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FUNDAÇÃO ESCOLA TÉCNICA LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA GUILHERME ARTHUR FAISTAUER TIAGO LAZZARETTI WEBER CARACTERIZAÇÃO DE MOLDE EM PROCESSO CURA A FRIO UTILIZANDO AREIA REGENERADA EM PROCESSO TÉRMICO Orientador: Ronaldo Raupp Novo Hamburgo, setembro de 2016.

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FUNDAÇÃO ESCOLA TÉCNICA LIBERATO SALZANO VIEIRA DA CUNHA

CURSO TÉCNICO DE MECÂNICA

GUILHERME ARTHUR FAISTAUER

TIAGO LAZZARETTI WEBER

CARACTERIZAÇÃO DE MOLDE EM PROCESSO CURA A FRIO UTI LIZANDO

AREIA REGENERADA EM PROCESSO TÉRMICO

Orientador: Ronaldo Raupp

Novo Hamburgo, setembro de 2016.

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GUILHERME ARTHUR FAISTAUER

TIAGO LAZZARETTI WEBER

CARACTERIZAÇÃO DE MOLDE EM PROCESSO CURA A FRIO UTI LIZANDO

AREIA REGENERADA EM PROCESSO TÉRMICO

Projeto de Integração Disciplinar apresentado

ao Curso Técnico de Mecânica da Fundação

Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da

Cunha como requisito parcial para a aprovação

nas disciplinas do curso.

Orientador: Ronaldo Raupp

Novo Hamburgo, setembro de 2016.

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RESUMO

Em processos de fundição, onde areias são usadas para a moldagem e macharia, essa

se torna resíduo após o processo e é descartada em aterros especializados, conforme a norma

NBR - 10004. Todavia, visando evitar o descarte excessivo e mirando também os impactos

ambientais gerados pelo descarte de areias contaminadas com resina aglomerante, foram

estudados diferentes métodos de limpeza desses grãos de areia, para que esses sejam

reutilizados em moldagem. Um desses métodos é o térmico, que utiliza um equipamento

denominado reator via Leito Fluidizado para a execução da limpeza dos grãos. O princípio de

funcionamento do sistema é baseado na fuidização de partículas e na adição de calor à elas

para que a "casca" de resina contaminante seja volatilizada. Entretanto para que se confirme a

viabilidade da reciclagem industrial das areias regeneradas, devem ser executados ensaios de

caracterização química e física nos grãos e em machos fabricados a partir de areia regenerada.

A primeira parte da caracterização, ou seja, a caracterização dos grãos de areia em si, foi

introduzida no ano de 2015, pelo pesquisador Matheus Simon, da Universidade do Vale do

Rio dos Sinos em São Leopoldo, obtendo resultados para a análise comparativa referentes à

teor de umidade dos grãos, distribuição granulométrica, microscopia ótica, massa específica e

perda ao fogo. Com isso, conclui-se que os grãos de areia estão aptos segundos os requisitos

de moldagem e macharia para a reutlização industrial. Então, a seguinte pesquisa propôs os

ensaios de caracterização de machos fabricados a partir do processo cura a frio com resina

fenólica-uretânica, sendo eles o teor de umidade e a permeabilidade, visando a confirmação,

ou não, do possível emprego de areias regeneradas pelo reator via Leito Fluidizado, em

moldagem. Os resultados obtidos nos ensaios de teor de umidade dizem que o valor de

umidade de um molde com areia nova é de 2%, enquanto o teor de umidade de um macho

feito de areia regenerada é de 2,7%. Já o coeficiente de permeabilidade da areia nova se deu

em 7,88.10-4 cm/s quando a areia regenerada apresentou o coeficiente de permeabilidade igual

à 7,65.10-4 cm/s.

Palavras-chave: Cura a frio. Regeneração Térmica. Caracterização.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fundição em processo Pep Set .................................................................................. 9

Figura 2 - Moldagem por cura a frio. ....................................................................................... 10

Figura 3 - Areia recuperada, contaminada com resina fenólica-uretânica ............................... 12

Figura 4 - Fluidização de partículas ......................................................................................... 14

Figura 5 - Tubo fluidizador ...................................................................................................... 15

Figura 6 - Esquema representativo do regenerador térmico ..................................................... 16

Figura 7 - Ensaio de distribuição granulométrica ..................................................................... 18

Figura 8 - Gráfico da distribuição granulométrica de areia base .............................................. 19

Figura 9 - Distribuição granulométrica das areias regeneradas ................................................ 20

Figura 10 - Microscopia ótica de areias novas e regeneradas .................................................. 21

Figura 11 - Picnômetro à Hélio ................................................................................................ 22

Figura 12 - Massas Específicas ................................................................................................ 22

Figura 13 - Valores de perda ao fogo ....................................................................................... 24

Figura 14 - Permeâmetro de carga constante ........................................................................... 25

Figura 15 - Resinas parte I e parte II e catalisador ................................................................... 27

Figura 16 - Matriz para moldagem dos machos ....................................................................... 28

Figura 17 - Amostra de macho para determinação de teor de umidade ................................... 30

Figura 18 - Areia em processo de saturação ............................................................................. 31

Figura 19 - Compactação do corpo de prova no cilindro de ensaio ......................................... 32

Figura 20 - Tubo de ensaio para medição de volume de água e de temperatura ...................... 33

Figura 21 - Adição dos materiais à matriz e polimerização ..................................................... 34

Figura 22 - Exemplo de macho no formato borboleta .............................................................. 35

Figura 23 - Balança analítica para medição das massas para teor de umidade ........................ 36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Ordem de adição para fabricação de moldes ........................................................... 29

Tabela 2 - Valores das massas do ensaio de teor de umidade .................................................. 36

Tabela 3 - Massas medidas ....................................................................................................... 37

Tabela 4 - Teores de umidade................................................................................................... 37

Tabela 5 - Valores medidos para cálculo de permeabilidade da areia nova ............................. 38

Tabela 6 - Valores de condutividade hidráulica da areia nova ................................................. 38

Tabela 7 - Valores medidos para cálculo de permeabilidade da areia regenerada ................... 39

Tabela 8 - Valores de condutividade hidráulica da areia regenerada ....................................... 39

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 8

2.1 Processo de fundição .......................................................................................................... 8

2.1.1 Processo de fundição em areia........................................................................................... 8

2.1.2 Cura a frio ........................................................................................................................ 10

2.1.3 Resina fenólica-uretânica ................................................................................................ 10

2.1.4 Catalisador para cura a frio .............................................................................................. 11

2.2 Regeneração de areias usadas em processo de moldagem para fundição ................... 11

2.2.1 Regeneração Química ...................................................................................................... 13

2.2.2 Regeneração Mecânica .................................................................................................... 13

