Folha da Rua Larga 34

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Dois metros de profundidade é a distância que vai separar os frequentadores da região do lixo por eles produzidos no Centro do Rio. Wanulsa Nunes, da Concessionária Porto Novo, explica a engrenagem adotada no sistema de coleta seletiva subterrânea, mais simples do que o praticado em Barcelona, porém adaptado às características do Rio. Uma máscara para dois corações Considerado o primeiro arranha-céu do Rio, Edifício A Noite promove concorrência pública para selecionar a empresa que fará projeto de retrofit. Márcio Roiter explica a importância histórica da construção. Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 34 ANO V RIO DE JANEIRO | JULHO – AGOSTO DE 2012 Novo sistema de coleta seletiva de lixo é instalado na região página 3 Teresa Speridião conta a trajetória de Tânia Gollnick e Oyama Achcar, que ocupam o ateliê nº 117, na Rua Jogo da Bola, no Morro da Conceição. A Noite abre concorrência para reforma página 15 Página 13 página 14 Stella Rodríguez Cáceres conta que as atuais comunidades quilombolas ainda reivindicam direitos básicos do cidadão. A antropóloga colombiana critica a monumentalização da história em detrimento da vida cotidiana das pessoas. página 5 Quilombos e outras manifestações afro da região entrevista Arthur de Pinho conta a história da loja de livros usados fundada por seu pai, Manuel Mattos de Pinho, livreiro mais antigo do Rio, falecido em 14 de abril. Arthur revela que a empresa vai bem e já está adaptada aos tempos da internet. página 11 Livraria da antiga Rua Larga completa 40 anos cidade Lielzo Azambuja páginas 8 e 9 Beco do Bragança recebe área gastronômica gastronomia nossa rua Yuri Maia Tereza Speridião Valongo reformado motiva retorno de antigos moradores da região portuária folha da rua larga

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Jornal de distribuição gratuita no Centro do Rio e Zona Portuária.

Transcript of Folha da Rua Larga 34

folha da rua larga

Dois metros de profundidade é a distância que vai separar os frequentadores da região do lixo por eles produzidos no Centro do Rio. Wanulsa Nunes, da Concessionária Porto Novo, explica a engrenagem adotada no sistema de coleta seletiva subterrânea, mais simples do que o praticado em Barcelona, porém adaptado às características do Rio.

Uma máscara para dois coraçõesConsiderado o primeiro arranha-céu do Rio, Edifício A Noite promove concorrência pública para selecionar a empresa que fará projeto de retrofit. Márcio Roiter explica a importância histórica da construção.

Revitalização da Rua Larga | Zona Portuária | Centro do Rio DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Nº 34 ANO VRIO DE JANEIRO | JULHO – AGOSTO DE 2012

Novo sistema de coleta seletiva de lixo é instalado na região

página 3

Teresa Speridião conta a trajetória de Tânia Gollnick e Oyama Achcar, que ocupam o ateliê nº 117, na Rua Jogo da Bola, no Morro da Conceição.

A Noite abre concorrência para reforma

página 15 Página 13

página 14

Stella Rodríguez Cáceres conta que as atuais comunidades quilombolas ainda reivindicam direitos básicos do cidadão. A antropóloga colombiana critica a monumentalização da história em detrimento da vida cotidiana das pessoas.

página 5

Quilombos e outras manifestações afro da região

entrevista

Arthur de Pinho conta a história da loja de livros usados fundada por seu pai, Manuel Mattos de Pinho, livreiro mais antigo do Rio, falecido em 14 de abril. Arthur revela que a empresa vai bem e já está adaptada aos tempos da internet.

página 11

Livraria da antiga Rua Larga completa 40 anos

cidade

Lielzo Azambuja

páginas 8 e 9

Beco do Bragança recebe área gastronômica

gastronomia

nossa rua

Yuri Maia

Tereza Speridião

Valongo reformado motiva retorno de antigos moradores da região portuária

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julho – agosto de 2012

nossa rua

Você acha que o Rio de Janeiro está se preparando corretamente para abrigar as Olimpíadas de 2016?

Aluísio Silva, piloto de avião

“Os projetos são bons e deixarão um le-gado importante para a cidade. Faremos as Olimpíadas muito bem, pois existe um grande interesse político envolvido. Ninguém vai querer ser responsável por um fracasso, certo?”

Regina Reis, economista

“Não teremos estrutura para comportar tan-ta gente. Se, em Londres, com a sua eficien-te rede de transporte público, tiveram prob-lemas com a demanda de pessoas, imagina no Rio. Alcançar a perfeição é difícil, mas 80% já está ótimo.”

“O Rio terá que estar preparado! As obras de infraestrutura como as do Centro e Metrô aparentam estar atrasadas até para a Copa do Mundo. Tenho receio de que os erros apareçam às vésperas das Olimpíadas. Mas estou torcendo pelo sucesso.”

Carlos Augusto Guimarães, professor

Yuri Maia

Yuri Maia

Yuri Maia

folha da rua larga

espaço dos leitores

2folha da rua larga

Redação do jornalRua São Bento, 9 - 1º andar - Centro

Rio de Janeiro RJ - CEP 20090-010 - Tel.: (21) 2233-3690

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A Folha da Rua Larga recebe opiniões sobre todos os temas. Reserva-se, no entanto, o direito de rejeitar acusações insultuosas ou desacompanhadas de docu-mentação. Devido às limitações de espaço, será feita uma seleção das cartas e, quando não forem concisas, serão publicados os trechos mais relevantes. As cartas devem ser enviadas para a Rua São Bento, 9 sala 101 CEP: 20090-010, pelo fax (21) 2233-3690 ou através do endereço eletrônico [email protected].

Conselho Editorial - André Figueiredo, Carlos Pousa,

Francis Miszputen, João Carlos Ventura, Mário

Margutti, Mozart Vitor Serra

Direção Executiva - Fernando Portella

Editora e Jornalista Responsável - Sacha Leite

Colaboradores - Ana Carolina Portella, Carolina

Monteiro, Danielle Silveira, Daniel Strauch, Fernando

Portella, Yuri Maia, Lielzo Azambuja, Mário Margutti,

Raphael Vidal, Sandra Amâncio e Teresa Speridião

Projeto gráfico - Henrique Pontual e Adriana Lins

Diagramação - Suzy Terra

Revisão Tipográfica - Raquel Terra

Produção Gráfica - Paulo Batista dos Santos

Impressão - Maví Artes Gráficas Ltda.

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Contato comercial - Teresa Speridião

Tiragem desta edição: 6.000 exemplares

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Proibição de estacionamento

Comerciantes de diversos estabelecimentos nas ruas Camerino e Sacadura Cabral protestaram com relação à proibição de estacionamento, carga e descarga próximo aos seus respectivos pontos comerciais, desde a reabertu-ra dessas ruas, no dia 2 de julho de 2012.

Em nota oficial, a Concessionária Porto Novo, a servi-ço da Operação Urbana Porto Maravilha, informa: “Ini-ciamos estudo conjunto com a CET-Rio para revisão das restrições de vagas nas ruas Sacadura Cabral e Cameri-no. O novo estudo prevê alterações no zoneamento a fim de aumentar o número de vagas disponíveis para carga e descarga, turismo e estacionamento nos fins de semana (em períodos fora do horário de pico)”.

da redação

Água turva por perfuração de cano

No dia 25/07/2012, houve mais um episódio de cano de abastecimento de água danificado, dessa vez por uma es-cavadeira, aqui na Rua Major Daemon, por volta das 16h. Às 19h, ao abrir a torneira da cozinha, minha esposa ob-servou que a água estava muito turva e não cristalina como normalmente. Imaginamos então que, possivelmente, ha-via entrado terra no cano que foi arrebentado à tarde, não tendo sido alertados os moradores para tal fato.

