas do módulo RAPELD, localizado no

Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás. A ocorrência de fogo está simbolizada pela abreviatura do mês

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51

no qual o incêndio foi detectado (p. ex.: ago – agosto), x – a ocorrência de fogo foi detectada, entretanto

não foi possível especificar o mês de ocorrência * – informação indisponível.

Table 4: Time series of fire occurrence on module RAPELD plots, located in Terra Ronca State Park,

Goiás. The occurrence of fire is symbolized by the abbreviation of the month in which the fire was

detected (eg .: ago -. august), x - the occurrence of fire was detected, however, we couldn’t specify the

month of occurrence* - unavailable information.

Parcela 1 2 3 5 6 7 9 10

Posição/ Trilha 0500L 1500L 2500L 4500L 0500W 1500W 3500W 4500W

1994 - Set - - - set ago ago

1995 ago - ago set - - - -

1996 - - - - - ago ago -

1997 - - - out - - - ago

1998 - jul - - - - set -

1999 set - jun ago ago ago - ago

2000 - - - - - - ago -

2001 ago jul jul jul ago jul - set

2002 * * * * * * * *

2003 ago - set set set set - set

2004 - ago - - - - set -

2005 ago - ago - - ago - -

2006 - - - - set - - -

2007 ago jul jul - - jul - ago

2008 - Set - out - - - -

2009 - - - - set - set -

2010 - - - - - - - -

2011 ago jul - - ago - jul set

2012 - - x - - x - -

2013 - - - set - - - -

Tabela 5: Riqueza de espécies arbustivo-arbórea (S), número de indivíduos (N) e área basal (AB),

registrados na Classe 1, em função do ano de ocorrência do incêndio mais recente.

Table 5: Tree and shrub richness (S), number of individuals (N) and basal area (AB), recorded in Class 1,

according to the most recent fire occurrence.

Parcela Posição/Trilha Incêndio mais recente

(ano)

S

N

AB

(m2/ha)

1 0500L 2011 21 89 0,0760

2 1500L 2011 19 68 0,0592

3 2500L 2012 21 77 0,0504

5 4500L 2013 12 39 0,0345

6 0500W 2011 19 74 0,0495

7 1500W 2012 24 94 0,0875

9 3500W 2011 19 47 0,0371

10 4500W 2011 22 81 0,0609

DISCUSSÃO

Os maiores valores de riqueza e de diversidade de espécies registradas na classe 1 em relação à

classe 2 são previsíveis, pois na classe 1 foram amostrados os indivíduos regenerantes das espécies de

hábito arbóreo e também os arbustos de pequeno porte que não ocorrem na classe 2 (DURIGAN et al.,

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2002). Além disso, nas formações savânicas do Cerrado, existe maior número de táxons de hábito

arbustivo do que arbóreo (MENDONÇA et al., 2008), o que conferiu maior riqueza de espécies na classe

1.

A similaridade registrada entre as classes (75%) é considerada elevada para comparações entre

áreas distintas, pois de acordo com Durigan (2012) índice acima de 50% é o limite para que sejam

consideradas semelhantes. Entretanto, como calculamos a similaridade para duas classes de tamanho da

vegetação de uma mesma comunidade, esperávamos maior similaridade. O valor registrado refletiu o

número de espécies compartilhadas entre as classes (61,82%), bem como o número de espécies exclusivas

de cada uma (C1 = 21,82% e C2 = 16,36%). O percentual de espécies compartilhadas entre as classes

indica que a área pode estar sob influência negativa de distúrbios, como sugere Durigan (2002). Neste

caso, a elevada frequência de incêndios registrada no PETeR nos últimos 20 anos, provavelmente, se

configura como um dos distúrbios preponderantes na região.

As espécies exclusivas da C1, por exemplo, Annona tomentosa e Copaifera luetzelburgii, são

espécies de hábito arbustivo que, em idade adulta, naturalmente não atingirão o diâmetro mínimo de

inclusão estabelecido para a C2 (Db30cm ≥ 5 cm). Assim, a ausência de espécies de hábito arbóreo

exclusivas na C1 sugere que, ao longo do tempo, provavelmente não haverá incremento de novas espécies

na C2. Por outro lado, as espécies exclusivas da C2, como Machaerium acutifolium e Terminalia

fagifolia, poderão ser extintas localmente em decorrência da ausência de indivíduos regenerantes dessas

espécies e da morte dos seus indivíduos adultos, o que poderá acarretar em redução no número de

espécies. Neste caso, atribui-se a ausência destas espécies arbóreas na C1 às limitações no processo de

estabelecimento de plântulas ou ao insucesso reprodutivo das populações. A possível ocorrência de

extinção local, associada à ausência de ingresso de novas espécies na classe 2, poderá reduzir a riqueza de

espécies arbóreas a curto prazo, como sugerido por Durigan (2002). Caso isso ocorra haverá, então,

alteração na composição e na estrutura da vegetação lenhosa.

No Cerrado sentido restrito as limitações no estabelecimento dos regenerantes são comumente

atribuídas à elevada frequência dos incêndios, já que a passagem do fogo reduz a taxa de recrutamento de

espécies lenhosas (HOFFMANN, 1998). Em geral o fogo afeta a sobrevivência de plântulas e pode

atingir elevados níveis de mortalidade (HENRIQUES, 2005). Os indivíduos jovens ou rebrotas com

diâmetro menor que 5 cm, altura abaixo de 2 m e espessura da casca inferior a 6 mm geralmente são os

mais afetados pela passagem do fogo, o que resulta em elevadas taxas de mortalidade (SATO et al.

2010). A avaliação do efeito do fogo sobre cada uma das parcelas mensuradas no PETeR confirmou essa

tendência, pois a parcela que queimou mais recentemente apresentou os menores valores de densidade,

área basal e riqueza na C1, evidenciando impactos diretos do fogo sobre os indivíduos de menor porte.

Além da mortalidalidade, que é efeito direto da passagem do fogo, o estabelecimento de plântulas após a

ocorrência de fogo é drasticamente reduzido (HOFFMAN; MOREIRA, 2002), pois a redução da

serrapilheira e da cobertura do solo causadas pelo fogo tornam o ambiente mais susceptível ao estresse

hídrico (HOFFMANN, 1996). Assim, a elevada frequência dos incêndios pode ter comprometido a

regeneração e o estabelecimento de plântulas na classe 1, o que justifica a ocorrência de espécies

exclusivas na classe 2.

Em que pese o baixo número de espécies registrado na vegetação lenhosa sobre solos arenosos, a

maior intensidade amostral adotada no presente estudo (4 ha), não refletiu em maiores valores de riqueza

e diversidade de espécies em comparação com outras áreas de Cerrado sentido restrito sobre Neossolo

Quartzarênico. Este resultado contraria a expectativa, pois de acordo com Magurran (2013), a riqueza de

espécies é sensível à intensidade amostral. Quanto maior a intensidade amostral, maior a probabilidade de

captar novas espécies. Assim, é possível que a elevada frequência dos incêndios que ocorrem na área

tenha comprometido o estabelecimento e a manutenção de algumas espécies sensíveis ao fogo. De acordo

com Hoffmann e Moreira (2002) o fogo reduz a riqueza em espécies e altera a composição florística e a

estrutura da vegetação. As espécies lenhosas do Cerrado sentido restrito apresentam ampla variação de

tolerância ao fogo (HOFFMAN; MOREIRA, 2002), por exemplo, espécies com cascas mais espessas

apresentam maior probabilidade de resistir à passagem do fogo (MIRANDA et al., 2002). Desta maneira,

as espécies menos tolerantes são paulatinamente excluídas da comunidade, o que promove a redução da

riqueza e da diversidade de espécies e altera a composição florística e a estrutura da vegetação. Este

processo reforça a hipótese de empobrecimento da flora lenhosa no PETeR a curto e médio prazos.

De acordo com o padrão identificado por Lindoso e Felfili (2007), a vegetação lenhosa do

Cerrado sentido restrito sobre Neossolo Quartzarênico apresenta gradiente de densidade decrescente do

sul para o nordeste brasileiro, passando pelo Planalto Central. Por isso, era esperado encontrar valor

intermediário de densidade, uma vez que o PETeR está localizado próximo ao Planalto Central. Ao

contrário do esperado, o valor observado foi o mais baixo em comparação com outras áreas de mesma

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fitofisionomia e mesma classe de solo. A estrutura das formações savânicas é determinada principalmente

por fatores edáficos, propriedades físicas e químicas dos solos, e pela ocorrência de fogo (HENRIQUES

2005; LEHMANN et al., 2014). Neste caso, como as áreas comparadas estão sobre o mesmo tipo de solo,

o fogo pode ser fator determinante para justificar a baixa densidade de indivíduos lenhosos registrados no

PETeR, pois a frequente ocorrência de fogo em ambientes savânicos reduz a densidade de indivíduos

arbóreos e de arbustos de grande porte favorecendo o estabelecimento de fitofisionomias mais abertas

(HOFFMAN; MOREIRA, 2002; DURIGAN; RATTER, 2006).

O baixo valor de área basal registrado na classe 2 também pode ser reflexo da ocorrência de

incêndios recorrentes na região. Além de causar a mortalidade de indivíduos de menor diâmetro, em

função da intensidade do fogo, os indivíduos adultos de maior porte podem apresentar taxas de

mortalidade de 13 a 16% (HENRIQUES, 2005). Essa mortalidade de indivíduos de grande porte reduz

consideravelmente a área basal da comunidade. Além disso, embora a maior parte das árvores não morra

com a passagem do fogo, é comum ocorrer danos ou mesmo a morte da parte aérea (top-kill), seguida de

rebrota na base do tronco principal ou a partir das raízes, e, consequentemente, promove a redução da

área basal (MIRANDA et al., 2002).

Em síntese, além das diferenças florísticas entre C1 e C2, a vegetação de Cerrado sentido restrito

no PETeR foi a que apresentou os menores valores de riqueza e diversidade de espécies, e de densidade e

área basal em comparação com as áreas amostradas sobre o mesmo tipo de solo. Estes resultados podem

estar associados às características edáficas da área ou à ocorrência de distúrbios, sobretudo a elevada

frequência de incêndios. De acordo com PEREIRA et al. (2004) e IBAMA (2009), as principais causas de

incêndios em unidades de conservação brasileiras têm sido atribuídas ao uso descontrolado do fogo para a

renovação de pastagens e limpeza de restos de cultura nas propriedades circunvizinhas. Portanto, o

controle e o manejo do fogo, a regularização fundiária da unidade, bem como a elaboração do plano de

manejo e a sua efetiva implantação poderão amenizar parte dessas interferências negativas à manutenção

e conservação da peculiar flora do PETeR.

CONCLUSÕES

A classe 1 (2 cm < Db30cm < 5 cm) apresentou maior riqueza e diversidade que a classe 2 (Db30cm

≥ 5 cm), entretanto as espécies exclusivas da classe 1 são naturalmente de pequeno porte e não atingirão a

classe 2. Isto significa que nos próximos anos o recrutamento de novas espécies arbóreas na classe 2,

provavelmente, ficará comprometido. Por outro lado, as espécies que ocorrem exclusivamente na classe 2

poderão se tornar extintas localmente a curto ou médio prazo. Assim, podemos assumir que futuramente a

possível ocorrência de extinção local, associada à ausência de ingresso de novas espécies na classe 2,

reduzirá a riqueza de espécies arbóreas e poderá alterar a composição e a estrutura da vegetação lenhosa.

