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Vanessa Frioli Polo FUTEBOL: ARTE E SACRIFÍCIO PROJETO EXPERIMENTAL DE GRANDE REPORTAGEM PARA A REVISTA PLACAR Centro Universitário Toledo Araçatuba 2016

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Vanessa Frioli Polo

FUTEBOL: ARTE E SACRIFÍCIO PROJETO EXPERIMENTAL DE GRANDE REPORTAGEM PARA A REVISTA

PLACAR

Centro Universitário Toledo

Araçatuba

2016

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Vanessa Frioli Polo

FUTEBOL: ARTE E SACRIFÍCIO PROJETO EXPERIMENTAL DE GRANDE REPORTAGEM PARA A REVISTA

PLACAR

Relatório Técnico de Projeto Experimental apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em

Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo à Banca

Examinadora do Centro Universitário Toledo sob a orientação

da Prof. Me. Paulo Francisco Mantello.

Centro Universitário Toledo

Araçatuba

2016

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Aos meus pais pelo apoio incondicional.

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AGRADECIMENTO

Agradeço em primeiro lugar a Deus, pois sem Ele nada disso seria possível. Aos meus

pais, pelo apoio e paciência ao longo deste ano; aos meus professores pela dedicação e

incentivo; aos meus amigos Matheus Milani, Daneska Carmo e Branco Mazzo, que me

ajudaram na trajetória acadêmica e a todos que sempre acreditaram em mim e neste sonho.

O meu agradecimento a todos os meus entrevistados, por me darem a oportunidade de

contar suas histórias, pela confiança no meu trabalho e por terem dedicado um pouco do seu

tempo para me ajudarem na conquista deste sonho.

Em especial, meu agradecimento incondicional ao meu orientador e coordenador do

curso, Prof. Paulo F. Mantello, por toda paciência e dedicação. Eu não conseguiria sem sua

ajuda.

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Nunca deixe que lhe digam que não vale

à pena acreditar no sonho que se tem.

Renato Russo (-Mais Uma Vez)

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RESUMO

Este trabalho consiste em uma grande reportagem, em caráter experimental, sobre as

dificuldades encontradas por atletas no futebol para publicação na revista Placar, da Editora

Abril. O tema foi escolhido para informar os leitores e espectadores do esporte que

desconhecem ou se interessam pelos problemas enfrentados pelos jogadores dentro e fora de

campo. A escolha da revista Placar para veiculação do projeto foi feita devido à importância

desta no jornalismo esportivo e por ser a primeira e maior revista do segmento no Brasil. A

proposta é a produção de uma grande reportagem, com características do jornalismo literário,

sugerindo uma nova forma de construir uma reportagem de cunho esportivo, sem perder o

foco no projeto editorial e gráfico da revista. Como metodologia foram utilizadas a pesquisa

bibliográfica para fundamentação teórica e as técnicas jornalísticas de apuração, pesquisa,

entrevista, produção textual e projeto gráfico. O produto final apresenta texto marcado pela

narrativa que se aproxima do storytelling, diferente do que costuma ser publicado pela Placar.

Palavras-chaves: Esporte; Jornalismo Impresso; Revista Placar; Futebol; Jornalismo

Literário.

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ABSTRACT

This work consists of a great report, on an experimental basis, on the difficulties encountered

by soccer athletes for publication in the magazine Edit, Abril. The theme was chosen to

inform readers and spectators of the sport who are unaware or interested in the problems faced

by players on and off the field. The choice of the magazine Placar for the project was made

due to its importance in sports journalism and for being the first and largest magazine of the

segment in Brazil. The proposal is the production of a great report, with features of literary

journalism, suggesting a new way of building a sports report without losing focus on the

editorial and graphic design of the magazine. As methodology, the bibliographical research

was used for theoretical foundation and the journalistic techniques of investigation, research,

interview, textual production and graphic design. The final product presents text marked by

the narrative that approaches storytelling, unlike what is usually published by Placar.

Keywords: Sport; Printed journalism; Revista Placar; Soccer; Literary Journalism.

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LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Figura 1 – Capa de Reportagem ............................................................................................... 34

Figura 2 – Retranca I ............................................................................................................... 35

Figura 3 – Retranca II .............................................................................................................. 36

Figura 4 – Retranca III ............................................................................................................. 37

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SUMÁRIO

Introdução .................................................................................................................................. 9

1. Futebol: Eterno Amadorismo ............................................................................................... 10

1.1 A elitização do futebol ........................................................................................................ 10

1.1.1 Preconceito contra a vontade de competir ....................................................................... 11

1.1.2 Amadorismo brasileiro .................................................................................................... 13

1.1.3 O futebol na sociedade .................................................................................................... 16

1.1.4 A importância socioeconômica do futebol ...................................................................... 17

2.1 Jornalismo impresso e a especialização jornalística ........................................................... 19

2.1.1 Jornalismo Esportivo ....................................................................................................... 19

2.1.2 Jornalismo Esportivo e Literatura ................................................................................... 20

2.1.3 Jornalismo Literário ......................................................................................................... 21

2.1.3.1 O Novo Jornalismo – The New Jornalism .................................................................... 23

2.1.4 Storytelling ...................................................................................................................... 23

2.2 O Jornalismo de Revista ..................................................................................................... 24

2.2.1 A história da revista Placar .............................................................................................. 25

2.2.2 Linguagem Jornalística .................................................................................................... 28

2.2.3 Ferramentas de construção da reportagem ...................................................................... 28

2.2.3.1 Apuração ....................................................................................................................... 29

2.2.3.2 Pauta ............................................................................................................................. 29

2.2.3 Edição .............................................................................................................................. 29

3.1 Produção da grande reportagem ......................................................................................... 31

3.2 Edição do produto ............................................................................................................... 32

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INTRODUÇÃO

O futebol é um dos esportes mais difundidos no mundo. No Brasil, ele tem grande

tradição e é praticado por pessoas de todas as idades, sexos e classes sociais. Muitos jovens,

quando são introduzidos ao esporte, sonham em se tornar grandes jogadores, morar fora do

país e ganhar muito dinheiro, porém desconhecem as dificuldades por trás do futebol

profissional.

A Placar é uma revista mensal do segmento esportivo, que tem como foco principal o

futebol. Há também edições especiais, como as referentes ao Campeonato Brasileiro e à Copa

do Mundo. Após ser vendida para a Editora Caras, em 2015, a publicação sofreu mudanças

em sua linha editorial, passando a retratar a vida dos atletas. Em outubro de 2016 foi

readquirida pela Abril.

O projeto é importante por informar os leitores sobre os problemas enfrentados pelos

atletas no universo futebolístico brasileiro, por meio das histórias de jogadores, mas também

de ex-jogadores. Tira de foco as grandes estrelas, profissionais bem-sucedidos, para mostrar

também outras perspectivas e olhares sobre a carreira.

O intuito é produzir textos que se aproximem do Jornalismo Literário como um

recurso para envolver o leitor a partir de um modo mais “humanizado” de contar as histórias.

Para sensibilizar esses leitores e propor uma produção textual com ênfase na narrativa,

utilizou-se do storytelling.

A metodologia usada neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica e de campo. Foram

usadas referências para fundamentar os seguintes pontos do trabalho: a história do esporte, a

importância deste para a sociedade brasileira e a importância no jornalismo. Também a

história da revista Placar e o processo de produção do produto.

O primeiro capítulo aborda a contextualização histórica, econômica e social do

futebol. No segundo capítulo, são tratadas as estruturas do jornalismo impresso, o jornalismo

de revista, o jornalismo esportivo e sua relação com a literatura.

Já no capítulo três, são tratadas as técnicas de apuração, entrevista e pesquisa, além de

retratar a história da revista Placar e o processo de produção da reportagem.

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I - FUTEBOL: ETERNO AMADORISMO

1.1 A elitização do futebol

Não se sabe ao certo quando e onde o futebol foi criado. Alguns historiadores

acreditam que surgiu em 2500 a.C. na China, porém a maioria defende que foi na Inglaterra

no século 19 que o esporte foi inventado. Foi nessa época também que foram criadas as 13

primeiras regras do futebol, que serviram de influência para a formulação do regulamento

atual.

