Galáxia Falácia

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Fotografia e Textopor Henrique Verkündigung

Transcript of Galáxia Falácia

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    SOBRE O SOM

    assobio aos gatos

    que do nada se entretm

    assobio do nada do vento

    em resposta ao meu assobio aos gatos

    miar de assobios ao vento

    que do nada se entretm como os gatos

    assobio monocromtico

    das passadeiras felizes

    de vindima

    vindimam os gatos felizes

    que assobiam enquanto eu mio s passadeiras de vento

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    SEM TTULO

    puxa a forma da depresso para longe da porta encostada

    tem smen

    a maaneta que jorrou

    do chifre aveludado.

    na jaula est

    a me que ferve o filho em gua e o seca ao Sol

    unha encravada na mquina do tempo.

    a cama de luz onde me deito tem tido falhas por causa do electricista

    a mudana dos tempos na permanncia dos mesmos de verdade inundada de soro.

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    LUGAR

    Corro pelo prado

    bbado de loucura

    Despeo-me dos comboios

    opulentos

    canta-me o sonho

    e eu com ele.

    as crianas danam

    porque algum morreu

    sacode

    menina

    os deuses de asfalto

    tocar-se-o

    frenticos.

    Quando nos encontrarmos

    porta da terra

    dana menina

    em xtase

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    Seremos os perdedores

    de asas cortadas

    em procisso descala

    para a queda livre.

    Farejo o fundo da noite

    eu ousada maravilha

    cedo demais

    para a mente que molda

    o Vale ensolarado

    de vidro

    vibra o divino

    parceria estranha

    minha

    fuso de fria

    rasgo a menina que dana

    na fronteira do sonho

    descanso

    correndo.

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    SEM TTULO

    o tdio derrete-me o rosto

    demasiado calor para acender uma vela se tenho que arder

    que seja de tdio.

    H um grande silncio

    que abre camadas de monstros enquanto dou forma ao mundo que passa

    como o arteso desmembrado.

    H uma cidade num copo de vinho

    que me derrete as mos

    e um cavalo que me d coices prximo do Sol.

    H um pequeno amarelo Sol

    que abre as folhas rpidas.

    H um grande nada

    de carros velozes

    Unio de tudo e nada de bocas molhadas.

    Tempo de zarpar para a ilha embebedar-me, escrever

    e entoar.

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    As mulheres esto obsoletas

    nas suas ancas saborosas

    enquanto os novios as trepam como hera.

    Com cola quente selei os lbios. H um guia para o labirinto

    de cabeas democrticas com olhos espelhados de cores.

    Ponho a mo no templo

    e este no sagrado. A minha crena vive num fsforo

    com cabelos de fogo.

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    JARDIM DAS DELCIAS

    Cinco sentidos que se multiplicam Cinco Homens que se subtraem sem sentido.

    lcool que tinge as gargantas roucas

    tempestade elctrica

    sem possibilidade de abrigo

    o porto aberto indica o caminho.

    Porteiro generoso

    como as putas da avenida. Corpos brandos, semi-voltados

    para o Sol sangrento

    Uma queimada

    no jardim dourado

    Fumo espesso de cheiro doce

    O porto aberto indica o caminho.

    Cu aberto de nuvens

    nuvens abertas de Sol Corpo fechado de Cu

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    Sol aberto no corpo

    Meio copo basta!

    Homem que ladra

    em busca da voz

    Homem que olha em busca do tacto

    Homem que toca

    em busca do cheiro.

    sono real acordado de faces que censuram.

    Vida em poiso tranquilo

    e a aranha to grande quanto eu que se escapa por entre os lenis.

    Tudo na sua ordem

    na ordem de olhar julgado que completa o sentido.

    Mo que suplica para tragar o vinho.

    estraga a uva o bicho salgado

    ser milagre?

    Ps de suplica

    para separar o po.

    amassa a farinha o homem doente

    ser milagre?

    Peito de cuspe para molhar a terra.

    Uiva o solo

    o dente azul

    milagre por certo!

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    SEM TTULO

    dobra a curva do tempo para eu escorregar

    desenfreado

    sou o auge da cidade

    que devora os tolos

    o homem que mergulha no lixo dos outros

    o caador de ocasies.

    do passeio de Sol vai certo o compasso

    ' - Sr.Joaquim, sirva-me l

    outro bagao. '

    quimeras de espera

    sob o toldo dos amantes a rapariga que vai no centro

    o rapaz nas extremidades

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