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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS Curso de Comunicação - Habilitação Jornalismo Projeto Experimental (Voo Solo) FORMULÁRIO PROPOSTA 2010 – Segmentos a2 [livro reportagem texto] e a3 [livro reportagem fotográfica] Proponente: NOME COMPLETO DO ALUNO RGM Heloisa Alencar Ikeda 49307 A) SEGMENTO ESCOLHIDO A - Impresso a2) Livro-reportagem texto, centrado em tema único. O texto final deverá ter um mínimo de 100 mil caracteres. Produto final: livro com dimensões em conformidade com normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas -, encadernado com lombada quadrada, paginado, eventualmente ilustrado com fotografias. É obrigatório incluir no conteúdo do livro, sempre que for adequado, um capítulo destinado a analisar como o tema da reportagem é tratado pela Imprensa em geral. A fundamentação teórica (obrigatória) será encadernada com a própria reportagem, em forma de ANEXO. B) TÍTULO PROVISÓRIO DA REPORTAGEM A Flor da Pele: Quando a mente se fecha e o corpo fala. C) OBJETIVO(S) DA REPORTAGEM O tema escolhido para o desenvolvimento do Projeto Experimental Voo Solo é a doença de pele Vitiligo. Através de pesquisas documentais, coleta de dados, e consulta a fontes especializadas, o trabalho pretende mostrar detalhadamente o universo psicológico dessa doença que é provocada por traumas emocionais. Contando experiências de pessoas que sofrem ou já sofreram desse mal. Divulgando dados estatísticos, internacionais, nacionais e locais sobre a doença. Trazendo informações sobre tratamentos e 1

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZESÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS

Curso de Comunicação - Habilitação JornalismoProjeto Experimental (Voo Solo)

FORMULÁRIO PROPOSTA 2010 – Segmentos a2 [livro reportagem texto] e a3 [livro reportagem fotográfica]

Proponente:NOME COMPLETO DO ALUNO RGM

Heloisa Alencar Ikeda 49307

A) SEGMENTO ESCOLHIDOA - Impressoa2) Livro-reportagem texto, centrado em tema único. O texto final deverá ter um

mínimo de 100 mil caracteres. Produto final: livro com dimensões em conformidade com normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas -, encadernado com lombada quadrada, paginado, eventualmente ilustrado com fotografias. É obrigatório incluir no conteúdo do livro, sempre que for adequado, um capítulo destinado a analisar como o tema da reportagem é tratado pela Imprensa em geral. A fundamentação teórica (obrigatória) será encadernada com a própria reportagem, em forma de ANEXO.

B) TÍTULO PROVISÓRIO DA REPORTAGEM

A Flor da Pele: Quando a mente se fecha e o corpo fala.

C) OBJETIVO(S) DA REPORTAGEM

O tema escolhido para o desenvolvimento do Projeto Experimental Voo Solo é a doença de

pele Vitiligo. Através de pesquisas documentais, coleta de dados, e consulta a fontes especializadas,

o trabalho pretende mostrar detalhadamente o universo psicológico dessa doença que é provocada

por traumas emocionais. Contando experiências de pessoas que sofrem ou já sofreram desse mal.

Divulgando dados estatísticos, internacionais, nacionais e locais sobre a doença. Trazendo

informações sobre tratamentos e diagnósticos que buscam entender as causas dessa enfermidade. E

principalmente visando o lado psicológico deste quadro.

O livro-reportagem texto irá suprir tanto a curiosidade de quem busca entender um pouco

mais sobre a doença, como também servirá de consulta para quem tem ou convive com alguém que

possui Vitiligo. A principal meta deste projeto é quebrar alguns tipos de preconceitos. Tanto do resto

da população para com os que têm a doença, mas também dos próprios portadores. Pois assim como

qualquer outro tipo de doença que é visível, ela pode causar o estranhamento e até afastamento por

parte das pessoas ao redor.

É importante também mostrar que o acompanhamento psicológico é essencial para o

tratamento da doença. Para isso é necessário também quebrar alguns tabus referentes à terapia,

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onde muitas vezes as pessoas pensam que quem faz acompanhamento psicológico são

“problemáticas” ou “loucas”.

Não há, tampouco, a pretensão de desenvolver um guia que sirva para médicos e

psicólogos especializados em casos de Vitiligo. Uma vez que apenas procurarei mostrar o lado

humano e cotidiano da doença. Porém ele é leitura indicada a toda e qualquer pessoa que necessite

ou se interesse em entender um pouco mais sobre o assunto. Procurarei encontrar, entre os

depoimentos coletados de portadores de Vitiligo, um denominador comum. E assim demonstrar como

é possível levar uma vida completamente normal, sem precisar se sentir envergonhado ou rejeitado

pelos que estão a nossa volta.

D) JUSTIFICATIVA PARA A ESCOLHA DO TEMA DA REPORTAGEM

O Vitiligo é uma doença de fundo emocional caracterizada pelo surgimento de manchas

brancas na pele. Segundo o livro: Psicossomática: uma visão Simbólica do Vitiligo, de Marisa Campio

Müller, a doença ocorre quando as células que dão pigmento a pele (melanócitos) são destruídas e a

melanina não pode ser mais produzida. Ainda no livro de Müller afirma-se que a incidência da doença

na população mundial é de 1%, afetando todas as raças e ambos os sexos. “As manchas da pele,

causadas pela despigmentação geralmente são branco-leitosas, de contorno nítido e irregular. De

início mostra-se pequena, aumentando gradualmente”1 afirma a autora. Segundo informações

publicadas no site Dermatologia.net o vitiligo costuma atingir principalmente a face, extremidades dos

membros, genitais, cotovelos e joelhos, mas pode chegar a acometer quase toda a pele. Quando

atinge áreas pilosas, os pêlos ficam brancos.

