(Fruticultura volume 1 importancia, poda e propagação
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UNIVERSIDADE FEDEERAL RURAL DO SEMIÁRIDO (UFERSA) DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS VEGETAIS
IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA PODA DAS ÁRVORES FRUTÍFERAS
PROPAGAÇÃO DAS PLANTAS FRUTÍFERAS
VANDER MENDONÇA
LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS
Apoio Financeiro
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BOLETIM TÉCNICO
VOLUME 1
- IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA
- PODA DAS ÁRVORES FRUTÍFERAS
- PROPAGAÇÃO DAS PLANTAS FRUTÍFERAS
VANDER MENDONÇA
LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS
MOSSORÓ-RN, 2011
3
AUTORES
VANDER MENDONÇA
Possui Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Lavras
(1997), Mestrado em Agronomia/Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2000) e Doutorado em Agronomia (Fitotecnia/Fruticultura) pela Universidade
Federal de Lavras (2005) e Pós-Doutorado em Agronomia (Fitotecnia/Fruticultura) pela Universidade Federal de Lavras (2011). Atualmente é professor Adjunto III na
Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), responsável pelas disciplinas: Fruticultura (Graduação), Propagação de Frutíferas, Fruticultura Tropical II e Citricultura
(Pós-graduação) e também Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 2. É líder do Grupo de Pesquisa Propagação, Nutrição, Adubação e Tratos Culturais de
Frutíferas de Clima Tropical e Sub-Tropical e participa como membro do Grupo de Pesquisa Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas ambos cadastrados no CNPq. Na
UFERSA é lider do Grupo de pesquisa Pesquisa em Fruticultura . Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas: propagação, adubação e condução de espécies frutíferas de clima tropical. Contatos: Prof.
Dr. Vander Mendonça (Fruticultura) Fone (84) 3317-8548, E-mails: [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], Home page: http://prof-vanderufersa.webnode.com.br/
LUCIANA FREITAS DE MEDEIROS
Possui Graduação em Engenharia Agronomica pela Universidade Federal Rural do
Semiárido (2009). Atualmente é aluna do curso de mestrado em Fitotecnia da Universidade Federal Rural do Semiárido. É Bolsista do CNPq. Participa do Grupo de Pesquisa
Propagação, Nutrição, Adubação e Tratos Culturais de Frutíferas de Clima Tropical e Sub-Tropical cadastrado no CNPq. Na UFERSA também participa do Grupo Pesquisa em
Fruticultura. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Micropropagação de Ornamentais, além de Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas:
propagação, adubação e condução de espécies frutíferas de clima tropical. Contatos: Engenheira Agrônoma Luciana Freitas de Medeiros, Fone (84) 3317-8548 E-mails: [email protected], [email protected], Home page:
http://prof-vanderufersa.webnode.com.br/
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APRESENTAÇÃO
As espécies frutíferas podem ser divididas em três grupos principais, de
acordo com as exigências climáticas em: temperadas (uva, maçã, figo, pêssego,
ameixa, etc.), subtropicais (citros, caqui, etc.) e tropicais (banana, manga,
mamão, abacaxi, cupuaçu, açaí, etc.).
As principais frutíferas cultivadas no Brasil são: banana, laranja, caju,
coco, maracujá, mamão, manga, abacaxi, uva, melão, maçã, goiaba, pêssego,
tangerina, abacate, pêra, figo.
Todos os estados da federação acordaram para uma realidade: a
fruticultura gera dinheiro, o País tem potencial para produzir muito e com
qualidade, há um mercado com alta demanda e em crescimento.
Sabemos que não é fácil orientar, instruir, explicar como se fazem as
coisas, quando se dispões de poucos meios práticos e, principalmente, quando
não se tem bibliografias a disposição com um custo mais acessível.
Esta Série (Vol. I até Vol. V) de “Boletins Técnicos”, aqui apresentada, faz
uma descrição geral da importância da fruticultura e algumas frutíferas. Assuntos
estes abordados na disciplina “Fruticultura” do curso de Agronomia da UFERSA.
Justifica-se este tipo de publicação, pois, além de ser de distribuição
gratuita, a mesma é escrita em uma linguagem mais clara e objetiva tornando o
aprendizado mais fácil e menos cansativo.
Por outro lado, este tipo de publicação pode também auxiliar os técnicos de
extensão, produtores rurais e a população de uma maneira geral interessada em
ter um maior conhecimento a respeito das plantas frutíferas.
Os autores
CAPÍTULO I
IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA
1. ASPECTOS ECONÔMICOS
O Brasil por possui uma extensa área territorial, com 8.500.000 km2
encontra-se uma grande variação climática e seus microclimas que possibilitam o
cultivo econômico da maioria das fruteiras, que torna o país o terceiro produtor
mundial de frutas, atrás apenas da China e índia, primeiro e segundo maiores
produtores, respectivamente.
As espécies frutíferas podem ser divididas em três grupos principais, de
acordo com as exigências climáticas em: temperadas (uva, maçã, figo, pêssego,
ameixa, etc.), subtropicais (citros, caqui, etc.) e tropicais (banana, manga,
mamão, abacaxi, cupuaçu, açaí, etc.).
As principais frutíferas cultivadas no Brasil são: banana, laranja, caju,
coco, maracujá, mamão, manga, abacaxi, uva, melão, maçã, goiaba, pêssego,
tangerina, abacate, pêra, figo (Tabela 1).
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Tabela 1. Produção, produtividade e área cultivada das principais espécies
cultivadas no Brasil.
Frutas Área (1.000ha) Produção (1.000 t) Produtividade (t/ha)
Abacate 12,3 173,9 14,1
Abacaxi1 61,1 1.433.234 23.446,8
Açaí - 106,0 10,0
Banana 503,1 6.422,9 12,8
Caju (cast.) 665,1 164,5 0,247
Coco1 276,6 1.928.236 6.971,0
Cupuaçu 10,0 300,0 30,0
Goiaba 15,8 321,1 20,3
Laranja 828,8 18.530,6 22.4
Limão 50,1 984,6 19.6
Maçã 31,5 661,5 27.2
Mamão 35,6 1.597,7 44.8
Manga 66,7 842,3 12.6
Maracujá 33,5 330,8 9,9
Palmito 6,2 41,1 6,7
Tangerina 64,7 1.262,7 19,5
Uva 66,3 1.148,6 17,3
Total Frutas 2.900,0 38.125,0 -
Fonte: IBGE (2003); Agrianual (2003); IBGE (2004) 1 Produção em mil frutos por hectare.
O estado de São Paulo, destaca principalmente pela alta produção de
citros e exportação de suco de laranja concentrado e congelado (SLCC),
colocando o Brasil como o maior produtor mundial de citros e maior exportador do
SLCC. Além disso, destaca-se também pela grande variedade de espécies
frutíferas cultivadas em cada um de seus microclimas. Aliado a outros fatores, o
alto índice tecnológico nos pomares paulistas, contribui para a boa produtividade
conseguida no estado.
A maioria da produção brasileira é destinada ao consumo interno, tanto
ao natural quanto processada na forma de doces, geléias, sucos, vinhos e outros.
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Pois o terceiro maior produtor de frutas não é um dos principais exportadores,
exportando menos de 1% da produção.
O principal motivo da baixa exportação de frutas pelo Brasil é a baixa
qualidade das frutas, na maioria das vezes produzidas sem base agronômica,
além dos embargos impostos pelos importadores.
1.1. Exportações brasileiras de frutas
As frutas brasileiras, aos poucos, vão ganhando o mercado mundial e
abrindo espaço para transforma o Brasil em um grande exportador, criando novas
oportunidades de negócio para os agricultores brasileiros em um empreendimento
com alta rentabilidade. Dados do ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) revelam que, em 2001, as exportações de frutas frescas
atingiram 590,6 mil toneladas e US$ 221, 4 milhões de faturamento. Isso
representa em volume um salto de 36,2% em relação ao mesmo período do ano
anterior e de 26,7% em receita.
As principais frutas vendidas ao exterior são: goiaba, manga, melão,
laranja, uva, mamão papaia, banana, limão, lima, tangerina, abacaxi e melancia.
O maior comprador é o Reino Unido, com 14%, e que desde a década de
90 vem se constituindo como o principal mercado para as frutas brasileiras
(Tabela 2).
4
Tabela 2. Exportação brasileira de frutas em 2001.
Frutas Valor
(US$/mil)
Quantidade
(tonelada)
P. Médio (US$/t)
Manga e Goiaba 50,814 94.291 538.91
Melão 39,297 99.434 395.21
Laranja 27,538 139.582 197.29
Uva 21,563 20.660 1,043.71
Mamão 18,503 22.804 811.39
Maçã 18,139 35.786 506.87
Banana 16,036 105.112 152.56
Limão 7,635 14.811 515.50
Tangerina 6,697 17.258 388.05
Abacaxi 3,408 14.457 235.73
Melancia 2,299 13.698 167.83
Figo 1,086 633 1,715.64
Morango 413 228 1,811.40
Abacate 345 606 569.31
Outras frutas 7,589 11.235 675.47
Total Frutas
Frescas
221,362 590.595 374.81
Fonte: SECEX/DECEX/MDIC;DECOM/SPC/MAPA
Também no Mercosul está crescendo o mercado para a fruticultura
nacional, sendo a Argentina responsável por 12% das nossas exportações e o
Uruguai por outros 6%. Além disso, o Brasil exporta para Estados Unidos,
Portugal, Bélgica, Finlândia, Emirados Árabes Unidos e Países Baixos. Caso seja
mantida a taxa de crescimento observada nos últimos anos, que é de 20%, as
exportações brasileiras atingirão os US$ 500 milhões em 2006 e poderão chegar
a US$ 1 bilhão em 2010.
Apenas para fazer uma comparação, o Chile que um dos maiores
exportadores de frutas ao natural, exporta cerca de US$ 1,6 bilhão,
aproximadamente o mesmo valor que rende a exportação do suco de laranja
5
brasileiro, exportação de fruta na forma de suco e com valor agregado nas
grandes industrias paulistas.
1.2. Em busca da auto-suficiência
Mesmo sendo o terceiro maior produtor mundial de frutas, o Brasil, país
de dimensões continentais, encontra dificuldade em atender ao seu mercado
interno e precisa importar para suprir sua demanda de consumo (Tabela 3).
Os problemas para este atendimento vão desde aspectos culturais,
precariedade de logística, falta de planejamento e integração dos mercados
regionais, até as dificuldades econômicas da maioria da população. O Brasil tem
170 milhões de habitantes e, por isso, é o maior mercado consumidor da América
Latina. Atualmente, o mercado interno segue a tendência mundial de aumento do
consumo de frutas frescas, dentro dos princípios difundidos de melhoria da
qualidade de vida e cuidados com a saúde. Portanto, além de exportar para o
mercado internacional, o Brasil precisará aprender a exportar para ele mesmo,
qualificando a produção, a distribuição e a comercialização.
6
Tabela 3. Importação brasileira de frutas em 2001.
Frutas Valor (US$/mil) Quantidade
(tonelada)
P. Médio (US$/t)
Pêra 49,518 117.649 421
Maçã 29,234 79.985 365
Ameixa 11,539 16.088 717
Quiwi 6,100 9.369 651
Uva 6,080 7.457 815
Cereja 3,424 1.031 3.321
Nectarina 3,244 4.670 695
Pêssego 2,417 3.188 758
Outras 633 1.732 3.517
Subtotal
frutas frescas
112,189 241.169 11.261
Uva 12,237 16.408 746
Ameixa 11,974 11.448 2.604
Noz, Avelã,
Castanhas
23,245 8.660 18.210
Coco seco 4,976 7.527 661
Morango
Congelado
1,371 1.715 799
Damasco 1,477 1.411 2.317
Outras 4,898 3.757 39.026
Subtotal
outras frutas
60,178 50.926 64.363
Total Outras
Frutas
172,367 292.095 75.624
Fonte: SECEX/DECEX/MDIC;DECOM/SPC/MAPA
Contudo, a cadeia produtiva da fruticultura é a área que mais cresce
dentro do agronegócio brasileiro e deverá alcançar um patamar de grande
exportador.
7
Todos os estados da federação acordaram para uma realidade: a
fruticultura gera dinheiro, o País tem potencial para produzir muito e com
qualidade, há um mercado com alta demanda e em crescimento.
Os investimentos realizados nos pólos de fruticultura irrigada no Nordeste,
no sudeste do País e no Sul estão se consolidando porque há um grande retorno
econômico e social nesta atividade. Para cada hectare de pomar é gerada uma
renda de aproximadamente R$ 15 mil. Isso que dizer que, dentro da agricultura, o
segmento frutícola está entre os principais geradores de renda, de empregos e de
desenvolvimento rural.
Fatores que incentivam a produção
1. Geração de empregos no campo e na cidade
2. Renda de R$ 2 mil a R$ 25 mil por hectare
3. Sustentabilidade da produção
4. Disponibilidade de recurso
5. Grande demanda no mercado interno
6. Grande demanda no mercado internacional
7. Incentivo às exportações
Exemplos de rentabilidade
Cada hectare de vinho gera:
- Renda/hectare/ano: R$ 20 mil de dinheiro novo circulando na região produtora
Renda com industrialização
- Mais R$ 20 mil (R$ 40 mil/ha/ano)
Cada hectare de vinhedo oferece
- 1 emprego direto, a permanência de uma família no campo e 2 empregos
indiretos.
1.3. Desperdiço de frutas no Brasil
O Brasil acumula prejuízos de milhões de dólares todos os anos na
produção e processamento de frutas. As perdas variam de 30% a 60% do total
produzido nos pomares brasileiros, dependendo da espécie e do estágio em que
a fruta é descartada pelo mercado.
As perdas começam na lavoura e terminam nas gôndolas dos
supermercados. Antes disso,, passa pela embalagem inadequada, o transporte
8
indevido, manejo equivocado e estocagem errada. As perdas na lavoura ocorrem
por desconhecimento do produtor, que adota manejo inadequado do pomar e usa
variedades não-adaptadas. Além disso, há os fatores climáticos que podem
influenciar, como tempestades, ventos, geadas, excesso hídrico ou estiagens.
A utilização de embalagens inadequadas também é fator de prejuízos à
produção nacional de frutas. No Brasil é costume utilizar caixas de madeira
estreitas impróprias para acondicionar o produto. Isso aperta as frutas, machuca e
ainda provoca contaminações pelo uso contínuo sem os cuidados de higiene
necessários. Por isso é necessária a adequação das embalagens.
Outro ponto fraco do processo pós-colheita da fruticultura brasileira é o
transporte, que deveria ser feito em caminhões refrigerados e já com as frutas
embaladas. Normalmente a operação é realizada em caminhões comuns cobertos
com lonas.
E na comercialização, pelo falta de um bom sistema de informações para
viabilizar o planejamento da produção, medida que é rotineira na Europa e nos
Estados Unidos. Com informações de mercado, o produtor poderia se planejar
para produzir exatamente o volume de frutas que terá demanda.
1.4. Consumo per capta de frutas
O consumo per capta brasileiro é praticamente a metade em relação à
Itália, Espanha e Alemanha e bem abaixo de outros países (Tabela 4). Vários
fatores estão relacionados a este fato:
9
Tabela 4. Consumo per capta de frutas.
País Consumo (Kg / ano)
Alemanha 112,00
Reino Unido 68,50
França 91,40
Itália 114,80
Países Baixos 90,80
Espanha 120,10
EUA 67,40
Canadá 81,10
Japão 61,80
Brasil 57,00
O brasileiro ainda não tem consciência da importância das frutas na alimentação.
� O baixo índice tecnologia empregada na fruticultura brasileira causa preços
elevados das frutas, além da baixa renda per capta do brasileiro.
� O consumo de frutas nativas, como açaí, jabuticaba, cajá, jaca, cupuaçu,
graviola e outras não entram na estatística do consumo per capta brasileiro.
� O consumo de frutas do quintal também não entra nas estatísticas.
1.5. Principais países produtores de frutas
A China foi o maior produtor mundial de frutas no ano de 2002, com a
quantidade de 133.077.000 toneladas e destacando-se como grande produtora
mundial de melancia, maçã, melão e pêra.
A Índia foi o segundo produtor mundial neste mesmo ano quando
registrou a quantidade de 58.970.000 de toneladas e sendo um grande produtor
de banana, manga e coco.
O Brasil está classificado em terceiro lugar com a quantidade de
38.125.000 toneladas, sendo um grande produtor de laranja, banana, coco e
mamão.
10
Depois em quarto lugar aparece os Estados Unidos como grande produtor
mundial de laranja, uva, maça e pomelo. As Filipinas em quinto lugar destacando-
se como produtora de coco, abacaxi e outras frutas tropicais, a Indonésia em
sexto lugar como grande produtora de banana, coco, manga e outras frutas
tropicais e a Itália está classificada em sétimo lugar com grande destaque na
produção de uva, maça e pêssego. Completando a lista dos dez principais
produtores mundiais de frutas encontra-se o México em oitavo, a Espanha em
nono lugar (Tabela 5).
Tabela 5. Produção mundial de frutas em 2002.
Mundo China Índia Brasil USA Filipina
s
Indonésia Itália Méxic
o
Espanha
Total 622.509 133.07
7
58.970 38.125 33.539 24.427 20.950 18.632 17.128 16.723
Banana 98.330 5.554 16.000 6.369 12 5 3.600 4 2.037 412
Melancia 80.944 57.530 255 620 1.660 58 - 500 785 581
Laranja 64.712 3.090 3.200 18.694 11.387 0,029 680 1.900 4.526 2.862
Uva 62.389 62.389 3.885 1.140 1.099 6.594 - 0.174 8.500 475
Maçã 57.982 20.507 1.500 857 - - 4.041 2.370 497 711
Coco 49.320 249 9.000 2.695 - 13.000 13.000 - 959 -
Manga 25.760 3.262 11.500 542 3 886 950 - 1.644 -
Melão 21.588 8.655 645 155 1.200 19 - 500 510 1.003
Tangerin
a
17.338 6.180 910 532 53 - 635 360 1.936
Limão 11.038 310 1.400 580 751 52 - 530 1.720 902
Mamão 5.591 160 644 1.500 25 77 470 - 765 -
Abacate 2.583 76 - 89 205 37 130 - 950 60
Cast.Caj
u
1.698 1,3 500 183 - 7 80 - 0,65 -
Fonte: FAO (http://apps.fao.org).
