Fundamentos Da Ciencia Economica

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Agenda/Calendário do curso Agenda - consulte a agenda do curso diariamente e fique em dia com os prazos de envio das atividades, período de participação no fórum e datas importantes. Calendário de Atividades do Curso Data Fórum de Apresentação Início do curso ( inclusão dos alunos da segunda chamada) Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo I do curso - exercícios de fixação e aval unidade; 1º Fórum Temático: tema a ser sugerido pelo tutor Fechamento do 1º Fórum temático; Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo II do curso - exercícios de fixação e aval unidade; Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo III do curso - exercícios de fixação e ava unidade; Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo IV do curso - exercícios de fixação e ava unidade; 2º Fórum Temático: tema a ser sugerido pelo tutor Fechamento do 2º Fórum temático; Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo V do curso - exercícios de fixação e aval unidade; Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo VI do curso - exercícios de fixação e ava unidade; Prazo final para a correção dos exercícios e avaliações; Fechamento da plataforma do curso. Apresentação/Guia do Estudante Apresentação do Curso Bem-vindo ao curso Fundamentos da Ciência Econômica! Mesmo sem saber, a conjuntura econômica da sociedade em que vivemos afeta nossas vidas diariamente. O local em que moramos, as roupas que vestimos, os alimentos que ingerimos, o salário que recebemos, tudo está atrelado às condições econômicas atuais. Frequentemente, somos bombardeados com notícias sobre inflação, desemprego, crescimento econômico, pobreza, distribuição de renda. Começamos a nos indagar se teremos recursos para gozar a vida, para proporcionar um futuro melhor para nossas crianças, ficamos refletindo até como estará o planeta amanhã. Essas questões são discutidas todo dia, nas conversas de barzinho, no trabalho, nas empresas, nas cúpulas governamentais. É neste ponto que surge o interesse pela economia. Essa ciência nos dá ferramentas para compreendermos melhor os problemas cotidianos. À medida que avançarmos, você ficará surpreso de ver como a análise econômica pode ajudar a entender a vida diária. Ao longo do curso, você encontrará uma série de ícones que permeiam o “diálogo virtual” entre o cursista e os organizadores do curso. São eles:

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Agenda/Calendário do curso

Agenda - consulte a agenda do curso diariamente e fique em dia com os prazos de envio das atividades, período de participação no fórum e datas importantes.

Calendário de Atividades do Curso

Data15 a 18/03 Fórum de Apresentação22/03 Início do curso ( inclusão dos alunos da segunda chamada)08/04 Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo I do curso - exercícios de fixação e avaliação da

unidade;10/04 1º Fórum Temático: tema a ser sugerido pelo tutor29/04 Fechamento do 1º Fórum temático;22/04 Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo II do curso - exercícios de fixação e avaliação da

unidade;13/05 Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo III do curso - exercícios de fixação e avaliação da

unidade;27/05 Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo IV do curso - exercícios de fixação e avaliação da

unidade;16/05 2º Fórum Temático: tema a ser sugerido pelo tutor03/06 Fechamento do 2º Fórum temático;10/06 Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo V do curso - exercícios de fixação e avaliação da

unidade;24/06 Prazo final para o envio de todas as atividades propostas no Módulo VI do curso - exercícios de fixação e avaliação da

unidade;27/06 Prazo final para a correção dos exercícios e avaliações;30/06 Fechamento da plataforma do curso.

Apresentação/Guia do Estudante

Apresentação do Curso

Bem-vindo ao curso Fundamentos da Ciência Econômica!

Mesmo sem saber, a conjuntura econômica da sociedade em que vivemos afeta nossas vidas diariamente. O local em que moramos, as roupas quevestimos, os alimentos que ingerimos, o salário que recebemos, tudo está atrelado às condições econômicas atuais.

Frequentemente, somos bombardeados com notícias sobre inflação, desemprego, crescimento econômico, pobreza, distribuição de renda. Começamos anos indagar se teremos recursos para gozar a vida, para proporcionar um futuro melhor para nossas crianças, ficamos refletindo até como estará o planetaamanhã.

Essas questões são discutidas todo dia, nas conversas de barzinho, no trabalho, nas empresas, nas cúpulas governamentais. É neste ponto que surge ointeresse pela economia. Essa ciência nos dá ferramentas para compreendermos melhor os problemas cotidianos.

À medida que avançarmos, você ficará surpreso de ver como a análise econômica pode ajudar a entender a vida diária.

Ao longo do curso, você encontrará uma série de ícones que permeiam o

“diálogo virtual” entre o cursista e os organizadores do curso. São eles:

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Autoavaliação

Ex. de Fixação

Avaliação Final

Ex. Resolvido

Estudo de Caso

para refletir

Livro indicado

Continuacao

Pesquise na Internet

Você sabia?

Atenção

Resumo do conteudo

Assista o filme

Leia Mais

Obj. de aprendizagem

Guia do Estudante - pág. 01

Guia do Estudante:

Este curso, dividido em seis módulos, tem 80 horas/aulas e gira em torno de temas fundamentais para a compreensão das Ciências Econômicas. Usandouma linguagem clara e de fácil entendimento, aborda o estudo da Macroeconomia, Microeconomia, Economia do Setor Público e Finanças Públicas,

agregando informações atuais e exemplos práticos do dia a dia.

Ao final, esperamos que você atinja os seguintes objetivos de aprendizagem:

• Conceituar e explicar o objeto de estudo da ciência econômica;

• Identificar os fatores que influenciam a demanda por bens e a oferta de bens e como se chega ao equilíbrio de mercado;

• Detalhar como estão condicionadas as diferentes estruturas de mercado, como concorrência perfeita e monopólio, e as conseqüências para osconsumidores;

• Explicar o objeto da macroeconomia e listar as metas e instrumentos da política macroeconômica;

• Mostrar como acontece a formação e a distribuição de produto e renda gerados pela atividade;

• Analisar o instrumental desenvolvido por Keynes para determinar o nível de renda nacional e avaliar questões macroeconômicas como desemprego einflação;

• Compreender os principais conceitos associados ao balanço de pagamentos;

• Identificar como acontece a determinação da taxa de câmbio praticada pelo mercado;

• Explicar o motivo pelo qual o mercado não consegue atingir uma solução eficiente em alguns casos e as razões que exigem a atuação governamental;

• Analisar o déficit público, seus conceitos e como o governo consegue recursos para se financiar;

• Apresentar os principais conceitos da Teoria do Crescimento e Desenvolvimento Econômico, bem como identificar as estratégias de longo prazo quedevem ser adotadas para se atingir um crescimento econômico equilibrado e auto-sustentado.

Além das indicações de leituras destinadas a aprofundamento autônomo por parte do aluno, poderá ser utilizado o glossário como ferramenta de consultaaos termos técnicos.

O aluno contará também com o apoio de tutores, que estarão disponíveis para esclarecimentos e orientações. O contato direto e individual com o tutor docurso é feito através da opção "Comunicação/Mensagem", localizado no menu lateral do curso.

Guia do Estudante - pág. 02

Ao acessar o curso, explore as funcionalidades localizadas no menu lateral:

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Comunicação:

Fórum

Ambiente de comunicação com o tutor e colegas.

Ao clicar em Fórum, o quadro é aberto abaixo do texto-base. Ali,leia as instruções de como participar.

O "Fórum de Apresentação" e os "Fóruns Temáticos" são departicipação obrigatória, pois a não participação na data-limitepoderá implicar na substituição do aluno.

O Fórum: "Fale com a coordenação" é destinado às dúvidas,problemas e sugestões sobre o funcionamento da plataforma docurso.

Mensagem

Espaço onde você envia e recebe mensagens dos participantes docurso (colegas e professores). Funciona como um "e-mail interno".Basta clicar sobre a imagem do colega a quem quer endereçar amensagem, redigi-la e salvá-la. Para responder você deve clicar nafoto do destinatário.

Apoio:

Caderno Ali você poderá fazer anotações durante o estudo e resgatá-las,modificá-las ou copiá-las a qualquer momento. É possível colaranotações trazidas de fontes externas.

Arquivos

Neste espaço você poderá criar pastas, inserir arquivos ecompartilhá-los com outros usuários. Você deve clicar na linha dasua turma. Visualize os arquivos disponibilizados, como ocalendário do curso, critérios de avaliação ou textos adicionais.

Glossário

Acesse verbetes de termos e expressões importantes presentes notexto-base. (Para acessar, digite o termo ou expressão, ou busquepela letra inicial. Você também pode clicar em "ok" sempreenchimento, e aparecerão todos os verbetes. Para abrir, bastaclicar sobre o termo ou expressão.) Note que no próprio texto-baseas palavras e expressões que conduzem a verbetes vêm com umtênue sublinhado - clicando sobre elas você também acessa arespectiva explicação.

BibliografiaReferência de obras utilizadas na elaboração do conteúdo, e deobras complementares, visando a ampliar, para o aluno, o universode fontes de pesquisa

Links relacionados

Acesso à listagem de links de interesse, relacionados aocurso/disciplina. Primeiro, você visualiza a tela de "Categorias",que servem para organizar os links em temas específicos,facilitando sua busca. Em seguida, dentro de uma dada categoria,aparecerá a listagem com os links, para acesso.

Mapas

Contextualize geograficamente os conteúdos, consultando osmapas, que podem ser ampliados para visualização de detalhes.

Versão para imprimir

Se quiser imprimir uma página ou toda uma parte do texto-base,este é o local para fazê-lo. É possível também imprimir o conteúdocompleto. (Importante: antes de autorizar a impressão,certifique-se do número de páginas que serão impressas.)

Avaliação:

Trabalhos / Redações

Esta é a ferramenta que propicia a criação de textos e trabalhos,mediante monitoramento, auxílio e correção pelo professor. Ametodologia utilizada é da criação passo a passo, e é possívelsalvar cada versão do trabalho, para garantir a memória dasalterações e checar a evolução da tarefa proposta.

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Avaliações Este é o local onde se podem realizar todos os procedimentosrelativos às avaliações propostas.

Painel de desempenhoLocal onde você visualizará toda a sua trajetória de avaliações,com as respectivas notas atribuídas e médias resultantes. Fiqueatento aos parâmetros avaliativos determinados pela instituição.

Guia do Estudante - pág. 03

Critérios de Avaliação:

Serão considerados aprovados os alunos que efetuarem todas as atividades propostas no curso, satisfatoriamente, dentro dos prazosestabelecidos.

VALOR DAS QUESTÕES

Autoavaliação Unidade I 0,0 Avaliação Final do Módulo I 5,0

Autoavaliação Unidade II 0,0 Avaliação Final do Módulo II 5,0

Autoavaliação Unidade III 0,0 Avaliação Final do Módulo III 5,0

Autoavaliação Unidade IV 0,0 Avaliação Final do Módulo IV 5,0

Exercício de Fixação Unidade 1 5,0 Avaliação Final do Módulo V 5,0

Exercício de Fixação Unidade 2 5,0 Avaliação Final do Módulo VI 5,0

Exercício de Fixação Unidade 3 5,0 Fórum de Apresentação 1,0

Exercício de Fixação Unidade 4 5,0 Primeiro Fórum Temático 7,0

Exercício de Fixação Unidade 5 5,0 Segundo Fórum Temático 7,0

Exercício de Fixação Unidade 6 5,0

Exercício de Fixação Unidade 7 5,0

Exercício de Fixação Unidade 8 5,0

Exercício de Fixação Unidade 9 5,0

Exercício de Fixação Unidade 10 5,0

Exercício de Fixação Unidade 11 5,0

Observação: O não cumprimento dessas atividades, no prazo determinado, implicará o cancelamento de sua matrícula e conseqüenteimpedimento por 6 meses de nova pré-matrícula nos cursos do ILB.

Certificação Eletrônica

Conseguindo desempenho suficiente nas atividades programadas, você estará apto à CERTIFICAÇÃO.Decorridos 10 dias após a data de conclusão do curso, entre com seu nome de usuário e senha e clique no ícone do certificado ao ladodo nome do curso.Você terá a opção de imprimir o CERTIFICADO e uma DECLARAÇÃO com o conteúdo programático. Poderá também salvar o arquivo,para posterior impressão. (Os certificados não mais serão enviados pelos Correios.)Caso deseje uma impressão especial, bastará utilizar papel com gramatura ou textura diferenciada.O ILB não fornece autenticação digital ou quaisquer outras comprovações além do certificado e da declaração emitidos eletronicamentee impressos pelo próprio aluno.

Atividades de estudo

Diversas atividades irão auxiliá-lo, funcionando como reforço na aprendizagem. Após o estudo do conteúdo de cada módulo e unidade,você deverá executar:

Auto-avaliação - Esta atividade foi desenvolvida para você mesmo verificar o seu progresso ao longo do percurso. Asauto-avaliações não serão corrigidas pelos tutores, e sim automaticamente pelo sistema.

Exercícios de Fixação - São atividades criadas para auxiliá-lo a entender e refletir melhor sobre os conteúdos apresentados aolongo do curso. Estes exercícios serão corrigidos pelos tutores. Ele poderá comentar sua resposta, consulte sempre a correçãorealizada. Poderá, ainda, recomendar que a questão seja refeita, se julgar necessário. Nesse caso, o ícone ficará azul. As

questões devem ser lidas no ambiente do curso e respondidas diretamente naplataforma.

Avaliação de unidade – são exercícios subjetivos, disponíveis ao final de cada unidade, que serão corrigidos pelos tutores. Asquestões devem ser lidas no ambiente do curso e respondidas diretamente na plataforma.

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Obs: O acesso aos exercícios da Unidade seguinte será dado somente após a realização dos Exercícios de Fixação eAvaliações Finais da Unidade anterior.

Guia do Estudante - pág. 04

Sugestões para um bom estudo:

As atitudes do estudante a distância, traduzidas em hábitos de estudo, são fatores que ajudam o aluno a persistir e permanecer no curso, determinando osucesso final. Nossas sugestões para que você tenha um bom aproveitamento são as seguintes:

Administre bem seu tempo - assegure-se de que terá disponibilidade para se dedicar ao estudo;

consulte com regularidade o cronograma do curso - o não cumprimento de algumas das datas implicará no cancelamento de sua matrícula;

procure realizar as atividades dentro dos prazos previstos - eles são planejados de forma a otimizar os resultados pretendidos e a pontualidadedemonstra seu compromisso com o processo de aprendizagem;

execute as atividades propostas em seqüência de módulos/unidades - os exercícios respondidos fora da ordem ficam aguardando a vez para seremcorrigidos e você corre o risco de se esquecer de retomá-los;

sempre que acessar a plataforma, navegue pelos ambientes de estudo para ver se algo novo foi acrescentado;

a plataforma é o melhor canal de comunicação com a tutoria e a coordenação - recorra preferencialmente ao tutor para sanar suas dúvidas deconteúdo;

procure participar dos fóruns de debates - eles são instrumentos valiosíssimos de interação com o grupo, além de integrarem a avaliação;

procure elaborar suas respostas em um editor de texto para, posteriormente, copiar e colar no local apropriado da plataforma - essa prática permiteque você estruture melhor seus textos e evita que, em caso de problema no sistema, você perca seu trabalho.

Requisitos de Hardware e Software

Para estudar com conforto, você vai precisar de um computador conectado à internet. Espera-se que o seu computador tenha:

• Pelo menos 64 MB de memória• Configuração da tela em 800X600 (ou superior)

• 16 milhões de cores (ou superior)• Navegador Internet explorer em sua versão 4.5 (ou superior)

• Flash Player 6.0

Esperamos que o presente curso sirva para despertar o interesse sobre essa temática tão presente no nosso dia a dia.Bom proveito!

A equipe organizadora do curso.

Módulo I - Iniciando o estudo da Economia

Neste primeiro módulo, vamos explicar o objeto de estudos da Ciência Econômica e sua aplicação no dia a dia, conforme o tipo de organização econômicavigente.

Ao final, esperamos que você possa:

conceituar economiaidentificar os seus principais componentes.

Unidade 1 - Introdução

Vamos iniciar o estudo da Economia

Nesta primeira unidade, vamos entender seus principais conceitos e aplicação no dia-a-dia.Veremos aqui que, ao contrário dos recursos disponíveis, as necessidades humanas são ilimitadas

e a sociedade tem que decidir o quê, como e para quem produzir, de acordo com a forma de organização econômica vigente.

Page 6: Fundamentos Da Ciencia Economica

Sugestões para um bom estudo:

Administre bem seu tempo - assegure-se de que terá disponibilidade para se dedicar ao estudo;

Acesse o vídeo educacional sobre o tema proposto, produzido pelo Instituto Legislativo Brasileiro: http://www.youtube.com/watch?v=liZcE05M93U

Unidade 1 - Introdução - pág. 01

Antes de iniciarmos o nosso estudo, vamos conhecer a origem da palavra “economia” e seu objeto de estudo.

