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Fundamentos Históricos e Teórico- Metodológicos das Representações e Ações Cotidianas Marlene Almeida de Ataíde Adaptada/Revisada por Marlene Almeida de Ataíde (setembro/2012)

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Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos das Representações e Ações Cotidianas

Marlene Almeida de Ataíde

Adaptada/Revisada por Marlene Almeida de Ataíde (setembro/2012)

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É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos das Representações e Ações Cotidianas, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.

A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.

Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação.

Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.

A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

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APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................5

1 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E COTIDIANO – AFINAL, DO QUE SE TRATA?....71.1 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................... 171.2 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 17

2 O EMBASAMENTO FILOSÓFICO DOS FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL E SEUS DESDOBRAMENTOS .......... 19

2.1 Serviço Social Tradicional .......................................................................................................................................... 202.2 A Modernização no Serviço Social ......................................................................................................................... 222.3 Resumo do Capítulo ................................................................................................................................................... 262.4 Atividades Propostas ................................................................................................................................................... 26

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 27

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 29

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INTRODUÇÃO

[...] não estamos no mundo para olhá-lo ou para suportá-lo; nosso destino não é o da servidão, há uma ação que pode apoiar-se sobre o que existe para fazer existir o

que queremos ser.

Cornélius Castoríadis

Caro(a) aluno(a),

No decorrer histórico, inúmeras têm sido as representações impressas ao Serviço Social por diver-sos atores sociais vinculados à profissão: instituições, no âmbito público ou privado; técnicos que atuam na área; e a população-alvo, cidadãos com múltiplas requisições.

No entanto, as ações sociais desenvolvidas pelos assistentes sociais revelam sempre uma perspec-tiva teórico-metodológica subsidiada por uma matriz filosófica, revelando uma identidade atribuída ou construída em um fluxo de forças, a prática profissional. Tais ações sociais, por sua vez, constroem-se e desenvolvem-se em uma determinada realidade cotidiana, expressando as causalidades, naturais e pos-tas, presentes nesta, na qual os sujeitos coletivos desse exercício profissional, ou seja, o assistente social e a população usuária encontram-se inseridos.

Assim, este documento se constitui com o intuito de melhor difundir os assuntos anunciados pela disciplina, apresentando as questões que lhes são pertinentes, conforme sua ementa e objetivos.

Então, caro(a) aluno(a), vamos falar sobre a ementa desta disciplina, que, conforme o conteúdo a seguir, nos informar sobre:

O estudo das correntes filosóficas que fundamentam as bases históricas da profissão em seu pro-cesso de desenvolvimento no Brasil, buscando apreender o Serviço Social enquanto processo histórico, resultado das determinações criadas pelas relações sociais e pelos projetos de sociedade.

Vamos juntos nesta direção, pois:

Todos nós temos metas, objetivos a serem alcançados. Não é mesmo? Com esta disciplina não é dife-rente, pois pretendemos discutir as questões presentes na nossa prática, no nosso cotidiano e como deram sustentação ou influenciaram na profissão segundo os objetivos traçados conforme seguem. Vamos lá?

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Objetivo Geral:

A disciplina tem como objetivo discorrer sobre as matrizes filosóficas que fundamentaram, e fun-damentam até a atualidade, o exercício profissional vinculado aos projetos societários, em uma quadra histórica1, e as representações sociais suscitadas pelas ações produzidas no cotidiano profissional, pos-sibilitando ao alunado apreender tal conhecimento e a capacidade de refletir criticamente sobre as ten-dências e as determinações sócio-históricas que influenciaram a profissão no contexto brasileiro.

Objetivos Específicos:

�� Contextualização sobre representação social e cotidiano;

�� Os embasamentos filosóficos dos fundamentos teórico-metodológicos do Serviço Social e seus desdobramentos.

Espero que os conteúdos dados no primeiro e no segundo capítulos possam contribuir com as reflexões a serem realizadas no decorrer dos estudos e que os conhecimentos adquiridos tragam signifi-cativos conhecimentos na sua formação profissional.

Não se esqueça de reservar sempre um tempo para colocar a leitura em ordem. O Serviço Social exige isso de cada um de nós.

Tenha uma leitura bem reflexiva e crítica.

Marlene Almeida de Ataíde

DicionárioDicionário

Quadra: fig., época, ocasião.

1 Importante considerar que o processo histórico não é linear, não podendo ser comparado a uma linha reta, pois possui avanços e recuos, mudanças de rumos, idas e vindas. Os fatos atuais possuem relações com os acontecimentos passados, as rupturas históricas não ocorrem de um dia para outro, mas sim através de um lento e gradual processo, o qual chamamos de histórico (ALEXANDRE, 2004).

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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E COTIDIANO – AFINAL, DO QUE SE TRATA?

1

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo temos uma curiosidade mui-to grande em compreender as representações so-ciais e o cotidiano. O título enunciado por si só já nos instiga a isso, não é mesmo? Para tanto, acres-centei algumas figuras a seguir que podem, já de início, fornecer-nos algumas pistas sobre este as-sunto. Portanto, vamos aguçar a nossa imagina-ção e tentar decifrar o que cada uma delas repre-senta para você.

Figura 1 – Cenas do cotidiano - Itália.

Figura 2 – Cotidiano na roça: picando fumo.

Vamos, a partir deste momento, começar a compreender o que é essa representação social e o precursor dessa teoria. Vamos lá?!

A representação social é um recurso muito importante para se viver em sociedade, isso por-que ela engloba explicações, ideias e manifesta-ções culturais que caracterizam um determinado grupo. A representação acontece a partir da inte-ração dos indivíduos e, apesar do homem viver em um ambiente, ele não perde os atributos típi-cos de sua personalidade.

A primeira base teórica do conceito foi ela-borada por Serge Moscovici em 1961. Ele utili-zou estudos na área de Psicanálise para chegar às suas conclusões. Para se entender as relações hu-manas, é necessário fazer uma análise do coletivo, verificando assim a troca de conhecimentos que a representação social é capaz de promover dentro do grupo.

Um dos primeiros desafios que se apre-sentam ao explanar sobre a categoria teóri-ca de representação social aponta para uma grande heterogeneidade de formulações na tentativa de conceituá-la (IBÁÑEZ, 1988 apud VILLAS BÔAS, 2004; JODELET, 1994; SÁ, 1993, 1996; VALA, 2000; ANADON; MACHADO, 2001), heterogeneidade esta decorrente da complexi-dade do assunto, da sua abrangência e da au-sência de consenso entre os estudiosos em tor-no dela, oportunizando, desta forma, críticas e oposições às formulações teóricas que buscam fundamentá-la. Segundo Rangel (1997), as di-ferenças conceituais sobre o termo podem ser observadas na produção dos ensaios de apro-ximação conceitual, como Villas Bôas (2004, p. 143):

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[...] é uma forma de conhecimento social-mente elaborada e partilhada, tendo um objetivo prático e concorrendo à cons-trução de uma realidade comum a um conjunto social. (JODELET, 1994, p. 36).2

[...] é um conteúdo mental estrutura-do isto é, cognitivo, avaliativo, afetivo e simbólico sobre um fenômeno social re-levante, que toma a forma de imagens ou metáforas, e que é conscientemente compartilhado com outros membros do grupo social. (WAGNER, 1998, p. 3).[...] é produto e processo de uma ativi-dade mental pela qual um indivíduo ou um grupo reconstitui o real ao qual ele é confrontado e lhe atribui uma significa-ção específica. (ABRIC, 1994, p. 188).

Tais diferenças podem parecer antitéti-cas, mas se apresentam como formulações po-lissêmicas e que se alteram de acordo com, ou a partir de, determinadas particularidades e propostas provenientes das investigações rea-lizadas (VALA, 2000 apud VILLAS BÔAS, 2004) e, a i n d a , dos objetivos de c a d a pesquisador (BANCHS, 2000 apud VILLAS BÔAS, 2004).