Existem dois tipos de vitiligo: o segmental e o não segmental. Neste primeiro as manchas

aparecem muito cedo e espalha-se rapidamente pela área afetada, mas a atividade geralmente cessa

após determinado período. Já o não segmental espalha-se progressivamente pelo corpo durante a

vida do paciente e é comumente associado a um pobre prognóstico, podendo cobrir a pele da pessoa

quase que totalmente, segundo o livro de Marisa Müller2.

Várias hipóteses foram atribuídas acerca do Vitiligo, já que até hoje ele é uma doença de

causa desconhecida. Marisa demonstra em seu litro, três hipóteses mencionadas por autores

consultados pela médica na excussão de sua tese. São elas: Hipótese auto-imune; Hipótese

neurogênica; Hipótese autodestrutiva. “O vitiligo é uma doença crônica. A evolução é completamente

imprevisível, não havendo nenhum critério clínico ou laboratorial que oriente o prognóstico. Há

situações de rápido surgimento, seguido por períodos de estabilidade e remissão”3 relada Marisa. A

autora também afirma que muitos pacientes atribuem o inicio do vitiligo a trauma físico, doença,

estresse emocional por perda de pessoas próximas ou acidentes.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam o vitiligo não é uma doença incurável. Existem

muitos tipos de tratamentos, porém no livro citado, segundo Azulay e Azulay (1997) a escolha do

método depende do grau da doença e das características físicas e psicológicas do paciente. Podem

1 MÜLLER, Marisa Campio. Psicossomática: uma visão simbólica do vitiligo. 1 ed. São Paulo: Vetor, 2005. p. 39.2 Idem (1), Ibidem. p. 40.3 Idem (1), Ibidem. p. 44.

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ser recomendadas desde aplicação de loções nas manchas e exposição ao sol até a opção da total

despigmentação em casos mais graves e avançados. Há também o tratamento cosmético

(camuflagem), que apenas disfarça as manchas na pele, mas que é essencial a auto-estima de

algumas pessoas. O uso de filtro solares também é apontando como um tipo de tratamento, pois as

áreas afetadas pelo vitiligo são totalmente desprovidas de proteção, já que não possuem melanina

(pigmentação).

[...] O vitiligo é, pois, uma doença sem uma etiologia definida, com prognóstico reservado e que

acarreta uma série de transtornos emocionais nos pacientes. O próprio surgimento do vitiligo está

associado a situações de estresse emocional. Contudo, ao tratar pacientes com vitiligo, é

necessário que o médico seja capaz de reconhecer que o doente não é somente a sua pele, mas

um todo, e, como referem Azulay e Azulay (1997), um ser humano que adoece, comprometido pelo

seu psiquismo. No entanto, poucos estudos têm sido realizados vinculando o vitiligo aos fatores

psicológicos (MÜLLER, 2005, p. 46)

No trecho citado acima, a autora reforça o fato de que o aspecto psicológico da doença não

deve ser ignorado. Muito pelo contrário, ele deve até mesmo ser levado em consideração na busca a

causa da enfermidade e nos tratamento da mesma. Ainda sobre a psique do vitiligo observamos outra

passagem que relata os transtornos sofridos por quem tem de conviver com a doença:

[...] Ficou bem evidenciado nos estudos pesquisados, o desconforto, a vergonha, a discriminação,

a baixa estima e o sentimento de inferioridade a que são submetidos os pacientes com vitiligo. A

dificuldade nos relacionamentos interpessoais, principalmente com estranhos, e, numa relação

intima, a limitação no uso de roupas, a necessidade de usar “creme-camuflagem”, o impedimento

de muitas atividades de lazer. Esses aspectos os leva a se sentirem diferentes e excluírem-se.

Esperava-se que pudesse ter havido algum trabalho de atendimento psicológico, como retorno, a

esses pacientes sujeitos das pesquisas. (MÜLLER, 2005, p. 47)

As observações da autora Marisa Müller evidenciam a carência de estudos relacionados ao

vitiligo que ressaltem o seu lado psicológico, emocional e social. Assim como as características

apresentadas em seu livro sobre as origens e consequências da doença também. Podemos concluir

então que a psique não é apenas uma coadjuvante e sim peça principal na saúde do corpo humano.

Afinal, se ela pode dar origem a tal doença manifesta na pele, pressupõe-se que ela também é de

igual valia para o tratamento e cura da mesma.

A fim de contextualizar o tema no tempo e espaço, consideremos alguns aspectos históricos

da doença. Usando como base ainda o livro de Marisa Müller, afirma-se que o vitiligo é uma doença

da antiguidade.

[...] Os dados mais antigos que se supõe serem referentes ao vitiligo foram encontrados em

escritas egípcias. Nair (1978) relata que o Ebers Papyrus, um clássico médico de cerca 1500 a.C.,

mencionava dois tipos de doenças de pele. Uma delas refere uma falta de pigmentação e parece

ser vitiligo. (MÜLLER, 2005, p. 35)

Além dessa passagem, a autora cita diversos outros autores que relatam a suposta

aparição de casos de vitiligo na história. Alguns na Índia, outros na Arábia e até mesmo registrados

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em passagens bíblicas. Marisa explica que num passado antigo o vitiligo foi frequentemente

confundido com a lepra. Isso porque a palavra hebraica zara at que significava manchas brancas, foi

traduzida como lepra, quando a bíblia foi passada do hebraico para o grego e depois para o inglês.