2.2.3 Regeneração Térmica ...................................................................................................... 13

2.3 Caracterização de areias de fundição ............................................................................. 16

2.3.1 Teor de Umidade ............................................................................................................. 17

2.3.3 Geometria granular .......................................................................................................... 20

2.3.4 Massa Específica ............................................................................................................. 21

2.3.5 Perda ao Fogo .................................................................................................................. 23

2.3.6 Permeabilidade ................................................................................................................ 24

3 METODOLOGIA................................................................................................................ 26

3.1 Aquisição das areias ......................................................................................................... 26

3.2 Aquisição da resina fenólica-uretânica e catalisador Quantum 3609 .......................... 27

3.3 Confecção dos machos com resina aglomerante ............................................................ 28

3.3.1 Matriz para a moldagem dos machos .............................................................................. 28

3.3.2 Mistura das resinas com areia e cura dos machos ........................................................... 29

3.4 Ensaio de teor de umidade dos machos .......................................................................... 29

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3.5 Ensaio de determinação da permeabilidade das areias ................................................ 30

4 RESULTADOS .................................................................................................................... 34

4.1 Confecção dos machos com resina fenólica-uretânica .................................................. 34

4.2 Resultados da determinação do teor de umidade dos machos ..................................... 36

4.3 Resultados das determinações de permeabilidade ........................................................ 38

5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 40

6 PROPOSTAS DE CONTINUAÇÃO ................................................................................. 41

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 42

ANEXO A ................................................................................................................................ 45

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1 INTRODUÇÃO

O Curso Técnico de Mecânica da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da

Cunha propõe aos alunos de 3° e 4° a realização de um projeto de pesquisa anual, para que os

alunos busquem solucionar um problema de livre escolha dentro da área técnica, valendo 10%

da pontuação geral de todas as disciplinas do curso. O grupo, composto por dois alunos do

último ano do curso, resolveu manter a área de pesquisa abordada durante o ano anterior. Com

isso, o foco das pesquisas continuou sendo a regeneração de areias usadas em processo de

fundição, com o auxílio do NucMat (Núcleo de Caracterização de Materiais) da Universidade

do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de São Leopoldo. O Nucmat é coordenado pelo Prof.

Dr. Carlos Alberto Mendes Moraes e é responsável pelo financiamento e apoio a pesquisas de

diversas áreas, entre elas a de regeneração de areias de fundição.

A regeneração térmica é um processo que vem sendo estudado pelos pesquisadores do

NucMat há muitos anos. O sistema de regeneração foi desenvolvido no ano de 2013 pelo

pesquisador Johnny Severo, e otimizado e estudado segundo as qualidades para a regeneração

de areia contaminada com resina fenólica-uretânica no ano de 2015, pelo pesquisador

Matheus Simon. O último, visando seu título de bacharel em Engenharia Mecânica, realizou

diversos ensaios na areia regenerada, para a sua comparação com a areia nova, em questão de

propriedades físicas e químicas. Entretanto, para a confirmação de que o processo de

regeneração térmica é adequado para a reciclagem de areia contaminada com resina fenólica-

uretânica e que a areia regenerada pode ser reutilizada em moldes de fundição são necessários

outros ensaios visando a obtenção de resultados para a comparação. Dessa forma, o grupo

delimitou sua área de pesquisa como sendo a continuidade das pesquisas de Matheus Simon,

que é, basicamente, a realização dos ensaios restantes, obtenção, comparação e análise de

resultados, visando a confirmação, ou não, da viabilidade de reciclagem de areias regeneradas

em processo térmico.

Assim, este trabalho tenta responder se um molde feito com areia regenerada,

aglomerado com resina fenólica-uretânica é adequado ao processo de fundição, mostrando

que o processo de regeneração térmica é viável e empregável industrialmente.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capitulo aborda os tópicos conceituais para o entendimento do tema da pesquisa e

de sua metodologia. Aqui encontram-se os principais tópicos conforme as referências

utilizadas, divididos e explicados nas seguintes fases: processo de fundição, regeneração de

areias usadas em processos de moldagem de fundição e caracterização de areias de fundição.

2.1 Processo de fundição

O processo de fundição é um método de fabricação mecânica de materiais através da

fusão. Dessa forma, o material é aquecido até se tornar líquido e vazado em um molde

correspondente ao formato negativo da peça a ser obtida. É um processo de baixo custo, e por

isso é muito presente na fabricação de diversos tipos de materiais, como aços, ferros fundidos,

alumínio, plásticos, entre outros. Embora não tenha um custo elevado, o processo é complexo

e por isso existem tantas subdivisões dentro da mesma área (MARIOTTO, 2000).

2.1.1 Processo de fundição em areia

A fundição de metais apresenta diversas subdivisões, sendo uma delas a fundição com

molde em areia. Esse processo é muito comum devido ao seu custo e sua alta capacidade de

fabricação de peças em larga escala, além de peças de geometria complexa, como por

exemplo, blocos de motores automobilisticos e virabrequins (FS, FUNDIÇÃO E SERVIÇOS,

2015).

A fundição em areia é o processo na qual o molde em que será vazado o metal líquido

é feito à base de areia. Para entender melhor, pode-se imaginar um molde como um

aglomerado de grãos. Alguns grãos se aglomeram a partir de força mecânica, devido às suas

características, e outros precisam da adição de material aglomerante. O processo de fabricação

de moldes para a fundição que utiliza areia aglomerada e compactada a partir da força

mecância é denominado areia verde. Já o processo que utiliza aglomerantes adicionados aos

grãos para a sua estruturação é chamado de areia ligada quimicamente (MARIOTTO, 2000).

Dessa forma, o metal líquido é vazado dentro do molde, exigindo da areia, suas

características. O molde feito de areia, corresponde à superfície negativa da peça a ser

produzida e é fabricado com o uso de um modelo da peça a ser fabricada. Um problema da

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fundição em areia é a incapacidade do molde de ser reutilizado. Devido ao aumento no

tamanho do grão da areia, causado pela contaminação provinda da resina aglomerante, toda

areia utilizada no molde deve ser descartada após a primeira fundição (SEVERO, 2013).

2.1.1.1 Fundição com areia aglomerada quimicamente

É o processo de fundição na qual o molde para a peça a ser solidificada é estruturado

apartir de areia ligada com resinas químicas, normalmente orgânicas. Existem diversos tipos

de resina, entre elas a fenólica-uretânica, muito empregada na industria e com características

particulares para a fabricação de moldes. Para a cura desses moldes, ou seja, o processo que

transforma o composto em sólido, normalmente é feita através da adição de um catalisador,

quando se trata de areias ligadas quimicamente. O conjunto de resinas, areia base e

catalisador, comercialmente, recebem um nome específico. Por exemplo, o conjunto que

utiliza areia de sílica, resina fenólica-uretânica e Solução de N-metil Imidazol como

catalisador é conhecido como processo de moldagem Pep Set, ou Pep Set Quantum (SIMON,

2015).