No entanto, neste trabalho, a contextuali-zação da teoria da representação social estará re-ferenciada a partir da Psicologia Social, enquanto área de conhecimento, tendo como fundamento as contribuições das proposições de Serge Mos-covici, principalmente no que se refere ao campo da cognição social.

É no contexto europeu que o conceito de representação social é resgatado pela Psicologia em sua vertente sociológica. Segundo Moscovici (1994), tal conceito é originário da Sociologia e da Antropologia através de Durkheim e Lévi-Bruhl, ou seja, a teoria da representação social pode ser considerada como uma forma sociológica da Psi-cologia Social. Outros intelectuais contribuíram para a construção teórica sobre o conceito, como Saussure, com a teoria da linguagem, Piaget, com a teoria das representações infantis, e Vigotsky, através da teoria do desenvolvimento cultural. Desta forma, é na fronteira entre a Sociologia e a Psicologia que se situa o conceito de representa-ção social.

De acordo com Moscovici (1994), a origem do conceito sobre representação social provém do termo “representação coletiva”, desenvolvido por Durkheim (1983), teorizando que as catego-rias básicas do pensamento são originárias da so-ciedade:

[...] e que, o conhecimento só poderia ser encontrado na experiência social, ou seja, a vida social seria a condição de todo pensamento organizado e vice-versa. As representações coletivas designavam um conjunto de conhecimentos e crenças (mitos, religião, ciência...). (ALEXANDRE, 2004, p. 131).

Segundo a proposta de Durkheim (1983), o conhecimento somente pode ser elaborado a

2 Trata-se de uma das definições, entre a literatura, mais aceita entre os estudiosos do assunto.

DicionárioDicionário

Antitético: adjectivo em que há antítese (do gr. an-tithetikós, pelo lat. Antithetìcu), que encerra oposi-ção ou contraste. Fonte: http://www.portoeditora.pt/especial/index/documento/DOL

DicionárioDicionário

Cognição: sf (lat cognitione) Filos Ato de adquirir um conhecimento. (Dicionário eletrônico.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Serge_Moscovici

Serge Moscovici nasceu em 1928, em Brăila, na Romênia, no seio de uma família judia; é psicó-logo social. Atualmente, é Diretor do Laboratório Europeu da Psicologia Social, que ele cofundou em 1975, em Paris. É também membro do Eu-ropean Academy of Sciences and Arts, da Légion d’honneur e do Russian Academy of Sciences.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Serge_Moscovici

CuriosidadeCuriosidade

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partir de uma condição básica, ou seja, a forma-ção de conceitos compartilhados pelos membros de um grupo, expressando a origem das caracte-rísticas da vida coletiva – para o referido pensador, a individualidade humana se constitui a partir da sociedade. Neste sentido, a “representação coleti-va” não se reduz à soma das representações dos indivíduos que constituem a sociedade, é mais do que isso. A superação da soma das represen-tações individuais propicia a elaboração de um novo conhecimento que, por sua vez, favorece a recriação do coletivo.

Nesta perspectiva, uma função primordial da “representação coletiva” se constitui “[...] na transmissão da herança coletiva dos antepassa-dos, que acrescentariam às experiências indivi-duais tudo que a sociedade acumulou de sabe-doria e ciência ao passar dos anos.” (ALEXANDRE, 2004, p. 131).

Exatamente nesse aspecto, há uma diver-gência entre Moscovici e Durkheim; Moscovici agrega à elaboração do conceito de representa-ção social novos elementos. Ou seja, a crítica de Moscovici ao conceito de representação coletiva de Durkheim apenas traduz aspectos sociológi-cos do pensamento organizado da coletividade, de modo que a representação surja somente como uma reprodução do social. Desta feita,

Moscovici opta por trocar o adjetivo ‘cole-tivo’ por ‘social’, reconhecendo que as re-presentações são construídas pelos sujei-tos quando da elaboração compartilhada do conhecimento, o que reforça a ideia da representação social como um con-ceito psicossocial. (VILLAS BÔAS, 2004, p. 144).

Ou seja, para Moscovici, não se trata apenas de uma transmissão determinista e estática da herança coletiva dos antepassados, mas do exer-cício ativo e autônomo do indivíduo no processo da construção da sociedade, na mesma forma em que por ela é criado.

Ainda, o termo recebe o qualificativo “social” em consequência de ser uma “[...] modalidade de conhecimento particular que tem por função a

elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos.” (MOSCOVICI, 1978, p. 26).

Moñivas (1993, p. 244) acrescenta a essa afirmação que, segundo Moscovici, o uso do adje-tivo “social” à representação é decorrência de três motivos, os quais são:

por originar-se nas conversas e discus-sões diárias [...];

por dispor de um código aceito para a comunicação, pois, ao compartilharem representações, as pessoas podem se compreender umas às outras, de modo a estabelecerem conversas fluidas e inteli-gíveis;

por determinar os limites de um grupo, ou seja, as representações distinguem os membros de cada grupo.

Desse modo, as representações sociais se compõem de “[...] um conjunto de conceitos, frases e explicações originadas na vida diária, durante o curso das comunicações interpessoais” (MOSCO-VICI, 1981, p. 181), os quais se expressam através de modalidades do conhecimento prático, orien-tadas para a comunicação e para a compreensão do contexto social, material e ideológico em que vivemos, ou seja, são tipos de conhecimentos que se manifestam como elementos cognitivos, como imagens, conceitos, categorias, teorias, mas que não se reduzem apenas aos conhecimentos cog-nitivos (JODELET, 1984).

Segundo Anadon e Machado (2001, p. 17), o conhecimento do senso comum se sustenta por dois aspectos:

1.º pelo conjunto de conhecimentos oriundos das tradições e experiências compartilhadas entre indivíduos, de ge-ração a geração;

2.º refere-se às imagens mentais e colhi-das de teorias científicas transformadas para servir à vida cotidiana.

Dessa forma, por mais redundante que pos-sa parecer, o senso comum é realmente “comum” pela orientação que promove não apenas ao

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comportamento de um indivíduo, mas ao de toda a coletividade em que se encontra inserido, de-terminando, assim, suas práticas e atitudes. Mas,

[...] acredita-se que essa orientação de comportamento também é constituída por uma tessitura de saberes historica-mente construídos e que colaboram para a constituição de representações sociais mais enraizadas e, consequentemente, mais estáveis. (ANADON; MACHADO, 2001, p. 17).

Assim, sendo socialmente produzidas e compartilhadas, contribuem para a construção de uma realidade comum, possibilitando a comu-nicação entre os indivíduos (ALEXANDRE, 2004).

Outro aspecto para a compreensão do con-ceito de representação social é dado pelo seu pa-pel na formação de condutas: as representações sociais participam da modelação do comporta-mento e justificam sua expressão.

Segundo Moscovici (1978), a representação social subsidia a ação, conduzindo o compor-tamento, bem como o modificando e reconsti-tuindo os elementos do meio ambiente em que se forjou. Para o referido autor, o ser humano, enquanto um ser pensante, formula questões e busca respostas e, ao mesmo tempo, compartilha realidades por ele representadas.

Nessa perspectiva, Moscovici (1978) registra sua concepção do social, ou seja, uma coletivida-de provida de uma racionalidade, não se reduzin-do a um conjunto de cérebros processadores de informações que as transforma e conduze a movi-mentos, atribuições e julgamentos sob a força de condicionamentos externos (ALEXANDRE, 2004). Mas, não acredita que os indivíduos e os grupos estejam sempre e completamente submissos “[...] ao domínio ideológico de classes sociais, do Esta-do, da Igreja ou de escolas.” (ALEXANDRE, 2004, p. 132). A verdadeira dimensão dos seres humanos seria a de pensadores autônomos e produtores constantes de suas representações, para quem as “ciências e as ideologias não são mais que alimen-tos para o pensamento.” (MOSCOVICI, 1981, p. 183 apud ALEXANDRE, 2004, p. 132).