No Brasil, o esporte chegou pelas mãos de Charles Miller, em 1894. Segundo Caldas

(1943), Miller era descendente de britânicos e com dez anos foi mandado à Inglaterra para

estudar. Ao voltar para São Paulo, cidade onde nasceu, trouxe consigo a primeira bola.

Miller disseminou o futebol para os ingleses que viviam em São Paulo, de acordo com

Rosenfeld (1973, apud CALDAS, 1943, p. 23). “O primeiro círculo que cultivou o jogo numa

forma organizada foi formado por sócios de um clube inglês – o São Paulo Athletic Club, que

havia sido fundado para a prática do cricket e ao qual Miller se associou.”

O São Paulo Athletic Club foi a primeira equipe de futebol do país e era formada de

altos funcionários britânicos de Companhia de Gás, da São Paulo Railway e do Banco de

Londres. O esporte aos poucos foi conquistando a elite paulistana.

No ano de 1899 foi promovido o primeiro jogo de futebol com plateia no Brasil. A

partida realizada em São Paulo reuniu 60 torcedores, que assistiram aos ingleses que

trabalhavam na Companhia de Gás, na Estrada de Ferro e no Banco ganharem por 1 a 0 zero

dos funcionários da Empresa Nobiling.

O futebol era tão admirado pela alta sociedade brasileira que passou a ser quase

obrigação nos colégios ricos da cidade. Com o tempo, o esporte foi se tornando conhecido

também no Rio de Janeiro, transformando-se na “atividade mais procurada e mais

importante”, segundo Caldas (1943, p. 23), para a burguesia.

O material usado pelos jogadores para a prática do futebol era muito caro e tinha que

ser importado, tornando praticamente impossível o acesso de pessoas humildes ao esporte.

As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro ditavam tendência para o restante do país.

Com o futebol não foi diferente, elas sempre foram referência no esperte. Na década de 1910,

surgiram os principais clubes da época, alguns existentes até hoje, tais como o Bangu e o

Fluminense do Rio de Janeiro e o Sport Club Corinthians Paulista de São Paulo.

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Conforme o futebol vai se popularizando no País, o público das partidas começa a

aumentar. As partidas de futebol passam a ser o local preferido pela elite para aparecer nos

jornais.

Desde seu início, o futebol trouxe consigo o preconceito. Além dos pobres não

poderem competir, os negros também eram proibidos de entrar em campo. Para as equipes,

não importava se o jogador fosse talentoso, desde que fosse rico e tivesse um bom cargo em

uma empresa.

Um exemplo de equipe onde o futebol era totalmente elitizado era o Fluminense. O

time nasceu no Retiro da Guanabara, um bairro nobre do Rio de Janeiro. Seus jogadores eram

chefes de empresas, filhos de pais muito ricos e empregados com altos cargos. O principal

pré-requisito para adentrar na equipe era ter muito dinheiro.

Todos os grandes times eram assim, alguns um pouco mais do que os outros, porém

não era somente a burguesia que se encantava com essas equipes, as pessoas de baixa renda

começavam a tomar gosto pelo futebol e a simpatizar com as equipes.

De acordo com Caldas (1943, p. 26) “... a opção do torcedor prendia-se a diversos

outros aspectos mais importantes, como, por exemplo, as cores da camisa, o bairro, a

popularidade, etc. menos por causa do elitismo”. Isso prova que os torcedores mais humildes

não se importavam com a classe social de quem estava jogando, mas com a equipe e sua

popularidade.

1.1.1 Preconceito contra a vontade de competir

Uma equipe que se diferenciava das outras localizadas no Rio de Janeiro era o Bangu.

Fundado no subúrbio, o time era bem mais flexível do que os demais, apesar de também haver

preconceitos. Assim como o Bangu, muitos outros times de subúrbio surgiram no estado, tais

como o Vila Isabel, Mangueira, entre outros. Porém, essas equipes não tinham como se

manter e acabavam se desfazendo. A principal razão era a falta de dinheiro para a compra de

materiais, já que naquela época não se cobrava ingressos e as despesas eram custeadas pelos

próprios jogadores e diretores dos clubes.

Os times que sobreviviam e conseguiam se sustentar começaram a competir em

campeonatos estaduais amadores. Em São Paulo, foi fundada a Liga Paulista de Football, que

tinha os clubes AA de Palmeiras e Paulistano disputando o campeonato. No Rio de Janeiro

não foi diferente, esses campeonatos começaram a atrair cada vez mais torcedores, que se

empolgavam com o que viam.

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Com o tempo, outros estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia

começaram a criar associações e competições. Em 8 de junho de 1914, representantes das

principais equipes de São Paulo e do Rio de Janeiro se uniram para fundar a Federação

Brasileira de Sports (FBS). De acordo com o site Campeões do Futebol, no dia 21 de julho do

mesmo ano foi disputado o primeiro jogo da Seleção Brasileira, com um misto de jogadores

dos dois estados.

O nome da FBS mudou por duas vezes: em 1916 passou a se chamar Confederação

Brasileira de Desportos e em 1979 recebe o nome de Confederação Brasileira de Futebol. Os

ingressos somente passaram a ser cobrados no ano de 1917. Neste período, os jogadores já

reivindicavam o profissionalismo do esporte até então amador e salários justos, já que muitos

tinham que trabalhar como operários e treinar no tempo livre para sustentar suas famílias.

Apesar do espaço cedido aos jogadores de classe média, os mais humildes e negros

não eram bem aceitos pelas equipes e pelas torcidas. Porém, nas periferias o futebol tornava-

se cada vez mais popular e com a ajuda dos moradores, os apaixonados pelo esporte

recolhiam arrecadações e começavam a fundar seus próprios clubes.

Nos campeonatos estaduais, porém, não se admitiam esses clubes e os que se

destacavam na várzea e chegavam a entrar nas ligas, muitas vezes, eram expulsos por mostrar

bom rendimento.

Com o passar do tempo e a formação de uma seleção para disputar jogos

internacionais, os campeonatos ficaram cada vez mais disputados e os torcedores começavam

a cobrar mais habilidade dos jogadores e consequentemente mais vitórias. Buscando

solucionar o problema, algumas equipes como o The Bangu Athletic Club foram buscar nas

empresas operários que estivessem interessados em jogar futebol.

Segundo Caldas (1943, p. 29), “o critério de escolha do jogador baseava-se

principalmente em três aspectos: no seu desempenho profissional, no tempo de serviço na

empresa e no comportamento pessoal”.

O Clube de Regatas Vasco da Gama foi mais ousado, ao ser promovido para a

primeira divisão, ao colocar negros para disputar a liga carioca. Foi a primeira vez na história

do futebol brasileiro que negros jogavam um campeonato.

No Rio de Janeiro, o time do Vasco da Gama venceu o campeonato estadual. Este

time era composto, em sua maioria, por jogadores negros e mulatos pertencentes,

muitos deles, à classe operária. Até então, nenhum time tinha apresentado uma

composição racial e social como a do Vasco. Havia alguns mulatos jogando por

outros times, mas a maioria dos jogadores, mesmo os que não pertenciam à elite,

eram brancos (CAMPEÕES DO FUTEBOL, s.d.).

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Uma grande crise surgiu entre os clubes do Rio de Janeiro, principalmente pelo fato do

Vasco ter sido campeão do campeonato daquele ano, deixando para trás os times elitizados.

Como vingança, as demais equipes fizeram uma nova liga e não convidaram o Vasco. Mas a

democratização já havia sido iniciada.

As equipes, de acordo com Caldas (1943), buscavam por bons jogadores, não

importando mais com a cor e a situação econômica. O único problema era o salário dos atletas

que ainda eram muito baixo e muitos ainda dividiam-se entre o esporte e o emprego.

Com a chegada destes jogadores, os que pertenciam à elite da sociedade começaram a

sair do time, recusando-se a disputar campeonatos ao lado principalmente de negros, tornando

a vida dos clubes ainda mais difícil.

O futebol, a partir deste momento, deixa de ser elitizado e passa a ser marginalizado.

As pessoas das classes mais altas passam a relacionar o futebol com a periferia enquanto o

esporte passa a ser cada vez mais praticado nas demais classes sociais.

O fato é que esse preconceito nasce justamente do desejo das elites em não ter

qualquer identidade (mormente lúdica) com os outros segmentos da sociedade.

