Francis X. King - O Livro de Ouro 02- As Profecias de Nostradamus -...

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LIVRO 2

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OBSCURIDADES PROFÉTICAS

A tarefa de interpretar as estrofes proféticas de Nostradamus fica ainda mais difícil por causa do uso deliberado que o vidente fez de expressões complicadas e obscuras, de neologismos (palavras inventadas) derivados do grego e do latim e de anagramas às vezes completos (como, por exemplo, na substituição de Paris por "Rapis"), mas mais freqüentemente apenas parciais.O francês original da quadra que previa a fuga de Luís XVI e sua consorte contém dois anagramas parciais típicos. Um deles é "Heme", um anagrama parcial de reine (rainha), com a transmutação da letra "i" em "h", a letra anterior do alfabeto; o outro é "noir" (negro), uma distorção usada algumas vezes nas Centúrias para se referir à palavra francesa rei - roi.

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A profecia confirmada de Nostradamus, referente à tentativa de fuga de Luís XVI e Maria Antonieta da França (ver páginas 73-5) não foi de modo algum a única previsão nas Centúrias e outros escritos do vidente relacionados com a Revolução Francesa de 1789 e os acontecimentos que sucederam a ela no período de 1790 até 1815. De fato, se há um tema dominante nas Centúrias, esse tema é a Revolução. Das menos de mil quadras que formam a versão final dessa estranha obra, pelo menos quarenta parecem relacionar-se com a história francesa durante o período da Primeira República e o Império Napoleônico que a sucedeu.

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Verdade que essas quarenta quadras são só um pouco mais do que 4% do total, mas os anos referidos nesses 4% somam apenas cerca de um quarto de século, ao passo que as Centúrias lidam com previsão de eventos que ocorreriam entre a época do vidente e uma data subseqüente ao ano 3000 d.C. - uma proporção espantosamente alta.

Nem todas as quarenta "estrofes revolucionárias" são tão específicas quanto a Centúria IX, Quadra 20 (ver página 73), ou outras profecias tratadas adiante. Algumas delas são de natureza bem geral - isto é, embora pareçam, sob todos os aspectos, aplicáveis à Revolução, é possível que se relacionem, ao contrário (ou também, pois

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Nostradamus tinha a artimanha de escrever profecias relativas a mais de um acontecimento), a acontecimentos da história francesa que ainda não ocorreram. Exemplo típico disso é a Centúria VI, Quadra 23:

Defesas [do reino] minadas pelo espírito do Reino,O povo será agitado contra seu Rei,

A paz recém-feita, Leis Sagradas degeneram,Nunca esteve Rapis [Paris] em tão grande tribulação.

A estrofe se ajusta aos primeiros anos da Revolução melhor de que a qualquer outra época, mas poderia ser uma profecia dupla ou mesmo tripla, que não se aplicasse somente ao tempo da Revolução mas também a acontecimentos passados durante a minoridade de Luís XIV e a coisas destinadas a ocorrer em nosso futuro.Outra predição dupla pode ser encontrada na Centúria I, Quadra 53, que parece ser prenunciadora de eventos muito similares que ocorreram devido à Revolução Francesa e à Revolução Russa. Em tradução livre, essa profecia dupla diz:

Veremos um grande povo atormentado,E a Lei Sagrada em total ruína,

A cristandade sob outras leis [não-cristãs]Quando uma nova fonte de ouro e prata [i.e., dinheiro] é encontrada.

A quadra parece se referir tanto à supressão do catolicismo na França, no início da década de 1790 (ver quadro na página seguinte),

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como à ainda mais selvagem supressão da ortodoxia russa, que se seguiu à Revolução Bolchevique de 1917. A última linha também é importante, no sentido de que tanto os revolucionários franceses quanto os russos encontraram "uma nova fonte de dinheiro" imprimindo grande quantidade de papel moeda, que rapidamente se depreciou e acabou se tornando praticamente sem valor.

Teria sido o duplo significado dessa quadra - a referência a acontecimentos semelhantes em duas revoluções diferentes - intencional? Ou isso mostra que os comentaristas de Nostradamus torcem o significado dos versos para adaptá-los a acontecimentos específicos?

A resposta à primeira questão parece ser "sim"; e a resposta à segunda, um "não" igualmente decidido, pois Nostradamus tornou claro, nas duas linhas que vêm imediatamente após essa quadra, que estivera fazendo referência a duas revoluções:

Duas revoluções serão causados pelo funesto ceifeiro,Fazendo uma mudança de reinados e de séculos [...]

Com a expressão "funesto ceifeiro", o vidente quis dizer planeta Saturno - o "Grande Maléfico" da astrologia do século 16 -, cujos símbolos são a ampulheta e a gadanha (foice de cabo comprido). Nessas duas linhas ele alegou que, em última análise, influências saturnianas causariam as duas revoluções, a francesa e a russa.

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CERA E MEL

Nostradamus fez ainda outra previsão com relação à perseguição do clero católico da França durante o começo da década de 1790, na Centúria I, Quadra 44:

Em pouco tempo, sacrifícios [não-cristãos] serão ressuscitados,Os que se opuserem serão martirizados.

Não haverá mais monges, abades nem noviços,O mel custará mais do que a cera.

Tradicionalmente, o preço da cera de abelha ultrapassava o do mel; portanto, com a última linha, Nostradamus estava dando a entender que o preço da cera cairia durante um período de perseguição religiosa, porque não haveria mais tanta demanda para a fabricação de velas votivas e de altar. A linha anterior se refere à supressão das ordens monásticas e outras ordens religiosas, em conseqüência da adoção da Constituição de 1790 e de outras inovações legislativas.Os que se opuseram a essas mudanças de fato foram martirizados, como profetizado.

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A menção à reinstituição de sacrifícios pagãos, na abertura da quadra, é uma referência aos ritos pseudo-religiosos que foram temporariamente introduzidos na França pelos revolucionários mais extremistas. As mais notáveis dessas cerimônias foram a homenagem à "deusa da Razão" (10 de novembro de 1793) e o absurdo "Festival do Ser Supremo", que foi orquestrado por Robespierre.

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Embora muitas quadras das Centúrias possam ter parecido obscuras para os primeiros intérpretes, elas foram depois esclarecidas pela passagem dos acontecimentos históricos. Exemplo de tal caso é a Centúria IX, Quadra 34:

O consorte solitário no casamento será mitradoNo retorno, prosseguirá a luta na thuille,

Por quinhentos, um dignificado será traído,Narbone e Saulce, teremos óleo para as lâminas.

Enquanto Narbone pode significar "a cidade de Narbonne", para os primeiros nostradamianos "thuille" parecia ser ou um dos neologismos do vidente ou uma grafia incomum da palavra "telhas" - ou, opcionalmente, "fornos de telhas". Em um caso ou outro, nenhum comentarista das quadras poderia extrair sentido dessa profecia durante cerca de 250 anos após sua publicação.Um estudioso de Nostradamus do século 17 fez uma valente tentativa de interpretação. Tomando "thuille" como a versão ligeiramente

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distorcida da palavra francesa que significa "telhas", ele assim traduziu a estrofe:

O marido separado usará uma mitra,Retornando da batalha, ele passará sobre as telhas,

Por quinhentos, um dignificado será traído,Narbone e Saulce terão óleo aos quintais.

1. N. da T.: Em todo este capítulo, se tratará das palavras francesas tuile (telhas) e tuilerie (telheira ou fábrica de telhas). O nome "Palácio das Tulherias", corretamente traduzido, seria "Palácio das Telheiras".

2. N. da T.: Quintal: antiga medida de peso, equivalente a quatro arrobas ou cerca de 60 kg.

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Eis a interpretação dele para essa quadra: ''A estrofe significa que um certo homem casado será separado de sua mulher e obterá certa posição eclesiástica [...] voltando de algum lugar ou empreendimento, ele será aguardado e combatido, e obrigado a fugir por sobre o

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telhado de uma casa [...] um homem de grande apreço será traído por quinhentos de seus homens [...] quando ocorrerem essas coisas, Narbon e Saulce [...] ceifarão [i.e., colherão] e farão grande quantidade de óleo".Engenhoso, sem dúvida, mas bem pouco provável. Por singular que a Igreja possa ter sido sob alguns aspectos no século 17, era muito improvável que um homem, depois de se separar de sua esposa, obtivesse alto posto no clero e então fosse "aguardado e combatido" e escapasse de seus agressores saltando por cima de telhados.Entretanto, as obscuridades aparentemente sem significado dessa quadra ganharam sentido em 1791 e 1792. Em junho do primeiro ano, o rei da França, Luís XVI, e sua consorte, Maria Antonieta, fizeram sua tentativa de fugir da França revolucionária (ver páginas 73-5). A coisa foi malfeita desde o início, pois todo o grupo real, inclusive o rei e a rainha, viajava junto em uma gigantesca e pesada carruagem que no caminho quase obrigatoriamente chamava atenção para seus ocupantes.Na cidadezinha de St. Menehoulde, um homem chamado Drouet percebeu que um dos homens da carruagem tinha um rosto que lembrava a aparência do rei tal como retratado em um "assinado" (papel-moeda garantido por terras tomadas da Igreja) de 50 libras. Em Varennes o grupo foi interceptado e preso, principalmente por obra das atividades de um homem chamado Saulce, um comerciante de velas, comestíveis e óleo - cujo nome e ocupação aponta para o Saulces mencionado na última linha da quadra, em associação com óleo.O restante da quadra também se aplica muito bem à fuga de Luís XVI e aos acontecimentos que vieram logo depois. A primeira linha diz "o consorte solitário no casamento será mitrado" e após seu retorno de Varennes para Paris o rei era tanto "mitrado" quanto um "consorte

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solitário no casamento" - isso porque ele estava politicamente cada vez mais isolado de seus próprios conselheiros e de Maria Antonieta, que era ela mesma um fantoche de seu reacionário conselheiro sueco, o conde Hans Axel von Fersen, um homem cuja influência política foi desastrosa. E ele foi mitrado de forma literal em 20 de junho de 1792, quando uma multidão invadiu o Palácio das Tulherias e obrigou o monarca a colocar a bonnet rouge, a boina vermelha da Liberdade, que tinha o molde da mitra frígia usada na antiguidade.

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E o que dizer do significado das linhas seguintes da quadra, "No retorno, prosseguirá a luta na thuille" e "Por quinhentos, um dignificado será traído"?Como será descrito nas páginas 85-8, o cenário da luta que se deu em 10 de agosto de 1792 e resultou na deposição do rei logo depois foi o Palácio das Tulherias. Esse palácio, que não estava sendo construído nem, ao que se saiba, sequer planejado na época da publicação das Centúrias, foi erigido em um local que tinha sido anteriormente ocupado por pelo menos um forno de queima de telhas - a "thuille" citada na quadra.E assim a luta de fato prosseguiu no forno de telhas em seguida ao retorno de Luís XVI a Paris, após sua fuga malograda. Naquele que fora, dois séculos antes, um lugar onde montinhos de cerâmica tinham sido queimados para se transformar em telhas que cobriram os telhados de Paris, uma nova ideologia moldada pelos teóricos jacobinos foi queimada no calor da batalha para se tornar a República Francesa.E os "quinhentos" que, segundo a profecia, trairiam "um dignificado"?O dignificado era o rei; os "quinhentos" que o traíram eram provavelmente os "federais" marselheses que participaram da luta nas Tulherias, pois, de acordo com o historiador do século 19 Louis Thiers (1797-1877), "ils étaient cinq cents" - eles eram quinhentos.

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Nostradamus prefaciou a primeira edição das Centúrias com uma Epístola a Henrique II em palavras apocalípticas. É tal o tom da linguagem em que a maior parte dela está escrita que os céticos afirmam que ela não passa de um catálogo de desastres, vago e até sem sentido, do qual seções inteiras podem ser distorcidas por intérpretes engenhosos de forma que possam ser aplicadas a qualquer evento desagradável que tenha ocorrido nos últimos quatrocentos anos.Entretanto, há profecias significativas e absolutamente específicas na Epístola que definitivamente foram confirmadas pelo curso da história. Uma, em especial, é de enorme interesse porque especifica o ano - 1792 - de um grande acontecimento. A respectiva passagem diz o seguinte:

Então haverá o começo [de uma era] que conterá em si mesmo [padrões de comportamento e pensamento, a maneira como as pessoas olham para o mundo] que durará muito tempo, e em seu primeiro ano haverá grande perseguição da Igreja Cristã, mais feroz do que aquela da África [quase certamente uma referência histórica à

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selvagem perseguição vândala contra a Igreja que ocorreu no norte da África no século 5], e isso irromperá durante o ano Um Mil, Setecentos e Noventa e Dois.

Não se pode negar que estava correta a profecia de Nostradamus de que os acontecimentos de 1792 inaugurariam urna nova era. Se algum ano pode ser visto corno o marco do início da era em que hoje vivemos, esse é o ano de 1792 - muito mais do que outros candidatos a essa duvidosa honra, como 1776, quando as colônias britânicas da América do Norte declararam sua independência da terra-mãe, ou 1789, quando Luís XVI convocou o Estado Geral. O acontecimento

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que, acima de tudo o mais, marca 1792 dentre todos os anos aconteceu em 10 de agosto, quando a assim chamada multidão atacou as Tulherias, que se tornara a casa da família real francesa depois que ela fora retirada de Versalhes. Na realidade, o ataque foi um movimento cuidadosamente organizado, brilhantemente planejado por um comitê insurreicionista que estava principalmente sob controle dos jacobinos, a extrema esquerda do movimento revolucionário, que trabalhou em íntima colaboração com grupos extremistas de Brest e Marselha.As conseqüências imediatas do ataque compreenderam: a morte, em batalha corpo a corpo, de quatrocentos insurrectos e oitocentos soldados das forças reais; o rei foi primeiro suspenso do trono, depois deposto e finalmente executado; os horríveis massacres de setembro, em que muitas centenas de presos, clérigos, homens e mulheres da aristocracia, monarquistas plebeus - até prostitutas e pequenos criminosos - foram chacinados pelos aliados "sans-culottes" dos jacobinos da classe média; e a comuna de Paris se tornou, em tudo menos no nome, o governo central da França.

