GARANTIA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DOS...

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL HABILITAÇÃO EM EDIFÍCIOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO GARANTIA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DOS RESERVATÓRIOS CASTANHÃO E BANABUIÚ E IMPLICAÇÕES NA OUTORGA PEDRO VICTOR BATISTA DE ALMEIDA JUAZEIRO DO NORTE CE 2016

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CURSO DE TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL – HABILITAÇÃO EM EDIFÍCIOS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

GARANTIA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DOS RESERVATÓRIOS CASTANHÃO E BANABUIÚ

E IMPLICAÇÕES NA OUTORGA

PEDRO VICTOR BATISTA DE ALMEIDA

JUAZEIRO DO NORTE – CE

2016

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PEDRO VICTOR BATISTA DE ALMEIDA

GARANTIA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DOS RESERVATÓRIOS CASTANHÃO E BANABUIÚ E

IMPLICAÇÕES NA OUTORGA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão Examinadora do Curso de Tecnólogo da Construção Civil com habilitação em Edifícios, da Universidade Regional do Cariri – URCA, como requisito para obtenção do Grau de Tecnólogo em Construção Civil – habilitação em Edifícios, sob orientação do Prof. Me. Renato de Oliveira Fernandes.

JUAZEIRO DO NORTE – CE 2016

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PEDRO VICTOR BATISTA DE ALMEIDA

GARANTIA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DOS RESERVATÓRIOS CASTANHÃO E BANABUIÚ E IMPLICAÇÕES NA OUTORGA

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ PROF. Me. RENATO DE OLIVEIRA FERNANDES, URCA.

(ORIENTADOR)

__________________________________________________________ PROF. Me. JEFFERSON LUIZ ALVES MARINHO, URCA.

(AVALIADOR) __________________________________________________________

PROF. DR. RODOLFO JOSÉ SABIÁ, URCA. (AVALIADOR)

DATA DE APROVAÇÃO:____ DE__________ DE 2016

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Dedico este trabalho ao meu pai Raimundo Pereira de

Almeida (in memoriam), embora tenha partido cedo ele

pôde contribuir para a minha formação pessoal, e à

minha mãe Antônia Isálida Batista de Almeida que fez e

tem feito de tudo por seus filhos, tem sido mãe e pai.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pois ele é a base de tudo, é a fé que nos provê grande parte

da nossa força.

Aos meus pais por terem me ensinado o valor de família e por sempre terem

demonstrado encorajamento e apoio nas minhas escolhas.

Ao meu orientador, Prof. Me. Renato de Oliveira Fernandes, por me incentivar e

acreditar no meu potencial.

A todo o corpo docente do curso de Tecnologia da Construção Civil, por todo o

conhecimento e ajuda que me foram fornecidos.

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“A atenção é a mais importante de todas as faculdades para o

desenvolvimento da inteligência humana.”

Charles Darwin

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RESUMO

A disponibilidade de água e sua garantia de abastecimento é um pré-requisito para o

desenvolvimento e a sobrevivência das pessoas de uma região. A alta variabilidade

hidrológica da região semiárida reduz as garantias de abastecimento de água dos

reservatórios e dificulta a aplicação de instrumentos de gestão dos recursos hídricos

como a outorga. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a variação das vazões

de regularização de dois grandes reservatórios localizados no semiárido Nordestino e

suas implicações na aplicação da outorga. Para obter os resultados foram realizadas

simulações com o auxílio do Sistema de Suporte a Decisões, AcquaNet. Os resultados

mostraram um grande impacto que a variabilidade hidrológica causa nas garantias de

abastecimento dos reservatórios estudados, indicando que ao aumentar a garantia de

abastecimento de 50% para 95% a vazão regularizada poderá reduzir em até 60%

para o Castanhão e em 68% para o Banabuiú. Além disso, aumentar as garantias

representou grandes perdas de água por evaporação nos reservatórios.

PALAVRAS-CHAVE: variabilidade hidrológica; outorga; garantias de abastecimento

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ABSTRACT

The availability of water and its supply guarantee is a prerequisite for the development

and survival of people of a region. The high hydrologic variability of the semiarid region

reduces the water supply guarantees of reservoirs and hampers the implementation of

water resources management instruments as the grant. The present work aims to

evaluate the variation of regularization flows of two large reservoirs located in the

Northeastern semiarid and their implications for the implementation of grant. To get

the results were carried out simulations with help of the Decision Support System,

AcquaNet. The results showed a great impact that hydrologic variability causes on

supply guarantees of the reservoirs studied, indicating that increasing of 50% supply

guarantee for 95% the regularized flow may reduce by up to 60% for the Castanhão

and in 68% for the Banabuiú. Also, increase guarantees represented big losses of

water by evaporation in the reservoirs.

