FRONTEIRA, COTIDIANO E RELIGIOSIDADE · religião em povos que dividem fronteiras físicas, ......

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FRONTEIRA, COTIDIANO E RELIGIOSIDADE Nedy de Barros ([email protected] ) 1 Jeane Cristina da Silva Oliveira de Souza 2 Elias Molina de Souza 3 RESUMO: Sabemos que a religiosidade ultrapassa fronteiras diariamente através de pessoas que visam expandir determinadas religiões e seus ideais. No entanto, a introdução de uma nova religião em povos que dividem fronteiras físicas, pode materializar-se com características culturais e identidades locais próprias desses fronteiriços, assim, ressignificando essa religiosidade. Nesse contexto, é que o presente estudo tem por objetivo apresentar conceitos de fronteira, cotidiano e religiosidade discutidos por estudiosos da área. Para tanto, será realizada a pesquisa bibliográfica como metodologia de pesquisa. Tais estudos evidenciaram que o conceito de fronteira vai além do aspecto estático, e materializa-se no cotidiano das pessoas, abrangendo entre vários aspectos a questão da religiosidade. Palavras-chave: Cotidiano - Fronteira Religiosidade 1 INTRODUÇÃO Ao longo da história da humanidade a religião sempre esteve presente na vida dos homens aproximando-os ou separando-os, servindo como instrumento de manutenção ou libertação das pessoas. Atualmente como processo de globalização é possível verificar a interação de culturas de povos fronteiriços. E tal interação abrange o campo da religião. 1 Professora Mestra em Estudos Fronteiriços pela UFMS- Campus do Pantanal. 2 Professora Mestra em Educação pela UFMS Campus do Pantanal. 3 Professor graduado em Pedagogia pela UFMS Campus de Corumbá. Anais do XIV Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em http://cidh.sites.ufms.br/mais-sobre-nos/anais/

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FRONTEIRA, COTIDIANO E RELIGIOSIDADE

Nedy de Barros ([email protected] )1

Jeane Cristina da Silva Oliveira de Souza2

Elias Molina de Souza 3

RESUMO:

Sabemos que a religiosidade ultrapassa fronteiras diariamente através de pessoas que

visam expandir determinadas religiões e seus ideais. No entanto, a introdução de uma nova

religião em povos que dividem fronteiras físicas, pode materializar-se com características

culturais e identidades locais próprias desses fronteiriços, assim, ressignificando essa

religiosidade. Nesse contexto, é que o presente estudo tem por objetivo apresentar

conceitos de fronteira, cotidiano e religiosidade discutidos por estudiosos da área. Para

tanto, será realizada a pesquisa bibliográfica como metodologia de pesquisa. Tais estudos

evidenciaram que o conceito de fronteira vai além do aspecto estático, e materializa-se no

cotidiano das pessoas, abrangendo entre vários aspectos a questão da religiosidade.

Palavras-chave: Cotidiano - Fronteira – Religiosidade

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade a religião sempre esteve presente na vida dos

homens aproximando-os ou separando-os, servindo como instrumento de manutenção ou

libertação das pessoas.

Atualmente como processo de globalização é possível verificar a interação de

culturas de povos fronteiriços. E tal interação abrange o campo da religião.

1 Professora Mestra em Estudos Fronteiriços pela UFMS- Campus do Pantanal.

2 Professora Mestra em Educação pela UFMS – Campus do Pantanal.

3 Professor graduado em Pedagogia pela UFMS – Campus de Corumbá.

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O presente artigo tem por objetivo apresentar os conceitos de: fronteira, cotidiano e

religiosidade discutidos por estudiosos da área verificando como esses aspectos se inter-

relacionam.

Para tanto, o texto será apresentado em duas partes: a primeira parte trata dos

conceitos de cotidiano e fronteira.

A segunda parte trata do conceito de religiosidade na globalização.

Nas considerações finais é feita uma breve revisão dos conceitos e aponta para

necessidades de pesquisas na área.

2 FRONTEIRA E COTIDIANO

Estudaremos a vida cotidiana de povos que dividem fronteiras, hábitos, costumes e

religiões, não é algo fácil de ser realizado, pois há riscos de cairmos no senso comum.

Nesse sentido, iniciamos este trabalho buscando a definição da palavra fronteira, e

seus múltiplos significados. Para tanto, nos apropriamos dos estudos de (RAFFESTIN,

1983; DUROSELLE, 2000; FOUCHER, 2009) entre outros, para permear essa reflexão,

que embora não seja nova, se faz pertinente, para este trabalho.