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As conseqüências da bem-sucedida insurreição que se deu naquela tarde quente de agosto de 1792 afetaram, e ainda estão afetando, a vida de cada um de nós. Qualquer tentativa de rememorar todas elas estaria totalmente fora do âmbito de um livro como este. Basta dizer que aqueles acontecimentos que se deram em Paris em 1792 - dos quais Nostradamus parece ter tido vislumbres mediúnicos cerca de 250 anos antes - levaram diretamente à emergência de ideologias que em grande parte dominaram a política mundial por mais de dois

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séculos: secularismo, nacionalismo, democracia revolucionária e socialismo.Há ainda um outro ponto a mencionar no que se refere à previsão de que 1792 marcaria o início de uma nova era.Naquele ano os revolucionários jacobinos da França introduziram um novo calendário. Os nomes tradicionais dos doze meses do ano foram abandonados, por serem derivados da mitologia e da história clássicas, e por isso vistos pelos revolucionários mais radicais como relíquias desatualizadas do passado; o número do ano mudou para que o calendário não mais pudesse ser visto como algo baseado na cronologia cristã.À meia-noite, entre 21 e 22 de setembro de 1792, o “Ano I da República” começou. Ele cobria 365 dias completos, sendo composto de doze meses de trinta dias, mais cinco dias adicionais. Os novos meses receberam nomes que foram considerados "racionais"; assim, por exemplo, o mês que se julgava ser normalmente o mais quente - aquele que começava na data que muitas pessoas ainda chamavam de 22 de julho - foi chamado "Termidor" (calor).Assim, em setembro de 1792, o prognóstico feito por Nostradamus foi cumprido com todas as letras. Ou não teria sido? Afinal, o vidente predisse que a nova era duraria "muito tempo", e não se vêem as pessoas reclamando de "um Termidor muito frio" ou de "um Prairal úmido". Entretanto, qualquer um que leia a literatura teórica do marxismo contemporâneo encontrará continuamente referências àquele calendário no uso de frases tão banalizadas quanto "uma reação termidoriana”. Pelo menos em um sentido, o calendário revolucionário, assim como a nova era social inaugurada em 1792, ainda está conosco.

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A agitação européia que se iniciou com a erupção da Revolução Francesa não foi uma fase passageira, pois a Primeira República, que sucedeu o reinado de Luís XVI, existiu em estado de perpétua mudança. Robespierre e seus aliados substituíram os republicanos mais moderados, apenas para serem suplantados pelo corrupto Diretório, que por sua vez foi sucedido pelo Consulado e pelo Império de Napoleão Bonaparte.A ascensão e queda de Napoleão foram profetizadas por Nostradamus; na verdade, há tantas quadras que parecem referir-se a Napoleão, o obscuro oficial de artilharia corso que se tornou um grande imperador, que é só possível dar uma interpretação detalhada de algumas poucas. Talvez a mais conhecida seja a Centúria VIII, Quadra 57:

De simples soldado ele atingirá o Império,Trocará o manto curto pelo longo,

Valente em armas, muito pior contra a Igreja,Ele aborrece os padres como a água encharca uma esponja.

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A expressão "manto curto" foi uma das duplas alusões do vidente, pois com isso ele queria dizer tanto o casaco que o futuro imperador usava quando era um mero cadete militar como o manto que usava nas ocasiões formais quando assumiu o gabinete de Primeiro Cônsul. O "manto longo" pelo qual ele trocou o anterior foi o manto da Coroação que ele usou quando coroado imperador pelo Papa Pio VII em 1804. O significado da terceira linha é evidente, e a maneira pela qual Napoleão "aborreceu os padres", como prognosticado na quarta linha, será descrita na página 99, em referência a outras duas quadras.

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Não apenas Nostradamus tinha conhecimento de que "um simples soldado" iria "atingir o Império", mas ele pode até mesmo ter tido uma boa idéia do nome desse soldado - ou pelo menos é isso que se defende em uma engenhosa interpretação da Centúria VIII, Quadra I, que diz:

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PAU (3), NAY, LORON serão mais de fogo que de sangue.Para nadar em louvor, o grande homem nadará até a confluência.

Ele negará entrada aos tagarelas.Pampon e o Durance os manterão confinados.

3. N. da T.: Pronuncia-se "pó", em francês.

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Os três nomes com os quais se inicia a primeira linha são todos de cidades pequenas e historicamente insignificantes do oeste da França. Entretanto, Nostradamus quis escrever esses nomes em maiúsculas, o que quase sempre é indicação de que as palavras em maiúsculas foram usadas pelo vidente em um sentido secundário - geralmente envolvendo um anagrama ou alguma outra variedade de jogo de palavras.Um anagrama encontrado nesses nomes por um intérprete geralmente confiável das Centúrias é NAPAULON ROY, isto é, "Rei Napoleão". Na época em que Napoleão viveu, era usual escreverem seu tão incomum nome com "au" em lugar de "o". De qualquer forma, Nostradamus poderia estar apontando para o modo como o imperador mudou a grafia de seu sobrenome, do corso "Buonaparte" para a forma mais francesa "Bonaparte".Que talvez tenha sido esse o caso é o que sugere o fato de que na Centúria I, Quadra 76, uma daquelas estranhas quadras duais em que Nostradamus parece estar fazendo uma profecia aplicável a dois homens diferentes, ele escarneceu dos sobrenomes "bárbaros" de Napoleão e de Adolf Hitler.Nostradamus pode ou não ter sabido do sobrenome de Napoleão, mas parece certo que, como será descrito nas duas páginas a seguir, ele sabia do destino final do imperador.

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A ÁGUIA, MILÃO E PÁVIA

A nascente reputação militar de Napoleão ficou completamente estabelecida pelo turbilhão vitorioso que foi sua campanha na Itália em 1796-1797. Dois dos notáveis episódios da campanha, os primeiros e, sob alguns aspectos, os maiores entre os triunfos militares de Napoleão, foram mencionados por Nostradamus na Centúria III, Quadra 37:

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Antes do ataque um discurso [ou prece] é proferido,Milão, enganada pela emboscada, é capturada pela Águia,

As vetustas paredes são rasgadas pela artilharia,Em fogo e sangue apenas poucos recebem clemência.

A "Águia” da linha dois, que captura Milão, é Napoleão, chamado de Águia em diversas quadras; mas essa estrofe faz referência a qual de suas duas tomadas de Milão (1796 e 1800)?Certamente à primeira, pois o discurso a que a quadra se refere foi aquele de grande importância, feito pelo futuro imperador a suas tropas no início da campanha italiana de 1796-1797: "Soldados, vocês estão famintos e quase nus [...] Eu os conduzirei às mais férteis planícies do mundo [...] Lá vocês encontrarão honra, glória e riquezas [...] vocês estão precisando de coragem”?Com a ocupação de Milão e de outras cidades próximas, os soldados do exército francês encontraram as riquezas que seu general lhes prometera. E, ai!, suas extorsões se deram em tal escala, que os cidadãos de Milão, Pávia e Binasco romperam em uma revolta aberta, na qual se aliaram aos camponeses da zona rural próxima. A insurreição foi sufocada com a máxima brutalidade, principalmente em Pávia, e, como profetizado na última linha da quadra, pouca clemência foi oferecida pelos homens de Napoleão aos capturados em armas contra eles.

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Na época em que foi coroado Imperador da França (ver páginas 89-91), Napoleão dominava toda a Europa continental a oeste da fronteira com a Rússia. Desde a época do Imperador Carlos V, nenhum homem exercera tamanho poder no mundo ocidental.A Grã-Bretanha era o único inimigo perigoso e poderoso que ainda o ameaçava, pois sua esquadra ainda dominava os mares e sua riqueza comercial era empregada para subsidiar qualquer Estado europeu que tivesse bastante ousadia para oferecer resistência aos exércitos aparentemente indestrutíveis de Napoleão. O imperador sentiu que a Grã-Bretanha era o único grande obstáculo restante, que precisava ser removido do seu caminho; ele tinha que destruir sua supremacia naval e, se possível, invadir seu território.Napoleão tentou fazer as duas coisas e falhou - como Nostradamus tinha previsto corretamente, na Centúria I, Quadra 77, e na Centúria VIII, Quadra 53. A primeira diz:

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Entre dois mares se ergue um promontório,Um homem que morrerá mais tarde pela rédea [ou mordida] de um

cavalo,Netuno desfralda uma vela negra para o seu homem,

A esquadra perto de Calpre [Gibraltar?] e Rocheval [Pedra do Cabo].

Embora essa estrofe fosse obviamente escrita para prever algum tipo de batalha naval em que uma das esquadras rivais- teria uma "vela negra" desfraldada para si (i.e., seria definitivamente derrotada), ela parece, a uma primeira leitura, tão obscuramente expressa como quase qualquer quadra das Centúrias.Entretanto, sua segunda linha, "um homem que morrerá mais tarde pela rédea de um cavalo", dá uma indicação que permite que o acontecimento seja identificado com alguma certeza como sendo a Batalha de Trafalgar - a batalha naval decisiva, na qual a esquadra inglesa derrotou as esquadras combinadas da França e da Espanha e finalmente frustrou a ambição de Napoleão de ser tão superior no mar quanto era em terra. Muito embora poucos comandantes navais de alguma importância histórica possam ter sido mortos pela rédea de um cavalo, Villeneuve, o marechal que comandou a esquadra francesa em Trafalgar, realmente parece ter morrido dessa curiosa maneira. Feito prisioneiro na batalha, ele foi libertado e voltou à França no ano seguinte, para ser estrangulado em circunstâncias misteriosas em uma hospedaria em Rennes. De acordo com relatos da época, o assassino tinha usado uma rédea de cavalo como arma.

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O resto da quadra é fácil de entender, pois o "promontório entre dois mares" que fica entre o Atlântico e o Mediterrâneo é Gibraltar.O fracasso de Napoleão em invadir a Inglaterra bem como a maneira pela qual ele usou seu exército de invasão ainda não testado, após retirá-lo de suas linhas que estavam perto de Boulogne cerca de dois

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meses antes que sua marinha fosse esmagada em Trafalgar, foram previstos por Nostradamus na Centúria VIII, Quadra 53, que diz:

Dentro de Bolongne [Boulogne] ele desejará apagar seus erros,Não pode fazê-lo no Templo do Sol,

Ele se apressará para fazer grandes coisas,Na hierarquia nunca foi igualado.

Os "erros" que Napoleão queria apagar não foram falhas morais; foram os sucessivos erros de julgamento sobre a importância da supremacia naval e força econômica da Grã-Bretanha, que tinham em grande parte anulado os sucessos militares do imperador desde a campanha do Egito de 1798. Mas o que foi o "Templo do Sol" em que Nostradamus dizia que Napoleão seria, metaforicamente falando, incapaz de apagar seus erros?A expressão significou simplesmente Grã-Bretanha, pois empregando as palavras "Templo do Sol", o vidente estava fazendo duas das alusões clássicas que tanto apreciava. Em primeiro lugar, se referia aos escritos de um geógrafo grego de antes do cristianismo que descreveu um lugar que era quase certamente Stonehenge como um templo do deus-sol ApoIo; em segundo, estava aludindo a uma crença tradicional de que a Abadia de Westminster, onde os monarcas ingleses foram coroados desde os tempos dos normandos, fora construída no local de um templo do sol romano-britânico.

Depois que Napoleão abandonou suas barcaças de invasão na costa do Canal da Mancha, no verão de 1804, marchou com seu exército para o leste, ocupando Viena e esmagando os exércitos austríacos e russos combinados, em Austerlitz. Em outras palavras, ele se apressou a sair de Boulogne para fazer "grandes coisas" - justamente

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como Nostradamus tinha vaticinado. Mas a Grã-Bretanha continuava a formar contra ele coalizões das quais ela era a pagadora.Depois que sua invasão da Rússia terminou em desastre e ele foi derrotado na batalha de Leipzig, Napoleão foi forçado a abdicar do posto de imperador, em 1814. Foi exilado para o mini-Estado de Elba, sobre o qual lhe foi dada soberania. Inevitavelmente, a minúscula ilha foi pequena demais para ele; escapou e voltou para a França, onde foi proclamado imperador. Entretanto, após um reinado de apenas cem dias, ele foi derrotado por ingleses e prussianos em Waterloo e exiladopara a ventosa Ilha de Santa Helena, no Atlântico, onde morreu em 1821.

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Esses últimos acontecimentos parecem ter sido matéria referida em mais do que uma visão de Nostradamus, pois estão descritos, sob os véus costumeiros da alegoria e do símbolo, em diversas quadras. Por exemplo, tanto a Centúria lI, Quadra 66, quanto a Centúria X, Quadra 25, descrevem em esboço simbolizado, mas facilmente interpretado, alguns acontecimentos da breve restauração do império napoleônico, e a Centúria I, Quadras 23 e 38, são profecias sobre a Batalha de Waterloo. As duas foram escritas na terminologia simbólica quase

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heráldica que o vidente tanto apreciava, mas são ambas significativas, e a primeira deu uma clara predição de que o leopardo heráldico da Inglaterra iria triunfar sobre as águias do Grande Exército de Napoleão.

Nas Centúrias existem numerosas referências ao papado e a alguns papas em particular. É de supor que, como se deve esperar de um homem de sua época - quando o papa era um governante temporal, além de espiritual, e em geral considerado o homem mais importante do mundo, pelos cristãos ocidentais -, Nostradamus tenha procurado muitas visões relativas ao papado e a pessoas destinadas a ocupar o "Trono de Pedro".Algumas das "quadras papais" se referem a eventos que não ocorreram até hoje, e deve-se presumir ou que Nostradamus as profetizou em falso ou, mais provavelmente, que elas acontecerão em algum momento do futuro - provavelmente num futuro muito próximo (ver páginas 151-3). Outras são tão específicas e se ajustam tão bem aos fatos da história, que se pode considerar razoavelmente certo que

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são exemplos notáveis de acertos proféticos - por exemplo, o prognóstico das circunstâncias em que um papa exilado, uma figura rara entre as criaturas eclesiásticas pós-medievais, encontraria o seu fim (ver quadro na página 99).Outra profecia nostradamiana muito específica, relativa ao papado, é encontrada na Centúria V, Quadra 29, que diz:

A liberdade não será recobrada,Ele será ocupado por um [homem] negro, orgulhoso, cruel e mau,

Quando for aberto o assunto do PapaPor Hister, a República de Veneza será envergonhada.

