Foco América Latina - UITP Latin America |latinamerica.uitp.org/sites/default/files/Foco...
Transcript of Foco América Latina - UITP Latin America |latinamerica.uitp.org/sites/default/files/Foco...
Posição oficial da Divisão América Latina
Outubro
Foco
América Latina
Receitas extra-tarifárias é um
investimento no cliente: maior
satisfação e maiores benefícios
0. Introdução As receitas extra-tarifárias são uma das fontes
mais inovadoras para o transporte público (TP) e
uma das que apresentam maior potencial de cres-
cimento, em comparação com os outros setores
(por exemplo, linhas aéreas, aeroportos e estra-
das).
A evolução das receitas extra-tarifárias (as recei-
tas não-tarifárias) torna-se uma prioridade para os
operadores de TP, para aumentar as receitas e
margens de lucro.
De fato, enquanto o TP é geralmente um negócio
de baixa lucratividade, a maior parte dos negócios
geradores de receitas extra-tarifárias têm maiores
margens.
Os melhores exemplos mostram que uma contri-
buição deste tipo de receita pode chegar a 20-
25%, porém com uma contribuição muito maior
para as margens totais. Operadores asiáticos fre-
qüentemente apresentam valores mais elevados.
Para citar um exemplo, em 2009, a Hong Kong
MTR representou 30% das receita com tarifas e
45% dos gastos de funcionamento do sistema.
A realidade da América Latina é muito diferente, a
utilização é muito pequena, os recursos são utili-
zados nos grandes sistemas nas principais cida-
des da região. Nos sistemas que utilizam fontes
secundárias verifica-se que geram cerca de 5% do
custo de operação do sistema, mas o potencial
pode ser bastante elevado podendo atingir 20%.
No desenvolvimento das atuais receitas extra-
tarifárias, as organizações podem aproveitar os
fatores que já possuem: os ativos (físicos e intan-
gíveis) e o conhecimento (know how).
Este documento descreve a justificativa, os benefícios
e algumas das formas tangíveis que podem gerar re-
ceitas adicionais.
1. Visão
Receitas extra-tarifária, receitas secundárias, receitas
por serviços complementares, são alguns dos nomes
que são geralmente usados para descrever o conceito
de um aumento nas receitas ‘fora do pagamento de
tarifa’.
Na América Latina as receitas extra tarifárias têm sido
consideradas como um método mais valioso e inteli-
gente comercialmente para aumentar os recursos. Vá-
rias organizações, muitas vezes iniciam o seu uso e
começam a gerar alguma taxa de renda extra, mas
raramente otimizam o valor total de seu potencial.
2. Como identificar as receitas extra-
tarifárias?
2.1 Os tipo de receitas extra-tarifárias
As receitas extra-tarifárias são basicamente geradas a
partir da exploração dos ativos. Ativos em TP geral-
mente incluem:
Bens
- Espaços comerciais (para publicidade e aluguel);
- Estações do metrô (incluindo os nomes);
- Pontos de parada dos ônibus;
- Quiosques;
- Centros intermodais / áreas de estacionamento;
- Ônibus / material rodante;
- Pontos de venda diretos / Pontos de contato;
1 Pesquisa em15 cidades da América Latina, UITP, 2012.
2
- Contratos e relacionamentos de longo prazo com
terceiros sobre "pontos de vendas" (por exemplo,
quiosques, tabacarias, bancas de jornal, ..);
- Sistemas de bilhetagem e TI;
- Informações sobre mobilidade e sistemas de tele-
comunicação;
- Marca da Organização;
- Carteira de cliente para vendas combinadas e
cruzadas;
- O número de passageiros / patrocínio;
- A base de dados de clientes com perfis.
Todos esses ativos podem ser recuperados comer-
cialmente em muitos aspectos, cada uma represen-
tando um tipo de receita não-tarifária. A maioria
deles se concentra em extrair o máximo valor da
base de clientes de organizações. Ademais, ter três
milhões de passageiros que viajam todos os dias
‘fechados’ em seu próprio sistema durante 30-40
minutos pode ser um ativo muito interessante, vali-
oso para qualquer empresa de marketing.
Além disso, a maioria das atividades geradoras de
receitas não-tarifárias proporcionam o conforto dos
passageiros e melhoraram a sua experiência de
viagem.
