FotosJanainaFidalgo/FolhaImagem Mododefazerpode COMIDA … · Carvalho Machado, produtor de...
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JOÃO-DEITADO
Receita da dona Valdete Alves da Silva
INGREDIENTES>> 1 kg de mandioca>> 300 g de queijo artesanal curado>> 300 g de açúcar>> 3 ovos>> 2 colheres de sopa de manteiga>> folhas de bananeira
MODO DE PREPARO>> Descasque e rale mandioca.Esprema até tirar o excesso desuco. Junte o açúcar, os ovos, oqueijo já ralado e a manteiga
derretida. Mexa bem, até obteruma massa homogênea>> Lave as folhas da bananeira eseque-as bem. Espalhe a massasobre elas, de maneira a formarrolinhos (dê ao menos duas voltaspara a massa não escapar) e oscoloque na fôrma, com asextremidades viradas para baixo>> Asse em forno quente, depreferência a lenha, até aspontinhas do joão-deitado ficaremdouradas. Sirva com café coado
ALTO PARANAÍBA
>> Apromar (Associação dosProdutores de Queijo MinasArtesanal de Rio Paranaíba)>> tels. 0/xx/34/3855-1498 e0/xx/34/9961-3578>> e-mail: [email protected]
QUEM CUIDA DOS QUEIJOS EM CADA MICRORREGIÃO
ARAXÁ
>> Associação Regionaldos Produtores deQueijo Minas ArtesanalAraxá>> tels. 0/xx/34/3661-5580 e 0/xx/34/9955-6402 (Afrânio Ladeira)
CANASTRA
>> Aprocan (Associaçãodos Produtores de QueijoCanastra)>> tel. 0/xx/37/3433-1273>> e-mail: [email protected]
SERRO
>> Apaqs (Associação dosProdutores Artesanais deQueijo do Serro)>> tel. 0/xx/38/3541-2304>> e-mail: [email protected]
Maissaboroso,queijocuradoexigecuidados
C O M I D A
Mododefazerpodevirar ‘patrimônio’
................................................................................................DAENVIADAÀSERRADACANASTRA
Se há uma ciência no queijoartesanal mineiro, ela está nacura, naquele processo de ma-turação que transforma o quei-jo, dia após dia, em outro. Aodescansar, ele ganha sabor,textura,core intensidade.“Sou defensor do queijo ma-
turado porque é ali que ele ad-quire sabor. É mais caro, egrande parte da população tal-vez não tenha poder aquisitivopara consumi-lo. Foi por issoque abriram-se lacunas paravender o fresco”, diz LucianoCarvalho Machado, produtorde Medeiros que tem na suaqueijaria algumas peças de Ca-nastra real (um queijo maior,com 30 cmde diâmetro)matu-randohámaisdesetemeses.O primeiro conceito que é
preciso ter emmente é ode en-xergar esse queijo como ele é:um alimento vivo. Daí, caso aintenção seja consumi-lo ma-turado, nascem dois cuidadosbásicos: nãopode ser embaladonemguardadonageladeira.“Quem fala em embalar é
quem não conhece. A embala-gemdoqueijo é a cascadele, as-simcomoadamexerica é acas-cadela”,comparaMachado.João Carlos Leite, produtor
deSãoRoquedeMinasqueres-gatou,aoouvirhistóriasdosan-tigos, o fabrico do Canastrareal, concorda: “Embalou, oqueijo morreu. O processo dematuração nada mais é que abriga entre as más e as boasbactérias. As más são vencidaspelas boas, que vão viver ali atéagentecomeroqueijo”.Para que amadureça bem, o
queijo deve ser deixado em umlugar fresco e arejado e, a cadatrês ou quatro dias, ser lavadoem água (de preferência filtra-da). E, o mais importante, deveser virado todos os dias para osdois lados curarem por igual. Oideal é deixá-lo maturar por,pelo menos, 20 dias. O maiordesafioéesperar... (JF)
Conselhodo Iphan se reúnehoje emBHparadecidir sobreo registrodo ‘ModoArtesanal deFazerQueijo deMinas’
Setécnicaforaprovadacomopatrimônioculturalimaterialbrasileiro,decisãopodevalorizarprodutoeajudarnasuadifusão................................................................................................DAENVIADAÀSERRADACANASTRA
O conselho consultivo doIphan (InstitutodoPatrimônioHistórico e ArtísticoNacional),formado por membros da so-ciedade civil, vai apreciar hoje,em reunião noMuseu de Artese Ofícios, em Belo Horizonte, opedido de registro do “ModoArtesanal de Fazer Queijo deMinas”, nas microrregiões daCanastra, Serro e Alto Paranaí-ba/Cerrado, como patrimôniocultural imaterialbrasileiro.“Esse saber é muito impor-
tante para a valorização dosprodutores. Desde a época damineração na região, eles de-têm esse saber que os identifi-ca. É umpatrimônio doBrasil”,diz a historiadora Ana Lúcia de
Abreu Gomes, 40, técnica deregistrodoórgão.De acordo com Gomes, uma
decisão do conselho favorável àinscrição domodo artesanal defazer o queijo no “Livro de Re-gistro dos Saberes” deve valori-zar o produto e permitir a con-tinuidade e o aprofundamentode pesquisas para melhoria daqualidade dos rebanhos e doleite eparaapreservaçãodoca-pim nativo —um dos fatoresque diferenciam oqueijo de ca-damicrorregião.“Haverá umapolítica, dentro
do departamento de Patrimô-nio Imaterial do Iphan, deapoio e fomento aos produto-res, por meio de um plano desalvaguardas”, afirma Gomes.“Os pesquisadores e produto-res vão identificar as áreas queprecisam de auxílio técnico oufinanceiro. E, de acordo com adotação orçamentária, essesrecursosserãoaplicados.”Para o historiador e profes-
sorJoséNewtonCoelhoMene-
ses, daEscola deVeterinária daUFMG (Universidade Federalde Minas Gerais), que passoudois anos visitando as três mi-crorregiões para elaborar umdossiê para o Iphan, “o produtose valoriza comodiferencial dopatrimônio”. “Mais que umatradição, esse queijo represen-ta o que é ter fazenda no inte-rior mineiro e qual é a funçãodela. É um produto identitário,intimamente ligado ao cotidia-no desses homens emulheres”,afirmaohistoriador.“Pormilhares de anos e até o
surgimento da pasteurização,todomundo só consumia quei-jo artesanal feito de leite cru”,diz Gomes. “A industrializaçãodo queijo é recente, mas foide talmaneiraacachapantequeacabou tomando conta domercado. Então acho que o re-gistro do Iphan, se aprovado,jogará luz sobre a história doqueijo, que tanto tem a vercomanossahistória.”(JANAINAFIDALGO)
Dona Valdete Alves da Silva; ela e o marido, José Baltazar daSilva, o seu Zé Mario, são produtores de queijo Canastra
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