Tomando a última linha da estrofe em seu sentido literal, parece que essa profecia deve se referir ao século 18 ou a antes dele, pois a República Veneziana patrícia deixou de existir como Estado independente em conseqüência das conquistas feitas pelos exércitos da França revolucionária. Entretanto, faz muito tempo que há consenso entre os intérpretes de Nostradamus de que nessa quadra o vidente estava usando a expressão "República de Veneza" de maneira semi-alegórica, significando algo parecido com "liberdades populares na península italiana e liberdade de ação do papa".

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Se essa interpretação for aceita - e os argumentos a seu favor são vários e inteligentes -, essa estrofe parece referir-se ao período 1939-45, e o "Hister" profetizado não é senão Adolf Hitler. Sob essa interpretação, a liberdade não recobrada da primeira linha teve duplo significado para Nostradamus. Por um lado, era a liberdade política do povo italiano, que fora perdida em conseqüência da tomada do poder

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por Mussolini - o homem mau e (vestido de) negro da segunda linha. Por outro lado, era a liberdade temporal dos papas, perdida em 1870, quando Roma foi incorporada à força ao Reino da Itália; ela não foi de fato recobrada por causa da concordata entre Mussolini e o Vaticano, e o fardo que foi infligido ao papado como resultado de sua perda de poder temporal se tornou ainda mais oneroso pela interferência de Hitler nos negócios tanto da Itália como do Vaticano.Tudo muito bem-colocado, mas pode ser uma interpretação engenhosa demais de uma profecia, na opinião deste escritor - uma dessas ocasiões em que a especulação legítima ultrapassa as fronteiras do bom senso. É preciso admitir, entretanto, que diversas quadras das Centúrias mencionam "Hister", e o que é dito dele geralmente parece compatível com acontecimentos da vida de Adolf Hitler.

OS PADRES PERTURBADOS

Como foi dito na página 89, na quarta linha da Centúria VIII, Quadra 57, Nostradamus profetizou que Napoleão Bonaparte "aborreceria os padres como a água encharca uma esponja”.A profecia do vidente foi exata, pois de uma forma ou de outra Napoleão aborreceu um número muito grande de clérigos católicos antes e depois de se tornar imperador. Além de párocos humildes, também bispos (e pelo menos um ex-bispo, o aristocrático Talleyrand), cardeais e dois papas, Pio VI e Pio VII.Uma das conseqüências dos sucessos franceses que se seguiram após os triunfos de Napoleão na Itália (ver página 92) foi que o papa Pio VI foi levado para a França como prisioneiro dos franceses e veio a morrer em Valença, vomitando e cuspindo sangue, no fim do verão de 1799. Nostradamus pode ter vaticinado de forma bem vaga essa

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morte em solo estrangeiro na última linha da Centúria I, Quadra 37, que menciona "Papa e [...] sepulcro, ambos em terras estrangeiras". Uma previsão muito mais específica foi feita na Centúria II, Quadra 97:

Pontífice romano, cuidado ao aproximar-seDa cidade de dois rios.

Cuspireis vosso sangue naquele lugar,Vós e os vossos, quando as rosas desabrocharem.

O sucessor do papa que morreu cuspindo sangue quando as rosas do verão e da Revolução estavam em pleno desabrochar foi Pio VII, que fez uma concordata com a França em 1814, mas que no entanto foi mantido cativo por Napoleão por quase quatro anos. Nostradamus fez alusão a esse cativeiro tanto na terceira linha da Centúria I, Quadra 4 - "Nessa época o barco do papado se perderá" - como nas duas primeiras linhas da Centúria V, Quadra 15, que dizem o seguinte:

Ao viajar [literalmente, "navegar" ou "velejar"]O Grande Pontífice será capturado,

Os esforços do clero preocupado falharão [...]

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Nostradamus é, talvez, o mais conhecido profeta do futuro - certamente o mais conhecido do mundo ocidental -, mas nem sempre ele esteve certo em todos os detalhes de suas previsões. Assim, por exemplo, sua profecia do assassinato dos irmãos Guise, na Centúria III, Quadra 51 (ver página 32), estava certa em todos os particulares, exceto nos da última linha.Nessa linha, que diz ''Angers, Troyes e Langres lhes farão um desserviço", ele estava claramente prevendo que as cidades mencionadas seriam hostis à causa a que os irmãos Guise estavam ligados - a supremacia da fé católica na França. Na realidade, nenhum dos governantes desses lugares mostrou qualquer simpatia notável pela causa protestante nas guerras religiosas francesas - um deles permaneceu mais ou menos neutro e os outros dois apoiaram a Liga Católica.Existem diversas previsões assim, grandemente mas não inteiramente corretas, relativas aos acontecimentos do século 19. Elas podem ser exemplos de erros de Nostradamus - mas este escritor suspeita que, pelo menos em algumas delas, os erros surgiram de interpretações errôneas, mais do que de nuvens mediúnicas que obscurecessem as visões que Nostradamus teve do futuro.

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Um exemplo destacado de profecia provavelmente mal-interpretada é dado pela Centúria X, Quadra 8. As duas primeiras linhas dela foram aplicadas ao batismo do filho de Napoleão III, em 1856, e a terceira linha, à esposa de Napoleão III, a imperatriz Eugênia; admitiu-se que a quarta linha da estrofe não tinha sido cumprida em absoluto, ou era de significado tão obscuro que ninguém poderia julgar como teria sido cumprida. A quadra diz:

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Com o primeiro dedo e o polegar ele aspergirá a testa,O Conde de Senegália a seu próprio filho [afilhado],

Vênus através de vários em curta seqüência,Em uma semana três são mortalmente feridos.

Não há nenhuma dificuldade de se chegar à interpretação napoleônica das duas primeiras linhas - claramente, estava sendo descrito um batismo em que um "Conde de Senegália” seria o principal padrinho da criança. Como o padrinho do filho de Napoleão III foi Pio Nono (o Papa Pio IX), que era filho do conde Mastoi Feretti de Senigallia, a quadra se ajusta muito bem. Entretanto, parece não haver nenhuma boa razão para assumir que a quadra está associada de alguma forma a Napoleão III ou a sua família. O Papa Pio IX foi padrinho de muitas e muitas crianças, tanto antes como depois de ser alçado ao "Trono de Pedro", e o significado profético da estrofe pode ter sido relevante para a vida de pessoas que a história esqueceu.A má interpretação (se de fato se trata disso) dessa quadra surgiu como resultado da grande ânsia dos estudantes franceses pelas profecias de Nostradamus, no século 19, e de interpretarem quadras obscuras para que se ajustassem a acontecimentos que eles conheciam ou que esperavam que acontecessem em sua época por exemplo, uma Restauração Bourbon após a queda do Segundo Império e a proclamação da Terceira República (1870).

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Nem todas as aplicações das previsões de Nostradamus para o século 19 aos incidentes da vida de Napoleão III têm sido baseadas em um raciocínio tão dúbio quanto o referente à Centúria X, Quadra 8. A Centúria IV, Quadra 100, e a Centúria V, Quadra 32, parecem, ambas, previsões da Guerra Franco-Prussiana, que resultou na abdicação de Napoleão III, no fim de seu império, na proclamação da

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Terceira República e em uma amarga e destrutiva guerra entre seu exército e as forças da Comuna de Paris.A Quadra 100 da Centúria IV é especialmente aplicável a esses acontecimentos. Ela diz:

Cairá fogo do céu sobre o edifício realQuando o fogo de Marte estiver enfraquecido:

Por sete meses uma grande guerra, a população morrendo de calamidade,

Rouen e Evreux não faltarão ao Rei.

Durante o cerco de Paris de 1870, quando a guerra franco-prussiana que durou sete meses estava chegando ao seu término ("o fogo de Marte [...] enfraquecido"), aquele "edifício real" das Tulherias (ver páginas 82-4) foi destruído por pesado fogo de artilharia, de grande elevação. Durante o cerco, a calamidade da fome e doenças decorrentes da fome mataram ainda mais parisienses do que as atividades militares dos prussianos. E após a proclamação, Rouen, Evreux e outras cidades da Normandia não "faltaram ao rei", pois eram centros do legitimismo, a causa daqueles que queriam que o Segundo Império desse lugar a uma restauração não republicana, mas da Casa de Bourbon.

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No caso dessa interpretação em particular, feita no século 19, não parece ter havido nenhuma deformação habilidosa do significado da quadra. Entretanto, deve-se ter em mente que em cada século, não apenas no século passado, houve uma tendência compreensível e quase inevitável, entre os comentaristas das Centúrias de Nostradamus, para talhar as quadras, quase inconscientemente, para que se ajustassem a eventos recentes. Os que interpretam Nostradamus hoje não podem escapar inteiramente de seguir esse mesmo padrão, por muito que possam tentar não fazê-lo.

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Ao ler algumas das páginas a seguir, portanto (principalmente as páginas 125-132), o leitor deve estar sempre consciente da possibilidade de que este autor tenha caído algumas vezes na mesma armadilha em que caiu o comentarista do século 19 que aplicou a Centúria X, Quadra 8, ao batismo do filho de Napoleão III.

Certa noite, no inverno de 1939-1940, durante o período de inatividade militar precedente à blitzkrieg alemã que resultou na queda da França,Magda Goebbels, esposa do brilhante mas totalmente amoral ministro da Propaganda e Iluminação de Hitler, estava lendo na cama. Subitamente ela chamou seu marido, muito agitada: "Você sabia que há mais de quatrocentos anos foi profetizado que em 1939 a Alemanha entraria em guerra contra a França e a Inglaterra por causa da Polônia”?É provável que Goebbels já soubesse algo dessa predição, pois parece que quatro diferentes membros do Partido Nazista já lhe tinham mandado exemplares do livro que provocara essa agitação em

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sua esposa. Entretanto, ele procurou a passagem do livro para o qual ela chamara sua atenção e foi imediatamente tocado por seu valor potencial como propaganda, pois a profecia realmente previa a data e a causa da guerra que havia sido deflagrada cerca de três meses antes. Talvez, pensou ele, o autor desse livro soubesse de outras profecias que poderiam servir para convencer os inimigos do Reich da inevitabilidade de uma vitória alemã.

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O livro era intitulado Mysterien von Sonne and Seele ("Mistérios do Sol e do espírito"). Ele tinha sido escrito por um certo Doktor H. H. Kritzinger e fora publicado em 1922, dezessete anos antes da eclosão da guerra. A profecia que tanto excitou Magda Goebbels e os quatro outros nazistas que tinham chamado a atenção de seu marido se baseava em uma interpretação particular, e extremamente engenhosa, da Centúria III, Quadra 57. Essa interpretação não fora feita pelo Doktor Kritzinger na verdade, a data de alguns elementos desse trecho de exegese profética remontava a no mínimo 1715, quando a atenção de um intérprete inglês de Nostradamus que escrevera sob o pseudônimo "D. D." voltou-se para a Quadra 57 da Centúria III:

Sete vezes se verá a nação britânica mudar,Tingida de sangue por duzentos e noventa anos:De forma alguma livre por meio do apoio alemão,

Áries teme por seu "pólo" (4) bastarniano.

D. D. emitiu a opinião de que a expressão "tingida de sangue por duzentos e noventa anos" seria uma referência ao período que começara com o derramamento de sangue real pela execução do rei Carlos I em 1649. Isso deu-lhe 1939 como sendo o ano de algum evento notável na história da Grã-Bretanha. A primeira linha da quadra foi interpretada por D. D. como sete mudanças dinásticas ou quase dinásticas (por exemplo, a Restauração da monarquia Stuart em 1660).

4. N. da T.: No original inglês, pole, que significa tanto "pólo" como "polonês".

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Entre 1715 e 1921, outros estudiosos de Nostradamus ampliaram as teorias de D. D. O último deles, um certo Herr Loog, combinou todas essas interpretações em uma e acrescentou sua própria explicação da última linha da quadra, "Áries teme por seu 'pólo' bastarniano". Ele a tomou como "A França duvida de (ou teme por) seu aliado subordinado, a terra dos Bastarne (Polônia)" .Por que Herr Loog julgaria que Áries significava França? Estava fazendo apenas uma adivinhação louca? Não, não estava, pois já desde o século 17 Théophile de Garencieres tinha escrito, com

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relação a essa quadra em particular, que Áries significava França porque "o signo de Áries governa de fato a França".Loog seguiu comentaristas anteriores ao interpretar 1939 como o ano a ser "tingido de sangue" e, com base nisso, previu para esse ano uma guerra que envolveria a Polônia, a França, a Alemanha e a Grã-Bretanha - a previsão que fora inserida pelo Doktor Kritzinger em seu livro.O cumprimento dessa previsão de Nostradamus teria sido apenas um acerto casual, como os céticos alegam? A essa questão, um observador imparcial só pode responder que, se foi apenas um acerto casual a previsão da invasão da Polônia por Hitler e da deflagração da Segunda Guerra Mundial em setembro de 1939, deve-se admitir que o vidente tinha uma extraordinária capacidade para esses acertos. Como os leitores deste livro hão de convir, há numerosos exemplos desse mesmo tipo de previsão confirmada que podem ser encontrados nas Centúrias e em outros escritos de Nostradamus.

