Fortificações coloniais em Santa Catarina: Imagens, história e memória

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Livro sobre a História de Santa Catarina. Início do período da ocupação colonial. Fortificações catarinenses.

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EDITORA

FORTIFICAÇÕES COLONIAISEM SANTA CATARINA

Imagens, história e memória

Rodrigo Simas Aguiar

EDITORA

2012

Capa e projeto gráfico

Rodrigo Dias Pereira

Diagramação

Editora Garapuvu

Revisão

Maria Eugênia F. de Castilho

© Rodrigo Simas Aguiar

A282f Aguiar, Rodrigo SimasFortificações coloniais em Santa Catarina: Imagens, história e memória/Rodrigo Simas Aguiar. Florianópolis : Editora Garapuvu, 2012.

60 p.

ISBN - 978-85-86966-76-7

1. História - Brasil 2. História de Santa Catarina 3. Rodrigo Simas Aguiar I. Título

CDD - 981

Garapuvu (Schizolobium parahyba), árvore de 20 a 30 metros de altura, 60 a

80 centímetros de diâmetro na altura do peito. Flores grandes, vistosas, ama-

relas. Tronco elegante, majestoso, reto, alto e cilíndrico, casca quase lisa, de

cor cinzenta muito característica. Floresce durante os meses de outubro, no-

vembro e dezembro. Ocorre na zona da mata atlântica, desde o extremo norte

do Estado até Criciúma, principalmente ao longo das encostas do litoral. Ma-

deira de uso múltiplo, inclusive na construção de canoas por nossos pescado-

res nativos. O garapuvu é a árvore símbolo da cidade de Florianópolis, instituído

por lei municipal (Lei no 3771/92, sancionada em 25 de maio de 1992).

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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

Proibida qualquer reprodução, seja mecânica ou eletrônica,

total ou parcial, sem prévia autorização da editora.

SUMÁRIOIntrodução ...................................................................................................................................................... 6As fortalezas como patrimônio cultural .......................................................................................................... 10Origem e função das estruturas defensivas..................................................................................................... 13As estruturas defensivas no Brasil ................................................................................................................... 17O período colonial e o povoamento do litoral de Santa Catarina ................................................................... 23O fio da meada (1500-1675) ........................................................................................................................ 29Localização das fortificaçõs na Ilha de Santa Catarina ...................................................................................... 30As Fortalezas - Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim ................................................................................ 31A fortaleza de São José da Ponta Grossa ........................................................................................................ 37Forte de Santo Antônio da Ilha de Ratones .................................................................................................... 41Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição da Ilha de Araçatuba .................................................................... 45Forte Santana ................................................................................................................................................ 47Os Outros Fortes - Forte de São Francisco Xavier ......................................................................................... 49Forte São Luiz ............................................................................................................................................... 50Forte São João .............................................................................................................................................. 50Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa ..................................................................................... 50Forte Santa Bárbara ....................................................................................................................................... 51Bateria de São Caetano ................................................................................................................................. 51A Invasão Espanhola de 1777 e o declínio das fortificações catarinenses ......................................................... 52O fio da meada (1680-1777) ........................................................................................................................ 54Palavras Finais ................................................................................................................................................ 55Obras Consultadas ........................................................................................................................................ 56Crédito de imagens ....................................................................................................................................... 59

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FORTIFICAÇÕES COLONIAIS EM SANTA CATARINA: Imagens, história e memória

EINTRODUÇÃO

Escrever um livro sobre as fortalezas catarinenses em algunsmomentos se mostrou uma empresa nada fácil. Em boa parteporque há obras de qualidade que já foram escritas por pessoasexpoentes em diversos campos do conhecimento. Na arquiteturacontamos com o livro de Eliane Verasda Veiga. Já o campo militar érepresentado pela obra de CândidoCaldas. As pesquisadoras RosângelaMaria de Melo Machado e Sara ReginaSilveira de Souza contemplam o campoda história no registro bibliográfico acercadas fortificações catarinenses. Numaperspectiva multidisciplinar, temos aindao grande projeto coordenado porRoberto Tonera, denominado“Fortalezas Multimídia”. Se porventuratenha me esquecido de mencionar outras obras relevantesapresento minhas desculpas. Mas, em suma, satisfaz dizer que otema, mesmo longe de estar bem explorado, já apresenta obrasproeminentes.