Fui então verificar a caixa d’água e o que encontrei foi água barrenta: havia terra na água! A única solução foi meu filho, minha esposa e eu esvaziarmos a caixa d’água, limpá-la e enchê-la novamente. Terminamos essa opera-ção por volta de 3h da madrugada, quando então fomos tomar banho e nos alimentarmos para irmos dormir e tra-balhar no dia seguinte.

Laércio CavalcantiEm nota oficial, o consórcio Saúde Gamboa, por meio

da Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Obras, lamentou o incidente e informou que a falta de registros das ligações domiciliares nas redes da Cedae dificulta esse tipo de serviço.

da redação

julho – agosto de 2012 folha da rua larga

nossa rua

sacha [email protected]

Praça Mauá recebe coleta seletiva subterrânea

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Divulgação

Aparência dos coletores instalados na região: moradores e visitantes devem ajudar na separação do lixo

Sistema de descarte de lixo garante benefícios ambientais e melhoria da qualidade de vida

Para facilitar a reciclagem e evitar depósitos de lixo a céu aberto, desde o dia 2 de julho, passou a funcionar um novo sistema de limpeza urbana na área portuária, a coleta seleti-va subterrânea. Foram insta-lados 42 coletores nos arredo-res da Praça Mauá e Morro da Conceição. Wanulsa Nunes, gerente de conservação e ma-nutenção da concessionária Porto Novo, esclarece que se trata de uma engrenagem piloto, que será reavaliada daqui a seis meses. Ela pede a colaboração dos frequenta-dores da região no sentido de separar o material reciclável do orgânico antes de fazer o descarte.

O novo sistema de coleta subterrânea terá impacto na rotina de quem frequen-ta a região?

Sim, será uma quebra de paradigma, uma mudança de

hábito. Hoje você coloca o lixo na porta da sua casa na rua. No futuro, cada frequen-tador da região terá que ir até o ponto de coleta e colocar o seu lixo. Isso evitará que os sacos fiquem acumulados nas ruas, estando sujeitos a even-tual manipulação por animais ou pessoas, resíduos nas vias, pestes, vetores, intempéries climáticas, entre outros trans-tornos que o lixo causa.

Qual é a diferença entre

o sistema implantado na Zona Portuária do Rio e a coleta seletiva adotada há 10 anos em Barcelona?

O sistema de Barcelona en-

volve uma logística estrutural, operacional e econômica gi-gantesca. Desde a implemen-tação à operação em si. O sis-tema implantado nesse piloto se identifica pela simplicidade de operação e manutenção.

Ambos buscam o mesmo objetivo que é a qualidade de vida dos munícipes. A grande diferença está nos custos de implantação, operação e ma-nutenção.

O projeto piloto inclui

42 coletores nos arredores da Praça Mauá e Morro da Conceição. Até quando dura a fase experimental?

O piloto é exatamente

para verificarmos os pontos e processos, para uma futura implantação na região, ob-servando as características de cada área. Nossa expectativa para avaliação está em torno de seis meses. Dependemos muito da participação efetiva da população para qualquer projeto nessa área, todos nós cidadãos precisamos entender que a mudança está em nós, nos nossos hábitos. Se alte-rarmos nossa rotina para um processo mais seguro, todos ganharão na melhoria de qua-lidade de vida.

Há benefício ambiental

trazido pela nova lógica de coleta?

Sim, sem dúvida. Os resí-

duos estando acondicionados

adequadamente, como nesse sistema soterrado, evitam a propagação de pestes e ve-tores, impedindo que chuvas arrastem lixo para as vias, en-tupindo e obstruindo o esco-amento das águas e, do mes-mo modo, rompendo sacos, levando os dejetos ao sistema de águas e mananciais, o que pode acontecer também com a abertura inadequada e atem-poral por parte de elementos – sejam humanos ou animais.

Outro benefício ambien-tal será a menor presença de veículos de serviço na área, visto que a coleta não preci-sará ser diária, diminuindo a poluição ambiental e sono-ra. Finalmente esse sistema permite e incentiva a coleta seletiva, podendo, à medida que a percepção da popu-lação aumenta quanto à se-gregação na seletividade, ter outros conjuntos para resídu-os específicos, facilitando a reciclagem e endereçamento final dos resíduos.

Se o mecanismo não fun-ciona por sucção como o modelo adotado em Bar-celona, de que maneira os detritos ficarão acon-dicionados em ambiente sem proliferação de micro-

-organismos? Existe algum processo para a retirada do oxigênio?

Nossa cuba é de concre-to resistente e o fechamento é realizado com borrachas para vedar completamente o acesso ao lixo. Além disso, não existem elementos metá-licos em contato com o lixo. Estes fatores contribuem para a conservação do solo, o iso-lamento do lixo e impede a entrada de água. Sendo assim, não produz mau cheiro, não atrai animais e ratos. Mesmo nas lixeiras por sucção, a en-trada de oxigênio acontece. Mas estes microrganismos que surgem nos contêineres de lixo orgânico não são po-luentes e estão dentro das nor-mas esperadas.

A coleta do lixo passará de diária para três vezes por semana. Isso não causa-rá proliferação de insetos e mau cheiro? Quais serão os benefícios dessa medida?

Não, visto que o resí-

duo, estando adequada-mente acondicionado num sistema soterrado e herme-ticamente fechado (sem oxigênio), e com a limpe-za e higienização prevista, não permitirá a saída de mau cheiro e vetores, o que acontece em sistemas de superfície.

E a coleta tradicional per-

manecerá diária?

Nesse primeiro momento, sim.

Será adotado algum pro-

cedimento educativo para quem permanece deposi-tando lixo a céu aberto?

As campanhas de conscien-

tização fazem parte constante de todo processo. Precisamos da conscientização de todos sobre a importância de mudar, de fazer correto e melhor.

Sandra Amâncio e Sacha Leite

[email protected]

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O Saara e outros lugares bem peculiares do Centro do Rio que ainda não fazem parte do roteiro da maioria das agências de turismo, como a Praça Mauá, têm sido o diferencial de uma nova empresa no ramo, a Rio Walks. Dois dos circui-tos propostos pelo grupo, intitulados “Grand Bazaar Carioca” e “Amantes da História” são os mais pedi-dos pelos turistas.

Após uma visita ao Grand Bazaar, de Istambul, os só-cios da Rio Walks conclu-íram que o lugar possui a mesma atmosfera da Socie-dade de Amigos das Adja-cências da Rua da Alfânde-ga. Segundo eles, o tipo de comércio, a abordagem nas ruas, os produtos similares entre si e a negociação acir-rada da Turquia, são fatores que se aproximam do estilo deste tão peculiar mercado popular a céu aberto cario-ca. Charutaria Syria, Ma-riazinha Palhas, restaurante Cedro do Líbano, Casas Pedro e Igreja de São Jorge são alguns dos lugares visi-tados.