Conhecimento (know how)
Empresas tradicionais de TP têm desenvolvido com-
petências em muitas áreas há décadas e as têm
aplicado para fins internos, porém muitas vezes
isso é negligenciado como uma fonte potencial de
renda. Podem incluir:
- Técnica (para ônibus, sistemas rodantes, ou como
complemento ao sistema de mobilidade): opera-
ções, manutenção, reforma;
- Gestão de projetos;
- Planejamento e otimização do transporte, dese-
nho do sistema de transporte, engenharia e consul-
toria;
- Gestão e funcionamento dos centros de controle;
- Bilhetagem/ controle de acesso;
- Gestão de mecanismos de controle de contamina-
ção e transito;
Como se pode ver na lista, para citar apenas al-
guns, todos os operadores de TP já possuem e ad-
ministram uma ampla variedade de ativos, a maio-
ria dos quais têm sido muitas vezes subestimado
no quesito de receitas extra-tarifárias.
2.1. Explorando os ativos
Empresas de TP, portanto, devem entender comple-
tamente o valor oculto dos seus ativos, explorando
todas as possibilidades e todos os potenciais com-
pradores / gerentes ou sócios.
Isso sempre envolve uma mudança na gestão de
empresas mais tradicionais, e os desafios que es-
tão encontrando formas inovadoras de valorização
dos ativos em empresas tradicionais e a gestão da
transição dos serviços internos pelos serviços de
mercado, como por exemplo as obrigações contra-
tuais de níveis de serviço.
Novas capacidades, habilidades e competências,
necessitam ser colocadas na organização: desen-A publicidade é o ativo mais utilizado na América Lati-
na—Metrô de São Paulo, Brasil.
volvimento de negócios: desenvolvimento de pro-
priedades e imóveis, design e formato de gestão,
marketing para comercialização, vendas e preços
dos serviços, definição de acordo do nível de servi-
ço (Service Level Agreement - SLA) e gerenciamen-
to de contratos . Além disso, novos processos e
mudanças organizacionais são sempre necessários
para melhorar a gestão das unidades de negócio.
3. Formatos
A publicidade, freqüentemente, forma grande par-
te de um portfólio de negócios, incluindo formatos
de alto perfil, como ‘veículos embalados’, além de
interiores e túneis que agora também oferecem
oportunidades.
Estações representam uma oportunidade significa-
tiva para instalação de varejo, serviços e equipa-
mentos, o que irá melhorar o ambiente e agregar
valor.
O Wi-fi e o markenting por celular são formatos de
base tecnológica que podem ser fonte de receitas
extra-tarifárias e podem surgir de um aplicativo de
serviço ao cliente, entre muitas coisas.
3.1. Publicidade
A Publicidade normalmente faz parte de um gran-
de percentual das receitas extra-tarifárias. As re-
ceitas do seguimento de publicidade OOH (Out-Of-
Home) aumentaram signitivamente nos últimos
anos e estão tomando uma proporção cada vez
maior do mercado publicitário, já fazendo frente
aos meios tradicionais (jornais, televisão, rádio).
A maioria das empresas de TP já estão usando
alguns dos seus espaços para publicidade, porém
ainda se vê um grande potencial de desenvolvi-
mento. Essas empresas tem a oportunidade de se
tornarem líderes em um mercado crescente OOH
(por exemplo, o sistema de MTR de Hong Kong
leva 55% desse mercado).
Na América Latina publicidade é o principal ativo,
tanto que quando um operador começa a explora-
ção das receitas secundárias, inicia-se por ela.
A ampla diversidade dos serviços de Transporte
Público permitem criar uma grande variedade de
formatos de anúncios, tanto tradicional quanto
digital (por exemplo, exterior e interior dos veícu-
los, barracas e quiosques, estações, espaço de
3
exposição na estação, telas de vídeo, portas de pla-
taforma de metrô/ BRT,...). Mesmo a parte de trás
de bilhetes ou cartões contactless, que são vendi-
dos em milhões de unidades, podem ser utilizados
como um meio de publicidade . Modelos de gestão
pode ser parte das receitas, fixa ou BOT (Build, Ope-
rate & Transfer).
3.2. Conteúdo Digital
Os investimentos de muitas empresas estão colo-
cando tecnologias de vídeo abordo dos veículos e
das estações, especialmente com conteúdo voltado
a informação aos clientes. Isso fornece uma posição
forte também na evolução natural do mercado OOH
tradicional: a publicidade digital (DOOH - Digital
OOH mercado).