O homem, no percurso de sua contínua ex-teriorização, engendra uma dada ordem social, expressando sua objetivação através das ativida-des que empreende, produzindo, por sua vez, o mundo institucional. Desse modo, as instituições expressam os resultados das tipificações dos há-bitos humanos no decorrer de um espaço e tem-po (BERGER; LUCKMANN, 1987). Ou seja, as ins-tituições são produtos históricos e implicam em um controle social; “[...] a partir da historicidade, as instituições adquirem objetividade e passam a ser experimentadas como se possuíssem realida-de própria” (ALEXANDRE, 2004, p. 133).

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Portanto, a representação tem que ser compartilha-da e elaborada por um determinado grupo, uma vez que sua construção se dá na relação do sujei-to com outro sujeito, com objetos. Neste processo, desconstrói-se uma realidade que não é única nem específica, mas que é compartilhada pela comuni-cação de indivíduos interagentes (MOSCOVICI, 1994 apud VILLAS BÔAS, 2004).

Assim, não há representação social sem objeto e sem um sujeito social, coletivo ou individual, per-tencente a um determinado grupo, pois uma repre-sentação é sempre uma representação de alguém, tanto quanto de alguma coisa.

Sei que você foi capaz de apreender os conte-údos dados, pois se esforçou e muito para essa finalidade. Então, vamos assistir a este filme?

Filmografia“A vida em preto e branco”: Este filme é uma produção do diretor Gary Gross. Produzido em 1998, leva-nos a uma interessante reflexão crí-tica a respeito do papel das Representações Sociais (RS), abordando variadas temáticas que evocam da trama, que são: a família, o casamen-to, a sexualidade, a arte, a juventude, a escola, o exporte, a nutrição e a política.

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A promoção de tais realidades estrangeiras se constituiria, então, a partir de um processo de “integração” e da compreensão de tais realidades pela via da interpretação posta por uma lingua-gem apoiada nos campos de significação, adqui-ridos através da experiência cotidiana (BERGER; LUCKMANN, 1987).

A realidade da vida cotidiana reflete o mun-do intersubjetivo, construído coletivamente, em que cada indivíduo participa e compartilha jun-to com outros indivíduos de atitudes naturais em relação ao mundo. Assim, a cultura que participa e perpassa pelo cotidiano não somente é produ-zida coletivamente, como também permanece real em virtude do conhecimento coletivo. “Estar na cultura significa compartilhar com outros de um mundo particular de objetividades.” (BERGER, 1985, p. 23 apud ALEXANDRE, 2004, p. 134).

A estrutura social é outro aspecto impor-tante da realidade da vida cotidiana. Segundo Alexandre (2004, p. 134),

é por intermédio da sociedade, da in-teração e das relações pessoais que o indivíduo encontra a expressão de sua subjetividade. No compartilhar da in-terssubjetividade, o indivíduo adquire a certeza da realidade vivida e diferencia a realidade da vida cotidiana de outras rea-lidades de que tem consciência. A atitu-de natural é aquela que é compartilhada pela consciência do senso comum, por-que se refere a um mundo que é comum a muitos homens.

O engendramento das representações so-ciais, a partir da vivência na realidade cotidiana, constitui-se de grande importância para que es-tas possam ser tratadas e reconhecidas como expressão de conhecimento pela sociedade. Isso porque a vida cotidiana se apresenta, por exce-lência, como realidade, visto que é corolária das relações que o indivíduo estabelece no dia a dia com o mundo, tornando-se impositiva e urgen-te a apropriação dessa realidade cotidiana pela consciência. “Sendo assim, o indivíduo experi-menta a vida diária num estado total de atenção, que lhe permite apreendê-la de forma normal e natural.” (BERGER, 1985 apud ALEXANDRE, 2004, p. 134).

Outro aspecto, tão importante quanto os supracitados, refere-se às questões relativas ao papel das emoções na construção das represen-tações sociais. Para Maturana (1993a, p. 199), ape-sar da ideia de emoção ser intrínseca à dinâmica biológica, traz uma possível contribuição, ainda que preliminar, ao entendimento da emoção nos processo de construção das representações so-ciais.

Segundo Maturana (1997, p. 170), “[...] ao nos declararmos racionais, vivemos uma cultura que desvaloriza as emoções, e não vemos o entre-laçamento cotidiano entre razão e emoção que constitui nosso viver [...].”

Há tempos, a orientação da Psicologia Cog-nitiva não considerava a emoção, pois esta não se originava da razão, considerando-a, assim, não confiável. Atualmente, poucos são os estudos ar-ticulando cognição e emoção em virtude da Psi-cologia Social Cognitiva possuir orientação “an-

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“Desta forma, a vida cotidiana se apresenta como um mundo subjetivamente dotado de sentido coerente. O mundo da vida cotidiana tem origem no pensamento e na ação dos ho-mens, sendo apreendido como uma realidade ordenada segundo certos padrões que se im-põem à cultura humana. Qualquer aconteci-mento que rompa essa ordenação é integrado a um setor que não pertence à realidade do dia a dia.” (ALEXANDRE, 2004, p. 123-124).

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Por exemplo, ser morador da favela é trazer a “mar-ca do perigo”, é ter uma identidade social pautada pela ideia da pobreza, miséria, crianças na rua, fa-mília desagregada, criminalidade, delinquência. Essas imagens são realimentadas pelos veículos de informação, que trazem notícias sobre “as periferias” sempre do ponto de vista negativo, enfatizando o tráfico de drogas e a violência.

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tiemocionalista”, considerando, no pensamento social, apenas aspectos cognitivos.

Poucos têm sido os avanços na postura cog-nitivista reconhecendo a existência de conteúdos emocionais nas representações sociais, no en-tanto, percebe-se, pelos estudos, a necessidade de se conceber o indivíduo como um todo e que as representações sociais estão encharcadas de experiências cognitivas e afetivas. Segundo Jo-delet (1994, p. 37), “[...] os fenômenos cognitivos engajam a pertença social dos indivíduos com as implicações afetivas e normativas”, às quais estão ligados. Enfatiza ainda que:

[...] as representações sociais devem ser estudadas articulando elementos afe-tivos, mentais e sociais e integrando ao lado da cognição, da linguagem e da comunicação, as relações que afetam as representações e a realidade material, so-cial e ideal sobre as quais elas intervirão. (JODELET, 1994, p. 41).

O próprio Moscovici, enquanto cogniti-vista, preocupava-se com as associações entre aspectos afetivos e simbólicos, enunciando que “[...] as emoções e os afetos são estimulados pe-los símbolos inscritos na tradição, nos emblema--bandeiras, fórmulas etc., aos quais cada um faz ego.” (MOSCOVICI apud LANE, 1993, p. 59-60). Posteriormente, percebe-se, através de outras produções teóricas, que o referido autor vai am-pliando a importância sobre a emoção nas repre-sentações sociais.

Para Ayestaran, De Rosa e Páez (1987), as es-truturas cognitivo-afetivas fazem parte das repre-sentações sociais e possibilitam executar as infor-mações do mundo social e planificar as condutas sociais.

Segundo Spink (1995, p. 118), “[...] as repre-sentações sociais, enquanto formas de conheci-mento, são estruturas cognitivo-afetivas e, desta monta, não podem ser reduzidas apenas ao seu conteúdo cognitivo.” Desse modo, a dimensão emotiva compõe a estruturação da representa-ção social, detendo, desta forma, um importante papel.

Como forma de superar a pseudodicotomia entre cognição e emoção, Maturana (1997, p. 15) argumenta que “[...] todo sistema racional tem um fundamento emocional.” Para Maturana (1997, p. 15), a emoção, do ponto de vista biológico, não é compreendida como sentimento, mas como “[...] disposições corporais dinâmicas que definem os diferentes domínios em que nos movemos.”