1.6 Pólos frutícolas do Brasil
Existem hoje no Brasil 30 pólos de fruticultura, espalhados de Norte a sul
e abrangendo mais de 50 municípios.
O Pólo Assu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, que se tornou a maior
região produtora de melão do País, e o Pólo Petrolina/Juazeiro, que já conta com
11
mais de 100 mil hectares irrigados, exportando manga, banana, coco, uva, goiaba
e pinha, e garantindo emprego a 4000 mil pessoas em áreas do semi-árido da
Bahia e Pernambuco, são exemplos de sucesso.
Outro que vem crescendo e que é um dos mais avançados na produção
de frutas para exportação é o Pólo Baixo Jaguaribe, no Ceará, que já conta com
52 mil hectares irrigados.
Também o Pólo de desenvolvimento Norte de Minas/MG merece ser
citado por sua importância na produção frutícola que atingiu, em 1999, 264.050
toneladas de banana, limão, manga, uva, coco e mamão.
Não pode ser esquecido o Pólo de São Paulo, um dos primeiros a surgir
no País e que hoje sofre a concorrência do Nordeste nas exportações, mas que
ainda é o grande fornecedor do mercado interno de frutas frescas, o primeiro nas
exportações de citros e suco de laranja e tem forte presença em banana, manga,
goiaba, uva de mesa e outras. São Paulo exportou, em 2001, 194.660 toneladas
de frutas, com destaque para laranja (139.553 t), tangerina (17.250 t), limão
(12.498 t), banana (9.695 t), mamão (4.808 t), abacaxi (2.560 t), manga (1.996 t),
melão (1.783), uva (1.436 t) e outras, representando um faturamento de US$ 50,1
milhões.
Há ainda o pólo do Rio Grande do Sul, tradicional produtor de uva para
produção de vinho e de pêssego para a industria e de mesa. Além disso, na
região de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, florescem os pomares de
maçã, dando ao Estado o segundo lugar nas exportações dessa fruta, depois de
Santa Catarina, onde as macieiras se estendem pelos municípios de Fraiburgo e
São Joaquim.
2. ASPECTOS SOCIAIS
O setor frutícola brasileiro abrange 2,2 milhões de hectares, gera 4
milhões de empregos diretos e um PIB agrícola de US$ 11 bilhões. Este setor
demanda mão-de-obra intensiva e qualificada, fixando o homem no campo de
forma única, pois permite uma vida digna de uma família dentro de pequenas
propriedades e também nos grandes projetos. É possível alcançar um
faturamento bruto de R$ 1.000 a R$ 20.000 por hectare. Além disso, para cada
10.000 dólares investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos diretos
12
permanentes e dois empregos indiretos (Figura 1). Visto por outro ângulo, 2,2
milhões hectares com frutas no Brasil significam 4 milhões de empregos diretos (2
a 5 pessoas por hectare).
A alta geração de emprego ocorre por se tratar de cultivo extensivo e
intensivo, exigindo a presença constante de mão-de-obra.
Por isso, existe atualmente grandes incentivos à projetos de irrigação,
principalmente por ser umas das atividades agrícolas que exige pouco recursos
para gerar empregos.
Figura 1. Investimento médio para gerar um emprego em algumas atividades
industriais, turismo e agropecuárias.
3. DIVISÃO DAS PLANTAS FRUTÍFERAS QUANTO AO CLIMA
Quanto às exigências de clima, as plantas podem dividir-se em plantas de
clima temperado, subtropical e tropical.
3.1. Plantas de clima temperado
As plantas podem ser sub divididas, em muito exigentes e pouco
exigentes em frio.
Dentro de uma mesma espécie, encontramos variedades que se
acomodam a essa exigência, como o pessegueiro, a macieira, a pereira, a
220.000
145.000
100.000
91.000
66.000
37.000
6.0002.500
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
Valor em US$
Química
Met
alúrg
ica
Pecuár
ia
Autom
obilís
tica
Turism
o
Agricu
ltura
Fruticu
ltura
c/irr
igaçã
o
Frutic
ultur
a s/i
rriga
ção
Setor
13
ameixeira, a pecã, o caqui. Existem variedades que produzem satisfatoriamente
em regiões de inverno brando, ao passo que outras exigem inverno longo e
rigoroso para frutificar economicamente, que dure de dois a três meses, com
temperatura de 0ºC, podendo atingir, no verão, de 30 a 40ºC.
As espécies de clima temperado podem desenvolver a frutificação na
área subtropical e mesmo na tropical, desde que o repouso hibernal seja
substituído por período seco que impeça a vegetação, porém as plantas de clima
tropical e subtropical dificilmente encontram condições para prosperar nas zonas
temperadas.
A área de distribuição favorável para as espécies frutíferas de clima
temperado concentra-se no sul do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul.
Encontram-se, entretanto, dispersas pelo país, regiões microclimáticas, como a
serra da Mantiqueira, a serra dos Cristais e regiões do interior e do norte do
Brasil, que compensam a latitude com a altitude, oferecendo também microclimas
favoráveis.
3.2. Plantas de clima subtropical e tropical
Os vegetais tropicais e subtropicais encontram, a partir do centro do
Estado de São Paulo até o Amazonas, condições ecológicas para o seu
desenvolvimento, com exceção das regiões montanhosas, onde a queda de
temperatura oferece microclima favorável às culturas temperadas.
Pelos conhecimentos adquiridos sobre espécies de clima temperado,
subtropical e tropical, e conhecendo-se as condições ecológicas de cada região,
podem-se estabelecer pomares comerciais com grande probabilidade de êxito.
Assim, as culturas de abacaxi, anona, banana, coco-da-bahía, mamão,
manga, tâmara, citros, abacate, goiaba, jabuticaba encontrariam condições
ecológicas das mais favoráveis a partir da parte central do Estado de São Paulo
até o norte, incluindo as regiões central e nordeste, que se enquadram dentro de
clima subtropical e tropical. As espécies de clima temperado, entretanto, como
ameixeira, figueira, macieira, oliveira, pecã, pessegueiro, pereira e videira,
encontrariam condições mais satisfatórias do sul do Estado de São Paulo até o
Rio Grande do Sul.
14
4. ASPECTOS NUTRACÊUTICOS
4.1. Comportamento alimentar do homem
A decisão sobre que comida colocar no prato tem implicações
econômicas, ambientais, éticas, culturais, fisiológicas, fisiológicas, históricas,
religiosas. Assim, os lactovegetarianos comem ovos, leite e derivados, por não
“resultarem” do sofrimento animal ou por não conter toxinas produzidas antes da
morte animal; os vegans, acreditam na liberdade total dos animais e não se
alimentam de produtos de origem animal e só tiram fotos digitais, devido os filmes
conterem uma gelatina retirada da canela da vaca; os frugivoristas não só
rejeitam carne como evitam machucar ou matar vegetais. Por isso, comem
apenas aquilo que as plantas “querem” que seja comido: frutas e castanhas,
consideram o consumo de folhas, caules e raízes uma violência.
O homem é onívoro ou frugivorista?
Segundo o Dr. W. R. Friedman, nos últimos sessenta anos, depois da
vulgarização dos trabalhos de sábios como Cunier, Ovon, Dambenteou, chega-se
à conclusão de que o homem é frugívoro, não só pela forma e disposição do seu
sistema dentário, mas, também, pela constituição dos órgãos digestivos, e muitos
afirmam que é erro considerarmo-nos onívoros.
Afirmam que as frutas são alimentos naturais do homem, mineralizantes
por excelência, e é nesta fonte pura e não nos cadáveres que nós devemos
apoiar para a reparação das nossas forças.
4.2. Valor nutritivo das frutas
É possível o homem alimentar-se apenas de frutas?
Nas frutas tem-se os princípios necessários para atender as
necessidades vitais dos humanos.
O tamarindo, as uvas, a banana, o açaí e outros, nos fornecem os
carboidratos; os cocos, as castanhas-da-amazônia1, castanha-de-caju, sementes
de baru (frutos da Amazônia) e outros, nos fornecem gorduras e proteínas. As
frutas também nos suprem dos mais, variados sais minerais, vitaminas,
fermentos, água (com o selo da vida) e fibras. Com regime exclusivo de frutas, o
1 Castanha-da-Amazônia é o termo que respeitosamente emprego para a Castanha-do-Pará, que não é apenas do Pará, ou Castanha-do-Brasil, que não é apenas do Brasil, mas, a Bertholletia excelsa é da Amazônia Real.
15
homem pode viver em bom estado de saúde, mas é preciso individualiza-lo
devidamente (Tabela 6).
Na alimentação dos frugivorista e dos vegans, deve haver uma cuidado
especial quando ao suprimento de vitamina B12, pois estas não contem nos
vegetais, é sintetiza por bactérias de solo, consumidas pelos animais durante o
pastejo e encontrada nas carnes dos mesmos. Porém, pode ser encontrada
facilmente em alimentos enriquecidos, como alguns biscoitos.
Tabela 6. Composição química em 100g de algumas frutas.
Frutas Kcal
Vit.
A
(µg)
Vit.B
1
(µg)
Vit.B2
(µg)
Vit.B3
(mg)
Vit.C
(mg)
Ca P Fe
(mg)
Prot
(%)
Abacate 162 20 70 100 0,80 10,2 13 47 0,70 1,3
Açaí 247 150 360 10 0,40 5,0 118 0,5 1,80 3,5
Ameixa 54 200 120 150 0,37 6,8 11 16 0,36 0,6
Banana 89 10 92 103 0,82 17,3 15 26 0,20 1,3
Caqui 87 250 30 45 0,80 17,1 4 42 0,41 0,8
Caju 37 16 58 50 2,56 200,0 50 18 1,00 0,8
Castanha 700 7 1094 118 7,71 10,3 172 746 5,00 17,0
Coco
seco 619 0 60 40 0,50 1,6 108 209 4,80 5,0
Goiaba 43 245 190 154 1,20 45,6 17 30 0,70 1,0
Laranja 43 14 40 21 0,19 40,9 45 28 0,20 0,9
Limão 28 2,5 55 60 0,31 30,2 41 15 0,70 0,8
Maracujá 90 70 150 100 1,51 15,6 13 17 1,60 1,8
Manga 64 220 51 56 0,51 43,0 21 17 0,78 0,6
Coca-
cola 39 0 0 0 0 0 2 1 0 0
Fonte: Franco, 1992; Aguiar et al., 1980; Donadio et al., 2002.
Um outro problema sério na alimentação dos vegetarianos é a pouca
concentração de ferro nos vegetais ao contrário das carnes e vísceras. Mas,
algumas frutas, por exemplo, o açaí, contém em apenas 100 g de polpa, mais que
a necessidade diária de um homem adulto (10 mg), e um homem amazônico não
se satisfaz apenas com 100 g de açaí, portanto, a necessidade diária de ferro, o
16
açaí garante. Porém, o açaí contém vitamina C muito abaixo da média das
demais frutas. Isto leva a dedução que não existe um fruto ideal que possa servir
com única fonte de alimento vegetal, mas a alimentação deve ser feita de uma
“salada” de frutas, ou seja uma alimentação com vários tipos de furtos.
As castanhas, a exemplo a castanha-da-amazônia, pode suprir a
necessidade diária de proteínas e cálcio, este último é encontrado em maior
concentração que no leite de vaca, o leite de vaca e seus derivados, por ter
também elevado teor de cálcio, leva os nutricionistas convencionais a
recomendarem este alimento, porém, esquecem de que o leite, muito importante
para os mamíferos jovens, e cada leite para cada espécie.
Em natureza, não se observa mamíferos adultos mamando em suas
genitoras, será que o homem adulto poderia alimentar-se de leite natural? Tente
mamar numa lactante humana!
Um concorrente direto na comercialização das frutas é o refrigerante, pois
bem, o refrigerante é um produto artificial, sem nenhum valor nutricional, intoxica
e desmineraliza o organismo. Têm muita caloria, engorda. O "diet", com menos
caloria, é artificial e tóxico. Ao contrário das frutas, não contém vitaminas,
proteínas, sais minerais (raras poucas exceções) e contém corante e acidulantes,
tóxicos ao organismo, a exemplo da famigerada coca-cola. Além de não respeitar
o próprio corpo ao beber um refrigerante multinacional, que tem inclusive
incentivos fiscais (não oferecido às indústrias nacionais de refrigerante), paga-se
aos estrangeiros e desempregam-se brasileiros nos campos de produção de
frutas, café e chás.
17
Tabela 7. Necessidade diária de um homem adulto e elementos consumidos em
1,6 kg de frutas, castanhas e sementes.
Necessidade diária Consum
o
1,6 kg de frutas e
castanhas
Energia Kcal >2600 3075
Proteína (g) 56 83
Fibra (g) 20 - 35 92
Cálcio (mg) 800 733
Ferro (mg) 10 41
Fósforo (mg) 800 1650
Vit. A (µg) 1000 1200
Vit. B1 (µg) 1400 2940
Vit.B2 (µg) 1700 1620
Vit. B3 (mg) 18 22
Vit. C (mg) 60 560
50 g de cada fruta
Castanha-da-Amazônia,
Castanha-de-Caju,
Amêndoa, Burití, Pinhão,
Bacurí.
100g de cada fruta
Caju, açaí, manga,
maracujá, biribá, jenipapo,
baru, goiaba.
150 g de cada fruta
laranja, abacate
200 g de banana
Fonte: Franco, 1992; Aguiar et al., 1980, Donadio et al., 2002.
4.3. Fibras dietéticas
Além dos carboidratos, proteínas, vitaminas e sais minerais, as frutas têm
um outro componente muito importante na nutrição humana, as fibras. Atualmente
as fibras deixam de exercer apenas a função digestiva muito preconizada no
passado e passa a ocupar o lugar que lhe corresponde dentro do arsenal
terapêutico atual, ganhando um novo conceito o de “fibra dietética”.
As características físico-químicas, concernentes à solubilidade,
viscosidade, geleificação, capacidade de incorporar substâncias moleculares ou
minerais, determinarão as diferenciações entre fibras.
As fibras classificam em fibras solúveis em água (pectinas, gomas,
mucilagens, hemicelulose B) e Insolúveis em água (celulose, lignina e
hemicelulose A). E ainda tem algumas substâncias que participam do grupo das
fibras por sua similaridade (amido resistente, frutooligossacarídeos, açúcares não-
absorvidos e inulina).
18
A fibra dietética passa através do intestino, no qual desenvolve sua
capacidade de hidratação e fixação, interferindo na absorção de substâncias
orgânicas e inorgânicas como segue:
Proteínas, carboidratos e lipídios – são os primeiros nutrientes a serem
hidrolisados no intestino delgado para serem absorvidos. Como a ação das fibras
solúveis, principalmente das gomas, pectinas e mucilagens, estas substâncias
terão sua absorção retardada e algumas vezes sua excreção ligeiramente
aumentada. As perdas de proteínas, carboidratos e gorduras nas fezes não são
importantes do ponto de vista nutricional, mas são, sem dúvida, relevantes para o
controle de algumas doenças como os diabetes e as coronariopatias.
• Sais biliares – a lignina, as gomas, pectinas e mucilagens são capazes de
seqüestrar os sais biliares, permitindo sua eliminação nas fezes, o que tem
grande importância na prevenção de tumores, já que determinadas cepas de
bactérias (particularmente a Clostridium putrificans, que têm capacidade de
sintetizar cancerígenos) utilizam-se dos ácidos biliares e colesterol como
substrato.
A absorção de gorduras está diminuída, já que estas não podem ser
emulsionadas e nem transportadas na mucosa intestinal. Ao interromper a
circulação enterohepática dos sais biliares, estes deverão ser formados
novamente no fígado. Por isso, o organismo deverá recorrer às suas reservas de
colesterol.
• Vitaminas e minerais – está comprovado que a lignina. As hemiceluloses
ácidas, as pectinas e algumas gomas são capazes de fixar determinados
minerais, como cálcio, fósforo, zinco, magnésio e ferro, e algumas vitaminas
podem alterar sua absorção. Esses efeitos, que, à primeira vista, poderiam ser
prejudiciais, na prática não constituem problema quando a ingestão de fibras
dietética é moderada, ou seja, dentro das recomendações nutricionais. Foi
demonstrado balanço negativo de cálcio, magnésio, fósforo, ferro e zinco em
grandes consumidores de pão integral. Essas alterações subclínicas
desapareceram quando se aumentou o consumo de pão branco. Indivíduos
que ingerem menos que 50g de fibras ao dia, não estão expostos a nenhum
desequilíbrio nutricional.
19
A fibra dietética chega ao intestino grosso de forma inalterada e, ao
contrario do que ocorre com as enzimas digestivas no delgado, as bactérias do
cólon, com suas numerosas enzimas de grande atividade metabólica, podem
digerir as fibras em maior ou menor grau, dependendo de sua composição
química e estrutura.
As moléculas complexas são desdobradas a hexoses, pentoses e álcoois,
que já podem ser absorvidos pelo intestino, servindo de substrato a outras
colônias bacterianas, que, por sua vez, as degradam em ácido lático, água,
dióxido de carbono, hidrogênio, metano e ácidos graxos de cadeia curta (acetato,
propionato e butirato), com produção de energia. A produção e ação metabólica
desses ácidos graxos têm sido o principal foco de investigação atual sobre fibras,
pois podem se constituir de importante substrato energético, serem utilizados pelo
fígado para gliconeogênese, além de exercerem ação antitumoral.
Por outro lado, é sabido que uma dieta pobre em fibras pode ocasionar
mudanças na microbiota e converter os lactobacilos habituais do cólon em
bacterióides capazes de desdobrar os ácidos biliares em compostos
cancerígenos.
4.4. O que é nutracêutica?
Por ser um tema “recente” e despertar interesses diversos, recebem
também, diversas terminologias. Os mais usuais são alimentos funcionais,
fitoquímicos ou compostos bioativos e também nutracêutico .
Lajola defini os nutracêuticos como:
“Alimento semelhante em aparência ao alimento convencional, consumido
como parte da dieta usual, capaz de produzir demonstrados efeitos metabólicos
ou fisiológicos úteis na manutenção de uma saúde física e mental, podendo
auxiliar na redução do risco de doenças crônico-degenerativas, além de manter
suas funções nutricionais”.