Figura 1 - Fundição em processo Pep Set

Fonte: FERRARI, 2009.

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2.1.2 Cura a frio

Como citado anteriormente, a mistura de compostos químicos no processo de

moldagem se inicia no estado líquido, e para atingir o estado sólido, passa pelo processo

denominado cura. Segundo Siegel, existem variados tipos de cura na moldagem para

fundição. Entre eles estão a cura a quente, cura por gasagem, e a cura a frio (SIEGEL, 1975).

A cura a frio, em especial, é o processo que se caracteriza pela espera da solidificação

do molde à temperatura ambiente, ou sem a adição de calor. Isso se dá, devido à adição do

catalisador ao composto, que acelera as reações químicas entre as substâncias, ocasionando a

estruturação sólida do composto. Um exemplo de processo por cura a frio é o Pep Set

(SIMON, 2015).

Figura 2 - Moldagem por cura a frio

Fonte: SIMON, 2015.

2.1.3 Resina fenólica-uretânica

Segundo Simon, as resinas combinadas, fenólica e uretânica, usadas na moldagem

para fundição é dividida em duas partes: parte 1 (resina uretânica, cuja fórmula é

CH4N2O[CO(NH2)2]) e parte 2 (resina fenólica, cuja fórmula é C6H6O [C6H5OH]). As

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características das resinas responsáveis pela aglomeração dos grãos são as de adesão e as

coesivas. Essas características são usufruídas devido às ligações intermoleculares dos

elementos das duas resinas e dos grãos de areia (SIMON, 2015).

O processo de fabricação de molde com a resina fenólica-uretânica, em cura a frio, é

feito em etapas, de acordo com Moraes. Primeiramente mistura-se a areia base com a resina

parte 1. Em seguida, mistura-se, separadamente, o catalisador com a resina parte 2, e então,

mistura-se tudo no mesmo recipiente. A relação de proporção de quantidades, entre as resinas

parte 1 e 2 são dadas, referentes ao volume adicionado, em uma relação de 35-65%,

respectivamente (MORAES, 2009).

2.1.4 Catalisador para cura a frio

Segundo Simon, o catalisador utilizado na cura dos moldes no processo Pep Set é

comercialmente conhecido como Catalisador Quantum 3609. A composição química desse

catalisador é de natureza orgânica, e segundo a nomenclatura da IUPAC é denominado

Solução de 1-metilimidazol ou N-metil Imidazol. É obtido no estado líquido com aparência

avermelhada (SIMON, 2015).

2.2 Regeneração de areias usadas em processo de moldagem para fundição

Após o processo de fundição, ou seja, depois do vazamento do metal líquido dentro do

molde de areia e aglomerantes, a peça é obtida através da quebra da estrutura do molde. Dessa

forma, o molde torna-se torrões de grãos aglomerados, e que posteriormente, passam por uma

calha vibratória, denominada destorroador, a fim de desfazer os aglomerados e tornar a areia

granular novamente. O processo no qual o molde passa desde sua desestruturação até o

destorroador é conhecido industrialmente como recuperação, e é a primeira etapa da

regeneração da areia (MOOSHER, 2010).

Entretanto, no caso dos moldes que utilizam areia aglomerada com resina fenólica-

uretânica, após o processo de recuperação, os grãos de areia se encontram contaminados com

a resina, que forma uma "casca" de resíduo em torno de cada grão, acarretando no aumento do

seu diâmetro médio e mudando, inclusive, sua aparência visual, como mostra a Figura 3.

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Figura 3 - Areia recuperada, contaminada com resina fenólica-uretânica

Fonte: FAISTAUER; WEBER, 2015.

Segundo a NBR-10004, Resíduos Sólidos - Classificação, que classifica os resíduos

sólidos quanto a sua periculosidade, inclusive as areias oriundas de fundição, as areias ligadas

quimicamente, em geral, são consideradas Resíduo Classe I - Perigoso (ABNT, 2004), e isso

atinge as areias contaminadas com resina fenólica-uretênica. Dessa forma, as areias

recuperadas não podem ser descartadas convencionalmente, exigindo da empresa produtora

do resíduo, um investimento em descarte adequado. Para o descarte correto do resíduo é

necessário um aterro especializado.

Então, como forma alternativa ao descarte da areia usada na moldagem, visando a sua

reciclagem, diminuindo os gastos econômicos e os impactos ambientais, são estudadas

diferentes formas de devolver as características físicas e químicas de areia nova à areia que já

foi utilizada na moldagem por cura a frio. Esse processo chama-se regeneração e consiste na

limpeza dos grãos, ou a separação da casca de resina do material granular. Os principais tipos

de regeneração de areias usadas em moldagem de fundição existente até então são: químico,

mecânico e térmico (SEVERO, 2013).

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2.2.1 Regeneração Química

De acordo com Severo, esse é o processo na qual os grãos são reciclados a partir da

oxidação da resina, no processo Fenton. Embora tenha sua altíssima qualidade comprovada,

em questão de capacidade de limpeza, a regeneração química ainda apresenta um custo muito

elevado e o descarte pós-processo não é de fácil acesso. A eficiência do processo de

regeneração química varia entre 94 e 99% de limpeza dos grãos (SEVERO, 2013).

2.2.2 Regeneração Mecânica

Esse processo utiliza a força física para que os grãos quebrem e a casca se torne

farelos. Funciona como uma continuação do destorroador e se aproveita do atrito entre os

próprios grãos e as paredes do equipamento para cumprir sua função. É o menos eficiênte em

comparação com os outros processos, porém é o mais barato e o mais empregado. Sua

eficiência é afetada pela formação de grãos "finos", causados pela quebra dos grãos. Com

isso, seu percentual efetivo varia de 75 a 88% (MOOSHER, 2010).

2.2.3 Regeneração Térmica

É o processo na qual a resina contaminante dos grãos é separada da areia através do

aquecimento. A resina possui uma característica importante para esse processo que é sua

capacidade de volatilização, dessa forma, utiliza-se calor para tornar a resina um vapor e

separar-se dos grãos, agora limpos. O equipamento responsável pela regeneração, abordado

nessa pesquisa é denominado reator via Leito Fluidizado e utiliza o princípio da troca de calor

por condução, para aquecer a areia. Sua eficiência gira em torno dos 95%, e é considerado o

processo com maior custo benefício, devido à sua alta eficiência e fácil pós-trabalho da resina

efluente (SIMON, 2015).