De acordo com Villas Bôas (2004, p. 156), para Maturana, “[...] ao se falar de amor, vergonha, medo, etc., conotam-se diferentes domínios de ações e se atua de um modo diferente em cada um deles, como se a pessoa, ou o animal, só pu-desse fazer certas coisas e não outras.”

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“Todas as nossas experiências afetivas, nossas condutas, nossas respostas corporais e ver-bais são efeitos não de uma excitação exterior como tal, mas sim da representação que nós possuímos dela.” (MOSCOVICI apud QUIROZ; MAR-TÍNEZ, 1991, p. 5).E ainda:“[...] as representações sociais sempre se preo-cupam com os aspectos da sensibilidade so-cial, sentimentos sociais, entre outros. [Elas] são indispensáveis para mobilizar as pessoas, para permitir representar o futuro e também para criar vínculos, uma vez que há algo posto em comum com o pensamento, nos sentimentos e no intercâmbio convencional.” (MOSCOVICI, 1999, p. 302).

DicionárioDicionário

A psicologia cognitiva estuda a cognição, os processos mentais que estão por detrás do com-portamento. É uma das disciplinas da ciência cognitiva. Esta área de investigação cobre diver-sos domínios, examinando questões sobre a me-mória, atenção, percepção, representação de co-nhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_cognitiva

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Segundo Méndez Gonzáles (1993, p. 28):

[...] as dimensões fisiológicas de um or-ganismo possibilitaram nele certas con-dutas, através das quais um observador poderá classificar uma emoção. Assim, quando estamos sob o domínio de uma emoção, existem ações que podemos ou que não podemos realizar – pensemos em nossas condutas quando estamos zangados ou alegres. Isto também in-fluencia nosso domínio racional permi-tindo aceitar argumentos que não aceita-ríamos a partir de uma outra emoção.

Nesse sentido, a ação se define pela emoção e não mais pela razão, pois, “[...] quando falamos que nossa conduta é racional apenas encobrimos os fundamentos emocionais sobre os quais esta se apóia, assim como aqueles dos quais surge nossa suposta conduta racional.” (MATURANA, 1993a, p. 20). Enquanto isso, o racional constitui as “[...] coerências operacionais dos sistemas argu-mentativos que construímos na linguagem para defender ou justificar nossas ações.” (MATURANA, 1997, p. 19).

Para Maturana (1993a, 1993b, 1997, 2001), o sentimento é correlativo da reflexão sobre a pró-pria emoção e é, portanto, permeado pela lingua-gem. Dessa forma, enquanto a emoção pertence à dimensão da ação, o sentimento pertence à da linguagem. Mas, o emocionar equivale ao domí-nio de ação, ou seja, há ordenações de condutas que, entrelaçadas com a linguagem, originam o diálogo, ou seja, “[...] o convívio consensual em coordenações de coordenações de ações e emo-ções. Ou ainda, o entrelaçamento entre lingua-gem e emoção na história interativa de um de-terminado sujeito com seu grupo.” (VILLAS BÔAS, 2004, p. 157).

Nessa perspectiva, há uma possível aproxi-mação de Moscovici (1994), o qual afirma que:

Ainda, complementando a discussão sobre a pseudodicotomia entre cognição e sentimento, Madeira (1991, p. 132) ressalta a necessidade de se pensar a representação social como totalização:

[...] deixa de ter sentido a dicotomia entre afetivo, emocional, subjetivo, individual e o que lhes seria oposto, ou seja, o afetivo, o racional, o objetivo e o social. A racio-nalidade, tanto quanto a afetividade e a emotividade, se vincula e opera no con-creto como síntese possível e dinâmica de um processo histórico que a extrapo-la. Todas estas dimensões articulam-se à especificidade da parte pela qual o sujei-to se integra em determinada totalidade social.

Tal conteúdo, por si só, indica-nos a existên-cia do caráter processual na representação social, na medida em que o indivíduo estabelece suces-sivamente uma interação com o concreto, em diferentes dimensões, admitindo o aspecto emo-cional e o racional, bem como todas as suas deri-vações. Assim, tanto o aspecto cognitivo, quanto o emocional se constituem e se articulam no con-creto, na relação que se estabelece entre o indi-víduo consigo próprio, com o seu grupo e outros grupos e sujeitos. Ou, como afirma Jodelet (1994, p. 36), trata-se de “[...] uma forma de conhecimen-to socialmente elaborada e partilhada tendo um objetivo prático e concorrendo à construção de uma realidade comum a um conjunto social”.

As representações sociais ocorrem a partir de con-versas cotidianas tendo por função a elaboração e comunicação entre os indivíduos. Nesse sentido, as classificações de ações e emoções, com o objetivo de criar um universo consensual possibilitando operacio-nalizar o convívio entre os diferentes grupos e sujeitos dele participantes corresponderiam às representações sociais.

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Nesse sentido, o cotidiano se expressa en-quanto um território de possibilidades e realiza-ções3. “Intuir é ver dentro. Em uma rápida olhada é possível ver o interior das coisas. A compreen-são íntima dos objetos se realiza na relação com a vida cotidiana.” (MAFFESOLI, 2008, p. 5).

Figura 3 – Objetos do cotidiano.

Assim, temos como objetivo desta parte teóri-ca oferecer subsídios para a compreensão da noção de cotidiano, na perspectiva histórica4, permitindo o seu emprego, metodologicamente, na investiga-ção dos significados que as representações sociais apresentam nas relações entre os seres humanos.

Inicialmente, estaremos nos referindo ao cotidiano como “território”, indicando este como um “lugar”: espaço e tempo construídos através de um processo de socialização em que há uma forma específica de interação que relaciona o “indivíduo” ao “grupo”, engendrando personali-dades, capacidades e comportamentos que se unem em disputa pela escolha dos traços iden-titários; forma-se ali uma marca que transforma o “espaço” (geográfico, geométrico, variável de tempo) em “lugar” (simbólico) (CERTEAU, 2001). O cotidiano dialoga com o estranho e o diferen-te, reconhecendo-se diante destes. Dessa forma, o território do cotidiano se apresenta como um lugar onde o indivíduo age tornando sua vida hu-mana.

Segundo Heller (2000, p. 20), “[...] a vida co-tidiana não está ‘fora’ da história, mas no ‘centro’ do acontecer histórico: é a verdadeira essência da substância social.” Ou seja,

[...] as relações de trabalho, os atos públi-cos, a vida social, as decisões políticas, os acontecimentos econômicos, os discur-sos formadores de marcas identitárias e todas as ações que, quando destacadas sobressaem-se ao cotidiano, partem da vida cotidiana; ganham particularidade graças ao cotidiano, onde são gestadas e postas em funcionamento. (JUNIOR, 2003, p. 2).

Ou, ainda, conforme Heller (2000, p. 17), “a vida cotidiana é a vida do homem inteiro”, pos-to que é nesse espaço que homens/mulheres se põem em movimento com todos os seus senti-dos, capacidades e potencialidades.

Figura 6 – Representação de raça.

3 As referências bibliográficas básicas, fundamentando teoricamente a compilação desta parte, foram dadas por Junior (2003).4 Apesar de nos reportarmos a tal perspectiva, faz-se importante salientar que a noção de cotidiano não se constitui especificamente pela história, mas pela sua compreensão através de um percurso histórico, enquanto recorte especial: uma história possibilitará o sentido de onde tudo parte, desde o fato mais original até o ordinário.

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É no cotidiano que se produz e se difunde a cultura enquanto um sistema de saberes – do senso comum até os mais complexos.