Estudos epidemiológicos, por exemplo, têm associado a dieta rica em
vegetais e o uso da soja, com uma menor incidência de osteoporose e câncer de
mama na mulher. A dieta mediterrânea, rica em frutas e vegetais, óleo de oliva e
carboidratos, leva a níveis de colesterol elevados, mas não correlacionado a um
maior número de mortes por enfarto.
20
4.5. Fome oculta
“Os fitoquímicos defendem as células do corpo, as quais estão
constantemente sofrendo ataques, seja do meio ambiente, da alimentação
inadequada ou da própria genética” explica De Angelis. A essa necessidade do
organismo em receber proteção contra doenças por meio dos fitoquímicos a
nutricionista chama de fome oculta (título de um de seus livros). É uma fome que
não se percebe, mas de algo de que o corpo precisa.
Estudos epidemiológicos têm confirmado essa tendência que indica déficit
do consumo de ácidos graxos polinsaturados, proteínas de alto valor biológico,
vitaminas, cálcio, ferro, iodo, flúor, selênio e zinco. Este estado nutricional carente
tem originado elevadas incidências de doenças crônico degenerativas, dentre
elas, doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão, diabetes, obesidade, entre
outras. A fome oculta é uma fome universal, que agrava principalmente os
habitantes de países desenvolvidos. Segundo dados da OMS mostram que essas
doenças são responsáveis por 70-80% da mortalidade nos países desenvolvidos
e cerca de 40% naqueles em desenvolvimento.
4.6. Antioxidantes
Oxidação em sistemas biológicos
A oxidação nos sistemas biológicos ocorre devido à ação dos radicais
livres no organismo. Estas moléculas têm um elétron isolado, livre para se ligar a
qualquer outro elétron, e por isso são extremamente reativas. Elas podem ser
geradas por fontes endógenas ou exógenas. Por fontes endógenas, originam-se
de processos biológicos que normalmente ocorrem no organismo, tais como:
redução de flavinas e tióis; resultado da atividade de oxidases, cicloxigenases,
lipoxigenases, desidrogenases e peroxidases; presença de metais de transição no
interior da célula e de sistemas de transporte de elétrons.
Esta geração de radicais livres envolve várias organelas celulares, como
mitocôndrias, lisossomos, peroxissomos, núcleo, retículo endoplasmático e
membranas. As fontes exógenas geradoras de radicais livres incluem tabaco,
poluição do ar, solventes orgânicos, anestésicos, pesticidas e radiações.
21
Nos processos biológicos há formação de uma variedade de radicais
livres. São eles:
- Radicais do oxigênio ou espécies reativas do oxigênio íon superóxido (O2 -*)
Hidroxila (OH·); Peróxido de hidrogênio (H2O2); Alcoxila (RO*); Peroxila
(ROO*); Peridroxila (HOO*); Oxigênio sinlete (1O2);
- Complexos de Metais de Transição
Fe+3/Fe+2; Cu+2/Cu+
- Radicais de Carbono
Triclorometil (CCl3*);
- Radicais de Enxofre
Tiol (RS·)
- Radicais de Nitrogênio
Fenildiazina (C6H5N = N·)
Óxido nítrico (NO*)
Estes radicais irão causar alterações nas células, agindo diretamente
sobre alguns componentes celulares. Os ácidos graxos polinsaturados das
membranas, por exemplo, são muito vulneráveis ao ataque de radicais livres.
Estas moléculas desencadeiam reações de oxidação nos ácidos graxos
da membrana lipoprotéica, denominadas de peroxidação lipídica, que afetarão a
integridade estrutural e funcional da membrana celular, alterando sua fluidez e
permeabilidade. Além disso, os produtos da oxidação dos lipídios da membrana
podem causar alterações em certas funções celulares. Os radicais livres podem
provocar também modificações nas proteínas celulares, resultando em sua
fragmentação, cross linking, agregação e, em certos casos, ativação ou inativação
de certas enzimas devido à reação dos radicais livres com aminoácidos
constituintes da cadeia polipeptídica. A reação de radicais livres com ácidos
nucléicos também foi observada, gerando mudanças em moléculas de DNA e
acarretando certas aberrações cromossômicas. Além destes efeitos indiretos, há
a ação tóxica resultante de altas concentrações de íon superóxido e peróxido de
hidrogênio na célula.
Compostos antioxidantes
22
Os processos oxidativos podem ser evitados através da modificação das
condições ambientais ou pela utilização de substâncias antioxidantes com a
propriedade de impedir ou diminuir o desencadeamento das reações oxidativas.
Os antioxidantes são capazes de inibir a oxidação de diversos substratos,
de moléculas simples a polímeros e biossistemas complexos, por meio de dois
mecanismos: o primeiro envolve a inibição da formação de radicais livres que
possibilitam a etapa de iniciação; o segundo abrange a eliminação de radicais
importantes na etapa de propagação, como alcoxila e peroxila, através da doação
de átomos de hidrogênio a estas moléculas, interrompendo a reação em cadeia.
Sabe-se que, por um lado, as vitaminas C e E e os carotenóides
funcionam como antioxidantes em sistemas biológicos, e por outro, o processo
carcinogênico é caracterizado por um estado oxidativo crônico, especialmente na
etapa de promoção. Além disso, a fase de iniciação está associada com dano
irreversível no material genético da célula, muitas vezes devido ao ataque de
radicais livres. Desse modo, os nutrientes antioxidantes poderiam reduzir o risco
de câncer inibindo danos oxidativos no DNA, sendo, portanto considerados como
agentes potencialmente quimiopreventivos (Silva e Naves, 2001).
Outras doenças degenerativas do envelhecimento, incluindo câncer,
doenças cardiovasculares e cataratas são prevenidas ou retardadas no início, por
esses três antioxidantes (vitamina C, vitamina E e carotenóides).
“O DNA em cada célula do corpo recebe aproximadamente 10.000
ataques oxidativos por dia” (Ames et al., 1993).
• Carotenóides
Os carotenóides compreendem um grande número de compostos, muitos
dos quais com atividade biológica. Alguns, como o β-caroteno, são pró-vitaminas
A (transforma-se em vitamina A no organismo). Outros como o licopeno não são
precursores de vitamina A, mas agem no organismo como antioxidantes, na
eliminação de espécies ativas de oxigênio, formadas ou não no nosso organismo.
• Vitamina C
O termo vitamina C é uma denominação genérica para todos os
compostos que apresentam atividade biológica do ácido ascórbico. Dentre eles, o
23
ácido ascórbico é o mais largamente encontrado nos alimentos e possui maior
poder antioxidantes encontrado nos alimentos e possui maior poder antioxidante.
Os possíveis efeitos anticarcinogênicos da vitamina C estão relacionados com
sua habilidade em detoxicar substâncias carcinogênicas e suas atividades
antioxidantes. Além disso, tem-se constatado que a vitamina C pode inibir a
formação de nitrosaminas in vivo a partir de nitratos e nitritos usados como
conservantes, sendo, portanto adicionados para prevenir a formação desses
compostos reconhecidamente carcinogênicos.
• Vitamina E
A vitamina E é uma substância lipossolúvel e existente na natureza como
tocoferóis e tocotrienóis, em quatro formas diferentes (α, β, γ e δ), sendo o α-
tocoferol a forma antioxidante mais ativa e amplamente distribuída nos tecidos e
no plasma. A vitamina E constitui o antioxidante lipossolúvel mais efetivo
encontrado na natureza, e importante fator de proteção contra a peroxidação
lipídica nas membranas celulares e na circulação sangüínea.
• Flavonóides
Os flavonóides são ativos, em geral variáveis, contra radicais livres, os
quais, por sua vez, podem estar associados a doenças cardiovasculares (melhor
distribuição periférica do sangue, melhora fluxo arterial e venoso), câncer,
envelhecimento e outras:
- antiinflamatória;
- estabilizadora do endotélio vascular – melhora função da célula endotelial,
diminuindo a permeabilidade;
- antiespasmódica- ação principal na musculatura lisa;
- cardiovascular- - antialérgico;
- antiulcerogênico;
- antivirais.
Para se ter uma alimentação saudável, recomenda-se comer pelo menos
cinco (5) refeições de frutas e hortaliças diariamente. As frutas e hortaliças são as
principais fontes dos três nutrientes antioxidantes mais importantes: vitamina C,
carotenóides e vitamina E.
24
4.7. Prevenção de câncer
Causas de indução
Até o momento, a pesquisa determinou muitos aspectos de
desenvolvimento do câncer, se conhece que o crescimento do tumor tem dois
estágios críticos: iniciação e promoção. A “iniciação” cancerígena ou alteração
celular promove sucessivamente o crescimento do câncer. Este crescimento não
ocorre, porém, até que um dos vários fatores chamado “promotores” aja alterando
a célula. Em câncer de mama, a causa mais comum de mortalidade em mulheres,
estes fatores (“promotores”) incluem danos oxidativos, a ação de hormônios
esteróides, e a ação de certos kings de prostaglandinas (PGS). Na Figura 3, estar
um esquema altamente simplificado, ilustrando como e quais estágios certos
fitoquímicos podem agir para bloquear o processo de promoção do câncer,
combatendo o efeito de certos cancerígenos, iniciadores e promotores (Caragay,
1992).
Figura 3 . Fitoquímicos podem afetar o padrão metabólico associado com câncer
dos seios. (Adaptada de Pierson, 1992).
Consumo de carne ou não consumo de vegetais
A carne parece estar associada com câncer, apenas em povos que não
tem uma dieta variada. Os franceses e os mediterrâneos em geral, têm uma dieta
Iniciação do tumor Promoção do tumor
carotenóides, fenólicos, flavonóides, terpenos.
fenólicos, flavonóides, sulfetos, poliacetilenos
Prostaglandinas
Carcinogênicos
Danos oxidativos s
cumarina, flavonóides, triterpenóides
sulfetos, isoflavonas
fibras, terpenos, fenólicos, sulfetos, isoflavonas
hormônios esteróides
25
variada e rica em vegetais frescos, azeite de oliva, vinho e carne de todos os
tipos. Ao contrário dos Americanos, esses povos comem com calma, em
ambiente descontraído.
Uma coisa ninguém tem dúvidas: vegetais fazem bem. Uma dieta rica em
frutas, e hortaliças claramente reduz as chances de ter câncer no estômago, na
boca, no intestino, no reto, no pulmão, na próstata e na laringe, além de afastar os
ataques cardíacos. Frutas e hortaliças amarelas têm caroteno, que previne câncer
no estômago, a soja possui isoflavona, que diminui a incidência de câncer de
mama e osteoporose; o alho tem alicina, que fortalece o sistema imunológico e
por aí vai.
5. FUNÇÃO MEDICINAL DAS FRUTAS
Os alimentos vegetais, em geral, são alimentos indispensáveis e mais
importantes para sua vida. Eles são fontes principais de minerais, vitaminas,
fibras, açúcar, além de proteínas e gorduras, em menor quantidade, substâncias
essenciais para todo o funcionamento do organismo. Os vegetais contém,
também, substâncias protetoras e curativas, com ação anti-infecciosa, anti-
inflamatória, anti-parasitária, anti-reumática, anti-hipertensiva, diurética, laxativa,
desintoxicante e vitalizadora de todo organismo. São alimentos equilibrados e
determinam uma perfeita saciedade do apetite, impedindo o comer excessivo, a
busca constante por comidas, portanto, evitam e curam a obesidade.
5.1. Banana
A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo por possuir ótima
qualidade nutricional e ser saborosa (textura macia, aromática e doce). “É a fruta
das frutas”.
O Dr. Teófilo Luna Ochoa citado por Balbach (1992) descreve o valor
medicinal da banana:
“A banana madura... encerra uma substância oleosa, que muito suaviza
as membranas mucosas irritadas em casos de colite e enfermidade do reto.
Contém igualmente um fermento digestivo não bem conhecido, porém de alto
valor, que, em determinada enfermidade intestinal, a torna (a banana) o único
carboidrato tolerado pela vítima, que (doutra maneira) morre de fome”.
26
Essa fruta é muito recomendável também contra as enfermidades renais,
nefrite, hidropisia, gota, obesidade, afecções do fígado, cálculos biliares,
tuberculose, paralisia, enfermidades do estômago etc.
A banana (principalmente o caldo da banana verde fervida ou ainda a
farinha de banana), são excelentes contra diarréias e disenterias.
A dieta de bananas maduras dá resultados dos mais benéficos em todos
os casos de prisão de ventre dentro de uma ou duas semanas.
Doença celíaca é uma indisposição intestinal em crianças a partir de 16
meses de idade, rara e fatal, a banana é um dos poucos alimentos que o intestino
não rejeita.
A banana ligeiramente assada, exalando seu aroma, come-se quente
para combater as pneumonias.
5.2. Caju
O caju é possui dois produtos comerciais, o pedúnculo (comestível ao
natural) e o fruto verdadeiro, do qual se extrai o LCC e a amêndoa, ambos com
efeito farmacêutico. Em se falando apenas do pedúnculo, este atua como:
diurético, expectorante antifebril e diabetes.
5.3. Graviola
Um dos estudos revelou que alguns componentes da graviola eram
cytotóxicos e levavam à cura do adenocarcinoma do cólon através de
potencilalidade quimioterápica, 10.000 vezes maior do que a adriamicina, uma
droga quimioterápica muito utilizada. A Universidade de Purdue conduziu uma
grande pesquisa sobre acetogeninas annonaceaous incluindo aquelas
encontradas na graviola. Em uma das revisões intitulada “Recent Advances in
Annonaceous Acetogenins”, eles confirmaram que “Annonaceous acetogenins é
uma substância amilóide consistindo uma cadeia longa de ácido graxo de C32 ou
C34 combinado com uma unidade de 2-propanol a C-2 para formar uma lactona.
Eles são encontrados em vários gêneros da família da planta Annonaceae. Suas
diversas bioatividades como antitumor, imunosupressivo, pesticidal,
antiprotozoário, vermífugo e agente antimicrobiológico, tem atraído mais e mais o
interesse do mundo. As acetogeninas Annonaceous podem inibir seletivamente o
27
crescimento de células cancerígenas e também inibir o crescimento de células de
tumor resistente à adriamicina.
5.4. Goiaba
A goiaba atalha a tuberculose incipiente, promove o metabolismo das
proteínas, e ajuda a prevenir a acidez e a fermentação dos hidratos de carbono
durante a digestão. É muito adstringente, sendo aconselhada por alguns para
curar as diarréias mais rebeldes. Esta propriedade do fruto se observa também no
seu doce ou goiabada. A goiaba é eficiente ainda em Hemorragias, Tosse e
Úlceras gástricas e duodenais.
5.5. Mamão
O mamão é uma das melhores frutas do mundo, tanto pelo seu valor
nutritivo, como pelo seu poder medicinal. Um dos seus mais importantes
princípios é a papaína, reconhecida como superior a pepsina e muito usada para
prestar alívio nos casos de indigestão aguda.
O mamão maduro é digestivo, diurético, emoliente, laxante, refrescante e
oxidante, particularmente quando se come com as sementes, que contêm a
papaína, fac-simile da pepsina.
Em casos severos de indigestão e gastrite, onde a assimilação de
alimentos causa grande angústia, uma dieta constante exclusivamente de mamão
por vários dias, restaura a saúde do enfermo.
5.6. Uva
Os maiores responsáveis pelos efeitos benéficos do vinho à saúde são os
polifenóis, por terem:
• Um potente efeito antioxidante e
• Uma ação antibiótica.
O Resveratrol tem uma ação antioxidante 10.000 vezes maior que o
Tocoferol (Vitamina E).
O vinho aumenta a consistência e a estabilidade da parede vascular,
previne a aterosclerose e inibe a agregação plaquetéria, evitando a deposição de
placas de gordura e formação de coágulos nos vasos sanguíneos. Principal causa
de infartos do coração, gangrenas e derrames cerebrais.
28
O vinho é, sem dúvidas a bebida mais favorável à digestão. O ácido
cinâmico aumenta a secreção biliar; as oxidades e peptases (enzimas) e o
sorbitol, aumentam a secreção biliar e pancreática. Além disso, o vinho diminui os
movimentos peristálticos do intestino delgado e do intestino grosso. Isso diminui o
trânsito intestinal e aumenta o tempo de permanência dos alimentos no tubo
digestivo. Com isso dá maior tempo para as enzimas processarem os alimentos,
melhorando a digestão, o que é muito saudável. As principais responsáveis por
essa ação são as catequinas. Outra função na digestão, é aumentar a
sensibilidade do organismo (das células, mais especificamente) à ação da
insulina.
O suco de uva não é tão benéfico para a saúde quanto o vinho. O álcool
contido no vinho tem uma afinidade muito grande com o Resveratrol e outros
polifenóis, sendo o seu melhor solvente.
O suco de uva é sim uma excelente bebida energética, muito adequada
para se usar antes, durante ou após a atividade física e/ou intelectual de grande
consumo de energia.
Por ser alcalinizante esta fruta combate a acidez sanguínea, sendo
indicada a pessoas intoxicadas pelo consumo excessivo de carne. Combate a
dispepsia, as flatulências, a atonia intestinal e as fermentações nos intestinos.
5.7. Limão
O suco do limão tem sido recomendado para combater numerosos
estados patológicos, pois foi comprovado que é diurético e pode ser usado na
nefrite, com êxito, especialmente nas formas que produzem um estado de
hidropisisa. Nas enfermidades infecciosas, o suco, em forma de limonada, é
refrescante e favorece a ação dos medicamentos antitérmicos. Nas gastrenterites
diminui a inflamação da mucosa e atenua as náuseas. Nas enfermidades do
fígado também produz bons resultados. No reumatismo atenua as dores. O suco
de limão traz resultados notáveis de vitaminas no organismo. O suco de limão tem
igualmente propriedades estimulantes sobre a pele, suavizando-a e fazendo
desaparecer as manchas cutâneas.
29
O limão, com seus ácidos, facilmente transformados em elementos
alcalinizantes, e com suas bases, fermentos e vitaminas, contribui poderosamente
para oxidar radicais livres.
Surpreende e não poucas pessoas, o fato de que, sendo ácido o suco de
limão, determina reação alcalina. Em outras palavras, o limão, ao terminar seu
metabolismo, se porta, não como ácido, mas, sim, como alcalino.