Durante muito tempo as fronteiras foram mal definidas e que durante o período

medieval era compreendida como fronteira zonal, ou seja, um posto avançado, declive

defensivo, muitas vezes, caracterizados por florestas espessas que serviam de abrigo e

lugar para defesa. Contudo, com o surgimento do estado Moderno e do mapa, instrumento

para definição, a demarcação da fronteira que era “vaga” passou a ser “clara”. Sendo

assim, muitos conflitos puderam ser evitados, nos quais a fronteira poderia ser o pretexto.

Assim, “a linha fronteiriça adquire diversos significados segundo as funções das quais foi

investida”. (RAFFESTIN, 1993, P.20)

[...] o limite ou a fronteira não decorrem somente do espaço, mas também do

tempo. [...] Essa construção simultânea do espaço e do tempo tem sido muito

esquecida ou, talvez, não evidenciado o bastante, resultado daí um tratamento

formal dos limites. Assim, eles são abordados ligeiramente, por vezes sem rigor,

e, no entanto, constituem uma das bases das práticas espaciais. (RAFFESTIN,

1993, p.21)

Para Benedetti (2011) apud Costa (2013), a fronteira pode ser compreendida

como bandas territoriais de Estados nacionais distintos, que:

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[...] se articulam numa contiguidade territorial que, controlada e confrontada por

diferentes força e relações de poder, forma as fronteiras. Essas áreas são

passíveis de passagens de diversas ordens: econômica, social, cultural, animal,

de vetores de doenças, de circulação atmosférica, dentre outras.

Com relação ao conceito de fronteira Foucher (2009) apud, Ciancalio (2011)

destaca que fronteira é uma linha que define limites, que está “entre”, e que ao pensarmos

o termo, pensamos em pertencimento.

Quando se estabelece uma fronteira, há um estabelecimento de quem está dentro e

de quem está fora de certa delimitação geográfica. Num contexto atual, fronteira possibilita

fluxos imigratórios contínuos, trocas constantes, interações que extrapolam a dinâmica

nacional em uma atmosfera internacional. E em última instância: “um pensar a alteridade,

o estrangeiro, o diferente e, em certa medida, o indesejável.” (CIANCALO, 2011, p.1)

O cotidiano dessa fronteira Corumbá-Brasil e Puerto Suarez-Bolívia é intenso,

existe o grande fluxo de pessoas sacoleiras, que desenvolvem comércio informal,

revendendo pequenas quantidades de produtos. Elas chegam de regiões diversas do Brasil

com intuito de buscar produtos a serem comercializados nos lugares onde moram. Para

quem mora na fronteira a interação ocorre com maior presença e fluidez, pois estes

espaços se constituem como pontos permanentes de integração sociocultural.

Segundo Costa (2010) os moradores de fronteiras ultrapassam diariamente as

barreiras nacionais fomentando diariamente laços sociais que ultrapassam relações

econômicas. Ou seja, os indivíduos dos dois lados perpassam os espaços geográficos, e

estabelecem laços econômicos e sociais.

É possível inferirmos que uma região fronteiriça possui singularidades dos povos

que residem de ambos os lados, ou seja, dos dois Estados, com subjetividades envolvidas e

desenvolvidas pelos agentes/atores da produção desse espaço. (DIAS; COSTA 2011).

Ainda assim, esta região fronteiriça Corumbá-Brasil e Puerto Suarez-Bolívia

mantém uma convivência relativamente harmônica entre seus povos. É notória a existência

de diferentes modos e estilos de vida, mas a aproximação diária decorrente do trânsito de

pessoas pelos mais variados motivos permite interacidade constante.

Sendo assim, a fronteira não é apenas um limite estático demarcado em mapas e

que simplesmente limitam diferentes países. Fronteira é um lugar de relações cotidianas,

troca de informações, comunicação, relacionamentos entre outras ações. Na complexidade

das relações sociais deste espaço de interações, que separa e integra dois territórios

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vizinhos de culturas diferentes, e que ao mesmo tempo se complementam no campo

religioso.

Segundo Leenhardt (2001, p.27): “o aspecto estático de front não impede, bem

entendido, que por um movimento que venha do interior do território a fronteira se

transforme em um front móvel. O autor endossa que as lutas engendradas por expansão,

podem tornar as “fronteiras móveis” e afirma que tal movimento é permanente”.