A reduzida riqueza e diversidade de espécies, os baixos valores de densidade e área basal dos

indivíduos e a previsão de redução no número de espécies na classe 2, indicam que a área está sobre

influência negativa de distúrbios. Como o distúrbio preponderante que incide na área é a elevada

ocorrência de incêndios, ressaltamos que o controle e o manejo do fogo, a fiscalização e a regularização

fundiária do PETeR são práticas que devem ser priorizadas nas ações de gestão do Parque, a fim de

garantir a conservação da peculiar flora nativa da região.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao professor Manoel Cláudio da Silva Júnior pelo auxílio na identificação das

espécies, ao Antônio Carlos Couto Júnior pelo auxílio técnico na análise da ocorrência de incêndios, ao

Thomaz Renato L. M. Gaya pela elaboração do mapa de localização e aos alunos do curso de graduação

em Engenharia Florestal que participaram das coletas de dados em campo.

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Capítulo 3

Avaliação do método RAPELD aplicado à vegetação arbustivo-arbórea em Cerrado

sentido restrito

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Avaliação do método RAPELD aplicado à vegetação arbustivo-arbórea em Cerrado

sentido restrito

Resumo: Com o intuito de avaliar o método RAPELD (MR) aplicado à vegetação

arbustivo-arbórea em Cerrado sentido restrito, comparamos o protocolo de amostragem do

MR com o protocolo do método de parcelas permanentes (MPP), proposto pela Rede de

Parcelas Permanentes do Cerrado e Pantanal. Avaliamos a eficiência desses métodos para

estimar os parâmetros fitossociológicos, a composição florística, a riqueza e a diversidade

de espécies na comunidade. Além disso, avaliamos o impacto da redução de 50% do

esforço amostral sobre as estimativas obtidas por meio do MR. A utilização do MPP

resultou em estimativas dos parâmetros estruturais semelhantes ao MR. Além disso, o MPP

foi mais eficiente para estimar a riqueza e a diversidade de espécies e apresentou menor

tempo de execução. Dessa forma, se o propósito do levantamento é conhecer a composição

de espécies, a riqueza, a diversidade e a estrutura da vegetação, recomendamos a adoção

do MPP. Por outro lado, se a pesquisa tem como objetivo analisar a interação da flora com

outros grupos taxonômicos, o MR deve ser utilizado, pois possibilita o levantamento de

dados de táxons distintos utilizando a mesma estrutura de amostragem. Todavia, a redução

de 50% do esforço amostral na amostragem do MR não alterou significativamente as

estimativas dos parâmetros florísticos e estruturais da vegetação. Portanto, o esforço

amostral do MR deve se reduzido pela metade a fim de otimizar a relação custo-benefício

deste método de amostragem.

Palavras-chave: Diversidade, fitossociologia, método de amostragem, Parque Estadual de

Terra Ronca, riqueza.

Introdução

A padronização dos métodos de amostragem adotados em levantamentos florísticos

e estruturais é fundamental para viabilizar a comparação entre as áreas estudadas, ampliar a

representatividade das informações geradas e possibilitar a compreensão dos padrões da

vegetação em escala mais ampla (Moro & Martins, 2011). Nesse sentido, com o intuito de

monitorar a biodiversidade e planejar seu uso de forma sustentável, o governo federal tem

estimulado a padronização da amostragem a fim de constituir uma base de dados sobre a

vegetação em escala nacional.

Em 2004, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), em parceria com a Empresa

Brasileira de Agropecuária (Embrapa), criou o Sistema Nacional de Parcelas Permanentes

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(SisPP), no âmbito do Programa Nacional de Florestas (SFB, 2015). O objetivo principal

do SisPP é o monitoramento permanente da vegetação natural e das florestas plantadas,

localizadas nos diferentes biomas brasileiros, visando a obtenção de informações sobre

crescimento e evolução, bem como sua reação a perturbações diretas ou indiretas

incluindo-se efeitos de regimes de manejo e mudanças climáticas e, no caso de plantações

florestais, a resposta a tratamentos culturais e silviculturais (Oliveira et al., 2005). Para

alcançar esses objetivos foi estabelecida a Rede Brasileira de Parcelas Permanentes, que

integra as redes localizadas em cada bioma e é constituída por órgãos do governo e

universidades.

Nesse contexto, foi institucionalizada a Rede de Parcelas Permanentes do Cerrado e

Pantanal, que reuniu os dados de parcelas já existentes (Oliveira et al., 2005) e apresentou

o protocolo metodológico para a padronização do sistema de amostragem da vegetação no

Cerrado e Pantanal (Felfili et al., 2005). Para o Cerrado sentido restrito o método que tem

sido empregado com êxito desde a década de 1980, no Projeto Biogeografia do Cerrado,

foi definido como método padrão a ser adotado pela Rede Cerrado e Pantanal (Felfili et al.

1992; Felfili et al., 2005; Moura et al., 2011).

Paralelamente ao esforço de padronização de amostragem do SisPP, o método

RAPELD foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa em Biodiversidade

(PPBio) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) (Magnusson et al., 2013). Esse

método foi criado para ser utilizado em pesquisas ecológicas na Amazônia brasileira

(Costa & Magnusson, 2010) e a sigla RAPELD une as duas escalas temporais que o

método contempla: inventários rápidos - RAP e Projetos Ecológicos de Longa Duração -

PELD (Magnusson et al., 2005).

O método RAPELD busca ajustar as necessidades amostrais de diversos grupos

biológicos dentro das mesmas unidades amostrais, o que permite a integração destes dados

de diferentes grupos taxonômicos e de variáveis ambientais (Costa & Magnusson, 2010).

Dessa forma, o objetivo do método é implantar delineamento padronizado que permita a

comparação do mesmo grupo biológico entre regiões, e de grupos diferentes na mesma

região (Magnusson et al., 2005). Para assegurar que o método seja padronizado e replicado

em diferentes regiões foram elaborados protocolos específicos para cada grupo biológico

(PPBio, 2015).

Apesar de ter sido desenvolvido para estudos conduzidos na Amazônia, o método

foi expandido para outros domínios fitogeográficos e para além dos institutos de pesquisa e

universidades. O Serviço Florestal Brasileiro - SFB adotou o método RAPELD como

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padrão para o monitoramento de áreas em exploração sob regime de concessão florestal e o

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA

passou a exigir a adoção do método RAPELD para os estudos de impacto ambiental – EIA

e para o monitoramento ambiental de grandes obras de infraestrutura federal (Magnusson

et al., 2013). Com o intuito de aplicar o método no Cerrado, a Rede ComCerrado4, criada

no âmbito do MCT com o intuito de fomentar o avanço do conhecimento ambiental e

sócio-econômico no bioma (MCT, 2009), estabeleceu como meta, a instalação de oito

módulos de amostragem da biodiversidade norteados pelo método RAPELD.

Com base no protocolo de amostragem da vegetação arbustivo-arbórea

desenvolvido para a região Amazônica, a Rede ComCerrado propôs o protocolo para

amostragem dos módulos instalados no Cerrado. Esse protocolo não foi publicado

oficialmente (Sanchez, 2012) e está disponível apenas para os integrantes da Rede

ComCerrado. Dentre os sítios de amostragem instalados no Cerrado, a vegetação

arbustivo-arbórea já foi inventariada nos módulos do Parque Nacional da Chapada dos

Veadeiros – GO (dados não publicados), Parque Estadual de Terra Ronca – GO (presente

estudo) e Parque Estadual da Serra Azul - MT (inventário parcial – Santos, 2014)

Considerando a extensa área do domínio fitogeográfico do Cerrado, sua elevada

riqueza de espécies e as limitações de recursos financeiros destinados aos levantamentos de

biodiversidade, é importante que os protocolos de amostragem adotem técnicas capazes de

otimizar a relação custo-benefício destes levantamentos. Portanto, devemos avaliar o

esforço amostral requerido (pessoa, tempo) e sua relação com a capacidade de captar

informações sobre a biodiversidade, pois ganhos de eficiência podem ser obtidos por meio

de alterações na estrutura da amostragem (Gordon & Newton, 2006). Embora nos trópicos

existam muitas limitações financeiras e de taxonomistas, pouco esforço tem sido feito para

a avaliação da qualidade dos protocolos de amostragem utilizados em inventários da

biodiversidade (Phillips et al., 2003).

Com o intuito de avaliar o método RAPELD aplicado à vegetação arbustivo-

arbórea no Cerrado sentido restrito, comparamos o protocolo de amostragem RAPELD

com o protocolo da Rede de Parcelas Permanentes do Cerrado e Pantanal. Avaliamos a

eficiência destes métodos para estimar os parâmetros fitossociológicos, a composição

florística, a riqueza e diversidade de espécies na comunidade. Além disso, avaliamos o

impacto da redução de 50% do esforço amostral sobre as estimativas obtidas por meio do

4 Rede de Cooperação em Ciência e Tecnologia para a Conservação e o uso Sustentável do Cerrado.

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método RAPELD. A importância da comparação entre os métodos e da avaliação do

esforço amostral preconizado pelo protocolo RAPELD consiste na otimização da relação

custo-benefício dos futuros levantamentos da vegetação arbustivo-arbórea a serem

implantados no Cerrado sentido restrito. Cabe ressaltar ainda que, embora na fase de

elaboração, o protocolo RAPELD de amostragem da vegetação aplicado ao Cerrado tenha

sido amplamente discutido no âmbito da Rede ComCerrado, este trabalho representa a

primeira avaliação do protocolo de amostragem da vegetação arbustivo-arbórea em

Cerrado sentido restrito a partir de dados obtidos em campo.

Material e Métodos

Caracterização da área de estudo

A vegetação arbustivo-arbórea foi amostrada em área de Cerrado sentido restrito,

localizada no Parque Estadual de Terra Ronca – PETeR. O Parque está situado na bacia do

Rio Paranã, na microrregião denominada Vão do Paranã, na porção nordeste do estado de

Goiás (Figura 1). O clima da região é do tipo Aw - tropical com duas estações bem

definidas, com inverno seco e verão úmido, segundo o sistema de classificação de Köppen

(Alvares et al., 2013). A precipitação média nos últimos vinte anos foi de 1.380 mm/ano, o

período mais seco se estende de maio a setembro e a temperatura média é de 24,3ºC

(INMET, 2014).

Na região, as fitofisionomias predominantes são Cerrado sentido restrito e Floresta

Estacional Decidual (IBGE, 1995). O relevo é plano ou suavemente ondulado e a altitude

oscila entre 600 e 800 m. Na área estudada predominam os Neossolos Quartzarênicos

(IBGE & Embrapa, 2001; Embrapa, 2006), caracterizados como solos profundos, bem

drenados, arenosos (com mais de 90% de areia), ácidos, de baixa fertilidade, com pouca

diferenciação em perfis e alta saturação por alumínio (Furley & Ratter, 1988; Reatto et al.