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Tudo o que pode ser reconhecido como de-sejável ou não para as realizações da vida diária faz parte deste lugar, ou seja, a visão ideológica da realidade, o gosto artístico, a crença religio-sa, os hábitos do dia a dia e as possibilidades das relações familiares com os amigos ou com estra-nhos; em tudo os saberes prévios do cotidiano nos orientam sobre como agir, o que evitar, acei-tar, questionar (JUNIOR, 2003). Dessa forma, abri-ga o contraditório e a incerteza – do relativo ao confuso – expressos nos atos, nas palavras e nos pensamentos.

É no cotidiano que exercemos os atos fun-dadores de nossa identidade e da diferença, seja impondo-nos, propondo, submetendo, por fim, revelando as marcas de nossa individualidade, re-sultando em nosso modo de ser humano, nossa história na sociedade.

É na rotina que o cotidiano se caracteriza, não enquanto atos repetitivos, mas pelo conhe-cimento que aferimos deste cotidiano, pelo saber que construímos para viver de forma satisfatória em um contexto social repleto de atos, os quais se parecem repetir, inclusive fomentados pelos saberes que promovem a suspensão e, até mes-mo, o retorno dos atos. Tais conhecimentos cons-

truídos nesse cotidiano subsidiam nossa sobrevi-vência através das respostas que emitimos frente aos desafios impostos. “Construímos um conheci-mento sobre o mundo e seu funcionamento que se tornam as respostas ao que nos surge como o incerto.” (JUNIOR, 2003, p. 15). O conteúdo das res-postas constitui os saberes dos quais fazemos uso no cotidiano e, por isso, o temos como comum:

O senso comum resulta de uma inteligên-cia sobre o mundo, não se trata apenas de uma explicação mítica e mascaradora da realidade, mas é acima de tudo um sa-ber que promove satisfatoriamente a rea-lização da vida humana. O senso comum lança-se, portanto, e com relativa vitória, contra as incertezas do mundo; torna compreensível, sem crítica, o território do cotidiano e estabelece o ponto de parti-da para a vida do grupo. O cotidiano, po-rém, se aí se inicia, ainda percorre longo caminho em seu processo de concretiza-ção. Por fim, a fluidez do senso comum é que permite o improviso na conduta dos atos diários e tal improviso, permite, por sua vez, a coexistência da norma, como uma moral, com a sua transgressão, no momento em que ela ameaça a ‘norma-lidade’ instituída pelo grupo. (JUNIOR, 2003, p. 5).

O conhecimento do senso comum, neste sentido, organiza-se através dos saberes oriundos das tradições, das identidades e das representa-ções sobre o cotidiano. Assim, é no cotidiano que produzimos os modos de ser e de viver, produzi-mos as percepções e as interações com o tempo e o espaço, as relações sociais, os saberes, os dese-jos e os elementos do imaginário (JUNIOR, 2003).

Acompanhe a bela letra desta música abai-xo, de Ivan Lins e Vitor Martins, na qual os autores querem deixar claro que existe uma grande dife-rença entre nossas certezas cotidianas e o conhe-cimento científico.

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“No cotidiano, construímos a nossa existên-cia como percepção da nossa humanidade e como percepção da identidade e da diferença que estabelecemos com o outro. Reafirmamos, assim, a condição de territorialidade que atri-buímos ao cotidiano, porém não como ‘palco’, um espaço onde ocorre, sem a sua interferên-cia, os acontecimentos, mas como lugar que age: uma rua feita por seres humanos que lhes retorna com significações (da cidade, do bairro, da própria rua) capazes de conferir especifici-dades aos indivíduos que dela participam. Os efeitos que produz hão de conferir sentidos (sempre no plural) à vida humana forjando in-divíduos, tanto no seu ‘ser particular’ quanto no seu ‘ser genérico’. Daí constituirmo-nos de identidades e de diversidades simultaneamen-te.” (JUNIOR, 2003, p. 4).

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Daquilo que eu seiNem tudo me deu clarezaNem tudo foi permitidoNem tudo foi concebido

Daquilo que eu seiNem tudo foi proibido

Nem tudo me foi possívelNem tudo me deu certeza

Não fechei os olhosNão tapei os ouvidosChorei, toquei, provei

Ah! Eu usei todos os sentidosSó não lavei as mãos

É por isso que eu me sintoCada vez mais limpo...

Figura 5 – Senso comum.

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Por meio da literatura que trata sobre o senso co-mum, é possível afirmar que se trata de um conhe-cimento vulgar, pois se supõe que a compreensão do mundo é resultado da herança fecunda de um grupo social e das experiências atuais que con-tinuam sendo efetuadas. Neste sentido, o senso comum descreve as crenças e as proposições que aparecem como normal, sem depender de uma in-vestigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas.Ou seja, no senso comum não há uma análise em profundidade, mas sim uma espontaneidade de ações relativas aos limites do conhecimento do in-divíduo que vão passando por gerações. Assim, o senso comum é o que as pessoas comuns usam no seu cotidiano, aquilo que é natural e fácil de com-preender, o que elas pensam que sejam verdades e que lhes traga resultados práticos herdados pelos costumes. Esse entendimento ocorre como uma forma de compreendermos tudo aquilo que faz parte do nosso meio social, ou seja, são os saberes adquiridos por meio de experiências no nosso dia a dia e está dado nos nossos costumes, nas normas de vida, nas éticas, nos hábitos, nas tradições e em tudo aquilo que se necessita para se viver.

O carteiro e o poeta - Direção: Michael Ra-dford.Sinopse: Por razões políticas, o poeta Pablo Neruda (Phillippe Noiret) se exila em uma ilha na Itália. Lá, um desempregado (Máximo Troisi) quase analfabeto é contratado como carteiro extra, encarregado de cuidar da correspondên-cia do poeta, e gradativamente entre os dois se forma uma sólida amizade.

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Concluídos os estudos deste primeiro capítulo, contextualizamos sobre as representações sociais e o cotidiano enquanto categorias intrínsecas nas práticas sociais. Sei que houve um esforço muito grande de sua parte visando à apreensão dos conteúdos dados. Para exemplificar sobre as representações que fazem do assistente social, vale ressaltar que esse profissional é visto historicamente “como a moça boa-zinha que tem pena dos pobres”. A outra frase é que “assistentes sociais são prolixas, gostam de reunião e não resolvem nada”. São representações que estão no imaginário popular. Sabemos que o assistente social representa sim um profissional que atua na perspectiva interventiva nos mais variados espaços sócio-ocupacionais onde as expressões da questão social se fazem presentes, buscando garantir os direi-tos desses cidadãos e a emancipação.

1.1 Resumo do Capítulo

1.2 Atividades Propostas

Após concluirmos as leituras deste capítulo, uma forma de avaliar a sua apreensão sobre como in-terpreta os conteúdos que foram ministrados é partirmos para uma atividade pela qual possa refletir para posteriormente oferecer uma resposta às questões ora formuladas. Vamos lá!

Questões:

1. Como você interpreta, a partir da sua reflexão, as representações sociais e o cotidiano?

2. Em sua opinião, como devem ocorrer as representações sociais no cotidiano?

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Caro(a) aluno(a),

Creio que você se esforçou bastante para apreender os conteúdos dados no primeiro ca-pítulo, buscou pesquisar outras fontes que foram sugeridas para compreender todos os conceitos. Agora vamos nos dedicar ao segundo capítulo5

cujo primeiro tópico tem como propósito contex-tualizar, sucintamente, os fundamentos teórico--metodológicos e o instrumental técnico-operati-vo do Serviço Social durante a trajetória histórica brasileira.

O Serviço Social como uma profissão especia-lizada do trabalho coletivo, com funções definidas na divisão sociotécnica do trabalho, vem, historica-mente, fundamentando seu exercício profissional e as assimilações provenientes deste através de um acervo intelectual, da história cultural.

O Serviço Social, ao buscar sua explicação nas determinações históricas da sociedade, reflete uma maneira particular da subjetividade conhe-cer o ser, ou seja, reflete uma concepção de me-todologia que procura apreender a realidade em

suas conexões essenciais. Assim, é neste modo de captar o ser, a realidade em um contínuo mo-vimento de aproximação da subjetividade com a totalidade complexa, que se institui a metodolo-gia enquanto uma relação necessária que impõe ao sujeito a captura do objeto.