KEYWORDS: hydrologic variability; grant; supply guarantees

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 ................................................................................................................... 13

Figura 2 ................................................................................................................... 15

Figura 3 ................................................................................................................... 17

Figura 4 ................................................................................................................... 22

Figura 5 ................................................................................................................... 28

Figura 6 ................................................................................................................... 30

Figura 7 ................................................................................................................... 32

Figura 8 ................................................................................................................... 33

Figura 9 ................................................................................................................... 33

Figura 10 ................................................................................................................... 34

Figura 11 ................................................................................................................... 35

Figura 12 ................................................................................................................... 35

Figura 13 ................................................................................................................... 36

Figura 14 ................................................................................................................... 36 Figura 15 ................................................................................................................... 37 Figura 16 ................................................................................................................... 38 Figura 17 ................................................................................................................... 38

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................... 11

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 12

2.1 RECURSOS HÍDRICOS E CLIMA ................................................................... 12

2.1.1 CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA ........................................................... 16

2.2 VARIABILIDADE CLIMÁTICA .......................................................................... 19

2.3 INSTRUMENTOS DE GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS ...................... 21

2.3.1 A OUTORGA E OS OUTROS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL

DE RECURSOS HÍDRICOS ..................................................................................... 21

2.3.2 OUTORGA DE DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS .................. 23

2.4 VAZÕES REGULARIZADAS POR RESERVATÓRIOS ................................... 24

2.5 MODELO ACQUANET ..................................................................................... 26

2.5.1 SISTEMA DE SUPORTE A DECISÕES ....................................................... 27

3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 28

3.1 ÁREA DE ESTUDO ......................................................................................... 29

3.2 SIMULAÇÃO DA VAZÃO REGULARIZADA PELOS RESERVATÓRIOS

CASTANHÃO E BANABUIÚ ..................................................................................... 31

3.2.1 APLICAÇÃO DO ACQUANET ...................................................................... 32

3.2.2 BASE DE DADOS PARA SIMULAÇÃO DAS VAZÕES REGULARIZADAS .................................................................................................................................. 34 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 37 5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 41

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1. INTRODUÇÃO

O semiárido brasileiro apresenta um cenário crítico no que se refere à questão

hídrica, tais como as irregularidades pluviométricas, tanto em quantidade como em

distribuição ao longo do ano criando a necessidade de vários mecanismos e

estratégias para a implantação de uma gestão centrada na racionalização dos

recursos (FONTES et al., 2003).

O conhecimento das vazões naturais afluentes aos açudes e das vazões

regularizadas por eles, por exemplo, trazem diversos benefícios. Um desses

benefícios é o planejamento da alocação da água em período de racionamento ou

escassez. No Brasil, a definição das vazões a serem alocadas por usuário depende

da outorga. Este instrumento de gestão está previsto na Lei 9.433/97 que institui a

Política Nacional de Recursos Hídricos e busca garantir o direito de acesso à água,

bem como o controle quali-quantitativo. A outorga tem como base uma vazão de

referência, que devido às diferentes condições hidrológicas do país, pode variar por

unidades da federação (ANA, 2013).

No Nordeste, a vazão de referência geralmente tem sido a vazão regularizada

com 90% de garantia (STUDART et al., 1997). No Ceará, por exemplo, é adotada 90%

da vazão regularizada com 90% de garantia como a vazão máxima outorgável por

bacia (CEARÁ, 2012). É a chamada “Q90”, que é a vazão regularizada com 90% de

garantia onde seu valor indica que em 90% do período analisado o sistema foi capaz

de atender ou superar as demandas, ou seja, a frequência de não atendimento (ou

falhas) foi de apenas 10%.

Para que a alocação da água desses reservatórios ocorra de forma eficiente é

necessária a determinação de estratégias de operação. Para determinar os valores

das vazões de abastecimento para diferentes garantias, geralmente são usados

modelos de operação de reservatórios (Tucci, 1998). Estes modelos fazem o balanço

hídrico do reservatório verificando o atendimento às demandas (ou às falhas) e o

volume armazenado para cada intervalo de tempo.