A vitamina C, que atua notavelmente no metabolismo do cálcio,
particularmente nas senhoras em estado de gravidez, nas crianças de peito e nos
adolescentes, e é um eficaz remédio contra o escorbuto, as estomatites e a
piorréia.
O limão atua sobre as inflamações, dada sua atividade antiinflamatória.
A cura do limão tem vencido diáteses artríticas mais e melhor do que
qualquer outra fruta, apresentando resultados onde havia falhado a uva.
5.8. Castanha-da-Amazônia
De modo geral, as castanhas, amêndoas e nozes, devido a riqueza em
fibras, gorduras monoinsaturadas e diversos antioxidantes (vitamina E, selênio,
ácido elágico), são excelentes protetores do coração. Atuam também, como
redutores do colesterol sanguíneo.
O alto teor de cálcio combate a osteoporose e o raquitismo.
Além disso, a castanha-da-amazônia é um dos alimentos mais ricos em
selênio, diminui o envelhecimento celular e reduz o risco de cânceres como o do
pulmão e o da próstata. O selênio combate o mau humor denominado distimia.
5.9. Maçã
Dentre as diversas funções de proteção à saúde que a maçã possui, uma
delas é diminuir os riscos de derrame cerebral, desde que se coma esta fruta
regularmente, segundo pesquisa realizada na Finlândia que acompanhou a saúde
e os hábitos alimentares de mais de 9.000 pessoas durante 28 anos. A maçã é
rica em querecetina, substância que ajuda a evitar a formação dos coágulos
sanguíneos capazes de provocar derrame.
30
5.10. Morango
Comer morango ajuda a reduzir o risco de se contrair câncer e doenças
do coração devido à presença do ácido fólico (composto orgânico benéfico à
saúde) principalmente na polpa e nas folhas. O morango ainda contém vitamina
C, sódio, potássio, cálcio e ferro.
5.11. Laranja
Além de alta concentração de vitamina C, as laranjas contém pidoxina (a
vitamina B6) e ácido fólico. Ambos são muito importantes no metabolismo da
homocisteina e importantes para prevenir a arteriosclerose. A arteriosclerose é a
formação de placas nas artérias, dificultando a circulação sanguínea. Estas
afirmações foram confirmadas pelo Dr. Rafael Carmena, catedrático de Medicina
e chefe do serviço de Endoclinologia e Nutrição do hospital Clínico Universitário
de Valência, Espanha.
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33
34
CAPÍTULO II
PODA DAS ÁRVORES FRUTÍFERAS
1. INTRODUÇÃO
Um sábio chinês observou que a agricultura é a “arte de colher o sol”.
Embora haja muita simplicidade nesta frase, ela possui um significado importante
para os adeptos da poda. Por meio da fotossíntese, as plantas transformam a
energia solar em energia bioquímica, utilizada para transformar o carbono
atmosférico e a água em açúcares ou cabroidratos utilizados para o crescimento e
produção.
Para “colher o sol” com eficácia, é necessário o desenvolvimento de um
índice de área foliar (m2 de folha/m2 de superfície do solo) e uma arquitetura da
planta adequada. Nesse sentido, a poda é uma ferramenta fundamental ao
sistema, além da escolha do espaçamento, cultivares nutrição, controles
fitossanitários e tratos culturais.
A arte de podar nasceu da irracional iniciativa de um asno e essa origem
muar desse ramo da horticultura parece ter influído até hoje na evolução pouco
esclarecida dos processos e métodos mundiais de poda. Contam-nos que,
segundo Pausâmias, geógrafo e historiador grego, foi um jumento que, devorando
os sarmentos de uma videira, deu aos nauplianos a idéia de podá-la. Considera-
se que cabras, ovelhas e burros foram os descobridores da poda e portanto são
chamados de os pais da poda.
Quando as plantas começam a diminuir a sua atividade fisiológica ou seja
com a chegada do frio, é sabido que está chegando a hora correta de se fazer
uso da tesoura de poda. Deve-se então preparar com antecedência as
ferramentas com, por exemplo: amolar as ferramentas, limpar as lâminas
impregnadas de ferrugem por estarem guardadas desde o ano anterior, lubrificar
a mola da tesoura e afiar o serrote. O ritual do corte está para começar.
2. DEFINIÇÕES DE PODA
Podar vem do latim putare, que significa limpar, derramar.
2
Já Cândido de Figueiredo esclarece que podar eqüivale a “limpar ou cortar
a rama ou braços inúteis das videiras, árvores, etc.”.
Para Joaquim Rasteiro, citado por Inglez de Souza, 1986, “é o conjunto de
cortes executados numa árvore, com o fim de lhe regularizar a produção,
aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação
e a vegetação normal, e, também com o fim de ajudar a tomar e a conservar a
forma própria da sua natureza, ou mesmo de a sujeitar a formas consentâneas ao
propósitos econômicos de sua exploração”.
Para Acerete a definição acadêmica de podar é “cortar o quitar las ramas
superfluas de los árboles, vides e otras plantas, para que fructifiquen con más
vigor”.
Bailey, citado por Inglez de Souza, diz em sua enciclopédia de horticultura
que “poda é a remoção metódica das partes de uma planta com o objetivo de
melhorá-la em algum aspecto para os interesses do cultivador”.
A poda é a arte e a técnica de orientar e educar as plantas, de modo
compatível com o fim que se tem em vista (Simão, 1998).
Embora seja praticada para dirigir a árvore segundo o capricho do homem,
a utilização da poda, em fruticultura, tem por objetivo regularizar a produção e
melhorar a qualidade dos frutos. Embora possa ter apenas função estética, no
embelezamento de gramados, cercas vivas, caramanchões, arvoretas e outros
elementos da arquitetura paisagista.
É o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de
regularizar a produção, aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo
equilíbrio entre a frutificação e a vegetação normal;
É a técnica e a arte de modificar o crescimento natural das plantas
frutíferas, com o objetivo de estabelecer o equilíbrio entre a vegetação e a
frutificação.
É a remoção metódica das partes de uma planta, com o objetivo de
melhorá-la em algum aspecto de interesse do fruticultor.
A poda por si só, no entanto, não resolve outros problemas ligados à
produtividade.
Ela é uma das operações, porém outras medidas são necessárias, tais
como: fertilização adequada para corrigir possíveis deficiências nutricionais do
3
solo, irrigação e drenagem para manter um nível adequado de umidade, controle
fitossanitário para combate de doenças e pragas, afinidade entre enxerto e porta-
enxerto, plantas auto-férteis ou compatíveis, polinização, condições climáticas e
edáficas favoráveis.
A importância de se podar varia de espécie para espécie, assim poderá ser
decisiva para uma, enquanto que para outra, ela é praticamente dispensável.
Com relação à importância, as espécies podem ser agrupadas em:
- Decisiva: Videira, pessegueiro, figueira, nespereira.
- Relativa: Pereira, macieira, caquizeiro, oliveira.
- Pouca importância: Citros, abacateiro, mangueira, nogueira, pecã.
Como regra geral para se saber se a poda é uma operação importante ou
não, pode-se estabelecer que ela é tanto mais necessária quanto mais intensiva
for a exploração frutícola e, inversamente menor a sua importância quanto mais
extensiva for a cultura (Inglez de Souza, 1986). Esta importância da poda está
também diretamente relacionada com o objetivo da exploração, ou seja, que tipo
de produto o mercado exige; pois com a poda pode-se melhorar o tamanho e a
qualidade dos frutos.
O podador, deverá fazer uso de seus conhecimentos e habilidades, onde
um gesto seguro reflete a convicção de quem acredita que a interferência humana
é imprescindível para modelar um pomar. Na natureza, as plantas crescem sem
qualquer modelamento, buscam sempre a tendência natural de crescerem em
direção à luz, tomando a forma vertical, e com isso perdem a regularidade de
produção.
Para que a poda produza os resultados esperados, é importante que seja
executada levando-se em consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja
aplicada com moderação e oportunidade.
3. OBJETIVOS DA PODA
Segundo Inglez de Souza, 1986, os sete objetivos principais da poda são:
1º- Modificar o vigor da planta;
2º- Produzir mais e melhor fruta;
3º- Manter a planta com um porte conveniente ao seu trato e manuseio;
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4º- Modificar a tendência da planta em produzir mais ramos vegetativos que
frutíferos ou vice-versa;
5º- Conduzir a planta a uma forma desejada;
6º- Suprimir ramos supérfluos, inconvenientes, doentes e mortos;
7º- Regular a alternância das safras, de modo a obter anualmente colheitas
médias com regularidade.
Por que é necessário o recurso da poda? Não é verdade que, no seu
estado selvagem, as plantas não são podadas e, apesar disso, se desenvolvem
em perfeitas condições? Esta pergunta é formulada muitas vezes, mas, de fato, a
natureza tem o seu próprio método de poda. Os ramos pequenos desprendem-se
naturalmente e os galhos finos, as folhas e as flores morrem e caem. Vagarosa
mas continuamente, todas as plantas sofrem um processo de renovação natural.
Pela poda não fazemos mais do que acelerar, embora parcialmente esse
processo normal.
4. PRINCÍPIOS FISIOLÓGICOS
O conhecimento de algumas regras sobre a fisiologia vegetal em muito
auxilia o podador. Ele fica sabendo porque se poda, o que se pode e quando se
poda.
Os vegetais nutrem-se por meio de suas raízes, que retiram do solo sais
minerais e água, necessários para o seu desenvolvimento e frutificação.
A absorção determina uma pressão de baixo para cima. A seiva também
pode ter sua ascendência ligada à transpiração, pela ação da capilaridade, pela
osmose, etc.
A poda não é uma ação unilateral. Ela vai ensinando quem a está
praticando. Mas, para isso, é preciso respeitar seu ritmo, entender e conhecer sua
fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção. A poda baseia-se em
princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais que regem a vida das
fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a relação inversa que existe
entre o vigor e a produtividade. O excesso de vegetação reduz a quantidade de
frutos, e o excesso de frutos é prejudicial à qualidade da colheita. Assim,
conseguimos entender que a poda, visa justamente estabelecer um equilíbrio
entre esses extremos. Mas deve ser efetuada com extremo cuidado. Se efetuada
5
no momento impróprio, ou de forma incorreta, a poda pode gerar uma explosão
vegetativa muito grande, causando um problema ainda maior para o produtor.
Baseando-se na hidráulica vegetal, estabelecem-se leis nas quais se
baseiam as podas das plantas:
1) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das
condições climáticas e edáficas.
2) O vigor de uma árvore, como um todo, depende da circulação da seiva em
todas as suas partes.
3) Há uma relação íntima entre o desenvolvimento da copa e o sistema radicular.
Esse equilíbrio afeta o vigor e a longevidade das plantas.
4) A circulação rápida da seiva tende a favorecer o desenvolvimento vegetativo,
enquanto a lenta favorece o desenvolvimento dos ramos frutíferos.
5) A seiva, devido à fotossíntese, tende a dirigir-se para os ramos mais expostos
à luz, em vez de se dirigir àqueles submetidos à sombra.
6) As folhas são órgãos que realizam a síntese das substâncias minerais, e a
sua redução debilita o vegetal.
7) Há espécies que só frutificam em ramos formados anualmente, e outras
produzem durante vários anos nos mesmos ramos.
8) O aumento do diâmetro do tronco está em relação inversa com a intensidade
da poda.
9) O vigor das gemas depende da sua posição e do seu número nos ramos.
10) Quanto mais severa a poda num ramo, maior é o seu vigor.
11) A poda drástica retarda a frutificação. As funções reprodutivas e vegetativas
são antagônicas.
Segundo Inglês de Souza, 1986:
A circulação da seiva é tanto mais intensa quanto mais retilíneo for o ramo
e quanto mais vertical for a sua posição na copa.
Quanto mais intensa essa circulação, mais gemas se desenvolverão em
produções vigorosas de lenho e, ao contrário, quanto mais embaraçada e mais
lenta essa circulação da seiva, maior será o acúmulo de reservas e,
consequentemente, maior o número de gemas que se transformarão em botões
floríferos.
6
Cortada uma parte da planta, a seiva refluirá para as remanescentes,
aumentando-lhes o vigor vegetativo. Assim, poda curta resulta sempre em ramos
vigorosos, nos quais a seiva circulará com grande intensidade. As podas severas,
portanto, têm geralmente a tendência de provocar desenvolvimentos vegetativos,
retardando a entrada da planta em frutificação.
Diminuindo a intensidade de circulação da seiva, o que ocorre após a
maturação dos frutos, verifica-se uma correspondente maturação dos ramos e
das folhas. Nesse período acumulam-se grandes reservas nutritivas, que são
utilizadas para transformar as gemas foliares em frutíferas.
A frutificação é uma conseqüência da acumulação de carboidratos. Essa
acumulação é maior nos ramos novos do que nos velhos, nos finos do que nos
grossos.
Dos objetivos enunciados, pode-se concluir que as plantas frutíferas
necessitam de modalidades bem diversas de poda, perfeitamente distintas umas
das outras, de conformidade com a função que cada uma exerce sobre a
economia da planta. A poda acompanha a planta desde a sua infância até a sua
decrepitude. É, pois, natural que vá tendo diferentes funções, adequadas cada
uma às diferentes necessidades da planta, que por sua vez variam com a idade.
Podemos distinguir quatro modalidades principais de poda:
5. TIPOS DE PODA
5.1 Poda de formação
Que tem por fim proporcionar à planta uma altura de tronco (do solo às
primeiras ramificações da copa) e uma estrutura de ramos adequados à
exploração frutícola. Se a poda de formação for correta, a copa se disporá com
harmonia, simetricamente, proporcionando uma distribuição equilibrada da
frutificação, com arejamento e iluminação convenientes.
Pode-se chamar a poda de formação de condução da planta, podendo ser
considerada como uma poda de educação, sendo executada normalmente no
viveiro, com objetivo de formar muda com porte, altura e brotações bem
distribuídos. Podendo formar mudas em haste única, comum em macieira e
pereira, onde todas as brotações laterais são eliminadas no viveiro. Já em mudas
que formam uma copa maior como as cítricas, de goiabeira e caquizeiro na
7
formação da muda a copa é distribuída no tronco em três a quatro brotações
espaçadas entre si em 3 a 5 cm.
Existe também a poda realizada por ocasião do transplante (desplantio)
antes da muda ser levada para o plantio definitivo. Denominada de poda de
transplantação, que se faz eliminando as brotações excessivas e, de acordo com
a espécie e a forma de copa que se deseja, deixa-se três a quatro ramos bem
distribuídos e fazendo o desponte de ramos longos. Com o cuidado de executar o
corte deixando uma gema vegetativa voltada para fora da copa inicial. Cortam-se
também as raízes muito longas, quebradas e tortas, buscando o equilíbrio entre a
copa e o sistema radicular.
A poda de formação propriamente dita será executada após o
estabelecimento da fruteira no campo. É executada nos primeiros anos de vida da
planta. Visa garantir uma estrutura forte e equilibrada, com ramos bem
distribuídos, para sustentar as safras e facilitar o manejo e a colheita.
Normalmente conduz-se a planta com três ou quatro pernadas formadas,
desbrotadas até a planta atingir um metro de altura, permitindo daí em diante que
as brotações das gemas laterais preencham os vazios da copa, assumindo assim
a forma de copa desejada para cada espécie frutífera em particular.
As formas das árvores podem ser naturais ou artificiais. As naturais têm o
seu emprego nas espécies de folhas persistentes (citros, mangas, abacates,
cajus, etc.) quando praticamente não há necessidade de intervenção do homem,
devido ao hábito de vegetação e frutificação dessas plantas. Porém, as espécies
de folhas caducas, dada a formação de suas gemas frutíferas, exigem podas
anuais para maior rendimento. Essas plantas adquirem, portanto, por meio de
podas constantes, formas artificiais.
As formas artificiais são divididas em haste apoiada e livre.
As hastes livres são utilizadas para os vegetais que sustentam por si só a
sua copa, e as apoiadas quando há necessidade de se tutorar a planta para que
ela adquira uma forma compatível com o tipo de exploração, como por exemplo a
videira.
As formas apoiadas podem ser conduzidas em cordões ou palmetas.
Na condução em cordões, as plantas são apoiadas sobre paliçada, latada
ou cerca.
8
As principais formas de cordão são: vertical, oblíqua e horizontal.
Palmeta é a forma de condução da planta de modo que os ramos sejam
distribuídos opostamente em série, de dois em dois.
A condução em palmeta pode ser de diversos tipos: U simples, U duplo,
candelabro, verrier, ramos horizontais e ramos oblíquos.
As formas em haste livre podem apresentar os seguintes tipos: pirâmide,
fuso, vaso e guia modificado.
O emprego de um ou outro tipo, quanto ao porte, depende da finalidade e
também dos agentes externos, como vento, por exemplo.
A forma de vaso é bastante simples e a que menos contraria os hábitos da
planta.
5.2 Poda de frutificação
A poda de frutificação é iniciada após a copa da planta encontrar-se
formada. Tem por fim regularizar e melhorar a frutificação quer refreando o
excesso de vegetação da planta, quer pelo contrário, reduzindo os ramos
frutíferos, para que haja maior intensidade de vegetação, evitando-se, dessa
maneira, a superprodução da planta, que abaixa a qualidade da fruta e acarreta a
decadência rápida das árvores. Desse modo, a poda de frutificação é a
controladora da produção, uniformizando-a, regularizando-a, dando-lhe mais
qualidade e mais consistência. Geralmente as plantas de clima temperado
necessitam deste tipo de poda, dentre elas pode-se citar: figueira, macieira,
marmeleiro, pessegueiro, videira, entre outras fruteiras.
5.3 Poda de rejuvenescimento, regeneração e Tratame nto
Tem por fim livrar as plantas frutíferas dos seus ramos doentes, praguejados,
improdutivos e decrépitos ou, se mais energicamente executada, reformar
inteiramente a copa, renovando-a a partir das ramificações principais, eliminando
focos de doenças e de pragas, reconstituindo a ramagem já estéril, reativando
assim a produtividade perdida. Esse tipo de poda radical é freqüentemente usado
no transplante de grandes árvores frutíferas adultas e no rejuvenescimento de
pomares abandonados, mas de vigor ainda razoável, apresentando troncos
íntegros. É ainda o tipo de poda que se aplica às fruteiras intensamente
9
parasitadas por brocas, cochonilhas, ervas-de-passarinho, algas, fungos, ácaros e
outras pragas e moléstias da parte aérea, mas cuja eliminação se justifique, por
se tratar de plantas da valor. Normalmente, são cortadas as pernadas principais,
a 40 cm do solo e com isso, deve-se iniciar o processo de formação da planta
novamente. Esses cortes são maiores no inverno, e logo após, recomenda-se a
aplicação de uma pasta fungicida, normalmente cúprica, no local do corte o que
facilita a cicatrização e minimiza o efeito do ataque de fungos.