Qual a origem da palavra e qual é o objeto da economia?

Uma idéia muito boa da utilidade do estudo da ciência econômica vem da sua própria etimologia: a palavra economia vem do gregooikos (casa) e nomos (norma, lei). Ou seja, trata da administração da casa, que pode ser estendida para a administração dasempresas, para a administração do país.

Conceitualmente, podemos dizer que o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da escassez.

A escassez surge em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição de recursos disponíveis. Vejamos: quandoconseguimos atender nossas necessidades básicas (alimentação, vestuário, moradia), passamos a desejar mais como uma casa maior,um carro mais potente, uma viagem internacional, ou seja, na prática, nunca estamos satisfeitos.

Produzir o quê? Como? Para quem?

Ocorre que os recursos são limitados, o que significa que nem todas as necessidades podem ser simultaneamente atendidas. Dessa maneira, aspessoas, os governos, a sociedade como um todo, qualquer que seja seu tipo de organização econômica, ou regime político, é obrigada a fazer opções,escolhas. Assim, também podemos definir a economia como o estudo pelo qual a sociedade decide o quê (quais desejos serão safisfeitos e em quequantidade), como (qual técnica será utilizada para se conseguir o máximo de produção com a menor quantidade de recursos) e para quem produzir(quem será o beneficiário da produção, como o produto será distribuído). Assim, também podemos definir a economia como o estudo pelo quala sociedade decide o quê (quais desejos serão satisfeitos e em que quantidade), como (qual técnica será utilizada para se conseguir omáximo de produção com a menor quantidade de recursos) e para quem produzir (quem será o beneficiário da produção, como oproduto será distribuído).

Veja o resumo no diagrama a seguir:

Quadro I.1.

Se os recursos são limitados, significa que nem todas as necessidades podem ser simultaneamente atendidas?

Sim. Dessa maneira, as pessoas, os governos, a sociedade como um todo, qualquer que seja seu tipo de organização econômica, ouregime político, são obrigadas a fazer escolhas.

Unidade 1 - Introdução - pág. 02

Curva de Possibilidade de Produção – Custo de Oportunidade

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Para ilustrar a questão da escassez de recursos, a economia dispõe de um gráfico chamado de curva de possibilidade de produção. Essa representaçãomostra o máximo que uma sociedade pode produzir, dados os recursos produtivos limitados.Primeiramente, vamos definir “fatores de produção”: são todos os insumos utilizados para produzir bens e serviços.

E o que podemos considerar como “fatores de produção”?

Tradicionalmente, são considerados fatores de produção:

• a terra (campos cultiváveis, minas)• o trabalho (recursos físicos e mentais do homem)

• e o capital (máquinas, instalações, matérias-primas).

Agora, vamos supor que usamos todos os fatores de produção para produzir dois tipos de bens: automóveis e alimentos.

As alternativas de produção de automóveis e alimentos estão expressas na tabela I.1 e representadas no gráfico I.1:

Dada a escassez de recursos, a sociedade deve decidir qual ponto da curva de possibilidades de produção será escolhido. A tomada de decisões exigeescolher um objeto em detrimento do outro.

Curva de Possibilidade de Produção – Tab I1.1 - gráfico I.1

No ponto A do gráfico I.1, a sociedade escolheu canalizar todos os fatores, todos os recursos, para produzir unicamente automóveis. No ponto F, asociedade optou por produzir apenas alimentos. As outras alternativas são situações intermediárias. Por exemplo, no ponto D, a economia produz 10 milautomóveis e 8 mil toneladas de alimentos.

Note que temos um ponto G, que está além da curva (externo a ela). Esse ponto retrata uma situação que não pode ser atingida com os recursosdisponíveis. Só conseguiríamos atingir o patamar G se houvesse recursos extras (veremos nos módulos seguintes como fazer para aumentar os recursosprodutivos de uma sociedade).

Atente também para a existência de um ponto H (interno à curva). Nesse caso, temos uma situação ineficiente, pois não se está utilizando todos osrecursos disponíveis. Há desemprego de fatores. E como resolver esse problema do desemprego? Tenha calma, também estudaremos isso nos próximosmódulos.

Em suma, a curva de possibilidades de produção nos mostra que, quando os recursos são escassos, a sociedade só pode obter mais de algumas coisasse receber menos de outras. Voltando ao nosso exemplo: se estivermos no ponto B, estarão sendo produzidas 3 mil toneladas de alimentos e 14 milautomóveis. Suponha que a sociedade decidiu que queria mais alimentos, o equivalente a 6 mil toneladas. Nesse caso, para conseguir essa produção dealimentos, a produção de veículos cairá para 12 mil unidades (ponto C).

Esse sacrifício de 2 mil carros (ao irmos do ponto B para o ponto C) é o que denominamos de custo de oportunidade, ou seja, custo de oportunidade é oquanto temos de abrir mão de algo para conseguir mais de outro item.

Essa situação remete à famosa frase do economista norte-americano:

"Não existe almoço grátis”Milton Friedman (Prêmio Nobel norte-americano)

isto é, nada é de graça numa situação de pleno emprego dos fatores.

Unidade 1 - Introdução - pág. 03

Page 8: Fundamentos Da Ciencia Economica

Quer dizer que vivemos sempre em situações de escolhas?A todo momento estamos fazendo escolhas que implicam conseguir um bem ou serviço, mas, em conseqüência, deixamos de ter outro. Por exemplo, umcasal recebe sua renda mensal e tem de decidir se gastará o dinheiro com roupas, alimentos e lazer ou se aplicará sua renda em uma caderneta depoupança ou um plano de previdência privada. Daí vem uma palavra muito utilizada em teoria econômica: tradeoff. Esse termo define uma situação deescolha conflitante, quer dizer, ao optarmos por alguma coisa, deixamos de ter outra.

"A vida econômica equilibra-se entre a busca

da satisfação e a negação do sacrifício."(Alfred Marshall - Economista inglês)

Sistemas Econômicos

Como vimos, os recursos disponíveis são limitados e, portanto, deve-se decidir o quê, como e para quem produzir. No entanto, as respostas a essasquestões dependem da forma de organização econômica vigente.

Existem três tipos básicos de organização econômica:

• Economia de mercado• Economia de planejamento central

• Economia Mista

Em uma economia de mercado, o mecanismo de preços resolve os problemas econômicos fundamentais e promove o equilíbrio. Se as empresas estiveremofertando muitos bens, o preço deles deve cair para que a produção seja escoada. Por outro lado, se os consumidores estiverem dispostos a comprarmuito de algo, a tendência é o preço desse bem subir. É dessa forma que o mercado usa os preços para conciliar decisões sobre consumo e produção.Voltaremos mais detalhadamente a esse assunto no próximo módulo.

Na economia de planejamento central, os meios de produção são de propriedade do Estado, isto é, terras, fábricas, máquinas, residências, tudo pertenceao Poder Público. As questões o quê, como e para quem são respondidas somente pelo Estado. Na atualidade, os países que mais se aproximam dessesistema econômico são Cuba e China.

Por fim, há uma solução intermediária entre os dois sistemas comentados: o de economia mista, em que o governo e o setor privado interagem buscandosoluções para os problemas econômicos. Na realidade, esse é o sistema adotado por todos os países, sendo que alguns tendem mais para a economia demercado e outros, para a de planejamento central.

Síntese

Vimos que, como os recursos são limitados, devemos fazer escolhas. A curva de possibilidades de produção ilustra essas decisões de optarmos por umbem em detrimento de outro. A sociedade decide o quê, como e para quem produzir, conforme o tipo de organização econômica vigente. Todos os paísestendem a ser economias mistas, com mais ou menos intervenção estatal.

Módulo I - Exercício de Autoavaliação - Unidade 01 - Acesso através do Menu lateral "Avaliações".

Módulo I - Exercício de Fixação - Unidade 01 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Módulo I - Avaliação Final – Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações".

Módulo II - Fundamentos da Microeconomia

Neste módulo vamos conhecer a microeconomia através da análise do estudo das preferências individuais e das teorias da oferta e demanda.

Veremos aqui as diversas estruturas de mercado e suas principais características.

Ao término desta leitura esperamos que você possa:

Page 9: Fundamentos Da Ciencia Economica

conceituar oferta e demanda,compreender as teorias da microeconomia

e analisar o comportamento de compradores e vendedores numa economia de mercado.

Acesse os vídeos educacionais sobre o tema proposto, produzidos pelo Instituto Legislativo Brasileiro:http://www.youtube.com/watch?v=2FdEBPCxmvM e http://www.youtube.com/watch?v=9qq9VV8I1D0

Unidade 2 - Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado

Como já citamos na unidade 1 do primeiro módulo do curso, em uma economia de mercado, o mecanismo de preços resolve problemas econômicosfundamentais.

Nesta unidade vamos entender como se processa essa dinâmica do mercado e como os preços têm o poder de harmonizar a oferta com a demanda,gerando um equilíbrio.

Sugestões para um bom estudo:

Consulte com regularidade o cronograma do curso - o não cumprimento de algumas das datas implicará no cancelamento de sua matrícula;

Unidade 2 - Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado - pág. 01

Introdução

A Economia divide-se tradicionalmente em dois amplos ramos:

• Microeconomia• Macroeconomia (veremos no Módulo III)

A microeconomia, objeto desta unidade, é o estudo de como as famílias e empresas tomam decisões e de como elas interagem em mercados específicos.

Por exemplo, o microeconomista estuda as preferências dos indivíduos, se as famílias preferem comprar laranjas a maçãs e quanto os produtores, nessecaso, oferecem de cada uma das frutas. Estuda ainda os preços relativos e a produção relativa desses dois bens (laranjas e maçãs).

Teoria da Demanda e da Oferta

Pense agora na seguinte situação: nos bares e restaurantes de uma cidade, consomem-se X garrafas de cerveja e Y garrafas de vinho. Suponha tambémque os consumidores tenham mudado sua preferência e passaram a beber mais vinho e menos cerveja (talvez porque tenham divulgado que vinho faz bemà saúde). Considerando que a renda dos consumidores não foi alterada e que a produção de cerveja e vinho permaneceu a mesma em um primeiromomento, o que vai acontecer com o preço dos produtos? Será que as quantidades produzidas de cerveja e vinho serão alteradas num segundo momento?

Vejamos outros casos: você já percebeu que o preço da água de coco sempre aumenta no verão, que as roupas de frio ficam mais caras no inverno ou queos artigos de papelaria custam mais no início do período escolar?

Pois é, essas questões são estudadas pela teoria daoferta e da demanda, a serem introduzidas nestemódulo. Analisam-se como compradores evendedores se comportam e como interagem unscom os outros. Mostra-se como a oferta(comportamento dos vendedores) e a demanda(comportamento dos compradores) determinam ospreços em uma economia de mercado e como ospreços influenciam a alocação dos recursosescassos da economia.

Análise da demanda

A demanda (ou procura) é a quantidade de determinada mercadoria (bem ou serviço) que os compradores (consumidores) desejam adquirir de acordo comcada preço dado. A quantidade demandada de um produto qualquer é a quantidade desse bem que os compradores desejam e podem comprar.

Normalmente, temos uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demandada. Pensemos em uma mercadoria em particular: chocolate.Quando o preço do chocolate cai, você tem uma inclinação maior para comprar mais barras e bombons; no entanto, se o chocolate ficar mais caro, vocêprovavelmente vai se conter e comprará menos.

Como a quantidade demandada diminui quando o preço aumenta e aumenta quando o preço diminui, dizemos que a quantidade demandada énegativamente relacionada com o preço (em um gráfico, isso se traduz por uma curva decrescente).

Page 10: Fundamentos Da Ciencia Economica

Vamos supor a seguinte escala de demanda (tabela II-1.1), ou seja, quantas barras de chocolate as pessoas estão dispostas a comprar conforme seja opreço da mercadoria. Note que quanto mais alto o preço, menos chocolate as pessoas comprarão. Se a barra custar R$2,00, apenas 10 barras dechocolate serão adquiridas.

Vejamos agora a representação desses valores em um gráfico. A junção dos pontos forma a curva da demanda (linha inclinada para baixo).

Acompanhe as setas no gráfico: quando os preços caem, a quantidade demandada aumenta (também vale o contrário, se os preços subirem, a quantidadedemandada diminui).

Essa relação entre quantidade demandada e preço funciona para a maioria dos bens e serviços existentes. Na verdade, é tão universal que é chamada delei da demanda.

Lei da demanda: considerando todas as demais variáveis constantes, aquantidade demandada de um bem diminui à medida que o preço dele aumentar.

Unidade 2 - Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado - pág. 02

Preços, Bens Substitutos, Preferências e Renda

Imagine agora a seguinte situação: você vai a um restaurante e pede o cardápio para escolher seu jantar. Para fazer sua escolha, você olha primeiramenteos preços. Vamos supor que sua opção seja por um filé de carne vermelha. No entanto, o garçom lhe informa que existe um peixe em promoção. O peixe,por ser um substituto da carne vermelha, pode alterar sua escolha. Se os preços fossem parecidos, você levaria em conta apenas seu gosto. Mas entãovocê percebe que está com muita fome e poderia comer os dois pratos, porém, a decisão de consumir mais ou menos irá depender da sua rendadisponível.

Vimos que a curva da demanda mostra a relação entre preço e quantidade demandada, mantendo todos os outros fatores constantes. Ocorre que, como ahistória do restaurante retrata, existem outros fatores além do preço que são relevantes para a demanda: o preço dos bens relacionados, a renda dosconsumidores e seus gostos ou preferências.

Bens Substitutos e Complementares

Relativamente ao preço dos bens relacionados, temos dois casos. O primeiro deles trata dos bens substitutos. Isso acontece quando o consumo de umbem substitui o consumo do outro. São exemplos de bens substitutos: coca-cola e guaraná, viagem de ônibus e de metrô, carne de vaca e de peixe, etc.

O outro caso de bens relacionados são os bens complementares. Nesse caso, os bens são consumidos em conjunto, como pão e manteiga, carro ecombustível, computador e software, etc.

Um aumento no preço de um bem impulsiona a demanda por seus substitutos, mas reduz a demanda de seus complementares (e vice-versa).

Vejamos:Uma vez que tanto a viagem de ônibus quanto a de metrô atendem a mesma finalidade de transporte público, esses dois serviços são consideradossubstitutos e, portanto, se a passagem de ônibus aumentar, aumentará a quantidade demandada das viagens de metrô. Agora imagine que o preço doscomputadores caia; isto implica que a quantidade demandada de computadores aumentará, mas também aumentará a demanda de programas decomputador (software), pois não faz sentido ter um computador sem programas (caso dos bens complementares).

Quais outros fatores alteram a demanda?

Outro fator que altera a demanda é a renda. Se ela aumenta, a demanda da maioria dos bens aumenta, ou seja, os consumidores compram mais de todasas coisas. Quando isso acontece, chamamos os bens de normais. No entanto, há exceções, como os bens inferiores. Nesse caso, quando o indivíduo temum aumento na renda, ele passa a consumir menos dos bens inferiores (normalmente, são bens de baixa qualidade e baratos). Um exemplo disso é acarne de segunda, só compramos esse tipo de carne quando dispomos de pouco dinheiro, se a nossa renda aumenta um pouco, passamos a comprarcarne de primeira.

Por fim, temos a questão do gosto. A demanda por bens pode ser alterada se houver mudanças no gosto dos indivíduos. Isso pode acontecer por meio decampanhas publicitárias, modismos, atitudes sociais, etc. Por exemplo, se as protagonistas de novelas usam um determinado tipo de roupa, a demanda poressa roupa crescerá.

E qual será o reflexo na curva da demanda decorrente de alterações na renda, nos bens relacionados e no gosto?

Page 11: Fundamentos Da Ciencia Economica

Já vimos que mudanças ao longo da curva da demanda são causadas por mudanças nos preços (a quantidade demandada varia conforme o preço),lembre-se do gráfico II-1.1. Mas e alterações nos outros fatores?

A curva da demanda se desloca toda para a direita ou para a esquerda em resposta a mudanças nos preços dos bens substitutos e complementares, narenda e nos gostos.

Retornemos ao nosso exemplo das barras de chocolate. Se acontecer um aumento da renda, ou uma elevação do preço de algum bem substituto dochocolate, ou uma diminuição do preço de algum bem complementar a ele, ou, por fim, uma alteração no gosto de forma que os indivíduos queiram maischocolate, então a curva da demanda se desloca toda para a direita (de D vai para D’).

Note que, para todos os preços, a demanda ficou maior, ou seja, as famílias estão comendo mais chocolate independentemente do preço dele. O aumentono consumo ocorreu devido a alterações nos fatores renda, bens relacionados e gosto. Analogamente, temos a situação de diminuição do consumoretratada por um deslocamento da curva da demanda para a esquerda.