Os guias costumam cha-mar a atenção para o casario que compõe o local. “O Sa-ara é uma das maiores áreas de concentração de imóveis tombados na cidade. Pe-dimos para que as pessoas olhem para cima e vejam o casario. É um ambiente de comércio dentro de um local que tem um casario histórico. Andamos pela Rua do Ouvidor, Quitanda,

cidade

Um passeio inesquecível do Saara à Praça MauáEmpresa de turismo aposta nas caminhadas para apresentar o Centro a todos os públicos

4folha da rua larga

Regina Helena

julho – agosto de 2012

A Casa Cavé, confeitaria mais antiga do Rio, é um dos pontos visitados pela Rio Walks

Gonçalves Dias, é impres-sionante o quanto ainda se mantém da arquitetura co-lonial com ruas estreitas”, conta Silene Berne, sócia da Rio Walks.

Outro destino bastante solicitado é a Praça Mauá. De acordo com Silene, trata-se de um lugar que até pouco tempo estava suca-teado: “A gente fala sobre a importância do porto, do píer, que foi criado porque a família imperial morava na região, e que o comércio de escravos, feito inicialmente pela praça XV, passou para o Píer Mauá. Acabou então se transformando em uma região de baixo meretrício, degradada. Depois destaca-mos a construção do Edifí-cio A Noite. Quem não se lembra da Rádio Nacional

e dos programas de auditó-rio?”.

Ensaio dos monges é cereja do bolo

Silene conta que o grupo pensou em suspender as vi-sitas à Praça Mauá, quando retiraram a estátua do Barão de Mauá, cercaram a Praça e cobriram o Edifício A Noite, mas persistiu em manter o roteiro: “Mesmo vendo ta-pumes, eles vêem o proces-so de transformação aconte-cendo e isso tem sido muito positivo”. Ela conta que os passeios costumam acabar com o canto gregoriano do ensaio dos monges: “A ar-quitetura surpreende porque mais parece um forte do que um mosteiro. Foi construído em uma época em que eram

Tinoco fez o walking tour em Barcelona, na Espanha, e quis experimentar o mes-mo no Rio de Janeiro. Foi quando descobriu que esse serviço também existia na cidade. “Nós conhecemos muito mais o local quando podemos fazer todo o per-curso caminhando. Além disso, foi muito bom apren-der mais sobre a história da minha cidade”, destaca a carioca, que teve a irmã e o sobrinho como companhei-ros de passeio.

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os próprios engenheiros das forças armadas que cuida-vam da arquitetura. Entrar nesse ambiente com o canto dos monges é fechar o pas-seio com chave de ouro”, garante.

Um dos principais obje-tivos da empresa, segundo Silene Berne, é fugir do lu-gar comum. “Nós fazemos nossos roteiros com uma abordagem diferenciada, passando por lugares que pouco aparecem nos tours tradicionais e com um con-teúdo rico, porém leve, de modo que o cliente termine o tour com a sensação de ter passado a tarde passean-do com os amigos”, define.

A administradora Flávia

folha da rua larga

entrevista

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Carolina Monteiro

Múltiplos coletivos culturais difundem a cultura afro-brasileiraAntropóloga pesquisa as representações culturais negras da área portuária do Rio

julho – agosto de 2012

Stella Cáceres, sobre a Pedra do Sal: “O lugar é uma espécie de nó, que reúne pessoas de diversas origens”

sacha [email protected]

A antropóloga colombiana Luz Stella Rodríguez Cá-ceres estuda comunidades negras e políticas das iden-tidades na América Latina há 14 anos. O interesse pelo tema começou no seu país de origem e, nos últimos anos, se concentrou no Brasil. Há três meses, ela defendeu a tese Lugar, memórias e nar-rativas da preservação nos quilombos da cidade do Rio de Janeiro, no departamento de Geografia da UFRJ.

Sua pesquisa está relacio-nada à territorialidade e ao caráter social da questão. “Quando falamos de qui-lombos estamos falando de movimentos sociais con-temporâneos. Como defini-ção, quilombo não se refere a resíduos arqueológicos de ocupação temporal. Também não se trata de grupos isola-dos ou de uma população es-tritamente homogênea. Con-siste, sobretudo, em grupos que desenvolveram práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num determinado lugar”, esclare-ce.

Stella explica que as atuais comunidades quilombolas têm como característica prin-cipal a luta por direitos terri-toriais e reconhecimento ante o estado: “Os atuais quilom-bolas são os novos sujeitos de direitos. São grupos que buscam uma cobertura social na lei. Trata-se de uma cate-goria política em disputa e em permanente redefinição. E se bem esta definição tem representado uma ruptura no plano conceitual das ciências sociais no Brasil, ela não se encontra ainda plenamente estabelecida e comporta uma diversidade de situações para os grupos que a assumem como identidade”.

De acordo com a pesquisa, a Pedra do Sal veio se apre-sentando como uma espécie de nó, em uma dinâmica cultural que reúne pessoas

das mais diversas origens: “Samba na Fonte, por exem-plo, conseguiu atrair músicos e compositores de lugares como Salgueiro, Engenho da Rainha, Campo Grande, Niterói, Gamboa, Estácio, Bangu, Penha, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Engenho Novo, Tijuca, Água Santa e Catumbi”. Segundo ela, essas práticas culturais, por exemplo, descentram a Pedra do Sal e criam uma ruptura entre o lugar da residência e o lugar do pertencimento, permitindo exercer sua in-fluência além das fronteiras microlocais.

Por que decidiu estudar as comunidades quilombo-las?

Sou colombiana e traba-lhava com comunidades ne-gras no meu país desde 1998, e, pelas similitudes entre am-bos os países, quis comparar. O Brasil é o maior país com população afrodescendente na América Latina, a Colôm-bia é o segundo. Também estavam as semelhanças em termos dos desenvolvimen-tos jurídicos para proteger comunidades negras rurais. Sempre trabalhei na área rural. Quando cheguei ao Brasil não estava pensando em pesquisar na cidade, che-guei ao trabalho urbano pelo acaso, mas me surpreendi, a cidade é uma selva de símbo-los. Aqui no Brasil, os estu-dos socioculturais no espaço urbano são muito desenvol-vidos.

Como você se inseriu no campo?

Comecei a trabalhar na comunidade Sacopã, na La-goa, com uma família de aproximadamente 30 pesso-as. A partir de uma notícia que saiu na mídia, tomei co-nhecimento da Pedra do Sal. Fui conhecer e comecei a fazer uma etnografia do lugar

ferentes atores, como o vilão da história, mas hoje está me-diando, entre outras coisas,

processos relacionados com a descoberta do passado e da memória africana da região. Sua atuação para a moderni-zação da região tem possibi-litado a presentificação desse passado a partir das escava-ções arqueológicas. Agora, o projeto Porto Maravilha aparece como o salvaguar-da dessa memória, mas vale a pena nos perguntar se não estamos assistindo para uma neutralização das demandas dos coletivos sociais.

De que maneira a memó-ria afrodescendente local está sendo tratada?

Para mim, há um risco de cair na banalização dessa

memória a partir da sua mer-cantilização. Nós temos que pensar, por exemplo, o que significa edificar um memo-rial da diáspora africana. É um marco zero que contém algum tipo de reconciliação entre as partes afetadas pela escravidão e seus descenden-tes? Ou é apenas um item a mais para atrair turistas à região, enquanto as pessoas, por exemplo, continuam a ser movidas como coisas, no atual contexto das remoções que se vivenciam na área portuária?

e não do grupo. Interpretei o quilombo como um ator a mais na Pedra do Sal. Contu-do, a porta de entrada para a minha pesquisa no local, foi o conflito entre a comunida-de quilombola e a VOT.