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Como foi apontado na página 77, Nostradamus às vezes escrevia estrofes proféticas de dupla natureza, isto é, previsões que, sem serem excepcionalmente vagas, parecem de fato se adequar a mais de uma pessoa ou acontecimento. A explicação de um cético para a adequação dessas quadras é que o vidente nunca fez uma profecia genuinamente cumprida, que os intérpretes simplesmente torceram o significado dos componentes das Centúrias para os adequarem a suas próprias idéias preconcebidas e que a existência de quadras com mais de um suposto significado apenas ilustra o fato de que dois ou mais comentaristas de Nostradamus chegaram a interpretações diferentes.É um argumento inteligente e, de certa forma, persuasivo, mas baseado na premissa de que nenhuma das previsões de Nostradamus tenha sido genuinamente cumprida. Para este escritor e também para muitos outros, essa posição parece bastante insustentável em vista dos diversos prognósticos que foram explícita ou implicitamente datados pelo vidente (ver exemplos nas páginas 59 e 85). Uma

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explicação mais provável para as quadras de duplo significado é que, nas visões, Nostradamus discernia dois indivíduos diferentes, cujas vidas estavam separadas no tempo e que podiam muito bem ser bastante diferentes em caráter mas tinham certas coisas em comum que lhe permitiam escrever uma estrofe profética referente a ambos.Um bom exemplo de uma previsão assim, dupla e expressa de forma hábil, está na Centúria I, Quadra 76, que parece se aplicar tanto a Napoleão Bonaparte (ver página 92) como a Hitler - igualmente "de nome bárbaro", para qualquer alemão da década de 1920 não nascido nas proximidades da fronteira eslava. O significado dessa quadra é óbvio. Ela diz:

Este homem será chamado por um nome bárbaroQue as três irmãs terão recebido,

Ele falará a um grande povo em palavras e ações,Terá fama e renome além de qualquer outro homem [de seu tempo]

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Parece provável, no entanto, que algumas quadras aplicadas a mais de uma pessoa foram mal interpretadas por intérpretes excessivamente crédulos. Uma delas é a Centúria II, Quadra 70, aplicada a Napoleão por alguns, mas muito provavelmente profética do caráter e da morte de Heinrich Himmler, líder da SS de Hitler, que morreu enquanto falava - tal como o "monstro humano" da estrofe em questão, que diz:

O dardo vindo do céu fará sua viagem,

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Morte durante a fala, uma grande execução;A pedra na árvore, uma nação orgulhosa humilhada,Fala de um monstro humano, purgação e expiação.

Outra quadra que foi aplicada a Napoleão mas parece muito mais adequada ao contexto do nazismo é a Centúria III, Quadra 35, que diz:

Nas mais longínquas profundezas da Europa Ocidental,Uma criança nascerá de uma gente pobre,Que por seus discursos seduzirá multidões,

Sua reputação crescerá ainda mais no domínio oriental.

Essa parece ser outra referência a Hitler, pois seus pais eram bem mais pobres que os de Napoleão. Hitler nasceu na fronteira oriental da Europa Ocidental, sua ascensão ao poder aconteceu em conseqüência da "sedução de muitos" por sua oratória e sua ofensiva com vistas a obter "Lebensraum" (5) foi dirigida principalmente ao "domínio oriental" da União Soviética.Das numerosas quadras que foram aplicadas aos nazistas nos últimos sessenta anos, mais ou menos, algumas parecem dúbias ao extremo - mas é difícil duvidar de muitas delas. Por exemplo, a Centúria X, Quadra 90, prevê acertadamente o desastroso efeito que teve para a Hungria o fato de o governante daquele país, almirante Horthy, ter aceito a "ajuda” oferecida por Hitler:

Um capitão da Grande Alemanha [i.e., Hitler]Oferecerá ajuda fingida,

Um Rei dos Reis para apoiar a Hungria,Sua guerra causará grande derramamento de sangue.

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De forma semelhante, a Centúria V, Quadra 29, obviamente se aplica a Hitler, a Mussolini e ao papado (ver página 99); a Centúria V, Quadra 51, às atividades desses dois ditadores à época da Guerra Civil Espanhola, e a Centúria VI, Quadra 51, ao malogrado atentado contra a vida de Hitler em novembro de 1939.

5. N. da T.: Na acepção original da língua alemã, "espaço vital". Termo empregado no inglês com o significado de "território adicional que uma nação considera necessário para garantir seu bem-estar econômico", segundo o American Heritage Dictionary.

As conquistas feitas por Hitler na primavera seguinte também parecem ter sido percebidas por Nostradamus, que escreveu, na Centúria V, Quadra 94:

Ele [presumivelmente Hitler] transformará em Grande Alemanha Brabant, Flandres, Ghent, Bruges e Boulogne [...]

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O SINAL DA SUÁSTICA

A suástica ou hakenkreuz (literalmente, "cruz recurvada") está agora para sempre associada, na mente de todos nós, aos nazistas e aos terríveis crimes que eles cometeram na Segunda Guerra Mundial. Originalmente, no entanto, o símbolo tinha um significado puramente espiritual, tanto no Oriente como no Ocidente; e, de fato, até hoje o símbolo da suástica pode ser encontrado em muitos templos hinduístas.

Antes do início da Primeira Guerra Mundial, a suástica era considerada, na Alemanha, um símbolo do deus Thor (ou Thunor), e foi por isso que os Freikorps - grupos armados que defenderam a Alemanha depois da guerra - a adotaram. No início dos anos 1920, Hitler inverteu a posição dos braços da suástica e fez dela a insígnia de seu movimento.

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Nostradamus parece ter previsto a futura notoriedade tanto da suástica como do líder nazista na Centúria VI, Quadra 49:

O grande Sacerdote do Partido de Marte [i.e., Hitler]Que subjugará o Danúbio,

A cruz atormentada pelo gancho [...]

Descrevendo o líder nazista como "ave de rapina voando para a esquerda”, na Centúria I, Quadra 34, Nostradamus escreveu profeticamente sobre as percepções européias a respeito de; Adolf Hitler no período 1933-1939:

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O pássaro de rapina voando para a esquerdaFaz preparações [bélicas] antes de combater os franceses:Alguns o considerarão bom, alguns mau, alguns ambíguo,

O partido mais fraco o verá como um bom augúrio.

A descrição de Hitler "voando para a esquerda”, na primeira linha, foi um típico exemplo de jogo de palavras de Nostradamus. Sua referência primária foi ao fato de que a palavra "sinistro" deriva da palavra latina que significa "esquerda”; sua referência secundária foi

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que Hitler, como este explicou em seu livro Mein Kampf, deliberadamente moldou seus métodos de propaganda com base nos usados pelos marxistas, e muitos membros de suas tropas de assalto, as SA, foram recrutados nas fileiras de ex-comunistas.

A segunda linha da quadra exige pouca clarificação - a preparação de guerra de Hitler contra a França foi tal que, no verão de 1940, centenas de milhares de refugiados entupiriam as estradas francesas (ver quadro na página 116) -, mas a terceira linha precisa de alguma explicação.Para nós, com todas as vantagens do ângulo de visão de agora, parece óbvio que Hitler era um fomentador de guerra megalomaníaco com desejo de dominar o mundo e de destruir qualquer pessoa ou povo que atravessasse o seu caminho ou que fosse considerado por

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ele racialmente indesejável. Nos anos 1930, no entanto, nada disso estava tão evidente. Para a direita, o comunismo soviético era a maior ameaça para a estabilidade e a paz da Europa, e em geral se pensava que os nazistas tinham "salvado a Alemanha do bolchevismo". E grande parte tanto da esquerda liberal como da direita acreditava que, apesar de toda a sua oratória inflamada, Hitler não queria de fato a guerra, mas estava preparado para usá-lo como ameaça, para reparar as injustiças que a Alemanha tinha sofrido sob os termos do Tratado de Versalhes de 1919.Assim, as atitudes em relação ao Führer eram, como profetizara Nostradamus, muito misturadas. Alguns, como o líder liberal inglês Lloyd George, por algum tempo o olharam com admiração; outros distinguiram sua natureza má em estágio precoce de sua carreira; outros não tinham certeza. O "partido mais fraco", citado na última linha da quadra, que o vidente previu que veria a chegada de Hitler ao poder como um "bom augúrio", foi, surpreendentemente, o KPD, o Partido Comunista Alemão, cujos líderes stalinistas defenderam que uma fase de regime nazista precederia a revolução proletária alemã.Há várias quadras nas Centúrias que se referem a alguém ou a alguma coisa chamada "Hister", sendo que quase todas carregam o duplo significado profético em que Nostradamus, por assim dizer, se especializou; ou seja, todas se referem tanto ao Rio Ister, um nome antigo do Danúbio, como a Adolf Hitler. Uma delas é a Centúria II, Quadra 24. Ela parece se referir tanto ao aprisionamento do líder húngaro, almirante Horthy, por "Hister" na sua acepção de Hitler, como à derrota final da Wehrmacht (6) na Hungria e sua retirada em pânico, cruzando o "Hister" em sua acepção de Danúbio. Diz ela:

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Feras loucas de fome nadarão através dos rios,A maior parte do campo de batalha será contra Hister.

Em uma gaiola de ferro o líder será arrastado [por ele?]Quando o filho da Alemanha não segue lei alguma.

Nostradamus profetizou as derrotas de Hitler na Europa Ocidental, assim como as do Danúbio, e a Centúria II, Quadra 16, é claramente pertinente à "nova tirania” dos fascistas italianos e seus patrocinadores alemães, à invasão da Sicília pelos Aliados, em 1943, e ao intenso bombardeamento aéreo e naval ("grande ruído e fogo nos céus") que a precedeu. A quadra diz:

Em Nápoles, Palermo, Siracusa e em toda a Sicília,Novos tiranos [governam], grande ruído e fogo nos céus,

Uma força vinda de Londres, Ghent, Bruxelas e Suse,Uma grande matança, seguida de triunfo e festas.

A linha final foi um presságio da vitória dos Aliados, mas em outro lugar, na Centúria 1, Quadra 31, o vidente tornou claro que ele sabia que essa vitória seria em certa medida uma vitória oca para os Aliados, com o fascismo espanhol ainda no poder, novas ameaças da União Soviética e uma percepção de que os "três grandes, a Águia (os EUA), o Galo (França) [...] o Leão (Grã-Bretanha)" tinham gozado no máximo "uma vitória incerta”.

6. N. da T.: Em alemão: "Forças Armadas". Portanto, a força de guerra alemã.

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O BANQUETE DA CARNIÇA

A fuga dos infelizes refugiados franceses que, bombardeados por Stukas e varridos pelo fogo de aviões de caça, seguiam pelas estradas rumo ao sul enquanto a Wehrmacht avançava sobre Paris no início do verão de 1940, foi profetizada por Nostradamus na Centúria III, Quadra 7, que diz:

Os refugiados [literalmente, fugitivos], fogo vindo do céu sobre suas armas,

A próxima batalha será a dos urubus,Eles [os refugiados] apelam à terra e aos céus por socorro

Quando os guerreiros se aproximam dos muros.

O "fogo do céu" era o que vinha dos aviões da Luftwaffe e foi tão eficaz que matou homens, mulheres e crianças, e - como o vidente tinha vaticinado - urubus brigaram entre si na partilha da carne humana com a qual puderam se banquetear.

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Por um período de mais de quatrocentos anos, estudiosos de profecia e outras artes de predição se têm detido sobre as estrofes tortuosas e muitas vezes obscuras que compõem as Centúrias de Nostradamus. Alguns deles, como James Laver, queriam apenas descobrir exemplos de profecia confirmada; outros querem também interpretar as quadras com o objetivo de descobrir o que o futuro guarda tanto para eles quanto para seus descendentes. Outros, ainda, estudam as Centúrias com um objetivo bem diferente em vista: desejam, por razões que podemos somente supor, desacreditar as profecias em geral e as de Nostradamus em particular.

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Grande parte desses céticos profissionais rejeitou todos os exemplos de profecia confirmada - mesmo as profecias em que o vidente deu datas específicas -, tomando-os ou como coincidências ou como produto do "ângulo de visão ilusório", ou seja, uma hábil distorção do conteúdo e da importância de determinadas quadras para que se ajustem a um evento do passado. Não há nenhuma dúvida de que isso foi feito algumas vezes, tanto por nostradamianos entusiasmados

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demais quanto por pessoas interessadas em apenas pregar uma peça.Desse modo, por exemplo, um comentarista americano (que se pode esperar que foi um brincalhão, e não um homem desejoso de contribuir com algum comentário sério sobre as Centúrias) deu-se ao grande trabalho de reinterpretar uma quadra geralmente considerada como uma predição bastante clara da invenção, no século 18, do vôo em balão, pelos irmãos Montgolfier. Segundo ele, a quadra em questão tinha sido mal interpretada e era, na realidade, a revelação do resultado de um torneio de golfe do U.S. Open que aconteceu nos anos 1920.Por mais engraçada que uma interpretação assim ridícula possa ser, geralmente não é fácil, de modo algum, distorcer as quadras das Centúrias para um propósito particular. Com relação a isso, é interessante notar uma circunstância ligada ao avanço do exército alemão sobre a França no início do verão de 1940.O setor de "propaganda negra” tanto das Forças Armadas como do Ministério da Propaganda estava ansioso para encontrar uma quadra de Nostradamus cujo sentido pudesse ser pervertido, de maneira a utilizá-la para estimular os refugiados civis franceses a seguirem pelas estradas que levam ao sudoeste da França, para que desse modo pudessem tê-las bloqueadas. A idéia era lançar, pela Luftwaffe, folhetos com uma quadra adequadamente interpretada sobre áreas em que se sabia da existência de concentrações de refugiados.Entretanto, embora os especialistas da "propaganda negra” requisitassem a assistência de vários especialistas em Nostradamus - um dos quais, pelo menos, era um nazista convicto -, eles absolutamente não conseguiram encontrar uma quadra que servisse a seus propósitos. Havia, é claro, a quadra descrita no quadro da página 116, mas como ela sugeria que os que tomassem as estradas podiam

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muito bem acabar sendo comidos por aves de rapina, não atendia de jeito nenhum às intenções alemãs. Em vez disso, os nazistas foram forçados a lançar folhetos com imitações grosseiras atribuídas a Nostradamus, mas que não lembravam quadras genuínas de forma alguma, nem em estilo nem em conteúdo.É provável que Nostradamus não ficasse especialmente surpreso se soubesse que quase quatrocentos anos após a sua morte estrofes atribuídas a ele estivessem destinadas a cair do ar, lançadas de máquinas voadoras - embora vivesse em uma época em que o meio mais rápido de transporte era um cavalo, ele parece ter tido visões de combate aéreo. Uma visão assim está provavelmente descrita na Centúria I, Quadra 64:

À noite eles pensarão ter visto o Sol,Quando virem o meio-homem parecido com porco,

Ruído, gritos, batalhas vistas nos céus:Feras grosseiras falando serão ouvidas.