Unidade 2 - Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado - pág. 03

Análise da oferta

A oferta é a quantidade de determinada mercadoria (bem ou serviço) que osvendedores querem oferecer de acordo com cada preço dado. A quantidadeofertada de um produto qualquer é a quantidade desse bem que os produtores

(vendedores) estão dispostos e aptos a vender.

Qual é a relação entre o preço do bem e a quantidade ofertada?

Em geral, temos uma relação direta. Continuemos com o nosso exemplo do chocolate. Quando o preço do chocolate sobe, o produtor (vendedor) tem umainclinação maior para produzir (vender) mais barras e bombons; no entanto, se o chocolate ficar mais barato, ele tem menos incentivos para fabricar evender chocolates .

Como a quantidade ofertada aumenta quando o preço sobe e diminui quando o preço cai, dizemos que a quantidade ofertada é positivamente relacionadacom o preço (em um gráfico, isso se traduz por uma curva crescente).

Vamos supor a seguinte escala de oferta (tabela II-1.2), ou seja, quantas barras de chocolate os produtores estão dispostos a vender conforme seja opreço da mercadoria. Note que quanto mais alto o preço, mais chocolate será posto à venda. Se a barra custar R$2,00, então 50 barras de chocolateserão fabricadas e oferecidas no mercado.

O conjunto desses dados, representados em um gráfico, forma a curva da oferta S (linha inclinada para cima). Usualmente a curva da oferta érepresentada pela letra S em referência à palavra inglesa supply (oferta).

Page 12: Fundamentos Da Ciencia Economica

Acompanhe as setas no gráfico II-1.3: quando os preços sobem, a quantidade ofertada aumenta (também vale o contrário, se os preços caírem, aquantidade ofertada cai). Esse movimento dá origem à chamada lei da oferta .

Lei da oferta: considerando todas as demais variáveis constantes, a quantidadeofertada de um bem aumenta à medida que o preço dele aumentar.

Bom, então a curva da oferta mostra a relação entre preço e quantidade ofertada, mantendo todos os outros fatores constantes.

Quais outros fatores alteram a oferta?

Ocorre que, analogamente à demanda, existem outros fatores além do preço que são relevantes para a oferta. Citamos dois dos principais: a tecnologia eo preço dos insumos.

A tecnologia se destaca, pois ela tem o papel de reduzir os custos das empresas e incrementar a produção. Por exemplo, quando o chocolate é fabricadoartesanalmente, a produção é muito menor do que quando se utilizam máquinas que propiciam a fabricação do chocolate em escala industrial. Umatecnologia melhor desloca a curva da oferta para a direita, pois os produtores ofertam mais que antes para cada um dos preços (veja o gráfico II-1.4).

Para produzir o chocolate, os produtores usam diversos insumos, como leite, açúcar, cacau, máquinas para fabricação, trabalhadores, etc. Se algumdesses insumos fica mais caro, a produção do chocolate se torna menos lucrativa, logo o produtor passa a oferecer menos do produto, o que desloca acurva da oferta toda para a esquerda. Analogamente, preços menores dos insumos (como salários mais baixos) induzem as empresas a produzirem mais acada preço, deslocando a curva da oferta para a direita (um motivo das elevadas taxas de crescimento econômico da China é a mão-de-obra baratadisponível por lá, mas voltaremos a discutir isso mais tarde).

Unidade 2 - Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado - pág. 04

O equilíbrio de mercado

O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta quanto pela demanda. Vamos colocar em um único gráfico as nossas curvas deoferta e de demanda de chocolate.

Page 13: Fundamentos Da Ciencia Economica

Observe, no gráfico II-1.5, que há um único ponto de interseção das curvas de oferta e de demanda: elas se cruzam no ponto E. Esse ponto é chamadode equilíbrio de mercado. Nele temos o preço de equilíbrio que faz com que a quantidade ofertada seja igual a quantidade demandada. Em relação aonosso exemplo, o preço de equilíbrio é R$1,20 que implica uma quantidade ofertada e demandada de chocolate igual a 30 barras.

VALE DESDE O CHUCHU AO DÓLAR(extraído da revista Veja de 22/02/2006)

“Desde a introdução do sistema de câmbio flutuante no país, em 1999,as cotações oscilam de acordo com a lei mais básica da economia, a da oferta e

da procura.Quando a oferta é pequena e a procura é elevada, os preços sobem.

Vale tanto para chuchu quanto para moedas sob o regime de câmbio flutuante”.

As ações de compradores e vendedores conduzem naturalmente o mercado em direção ao equilíbrio entre demanda e oferta. Vejamos o que acontece seo mercado estiver em desequilíbrio

No nosso exemplo, ao preço de R$1,20, a quantidade que os compradores desejam comprar e os vendedores desejam vender é 30 barras de chocolate.Se o preço for cotado acima de R$1,20, os vendedores vão querer vender mais de 30 barras, mas os compradores estarão dispostos a comprar menosque isso. Haverá um excesso de oferta de barras de chocolate. Em conseqüência, os vendedores acumularão estoques não planejados e terão de diminuirseus preços de forma que a produção seja escoada. No final do processo, o preço volta ao equilíbrio.

Analogamente, gráfico II-1.6, se o preço for cotado abaixo de R$1,20, os vendedores vão produzir menos de 30 barras, mas os compradores estarãodispostos a comprar mais que isso. Haverá um excesso de demanda de barras de chocolate e os consumidores estarão dispostos a pagar mais pelochocolate escasso. Novamente, o sistema voltará ao equilíbrio.

Exercício Resolvido(referência para o Exercício de Fixação - Unidade 2)

Síntese

A demanda é a quantidade de bens que os compradores desejam comprar conforme o preço adotado. Considerando as outras variáveis constantes,quanto maior o preço, menor será a quantidade demandada.

A oferta é a quantidade de bens que os vendedores ou produtores estão dispostos a vender conforme o preço estipulado. Tendo os demais valoresconstantes, quanto maior o preço, maior será a quantidade ofertada.

Page 14: Fundamentos Da Ciencia Economica

O mercado está em equilíbrio quando a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada em um determinado preço de equilíbrio. Isso acontece nocruzamento das curvas de oferta e de demanda.

Módulo II - Exercício de Autoavaliação - Unidade 02 - Acesso através do Menu lateral "Avaliações".

Módulo II - Exercício de Fixação - Unidade 02 e Unidade 03 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Unidade 3 - Estruturas de Mercado

Estudamos, na unidade passada, que o mercado está em equilíbrio quando a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada em um determinadopreço de equilíbrio.

Isso acontece no cruzamento das curvas de oferta e de demanda.

Nesta unidade vamos conhecer as estruturas de mercado existentes e suas características, esperando que, ao final, você possa: identificar o impacto decada uma dessas estruturas nos preços e no lucro dos produtores.

Sugestões para um bom estudo:

Procure realizar as atividades dentro dos prazos previstos - eles são planejados de forma a otimizar os resultados pretendidos e a pontualidade demonstraseu compromisso com o processo de aprendizagem;

Unidade 3 - Estruturas de Mercado - pág. 01

Estruturas de Mercado

Introdução

Recentemente, presenciamos uma disputa entre os postos de gasolina para ver qual estabelecimento oferecia o combustível a um preço menor, acompetição chegava a centavos. Nesse ambiente, vamos supor que o posto próximo a sua casa venda o litro da gasolina a um preço 10% maior que amédia dos concorrentes. O que acontecerá com esse posto? Os clientes, ao perceberem a diferença de preço, certamente procurarão outroestabelecimento onde a gasolina esteja mais barata e o posto careiro ficará vazio.

Vejamos agora outra situação: a companhia que oferece energia elétrica na sua cidade, além de prestar um serviço ruim com falta de luz a todo momento,ainda decidiu majorar a tarifa em 20%. O que você vai fazer? Provavelmente vai tentar não deixar tanto as luzes da casa acesas, mas será impossíveldeixar de usar a energia elétrica ou trocar de fornecedor.

Com esses exemplos, percebemos que existem mercados com estruturas diferentes que geram formas distintas de se fixar o preço do bem (ou doserviço).

Basicamente, no mercado de bens e serviços, existem quatro tipos de estrutura que estudaremos neste módulo:

• Concorrência perfeita.• Monopólio.• Concorrência monopolística.• Oligopólio.

Unidade 3 - Estruturas de Mercado - pág. 02

Concorrência perfeita

O mercado em concorrência perfeita é um modelo hipotético que retrata uma situação ideal. Sua importância reside no fato de servir de base para a

Page 15: Fundamentos Da Ciencia Economica

avaliação das outras estruturas de mercado.

Quais as características do mercado em concorrência perfeita?

As seguintes condições devem ser preenchidas para que o mercado seja considerado perfeitamente competitivo (em concorrência perfeita):

• Há muitos compradores e vendedores no mercado.

Isso significa que cada agente é muito pequeno em relação ao mercado como um todo sendo, em conseqüência, incapaz de influenciar os níveis de ofertae de demanda e o preço de equilíbrio. Assim, cada comprador e vendedor é um tomador de preços, ou seja, ele simplesmente aceita o preço dado pelomercado, não tem poder nenhum de modificá-lo.

• Os diversos vendedores oferecem bens homogêneos.

Ou seja, os produtos são parecidos de forma que não há margem para haver diferenciação de preço por conta de características individuais dos produtosde cada vendedor.

Infere-se das duas hipóteses acima que, num modelo de concorrência perfeita, todas as firmas do mercado praticam o mesmo preço p0 e tudo o que forofertado por cada firma será vendido. Se alguma firma tentar praticar um preço mais alto, perderá todos os clientes. Se quiser vender a um preço maisbaixo, não estará sendo racional, pois, se vende quanto quer no preço p0, não há motivo para diminuir sua receita vendendo a um preço menor.

Mas então vem a dúvida: por que todos os vendedores desse mercado não combinam uma medida para empurrar o preço para cima, obrigando oscompradores a aceitarem esse preço mais alto (principalmente se for um bem cujo consumo é necessário)? Para que isso não aconteça, há uma terceirahipótese no modelo de concorrência perfeita:

• Há livre entrada de firmas e compradores no mercado.

Mesmo que os preços fossem elevados, o conseqüente aumento dos lucros atrairia novas firmas para nesse mercado, aumentando a oferta total eempurrando o preço para baixo.

A CONCORRÊNCIA DERRUBA OS PREÇOS(extraído da Revista Veja de 08/03/2006)

O filósofo e economista escocês Adam Smith, pai do pensamento econômicomoderno, escreveu no clássico A Riqueza das Nações, de 1776,

que não é da benevolência do padeiro ou do açougueiro que devemos esperarnosso jantar, “mas sim do comprometimento deles com seus próprios interesses”.Ou seja, é a concorrência, com cada comerciante tentando vender mais que o

outro, que derruba os preços, beneficiando toda a sociedade

Voltemos ao exemplo da gasolina. Em uma cidade grande, existem vários postos oferecendo combustível e, é claro, vários motoristas para comprarem agasolina. O produto é o mesmo: em tese, não há diferença na gasolina entre os estabelecimentos (a exceção se faz quando adulteram o combustívelmisturando água). Assim, o mercado de gasolina se aproxima bastante do mercado perfeitamente competitivo, mas ainda não é uma concorrência perfeita.Por quê?

Bom, não é qualquer um que consegue montar um posto. Para tanto, é necessário um capital alto e licenças de funcionamento especiais. Ou seja, não hálivre entrada de firmas. O não-cumprimento dessa condição abre espaço para a formação de cartéis, isto é, as empresas fornecedoras se unem paramanipular o preço.

As três hipóteses mencionadas são as mais citadas para se caracterizar uma concorrência perfeita. No entanto, ainda podemos enumerar outras:

• Transparência de mercado: compradores e vendedores detêm informação completa sobre preços, locais de vendas, qualidade dos produtos, lucrodos concorrentes.

• Mobilidade dos bens: livre movimentação dos fatores de produção e dos produtos. Não existem custos de transportes.

Cabe frisar novamente: a concorrência perfeita é um modelo hipotético. É usado apenas por seu valor analítico, pois não existe na prática.

Unidade 3 - Estruturas de Mercado - pág. 03

Monopólio

Após termos discutido a concorrência perfeita, passamos agora ao caso oposto: o monopólio. Uma firma é chamada monopolista se ela é a únicafornecedora de determinado produto. Mais ainda, uma empresa é um monopólio se é a única vendedora de seu produto, se o produto não tem substitutospróximos e se há barreiras à entrada de outras empresas.

A grande questão do monopólio é saber o motivo pelo qual outras empresas não vendem o produto do monopolista. Isso acontece justamente pelasbarreiras existentes que impedem outras firmas de atuarem no mercado monopolizado. Como podem ocorrer essas barreiras? Vejamos.

• Monopólio natural

Esse tipo de estrutura surge quando há economias de escala na produção. Isto é, a empresa monopolista, já estabelecida, tem condições de operar combaixos custos. Qualquer outra empresa que tente entrar no mercado terá que fazer muitos investimentos e não conseguirá oferecer o produto a um preçoequivalente ao da firma monopolista.

Um exemplo de monopólio natural está na distribuição de energia elétrica. Para levar energia a uma cidade, uma empresa precisa de equipamentos caros epostes com fiação por todo o perímetro municipal. Outra empresa não tem interesse em explorar esse ramo, porque o custo fixo de construção da rede émuito alto e, com duas firmas competindo na prestação desse serviço, as duas teriam desembolsado esse valor alto e o custo médio do serviço de

Page 16: Fundamentos Da Ciencia Economica

fornecimento de energia elétrica seria mais elevado, diminuindo os lucros.

• Controle exclusivo sobre as matérias-primas

Uma única empresa é detentora de um recurso-chave. Por exemplo, em uma cidade isolada, existe apenas uma fonte de água de propriedade de umafirma e não há outra maneira de se obter água. Essa modalidade de barreira à entrada é rara, pois hoje as economias são grandes, inclusive mundiais, osrecursos estão distribuídos por vários proprietários e há fácil transporte deles por entre áreas distantes.

• Monopólios criados pelo governo

Em muitos casos, os monopólios surgem porque o governo concede a uma só firma o direito exclusivo de vender algum bem ou serviço. A lei de patentes éum exemplo de como o governo cria um monopólio para atender ao interesse público. Com a autorização para produzir exclusivamente algum bem, o preçodeve ficar num patamar mais elevado do que ocorreria se houvesse competição. Mas, concedendo a patente, o governo cria incentivos maiores à atividadecriativa e à pesquisa.

Podemos resumir até aqui os conceitos estudados. A principal diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista é a capacidade que esta últimatem de influenciar o preço do seu produto. Uma empresa competitiva é pequena em relação ao mercado em que opera e, portanto, toma o preço do seuproduto como dado pelas condições do mercado. Em contrapartida, uma monopolista, como única produtora em seu mercado, pode alterar o preço de seubem, garantindo lucros acima do normal (chamamos de lucros extraordinários).

Como lidar com o poder do monopólio?

Do ponto de vista da política pública, os monopólios produzem menos do que a quantidade socialmente eficiente e cobram preços superiores ao quedeveriam. Nesse caso, o governo pode reagir com uma legislação antitruste para tentar tornar as firmas mais competitivas. Pode, por exemplo, proibirfusões de grandes corporações quando o resultado disso for um mercado monopolizado. No Brasil, um dos órgãos responsáveis por esse controle é oConselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE.

O governo pode também transformar o monopólio em estatal, de forma a controlar o comportamento da firma em nome do interesse público (exemplo:Petrobrás). Ou pode ainda regulamentar os preços cobrados pelos monopolistas, como faz algumas agências reguladoras (exemplo: ANEEL – AgênciaNacional de Energia Elétrica).

Unidade 3 - Estruturas de Mercado - pág. 04

Concorrência monopolística

A concorrência monopolística abrange os mercados que possuem algumas características do mercado competitivo e algumas características demonopólio. Trata de um modelo muito mais próximo da realidade do que a concorrência perfeita.

Vejamos um exemplo. Você decide almoçar num shopping e vai à praça de alimentação. Lá você se depara com restaurantes de diversos tipos: comidaitaliana, japonesa, natural, etc. Parece ser um mercado competitivo, todos os restaurantes estão disputando seu apetite. No entanto, também parece ummonopólio, pois cada estabelecimento oferece exclusivamente um tipo de comida, com seu tempero próprio.

Assim, a concorrência monopolística tem as seguintes características principais:

• Muitas empresas produzindo um dado bem ou serviço.• Os produtos são diferenciados, mas são substitutos próximos.• Cada empresa tem certo poder sobre preços, dado que o produto é diferenciado. O consumidor tem opção de escolha, de acordo com suapreferência.