O que mais te encantou no objeto?

Fiquei impressionada com a riqueza da história relacio-nada à inserção do negro no Rio de Janeiro. Era um lugar extremamente marcado pela história, carregado simboli-camente, que aparecia como fonte de representação e me-mória para muitos sujeitos e coletivos negros da cidade – bloco Afoxé Filhos de Gan-dhi, Samba na Fonte, Centro Cultural Pequena África. A Pedra do Sal é um marco da história afro-carioca. Mas a pesquisa me permitiu enten-der que não se trata de uma memória única, há várias memórias concorrentes, his-tórias e contradições que avi-vam no lugar. Fui mapeando os movimentos.

Como percebeu a influ-ência do Porto Maravilha no local?

Acho que tem um papel muito ambíguo. Quando me aproximei do campo, o pro-jeto era apresentado, por di-

Cliques Rua Larga boca no trombone

fernando portella

[email protected]

A calçada larga, ao lado do prédio onde será instalado o Museu de Arte do Rio, estava sendo finalizada ainda em meados de julho. Será que se transformará em uma área com mesas e cadeiras?

Até o grafite no depósito de lixo em frente à Pedra do Sal inspira a memória local: “O mar já veio até aqui”, diz a figura meio mulher meio peixe. Ao lado, imagem feminina com traços afro remete às origens históricas da região.

6folha da rua larga

nossa rua

Sacha Leite

julho – agosto de 2012

Stella Rodríguez

Tempo Preciso de tempo – alguém tem para vender? Preciso

de tempo para não fazer nada e assim poder enxergar a vida, meu rumo e os outros. Reconhecer as portas que se abrem e se fecham na frente do meu nariz. Ver é diferente de enxergar. Ver é olhar para o céu nublado e dizer: “Não há estrelas no céu”! Enxergar é olhar o mesmo céu e dizer: “As estrelas estão lá, atrás das nuvens”.

Preciso de tempo – alguém quer compartilhar? Tem-po para os amigos – papos sem hora para acabar; para ouvir os filhos, rir com eles, perceber a direção de suas velas para soprá-las com amor e respeito. Quero tem-po para doar algumas roupas, jogar fora tantos papéis inúteis; mudar alguns objetos de lugar, acertar o qua-dro torto na parede e poder degustar, bem devagar, a pessoa que eu amo.

Preciso de pelo menos mais um dia na semana. Pode-ríamos instituir a “primunda” (dia antes da segunda), que, por não existir, tudo seria permitido sem culpas, inclusive, não fazer nada. Quero parar, olhar as ondas do mar, sempre diferentes, inspirar o vazio e sentir o conteúdo profundo de todas as almas do mundo.

Preciso de tempo para caminhar, comemorar as no-vas folhas que acabaram de nascer e ouvir a história das que secaram. Tempo para rezar de forma tranquila, trazendo Deus para se aninhar comigo e sonhar com um futuro melhor para todos nós.

É necessário tempo para a saúde, prevenir o que pode vir se não me cuidar, sabendo que, se eu não me der tempo para sonhar e me lembrar dos sonhos, posso adoecer por ter simplesmente passado pela vida sem saborear.

Preciso de tempo para parar e conversar com o me-nino que joga bolas nos sinais fechados; tempo para fazer algo por alguém que precisa de tão pouco – mos-trar que existem sinais abertos. Acreditar é a luz que ilumina caminhos escuros, sem esperanças.

Desejo tempo para deixar minha cabeça ao sabor do vento e permitir que ele leve meus pensamentos pesa-dos para outras paragens e me traga novas ideias, leves e executáveis. Tempo para viver apenas, sem ter que acordar mais cedo ou dormir mais tarde. Tempo para ler os livros que comprei e apenas folheei, e depois poder ficar pensando nos conteúdos que mudaram a minha vida. Tempo para me reler.

Preciso mesmo de tempo para agradecer às pessoas amigas, aquelas que me ergueram quando estava no fundo do poço; pessoas únicas e especiais, que me deram seus tempos, e eu (descuidado) me esqueço de ligar no dia de seus aniversários.

Preciso de muito tempo para fazer tantas coisas que adio por falta de tempo. Meu parceiro Zeca Araújo, poeta baiano, todo mês me envia versos, me telefona para saber se estou bem e sempre lhe digo: “Estou na luta, correndo”!

Um amigo uma vez me disse: “É preciso saber parar andando”. Estamos no mundo dos bits, nos comunica-mos com pessoas que estão na sala ao lado pelo com-putador. Gostaria de segurar o ponteiro dos segundos, parar os minutos e curtir as horas paradas. Não temos tempo! Corro tanto atrás que, outro dia, atrasado, des-viando das pessoas na Rua Larga, esbarrei-me de fren-te com as minhas costas.

cultura

O Brazil que deseja voltarAntigos moradores retornam ao Valongo reformado, junto com suas memórias e fotografias do passado

8folha da rua largajulho – agosto de 2012

“Eu quero voltar”. A voz do outro lado da linha é do consultor de comér-cio exterior Marcelo Bra-zil. E a história que ele conta transformará mais ainda a relação entre a memória e o resgate his-tórico da região portuária. Iremos conhecer “pes-soalmente” os efeitos de um século na vida de uma família que viveu os pro-cessos sofridos, tanto de requalificação quanto de degradação, no local.

Ladeira do Vallongo, n.º 35

Em 1904, a família Bra-zil, formada pelo casal Se-cundino e Maria, devido a proximidade do trabalho do patriarca, no Porto, e também do comércio e da agitação cultural da capital, se estabelece em um dos prósperos endere-ços da cidade: Ladeira do Vallongo, n.º 35.

Bem na porta de casa, em 1906, seria construí-do o Jardim Suspenso do Vallongo, um jardim ro-mântico, com terraço, ar-borização, cascata e uma grande área de lazer para a família, que iria crescer.

Uma das fotos de épo-ca retrata bem o estilo de vida: na calçada, de san-dálias de couro, sentado, com seu cachimbo, está o sorriso largo de Secun-dino, a admirar, prova-

velmente, as crianças que brincam de escorregar, com uma tábua de madei-ra, pela ladeira.

Morro da Conceição

Algumas décadas se passam e Maria, preco-cemente sem Secundino, enterrado no Caju depois de acidente em um guin-daste, vive nos tempos do pós-guerra. Alguns dos milhares de refugia-dos que chegam ao Porto encontram moradia no Morro da Conceição. Um deles, alemão, se joga nas “trincheiras” ao ouvir o estrondo das bombinhas de São João. Seu barraco ficava no “Chico Velho”, nome dado a um lado da encosta, depósito de lixo e sinal de que a qualidade de vida por ali começava a mudar.

Gamboa

Enquanto a cidade cres-ce para os lados Sul e Nor-te, na segunda metade do século XX, a região por-tuária vive um momento de decadência. Reduto dos pingentes do Por-to: prostitutas, cafetões, trambiqueiros, trafican-tes, muambeiros, falsifi-cadores, marginais, etc., que transformam aquele antigo local de formação para a família Brazil em um dilema.