Isso lembra uma descrição de uma batalha aérea como as que devem ter ocorrido em qualquer época entre o começo da Primeira Guerra Mundial e a Guerra do Golfo, em 1991. Aceitando-se essa interpretação, o Sol à noite seria o brilho da explosão de bombas ou mísseis antiaéreos, o "meio-homem parecido com um porco" seria um piloto ou um navegador usando capacete de vôo e máscara de oxigênio, o que em aparência lembra vagamente um focinho suíno. E as "feras grosseiras falando" que são ouvidas seriam os "meio-homens", i.e., os aviadores comunicando-se por rádio com a base e um com o outro.

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A TECNOLOGIA MODERNA

Muitas da quadras que pareciam não passar de uma série de frases incompreensíveis para quem as lia nas"décadas de 1690, 1790 e 1890 parecem ter um significado bastante claro para aqueles dentre nós que tentam interpretá-Ias agora. Muitas das estrofes de Nostradamus que em, digamos, 1890 pareciam ser material incompreensivelmente simbólico e vagamente místico fazem sentido agora como registro de uma visão interpretada por um homem que viveu no século 16 - um

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homem que estava tentando descrever uma tecnologia da qual ele não conhecia nada.A Centúria I, Quadra 64 (na página 119), dá excelente exemplo de uma dessas tentativas de Nostradamus descrever a tecnologia de um tempo futuro.

Se aceitarmos que, como foi explicado nas páginas 119-20, Nostradamus teve visões de combate aéreo moderno e achou a tarefa de descrevê-lo tão difícil que se viu forçado a usar expressões como "homens parecidos com porcos", podemos imaginar que, se ele teve vislumbres de clarividência de tecnologias ainda mais recentes, teria considerado ainda maior o esforço de expressar em palavras a natureza do que tinha visto.E existem algumas quadras nas Centúrias em que parece provável que o profeta tenha tentado descrever explosões atômicas e vôos espaciais.Por exemplo, a Centúria lI, Quadra 6, faz pensar que ela seja uma previsão dos acontecimentos que causaram a rendição dos japoneses

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em agosto de 1945 - o lançamento de bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. A quadra diz:

Perto do porto e em duas cidadesHaverá dois flagelos nunca testemunhados antes.

Fome e praga, os lançados abaixo pela arma [literalmente, "ferro"] Clamarão ao Deus Imortal por socorro.

Claro que é possível que nessa estrofe o vidente estivesse prognosticando desastres gêmeos ainda por ocorrer, mas é preciso admitir que eles se ajustam muito bem aos acontecimentos de agosto de 1945. Ambas as cidades são contíguas a portos; seus habitantes foram submetidos a "flagelos nunca testemunhados antes" - ou seja, ao deliberado lançamento de energia atômica para matar seres humanos; e muitos dos que sobreviveram aos efeitos imediatos das bombas sofreram espécies nunca antes presenciadas de praga e fome, sendo a praga a doença da radiação e a fome uma conseqüência de um de seus sintomas - vômito continuo de tal gravidade que o corpo da vitima é incapaz de absorver qualquer nutrição.

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Nostradamus parece também ter tomado consciência das possibilidades de viagem no espaço e ter feito o melhor que pôde para descrevê-la. Nas duas primeiras linhas da Centúria VI, Quadra 34, ele provavelmente se referiu aos usos militares de veículos espaciais, quando escreveu sobre "a máquina do fogo voador", e as duas últimas linhas da Centúria VI, Quadra 5, só encontram sentido no contexto de uma estação espacial habitada:

Samarobin a cem léguas do hemisfério [i.e., da Terra]Eles viverão sem lei, isentos de política.

A palavra "política” foi usada provavelmente, aí, no sentido principal que tinha no século 16 - grosso modo, moderação, equilíbrio, cálculo ajuizado - e Nostradamus, então, estava profetizando que um grupo de pessoas viveria sem lei e sem moderação cem léguas acima da

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superfície da terra, em alguma estrutura que ele chamou de "Samarobin".

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Parece provável que Nostradamus tenha discernido a natureza de algumas epidemias modernas, assim como previu a tecnologia do século 20, pois as três primeiras linhas da Centúria IX, Quadra 55, podem racionalmente ser interpretadas como uma dupla previsão da epidemia de gripe que assolou a Europa em 1917 -1918 (e resultou em mais mortes até do que a própria Guerra Mundial) e da atual epidemia de aids. Essas linhas dizem:

A terrível guerra que é preparada no oeste,No ano seguinte a pestilência virá,

Tão horrível que nem jovens nem velhos [sobreviverão]

Ambas as epidemias foram causadas por vírus mutantes; a erupção da gripe seguiu-se às matanças no fronte ocidental na Primeira Guerra Mundial e a epidemia da aids, embora seu vírus causador possa ter existido desde há séculos, não havia adquirido seu ritmo terrível até a época em que o Iraque invadiu o Irã pelo oeste, começando uma guerra que foi descrita como a maior produtora de baixas do que qualquer coisa desde os grandes avanços de infantaria da Primeira Guerra Mundial.

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VÍRUS DE UM COMPUTADOR?

Como foi explicado nas páginas 81-4, com relação a uma quadra em que há um "marido mitrado", improváveis interpretações antigas, embora tenham parecido engenhosas na ocasião, têm de ser abandonadas quando confrontadas com a luz esclarecedora de eventos históricos.Outra interpretação assim antiga é a das duas primeiras linhas da Centúria I, Quadra 22, que diz:

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Uma coisa que existe sem qualquer sensaçãoFará sua própria morte ocorrer por um artifício [...]

Desde 1672, quando Théophile de Garencières comentou esses versos, alguns nostradamianos tentaram aplicá-los a um acontecimento que se passou em 1613 - a remoção cirúrgica de um embrião petrificado do útero de uma mulher chamada Colomba Chantry.Para alguns, essa interpretação sempre pareceu improvável. Além de ser um acontecimento um tanto insignificante para ser assunto de uma profecia, era difícil entender como se podia considerar que o feto tivesse feito "sua própria morte ocorrer por um artifício". Uma sugestão alternativa e atualizada é que a coisa (ou coisas) que paradoxalmente existe, que é capaz de causar sua própria destruição e que, no entanto, não tem nenhuma sensação, é um computador moderno. Um "sábio sem sentidos" desse tipo pode destruir a si mesmo, como resultado de "artifício" ao ser carregado com um programa que carrega um vírus oculto que instrui a máquina para erradicar progressivamente a própria memória.Fantástico? Talvez, mas não mais do que algumas previsões exatas que são feitas em outros pontos das Centúrias.

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Há vinte anos, muitos sovietologistas - supostamente especialistas nos assuntos econômicos, sociais e políticos da União Soviética e do bloco de países socialistas que ela liderava:- previam, desalentada ou alegremente (conforme a orientação política deles), o declínio das economias de mercado do capitalismo ocidental e o "inevitável" triunfo do bloco socialista. Mesmo há cinco anos (7), quando a estrutura da burocracia soviética já estava caindo aos pedaços, havia não somente aqueles que falavam o tempo todo sobre "entrar em acordo com a realidade soviética", como alguns ainda se agarravam à idéia de que, de algum modo misterioso, a tirania soviética era moralmente superior ao capitalismo moderno.Nostradamus mostrou saber mais do que todos os auto-intitulados especialistas. Mais de quatro séculos antes que estes nascessem, Nostradamus estava profetizando não somente o triunfo dos bolchevistas russos de 1917, em conseqüência do qual se deu a perseguição da Igreja Ortodoxa, mas também a queda final do Muro de Berlim e do império que o tinha construído.

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Ele previu o primeiro desses eventos na Centúria VIII, Quadra 80, que diz:

O sangue dos inocentes, de viúva e virgem.Tantos males cometidos pelo Grande Vermelho,Ícones sagrados colocados sobre velas acesas,

Aterrorizados com pavor, todos terão medo de se mover.

7. N. da T.: O autor escrevia no ano de 1993.

Foi uma excelente descrição não apenas do que de fato aconteceu durante a era de Lênin e Stálin mas também do estado psicológico de medrosa imobilidade que ela induziu entre os cristãos russos.A queda final do comunismo na Rússia e em outras repúblicas soviéticas foi vaticinada na Centúria III, Quadra 95:

Ver-se-á a lei mourisca [modo de vida] falhar,Seguida de outra que é mais atraente:

O Boristhenes serd o primeiro a dar lugarA outro [modo de vida] mais agradável em conseqüência de presentes

e línguas.

A estrofe como um todo fazia pouco sentido até bem recentemente, embora háalguns anos pelo menos um comentarista dessa quadra tenha sugerido que ela profetizara a queda da Rússia como estado marxista. Sua interpretação se baseou em uma peça de trocadilho nostradamiano que pode ser identificado na primeira linha - um engenhoso uso da expressão "lei mourisca" para significar algo que

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não é imediatamente evidente a partir de seu significado literal. Karl Marx, o teórico cujos escritos inspiraram Lênin, Trótski, Bukharin e os outros líderes da Revolução Russa, tinha um apelido que só era usado por sua família e amigos íntimos como Friedrich Engels. Esse apelido era "o mouro" e com o uso da expressão "a lei mourisca” Nostradamus quis dizer "uma sociedade baseada nos ensinamentos de Karl Marx".

"O Boristhenes será o primeiro a dar lugar a outro [modo de vida] mais agradável em conseqüência de presentes e línguas", disse Nostradarnus na terceira e na quarta linhas. Boristhenes foi o nome clássico do Dnieper, o grande rio da Rússia, ao passo que a expressão "presentes e línguas" se refere às influências ocidentais,

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sendo aqueles os bens de consumo contrabandeados e estas as vozes de sereia do capitalismo ouvidas na Rádio Europa Livre e em outras estações de rádio do Ocidente. A quadra pode ser parafraseada assim:

Ver-se-á o modo de vida marxista falharE ser sucedido por um que é mais agradável.

A Rússia será a primeira [i.e., é, antes da China] a abandonar o comunismo

Em conseqüência de influências externas sobre ela.

Embora, na última análise, todas essas influências externas emanem do mundo ocidental, algumas delas entraram na Rússia em conseqüência dos acontecimentos presenciados pelos soldados do Exército Vermelho na época da queda do Muro de Berlim - mais um

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acontecimento quase de todo inesperado, que tinha sido visto por Nostradamus, pois ele parece prevê-Ia na Centúria V, Quadra 81, que diz:

O pássaro real sobre a cidade do SolDará seu augúrio [profecia] noturno por sete meses,

Trovões e relâmpagos, o muro do Leste cairá,Em sete dias o inimigo diretamente nos portões.

O "pássaro real" é a águia, um símbolo da velha monarquia da Prússia, cuja capital era Berlim, que se pensa ter sido chamada "cidade do Sol" pelo vidente por duas razões. A mais provável é a de que, segundo pelo menos um astrólogo do século 16, Brandenburgo, o Estado que se transformou na Prússia, era "regido" por Leão, o signo do Sol.Os acontecimentos que imediatamente precipitaram a queda da Alemanha Oriental e do muro que ela tinha construído com o objetivo de manter seus cidadãos no país foram precedidos de aproximadamente sete meses de inquietação civil em constante crescimento; tudo considerado, a quadra se encaixa muito bem com o que realmente aconteceu e pode justamente ser considerada mais uma das predições bem-sucedidas de Nostradamus.É correto dizer, porém, que no passado a estrofe em questão foi aplicada a pelo menos dois outros acontecimentos: as derrotas sofridas pela França em 1870 e em 1940. Contra isso, tem-se de admitir que em 1972, quase vinte anos antes da derrubada do Muro, a comentarista de Nostradamus Erika Cheetham publicou sua opinião em que diz que era provável que a quadra se referisse a esse possível e muito desejado acontecimento.

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Como já foi apontado, Nostradamus algumas vezes escreveu estrofes que, até bem recentemente, eram aparentemente uma miscelânea de disparates embaralhados, mas que hoje fazem sentido em termos da tecnologia dos equipamentos modernos de guerra.Uma profecia "disparatada" desse tipo está na Centúria I, Quadra 29, que agora se pensa que provavelmente se refira ou a alguma futura guerra nuclear que logo virá ou, mais provável e desejavelmente, à Guerra do Golfo contra o Iraque e à ocupação do Kuweit por aquele país. Essa quadra diz:

Quando o peixe [que viaja] na terra e na águaFor lançado na costa por uma grande onda,

Sua estranha forma feroz e horripilante,Vindos do mar seus inimigos logo chegam aos muros.

Na última linha, "os muros" parece significar, na terminologia de nossa era, "defesas estacionárias" - muros, fortificados eram a única forma importante de defesa estacionária no século 16 - e "seus inimigos"

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claramente se refere a forças armadas que tentam romper essas defesas.Mais uma vez, temos aqui uma quadra que haveria de parecer extremamente obscura para alguém que a lesse, digamos, na década de 1840 ou mesmo na de 1940. Com seu peixe ameaçador de muros que viaja por terra e mar, ela só poderia ser interpretada forçando-se o seu simbolismo de forma dificilmente convincente para qualquer um que não fosse dos mais entusiasmados devotos de Nostradamus. Na década de 1990, entretanto, parece provável que, como o "meio-homem parecido com porco", ela se refira aos sistemas bélicos da avançada tecnologia militar. Poderia ser uma referência a um míssil atômico lançado de um submarino contra um inimigo, um acontecimento que ainda não houve. Entretanto, para este escritor, ela soa muito mais como uma descrição da Guerra do Golfo, de 1991, tal como vista em clarividência por um médium ou praticante de divinação cerimonial da Renascença (ver páginas 257 e 64).Se for assim, a viagem de peixe em terra e mar seria um dos mísseis Cruise lançados de navio, que arrasou a estrutura de comando da máquina militar iraquiana e o sistema de suprimento que a mantinha em operação. A "grande onda” que o lançou sobre a terra seria o ronco contínuo do motor de foguete do míssil, um som tão diferente de qualquer ruído conhecido por um homem do século 16 que provavelmente o faria pensar no som de grandes ondas se quebrando na costa durante uma tempestade.Finalmente, o "inimigo vindo do mar" capaz de arrasar "os muros" -linhas de defesa construídas pelos soldados iraquianos - em conseqüência do estrago descarregado pelo "peixe" (mísseis Cruise da marinha) seriam as tropas americanas, britânicas e outras tropas aliadas que cruzaram os oceanos do mundo para libertar o Kuweit.