Foucher (2009), p. 22) infere que “as fronteiras são descontinuidades territoriais

com função de marcação política... Não há identidade sem fronteiras”. E sobre tal reflexão

podemos acrescentar que não há fronteira sem cotidiano.

Compreender o sentido de cotidiano não é uma tarefa fácil, pois caímos no risco de

defini-lo meramente como fatos positivos ou negativos, rotineiros, mecânicos ou

entediantes de um grupo de pessoas. Vale ressaltar o que foi escrito por Agnes Heller “a

vida cotidiana é a vida do indivíduo. O indivíduo é sempre, simultaneamente, ser particular

e ser genérico”(Heller, 1989.p. 20). Isso porque o que caracteriza de fato a fronteira são as

diversas relações singulares que nela se manifestam principalmente as ações cotidianas.

Segundo os autores (op. cit) Lefebvre (1991) afirma que o homem possui

necessidades biológicas, fisiológicas, animais e vitais, e através da produção de bens,

consegue satisfazer tais necessidades. A satisfação das necessidades individuais ou

coletivas é uma característica do homem, e este, passa desejar a satisfação de tais

necessidades.

Marx revela que tais “necessidades [...] vão do estômago a fantasia” e ultrapassam

as práticas rotineiras do comer, vestir, trabalhar, realizar práticas lúdicas entre outras.

Baseado nos estudos de Heller Trincheiro, Neto e Júnior destacam que o pensar é

uma necessidade do homem. Portanto inferem:

[...] para analisar a vida cotidiana de um povo deve-se ir muito além da simples

análise do que é feito no interior da sociedade estudada. Faz-se necessário vê-la

por fora, comparando-a com outras formas de viver ( e de pensar – se quisermos

continuar seguindo o pensamento de Heller), de outros povos, entendendo que

cotidiano transforma um grupo de indivíduos em humanos, mas ao mesmo

tempo, diferencia os grupos uns dos outros, sem perder a essência que lhes dão

condição humana. (TRINCHEIRO, NETO, JÚNIOR, 2016, No prelo )

Existe uma necessidade de aprofundar o entendimento sobre as vertentes da vida

cotidiana, pois os homens nascem, crescem, vivem e morrem utilizando-se de um

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território. No entanto, são nas ações cotidianas que a vida pode ser materializada

banalmente ou plenamente. (TRINCHERO, NETO E JUNIOR, 2016).

Isto posto, os autores afirmam que é importante ir além da abordagem

economicista, ou seja, do debate acerca da distribuição das riquezas... não que tal

perspectiva não seja importante, mas é necessário avançar no âmbito da arte, economia,

espiritualidade, religiosidade, psicologia entre outras áreas que estão interligadas à

vivência humana. (TRINCHERO, NETO E JÚNIOR, 2016).

Neste contexto, na vivência cotidiana os indivíduos têm prazeres e sofrimentos,

necessidades e desejos dentro de cada um dos territórios que compõem a fronteira e se

apresentam, também, como um lugar de crises: preconceitos nacionais, preconceitos

linguísticos, preconceito religioso, dentre outros problemas. Mas crise também significa

oportunidade de crescer, de superar, pois cotidianamente os fronteiriços vão

experimentando novos hábitos, que posteriormente servirão para a constituição ou

transformação do sujeito histórico. Novos comportamentos definirão sua vida num

contexto social, político, econômico, cultural de fronteira.

O homem ao mover-se de um espaço para o outro tem interesse de satisfazer suas

necessidades de sobrevivência ou ampliar horizontes de vida realizando projetos mais

elaborados. (RAFFESTIN, 1993).

Porém, cada ser humano pode ter sua motivação para ultrapassar a fronteiras, seja

para seu desenvolvimento pessoal, busca de qualidade de vida fatores políticos, religiosos,

culturais e econômicos. Isso denota uma rede de relações sociais e comerciais, processos

de construção e ressignificação identitária, e novas formas de conhecimento são elaboradas

pelos sujeitos participantes destas identidades, pois estando em fronteiras – e aqui usando o

termo frontier (PEREIRA, 2012) que traz em seu bojo o significado de fronteira cultural e

simbólica – os sujeitos transitam nesses espaços em constante contato e inter-relação com

outros grupos étnicos/sociais, manifestando suas identidades global/local de forma

contrastante em relação ao outro.

Esse novo sujeito histórico passará a produzir cultura e conhecimento com marcas

desses aspectos fronteiriços interacionistas, e passarão a construir novos significados para

os elementos de integração territorial, e, dentro desse novo contexto, ser também o sujeito

da diferença e da pluralidade.