2.2.3.1 Reator via Leito Fluidizado

O equipamento responsável pela regeneração térmica das areia oriundas de fundição é

o reator via Leito Fluidizado. Como o nome sugere, o princípio da fluidização dos grãos é um

dos fatores mais importantes do sistema (SEVERO, 2015).

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A fluidização de partículas é um método na qual o escoamento de um fluido através

das partículas provoca a suspensão das mesmas. O fluido utilizado no reator é o ar

comprimido, e esse escoa no sentido vertical, de baixo para cima, passando por uma camada

de areia contaminada, gerando a misturação desses grãos, como ilustrado na figura 4.

Figura 4 - Fluidização de partículas

Fonte: SEVERO, 2015.

A misturação dos grãos de areia, abordado pelo regenerador térmico é referente ao

slugging da Figura 4, devido à vazão de ar comprimido escoando pelas partículas.

A função do misturador dos grãos no sistema de regenração térmica é a de uniformizar

a troca de calor entre os grãos. Como mostra a Figura 5, o sistema possui um tubo fluidizador

principal, que funciona como câmara de depósito para a areia a ser tratada. Nesse local, a

areia fica depositada em forma de camada e o ar comprimido é injetado pela sua parte inferior

gerando as bolhas na camada de material granular. Além disso, a parede do tubo está

submetida à ação das chamas de gás GLP, responsáveis por ceder o calor necessário ao

sistema. Então, com o sistema de misturação dos grãos, segundo Severo, o calor fornecido aos

grãos de areia se tornam mais uniformes, ou seja, cada partícula recebe uma quantidade de

calor proporcionalmente, e isso acaba por aumentar a eficiência do processo de limpeza dos

grãos (SEVERO, 2013).

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Figura 5 - Tubo fluidizador

Fonte: SEVERO, 2015.

Por fim, o sistema de regeneração trabalha, ainda, com controladores de parâmetros

específicos (vazão de ar, pressão e temperatura), além da alimentação de GLP e o controlador

de dados. A Figura 6 mostra o esquema representativo do sistema de regeneração térmica a

partir do método com Leito Fluidizado, conforme projetado por Severo.

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Figura 6 - Esquema representativo do regenerador térmico

Fonte: SEVERO, 2013.

Esse é o funcionamento do equipamento utilizado nessa pesquisa para a regeneração

térmica das areias contaminadas com resina fenólica-uretânica, oriunda do processo de

fundição.

2.3 Caracterização de areias de fundição

Caracterizar significa definir, quantitativa ou qualitativamente, os valores referentes às

suas propriedades, sendo elas de natureza física ou química. Quando se trata de materiais

granulares, mais precisamente, de areias de fundição, existem métodos específicos para sua

valorização e caracterização. A ABIFA - Associação Brasileira de Fundição - é responsável

pela elaboração das normas referentes aos ensaios de caracterização de areias para moldagem

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e macharia. Por isso, todos os ensaios executados nesse projeto foram baseados nos tópicos

das normas da Comissão de Estudos de Matérias Primas, da ABIFA.

Para a caracterização de areias regeneradas, a fim de confirmar sua utilidade em

processos de macharia e moldagem, a caracterização se divide em duas etapas. A primeira

etapa consiste na caracterização da areia como matéria-prima, a fim de checar suas

propriedades ainda como material granular. E a segunda etapa consiste na caracterização da

areia já aglomerada com a resina referente à sua regeneração, visando confirmar a sua

possível reutilização como um molde industrial (SIMON, 2015).

2.3.1 Teor de Umidade

Ensaio realizado segundo a norma da ABIFA CEMP - 105, pode ser feito em estufa ou

no determinador de umidade. O teor de umidade de um material é o percentual

correspondente à massa de água e materiais voláteis no composto. A determinação é feita a

partir da comparação entre as massas antes do material ser exposto à temperatura de 105 ºC, e

depois da exposição durante 4 horas. Caso seja utilizado uma determinadora de umidade, não

é necessária a medição posterior da massa e nem cálculos manuais, pois o equipamento libera

o valor correspondente ao teor de umidade em seu corpo. Porém, se a umidade do material for

muito pequena, deve-se utilizar uma estufa para o aquecimento. Dessa forma, será necessária

uma balança analítica para a medição da massa do resíduo e os cálculos percentuais devem ser

feitos manualmente. A fórmula a seguir corresponde ao método de cálculo do teor de

umidade.

� =���� + �� − ���� + ��

��∗ 100

No qual, U corresponde ao valor do teor de umidade em percentual, Mpf é a massa do

recipiente refratário que contém a amostra, Ma é a massa da amostra e Mr é a massa do

resíduo, ou a massa restante após a exposição da amostra ao calor.

O teor de umidade é uma propriedade importante das areias de fundição tanto para a

primeira quanto para a segunda etapa. Segundo Ziegler, os grãos de areia devem demonstrar o

teor de umidade infeiror a 0,1% (OLIVEIRA, 2007 apud ZIEGLER 1994). E segundo Simon,

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as areias de sílica nova e regenerada em processo térmico apresentam valores correspondentes

a 0,04% (SIMON, 2015).

Além disso, segundo Siegel, os machos já aglomerados com resina ou à verde,

possuem, por característica, a umidade elevada em relação à areia granular. Os valores

estimados por Siegel para a umidade de areias moldadas varia entre 4 e 8%, para areia

compactadas a verde (SIEGEL, 1975), e entre 2 e 5% para aglomerados com resina, segundo

Moraes. Isso se dá devido aos espaços preenchidos pelo aglomerante entre os grãos, e pois os

aglomerantes possuem o nível de materiais voláteis muito maior do que a areia (MORAES,

2001).

2.3.2 Distribuição granulométrica e Módulo de Finura

Esse ensaio visa determinar o tamanho médio dos grãos do material através do método

de peneiramento. Regido pela norma da ABIFA CEMP - 081, a granulometria ou distribuição

granulométrica é feita a partir de uma amostra de ± 50 gramas. Dessa forma, são separadas

peneiras com mesh ou abertura referentes ao determinado material. Para o caso das areias, são

usadas 10 peneiras, com abertura entre 0,053 e 4,8 mm. Assim, as peneiras são empilhadas

em ordem decrescente, então o material é despejado na peneira de maior abertura e exposto a

uma carga vibratório de 8 Hz durante 15 minutos, como mostra a Figura 7.

Figura 7 - Ensaio de distribuição granulométrica

Fonte: SIMON, 2015.

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19

A determinação da distribuição granulométrica é dada pela relação percentual da

massa de amostra retida em cada peneira. Com isso, obtém-se um gráfico representando os

diâmetros médios dos grãos, a quantidade de grãos grosso e a de grãos finos, como mostra a

Figura 8.