2008).

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Figura 1: Localização da região do Vão do Paranã em relação ao estado de Goiás, ao

bioma Cerrado e ao Brasil (a). Localização do Parque Estadual de Terra Ronca - PETeR

em relação ao Vão do Paranã (b).

Sistemas de amostragem

Método RAPELD - MR

A amostragem preconizada pelo método RAPELD (MR) é realizada por meio de

conjuntos de unidades amostrais arranjadas em grades ou módulos (Magnusson et al.,

2013). Para se constituir o módulo são instaladas duas trilhas principais no sentido Norte-

Sul, com 5 km de extensão cada e com espaçamento de 1 km entre elas. Ao longo dessas

trilhas, piquetes de vergalhão são instalados e enumerados a cada 50 m. As parcelas de

estudo da vegetação são instaladas nos piquetes de 500, 1.500, 2.500, 3.500 e 4.500 m,

num total de dez parcelas, ou seja, cinco parcelas por trilha (Magnusson et al., 2013).

(Figura 2).

O módulo do PETeR foi instalado na região leste do Parque, onde predominam as

fitofisionomias Cerrado sentido restrito e Vereda. Desta forma, das 10 parcelas instaladas,

duas foram alocadas em Vereda e as outras oito em Cerrado sentido restrito. Este estudo

restringiu-se às parcelas de Cerrado sentido restrito (Figura 2).

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Figura 2: Localização das parcelas que compõem o módulo do método RAPELD – MR

(lado esquerdo) e localização das parcelas do método de parcelas permanentes – MPP

(lado direito), em relação ao Parque Estadual de Terra Ronca – PETeR.

As parcelas, instaladas a partir das trilhas principais, foram demarcadas com base

na linha central de 250 metros de comprimento e a largura foi determinada em função da

classe de tamanho dos indivíduos a serem amostrados (Tabela 1 e Figura 3), adaptado de

Castilho et al. (2014) e determinado pela Rede ComCerrado (Sanchez, 2012).

Tabela 1 – Dimensões das parcelas e respectiva área amostral em função das classes de

tamanho adotadas no inventário da vegetação arbustivo-arbórea em área de Cerrado

sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás. Db30cm - diâmetro do caule

medido à 30 cm de altura do solo.

Classes Critério de inclusão (Db30 cm) Dimensão (m) Área (m2)

Classe 1 2 ≤ Db30cm < 5 cm 4 x 250 1.000

Classe 2 5 ≤ Db30cm <10 cm 20 x 250 5.000

Classe 3 Db30cm ≥10 cm 40 x 250 10.000

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N

50

0 m

0 m10 m

40 m

Trilha L

40

m –

Cla

sse

3

4 m

–C

lass

e 1

20

m –

Cla

sse

2

10 m

Figura 3: Croqui do segmento da unidade amostral utilizada no método RAPELD, onde

são demonstradas as dimensões adotadas para as classes de tamanho da vegetação

arbustivo-arbórea: Classe 1 (2 ≤ Db30cm < 5 cm), Classe 2 (5 ≤ Db30cm <10 cm) e Classe 3

(Db30cm ≥10 cm).

A linha central de cada parcela (250 m) acompanhou a cota altitudinal de cada

piquete (500, 1.500,... 4.500 m), por isso, as parcelas apresentam formato irregular

(Magnusson et al., 2013). A instalação em nível visa minimizar as variações de altitude e

tipo de solo (Costa & Magnusson, 2010) dentro das parcelas e com isso reduzir a

heterogeneidade ambiental nas unidades amostrais e, consequentemente, diminuir a

variância interna nas parcelas (Magnusson et al., 2013). A altitude e a inclinação do terreno

são apontadas como importantes fatores causadores de variações na estrutura das

comunidades em florestas tropicais, principalmente por estarem correlacionados com

outras variáveis ambientais, como propriedades químicas e físicas dos solos e o regime de

águas subterrâneas e de inundação (Oliveira-Filho, 1994).

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65

A linha central de cada parcela foi demarcada com piquetes de vergalhão

enumerados a cada 10 m (ver Magnusson et al., 2013; Castilho et al., 2014). Os piquetes

demarcados orientam a mensuração da vegetação e possibilitam a divisão da parcela em 25

segmentos. Como as parcelas não são regulares, ao delimitar os segmentos, comumente

ocorre sobreposição de área. Para solucionar essa questão, adotou-se o padrão de

compensação proposto por Costa & Magnusson (2012), conforme apresentado na Figura 4:

as áreas triangulares cinza claro são locais onde os segmentos brancos (segmento 10 – 20

m e 30 – 40 m) se sobrepõem aos segmentos cinza escuro (segmento 0 – 10 m e 20 a 30

m). Neste caso, essa sobreposição é compensada com o triângulo branco oposto, que

apresenta a mesma área do triângulo cinza claro. Situação similar ocorre quando o

segmento cinza escuro (40 – 50 m) se sobrepõe ao segmento branco (30 – 40 m).

N

500 m

0 m10 m

Trilha L

30 m20 m 40 m

50 m...250 m

Figura 4: Croqui de demonstração da sobreposição dos segmentos.

Em terrenos com relevo mais acidentado eventualmente ocorre a sobreposição em

mais de um segmento. Nesses casos, o segmento que sobrepõe é cancelado e compensado

após a linha central de 250 metros (Sanchez, 2012).

Método de Parcelas Permanentes do Cerrado e Pantanal - MPP

A Rede de Parcelas Permanentes do Cerrado e Pantanal estabeleceu métodos

padronizados para cada fitofisionomia que ocorre no Cerrado e no Pantanal, uma vez que

formações vegetais de natureza distinta requerem a adoção de procedimentos apropriados

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que reflitam suas características morfológicas e estruturais (Felfili et al., 2005). Como o

foco do presente trabalho restringe-se ao Cerrado sentido restrito, apresentamos

resumidamente o protocolo proposto para esta fitofisionomia.

A amostragem é constituída por 10 parcelas permanentes com 50 x 20 m, dispostas

aleatoriamente, o que totaliza 1 ha de área amostral (Figura 2). Para a alocação das

parcelas procura-se manter distância dos limites da área que se deseja amostrar para evitar

o efeito de borda. Os vértices das parcelas são delimitados com canos de ferro galvanizado

e numerados. Para facilitar o controle durante a mensuração e também para possibilitar a

comparação dos dados com métodos que adotam parcelas de tamanhos menores, as

parcelas são segmentadas em subparcelas de 10 x 10 metros. Nessas subparcelas são

amostrados todos os indivíduos com diâmetro medido a 30 cm de altura do solo maior ou

igual a 5 cm (Db30cm ≥ 5 cm). Informações detalhadas sobre esse método podem ser

consultadas no Manual para o Monitoramento de Parcelas Permanentes nos Biomas

Cerrado e Pantanal (Felfili et al., 2005).

Análise de dados

Comparação MR e MPP

Para viabilizar a comparação do Método RAPELD (MR) com o método da Rede de

Parcelas Permanentes (MPP) buscou-se compatibilizar o diâmetro de inclusão adotado no

MR com o utilizado no MPP. Para isso, excluímos da base de dados os indivíduos

mensurados na Classe 1, com Db30cm entre 2 cm e 5 cm (2 ≤ Db30cm < 5 cm), e os

indivíduos da Classe 3 (Db30cm ≥ 10 cm) localizados na faixa exclusiva para a mensuração

desta classe (Figura 5). Dessa forma, na nova base de dados foram incluídos indivíduos

com Db30cm ≥ 5 cm, distribuídos em oito parcelas de 20 x 250 m, com área amostral total

de 4 ha. A partir desses ajustes, compatibilizamos o critério de inclusão do MR com o

estabelecido pelo MPP (Db30cm ≥ 5 cm) e eliminamos a segmentação da comunidade em

classes de tamanho. Para facilitar a descrição dos resultados, essa nova base de dados foi

denominada MRcomp, que significa método RAPELD com critério de inclusão

compatibilizado.

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10 m ..... 250 metros

Faixa excluída - exclusiva para mensuração de indivíduos da Classe 3 Db 30cm ≥ 10 cm2

0 m

Faixa selecionada para compor a MRcomp Db 30cm ≥ 5 cm

40

m

Faixa excluída - exclusiva para mensuração de indivíduos da Classe 3 Db 30cm ≥ 10 cm

Figura 5 – Croqui da unidade amostral utilizada na nova base de dados (MRcomp) criada

com o intuito de compatibilizar o diâmetro de inclusão do método RAPELD (MR) com o

método de Parcelas Permanentes (MPP). O polígono hachurado corresponde à área da

parcela da MR selecionada para compor a MRcomp.

A partir dos dados obtidos por meio da MRcomp e da MPP, elaboramos curvas de

rarefação (Gotelli & Colwell, 2011) e perfis de diversidade para comparar as estimativas

de riqueza e diversidade (Melo, 2008). Estimamos os parâmetros fitossociológicos

(Müller-Dombois & Ellenberg, 1974) e verificamos a normalidade por meio do teste de

Shapiro-Wilk (Zar, 1999). Comparamos as médias de densidade e dominância obtidas por

meio da MRcomp e da MPP com base no teste t, conforme sugerido por Mello (1995). Além

disso, analisamos os parâmetros fitossociológicos das espécies e comparamos o

ranqueamento das populações em função do valor de cobertura (VC). As curvas de

rarefação, os perfis de diversidade, os testes estatísticos de Shapiro-Wilk e teste t foram

calculados no programa Past (Hammer et al., 2001).

Avaliação do protocolo MR – redução do esforço amostral

A partir dos dados coletados por meio do método RAPELD, com amostragem

completa (MR100%), criamos nova base de dados com redução de 50% da intensidade

amostral (MR50%). Metade dos segmentos amostrais (segmentos pares) foi selecionada para

compor a base de dados e a outra metade (segmentos ímpares) foi excluída. A partir dessa

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base de dados, para cada classe de tamanho da vegetação (Classes 1, 2 e 3) foram

calculados os parâmetros fitossociológicos (Muller-Dombois & Ellenberg, 1974), foram

elaboradas curvas de rarefação (Gotelli & Colwell, 2011) e perfis de diversidade (Melo,

2008), no programa Past (Hammer, 2001). Os mesmos cálculos foram efetuados para a

base de dados completa - MR100%. Os resultados obtidos pela amostragem MR50% e

MR100% foram comparados a fim de avaliar se a redução do esforço amostral altera

significativamente estes resultados.

Verificou-se a normalidade dos parâmetros fitossociológicos, densidade absoluta e

dominância absoluta, por meio do teste de Shapiro-Wilk (Zar, 1999). As médias dos

parâmetros, calculadas para cada classe da vegetação, foram comparadas pelo teste t,

conforme sugerido por Mello (1995). O teste de Mantel (Zar, 1999) foi usado para

determinar a correlação entre a dissimilaridade florística baseada na amostragem MR100% e

MR50%. Os testes estatísticos de Shapiro-Wilk e teste t foram calculados no programa Past

(Hammer, 2001) e o teste de Mantel foi realizado no programa R (R Core Team, 2014).