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Como já foi observado antes, Nostradamus era um homem do seu tempo que precisava interpretar as visões desconcertantes que tinha em termos daquilo que conhecia. Pode-se comparar essa situação com a dos colonos europeus na Tasmânia, no início do século 19, que encontraram formas de vida selvagem muito diferentes das que conheciam e interpretaram o que viram com base na fauna que já conheciam. Assim, por exemplo, consideraram que o maior e mais feroz carnívoro da Tasmânia que encontraram era um tigre, embora o "tigre da Tasmânia” não fosse sequer da família dos felinos. Da mesma forma, o vidente Nostradamus interpretou todo objeto aerodinâmico (do tipo de um míssil) que identificou através da clarividência em termos da única criatura aerodinâmica que conhecia, isto é, um peixe.Um "peixe" semelhante (nesse caso um submarino), é referido na Centúria lI, Quadra 5:

Quando ferro [i.e., armas] e letras estão contidos em um peixe,Virá dele um homem que fará guerra:

Sua esquadra terá viajado cruzando o mar,Para aparecer perto da costa latina.

Talvez essa seja a descrição do líder de uma equipe de sabotadores fazendo um desembarque subreptício por trás das linhas inimigas durante a Guerra do Golfo ou algum outro conflito recente - ou talvez Nostradamus estivesse fazendo a previsão de uma guerra destinada a irromper em 1996.

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CONJUNÇÃO EM PEIXES

Há uma interpretação alternativa e alarmante da primeira linha da Centúria I, Quadra 29 ("Quando ferro [i.e., armas] e letras estiverem contidas em um peixe"), que decorre do simbolismo astrológico tradicional que Nostradamus teria conhecido muito bem. Nessa leitura, "peixe" indica o signo zodiacal de Peixes, "ferro" significa o Planeta Marte, regente astrológico desse metal, da guerra e suas armas, e "letras" significa Mercúrio, o planeta mais interno do Sistema Solar e regente de todos os meios de comunicação. A linha toda, assim,

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significaria algo como "Quando Marte e Mercúrio estiverem em conjunção com Peixes", e a quadra como um todo poderia ser tomada como uma predição de que na época desse acontecimento haveria guerra no Mediterrâneo - "perto da costa latina” - envolvendo uma esquadra que teria viajado desde longe.A conjunção de Mercúrio e Marte em Peixes ocorreria, segundo Nostradamus, na primavera de 1996. Seria essa data marcada pelo início de algum grande conflito que envolveria a Marinha dos Estados Unidos?

Em Todas as épocas houve uma compreensível tendência, entre aqueles que comentaram as Centúrias de Nostradamus, de buscar referências a acontecimentos que se deram em sua própria época. Assim, os nostradamianos franceses das duas últimas décadas do século 19 procuraram quadras aplicáveis à guerra franco-prussiana; os estudiosos ingleses das Centúrias nos final dos anos 1930 acreditavam que haviam detectado na Centúria X, Quadra 40, um prognóstico da abdicação de Eduardo VIII; e alguns pesquisadores contemporâneos de conhecimento profético oculto encontraram - é o

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que afirmam - uma quantidade assombrosamente grande de quadras relacionadas com os irmãos assassinados, o presidente John F. Kennedy e Robert Kennedy.

Este escritor acha provável que muitas dessas atribuições aos Kennedy estejam enganadas. Elas são tão vagas que é impossível dizer verdadeiramente, de qualquer uma delas, "isso só pode ser relativo aos Kennedy", da forma que se pode dizer da Centúria IX, Quadra 20 (ver páginas 73-6), "isto só pode se referir à fuga de Luís XIV”, ou das duas últimas linhas da Centúria VI, Quadra 5 (ver páginas

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122-3), "isto só pode estar descrevendo uma estação espacial habitada”.Não se pode ter certeza, por exemplo, de que a Centúria II, Quadra 57, realmente se aplique, como alguns defendem, à crise dos mísseis cubanos e à morte do presidente Kennedy. Ela certamente não se encaixa muito bem na tradução:

Antes do conflito o grande homem cairá,O lamentado grande homem [cairá] por morte repentina,

Nascido imperfeito, ele percorrerá a maior parte do caminho,Perto do rio de sangue o chão está manchado.

O presidente Kennedy, embora sofresse, durante todo o seu mandato, de um incapacitante problema de coluna e das seqüelas de uma infecção gonorréica crônica, dificilmente seria uma pessoa de quem se poderia dizer que nasceu imperfeito, a não ser talvez num sentido moral. O restante da quadra parece ser ainda menos relevante, pois embora a segunda linha claramente indique uma morte inesperada e provavelmente violenta, o assassinato do presidente ocorreu depois, e não antes, dos conflitos diplomáticos ligados à crise dos mísseis cubanos.

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Ainda vagas, mas um pouco mais justificadamente aplicáveis a John F. Kennedy e a Robert Kennedy, no sentido de que ambos os irmãos foram assassinados, são as três primeiras linhas da Centúria X, Quadra 26, que diz:

O sucessor vingará seu belo irmão,E ocupará o reino sob a sombra da vingança,

Ele, morto, o obstáculo do morto culpado, seu sangue [..,]

Os problemas para aceitar, como muitos aceitaram, que essa foi uma profecia, ainda que bem genérica, sobre os Kennedy são: a) que Robert Kennedy nunca vingou seu irmão nem o sucedeu como presidente, fosse imediata ou subseqüentemente; b) que a última linha da quadra - "Por um longo período a Grã-Bretanha estará em acordo

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com a França” - parece ter profetizado que, qualquer que fosse a natureza do(s) acontecimento(s) da profecia envolvendo os dois irmãos, ele(s) estaria(m) destinado(s) a ser de alguma forma importante(s) no contexto das relações franco-britânicas. Isso dificilmente poderia ser dito da morte dos Kennedy.Outra quadra que também foi aplicada à família Kennedy é a Centúria IX, Quadra 36, cujas últimas duas linhas dizem:

Cativos eternos, uma época em que há relâmpagos acima,Quando três irmãos serão feridos mortalmente.

Este escritor é cético a respeito da suposta importância profética dessa quadra. Se ele estiver errado, o prognóstico para o terceiro irmão, presumivelmente Edward Kennedy, é mau e o último assassinato vaticinado na linha final acontecerá em algum tempo de Páscoa - pois, de acordo com a segunda linha da quadra, "Não longe da Páscoa haverá confusão, um golpe da faca”.

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NÚMEROS DE MORTALIDADE

Uma razão para duvidar da existência de qualquer quadra de Nostradamus que possa ser tida como uma profecia definitiva do assassinato do presidente John F. Kennedy é que nenhum intérprete das Centúrias identificou tal quadra antes do acontecimento. Isso é especialmente surpreendente porque alguns ocultistas especializados em numerologia - o estudo dos atributos supostamente místicos dos números - tinham, logo após a eleição de Kennedy para presidente, em 1960, previsto que ele certamente morreria no cargo e provavelmente como vítima de um assassino.A idéia de que quem quer que fosse eleito presidente em 1960 estaria destinado a morrer no cargo tinha estado, por assim dizer, "no ar"

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desde a morte do presidente Roosevelt na primavera de 1944. Isso porque, como os interessados em numerologia tinham percebido na época da morte de Roosevelt, desde 1840 todo presidente americano que tinha sido eleito em ano terminado por zero tinha morrido no cargo, e três deles - os presidentes Lincoln, Garfield e McKinley, eleitos respectivamente nos anos de 1860, 1880 e 1900 - tinham sido assassinados.A chamada "maldição presidencial dos zeros" provavelmente não passou de uma série incomum de coincidências. Se realmente existiu, ou foi limitada a uma duração de 120 anos (um período significativo em si mesmo, de acordo com alguns numerologistas), ou foi, em certo sentido, suspensa por Ronald Reagan, eleito para a presidência pela primeira vez em 1980 e sobrevivente de tentativas de assassinato e de doenças que apresentam risco de morte.

A tendência que a maioria de nós tem de querer ouvir que nosso próprio país (ou continente) e seus líderes são centrais para a história do mundo é, provavelmente, a maior culpada pelas interpretações

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erradas e pelas atribuições proféticas dúbias do tipo descrito nas páginas 133-6 em relação aos irmãos Kennedy. Se, por exemplo, alguém acreditar que (a) os presidentes Lincoln e Kennedy foram figuras de especial importância para o mundo e que (b) Nostradamus foi capaz de discernir agudamente as linhas mestras da história desde sua própria época até o futuro distante, é difícil aceitar a possibilidade de que esses homens não tenham sido mencionados em algum lugar nas Centúrias.

Mas eis que, no que tange aos acontecimentos que estavam perto dele no tempo, Nostradamus parece ter tido a atitude inteiramente eurocêntrica que podia bem se esperar dele, como francês do século 16. Tirando algumas vagas referências às "Hespérides" e à sua

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riqueza, não há na verdade nenhuma profecia de Nostradamus que possa ser racionalmente aplicada aos acontecimentos da históriaamericana até hoje.À medida que o vidente olhava mais longe no futuro, no entanto, seu campo de visão parece ter-se alargado, e, como descobrirão os leitores deste livro, há grande quantidade de quadras relacionadas a eventos que ainda pertencem ao futuro e que provavelmente se relacionam, no todo ou em parte, com os Estados Unidos. No que se refere ao século 20, há algumas profecias nas Centúrias que podem ser interpretadas como relativas aos EUA e algumas que parecem se ajustar aos acontecimentos com certa exatidão.

Como sempre, as mais interessantes entre essas últimas são as que não somente se encaixam em acontecimentos que de fato aconteceram mas que foram interpretadas como profecia desses acontecimentos antes que ocorressem - o que invalida as suspeitas de

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engenhosidade interpretativa baseada em visão posterior. Constituem bons exemplos as quadras que, na época em que a Guerra Fria estava no auge, foram interpretadas como profecias de uma futura amizade de curta duração entre os EUA e a União Soviética.Tal amizade - de curta duração apenas por causa da desintegração da URSS, atual Rússia, em suas partes constitutivas - veio à luz nos anos dos governos Reagan / Bush (8) /Gorbachev, e sem ela o mundo teria se tornado um lugar muito diferente. Uma das quadras interpretadas como profecia disso muito antes que acontecesse é a Centúria II, Quadra 89:

8. N. da T.: O autor se refere aqui o governo do presidente americano George Bush (1989-1993), pai de George W. Bush (presidente dos Estados Unidos eleito em 2000).

Um dia os dois grandes líderes [líderes das superpotências] serão amigos,

Seu grande poder se verá crescer :A Terra Nova [América] estará no auge de seu poder,

Ao homem do sangue será relatado o número.

Com as menções a dois grandes líderes e à "Terra Nova” (no século 16 um termo bastante comum para a América), essa quadra foi tida como indicativa da futura amizade entre americanos e soviéticos já nos anos 1960. Os comentaristas, entretanto, ficavam perplexos com o significado da última linha. Os Estados Unidos se tornariam, perguntavam-se eles, um virtual aliado de um país governado por uma pessoa cujo caráter era de tal natureza que o vidente se referia a ele como "um homem e sangue”?

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Com a presidência de Gorbachev, no entanto, o significado da última linha pareceu ficar claro: Nostradamus se referiu à marca distintiva mais óbvia do líder soviético, o grande nevo (área descolorida da pele causada por vasos sangüíneos hipertrofiados) com a aparência de sangue seco em sua testa.Isso parece muito claro e apropriado, mas alguns nostradamianos contemporâneos adotam um ponto de vista inteiramente sombrio, identificando o "homem do sangue" com o Anticristo, um governante cruel cuja hora deve estar próxima (ver páginas 166-9).A brevidade da duração da amizade entre soviéticos e americanos foi prevista por Nostradamus nas duas primeiras linhas da Centúria V, Quadra 78 ("os dois não permanecerão aliados por muito tempo, [a União Soviética] dando lugar a sátrapas bárbaros").

BALÕES, BATALHA, BESTEIRA

Uma das tentativas mais estranhas de dar uma inclinação americana a uma profecia de Nostradamus envolveu a Centúria V, Quadra 57, que, em tradução parcial - por razões que ficarão evidentes, algumas palavras foram deixadas em sua forma original -, diz o seguinte:

Seguirão a partir do Mont Gaulfier e do AventineOs que através de um todo darão informação ao exército [..,]

De modo geral, é aceito entre os intérpretes das Centúrias que essas linhas se referem à primeira utilização de balões de ar quente para fins de observação militar. Isso aconteceu na Batalha de Fleurus (1794), e naquela época os balões desse tipo eram conhecidos como Montgolfiers, nome herdado dos irmãos Montgolfier, que os inventaram em 1783.

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Entretanto, na década de 1930, um americano determinado, que parece ter estado convicto de que praticamente qualquer profecia de Nostradamus podia ser distorcida para dar alguma importância aos EUA, decidiu que a expressão Mont Gaulfier se referia ao jogo de golfe e que a estrofe toda profetizava o resultado de um certo torneio do U. S. Open. Se alguém se permite uma só interpretação desse tipo, esse alguém é um comediante; duas ou mais, e a comédia vira excentricidade!