Figura 8 - Gráfico da distribuição granulométrica de areia base

Fonte: SIMON, 2015.

No caso da Figura 8, 20% dos grãos apresentam diâmetros médios entre 0,1 e 0,2 mm;

60% dos grãos apresentam diâmetros médios entre 0,2 e 0,3 mm; e 20% apresentam grãos

maiores do que 0,3 mm, incluindo os grãos grossos, que são representados pela sutil curvatura

da linha no topo do gráfico. Os grãos finos são representados pela curvatura na parte inferior

da linha, e nesse caso, é praticamente ausente. Com isso, conlui-se que o diâmetro médio dos

grãos da areia base varia entre 0,1 e 0,4 mm, e não apresenta finos.

Em questões metalúrgicas, a granulometria interfere no acabamento superficial da

peça a ser fundida. Dessa forma, quanto menor o número de grãos finos e grossos, menos

impuro fica o molde, causando menos defeito à peça fundida. Além disso, os tamanhos de

diâmetros médios interferem na resistência à tração do molde fabricado (SIMON, 2015).

Conforme os ensaios de caracterização desenvolvidos por Matheus Simon, em 2015, a

areia regenerada apresenta as características de distibuição granulométrica conforme a Figura

9.

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20

Figura 9 - Distribuição granulométrica das areias regeneradas

Fonte: SIMON, 2015.

No caso das areias regeneradas, percebe-se uma mudança sutil no percentual de grãos

entre 0,1 e 0,2 que apresenta um aumento em quantidade, além disso, a ausência de finos é um

fator positivo e a pequena quantidade de grãos grossos, assim como nas areias base (SIMON,

2015).

2.3.3 Geometria granular

A geometria granular é a propriedade dos grãos mostrada através de microscópio.

Segundo Cobett, os grãos podem ser arredondados, sub-angulares, angulares ou mistos. Dessa

forma, grãos angulares são impróprios para fundição, e são aqueles cujo grão apresenta

arestas com ângulos agudos entre si (COBETT, 2002).

Segundo Simon, os processos de contaminação, de recuperação e de regeneração

afetam a geometria dos grãos de areia. Dessa forma, a cada processo a areia apresenta arestas

e ângulos cada vez mais agudos, e com isso sua vida útil vai se reduzindo. A Figura 10 mostra

a comparação entre as microscopias óticas de areias novas e regeneradas, a fim de mostrar a

sutil formação de arestas nos grãos de areia regenerada (SIMON, 2015).

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21

Figura 10 - Microscopia ótica de areias nova e regenerada

Fonte: SIMON, 2015.

2.3.4 Massa Específica

A determinação de massa específica de areias para moldagem de fundição não é regido

por normas específicas, por isso é feito de forma semelhante a outros resíduos sólidos e/ou

granulares. O método abordado chama-se picnometria à Hélio e utiliza o equipamento

chamado picnômetro. O princípio de funcionamento do equipamento é dado da seguinte

forma: no cadinho do sistema é adicionado uma amostra do material, de massa pré-

estabelecida. Assim, o cadinho é colocado no equipamento e seu volume é totalmente

preenchido com gás Hélio. Com isso, o equipamento mede o volume de Hélio fornecido à

amostra e o volume do cadinho. Com essas variáveis obtém-se a massa específica da amostra

através da seguinte fórmula:

�� =��

���� − �ℎ�

Na qual, Me é a massa específica; Vcad é o volume do cadinho; Vhe é o volume de

Hélio; e Mp é a massa medida da amostra.

A Figura 11 mostra o equipamento - picnômetro à Hélio - do LCVMat da Unisinos,

utilizado por Simon para a realização de seus testes.

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Figura 11 - Picnômetro à Hélio

Fonte: SIMON, 2015.

Segundo Cobett (2002) a massa específica para uma areia a ser utiliza em moldagem e

macharia de fundição deve ser a maior possível, pois essa propriedade interfere na capacidade

térmica do material, podendo causar ou evitar defeitos à peça fabricada (COBETT, 2002).

A Figura 12 mostra, graficamente, os valores atribuídos às areias nova e regenerada,

desenvolvido por Simon em 2015. Os valores importantes para essa pesquisa são os

equivalentes à areia nova e areia "recuperada 10".

Figura 12 - Massas Específicas

Fonte: SIMON, 2015.

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Os valores importantes para essa pesquisa, expostos no gráfico acima mostram os

valores de 2,6692 g/cm3 para a areia nova e 2,6453 g/cm3 para a areia regenerada, cujo

codinome é apresentado como "areia recuperada 10".

2.3.5 Perda ao Fogo

Essa propriedade indica a perda de massa do material quando exposto à uma

temperatura determinada. Além disso, essa característica mostra a quantidade de materiais

carbonáceos no composto. O ensaio é regido pela norma da ABIFA CEMP - 120, e é feito em

um forno e com cadinhos refratários. Primeiramente, as amostras devem ser secas em estufa e

então pesadas - a amostra de material em cada cadinho deve ser de 1 ± 0,05 gramas. Dessa

forma, as amostras são expostas à temperatura de 900 ºC ± 10 ºC. Depois de retirada do forno,

a amostra deve ser pesada novamente e obtém-se o valor da perda ao fogo a partir da seguinte

fórmula:

�� =�� − ��

��∗ 100

Assim, a perda ao fogo é obtida em percentual, na qual PF é o valor da perda ao fogo;

Ma é a massa da amostra e Mp é a massa do resíduo pós-aquecimento.

Como a resina fenólica-uretânica é um composto orgânico, esse possui uma

quantidade representativa de carbono em sua composição. Por isso, a perda ao fogo da areia

regenerada em processo térmico é quase 30 vezes menor do que a areia contaminada com

resina, caracterizando as altas eficiências do processo de regeneração térmica, conforme

concluído por Simon (2015). Segundo ele, a eficiência do processo térmico é dada pela

fórmula a seguir:

���� =��� − ���

���∗ 100

Onde Efic. é a eficiência em percentual; PFc é a perda ao fogo da areia contaminada

com resina; e PFr é a perda ao fogo da areia regenerada.

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Como mostra a figura 13, as perdas ao fogo, segundo Simon, são proporcionais à

quantidade de carbono presentes nos compostos.

Figura 13 - Valores de perda ao fogo

Fonte: SIMON, 2015.

Por isso, a eficiência do processo térmico é tão elevada, já que o percentual de perda

ao fogo da areia regenerada é em média 0,1% e a da areia contaminada é de 2,27%.