Aliás, esse fenômeno, antes de ser um fato sociológico, é um fato histórico. Jamais,

em qualquer momento, a classe dominante desejou identidade com as demais classes

sociais. Ao contrário, ela sempre teve sua própria cultura e muito distante da cultura

proletária (CALDAS, 1943, p. 30).

Com o tempo, os jogadores perderam a imagem de homens da elite e passaram a

serem vistos como marginais, apesar do rótulo recebido a profissionalização do esporte estava

próxima de ser concretizada.

1.1.2 Amadorismo brasileiro

Segundo Caldas (1943), o futebol tornou-se profissional em 23 de janeiro de 1933,

mas isso era apenas no papel. Na prática, a situação dos jogadores era bem diferente. Os

jogadores passaram a ser explorados pelos clubes, o que comprovava a negação do

profissionalismo. Os esportistas, no entanto, passaram a lutar pelos seus direitos.

No futebol, quando o jogador passa dos 30 anos, torna-se velho demais para a prática

do esporte. Tem uma diminuição no rendimento físico e, naquela época, ainda tinham as

doenças que assombravam a população, como a tuberculose, que atingiam muitos jovens.

Quando esses dois fatos ocorriam no futebol, os jogadores não tinham nenhum apoio do

clube, eram demitidos sem direito à aposentadoria.

Foram inúmeros os jogadores de futebol, nessa época, que deram muito prestígio e

títulos a seus clubes e morreram na miséria. Para dar um exemplo, apenas,

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lembremos o caso de Altino Marcondes (o Tatu). Durante nove anos (1925 a 1933),

Tatu foi um dos principais atacantes do Spot Club Corinthians Paulista. Muito

pobre, trabalhando como zelador de uma casa comercial em São Paulo, Tatu dividia

seu tempo entre essa função e a de futebolista; na verdade, suas duas fontes de

renda. Nos treinos e jogos amistosos ou oficiais, os jogadores estavam sempre

presentes (CALDAS, 1943, p. 45).

Em 1932, foi constatado que Tatu estava com tuberculose, uma doença que naquela

época não tinha cura. O Corinthians ao saber do problema do jogador o dispensou sem lhe

pagar ou oferecer ajuda. Mesmo cientes de todos esses problemas, os jogadores continuavam

a competir pelos clubes.

Nesse mesmo ano, os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo se uniram para fundar

o primeiro campeonato interestadual, o Torneio Rio-São Paulo. Além do campeonato,

dirigentes dos dois estados se uniram para formar a Federação Brasileira de Futebol que não

era reconhecida pela CBD. No entanto, essa situação prejudicou muitos jogadores que

pertenciam à Federação Brasileira de Futebol (FPF) que não puderam ser convocados para

disputar a Copa de 1934. O futebol brasileiro também foi prejudicado, pois os melhores

jogadores do Brasil faziam parte da FPF.

Em contraponto, os jogadores passaram a ver no exterior a solução para a

concretização de seus sonhos de serem reconhecidos como profissionais do esporte e

receberem salário digno.

Os esportistas escolhiam principalmente a Europa para jogar. Lá eles poderiam viver

para jogar futebol, não precisariam trabalhar em outros locais e teriam seus esforços

reconhecidos. Os primeiros jogadores a deixar o Brasil foram os irmãos Fantoni, do Clube

Atlético Mineiro, em 1930. Eles escolheram a Itália para, enfim, tornar-se jogadores

profissionais. Além deles, muitos outros atletas seguiram para o exterior, entre eles Del

Débbio, Rato, Filó e Pepe, todos jogadores paulistas.

A CBD começou a perder seus melhores jogadores e o nível das equipes começaram a

diminuir consideravelmente.

Ao mesmo tempo, ocorria uma situação muito semelhante à que vivemos hoje em

nosso futebol, com o êxodo dos melhores jogadores: declinava sensivelmente a

qualidade do futebol brasileiro. É à medida que aumentavam as evasões, diminuía o

público nos estádios e aumentava a crise em grande estilo. (CALDAS, 1943, p. 47).

Com a crise instalada e com um êxodo cada vez maior de jogadores, em 1937 a CBD

decidiu oficializar o regime profissional no futebol. Segundo Coelho (2004), em 31 de julho

foi realizado um jogo entre Vasco e América no Rio de Janeiro que ficou conhecido como

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“Clássico da Paz”, a partida aconteceu no estádio de São Januário, onde o Vasco saiu com a

vitória por 3 x 2. O jogo diminuiu consideravelmente a crise de tantos anos.

A partir deste momento, os jogadores passaram a ser respeitados pelos clubes,

começaram a receber um salário mais digno e a receber alguns benefícios, tal como

acompanhamento médico. O governo passou a se preocupar com o esporte e passou a auxiliar

financeiramente os clubes. Os mais famosos recebiam uma verba maior, o que ajudava na

busca de novos jogadores.

Ao relacionar o futebol de 1937 com o atual, não se percebe muita diferença, muitos

clubes ainda passam por dificuldades financeiras, muitos têm altas dívidas acumuladas.

Apesar do salário cada vez maior dos jogadores e do acompanhamento que recebem nos

clubes, eles continuam preferindo o exterior para jogar. O número de craques que saem do

Brasil principalmente para a Europa é cada vez maior.

O País vem perdendo seus melhores jogadores, muitos deles vão embora ainda jovens,

por falta de oportunidade nos clubes nacionais. Alguns acabam se destacando e sendo

convidados a compor a seleção do país em que joga.

Outro fator preocupante é que mesmo com o tempo o preconceito ainda permanece no

futebol e cada vez mais constante. Os jogadores negros, assim como em 1900, são

discriminados e ofendidos pelos torcedores dos próprios clubes. O amadorismo permanece no

futebol mesmo que a profissionalização tenha chegado em 1937.

Além do preconceito, muitos times pequenos não têm estrutura suficiente para

manterem seus clubes. O principal motivo é a falta de verba repassada. No futebol paulista,

ocorrem fatos muito semelhantes. Segundo a Federação Paulista de Futebol, há 139 equipes

de futebol no Estado. Destes, apenas 20 disputam a série A1 do Campeonato Paulista,

principal divisão do evento esportivo.

As equipes do interior têm pouca estrutura e não têm um calendário extenso, suas

atividades duram muitas vezes seis meses. Para não saírem prejudicados financeiramente, os

clubes realizam contratos de seis meses com os jogadores e passam o restante do ano apenas

com os jogadores da base.

Além da falta de entrosamento entre os jogadores e técnicos, que também são

contratados pela temporada, os clubes têm outras dificuldades que acabam atrapalhando o

rendimento em campo. O maior deles é a falta de ajuda financeira dada pelo governo aos

clubes, ela varia muito conforme o campeonato disputado e pela divisão que o clube se

encontra.

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Muitas vezes, essa verba é muito baixa e não custeia nem o salário dos funcionários.

Para poder dar uma estrutura razoável aos atletas, os clubes dependem dos patrocínios de

empresas de suas cidades ou da vizinhança.

Mesmo com todas as dificuldades impostas às equipes do interior, muitas vêm se

destacando. Entre elas está o atual campeão paulista de 2014, o Ituano, que eliminou

Corinthians, Palmeiras e Santos do campeonato. Outro destaque é o Penapolense, que em

2013, primeiro ano na série A1, terminou a competição entre os oito primeiros e, em 2014,

chegou às semifinais do Paulista eliminando o São Paulo.

1.1.3 O futebol na sociedade

De acordo com Feitosa (2010), o futebol é um produto cultural responsável por fazer

aflorar no ser humano diversas sensações. Os amantes do esporte misturam superstições e

religião para incentivar, mesmo que de longe, a vitória do seu time.

Para ele, o brasileiro se identifica com todas as problemáticas impostas pela partida e

passam a relacioná-las ao seu cotidiano, tornando-se cada vez mais apaixonado pelo esporte.

E isto é perceptível pela forma de expressar-se do brasileiro em certas ocasiões

típicas. Bem como um time que se vê com um placar adverso, o cidadão brasileiro

busca “virar o jogo” quando se encontra numa situação desvantajosa, seja ela

financeira, seja na escola, em relação às notas. (FEITOSA, 2010, p. 24)

O futebol traça na sociedade caracterizações diversificadas, auxilia na formação de

grupos e tem sua própria linguagem. Para Feitosa (2010), o esporte derruba barreiras entre

estados. Um exemplo são moradores do interior do Mato Grosso do Sul. Apesar de o estado

ter seus times, eles não têm visibilidade, fazendo com que os moradores daquela região que

admiram o futebol passem a acompanhar os times que têm destaque na televisão.