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Nas páginas precedentes, tivemos detalhes de alguns dos acertos proféticos espantosos contidos nas Centúrias de Nostradamus. Por exemplo, vimos que ele profetizou os anos exatos do Grande Incêndio de Londres e do começo da Segunda Guerra Mundial; vimos como mostrou um conhecimento detalhado de eventos que ocorreram na Revolução Francesa, que se iniciou mais de dois séculos após sua morte; e vimos como ele descreveu os mísseis guiados usados na moderna tecnologia de guerra.No próximo capítulo (páginas 145-192), serão examinadas as profecias de Nostradamus que ainda não foram cumpridas - as profecias que se referem ao futuro próximo de nosso planeta e provavelmente afetarão a vida de todos e de cada um de nós. O estudo dessas predições é muito estimulante, pois os que se dedicam a isso estão, num certo sentido, se esforçando para rivalizar com Nostradamus na arte de rasgar o próprio tecido do tempo. Entretanto, a animação precisa ser temperada por uma percepção de que existem dois fatores importantes que devem estar sempre presentes na mente

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dos nostradamianos que desejam saber o que o futuro guarda para eles e para o mundo.O primeiro é este: o significado exato das previsões de Nostradamus com relação ao nosso futuro coletivo decorre das interpretações das Centúrias feitas separadamente por estudiosos, a partir da linguagem complicada e obscura muitas vezes empregada por Nostradamus - e alguns desses julgamentos do exato significado dado pelo vidente podem estar parcial ou inteiramente incorretos. O segundo fator importante é que algumas profecias supostamente atribuídas a Nostradamus são, provável ou certamente, falsificações. Algumas delas foram criadas pela máquina de propaganda nazista durante a Segunda Guerra Mundial, outras possivelmente surgiram em conseqüência de auto-engano ou de um desejo de brincar com os crédulos.Nesse sentido, é relevante a história de um evento curioso que se supõe tenha acontecido no início dos anos 1970. De acordo com essa história, Nostradamus reapareceu como "um ser humano vivo, respirando", em um camarim de um estúdio de televisão nos Estados Unidos. Ele proferiu várias novas profecias em francês mas que eram "compreensíveis como se fossem em inglês" e fez uma exposição de algo chamado "Tarô Druida”.

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A única testemunha desse notável acontecimento foi um famoso médium americano que usa o nome "Criswell", que contou sua experiência no livro Criswell''s Forbidden Predictions Based on Nostradamus and the Tarot (9). Criswell, um homem que parece desprezar primeiros nomes, estava sentado em seu camarim retirando a maquiagem, quando houve uma batida seca na porta, seguida da entrada de um homem que usava trajes do século 16. Com admirável brevidade, o visitante inesperado imediatamente se apresentou dizendo "Eu sou Nostradamus".

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Subitamente, Criswell se viu transportado para uma enorme gruta mobiliada apenas com uma mesa de carvalho e duas cadeiras. Nostradamus sentou-se em uma delas e indicou a outra a Criswell, e a partir daí Criswell - certamente um homem mais capaz de lidar com situações singulares do que este escritor – ouviu calmamente seu visitante do século 16, enquanto este fazia um grande número de profecias totalmente novas. Criswell ficou tão impressionado com essas profecias que se lembrou delas a ponto de ser capaz de citá-las textualmente em seu livro.

9. N. da T.: Tradução literal: "As predições proibidas de Criswell com base em Nostradamus e no Tarô".

Quase todas as profecias eram bastante surpreendentes. E todas elas mostraram na ocasião estar total e completamente erradas!

TRAÇAS GIGANTES E DERRUBADA DE PIRÂMIDES

Embora este escritor não tenha nenhuma confiança nas previsões relativas aos anos imediatamente anteriores ao ano 2000 que foram dadas por Nostradamus a Criswell, parece que vale a pena resumir algumas delas como aviso aos incautos.

1. Haverá uma fase temporária de total tolerância sexual, na qual uma orgia mundial continuará até que "mesmo animais sejam usados".

2. As bactérias crescerão até atingir o tamanho de traças e passarão então a morder pessoas e animais para além de qualquer socorro. O Texas e o México serão os lugares mais duramente atingidos e "suplicarão ajuda de forma a dar pena”. Felizmente, a ameaça

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bacteriológica será anulada quando o ar se tornar "maciço de eletricidade".

3. Um imenso revival do ocultismo fará com que homens, mulheres e crianças comecem a lançar encantamentos "sobre todo mundo e todas as coisas". Cinco mil desses lançadores de feitiço se reunirão nas Cataratas do Niágara e, juntos, inverterão o fluxo do rio. Outro grupo desses vai "tombar as pirâmides", enquanto um milhão de médiuns irão se reunir em Prairie, na Dakota do Sul (EUA), para uma gigantesca sessão espírita. Nesta, os espíritos de pessoas como Adolf Hitler, Mussolini e Stálin se manifestarão.

4. Todos os aparelhos de televisão e telefone, máquinas de escrever, canetas e lápis serão confiscados pelos governantes do mundo, que promulgarão uma lei proibindo que três ou mais pessoas se reúnam.

Isso tudo realmente soa muito mal!

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NECROMANCIA E A MARCA DA BESTA

A ESTRANHA LINGUAGEM ENIGMÁTICA EMPREGADA POR NOSTRADAMUS EM MUITAS DE SUAS QUADRAS ERA DE TAL

NATUREZA QUE PODEMOS ESTAR CERTOS DE QUE ELE TINHA CONHECIMENTO DE UMA ANTIGA CULTURA MÍSTICA.

PARA A MAIORIA DE NÓS, QUE VIVE EM UMA ERA CÉTICA, UMA LINGUAGEM ENIGMÁTICA CUJA CHAVE, PROVAVELMENTE,

SEREMOS INCAPAZES DE ENCONTRAR.

Interpretar as predições de Nostradamus em relação a eventos que já aconteceram não é fácil, exceto talvez no caso das profecias para as quais o vidente, explícita ou implicitamente, especificou datas, como 1666 ou 1792 (ver páginas 59 e 85). No entanto, essa tarefa é a própria simplicidade, em comparação com as dificuldades de interpretação dos exatos significados de quadras proféticas que ainda não se cumpriram - aquelas, por exemplo, que parecem referir-se a vastos levantes sociais e políticos por todo o mundo, a guerras com o emprego de armas novas e aterrorizantes, capazes de destruição em massa, à emergência de um culto sinistro liderado por alguém que Nostradamus identificou com o Anticristo há muito profetizado (ver páginas 166-9) e a viagens interestelares.A maior parte das quadras está na categoria de profecias não cumpridas, ou seja, seu conteúdo parece se referir ao futuro ou, além disso, emprega uma terminologia que só será compreensível à luz de acontecimentos futuros. Outra possibilidade é que algumas se refiram a assuntos secretos relativos a artes místicas das quais a maior parte de nós sabe muito pouco ou mesmo nada.

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Justificadamente, as últimas quadras, algumas vezes chamadas de "quadras ocultas", estão atraindo a atenção de alguns pesquisadores nostradamianos da atualidade.Não obstante, a interpretação de Nostradamus deve levar em conta que algumas da "quadras ocultas" podem na verdade não se referir, apesar da linguagem mística utilizada, a mágica ritual, alquimia e outras disciplinas esotéricas. É possível que o vidente tenha utilizado nelas um simbolismo oculto para descrever acontecimentos e conceitos que não podia expressar na linguagem de seu próprio tempo, porque as palavras necessárias ainda não tinham sido inventadas.

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Mesmo as quadras referentes à virada do século 20 para o século 21 e a depois, que são mais facilmente compreensíveis do que as cifradas em linguagem de ocultismo, muitas vezes são obscuras ou passíveis de mais de uma interpretação. Conseqüentemente, algumas das interpretações de predições de Nostradamus, analisadas nas páginas a seguir, estarão erradas; outras têm grande probabilidade de estar corretas.

Há mais de quatrocentos anos existem aqueles que tentam encontrar alguma chave que revele o (hipotético) modelo estrutural secreto que acreditam existir subjacente às Centúrias.Os que buscam encontrar essa chave são levados pela crença de que nenhum vidente cujas predições se mostraram tão espantosamente exatas como algumas das profecias de Nostradamus poderia ter registrado suas visões das coisas do futuro de uma forma totalmente não planejada; deve ter havido, pensam eles, uma lógica interna escondida atrás da ordem aparentemente aleatória em que as quadras foram escritas. Se foi assim, Nostradamus deve ter assumido que haveria aqueles capazes de ler as Centúrias de um modo que

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desse a elas total sentido (tanto em relação à cronologia quanto ao conteúdo), aqueles que, como ele, por devotarem anos de estudo às artes místicas de adivinhação, discerniriam a natureza dessa lógica estrutural secreta.

Como foi dito nas páginas 145-6, as Centúrias contêm diversas estrofes cujo conteúdo e terminologia são tais que elas foram rotuladas de "quadras ocultas", isto é, parecem relacionadas às artes mágicas. Evidentemente, no sentido original da palavra "oculto" - ou seja, "secreto" - existe um grande número de quadras nas Centúrias cujo significado é oculto no sentido de que elas certamente são profecias, mas seu significado exato provavelmente não se tornará evidente antes que sejam cumpridas ou que a chave profética tão buscada seja descoberta. Se, de fato, essa chave algum dia for encontrada, é bem possível que o seja pela análise de quadras que,

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segundo alguns, ligam Nostradamus ao cabalismo, à alquimia, à numerologia e até à arte negra da necromancia.Este escritor não se julga competente para tentar discernir os segredos mais profundos das Centúrias; mas se algum leitor deste livro desejar tentar por si mesmo, este escritor supõe que a Centúria IV, Quadras 28 a 31, deva ter importância especial nesse contexto, porque a numeração dessas estrofes pode não ser aleatória, mas, ao contrário, ter implicação numerológica. Esse é o caso, principalmente, das duas últimas dessas quadras, respectivamente a 30 e a 31:

Mais de onze vezes a Lua não quererá o SolTodos elevados e diminuídos em grau:

Colocados tão baixo que pouco ouro será costuradoApós a fome e a praga, o segredo será descoberto.

A lua no meio da alta montanha,O novo sábio a discerniu:

Convidado por seus discípulos a se tornar imortalOlhos voltados ao sul mãos no peito, corpo em chamas.

Definir se essas duas quadras fornecem ou não uma chave secreta para a complexa estrutura das Centúrias é questão de opinião; o que elas de fato revelam, entretanto, é que Nostradamus sabia dos curiosos desenvolvimentos do cultismo secreto que já estão em curso e que poderão, se alguns comentaristas estiverem certos, dominar muitos aspectos de nossa vida cotidiana no futuro próximo.

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AS ESPLÊNDIDAS LUZES

Uma abordagem da procura de uma chave secreta para a interpretação das Centúrias, que está sendo perseguida por alguns estudiosos do esoterismo ocidental hoje, baseia-se na quase certeza

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de que Nostradamus conhecia bem as linhas principais da cabala cristã.A cabala é um antigo sistema místico judeu que, no século 16, existia também de uma forma cristianizada quase inextricavelmente ligada à magia e à alquimia. Fica evidente, pela passagem de uma carta que Nostradamus publicou, que ele, em alguma época, possuiu livros sobre esses assuntos:

[...] Alerto-os contra a sedução das [...] magias executáveis [...] Embora muitos livros há longo tempo escondidos tenham chegado até mim, não senti nenhum desejo de divulgar seu conteúdo [...] depois de

lê-los [...] eu os reduzi a cinzas.

É provável que essa passagem tenha sido escrita pelo vidente com a intenção de afastar suspeitas de que ele praticasse magia cabalística; é improvável que o erudito Nostradamus, um ávido colecionador de livros, tivesse destruído deliberadamente textos mágicos raros.Os estudiosos atuais de cabalismo cristão que se dedicaram a entender a estrutura interna das Centúrias surpreenderam-se com o fato de que existem dez centúrias (nem todas completas) e que a teoria cabalística se baseia em um sistema de dez emanações - as sefirot (10), ou "luzes esplêndidas” - provindas do "Não-Manifesto". Segundo as doutrinas dos cabalistas contemporâneos, tudo no universo, desde as idéias e as emoções até os objetos materiais, pode ser classificado em termos das dez sefirot. Assim, por exemplo, tudo que tenha a ver com conflito pode ser entendido como sendo correspondente à quinta sefirá; tudo que tenha a ver com o amor, à sétima; e tudo que tenha a ver com dinheiro, à décima.

10. N. da T.: Forma plural de sefirá.

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Seria agradável se cada uma dessas dez centúrias tivesse alguma correspondência óbvia com as dez sefirot - se, por exemplo, a Centúria X fosse claramente relativa a dinheiro e propriedade, e assim por diante. Isso não ocorre, mas pode ser que exista uma relação oculta mas genuína entre a estrutura das centúrias e os padrões das sefirot e que a descoberta da natureza exata dessa relação dê uma solução completa a todos os problemas da interpretação de Nostradamus.Algumas décadas atrás, essa idéia teria parecido inacreditavelmente fantástica, mas pesquisas históricas recentes mostraram que alguns livros do século 16 têm de fato uma estrutura oculta derivada de ensinamentos cabalísticos, e as Centúrias podem ser mais um desses livros.

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Alguns dedicados estudiosos dos escritos de Nostradamus, entre os quais o falecido James Laver, ficaram fascinados pela chamada "profecia de São Malaquias”, pois acreditaram ter identificado uma concordância entre essa profecia e certas quadras proféticas de Nostradamus que se relacionam ao papado, como por exemplo a Centúria V, Quadra 56:

Por causa da morte do Papa muito velho,Será eleito um romano de muito boa idade [i.e., jovem]

Será dito dele que enfraquece a Cadeira [i.e., o Trono de Pedro]Mas ele a conservará longo tempo, com tormentoso trabalho.

O significado dessa estrofe é bastante claro. Nostradamus estava dizendo que no devido tempo um papa jovem está destinado a ser eleito em sucessão a um papa idoso e a ser atacado por alguns sob a alegação de que estará enfraquecendo a Igreja. No entanto, com grande esforço ("tormentoso trabalho"), ele ocupará o trono papal por longo tempo.