Yuri Maia

Yuri Maia

Da esquerda para a direita: Luiza Rosa de Figueiredo Brazil (mãe de Marcelo), Mariana Gonçalves Brazil (filha), Ivone Figueiredo Marques (tia) e Marcelo Brazil (fotografando)

Da esquerda para a direita: Marcelo Brazil, Ivone Figueiredo Marques (tia), Luiza Rosa de Figueiredo Brazil (Mãe de Marcelo) e Dona Maria (moradora da ladeira do Valongo)

9folha da rua larga

culturajulho – agosto de 2012

raphael [email protected]

se não volto pra cá. Ainda somos donos do imóvel. Está em péssimo estado, mas dá pra reformar. Quem sabe não vira um escritório? Seria ótimo ter um escritó-rio aqui. É bem localizado. Ao lado do Porto, do Santo Cristo, né? Dá pra fazer um churrasquinho no escritó-rio. Ou melhor, um piqueni-que no Jardim!”.

Os filhos saem de casa para morar em bairros com supostos menos pro-blemas, como Leme e Madureira, mas a avó Ma-ria não quer sair do antigo sobrado. Ela tenta resistir ao tempo. Faz a feira so-zinha na Rua da Gamboa e sobe a ladeira do Mor-ro com dificuldade, tudo para aprontar os quitutes do almoço de domingo, momento único que reúne a família.

Os netinhos se diver-tem na mesma ladeira, mas agora vigiados pelos olhares preocupados dos pais, afinal, o Jardim Sus-penso do Vallongo havia se tornado um lugar peri-goso, com os viciados em plena luz do dia.

Saúde

No entanto, o recorte da história não é horizon-tal, nem linear. Afinal, as lembranças são como nuvens. E mesmo com a agravante cicatriz da Pe-rimetral, o Porto ainda vi-via momentos de euforia.

O carnaval com o bloco Coração das Meninas ani-mava os foliões da Saúde, fazendo seu cortejo pela Rua Camerino, e sauda-dos de cima, no Jardim, pela família Brazil. No mesmo Jardim onde os netinhos sacanas, prote-gidos, explorando a mole-cagem, jogavam tomates podres no elétrico que se-guia para a Cinelândia. E onde também escondiam--se de medo, temendo o 16, armazém em que, vez ou outra, ainda se ouviam as lamúrias dos negros mortos e enterrados ali, no antigo comércio de es-cravos.

Santo Cristo

“Minha família morou aqui desde 1904 e só saiu quando minha avó, Maria, faleceu, em 1995. Ninguém quis vir morar aqui e nós nunca mais voltamos. Era uma área degradada, muita violência, consumo de dro-gas. Esquecemos essa casa. Mas passamos muitos bons momentos no Valongo. Mi-nha família escolheu esse lugar para viver. Meus pais foram criados aqui. Nossa infância foi pelas ladeiras,

aos domingos, nas férias. Brincamos muito nesse Jardim. Foram momentos especiais”, conta Marcelo Brazil, lacrimejando.

E continua: “Vi uma re-portagem, outro dia, falan-do do processo de reurba-nização e restauração da região e fiquei empolgado. Parece que passou na minha frente toda a minha história. Aí decidi: vou lá. Chamei a família toda. Minha irmã avisou vocês, do jornal, para registrar o momento. Agora fico aqui pensando

Acervo Marcelo Brazil

Yuri Maia

1949: Luiza Brazil, criança, no Jardim Suspenso do Valongo

Luiza Brazil, atualmente, no Jardim Suspenso do Valongo

11julho – agosto de 2012

11folha da rua larga

comércio

Daniel Strauch

Um sebo que une o tradicional ao moderno há 40 anosElizart Livros comemora sucesso no ramo, apesar das projeções pessimistas

daniel [email protected]

Na contramão da tendência, o livreiro Arthur comercializa apenas livros

Quando abriu a Elizart Livros, no Centro do Rio, em 14 de agosto de 1972, Manoel Mattos de Pinho ouviu inúmeras críticas quanto à escolha do local. “Muitos brincavam dizen-do que íamos morrer de fome”, conta Arthur de Pi-nho, filho do fundador, que faleceu em abril deste ano. Desde o início, ele esteve ao lado do pai na adminis-tração do negócio, além dos irmãos Jorge, Manoel e Bento. De acordo com Arthur, havia certo precon-ceito, na época, devido à proximidade com a Central do Brasil.

Contrariando as expec-tativas, a Elizart driblou as

Arthur ainda administra o local, mas agora na compa-nhia dos seus filhos. “Com o passar dos anos, muitos estudantes que estavam sempre aqui se tornaram ju-ízes, jornalistas e artistas”, revela. Dentre os renoma-dos clientes da livraria es-tão Ruy Castro, Nei Lopes, Joaquim Ferreira dos San-tos, Zuenir Ventura e Pauli-nho da Viola.

Embora tradicional, a empresa familiar tem se adaptado aos tempos mo-dernos. A Elizart disponi-biliza seu acervo através do site Estante Virtual, realiza reservas pelo telefone e faz entregas sem cobrança de taxas, pois, segundo Arthur, “a venda em si tem que ser feita por todos os artifí-cios”.

A frequência de visitas na loja física tem diminuído como reflexo direto da co-modidade e disponibilida-de da comercialização pela internet. Em compensação, eles não atendem somente o Rio de Janeiro: costumam vender para todo o território nacional.

Recentemente, as novas políticas da Estante Virtual passaram a estimular uma concorrência desigual, pois, ao incluir vendedores que não são pessoas jurídicas, estes acabam vendendo seus livros por preços mais bara-tos, já que possuem menos encargos e compromissos com o mercado. Mesmo assim, a Elizart continua marcando presença tanto no mercado virtual como no físico, que conta com um ambiente aconchegante pro-curado pelos novos clientes e tão querido pelos antigos.

Refletindo o sucesso entre seus pares e a satisfação dos fregueses, a livraria segue como um foco de cultura e tradição na antiga Rua Lar-ga. “Estamos abertos inin-terruptamente há 40 anos. Vendemos somente livros e a relação com os clientes que temos nos dá muito pra-zer”, diz Arthur, orgulhoso.

dificuldades e conquistou clientes, tornando-se um sebo de referência na re-gião, título que permanece até hoje, diferente de outros sebos que não existem mais por ali. Atualmente, a livra-ria dispõe de mais de 10 mil obras de todos os gêneros, da literatura aos didáticos, passando pelos técnicos e jurídicos.

cidade

Polo Região Portuária assina protocolo de intençõesAcessibilidade, limpeza urbana e capacitação estão entre os dez objetivos estipulados

12folha da rua largajulho – agosto de 2012

Divulgação

Nova abrangência geográfica do Polo, que passou de Nova Rua Larga a Região Portuáriada redação

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Com nova diretoria para gestão trienal, eleita no dia 16 de julho, o Polo Região Por-tuária deve cumprir protoco-lo de intenções que engloba metas de sustentabilidade, capacitação, limpeza urbana, acessibilidade e inclusão. O documento também foi as-sinado pelos demais polos empresariais do Rio forma-lizados junto à prefeitura. Giovanni Harvey, atual vice--presidente, fala sobre os pon-tos contemplados e explica a responsabilidade do Polo nes-se processo.

Quais mecanismos o Polo usará para garantir aces-sibilidade em pelo menos 30% dos estabelecimentos associados?