Mesmo torcendo pela equipe local, os moradores acabam acompanhando o

Campeonato Carioca ou o Paulista e escolhem um time para torcer. Muitos optam por torcer

para aqueles cuja torcida e a realidade se assemelha mais a sua forma de vida, não é à toa que

as duas maiores torcidas do Brasil são as do Corinthians e Flamengo, dois times considerados

populares, grandes, mas que passam por muitas dificuldades e muitas vezes as deixam de lado

para conquistar uma vitória.

Não devemos jamais deixar de correlacionar o futebol e a sociedade em todos os

aspectos, considerando o esporte como um fenômeno sociocultural de expressão do

ser humano, tendo engajados em si elementos subjetivos que tornam o esporte cada

dia mais apaixonante (FEITOSA, 2010, p.29).

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1.1.4 A importância socioeconômica do futebol

Desde que o futebol começou a ganhar destaque, a partir de sua profissionalização, em

1937, clubes e empresas buscaram lucrar com a exposição de suas marcas. A identificação do

torcedor e o fanatismo contribuíram para esse processo de exploração do esporte.

As emissoras de televisão, constatando o sucesso que tal esporte vinha conquistando,

também passARAM a lucrar com a exibição das partidas, transformando o futebol, de acordo

com Galeano (2013), em um espetáculo.

Galeano (2013) afirma que o futebol deixou de ser apenas um esporte e passou a ser

visto como um produto de entretenimento.

O jogo se transformou em espetáculo, com poucos protagonistas e muitos

espectadores, futebol para olhar, e o espetáculo se transformou num dos negócios

mais lucrativos do mundo, que não é organizado para ser jogado, mas para impedir

que se jogue. (GALEANO, 2013, p. 10)

Para Lovisolo (2002), a espetacularização do futebol se deu devido a audiência, lazer e

emoção que proporciona aos espectadores. Sendo uma das principais manifestações culturais

do país, o público ligado ao esporte identifica suas vivências diárias com a partida.

Segundo o autor, o futebol é um fenômeno sociocultural que atrai grande parte da

população brasileira. Devido a esse expressivo reconhecimento, empresas passaram a vincular

suas marcas aos clubes, com venda de produtos licenciados.

Pode-se dizer que tudo que acontece dentro do campo durante uma partida ou

campeonato influência de alguma forma no consumo de produtos ou serviços relacionados

aos clubes. Quando a equipe se encontra em uma boa fase, por exemplo, as equipes e marcas

parceiras terão um aumento no lucro com a venda de artigos e ingressos, se comparado com

uma fase ruim.

Ribeiro (2007) relata que o futebol é uma instituição social ligada ativamente ao

capitalismo contemporâneo.

Ele surge como um esporte moderno, de massa e mundializado, desde o processo da

expansão capitalista do final do século XIX. A expansão capitalista que rendeu de

forma radical as sociedades, trouxe consigo transformações tecnológicas,

econômicas e culturais, dentre as quais a prÁtica dos esportes com significação de

ser moderno e civilizado. (RIBEIRO, 2007, p. 49)

Ribeiro (2007) afirma que o grande potencial para o espetáculo é o que faz o esporte

ser diretamente ligado ao capitalismo.

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A mídia também é grande responsável pela espetacularização do futebol e vem

lucrando cada vez mais com o esporte, com horários para transmissão de jogos e canais

específicos para tratar somente do assunto.

Para que o futebol continue a realizar os espetáculos e assim continuar a girar capital a

todos os envolvidos é necessário que haja investimento nos clubes, para que esses possam

contratar bons jogadores e oferecer qualidade em treinamentos e preparação técnica, para que

em campo a equipe tenha um bom rendimento e contribua para o espetáculo.

Para tratar de tal assunto fora criado o Clube dos Treze, onde os principais clubes do

país debatem sobre as questões econômicas e de mercado.

De acordo com Mezzadri (2007), para auxiliar os clubes na espetacularização do

futebol, o Governo Federal criou a lei Nº 10.671, em 15 de maio de 2003, conhecida como

Estatuto do Torcedor, onde os torcedores têm relacionados seus direitos e deveres dentro e

fora dos estádios brasileiros. Em parceria com a Loterfia Federal, o Governo também criou a

Timemania, onde a arrecadação de aposta para cada equipe é usada para amenizar as dívidas

dos clubes com o Governo.

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II – A ESTRUTURA DO JORNALISMO IMPRESSO

2.1 Jornalismo impresso e a especialização jornalística

Com o passar do tempo e o crescimento dos meios de comunicação eletrônicos de

comunicação, a função do jornal impresso mudou. Antigamente o leitor procurava no

impresso as notícias do dia e tinha o jornal como principal meio de informação. Com a

chegada da internet, as notícias do que acontecem no cotidiano são facilmente encontradas

nos portais de notícias, em tempo real. Aos meios de comunicação impressos coube realizar

abordagens mais aprofundadas e sofisticadas, surgindo assim o jornalismo especializado.

Segundo Abiahy (2005, p.5), o jornalismo especializado tem seu desenvolvimento

relacionado a “lógica econômica que busca a segmentação do mercado como uma estratégia

de atingir os grupos que se encontram tão dissociados entre si”.

O jornalismo tem a função de selecionar e organizar o que irá informar,

hierarquizando as informações, fazendo com que temas que antes não eram enfocados passem

a ser importantes.

O jornalismo especializado, segundo Abiahy (2005), tem como principal objetivo

tratar de assuntos de interesse de um determinado público, que, por sua vez, tem um profundo

conhecimento sobre tais temas.

Nos jornais impressos há os cadernos específicos e as editorias, que são lidas por um

público que busca um conteúdo especializado, mais aprofundado. Outro exemplo forte de

segmentação, seja por gênero, idade ou assunto, é a revista.

O profissional que trabalha com o jornalismo especializado tende a se aprofundar no

assunto abordado. Há profissionais que buscam novas graduações que possam contribuir para

o desenvolvimento do seu trabalho diante do tema. É importante que esse jornalista entenda

profundamente o assunto, pois o leitor, na maioria das vezes, entende mais do que o próprio

profissional.

Outra vertente que vem crescendo no jornalismo é a segmentação, que traz uma

linguagem também específica, mas destinada a públicos, sejam eles especializados ou leigos,

que estejam interessados no tema.

Com o crescimento dessas duas vertentes os jornalistas têm a oportunidade de ampliar

seus conhecimentos sobre diversos assuntos, ampliando seu campo de atuação.

2.1.1 Jornalismo Esportivo

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O Jornalismo Esportivo surgiu na Inglaterra, em 1822, com o Bell’s Life e na Europa,

em 1854, no Le Sport. Porém, desde 1200 a.C. há registros de descrições do esporte, através

de uma crônica escrita por Homero.

Apesar do esporte sempre ter tido sua prática noticiada, tendo edições dedicadas

exclusivamente a eles, o ato não era reconhecido pela alta sociedade e no Brasil não foi

diferente. Segundo Coelho (2004) mesmo os esportes mais populares, como o remo, não

costumavam estampar as primeiras páginas dos jornais da época.

Os primeiros relatos de competições aconteceram em São Paulo, na década de 1910,

quando o jornal Fanfulha, passou a divulgar as práticas esportivas. Mesmo este sendo um

periódico que não atingia a elite paulistana, o jornal era lido por um número cada vez maior

de pessoas, em especial os italianos.

No Brasil, o primeiro jornal dedicado exclusivamente aos esportes foi criado na

década de 1930, no Rio de Janeiro. O Jornal dos Sports foi “o primeiro a lutar ferozmente

contra a realidade que tomou conta de todos os diários esportivos a partir daí” Coelho (2004,

p.09).

O autor afirma que as redações esportivas passaram todo o século XIX lutando contra

o preconceito de que apenas as classes mais baixas poderiam se tornar leitores desses jornais,

fazendo com que as revistas e jornais que surgissem fossem desaparecendo com o passar do

tempo.