5.4 Poda de limpeza
É uma poda leve, quase simples visita geral a que anualmente se procede
nos pomares, com a tesoura de poda em punho, consistindo na retirada dum
eventual ramo doente, quebrado, seco, praguejado, mal localizado ou
inconveniente. É poda sumária, aplicada às plantas adultas daquelas frutíferas
que requerem pouca poda, como laranjeiras, abacateiros, jabuticabeiras,
mangueiras e outras tropicais. Geralmente, todas as fruteiras necessitam deste
tipo de poda. É um tipo de poda executada normalmente em períodos de baixa
atividade fisiológica da planta, ou seja, durante o inverno ou, como nas cítricas,
logo após sua colheita.
Após a poda de limpeza, geralmente se faz um tratamento químico
(normalmente cúprico) das partes cortadas para reduzir a aparecimento de
doenças.
6. INTENSIDADE DA PODA
A intensidade da poda depende da espécie, da idade, do número de
pernadas/ramificações existentes, do sistema de condução da planta, do vigor, do
hábito de vegetação.
Com relação à intensidade, a poda pode ser curta, média ou longa.
A poda curta ou drástica consiste na quase total supressão do ramo. Pode-
se praticar ainda a poda ultracurta, a qual deixa sobre o ramo de uma a duas
gemas. A longa, também chamada leve, deixa o ramo com o máximo de
comprimento (0,40 a 0,60 m). A poda média é um tipo intermediário entre os dois
anteriores.
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Dependendo da espécie frutífera, uma mesma árvore, pode receber
simultaneamente os três tipos de podas, dependendo do vigor, da posição e da
sanidade dos ramos.
7. ÉPOCA DA PODA
Basicamente, a poda, pode ser executada em duas épocas: no inverno ou
no verão.
7.1 Poda de inverno ou seca
A poda de inverno ou poda em seco é recomendada para frutíferas que
perdem as folhas (caducifólias), como pessegueiro, macieira, ameixeira, figueira.
Mas o inverno é uma referência muito teórica e pode induzir alguns erros. Um
bom momento para iniciar a poda é quando os primeiros botões florais surgirem
nas pontas dos ramos, indicando que a seiva começou a circular de novo pela
planta. Se a poda for feita antes, estimulará a brotação na hora errada. Se
efetuada depois, forçará a brotação vegetativa, exigindo mais tarde uma nova
poda.
Por ocasião da poda seca ou de inverno, deve-se considerar a localização
do pomar, as condições climáticas e o perigo de geadas tardias antes da
operação. A poda deve ser iniciada pelas cultivares precoces, passando as de
brotação normal e finalizando pelas tardias. Em regiões sujeitas a geadas tardias,
deve-se atrasar o início da poda o máximo possível, até mesmo quando as
plantas já apresentaram uma considerável brotação, normalmente as de
ponteiros.
Deve ser praticada após a queda das folhas. Essa orientação tem por
finalidade propiciar a acumulação de substâncias de reserva no tronco e nas
raízes. Quando se poda antes da queda das folhas, parte das reservas de
carboidratos é eliminada, com conseqüência na produtividade futura. Por outro
lado, a poda executada após a brotação reduz o vigor da planta e os ramos ficam
mais sujeitos a infecção (Simão, 1998).
A poda seca, praticada durante o período de repouso, elimina os ramos
que já frutificaram nas espécies em que eles não tornam a frutificar. Elimina
também os ramos ladrões ou vegetativos, doentes e em excesso.
11
7.2 Poda verde ou de verão
A poda verde ou de verão é realizada quando a planta está vegetando, ou
seja, durante o período de vegetação, florescimento, frutificação e maturação dos
frutos e destina-se a arejar a copa, melhorar a insolação, melhorar a qualidade e
a coloração dos frutos, manter a forma da copa pela supressão de partes da
planta e diminuir a intensidade de cortes na poda de inverno. É também
executada em plantas perenifólias (com folhas permanentes) como as cítricas,
abacateiro, mangueira.
A poda verde consiste em diferentes operações, tais como: desponte,
desbrota, desfolha, esladroamento, incisões e anelamentos, desbaste,
desnetamento.
Desponte à tem por finalidade frear o crescimento de determinados ramos
em comprimento, de modo a propiciar o desenvolvimento de ramos inferiores.
Desbrota à é a supressão de brotos laterais improdutivos, ou seja brotos
inúteis, que se desenvolvem à custa das reservas, em detrimento do
florescimento e da frutificação.
Esladroamento à os ramos que nascem da madeira velha (do porta-
enxerto, por exemplo) são denominados de ramos ladrões, e não apresentam
nenhuma vantagem, pois exaurem as substâncias nutritivas da planta,
perturbando seu desenvolvimento. Devem ser eliminados. Só não o são quando
as plantas encontram-se em decrepitude e, neste caso particular, eles são
utilizados para revigorar a árvore.
Desfolha à é a supressão das folhas com diversas finalidades: melhor
iluminação e arejamento das flores ou dos frutos, eliminação de focos de doenças
e pragas iniciadas na folhagem, é um recurso que melhora a coloração de frutos,
assim com a eliminação do excesso de folhas, principalmente daquelas que
recobrem os frutos, que necessitam de luz para adquirir coloração (pêra, maçã,
ameixa e kiwi). Na videira, são as folhas próximas aos cachos as responsáveis
pela qualidade dos frutos. Esta eliminação de folhas deve ser feita com bom
senso, pois o abuso neste desfolhamento priva a planta de seus órgãos de
elaboração de reservas de nutrição.
Incisões e anelamentos à é o descasque circular, ou seja, remoção de um
anel de casca da base dos ramos novos, têm por finalidade interromper a descida
12
e com isso a retenção da seiva elaborada próximo à sua gema ou ao seu fruto.
Quando praticados no início do florescimento, aumentam a fertilidade das flores e,
na formação do frutos, melhoram as suas qualidades (tamanho, coloração e
sabor). Deve-se operar com moderação, pois uma série de interrupções de seiva
poderá causar um enfraquecimento do vegetal.
Desbaste à é a supressão de certa quantidade de frutos de uma árvore,
antes da maturação fisiológica destes, assim proporcionar melhor
desenvolvimento aos frutos remanescentes.
Dentre as finalidades do desbaste pode-se citar: melhorar a qualidade dos
frutos (tamanho, cor, sabor e sanidade); evitar a quebra de ramos
(superprodução); regularizar a produção; eliminar focos de pragas e doenças;
reduzir as despesas com colheita de frutos imprestáveis (defeituosos, raquíticos e
doentes).
Emprega-se normalmente o desbaste para o pessegueiro, a macieira, a
pereira, a goiabeira, videira (uvas de mesa), etc., por estar o tamanho de seus
frutos ligado a uma maior cotação e, em alguns casos, na tentativa de eliminar a
produção alternada e manter a árvore com produção anual quase idêntica. Esse
processo pode ser praticado em mangueira, macieira e pereira.
O desbaste é feito à mão quando o fruto ainda se encontra em
desenvolvimento inicial e não atingiu 2 cm de diâmetro.
Essa operação é altamente onerosa e cansativa, compensando, porém, os
sacrifícios na sua realização.
Com o advento e o desenvolvimento de indústria químicos, pesquisas com
hormônios vêm sendo realizadas tanto na Europa como nos Estados Unidos.
O uso de hormônios no desbaste de frutos representa um meio de reduzir
as despesas e a realização da operação em curto espaço de tempo, podendo ser
adicionado a inseticidas. O ácido naftaleno acético (ANA) a 0,2% numa única
aplicação, ou 2,4-D a 0,0001%, tem sido empregado. O 2,4-D, embora efetivo,
causa certas distorções nas folhas.
Algumas espécies apresentam estreita correlação entre número de folhas e
qualidade do fruto. Assim, em pessegueiro, é boa a relação de um fruto para cada
15 ou 20 folhas e, em maçã, de um fruto para cada 30 ou 40 folhas
13
Desnetamento à é uma poda verde aplicada às videiras, consiste em
aparar com a unha, ou simplesmente arrancar, os ramos secundários que nascem
lateralmente do ramo principal e que são chamados de netos.
8. PRINCÍPIOS QUE REGEM A PODA
Para perfeita execução da poda, é necessário um conhecimento da
posição, distribuição e função dos ramos e das gemas e circulação da seiva.
As raízes das fruteiras extraem do solo a água, contendo esta, em solução,
os sais nutritivos que alimentarão a planta. Tal solução constitui a SEIVA BRUTA,
que sobe pelos vasos condutores localizados no interior do tronco e se dirige até
as folhas. Nestas e em presença de luz e perdendo água por transpiração, a seiva
bruta passa por diversas transformações, tornando-se SEIVA ELABORADA.
A seiva circula pela planta toda, sempre fluindo para as partes mais altas e
mais iluminadas da árvore, razão pela qual os galhos mais vigorosos são aqueles
que conseguem se posicionar melhor na copa e têm uma estrutura mais retilínea,
o que favorece sua circulação. A seiva, circulando pela periferia da planta,
alimenta todos os órgãos e determinam seu crescimento e evolução, tais como: o
desenvolvimento das raízes, o crescimento dos brotos, aumento dos ramos,
folhas, gemas e a frutificação. É por isso também que, o crescimento da planta
tende sempre a se concentrar nos ponteiros dos ramos, o que se denomina de
Dominância Apical. Quando eliminada, através da poda, ocorre uma melhor
redistribuição da seiva, favorecendo a brotação lateral da gemas.
A circulação rápida da seiva tende a favorecer desenvolvimento vegetativo,
enquanto que a lenta, o desenvolvimento de ramos frutíferos e essa circulação é
em função da estrutura da planta. Quanto mais retilínea, mais rápida a seiva
circulará.
No início do seu desenvolvimento, as fruteiras gastam toda a seiva
elaborada no seu próprio crescimento. Porém, após um certo tempo, variável de
espécie para espécie, a planta atinge um bom nível de desenvolvimento como:
tronco forte, copa expandida e raízes amplas, a planta já fotossintetiza
intensamente e começa a aparecer sobras de seiva elaborada, que serão
armazenadas na planta, em forma de reservas. Quando essas reservas atingem
uma suficiente quantidade, tem começo a frutificação, pois as reservas de seiva
14
elaborada são invertidas ou gastas na transformação das gemas vegetativas em
gemas frutíferas, que darão as futuras flores e frutas. Com esse desvio para a
frutificação, cessa quase que completamente o crescimento das raízes e da copa.
Há um antagonismo entre a frutificação e a vegetação, ou seja, enquanto a
planta desenvolve ativamente a sua expansão vegetativa (como acontece nos
indivíduos novos) não há saldo de seiva elaborada para ser aplicado na
frutificação, o mesmo acontece quando há um grande gasto de reservas, como
por exemplo, num ano em que ocorre uma superprodução. Assim a planta fica
sem saldo de seiva elaborada para, no ano seguinte, formar novas gemas de
fruto. A frutificação é então muito pequena; mas como as raízes continuam a
absorver água e nutrientes e as folhas a fotossintetizar, começam a aparecer
novo saldo de seiva elaborada, o qual, não tendo frutos para desenvolver, é
aplicado em nova expansão das raízes e dos ramos. Com esta expansão poderá
resultar em novos saldos de seiva elaborada, que são armazenados nos locais de
reserva, registrando assim um superávit de seiva elaborada na planta, com isso
grande número de gemas vegetativas é transformado em gemas frutíferas,
tornando a planta a produzir grande safra de fruto, ao mesmo tempo que vegeta
modestamente.
As fruteiras de quintal, abandonadas, sem podas e sem cuidados, a
alternância de anos de fruto com os de escassez é muito freqüente. A poda pode
regularizar esta anomalia, eliminando ramos frutíferos nos anos de frutificação
excessiva, estimulando, deste modo, a expansão de crescimento vegetativos.
As plantas não sujeitas a podas apresentam duas importantes
características:
1º) A planta alcança grande volume, porque sua folhagem, sem sofrer restrição
alguma, absorve grande quantidade de água e nutrientes (seiva bruta) e produz
grande quantidade de seiva elaborada (fotoassimilados), a qual é
alternativamente gasta em grande frutificação seguida de grande expansão do
sistema radicular e da copa, essa expansão é apenas limitada pela conformação
específica da planta e pelas condições ambientes (solo, clima, etc.);
2º) A planta atinge a máxima longevidade, pois a produção contínua de novas
quantidades anuais de ramos, folhas e frutos, que as podas provocam, acaba por
15
esgotar a planta, abreviando seus dias, o qual não se verifica nos indivíduos não
podados.
Em contraposição, estes apresentam os inconvenientes seguintes:
- Frutificação inconstante;
- Fruta inferior, tanto em tamanho com em aspecto, pois a seiva que a faz
desenvolver tem de ser distribuída por um grande número de frutos e ramos, o
que não acontece nos pés podados; ¨
- Operações culturais mais difíceis, mais caras, devido à maior altura e o maior
volume dos pés. O controle fitossanitário chega a ser praticamente impossível
nos indivíduos de crescimento livre e a colheita é freqüentemente
antieconômica, pois a produção, além de ser de qualidade inferior, se distribui
nas pontas mais altas da ramagem.
Ao podador é indispensável saber que parte da planta está cortando, pois, de
conformidade com cada planta em particular, há ramos cuja supressão é
indispensável, mas outros existem cuja eliminação redundaria em grave prejuízo
para a produção, porque encerram neles a própria safra de frutos dentro de suas
gemas.
9. GEMAS
Vulgarmente chamadas de olhos, as gemas são em essência o princípio
das folhas, flores e caules, envolto nas escamas corticais do tronco e dos ramos.
São órgãos produtores de ramos e folhas (vegetativas) ou flores (floríferas
ou frutíferas), que variam no aspecto, na forma, no tamanho e na distribuição, de
espécie para espécie. Quanto à localização nos ramos, as gemas são ditas
terminais ou axilares, conforme estão localizadas no ápice dos ramos ou na axila
das folhas. É interessante observar que as gemas são formadas com a mesma
estrutura. O que vai torná-las vegetativas ou frutíferas é o vigor do seu
desenvolvimento, decorrente da quantidade de seiva que recebem. Como já foi
dito a frutificação só tem início quando a planta já conseguiu armazenar uma
determinada quantidade de reservas de seiva elaborada.
As gemas de folhas ou lenhosas distinguem-se das floríferas ou de frutos
pela sua constituição interna e externa. Gemas mais vigorosas e mais
pontiagudas irão se transformar em ramos vegetativos. As de frutos são quase
16
sempre mais volumosa, de forma oval-alongada, e as de lenho são mais
alongadas e afuniladas. As primeiras apresentam-se mais macias ao tato, e as
últimas, mais ásperas.
Em princípio, gemas mais vigorosas e mais pontiagudas irão se
transformar em ramos vegetativos. As floríferas, têm uma forma mais
arredondada e devem ser preservadas.
As gemas podem ser naturais ou adventícias. As naturais são aquelas que
surgem nos ramos normalmente segundo a tendência da planta, e as adventícias,
as que emergem sob ação mecânica.
As gemas localizadas na parte superior dos ramos, brotam
antecipadamente e com maior vigor que as laterais, prolongando o ramo devido
sua abertura lateral ser bem menor. Baseando nisso podemos dizer que ramos
verticais tendem a serem mais vegetativos, e os inclinados, por onde a seiva
circula de forma mais lenta, possuem maior potencial frutífero.
A duração das gemas está intimamente relacionada à biologia da planta e
aos tratos culturais. Há espécies em que as gemas não ultrapassam um ciclo
vegetativo, e outras em que duram vários anos.
As podas dos anos anteriores têm muita influência sobre a formação das
gemas, quer frutíferas quer vegetativas. Se as podas passadas foram severas, a
planta foi privada de grande parte de sua copa e, portanto, pouca seiva bruta
pôde ser transformada em seiva elaborada. Como conseqüência, espera-se muita
vegetação e pouco florescimento. Ao contrário, se foram brandas as podas
anteriores, é de se esperar que muita seiva bruta pôde ser transformada em seiva
elaborada e que o afluxo desta contribuiu para a diferenciação de grande
quantidade de gemas vegetativas em frutíferas.
Já pela poda do ano em si pouca coisa pode fazer o podador no sentido de
aumentar a frutificação. Pode-se, entretanto, melhorar a produção do ano em
qualidade e preparar a planta para maiores safras vindouras.
10. RAMOS
Ramos são ramificações oriundas de gemas. Segundo sua função,
dividem-se em: ramos lenhosos (vegetativos), mistos e frutíferos.
17
10.1 Ramos lenhosos ou vegetativos
Caracterizam-se pelo vigor, pelo aspecto da casca, normalmente lisa, e
pelos internódios relativamente longos.
Os ramos lenhosos, segundo sua origem e posição, podem dividir-se em
adventícios e ladrões.
Os ramos adventícios têm origem em causa mecânica como pancada,
incisões, etc.
Ramo ladrão é o ramo vegetativo, muito vigoroso, vertical, pouco
ramificado e devem ser eliminados.
Os ramos ladrões têm origem em gemas aparentes e podem ser
classificados em naturais ou bravos, segundo a sua localização. Os naturais
nascem das gemas do enxerto e os bravos de gemas do porta-enxerto.
Os ramos recebem denominação particular, de acordo com a sua posição
na árvore. Pernadas são as primeiras ramificações, que partem diretamente do
tronco ou da haste. Destas surgem ramos que são denominados braços. As
ramificações dos braços dizem-se genericamente ramos.
10.2 Ramos mistos
Apresentam as funções de crescimento e produção, ou seja, apresentam
ao mesmo tempo desenvolvimento vegetativo e exibem gemas frutíferas, quer no
ramo do ano, quer no do anterior. Exemplos: pessegueiro, figueira, videira.