O próximo grande passo para os operadores de TP
será o conteúdo digital, por conta da nova maneira
como se utilizam os computadores atualmente. As
telas de televisão ou displays eletrônicos entregan-
do informações e publicidade, criada a partir de
vários meios de comunicação dinâmicos, para os
usuários dos sistemas.
O conteúdo digital é muito mais eficaz quando os
clientes estão fora do ambiente de compra ou em
uma loja, mas a decisão de compra tem efeito quan-
do o cliente está perto o suficiente para que se po-
de realmente efetivá-la, tornando-o mais valioso o
papel do sistema de transporte nos bens comerci-
ais. O aumento do mercado DOOH deve compensar
a contração do mercado de publicidade mais tradi-
cional.
3.3. Publicidade por localização A inovação do TP é a publicidade usando GPS para
guiá-la, tornando relevante a localização do veículo
para o cliente. A utilização do GPS a bordo para exi-
bir informações em tempo real sobre rotas de ôni-
bus e pontos de paradas já está em uso em uma
série de redes. Ponto interessante ainda é que esta
tecnologia pode ser adaptada para incorporar a pu-
blicidade baseada na localização. Assim, essa pode
ser uma forma de promoções publicitárias e des-
contos em lojas ou centros comerciais na vizinhan-
ça do local do veículo.
Este formato ainda não é utilizado na América Lati-
na e pode ser um mecanismo para financiar sistema
de informação nas paradas e estações.
3.4. Domínio da estação ou das paradas
A atração para os anunciante é maior, o impacto
criado pela mensagem publicitária produz um valor
especial para o contratante de vendas de publicida-
de e empresa de transporte público.
Esta forma em geral é através de um grande núme-
ro de painéis de publicidade para a mesma empre-
sa, e as vezes pode incluir até uma cobertura mais
ampla das paredes, do chão e da publicidade em
escadas, bem como estatuas em três dimensões ou
instalações.
3.5. Publicidade nas portas de platafor-
ma
Um número cada vez maior de sistemas de metrô e
ônibus (BRT) instalam portas de plataforma, princi-
palmente para fins de segurança. Uma forma de
financiar a instalação de tais sistemas é através de
receitas de publicidade geradas por projetar anún-
cios comerciais nelas (que são usados como telas
de televisão), ou envolvê-las com a publicidade.
3.6. Aluguel de Propriedade e Desenvol-
vimento
O maior potencial para o comercio varejo é a partir
de estações de metrô e terminais multimodais.
O aluguel de locais com instalações é muito amplo,
mas concentra-se principalmente sobre os direitos
de propriedade e uso: lojas de aluguel, espaços
para quiosques, máquinas de venda, estacionamen-
to, escritórios... Se gerenciados adequadamente,
alugar espaços comerciais pode ser muito rentável,
e reforçar o negócio de publicidade, trazendo pas-
sageiros adicionais e permanecendo com os usuá-
rios das estações. Alugar espaços nas estações po-
de ser parte de uma estratégia mais ampla para
melhorar a imagem delas. Uma estratégia de suces-
so é o lançamento de um programa de desenvolvi-
mento das estações em quatro etapas, que forne-
cem resultados tangíveis econômicos. O primeiro
passo é o desenvolvimento de espaços não utiliza-
dos nas estações em pequena escala. A segunda é
a criação de um novo espaço comercial mediante a
realocação das instalações. A terceira é a reformu-
lação total das estações para melhorar as suas fun-
ções operacionais e comerciais. A quarta é o desen-
volvimento total da área, coincidindo com os proje-
tos de obras públicas que fortaleçam as funções da
cidade².
3.7. Telecomunicações
Milhões de passageiros no sistema de transporte
utilizam diariamente recursos de equipamentos
móveis (voz e dados), através de vários dispositi-
vos: telefones celulares, smartphones, tablet e PCs,
para muitas aplicações, tais como mensagens SMS,
e-mail, navegação web, áudio, vídeo streaming e
jogos.
Com isso, temos a criação de um novo trafego de
informações que podem ser compartilhadas entre
empresas de telecomunicações e operadores de TP.
A exploração comercial do sistema de telecomuni-
cações é uma oportunidade para as empresas do
Bus con pantalla y canal -
Estação “Kibon” - sistema de teleférico do Rio de Janei-
ro—Brasil, com uso de right name.