Como não existem barreiras para a entrada de firmas, a longo prazo há tendência apenas para lucros normais, como em concorrência perfeita.

Oligopólio

É um tipo de estrutura de mercado que apresenta pequeno número de empresas no setor. Um ótimo exemplo de oligopólio é a OPEP (Organização dosPaíses Exportadores de Petróleo). Grande parte do petróleo do mundo é produzida por um pequeno grupo de países, a maioria deles localizada no OrienteMédio. Juntos eles tomam decisões sobre a quantidade extraída de petróleo e influenciam o preço do barril em escala mundial.

Em oposição à concorrência monopolística e de forma semelhante ao monopólio, as empresas pertencentes ao oligopólio garantirão lucros extraordinários,pois sempre haverá barreiras à entrada de novos concorrentes, principalmente no oligopólio natural, como é o caso do petróleo.

Síntese

Vimos quatro tipos de estrutura de mercado. A concorrência perfeita pressupõe um mercado com muitos compradores e vendedores negociando produtosidênticos, de modo que cada comprador e cada vendedor é um tomador de preço. O monopólio consiste em uma empresa que é a única vendedora de umproduto que não tem substitutos semelhantes. A concorrência monopolística é uma estrutura de mercado em que muitas empresas vendem produtos quesão similares, porém existe uma diferenciação. Por fim, temos o oligopólio, em que há poucos vendedores oferecendo produtos muito similares ouidênticos.

O funcionamento da economia de mercado passou por diversas alterações na atualidade, como o gigantismo das modernas unidades industriais e ocrescente intervencionismo do Estado na economia. Em conseqüência, prevalece, entre as situações de mercado, o monopólio e o oligopólio.

Módulo II - Exercício de Autoavaliação - Unidade 03 - Acesso através do Menu lateral "Avaliações".

Módulo II - Exercício de Fixação - Unidade 02 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Page 17: Fundamentos Da Ciencia Economica

Módulo II - Avaliação Final – Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Módulo III - Fundamentos de Macroeconomia

O terceiro módulo deste estudo tem por objetivo analisar os principais fundamentos da macroeconomia.

Vamos entender em que se baseia a política macroeconômica, suas metas e os instrumentos disponíveis para atingi-las.

Conheceremos os conceitos e identidades fundamentais e veremos como ocorrem as flutuações econômicas

Ao término deste estudo esperamos que você possa:

• definir o objeto de estudo da macroeconomia.• distinguir as principais variáveis macroeconômicas e usá-las para análise de economias reais.

• identificar os efeitos das políticas fiscal e monetária nas flutuações e como podem ser usadas para a consecução de determinados fins.

Unidade 4 - Política Macroeconômica

Vimos na unidade anterior, que a Microeconomia, um dos amplos ramos da Economia, estuda as preferências dos indivíduos, os preços relativos e aprodução relativa dos bens.

Nesta unidade vamos entender o objeto de estudo da Macroeconomia, suas metas e instrumentos de política utilizados para atuar sobre a capacidadeprodutiva e sobre a despesa planejada da sociedade.

Sugestões para um bom estudo:

Execute as atividades propostas em seqüência de módulos/unidades - os exercícios respondidos fora da ordem ficam aguardando a vez para seremcorrigidos e você corre o risco de se esquecer de retomá-los;

Unidade 4 - Política Macroeconômica - pág. 01

Qual é o objeto de estudo da Macroeconomia?

A macroeconomia tem como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o consumo, apoupança e os investimentos totais.

A macroeconomia, ao tentar responder como o mercado de bens e serviços se comporta, efetua uma agregação de todos os bens produzidos pelaeconomia durante certo período de tempo. Esse conjunto é chamado de produto agregado, ou seja, o somatório de todos os bens produzidos pelaeconomia. O preço de produto agregado é uma média de todos os preços produzidos. A isso, dá-se o nome de nível geral de preços.

Para que as compras e vendas de mercadorias eserviços aconteçam, é necessário um elemento comumde troca: o dinheiro. Para tanto, existe o mercadomonetário, em quesão determinadas as taxas de juros e a quantidade de

moeda necessária para efetuar as transaçõeseconômicas. A moeda tem importância na determinação

dos preços e nas quantidades produzidas.

Analogamente, a macroeconomia também vê o mercado de trabalho como uma agregação de todos os tipos de trabalho existentes na economia. Comoresultado temos outras duas variáveis macroeconômicas: a taxa salarial e o nível de emprego.

A macroeconomia se incumbe ainda de estudar as relações do nosso país com o resto do mundo. Analisa o mercado cambial, de forma a conhecer a taxa

Page 18: Fundamentos Da Ciencia Economica

de câmbio que permite calcular a relação de troca entre diferentes moedas.

Em síntese, a macroeconomia é o estudo de fenômenos que englobam toda a economia.

O que deve estudar um macroeconomista?

Um macroeconomista estuda assuntos como os efeitos de empréstimos feitos pelo governo federal, as mudanças da taxa de desemprego ao longo dotempo ou políticas alternativas para promover a elevação do padrão de vida nacional.

Unidade 4 - Política Macroeconômica - pág. 02

Metas da política macroeconômicaSão metas da política macroeconômica: alto nível de emprego, estabilidade de preços, distribuição de renda socialmente justa e crescimento econômico.

• Alto nível de emprego

As pessoas que gostariam de trabalhar, mas não conseguem encontrar um emprego, não estão contribuindo para a produção de bens e serviços daeconomia (além de terem sua auto-estima completamente abalada). Embora um certo grau de desemprego seja inevitável em uma economia complexa,quando um país consegue manter a maior parte de seus trabalhadores plenamente empregados, atinge um nível de PIB (Produto Interno Bruto) maior doque se deixasse muitos deles ociosos.

• Estabilidade de preços

Define-se inflação como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços, o que provoca uma perda do poder aquisitivo da moeda. A inflaçãoé um problema porque gera distorções de toda ordem no sistema econômico, como uma piora na distribuição de renda (os pobres têm mais dificuldade emse defender da inflação) e incertezas sobre o futuro, o que desestimula os investimentos produtivos. Daí a necessidade de políticas que preservem aestabilidade dos preços.

• Distribuição de renda socialmente justa

A distribuição de renda resultante do sistema econômico pode não ser a desejada pela sociedade. O governo pode intervir, por meio de impostos,subsídios ou transferências, no sentido de fazer ajustes e tornar a distribuição mais justa, mais eqüitativa. No caso do Brasil, isso é ainda mais urgente,dadas as diferenças absurdas existentes na sociedade brasileira.

A distribuição de renda também tem sido assunto recorrente nos países emergentes que conseguiram um crescimento econômico rápido, como a Índia(cresce a uma média anual de 6% desde 1990), pois a riqueza produzida demora a chegar às camadas mais pobres.

• Crescimento econômico

Crescimento econômico é o aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto, da produção de bens e serviços de determinado país. O melhorindicador para isso é aferir o aumento da renda nacional per capita, isto é, o aumento da razão entre a quantidade produzida e a população. Para termosincremento na renda nacional per capita, o aumento dos bens e serviços produzidos deve superar o crescimento populacional.

Considerando as baixas taxas de crescimento brasileiro nos últimos anos (em 2005, foi de apenas 2,3%), essa meta deve ser uma das prioridadesnacionais.

BRASIL NA LANTERNA DA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA(publicado na Folha Online de 01/06/2005)

O Brasil tem a segunda pior distribuição de renda do mundo de acordo com oíndice de Gini - que mede a desigualdade de renda em valores de 0 (igualdadeabsoluta) a 1 (desigualdade absoluta). O índice do Brasil é de 0,60, sendosuperado só por Serra Leoa (0,62). A Áustria é uma das nações que tem a melhordistribuição de renda do mundo (0,23).

Segundo o Radar Social, estudo divulgado nesta quarta-feira pelo IPEA (Institutode Pesquisa Econômica Aplicada), embora o país tenha conseguido melhoraralguns de seus principais indicadores sociais, a distribuição de renda ainda é umdos piores problemas do país.

De acordo com a pesquisa, 1% dos brasileiros mais ricos (1,7 milhão de pessoas)detém uma renda equivalente a da parcela formada pelos 50% mais pobres (86,5milhões de pessoas).

Unidade 4 - Política Macroeconômica - pág. 03

Instrumentos da política macroeconômica

O governo, para atingir as metas, deve atuar sobre a capacidade produtiva (oferta agregada) e sobre a despesa planejada da sociedade (demanda agregada).

Basicamente, os instrumentos de política macroeconômica utilizados para isso são:

Page 19: Fundamentos Da Ciencia Economica

• Política fiscal

• Política monetária

• Políticas cambial e comercial

A política fiscal diz respeito às decisões dos governos sobre gastos e tributos. Seus efeitos podem ser sentidos diretamente na demanda agregada, por

meio da variação dos gastos públicos em consumo e investimento, ou indiretamente, pela redução dos impostos, o que eleva a renda disponível no setor

privado. Estudaremos, no módulo III-3, como funcionam esses mecanismos.

CONSUMO DO GOVERNO SOBE EM ANO ELEITORAL

(publicado na Folha de São Paulo de 11/06/2008)

Na comparação com o quarto trimestre de 2007, o consumo governamental

aumentou 4,5%, considerando as três esferas de governo (federal, estadual e

municipal). Nesse caso, é a maior variação de toda a série do IBGE, que teve início

em 1996. A despesa do governo corresponde a 19% do PIB.

E para financiar tanta despesa os impostos subiram, mais uma vez, num patamar

superior ao do PIB, segundo o IBGE. O volume de tributos cresceu 8% no primeiro

trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2007.

Desde o terceiro trimestre de 2006, os impostos aumentam sistematicamente mais

do que o PIB.

A política monetária refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e das taxas de juros. Na atualidade, o principal instrumento

da política monetária é a taxa de juros e seu objetivo primordial é a inflação baixa.

As políticas monetária e fiscal representam diferentes alternativas para as mesmas finalidades. A política macroeconômica deve utilizar uma combinação

das duas.

A política fiscal apresenta maior eficácia na distribuição de renda, utilizando como instrumentos, por exemplo, a taxação de rendas mais altas ou

promovendo gastos públicos para os setores menos favorecidos.

A política monetária possui a vantagem de ser facilmente implementada, pois só depende de decisões das autoridades monetárias (no caso brasileiro,

temos as famosas reuniões do COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central). A política fiscal depende, normalmente, de votação no

Congresso Nacional e, portanto, exige um período maior para sua implementação.

Por fim, a política cambial envolve as ações para afetar a taxa de câmbio e a política comercial trata dos incentivos às exportações e dos desestímulos (ou

em alguns casos estímulos) às importações, que pode acontecer por meio de alterações nas tarifas, no crédito ou via cotas.

Síntese

Vimos que a macroeconomia se preocupa com os grandes agregados da economia. Suas metas são obter níveis satisfatórios de emprego, ausência de

inflação, uma distribuição de renda mais eqüitativa e altas taxas de crescimento econômico. Para tanto, pode utilizar-se das políticas fiscal, monetária,

cambial e comercial.

O texto a seguir comenta de forma sucinta e clara como aconteceu o desenvolvimento da macroeconomia, dando uma idéia de vários assuntos que iremos

estudar. Não se assuste se não entender algo, as informações constantes do texto serão explicadas nos próximos módulos.

Leia mais Desenvolvimento da Macroeconomia

Módulo III - Exercício de Autoavaliação - Unidade 04 - Acesso através do Menu lateral "Avaliações".

Módulo III - Exercício de Fixação - Unidade 04 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Page 20: Fundamentos Da Ciencia Economica

Unidade 5 - Conceitos e Identidades Fundamentais

Nesta unidade vamos continuar com o estudo da Macroeconomia.

Vamos compreender as principais identidades macroeconômicas e usá-las para análise de economias reais.

Sugestões para um bom estudo:

Sempre que acessar a plataforma, navegue pelos ambientes de estudo para ver se algo novo foi acrescentado;

Unidade 5 - Conceitos e Identidades Fundamentais - pág. 01

Introdução

Como já vimos anteriormente, o principal objeto da macroeconomia é a formação e a distribuição do produto e da renda gerados pela atividade econômica.Esses agregados representam importantes medidas de desempenho econômico e bem-estar da sociedade. Assim, para entendermos os modelosmacroeconômicos, é essencial conhecer esses conceitos, bem como seus sistemas de contabilização.

Consideraremos, num primeiro momento, que existem apenas dois agentes na economia: as famílias e as firmas. Estudaremos como ocorrem as relaçõesentre esses dois agentes. A seguir, permitiremos que haja acumulação de capital no nosso sistema, adicionaremos o governo ao modelo e abriremos nossaeconomia para o comércio internacional.

Famílias e Firmas

As famílias são compostas por todos os indivíduos da sociedade. Para que essas famílias consigam suprir suas necessidades (alimentos, vestuário, lazer,ou qualquer outro item de que precisem), alguém deve produzir. Assim, os próprios indivíduos da sociedade formam as firmas, com o objetivo de fabricartudo que é demandado pelas pessoas. Ou seja, as firmas ou empresas são os locais onde se organiza e ocorre a produção.

Para que todos os itens demandados sejam fabricados, as firmas precisam de vários elementos, ou melhor, são necessários os fatores de produção,definidos como todos os insumos utilizados para produzir bens e serviços. Tradicionalmente, são considerados fatores de produção a terra (camposcultiváveis, minas), o trabalho (recursos físicos e mentais do homem) e o capital (máquinas, instalações, matérias-primas). E quem são os detentores dosfatores de produção? São as próprias famílias.

Bem, então a atividade produtiva requer autilização de fatores produtivos – terra, trabalho,capital – que devem ser remunerados quandoutilizados. Ou seja, as famílias, quandofornecerem os fatores de produção às firmas,devem receber uma contrapartida, umaremuneração por esses fatores que foramentregues ao processo produtivo.

Unidade 5 - Conceitos e Identidades Fundamentais - pág. 02

As remunerações dos fatores de produção são: salários (remuneração do fator trabalho), juros (remuneração do capital monetário), lucros(remuneração do risco incorrido pelo empresário) e aluguéis (remuneração do capital físico). Essas remunerações constituem a renda das famílias.

As firmas produzem os bens e serviços e os oferecem às famílias que os compram, utilizando a renda que tinham auferido.

Dessas relações, saem alguns importantes conceitos:

• Produto agregado (Y): soma de todos os bens e serviços finais produzidos na economia durante determinado período de tempo (expresso emunidades monetárias). Algebricamente, é o somatório da quantidade (q) de cada bem i produzido, multiplicado pelo seu respectivo preço (p):

Y = Produto = ∑ pi.qi

• Renda agregada (Y): soma de todas as remunerações dos fatores de produção (trabalho, capital, terra) pagas na economia:

Y = Renda Agregada = salários(w) + juros(j) + aluguéis(a) + lucros(l)

Obs.: Representa-se salário pela letra w em virtude da palavra inglesa wage

Page 21: Fundamentos Da Ciencia Economica

• Consumo agregado(C): total da aquisição de bens de consumo pelas famílias. Lembrando que bens de consumo são aqueles para satisfação dasnecessidades pessoais, como alimentação, saúde, lazer, etc.

• Demanda agregada(DA) (ou Despesa Agregada): despesa com o produto ou a destinação do produto.

Considerando uma economia hipotética que seja fechada (isto é, sem relações com o exterior), que não tenha governo e que produz apenas bens deconsumo, a despesa agregada é igual ao consumo agregado (C = DA).

Unidade 5 - Conceitos e Identidades Fundamentais - pág. 03

Outra maneira de analisarmos essas relações é por meio de um diagrama chamado de Fluxo Circular da Renda, que descreve todas as transaçõesque envolvem as famílias e as empresas de uma economia simples.

Fluxo Circular da Renda

Note que existem dois fluxos no diagrama: um, com linha tracejada, que representa o lado real da economia, ou seja, insumos e produtos e outro, com linhacontínua, que é o fluxo de dinheiro. As famílias fornecem os fatores de produção para as firmas e são remuneradas por isso (renda agregada). As firmasutilizam os fatores produtivos e produzem bens e serviços (produto agregado). A remuneração recebida pelas famílias é gasta com os bens e serviçosproduzidos pelas firmas (demanda agregada). O dinheiro que as firmas recebem pela venda dos bens e serviços serve para pagar os fatores de produçãooferecidos pelas famílias e aí voltamos ao ponto de partida.

Pelo Fluxo Circular da Renda, pode-se inferir a Identidade Macroeconômica Básica:

Produto Agregado = Demanda Agregada = Renda Agregada

Essa identidade mostra que o valor de todos os bens e serviços produzidos em uma economia equivale ao gasto total da população com bens e serviçosque, por sua vez, é igual ao valor de todos os rendimentos recebidos pela população, tudo considerado no mesmo período de tempo. Essa identidade fazcom que o fluxo circular da renda esteja sempre equilibrado.