2.3.6 Permeabilidade

Segundo Oliveira (2013), a permeabilidade é a propriedade das areias que corresponde

à sua capacidade de permitir a passagem de fluídos por entre seus espaços vazios. No caso das

areias de fundição, interessa a passagem dos gases efluentes no processo de vazamento e

solidificação do metal líquido e a capacidade dos grãos de absorver as resinas de forma

coesiva, para a cura do molde. A permeabilidade está diretamente ligada à finura dos grãos, e

com isso, ao acabamento desejado para a peça a ser fabricada. Quanto maior o tamanho do

grão, pior o acabamento superficial, porém maior a permeabilidade e quanto menor o tamanho

do grão, melhor o acabamento superficial, mas a permeabilidade é menor. Isso se dá devido

aos espaços vazios que são melhor preenchidos nos grãos finos (OLIVEIRA, 2013).

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A determinação da permeabilidade é feita de acordo com a norma ABNT NBR

13292/1996. Para isso, utiliza-se o equipamento chamado permeâmetro, que nas dependências

da Universaidade do Vale do Rio dos Sinos encontra-se no laboratório de Mecânica dos

Solos. O equipamento utiliza o princípio da pressão de coluna d'água para efetuar o

escoamento do fluído aquoso através dos grãos de areia, como mostra a Figura 14.

Figura 14 - Permeâmetro de carga constante

Fonte: os autores.

Dessa forma, o ensaio visa a determinação do coeficiente de condutividade hidráulica

da areia, "k". Segundo Caputo, uma areia de grãos finos, o caso de uma areia a ser utilizada

em moldagem, com diâmetros médios entre 0,2 e 0,4 mm, o coeficiente de permeabilidade, ou

condutividade hidráulica, deve ser entre os valores de 10-3 e 10-7 cm/s (CAPUTO, 2003).

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3 METODOLOGIA

Nesse capítulo encontram-se descritos os materiais e métodos usados na pesquisa,

visando a resposta do problema proposto, de confirmar, ou não, a viabilidade industrial do

emprego de areias regeneradas em processo térmico no reator via Leito Fluidizado, em

processo de fundição. O capítulo se divide nas seguintes etapas: aquisição das areias,

aquisição das resinas e catalisador, confecção dos machos, determinação do teor de umidade

dos machos e determinação da permeabilidade das areias.

3.1 Aquisição das areias

Primeiramente à qualquer outra etapa da parte prática da pesquisa, foi necessário a

aquisição do principal material dos testes: as areias. Dois tipos de areia diferentes foram

adquiridos, e ambos já estavam à disposição do grupo no Laboratório de Caracterização e

Valorização de Materiais da Unisinos, pois essas areias foram alvo de pesquisas durante todo

o ano de 2015.

A primeira delas, a areia nova, foi disponibilizada por uma empresa de Santo Ângelo

no Rio Grande do Sul, Brasil. Denominada pelo grupo, areia nova, essa areia é aquela que não

passou por nenhum tipo de contaminação por resinas aglomerantes de moldagem. Sua

finalidade nas pesquisas é ser material de comparação.

A segunda parte das areias são as areias regeneradas. Essas, que um dia estiveram

contaminadas com resina fenólica-uretânica, foram regeneradas através do processo térmico

em reator via Leito Fluidizado na Unisinos, no ano de 2015, pelo graduando Matheus Simon,

com a finalidade de obtenção de título de Bacharel em Engenharia Mecânica. As areias

regeneradas, foram fornecidas, ainda contaminadas, pela mesma empresa de fundição do

noroeste gaúcho.

Suas quantidades são respectivamente de 5 kg e 8 kg. Além disso, as areias ficaram

estocadas no LCVMat durante todo o período de pesquisas de acordo com as regras da NBR -

10004 referentes à segurança.

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3.2 Aquisição da resina fenólica-uretânica e catalisador Quantum 3609

De forma semelhante às areias, os materiais para a confecção dos moldes foram

disponibilizados ao grupo pela empresa de fundição gaúcha, FUNDIMISA.

As resinas fenólica e uretânica foram fornecidas em estado líquido, na quantidade de

600 mL cada uma. O catalisador foi fornecido também no estado líquido e na mesma

quantidade. No processo são utilizados dois tipos de resina, parte I e parte II, sendo fornecidos

como mostra a Figura 15. Da esquerda para a direita se encontram as resina parte I e parte II e

catalisador.

Figura 15 - Resinas parte I e parte II e catalisador

Fonte: os autores.

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3.3 Confecção dos machos com resina aglomerante

Já com as areias e resinas em mãos, o grupo, então, partiu para a próxima etapa da

parte prática: a confecção dos machos com areia nova e areia regenerada. Essa etapa é a

primeira fase da caracterização e consiste na misturação das resinas com a areia para formar a

materia prima a ser ensaiada.

3.3.1 Matriz para a moldagem dos machos

Para a confecção dos machos, o grupo utilizou uma matriz feita em alumínio, como

mostra a figura 16.

Figura 16 - Matriz para moldagem dos machos

Fonte: os autores.

A matriz foi desenvolvida por pesquisadores da Unisinos e estava guardada no

laboratório de fundição do campus. Suas dimensões e estrutura foram feitas visando o ensaio

de resistência à flexão, como sugere a norma da ABIFA. Com isso, o formato dos machos

deve ser "borboleta" como é mostrado na Figura 16. A matriz é capaz de fabricar 9 machos ao

mesmo tempo. A estrutura da matriz é feita de duas partes: fixa e móvel. A primeira delas é a

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base, que serve como fundo, e a segunda é a parte que modela o perímetro da borboleta e é

removível para a retirada do macho depois de curado.

3.3.2 Mistura das resinas com areia e cura dos machos

A misturação das resinas com a areia foi feita de acordo com Moraes, como mostra a

Tabela 1.

Tabela 1 - Ordem de adição para fabricação de moldes

Fonte: MORAES, 2001.

Assim, primeiramente, em recipiente separado, misturou-se a resina parte I ao

catalisador e em seguida aos grãos de areia. Na sequência misturou-se a resina parte II.

Por fim, esperou-se até o macho apresentar-se sólido e impenetrável - o tempo médio

de espera foi 30 minutos. Para a cura do macho foi realizado apenas a sua exposição ao

repouso em temperatura ambiente, caracterizando a cura a frio.

3.4 Ensaio de teor de umidade dos machos

Para a determinação do teor de umidade dos machos foram utilizadas as indicações da

norma ABIFA CEMP - 105. Dessa forma, duas amostras de cada macho, de areia nova e

regenerada, foram quebrados e colocados em cadinhos refratários. Então foi feita sua pesagem

e os resultados foram anotados. A Figura 17 mostra os machos moídos a fim de serem

expostos ao calor.

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Figura 17 - Amostra de macho para determinação de teor de umidade

Fonte: os autores.