Há certa controvérsia quanto a origem a palavra vitiligo. Segundo Habif (1996) ela é

derivada do grego vitelus que significa bezerro. As manchas brancas de vitiligo assemelham-se com

os sinais brancos dos bezerros. Já Leider e Rosenblum (1988) apontam a origem como derivada da

palavra latina vitulum que significa mancha ou falta. O termo vitiligo se tornou usual como

nomenclatura científica até os dias de hoje, tendo sido usada pela primeira vez por Aulo Corneliu

Celso, em sua obra De Medicina4.

Alguns dados sobre o vitiligo no Brasil foram coletados em pesquisa aos Anais Brasileiros

de Dermatologia. O site apresenta um gráfico com porcentagens da incidência da doença de acordo

com a faixa etária. Foram analisados 100 pacientes durante 10 anos para o levantamento desses

dados. Segundo o site, 8% das pessoas com vitiligo tem de 10 a 19 anos, 23% tem de 20 a 29 anos,

32% tem de 30 a 39 anos, 17% tem de 40 a 49 anos, 13% tem de 50 a 59 anos, 4% tem de 60 a 69

anos, 1% tem de 70 a 79 anos e 2% tem mais de 80 ou menos de 10 anos5.

Outro índice investigado e levantado com os mesmos pacientes foram as queixas

relacionadas ao vitiligo. 70% das pessoas queixaram-se por medo, 57% por vergonha, 55% por

insegurança e tristeza, 53% por inibição, 50% por desgosto, 43% por impaciência, 36% por irritação,

35% por infelicidade e imagem negativa perante aos outros, 26% por raiva, 25% por amargura e falta

de autoconfiança e 18% por nojo de si mesmos. Outros dados não puderam ser consultados, pois o

site exige cadastro para acesso exclusivo de médicos com CRM6.

Após esta descrição geral sobre o que é, como se manifesta o vitiligo, e alguns registros

históricos da doença, serão enumeradas as razões pelas quais o tema foi escolhido para o

desenvolvimento do Projeto Experimental Voo Solo.

A primeira e mais significativa delas é a motivação pessoal. Sem a qual não haveria nem se

quer a mais remota intenção de tratar sobre deste assunto. Sou portadora do vitiligo há mais de 10

anos. Não me lembro exatamente quando foi que a mancha surgiu, só me lembro que começou a

causar receio quando o aumento progressivo dela já era evidente. Na época fui a alguns médicos

dermatologistas e cheguei até a começar, por diversas vezes, tratamentos com remédios

manipulados, pomadas e comprimidos. Porém não cheguei a concluir nenhuma deles.

Como experiência pessoal, creio que o que mais tenho a relatar é sobre a interação social.

Quanto a minha família e amigos eu nunca sofri nenhum tipo de discriminação ou rejeição. O máximo

que acontecia era alguém vir me perguntar por curiosidade o que era aquela minha mancha

esbranquiçada no pescoço. Eu nunca me importei em responder, porque realmente nunca me senti

incomodada com a doença a ponto de querer disfarçá-la ou escondê-la.

Outra situação curiosa que aconteceu algumas vezes comigo foi alguém me parar na rua

para falar sobre o assunto. Pessoas totalmente desconhecidas, no mercado ou no ponto de ônibus,

4 MÜLLER, Marisa Campio. Psicossomática: uma visão simbólica do vitiligo. 1 ed. São Paulo: Vetor, 2005. p. 38.5 ANAIS BRASILEIROS DE DERMATOLOGIA. Vitiligo e Emoções. Disponível em: <http://www.anaisdedermatologia.org.br/public/figuras.aspx?figura=1&id=100941>. Acesso em: 11 de abr. 2010.6 ANAIS BRASILEIROS DE DERMATOLOGIA. Vitiligo e Emoções. Disponível em: <http://www.anaisdedermatologia.org.br/public/figuras.aspx?figura=2&id=100941>. Acesso em: 11 de abr. 2010.

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ao reconhecer a minha mancha característica de vitiligo, vinham me perguntar sobre ela e até mesmo

me indicar tratamentos que ela ou algum familiar ou conhecido havia experimentado. Hoje eu consigo

ver que esse fato se opõe totalmente a descriminação que algumas pessoas sofrem por terem vitiligo.

Pois ao invés de afastar as pessoas de mim, o vitiligo as aproximou, mesmo que só por alguns

instantes. Mas pude perceber que ainda existem muitas pessoas boas por ai que estão dispostas a

ajudar os outros.

Outro fator importante para a escolha desse tema é a sua repercussão. Não só pelo fato de

ser uma doença de grande incidência no mundo, chegando a atingir 1% da população mundial

segundo registra o livro de Müller, mas também por ser um assunto polêmico que chama a atenção

por causar preconceitos e discriminação. A pele é o maior órgão do corpo humano e também é o que

fica mais exposto. Tanto a possíveis doenças e infecções como também ao olhar e julgamento das

pessoas ao redor. O vitiligo não é uma doença contagiosa, como a AIDS por exemplo. Porém não é

possível saber, apenas através da visão, se uma pessoa tem AIDS ou não. Portanto os portadores

dessa doença não se sentem inibidos de andar na rua e interagir com as pessoas em um primeiro

contato. Já o vitiligo, se não for disfarçado com maquiagem, pode ser facilmente notado na pele das

pessoas que tem a doença. Principalmente se ela for do tipo não segmental, que progride por quase

todo o corpo ficando bem aparente. E tal aspecto diferenciado pode causa repulsa e má interpretação

por parte das pessoas ao redor, que por falta de informação passam a evitar o contato com a pessoa

que tem vitiligo.