Resultados

Comparação MR e MPP

A partir de área amostral de 4 ha, o MRcomp registrou 1.611 indivíduos, 43

espécies e 17 famílias botânicas. O MPP abrangeu área amostral de 1 ha, registrou 563

indivíduos e 41 espécies, distribuídas em 19 famílias. A utilização do MPP reduziu o

esforço amostral para 25% da área amostrada pelo MRcomp. Apesar de proporcionar

expressiva redução no esforço amostral, a adoção do MPP impactou sutilmente na

estimativa de riqueza e representou 95% do total de espécies amostrados pelo MRcomp.

O MPP captou a riqueza da área estudada de forma mais eficiente, uma vez que no

ponto de rarefação foram registradas 41 espécies, enquanto o MRcomp captou apenas 35

espécies (Figura 6a). Como não houve sobreposição dos intervalos de confiança – limite

inferior e superior, a diferença pode ser considerada como estatisticamente significativa.

A estimativa de diversidade também foi mais eficiente quando adotamos o MPP. À

medida que é dado peso à equabilidade, o MPP estima maiores valores de diversidade

quando comparado com o MRcomp (Figura 6b). A partir do peso 1 (eixo x alfa=1) não

ocorre sobreposição dos intervalos de confiança, o que demonstra que existe diferença

significativa na estimativa de diversidade.

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(a) (b)

Figura 6: Curva de rarefação (a) e perfil de diversidade (b) para a amostragem MRcomp

(cinza) e MPP (preto). As linhas pontilhadas representam o intervalo de confiança, limites

inferior e superior, e as linhas contínuas representam os valores de riqueza e diversidade

estimados para a vegetação arbustivo-arbórea amostrada em área de Cerrado sentido

restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás.

As médias dos parâmetros densidade e dominância absoluta, estimadas pelo

MRcomp (402,8 ind.ha-1

e 5,3107 m2.ha

-1, respectivamente) e MPP (563,8 ind.ha

-1 e 6,7869

m2.ha

-1), não apresentaram diferenças estatisticamente significativas pelo teste t.

Independente do método utilizado, as dez espécies que apresentaram maior valor de

cobertura (VC) foram as mesmas, com exceção de Stryphnodendron coriaceum (Figura 7).

Essas espécies são as mais abundantes da comunidade e representaram 80% do VC

estimado pelo MRcomp e 74% pelo MPP (Anexo 1). De modo geral, até a décima posição

houve apenas variações sutis na ordenação das populações e a partir deste ponto, as

alterações foram mais abruptas. A composição de espécies obtida a partir do MPP e do

MRcomp apresentou diferenças, 11 espécies foram exclusivas do MRcomp e 9 do MPP

(Anexo 1). Essas espécies são pouco abundantes na comunidade e representaram apenas

4,9% do VC do MPP e 4,1% do MRcomp.

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70

MRcomp MPP

Figura 7: Mudanças na posição do ranque das espécies quanto ao valor de cobertura

(VC), de acordo com a amostragem MRcomp (esquerda) e MPP (direita), para a

vegetação arbustivo-arbórea amostrada em área de Cerrado sentido restrito no Parque

Estadual de Terra Ronca, Goiás. As espécies estão representadas pelos nomes

abreviados, as três primeiras letras do gênero e do epíteto específico (p.ex. Hir_cil –

Hirtella ciliata).

Redução do esforço amostral MR

A amostragem MR50% representou aproximadamente 48% do número de

indivíduos e 90% das espécies amostradas pelo MR100% para a comunidade toda (Tabela

2). Proporções semelhantes também foram encontradas nas três classes de tamanho

avaliadas.

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71

Tabela 2: Número de indivíduos (N), área amostral (Área) e riqueza em espécie (S)

registradas em cada Classe e na comunidade (Todas) a partir da amostragem MR100% e

MR50%, para a vegetação arbustivo-arbórea em área de Cerrado sentido restrito no Parque

Estadual de Terra Ronca, Goiás. % Representação – é o percentual que MR50% representa

em relação à MR100%.

Classe

MR100% MR50% % Representação

Todas

Área (ha) 8,0 4,0 50,0%

N 2.880 1.385 48,1%

S 55 50 90,9%

Classe 1

Área (ha) 0,8 0,4 50,0 %

N 569 267 46,9%

S 46 39 84,8%

Classe 2

Área (ha) 4,0 2,0 50,0%

N 881 428 48,6%

S 38 34 89,5%

Classe 3

Área (ha) 8,0 4,0 50,0%

N 1430 690 48,3%

S 38 35 92,1%

Não houve diferença significativa entre os valores de riqueza registrados pela

amostragem MR100% e MR50%, conforme demonstrado pelas curvas de rarefação (Figura 8,

gráficos 1a, 2a e 3a). Em todas as classes de tamanho, os perfis de diversidade indicaram

que não há diferença significativa nos valores de diversidade calculados pela amostragem

MR50% e MR100%, independente do peso que é dado à equabilidade (Figura 8, gráficos 1b,

2b e 3b).

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(1a) (1b)

(2a) (2b)

(3a) (3b)

Figura 8: Curva de rarefação (a) e perfil de diversidade (b) para a amostragem MR100%

(cinza) e MR50% (preto) da vegetação arbustivo-arbórea amostrada em área de Cerrado

sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás. As linhas pontilhadas

representam os limites inferior e superior, as linhas contínuas representam os valores de

riqueza e diversidade estimados. Classe 1 (gráficos 1a e 1b), Classe 2 (2a e 2b) e Classe 3

(3a e 3b).

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73

A correlação entre as matrizes de distância florística (Bray-Curtis) das amostras

MR100% e MR50%, pelo teste de Mantel foi alta (R = 0,82) e significativa (p < 0,001). Além

disso, as médias dos parâmetros densidade absoluta e dominância absoluta, estimadas pela

amostragem MR100% e MR50% para cada classe de tamanho, não apresentaram diferença

significativa pelo teste t, os valores de p foram maiores que 0,05. (Tabela 3).

Tabela 3: Densidade absoluta (DA) e Dominância Absoluta (DoA) por classe de tamanho

da vegetação arbustivo-arbórea amostrada em área de Cerrado sentido restrito no Parque

Estadual de Terra Ronca, Goiás. Teste t – resultado do teste t (p ≤ 0,05).

MR100% MR50% Teste t

Classe 1

(2 ≤ Db30cm < 5 cm)

DA (ind/ha) 711,25 667,50 0,61

DoA (m2/ha) 0,5690 0,5413 0,74

Classe 2

(5 ≤ Db30cm <10 cm)

DA (ind/ha) 220,25 214,00 0,83

DoA (m2/ha) 0,9466 0,9122 0,79

Classe 3

(Db30cm ≥10 cm)

DA (ind/ha) 178,75 172,50 0,84

DoA (m2/ha) 4,4031 4,2854 0,90

Em todas as classes de tamanho as cinco espécies que apresentaram maior valor de

cobertura (VC) foram as mesmas na amostragem MR100% e na MR50% (Figura 9). Com

exceção da Classe 2, as espécies não apresentaram variações na posição que ocuparam. Na

Classe 2 houve apenas a inversão de posição entre Mouriri elliptica e Pouteria ramiflora.

Se considerarmos as 10 espécies com maior VC, que são as mais abundantes na

comunidade, a redução da intensidade amostral alterou sutilmente a posição hierárquica

das populações, caracterizando a comunidade de forma similar à amostragem MR100%. A

partir da décima posição podemos observar expressivas alterações no ranqueamento das

espécies, o que indica que as populações com baixa densidade são as mais influenciadas

pela redução da intensidade amostral.

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(a) Classe 1 (b) Classe 2 (c) Classe 3

Figura 9: Mudança na posição do ranque das espécies quanto ao valor de cobertura (VC),

de acordo com a amostragem MR100% (esquerda) e MR50% (direita), para as três classes da

vegetação arbustivo-arbórea amostrada em área de Cerrado sentido restrito no Parque

Estadual de Terra Ronca, Goiás. As espécies estão representadas pelos nomes abreviados,

as três primeiras letras do gênero e do epíteto específico (p.ex. Hir_cil – Hirtella ciliata).

Discussão

Riqueza e Diversidade de espécies

As parcelas utilizadas no MPP, apesar de representarem apenas 25% da área

amostral adotada pelo MRcomp, abrangeram a área de estudo de forma mais ampla, por isso

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foram mais eficientes para estimar a riqueza e a diversidade de espécies. Enquanto no

MRcomp as unidades amostrais são maiores (0,5 ha) e arranjadas em módulo de 5 km2

(Magnusson et al., 2013), no MPP as parcelas são menores (0,1 ha) e distribuídas de forma

a proporcionar maior abrangência espacial da área estudada (Felfili et al., 2005). Se

considerarmos que a maioria das espécies arbustivo-arbóreas do Cerrado sentido restrito

apresenta distribuição espacial agregada (Bernasol & Lima-Ribeiro, 2010), é natural que

arranjos amostrais com maior abrangência espacial sejam capazes de captar a riqueza de

forma mais efetiva. Assim, métodos que utilizam parcelas menores e abrangem melhor a

área de estudo são mais eficazes para estimar os parâmetros descritores da florística e

estrutura da vegetação do que aqueles que utilizam parcelas maiores e espacialmente

concentradas (Durigan, 2004; Felfili et al., 2011; Gentry, 1982; Moreira, 2007). Dessa

forma, as diferenças observadas entre os sistemas de amostragem justificam o melhor

desempenho do MPP para estimar a riqueza e a diversidade de espécies em áreas de

Cerrado sentido restrito.

A redução do esforço amostral com a adoção da amostragem MR50% não alterou

significativamente as estimativas de riqueza e diversidade da comunidade em relação ao

MR100%, o que nos permite sugerir que a área da unidade amostral do MR100% está

superestimada para amostrar comunidades de Cerrado sentido restrito. Quando o aumento

da área da unidade amostral implica no acréscimo de poucas espécies, é mais vantajoso

investir recursos na amostragem de outra região, a fim de estimar adequadamente a riqueza

e a diversidade local (Neldner & Butler, 2008). Neste caso, a amostragem MR50% reduz a

área da unidade amostral e, consequentemente, diminui os custos envolvidos na coleta de

dados e otimiza a relação custo-benefício da amostragem. Assim, os recursos poupados em

função da redução do esforço amostral poderão ser utilizados para amostrar novas parcelas,

o que proporcionará maior abrangência espacial da amostragem.

Estrutura da vegetação

Ao compararmos os parâmetros fitossociológicos das espécies mais abundantes

registradas pelo MRcomp e MPP, observamos que as populações com maiores valores de

cobertura não sofreram grandes alterações na posição que ocuparam. Em contrapartida, as

menos abundantes foram as que apresentaram maiores alterações. Esse mesmo padrão foi

observado quando comparamos o MR100% com o MR50%. A alteração na ordem das

espécies menos abundantes, em decorrência de mudanças no sistema de amostragem ou em

função da redução do esforço amostral era previsível. Segundo Durigan (2012), o

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ranqueamento das espécies muda consideravelmente numa mesma área, apenas com a

redistribuição das parcelas, ou com a alteração do seu formato ou tamanho. Isso significa

que as informações dos parâmetros fitossociológicos devem ser utilizadas com a finalidade

de caracterizar a comunidade com base apenas nas espécies mais abundantes (Durigan,

2012), pois a ordem das espécies é influenciada principalmente pelo padrão de raridade em

que a espécie ocorre e as maiores alterações ocorrem nas espécies mais raras (Moreira,

2007).