Nesse sentido, a reflexão sobre a temática da metodologia no Serviço Social implica consi-derar o movimento entre tradicionalismo e reno-vação, construído historicamente pelos profissio-nais na realidade. Mas, as posições metodológicas diferenciadas pela profissão revelam a polariza-ção entre o Serviço Social de enfoque tradicio-nal, dado por uma racionalidade formal-abstrata, herdeira da tradição positivista, e o Serviço Social renovador, pautado na racionalidade crítico-dia-lética.

O EMBASAMENTO FILOSÓFICO DOS FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL E SEUS DESDOBRAMENTOS

2

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O Serviço Social emerge na sociedade enquanto par-te de uma estratégia da burguesia e do Estado para responder, de forma coercitiva, às sequelas da “ques-tão social” oriundas das condições de reprodução da classe que vive do trabalho.

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A apreensão do objeto, nesse sentido, não está dada nem é absoluta, mas é construída historica-mente na dinâmica da realidade.

5 A referência bibliográfica básica, fundamentando teoricamente a compilação desta parte, foi dada por Carneiro (1998).

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A maneira de o Serviço Social conhecer o ser que se constitui na sociedade capi-talista – o ser social – não é dada apenas pela absorção das teorias do pensamento social contemporâneo, mas pelas condi-ções históricas que exigem da profissão respostas à dinâmica social. (CARNEIRO, 1998, p. 15).

Tal condição pressupõe que a apreensão da realidade não se constitui de forma linear e, por-tanto, as diferenças metodológicas não são cons-truídas por uma decisão arbitrária do assistente social, mas expressam a dinâmica social.

Em uma quadra histórica, a concepção de metodologia no Serviço Social está associada à delimitação de procedimentos e instrumentos técnicos para orientar o exercício profissional, o que não implica que não exista um substrato me-todológico fundamentando a análise da socieda-de e da própria profissão. Mas, faltava à profissão a concepção de método enquanto relação entre sujeito e objeto, ou seja, a profissão não ques-tionava a questão do método enquanto um pro-cesso constituído objetivamente para capturar a complexidade dos fenômenos sociais, iniciando a problematização de tal questão somente no mar-co histórico conhecido como renovação, através de perspectivas teórico-metodológicas que fun-damentavam a profissão.

DicionárioDicionário

Tradicionalismo: (tradicional+ismo) 1 Apego as tradições ou usos antigos; qualidade de quem é desafeiçoado às ideias do progresso. Em política significa um sistema dos que preconizam o resta-belecimento dos princípios e práticas dos gover-nos tradicionais, isto é, daqueles que administram a nação antes da adoção do regime constitucional e representativo. O Serviço Social na sua tradição utilizava uma prática voltada aos interesses bur-gueses, por entender que esta era única forma de consolidar-se como grupo profissional.

Renovação: (renovar+ação) Ato ou efeito de reno-var ou renovar-se; renova-se, renevoamento. No serviço Social especialmente na década de 60 a ca-tegoria profissional insatisfeita com a forma como vinha se operando a sua prática e com a manifes-tação dos movimentos reivindicatórios das classes subalternizadas fazendo oposição à burguesia os assistentes sociais se colocam a favor de uma re-novação profissional e iniciam a luta contra o con-servadorismo que se denominou o “Movimento de Reconceituação do Serviço Social”.

Crítico-daialética: É uma maneira reflexiva para compreendermos sobre as contradições postas na sociedade, ou seja, procurar compreender a realidade na perspectiva de uma contradição, mas que está em constante movimento/transformação e esta se constrói e reconstrói neste mesmo movimento.

Fonte: http://www.bussolaescolar.com.br.

Desde sua origem, o Serviço Social desen-volve-se marcado por uma contradição básica:

�� uma intenção subjetiva de superação das diferenças sociais (utopia cristã);

�� uma ação efetiva que consolida a repro-dução das desigualdades sociais a par-tir do exercício do controle ideológico dos grupos sociais.

No Brasil, somente a partir das transforma-ções na organização capitalista, na década de 1940, a profissão se inscreve na divisão sociotéc-nica do trabalho, legitimando-se através do de-sempenho de funções específicas na esfera das políticas públicas. Nesse momento, a formação e o exercício profissional foram marcados pela in-fluência europeia, por uma base mais doutrinária que científica.6

2.1 Serviço Social Tradicional

6 Leitura obrigatória sobre tal assunto: Kfouri (1949).

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Compreende-se, assim, como categoria profissional, integrado à organização da socie-dade capitalista, participando historicamente da reprodução das relações sociais a partir da pres-tação de serviços assistenciais, nas esferas estatal e privada e aos movimentos sociais, participando, assim, de forma indireta, da produção da riqueza social através da reprodução da força de trabalho pela garantia e materialização dos serviços so-ciais.

Nesse contexto, são apropriados pela pro-fissão os referenciais teóricos funcionalistas da produção norte-americana, não rompendo, ain-da, com os pressupostos ético-abstratos do dou-trinarismo cristão; ao contrário, subordina-os às ideias funcionalistas norte-americanas.7

A ordem social, segundo essa perspectiva, deve ser mantida através de um processo de regu-lação e controle das relações sociais para atender às necessidades de reprodução capitalista.

A concepção de metodologia tradicional, baseada na teoria funcionalista, analisa a realida-de a partir da expressão objetiva dos fenômenos sociais, imbuída da ideia de adaptação do indiví-duo ao meio, à sociedade capitalista, através das abordagens de “caso” e “grupo” do Serviço Social, no controle de situações-sociais-problema resul-tantes de disfunções individuais e sociais.8

A necessidade imperativa de responder às mazelas da questão social face ao processo de reprodução das classes impõe ao Serviço Social a construção de um aparato técnico. Nessa pers-pectiva técnico-operativa, a questão da metodo-logia do Serviço Social assumiu a configuração de procedimento operativo. O domínio da técnica, dos instrumentos, passou a ser uma das prerroga-tivas básicas da profissão para atender aos novos padrões de racionalização da assistência, sendo, então, a questão metodológica associada a uma concepção instrumental9 de profissão que de-veria primar pela qualidade e pela eficiência na operacionalidade de seus objetivos, suas funções e seus instrumentos técnicos. É dessa angulação técnico-operativa que o Serviço Social avança em termos da apreensão do caráter confessional, ca-ritativo da prática assistencial, e faz sua entrada nas Ciências Sociais.

Nas décadas de 1940 e 1950, predomina na profissão a influência de obras clássicas e tra-dicionais norte-americanas que, decisivamente, interferiram na produção teórica e no debate metodológico. A produção brasileira, ainda que restrita a determinados textos, constituiu-se pela associação sincrética do pensamento conserva-dor de base neotomista às teorias da Psicologia e Sociologia norte-americanas, expressas no Servi-ço Social de enfoque tradicional. Foram aprimora-dos e incorporados, nesses textos, os métodos de caso, grupo e comunidade derivados da proposta metodológica norte-americana.

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O Serviço Social caracteriza-se como disciplina de intervenção na realidade para responder às mani-festações da questão social.