10.3 Ramos frutíferos
São apresentados por algumas espécies, principalmente de folhas
caducas, que possuem ramos de frutos especializados.
Esses ramos são normalmente curtos e de aspecto corrugado. Se
eliminarmos tais ramos, a planta só produzirá vegetação. As principais
representantes dessa espécie são: pereira, macieira, ameixeira européia,
cerejeira.
Os ramos especializados se originam, como os ramos todos, de uma gema
vegetativa.
Os ramos frutíferos classificam-se em: dardos, esporões (lamburdas),
bolsas e brindilas.
18
Dardos são os ramos pequenos, pontiagudos, com entrenós muito curtos.
Desenvolvem-se lentamente e apresentam uma roseta de folhas nas
extremidades.
Dá-se o nome de esporão simples ao dardo com gema terminal floral.
Constitui ramo de fruto propriamente dito.
O dardo com o tempo se ramifica, dando origem a um esporão ramificado.
Os esporões, devido ao desenvolvimento lento e ao acúmulo de
substâncias de reserva, apresentam com o tempo, um engrossamento na
extremidade, em forma de bolsa.
A passagem de dardo para esporão depende de um determinado equilíbrio
na fisiologia da planta, entre a seiva bruta remetida pelas raízes e as substâncias
elaboradas pelas folhas. Se esse equilíbrio é rompido graças à maior quantidade
de seiva elaborada, muitos dardos serão “promovidos” a esporões.
As bolsas nada mais são do que um esporão com vários anos que alterou
sua forma externa e passou a receber essa denominação. Elas podem fixar vários
frutos ao mesmo tempo. É uma parte curta, inchada, com enorme quantidade de
substâncias nutritivas, que formam-se no ponto de união da fruta colhida com o
ramo. Pode dar origem a novas gemas florais, dardos, lamburdas, brindilas ou
vários deles de cada vez.
Brindilas são ramos finos, com 3 a 5 mm de diâmetro e de 0,50 a 0,20 m de
comprimento. Não apresentam importância econômica. Surgem em plantas mal
podadas ou naquelas velhas e não tratadas.
As brindilas apresentam uma pequena gema terminal e surgem na base
das plantas sem os devidos cuidados culturais.
Nas pereiras e macieiras decrépitas, esgotadas e também, ao contrário,
naquelas com vegetação luxuriante, as lamburdas são raras e os dardos
abundante.
Conforme a natureza dos ramos que possuem, as plantas frutíferas podem
ser divididas em três grupos:
1º) Plantas com ramos especializados à são plantas que só dão fruta sobre ramos
especiais. Os demais ramos dessas plantas só produzem brotos vegetativos e
folhas. Esses ramos especializados são geralmente curtos e denomindados
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esporões, em contraposição aos vegetativos, que são longos e vigorosos. Este é
o caso das macieiras, pereiras, ameixeiras européias, cerejeiras, etc.;
2º) Plantas com ramos mistos à são plantas que além de frutificarem sobre
esporões, frutificam também sobre ramos do ano anterior, ou seja apresentam
ramos mistos, já que tais ramos tanto dão flores e, portanto frutos, como também
crescimentos vegetativos. Exemplos: pessegueiros, ameixeiras japonesas,
videiras e figueiras.
3º) Plantas em que as flores nascem sobre ramos da brotação nova à nestas
plantas, o ramo frutífero ao invés de vir formado do inverno, nasce na primavera e
floresce mais ou menos abundantemente, conforme as condições lhe são mais ou
menos propícias. Exemplo: plantas cítricas em geral. Influências exercidas na
planta cítrica apenas alguns meses, ou mesmo umas poucas semanas antes da
nova brotação, podem determinar a abundância ou a escassez do seu
florescimento.
11. FERRAMENTAS UTILIZADAS NA PODA
Não existe bom podador sem boa ferramenta, isto é, a apropriada, a limpa,
a afiada e lubrificada. Não considerando os casos especiais e raros, três
ferramentas são indispensáveis ao podador: tesoura de poda, serrote de podar e
a decotadeira. Porém inúmeros são os instrumentos e ferramentas utilizados na
execução das diferentes modalidades de poda, até o machado, a foice e a serra
grande ou trançadeira podem, às vezes, entrar na relação das ferramentas do
podador. Existem também instrumentos especializados como tesouras para
desbaste de cachos de uva, alicate para incisão e anelamento, etc..
A tesoura de poda é a ferramenta típica do podador, servindo para os
diversos tipos de poda. É empregada para corte de ramos com diâmetro de até
meia polegada, além desse limite convém empregar o serrote de poda.
12. EXECUÇÃO DAS PODAS
Como foi visto, é importante antes de empunhar qualquer instrumento de
poda conhecer bem a fruteira a ser podada, sua fisiologia e seu estado nutricional
e sanitário, o objetivo da exploração, a época em que deve ser realizada a poda,
20
que tipo de poda e em que intensidade deve ser praticada, para que se tenha
êxito nessa operação.
A poda de um ramo pode ser por supressão, ou seja, pela eliminação
desse ramo pela base ou rebaixamento, quando apenas se apara esse ramo em
comprimento.
Na supressão de galhos grossos, feita naturalmente com o serrote, o corte
deve ser bem rente à base do galho e bem inclinado.
Um corte ideal e preciso, realizado de uma só vez, deve observar uma
inclinação de 45 graus aproximadamente, no sentido oposto ao da gema mais
próxima, o que evita o acúmulo de água, que poderia causar o apodrecimento do
ramo e aparecimento de fungos. Assim cortes de espessura maior que 3,0 cm
devem ser protegidos com pastas cicatrizantes à base de cobre (pasta
bordaleza).
Várias fruteiras requerem podas especiais (sejam de formação ou de
frutificação) como por exemplo: Videira; Pessegueiro; Figueira; entre várias
outras.
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REFERÊNCIAS
BRICKELL, C., A Poda . Portugal: Publicações Europa-América, 1979, 228 p.: il.
DONADIO, L. C.; RODRIGUES, O. Poda das plantas cítricas. In: SEMINÁRIO
INTERNACIONAL DE CITROS, 2, 1992, Campinas. Anais... Campinas:
Fundação Cargill, 1992. p.195-203.
INGLEZ de SOUZA, J. S., Poda das Plantas Frutíferas . São Paulo: Nobel, 1986,
224 p.: il.
SIMÃO, S., Tratado de Fruticultura . Piracicaba: FEALQ, 1998. 760 p.: il.
22
CAPÍTULO lll
PROPAGAÇÃO DAS PLANTAS FRUTÍFERAS
1. INTRODUÇÃO
A propagação das plantas frutíferas se reveste de grande importância na
fruticultura. Essa talvez seja a etapa mais importante na implantação de um
pomar. Para que se tenha sucesso, é necessária a adoção de técnicas que visam
a obtenção de mudas de qualidade.
A muda é, na verdade, o alicerce da fruticultura, pois dela depende o
sucesso da implantação de um pomar.
Na produção de uma boa muda, alguns cuidados devem ser tomados.
Embora a produção de mudas possa ser feita, muitas vezes, com emprego de
uma infraestrutura muito simples, cada vez mais a propagação de plantas vem
lançando mão de apurada tecnologia, pois isso é muito importante para a
obtenção de mudas de qualidade no menor tempo possível.
Para produzir mudas de plantas frutíferas com eficiência e qualidade, deve-
se levar em consideração muitos aspectos, desde a legislação que estabelece as
características de uma muda-padrão até as técnicas de transferência da muda
para o pomar.
2. MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO
O ciclo de vida de uma planta que produz sementes pode ser dividido em
duas grandes fases: vegetativa e reprodutiva. Estas fases são compostas pelas
seguintes etapas:
a) Germinação da semente;
b) Crescimento vegetativo;
c) Indução da floração;
d) Iniciação e desenvolvimento da flor;
e) Floração: desenvolvimento, crescimento, abertura da flor, polinização e
fertilização;
f) Desenvolvimento do fruto e da semente;
g) Maturação do fruto e disseminação da semente.
Com a disseminação da semente estamos propagando uma planta de
forma sexuada, ou seja, estamos utilizando o método de propagação
2
sexuado . A planta propagada desta forma é conhecida como “Planta de pé
franco”.
A semente é o meio mais comum de propagação das plantas e muitas
vezes, o único método de propagação possível ou viável. Além de ser um método
conveniente para a conservação das plantas, por um determinado período, a
semente pode ser um meio de propagação menos dispendioso que a propagação
vegetativa.
Partes de uma planta, como a raiz, o caule, as folhas, as brotações e até
mesmo o pólen, tem a capacidade de regenerar e formar uma nova planta. Essa
regeneração é possível, pois cada célula presente nestas partes vegetais contém
toda a informação genética necessária para gerar um novo indivíduo, o que
chamamos de totipotencialidade das células somáticas. Desta forma, estamos
utilizando o método de propagação vegetativo ou assexuado.
Assim, tomando-se uma estaca caulinar (segmento de ramo), é possível,
sob condições adequadas, obter raízes, folhas, caules e novos ramos, originando-
se assim uma nova planta. A esta técnica de propagação vegetativa,
denominamos estaquia .
Esse segmento, ou uma pequena porção de tecido contendo uma gema, quando
introduzido em uma outra planta, sob técnicas e condições adequadas, irá brotar
e produzir uma nova parte aérea (copa) sobre esta planta. Isto é o que chamamos
de enxertia.
A propagação vegetativa, por sua vez, possibilita a multiplicação de plantas
que não produzem sementes viáveis ou que não produzem quantidade suficiente
de sementes ou ainda, que não as produzem absolutamente nenhuma semente,
tais como a laranja Bahia, algumas variedades de uva, a bananeira, etc.
Com a propagação vegetativa, a boa combinação de caracteres genéticos,
apresentada por certos indivíduos, pode ser perpetuada, obtendo-se plantios mais
uniformes, mais produtivos, mais precoces e com melhor qualidade dos produtos
obtidos.
Em fruticultura a propagação por sementes tem as seguintes finalidades:
a) Preparar porta-enxertos ou cavalos;
b) Criar novas cultivares;
3
c) Formar mudas de espécies que suportam bem a propagação sexuada
conservando suas características.
Para algumas espécies frutíferas, a propagação sexuada é ainda útil nos
seguintes casos:
a) Obtenção de clones nucelares (ou cultivares revigoradas), o que é comum
em espécies cítricas;
b) Obtenção de plantas homozigotas
c) Propagação de plantas que não podem ser multiplicadas por outro meio.
A principal desvantagem da propagação por sementes é o longo período
exigido por algumas plantas para atingir a maturidade, embora haja algumas
exceções, como é o caso do maracujazeiro, cujo período improdutivo é
semelhante entre plantas oriundas de propagação sexuada e assexuada. Existem
casos em que a planta só entra em produção depois de sete a dez anos, como
por exemplo, a nogueira e a jabuticabeira.
Uma das características da propagação por sementes é a variação que
pode existir dentro de um grupo de plântulas. Na natureza esta propriedade é
importante, uma vez que torna possível a adaptação continua de uma
determinada espécie ao meio; em cada geração aqueles indivíduos que estejam
melhor adaptados a esse ambiente tendem a sobreviver e a produzir a geração
seguinte.
2.1. Propagação Assexuada
A propagação assexuada é especialmente útil, então, para manter a
constituição genética de um clone ao longo das gerações. O clone é definido
como sendo “O material geneticamente uniforme derivado de um só indivíduo e
que se propaga de modo exclusivo por meios vegetativos como estacas, raízes,
folhas ou enxertos”,
Assim como na propagação assexuada, a escolha das matrizes é
fundamental para o sucesso da propagação e para a qualidade da muda. As
plantas matrizes devem ser obtidas em órgãos oficiais de pesquisa (EMBRAPA,
Órgãos Estaduais, Universidades, dentre outros) ou em empresas idôneas, ou
ainda, caso haja tecnologia adequada, no próprio viveiro.
4
A) ESTAQUIA
Estaquia é o termo utilizado para o processo de propagação no qual
ocorre a indução do enraizamento adventício em segmentos destacados da
planta mãe.
Estaca ou bacelo : qualquer segmento da planta mãe, com pelo menos
uma gema vegetativa, capaz de originar uma nova planta.
Raízes adventícias : são aquelas originadas de qualquer parte da planta
que não as raízes do embrião.
Utilização da Estaquia
Vantagens Desvantagens
- Maior número de plantas obtidas - Risco maior de
contaminação
- Técnica de baixo custo e fácil execução - Menor longevidade
- Sem problemas de compatibilidade enxerto X
porta enxerto
-Sistema radicular
fasciculado
- Maior uniformidade (tanto nas variedades
copas e porta-enxertos)
- Maior custo
Quanto à época de estaqueamento, podem ser classifi cadas em:
a) Estacas herbáceas
São coletadas no período de crescimento vegetativo (primavera/verão),
quando os tecidos apresentam alta atividade meristemática e baixo grau de
lignificação; normalmente são estacas do ápice, contendo um ou dois pares de
folhas. Variam de 10 a 20 cm de comprimento e exigem cuidados especiais,
principalmente com relação à desidratação. Exigem um substrato especial,
poroso, com boa drenagem e devem ser cultivadas em ambiente com alta
umidade. As folhas, quando grande, como é o caso da goiabeira, deve ser
reduzidas à metade, com o objetivo de evitar perdas de água e também por
questões de facilidade de manejo. Este tipo de estaca enraíza com três a cinco
5
semanas. Após o enraizamento devem ser epicadas para um ambiente menos
úmido e em substrato próprio.
b) Estacas lenhosas
São coletadas no final do período de dormência (inverno), quando estas
apresentam a maior taxa de regeneração potencial e são altamente lignificadas.
São estacas de ano (brotadas na primavera do ano anterior), com tamanho
variando de 30 a 50 cm e diâmetro de 1,5 a 2,5 cm. Por ser um material
lignificado, não exigem estruturas especiais como as estacas herbáceas. Devem
ser cultivadas principalmente em substratos à base de solo e requerem uma
irrigação mais controlada. Normalmente enraízam de cinco a dez semanas.
Devido ao grande período que permanecem no substrato (desde o plantio até a
formação completa da muda), é necessário que o substrato esteja
adequadamente nutrido.
c) Estacas semilenhosas
São coletadas no final do verão e início do outono. Em geral, o termo
“semilenhosas” refere-se a estacas intermediarias entre as herbáceas e lenhosas.
Os cuidados necessários são principalmente com a desidratação, por tratar-se de
um material que se encontra num metabolismo mais acentuado e muitas vezes
ser uma estaca mais herbácea, porem sem folhas.
d) Estacas de raiz
Muitas espécies com dificuldade de enraizar partes vegetativas como
estacas, tem grande potencial de enraizamento e brotação de estacas de raiz.
Normalmente pedaços variando de 6 a 15 cm, quando colocados horizontalmente
em leitos de substrato, enraízam e brotam, originando uma nova planta.
Fatores que afetam a formação de raízes
O conhecimento dos fatores que afetam a formação de raízes é importante
para que se possa esclarecer porque que uma espécie tem facilidade ou
dificuldade de enraizar. Além disso, o adequado manejo destes fatores permitirá
que haja mais chance de sucesso na produção de mudas por estaquia. De modo
geral, a interação entre fatores, e não o estudo isolado destes, nos permite
6
elucidar melhor as causas do enraizamento. Quanto mais difícil for o
enraizamento de uma espécie ou cultivar, tanto maior a importância dos fatores
que o afetam.
l) Fatores internos
a) Condição fisiológica da planta matriz
É o conjunto de características internas da mesma, tais como: teor hídrico,
condição nutricional, teor de reservas, estado fisiológico, idade da planta, estado
fitossanitários, potencial genético, balanço hormonal, etc. O teor hídrico influencia
diretamente no enraizamento, uma vez que estacas coletadas de plantas matrizes
com déficit hídrico, tendem a não enraizar e entram no processo de seca mais
rapidamente.
A condição nutricional da planta matriz afeta fortemente o enraizamento,
uma vez que um conteúdo equilibrado de (P, K, Ca e Mg), favorecem o
enraizamento; o N é necessário para a síntese de proteínas e ácidos nucléicos,
essenciais ao enraizamento, em excesso pode ser prejudicial; o excesso de Mn
também pode ser prejudicial, o Zn é ativador do triptofano, precursor da auxina,
devendo estar presente para que se propicie a formação de raízes. A relação C/N
(a auxina requer uma fonte carbono para a biossíntese dos ácidos nucléicos e
proteínas, e leva à necessidade de energia e carbono para a formação das
raízes).
Estacas com gemas floríferas ou coletadas durante a floração, tendem a
enraizar menos, do que as provenientes de ramos vegetativos em fase de
crescimento ativo.
b) Idade da planta
De modo geral, estacas provenientes de plantas jovens enraízam com
mais facilidade e isso especialmente se manifesta em estacas de difícil
enraizamento.
c) Tipo de estaca
Como a composição química do tecido varia ao longo do ramo, estacas
provenientes de diferentes porções do mesmo tendem a diferir quanto ao
7
enraizamento. Assim, em estacas lenhosas, o uso da porção basal geralmente
proporciona os melhores resultados.Fato inverso se observa em estacas
semilenhosas e herbáceas.
d) Época do ano
A época do ano está estreitamente relacionada com a consistência da
estaca.
e) Potencial genético de enraizamento
A potencialidade de uma estaca formar raízes é variável com a espécie e
também com a cultivar.
f) Sanidade do material
Viroses, ataque de fungos, bactérias pode ocasionar a morte das estacas,
antes ou após a formação das raízes. A sanidade durante a estaquia é
influenciada pelo grau de contaminação do material propagativo, pelo substrato,
pela qualidade da água de irrigação e pelos tratamentos fitossanitários que venha
a ser realizados.
g) Balanço hormonal
O equilíbrio entre os diversos reguladores do crescimento tem forte
influência no enraizamento de estacas. Assim, é necessário que haja um balanço
adequado, especialmente entre auxinas, giberelinas e citocininas. Uma das
formas mais comuns de favorecer o balanço hormonal para o enraizamento é a
aplicação exógena de reguladores de crescimento sintéticos, tais como o AIB
(ácido indolbutirico), o ANA (ácido naftalenacético) e o AIA (ácido indolacético), os
quais elevam o teor de auxinas no tecido. O paclobutrazol, por outro lado, é um
inibidor da síntese de giberelinas, que são inibidoras do enraizamento, e seu uso
favorece o equilíbrio hormonal para o enraizamento.
h) Oxidação de compostos fenólicos
Os diferentes tipos de fenóis nos tecidos, ao entrarem em contato com o
oxigênio, iniciam reações de oxidação, cujos produtos resultantes são tóxicos ao
8
tecido. A oxidação destes compostos pode ser minimizada com o uso de
substâncias antioxidantes, tais como ácido ascórbico, PVP (polivinilpirrolidona),
ácido cítrico, DIECA (dietilditiocarbamato).