Dessa forma, se assumirmos que as espécies mais abundantes sofreram apenas

alterações sutis em seu ranqueamento, o MRcomp caracteriza as espécies de maior valor de

cobertura de forma similar ao MPP. Seguindo essa lógica, o MR100% caracteriza a

comunidade de forma análoga ao MR50%. Ademais, a forte correlação da distância

florística entre as parcelas da amostragem MR100% e da MR50% reforça que, mesmo com a

redução do esforço amostral, a composição de espécies e a estrutura da vegetação

continuam bem representadas.

As estimativas dos parâmetros densidade e dominância absoluta obtidas pelo

MRcomp e pelo MPP não apresentaram diferença significativa. O mesmo resultado foi

observado quando comparamos os parâmetros estimados pelo MR100% e MR50%. Isso

significa que, independente do método adotado, as estimativas obtidas serão

estatisticamente semelhantes.

Qual método utilizar?

A escolha do procedimento de amostragem depende dos objetivos da pesquisa e

das perguntas que se pretende responder sobre a vegetação (Durigan, 2004; 2012), já que o

tamanho, formato e orientação das unidades amostrais podem determinar quais questões

serão respondidas (Magnusson & Mourão, 2003). Dessa forma, caso o propósito seja

conhecer a composição de espécies, a riqueza, a diversidade e a estrutura da vegetação

arbustivo-arbórea do Cerrado sentido restrito, recomendamos a adoção do MPP. Esse

método apresentou desempenho similar ao MRcomp para as estimativas dos parâmetros

estruturais das populações e da comunidade; e se mostrou mais eficiente para as

estimativas de riqueza e diversidade de espécies. Além disso, o MPP requer menor esforço

amostral (1 ha) quando comparado com o MRcomp (4 ha), o que reflete diretamente na

redução dos recursos investidos e no tempo gasto com a amostragem da vegetação.

Outra vantagem do MPP é que, desde a década de 1980, inúmeras áreas de

Cerrado sentido restrito tem sido amostradas com este método, o que favorece a

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77

comparação dos resultados entre áreas. Assim, a partir da aplicação desse método

padronizado, foram desenvolvidos os principais estudos de caráter fitogeográfico que

consideram parâmetros estruturais e florísticos do Cerrado (Felfili & Silva-Júnior, 2001;

Felfili et al., 2006, 2007). Portanto, a utilização do MPP, além de demandar menor custo,

contribui para incrementar esse vasto conjunto de dados sobre a estrutura e a flora

arbustivo-arbórea do Cerrado. Por outro lado, o MR apresenta como vantagem em relação

ao MPP, a possibilidade de estudar diversos grupos taxonômicos a partir de dados oriundos

da mesma estrutura de amostragem (Costa & Magnusson, 2005). Essa possibilidade

favorece o desenvolvimento de estudos sobre interações entre táxons distintos. Outra

prerrogativa do MR é a adoção de parcelas espacialmente padronizadas, que podem ser

replicadas ao longo da paisagem (Magnusson et al., 2013). Assim, o MR é mais adequado

às pesquisas sobre interações entre táxons distintos e aos estudos de monitoramento da

biodiversidade que requerem padronização espacial das unidades amostrais em escalas

geográficas mais amplas, por exemplo, meso e macro escalas.

Adaptação do MR – redução do esforço amostral

Considerando que o MR foi desenvolvido para ser utilizado na Amazônia e,

recentemente foi introduzido no Cerrado, ressaltamos a importância de adaptar o protocolo

de amostragem da flora arbustivo-arbórea conforme as características do ambiente e as

peculiaridades da vegetação. Parcelas de 10.000 m2 (1 ha) são frequentemente utilizadas

em inventários de árvores na Amazônia (Prance et al., 1976; Pitman et al. 2002).

Entretanto, no Cerrado sentido restrito são comuns e amplamente utilizadas as parcelas de

1.000 m2 (Felfili et al., 2005; Moro & Martins, 2011) ou até parcelas menores (Giacomo et

al., 2013; Ishara et al., 2010). O aumento da área da parcela implica, na maioria das vezes,

em aumento do número de indivíduos amostrados. Este aumento do número de indivíduos

pode melhorar a distribuição de abundância das espécies e as estimativas de diversidade e

riqueza na comunidade, ou pode apenas repetir o mesmo padrão observado com menor

número de indivíduos (Zuquim, 2007). No caso do MR aplicado à vegetação arbustivo-

arbórea no Cerrado sentido restrito, a amostragem com redução do esforço amostral -

MR50% resultou em menor número de indivíduos amostrados, mas repetiu o mesmo padrão

de densidade, dominância, riqueza e diversidade observado para a amostragem não

reduzida - MR100%. Desta forma, podemos sugerir que o tamanho da unidade amostral

adotada pelo MR deve ser reduzido para a amostragem da vegetação em Cerrado sentido

restrito.

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78

À medida que o MR foi difundido na Amazônia, os protocolos de amostragem

sugeridos para diferentes grupos biológicos foram testados e adaptados a partir de análises

semelhantes às apresentadas neste estudo. Por exemplo, Souza (2009) sugeriu a redução de

60% do número de sub-amostras para a coleta de formigas; Santos e Magnusson (2008)

sugeriu a redução de 60% das sub-amostras para a coleta de ácaros de solo; e Zuquim et al.

(2007) recomendou a redução do tamanho da parcela para a amostragem de pteridófitas em

20% do esforço amostral. Todos esses autores concluíram que a redução no esforço

amostral não afetou os resultados obtidos e reduziu os custos envolvidos no levantamento

de dados, por isso, recomendaram que a redução do esforço amostral fosse incorporada aos

protocolos de amostragem. Seguindo essa lógica de otimização de recursos, os protocolos

de amostragem foram adaptados e padronizados para cada grupo biológico.

De forma similar, com base nos resultados apresentados neste estudo,

recomendamos a redução de 50% da área amostral das parcelas do método RAPELD

implantadas no Cerrado, pois esta redução não acarreta perda significativa de informação e

implica em economia dos recursos de tempo, mão de obra e financeiros envolvidos em

campo. Os recursos economizados em decorrência da redução da área da unidade amostral

poderiam ser destinados à amostragem de maior número de parcelas, o que poderia ampliar

a área de abrangência do levantamento. Afinal, é consensual afirmar que é mais vantajoso

amostrar a vegetação com maior número de parcelas menores do que com poucas parcelas

grandes (Durigan, 2004).

Conclusão

Para estudos destinados a caracterização florística e estrutural da vegetação

arbustivo-arbórea em Cerrado sentido restrito recomendamos a adoção do Método da Rede

de Parcelas Permanentes do Cerrado e Pantanal, pois sua aplicação demanda menos

recursos, resulta em estimativas estruturais da vegetação semelhantes às obtidas pelo

Método RAPELD e, além disso, é mais eficiente para estimar a riqueza e a diversidade de

espécies. Entretanto, se o propósito da pesquisa for integrar dados da flora com outros

grupos taxonômico o Método RAPELD deve ser adotado, desde que o esforço amostral

seja reduzido, a fim de otimizar a relação custo-benefício deste método de amostragem.

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79

Considerações Finais

Comparação MR com MPP

- A elaboração e publicação de documento com objetivo de descrever o protocolo para

amostragem da vegetação é fundamental para garantir a padronização no uso do método

RAPELD no Cerrado. A ausência deste veículo de divulgação dificulta o acesso do público

em geral e compromete a difusão e implantação do método. Por tanto, recomendamos que

a Rede ComCerrado adote a mesma estratégia usada pela Rede de Parcelas Permanentes do

Cerrado e Pantanal que descreveu e publicou sua proposta de padronização para

amostragem da vegetação por meio do Manual para o Monitoramento de Parcelas

Permanentes do Cerrado e Pantanal, o que facilitou o acesso e a difusão do método.

- Com o intuito de complementar a comparação do MR com o MPP, estimamos o

rendimento da coleta de dados para cada método. O rendimento do MR, calculado em

função do tempo e do número de pessoas envolvidos no levantamento e sua relação com o

número de indivíduos mensurados, foi inferior ao do MPP (Anexo 5), provavelmente

devido ao tempo investido na instalação dos segmentos e do consequente processo de

compensação das áreas de sobreposição.

Redução do esforço amostral do método RAPELD

- A redução do esforço amostral, restrito somente os segmentos pares ou ímpares,

conforme proposto neste estudo, além de reduzir o tempo de amostragem e,

consequentemente, os custos, também amenizaria ou até mesmo eliminaria os problemas

decorrentes da sobreposição dos segmentos. A questão da sobreposição e seu mecanismo

de compensação por meio de triangulação embora teoricamente seja simples é um processo

moroso e complexo em campo, o que dificulta a sua implementação por operadores menos

treinados. Além disso, constitui fonte de erro relacionada à área efetivamente inventariada

em cada segmento.

- Os módulos RAPELD no Cerrado preveem a instalação de 10 parcelas em cada sítio de

amostragem. Entretanto, se considerarmos a complexa estrutura da sua vegetação do

Cerrado e a grande variação de fitofisionomias existente neste bioma, este conjunto de

unidades amostrais pode abranger mais de um tipo fisionômico, o que nos leva a analisá-

las separadamente. No caso do módulo do PETeR, oito unidades amostrais ocorrem em

área de Cerrado sentido restrito e duas em Vereda. Em ambos os casos, o número de

parcelas por tipo fisionômico é considerado baixo, o que normalmente acarreta problemas

de ordem estatística devido ao número reduzido de repetições. Nesse sentido, a redução

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80

dos custos envolvidos com a coleta de dados, decorrente da redução da área amostral pela

metade, viabilizará o aumento do número de unidades amostrais e, consequentemente,

solucionaria este tipo problema.

- Sugerimos que a área destinada à amostragem dos indivíduos da Classe 3 (Db30cm ≥ 10

cm) deve ser reduzida, por meio da supressão da faixa exclusiva para a mensuração dos

indivíduos desta Classe (ver Figura 5). Fizemos simulação com os dados coletados e a

estimativa de riqueza não sofreu alterações em decorrência da redução da área, enquanto a

posição hierárquica das populações com base no VC não apresentou alterações relevantes

(ver Anexo 7). Esses resultados sugerem que seja realizada reflexão acerca do critério de

inclusão e da área destinada à amostragem de cada classe de tamanho. Aparentemente não

faz sentido o estabelecimento de faixa exclusiva para a mensuração da Classe 3, já que se

os indivíduos desta classe fossem mensurados em área de 0,5 ha por parcela, ou seja,

juntamente com os da Classe 2, não haveria prejuízos para as estimativas dos parâmetros

florísticos e estruturais da vegetação.

-Recomendamos que os módulos RAPELD que serão implantados no Cerrado sejam

analisados com o intuito de validar a redução da intensidade amostral sugerida por este

estudo, a fim de subsidiar a sua inclusão definitiva ao protocolo do método RAPELD para

amostragem da vegetação arbustivo-arbórea do Cerrado.