Compete ao poder público

garantir a mobilidade urbana das pessoas com algum tipo de deficiência nas vias públi-cas e nos transportes coleti-vos. Cabe a nós, empresários e comerciantes, a responsa-bilidade de garantir o acesso dos cidadãos deficientes a todos os produtos e serviços que oferecemos nos nossos estabelecimentos. A Região Portuária tem problemas sé-rios nesses quesitos. A nossa expectativa é que essas limi-tações sejam superadas ao longo da execução do Porto Maravilha, tanto através da manutenção das vias públi-cas realizadas pelas conces-sionárias quanto pelas ações de reurbanização que estão em curso. O “realinhamento estratégico” do polo prevê a adoção de campanha educati-va com o objetivo de dissemi-nar as boas práticas existentes na região.

Já existe alguma parceria institucional que possibili-te a capacitação de mão de obra das empresas associa-das?

A necessidade de investi-mentos na melhoria dos pro-

dutos e serviços oferecidos no território foi um tema re-corrente ao longo do processo de realinhamento estratégico do Polo Nova Rua Larga que resultou na criação do Polo Região Portuária. Em de-zembro de 2011, prefeitura, CDURP e Sebrae celebraram um convênio, com o objetivo de fortalecer o empreende-dorismo na região. Um dos objetos desse convênio é a “capacitação” e a “especiali-zação” da mão de obra local. O polo terá um papel ativo nesse processo.

Considera a meta de 80% nesse quesito um nú-mero razoável?

É uma meta ambiciosa, mas necessária. Temos cons-ciência da necessidade de melhoria na qualidade dos produtos e serviços prestados no território. O Ministério do Turismo criou o Cadastur, para estimular o desenvolvi-mento e a melhoria da quali-dade dos produtos e serviços prestados na cadeia produtiva do turismo. A Região Portu-ária é um local com enorme potencial turístico. Se as em-presas que já estão instaladas no território não começarem

a investir em qualidade hoje, elas perderão mercado e opor-tunidades diante das empresas que se instalarão na região nos próximos anos, principalmen-te, para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Como pretendem envol-ver os moradores da Saúde, Gamboa, Santo Cristo e Morro da Conceição?

O maior indicador de envol-

vimento das pessoas é a efeti-va participação nos processos decisórios do polo e nas opor-tunidades de negócios que são geradas na região. Os mo-radores e os trabalhadores da Zona Portuária são os princi-pais consumidores dos produ-tos e serviços oferecidos pela maioria dos empresários que atuam no território. Muitos moradores exercem atividade comercial e têm sido estimu-lados a se associarem ao polo. Os moradores dos bairros da Saúde, Gamboa, Santo Cristo, incluindo os morros da Provi-dência e da Conceição, man-têm e cultivam relações fami-liares, comunitárias e sociais que não podem ser ignoradas pelos empresários e investi-dores que atuam no território.

Que espécie de negocia-

ções conjuntas desejam praticar?

A hipótese de criação de

uma “central de compras” foi discutida ao longo do proces-so de realinhamento estraté-gico. A sua implementação depende de vários fatores e a proposta ainda está em aber-to. Não será tomada nenhuma decisão sem uma consulta formal aos associados.

Quais as vantagens de se

associar ao novo Polo? O Polo é um instrumento

de desenvolvimento local, em que o empreendedor tem acesso a informações estraté-

gicas e oportunidades de ne-gócios que passam desperce-bidas em função da sua dedi-cação às tarefas do dia a dia. A Região Portuária do Rio é objeto da maior parceria pú-blico-privada já realizada no Brasil. Barcelona e Buenos Aires viveram experiências semelhantes e se transfor-maram em referências in-ternacionais. Associar-se ao Polo é um dos caminhos para que o empreendedor não se arrependa, daqui a alguns anos, das oportunidades que perdeu por absoluta falta de informação.

Máscaras de Tania Gollnick e Oyama Achcar

Divulgação e

folha da rua larga

13cidadejulho – agosto de 2012

morro da conceição

da redaçã[email protected]

teresa speridiã[email protected]

Persona

Sacha Leite

Sacha Leite

Professoras da Escola Rivadávia cantam para os alunos e demais participantes do evento literário

Alunos registram o sarau literário com suas câmeras fotográficas

Central de Leitores homenageia NordesteProfessores e alunos celebram autores nordestinos em festa de incentivo à leitura

Unindo São João e amor aos livros, a Escola Rivadá-via Correa realizou, pela se-gunda vez no ano, a Central de Leitores. Premiado pelo Instituto C&A e monitora-do pela professora Laura Sandroni, o projeto reuniu professores e alunos no hall de entrada da escola, no dia 17 de julho.

O Nordeste e seus auto-res – Luiz Gonzaga e Aria-no Suassuna – foram os homenageados da vez, com cartazes, ilustrações e cor-déis. Alunos e professores se engajaram em apresen-tações musicais, leituras de charadas e poesias. Como na primeira edição, livros conseguidos pelo projeto foram doados aos passan-tes. A ideia das professo-ras Martha Maria Gomes, Renata Ricoca e Bárbara Portilho, organizadoras da Central, é promover saraus nesse formato a cada dois meses.

Laura Sandroni, monito-ra do projeto e criadora da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), explica a sua função ao longo do processo: “Pro-curo estimular o hábito de leitura na escola dando sub-sídio aos professores e me-lhorando as bibliotecas”. E se alegra com a diversidade de pessoas que demonstram interesse e curiosidade com a iniciativa: “Há pouco, ha-via uma pequena multidão, pessoal da Comlurb, poli-ciais, etc.”, conta.

Um casal de artistas mui-to especial habita o sobrado nº 117 da Rua Jogo da Bola, no Morro da Conceição, intitulado Atelier Ventos do Norte. Tania Gollnick veio de Santa Catarina e Oyama Achcar, de Minas Gerais. O Rio de Janeiro foi palco do encontro de duas almas sen-síveis que, unidas na arte, no amor e no trabalho, se com-pletam perfeitamente.

Witmarsum é o nome da pequena cidade de Tania, que é filha de agricultores. Ela conta que, apesar de os pais viverem longe do mun-do das artes, foram eles os maiores incentivadores para que seguisse esse caminho. Depois de terminar o 2º grau na pequena Witmar-sum, ela foi estudar em Blu-menau (SC). Formou-se em educação artística, passeou pelo mundo da música, mas optou pelo bacharelado em Teatro. Veio para o Rio de Janeiro e, há nove anos, atua na Companhia do Gesto.

Foi a paixão pelas más-caras que motivou Tania e Oyama a fazerem um curso com o grupo Moitará, com supervisão do italiano Do-nato Sartori, considerado o maior mascareiro do mun-do. A diferença entre más-cara decorativa e máscara teatral é destacada por eles: “As máscaras teatrais são possivelmente o mais sim-bólico elemento da lingua-gem cênica através de toda a história do teatro”.

Assim, Tania e Oyama estudam cuidadosamente a alma de um personagem an-tes da confecção, que pode demorar até 20 dias. A más-cara deve ser incorporada ao personagem. O casal fala com orgulho do que fazem e

seus olhos cheios de brilho são testemunhas disso.