A falta de informação sobre o assunto talvez não seja o ponto principal dessa questão. A

maioria das pessoas tem acesso a internet e a bibliotecas onde podem encontrar diversos registros

sobre doenças de pele e sobre transtornos psicológicos. O que faz falta, não só nesse, mas em

outros temas semelhantes, é a discussão aberta e honesta. Ações como essa não são muito

desenvolvidas e incentivadas nos meios onde elas podem gerar opiniões concretas e embasadas,

como em escolas e universidades por exemplo. Uma pessoa com vitiligo dificilmente buscará um

lugar onde relatar sua experiência com a doença, pois possivelmente sinta vergonha de possuí-la.

Porém existem grupos na internet como a Comunidade Vitiligo7, que pretendem mostrar uma saída a

essas pessoas. Neste site é possível encontrar informações sobre a doença, tratamentos, fóruns de

discussão e também registros de depoimentos de pessoas que conseguiram vencer a doença e

superar o trauma.

Quanto a relevância jornalística do tema escolhido existem dois aspectos a serem

considerados: os Valores da Notícia e os Elementos de Interesse da Noticia. Quanto aos valores,

tanto a Proximidade, a Importância quanto a Oportunidade podem ser levadas em consideração no

tema abordado. Pois a pesquisa será focada dentro do estado de São Paulo. A saúde física e mental

da população é um fato constantemente abordado em publicações jornalísticas e de importância

inquestionável, uma vez que é ao redor dela que giram todas as outras funções do ser humano. O

projeto em si é a oportunidade de se estudar e se aprofundar num tema que exige um tempo e

espaço maior, recebendo o destaque merecido.

7 COMUNIDADE VITILIGO. Com você na luta contra o Vitiligo. Disponível em: <http://www.vitiligo.com.br/>. Acesso em: 10 de abr. 2010.

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Dentre os elementos de interesse da notícia, destacamos o de Fato Incomum, pois mesmo

sendo uma doença que afeta uma parcela considerável da população, o assunto não é comumente

abordado pela grande mídia. Uma vez que não há grandes descobertas nem grandes escândalos,

isso porque o vitiligo é uma doença que se manifesta somente na pele e não coloca em risco a vida

da pessoa, desde que ela não exponha as áreas afetadas ao Sol. A Expectativa, também é um

elemento de interesse presente no tema, já que o vitiligo ainda é uma doença de causa desconhecida

e está frequentemente sendo pesquisado por médicos e psicólogos do mundo todo. E se pensarmos

que o público alvo da publicação é, em grande parte, os próprios portadores da doença, então a

expectativa também é relacionado ao fato de que a evolução da doença é totalmente imprevisível

como foi citado mais acima. Por mais que façam tratamentos e que vejam algum resultado, os

pacientes com vitiligo sempre estão em busca de novas informações que os ajude a entender as

causas, a evolução e as possíveis consequências da doença. Tal fato também explica o elemento de

interesse estipulado como “Acontecimentos que afetam um Grupo”.

Uma das receitas infalíveis para um trabalho ser bem feito é unir o útil ao agradável. Ou

seja, fazer algo que precisamos com algo que temos que fazer por obrigação. Com o Projeto

Experimental Voo Solo que será desenvolvido durante o ano de 2010, isso não será diferente. O

significado pessoal que o tema tem para mim, junto com a sua importância jornalística e social, são

os elementos chaves para a execução deste trabalho. Pois as informações, dados, depoimentos e

entrevistas que serão realizadas, não irão somente suprir as necessidades do produto que será

futuramente produzido, mas também irão suprir as curiosidades e dúvidas que tenho sobre o assunto.

Sendo assim, a obra contará também com certa dose de subjetividade empregada tanto na captação

como no relato dos fatos e depoimentos recolhidos. Porém esse aspecto não irá interferir da

transmissão integra e verdadeira das informações, muito menos na interpretação e possibilidade de

reflexão do leitor sobre obra.

E) JUSTIFICATIVA PARA A ESCOLHA DESTE SEGMENTO PREVISTO NO REGULAMENTO DO VÔO SOLO

O segmento escolhido para o desenvolvimento do tema apresentado é o Livro-Reportagem

Texto. Edvaldo Pereira Lima, em seu livro Páginas Ampliadas, define o livro reportagem como um

veículo de comunicação jornalística que desempenha papel específico, de prestar informação

ampliada sobre fatos, situações e idéias de relevância social, abarcando uma variedade temática

expressiva8. O autor também afirma que: “O livro-reportagem preenche vazios deixados pelo jornal,

pela revista, pelas emissoras de rádio, pelos noticiários da televisão, até mesmo pela internet”9. Isso

porque hoje, o jornalismo contemporâneo é preso as regras de execução e produção das grandes

mídias que muitas vezes o impedem de abordar em sua totalidade determinados assuntos que talvez

merecessem mais atenção.