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Anexo 1 – Parâmetros fitossociológicos das espécies arbustivo-arbóreas (Db30cm ≥5 cm) registradas em áreas de Cerrado sentido restrito no Parque

Estadual de Terra Ronca, Goiás, por meio do método RAPELD compatibilizado (MRcomp) e do método de Parcelas Permanentes (MPP). DR-

densidade relativa, DoR- dominância relativa, FR- frequência relativa, VC- valor de cobertura, VC%- valor de cobertura percentual, * espécies

exclusivas da MRcomp, # espécies exclusivas da MPP.

Espécies MRcomp MPP

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. 21,48 26,22 4,23 47,69 23,85 15,28 18,84 6,62 34,12 17,06

Qualea parviflora Mart. 9,19 20,20 3,70 29,39 14,70 7,99 18,15 6,62 26,14 13,07

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 14,84 12,63 4,23 27,47 13,73 11,90 10,17 6,62 22,07 11,03

Mouriri elliptica Mart. 10,55 7,20 4,23 17,75 8,88 13,14 11,24 6,62 24,38 12,19

Vochysia gardneri Warm. 5,52 3,46 4,23 8,98 4,49 6,93 4,30 6,62 11,23 5,61

Mouriri pusa Gardner 2,05 4,70 3,17 6,75 3,37 2,31 9,07 3,97 11,38 5,69

Stryphnodendron coriaceum Benth. 3,72 2,55 3,70 6,28 3,14 1,24 0,67 1,99 1,91 0,96

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. 4,28 1,78 4,23 6,06 3,03 2,66 1,23 5,30 3,90 1,95

Dimorphandra gardneriana Tul 2,73 2,04 4,23 4,77 2,39 3,55 3,75 3,97 7,30 3,65

Andira cujabensis Benth. 2,17 1,54 3,17 3,72 1,86 3,37 2,01 3,97 5,39 2,69

Pouteria torta (Mart.) Radlk. 1,06 2,31 2,65 3,37 1,68 1,60 1,33 1,32 2,93 1,47

Eugenia cf. suberosa Cambess. 2,30 0,96 3,70 3,26 1,63 1,07 0,49 1,32 1,55 0,78

Dalbergia miscolobium Benth. 1,92 0,94 2,65 2,87 1,43 1,07 0,82 1,99 1,89 0,94

Lafoensia pacari A.St.-Hil. 1,37 1,33 2,65 2,69 1,35 0,71 1,10 1,99 1,81 0,90

Kielmeyera speciosa A. St.-Hil * 1,99 0,70 3,70 2,68 1,34 - - - - -

Connarus suberosus Planch. 2,05 0,62 3,70 2,67 1,34 5,33 1,37 3,97 6,70 3,35

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne 1,49 0,94 2,65 2,43 1,21 1,60 1,55 2,65 3,15 1,58

Rourea induta Planch. 1,61 0,56 2,65 2,17 1,09 1,60 0,40 3,31 2,00 1,00

Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. 1,49 0,59 3,70 2,08 1,04 0,89 0,59 0,66 1,47 0,74

Terminalia fagifolia Mart. 0,37 1,69 1,06 2,06 1,03 0,36 1,03 0,66 1,38 0,69

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. * 0,87 0,99 2,65 1,86 0,93 - - - - -

Bowdichia virgilioides Kunth 0,68 0,93 1,59 1,61 0,81 1,95 1,70 3,31 3,66 1,83

Machaerium acutifolium Vogel * 0,68 0,83 2,12 1,51 0,76 - - - - -

Hancornia speciosa Gomes 0,93 0,39 2,65 1,32 0,66 0,18 0,09 0,66 0,27 0,13

Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 0,87 0,36 3,70 1,23 0,62 1,07 0,35 3,31 1,41 0,71

Leptolobium dasycarpum Vogel 0,62 0,38 2,12 1,00 0,50 0,89 0,20 1,99 1,09 0,54

Machaerium opacum Vogel 0,43 0,56 1,59 0,99 0,50 0,18 0,10 0,66 0,28 0,14

Caryocar coriaceum Wittm. * 0,12 0,85 1,06 0,97 0,49 - - - - -

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Espécies MRcomp MPP

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook.f. 0,43 0,35 2,12 0,79 0,39 0,53 0,54 1,32 1,08 0,54

Andira vermifuga (Mart.) Benth. 0,43 0,24 1,59 0,68 0,34 1,60 0,61 2,65 2,21 1,10

Psidium myrsinites DC. 0,37 0,22 1,06 0,60 0,30 0,53 0,15 1,32 0,69 0,34

Myrcia sp. * 0,19 0,14 1,06 0,33 0,16 - - - - -

Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. 0,19 0,14 1,06 0,33 0,16 0,18 0,07 0,66 0,25 0,12

Himatanthus obovatus (Müll.Arg.) Woodson 0,12 0,18 1,06 0,30 0,15 0,71 0,38 1,32 1,09 0,54

Exellodendron cordatum (Hook.f.) Prance * 0,12 0,12 1,06 0,25 0,12 - - - - -

Aspidosperma macrocarpon Mart. * 0,12 0,10 1,06 0,23 0,11 - - - - -

Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. 0,19 0,04 1,06 0,22 0,11 0,53 0,29 1,32 0,82 0,41

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. 0,12 0,09 0,53 0,22 0,11 1,42 1,70 3,97 3,12 1,56

Heisteria citrifolia Engl. * 0,06 0,04 0,53 0,10 0,05 - - - - -

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. * 0,06 0,02 0,53 0,08 0,04 - - - - -

Tachigali subvelutina (Benth.) Oliveira-Filho 0,06 0,02 0,53 0,08 0,04 1,07 2,54 1,32 3,60 1,80

Aegiphila verticillata Vell. * 0,06 0,01 0,53 0,07 0,04 - - - - -

Fabaceae sp. * 0,06 0,01 0,53 0,07 0,04 - - - - -

Anacardium occidentale L. # - - - - - 0,18 0,05 0,66 0,23 0,11

Annona crassiflora Mart. # - - - - - 0,18 0,09 0,66 0,26 0,13

Brosimum gaudichaudii Trécul # - - - - - 1,24 0,72 0,66 1,96 0,98

Emmotum nitens (Benth.) Miers # - - - - - 0,18 0,15 0,66 0,32 0,16

Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose # - - - - - 1,42 0,38 0,66 1,80 0,90

Heteropterys byrsonimifolia A.Juss. # - - - - - 1,78 0,94 0,66 2,71 1,36

Kielmeyera rubriflora Cambess. # - - - - - 0,71 0,30 0,66 1,01 0,51

Qualea grandiflora Mart. # - - - - - 0,71 0,50 0,66 1,21 0,60

Vochysia rufa Mart. # - - - - - 0,18 0,05 0,66 0,23 0,12

Total 100 100 100 200 100 100 100 100 200 100

Page 93: Florística e estrutura da vegetação em Cerrado sentido restrito no … · 2017-11-22 · Florística e estrutura da vegetação em Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de

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Anexo 2 – Parâmetros fitossociológicos das espécies arbustivo-arbóreas na classe de tamanho 1 (2 ≤ Db30cm < 5 cm) registradas em áreas de Cerrado

sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, por meio da amostragem RAPELD com 100% de esforço amostral (MR100%) e com 50% de

esforço amostral (MR50%). DR- densidade relativa, DoR- dominância relativa, FR- frequência relativa, VC- valor de cobertura, VC%- valor de

cobertura percentual, * espécies exclusivas da MR100%.

Espécies MR100% MR50%

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Rourea induta Planch. 12,65 13,23 4,46 25,88 12,94 13,86 15,03 6,14 28,89 14,45

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 11,60 11,03 5,10 22,63 11,32 11,24 12,30 6,14 23,53 11,77

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. 10,72 10,85 5,10 21,57 10,79 10,49 11,94 6,14 22,43 11,21

Mouriri elliptica Mart. 9,14 10,76 4,46 19,90 9,95 8,99 10,76 6,14 19,75 9,88

Connarus suberosus Planch. 8,26 8,82 5,10 17,08 8,54 7,12 6,02 3,51 13,14 6,57

Dimorphandra gardneriana Tul 4,75 4,57 3,82 9,31 4,66 5,99 5,26 5,26 11,25 5,62

Vochysia gardneri Warm. 4,39 4,72 3,82 9,12 4,56 4,12 4,80 5,26 8,92 4,46

Annona tomentosa R.E.Fr. 4,39 2,79 2,55 7,19 3,59 4,49 2,51 2,63 7,01 3,50

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. 3,51 3,49 4,46 7,00 3,50 1,87 0,98 4,39 2,85 1,43

Andira cujabensis Benth. 3,34 3,55 3,18 6,89 3,44 3,00 3,71 3,51 6,71 3,35

Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. 2,28 2,40 3,18 4,69 2,34 1,87 1,78 2,63 3,66 1,83

Hancornia speciosa Gomes 1,76 1,82 2,55 3,58 1,79 2,25 2,77 3,51 5,02 2,51

Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook.f. 1,58 1,80 3,18 3,38 1,69 2,62 3,01 3,51 5,63 2,82

Dalbergia miscolobium Benth. 1,76 1,55 1,91 3,30 1,65 1,12 0,70 2,63 1,82 0,91

Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 1,41 1,64 3,82 3,04 1,52 1,50 1,89 3,51 3,39 1,69

Qualea parviflora Mart. 1,41 1,58 3,82 2,99 1,49 1,50 1,30 3,51 2,79 1,40

Leptolobium dasycarpum Vogel 1,58 1,27 2,55 2,85 1,42 1,87 1,53 3,51 3,40 1,70

Eugenia cf suberosa Cambess. 1,41 1,33 2,55 2,73 1,37 1,50 1,40 3,51 2,90 1,45

Kielmeyera speciosa A. St.-Hil 1,05 1,47 3,82 2,52 1,26 0,75 1,06 1,75 1,81 0,91

Exellodendron cordatum (Hook.f.) Prance 1,41 1,08 3,18 2,49 1,24 1,50 0,84 1,75 2,34 1,17

Stryphnodendron coriaceum Benth. 1,05 1,10 2,55 2,16 1,08 0,75 0,36 1,75 1,11 0,55

Andira vermifuga (Mart.) Benth. 1,23 0,77 0,64 2,00 1,00 1,50 0,83 0,88 2,33 1,17

Machaerium opacum Vogel 0,88 1,07 1,27 1,95 0,98 0,75 1,24 1,75 1,98 0,99

Lafoensia pacari A.St.-Hil. 0,88 0,80 1,27 1,68 0,84 1,50 1,34 1,75 2,83 1,42

Davilla elliptica A.St.-Hil. 1,05 0,59 2,55 1,65 0,82 1,50 0,78 2,63 2,28 1,14

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne 0,70 0,54 2,55 1,24 0,62 0,37 0,49 0,88 0,86 0,43