2 Metodologia desenvolvida e aplicada pelo operador JR-East.
4
Na América Latina1
:
O principal objetivo do desenvol-
vimento dos serviços de receitas extra-
tarifárias para os operadores é a me-
lhora do sistema de transporte.
Emprego: Para cada 1 emprego na
companhia operadora trabalhando nos
serviços de relacionados a receitas ex-
tra-tarifárias, existem 2 emprega-
dos indiretos.
Média: Cada 1 dólar investido pelo
operador do sistema no desenvolvimen-
to de serviços de receitas extra-
tarifárias ganha-se 3 dólares.
O principal problema para o desen-
volvimento de serviços geradores de
receitas extra-tarifárias é a ausência
de uma normativa clara.
TP . A exploração comer-
cial do sistema de teleco-
municações é uma opor-
tunidade para as empre-
sas do TP. Ela exige inves-
timento, mas pode ser
uma linha ganha-ganha
em novos negócios, atrair
mais receita e satisfação
do usuário do sistema de
transporte, e mais troca
de informações para as
empresas de telecomuni-
cações com a comodidade
de seus clientes, que po-
dem fazer negócios, se
divertirem ou receber in-
formações durante seu
deslocamento diário.
Os papeis das companhi-
as de TP podem variar de
mais passiva, simples-
mente alugando o espaço
do seu sistema para as
empresas de telecomunicações, parar mais ativa,
atuando como integradores e articuladores de co-
nectividade.
3.8. Conhecimento
A outra principal fonte de receitas extra-tarifária,
muito promissora, é a venda de conhecimento
(know-how), derivados da experiência acumulada
com o longo tempo, para novos negócios, que po-
dem ser:
- Outros operadores nacionais de TP.
- Outros operadores de TP em outros países.
- Autoridades locais.
Os operadores poderiam, por exemplo, tornarem-se
provedores de serviços para outras empresas de
transporte com sede na mesma área geográfica ou
nas proximidades, tanto como fornecedores ou com-
pradores de serviços de consultoria ou serviços com-
plexos que exijam conhecimentos especiais ou econo-
mias de escala. Isso poderia incluir o suporte para o
planejamento da mobilidade, redesenho, desenho e
gestão dos centros de controle, implementação e ad-
ministração de centros de bilhetagem (para se garan-
tir a compatibilidade e integração).
Serviços similares, geralmente agrupados em proje-
tos-chaves podem ser oferecidos a nível internacio-
nal (que se requerem conhecimento de mercado
internacional e o desenvolvimento de um modelo de
negócio exclusivo).
4. Exemplos da América Latina
Brasil: Nos sistemas de transporte público nas cida-
des com mais de 250,000 mil habitantes se verifica
uma grande porcentagem que utiliza de alguma
forma as receitas extra-tarifárias (85%). A principal
delas é a publicidade, e em maior freqüência nos
sistemas de ônibus/BRT; os sistemas de metrô/
trilhos, por outro lado, têm uma gama mais ampla
de serviços. Atualmente vê-se um crescente uso de
locais comerciais nas estações e terminais de trans-
bordo de todo o país.
Esta nova realidade é refletida nas mudanças nos
processos de aluguéis dos espaços. O contrato de
um aluguel de um espaço no sistema do Metrô de
São Paulo ou o MetrôRio, até pouco tempo atrás,
consistia na manifestação de interesse e um proces-
so de avaliação. Em 2011 o processo mudou e ago-
ra quem quiser alugar os espaços precisa esperar
uma convocatória e concorrer, e no caso específico
do Metro de São Paulo há 200 espaço sobre o mo-
delo de leilão, ganhando a proposta aquele de mai-
or valor.
Na área de desenvolvimento de propriedade o Metrô
de São Paulo faz grandes investimentos. Neste mo-
mento há quatro shopping-centers (e mais dois em
construção para 2013), que são operados por em-
presas especializadas. O contrato do Shopping-
Center Tatuapé, que foi o primeiro, em 1997, foi
feito por 30 anos de concessão podendo ser renova-
do por mais de 20 anos, e o pagamento para o me-
trô o corresponde a 17% do lucro do shopping.
Recentemente outros sistemas estão inovando e
sendo os pioneiros em algumas práticas internacio-
nais, como "naming right". O direito de usar o nome
em estações está em um sistema de teleférico ope-
rado pela Supervia.