Unidade 5 - Conceitos e Identidades Fundamentais - pág. 04

Vazamentos e injeções

Até então, estamos trabalhando com uma economia que só produz bens de consumo. No entanto, as empresas também produzem einvestem em bens de capital. Além disso, as famílias podem não gastar toda sua renda, isto é, podem poupar uma parte.

Antes de continuarmos a discussão, cabe apresentarmos algumas definições:

• Bens de capital: são bens destinados à produção de outros bens, como máquinas e equipamentos. Os bens de capital não sedestinam ao consumo final dos indivíduos.

• Investimento (I): são gastos que visam a aumentar a capacidade produtiva da economia, como a aquisição de bens de capital, aconstrução de hidrelétricas, a construção ou ampliação de fábricas. Cuidado para não confundir investimento com aplicaçãofinanceira. Se você colocou seu dinheiro na bolsa de valores, você fez uma aplicação financeira e não um investimento.

• Poupança (S) : é a parcela da renda que não foi gasta com consumo.

Obs.: Poupança é representada pela letra S em virtude da palavra inglesa Savings

Bem, de posse desses conceitos, podemos estabelecer algumas relações algébricas.

O produto agregado (Y), que é igual à demanda agregada (DA), é composto não só de bens de consumo, mas também dos bens decapital e de toda a produção destinada a produzir outros bens, ou seja, o produto agregado é equivalente ao consumo agregado (C)mais o investimento agregado (I) da economia:

Y = DA = C + I

Page 22: Fundamentos Da Ciencia Economica

Por outro lado, a renda agregada (Y), que antes era toda gasta com consumo, pode agora ter uma parte poupada:

Y = C + S

Pela identidade básica, sabemos que a renda agregada é igual à demanda agregada, de onde resulta que o valor da poupança equivaleao valor dos investimentos:

C + S = C + I ↔ S = I

Perceba que a poupança é um vazamento do fluxo circular, pois é um dinheiro das famílias que não retorna às firmas na forma degasto com consumo. Em contrapartida, temos os investimentos, que são considerados uma injeção. A parte poupada pelas famílias seconverte em investimentos para aumentar a capacidade produtiva da economia. Assim, o dinheiro poupado retorna ao fluxo que seequilibra novamente.

Agora vejamos o que acontece quando colocamos o governo na nossa economia. Cabe lembrar que o governo desempenha inúmerasatividades e, para a consecução de suas atividades, promove gastos. Para fazer frente a esses gastos, o governo arrecada tributos.

Dessa maneira, a renda das famílias terá mais um destino, pagamento de tributos (T):

Y = C + S + T

Por outro lado, conforme dissemos, o governo também adquire bens e serviços, logo a DA fica acrescida dos gastos públicos (G):

DA = C + I + G

No caso do governo, os gastos com bens de consumo são chamados de despesas correntes, ou seja, são gastos destinados àmanutenção da máquina pública, como material de expediente ou pagamento dos funcionários públicos.

Note que os tributos se configuram como um vazamento no fluxo circular da renda enquanto os gastos do governo são uma injeçãopara o fluxo. Novamente, utilizando a identidade básica da macroeconomia (Y = DA), temos:

S + T = I + G ↔ S – I = G – T

Isso significa que, se houver déficit público, ou seja, se os gastos do governo superarem sua arrecadação (G > T), deverá haverexcesso de poupança do setor privado para financiar o governo(S > I). Em outras palavras, recursos que deveriam estar à disposição da iniciativa privada para financiar aumentos da capacidadeprodutiva, estão sendo canalizados para financiar o governo que gasta demais. Esse é exatamente o caso do Brasil.

O que entrava o crescimento econômico?(extraído da revista Conjuntura Econômica de fev/2006)

Segundo Dório Fernandes – Presidente do Banco Opportunity – o principal entrave ao crescimento econômico são o “tamanho e a ineficiência do

Estado. Ao longo dos anos foi construído um Estado cada vez maior e que para sobreviver precisa sugar cada vez mais recursos do setor privado. Além

disso, esses recursos são desperdiçados no financiamento de despesas correntes e na manutenção de um aparato distante dos padrões de eficiência

necessários para viabilizar um maior dinamismo da iniciativa privada.”

Unidade 5 - Conceitos e Identidades Fundamentais - pág. 05

Por fim, vamos acrescentar ao nosso modelo o setor externo, isto é, vamos permitir que aconteçam importações (denominada por M) eexportações (denominada por X).

Apesar de termos um novo vazamento, as importações (recursos gastos com bens produzidos no exterior), temos também uma nova injeção, asexportações (recursos externos comprando bens e serviços produzidos no país).

Nesse contexto, temos a demanda agregada global que é a soma da demanda agregada até então vista mais as exportações (X). Isso se deve ao fato deque parte da produção está sendo consumida por agentes no exterior. Em outras palavras, as exportações se caracterizam por ser um elemento de

demanda por produção interna.Demanda Agregada Global = C + I + G + X

Por outro lado, além dos produtos produzidos no país, temos produtos estrangeiros sendo ofertados internamente, são as importações (M). Entãopodemos definir a oferta agregada global como a soma do produto agregado interno (Y) mais as importações (M).

Oferta Agregada Global = Y + M

Igualando a demanda agregada global com a oferta agregada global, temos o seguinte:

Y + M = C + I + G + X

Assim, a demanda agregada interna ou produto agregado interno (Y) é dado por:

Y = C + I + G + X – M

Essa, provavelmente, é a principal expressão existente na literatura macroeconômica. A parte (X-M) é chamada de gastos líquidos do setor externo e(C+I+G) é a absorção interna.

Lembre-se que a renda das famílias é gasta com consumo, poupança e tributos (Y=C+S+T). Como, pela identidade básica, a renda agregada é igual aoproduto agregado que é igual à demanda agregada, temos que:

Page 23: Fundamentos Da Ciencia Economica

C + S + T = C + I + G + X – M

S + T + M = I + G + X

Essa última expressão mostra que os vazamentos se igualam às injeções no fluxo circular da renda.Pode-se ainda escrever a equação anterior como:

(X – M) = (T – G) + (S – I)

Isso é interpretado da seguinte maneira, se houver um superávit externo (X>M, exportações maiores que as importações), deve ocorrer um superávit ou nosetor privado (S>I) ou no governo (T>G), ou em ambos. Analogamente, se houver déficit externo, vai haver déficit interno no setor privado ou déficit público.É sabido que o Brasil está batendo recordes de superávit no setor externo (X>M). O que está acontecendo então com as outras variáveis? Discutiremosisso em um estudo de caso mais adiante.Outra maneira de escrever a equação anterior é:

I = S + ( T – G ) + ( M – X )

↓ ↓ ↓ ↓

Investimentoglobal

Poupançaprivada

óPoupançapública

Poupançaexterna

Poupançainterna

Isto é, os investimentos de um país podem ser financiados ou pela poupança privada, ou pela poupança pública, ou pela poupança externa. Note que apoupança externa é dada por (M-X), isso acontece porque pensamos em termos reais, ou seja, as importações representam recursos reais que entram nopaís, como máquinas e equipamentos. Se as exportações superam as importações, temos uma poupança externa negativa.

Síntese

Estudamos várias expressões que nos permitem aferir e analisar macroeconomicamente um país. A principal identidade a que chegamos é a do produtoagregado ou demanda agregada (podemos, simplificadamente, chamá-lo de PIB - Produto Interno Bruto): Y = C + I + G + X – M. Essa medida é

importante por que permite quantificarmos tudo que está sendo produzido no país em termos de bens e serviços. Permite também sabermos como está ocrescimento da economia, ou seja, como está a ampliação da produção da economia.

Módulo III - Exercício de Fixação - Unidade 05 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Unidade 6 - Flutuações Econômicas

Vimos na unidade anterior, as principais identidades macroeconômicas e como usá-las para análise de economias reais.

Nesta unidade estudaremos como ocorrem as flutuações de curto prazo na atividade econômica e o impacto das políticas fiscal e monetária sobre aeconomia.

Sugestões para um bom estudo:

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Unidade 6 - Flutuações Econômicas - pág. 01

Introdução

As flutuações de curto prazo na economia são comuns, acontecem em todos os países. Nos períodos de expansão econômica, em que temos um rápidocrescimento do PIB real, ou seja, um aumento da produção de bens e serviços, a taxa de desemprego diminui, o lucro das firmas são crescentes e atendência é se alcançar um melhor padrão de vida para toda a população. Por outro lado, há períodos em que as empresas não conseguem vender tudo oque produzem, reduzem a produção e demitem trabalhadores, a taxa de desemprego aumenta, o PIB e a renda caem. Isso caracteriza uma situação de

Page 24: Fundamentos Da Ciencia Economica

recessão.

Vamos então, entender como ocorrem as flutuações de curto prazo na atividade econômica e o impacto das políticas fiscal e monetária sobre a economia.

O modelo básico para tanto é o de demanda agregada e oferta agregada. Sua ilustração consta do gráfico III-3.1. No eixo vertical está o nível geral depreços da economia. No eixo horizontal está a quantidade geral de bens e serviços. A curva de demanda agregada mostra a quantidade de bens e serviçosque as famílias, as empresas e o governo desejam comprar a cada nível de preços. A curva de oferta agregada mostra a quantidade de bens e serviçosque as empresas produzem e vendem a cada nível de preços. A produção e o nível de preços se ajustam até chegar ao ponto (Y0,P0) em que as curvasde oferta agregada e de demanda agregada se cruzam.

Vamos detalhar essa teoria nos tópicos seguintes.

Demanda Agregada

Como vimos, a curva de demanda agregada mostra a quantidade de bens e serviços que as famílias, as empresas e o governo desejam comprar a cadanível de preços. Note pelo gráfico III-3.2, que a curva da demanda agregada é decrescente (negativamente inclinada).

Isso significa que quando o nível de preços diminui de P1 para P2, a quantidade demandada de bens e serviços aumenta de Y1 para Y2. (veja o gráficoIII-3.2).

Mas qual o motivo da demanda agregada ser negativamente inclinada? Para tanto, lembremos seus componentes: consumo (C), investimentos (I), gastosdo governo (G) e exportações líquidas (X – M). Se tiver dúvida, releia o módulo III-2.

Y = C + I + G + X – M

Vejamos a contribuição de cada um dos componentes para o comportamento decrescente da demanda agregada, exceto pelos gastos públicos, cujo valoré fixado por critérios políticos e não econômicos.

Primeiramente analisemos o consumo. Quando os preços das mercadorias caem, nós, consumidores, conseguimos comprar mais itens com nosso dinheiro.Generalizando, quando o nível de preços de toda a economia diminui, o dinheiro das pessoas passa a ser mais valioso, permitindo que os consumidoresadquiram mais bens e serviços e, por conseqüência, a demanda agregada aumenta. Note a relação inversa que caracteriza a inclinação negativa dademanda agregada: nível de preços cai e quantidade demandada aumenta. Esse fato é conhecido na literatura econômica por efeito riqueza.

Vejamos agora o caso dos investimentos. As firmas, objetivando aumentar seus lucros, sempre querem expandir suas plantas industriais e seusequipamentos. Assim, as firmas têm projetos de investimentos para aumentar sua capacidade produtiva, que, se implementados, geram uma determinadataxa de retorno. No entanto, se a taxa de juros praticada pelo mercado financeiro for alta, o retorno dos investimentos da firma talvez não seja o suficiente.É melhor para o empresário fazer uma aplicação financeira do que aumentar sua capacidade produtiva. Porém, se a taxa de juros cai, será lucrativoempreender mais e mais projetos. Em suma, taxas de juros altas reduzem a demanda de investimento. Mas onde está a relação disso com o nível depreços?

Começamos a responder com um novo questionamento: quando o nível de preços está baixo, você precisa de mais ou menos moeda (dinheiro) para suastransações diárias? Ora, se tudo custa pouco, vou precisar de pouco dinheiro para pagar minhas contas e comprar o que necessito. Bem, então quando onível de preços é baixo, a demanda por moeda para transações é menor. Mas se a necessidade de reter moeda é pequena, as famílias racionalmentedepositam o excedente de seu dinheiro em uma poupança de forma a receber juros. Os bancos, ao receberem esses depósitos, colocam o dinheiro à

Page 25: Fundamentos Da Ciencia Economica

disposição para empréstimos, afinal essa é uma das funções do sistema bancário: servir de intermediador financeiro.

Quanto mais dinheiro estiver à disposição, é mais fácil consegui-lo (dinheiro mais barato) e, por conseguinte, menores serão as taxas de juros. Já vimosque, com taxas de juros baixas, os projetos de investimentos das firmas ganham prioridade, além disso, é menos custoso financiar o investimento (tomarempréstimos).

Resumindo, quando o nível de preços é baixo, a necessidade de moeda é menor, o que acarreta taxas de juros menores, que incentiva o investimento, queaumenta a demanda agregada.

Por fim, temos que as exportações líquidas também aumentam quando o nível de preços está mais baixo. Isso ocorre por meio da taxa de câmbio.Deixaremos para explicar melhor esse tema na unidade IV.

Unidade 6 - Flutuações Econômicas - pág. 02

Bem, vimos até agora que oscilações no nível de preços alteram a quantidade demandada de bens e serviços e, assim, caminhamos sobre a curvada demanda agregada.

Além desse caso, existem outros fatores que alteram a quantidade demandada deslocando a curva da demanda agregada para outro patamar, sem alteraro nível de preços. Tais flutuações podem ser causadas, por exemplo, por um aumento generalizado de impostos que diminui a renda disponível da

população e sacrifica o consumo, deslocando a curva da demanda agregada para a esquerda.

Esse mesmo movimento pode ser causado por quedas no investimento decorrentes, por exemplo, do pessimismo dos empresários em relação a um novogoverno que propõe intervir demasiadamente na economia.

A demanda agregada pode ainda ser deslocada para a esquerda se o governo opta por uma política de superávit (economizar recursos) tendo por base acontenção das compras de bens e serviços pelo Estado. Ou, por fim, o deslocamento para a esquerda pode acontecer se as exportações diminuem

porque um importante parceiro comercial do Brasil, como os Estados Unidos, entra em recessão.

Todos esses eventos podem ser ilustrados pelo gráfico III-3.3.

Demos exemplos que deslocaram a curva da demanda agregada para a esquerda, diminuindo o PIB, mas, é claro, podemos ter os mesmos exemplosfazendo a demanda agregada ir para a direita, refletindo um aumento do PIB (diminuição dos impostos, otimismo com um próximo governo, gastos públicosmaiores e o exterior comprando mais do Brasil). Vejamos em seguida a oferta agregada.

Unidade 6 - Flutuações Econômicas - pág. 03

Oferta Agregada

Como dissemos, a curva de oferta agregada mostra a quantidade de bens e serviços que as empresas produzem e vendem a cada nível de preços.

Neste ponto, temos de fazer a distinção entre a oferta agregada de longo prazo e a de curto prazo.

No longo prazo, presume-se que a economia estará sempre no seu produto potencial, isto é, estará produzindo o máximo que pode considerando osfatores de produção disponíveis. Nesse caso, o produto de equilíbrio é independente do nível de preços e, portanto, é representado por uma reta vertical(gráfico III-3.4). A oferta agregada de longo prazo não é influenciada pelos preços porque depende apenas da oferta de trabalho, capital, recursos naturaise da tecnologia disponível.

Page 26: Fundamentos Da Ciencia Economica

Como se aumenta o produto potencial? Ou seja, como se desloca a curva da oferta agregada para a direita? No longo prazo, isso se consegue por meiode aumento da força de trabalho (como pela promoção da entrada de imigrantes), de aumento do estoque de capital o que eleva a produtividade, adescoberta de novas fontes de recursos naturais e inovações tecnológicas. Esses eventos permitem que mais bens e serviços sejam produzidos, elevandoo produto potencial.

No curto prazo, porém, a economia não tem tempo para fazer os ajustes necessários quando há alterações nos preços, de modo que o produto pode sedesviar do nível potencial (em que há pleno emprego dos fatores de produção). Nesse caso, a curva de oferta é representada por uma curva crescente,em que uma queda do nível de preços produz uma queda na quantidade de bens e serviços ofertados (gráfico III-3.5).

Os mesmos eventos que deslocam a curva de oferta agregada de longo prazo podem deslocar a de curto prazo.

Unidade 6 - Flutuações Econômicas - pág. 04

Flutuações econômicas e o equilíbrio

Vamos supor uma situação em que estejamos no nível do produto potencial (gráfico III-3.6). A economia está equilibrada no ponto O (a oferta agregada éigual à demanda agregada).