7 Sobre tais questões, sugestão de leitura: Junqueira (1980).8 Sugestão de leitura: Carvalho (1980).9 O termo “instrumentalidade” se refere à qualidade de um determinado conhecimento ou saber em oferecer a possibilidade de construção de recursos de natureza interventiva que chamamos de instrumentos. A instrumentalidade é uma qualidade inerente a um determinado conjunto logicamente organizado de saberes complementares cuja essência é estabelecer sua possibilidade interventiva sobre realidades de antemão já essencialmente equacionadas sob forma de conceitos (em diversos graus de abstração) por uma “teoria” ou conjunto de afirmações conceituais do tipo explicativo sobre essas realidades. “[...] Assim, a instrumentalidade de uma teoria científica está logicamente interligada ao paradigma [...] a instrumentalidade evidencia, então, a possibilidade de se atuar na realidade de algum modo, mas pelas disposições intrínsecas ao paradigma, o que significa que deverá fazê-lo de uma determinada maneira e não de outra, aquela que responda tanto ao ‘sentido’ dado pela teoria à realidade, quanto ao possível da teoria em relação à sua abordagem. Os instrumentos são, pois, invenções logicamente apoiadas que consubstancializam as possibilidades operacionais de uma teoria, ou seja, a sua instrumentalidade. [...]” (p. 33). “A uma determinada perspectiva da realidade um paradigma, a cada paradigma a sua instrumentalidade, e a cada instrumentalidade os seus instrumentos.” (DONZELLI, 2000, p. 34).

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Importante enfatizar que a questão meto-dológica, expressa nas origens e na profissiona-lização do Serviço Social, apresentava diferença e similaridade. A diferença é que a perspectiva tomista, baseada em princípios ético-abstratos, promovia uma análise da realidade a partir de um julgamento moral, subjetivo, dos problemas so-ciais. Essa concepção metodológica valorizava a moral, os valores éticos, enquanto a perspectiva funcionalista, presente na institucionalização do Serviço Social, fundamentada no conhecimento de disciplinas das Ciências Sociais, apreendia de forma racional, técnico-científica, os fenômenos sociais a partir de sua expressão objetiva. No en-tanto, ambas as perspectivas tinham em comum o pressuposto de manutenção e da regulação da ordem social capitalista, mesmo por caminhos di-ferentes, para chegar à resolução dos problemas sociais.

Essas concepções metodológicas não se propunham a capturar as conexões essenciais que constituem o ser social burguês, mas apenas os aspectos exteriores, factuais, que poderiam ser formalmente manipuláveis, a depender do objeto em análise – o método foi reduzido à delimitação de técnicas e procedimentos para auxiliar no or-denamento e na execução da prática profissional. Tal condição se constituía no momento da inter-venção face à compreensão do método enquanto modelo formal-abstrato, em que a razão manipu-la os fenômenos da realidade – seleciona, orga-niza e sistematiza os dados empíricos, segundo os princípios de integração social da perspectiva funcionalista. A metodologia realizava um orde-namento à realidade via controle das disfunções sociais, correspondendo às requisições da teoria funcional.

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O conservadorismo católico, que caracterizou os anos iniciais do Serviço Social brasileiro, começa, especialmente a partir da década de 1940, a ser “tecnificado” ao entrar em contato com o Serviço Social norte-americano e suas propostas de traba-lho, permeadas pelo caráter conservador da teoria social positivista.

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A forte influência norte-americana na América La-tina e no Brasil, a partir do segundo pós-guerra, irá penetrar também na profissão com a incorporação das teorias estrutural-funcionalistas e das metodo-logias de intervenção, especialmente o Serviço So-cial de Caso e o Serviço Social de Grupo. Conforme Yazbek (1984, p. 71), “[...] a orientação fun-cionalista foi absorvida pelo Serviço Social, configu-rando, para a profissão propostas de trabalho ajus-tadoras e um perfil manipulatório, voltado para o aperfeiçoamento dos instrumentos e técnicas para a intervenção, com a busca de padrões de eficiên-cia, sofisticação de modelos de análise, diagnóstico e planejamento, enfim, uma tecnificação da ação profissional acompanhada de uma crescente buro-cratização das atividades institucionais.”

2.2 A Modernização no Serviço Social

O processo de renovação10 do Serviço Social se engendrou em meados da década de 1960 de forma plural, criticando fortemente os fundamen-tos teórico-metodológicos, os quais detinham influência neotomista, e o funcionalismo com

proposições metodológicas norte-americanas, dados pela escola tradicional e que subsidiavam a produção de conhecimento e o exercício pro-fissional.

10 Sobre este assunto, o processo de renovação do Serviço Social, é imprescindível o estudo da obra de Netto (2001).

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O processo de renovação foi tributário das transformações vivenciadas pela sociedade brasi-leira naquele período, resultantes da Ditadura Mi-litar (Estado autoritário), bem como da expansão monopolista.

Figura 6 – Passeata contra a ditadura militar no Brasil.

Figura 7 – Homem sendo agredido pela força militar.

Figura 8 – A censura pela livre expressão.

Essa reflexão apontou vários caminhos que possibilitassem a ruptura com o tradicionalismo (influência do humanismo cristão) a partir da aproximação e da crítica às teorias sociais, como o estrutural-funcionalismo, a fenomenologia e a tradição marxista.

O Serviço Social ensaia uma convivência metodológica sincrética (SINCRETISMO, 2009):

�� ora centrava o debate profissional pau-tado na perspectiva estrutural-fun-cionalista, que enfatizava o domínio técnico, a aplicação de instrumentos enquanto mecanismo de regulação e ordenação do exercício profissional;

�� ora postulava a necessidade de apro-priação do método crítico-dialético como possibilidade de apreender a realidade em suas determinações ob-jetivas, inovando, em termos, uma in-terpretação metodológica do Serviço Social.

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A Ditadura Militar foi um período compreendido entre 1964 a 1985, em que a política brasileira foi governada pelos militares. Foi um período caracteri-zado pela falta de democracia, pela supressão de di-reitos constitucionais, pela censura, pela persegui-ção política e pela repressão aos que eram contra ao regime militar.

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É a partir da renovação profissional, nos anos 1960, no Movimento de Reconceituação na América Lati-na, que o Serviço Social busca refletir sobre os refe-renciais teórico-metodológicos.

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A perspectiva modernizadora, em parti-cular, destacou-se pela apropriação dos pressu-postos estrutural-funcionalistas e, dentre suas proposições, estava a exigência da profissão em adquirir um novo estatuto científico e em definir uma nova metodologia de ação através do aper-feiçoamento e da incorporação de novos procedi-mentos técnicos para tornar eficaz a intervenção e integrar-se ao projeto de desenvolvimento lati-no-americano. Esse momento descortina um Ser-viço Social preocupado em responder à proble-mática social a partir da seleção, da classificação e da sistematização de situações-sociais-problema.

Mais uma vez, o Serviço Social, embora pautado pelo referencial estrutural-funcionalista, tomou como referência a prática imediata para tratar a questão metodológica, restringindo-a à definição de conhecimentos técnicos específicos, ou seja, ao aperfeiçoamento dos modelos de diag-nóstico e intervenção. A técnica se sobrepunha à possibilidade do profissional capturar a legalidade do mundo real e produzir conhecimento.

Nesse momento, o Serviço Social brasileiro busca enfrentar a questão da metodologia, pro-curando associar uma referência teórica (estrutu-ral-funcionalismo) às requisições instrumentais do exercício profissional através da proposição de um modelo de intervenção. Dessa busca, prevale-ce a concepção da “metodologia da ação” – pro-cedimentos operativos aplicáveis à realidade so-cial –, com formulação lógico-abstrata e tributária de uma racionalidade instrumental manipulado-ra, na qual a razão conduzia a uma ordenação sis-temática dos fenômenos sociais sem remeter tal sistematização a um tratamento mais analítico.

Tal aproximação se desenvolveu de forma complexa, dadas as condições histórico-sociais da realidade brasileira naquele período (Ditadura Militar) e as diferentes tendências do pensamen-to social contemporâneo a que o Serviço Social recorreu.

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A perspectiva modernizadora de reatualização do conservadorismo e de intenção de ruptura (reno-vação) impulsionou em termos teórico-metodoló-gicos a crítica à herança tradicional.

Sugestão de leitura: IAMAMOTO, Marilda Vilela. Re-novação e conservadorismo no serviço social. São Paulo: Cortez, 1992.