Até o momento vimos que as fronteiras são espaços que permitem interações

sociais, culturais, econômicas entre outras, onde sujeitos que apresentam características

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próprias, povos que sofrem influências recíprocas. E dentre os desejos e necessidades de

satisfações, desde a antiguidade o homem tem buscado preencher o vazio de sua

existência.

Ao longo da história cristã vimos exemplos de como a religião ultrapassou

fronteiras territoriais e culturais mediante interação dos homens, via cruzadas, viagens

missionárias, expedições, aculturação etc.

Nesse sentido, é fato que a perspectiva da religiosidade na região de fronteira vem

sendo pouco discutida, e acreditamos que precisa de maiores investigações a fim de

permitir maior contribuição para o debate acerca das similaridades de povos fronteiriços.

Torna-se importante apresentar algumas peculiaridades dessa fronteira (Corumbá –

Brasil e Porto Suarez – Bolívia).

Geograficamente Corumbá localiza-se na fronteira oeste de Mato Grosso do Sul,

perfazendo fronteiras com a Bolívia e com o Paraguai. Este município constitui a maior

extensão territorial do estado, no aspecto econômico destaca-se a pecuária, a indústria

mineradora de ferro e manganês e o comércio.

Os relacionamentos entre bolivianos e brasileiros foram sendo construídos

historicamente, impulsionados pela construção do trecho da estrada de ferro (Ferrocarril),

que vai de Corumbá (Brasil) a Santa Cruz de La Sierra (Bolívia). Dispõe da rodovia 262

que liga Corumbá a Campo Grande ao longo dos seus 466 km.

A Carreteira Transoceânica é outra grande esperança de integração da Bolívia com

países sul-americanos. A construção desta carreteira significa a primeira obra entre os

membros da União sul-americana, que reflete as excelentes relações entre estes países. Esta

conexão terrestre facilitará a integração entre estes povos e estreitará a amizade com o ir e

vir nesses países.

Já a cidade de Puerto Suarez – Bolívia é a capital da província German Busch no

departamento de Santa Cruz, com população aproximada de 22.000 habitantes. Esse

departamento é denominado pantanal Boliviano e junto com a Lagoa de Cáceres,

comunica-se com o Rio Paraguai pelo Canal do Tamengo. Fundada por Miguel Suarez

Arana em 1875, tem na pecuária e comércio suas principais riquezas. Esse município

investe no fortalecimento do turismo, e para isso conta com apoio de Corumbá, e na

mineração, conta com a entrada efetiva em operação da reserva de ferro Mútum, próxima a

Puerto Suarez, uma das maiores reserva de minério do mundo. É um dos principais portos

fluviais da Bolívia. Próximo dela encontram-se as cidades de Arroyo Concepció, Puerto

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Quijaro, Puerto Aguirre e a cidade brasileira de Corumbá. Juntas, essas localidades

bolivianas formam uma região metropolitana natural em via de se tornar oficial.

Alguns bolivianos vindos dos altiplanos começaram a se estabelecer nas

proximidades do limite internacional com o Brasil, vivendo de atividades do comércio de

artesanato de roupas. Suas necessidades imediatas de gêneros alimentícios eram obtidas em

Corumbá, que já era uma cidade de porte médio, habitada por brasileiros de diversas

regiões. Logo a fronteira foi inicialmente ocupada por trabalhadores de diversas áreas.

Para Silva (2004, p. 19), „O saldo maior de imigrantes e descentes estrangeiros, em

Corumbá, recai, hoje, sobre os bolivianos, seguidos pelos paraguaios, uruguaios,

portugueses, sírios, libaneses e palestinos. “Quanto aos imigrantes, notam-se cuiabanos,

cacerenses, gaúchos, paulistas do interior, mineiros, paraenses e, em menor quantidade,

cariocas”.

Atualmente muitas famílias possuem residência fixa em Corumbá. É comum no

centro comercial de Corumbá presenciar bolivianos fazendo compras, já que o Boliviano,

moeda comercializada na Bolívia, está em vantagem em relação ao Real, moeda brasileira.

Por todos os lados observamos bolivianos desfrutando do município no lazer, no turismo,

as escolas, etc. a interação é constante, principalmente aos finais de semana e feriados.