Kielmeyera rubriflora Cambess. * 0,70 0,40 1,27 1,10 0,55 - - - - -

Cenostigma macrophyllum Tul. 0,53 0,45 0,64 0,98 0,49 0,75 0,72 0,88 1,47 0,73

Bowdichia virgilioides Kunth 0,35 0,63 1,27 0,98 0,49 0,37 0,77 0,88 1,15 0,57

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Espécies MR100% MR50%

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Copaifera luetzelburgii Harms 0,53 0,45 1,27 0,97 0,49 0,37 0,53 0,88 0,91 0,45

Duguetia furfuracea (A.St.-Hil.) Saff. 0,53 0,27 0,64 0,80 0,40 1,12 0,57 0,88 1,69 0,85

Pouteria torta (Mart.) Radlk. 0,35 0,43 1,27 0,78 0,39 0,37 0,37 0,88 0,74 0,37

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. 0,35 0,38 1,27 0,73 0,36 0,37 0,48 0,88 0,85 0,43

Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. 0,35 0,30 1,27 0,66 0,33 0,37 0,24 0,88 0,61 0,30

Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. * 0,18 0,42 0,64 0,60 0,30 - - - - -

Mouriri pusa Gardner * 0,18 0,33 0,64 0,51 0,26 - - - - -

Banisteriopsis latifolia (A.Juss.) Cuatrec. * 0,18 0,21 0,64 0,39 0,19 - - - - -

Peixotoa sp. 0,18 0,21 0,64 0,38 0,19 0,37 0,44 0,88 0,81 0,41

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. 0,18 0,19 0,64 0,37 0,18 0,37 0,41 0,88 0,78 0,39

Vitex sp. 0,18 0,14 0,64 0,31 0,16 0,37 0,29 0,88 0,66 0,33

Heisteria citrifolia Engl. 0,18 0,13 0,64 0,30 0,15 0,37 0,27 0,88 0,64 0,32

Himatanthus obovatus (Müll.Arg.) Woodson * 0,18 0,13 0,64 0,30 0,15 - - - - -

Psidium myrsinites DC. * 0,18 0,09 0,64 0,26 0,13 - - - - -

Melastomataceae sp. 0,18 0,08 0,64 0,26 0,13 0,37 0,17 0,88 0,54 0,27

Asteraceae sp. * 0,18 0,08 0,64 0,25 0,13 - - - - -

Simaba ferruginea A.St.-Hil. 0,18 0,07 0,64 0,25 0,12 0,37 0,15 0,88 0,52 0,26

Total 100 100 100 200 100 100 100 100 200 100

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Anexo 3 – Parâmetros fitossociológicos das espécies arbustivo-arbóreas na classe de tamanho 2 (5 ≤ Db30cm <10 cm), registrada em áreas de Cerrado

sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, por meio da amostragem RAPELD com 100% de esforço amostral (MR100%) e 50% de

esforço amostral (MR50%). DR- densidade relativa, DoR- dominância relativa, FR- frequência relativa, VC- valor de cobertura, VC%- valor de

cobertura percentual, * espécies exclusivas da MR100%.

Espécies MR100% MR50%

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. 16,35 16,46 5,00 32,80 16,40 15,19 15,16 5,51 30,35 15,17

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 13,96 14,46 5,00 28,42 14,21 13,32 13,57 6,30 26,89 13,44

Mouriri elliptica Mart. 11,35 11,55 5,00 22,90 11,45 14,02 14,56 6,30 28,58 14,29

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. 6,58 6,73 5,00 13,31 6,66 7,01 7,22 5,51 14,23 7,11

Vochysia gardneri Warm. 6,24 6,84 4,38 13,09 6,54 5,61 6,26 4,72 11,87 5,93

Qualea parviflora Mart. 6,13 6,20 4,38 12,33 6,17 5,14 5,14 5,51 10,28 5,14

Stryphnodendron coriaceum Benth. 3,86 4,21 3,75 8,07 4,03 3,97 4,65 3,94 8,62 4,31

Eugenia cf suberosa Cambess. 3,75 4,07 4,38 7,82 3,91 4,67 5,20 4,72 9,88 4,94

Kielmeyera speciosa A. St.-Hil 3,41 3,07 4,38 6,48 3,24 3,97 3,84 5,51 7,81 3,90

Connarus suberosus Planch. 3,41 2,68 4,38 6,08 3,04 3,50 2,56 5,51 6,07 3,03

Dimorphandra gardneriana Tul 3,06 2,89 5,00 5,95 2,98 2,34 2,06 5,51 4,40 2,20

Andira cujabensis Benth. 2,50 2,68 3,75 5,17 2,59 2,57 2,34 3,94 4,91 2,45

Dalbergia miscolobium Benth. 2,50 2,24 3,13 4,74 2,37 1,87 1,58 2,36 3,45 1,73

Rourea induta Planch. 2,50 1,91 3,13 4,41 2,20 1,64 1,35 3,15 2,99 1,49

Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. 2,16 1,92 3,13 4,08 2,04 2,80 2,39 2,36 5,19 2,60

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne 1,93 1,86 2,50 3,79 1,89 2,10 1,97 3,15 4,07 2,03

Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 1,36 1,53 3,75 2,89 1,45 1,40 1,79 3,94 3,19 1,60

Lafoensia pacari A.St.-Hil. 1,25 1,36 1,88 2,60 1,30 0,93 0,79 1,57 1,73 0,86

Hancornia speciosa Gomes 1,36 1,06 2,50 2,42 1,21 1,64 1,20 1,57 2,84 1,42

Mouriri pusa Gardner 0,79 0,88 3,13 1,68 0,84 0,93 1,26 2,36 2,20 1,10

Leptolobium dasycarpum Vogel 0,79 0,84 1,88 1,64 0,82 0,47 0,53 1,57 1,00 0,50

Pouteria torta (Mart.) Radlk. 0,68 0,49 2,50 1,17 0,59 0,70 0,56 2,36 1,26 0,63

Andira vermifuga (Mart.) Benth. 0,57 0,57 1,88 1,14 0,57 0,93 1,00 2,36 1,94 0,97

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. 0,57 0,56 2,50 1,13 0,57 0,70 0,48 1,57 1,19 0,59

Psidium myrsinites DC. 0,45 0,39 1,25 0,84 0,42 0,47 0,47 1,57 0,94 0,47

Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook.f. 0,34 0,46 1,88 0,80 0,40 0,23 0,37 0,79 0,60 0,30

Bowdichia virgilioides Kunth * 0,34 0,45 1,88 0,79 0,40 - - - - -

Erythroxylum deciduum A.St.-Hil. 0,34 0,21 1,25 0,55 0,28 0,23 0,17 0,79 0,41 0,20

Machaerium acutifolium Vogel * 0,23 0,30 0,63 0,53 0,26 - - - - -

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90

Espécies MR100% MR50%

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Machaerium opacum Vogel 0,23 0,28 1,25 0,50 0,25 0,23 0,34 0,79 0,58 0,29

Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. 0,23 0,15 1,25 0,38 0,19 0,23 0,19 0,79 0,43 0,21

Exellodendron cordatum (Hook.f.) Prance 0,11 0,20 0,63 0,32 0,16 0,23 0,42 0,79 0,65 0,33

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. * 0,11 0,13 0,63 0,24 0,12 - - - - -

Tachigali subvelutina (Benth.) Oliveira-Filho * 0,11 0,10 0,63 0,21 0,11 - - - - -

Myrcia sp. 0,11 0,10 0,63 0,21 0,10 0,23 0,20 0,79 0,43 0,22

Aegiphila lhotskiana Cham. 0,11 0,06 0,63 0,17 0,09 0,23 0,12 0,79 0,36 0,18

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. 0,11 0,06 0,63 0,17 0,09 0,23 0,12 0,79 0,35 0,18

Fabaceae sp. 0,11 0,05 0,63 0,17 0,08 0,23 0,11 0,79 0,35 0,17

Total 100 100 100 200 100 100 100 100 200 100

Page 97: Florística e estrutura da vegetação em Cerrado sentido restrito no … · 2017-11-22 · Florística e estrutura da vegetação em Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de

91

Anexo 4 – Parâmetros fitossociológicos das espécies arbustivo-arbóreas na classe de tamanho 3 (Db30cm ≥10 cm) registradas em áreas de Cerrado

sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás, por meio da amostragem RAPELD com 100% de esforço amostral (MR100%) e 50% de

esforço amostral (MR50%). DR- densidade relativa, DoR- dominância relativa, FR- frequência relativa, VC- valor de cobertura, VC%- valor de

cobertura percentual, * espécies exclusivas da MR100%.

Espécies MR100% MR50%

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. 24,27 24,97 4,88 49,24 24,62 25,36 25,71 5,84 51,07 25,54

Qualea parviflora Mart. 14,34 29,33 4,27 43,67 21,83 12,32 24,34 5,11 36,66 18,33

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 16,43 11,54 4,88 27,97 13,98 16,52 11,78 5,84 28,30 14,15

Mouriri elliptica Mart. 9,16 5,85 4,88 15,01 7,51 8,99 5,77 5,84 14,76 7,38

Mouriri pusa Gardner 3,43 5,46 3,66 8,88 4,44 4,64 8,51 4,38 13,15 6,58

Vochysia gardneri Warm. 5,38 2,97 4,88 8,36 4,18 5,65 3,12 5,84 8,77 4,38

Stryphnodendron coriaceum Benth. 3,64 2,09 4,27 5,73 2,87 3,33 1,90 4,38 5,23 2,61

Dimorphandra gardneriana Tul 2,45 1,82 4,88 4,27 2,13 2,03 1,57 5,84 3,60 1,80

Pouteria torta (Mart.) Radlk. 1,47 1,90 3,05 3,37 1,69 1,88 2,76 3,65 4,64 2,32

Terminalia fagifolia Mart. 1,12 2,10 1,22 3,22 1,61 1,45 2,90 1,46 4,35 2,17

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. 1,96 0,92 4,88 2,88 1,44 2,61 1,20 5,84 3,81 1,90

Andira cujabensis Benth. 1,54 0,97 3,05 2,51 1,25 0,87 0,41 2,19 1,28 0,64

Dalbergia miscolobium Benth. 1,54 0,88 3,05 2,42 1,21 1,74 0,76 2,92 2,50 1,25

Bowdichia virgilioides Kunth 1,12 1,27 3,05 2,39 1,19 1,45 1,70 3,65 3,15 1,57

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne 1,26 0,88 2,44 2,14 1,07 0,72 0,54 2,19 1,26 0,63

Lafoensia pacari A.St.-Hil. 1,19 0,92 3,05 2,11 1,05 0,72 0,64 2,92 1,37 0,68

Machaerium acutifolium Vogel 0,84 0,59 3,05 1,43 0,71 1,01 0,60 2,19 1,61 0,81

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. 0,77 0,60 3,05 1,37 0,69 0,87 0,58 2,92 1,45 0,72

Eugenia cf suberosa Cambess. 0,91 0,41 3,05 1,32 0,66 1,30 0,58 3,65 1,89 0,94

Machaerium opacum Vogel 0,63 0,59 1,22 1,22 0,61 0,43 0,49 1,46 0,93 0,46

Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook.f. 0,63 0,37 3,05 1,00 0,50 0,72 0,39 2,92 1,11 0,56