Chile: A exploração de receitas extra-tarifárias se
encontra na capital Santiago, tanto no sistema Me-
trô de Santiago como no sistema Transantiago. Os
serviços auxiliares têm uma diversidade grande,
com destaque ao SubCentro Las Condes, inaugura-
do em março de 2008. Ele é o centro mais impor-
tante de transbordo da parte leste da capital. O pro-
jeto teve como objetivo integrar o sistema de metrô
e de BRT, dentro do contexto do Plan Transantiago,
Sistema iBus,
Montevidéu, Uruguai.
5
e a remodelação de espaços públicos, entradas,
galerias comerciais, pontos de paradas e rotas de
pedestres para uma transferência segura. Mais de
30.000 pessoas por dia circulam no centro, com
mais de 4.000 m² de comércio, área comum de
3.000 m² e 20.000 m² de espaço público.
O Metrô de Santiago também tem uma liderança
em inovação de serviços, garantindo o acesso à
rede de telefonia móvel em toda a sua rede, sem
custos para a empresa. Em 1999 foram estabeleci-
dos contratos de arrendamento com as três princi-
pais operadoras de telefonia móvel do país, com
um prazo de 10 anos. Quando o tempo se esgo-
tou, o Metrô, na negociação de novos contratos,
mudou o conceito do negócio de aluguel de espa-
ço de antena utilizado por um conceito de cobertu-
ra da estação. Assim, o Metrô permitiu ao opera-
dor a instalação de múltiplas antenas e alcançou
um aumento da taxa entre 60 e 100%. Em maio de
2012 também lançou uma rede de internet gratuita
em 22 estações com atraentes zonas Wi-Fi, espa-
ços esses que foram levados a cabo com alianças
de negócios.
Colômbia: O país é conhecido por desenvolver
uma política nacional de BRT, e todos esses siste-
mas trabalham com as receitas extra-tarifárias,
principalmente no campo da publicidade.
O sistema da capital Bogotá, Transmilenio, em
2007, iniciou a operação da publicidade, aonde foi
firmado um acordo pelo qual a autoridade ganhari-
a uma porcentagem (que varia entre 25 e 30 por
cento) da receita de publicidade nos ônibus e o
restante seria para os operadores privados do sis-
tema.
No local há um desafio legal pelo tipo de contrato,
o que é uma situação comum na América Latina. A
legislação ainda, na maioria dos sistemas, não é
clara quanto à distribuição, destino e desenvolvi-
mento de serviços auxiliares geradores de receita.
O principal reconhecimento do Transmilenio foi
explorar a própria marca, sendo assim o pioneiro
na América Latina. Conta ainda com uma ampla
oferta de merchandising e produtos promocionais
que posicionou a marca internacionalmente e se
tornou um ícone da cidade.
Publicidade no Metrorrey, México
Outro exemplo é o sistema MIO de Cali, que tem
uma grande variedade de negócios, incluindo alu-
guel do espaço, telecomunicações (internet wi-fi e
fibra óptica), publicidade e operação de sistemas de
pagamentos bancários.
México: A publicidade, como na maioria dos siste-
mas de transporte público na região, é a principal
renda extra-tarifária. Considera-se que mais de 120
mil espaços publicitários estão disponíveis para
venda no sistema de transporte público em todo o
país. Os três sistemas de metrô, DF, Guadalajara e
Monterrey concentram a maior parte dos espaços.
Por exemplo, Metro DF capta 13,3% do tempo total
de exposição de publicidade dos cidadãos. Cada
publicidade apresentada no sistema 5.000.000 po-
tenciais consumidores diários. O sistema é muito
atraente; a exposição diária à publicidade segue os
seguintes critérios: 5,5 min. na plataforma; 3,1 min.
nos corredores e 40,46 min. no vagão.
Os BRTs também têm aproveitado os recursos de
publicidade, tanto em plataformas como em veícu-
los. No sistema Corredor Insurgentes na capital, os
recursos são gerenciados pelos operadores
(responsáveis pelos veículos) e pela autoridade que
regula o sistema Metrobus, que têm a responsabili-
dade por as estações. O impacto da publicidade no
sistema é estimado em 5,6 milhões de clientes em
potencial por dia.
5. Conclusões
A evolução das receitas extra-tarifárias para garantir
Publicidade na porta de embarque Cali, Colômbia.
3 Dados da empresa responsável pela comercialização dos espaços
publicitários.