8 LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2009. p. 1.9 Idem (8), ibidem. p.4.

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Em seu livro, Edvaldo subdivide o livro-reportagem em diferentes grupos. Dentre eles, o que

mais se encaixa no perfil de publicação do tema proposto é a livro-reportagem-retrato. Seu propósito

é focalizar um setor da sociedade e procurando traçar um retrato do tema em questão, visa elucidar,

sobre tudo seus mecanismos de funcionamento, seus problemas, sua complexidade10. Também é

possível encaixar o livro proposta na classificação de livro-reportagem-atualidade. Ele busca

selecionar os temas atuais dotados de maior perenidade no tempo, mas cujos desdobramentos finais

ainda não são conhecidos. Permitindo assim que o leitor possa resgatar as origens do que ocorre,

seu contorno do presente e as tendências possíveis de seu desfecho no futuro11.

O fato de tratar o Vitiligo pelo âmbito da psicologia permite o desenvolvimento de diversas

reflexões e até mesmo criticas, tanto por parte da autora do livro-reportagem que será produzido,

como também por parte dos diversos depoimentos e fontes que terão voz através dele. Tendo

definido o segmento de publicação que será trabalhado, passamos aos motivos que levam a escolha

dele em detrimento dos outros disponíveis.

O primeiro e talvez mais importante aspecto do livro-reportagem, que faz com que ele seja

adequado para o desenvolvimento do tema já está implícito na própria definição do que é livro-

reportagem, citada acima. Pois, segundo Edvaldo Pereira Lima, “ele estende a função informativa e

orientativa do jornalismo cotidiano, ampliando, para o leitor, a compreensão da realidade”. Isso

porque o livro maximiza os recursos operativos do jornalismo, podendo oferecer uma cobertura muito

mais profunda sobre determinado fato. O que é um dos principais objetivos deste projeto.

O jornalismo literário é uma alternativa aos que não querem ficar presos a

espetacularização cada vez mais presente na mídia de massa, segundo o jornalista e professor

Felipe Pena em seu livro Jornalismo Literário. “Revista de fofocas, tablóides e até a chamada grande

mídia estão entorpecidas pela busca da audiência e dos patrocinadores. Um puxa o outro, em um

ciclo vicioso, inesgotável” afirma o autor do livro. Pena vai além e afirma que esse gênero não serve

somente para o jornalista exercite sua veia literária, mas sim para potencializar os recursos do

Jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da

realidade, exercer plenamente a cidadania, romper as correntes burocráticas do lead e principalmente

garantir perenidade e profundidade aos relatos. “No dia seguinte, o texto deve servir para algo mais

do que simplesmente embrulhar o peixe na feira”12 provoca Felipe Pena com seu característico humor

ácido. Porém, algumas linhas abaixo o autor diminui sua critica ao dizer que o jornalismo literário não

ignora o que aprendeu no jornalismo diário, nem joga suas técnicas narrativas no lixo. Apenas as

desenvolve de maneira que acaba constituindo novas estratégias profissionais.

Sendo assim, o texto feito para o livro-reportagem, mesmo diferenciando-se do texto do

jornalismo cotidiano, ainda usa algumas de suas técnicas e recursos. Como por exemplo, a técnica

da pirâmide invertida e a captação de informações através de entrevistas a fontes especializadas. Da

mesma forma, o texto do jornalismo literário também deve se valer dos recursos e artifícios da

literatura em sua execução. Com textos mais longos e trabalhados, a narrativa dentro do livro

10 LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2009. p. 53.11 Idem (10), ibidem. p. 56.12 PENA, Felipe. Jornalismo Literário. 1 ed. São Paulo: Contexto, 2006. p. 13.

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reportagem é uma das ferramentas mais importantes, e por isso deve ser pensada juntamente com a

formatação do roteiro e do conteúdo que será publicado.

No livro O Texto da Reportagem Impressa de Oswaldo Coimbra diz-se que: “A estrutura do

texto da reportagem narrativa não se apóia num raciocínio expresso. Sua característica fundamental

é a de conter os fatos organizados dentro de uma relação de anterioridade ou posterioridade,

mostrando mudanças progressivas de estado”13. Assim como citado acima, também aprendemos

durante as aulas de Gestão em Jornalismo Impresso com o professor Sérsi Bardári, que toda

narrativa implica operações discursivas que contém enunciados de estado e ação, onde sempre há

uma ou mais transformação dentro do episódio narrado. Essas transformações são divididas em

quatro fases da narrativa: Manipulação, Competência, Performance e Sansão. É através desses

conceitos que o texto jornalístico literário deve ser construído, de modo que o fato relatado tenha um

começo, meio e fim, mesmo que eles não venham apresentados nesta ordem.

Na mesma linha de pensamento, colocamos também outra característica literária que não

pode ser desconsiderada pelo jornalismo que pretende narrar um tema em profundidade. A natureza

da literatura, segundo Marcelo Bulhões em seu livro Jornalismo e Literatura em Convergência, é de

dotar a linguagem verbal de uma dimensão em que ela não é meio, mas fim. “Na literatura a

linguagem não é mera figurante, mas centro das atenções”14 afirma Bulhões. Ou seja, o importante

não é só o que você narra, e sim como você narra. Que recursos linguísticos e discursivos são

usados para enfatizar e caracterizar determinada obra. O autor também dá a sua definição sobre a

natureza do jornalismo, que seria a de tomar a existência como algo observável, comprovável,

palpável a ser transmitido como produto digno de credibilidade15. Prestando um testemunho do “real”

fixando-o e ao mesmo tempo buscando compreendê-lo. Vemos no seguinte trecho, como Bulhões

relaciona as duas expressões:

[...] Vistas tais diferenças fundamentais entre jornalismo e literatura, é de super que as duas

expressões percorressem caminhos separados e até opostos, uma se posicionando na contramão

da outra. Um simples olhar retrospectivo, no entanto, dá testemunho de momentos de uma

recíproca atração irresistível, pois as manifestações de convivência e conexão não foram isoladas

ou discretas. (BULHÕES, 2007, p. 27)

Mais a frente na publicação, Marcelo Bulhões cita como principais pontos de convergência

entre literatura e jornalismo a narratividade e a temporalidade.