Contudo, ainda me parecia faltar uma obra que aliasse duas carac-terísticas fundamentais: escrita com uma linguagem de amplo aces-so e que figurasse estes ícones da arquitetura militar dentro daperspectiva de patrimônio cultural. Um livro dessa natureza servi-

ria também como um guia privilegiado,que rapidamente colocaria um leigo a pardas problemáticas históricas e culturaisrelacionadas ao espaço que estes monu-mentos arquitetônicos ocupam na socie-dade catarinense. Dessa forma nasceu opresente livro.

Discutir as fortalezas, sem dúvida requeruma viagem a um passado muito distan-te, quando das primeiras viagensexploratórias e do movimento de colo-

nização do território americano por parte das potências coloniaiseuropeias. Os engenhos mentais que movimentavam estas ex-pedições de “descobrimentos” – palavra colonialista e eurocêntrica– emergiram de um contexto anterior, ainda de cunho medieval.

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Apesar das primeiras navegações europeias terem aportado emterritório americano já no renascimento, um conteúdo intelectualainda predominantemente medieval influenciou as decisões des-tes conquistadores e dos gestores coloniais.

O território estava ocupado por populações autóctones, cujoshábitos e forma de organização social muito chocaram o europeu,ainda dotado deste forte imaginário medieval. Assim sendo, esteshabitantes do novo mundo passaram a ser chamados de selvagens,uma alusão ao silvaticus, personagem dos contos de cavalaria quevivia apartado da civilização e cultivava hábitos bestiais. Com efeito,muitas das características desta figura folclórica medieval foramtranspostas aos ameríndios, de maneira a criar uma justificativa paraa conquista: a não humanidade do indígena. Com o tempo e dianteda impossibilidade de sustentar tal disparate, a justificativa passou aser atrelada à “salvação” das almas perdidas do novo mundo.

O processo de colonização destes territórios do novo mundo sedava por meio de competição entre as potências, pois as colôniasrepresentavam um ingresso de riquezas. A economia colonial

estava baseada num modelo essencialmente mercantilista comênfase no metalismo. Este modelo econômico previa a exploraçãodesmedida de um território tomado pela força, utilizando-se demão de obra escrava nos empreendimentos. A metrópoleportuguesa já havia constatado o êxito do modelo colonial a partirdos territórios africanos, cujo processo de conquista começouno século XIV com a ocupação das Ilhas Canárias.

Em meados do século XVII, transcorridos cerca de cem anosdesde a descoberta do Brasil, a partilha das terras americanasestava relativamente definida, porém, tinha início um conturbadoprocesso de demarcação de fronteiras. Havia a necessidade degarantir a segurança das colônias e de efetivar o domínio sobreos novos territórios. Para tanto, a solução foi enviar levascolonizadoras a fim de legitimar a conquista.

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O impasse entre os dois reinos no que diz respeito à demarcaçãodas terras e o intenso fluxo de expedições espanholas quenavegavam por terras catarinenses quando rumo ao Rio da Pratafez com que as duas coroas voltassem suas atenções para as terrasdo sul. Temendo uma invasão espanhola na região de Desterro,Portugal decide fortificar o litoral catarinense. O motivo era simples:Desterro mostrava-se um ponto estratégico por ser o último portode abastecimento antes da entrada para o Rio da Prata.

O Brigadeiro José da Silva Paes foi o responsável pela implantaçãodas fortalezas, desembarcando em Desterro em 1739, ano emque deu início ao empreendimento. O objetivo do brigadeiroera criar um triângulo defensivo: as fortalezas de Santa Cruz, SãoJosé e Santo Antônio, teoricamente, cruzariam fogo, barrando oacesso à baía norte. Santa Cruz teve sua conclusão em 1744, eas demais fortificações pouco tempo depois. A entrada pelo sulda Ilha de Santa Catarina, mais estreita, foi protegida por meio daedificação da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, na ilhotade Araçatuba.

Muitos dos acontecimentos daquela época só chegaram ao nossoconhecimento porque navegadores, conquistadores eaventureiros elaboraram textos e relatórios sobre as terras poronde passaram. Estes autores ficaram conhecidos como cronistase em seus relatos percebemos detalhes que nos levam a imaginara Desterro de outros tempos. Estes navegadores e aventureirosrelataram para o Velho Mundo os acontecimentos por elesvivenciados, em suas aventuras e desventuras pelo Novo Mundo.Atravessando os séculos, as crônicas se mostraram documentosfundamentais para a história americana.

