FORMAÇÃO CONTINUADA

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PROPOSTA PARA A CAPACITAÇÃO DO CORPO DOCENTE DA UNIMEP PARA O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMÁTICA E COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM APRESENTAÇÃO O presente documento apresenta a proposta elaborada pelos integrantes da Comissão Especial designada através da Portaria 80/01 do Gabinete do Reitor, com o objetivo de formular uma proposta para a capacitação do corpo docente da UNIMEP, visando o domínio das novas tecnologias e metodologias educacionais relacionadas com o processo de ensino-aprendizagem. Analisando a tarefa que lhe foi conferida, esta Comissão reconheceu inicialmente a necessidade de ultrapassar o limite da formação técnica dos professores para o uso de novas tecnologias, como propõe a Portaria, adentrando na discussão teórica sobre a formação de docentes para a educação superior, na perspectiva da relação entre projetos pedagógicos e metodologia de ensino Dessa forma, para cumprir a tarefa que lhe foi atribuída, a comissão argumenta em favor não de uma “capacitação” do corpo docente da UNIMEP e sim de um programa de Formação Continuada para os docentes da UNIMEP, por ser este um caminho que preserva o caráter utópico de nossa Política Acadêmica, ao mesmo tempo em que cria espaços para refletir e aperfeiçoar o Processo de Ensino. SITUANDO O PROBLEMA: A FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR A Lei da Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 estabelece como exigência mínima para o exercício da docência no ensino básico, a formação pedagógica oferecida nos cursos de licenciatura. Para a docência no ensino superior, no entanto, não há essa exigência, como

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Sobre a formação continuada

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PROPOSTA PARA A CAPACITAO DO CORPO DOCENTE DA UNIMEP PARA O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMTICA E COMUNICAO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

PROPOSTA PARA A CAPACITAO DO CORPO DOCENTE DA UNIMEP PARA O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMTICA E COMUNICAO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

APRESENTAO

O presente documento apresenta a proposta elaborada pelos integrantes da Comisso Especial designada atravs da Portaria 80/01 do Gabinete do Reitor, com o objetivo de formular uma proposta para a capacitao do corpo docente da UNIMEP, visando o domnio das novas tecnologias e metodologias educacionais relacionadas com o processo de ensino-aprendizagem.

Analisando a tarefa que lhe foi conferida, esta Comisso reconheceu inicialmente a necessidade de ultrapassar o limite da formao tcnica dos professores para o uso de novas tecnologias, como prope a Portaria, adentrando na discusso terica sobre a formao de docentes para a educao superior, na perspectiva da relao entre projetos pedaggicos e metodologia de ensino

Dessa forma, para cumprir a tarefa que lhe foi atribuda, a comisso argumenta em favor no de uma capacitao do corpo docente da UNIMEP e sim de um programa de Formao Continuada para os docentes da UNIMEP, por ser este um caminho que preserva o carter utpico de nossa Poltica Acadmica, ao mesmo tempo em que cria espaos para refletir e aperfeioar o Processo de Ensino.

SITUANDO O PROBLEMA: A FORMAO CONTINUADA PARA A DOCNCIA NO ENSINO SUPERIOR

A Lei da Diretrizes e Bases da Educao Nacional n 9394/96 estabelece como exigncia mnima para o exerccio da docncia no ensino bsico, a formao pedaggica oferecida nos cursos de licenciatura. Para a docncia no ensino superior, no entanto, no h essa exigncia, como se o domnio de um conhecimento especfico, implicasse, automaticamente, capacidade para realizar um processo de ensino que possibilite aprendizado efetivo por parte dos estudantes. Mesmo os programas de ps-graduao em Educao, que formam e titulam professores universitrios, nem sempre incluem formao para a docncia, ou seja, estudos relacionados ao ensino do conhecimento ao qual o estudante se dedica. Em alguns casos, esses estudos, quando existem, consistem em "cursos de metodologia de ensino", transcrio de programas de didtica nos moldes mais tradicionais: teorias psicolgicas de aprendizagem mescladas com tcnicas de ensino.

A formao para o exerccio da docncia no ensino superior exige o domnio da rea de conhecimento que se ensina, associado ao conhecimento educacional e pedaggico, que possibilita ao professor planejar, desenvolver e avaliar a ao educativa, associando ensino, pesquisa e extenso, com critrios cientficos e de acordo com o projeto educacional pretendido. A prtica docente pode reduzir-se mera reproduo dos modelos aprendidos em sala de aula, se no estiver submetida a uma reflexo sistemtica e contnua, que examine questes relativas a por que, para que, para quem, o que e como se ensina e se aprende.

Estudos atuais sobre teorias de organizao do trabalho educativo argumentam pela necessidade de superao das tradicionais tendncias prescritivas, nas quais se pauta grande parte dos currculos no ensino superior, e apontam alguns fatores como indicativos de qualidade desse trabalho:

Existncia de projetos coletivos de trabalho, que anunciem as aes e as diretrizes que os orientam (currculo, metodologia de ensino, intercmbios, etc.);

Participao de todos os segmentos envolvidos no trabalho acadmico no processo de deciso e de avaliao desses projetos, uma vez que: a) o compromisso com as aes se amplia quando os executores participam das decises e b) essa participao possibilita dar significado s aes de indivduos ou grupos;

Formao continuada dos professores organicamente vinculada ao projeto institucional;

Existncia de condies de trabalho e de infra-estrutura para a realizao do projeto pretendido.