Só no fim da década de 1960, os grandes cadernos de esportes tomaram conta dos

jornais. Ou melhor: em São Paulo, surgiu o Caderno de Esportes, que originou o

Jornal da Tarde, uma das mais importantes experiências de grandes reportagens do

jornalismo brasileiro. (COELHO, 2004, p.10)

A partir desse período, os principais jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro passaram

a publicar cadernos esportivos, que foram se desfazendo com o passar dos anos, devido a falta

de importância dada ao esporte.

Segundo Coelho (2004), os jornais dedicaram às práticas esportivas um pequeno

espaço, porém, não pela falta de interesse por parte dos jornalistas, que buscavam sempre se

arriscar pelo meio esportivo, mas pela falta de espaço nos jornais.

2.1.2 Jornalismo Esportivo e Literatura

Após a década de 1920, o futebol já havia se tornado uma paixão nacional e

suas partidas eram transmitidas, ao vivo, através do rádio em 1931. Coelho (2004) afirma que

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nos jornais esses jogos eram descritos em forma de crônicas, compostas por “dramas e

poesias”, que levavam aos leitores dos diários um fascínio.

Essas crônicas motivavam o torcedor a ir ao estádio para o jogo seguinte e,

especialmente, a ver seu ídolo em campo. A dramaticidade servia para aumentar a

idolatria em relação a este ou àquele jogador. (COELHO, 2004, p.17)

Entre os leitores que fascinavam os leitores com suas crônicas esportivas estavam

Nelson Rodrigues e Mário Filho.

Devido à miopia, Nelson Rodrigues não conseguia acompanhar visualmente os

detalhes das partidas, o que não o impedia de romantizar suas crônicas, transformando um

simples jogo em um espetáculo, compensando a falta de detalhes.

Porém, de acordo com Coelho (2004) ao descrever os jogos era necessário que

houvesse uma junção dos estilos, sem deixar de lado a veracidade dos fatos ocorridos durante

as partidas. “O problema evidentemente, é que o que é verdade, o que é opinião e o que é

lenda se misturam e nem todo mundo é capaz de diferenciar o que é jornalismo do que não é.”

(COELHO, 2004, p.19)

Com o passar do tempo o romantismo de Nelson Rodrigues foi se perdendo no

Jornalismo Esportivo, que passou a ter sua emoção voltada a narração dos acontecimentos

como realmente são. Segundo Coelho (2004) as redações perderam a sensibilidade ao noticiar

o esporte e salienta que há necessidade de acrescentar mais emoção aos textos jornalísticos

produzidos.

2.1.3 Jornalismo Literário

O Jornalismo Literário surgiu em meio à necessidade dos jornalistas “sérios” de

chamarem a atenção dos leitores, que estavam rendidos aos tabloides, revistas de fofocas e

grande mídia que, em busca de audiência e patrocinadores, tornaram-se, de acordo com Pena

(2006) “palco de futilidade e exploração do grotesco e da espetacularização”.

Não se tratava apenas de fugir das amarras da redação ou de exercitar a veia literária

em um livro reportagem. O conceito é muito mais amplo. Significa potencializar os

recursos do jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos,

proporcionar visões amplas da realidade, exercer plenamente a cidadania, romper as

correntes burocráticas do lead, evitar os definidores primários e, principalmente

garantir perenidade e profundidade aos relatos. (PENA, 2006, p.13)

O autor afirma que o jornalista literário tem como característica potencializar as

técnicas narrativas, desenvolvendo novas ferramentas profissionais, sem descartar os

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princípios de redação, como a apuração, a abordagem ética, a objetividade e a clareza na

composição do texto.

A partir do texto literário perde-se a preocupação com o deadline, ou seja, não há mais

a necessidade de ficar focado na periodicidade e a atualidade da reportagem em questão. O

jornalista passa a ser livre para proporcionar ao leitor uma ampla visão dos acontecimentos.

“A preocupação do Jornalismo Literário, então, é contextualizar a informação da forma mais

abrangente possível”, Pena (2006, p. 15).

Segundo o autor, é preciso detalhar os fatos acontecidos, compará-las e coloca-las em

um “espaço temporal de longa duração”. Quanto ao tema, ao escolhê-lo, deve-se pensar em

como sua abordagem pode auxiliar o cidadão, seja em utilidade pública ou em formação, para

um bem comum ou solidariedade.

Outro fator que deixa de ser uma “prisão” ao jornalista é o lead, onde há a necessidade

de se colocar as principais informações da reportagem, respondendo sempre às tradicionais

perguntas: Quem? Como? O quê? Onde? Por quê? Quando?, no primeiro parágrafo. No

jornalismo literário, o jornalista tem a liberdade de expor as informações de maneira versátil e

criativa.

Pena (2006) relata que há diversas interpretações para o significado do termo

“Jornalismo Literário”. O autor cita como exemplos dois gêneros específicos da Espanha, o

periodismo de creacion e periodismo. No primeiro gênero trazia textos exclusivamente

literários, sendo apenas veiculados nos jornais. Já o segundo une a finalidade informativa com

uma estética narrativa apurada.

No Brasil também aconteciam essas diferentes classificações. Havia quem

considerasse a produção dos folhetins, nome dado aos romances que eram publicados em

jornais, que tinham como característica a linguagem simples e acessível que permitiam a

todas as classes sociais terem uma fácil compreensão, com o Jornalismo Literário. Outros

autores comparavam o gênero ao New Jornalism, iniciado nas redações americanas, na década

de 1960. Porém, Pena (2006) relata que “o conceito está fundamentalmente ligado à questão

linguística”.

Segundo Pena (2006) a junção entre Literatura e Jornalismo foi perfeita para a

imprensa que precisava vender jornais e aos escritores de romances, essa união aconteceu no

século XIX. Os romances eram divididos por capítulos, que eram colocados em cada edição

do jornal. Para o autor “não basta escrever muito bem ou contar uma história com maestria”.

Era necessário cativar o leitor e fazê-lo comprar o jornal no dia seguinte. E, para isso, seria

necessário criar um novo gênero literário, surgindo assim o folhetim.

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2.1.3.1 O Novo Jornalismo – The New Jornalism

Criado nas redações americanas, o Novo Jornalismo, foi o início do Jornalismo

Literário nos Estados Unidos, na década de 1960, através da insatisfação de diversos

profissionais da imprensa com as regras do texto jornalístico, “expressas na famosa figura do

lead, uma prisão narrativa que recomenda começar a matéria respondendo às perguntas

básicas do leitor” Pena (2006, p.53).

O New Jornalism abandonou os manuais das redações, deixando de lado a

pirâmide invertida, o que tornava o texto mais estético e aprofundado, permitindo a utilização

das técnicas literárias.

De acordo com Pena (2006) há quatro recursos que são fundamentais para o

Novo Jornalismo, são eles, a reconstrução da história cena a cena, o registro do diálogo

completo, a apresentação das cenas pelos pontos de vista de diferentes personagens e o

registro de características dos personagens, como hábitos, roupas, gestos, entre outras.

O conceito de Jornalismo Literário, que é caracterizado como uma modalidade de

prática da reportagem de profundidade e do ensaio jornalístico utilizando recursos

de observação e redação originários da (ou inspirados da) literatura. (PENA, 2006,

p.105)

É importante ressaltar que o Jornalismo Literário e os romances da Literatura são

diferentes, sendo que o primeiro trata-se da não-ficção. Entre os principais jornalistas desse

movimento está Truman Capote, autor de A sangue frio.

2.1.4 Storytelling

O cuidado com as narrativas vem ganhando espaço nos meios de comunicação. Para

alguns, desde o Novo Jornalismo, quando foi implantado nas redações americanas e

posteriormente se espalhou pelo mundo, surgindo uma nova maneira de fazer jornalismo.

Cunha e Mantello (2014) apontam que o storytelling trouxe para as redações

jornalísticas uma liberdade maior com relação ao lead com a narrativa próxima da literária.

Sugerem que, para atrair o interesse dos consumidores de notícias, já não há mais uma rigidez

de resumir no primeiro parágrafo as principais informações.

Com o crescimento das mídias digitais e popularização das redes sociais, a informação

chega muito rápido às pessoas, fazendo com que muitos leitores percam o interesse em buscar

a informação mais aprofundada de outros meios de comunicação, como os jornais impressos e

revistas, por exemplo.

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O storytelling é um recurso de voltar a atenção dos leitores à informação mais

aprofundada, de maneira atrativa, que faça com que ao ler a reportagem se tenha a visão do

que se passou, como se estivesse vivenciando o acontecimento.