Leptolobium dasycarpum Vogel 0,56 0,36 1,83 0,92 0,46 0,72 0,52 2,19 1,24 0,62

Kielmeyera speciosa A. St.-Hil 0,63 0,29 1,83 0,92 0,46 0,58 0,26 2,19 0,84 0,42

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. 0,56 0,35 1,22 0,91 0,45 0,43 0,21 1,46 0,65 0,32

Hancornia speciosa Gomes 0,56 0,30 2,44 0,86 0,43 0,43 0,22 1,46 0,66 0,33

Andira vermifuga (Mart.) Benth. 0,56 0,29 1,22 0,85 0,43 0,58 0,31 1,46 0,89 0,44

Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. 0,56 0,23 3,05 0,79 0,39 0,43 0,19 2,19 0,62 0,31

Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 0,49 0,20 3,05 0,69 0,35 0,43 0,18 2,19 0,61 0,31

Caryocar coriaceum Wittm. 0,14 0,51 1,22 0,65 0,33 0,29 1,05 1,46 1,34 0,67

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Espécies MR100% MR50%

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Connarus suberosus Planch. 0,42 0,18 2,44 0,60 0,30 0,43 0,18 0,73 0,61 0,31

Rourea induta Planch. 0,35 0,16 1,83 0,51 0,26 0,29 0,17 0,73 0,46 0,23

Himatanthus obovatus (Müll.Arg.) Woodson 0,21 0,15 1,83 0,36 0,18 0,14 0,08 0,73 0,23 0,11

Myrcia sp. * 0,21 0,12 0,61 0,33 0,17 - - - - -

Aspidosperma macrocarpon Mart. 0,21 0,10 1,22 0,31 0,16 0,29 0,13 0,73 0,42 0,21

Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. 0,14 0,10 0,61 0,24 0,12 0,14 0,14 0,73 0,29 0,14

Exellodendron cordatum (Hook.f.) Prance 0,14 0,10 0,61 0,24 0,12 0,14 0,11 0,73 0,25 0,13

Psidium myrsinites DC. * 0,14 0,09 0,61 0,23 0,12 - - - - -

Heisteria citrifolia Engl. * 0,07 0,02 0,61 0,09 0,05 - - - - -

Total 100 100 100 200 100 100 100 100 200 100

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Anexo 5 – Estimativa de rendimento da amostragem da vegetação arbustivo-arbórea em área de Cerrado sentido restrito no Parque Estadual de Terra

Ronca, Goiás, por meio do método RAPELD (MR) e do método de Parcelas Permanentes (MPP).

Para comparar o rendimento da MR com o da MPP, registramos o número de pessoas necessário para compor a equipe de campo (P) e o

número de dias utilizados na coleta de dados (D). Multiplicamos o número de pessoas pelo número de horas destinadas à coleta de dados (8:00 h / dia

de trabalho / pessoa). Esse cálculo resultou no número total de horas trabalhadas. Registramos o número de indivíduos amostrados por meio da MR e

da MPP (N) e dividimos pelo total de horas. O resultado desse cálculo representa o rendimento estimado em função do número de indivíduos

amostrados.

A MR apresenta rendimento inferior ao da MPP, principalmente devido ao tempo gasto com a instalação dos segmentos e com o processo de

compensação das áreas de sobreposição dos segmentos.

MR100% MPP

Número de pessoas que compõem a equipe de campo (P) 6 4

Número de dias necessários para a coleta dos dados (D) 12 2,5

Horas de campo (H) 96 20

Número total de horas (H * P) 576 80

Número de indivíduos amostrados (N) 2280 563

Rendimento (N/(H *P)) 3,96 7,04

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Anexo 6 – Avaliação do esforço amostral da classe de tamanho 3 (Db30cm ≥10 cm), amostradas em áreas de Cerrado sentido restrito no Parque Estadual

de Terra Ronca, Goiás por meio do método RAPELD (MR) e amostragem RAPELD ajustada à classe 3 (MRC3). N - número de indivíduos, Área - área

amostral (ha) e S - riqueza em espécie.

Com o intuito de avaliar o esforço amostral destinado ao levantamento de indivíduos da Classe 3 (Db30cm > 10 cm), realizamos análise

específica para esta classe. A partir da base de dados da amostragem MR100%, selecionamos apenas os indivíduos pertencentes à Classe 3 e eliminamos

os indivíduos que foram registrados na faixa exclusiva para amostragem de indivíduos com Db30cm > 10 cm (Figura 4). Dessa forma, foram incluídos

nessa base de dados apenas os indivíduos com Db30cm > 10 cm localizados na área hachurada na Figura 4. Essa simulação reduz 50% da área amostral

da Classe 3, ou seja, na MR100% os indivíduos da Classe 3 foram amostrados em parcelas de 1 ha, já nessa nova base de dados a amostragem foi

realizada em parcelas de 0,5 ha. Essa base de dados foi denominada de MRC3. As estimativas de riqueza e os parâmetros fitossociológicos calculados a

partir da MRC3 foram comparados com as estimativas obtidas para Classe 3 por meio da MR100%.

Para a Classe 3, a amostragem MR100% registrou em área amostral de 8 ha, 1.430 indivíduos, pertencentes a 38 espécies. A partir da

amostragem MRC3, reduzimos área amostral para 4 ha e registramos 731 indivíduos, pertencentes a 38 espécies, ou seja, a redução do esforço amostral

não acarretou redução da riqueza de espécies:

MR -Classe 3 MRC3 % Representação

N 1.430 731 51,1%

Área (ha) 8,0 4,0 50,0%

S 38 38 100,0%

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Anexo 7 – Parâmetros fitossociológicos das espécies arbustivo-arbóreas na classe de tamanho 3 (Db30cm ≥10 cm), amostradas em áreas de Cerrado

sentido restrito no Parque Estadual de Terra Ronca, Goiás por meio do método RAPELD (MR) e amostragem RAPELD ajustada à classe 3 (MRC3).

DR- densidade relativa, DoR- dominância relativa, FR- frequência relativa, VC- valor de cobertura, VC%- valor de cobertura percentual.

Espécies MR100% Classe 3 MRC3

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Hirtella ciliata Mart. & Zucc. 24,27 24,97 4,88 49,24 24,62 27,63 28,32 6,06 55,95 27,98

Qualea parviflora Mart. 14,34 29,33 4,27 43,67 21,83 12,86 23,23 5,30 36,09 18,04

Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. 16,43 11,54 4,88 27,97 13,98 15,87 12,23 6,06 28,10 14,05

Mouriri elliptica Mart. 9,16 5,85 4,88 15,01 7,51 9,58 6,25 5,30 15,83 7,91

Mouriri pusa Gardner 3,43 5,46 3,66 8,88 4,44 3,56 5,52 3,03 9,08 4,54

Vochysia gardneri Warm. 5,38 2,97 4,88 8,36 4,18 4,65 2,72 5,30 7,37 3,69

Stryphnodendron coriaceum Benth. 3,64 2,09 4,27 5,73 2,87 3,56 2,19 5,30 5,75 2,88

Dimorphandra gardneriana Tul 2,45 1,82 4,88 4,27 2,13 2,33 1,86 6,06 4,18 2,09

Pouteria torta (Mart.) Radlk. 1,47 1,90 3,05 3,37 1,69 1,50 2,71 2,27 4,21 2,11

Terminalia fagifolia Mart. 1,12 2,10 1,22 3,22 1,61 0,82 2,06 1,52 2,88 1,44

Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. 1,96 0,92 4,88 2,88 1,44 1,64 0,75 4,55 2,39 1,19

Andira cujabensis Benth. 1,54 0,97 3,05 2,51 1,25 1,78 1,30 2,27 3,08 1,54

Dalbergia miscolobium Benth. 1,54 0,88 3,05 2,42 1,21 1,23 0,66 3,79 1,89 0,95

Bowdichia virgilioides Kunth 1,12 1,27 3,05 2,39 1,19 1,09 1,03 2,27 2,13 1,06

Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne 1,26 0,88 2,44 2,14 1,07 0,96 0,74 3,03 1,69 0,85

Lafoensia pacari A.St.-Hil. 1,19 0,92 3,05 2,11 1,05 1,50 1,32 3,79 2,83 1,41

Machaerium acutifolium Vogel 0,84 0,59 3,05 1,43 0,71 1,23 0,95 3,03 2,18 1,09

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. 0,77 0,60 3,05 1,37 0,69 1,23 1,09 3,79 2,32 1,16

Eugenia cf suberosa Cambess. 0,91 0,41 3,05 1,32 0,66 0,55 0,29 1,52 0,84 0,42

Machaerium opacum Vogel 0,63 0,59 1,22 1,22 0,61 0,68 0,62 1,52 1,31 0,65

Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook.f. 0,63 0,37 3,05 1,00 0,50 0,55 0,33 1,52 0,88 0,44

Leptolobium dasycarpum Vogel 0,56 0,36 1,83 0,92 0,46 0,41 0,28 1,52 0,69 0,35

Kielmeyera speciosa A. St.-Hil 0,63 0,29 1,83 0,92 0,46 0,27 0,18 0,76 0,46 0,23

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. 0,56 0,35 1,22 0,91 0,45 0,27 0,15 0,76 0,42 0,21

Hancornia speciosa Gomes 0,56 0,30 2,44 0,86 0,43 0,41 0,25 1,52 0,66 0,33

Andira vermifuga (Mart.) Benth. 0,56 0,29 1,22 0,85 0,43 0,27 0,17 1,52 0,44 0,22

Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. 0,56 0,23 3,05 0,79 0,39 0,68 0,30 3,03 0,99 0,49

Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 0,49 0,20 3,05 0,69 0,35 0,27 0,11 1,52 0,39 0,19

Caryocar coriaceum Wittm. 0,14 0,51 1,22 0,65 0,33 0,27 1,03 1,52 1,30 0,65

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Espécies MR100% Classe 3 MRC3

DR DoR FR VC VC % DR DoR FR VC VC %

Connarus suberosus Planch. 0,42 0,18 2,44 0,60 0,30 0,41 0,18 1,52 0,59 0,29

Rourea induta Planch. 0,35 0,16 1,83 0,51 0,26 0,55 0,27 2,27 0,82 0,41

Himatanthus obovatus (Müll.Arg.) Woodson 0,21 0,15 1,83 0,36 0,18 0,27 0,21 1,52 0,49 0,24

Myrcia sp. 0,21 0,12 0,61 0,33 0,17 0,14 0,10 0,76 0,24 0,12

Aspidosperma macrocarpon Mart. 0,21 0,10 1,22 0,31 0,16 0,27 0,13 1,52 0,40 0,20

Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. 0,14 0,10 0,61 0,24 0,12 0,14 0,14 0,76 0,27 0,14

Exellodendron cordatum (Hook.f.) Prance 0,14 0,10 0,61 0,24 0,12 0,14 0,10 0,76 0,24 0,12

Psidium myrsinites DC. 0,14 0,09 0,61 0,23 0,12 0,27 0,19 0,76 0,46 0,23

Heisteria citrifolia Engl. 0,07 0,02 0,61 0,09 0,05 0,14 0,05 0,76 0,19 0,09

Total 100 100 100 200 100 100 100 100 200 100