II) Fatores externos
a) Temperatura
O aumento da temperatura favorece a divisão celular para a formação de
raízes; porém, especialmente em estacas herbáceas e semilenhosas, estimula
uma elevada taxa de transpiração, induzindo o murchamento da estaca. Além
disso, pode favorecer o desenvolvimento de brotações antes que o enraizamento
tenha ocorrido, o que é indesejável. Com o objetivo de estimular o enraizamento
de estacas lenhosas, recomenda-se manter o substrato aquecido de modo a
reduzir a respiração e a transpiração na parte exposta ao ar, e a favorecer a
divisão celular na região de formação de raízes. É citado que temperaturas
diurnas de 21 a 260C e noturnas de 15 a 210C são consideradas adequadas ao
enraizamento.
b) Luz
A importância da luz no enraizamento diz respeito à fotossíntese e à
degradação de compostos fotolábeis como as auxinas. De modo geral, baixa
intensidade luminosa sobre a planta-mãe previamente à coleta das estacas, tende
a favorecer a formação de raízes, provavelmente devido à preservação das
auxinas e de outras substâncias endógenas. O estiolamento dos ramos dos
quais serão retiradas as estacas facilita o enraizamento e é uma prática
recomendada, especialmente no caso de espécies de difícil enraizamento. Na
região basal da estaca, onde serão formadas as raízes, é necessário que se
mantenha um ambiente completamente escuro.
c) Umidade
Para que haja divisão celular, é necessário que as células se mantenham
túrgidas. O potencial de perda de água em uma estaca é muito grande, seja
através das folhas ou das brotações em desenvolvimento, especialmente
considerando o período em que não há raízes formadas. A perda de água é uma
9
das principais causas da morte de estacas. Portanto, a prevenção do
murchamento é especialmente importante em espécies que exigem um longo
tempo para formar raízes e nos casos em que são utilizadas estacas com folhas
e/ou de consistência mais herbácea. O uso da nebulização intermitente permite a
redução da perda de umidade pela formação de uma película de água sobre as
folhas, além da diminuição da temperatura, com manutenção da atividade
fotossintética em estacas com folhas. Por outro lado, a alta umidade favorece o
desenvolvimento de patógenos, para os quais devem ser dispensados cuidados
especiais.
d) Ambiente
O substrato destina-se a sustentar as estacas durante o período do
enraizamento, mantendo sua base em um ambiente úmido, escuro e
suficientemente aerado. Os efeitos do substrato, tanto sobre o percentual de
enraizamento como sobre a qualidade das raízes formadas, relacionam-se
especialmente com a porosidade, a qual afeta o teor de água retida e o seu
equilíbrio com a aeração. Diferentes materiais são utilizados como meios para
enraizamento, como, por exemplo, a areia, a vermiculíta, a cinza de casca de
arroz, a casca de arroz carbonizada, o solo e outros.
O substrato mais adequado varia para cada espécie. De um modo geral,
pode-se afirmar que um bom substrato é aquele que:
- proporciona a retenção de um teor de água suficiente para manter as células
túrgidas e prevenir contra o murchamento das estacas;
- permite uma aeração na base da estaca, de modo a permitir a iniciação e o
desenvolvimento das raízes;
- apresenta uma boa aderência à estaca;
- não favorecem a contaminação e o desenvolvimento de organismos patógenos
e saprófitos;
- permite que as estacas enraizadas sejam removidas com um mínimo de dano às
raízes;
- é de baixo custo de aquisição e de fácil obtenção;
- não contém qualquer tipo de substância que exerça efeito fitotóxico à estaca
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- o pH do substrato não afeta o enraizamento, sendo que para algumas espécies
a diminuição do pH favorece o enraizamento e dificulta o desenvolvimento de
microorganismos. Não é necessário que o substrato forneça nutrientes, uma vez
que o enraizamento se dá às expensas da própria estaca.
Características de alguns substratos
Substrato Principais características
Solo Fácil obtenção, baixo custo, composição variável (textura, estrutura, teor de nutrientes, teor de matéria orgânica, drenagem, aeração). A compactação e a retenção excessiva de umidade comprometem o bom desenvolvimento da muda
Areia Fácil obtenção, excelente drenagem, útil em misturas como condicionador físico e para germinação de sementes. Ë um material inerte, sem nutrientes.
Turfa Composta de restos de vegetais, resultantes de uma lenta decomposição bacteriana e química do material vegetal, pode dificultar o molhamento do substrato quando da irrigação. Bastante útil em misturas com outros materiais
Musgo esfagnineo Relativamente estéril, grande capacidade de retenção de água (10 a 20 vezes o seu peso), baixo pH e baixo teor de nutrientes.
Vermiculita Mineral micáceo, com elevada CTC (Capacidade de Troca de Cátions) relativa, após tratamento a elevada temperatura (acima de 10000C) forma grãos de até oito mm de diâmetro, porosos e tomando o material estéril. Tem elevado custo. Seu uso em mistura pode melhorar a CTC e a retenção de água no substrato, podendo ainda facilitar a retirada das mudas do recipiente.
Perlita Mineral silicáceo de origem vulcânica que, após tratamento térmico (7600C) se converte em partículas granulosas e esponjosas de 1,6 a três mm de diâmetro. É capaz de reter cerca de 3 a 4 vezes o seu peso em água. Difere da vermiculíta por ter
11
baixa CTC. E usada para aumentar a aeração dos substratos
Serragem Fácil obtenção pode requerer adição de N para auxiliar na decomposição da matéria orgânica e para não competir com a muda em formação. Em estado fresco, pode conter materiais tóxicos às mudas, bem como pode apresentar resíduo tóxico oriundos do tratamento da madeira.
Plantmax Substrato comercial, elaborado com vermiculíta expandida e materiais orgânicos de origem vegetal, isento de pragas, microorganismos e sementes de invasoras.
Composto orgânico Útil em misturas, capaz de melhorar a retenção de umidade, aeração, estrutura, regulação da temperatura do substrato, teor de matéria orgânica e de nutrientes nas misturas. O uso de excesso pode favorecer a proliferação de patógenos e saprófitos, razão pela qual pode ser recomendável a esterilização.
e) Condicionamento
Em espécies de difícil enraizamento, alguns tratamentos podem ser realizados
previamente à estaquia favorecendo a obtenção de resultados satisfatórios. Em
diversos casos, o condicionamento é fundamental para que se possa obter um
bom percentual de enraizamento. São exemplos de condicionamento:
Estratificação: Consiste em colocar as estacas em camadas alternadas
de areia grossa, em condições de umidade e pouca luminosidade, com objetivo
de formação prévia de calo, além de permitir a conservação da estaca. Estas
estacas também podem ser colocadas à temperatura.+ 5 0C (Gaveta da geladeira
em sacos plásticos escuros). Estas estacas devem ficar nestes ambientes até a
formação do calo, que ocorre por volta de 30 a 50 dias.
Lesões na base da estaca: Especialmente em estacas que apresentam
madeira velha na sua base, os cortes nesta região favorecem a formação de calo
e de raízes nas bordas da lesão. Nesta região, a divisão celular é estimulada por
um aumento na taxa respiratória e nos teores de auxina, carboidratos e etileno na
área lesionada. A lesão faz com que haja mais absorção de água e de
12
reguladores de crescimento, aumentando a sua eficiência. Para tanto, efetua-se
um ou dois cortes superficiais de 2,5 a 5,0 cm na base da estaca. Figura 09
Estiolamento: Entende-se por estiolamento o desenvolvimento de uma
planta ou parte dela na ausência de luz, resultando em brotações alongadas, com
folhas pequenas e não expandidas e com baixo teor de clorofila. Além disso, são
encontrados em tecidos estiolados teores baixos de lignina e altos de auxinas
endógenas e de outros cofatores do enraizamento, uma vez que estes últimos
compostos são sensíveis à luz (fotolábeis). Dessa forma, o enraizamento é
favorecido.
Pode-se efetuar o estiolamento de toda a planta, de todo um ramo ou de
parte do mesmo. Para tanto, faz-se uma cobertura dos ramos em
desenvolvimento com plástico preto ou outro material similar (papel alumínio, fita
isolante e outros), de modo que estes cresçam na ausência de luz. O
estiolamento parcial é realizado com a cobertura apenas da base do ramo. O
tempo de estiolamento é variável conforme a espécie.
Anelamento: Consiste na obstrução da casca de um ramo na planta
matriz, de modo a bloquear a translocação descendente de carboidratos,
hormônios e cofatores do enraizamento, permitindo a acumulação destes
compostos acima do local da obstrução, região que será a base da futura estaca.
O acúmulo destes compostos favorece a formação e o crescimento das raízes.
Além disso, há um aumento da quantidade de células parenquimatosas e de
tecidos menos diferenciados. O anelamento pode ser realizado com um anel de
arame ou com um corte na região basal ou mediana do ramo de onde será
retirada a estaca. O anelamento deve ser realizado assim que o comprimento do
ramo permita, durante a fase ativa de crescimento vegetativo, de forma a
assegurar uma acumulação significativa de compostos.
Rejuvenescimento de ramos: Estacas oriundas de ramos com
juvenilidade tendem a apresentar um percentual maior de enraizamento. Assim,
qualquer técnica que permita que o ramo retome a fase juvenil permitirá que se
evite a diminuição do potencial de enraizamento à medida que a planta matriz
13
envelhece. Uma poda drástica da planta matriz induz à emissão de brotações
juvenis, de maior capacidade de enraizamento.
Dobra de ramos: Esta técnica de condicionamento consiste na dobra
manual dos ramos durante a estação de crescimento. Estes ramos ficam presos à
planta por uma porção de lenho e casca até a época de utilização das estacas
lenhosas (inverno). Este tipo de injúria provoca um aumento da relação C/N e a
formação de um tecido pouco diferenciado, resultante da cicatrização, na região
da dobra, com aumento da capacidade de emissão de raízes.
Tratamento com reguladores de crescimento: O uso de reguladores
de crescimento tem por finalidade aumentar a percentagem de estacas que
formam raízes, acelerar sua iniciação, aumentar o número e a qualidade das
raízes formadas e aumentar a uniformidade no enraizamento. Alguns reguladores,
como as auxinas sintéticas, podem inibir o desenvolvimento das gemas e,
conseqüentemente, dos ramos. Esta prática destina-se a estabelecer um balanço
hormonal favorável ao enraizamento. Em geral, são utilizadas auxinas sintéticas
(AIB, ANA, AIA, 2,4-D), que visam elevar o conteúdo hormonal nos tecidos da
estaca. Além disso, podem também ser utilizados inibidores da síntese de
giberelinas, as quais são antagônicas ao processo de iniciação radicular. Como
exemplo, pode ser citado o paclobutrazol. O tratamento com citocininas (cinetina,
benziladenina, benzilaminopurina) estimula o desenvolvimento das brotações
adventícias, o que é importante, caso se trabalhe com estacas de folhas ou de
raízes.
A melhor substância promotora do enraizamento, bem como as
concentrações e métodos de utilização mais adequados para uma determinada
situação, variam com a espécie e com o tipo de estaca. Para verificar a sua
eficiência, são necessários.
Tratamento com fungicidas: Uma vez que a estaca, especialmente antes
e logo após o enraizamento, é bastante vulnerável ao ataque de microorganismos
e se encontra num ambiente favorável à proliferação de doenças, a proteção com
o uso de fungicidas constitui-se numa prática importante para a sobrevivência das
estacas neste período. Em alguns casos, o enraizamento foi aumentado com uso
14
do fungicida Captan. Entretanto, não está claro se este aumento se deve ao
controle de doenças ou a um aumento da ação do regulador de crescimento, até
mesmo como ativador da síntese de auxina no tecido da estaca.
Uso de nutrientes minerais: Objetiva favorecer a condição nutricional da
estaca para o enraizamento. A adição de compostos nitrogenados estimula o
enraizamento em diversas classes de plantas, possivelmente pelo fato de estes
compostos intervirem em interações hormonais. O uso do boro em combinação
com o AIB aumentou a percentagem e a rapidez de formação de raízes em llex
sp. A adubação de estacas de videira com zinco resultou em maior enraizamento
e desenvolvimento de raízes, devido possivelmente a um incremento no teor de
triptofano, precursor da auxina, do qual o Zn é ativador. A adubação de plantas
matrizes de ameixeira com zinco e boro aumentou os teores de triptofano nas
estacas.
Uso da nebulização: A nebulização é a aplicação de água na forma de
névoa (gotas de tamanho reduzido) sobre as estacas, criando uma atmosfera
destinada a reduzir a perda de água pelas folhas. A redução das taxas de
transpiração e de respiração pelas folhas, bem como a redução da temperatura
das mesmas, são obtidas pela formação de uma película de água sobre as folhas,
proporcionada pela nebulização intermitente. Isto assegura a destinação de
fotossintatos e nutrientes para a formação das raízes.
É importante que a água seja aplicada em intervalos regulares, durante
todo o período diurno. Nas horas mais quentes do dia, os intervalos entre as
nebulizações devem ser menores.
A nebulização pode ser instalada em telados, estufas plásticas, ou mesmo
no ambiente externo. O ambiente protegido é o mais adequado para esta técnica,
uma vez que permite uma aplicação controlada da água, além de evitar o efeito
do vento sobre a irrigação.
O controle dos intervalos de acionamento do sistema de nebulização pode
ser efetuado através de alguns mecanismos, tais como:
15
- folha úmida , na qual há uma superfície de tela, que simula a
superfície de uma folha. Quando esta superfície perde água a um nível pré-
estabelecido, é acionado o mecanismo da nebulização;
- temporizador , que consiste em um aparelho que aciona o sistema a
intervalos regulares de tempo;
- controlador eletrônico de umidade , constituído de um sistema
computadorizado de acionamento da irrigação, com base na temperatura e na
umidade relativa do ar.
O uso de nutrientes na água de irrigação pode melhorar a qualidade
das raízes formadas e o crescimento subseqüente das estacas enraizadas.
2.1.1. Cuidados durante e após o enraizamento
A divisão celular e o enraizamento somente ocorrem em tecidos com
células túrgidas e, portanto, o principal cuidado a ser tomado durante o
enraizamento é a manutenção de um adequado teor de água no substrato e na
parte aérea da estaca. Isto é importante tanto quando se trabalha com estaquia
direta em viveiro, na qual deverá ser prevista a implantação de um sistema de
irrigação, quanto com estacas folhosas, como citado no item anterior.
Especialmente quando se trabalha com nebulização, a aplicação de água
para manter as folhas úmidas implica em saturação com água do substrato e, por
isso, a drenagem da água também deve merecer atenção, pois o excesso hídrico
prejudica o enraizamento.
Por outro lado, deve-se dar atenção ao manejo fitossanitário, com a
utilização de tratamentos periódicos de fungicidas (a cada uma ou duas semanas,
com fungicidas à base de Captan, Benomyl ou similar), de modo a reduzir o
ataque de patógenos, principalmente fungos saprófitos sobre as estacas,
especialmente considerando-se que um ambiente de elevada umidade favorece a
proliferação de doenças. O monitoramento da ocorrência de doenças é muito
importante neste sentido. Para diminuir o potencial de inoculo, deve-se eliminar as
folhas caídas e as estacas mortas.
16
No caso de estaquia em viveiro, deve-se dar atenção à ocorrência de
plantas invasoras e pragas. O manejo após o enraizamento depende da estrutura
de propagação adotada. Se utilizada a estaquia direta no viveiro, deve-se repicar
as mudas para um local com maior espaçamento, onde estas crescerão até
serem comercializadas.
O desplante (extração das estacas enraizadas) deve ser preferencialmente
realizado em dias com baixa temperatura, nublados e com ventos fracos. Para
minimizar a morte das mudas após o transplante, deve-se prever o uso da
irrigação. As mudas podem ser ainda conservadas em trincheiras ou câmaras
frigoríficas.
Já os cuidados com as estacas folhosas devem ser maiores,
especialmente no que se refere à sua desidratação. Uma vez que o ambiente em
uma casa de vegetação é muito diferente do ambiente externo, tão logo tenha se
formado um sistema radicular abundante, deve-se diminuir gradativamente a
aplicação de água, reduzindo a umidade sobre as folhas e aumentando a aeração
do substrato, de modo a permitir que haja uma aclimatação das mudas e uma
menor perda de plantas no viveiro.
B) ENXERTIA
A enxertia é o método de propagação assexuada que consiste em se unir
duas ou mais porções de tecido de modo que a união desta partes venha a
constituir-se em uma nova planta. É um dos principais métodos de propagação e
é largamente utilizado em um grande número de espécies, tais como os citros,
pessegueiro, ameixeira, goiabeira, macieira, pereira, abacateiro, entre outros. A
grande importância da enxertia deve-se ao fato de que, na verdade são
conjugados os aspectos favoráveis (vigor, tolerância a fatores bióticos e abióticos
adversos, produtividade, entre outros) de duas ou mais plantas as quais podem
ser de uma mesma espécie ou de espécies ou até mesmo gêneros diferentes.
As partes que compõem uma planta propagada por enxertia são:
a) Porta-enxerto ou cavalo
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É a parte que confere o sistema radicular à planta propagada, podendo ser
proveniente de sementes ou de propagação vegetativa. Porta-enxertos oriundos
de sementes em geral são mais vigorosos e com sistema radicular pivolante e
mais profundo. Porta-enxertos oriundos de propagação vegetativa, como a
estaquia ou a mergulhia podem ser menos vigorosos, porém são geneticamente
mais uniformes;
b) Enxerto, borbulha, garfo ou cavaleiro ,
É parte que irá originar a parte aérea da planta e pode consistir de um
segmento de ramo com uma ou duas gemas (garfo) ou de uma gema com uma
pequena porção de casca (borbulha). O enxerto deverá ser retirado de uma planta
com todas as características da cultivar, bem como que tenha ultrapassado o
período da juvenilidade, assim, tão logo haja área foliar suficiente para percepção
dos estímulos indutores do florescimento e para sustentação dos frutos, a planta
irá produzir, reproduzindo fielmente as características da planta-mãe.