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As fortalezas são uma herança deste período histórico. Es-tas destacadas edificações tiveram momentos de abando-no intercalados por ativa participação na história catarinen-se. Após intervenções de restauro, as fortalezas se conver-teram em atração turística, mas sempre integrando a me-mória histórica de nosso Estado. Os capítulos que seguemabordarão justamente a história destas edificações milita-res, destacando a importância que exercem para Santa Ca-tarina. Mas antes é importante fazer uma reflexão acercadas fortalezas enquanto patrimônio cultural.

Forte de Santo Antônio da Ilha de Ratones

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AAS FORTALEZAS COMO PATRIMÔNIO CULTURAL

A identidade de um povo é formada por elementos culturais,materiais e imateriais, que garantem a coesão social e permitemque o universo dos atores sociais se equilibre dentro de basesideológicas e representações acerca do passado e do futuro. Oselementos culturais herdados de nossos ancestrais são classificadoscomo “patrimônio cultural”. E na qualidade de patrimônio, alémde herdado será também legado às gerações futuras, cabendo anós, que vivenciamos o presente, estabelecer uma correta gestãode nossos bens culturais.

abstrato e do não palpável. Nesta ampla categoria estariamincluídos os cantos, a religião, as lendas, as danças e todas asoutras manifestações do intelecto humano.

As fortalezas catarinenses, dentro desta perspectiva, sãogigantescos testemunhos do passado e se elevam em meio àpaisagem a fim de lembrar nossas origens e os caminhos adotadospor aqueles que ajudaram a construir o tempo que hoje vivemos.

Toda nossa identidade é moldada com base em umsubstrato cultural. Esta cultura pode se manifestar porduas vias: a cultura material e a cultura imaterial. Aprimeira é composta de elementos físicos, palpáveis,como objetos e artefatos, cujos empregos sãoarranjados e rearranjados no interior da sociedade.As estruturas arquitetônicas estão incluídas nestacategoria de patrimônio material. Já o patrimônioimaterial é formado por toda gama de saberes efazeres moldados no campo do simbólico, do Vista da Fortaleza de São José da Ponta Grossa

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Fortaleza de São José da Ponta Grossa, na Ilha de Santa Catarina. Na foto

acima em 1989 e abaixo após a restauração

Este patrimônio arquitetônico é um veículo de acesso à memóriahistórica que nos ajuda a entender quem somos. De fato, somosatores sociais e só podemos viver em um mundo que nos façasentido. Sendo assim, estabelecemos elos contínuos com nossopatrimônio cultural a fim de auferir este sentido de mundo.Quando o patrimônio cultural é degradado, decorre um processode instabilidade social pela perda da memória e pelo nãoreconhecimento de um passado e presente compartilhados,substratos vitais para dotar nosso mundo de sentido.

Dessa forma, os processos de intervenção e restauro dos bensculturais são fundamentais para a sociedade. Além de criarinteressantes dispositivos de visitação pública, aproveitamentoturístico e embelezamento do entorno habitacional, antes estesbens culturais preservados e revitalizados nos permitemfundamentar as identidades. A experiência de Santa Catarina, como restauro e plano de manejo de suas fortificações, mostrou-seexemplar, com resultados profícuos. Hoje, as fortalezas catarinensessão atrações turísticas visitadas anualmente tanto por excursionistascomo por moradores locais, colaborando com a geração de divisaspor meio de ações sustentáveis e ampliando postos de trabalhos.Contudo, também são marcos históricos de grande relevância social,contribuindo para a manutenção de nossa identidade.

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Como dito, a cultura material pode ter seus usos arranjados erearranjados no interior da sociedade. A partir das fortificações épossível entender claramente este contexto. Antes estruturasmilitares, cujo objetivo principal era a defesa do litoral de SantaCatarina diante de possíveis confrontos com invasores hostis, hojeé um bem arquitetônico rearranjado para fins de turismo e de

Forte Santana localizado na parte

central da cidade de Florianópolis,

abaixo da Ponte Hercílio Luz. No mesmo

local está instalado o Museu de Armas

Lara Ribas

educação patrimonial. Isso não quer dizer que seu caráter militartenha sido depreciado, mas sim recalibrado, passando para aesfera da memória histórica.A fim de melhor contextualizar o tema, abordaremos a seguirreflexões acerca da origem e função das estruturas defensivaspara as sociedades humanas.

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