Nesse contexto, este estudo avalia a variação das vazões de regularização de

dois grandes reservatórios localizados no semiárido Nordestino e suas implicações na

aplicação da outorga. Os reservatórios estudados são o Castanhão, o maior açude do

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estado do Ceará com capacidade para armazenar 6,7 bilhões de m³, e Banabuiú, com

capacidade máxima de 1,6 bilhões de m³ (terceiro maior açude do estado).

1.1. OBJETIVOS

A pesquisa tem como objetivo geral avaliar a variação das garantias das vazões

regularizadas pelos açudes Castanhão e Banabuiú e discutir algumas implicações na

outorga de uso dos recursos hídricos.

Os objetivos específicos são:

Analisar o impacto gerado pela variação das demandas na operação dos

reservatórios Castanhão e Banabuiú;

Determinar as vazões regularizadas para diferentes garantias;

Fazer uma estimativa das perdas de água por evaporação dos açudes;

Discutir algumas implicações para outorga.

1.2 JUSTIFICATIVA

A alta variabilidade hidrológica da região semiárida reduz as garantias de

abastecimento de água dos reservatórios e dificulta a aplicação de instrumentos de

gestão dos recursos hídricos como a outorga. A simulação das vazões regularizadas

pelos dois açudes poderá mostrar quais serão os impactos mediante as mudanças

nas restrições das garantias.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. RECURSOS HÍDRICOS

Recursos hídricos são as águas superficiais ou subterrâneas disponíveis para

qualquer tipo de uso de região ou bacia. É importante salientar que aponta-se

disparidades entre as expressões água e recursos hídricos, sendo a primeira um

elemento natural e a segunda um elemento econômico (FARIAS, 2005). Em resumo,

é uma expressão que está comumente associada à toda parcela de água passível de

ser utilizada pelos seres humanos. Teoricamente, toda a água da Terra poderia ser

utilizada, mas seria preciso retirar os sais dissolvidos nas águas dos oceanos. Os

oceanos, que cobrem dois terços da superfície do planeta, correspondem a 98% das

águas, aproximadamente, os 2% que restaram correspondem às águas doce, quase

nada em termos relativos (FELDMANN, 1994).

O Brasil ocupa posição privilegiada no mundo em relação à disponibilidade de

recursos hídricos, com em torno de 12% da disponibilidade mundial, que é de 1,5

milhões de m³s-1 (SHIKLOMANOV et al., 2000). Mas, segundo Chapra (1997), a

disponibilidade hídrica não é uma questão de volume de água, e sim do fluxo. Não se

pode falar em disponibilidade em termos volumétricos, mas em termos de vazão, pois

se trata de um ciclo com a água movendo-se constantemente de um estado para outro

(figura 1).

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Fonte: <http://omelhordabiologia.blogspot.com.br/2013/02/atividades-sobre-

agua-o-ciclo-da-agua.html>

Figura 1. Ciclo hidrológico

Logo, conclui-se que a disponibilidade hídrica é aquele aporte de água que

pode ser explorado sem que com o tempo suas características quali-quantitativas

sejam prejudicadas. Portanto, para que haja sustentabilidade no uso de água na bacia

a disponibilidade hídrica e a demanda potencial devem corresponder à capacidade de

suporte da bacia (INSA, 2012). Demanda potencial é a vazão de retirada para usos

consuntivos1, é o nível de utilização dos recursos hídricos que a bacia pode suportar.

Assim, torna-se necessária a análise dos principais reservatórios da bacia

hidrográfica através do balanço hídrico multianual, identificando, assim, sua

capacidade de suporte. O entendimento do balanço hídrico é um dos fundamentos

importantes para conhecer os efeitos antrópicos sobre o meio natural, disponibilidade

hídrica e sustentabilidade ambiental. Este pode ser realizado para uma camada de

solo, para um trecho de rio ou por uma bacia hidrográfica. A bacia hidrográfica é o

1 Usos consuntivos: referem-se aos usos que retiram a água de sua fonte natural diminuindo suas

disponibilidades, espacial e temporalmente.

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melhor espaço de avaliação do comportamento hídrico, pois tem definido o local de

entrada, a bacia, o local de saída e a seção de rio que define a bacia hidrográfica.