Sem deixar de citar as feiras livres, que em sua maioria é composta por feirantes bolivianos

comercializando hortaliças, frutas, verduras, roupas, etc. É importante frisar que há grande

número de cidadãos bolivianos adquirindo casas comerciais em Corumbá, prova disso é se

percorrermos alguns bairros da cidade encontraremos uma infinidade. Nesses comércios

pode-se encontrar todo tipo de produto, desde o nacional ao importado. Em Corumbá

podemos destacar dois incentivos simples que favorecem o intercâmbio. O primeiro é o

documento de Fronteiriço da Polícia Federal que permite ao cidadão boliviano trabalhar e

residir no Brasil, válido apenas para essa região.

O registro é bastante significativo e motivado por razões socioeconômicas,

corroborado pelo fato de o Brasil se apresentar diante da América do Sul como um país

com política flexível e cooperativista diante dos outros países sul-americano.

A integração de bolivianos e brasileiros dividem interesses comuns no âmbito do

comércio, do lazer, da educação e até do contexto religioso.

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3 RELIGIOSIDADE NA FRONTEIRA BRASIL/BOLIVIA

Para analisar as similaridades das manifestações religiosas na fronteira

Brasil/Bolívia faz-se necessário conhecer de quais limites estamos tratando. Sendo assim,

estaremos abordando nesta parte do texto, a fronteira Corumbá/Ladário e Puerto

Quijarro/Puerto Suarez.

De acordo com Costa (2013), a população fronteiriça de Corumbá, Ladário, Puerto

Quijarro e Puerto Suarez totalizam aproximadamente 160.000 habitantes. Sendo cerca de

45.000 pessoas habitando o lado boliviano. A característica marcante da população dessa

zona fronteiriça é que a maioria localiza-se na zona urbana. “A passagem pela fronteira é

visivelmente frequente, dinâmica, diversa. Passam por ela, diariamente, fronteiriços,

turistas, mercadorias, fluxos lícitos e ilícitos, para um lado ou outro”. (Op.cit, 2013, p. 66)

Partindo desta afirmativa, podemos dizer que além de artefatos materiais, pessoas,

mercadorias entre outros, a cultura transita de um lado para o outro, bem como, a

religiosidade rompe a fronteira e une pessoas. Conforme Viegas e Martins (2015) perceber

de que forma ocorre o intercâmbio religioso existente entre esses países, no âmbito das

relações sociais permite a compreensão 'do processo de construção de uma identidade

fronteiriça.

Tal situação suscita uma questão: existe uma religiosidade cristã fronteiriça? Há

similaridades nos cultos protestantes decorrentes da interação das pessoas na fronteira

Brasil/Bolívia? Diante de tais questões abordaremos inicialmente o fenômeno religioso

através da sociologia da religião.

Schopenhauer em “As dores do Mundo” analisa a religião na humanidade, e afirma

que é através da experiência com as dores, com a morte ou outros sofrimentos que o ser

humano se aproxima da reflexão filosófica e da busca pela explicação metafisica do mundo

material e imaterial. Ou seja, o homem busca uma explicação para as situações vivenciadas

no seu cotidiano e almeja um futuro melhor apoiado na ideia religiosa de que todas as

dores sessarão num futuro promissor. Dessa forma o filósofo defende que o homem tem

necessidade das explicações metafísicas para seus momentos de dor ou sofrimento no

mundo material.

Não contente com os cuidados, as aflições e os embaraços que o

mundo real lhe impõe, o espírito humano crê ainda um mundo

imaginário sob a forma de mil superstições diversas. Estas ocupam-

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no de todas as maneiras; consagra-lhes o melhor do seu tempo de

todas as maneiras; consagra-lhes o melhor do seu tempo e das suas

forças, logo que o mundo real lhe conceda um repouso que não é

capaz de gozar. Pode verificar-se esse fato a sua origem, entre os

povos que, colocados num céu puro e num solo clemente, têm uma

existência fácil, tais como os hindus, depois os gregos, os romanos,

mais tarde os italianos, os espanhóis etc. O homem representa

demônios, deuses e santos à sua imagem; exigem a todo o

momento sacrifícios, orações, ornamentos, promessas feitas e

realizadas, peregrinações, prosternações, quadros, adornos, etc.