Após essa preparação, os cadinhos foram colocados em estufa, à 105 ºC, durante

quatro horas. Depois desse tempo, as amostras foram retiradas e pesadas novamente, obtendo-

se os novos valores de massa da amostra após a sua exposição ao calor.

Por fim, para a obtenção dos valores referentes ao teor de umidade, a fórmula citada

no referencial teórico foi utilizada para a obtenção do valor característico. Como são dois

valores, o resultado final é a média aritmética dos dois, conforme a norma CEMP - 105.

3.5 Ensaio de determinação da permeabilidade das areias

Para a determinação do coeficiente de condutividade hidráulica da areia, a fim de

conferir sua capacidade de absorção das resinas e, por consequência, sua moldabilidade, foi

feito o ensaio de permeabilidade conforme a NBR 13292/1996. Dessa forma, o ensaio foi

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realizado no laboratório de Mecãnica dos Solos, da Unisinos, utilizando o equipamento

denominado permeâmetro de carga constante, como citado anteriormente.

Primeiramente, foi feita a saturação da areia em água, para evitar a interferência no

resultado, devido à absorção de líquido pelos grãos. A saturação foi feita através da imersão

das amostras em água, como mostra a Figura 18.

Figura 18 - Areia em processo de saturação

Fonte: os autores.

O cilindro de ensaio, como mostrado na Figura 19, foi, então, preenchido com areia

até a sua máxima capacidade. Em seguida, foi feita a compactação do corpo de prova, com a

utilização de um martelete com peso definido pela norma do ensaio.

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Figura 19 - Compactação do corpo de prova no cilindro de ensaio

Fonte: os autores.

Na sequência, o cilindro é coberto e vedado com a face superior, que possui um tubo

para a vazão de água. Então, a tubulação do permeâmetro é conectada ao cilindro coberto e a

vazão de água é liberada. Com isso, é feita a medição do volume de água que passou pelo

corpo de prova durante 60 segundos, com a utilização de uma proveta graduada e um

cronômetro. Além disso, após a medição da vazão, mede-se a temperatura da água coletada,

como uma das variáveis a constar nos cálculos posteriores. A Figura 20 mostra a proveta

usada para a coleta da água que passou através do cilindro com areia e o termômetro usado

para medir a temperatura da água coletada.

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Figura 20 - Tubo de ensaio para medição de volume de água e de temperatura

Fonte: os autores.

Concluída a medição da temperatura e do volume da água, calcula-se o coeficiente de

condutividade hidráulica da areia conforme a especificação da norma ABNT NBR

13292/1996, e com o procedimento conforme o anexo A.

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4 RESULTADOS

Nesse capítulo encontram-se dispostos os resultados obtidos através dos

procedimentos estabelecidos na metodologia, a partir da sua realização prática, visando atingir

o objetivo principal, que foi confirmar a viabilidade industrial do emprego de areias

regeneradas no processo de moldagem de fundição.

4.1 Confecção dos machos com resina fenólica-uretânica

O primeiro passo da parte prática da pesquisa, após a aquisição dos materiais para os

testes, foi a confecção dos machos para a análise de teor de umidade. Dessa forma, baseando-

se nos passos descritos no capítulo anterior, e usando o referencial teórico explicado, também

anteriormente, o grupo confeccionou um total de 18 machos em areia com resina fenólica-

uretânica, curados a frio. A Figura 21 mostra a adição dos materiais ao molde, feito pelos

pesquisadores, e, ao lado, o processo de polimerização que ocorre durante a cura.

Figura 21 - Adição dos materiais à matriz e polimerização

Fonte: os autores.

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Ao todo, foram confeccionados 9 machos com cada tipo de areia, nova e regenerada.

A figura 22 mostra um exemplo de machos retirado da matriz, já com o formato borboleta e a

cura a frio completa.

Figura 22 - Exemplo de macho no formato borboleta

Fonte: os autores.

Com isso, foram obtidos os materiais necessários para o passo seguinte da pesquisa

prática, que foi a determinação do teor de umidade dos machos com resina fenólica-uretânica.

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4.2 Resultados da determinação do teor de umidade dos machos

Foram realizados os ensaios de determinação de umidade, conforme a ABIFA CEMP -

105, em machos de areia regenerada e em machos de areia nova. Com isso, os valores

referentes às massas medidas das amostras se encontra disposto na Tabela 2.

Massa da amostra Massa + recipiente

AREIA NOVA I 20, 4729 g 63,8519 g

AREIA NOVA II 17,0983 g 62,4786 g

AREIA REG. I 10,2840 g 57,5121 g

AREIA REG. II 9,4214 g 58,7456 g

Tabela 2 - Valores das massas do ensaio de teor de umidade

Fonte: os autores.

Após o período de tempo, determinado pela norma, de exposição das amostras ao

calor, as massas foram pesadas novamente, em balança analítica, conforme a Figura 23.

Figura 23 - Balança analítica para medição das massas para teor de umidade

Fonte: os autores.

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Os valores das massas de amostra medidos, contando com a massa dos recipientes,

estão expostos na Tabela 3.

AMOSTRA MASSA MEDIDA

NOVA I 62,6123 g

NOVA II 61,1621 g

REGENERADA I 56,0129 g

REGENERADA II 57,0895 g

Tabela 3 - Massas medidas

Fonte: os autores.

Assim, usando os método de cálculo demonstrado no capítulo anterior, os valores de

teor de umidade das amostras, em percentual, estão expostos na Tabela 4.

AMOSTRA TEOR DE UMIDADE

NOVA I 1,9%

NOVA II 2,1%

REGENERADA I 2,6%

REGENERADA II 2,8%

Tabela 4 - Teores de umidade

Fonte: os autores.

Com isso, as médias aritméticas de teor de umidade dos machos com areia nova e

regenerada, respectivamente, se dão em 2% e 2,7%.

Esse aumento do teor de umidade do macho feito de areia regenerada se dá devido à

geometria dos grãos de areia. Como a areia regenerada apresenta a formação de arestas em

seus grãos, causados pelos processos que sofre até ser reutilizada, essa apresenta uma leve

perda na capacidade de moldabilidade. Por isso, ao se unirem formando a estrutura do macho,

os grãos tendem a permitir um acúmulo maior de resina entre si, já que sua coesão foi afetada

por suas arestas. Dessa forma, a umidade do macho se aumenta pois a resina apresenta um

número muito maior de materiais voláteis em sua composição, e por estarem em maior

quantidade nos machos de areia regenerada, fazem com que seu teor de umidade suba.

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4.3 Resultados das determinações de permeabilidade

O primeiro ensaio foi realizado na areia nova. Com isso, após a preparação do

equipamento e da amostra, conforme citado na metodologia do ensaio, os valores de volume

de água medidos pela proveta, como mostrada na Figura 20, e suas respectivas temperatura e

viscosidade, conforme a tabela da norma, estão expostos na Tabela 5.