Metro de Santiago: Internet wi-fi para os usuários
6
REFERÊNCIAS:
Este documento é resultado do Grupo de Trabalho América Latina
“Ingresos no Tarifarios”, coordenado por Carolina Matus, Jefe De-
sarrollo Nuevos Negocios do Metro de Santiago, Outubro, 2012 e
das recomendações Information Digest on Secondary Revenue
UITP, 21 December 2011.
UITP—Diviso América Latina
www.uitp.org
Baixe a versão digital:
A União Internacional de Transportes Públicos - UITP, reúne mais de 3.400
membros de 92 países a nível mundial e representa os interesses dos princi-
pais atores do setor de transporte público. Os membros da UITP são autorida-
des do transporte público, operadores, tanto privados como públicos, univer-
sidades e fundações, e a indústria. A UITP foca seu trabalho nos aspectos
econômicos, técnicos, de organização e gestão do transporte de passageiros,
bem como o desenvolvimento de políticas voltadas a mobilidade e ao trans-
porte público em aspecto global.
Recomendações:
Em seus esforços para proporcionar total mobilida-
de, a UITP - Divisão da América Latina, convoca a
todos os níveis de governo e operadores para apoi-
ar o desenvolvimento de um transporte público
eficiente e atraente. Para fazer isso, são convidados
a investir em estratégias eficazes de receitas extra-
tarifárias. A criação e condução dessa valiosa con-
tribuição melhora a sua margem de lucro anual e
contribui para um melhor serviço.
As experiências muito bem sucedidas são aquelas
que:
Planejam com antecedência de forma a de-
senhar e construir uma carteira de receita
extra-tarifária clara antes do lançamento.
Utilizam os recursos da gestão como expe-
riência para otimizar todo o potencial das
receitas.
Conseguem a sustentabilidade das receitas a
traves de um mercado organizado e enfo-
que verdadeiro.
Investimentos são necessários, custos de
capitais externos podem acontecem caso
haja um caso de negócio positivo que se a-
póie na aquisição de um ativo, como por e-
xemplo, diversos formatos publicitários que
promovem as receitas extra-tarifárias, e tam-
bém agregam valor ao passageiro e aumen-
tam a oferta de produtos através de um novo
serviço, como o wi-fi em alguns veículos.
O verdadeiro sucesso está na comercializa-
ção reserva” de ativos / serviços com a co-
mercialização mediante a criação de conces-
sões e modelos de parceria que reduzam o
eliminem qualquer gasto de capital e dividam
os resultados, bem como aumente também a
simpatia do sistema.
Os organismo reguladores devem atuar
como facilitadores e possibilitar que os ope-
radores utilizem essa ferramenta mediante a
implantação dos marcos e instrumentos ade-
quados, incluindo um acesso mais fácil e
atrativo para contratos com o capital privado.
Criar incentivos e fomentar a integração dos
serviços públicos utilizando a infraestrutura
de transporte existente, como estações e
terminais.
Oferecer negócios que gerem receitas extra-
tarifárias que agreguem valor a marca do
sistema e tragam benefícios ao usuário do
sistema.
um financiamento estável é um dos cinco pilares da
estratégia da UITP "TPx2", com o objetivo de dobrar
a cota de mercado do transporte público até 2025.
As empresas públicas de transporte já possuem e
administram uma ampla gama de ativos, quase
sempre infravalorizados, e já incorporaram com o
tempo uma valiosa experiência; muitas das quais
podem ser desenvolvidas para fins comerciais, com
o propósito de receitas adicionais. A construção de
uma ampla carteira de fontes inovadoras de receitas
extra-tarifárias aumentará as receitas e margens das
organizações de TP. Isso também reduzirá a volatili-
dade tanto de primeira linha dos benefícios, em
tempos difíceis, como das principais fontes, as mais
tradicionais (financiamento público, passagens) e as
habituais fontes secundárias (publicidade) que so-
frem de severos cortes. Por isso, é importante ex-
plorar todas as possibilidades de criação de valor,
muitas vezes escondido no negócio ativo da TP.
A organização madura na geração de receitas se-
cundárias tem desfrutado de uma contribuição im-
portante na sua rentabilidade anual. Além de recur-
sos, também alcançaram:
Redução de riscos em frente a diversificação
de fontes de ingressos;
Incentivação para a troca modal em relação
ao seu sistema;
Melhora na experiência de viagem;
Aumento da fidelidade dos clientes;
Aumento das receitas tarifárias comparado
ao panorama anterior.