Ficção e realidade obscurece a realidade; qualquer acontecimento

da vida é aceito como uma manifestação do seu poder. Os

colóquios místicos com essas divindades preenchem metade dos

dias, sustentam incessantemente a esperança; o encanto da ilusão

torna-os muitas vezes mais interessantes que a convivência dos

seres reais. Que expressão e que sintonia da miséria inata do

homem, da urgente necessidade que ele tem de socorro e da

assistência, da ocupação e de tempo! E, embora perca forças úteis e

instantes preciosos em súplicas e sacrifícios vãos em vez de se

proteger a si mesmo, quando surgem perigos imprevistos, não cessa

contudo de se ocupar e distrair nesse exercício fantástico com um

mundo de espíritos com que sonha, é essa a vantagem das

superstições, vantagem que não se deve desdenhar.

(SCHOPENHAUER , p.182)

Partindo deste princípio Schopenhauer afirma que as religiões são necessárias ao

povo e trata-se de um benefício incalculável. No entanto, os homens se diferem em sua

intelectualidade e racionalidade os ditos autodidatas, gênios, estudiosos da razão entre

outros, não aceitam facialmente dogmas de crenças religiosos qualquer. Para o autor

quanto maior a intelectualidade mais difícil aceitação de qualquer religião:

As religiões são necessárias ao povo, e são para ele um benefício inapreciável.

Mesmo quando elas se querem opor ao progresso da humanidade no

conhecimento do verdadeiro, é preciso desviá-las com todas as atenções

possíveis. Mas exigir que um grande espírito, um Goethe, um Shkespeare, aceite

convictamente impliciter, bona fide et sensu proprio, os dogmas de uma religião

qualquer, é exigir que um gigante calce o sapato de um anão.

(SCHOPENHAUER)

O espírito humano acredita num mundo irreal que pode assumir formas diversas

superstições. Para alimentar essa crença o homem dedica o melhor de seu tempo e das suas

forças para realizar sacrifício, orações, ornamentos, peregrinações etc., Tais situações

servem de suporte para preencher metade dos dias, e sustentam de forma incessante uma

esperança do porvir. Mesmo diante de perigos reais que possam surgir o espírito humano

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se ocupa de súplicas e sacrifícios e consideram que os acontecimentos de sua vida são

manifestações de um poder divino.

Digamos que numa sociedade primitiva algum alimento necessário só possa ser

obtido viajando-se por mares traiçoeiros, infestados de tubarões. Duas vezes por

ano, os homens da tribo partem para buscá-lo em suas precárias canoas.

Suponhamos que as convicções religiosas dessa sociedade incluam um artigo de

fé segundo o qual todo homem que deixar de participar dessa expedição perderá

sua virilidade, exceto os sacerdotes, cuja virilidade é mantida por seus sacrifícios

diários aos deuses. Essa convicção cria uma motivação para aqueles que se

arriscam na viagem perigosa e proporciona simultaneamente uma legitimação

para os sacerdotes, que ficam sempre no bem bom. È desnecessário acrescentar

que é bem provável que foram os sacerdotes que inventaram a teoria. Em outras

palavras, suspeitaremos que estamos diante de uma ideologia sacerdotal.

(GUARESCHI, 2004)

O autor Pedrinho Guareschi (2004) explica que a igreja se torna superestrutural a

partir do momento que se torna uma doutrina explicativa do mundo, servindo aos

interesses de nações e impérios. Atualmente o regime capitalista necessita de seu culto,

através da escravização de milhões de pessoas do Terceiro Mundo. No próprio dólar há a

expressão ‘ In God we trust’ que significa “em Deus nós acreditamos”.

Nos estudos de Oliveira (2010) acerca do “Vazio e a vontade de sentido: uma

análise da religiosidade pós-moderna” o autor trata da religião como um fenômeno

caracterizado da seguinte forma:

[...] admitimos que o termo religião não se refira somente à relação íntima do ser

humano com a divindade, mas também ao fato religioso enquanto fenômeno

social. Em diversas culturas, em maior ou menor escala, podem ser encontradas

manifestações de formas de comportamento religioso. Por mais primitiva que

seja uma civilização, por mais intelectualizada que seja uma sociedade, haverá

ali um altar erigido a alguma divindade. Isto sugere a existência de um fato

comum à experiência de todos os homens, que de alguma maneira, tentar ordenar

e dar sentido à sua existência. (OLIVEIRA, 2010, p. 28)

Para Oliveira (2010), a manifestação da religiosidade se dá através das práticas

coletivas que expressam no cotidiano valores importantes para determinada sociedade, pois

as crenças religiosas ditam para os sujeitos normas morais a serem obedecidas. “A

religiosidade é fator determinante de condutas éticas e sociais dentro de uma nação e

define várias práticas culturais.” (VIEGAS; MARTINS, 2015, p. 205).