Rios, aquíferos e o próprio solo são tidos como os principais reservatórios

naturais de água. A criação de reservatórios artificiais se dá a partir do momento em

que ocorre a ausência ou até mesmo insuficiência dos citados anteriormente.

Em regiões semiáridas os rios são classificados como intermitentes, e até

mesmo efêmeros, sendo assim, eles não tem muita valia como uma fonte de água

garantida quando se encontram nestas situações. Porém, estes corpos hídricos

podem se tornar perenes através da influência da construção de reservatórios

artificiais. Essa perenização ocorre através da: construção de barragens com

liberação de descargas nos cursos d’água (Aragão Araújo, 1990; Campos, 1996;

Araújo et al., 2006; van Oel et al., 2008), transposição de bacias e uso conjunto de

águas subterrâneas e superficiais (GONZÁLEZ CABRERA, 2011).

A disponibilidade de água depende, em grande parte, do clima e de suas

variações em diversas escalas de tempo. Extremos de chuva, especialmente no

verão, podem estar associados a enchentes e têm impactos diretos sobre a

população, embora em escalas de tempo características, um atraso no início da

estação chuvosa pode causar impactos graves na agricultura e na geração de energia

hidroelétrica. Assoreamento e poluição também alteram a disponibilidade hídrica.

No semiárido, a variabilidade do clima e a escassez hídrica são marcas

indeléveis. Conviver com o semiárido é adaptar a sociedade a uma forma específica

da ocorrência do clima na região. Neste sentido, a ampliação e fortalecimento da

infraestrutura hídrica, com uma gestão adequada, com o suporte da União,

principalmente através de um amparo legal como a Lei nº 9433/1997, conhecida como

Política Nacional dos Recursos Hídricos, e o gerenciamento do risco climático são

caminhos necessários para a construção de uma estratégia robusta de adaptação das

sociedades do semiárido à natureza (SOUZA FILHO, 2011).

O Nordeste brasileiro (figura 2) é composto de três grandes regiões fisiográficas

e climáticas bem distintas: Zona da Mata, formada por uma estreita faixa costeira que

se estende do norte do Rio Grande do Norte até o sul do Estado da Bahia. A Zona do

Agreste se situa imediatamente a oeste da Zona da Mata; é uma zona intermediária

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entre a zona úmida e o Sertão. Na terceira, a Zona do Sertão Semiárido, a vegetação

original, a caatinga, é composta de espécies xerófilas e espinhosas de estrato

herbáceo gramínio raro ou ausente (CADIER, 1994).

Fonte: ANA, 2006

Figura 2. Mapa do Nordeste brasileiro com delimitação da região semiárida

A presença de rios intermitentes no semiárido Nordestino decorre em função

da alta variabilidade temporal, em que há a ocorrência de secas periódicas. Se

comparados com o restante do país, a precipitação e o escoamento superficial no

Nordeste são pequenos (VIEIRA et al., 2000). Além disso, na região semiárida, a

maioria dos cenários de mudanças climáticas (MRENGO, 2009; SILVEIRA et al.,

2014) sinaliza para redução da precipitação e o aumento da evaporação nos corpos

d’água e, consequentemente, a redução do volume escoado nos mesmos.

A alteração dos processos hidrológicos na região semiárida pode significar

diferentes tipos de prejuízos para as comunidades que vivem nessas áreas. Por

exemplo, é provável que ocorra aumento da salinização da água subterrânea e

superficial em virtude da elevação da evapotranspiração (BATES et al., 2008).

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2.1.1. CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA

O Estado do Ceará é o terceiro maior estado, em extensão, do nordeste

brasileiro, com 75% de sua área total incluída na isoieta abaixo de 800 mm anuais

(FUNCEME, 1991), sendo 532,7 mm o valor observado da isoieta atual, um desvio de

33,5% do valor normal (FUNCEME, 2015).

O regime pluvial apresenta uma grande concentração da estação chuvosa e

uma grande irregularidade interanual. A concentração do regime pluvial, associada à

vasta extensão de solos com embasamento rochoso, conhecido como cristalino,

fazem com que a totalidade dos rios cearenses sejam intermitentes. A formação

geomorfológica do Ceará apresenta rochas cristalinas em sua maioria, seguidas de

rochas sedimentares, tornando o potencial hídrico subterrâneo baixo. Zonas

fraturadas, que ocorrem em solos rochosos, na maioria dos casos, apresentam a

única possibilidade de obtenção de água, mesmo que em pouca quantidade

(PEIXOTO, 1994).