A pauta jornalística desenvolvida na produção de um livro-reportagem é quase que um

roteiro de programação. Detalhando todos os passos, locais, horários, custos e orientações

necessárias ao repórter, que segundo o livro A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa

jornalística de Nilson Lage, é aquele que está onde o leitor, ouvinte ou espectador não pode estar16.

Porém, da mesma forma que a pauta do jornalismo cotidiano, ela deve seguir a sua função primária,

que segundo o livro citado é a listagem dos fatos a serem cobertos e dos assuntos a serem

13 COIMBRA, Oswaldo. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura. 1 ed. São Paulo: Editora Ática, 1993. p. 4414 BULHÕES, Marcelo Magalhães. Jornalismo e Literatura em convergência. 1 ed. São Paulo: Ática, 2007. p. 12.15 Idem (14), ibidem. p. 11.16 LAGE, Nilson. A reportagem: Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 23.

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abordados em reportagens, além de eventuais indicações logísticas e técnicas. A pauta é essencial

para a execução do trabalho de um repórter, porém assim como afirma Lage “O trabalho da

reportagem não é apenas o de seguir um roteiro de apuração e apresentar um texto correto. Como

qualquer projeto de pesquisa, envolve imaginação, insight...”17.

Um dos grandes diferenciais do livro-reportagem é a possibilidade de realizar uma obra de

jornalismo especializado. A segmentação de conteúdos da mídia nos dias de hoje é cada vez maior, e

necessita cada dia de mais profissionais não apenas qualificados profissionalmente, mas que tenham

experiência em determinadas áreas especificas de editoração. Na produção de um livro reportagem é

possível desenvolver essa especialização de forma bastante ampla. O livro de Nilson Lage comenta a

reportagem especializada no trecho a seguir:

[...] A informação jornalística é o espaço privilegiado da reportagem especializada. Uma

peculiaridade dela é destinar-se a públicos mais ou menos heterogêneos. A máxima

heterogeneidade obtém-se na audiência presumível de uma emissora de televisão em circuito

aberto (audiência de massa) a mínima heterogeneidade possível em jornalismo encontra-se entre

os leitores de magazines os sítios de internet destinados a aficionados de uma atividade prática ou

conhecimento. É claro que, quanto mais específico o público, mais se pode particularizar a

linguagem. (LAGE, 2009, p. 113)

Outra tarefa que será bem desempenhada pelo veículo escolhido é a de transformação de

conhecimento cientifico tecnológico em informação jornalística. Pois existem diversos termos médicos

e até mesmo psicológicos que terão de ser explicados para que o leitor tenha uma compreensão

geral do que é relatado. Nilson Lage lista em seu livro alguns dos objetivos específicos que se têm ao

tratar de ciência e tecnologia numa reportagem especializada. Dentre eles o de fornecer insumos e

modelos de pensamento para reflexão mais atualizada sobre grandes temas como a vida, o universo

e o futuro. “A reportagem de ciência e tecnologia cumpre algumas funções básicas: informativa;

educativa; social; cultural; econômica; político-ideológica.”18 lista o jornalista. E ele completa

afirmando que o texto jornalístico não é nem pretende ser exato, a exatidão é objetivo da pesquisa

científica.

Além de todos os motivos e conceitos citados acima para a escolha deste segmento, o mais

relevante talvez seja o simples fato de que o público específico a que este projeto será destinado

busca a informação mais concreta e perene possível. Tanto os portadores de Vitiligo, quanto

médicos, psicólogos ou qualquer outra pessoa que se interesse pelo tema, irá querer guardar e ter a

oportunidade de também refletir sobre o tema. E um livro proporciona essa ligação melhor do que

qualquer outro meio.

17 LAGE, Nilson. A reportagem: Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 35.18 Idem (17), Ibidem. p. 122.

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F) PLANO GERAL DA REPORTAGEM

Com a delimitação do seguimento, justificada acima, o livro-reportagem que será produzido

também necessita de capítulos e outras subdivisões. Primeiramente a fim de organizar o seu

conteúdo, de forma que a leitura siga uma linha lógica de raciocínio. Dando a obra um significado

coerente como um todo. É importante definir previamente essa estrutura onde serão inseridos os

conteúdos apurados através da reportagem.

Assim como foi feito na justificativa para a escolha do tema, o livro irá conter uma breve

contextualização que virá logo no primeiro capítulo. Esta seção dará conta de explicar aspectos

técnicos, físicos e psicológicos da doença. Também haverá um subtítulo dentro deste capítulo

destinado a mostrar alguns registros históricos.