No entanto, por alguma conjuntura pessimista (uma guerra, por exemplo), as famílias diminuem seu consumo e as firmas param de investir. Isso causa umdeslocamento da demanda agregada para a esquerda (de DA0 para DA2). No curto prazo, isso causa uma diminuição do PIB e uma queda dos preços(ponto B). No entanto, nessa nova realidade, depois de transcorrido mais tempo (longo prazo), os custos das empresas também irão diminuir, elas

Page 27: Fundamentos Da Ciencia Economica

passarão a pagar salários menores. Com menor custo, a margem de lucro aumenta e as firmas têm incentivos a ofertar mais bens e serviços, o quedesloca a oferta agregada para a direita (de OA0 para OA2) e o equilíbrio da economia fica no ponto C. Ou seja, no longo prazo, a economia volta a seestabilizar no seu produto potencial, mas com nível de preços bem abaixo do equilíbrio inicial. Veja a ilustração no gráfico III-3.7.

ESTABILIDADE DE PREÇOS É PILAR DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL(publicado na Folha Online de 13/06/2008)

A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), divulgada ontem, apontou preocupação da autoridade monetária ante o aumentode preços no país. No documento, os diretores do BC informam que a política de aumento dos juros será mantida "enquanto for necessário" paraassegurar que a inflação fique dentro da meta, cujo centro é 4,5%.A ata do Copom é divulgada na semana seguinte à reunião que decide os rumos da taxa básica de juros, a Selic. Na semana passada, o BC elevou osjuros de 11,75% para 12,25% ao ano.O Copom avaliou que o risco de um cenário inflacionário "menos benigno segue elevado" e que todos os cenários de previsões econômicas indicaram umainflação acima desse patamar, caso os juros fossem mantidos em 11,75% ao ano.

Unidade 6 - Flutuações Econômicas - pág. 05

A influência das políticas monetária e fiscalEstudamos na unidade IV que a política monetária refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, crédito e das taxas de juros, mas que, naatualidade, o principal instrumento da política monetária é a taxa de juros.

O Banco Central, ao alterar a taxa de juros (Taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia – é a taxa que baliza as operações financeirasrealizadas pelos bancos na liquidação de títulos/ é a taxa básica de juros na economia brasileira), promove mudanças na demanda agregada. Se a taxa dejuros fica menor, reduz o custo dos empréstimos e o retorno da poupança. Em conseqüência, as famílias compram mais e as firmas investem em novasfábricas e equipamentos. Como resultado, a quantidade demandada de bens e serviços a um dado nível de preços aumenta, deslocando a curva dademanda agregada para a direita.

No Brasil, toda a sociedade fica atenta às reuniões do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que tem por atribuição fixar a taxaSELIC. O resultado dessas reuniões tem reflexos por todo o ambiente econômico.

Você percebeu que normalmente os noticiários divulgam a taxa SELIC e informam logo em seguida o impacto na bolsa de valores? Isso acontece porque omercado de ações é muito sensível às mudanças na taxa básica de juros, mas por quê? Um aumento na taxa de juros faz o índice da bolsa de valores cair

porque surgem aplicações financeiras mais atraentes que as ações da bolsa, como os títulos públicos. Além disso, uma elevação das taxas de jurosimpacta negativamente a economia, diminuindo os lucros das empresas e diminuindo o valor de suas ações.

Vejamos agora os efeitos da política fiscal. O governo pode aumentar a demanda agregada, comprando mais bens e serviços. Isso desloca a demandaagregada para a direita e, no curto prazo, teremos um aumento do PIB. O governo pode também atuar por meio da política tributária. Por exemplo, se aalíquota do imposto de renda diminui, os cidadãos passam a ter mais renda disponível. Parte dessa renda extra será gasta com consumo, o que aquece a

demanda agregada. Analogamente, se os impostos aumentam, a demanda agregada se contrai.

Por fim, cabe enfatizar que tanto a política fiscal quanto a monetária podem ser usadas para estabilizar a economia. Se estivermos em um período deextremo otimismo e as pessoas estão consumindo muito além da capacidade das firmas de ofertarem produtos, isso causaria elevação generalizada dos

preços, ou seja, inflação. O governo, desejando manter a estabilidade dos preços, pode tomar medidas para contrair a demanda agregada, comoaumentar a taxa de juros ou cortar os gastos públicos. Por outro lado, se passamos por um momento de recessão, o governo vai querer incentivar a

economia a crescer. Para tanto, pode baixar as taxas de juros, diminuir os impostos ou aumentar os gastos públicos.

Síntese

Vimos que as oscilações econômicas são causadas por alterações na oferta ou demanda agregada. Essas alterações podem ser incentivadas pelos

Page 28: Fundamentos Da Ciencia Economica

governos, usando como instrumentos macroeconômicos a política fiscal e a política monetária.

Se a ação desejada é um aquecimento da economia, fortalecendo o crescimento econômico no curto prazo, pode-se diminuir a taxa de juros, aumentar osgastos públicos ou diminuir os tributos.

No entanto, se a intenção governamental é manter a estabilidade dos preços, pode-se contrair a demanda agregada por meio de elevações da taxa dejuros, diminuição dos gastos públicos ou aumento dos tributos.

Módulo III - Exercício de Fixação - Unidade 06 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Módulo III - Avaliação Final – Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Módulo IV - Setor Externo

Neste módulo, vamos entender como ocorrem as conversões entre moedas diferentes, vamos conhecer os tipos de regimes cambiais existentes e analisaras conseqüências na macroeconomia decorrentes de alterações na taxa de câmbio.

Ao término deste estudo esperamos que você possa:

conceituar taxa de câmbio e seus efeitos de variação no mundo globalizado em que vivemos.

Unidade 7 - Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais

Vimos na unidade anterior os fundamentos da macroeconomia cujas metas são obter níveis satisfatórios de emprego, ausência de inflação, umadistribuição de renda mais eqüitativa e altas taxas de crescimento econômico.

Nesta unidade, estudaremos como acontece a definição da taxa de câmbio, os regimes cambiais existentes e o impacto, nas variáveis macroeconômicas,decorrente de alterações no mercado cambial.

Sugestões para um bom estudo:

Procure participar dos fóruns de debates - eles são instrumentos valiosíssimos de interação com o grupo, além de integrarem a avaliação;

Unidade 7 - Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais - pág. 01

Afinal o que é globalização?

Atualmente, as economias de todos os países estão interligadas, havendo uma integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dostransportes. A esse processo de interligação das economias chamou-se globalização.

Com essa maior interação entre os países, as relações econômicas internacionais ocupam, cada vez mais, papel fundamental para as nações.

No entanto, cada país possui sua própria moeda. Para que as transações econômicas aconteçam entre eles, é preciso que haja uma regra de conversãoque permita a comparação entre moedas diferentes. Essa regra é a taxa de câmbio.

Com funciona o mercado cambial?

Você se lembra da unidade 2 em que estudamos as leis de mercado? Vimos que quando havia um excesso de chocolate, a tendência era o preço cair equando havia falta, o preço das barras de chocolate aumentava. O mesmo acontece no mercado cambial.

Basta imaginar a moeda estrangeira, ou divisa, como se fosse um bem e a taxa de câmbio como se fosse seu preço. Assim, a taxa de câmbio édeterminada pela oferta de divisas (agentes que precisam trocar dólares por reais, como os exportadores) e pela demanda de divisas (agentes que

Page 29: Fundamentos Da Ciencia Economica

precisam trocar reais por dólares, como os importadores). Atualmente (13/04/2006), a taxa de câmbio está no seguinte patamar: 1 dólar = 2,14 reais(US$1,00 = R$2,14).

Por simplificação, estaremos sempre comparando o real ao dólar; no entanto, a taxa de câmbio existe entre todas as moedas, como libra, iene, euro, etc.

A taxa de câmbio é um reflexo de diversas variáveis como o resultado do balanço de pagamentos (que será estudado no módulo seguinte), especulaçõesfinanceiras e políticas governamentais. Assim, é comum a taxa de câmbio não refletir a paridade do poder de compra entre as moedas.

Unidade 7 - Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais - pág. 02

Paridade do poder de compra, o que é isso?

Se a taxa de câmbio fosse equivalente ao poder de compra, bastaria fazermos a conversão das moedas e conseguiríamos comprar os mesmos bens empaíses diferentes. Por exemplo, considerando que um refrigerante aqui custa R$2,14, nos Estados Unidos, esse mesmo refrigerante deve custar US$1,00

(uma vez que a taxa de câmbio é US$1,00=R$2,14). No entanto, isso não acontece, pois um refrigerante custa em torno de dois dólares nos EUA.

Em 1986, a revista inglesa The Economist criou o índice Big Mac, que é um indicador do poder de compra das principais moedas mundiais, tendo comoreferência o preço do sanduíche, que é produzido com as mesmas matérias-primas e vendido em praticamente todo o mundo.

ÍNDICE BIG MAC

Conforme o site www.oanda.com, que é um provedor de informações sobrecomércio e moedas internacionais, o Big Mac custa o seguinte em dólar:

Estados Unidos – US$3,00Brasil – US$2,55China – US$1,31Suíça – US$4,80Argentina – US$1,48

Por esses dados, o maior poder de compra do dólar americano é na China e o menor poder de compra é na Suíça? Sim, é isso!

Como todo equilíbrio, a taxa de câmbio oscila conforme as forças de mercado (oferta e demanda). A seguir, apresentamos um gráfico que ilustra asoscilações do real em relação ao dólar.

Note, pelo gráfico IV-1.2, dois momentos interessantes da história econômica recente do Brasil. O real começou a vigorar em julho de 1994. Um dosgrandes alicerces da nova moeda era a âncora cambial: instrumento utilizado para manter a estabilidade da moeda, fixando-se seu valor em uma taxa decâmbio valorizada. Veremos esse tópico mais detalhadamente logo adiante. Por causa da âncora cambial, um dólar, ao final de 1995, valia apenas 97centavos de real.

Page 30: Fundamentos Da Ciencia Economica

Já em 2002, quando as eleições presidenciais se concluíram, Lula foi o vencedor. Como existiam incertezas sobre a condução da política econômica de umpresidente do Partido dos Trabalhadores, o dólar atingiu uma de suas cotações mais altas: valia R$3,53 no final do ano. Após a posse de Lula, em 2003,percebeu-se que não haveria mudanças na economia, o que causou o declínio do câmbio desde então.

Em 1995, podemos dizer que o real estava valorizado, mas como se define valorização cambial?

Trata-se de um aumento do poder de compra da moeda nacional (1 real compra mais dólares). Corresponde a uma queda na taxa de câmbio.

Já no exercício de 2002, o real estava muito desvalorizado, ou seja, a desvalorização cambial representa uma perda do poder de compra da moedanacional (1 real compra menos dólares). Corresponde a um aumento da taxa de câmbio.

Unidade 7 - Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais - pág. 03

Regimes cambiais

Um regime cambial descreve as regras estabelecidas pelo governo que permitem a determinação da taxa de câmbio. Basicamente, existem dois tipos deregimes cambiais:

• Regime de Câmbio Fixo: o Banco Central - BACEN fixa o valor da taxa de câmbio. Nesse caso, o BACEN deve possuir moeda estrangeira suficientepara atender uma situação de excesso de demanda por esta moeda (a exemplo de uma situação de déficit no Balanço de Pagamentos, que serádetalhada no módulo IV-2). Além disso, o BACEN perde liberdade na condução da política monetária, tendo de adquirir qualquer oferta de moeda

estrangeira.

• Regime de Câmbio Flutuante: a taxa de câmbio deve ajustar-se de modo a equilibrar o mercado de divisas. O excesso de demanda por divisaselevará o preço da moeda estrangeira (a moeda nacional se desvalorizará) e vice-versa. Baseia-se num mercado de divisas do tipo concorrênciaperfeita. O problema desse regime é que gera instabilidade em virtude da maior volatilidade da taxa de câmbio. Isso pode desestabilizar os fluxos

comerciais e reduzir os investimentos.

Existem outros regimes, baseados nos dois primeiros? Vamos ver quais são:

• Flutuação Suja (dirty-floating): baseia-se no regime flutuante, mas com intervenções do BACEN, limitando as instabilidades.

• Bandas Cambiais: estipula-se uma taxa de câmbio central e um intervalo de variação para cima e para baixo. Enquanto a taxa de câmbio estiverdentro do intervalo estipulado, segue-se o regime flutuante; atingindo os limites de variação, o BACEN age como se fosse regime de câmbio fixo.No Brasil, hoje, o câmbio é dito pelas autoridades monetárias como flutuante, mas sabe-se que o Banco Central atua para limitar as instabilidades.

Como reconhecer os efeitos da variação da taxa de câmbio?

Com desvalorização cambial, a taxa de câmbio sobe, um dólar passa a valer mais reais, em conseqüência os produtos brasileiros ficam mais baratos e osestrangeiros mais caros. Há um estímulo às exportações e desestímulo às importações. Na valorização cambial, acontece o contrário.

Com relação aos aumentos generalizados de preços, o controle da inflação por meio da valorização cambial chama-se âncora cambial. Com a valorização,a moeda nacional tem maior poder de compra no exterior, as importações aumentam, crescendo a concorrência com os produtos nacionais, o que provoca

pressão pela queda dos preços internos. Essa política representa um custo para o setor exportador e para a indústria nacional.

Hoje não se discute tanto a dívida externa quanto antigamente, pois ela passou a não ser tão expressiva quanto à dívida interna. Mas, de qualquer forma,no curto prazo, uma desvalorização cambial aumenta o estoque da dívida externa em reais. Num médio prazo, a desvalorização, ao estimular exportaçõese desestimular importações, pode aumentar a oferta de dólares, com conseqüente queda da moeda estrangeira. Isso levaria a uma queda da dívida

externa.

Há ainda o efeito da taxa de juros sobre a taxa de câmbio. Com taxa de juros interna alta, há uma tendência a um aumento do fluxo de capitais financeirosinternacionais para o país. Isso aumenta a oferta de divisas, fazendo cair a taxa de câmbio. No caso de queda da taxa de juros interna, o movimento se dá

ao contrário.

Síntese

A taxa de câmbio é o meio utilizado para os países, com moedas diferentes, realizarem transações econômico-financeiras.

Quanto mais valorizada for a moeda local, menor será a taxa de câmbio e maior poder de compra terá essa moeda.

Uma taxa de câmbio desvalorizada incentiva as exportações do país, uma vez que o bem produzido internamente fica mais barato em relação aosconcorrentes internacionais.

O regime cambial do Brasil é o flutuante, embora se aceite intervenções do Banco Central para manter uma certa estabilidade da taxa de câmbio.

Módulo IV - Exercício de Fixação - Unidade 07 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Unidade 8 - Balanço de Pagamentos

Page 31: Fundamentos Da Ciencia Economica

Na unidade anterior vimos a importância da taxa de câmbio na realização de transações econômico-financeiras.

Vimos, também, a relação entre a taxa de câmbio e as importações e exportações, ou seja, quanto mais valorizada for a moeda local, menor será a taxae câmbio e maior poder de compra terá essa moeda.

Sugestões para um bom estudo:

Consulte com regularidade o cronograma do curso - o não cumprimento de algumas das datas implicará no cancelamento de sua matrícula;Procure realizar as atividades dentro dos prazos previstos - eles são planejados de forma a otimizar os resultados pretendidos e a pontualidade demonstra

seu compromisso com o processo de aprendizagem;

Unidade 8 - Balanço de Pagamentos - pág. 01

Mas, afinal qual a relação entre taxa de câmbio, importações e exportações e balanço de pagamento?

Ao longo do tempo, o comércio internacional foi ganhando mais e mais importância. Face a essa atividade crescente, os países começaram a sentirnecessidade de medir o valor das transações efetuadas com o exterior, principalmente devido às dificuldades advindas de problemas econômicos como

inflação, escassez de divisas, contingenciamento de importações, etc.

Como o assunto tornou-se de interesse geral por grande parte do mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) criou um modelo padronizado para fazeressa contabilização das transações internacionais. Tal modelo foi chamado de Balanço de Pagamento - BP.

Em suma, o Balanço de Pagamentos de um país representa o resumo contábil das transações econômicas que esse país faz com o resto do mundo,durante certo período de tempo. Possibilita avaliar a situação econômica internacional do país.

Como é a estrutura do Balanço de Pagamentos no Brasil?

No Brasil, o BP é elaborado pelo Banco Central. A contabilização é feita em dólar e segue, desde 2001, a mais recente metodologia do Fundo Monetário,divulgada na quinta edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI.