A intermitência dos rios torna necessária a construção de reservatórios para

que possam ser cumpridas as premissas dos usos múltiplos, principalmente o

abastecimento humano e a dessedentação2 animal. Entretanto, a maioria é de

pequeno porte, assim, apenas promovem uma regularização anual, secando durante

a ocorrência de estiagens com maior tempo de duração. Para que tal problema seja

sanado, há, também, a construção de reservatórios de médio e grande porte, capazes

de realizar a regularização interanual das águas superficiais.

O território cearense é dividido em doze bacias hidrográficas (figura 3), levando

em consideração a divisão da grande bacia do rio Jaguaribe em Alto, Médio e Baixo

Jaguaribe. Tal bacia drena uma área correspondente a 48% do Estado com seus 633

km de extensão. Os três maiores reservatórios de água no Ceará são o Açude

Castanhão, o Orós e o Banabuiú com as respectivas capacidades de armazenamento

de 6,7, 2,1 e 1,7 bilhões de metros cúbicos de água, respectivamente.

2 Dessedentação: Suprir necessidades de água para contingentes animais.

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Fonte: IPECE, 2007

Figura 3. Bacias Hidrográficas do Ceará

Banabuiú

Castanhão

Orós

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Tabela 1. Demais Bacias Hidrográficas Cearenses

Demais Bacias Hidrográficas Cearenses

Bacias Hidrográficas Particularidades das bacias

Rio Acaraú

Possui alguns dos mais importantes açudes cearenses: Carão, Edson Queiroz, Forquilha, Jaibaras e Araras.

Rio Banabuiú

Possui 18 açudes monitorados pela COGERH com capacidade hídrica de 2,758 bilhões m³.

Rio Coreaú

Localiza-se na porção norte-ocidental do estado e é composta da área drenada pelo próprio rio.

Rio Curu

Possui uma área de drenagem de 8.534 km², corresponde a 5,76% do território cearense.

Bacia do Litoral

Engloba um conjunto de bacias independentes compreendidas entre as do Curu e Acaraú.

Região Metropolitana Constitui uma região hidrográfica formada por 16 sub-bacias.

Alto Jaguaribe

Tem uma área de drenagem de 24.636 km², corresponde a 16,56% do território Cearense.

Médio Jaguaribe

Possui uma área de 10.376 km², com um curso de aproximadamente 171 km de extensão compreendida entre a válvula do açude Orós e a ponte de Peixe Gordo, na BR - 116.

Baixo Jaguaribe

Drena uma área de 5.452 km², percorrendo cerca de 137 km, que se estende desde a ponte de Peixe Gordo na BR - 116 até a sua foz, localizada na cidade de Fortim.

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Bacia do Salgado

Essa bacia apresenta uma capacidade de acumulação de águas superficiais de 447,41 milhões m³, num total de 14 açudes públicos gerenciados pela COGERH.

Fonte: <http://www.cbh.gov.br>.

2.2. VARIABILIDADE CLIMÁTICA

O Brasil é vulnerável às mudanças climáticas atuais e mais ainda às que se

projetam para o futuro, especialmente quanto aos extremos climáticos. As áreas

mais vulneráveis compreendem a Amazônia e o Nordeste do Brasil, como

mostrado em estudos recentes (AMBRIZZI et al., 2007; MARENGO et al., 2007).

O conhecimento sobre possíveis cenários climáticos-hidrológicos futuros e as suas

incertezas pode ajudar a estimar demandas de água no futuro e também definir

políticas ambientais de uso e gerenciamento de água para o futuro.

Algumas regiões do país já estão sendo impactadas pelas mudanças

climáticas de forma intensa. Em 2007, o Relatório de Clima (AMBRIZZI et al., 2007)

apresentou evidências sobre os efeitos na disponibilidade hídrica de muitas

regiões do Brasil. Segundo Marengo et al (2010), o Brasil é vulnerável à

variabilidade climática, o que pode ser demonstrado pelas secas e desertificação

que vem ocorrendo no Nordeste e de forma oposta às chuvas intensas que vêm

ocorrendo nos estados do Sul e do Sudeste.