VOLUME MEDIDO (cm³) TEMPERATURA (ºC) VISCOSIDADE (g.s/cm²)

43,5 19 10,54E-6

43,8 18,8 10,59E-6

43 19 10,54E-6

Tabela 5 - Valores medidos para cálculo de permeabilidade da areia nova

Fonte: os autores.

Dessa forma, com a utilização do procedimento conforme anexo A, e utilizando os

valores medidos e checados em tabela, conforme citado acima, o grupo obteve os valores do

coeficiente de condutividade hidráulica da areia nova, conforme a Tabela 6.

AMOSTRAS DE VOLUME MEDIDO COEFICIENTE k (cm/s)

1 7,88E-4

2 7,97E-4

3 7,78E-4

MÉDIA 7,88E-4

Tabela 6 - Valores de condutividade hidráulica da areia nova

Fonte: os autores.

Com isso, conclui-se que a permeabilidade da areia nova se adequa aos parâmetros de

fundição segundo Caputo, que em sua bibliografia sugere que o coeficiente k de areias finas

se dê entre 10-3 e 10-7. O valor do coeficiente k da areia nova, segundo os ensaios realizados

pelo grupo, é de 7,88.10-4.

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Assim, o segundo ensaio foi feito na areia regenerada. Da mesma forma como foi feito

anteriormente, com a areia nova, mediu-se o volume de água percorrido pelo corpo de prova

em sessenta segundos, e anotados conforme a Tabela 7. Além disso, os valores de temperatura

e viscosidade também foram anotados.

VOLUME MEDIDO (cm³) TEMPERATURA (ºC) VISCOSIDADE (g.s/cm²)

42 19 10,54E-6

42 18,5 10,68E-6

42 18,6 10,65E-6

Tabela 7 - Valores medidos para cálculo de permeabilidade da areia regenerada

Fonte: os autores.

Outra vez, conforme o procedimento mostrado no anexo A, os valores expostos acima

foram utilizados para o cálculo do coeficiente k, referente à condutividade hidráulica da

amostra. Os valores obtidos nos cálculos são expostos abaixo, conforme a Tabela 8.

AMOSTRAS DE VOLUME MEDIDO COEFICIENTE k (cm/s)

1 7,61E-4

2 7,71E-4

3 7,69E-4

MÉDIA 7,65E-4

Tabela 8 - Valores de condutividade hidráulica da areia regenerada

Fonte: os autores.

Conclui-se, então, que a areia regenerada atende aos parâmetros de fundição, de

acordo com Caputo (2003), que estabelece a faixa de valores, para a areias finas, entre 10-3 e

10-7. O valor obtido pelos cálculos do grupo para a permeabilidade da areia é de 7,65.10-4.

Além disso, em questões de comparação, a faixa de valores de permeabilidade das

areias nova e regenerada se deram praticamente iguais, apenas com alguns milésimos de

variação. Por isso, conclui-se que a areia regenerada atende aos requisitos de permeabilidade

para ser empregada em processo de fundição com moldagem em areia.

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5 CONCLUSÃO

As seguintes linhas apresentam as conclusões baseadas na análise dos resultados

práticos e teóricos obtidos pela pesquisa. O objetivo principal foi conferir a viabilidade

industrial do emprego de areias regeneradas em processo de fundição, através do processo de

regeneração térmica. A aferição foi feita por ensaios de caracterização, ao longo do ano de

2015, pelo pesquisador Matheus Simon e continuada, no ano de 2016, pelos autores desta

pesquisa.

A partir dos ensaios realizados por Matheus Simon, em 2015, sendo eles o teor de

umidade dos grãos de areia, distribuição granulométria, microscopia ótica, massa específica e

perda ao fogo, das areias nova e regenerada, a fim de compará-los, visando a certificação da

viabilidade do emprego das areias em processo de moldagem, conclui-se que as areias são

empregáveis, pois atendem aos requisitos da moldagem e macharia industriais. Com isso, o

processo de regeneração térmica é válido industrialmente para a regeneração de areias

contaminadas com resina fenólica-uretânica, segundo tais resultados.

A partir dos ensaios de caracterização realizados em 2016, expostos nesta pesquisa,

sendo eles teor de umidade de machos confeccionados com resina fenólica-uretânica e

permeabilidade, visando a certificação do possível emprego industrial das areias regeneradas,

para a moldagem de fundição, conclui-se que as areias regeneradas por processo térmico,

aglomeradas com resina fenólica-uretânica, atendem aos requisitos industriais. E com isso,

podem ser recicladas, validando o processo de regeneração térmica de areias contaminadas

com resina fenólica-uretânica através do equipamento denominado reator via Leito

Fluidizado.

A conclusão geral da pesquisa diz que o processo de regeneração térmica via Leito

Fludizado é válido, pois executa a limpeza e reciclagem dos grãos de areias contaminados

com resina fenólica-uretânica a fim de seu emprego em moldagem de fundição novamente,

evitando seu descarte residual.

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6 PROPOSTAS DE CONTINUAÇÃO

Nesse capítulo estão expostas propostas para a continuação da pesquisa, com objetivos

distintos e metodologias a serem trabalhadas. Estão listados e explicadas a seguir as propostas

para otimização do processo de regeneração térmica e do seu emprego industrial.

• Adaptação do reator via Leito Fluidizado para escala industrial: considerando que a

capacidade do reator é de 1,5 kg de areia por regeneração, é preciso um estudo para o

redimensionamento do equipamento considerando regenerar uma quantidade maior de

areia por ciclo.

• Determinação da vida útil de areias regeneradas: considerando que ao passar por

processos de moldagem, recuperação e regeneração a geometria da areia sofre,

formando arestas cada vez mais agudas, um possível estudo pode ser baseado na

determinação de quantos ciclos a areia pode executar até se tornar imprópria para a

fundição devido à sua geometria granular.

• Ensaios de resistência à flexão e permeabilidade AFS: além dos ensaios de

caracterização expostos nessa pesquisa, esses ensaios complementariam a teoria de

que a regeneração térmica via Leito Fluidizado é própria para a reciclagem de areias

de fundição.

Esses são os principais focos de pesquisas de continuação sugerido pelo grupo que

realizou o projeto aqui exposto.

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REFERÊNCIAS

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umidade. Comissão de Estudos de Matérias-Primas, 2003.

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fogo. Comissão de Estudos de Matérias-Primas, 2003.

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classificação. Rio de Janeiro, 2004.

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sistema de regeneração de areias usadas de fundição. Fundação Escola Técnica Liberato

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ANEXO A