A atual estrutura do BP é a seguinte:

A. Transações Correntes

1. Balança Comercial (operações com mercadorias)

1.1. Exportações FOB

1.2. Importações FOB

2. Serviços (viagens, transportes, seguros, serviçosgovernamentais, etc)

3. Rendas (salários, juros, lucros, dividendos)

4. Transferências Unilaterais (donativos)

B. Conta Capital (transferências de patrimônio)

C. Conta Financeira

1. Investimentos Diretos2. Investimentos em Carteira3. Derivativos4. Outros Investimentos

D. Erros e Omissões

Resultado do Balanço (A+B+C+D)

E. Transações Compensatórias (Financiamento Oficial Compensatório)

1. Variações de Reservas (moeda estrangeira e ouro)2. Operações de Regularização (acordo com bancos internacionais, FMI)3. Atrasados Comerciais (não-pagamento de um compromisso no prazo)

Page 32: Fundamentos Da Ciencia Economica

Unidade 8 - Balanço de Pagamentos - pág. 02

Qual a finalidade da Balança Comercial?

A Balança Comercial registra as exportações e as importações pelo seu valor FOB (free on board, significa que a mercadoria é contabilizada pelo seu valorde embarque no país de origem, antes de acontecer o transporte). As exportações são contabilizadas como receitas e as importações, como despesas.

No caso brasileiro, a Balança Comercial é a maior fonte de divisas.

O que é a conta Serviços?

A conta Serviços, como o próprio nome diz, registra todos os serviços pagos ou recebidos pelo país, como viagens internacionais, fretes, manutenção deembaixadas, etc. As entradas de divisas são contabilizadas com sinal positivo e as saídas, com sinal negativo.

O que é “contabilizado” em Rendas?

Em Rendas, constam as remunerações do fator trabalho (salários), bem com as remunerações dos investimentos (juros, lucros e dividendos).

O que é representado em Transferências Unilaterais?

Transferências Unilaterais representam transações que não criam contrapartidas. São exemplos os donativos, remessas de dinheiro de não-residentes(como os brasileiros de Governador Valadares que migram para os EUA e constantemente enviam ajuda para suas famílias aqui no Brasil), auxílios a

instituições beneficentes ou religiosas, etc.

E a Conta Transações Correntes?

A conta Transações Correntes é a soma da Balança Comercial, de Serviços, de Rendas e das Transferências Unilaterais.

O saldo em Transações Correntes é chamado de poupança externa. Se esse saldo for negativo (déficit), temos poupança externa positiva - estamosabsorvendo recursos reais (não financeiros) do resto do mundo. Porém, se o saldo em Transações Correntes for positivo (superávit), existe uma poupança

externa negativa - estamos transferindo bens e serviços para o resto do mundo.

O fato de o país apresentar superávit em Transações Correntes é importante porque inspira confiança no mercado internacional, facilitando a obtenção decréditos. Por outro lado, se o saldo em Transações Correntes for negativo, o país fica vulnerável a crises cambiais e suscetível a desvalorizações da

moeda nacional.

E a Conta Capital?

A Conta Capital envolve as transferências de patrimônio por migrantes, incluídas aí as marcas e patentes.

E a Conta Financeira?

A Conta Financeira abrange os investimentos diretos (de estrangeiros no Brasil ou de brasileiros no exterior), os investimentos em carteira (negociações detítulos de crédito: aplicações brasileiras em títulos estrangeiros e aplicações estrangeiras em títulos brasileiros), os derivativos (que registram fluxosfinanceiros relativos à liquidação de alguns tipos de haveres e obrigações) e outros investimentos (contabiliza transações como empréstimos e

financiamentos, movimentação de depósitos mantidos no exterior e alguns outros fluxos).

E, finalmente, o que é “contabilizado” em Erros e Omissões?

Por fim, temos Erros e Omissões que destinam-se a sanar falhas de contabilização que podem acontecer devido ao fato de o Balanço de Pagamentos serconsolidado a partir de informações de diversas fontes.

O resultado do Balanço: positivo ou negativo

Somando A, B, C e D, conforme a estrutura do BP, temos o resultado do Balanço. O saldo será superavitário quando o total de créditos das transações(entradas de divisas) for superior ao total dos débitos (saída de divisas). O saldo positivo serve principalmente para incrementar as reservas do país, úteisem momentos de turbulência cambial. Na história recente do Brasil, passamos por três graves momentos internacionais que causaram, em 1999, a adoção

do câmbio flutuante: Crise do México (1994), Crise Asiática (1997) e Crise da Rússia (1998).

OLHANDO PARA O FUTURO(publicado na Folha de SP de 24/02/2006)

Por várias vezes, nos últimos meses, tenho manifestado meu otimismo sobre ofuturo da economia brasileira. A primeira mudança que chamou minha atenção foia das contas externas brasileiras. Por conta do rumo correto seguido na políticaeconômica durante os anos FHC e mantido no governo Lula, pudemos colher osfrutos de transformações que vêm ocorrendo hoje no mundo. O resultado foi umamelhora extraordinária no nosso balanço de pagamentos, que levou à redução dorisco cambial da economia brasileira. Por conta disso, está em curso uma inversãoda dinâmica perversa da inflação, outrora muito ligada a desvalorizações abruptas

da taxa de câmbio.

Unidade 8 - Balanço de Pagamentos - pág. 03

Em oposição, o resultado do Balanço pode ser negativo. Nesse caso, deve-se tomar alguma medida para corrigir o desequilíbrio. O país pode usar asreservas de ouro ou moeda acumuladas em períodos anteriores e pode pedir empréstimos para cobrir o rombo (operações de regularização). Se não

conseguir as opções anteriores, deixará de pagar os compromissos externos, declarando moratória. Os pagamentos não realizados passam a constituir os

Page 33: Fundamentos Da Ciencia Economica

atrasados comerciais.

Estudo de caso

Conforme o Banco Central divulgou, o setor externo da economia brasileira passa por um ótimo período. Veja trecho da análise transcrito aseguir:

“As contas externas brasileiras começaram a sofrer transformações intensas a partir de 1999, quando foi adotado o regime de câmbioflutuante.O elemento propulsor da mudança vem sendo o desempenho da balança comercial, que atingiu superávits inéditos em 2003 e 2004.”

“Os resultados positivos do setor externo da economia brasileira contribuíram não somente para a expansão da atividade econômica,mas para a significativa melhora nos indicadores de solvência externa. Registrou-se acentuada diminuição do risco-Brasil, favorecida pelasexpectativas de crescimento mundial e pela elevação moderada da taxa de juros norte-americana, apesar das incertezas quanto aocomportamento daquela economia no médio prazo, em razão do crescimento de seus déficits externo e fiscal”.

RISCO-PAÍSLucas Lautert Dezordi

(publicado na revista FAE Business, nº 3, set/2002)

O Emerging Market Bond Index-Plus, o EMBI+, é calculado pelo Banco JP Morgan. Ele representa o principal índice de risco-país, utilizado porinvestidores internacionais, na avaliação dos preços dos títulos de 11 países emergentes que tenham significativa emissão de títulos no mercadointernacional (mínimo de US$ 500 milhões), entre eles: Argentina, Brasil, Bulgária, Equador, México, Nigéria, Panamá, Peru, Polônia, Rússia eVenezuela.O risco-país é calculado pela taxa de juros que os certificados de dívida do governo pagam acima do rendimento dos títulos do Tesouro americano,considerados de risco nulo. Por exemplo, se o risco-país estiver a 1.500 pontos, então os títulos nacionais pagam, neste caso, um ágio de 15% emrelação aos do Tesouro americano. O índice tem como finalidade refletir o grau de incerteza no futuro de uma economia. Um índice elevado demonstra,portanto, maior insegurança quanto ao futuro de uma determinada economia, o que significa maior possibilidade de calote da dívida pública (default). Orisco zero seria a certeza do pagamento do título, que, neste índice, é representado pelos títulos do Tesouro americano.

Para termos uma idéia da situação externa brasileira, veja a próxima tabela que apresenta a consolidação dos valores do Balanço de Pagamentos de 2004:

Como se pode ver, o grande herói do Balanço de Pagamentos, que propiciou seu saldo superavitário, foi a balança comercial, em especial as exportações.

Síntese

O Balanço de Pagamentos registra todas as transações econômico-financeiras realizadas por residentes de um país com os residentes do restante domundo.

Sua estrutura é formada por quatro grandes contas – Transações Correntes, Conta Capital, Conta Financeira e Erros e Omissões – que, somadas, formamo resultado do Balanço de Pagamentos.

Se o resultado for positivo, saldo superavitário, o destino dos recursos é normalmente o incremento das reservas do país, úteis em momentos deturbulência cambial. Se o resultado for negativo, saldo deficitário, deve-se corrigir o desequilíbrio usando as reservas armazenadas anteriormente ouobtendo empréstimos. Se isso não for possível, o país será obrigado a decretar moratória.

Módulo IV - Exercício de Fixação - Unidade 08 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Módulo IV - Avaliação Final – Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Page 34: Fundamentos Da Ciencia Economica

Módulo V - Economia no Setor Público e Finanças Públicas

Neste módulo, vamos mostrar as razões para a existência do governo. Entender que existem alguns bens que devem ser providos pelo Estado, bem comoalgumas atividades que só o governo pode desempenhar.

Ao término deste estudo esperamos que você possa:

• explicar, com base nos conceitos estudados, qual o papel do governo nos mercados.

Unidade 9 - Por que precisamos de Governo?

Vimos, nas unidades anteriores, o setor externo da economia: taxa de câmbio, regimes cambiais e o balanço de pagamentos, que é o resumo contábildas transações econômicas que o país faz com o resto do mundo.

A partir desta unidade, vamos analisar o setor público. Diariamente, ouvimos notícias sobre intervenções do governo na economia, como a alocação dosgastos públicos, as metas de inflação, mudanças na taxa de câmbio, fixação dos juros e medidas de incentivo ao crescimento econômico.

Sugestões para um bom estudo:

Procure elaborar suas respostas em um editor de texto para, posteriormente, copiar e colar no local apropriado da plataforma;

Unidade 9 - Por que precisamos de Governo? - pág. 01

Mas, qual a influência de tudo isso em nossas vidas ?

Nossas vidas são constantemente influenciadas pelo governo. Seja pelo que é oferecido a nós por meio dos serviços públicos (no caso do Brasil, muitasvezes de baixa qualidade), seja pelo que é retirado de nós por meio da tributação (atualmente, o governo brasileiro retira da sociedade 37,8% do PIB emtributos!).

Por mais que nós nos irritemos com o governo (independentemente do partido ao qual pertença), os governos são fatos: eles existem, quer gostemos ounão. Mas por que existe a necessidade de um governo?

O mundo vem se tornando cada vez mais complexo, de forma que é necessário um governo que faça a regulação da economia e promova a estabilidadedo nível de atividade, do emprego e dos preços.

O que diz a Teoria Econômica Tradicional?

A Teoria Econômica tradicional ensina que um ambiente de concorrência perfeita pode levar a economia a uma situação eficiente (denominada na literaturade ótimo de Pareto). Uma alocação é eficiente, conforme Pareto, quando ninguém pode melhorar de situação sem que pelo menos uma outra pessoa piore.

Vamos ver um exemplo concreto?

Suponha que temos 10 maçãs para distribuir entre João e Maria. Se dermos 5 para João e 4 para Maria, temos uma situação ineficiente, pois não estamosusando todos os bens disponíveis (no caso 10 maçãs). Em outras palavras, é ineficiente porque Maria pode ter mais maçãs sem que João tenha que abrirmão das que recebeu. Se Maria e João receberem 5 maçãs cada um, teremos uma situação eficiente, pois, para que um deles aumente sua cota, o outroterá de perder maçãs. Da mesma forma, se Maria receber 8 maçãs e João receber 2 maçãs, caracteriza-se uma situação eficiente, embora menos justaque a repartição igualitária.

O fato de os mercados competitivos gerarem uma situação eficiente é uma visão idealizada do sistema. Na realidade, existem algumas circunstânciasconhecidas como falhas de mercado, que impedem que ocorra uma situação ótimo de Pareto. São as seguintes as principais falhas de mercado:

• Existência de bens públicos.• Falha de competição que se reflete na ocorrência de monopólios naturais.

• Externalidades.• Ocorrência de desemprego e inflação.

Assim, a existência do governo se faz necessária para guiar, corrigir e complementar o sistema de mercado. Passamos a comentar agora as falhas demercado citadas.

Page 35: Fundamentos Da Ciencia Economica

Unidade 9 - Por que precisamos de Governo? - pág. 02

O que são Bens Públicos?

Os bens públicos são caracterizados por serem indivisíveis e por responderem ao princípio da “não-exclusão” no consumo desses bens. Indivisíveis porqueo consumo por parte de um indivíduo ou de um grupo social não prejudica o consumo do mesmo bem pelos demais integrantes da sociedade. Sãonão-excludentes porque, em geral, é difícil ou mesmo impossível impedir que um determinado indivíduo usufrua de um determinado bem público. São

exemplos clássicos de bens públicos: iluminação pública, justiça, segurança pública e defesa nacional.

A questão que se coloca é como ratear os custos de produção dos bens públicos entre a população, uma vez que é impossível determinar o efetivobenefício que cada indivíduo derivará do seu consumo. Se as pessoas fossem informar quanto valeria aquele bem para elas, a tendência é que todossubestimem a real utilidade para pagar menos. Além disso, como não há como individualizar o consumo, é natural que apareçam caronas (free riding)

dizendo que não querem aquele bem e não pagarão por ele, ainda que acabem usufruindo do benefício do bem público.

É justamente o princípio da “não-exclusão” no consumo dos bens públicos que torna a solução de mercado, em geral, ineficiente para garantir a produçãoda quantidade adequada de bens públicos requerida pela sociedade. O sistema de mercado só funciona adequadamente quando o princípio da “exclusão”no consumo pode ser aplicado. Por exemplo, se José comprou um sapato é porque pagou o preço do sapato, enquanto João, que não pagou por essebem, é excluído desse consumo. É por esta razão que a responsabilidade pela provisão de bens públicos recai sobre o governo, que financia a produção

desses bens por meio da cobrança compulsória de impostos.

Revendo o conceito de Monopólios Naturais...

Como vimos na Aula 3, os monopólios naturais são setores cujo processo produtivo caracteriza-se pelos retornos crescentes de escala (quanto maior é aprodução, menor é o custo da unidade produzida). Sendo assim, dependendo do tamanho do mercado consumidor dos bens desses setores, pode ser

mais vantajoso haver apenas uma empresa produtora do bem em questão.

Por exemplo, pode ser mais eficiente a existência deapenas uma empresa de distribuição de energiaelétrica servindo um mercado consumidor local, umavez que os custos de distribuir energia são muito altos,como postes e cabos por toda a cidade.

No caso da ocorrência do monopólio natural, a intervenção do governo pode tomar duas formas possíveis. Ele pode exercer apenas a regulação dosmonopólios naturais, a fim de impedir que o forte poder de mercado detido pelas empresas monopolistas reflita-se na cobrança de preços abusivos juntoaos consumidores, o que representaria uma perda de bem-estar para a sociedade como um todo. Ou o governo pode responsabilizar-se diretamente pelaprodução do bem ou serviço referente ao setor caracterizado pelo monopólio natural.

Unidade 9 - Por que precisamos de Governo? - pág. 03

O que são Externalidades?

Externalidade é um conceito utilizado na ciência econômica para referir-se aos efeitos exercidos pela produção de uma empresa ou o consumo de umindivíduo sobre terceiros de forma positiva ou negativa.

Por exemplo, uma fábrica de cimento exerce um impacto positivo numa comunidade quando faz uma praça para a comunidade da região onde estáinstalada. De outro lado, uma externalidade negativa dessa atividade pode ser dada pela fumaça lançada na atmosfera, trazendo prejuízos à saúde daspessoas moradoras na região.

Outro exemplo é o investimento em setores de infra-estrutura que, garantindo um aumento da oferta deinsumos importantes como a energia elétrica, trazbenefícios para todos os outros setores daeconomia.

Pode-se usar o conceito de externalidade até em situações do cotidiano: o latido dos cachorros cria uma externalidade negativa porque os vizinhos sãoperturbados pelo barulho. Os donos não arcam com o custo total do barulho e, por isso, tendem a tomar poucas precauções para que seus cães nãolatam.

A existência de externalidades justifica a intervenção do Estado, que pode se dar por meio de:

• produção direta ou concessão de subsídios, para gerar externalidades positivas;

• multas ou impostos, para desestimular externalidades negativas;

• regulamentação.

Desemprego e Inflação

O livre funcionamento do sistema de mercado não soluciona problemas como a existência de altos níveis de desemprego e inflação. Neste caso há espaço

Page 36: Fundamentos Da Ciencia Economica

para a ação do Estado no sentido de implementar políticas que visem à manutenção do funcionamento do sistema econômico o mais próximo possível dopleno emprego e da estabilidade de preços.