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Está claro que essa profecia ainda não se confirmou, pois o único papa eleito em idade que poderia ser qualificada de "jovem", entre a publicação das Centúrias e o nosso tempo, foi Gregório XIV, que, longe de desfrutar de uma longa ocupação do papado, teve um reinado incomumente curto.Se alguém, assim como James Laver e outros, aceita, que existe uma concordância entre a "profecia de São Malaquias" e as Centúrias, parece provável, por razões que serão expostas, que o papa jovem cuja eleição Nostradamus previu na Centúria V, Quadra 56, está destinado a ser o sucessor do atual pontífice, o Papa João Paulo lI.A "profecia de São Malaquias" foi aqui colocada entre aspas porque o consenso geral da avaliação erudita é que quem quer que possa ter sido de fato o seu autor não foi o monge irlandês São Malaquias (aproximadamente 1095-1148). Na verdade, existem aqueles que dizem que essa não é de forma alguma uma profecia genuína, mas uma invenção, provavelmente não anterior a 1590. Por outro lado, muitas pessoas piedosas acreditaram que há justificativa para a atribuição da profecia a Malaquias. Um religioso francês do século 19, Padre Cucherat, declarou que as profecias foram escritas por Malaquias, que a visão ou visões em que se basearam foram vividas em Roma do ano 1140 e que Malaquias registrou suas frases proféticas em um pergaminho que entregou ao papa Inocêncio lI, que por sua vez o depositou na Biblioteca do Vaticano - onde ninguém olhou mais para ele pelos quatro séculos seguintes, aproximadamente.

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Tudo isso soa um tanto improvável, mas o gabinete do Breviário da Festa de São Malaquias refere-se a ele como alguém agraciado com o dom da profecia, e - mais importante ainda - São Bernardo de Clairvaux declarou que Malaquias lhe predisse corretamente o dia e até a hora em que ele, Malaquias, iria morrer.A profecia atribuída a Malaquias é curta. Ela consiste em 108 frases em latim, cada uma das quais supostamente apropriada a um determinado papa, começando com Celestino II (papa de 1143 a 1144) e terminando com "Pedro de Roma”, supostamente destinado a ser o último papa. As frases muitas vezes contêm apenas duas ou três palavras; a atribuída a Celestino lI, por exemplo, era ex castro Tiberis ("de um castelo no Tibre"), uma alusão a seu nome de família, Guido

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de Castello. Ao papa João Paulo lI, é atribuída a 107ª. frase da profecia - de forma que parece haver apenas um papa por vir. Deste, Malaquias (ou quem quer que tenha escrito o que foi atribuído a Malaquias) disse, de forma assustadora:

Na perseguição final da Santa Igreja Romana reinará Pedro de Roma, que alimentará o seu rebanho no meio de muitas atribulações; após o que a Cidade das sete colinas será destruída e o terrível Juiz julgará o

povo.

A expressão "terrível Juiz" geralmente é entendida como uma referência ao Juízo Final, quando os vivos e os mortos ressuscitados serão sentenciados à danação eterna ou receberão o prêmio do gozo eterno. Mas poderia significar um julgamento de tipo bem diferente - um acontecimento de abalar o mundo ou uma série de eventos desse

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tipo que destruam a Igreja. Em qualquer dos casos, se há concordância entre Nostradamus e Malaquias, então o próximo papa será o último.

O EX-PORQUEIRO

O papa Sisto V, que ocupou o Trono de Pedro de 1585 a 1590, era um homem de origem extremamente humilde. Nesse aspecto ele foi muito diferente da maioria dos papas de seu tempo, que em geral eram intimamente relacionados com as grandes famílias da Itália.Nascido em 1521 como Felice Peretti, filho de um jardineiro, o futuro Sisto V foi enviado para trabalhar como porqueiro quando tinha apenas 8 anos de idade. Ele era, entretanto, uma criança excepcionalmente inteligente e, depois de um ano com os porcos, foi levado para começar sua educação num convento. Foi ordenado padre em 1547, consagrado bispo em 1566 e feito cardeal quatro anos mais tarde.Sua elevação ao papado foi vaticinada por Nostradamus quase quarenta anos antes que ocorresse. Em uma visita à Itália, o vidente caiu de joelhos diante de Peretti, à época um mero padre recém-ordenado, e o chamou de "Sua Santidade".

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Nos últimos anos, o Islã fundamentalista (a crença de que o Corão é a palavra inspirada de Deus, ditada a seu mensageiro Maomé por um anjo, que dita normas para a conduta dos negócios humanos que serão válidas para sempre) já apresentou mais do que a amostra de um retorno. Os acontecimentos das três últimas décadas do século 20 em países como Irã, Afeganistão e repúblicas centro-asiáticas da antiga União Soviética bastaram para mostrar a religião do Profeta Maomé como novamente uma força considerável, devendo provavelmente desempenhar um papel cada vez mais importante nos assuntos internacionais durante os primeiros anos ou décadas do século 21.

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As origens do atual renascimento islâmico podem ser traçadas de volta até pelo menos a década de 1920, embora o movimento tenha realmente começado a ganhar força com o declínio do comunismo nos anos 1970. Foi então que começou a haver um sentimento entre os povos do Irã, do Afeganistão e da Ásia soviética de que as soluções para seus problemas sociais e econômicos poderiam ser encontradas no retorno à lei islâmica, e não na adoção do ateísmo materialista da ideologia marxista.

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O declínio e queda do comunismo foi predito por Nostradamus em mais de uma quadra (ver páginas 125-8), e uma dessas profecias que parece muito pertinente ao ressurgimento islâmico é a Centúria IV; Quadra 32, na qual a terceira e a quarta linhas mencionam "a renovação da velha ordem [Islã]" e o abandono de "Panta chiona philon" (uma expressão do grego clássico tardio que significa "todas as coisas em comum", i.e., o comunismo).Do ponto de vista dos que consideram qualquer variedade de religião fundamentalista como algo oposto aos valores associados às ideologias ocidentais predominantes, seja de direita ou esquerda, esse ressurgimento islâmico é um mal sem atenuantes. No entanto, quer seja esse avanço do Islã para o bem ou para o mal, teremos de aprender a conviver com ele - ou, pelo menos, é esse o caso se as profecias de Nostradamus se cumprirem no futuro como se cumpriram no passado. Viver com isso e talvez, para alguns de nós, morrer com isso - pois parece que Nostradamus previu que uma das características das próximas décadas seriam guerras intensas e enormemente destrutivas entre países islâmicos e não-islâmicos.O curso dessas guerras, segundo está profetizado nas Centúrias, compreenderá alguns contratempos islâmicos - inclusive a possível captura de um califa -, mas será marcado também por desastres, alguns dos quais estão descritos nas páginas 159-61, como a destruição total de Monte Carlo.

OBSCURIDADES PROFÉTICAS

Um dos problemas que se apresentam a todos os comentaristas das Centúrias é a existência de quadras cujo conteúdo é tal que alguns as chamaram "profecias retroativas", o que significa dizer que parecem

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referir-se a acontecimentos que tiveram lugar antes que Nostradamus escrevesse sobre eles. Consistem exemplo dessas predições retroativas a Centúria VIII, Quadras 51 e 83; a Quadra 51 parece aludir a acontecimentos anteriores à expulsão dos mouros da Espanha, que ocorreu em 1492; A Quadra 83, a atrocidades venezianas na época da Quarta Cruzada, uns 350 anos antes que Nostradamus as "profetizasse".Obviamente, existe algo de bem esquisito no fato de um vidente se dar ao trabalho de escrever, numa linguagem obscura, sobre acontecimentos que ocorreram muito antes de sua época. Conseqüentemente, a aparente existência de tais pseudo-profecias nas Centúrias sempre foi um tipo de enigma para os estudiosos de Nostradamus, que ofereceram várias racionalizações para sua existência. Entre elas, estão idéias relacionadas com realidades alternativas, mundos que existem em um espaço-tempo discreto paralelo ao nosso, nos quais a história seguiu um caminho diferente (ver páginas 245-8), e uma sugestão de que algumas vezes as visões de Nostradamus estavam fora de seu controle e ele distinguia em clarividência acontecimentos transcorridos muito tempo antes. Ambas as hipóteses podem muito bem estar totalmente ou parcialmente certas, mas também pode ser que algumas das previsões "retroativas" não sejam retroativas em absoluto, mas, sim, relativas a um tempo futuro em que surgirá uma superpotência islâmica. Uma profecia assim é feita na Centúria VI, Quadra 78, que diz:

Para gritar em voz alta a vitória da ascendente lua crescente,A Águia será proclamada pelos romanos,

Ticcan, Milão e os genoveses não concordarão com isso,E o grande Basil [termo nostradamiano derivado do grego que

significa "Rei" ou "Imperador"] será reivindicado por eles.

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Por complexas razões interpretativas, essa quadra foi aceita como a descrição da captura, por forças ocidentais, de um sultão muçulmano que reivindicava também o califado, a liderança espiritual do mundo islâmico. Como o último desses sultões/califas deixou de governar quando o Império Otomano ruiu, no fim da Primeira Guerra Mundial, assume-se hoje que essa profecia é retroativa, provavelmente referente à captura do Sultão Jemm no século 15. Entretanto, parece não haver nenhuma boa razão para assumir que nunca mais haverá um poderoso califa que seja feito prisioneiro por ocidentais, os quais Nostradamus descreveria, empregando a terminologia do seu século, como "romanos". Assim, parece provável que a Centúria VI, Quadra 78, se refira ao nosso mundo ou ao de nossos descendentes, e não ao de nossos antepassados.

A idéia de jihad - uma guerra santa contra todos os que vivem fora da "Casa do Islã" - é uma idéia antiga e de enorme força em todo o mundo muçulmano. Entre os anos 622 e 732, os árabes inspirados por esse conceito conquistaram quase todo o norte da África e invadiram

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a França; no século 15 a jihad declarada pelos turcos otomanos contra Bizâncio resultou na queda de Constantinopla; e em 1680 os guerreiros muçulmanos estavam atacando Viena, sem sucesso.Nos trezentos anos que se seguiram, entretanto, a ideologia da jihad perderia boa parte de seu impacto prático, embora não perdesse nada de seu apelo místico.As poucas tentativas que foram feitas de Utilizar a jihad como arma política e diplomática - por exemplo, pelo sultão da Turquia, na Primeira Guerra Mundial - foram, no geral, ineficazes.Nos últimos dez anos, mais ou menos, houve sinais de que o caso deixou de ser esse; no Afeganistão, o Exército Vermelho foi derrotado pela guerra de guerrilha que lhe foi declarada pelos partidários do conceito de jihad, e na Bósnia a idéia inspirou alguns dos mais fanáticos combatentes muçulmanos contra os sérvios ortodoxos e os croatas católicos. De acordo com as profecias de Nostradamus, esse seria apenas o começo, pois elas prevêem, para depois disso, pelo menos mais uma guerra santa muçulmana.O vidente previu que serão devastadores os efeitos dessas guerras, combatidas com armas de destruição em massa de tal natureza, que ele foi forçado a usar estranhas analogias para tentar descrevê-las. Na Centúria IV; Quadra 23, que por razões complexas se acredita ser relativa a um conflito entre o Islã e o Ocidente, ele profetizou que o uso de tais armas resultaria na destruição total de Monte Carlo, hoje a "capital do prazer" no mundo. Essa estrofe diz:

A Legião na frota marítimaQueimará – cal, minério magnético, enxofre e alcatrão:

O longo repouso em um lugar seguro,Porto Selyn e Hercle serão consumidos pelo fogo.

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A expressão "frota marítima” (no original, marine classe; a palavra classe, derivada do latim, foi invariavelmente utilizada pelo vidente com o sentido de armada, frota ou esquadra), na primeira linha, pareceu tautológica aos estudiosos de Nostradamus do século passado. Parecia algo como referir-se a um triângulo de três lados ou a um quadrado de quatro lados; como poderia haver alguma frota que não fosse marinha? Hoje conhecemos a resposta para essa questão - existem também frotas aéreas e, no futuro não muito distante, poderão bem existir frotas espaciais. Portanto, parece que, ao qualificar a palavra "frota", Nostradamus quis comunicar-nos que sabia da futura conquista do espaço aéreo e exterior pela humanidade.

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A segunda linha da estrofe lista alguns dos ingredientes do material incendiário bizantino conhecido como Fogo Grego e é presumivelmente uma metáfora que tem a intenção de descrever um incêndio explosivo - e nesse contexto a menção a um "longo repouso", na linha três, tem conotação sinistra -, mas é a predição específica do destino cruel de "Porto Selyn e Hercle", na quarta linha, que é de principal interesse. "Porto Selyn" significa "Porto do Crescente", em que "Crescente" é o símbolo do Islã e "Hercle" é uma abreviação de Herculeis Monacei, nome latino de Mônaco e sua capital Monte Carlo.

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Parece que, nessa quadra, Nostradamus estava profetizando a destruição simultânea, pelo fogo, de uma esquadra, de um importante porto islâmico e de Monte Carlo. Obviamente, conflagrações como essas resultariam em imensas baixas, que não seriam confinadas apenas a "Porto Selyn" e a Monte Carlo. De fato, se um estudioso estiver correto em suas interpretações, haverá peno de um milhão de mortes somente na França.Evidentemente, essa quadra prevê uma guerra mundial ou, talvez, uma série de guerras. Como será explicado nas duas páginas a seguir, outras estrofes de Nostradamus parecem prever que essa luta titânica envolverá o uso de armas bacteriológicas e nucleares.

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UM MILHÃO DE FRANCESES MORTOS

Pelo menos um dos estudiosos contemporâneos das Centúrias que este escritor conhece - membro daquele pequeno grupo de intérpretes nostradamianos que se dedicam a analisar as previsões do vidente à luz da cabala (ver página 149) - defende, com base na numerologia e em outras áreas, que a profecia da destruição total de Monte Carlo está vinculada estruturalmente às Quadras 71 e 72 da Centúria I, que dizem, respectivamente:

Três vezes a torre marítima será capturada e recapturada,Pelos espanhóis, bárbaros [talvez bérberes, i.e., norte-africanos] e

italianos:Marselha e Aix, Arles por pisanos,

Devastadas por fogo e espada, Avignon pilhada pelos turinenses.

Os que vivem em Marselha alterados inteiramente, Em fuga, perseguidos até Lyon,

Narbonne e Toulouse violadas por Bordeaux,Mortos e aprisionados, quase um milhão.

Embora o significado preciso das quadras acima ainda não possa ser definido com certeza, sua implicação geral é bastante explícita. Se de fato houve a intenção de que elas fossem lidas em conexão com a Centúria IV; Quadra 23, o mundo enfrentará batalhas ainda mais

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sangrentas do que as associadas a qualquer guerra da história. Como explicaremos na próxima página, há razões para crer que esses aterrorizantes conflitos estão próximos.