Não haverá apenas um capítulo destinado ao relato de depoimentos de pessoas que

possuem a doença. Eles irão aparecer no decorrer da história conforme forem aparecendo os

assuntos que foram falados. E nesses depoimentos constará toda a experiência vivida pela pessoa,

desde o aparecimento das manchas, passando pela busca por tratamentos e chegando até a sua

cura, se esse for o caso. O objetivo de reunir esses relatos é tentar mostrar um lado mais humano da

doença, que é o enfoque principal do livro. Serão abordados temas relacionados a doença, como o

preconceito, a aceitação e os distúrbios psicológicos.

Também não haverá apenas um capítulo destinado às entrevistas com especialistas na

área. Assim como os depoimentos elas aparecerão esporadicamente durante a narrativa. Serão

consultados pelo menos um psicólogo e um dermatologista que sejam especializados em vitiligo ou

em psicossomática. Nessa etapa serão abordados principalmente os diagnósticos das causas do

vitiligo e os tratamentos existentes. Haverá um aprofundamento quando a abordagem de pesquisas e

testes que estão sendo feitos acerca da doença no Brasil e no mundo.

Para enfatizar a importância do acompanhamento psicológico no tratamento do vitiligo, será

construído um capítulo destinado somente a organizações e grupos que buscam dar apoio a quem

sofre com a discriminação e privações da doença.

Se tratando de um tema técnico e ligado a ciência e medicina existem diversos termos e

expressões que não são de conhecimento popular. Entretanto o livro não terá um glossário, o

significado dos termos que terão de ser utilizados no decorrer da obra serão explicados dentro dos

próprios textos de forma a misturar-se com a história. Dessa forma a leitura não terá de ser

interrompida para uma consulta em outra parte da publicação, não perdendo a sua continuidade. Se

possível alguns termos poderão ser substituídos por palavras mais simples, ou que terão o seu

significado explicado através do contexto.

Contendo as especificações citadas acima o livro irá seguir a seguinte linha: a progressão

da doença na vida de uma pessoa. Ou seja, começará falando de como surge o Vitiligo. Depois

contar como é a reação das pessoas ao diagnosticar a doença. Depois relatar a busca por

tratamentos. Depois exemplificar alguns dos tratamentos mais utilizados e eficazes, e o

acompanhamento psicológico dos pacientes. Depois contar a conclusão desses tratamentos, se

levaram a cura ou não. E por fim registrar como as pessoas convivem com o Vitiligo e o preconceito.

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Page 11: Formulario voo solo

G) FONTES CONSULTADAS NESTA FASE DE PROPOSTA

Até o momento de entrega da presente proposta ainda não foi estabelecido contato com

nenhuma possível fonte que pretendo utilizar no projeto. Apenas entrei em contado via e-mail com a

Clínica Vitiligo de São Paulo, informando que gostaria de visitar o local e entrevistar algum médico

especialista na doença, porém ainda não obtive resposta. Tentarei contatá-los por e-mail e ainda em

Julho ir até o local. Também enviei um e-mail ao site Comunidade Vitiligo para tentar contatar algum

representante no estado de São Paulo, mas também ainda não recebi retorno.

Além dos médicos da Clínica Vitiligo, também será interessante consultar fontes dentro do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Tanto no departamento de Dermatologia

como no de Psiquiatria.

A autora do livro “Psicossomática: uma visão simbólica do vitiligo”, Marisa Campio Müller

também será utilizada como uma das fontes principais do livro-reportagem. Seu livro provém da tese

de doutorado de medicina da autora. Seu conteúdo demonstra a relação entre corpo e mente, doença

e estresse emocional. Por esse estudo aprofundado e específico é que a autora se torna uma fonte

indispensável a ser consultada, não só bibliograficamente.

Os depoimentos de pessoas portadores da doença deverão ser coletados por meio dos

centros e clínicas que visitarei. Por isso ainda não estabeleci contato com ninguém até o momento.

H) METODOLOGIA DE TRABALHO

Como qualquer produto jornalístico, o livro-reportagem necessita de planejamento prévio e

detalhado. Pois quando se busca aprofundamento em um tema é preciso saber exatamente onde,

quando e como buscar e coletar as informações. Com um bom roteiro de produção e boas pautas

para guiar as idas a campo, o jornalista não irá perder tempo com o que não lhe interessa, ele irá

diretamente ao foco de sua pesquisa. Sendo assim, todo planejamento da metodologia adotada será

sempre visando os objetivos citados neste trabalho.

A primeira das etapas já foi concluída na produção deste formulário. Aqui buscamos

fundamentar e justificar a escolha do tema, o que dirá se ele se adéqua a proposta no projeto ou não.

As primeiras definições de como será o produto final também foram feitas nesta etapa.

Depois de entregue o formulário com a proposta devidamente preenchida, começa o

processo de produção das reportagens. Primeiramente serão definidas as pautas. Segundo Nilson

Lage, pauta é “planejamento de uma edição, ou parte da edição com a listagem dos fatos a serem

cobertos e dos assuntos a serem abordados em reportagens, além de eventuais indicações logísticas

e técnicas: ângulo, dimensão, recursos disponíveis e sugestão de fontes”19. Formulando as

perguntas, agendando encontros e programando todas as saídas que serão necessárias para coletar

as entrevistas e depoimentos. Verificar o equipamento e material que será utilizado, como por

19 LAGE, Nilson. A reportagem: Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2009. p. 34.

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Page 12: Formulario voo solo

exemplo, gravador, câmera fotográfica, bloco de apuração, caneta e o que mais for preciso para

efetuar o trabalho.