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A perspectiva modernizadora avançou em ter-mos da construção de um novo perfil sociotécni-co através da defesa do profissional como agente dinamizador e integrador do processo de desen-volvimento e, ainda, pela definição de uma nova metodologia de ação e aperfeiçoamento dos ins-trumentos técnicos (Doc. Teresópolis). No entanto, a questão metodológica continuava reduzida à de-finição de procedimentos operativos.

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Outra proposta metodológica, no entanto, foi dada pela perspectiva de intenção de ruptura que tam-bém se propôs a romper com as bases metodoló-gicas tradicionais, aproximando o Serviço Social à tradição marxista.

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A assimilação do marxismo pelo Serviço Social se desenvolve, de forma complexa, reduzida à prática política e à leitura de textos vulgares. Nessas con-dições, a produção acadêmica do Serviço Social se resume, no início, a leituras do “estruturalismo mar-xista” de Althusser, expressas nas concepções de “prática teórica” e “aparelhos ideológicos do Estado”.

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Figura 9 – Abaixo a ditadura.

Os caminhos teóricos que levaram o Servi-ço Social ao marxismo foram marcados pelo ecle-tismo, pela associação sincrética dos anseios da militância política ao epistemologismo althusse-riano, com a ausência da teoria social de Marx. Em função desse ecletismo, estabeleceu-se uma ten-são entre as propostas revolucionárias de trans-formação da ordem burguesa e os recursos teóri-cos disponíveis para se realizar uma análise mais profícua da realidade e da profissão nela inserida.

O método marxiano e a obra de Marx se fa-zem ausentes no debate profissional. As análises teóricas eram caudatárias da influência tradicio-nal, na medida em que se operou com a separação entre a teoria (dimensões lógicas do método) e o movimento da sociedade (dimensão histórica do método), refletindo, na produção de conhecimen-to, a possibilidade de captura da realidade social.

Porém, a década de 1980 registra não so-mente o debate da metodologia, apoiado na interlocução com a teoria marxista sob novas bases, mas também o surgimento, no cenário profissional, de outros questionamentos, como a discussão teórica em torno da existência, ou não, de uma teoria e uma metodologia específica do Serviço Social.

Ou seja, afirmavam que a produção do co-nhecimento no Serviço Social não derivava de um arcabouço teórico particular; o saber profis-sional se constituía a partir do conhecimento in-corporado das matrizes do pensamento social. Também foram unânimes em reconhecer que a teoria social de Marx possibilitava a recuperação da totalidade complexa do ser, evidenciando a transformação social como elemento básico da atividade humana.

Figura 10 – Karl Max (1818-1883).

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Questionavam a aproximação do Serviço Social ao método dialético, e muitos estudiosos afirmavam a não existência de uma teoria e uma metodologia próprias ao Serviço Social, mas um conhecimento oriundo das Ciências Sociais e da tradição marxista.

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Somente na década de 1980, a categoria profis-sional desenvolve uma revisão da formação pro-fissional, retomando e aprofundando as críticas à questão metodológica, polarizada pelo debate de posições teóricas, e à herança tradicional, com a perspectiva da construção de um novo projeto pro-fissional comprometido com os interesses da classe trabalhadora.

Neste sentido, o trabalho acadêmico desenvolvido por profissionais e professores de Serviço Social da Universidade de Belo Horizonte – método BH – des-tacou-se como a primeira produção metodológica pautada num referencial marxista.

Sugestão de leitura: SANTOS, Leila Lima. Textos de serviço social. São Paulo: Cortez, 1982.

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Desses questionamentos, duas concepções de metodologia sobressaíram:

�� uma, como o conjunto de procedimen-tos de intervenção, permitindo a passa-gem da teoria à prática; outra,

�� uma concepção de metodologia en-quanto um modo de conhecer e inter-pretar o ser social.

Apesar de as diferenças postas nas con-cepções, a primeira se apoiava na racionalidade formal-abstrata, e a segunda, na racionalidade crítico-dialética. A partir desse debate sobre a metodologia, com a assimilação dos pressupos-tos ontológicos, o Serviço Social apresentou mais possibilidades de apreender as transformações da sociedade capitalista e superar as análises sin-gulares que são tributárias da herança conserva-dora profissional.

2.3 Resumo do Capítulo

2.4 Atividades Propostas

Chegamos ao fim dos estudos deste segundo capítulo. Nele, falamos sucintamente sobre os funda-mentos teórico-metodológicos e o instrumental técnico-operativo do Serviço Social durante a trajetória his-tórica brasileira. Vale acrescentar que o período em que se fazia a crítica ao conservadorismo estava pautado pelos ditames da ditadura militar, ou seja, tempos difíceis dadas as condições históricas daquele momento. Você percebeu como o Serviço Social brasileiro foi se engendrando na busca de uma metodologia e, mesmo agindo ecleticamente, finalmente foi se encontrar com a teoria crítico-dialética enquanto um modo de co-nhecer e interpretar o ser social na tentativa de romper com o tradicional conservadorismo.

Concluídas as leituras deste capítulo, vamos então proceder a uma avaliação para verificar se você compreendeu os conteúdos que foram ministrados. Assim, vamos partir para uma atividade pela qual possa refletir tais conteúdos e, a partir das questões dadas, oferecer as respostas que você entendeu como corretas. Vamos lá!

Questões:

1. Como você interpreta o Serviço Social enquanto uma profissão especializada?

2. Como se deu o processo de renovação do Serviço Social na década de 1960?

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Caro(a) aluno(a),

Na finalização de cada capítulo, foram apresentadas duas atividades por intermédio de questões que visam à reflexão para posterior resposta. Acredito que você tenha feito as leituras na busca de apreen-dê-las para oferecer uma resposta coerente. Pensando nisso e como forma de contribuição, apresento--lhe os comentários das questões formuladas para contribuir neste processo de aprendizagem.

CAPÍTULO 1

1. Comentário: As representações sociais parecem ser um caminho viável que nos auxilia a com-preender o funcionamento dos sistemas de referência que utilizamos para classificar pessoas e grupos e ainda para interpretar os acontecimentos da realidade cotidiana. As representações possuem relações com a linguagem, com a ideologia e o imaginário social. Seu papel se presta à orientação de condutas e das práticas sociais. Assim, as representações sociais constituem elementos essenciais à análise dos mecanismos que interferem na eficácia do processo profis-sional na realidade e que atua. A representação social é um recurso muito importante para se viver em sociedade, isso porque ela engloba explicações, ideias e manifestações culturais que caracterizam um determinado grupo.

2. Comentário: Tudo o que pode ser reconhecido como desejável, ou não, para as realizações da vida diária faz parte deste lugar, ou seja, a visão ideológica da realidade, o gosto artístico, a crença religiosa, os hábitos do dia a dia e as possibilidades das relações familiares, com os ami-gos ou com estranhos; em tudo os saberes prévios do cotidiano nos orientam sobre como agir, o que evitar, aceitar, questionar (JUNIOR, 2003).

CAPÍTULO 2

1. Comentários: A formação profissional do assistente social, no Brasil, centrou-se na valorização do método, destacando-se a instrumentalização técnica. O Serviço Social como uma profissão especializada do trabalho coletivo, com funções definidas na divisão sociotécnica do trabalho, vem, historicamente, fundamentando seu exercício profissional e as assimilações provenientes dos fundamentos teóricos metodológicos e do instrumental técnico através de um acervo in-telectual da história cultural.

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS

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2. Comentários: É a partir da renovação profissional, nos anos 160, no Movimento de Recon-ceituação na América Latina, que o Serviço Social busca refletir sobre os referenciais teórico--metodológicos. Essa reflexão apontou vários caminhos que possibilitassem a ruptura com o tradicionalismo (influência do humanismo cristão) a partir da aproximação e da crítica às teo-rias sociais, como o estrutural-funcionalismo, a fenomenologia e a tradição marxista.

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