No que se refere formao para a docncia, em um tempo no muito distante, acreditava-se que bastava que os educadores tivessem um diploma para que exercessem, por toda a vida profissional, o seu papel de educar as novas geraes.

Ao reconhecer-se a necessidade de atualizao permanente do professor, para preencher essa lacuna, disseminaram-se programas, organizados por organismos externos s escolas, que se apresentam, na maioria das vezes, como pacotes fechados de cursos, palestras, oficinas, seminrios, etc., elaborados por especialistas, via de regra, externos realidade escolar. As expresses treinamento, reciclagem e capacitao indicavam a concepo subjacente a esses programas: o professor no sabe ou o que ele sabe no serve e os especialistas iro ensin-lo. As crticas a esse modo de promover a atualizao dos profissionais da Educao geraram o conceito de formao continuada.

Hoje se sabe que o processo de aprender a educar e ensinar no se restringe formao escolar/titulao do docente e nem algo que se lhe d: necessria a sua formao continuada, entendida com sendo processos institucionais, organizados por iniciativa das prprias unidades acadmicas, que toma por premissa que o saber que o professor j tem e que orienta sua prtica pedaggica o ponto de partida dessa formao. Os estudos tericos, nessa perspectiva, emergem como uma necessidade, um meio para a superao de problemas identificados pelos que atuam na unidade acadmica para a concretizao de seu Projeto Pedaggico. A participao de especialistas ou a realizao de estudos iniciativa e deciso do prprio grupo de trabalho. A formao continuada dos docentes, nessa perspectiva, o processo permanente/cotidiano de construo dos saberes necessrios para o desempenho do trabalho que lhe compete realizar, da competncia profissional e da formao cidad desses profissionais, que tem como ponto de partida e de chegada a reflexo coletiva sobre o trabalho realizado pela e na Universidade como um todo e de cada docente, em particular. Supe, portanto, a participao coletiva e efetiva de todos os professores e as condies materiais necessrias sua realizao.

Pensar a prtica, no entanto, no se restringe a pensar a sala de aula: exige tambm pensar a profisso, a carreira e as relaes de trabalho, ou seja, o desenvolvimento profissional dos que se dedicam ao trabalho de educar. Isto porque a formao continuada, concebida e realizada como sendo um processo de reflexo permanente dos profissionais da Educao sobre a prpria prtica enquanto profissional e cidado, est intimamente articulada com a existncia de condies materiais de trabalho para esses profissionais, requisito indispensvel qualidade pretendida.

assim que o conceito de formao continuada dos profissionais da educao, formulado nos anos 90, ultrapassa a idia de treinamento, reciclagem ou capacitao docente para enfatizar o desenvolvimento do profissionalismo docente, que pode ser definido como sendo a vontade e possibilidade de que os docentes empenhem-se na conquista de um trabalho docente assim caracterizado:

Formao do professor reflexivo, capaz de refletir sobre a prpria prtica, tendo por referncia o projeto pedaggico pretendido, buscando a identificao das necessidades formativas pessoais e grupais;

Carter coletivo do trabalho: aes planejadas e avaliadas coletivamente;

Qualificao profissional dos professores: titulao e formao continuada;

Condies de trabalho que permitam atingir as metas pretendidas.

possvel afirmar que os professores do ensino superior vm cada vez mais expressando o desejo de romper com o paradigma positivista, que orienta suas prticas pedaggicas. No entanto, prticas pedaggicas orientadas por um novo paradigma exigem formao contnua dos docentes, na perspectiva de seu desenvolvimento profissional.

essa a abordagem terica que esta comisso sugere seja adotada para a formao continuada dos docentes da UNIMEP, ressaltando que o domnio de metodologias e recursos de ensino, como o caso das novas tecnologias, ser decorrncia desse processo.

A FORMAO CONTINUADA DOS DOCENTES NA POLTICA ACADMICA DA UNIMEP

H quase uma dcada de sua aprovao, a Poltica Acadmica da UNIMEP vem impulsionando significativos avanos, ao mesmo tempo em que continua enfrentando conflitos e dificuldades para sua materializao na vida da Universidade, o que confirma seu carter utpico, no sentido apresentado por Eduardo Galeano em As Veias Abertas da Amrica Latina:

Ela est no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Parece que, por mais que eu caminhe, jamais a alcanarei. Para que serve, ento, a utopia? Serve para isso: para caminhar.

Quando de sua elaborao, essa Poltica Acadmica assumiu carter inovador e audacioso ao fazer opes que se colocavam na contra mo das tendncias que dominaram a dcada de 90: enquanto as polticas educacionais tendiam formao de profissionais preparados apenas para responder ao mercado de trabalho, a UNIMEP afirmava, em sua Poltica Acadmica, a expectativa de formar seus alunos para o exerccio da cidadania, o que significava situar a formao profissional num patamar diferenciado em relao ao modelo que se implantava.