Finalidades do uso da enxertia
- Aproveitamento de características favoráveis do por ta-enxerto: O
porta-enxerto pode definir diversas características importantes da copa, tais como
o vigor, a produtividade, a qualidade dos frutos, a resistência a fatores adversos,
dentre muitos outros. Além disso, os porta-enxertos diferem na sua adaptação a
condições dos solos, clima, ocorrência de pragas e doenças. Desta forma, é
possível trabalhar como uma mesma cultivar copa em diferentes condições
ambientais;
- Propagação de plantas com difícil multiplicação por outros métodos:
se a propagação de uma planta por sementes ou por estacas, ou ainda por outro
método for pouco viável, a enxertia permite que se possa propagar esta planta:
Fatores que afetam o pegamento do enxerto
a) Incompatibilidade
É um dos principais fatores que prejudicam o rendimento na enxertia. Duas
plantas são consideradas incompatíveis quando não formam, entre as partes
enxertadas, uma união perfeita. Entre os principais, sintomas de
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incompatibilidade, podem ser citados: a) falta de união entre o enxerto e porta-
enxerto; b) diferenças entre o diâmetro do enxerto e o do porta-enxerto; c)
amarelecimento e desfolhamento do enxerto; d) pouco crescimento vegetativo; e)
morte prematura da planta; f) maior susceptibilidade de planta a condições
desfavoráveis de ambientes. Uniões incompatíveis são freqüentemente
encontradas quando da enxertia entre plantas com grau de parentesco distante (o
limite é a família), com exigências nutricionais distintas, com metabolismo, vigor e
ciclo de vida diferentes, com diferenças na consistência dos tecidos ou sem
afinidade anatômicas;
b) Condições ambientais
As condições ambientais antes, durante e depois da enxertia afetam
fortemente o pegamento dos enxertos. Temperaturas muito elevadas favorecem a
desidratação do enxerto, bem como temperaturas muito baixa não favorecem o
processo de cicatrização. A água é essencial para a divisão celular, desse modo,
a umidade muito baixa do ar favorece a desidratação e prejudica o pegamento; a
baixa umidade do solo dificulta o desprendimento da casca, prejudicando a
realização da enxertia, principalmente de borbulhia. As trocas gasosas devem ser
mantidas durante a cicatrização, assim, deve-se evitar a completa asfixia na
região da enxertia. Excessiva luminosidade pode estar associada à elevada
desidratação do enxerto. A realização da enxertia em áreas desprotegidas e
sujeitas a ventos fortes pode levar ao insucesso sucesso, visto que o vento não
apenas favorece a desidratação do enxerto como também ocasiona a quebra na
região da enxertia antes do seu completo pegamento;
c) Sanidade
É necessário que tanto o porta-enxerto quanto o enxerto apresentem as
melhores condições fitossanitárias;
d) Idade do material utilizado
Uma vez que, quanto maior a idade dos tecidos, menor a atividade celular
e a capacidade de cicatrização, é recomendável que tanto o enxerto quanto o
porta-enxerto sejam mais jovens;
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e) Época de realização da enxertia
A época mais adequada para a realização da enxertia depende da espécie e
do tipo de enxerto a ser realizado;
f) Técnica da enxertia
Para que haja o pegamento, os câmbios do enxerto e do porta-enxerto devem
estar em perfeito contato e representam uma das principais causas de baixo
pegamento relativas à técnica da enxertia Outras causas são: cortes
desuniformes, danos mecânicos à gema, demora no amarrio, ferramentas
inadequadas ou pouco afiadas, desidratação dos ramos borbulheiros, falta de
habilidade do enxertador, erros na polaridade do enxerto (colocação do enxerto
invertido) e oxidação de compostos fenólicos nos tecidos seccionados.
Classificação da enxertia
Quanto ao método, a enxertia pode ser classificada em
a) Borbulhia
Quando o enxerto consiste de uma gema com uma pequena porção de
casca, com ou sem lenho. Existem diversas técnicas de enxertia de borbulhia,
dentre as quais podem ser citadas as seguintes:
- Borbulhia em T normal
Que consiste na incisão do porta-enxerto (com diâmetro em torno de 6 a 8
mm) na forma de um corte vertical de cerca de 3 cm de comprimento, em cujo
ápice é feito um corte horizontal. Com estes cortes, abre-se um espaço para
introdução da gema. Estes cortes normalmente são feitos a uma altura de 20 a 25
cm a partir do colo. A gema é obtida da porção mediana de ramos da última
estação de crescimento. Com um canivete bem afiado, retira-se a gema, sem
lenho e introduz-se a mesma na incisão feita no porta-enxerto.
Deve-se ter o cuidado de fazer a operação o mais rápido possível, para
evitar que ocorra a desidratação e a oxidação da gema e do porta-enxerto. Após,
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faz-se o amarrio, utilizando-se uma fita de polietileno, a qual deverá ser retirada
tão logo o enxerto tenha brotado.
- Borbulhia em T invertido
É feito de modo semelhante ao anterior, porém diferindo quanto à forma da
incisão — o corte horizontal é realizado na base do corte vertical.
- Borbulhia de gema com lenho
Cuja utilização é justificada quando a casca não se desprende facilmente,
dificultando a enxertia em T. Assim, retira-se a gema com uma porção de lenho, a
qual é introduzida no porta-enxerto em uma incisão de mesmo tamanho da
borbulha.
- Borbulhia em placa ou escudo
Que consiste em se abrir uma placa quadrada ou retangular no porta-enxerto,
bem como em retirar-se uma pIaca com as mesmas dimensões do ramo as
gemas.
- Borbulhia em anel
Na qual é retirado, tanto no porta-enxerto quanto no ramo com as gemas, um
anel de casca, ambos de iguais dimensões, para que o anel contendo a gema
seja introduzido no porta-enxerto.
b) Garfagem
Quando o enxerto consiste em um garfo, ou segmento de ramo contendo duas
ou mais gemas. Pode ser realizada tanto em ramos quanto com raízes. Entre as
técnicas de garfagem mais conhecidas, podem ser citadas:
- Garfagem em fenda cheia
Que consiste na introdução de um garfo em forma de cunha, cuja base é
afilada com um canivete, em um corte longitudinal feito em todo o diâmetro do
porta-enxerto, amarrando-se logo após com fita plástica. Podem ser colocados
dois garfos por porta-enxerto quando este apresenta grande diâmetro.
21
- Garfagem em fenda simples
Também chamada de inglês simples, consiste em se fazer cortes em biseI
tanto no enxerto quanto no porta-enxerto, justapondo-se as duas partes e
amarrando-se com fita plástica logo após.
- Garfagem em fenda dupla
Também chamada de inglês complicado, é semelhante à técnica anterior,
diferindo pelo fato de serem feita uma incisão transversal na base do garfo e
outra, no ápice do porta-enxerto. Isso aumenta muito a aderência e o pegamento
entre as partes justaposta.
c) Encostia
Quando é feita a união lateral de plantas com sistemas radiculares
diferentes, para, após a união do enxerto, separar uma das plantas do seu
sistema radicular e a outra, da sua parte aérea. Tem pouco uso em nível
comercial. Há diversas técnicas de encostia, podendo ser citadas as seguintes:
- Encostia lateral simples
Na qual é feito um corte na superfície da casca do enxerto e do porta-
enxerto, unindo-se, após, as superfícies com fita de polietileno, ráfia, barbante ou
outro material.
- Encostia em lingueta
Que é semelhante ao anterior, porém é feito um segundo corte em ambas
as partes, de forma a proporcionar um encaixe entre o porta-enxerto e o enxerto.
- Encostia no topo
A qual é semelhante a encostia lateral simples, porém, neste caso, o
porta-enxerto é cortado em bisel no seu ápice.
- Quanto à época de realização, a enxertia pode ser classificada nos seguintes
tipos:
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Enxertia de inverno
Que é realizada quando as plantas estão no período de repouso
vegetativo, característico em espécies de clima temperado. Na enxertia de
inverno é utilizada principalmente a garfagem, embora possa também ser utilizada
a borbulhia em placa. Por se trabalhar, normalmente, com tecidos mais
Iignificados, o risco de desidratação é menor, ocasionando bons índices de
pegamento.
Enxertia de primavera-verão
Também conhecida como enxertia de gema ativa, normalmente é realizada
no período de crescimento vegetativo intenso. Como as células estão em plena
atividade metabólica e mitótica, os tecidos cicatrizam com mais facilidade e há
bom e rápido pegamento. Além disso, há maior facilidade em se desprender a
casca para introdução da gema. Porém, por se trabalhar com tecidos mais tenros
e em épocas de temperaturas mais elevadas, os cuidados com a desidratação
(amarrio, sombreamento e irrigação) devem ser mais intensos. Normalmente, é
utilizada, neste caso, a enxertia de borbulhia, embora também possam ser
utilizados outros métodos. Utilização de garfagem, nesta época, implica em se
cobrir a região do enxerto ou toda a planta enxertada com um saco plástico
transparente, que atua como uma câmara úmida, reduzindo a desidratação.
Envolver o garfo com papel absorvente e cobri-lo com saquinho plástico tipo
“chup-chup”, também é uma prática que tem obtido ótimos resultados no
pegamento do enxerto.
No caso da borbulhia, após vinte e um dias, retira-se o plástico e em
seguida deve-se forçar o pegamento do enxerto, através de uma decepa acima
do ponto de enxertia, encurvamento do ramo acima do ponto de enxertia ou
decepa parcial deste. Aos 10 a 15 dias após a brotação do enxerto, é retirada a
parte dobrada do porta-enxerto e, quando a brotação da borbulha tiver 10 a 15
cm, faz-se um corte em biseI pouca acima do ponto de enxertia.
Enxertia de verão-outono
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Também conhecida com o enxertia de gema dormente e é realizada de
forma semelhante à enxertia de gema ativa, diferindo, no entanto, pelo fato de
não ser feita à dobra da copa do porta-enxerto logo após a retirada do plástico,
senão somente na primavera seguinte. Este tipo de enxertia é adotado quando os
porta-enxertos não atingem diâmetro suficiente para a enxertia de primavera-
verão — desta forma, a enxertia de verão-outono permite o aproveitamento desse
porta-enxerto.
Além destes métodos, há outras formas especiais de enxertia. Sua utilização em
nível comercial é bem mais restrita, mas podem ter aplicação em casos
particulares. Estas formas especiais são:
Sobre-enxertia
Na qual o porta-enxerto é uma planta adulta, já previamente formada. A
sobre-enxertia é útil em casos em que a copa foi seriamente danificada por
pragas ou doenças, em caso de necessidade de troca da cultivar-copa e quando
da falta de plantas polinizadoras em um pomar. Normalmente é feita por garfagem
(fenda cheia ou fenda dupla), substituindo total ou parcialmente a copa. Desta
forma, é possível produzir-se, em um mesma planta, diferentes cultivares.
- lnterenxertia
Caso em que é interposto um enxerto intermediário entre porta-enxerto e o
enxerto, normalmente, através de garfagem. É útil principalmente, em duas
situações: quando o enxerto e o porta-enxerto sã incompatíveis entre si, devendo-
se utilizar um interenxerto compatível cor ambos, e quando há necessidade de
controlar o vigor da copa devido à porta-enxerto induzir elevado vigor.
- Subenxertia
Realizada quando houve um dano significativo no sistema radicular da
planta. Consiste em se enxertar, na copa, um novo porta enxerto, que será total
ou parcialmente responsável pela absorção de água e nutrientes. A garfagem,
especialmente de fenda dupla, é o sistema mais adotado neste caso.
- Enxertia de ponte
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Realizada quando a planta apresenta um dano significativo na casca, a
ponto de interromper o fluxo de água, nutrientes E assimilados. Neste caso, a
enxertia, normalmente de garfagem, permite que sejam colocados ramos sobre a
região danificada, de modo a restabelecer fluxo normal de substâncias.
• Técnicas da enxertia
A enxertia é um método que exige, fundamentalmente, habilidade e
cuidados na sua realização. Para tanto, um bom treinamento do enxertador é o
primeiro passo para o sucesso da enxertia.
Para a realização da enxertia, são necessárias algumas ferramentas
básicas tesoura de poda, canivete de enxertia (com lâmina e espátula podendo
ser de lâmina simples ou dupla), pedra de afiar, etiquetas e produtos para
desinfestação (normalmente, é utilizado o hipoclorito de sódio).
Além disso, os materiais para amarrio e proteção são indispensáveis, para
tanto, são utilizados os mastíques (misturas de resina, cera de abelha, sebo e
solventes), fio de ráfia ou barbante e fitas de polietileno e mais recentemente o
uso de parafina derretida (60 0C). Os mastíques e a parafina reduzem a perda de
água e a entrada de microorganismos e o fio de ráfia ou barbante da sustentação
ao conjunto porta-enxerto / enxerto. Assim, devem ser utilizados em conjunto. As
fitas de polietileno, além de manter a união da enxertia, reduzem a desidratação
do enxerto, as trocas gasosas e a entrada de microorganismos. Sacos plásticos,
colocados sobre o conjunto porta-enxeto / enxerto são úteis como câmara úmida,
no caso de ser realizada a enxertia de garfagem no período de primavera-verão.
As máquinas de enxertia são ferramentas extremamente úteis na enxertia
em escala comercial, quando se trabalha com grandes volumes de mudas ou não
se dispões de pessoal com grande habilidade.
O local de realização da enxertia pode variar conforme a época de enxertia.
A enxertia de inverno pode ser realizada no viveiro (enxertia de campo) ou em
galpões (enxertia de mesa), ao passo que a enxertia de primavera/verão e a do
verão/outono é realizada no viveiro ou em telado (no caso de se trabalhar com
mudas em recipientes).
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C) MERGULHIA
É O método de propagação assexuada no qual o enraizamento de uma
porção da planta, normalmente um ramo, é obtido com esta porção ainda unida
com a planta-mãe. Após a formação de raízes, a porção enraizada é destacada
da planta-mãe.
A mergulhia é utilizada comercialmente na propagação de porta-enxertos
de macieira (mergulhia de cepa), de mudas de lichieira e nogueira macadâmia
(alporquia), entre outras espécies. A mergulhia é especialmente interessante para
propagar espécies com grande dificuldade de formação de raízes.
Os fatores que favorecem a regeneração de plantas através da mergulhia
são a ausência de luz (que provoca estiolamento do ramo e, por conseqüência,
acúmulo de auxinas e redução dos teores de lignina e de compostos fenólicos),
cobertura com solo úmido e poroso, nutrição adequada e elevada atividade
fisiológica da planta mãe, pouca idade dos ramos, aplicação de fitorreguladores e
prática de anelamento.
• Classificação da mergulhia
Basicamente, há dois tipos de mergulhia — a mergulhia no solo e a
mergulhia aérea ou alporquia.
A mergulhia no solo pode ser classificada em algumas formas principais:
Mergulhia de cepa
Na qual a planta matriz sofre, inicialmente, uma poda drástica a cerca de
cinco cm do solo. Isto estimula a emissão de brotações jovens, as quais serão
posteriormente cobertas com solo. Após enraizamento as brotações enraizadas
são destacadas da planta-mãe, qual pode ser novamente utilizada para um novo
ciclo de produção de mudas. De todas as formas de mergulhia, a mergulhia de
cepa é a mais utilizada em nível comercial, pois além dos bons resultados que
proporciona, pode ser uma prática parcialmente mecanizada, o que favorece o
rendimento da operação;
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- Mergulhia simples normal
Onde a porção mediana do ramo é enterrada no solo;
- A mergulhia aérea ou alporquia
É uma prática que consiste em se envolver um ramo com substrato de
enraizamento (musgo, solo ou outro material que proporcione boa aderência),
acondicionado em plástico ou papel alumínio. A adoção da alporquia justifica-se
em espécies de difícil enraizamento, quando há dificuldade de levar o ramo até o
solo. É uma prática trabalhosa e, portanto, de baixo rendimento. O anelamento e
a aplicação de fitorreguladores pode aumentar o percentual de alporques
enraizados.
D) ESTRUTURAS ESPECIALIZADAS
Por estruturas especializadas, entende-se os órgãos (caules ou raízes
modificados) que podem também atuar como órgãos de reserva de nutrientes e
assimilados. Em muitos casos, este órgãos podem ser utilizados na propagação
vegetativa. São exemplos destas estruturas os estolões, os rizomas e os
rebentos. A propagação através destas estruturas é bastante utilizada em
morangueiro, bananeira e abacaxizeiro.
a) Estolões
Utilizados na propagação do morangueiro, são definidos caules aéreos
especializados, mais ou menos horizontais. Os estolões surgem em plantas com
caules em roseta, nas bases ou na coroa mesmas. Estas estruturas são emitidas
em fotoperíodos longos (12 hora ou mais). No segundo nó do estolão, há
formação de uma nova planta, seguida da formação do seu sistema radicular.
Esta planta poderá ser utilizada como muda.
b) Rizomas
são utilizados na propagação da bananeira. Os rizomas caules
subterrâneos que se desenvolvem para formar uma estrutura denominada ‘cormo
e, a partir de suas gemas, formam-se novas brotações as quais originarão novos
pseudocaules e passarão a ter o seu próprio sistema radicular. Na propagação,
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faz-se a divisão dos rizomas, sendo cada parte dividida deverá ter pelo menos
duas gemas.
REFERÊNCIAS
CÉSAR, H. P. Manual prático do enxertador: e criador de mudas de árvores
frutíferas e dos arbustos ornamentais . 14 ed. São Paulo: Nobel, 1986.
FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J. C.;. KERSTEN, E.;
FORTES, G.R. de L. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado . 2ª
ed. Pelotas: UFPEL, 1995. 178 p.: il.
RAMOS, J. D. Fruticultura: Tecnologia de produção, gerenciamento e
comercialização . 1 ed. Lavras: UFLA, 1998. CD´rom.
SIMÃO, S. Tratado de fruticultura . Piracicaba: FEALQ, 1998. 760p.: il.