A seguir virá o processo de organização e separação do material que será utilizado na

execução do texto da reportagem. Seguindo o “Plano Geral da Reportagem”, mas também estando

atento ao que é interessante ser acrescentado ou eliminado. Muitas vezes numa entrevista acabamos

conseguindo informações a mais ou diferentes daquilo que esperávamos, por isso é importante se ter

essa flexibilidade ao montar a reportagem. Portanto, qualquer uma das especificações estruturais

previstas no planejamento poderá ser futuramente alterada no livro que será produzido.

Entraremos então na etapa de redação, onde todo o material coletado ganhará corpo e

seguirá uma sequência lógica. O texto irá seguir o gênero narrativo literal em sua totalidade. Segundo

Edvaldo Pereira Lima o livro-reportagem, de um nível superior de complexidade temática e estilística,

apresenta características semelhantes ao romance. Ambos visam ao conhecimento da realidade

humana e devem construir uma formula estética que torne ao leitor agradável a leitura20. Os capítulos

terão uma ligação entre si para que possa haver uma continuidade na leitura, isso porque não se trata

de um livro técnico e didático, se trata de um livro literal que relatará através de uma história, o vitiligo

da perspectiva psicológica. Os depoimentos e entrevistas serão amarrados a essa história ao longo

da narrativa.

Após a conclusão da etapa de redação, ou até mesmo durante este processo, será feita a

diagramação do material nas páginas. Como o livro será somente de textos, sem fotos, será preciso

definir as fontes a serem utilizadas no corpo do texto, nos títulos e sub títulos. Na capa haverá o título

da publicação, que é o mesmo apresentado neste formulário, e o nome da autora. Também não

haverá fotos na capa, apenas será feita uma ilustração a mão também produzida pela autora do livro.

Estando concluídas as etapas acima, o trabalho será encaminhado para impressão em

gráfica. O formato pensado para a publicação é de 14 centímetros de largura por 21 de comprimento.

O material do papel das folhas internas e da capa será definido posteriormente.

I) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

De 5 a 11 de JulhoRedigir Pautas. Quem entrevistar, perguntas, etc.

De 12 a 18 de JulhoRedigir Pautas. Quem entrevistar, perguntas, etc.

De 19 a 25 de JulhoProdução das Pautas. Contatar e agendar entrevistas

De 26 de Julho a 1 de AgostoProdução das Pautas. Contatar e agendar entrevistas

De 2 a 8 de AgostoProdução das Pautas. Ida a campo para coletar dados e entrevistas.

De 9 a 15 de Agosto

20 LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2009. p. 268 e 269.

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Page 13: Formulario voo solo

Produção das Pautas. Ida a campo para coletar dados e entrevistas.

De 16 a 22 de AgostoProdução das Pautas. Ida a campo para coletar dados e entrevistas.

De 23 a 29 de AgostoProdução das Pautas. Ida a campo para coletar dados e entrevistas.

De 30 de agosto a 5 de SetembroOrganização do Material coletado.

De 6 a 12 de SetembroRedação dos textos da reportagem.

De 13 a 19 de SetembroRedação dos textos da reportagem.

De 20 a 26 de SetembroRedação dos textos da reportagem.

De 27 de Setembro a 3 de OutubroRedação dos textos da reportagem.

De 4 a 10 de OutubroDiagramação das páginas. Contatar gráfica para acertar detalhes da impressão

De 11 a 17 de OutubroDiagramação das páginas. Finalização dos últimos detalhes e envio para rodagem na gráfica.

De 18 a 24 de OutubroRevisão do material já impresso.

De 25 a 31 de OutubroPreparação para a apresentação oral.

J) INDIQUE A BIBLIOGRAFIA QUE VOCÊ UTILIZOU, ATÉ O PRESENTE MOMENTO, PARA FAZER ESTA PROPOSTA.

Bibliografia relacionada ao tema:

ANAIS BRASILEIROS DE DERMATOLOGIA. Vitiligo e Emoções. Disponível em: <http://www.anaisdedermatologia.org.br/public/figuras.aspx?figura=1&id=100941> e <http://www.anaisdedermatologia.org.br/public/figuras.aspx?figura=2&id=100941>. Acesso em: 11 de abr. 2010.

COMUNIDADE VITILIGO. Com você na luta contra o Vitiligo. Disponível em: <http://www.vitiligo.com.br/>. Acesso em: 10 de abr. 2010.

MÜLLER, Marisa Campio. Psicossomática: uma visão simbólica do vitiligo. 1 ed. São Paulo: Vetor, 2005.

Bibliografia relacionada à atividade jornalística:

BULHÕES, Marcelo Magalhães. Jornalismo e Literatura em convergência. 1 ed. São Paulo: Ática, 2007.

COIMBRA, Oswaldo. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura. 1 ed. São Paulo: Editora Ática, 1993.

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Page 14: Formulario voo solo

LAGE, Nilson. A reportagem: Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 8 ed. Rio de Janeiro: Record, 2009.

LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas Ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 4 ed. Barueri, SP: Manole, 2009.

PENA, Felipe. Jornalismo Literário. 1 ed. São Paulo: Contexto, 2006.

O aluno proponente abaixo apresenta esta Proposta para realização de Projeto Experimental (Vôo Solo), para a qual solicita qualificação e aprovação, visando a posterior execução no segundo semestre letivo de 2010.

NOME ASSINATURAHeloisa Alencar Ikeda

[FIM DA PROPOSTA]

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