A disseminação da informação através da emoção, segundo Scartozzoni (2011 apud

CUNHA; MANTELLO, 2014), faz com que esta seja guardada facilmente pelo ser humano.

Para produzir uma narrativa no jornalismo deve-se atentar para a estrutura do texto

que será produzido. Esta “é formada por um tema, aquilo de que se fala; um argumento, os

acontecimentos; a trama, que é a estrutura propriamente dita; e o sentido, a verdade

transmitida”, (CUNHA; MANTELLO, 2014, p. 68).

O texto em que o storytelling está inserido se inicia com uma narrativa, descrevendo o

tempo, os personagens e o local, sendo usado como anzol, utilizado para fisgar o leitor. Nos

próximos parágrafos são inseridas as informações e descrições de comportamentos dos

personagens, além de suas falas, que podem ser introduzidas no texto entre aspas ou após o

travessão.

O storytelling constitui uma técnica para narrar fatos como se fossem histórias. Ao

enfatizar a narração e descrição, há um esforço de recriar cenas e personagens,

tarefas estéticas de despertar sensações no consumidor de notícia, seja ela impressa

ou audiovisual, para que ele se identifique com o relato e goste do texto jornalístico

como aprecia um texto mais elaborado, propriamente literário ou poético. (CUNHA;

MANTELLO, 2014, p. 67)

A conclusão da matéria também deve ser rebuscada, muitas vezes fazendo alusão aos

primeiros parágrafos.

2.2 O Jornalismo de Revista

A revista é um veículo de comunicação que tem como objetivo misturar jornalismo

com entretenimento, atingindo um público específico, tendo como foco para a construção de

sua identidade, o leitor.

Segundo Scalzo (2003), a palavra escrita é o principal meio de transmissão de

informações mais aprofundadas, o que demonstra a importância que o jornalismo impresso

das revistas e jornais tem na sociedade. “Revistas e jornais servem para confirmar, explicar e

aprofundar a história já vista na tevê e ouvida no rádio” (SCALZO, 2003, p.13).

Diferente do jornal impresso, as revistas têm uma periodicidade que pode variar entre

semanal, quinzenal e mensal e trazem um conteúdo de maior complexidade, destinado a um

público específico, unindo educação, serviços, análise de acontecimentos e entretenimento.

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A autora afirma que a essência das revistas é a segmentação, seja ela por assunto ou

por público. “É na revista segmentada, geralmente mensal, que de fato se conhece cada leitor,

sabe-se exatamente com quem está falando” (SCALZO, 2003, p.15)

O fato de ser segmentada permite à revista se aprofundar em um determinado assunto,

pois o leitor já o conhece e busca esse aprofundamento.

A primeira revista surgiu em 1663, na Alemanha, e apesar de ter a aparência de um

livro, o fato de conter artigos que tratavam do mesmo assunto, ser voltada à um público

específico e sair periodicamente, a tornava uma revista.

Segundo Scalzo (2003) a revista começou a ganhar espaço no século XIX, nos Estados

Unidos e na Europa.

Com o aumento dos índices de escolarização, havia uma população alfabetizada que

queria ler e se instruir, mas não se interessava pela profundidade dos livros, ainda

vistos como instrumentos da elite e pouco acessíveis. (SCALZO, 2003, p.20)

A primeira revista ilustrada surgiu em Londres, em 1842, intitulada Illustrated London

News, ela também foi pioneira no formato que se encontra atualmente. É importante ressaltar

que as revistas surgiram monotemáticas e com o tempo passaram a abordar uma variedade de

temas.

No Brasil, a revista surgiu no século XIX, trazida pela corte portuguesa. “A primeira

revista, As Variedades ou Ensaios de Literatura, aparece em 1812, em Salvador, Bahia”

(SCALZO, 2003, p. 27). A revista abordava temas como costumes, extratos de histórias

antigas e modernas, entre outros.

A primeira revista dedicada exclusivamente ao futebol surgiu, no Brasil, em 1970,

lançada pela editora Abril, a revista Placar foi a mais bem sucedida do segmento. Outras

revistas sobre esportes chegaram a ser lançadas antes dela, porém não tiveram sucesso.

2.2.1 A história da revista Placar

Revista de maior prestigio no meio esportivo, a Placar, segundo Dias (2007),

responsável pelo site Mundo das Marcas, foi idealizada por Cláudio de Souza, editor da Abril,

em 1970, ano de Copa do Mundo e do início da Loteria Federal. A ideia inicial de Victor

Civita, dono da editora, era vincular a revista à loteria esportiva, fazendo com que os

apostadores comprassem a Placar para terem um volante de apostas.

A revista, lançada em 20 de março de 1970, começou com venda semanal e em sua

primeira edição vendeu quase 200 mil exemplares. Era acompanhada de um brinde, uma

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medalha dourada com o rosto do jogador Pelé. Diversos repórteres e fotógrafos ficaram

responsáveis por sua produção, entre eles, José Maria de Aquino, Michel Laurence, Lenir

Martins e Dante Matiussi, entre outros.

No início, a revista foi sucesso de vendas, chegando a comercializar 100 mil

exemplares semanais, durante a Copa do Mundo de 1970. Porém, após o término da

competição, o número vendido caiu para 40 mil, o que fez com que estratégias fossem criadas

para aumentar as vendas, como a divulgação dos resultados dos jogos do fim de semana,

chamada de “Diário Oficial do Futebol Brasileiro”.

De acordo com Dias (2007), a Placar abriu diversas discussões importantes para o

futebol, como as que resultaram na criação dos campeonatos verdadeiramente nacionais,

adotados em 1971 pela Federação Brasileira de Futebol, e da série B do Campeonato

Brasileiro.

O que movia a Placar neste início, ainda segundo Dias (2007), era a Loteria Esportiva.

Chegou a vender 250 mil exemplares, veiculando dicas de apostas e bolões. No entanto, o

tempo foi fazendo com que a Loteria Esportiva deixasse de despertar tanto interesse e

começaram a surgir desconfianças e denúncias contra o jogo. A Placar passou então a

investigar a Loteria Esportiva.

Em 22 de outubro de 1982, após um ano de investigações, a revista, sob a direção de

Juca Kfouri, publicou uma extensa reportagem sobre a Máfia da Loteria Esportiva, que

continha denúncia de corrupção e manipulação de resultados. Foram ao todo 125

denunciados, entre jogadores, dirigentes, árbitros, técnicos e profissionais da mídia.

Após a denúncia e a queda da credibilidade da Loteria Esportiva, a venda de revistas

também caiu, forçando a Placar, em 1990, a se transformar em publicação mensal. Antes,

porém, houve diversas tentativas de atrair novos públicos e conseguir aumentar as vendas,

como a inserção de reportagens sobre outros esportes.

Em 1986, a revista mudou o enfoque de suas matérias para fugir do que era noticiado

nos programas esportivos de televisão, para assim tentar atrair novamente os leitores. Mesmo

com tantas mudanças, a venda continuava estagnada, forçando a editora Abril a buscar outras

alternativas.

Surgiu então, em 1988, a Placar Mais, produzida com papel mais nobre, menos

páginas e de tamanho diferenciado. No início, a nova formulação foi um sucesso de vendas,

porém também não durou muito.

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A última publicação semanal da Placar foi a edição especial sobre o Cinquentenário de

Pelé. A revista foi um sucesso e rendeu o Prêmio Esso, além de vender cerca de 100 mil

exemplares.

A ideia de fazer uma edição especial fez tanto sucesso que a Abril manteve as revistas

temáticas, porém mensalmente. Mesmo com a mudança na linha editorial, a Placar não perdeu

sua postura crítica e continuou a investigar os dirigentes de futebol.

Um verdadeiro sucesso de vendas surgiu em 1994, quando a Seleção Brasileira

disputou novamente a Copa do Mundo. Após os jogos do Brasil, a Placar lançava uma edição

especial. As primeiras não tiveram muito sucesso de vendas, mas conforme a Seleção ia

avançando na competição a venda crescia, chegando a comercializar 500 mil edições quando

o Brasil sagrou-se campeão mundial.