Oyama conta que nas-ceu em Juiz de Fora, mas foi ainda criança para Ma-tias Barbosa, de onde saiu muito jovem. Aos 17 anos, alistou-se na Marinha e veio para o Rio de Janeiro. Não demorou muito para descobrir que a carreira mi-litar estava muito distante de seu jardim. Dedicou-se aos estudos, fez Psicologia e, em seguida, pós-gra-duação em Arte Terapia. Levou alegria aos pacien-tes do Inca com o projeto Médicos do Barulho, e hoje atua em solos cômi-cos. Paralelamente, Oyama é um constante pesquisa-dor de restauro em papel, arquitetônico e artístico, coordenando cursos sobre conservação e restauração.

Essa diversidade no campo artístico faz lembrar uma composição de Sid-ney Miller: “Faço versos pro palhaço que na vida já

foi tudo / Foi soldado, car-pinteiro, sertanejo e vaga-bundo / Sem juízo, sem ju-ízo fez feliz a todo mundo / Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria / Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria”.

Na realidade, Oyama não é sem juízo, ao con-trário. É uma pessoa de-dicada, que trabalha pelos quatro cantos e sabe muito bem o que quer. Oyama e Tania são, acima de tudo, artistas completos. Uma só máscara é suficiente para dois corações cheios de sonho?

gastronomia

receitas carolSabor no Beco do Bragança

danielle [email protected]

ana carolina [email protected]

Confira outras receitas da Carol no blog nacozinhacomcarol.

blogspot.com

14folha da rua larga

Diversos tipos de carnes grelhadas na hora são sempre uma opção agradável

Bobó, escondidinho e risotos variados elevam o padrão do quilo com sabor caseiro

julho – agosto de 2012

Alcachofra com molho de linhaça

Modo de preparo:

Ingredientes:

Mesas do lado de fora se destacam como novidades do Centro Grill

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Colocar a alcachofra numa panela com água, juntar o suco e as duas metades do li-mão. Levar ao fogo e deixar cozinhar por 15 minutos em água fervendo ou até que as folhas comecem se a soltar. Escorrer e reservar. Mistu-rar todos os ingredientes do

Adoro o inverno do Rio! A estação tem um colorido especial, a nossa atmosfera fica mais limpa e os dias são claros e brilhantes. Nessa época do ano, encontramos alcachofra nas feiras e mer-cados. Uma flor exótica, diferente, que tem um sabor marcante e encantador, uma maravilha! Lembro-me que, na minha infância, minha mãe servia com manteiga e limão, um dos preferidos

da família. Hoje podemos dar leveza ao molho op-tando por azeite e outros temperos mais saudáveis.Como agosto é mês de co-memoração e restaurante cheio, essa é uma entrada super simples e que vai surpreender todos os pa-pais – já está escalada para o cardápio da minha casa. Parabéns a todos os pais pelo seu dia, comemorem e aproveitem!

• 4 flores de alcachofra• 1 unidade de limão

Para o molho:

• 2 colheres de sopa de suco de limão• 1 ½ colher de sopa de linhaça moída• ½ xícara de azeite• 1 colher de sopa de manjericão picado• 1 dente de alho amassado• 1 colher de chá de sal

molho. Servir ao lado da alcachofra.

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ACP

Há 15 anos no Beco do Bragança, o Centro Grill é um exemplo de restauran-te que soube aproveitar o sucesso e não se limitou ao básico. Já conhecido entre as empresas da região por ser uma boa opção no ho-rário do almoço, o restau-rante acaba de lançar uma happy hour que promete esquentar as sextas-feiras de quem trabalha próximo à Rua Larga.

Durante a semana, a casa funciona com buffet a qui-lo no almoço, oferecendo o melhor da culinária bra-sileira. Um dos diferen-ciais da casa é a diversi-dade dos pratos, que conta com um esquema fixo de duas variedades de peixes, um prato com bacalhau e um com camarão, além de massas, carnes, frangos e opções vegetarianas, tota-lizando 20 pratos quentes por dia, além do bufê de saladas e de sobremesas.

O churrasco do Centro Grill já virou uma tradi-ção local. Assim como o filé de salmão ao molho de maracujá, a batata ros-tie e a farofa da casa. O cardápio de cada dia da semana tem seus queridi-nhos: às segundas, delí-cias mineiras e bacalhau a Gomes Sá; às terças, frango caipira e escon-didinho de carne seca; quarta-feira tem camarão empanado e medalhão de filé mignon; já o aipim na manteiga com carne seca e o risoto de camarão são servidos às quintas e a feijoada e a caldeirada de frutos do mar são as estre-las de sexta-feira.

Para inovar, os sócios Marcos Melo e Luís Mi-guel contam que sempre pesquisam novas recei-tas de pratos e, para isso, dispõem de uma extensa coleção de livros de culi-nária, que ficam à dispo-sição dos clientes. “Da-mos grande atenção ao sabor dos nossos pratos,

pois isso é o que torna tão especial a comida brasi-leira”, garantem.

Desde 20 de julho, o Centro Grill funciona às sextas-feiras a partir das 18h, para a happy hour. Se-gundo os sócios, a estreia no Dia do Amigo foi um grande sucesso: “Já pre-tendemos expandir o Beco também para as quartas e quintas”, revelam. Entre os petiscos estão bolinho de bacalhau e batata frita.

Para abrigar todas essas mudanças, o restaurante passou recentemente por uma série de reformas que

se iniciaram há dois anos e ainda não estão completas. O Centro Grill ganhou uma área externa com mesas ao ar livre, um novo piso para o salão e houve a troca de todo o mobiliário por um mais moderno e charmoso. A decoração do salão tam-bém está sendo renovada, com novos quadros e lu-minárias pendentes. Ali-nhado com o tão em voga pensamento sustentável, o restaurante ganhará uma iluminação ecologicamente mais eficiente: “É essen-cial, para o crescimento do restaurante, mudar frente

às exigências do mercado e, principalmente, dos nos-sos clientes”, explicam os sócios.

Para oferecer maior co-modidade aos frequenta-dores, o cardápio do bufê de cada dia da semana está disponível no site do res-taurante (www.centrorio-grill.com.br). Que tal juntar o pessoal da empresa para uma esticadinha no Beco do Bragança, na próxima sexta-feira?

julho – agosto de 2012 folha da rua larga

negócios

15

mário [email protected]

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O Instituto Nacional de Propriedade Indus-trial (INPI), que ocupa 20 andares do Edifício A Noite, na Praça Mauá, abriu licitação para fazer o retrofit deste prédio his-tórico, que foi o primeiro arranha-céu construído no Brasil, concluído em 1927.

“A intenção é moder-nizar o prédio para os funcionários e abrir suas portas à sociedade com a criação de um centro cultural”, anunciou à im-prensa o presidente do INPI, Jorge Ávila.

Atendendo a um pedido do prefeito Eduardo Paes, o topo do prédio, com vis-ta panorâmica da cidade, deverá abrigar o centro cultural previsto, além de atividades gastronômicas. Os funcionários do INPI já estão desocupando as salas e passarão a traba-lhar em outros dois pré-dios até o fim das obras. Instalada no último andar, a Rádio Nacional também funcionará em outro local durante as intervenções. A Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) já procura uma instalação provisória para a emis-sora. No momento, o A Noite está praticamente vazio, porém é necessá-rio que se cumpram os prazos e procedimentos licitatórios até que a re-forma propriamente dita se inicie, o que, segundo a comunicação social do INPI, deve acontecer pró-ximo a 2014.