Nesse aspecto, Oliveira (2010) faz um paralelo entre o pensamento de Durheim e

Weber acerca da religião como fator social. No pensamento durkheiminiano a religião é

um “sistema de crenças” dotadas de um caráter sagrado, inseparáveis da ideia de igreja,

uma assembleia com cerimonial definido que atende certo número de membros. E

complementa: “[...] as cerimônias religiosas cumprem um papel importante ao

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aproximarem os indivíduos, multiplicando assim o contato entre eles, tornando-os mais

íntimos.” (Oliveira, 2010, p. 30)

No pensamento weberiano segundo Oliveira (2010) há uma sugestão que a religião,

não é uma variável, ela ocupa lugar autônomo no que diz respeito aos processos sociais. Os

acontecimentos devem então ser entendidos a partir do sentido que a comunidade de

crentes, ou seja, dos fiéis, dão àquela tradição religiosa.

Sobre essa interação social religiosa (OLIVEIRA, 2010, p. 28) [...] o sentimento

religioso nasce de uma busca por um sentido individual, é no intercâmbio entre o individuo

e a coletividade que se dará um significado coletivo para a prática da religião e será

responsável pela perpetuação de tal prática religiosa.

Considerando que na sociedade atual essa interação é muito mais rápida devido ao

processo de globalização, no âmbito religioso não é diferente, os hinos entoados, os estilos

de sermão, o uso de instrumentos diversos, tipos de festividades das igrejas são mesclados

na cultura local.

Conforme Nilton Santos (2006) a comunicação e a informação tem possibilitado

uma dialética frequente em relação às relações sociais “um dinamismo está se recriando a

cada momento, uma relação permanentemente instável, e onde a globalização e

localização, globalização e fragmentação são termos de uma dialética que se refaz com

frequência.” (NILTON SANTOS, 2006, P. 314)

Boaventura de Souza Santos (1997) afirma que globalização é um termo de difícil

definição. Muitos estudiosos definem globalização a partir do paradigma econômico.

Dessa forma, tratam da transnacionalização da produção de bens e serviços e dos mercados

financeiros. Ou seja, de um processo de ascenção de empresas multinacionais atuando no

mercado internacional.

No entanto, o autor (op.cit.) prefere definir a globalização voltada para os

paradigmas das relações sociais, políticas e culturais. “Aquilo que habitualmente

designamos por globalização são, de fato, conjuntos diferenciados de relações sociais;

diferentes conjuntos de relações sociais dão origem a diferentes fenômenos de

globalização.”(SOUZA SANTOS, 1997, 107).

Dentre os distintos fenômenos de globalização está a religiosidade que se expande

ultrapassando fronteiras através das relações sociais. Souza Santos destaca que devido a

inexistência de uma globalização genuína, o localismo bem desenvolvido, manifesta-se

como globalização. Sendo assim, o autor utiliza para tal fato a categoria de localismo

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globalizado. Por outro lado, a globalização ao ser expandida em determinado espaço

materializa-se como globalismo localizado.

Tais globalismos localizados conforme Souza Santos (1997, p. 97) incluem:

enclaves de comércio livre ou zonas francas; desflorestamento e destruição maciça dos

recursos naturais para pagamento de dívida externa; uso turístico de tesouros históricos,

lugares ou cerimonias religiosas, artesanato e vida selvagem. [...] etnicização do local de

trabalho ( desvalorização do salário pelo fato de os trabalhadores serem de um grupo étnico

considerado “inferior” ou menos “exigente”.

Esse globalismo localizado e a desvalorização de pessoas de uma cultura tida como

“inferior” perpassa as mais diversas áreas sociais do homem, inclusive a vida religiosa.

Partindo deste pensamento é possível inferir que determinadas igrejas evangélicas

implantadas na região de fronteira Corumbá-Bolívia são frutos de uma globalização

religiosa. Pois, ao desenvolver liturgias oriundas de outras culturas verifica-se a

manifestação do localismo globalizado.

A divisão internacional da produção da globalização assume o seguinte padrão:

os países centrais especializam-se em localismos globalizados, enquanto aos

países periféricos é imposta a escolha de globalismos localizados. O sistema-

mundo é uma trama de globalismos localizados e localismos globalizados.