Dias (2007), em seu site, afirma que logo depois de completar 25 anos, a revista

passou por uma nova reformulação. Toda a equipe de jornalistas saiu para a entrada de novos

e o público-alvo passou a ser os jovens adultos. O slogan também mudou, assim como o

projeto gráfico, assinado por Roger Black, conceituado diretor de arte. A nova fase da Placar

“Futebol, Sexo e Rock’n Roll” contou pela primeira vez com a venda de assinaturas e a sua

primeira edição vendeu 237 mil exemplares.

Mesmo com o sucesso nas vendas, a revista passou por ajustes nos anos seguintes,

tanto visuais quanto de conteúdo, voltando a abordar o futebol como tema principal.

Uma nova tentativa de tornar a revista semanal foi feita em 2001, mas novamente não

durou muito. Quase um ano depois, a editora desistiu do projeto.

A Placar sempre teve reportagens e capas polêmicas, entre elas a internação do

comentarista e ex-jogador Casagrande, em 2008, e a capa onde Neymar aparece com o título

“A crucificação de Neymar”, de 2012.

A revista ganhou diversos prêmios durante os anos de existência, como em 2013, que

a Placar foi reconhecida como a melhor revista do ano pela Aceesp (Associação dos Cronistas

Esportivos do Estado de São Paulo), pela reportagem sobre os casos de abusos sexuais nas

categorias de base do futebol brasileiro.

Em seu blog, Beting (2015), relata que no dia 2 de junho de 2015, a editora Abril

vendeu à Editora Caras sete de suas marcas, entre elas a Placar. Desde então a revista não

pertence mais a Abril. Sob o comando do diretor editorial, Ednardo Martolio, a revista passou

a ter uma nova linha editorial, deixando as polêmicas investigações para abordar apenas a

vida e o cotidiano de atletas e personalidades do esporte, não apenas do futebol. Outra

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mudança foi a inclusão de outros esportes além do futebol. Apesar das mudanças ocorridas, a

revista continua sendo mensal e com o mesmo formato.

Em novembro de 2016 a editora Abril resgatou cinco títulos de revistas que havia

vendido à editora Caras, entre eles a Placar. De acordo com o site Esporte e Mídia, a editora

manteve a equipe que vinha trabalhando na produção da revista, transferindo-os para a sede

da Abril.

2.2.2 Linguagem Jornalística

Para Lage (2003, p. 36), “o texto jornalístico procura conter informação conceitual, o

que significa suprimir usos linguísticos pobres de valores referenciais”. Sendo assim, destaca-

se que a linguagem jornalística deve ser estruturada com uma escrita formal e de grande

expressividade.

A comunicação jornalística deve ser em terceira pessoa, pois o emissor fala

diretamente com seu leitor, através dos textos. “A situação corrente no jornalismo é de um

emissor falando a grande número de receptores” (LAGE, 2003, p.40).

Segundo Lage, “a língua é lugar rico de informação sobre a maneira nacional de agir:

hábitos de nepotismo, relações de amizade, sutis antagonismos raciais e rígida divisão de

classes” (2003, p.44).

No esporte, o público a qual a reportagem esportiva é dedicada já conhece sobre o

assunto abordado e dispensa a formalidade e as exageradas explicações, portanto é permitido

que o texto tenha uma linguagem mais leve e menos formal.

2.2.3 Ferramentas de construção da reportagem

Para a produção de uma matéria jornalística não basta apenas redigir o texto, antes é

necessário realizar a apuração dos fatos, entrevistas com os envolvidos e pesquisar sobre o

assunto a ser abordado, para depois construir uma reportagem.

De acordo com Noblat (2002) é importante que o jornalista realize a investigação dos

fatos e fale com suas fontes, para obter todas as respostas e abordar os fatos da melhor

maneira possível, passando ao público clareza e veracidade.

É importante ressaltar que para haver notícia, o fato deve existir e conter critérios de

noticiabilidade, é a partir daí que são elaboradas as pautas, as entrevistas e a apuração, para

que depois torne-se notícia.

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2.2.3.1 Apuração

A apuração é fundamental para a construção da notícia, através dela pode-se escolher

os fatos mais importantes, baseando-se no que de fato aconteceu. De acordo com Pereira

Júnior (2009), a função do jornalista é traduzir a realidade com fidelidade, respeitando o que

foi observado.

O trabalho jornalístico seria, assim, o de exemplificar o encadeamento de eventos

que produziram o fato, não falsear a sua ordem, mas dar legitimidade as suas

escolhas ao encadear o evento a outros, também legitimados (SCALZO, 2009, p.29).

Para que a matéria esteja bem estruturada e remita aos leitores a veracidade do fato a

ser abordado, é necessário seguir alguns conceitos básicos, tais como, nunca acrescentar nada

que não exista jamais enganar o público, ser transparente sobre os métodos, confiar no próprio

trabalho e ter humildade.

No jornalismo, segundo Pereira Junior (2009), construir o sentido da matéria é

diminuir a incerteza, para noticiar é preciso selecionar os fatos a serem contados. “A notícia é

construída no cuidado com a verificação, sobre o alicerce do levantamento de informações”

Pereira Junior (2009).

O autor compara a apuração com um jogo de evidências que se confrontam, cujo o

planejamento pode facilitar a apuração e uma forma de estrutura-la é a pauta.

2.2.3.2 Pauta

As pautas começaram a fazer parte técnica do impresso no jornal Última Hora, em

1950, anteriormente ela era utilizada somente em revistas. Segundo Lage (2008), a pauta é o

planejamento das matérias que irão compor as edições jornalísticas.

A pauta pode ser produzida por um profissional específico ou não, sendo elaboradas

por produtores, editores e repórteres, destacando o assunto a ser abordado, quem será o

entrevistado e em algumas ocasiões destaca as perguntas que deverão ser feitas.

O jornalista, ao elaborar a pauta, deve verificar o que é mais importante e deve conter

no texto, tendo sempre como base o interesse do leitor.

2.2.3 Edição

A edição do texto jornalístico é fundamental para a valorização da informação, para

dar peso à notícia. No jornalismo impresso, o editor tem como função definir um espaço para

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a matéria no veículo de comunicação, determinar seu lugar na página, estabelecer se haverá

fotos ou não e o número de retrancas secundárias, entre outras.

Editar, enfim, é escolher. A notícia resulta de triagens e exclusões deliberadas em

todas as fases da produção jornalística, na apuração das informações, na produção da

matéria (redação de textos, captação de imagens, fotos e sonoras) e na edição de

todo o material (PEREIRA JUNIOR, 2006, p.23).

A edição tende a assumir, de acordo com Pereira Junior (2006), a personalidade do

responsável por realizá-la, toda a sua experiência profissional, conhecimento do meio de

comunicação em que trabalha e o seu envolvimento com a comunidade são transmitidos ao

texto jornalístico.

Pereira Junior (2006) relata que na maioria das vezes os “parâmetros profissionais, os

pressupostos técnicos e os limites do trabalho de edição” estão inseridos na preparação do

texto jornalístico. É também função do editor o monitoramento de sua equipe, agindo como

um filtro, detectando as necessidades de seus funcionários e buscando meios de resolvê-los.

Segundo o autor, o editor, assim como o repórter e os demais envolvidos na produção

jornalística, deve ter acima de todas as qualidades, a ética, colocando a necessidade do outro

na frente da dele. É necessário pensar na fonte de informação, no público e na sociedade em

geral. “A ética no jornalismo, é exercício diário da própria independência, nossa como de

todos com quem interagimos” (PEREIRA JUNIOR, 2006, p.46).

É na edição que é revelado o posicionamento do veículo de comunicação diante do

assunto a ser abordado, identificando também a “força orgânica da linha editorial”.

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III – PRODUÇÃO DO PRODUTO

Para o presente Trabalho de Conclusão de Curso, foi realizada uma grande reportagem

destinada à revista Placar. A revista tem procurado exaltar a história dos atletas e explorado

novos assuntos de interesse dos leitores.

A proposta do presente trabalho é abordar os sacrifícios e dificuldades enfrentadas

pelos atletas no universo do futebol, lançando um outro olhar para a profissão, vista por

muitos como simplesmente glamorosa. Para isso, buscou-se inovar também na narrativa mais

elaborada, que se aproxima da linguagem literária, tornando o material mais envolvente.

A reportagem busca humanizar os personagens e valorizar suas histórias, utilizando o

storytelling, recurso narrativo e comunicativo utilizado também no Jornalismo nos dias atuais.