Um outro exemplo dessa ousadia que a UNIMEP afirmava o princpio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso como referncia para seu Processo de Ensino, enquanto o poder legislativo aprovava leis que permitiam a existncia de universidades do ensino, prescindindo da pesquisa e da extenso, no ensino superior brasileiro.

Outro exemplo ainda da qualidade pretendida foi o estabelecimento de exigncia de projetos institucionais, coletivamente elaborados e avaliados, como base e referncia para o desenvolvimento e avaliao do projeto institucional e, neste, o trabalho docente.

To logo aprovada a Poltica Acadmica, com vista sua implantao, foram produzidas as polticas especficas de Pesquisa, de Extenso e, mais recentemente, de Avaliao. A poltica de Capacitao Docente encontra-se em fase de elaborao no interior do CONSEPE.

Em relao capacitao docente, a Poltica Acadmica da UNIMEP assim define as linhas e metas da Capacitao Docente e do Trabalho Docente:

A Capacitao Docente deve desenvolver-se em duas linhas: na rea especfica de conhecimento e na capacitao institucional. A primeira linha de capacitao funo da rea de conhecimento do docente, guarda uma relao com o projeto pedaggico da unidade e sub-unidade e deve ser concluda em tempo previsto, tendo em vista necessidades dos projetos da sub-unidade, enquanto que a segunda sustenta-se nas categorias da Poltica Acadmica. A Universidade deve propiciar condies para as capacitaes especfica e institucional, e seus docentes devem se compromissar formalmente com as duas.

A capacitao institucional processual e deve permitir que o professor na sua prtica docente materialize o Processo de Ensino, seja em relao dimenso universal a construo da cidadania seja em relao dimenso particular, nas suas duas vertentes: a produo e a socializao do conhecimento. Deve tambm instrumentalizar o professor quanto aos aspectos didtico-pedaggicos da docncia.

A instrumentalizao do professor para a socializao do saber acumulado e para a produo do novo saber requerer o envolvimento e contribuio de vrias cincias que subsidiem a Capacitao Institucional. Isto porque h que se garantir a assimilao, pelo professor, das categorias da Poltica Acadmica e da instrumentalizao didtico pedaggica do trabalho docente, numa prtica pedaggica que permita a socializao dos conhecimentos produzidos, o mtodo de sua produo, sua historicidade e relevncia.

PROPOSTA DA COMISSO

Com base nessas premissas, essa Comisso considera que possvel e oportuno constituir um ncleo, de mbito institucional, coordenado pela Vice Reitoria Acadmica, composto pelas reas de Educao, Informtica e Comunicao e representao das demais Faculdades, que responda pelo desenvolvimento de aes que contribuam para a formao continuada dos docentes, tais como:

Incluir na programao oferecida aos docentes que ingressam na universidade um tpico abrangendo informaes e reflexo sobre as concepes sobre Processo de Ensino, contidas na Poltica Acadmica institucional, e seus reflexos na prtica educativa. Como esta etapa contempla aspectos de ordem mais geral sobre o tema, sugerir que as Faculdades e os cursos onde os professores estaro alocados realizem processo semelhante, abordando as especificidades de cada unidade no tratamento desse assunto.

Disponibilizar apoio s Faculdades e Cursos na elaborao e implementao de propostas de formao continuada para seus docentes e acompanhar o desenvolvimento e avaliao desses processos.

Oferecer ciclos de estudos sobre o tema, abordando:

- estudos que permitam atualizao dos docentes em relao produo terica e utilizao de novas tecnologias no Processo de Ensino;

- atividades prticas e orientaes sobre questes relacionadas ao planejamento, desenvolvimento e avaliao da prtica educativa.

O ponto de partida para viabilizar essas aes, no entendimento dessa Comisso, o debate dessa proposta com as Faculdades, buscando conhecer as necessidades identificadas por essas unidades em relao a esse assunto e reunir contribuies para seu aperfeioamento.

Com essa finalidade, prope-se a realizao de um Frum/Seminrio, de carter institucional, com a participao de todos os docentes, a ocorrer nos dias 14 e 15 de fevereiro, 5 e 6 feiras, aps o carnaval, abrangendo reflexo sobre o tema, dirigida pela prof. Maria Isabel da Cunha, da UNIJUI, seguida de trabalhos em grupos para reunir as propostas dos docentes.

Quanto a esta Comisso, prope-se que se responsabilize por:

Coordenar a organizao do evento sugerido para o ms de fevereiro e produzir o relatrio dos trabalhos;

Encaminhar para as Faculdades as propostas produzidas naquele evento;

Apresentar, at o final do ms de junho prximo, um diagnstico contendo as necessidades e sugestes apresentadas pelas Faculdades.

Na expectativa de que essas iniciativas possam contribuir para deflagrar reflexes e experincias sobre Processo de Ensino que venham a subsidiar a elaborao de uma Poltica de Ensino para nossa instituio, colocamo-nos disposio.

Atenciosamente,

Prof. Sueli Mazzilli

Pela Comisso Especial composta por