Conforme afirmou Tundisi (2008), “Alterações climáticas terão papel

relevante no ciclo hidrológico e na quantidade e qualidade da água. Essas

alterações podem promover inúmeras mudanças na disponibilidade e na qualidade

da água e na saúde da população humana”. Segundo o mesmo autor, a

intensidade desta mudança varia de acordo com as especificidades locais, visto

que as bacias hidrográficas possuem características peculiares, e, portanto irão

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responder de forma distinta às alterações climáticas. Alguns dos impactos

climáticos previstos estão contidos na tabela abaixo.

Tabela 2. Mudanças Climáticas: impactos nos Recursos Hídricos

Impactos decorrentes das Mudanças Climáticas sobre os Recursos Hídricos

Pressões Impactos

Temperaturas mais elevadas, aumento da evaporação, o aumento da precipitação e mudanças nos padrões de circulação dos ventos. Alterações na quantidade dos recursos hídricos.

A demanda por água tende a aumentar enquanto a disponibilidade hídrica tende a diminuir, principalmente nas regiões de baixas latitudes, como é o caso do semiárido brasileiro. Com vazões mais baixas e temperaturas da água mais elevadas, serão intensificados os efeitos da poluição nos corpos hídricos, reduzindo a qualidade da água com impactos sobre a agricultura, geração de energia, abastecimento público, recreação, e sobre diversos setores.

Alteração da temperatura atmosférica e oceânica

Mudança na distribuição espacial e temporal dos índices de evaporação e de umidade no ar, potencializando os eventos hidrológicos críticos, como chuvas intensas em determinadas regiões e secas prolongadas em áreas já castigadas pela escassez hídrica.

Ocorrência de chuvas mais intensas

Elevação do nível dos rios e o alagamento das várzeas, provocando enchentes. Em áreas urbanas, a elevada impermeabilização do solo dificulta a absorção de água, potencializando as situações de inundação bem como de deslizamentos de encostas.

Estiagens / secas mais prolongadas

Situações de risco de colapso no abastecimento de água em várias regiões urbanas adensadas, inclusive nas metrópoles.

Elevação do nível do mar em áreas urbanas costeiras

Intrusão de água salina nos lençóis subterrâneos que abastecem parte das cidades litorâneas do país.

Fonte: VEIGA E MAGRINI (2013)

As projeções de mudança nos regimes e distribuição de chuva, derivadas

dos modelos globais do quarto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental

de Mudanças Climáticas (IPCC AR4), para climas mais quentes no futuro não são

conclusivas, e as incertezas ainda são grandes, pois dependem dos modelos e

das regiões consideradas. IPCC AR4 (MEEHL et al., 2007) mostra reduções de

chuva no Norte e no Nordeste do Brasil durante os meses de inverno (junho, julho

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21

e agosto), o que pode comprometer a chuva na região Leste do Nordeste, que

apresenta o pico da estação chuvosa nessa época do ano (MARENGO, 2008).

2.3. INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Em 1997 a Lei Federal n.º 9.433, do dia 08 de janeiro, instituiu a Política

Nacional dos Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos com o intuito de assegurar água em qualidade e disponibilidade

suficiente, através da utilização racional e integrada da prevenção e defesa dos

recursos hídricos contra eventos hidrológicos críticos (FARIA, 2016).

Tal qual a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional dos

Recursos Hídricos (PNRH) traz alguns instrumentos a serem empregados para a

obtenção de sucesso em seus objetivos. O objetivo geral é “estabelecer um pacto

nacional para a definição de diretrizes e políticas públicas voltadas para a melhoria da

oferta de água, em quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando

ser a água um elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais,

soba a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social”.

Como objetivos específicos temos:

a) melhoria das disponibilidades hídricas, superficiais e subterrâneas, em quantidade

e qualidade;

b) redução dos conflitos reais e potenciais do uso da água;

c) percepção da conservação da água como valor socioambiental relevante.

2.3.1. A OUTORGA E OS OUTROS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA

NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Além da outorga de direito de uso de recursos hídricos, a Lei Federal n.º

9.433/97 institui outros quatro instrumentos que têm relacionamento direto com a

outorga (figura 4).

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22

Fonte: <http://www2.ana.gov.br/>

Figura 4. Instrumentos de gestão de recursos hídricos

O primeiro deles trata dos Planos de Recursos Hídricos, que são planos

diretores que visam fundamentar e orientar a implementação da Política Nacional de

Recursos Hídricos e seu gerenciamento. Esses Planos devem ser elaborados por

Bacia Hidrográfica, por Estado e por País e devem conter as prioridades para outorga

de direitos de uso de recursos hídricos.