O intuito é propor uma modificação na forma como as reportagens são produzidas,

dando mais profundidade ao tema abordado e envolvendo o leitor. Para a produção de uma

grande reportagem foi necessária a realização de pesquisas de campo, entrevistas e apuração.

3.1 Produção da grande reportagem

A grande reportagem produzida passou por todas as etapas de produção editorial de

uma revista, desde a produção da pauta, escolha das fontes, pesquisas, apurações de

informações, entrevistas, fotografias, diagramação do conteúdo e edição de texto e imagens.

Para abordar as histórias contadas pelos personagens e fazer o leitor sentir-se

sensibilizado, transmitindo realidade através do texto, foi necessário conhecer a vida de cada

entrevistado, participar de sua rotina e absorver suas vivências. Somente assim, foi possível

produzir um texto com naturalidade e rico em detalhes, com as características de cada

personagem.

Na produção textual foi priorizada a narração das histórias, a partir do storytelling, que

vem sendo utilizado por profissionais do Jornalismo, em especial em revistas e audiovisuais.

Esse recurso faz o leitor se sentir dentro da história, se identificando com os personagens, que

por sua vez são mais humanizados, como os personagens de um livro.

Para que a humanização dos personagens fosse possível, durante quatro meses foram

realizados acompanhamentos de treinos e partidas de futebol na região paulista, como do

Ituano, de Itu, e Clube Atlético Linense, de Lins, para vivenciar a rotina profissional dos

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jogadores. Também foi observado o cotidiano dos entrevistados fora do campo e realizadas

entrevistas.

A reportagem tem como objetivo transmitir ao leitor, com uma linguagem próxima da

literária, as dificuldades encontradas pelos atletas no universo do futebol. Mostrando que a

realidade desses jovens é bem diferente do que muitos imaginam e que poucos jogadores

conseguem ter destaque e atuar em grandes equipes.

3.2 Edição do produto

De acordo com Ali (2009), ao escrever e editar uma reportagem é necessário se

colocar no lugar do leitor. Ele é quem decide o que vai ou não ler, o que é de fato interessante

para ele naquele momento, portanto é fundamental que durante a produção do texto e na

edição da matéria, o repórter e editor pensem no que o agradaria mais e o prenderia do

começo ao fim da reportagem.

A autora afirma que o processo de edição envolve todas as etapas para a produção da

reportagem, que vai desde a pesquisa e apuração até o texto, que é a etapa final.

Editar é buscar a essência: separar, limpar, organizar, pensar, repensar,

relacionar, reduzir, emendar, avaliar, polir, expandir, condensar,

associar. Separar o bom do não tão bom, ter respeito com o bom e

coragem e energia para cortar ou mudar o ruim. (ALI, 2009, p. 248)

Com base nas instruções da autora, foi realizada a grande reportagem, buscando atrair

o leitor e prendê-lo no texto. Durante as pesquisas e apurações, todas as informações colhidas

foram pensando no interesse do espectador, no quanto elas agregariam a ele.

As fotos e legendas foram produzidas e acrescentadas às páginas de forma que, ao

olhar para elas o leitor entenda do que se trata a matéria, sem necessariamente ter lido o texto.

Durante a elaboração do texto, as histórias dos personagens e as informações foram

intercaladas, uma mistura de jornalismo e literatura, proposta pelo storytelling, que tem o

intuito de fazer o leitor “viajar” através das palavras.

A reportagem foi construída de forma leve para encantar o leitor, utilizando a estrutura

clássica, que consiste em uma abertura, uma ponte, que explica ao leitor os motivos pelo qual

a matéria foi produzida, o desenvolvimento e o final.

Um fator importante na produção de uma grande reportagem de revista, de acordo com

Ali (2009), é o título, que geralmente é a primeira coisa que o espectador irá olhar. Sendo

assim, é importante que ele seja compreendido instantaneamente e traga uma mensagem clara.

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“Seu objetivo é parecido com um título de um anúncio: chamar a atenção, despertar o

interesse e encaminhar o leitor para o texto”. (ALI, 2009, p. 250).

Durante a escolha do melhor título para a grande reportagem, foi estabelecido que este

seria curto e que remetesse à uma passagem do texto, sem deixar de fazer sentido, para que,

ao ler a matéria, o leitor seja transportado ao início do texto. A linha fina também é

explicativa, fazendo com que o leitor entenda do que se trata a reportagem sem ao menos ter

iniciado a leitura.

O final, segundo Ali (2009), é a parte do texto que o consumidor da notícia se lembra

mais após a leitura. “É onde a informação se fixa mais e deixa uma impressão prolongada”,

(ALI, 2009, p. 253)

Entre as diversas formas de se finalizar um texto, a escolhida para a conclusão da

reportagem foi a “volta à abertura”, onde a história que inicia o texto é finalizada, deixando

uma mensagem ao leitor.

3.2.1 Processo de diagramação da Reportagem

De acordo com Ali (2009) o design da reportagem é essencial em seu processo de

finalização. Mesmo que a matéria tenha ficado excelente, sem um design bem feito o leitor

não irá se interessar. “...se o design falhar na função de emocionar, surpreender, encantar e

sobretudo – de apresentar as qualidades de seu conteúdo e convencer o leitor de que a

informação contida no texto vale a pena ser lida”, (ALI, 2009, p.96).

O design do produto realizado foi feito com base no usado pela revista Placar, assim

como o formato gráfico, que para Ali (2009) é a identidade da revista, onde ao olhar para ela,

o leitor já se identifica. Os padrões de coluna, espaços, tipografia e margens também foram

mantidos.

A revista Placar segue o tamanho considerado padrão, 27comx20cm, que dá ao leitor a

praticidade de guardar em pastas e bolsas, além de ser fácil de ser segurada.

A proposta deste trabalho é deixar a reportagem mais atrativa e leve, sem perder o

foco utilizado pela revista. Por este ser um projeto experimental e não haver a necessidade de

uso de publicidade, houve mais espaço para o texto e para as fotos.

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Figura 1 - Capa da reportagem

As duas primeiras páginas da grande reportagem são compostas pela foto do jogador

Felipe Tavares, personagem da matéria. Na imagem ele aparece comemorando um gol, com a

expressão de orgulho e felicidade, contrastando com o título do texto, que direciona o assunto

para as dificuldades que o atleta encontra fora de campo. A foto foi produzida pelo fotógrafo

José Luis B.Silva, de Lins, que autorizou o uso.

O título escolhido foi baseado nas gírias usadas no futebol, as quatro linhas em

questão são relacionadas ao campo de futebol, ou seja, Além das Quatro Linhas leva o leitor a

entender que o assunto abordado na reportagem é relacionado aos fatores extracampo. A

introdução da matéria está na segunda página, logo a baixo do jogador.

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Figura 2 - Retranca I

A partir da terceira página começam a serem contadas as histórias dos jogadores,

sendo os textos ilustrados com a imagem dos atletas. Luís Henrique Santi é o primeiro

personagem, acompanhado do ex-jogador Willian Fernandes.

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Figura 3 - Retranca II

Outros atletas como Matheus Cassini e José Eduardo também têm suas trajetórias pelo

esporte contadas, assim como o técnico do Ituano, Tarciso Pugliessi.

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Figura 4 - Retranca III

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O final da reportagem tem o desfecho da história contada na abertura, onde o jogador

Felipe Tavares acompanha a eliminação de sua equipe do banco de reservas. A foto que

ilustra mostra o jogador durante a partida.

A diagramação do produto foi terceirizada, possibilidade prevista pelo regulamento do

Trabalho de Conclusão de Curso. O diagramador, Matheus Milani, realizou a finalização de

acordo com instruções da estudante.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho visa contribuir com o jornalismo esportivo, apontando um novo método de

escrever matérias e reportagens desse segmento, tornando-as mais literárias e humanizadas.

O tema desenvolvido tem como objetivo informar aos leitores que o futebol não é uma

profissão fácil, que ela exige dos atletas um preparo emocional e psicológico para enfrentar

todas as dificuldades que passarão ao longo da carreira.

A produção do trabalho fez com que a estudante passasse por todo o processo de

produção, edição e diagramação da grande reportagem, que muitas vezes ficam à cargo de

profissionais diferentes, agregando maior conhecimento e contribuindo para a formação

profissional.

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