Estudo de caso

Por que a gasolina é tributada tão pesadamente?(caso baseado em texto de N. Gregory Mankiw, Introdução à Economia)

Em muitos países, a gasolina está entre os bens mais pesadamente tributados da economia: nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de metade

do preço que os mototristas pagam pela gasolina se deve a impostos. Em muitos países europeus, o imposto é ainda mais elevado e o preço da gasolina é

três ou quatro vezes maior do que nos Estados Unidos.

Por que esse imposto é tão comum? Uma resposta possível é que o imposto sobre a gasolina tenha por objetivo corrigir externalidades negativas

associadas aos carros:

· Congestionamentos: quanto mais cara a gasolina, mais as pessoas são incentivadas a usar transporte público, fazer rodízio de carros ou

morar mais próximo de suas atividades.

· Acidentes: pesquisas revelam que os carros grandes ou veículos utilitários geram mais riscos para as pessoas de modo geral. O imposto

sobre a gasolina é uma forma indireta de fazer com que as pessoas paguem pelo risco que seus carros grandes e de elevado consumo

impõem aos outros.

· Poluição: a queima de combustíveis fósseis como a gasolina é tida como causa do aquecimento global. O imposto sobre a gasolina reduz o

problema na medida em que reduz o uso da gasolina.

Assim, o imposto sobre a gasolina faz com que a economia funcione melhor. Ele representa menos congestionamentos, estradas mais seguras e

um meio ambiente mais limpo.

Síntese

O governo tem um papel fundamental nos mercados porque é o ente autorizado a tentar solucionar as falhas existentes, como bens públicos, monopóliosnaturais, externalidades, desemprego e inflação.

Módulo V - Exercício de Fixação - Unidade 09 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Unidade 10 - Défict Público

Já sabemos quais são as “falhas de mercado” que impedem que ocorra uma situação ótimo de Pareto e a necessidade do governo em guiar, corrigir ecomplementar o sistema de mercado.

Nesta unidade, vamos entender os conceitos de déficit público, desfazer mitos relativos às finanças públicas e conhecer as formas de financiamento dogoverno.

Sugestões para um bom estudo:

Execute as atividades propostas em seqüência de módulos/unidades - os exercícios respondidos fora da ordem ficam aguardando a vez para seremcorrigidos e você corre o risco de se esquecer de retomá-los;

Unidade 10 - Défict Público - pág. 01

Quando ocorre o superávit das contas públicas?

Ocorre superávit das contas públicas quando a arrecadação dos tributos supera os gastos do governo em um determinado período. Ao contrário, quandoos gastos públicos superam a arrecadação tributária, temos o déficit público.

O que é défict?

O déficit é o resultado negativo das contas públicas medido normalmente pelo período de um ano (coincidente com o calendário). Para tapar o buraco, o

Page 37: Fundamentos Da Ciencia Economica

governo pode emitir moeda; no entanto, essa saída gera inflação, pois o excesso de dinheiro em circulação faz os preços dos bens e serviçosaumentarem. A outra alternativa do governo é emitir títulos públicos, vendê-los no mercado e, com o dinheiro arrecadado, fechar a diferença. Essa é asaída utilizada por todos os países na atualidade, inclusive o Brasil.

O problema é que esses recursos obtidos por intermédio da venda de títulos terão, em algum momento, de ser devolvidos, ou seja, quem comprou o títulovai entregá-lo ao governo e receberá seu dinheiro de volta acrescido de juros. Funciona exatamente como um empréstimo normal. Enquanto essadevolução do dinheiro não acontece, o valor da venda dos títulos se soma a um imenso reservatório chamado dívida interna. Se, no momento dovencimento de parte dessa dívida e do pagamento dos respectivos juros, o governo não arrecadar tributos o suficiente (o que tem sido nosso caso nasúltimas décadas), terá que apelar outra vez para a emissão de mais títulos, pois apresentará novamente um déficit em suas contas.

Com certeza você ouviu dizer que o governo está fazendo um esforço enorme para conseguir um superávit em suas contas. Mas está obtendo sucesso?Ou será que existem várias metodologias diferentes que não nos deixam entender direito o que está acontecendo? Vamos esclarecer essas e outrasquestões neste módulo sobre finanças públicas.

Unidade 10 - Défict Público - pág. 02

Déficit ou poupança negativa?

É comum ler em jornais opiniões dizendo que “o governo tem uma poupança negativa, já que tem déficit” ou ainda tratando superávit como sinônimo depoupança positiva. Apesar de haver vinculação entre os conceitos, “poupança” e “déficit” não devem ser confundidos.

Deixando de lado, aqui, a distinção entre juros nominais e reais e supondo inflação nula, podemos definir, genericamente, o déficit do governo, ou seja, suasnecessidades de financiamento como:

NFG = CG + JG + IG – T

em que: NFG é a necessidade de financiamento

CG é o consumo do governo

JG são os juros da dívida

IG representa o investimento público

T é a receita tributária líquida (deduzidos subsídios e transferências)

A poupança do governo é, por definição:

SG = T – (CG + JG)

Comparando as duas equações anteriores, temos:

T – (CG + JG) = IG – NFG

Assim,

SG = IG – NFGNFG = IG – SG

Note, portanto, que o fato de existir um déficit não significa que a poupança seja negativa, mas pode estar indicando apenas que a poupança, emborapositiva, seja inferior ao valor do investimento do governo.

Unidade 10 - Défict Público - pág. 03

Conceitos de Déficit Público

Existem algumas formas diferentes de se aferir os déficits públicos, principalmente devido a importância que se dá ao pagamento de juros. Os principaisconceitos de déficit público são os seguintes:

• Déficit Primário: diferença entre gastos públicos correntes e a receita fiscal corrente, sem considerar o pagamento de juros.

• Déficit Operacional (ou nominal): é medido pelo déficit primário acrescido dos juros reais da dívida contraída anteriormente.

Nos 12 meses terminados em fevereiro de 2006, o Banco Central divulgou que o superávit primário acumulado pelo setor público (União, Estados,municípios e estatais) estava em 4,38% do PIB. Ou seja, o setor público arrecadou mais do gastou, se não considerarmos o pagamento de juros. No

entanto, em termos operacionais, o Brasil continua apresentando déficit.

DÉFICIT ZERO(publicado na FolhaOnLine de 05/09/2005)

Delfim Netto defendeu sua proposta de zerar o déficit nominal (receitas menos despesas, incluindo os gastoscom juros). Para ele, passado o período de estabilização da economia, a prioridade agora deve ser o

crescimento. "O superávit primário é um grande truque para dar a impressão que o governo está fazendo um

Page 38: Fundamentos Da Ciencia Economica

esforço fiscal".

Considerando o exercício de 2007, o Banco Central divulgou que o superávit primário acumulado pelo setor público (União, Estados, municípios e

estatais) ficou em 3,97% do PIB. Ou seja, o setor público arrecadou mais do gastou, se não considerarmos o pagamento de juros. No entanto, em termos

operacionais, o Brasil continua apresentando déficit. Em 2007, o déficit nominal representou 2,26% do PIB.

Por que a gasolina é tributada tão pesadamente?

Síntese

O governo, ao gastar mais do que arrecada, tem de se financiar. Isso acontece por emissão monetária ou emissão de títulos públicos. A segunda opção éa que vem sendo usada, uma vez que não gera inflação. Apesar dos esforços do Brasil em obter um superávit primário, quando se considera as despesas

com pagamento de juros da dívida, temos um déficit nominal, o que só faz aumentar o estoque de nossa dívida interna.

Vai doer, mas não tem jeito

Módulo V - Exercício de Fixação - Unidade 10 - Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Módulo V - Avaliação Final – Acesso através do Menu lateral "Trabalhos/Redações"

Módulo VI - Crescimento Econômico

Neste módulo, vamos entender como acontece o processo de crescimento econômico e analisar a situação brasileira, examinando os entraves quedificultam o Brasil de crescer.

Ao final, esperamos que você possa:

Ao término deste estudo esperamos que você possa:

identificar quais são os fatores e situações que favorecem o crescimento econômico de um país.

Unidade 11 - Análise da Situação Brasileira

Existem modelos que buscam explicar a elevação da capacidade produtiva ao longo do tempo. Tais modelos são tratados na literatura econômica comomodelos de crescimento de longo prazo.

Nesta unidade, estudaremos quais medidas ajudam um país a crescer e quais criam obstáculos ao crescimento, especialmente no caso do Brasil. Antes,porém, cabe uma breve explicação sobre a diferença entre crescimento e desenvolvimento econômico.

Sugestões para um bom estudo:

Procure participar dos fóruns de debates - eles são instrumentos valiosíssimos de interação com o grupo, além de integrarem a avaliação;

Page 39: Fundamentos Da Ciencia Economica

Unidade 11 - Análise da Situação Brasileira - pág. 01

O que é Crescimento Econômico?Crescimento Econômico é a expansão do produto real ao longo do tempo. Se, no curto prazo, agregados como consumo ou gastos do governo são

importantes para a expansão do produto (considerando que o grau de utilização da capacidade produtiva está abaixo de seu máximo), no longo prazo, ocrescimento depende de outras variáveis, como acumulação de capital, inovações tecnológicas ou elevação da eficiência do trabalho.

O processo de crescimentoeconômico sofre influênciatanto do comportamentoconjuntural dos cenários e daspolíticas macroeconômicascomo dos fatores estruturais einstitucionais maispermanentes.

Crescimento Econômico X Desenvolvimento Econômico

O crescimento econômico diz respeito à elevação do produto agregado do país e pode ser avaliado a partir das contas nacionais. DesenvolvimentoEconômico é um conceito bem mais amplo, que leva em conta a elevação da qualidade de vida da sociedade e a redução das diferenças econômicas esociais entre seus membros.

Nesse sentido, uma elevação do produto agregado do país pode não significar elevação da qualidade de vida da população. Em outras palavras: ainda queo crescimento econômico seja fundamental para o processo de desenvolvimento, o último não se reduz ao primeiro.

Para exemplificar, crescimento, por si só, não reduzirá de forma significativa o contingente de indivíduos abaixo da linha de pobreza. Isso evidencia anecessidade de políticas sociais complementares que possibilitem às camadas mais pobres da população se integrarem ao processo de desenvolvimento

MUITO CRESCIMENTO, POUCA DISTRIBUIÇÃO(publicado na revista VEJA, de 08/03/2006)

A Índia enfrenta um problema recorrente em países emergentes que conseguem um crescimento econômico muito rápido: apesar de esse ser o caminhomais consistente para melhorar a vida da população, a riqueza produzida demora para chegar às camadas mais pobres. Isso acontece, em parte, porque é

necessário mais de uma geração para qualificar a mão-de-obra de um país – a maneira mais segura de ascensão social. O crescimento econômicocostuma se concentrar nos centros urbanos. Dos 2,3 bilhões de habitantes da Índia e da China, mais da metade, ou 1,5 bilhão de pessoas, vive na zonarural e ganha menos de 2 dólares por dia. O crescimento indiano dos últimos anos fez diminuir a miséria absoluta, mas o contraste entre campo e cidadeaumentou. Há quinze anos, o país abandonou o modelo estatizante, abriu a economia e investiu pesado em educação. A renda per capita elevou-se de 359para 640 dólares. Os primeiros beneficiados foram os mais de 200 milhões de indianos que engrossam a classe média nas grandes cidades – mas o

abismo da desigualdade continua profundo.

Unidade 11 - Análise da Situação Brasileira - pág. 02

O que favorece altas taxas de crescimento?

Para que o crescimento seja sustentado, ou seja, não apresente volatilidade acentuada, é necessário que se atendam alguns requisitos. Duas condiçõessão necessárias. A primeira se refere à existência de estabilidade macroeconômica. Isto quer dizer sustentabilidade das contas públicas no longo prazojuntamente com a existência de um regime monetário que garanta taxas de inflação baixas e estáveis. A segunda se refere à estabilidade política que

garanta o cumprimento dos calendários eleitorais previamente estabelecidos em um regime democrático.

Uma vez satisfeitas as duas condições acima, o processo de crescimento sustentado requer também uma contínua evolução estrutural e institucional daeconomia. Esta evolução tem como função principal a supressão das distorções que influenciam negativamente o processo de crescimento econômico.

O processo de crescimento sustentado e a evolução da economia.

No âmbito da literatura sobre o tema, podem-se ressaltar duas correntes e suas implicações de políticas públicas.

A primeira corrente enfatiza que a acumulação de capital está no centro do processo de crescimento econômico. Assim, para que um país consiga elevarsua taxa de crescimento de equilíbrio seria preciso elevar a taxa de poupança necessária para financiar novos investimentos e, conseqüentemente,

aumentar a formação de capital.

Na segunda corrente, apesar de considerar importante também a acumulação de capital, coloca sua ênfase principalmente na formação de capital humano,na acumulação de conhecimento e na geração de novas tecnologias. Neste caso, as recomendações de política econômica passam pelos diversos

mecanismos por meio dos quais o conhecimento é produzido e acumulado. O candidato mais imediato para a ação da política pública são os investimentosem educação e pesquisa. Em ambos os casos, as mudanças nestas variáveis de política requerem uma atuação permanente e por períodos longos. Além

disso, os frutos do crescimento não são colhidos num curto espaço de tempo.

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Investimentos em educação, além de ajudar o crescimento econômico, também propiciam desenvolvimento econômico. Evidências empíricas têmdemonstrado que maior escolaridade está correlacionada com o aumento de renda do indivíduo. Assim, incrementos na educação, principalmente na

primária, devem fazer parte de uma política de redução da pobreza e de melhor distribuição de renda.

Além disso, evidências indicam que criar as condições para a acumulação produtiva de capital é tão ou mais importante que a acumulação de capital. Istoé, deve-se incentivar que os meios de produção consigam produzir mais com menos insumos. Dessa maneira, os governantes devem focar mais nas

políticas que estimulem o crescimento da produtividade da economia como um todo do que na acumulação de capital.

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Sugestões para o Brasil crescer

São praticamente consensuais alguns gargalos existentes no Brasil que atrapalham o crescimento econômico. Assim, as sugestões deixadas pelosestudiosos que, se aplicadas, dinamizariam a economia e facilitariam o crescimento, são as seguintes:

• Organizar a política tributária de forma a evitar constantes mudanças no regime fiscal brasileiro, pois a instabilidade gera incerteza no retorno doinvestimento, desestimulando o setor privado a fazê-lo. Além disso, é necessária uma ampla reforma com o intuito de acabar com distorções criadas pelo

sistema tributário brasileiro e de diminuir a elevada carga tributária.

• Atentar para o equilíbrio orçamentário, uma vez que déficits orçamentários no setor público sugam recursos do setor privado. Além disso, déficitsorçamentários exigem elevadas taxas de juros para o governo se financiar, o que encarece o dinheiro.

• Investimentos em infra-estrutura (energia, transporte e comunicação) poderão elevar a taxa de crescimento econômico tanto pelos ganhos de produtoassociados ao investimento do governo, como pelo aumento da produtividade dos investimentos privados.

• São necessárias reformas institucionais, especialmente as relacionadas com o aparato legal e jurídico do país, como diminuir o excesso de burocraciaimposta aos empresários e reformar a legislação trabalhista que hoje favorece a informalidade.

Síntese

O crescimento econômico é caracterizado pela variação positiva do PIB. Pode acontecer de um país crescer, mas não ter desenvolvimento econômico, ouseja, o crescimento não se reflete em melhoria de qualidade de vida para toda a população.

Situações importantes que favorecem o processo de crescimento econômico são a acumulação de capital, a formação de capital humano, a acumulação deconhecimento, a geração de novas tecnologias e o incremento da produtividade.

O Brasil precisa resolver alguns gargalos que dificultam o crescimento, como a elevada carga tributária, os sucessivos déficits públicos, a infra-estruturadeficiente e alguns problemas institucionais.

Módulo VI - Exercício de Fixação - Unidade 11 - Acesso através do Menu lateral "Avaliações".

Módulo VI - Avaliação Final – Acesso através do Menu lateral "Avaliações".

Créditos

Créditos

Conteudista Fernando Boarato Meneguin

Coordenação

Simone Dourado

Professores-tutoresFernando Borato Meneguin

Gustavo Henrique F. TaglianlegnaJosé Ailton Braga da Silva

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Paulo Springer de Freitas

Núcleo pedagógicoClaudia Pohl

Jenifer de FreitasLucas MachadoMarcelo LarroyedPolliana Alves

Simone DouradoTatiana Beust

Valéria Maia e SouzaVinícius Henrique

William Robespierre Athanazio

Núcleo webAlessandra BrandãoBruno CarvalhoCarlos InocenteFrancisco WenkeÍtalo FernandesSônia Mendes

Núcleo administrativoEspedito Marques de Azevedo

Luciano MarquesMaxlano Cardoso