Quanto ao segundo instrumento, trata-se do enquadramento dos corpos

hídricos em classes, segundo os usos preponderantes da água. Suas finalidades

principais são as de assegurar qualidade às águas compatível com a sua destinação

e reduzir custos de combate à sua poluição. Nesse sentido, torna-se o enquadramento

essencial na análise dos pedidos de outorga, especificamente para lançamento de

efluentes.

Outro instrumento é a cobrança pelo uso dos recursos hídricos, que visa o

incentivo à racionalização do seu uso, seu reconhecimento como bem econômico e

indicação ao usuário de seu valor, bem como a obtenção de recursos financeiros para

o financiamento de programas e intervenções contemplados nos planos de recursos

hídricos. Sua relação com a outorga acontece a partir do momento em que a lei

determina que os usos de recursos hídricos a serem cobrados são aqueles sujeitos à

outorga. Além disso, os valores a serem fixados para sua cobrança são diretamente

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relacionados com os parâmetros constantes das outorgas. No caso de derivações,

extrações e captações de água, devem ser observados, para seu cálculo, o volume

retirado e o seu regime de variação. Para lançamento de efluentes, além do volume

lançado e do seu regime de variação, devem ser consideradas, ainda, as

características físico-químicas, biológicas e de toxicidade do efluente.

O último dos instrumentos instituídos pela Lei Federal n.º 9.433/97 é o Sistema

de Informações, que é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e

recuperação de informações sobre as águas e os fatores intervenientes em sua

gestão. Dentre os objetivos do Sistema de Informações, estão a união e consistência

de dados e informações sobre a situação quantitativa e qualitativa dos recursos

hídricos no Brasil, além da atualização permanente das informações sobre

disponibilidade e demanda. Essas informações são de suma importância e devem ser

consideradas na análise de todos os pedidos de outorga. Além disso, dentre as

informações de demanda, devem estar contidas aquelas referentes às outorgas já

emitidas no País (ANA, 2007).

2.3.2. OUTORGA DE DIREITO DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS

A outorga é um instrumento através do qual o proprietário de um recurso natural

estipula quem pode usá-lo e as respectivas limitações. Quando a propriedade é

privada, a outorga equivale ao consentimento, do proprietário, de que outrem o utilize,

desde que esse se sujeite às condições impostas pelo proprietário. Quando a

propriedade é pública, serve como um instrumento de gestão, a partir da atribuição de

cotas entre os usuários, considerando-se a escassez do recurso e dos benefícios

sociais gerados (LANNA, 2000).

O instrumento é hoje o elemento de controle para o uso racional das águas, a

despeito de não aparecer no rol das inovações constitucionais. O código das Águas,

de 1934, já o regulava. Àquela época, era livre a todos usar quaisquer águas públicas,

com exceção dos usos dependentes de derivação3 (ALMEIDA, 2016).

3 Derivação: é a retirada de água de um manancial por conduto livre, ou seja, é a retirada de água de um rio através de um canal.

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Conferida somente a brasileiros ou empresas organizadas no país, a outorga

era emitida por tempo fixo, nunca superior a trinta anos, tendo seu encerramento caso

não utilizados os recursos por três anos consecutivos (Decreto nº 24.634/34, arts. 43

§§ 2º e 3º; 46; 195). Ressalta-se a preocupação do Código de Águas ao explicitar, no

artigo 46, que “a concessão não importa, nunca, em alienação parcial das águas

públicas, que são inalienáveis, mas no simples direito ao uso destas águas”.4

A Lei 9.433/97 explicitou a importância da outorga dos direitos de uso dos

recursos hídricos entretanto não especificou o tipo de ato a ser emitido. Tal situação

poderia levar à suposição de que a outorga se daria em qualquer uma das formas do

Direito Administrativo (licença, autorização, permissão e concessão), caso as normas

posteriores de regulamentação já não tivessem optado pela autorização, como se

depreende da leitura do artigo 2º, XVI da IN nº 4/2000 e do artigo 4º, IV da Lei

9.980/2000.

O órgão responsável deve proceder basicamente a três análises antes de

seguir com a outorga: técnica (viabilidade do empreendimento), hidrológica (a

quantidade e a qualidade do corpo hídrico) e jurídica (o preenchimento dos requisitos

legais impostos). Parte deste ato é irrestrito, assim, faz-se necessária a clara e ampla

motivação do agente administrativo, como forma de manifestação da moralidade,

legalidade e impessoalidade (art. 37 da CF/68), e de impossibilitar arbitrariedades dos

órgãos gestores (MACHADO, 2001).