Com estilo art déco nova-iorquino, o edifício foi um marco na cidade: a partir dele, o perfil ar-quitetônico do Rio passa-ria a ser menos europeu e mais norte-americano. O prédio tem 87 metros de altura e 22 andares, que correspondem a 30 de um prédio moderno, por cau-

Edifício A Noite será desocupado para reformaINPI promove concorrência para selecionar empresa que criará projeto de retrofit

A construção de um centro cultural e gastronômico no terraço do ícone art déco é estudada

Construção do Edifício A Noite 1930

para o desenvolvimento arquitetônico da cidade.

História de importân-cia nacional

Tombado pela prefeitu-ra (Decreto n.º 18.995 de 2000), o edifício hoje per-tence à União e deve seu nome ao letreiro do jornal diário vespertino A Noite, instalado logo abaixo da cobertura. Esse periódico foi criado, em 1911, pelo jornalista Irineu Marinho, pai de Roberto Marinho, e teve origem em desen-tendimentos ocorridos na direção do Gazeta de No-tícias, precipitando a saída de Irineu para fundar outro veículo. Depois, A Noite foi extinto e, em seu lugar, foi criado o atual jornal O Globo.

Márcio Roiter, presiden-te do Instituto Art Déco Brasil e estudioso desse es-tilo, que abrangeu arquite-tura, decoração, publicida-de, cinema e artes gráficas, entre outras manifestações,

lamenta, por exemplo, que o hall de entrada do Edifí-cio A Noite tenha sido to-talmente transformado, e espera que, com a próxima reforma, ele possa ser “re-cuperado conforme o pro-jeto original”. De acordo com Roiter, o mirante da cobertura “era o mais visi-tado da cidade, competindo com o Pão de Açúcar, pois o Cristo do Corcovado só surgiria um ano depois”.

Roiter também informa que, além de diversos es-critórios de companhias marítimas, como a norte--americana Moore Mc-Cormack, A Noite sediou o escritório dos arquite-tos sócios Lúcio Costa e Gregori Warchavchik. Em 1930, Lúcio Costa, diretor da Escola de Belas Artes, onde, na época, se estuda-va Arquitetura, convidou Warchavchik, estabelecido em São Paulo desde o iní-cio dos anos 1920, para ser professor e ensinar princí-pios modernos de constru-ção a alunos acostumados ao ecletismo e estilo neo-clássico vigentes na época. Os dois se associaram e projetaram diversos pré-dios no Rio.

Outro ocupante ilustre do A Noite é a Rádio Na-cional, criada em 1937 e instalada nos últimos anda-res do edifício. Com seus programas de auditório e de radioteatro, a emissora magnetizou a atenção dos brasileiros. Tinha mesmo audiência nacional, graças ao uso das ondas curtas e ao sucesso de seus progra-mas humorísticos e jorna-lísticos. Inicialmente uma empresa privada, foi esta-tizada por Getúlio Vargas, em 8 de março de 1940, e transformada na rádio ofi-cial do seu governo.

sa do pé-direito amplia-do. Na época, o edifício despontou como a maior construção em concreto armado do país. As refe-rências do seu estilo ar-quitetônico se concentram na área externa e nas áre-as internas de uso comum

do edifício. Estas últimas, inclusive, já foram bas-tante descaracterizadas em diversas reformas mal feitas. Além de ser o pré-dio que introduziu o art déco no Brasil, em seu planejamento, também foi pensada a ação dos ventos

sobre a estrutura. O arquiteto responsável

pelo projeto do Edifício A Noite foi o francês Jose-ph Gire, que, alguns anos antes, planejara o Hotel Copacabana Palace. Essas duas construções consoli-daram novos paradigmas

dicas da cidade Água de Moringa no Centro Cultural Light

16folha da rua larga

lazer

da redaçã[email protected]

julho – agosto de 2012

Sopros, cordas e percussão do sexteto trazem Pixinguinha e Joel Nascimento Divulgação

Água de Moringa brinda o público com joias do choro há 23 anos

da redaçã[email protected]

Negritude letradaEm 20 de setembro, será inaugurada a biblioteca

afro-brasileira do Instituto Pretos Novos. São cerca de 300 títulos de literatura, religião e ciências humanas. A coleção completa História geral da África, editada pela Unesco, faz parte do acervo. Os visitantes poderão fa-zer consulta local. Rua Pedro Ernesto, 32/34, Gamboa.

Samba do FimO Fim de Semana do Livro no Porto, festa literária

que acontecerá em 20 e 21 de outubro, no Morro da Conceição, terá dois dias de warm up. O Samba do Fim será liderado pelo grupo Terreiro de Breque e promete animar as tardes de 26 de agosto e 23 de setembro, no Armazém Zero4: Largo de São Francisco da Prainha, nº 4, a partir das 15h. Grátis.

30 anos sem Elis

A partir de 9 de agosto, o Centro Cultural Banco do Brasil recebe a exposição multimídia Viva Elis! São cerca de 200 fotos da cantora, além de entrevistas, in-gressos, pôsteres, vídeos de apresentações, especiais de TV, réplicas de figurinos e revistas e jornais da época, acompanhados de muita música. Rua Primeiro de Mar-ço, 66. Entrada franca.

Um dos mais versáteis grupos de música instru-mental, o Água de Moringa, estará no próximo dia 26 de setembro, quarta-feira, no Centro Cultural Light. No repertório, composições dos elogiados CDs As inéditas de Pixinguinha e Obrigado Joel, um tributo ao bandolo-nista Joel Nascimento, entre outros sucessos.

Tendo como filosofia o mesmo “espírito chorão” dos músicos do final do sé-culo XIX, que criaram uma nova linguagem a partir da tentativa de tocar as músi-cas então vindas da Europa, o sexteto vem apresentando seu trabalho em diversos estados do Brasil, e também no exterior.

Em seu primeiro CD (Água de Moringa, 1994), por exemplo, o conjunto co-locou lado a lado músicas de Nazareth, Pixinguinha, Cae-tano Veloso e Gilberto Gil,

num trabalho indicado ao Prêmio Sharp. O segundo ál-bum, (Saracoteando, 1998), chegou ainda mais longe: foi agraciado com dois Prêmios Sharp – melhor grupo e me-lhor arranjador (Josimar Carneiro), categoria instru-mental, com obras de Ca-nhoto da Paraíba, Jacob do Bandolim, Radamés Gnatta-li, Guinga, Hermeto Pascoal e Guerra-Peixe.

Já As Inéditas de Pixin-guinha, terceiro e elogiá-díssimo CD, rendeu a in-dicação de melhor grupo instrumental do Prêmio Tim de Música Brasilei-ra, edição 2003. O quarto trabalho, Obrigado Joel, lançado em 2010, homena-geia o grande bandolinis-ta Joel Nascimento, uma das maiores influências do grupo.

O Água de Moringa é for-mado pelos músicos: Rui Alvim, clarinete e clarone; Marcílio Lopes, bandolim e violão-tenor; Jayme Vignoli, cavaquinho; Luiz Flávio Al-cofra, violão; Josimar Car-neiro, violão de sete cordas, e André Santos (Boxexa), percussão e bateria.

A apresentação do grupo integra a série de encontros musicais do projeto MPB 12:30 em Ponto, sempre às quartas-feiras, no formato de talk-show, comandados pelo jornalista e pesquisador Ricardo Cravo Albin, com direção de Haroldo Costa e Paulo Roberto Direito. A entrada é franca. O Centro Cultural Light fica na Aveni-da Marechal Floriano, 168, próximo à estação de metrô Presidente Vargas.