Todavia, a intensificação de interações globais pressupõe outros dois processos,

os quais não podem ser corretamente caracterizados, nem como localismos

globalizados, nem como globalismos localizados. Designo o primeiro como

cosmopolitismo. As formas predominantes de dominação não excluem aos

Estados – nação, regiões, classes ou grupos sociais subordinados a oportunidade

de se organizarem transnacionalmente na defesa de interesses percebidos como

comuns, e de usarem em seu benefício as possibilidades de interação

transnacional criadas pelo sistema mundial. (SOUZA SANTOS, 1997, p.110).

O cosmopolitismo é um tipo de globalização que o autor afirma ser de-baixo-para

cima num movimento contra hegemônico. O que nas igrejas evangélicas estejam onde

estiverem é incomum ocorrer, pois a ideologia transmitida difere de local para local.

Contudo, ao implantar os ritos litúrgicos provenientes de outras culturas,

repassados através das relações sociais, não há como se evitar características da localidade

manifestas em tais práticas.

Algumas igrejas na região da fronteira Corumbá – Bolívia são provenientes das

chamadas missões evangelísticas e tem sua origem em outros países dentre eles o Brasil.

No lado boliviano da fronteira há um Concilio de Pastores de Puerto Suárez que

realiza campanhas evangelísticas no Coliseo central da cidade dessa maneira consegue

reunir a maioria das igrejas evangélicas durante tais eventos. De acordo com carta

publicada no site de uma Igreja Evangélica Brasileira com Campo Missionário na Bolívia,

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durante os eventos há conversão de fiéis, e estes são direcionados para frequentar as igrejas

nos bairros onde residem.

Conforme carta do pastor presidente do concilio de pastores não há uma disputa por

fiéis ou membros de igreja e sim um trabalho coletivo para encaminhamento da população

à igreja. Tais movimentos coletivos são realizados dos dois lados da fronteira. Tanto no

lado boliviano quanto no lado brasileiro há esse tipo de operação evangelística.

Não se percebe na literatura nenhum registro sobre um Conselho de Pastores da

Fronteira possibilitando um intercâmbio cultural e interdenominacional, pois no lado

brasileiro da fronteira há em Corumbá – MS o Conselho Regional de Pastores Evangélicos

de Corumbá (COREME) e no município de Ladário – MS há o Conselho de Ministros

Evangélicos de Ladário (COMEL), no entanto, não há um único Conselho na Fronteira

para tratar de assuntos comuns a todos.

Todas as culturas tendem a distribuir as pessoas e os grupos sociais entre dois

princípios competitivos de pertença hierárquica. Um- princípio da igualdade –

opera através de hierarquias entre unidades homogêneas (a hierarquia de estratos

socioeconômicos; a hierarquia a hierarquia cidadão/estrangeiro). O outro – o

princípio da diferença – opera através da hierarquia entre identidades e

diferenças consideradas únicas (a hierarquia entre etnias ou raças, entre sexos,

entre religiões, entre orientações sexuais). Os dois princípios não se sobrepõem

necessariamente e, por esse motivo, nem todas as igualdades são idênticas e nem

todas diferenças são desiguais. (SOUZA SANTOS, 1997, p. 115.)

Diante do exposto parece-nos conveniente investigar quais são as similaridades e

singularidades da religião protestante na fronteira Brasil/Bolívia a fim de percebermos

como se processam os cultos, liturgias, rituais, batismos, louvores entre outras práticas

professadas pelos protestantes. Uma vez que a família será sempre uma referência

importante e a base sustentadora e continuadora da tradição religiosa. Estudar famílias ou

indivíduos nesse contexto onde se apresenta uma intensa dinamicidade de produção de

identidades e diferenças, e que tem na sua formação religiosa o seu discurso identitário, é

importante entendermos esse sentimento de pertença como uma das formas de alicerce de

sua fé.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conceito de fronteira vai muito além do que afirmam os dicionários, além do

sentido de linha divisória, limite territorial etc. A fronteira é um lugar de vivências, troca

de experiências, culturas, religiões, negociações e muitos outros itens.

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Conhecer o cotidiano dos fronteiriços, sua religiosidade, linguagens, culturas

permite um avanço no debate sobre fronteira e identidade dos fronteiriços.

Dessa forma, estudar a religiosidade que se dá na coletividade, é importante para

analisar quais são as similaridades e singularidades dos povos na fronteira Brasil/Bolívia.

Devido a ausência de literaturas na área que possa conceder base de estudos para outros

pesquisadores.

Para tanto, seria necessário observações e entrevistas nos rituais ou liturgias dos

cultos das igrejas evangélicas localizadas na região.

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