2.4. VAZÕES REGULARIZADAS POR RESERVATÓRIO

No semiárido, onde a variabilidade temporal do escoamento superficial é muito

acentuada, a presença de grandes açudes tem um papel fundamental no aumento da

disponibilidade hídrica. Esses reservatórios acumulam água no período chuvoso,

geralmente em três ou quatro meses do primeiro semestre, para uso, principalmente,

no segundo semestre que é o período com pouca ou nenhuma chuva. Desse modo,

os açudes atuam como reguladores das vazões naturais (FERNANDES e ALMEIDA,

2015).

4 Decreto nº 24.634/34, arts. 62 e 63

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25

A regularização das vazões naturais é um procedimento que tem por finalidade

a melhor utilização dos recursos hídricos superficiais. Com a regularização visa-se,

ainda, atingir vários outros objetivos, destacando-se a geração de energia,

abastecimento humano, irrigação e o amortecimento de cheias, entre outros. Para

isso, torna-se necessário realizar o represamento das águas através da construção

de barragens em seções bem determinadas dos cursos naturais d’água.

A regularização se dá através da redução da variabilidade das vazões.

Acumula-se parte das águas disponíveis nos períodos chuvosos e as deficiências

hídricas dos períodos de estiagem são compensadas, exercendo um efeito

regularizador nas vazões naturais. Do ponto de vista teórico, a maior vazão que pode

ser regularizada é a vazão natural média.

Se as vazões que naturalmente ocorrem nos rios forem significativamente

maiores que a retirada, mesmo durante os períodos de estiagem, então não haverá a

necessidade da regularização das mesmas. A implantação de um reservatório de

acumulação seria justificada para esse caso, pois poderia atuar na mitigação dos

efeitos de enchentes, o controle de níveis d’água e transporte de sedimentos.

Entretanto, sendo a vazão retirada maior que a mínima natural do curso d’água, será

necessário o estoque dos excessos para que sejam beneficiados os períodos cujas

vazões naturais serão as menores.

A operação de um reservatório de acumulação, que recebe vazões muito

variáveis no tempo, quando se deseja retirar uma vazão constante, ou não muito

variável, é, de fato, uma regularização de vazões (BARBOSA JR., 2007).

A vazão regularizada corresponde à vazão constante que pode ser liberada por

uma barragem, sendo atrelada a uma garantia de fornecimento. Normalmente se

trabalha, especialmente em nível de planejamento, com as garantias de 100%, 95%,

90%, 85% e 80%. Assim, a garantia teórica de 100% indica que em qualquer momento

a vazão regularizada correspondente poderá ser obtida a partir da barragem,

independente da severidade da seca.

Tratando-se da vazão regularizada com 90%, comumente utilizada como vazão

de referência no Nordeste brasileiro, serão verificadas falhas de atendimento em 10%

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26

do tempo. Assim, as falhas devem ocorrer em 1 ano a cada 10 anos ou 10 meses a

cada 100 meses, etc (LEÃO et al., 2011).

2.5. MODELO ACQUANET

Desenvolvido originalmente por John W. Labadie e conhecido primeiramente

como MODSIM, o AcquaNet surgiu para resolução de problemas de alocação de água

em bacias complexas, utilizando um algoritmo de balanço de massa para simulação

de algoritmo Out-of-kilter (FORD e FULKERSON, 1963 apud SOLIS e JANSEN, 2002)

para otimização (ALBANO e PORTO, 2003).

A disponibilidade de água em quantidade e qualidade insuficientes para

atendimento das mais variadas demandas é sem dúvida um dos mais importantes

problemas a ser enfrentado no gerenciamento dos recursos hídricos em uma bacia

hidrográfica. O uso de técnicas de Pesquisa Operacional (PO) para a análise de

sistemas de recursos hídricos tem sido consagrado há mais de quatro décadas.

O Sistema de Suporte a Decisões (SSD) AcquaNet faz uso combinado das

técnicas de simulação e de otimização para determinar a alocação da água em

sistemas de recursos hídricos complexos sujeitos a restrições operacionais e

prioridades de atendimento às demandas (PORTO et al., 2005). O software utiliza um

algoritmo de otimização de rede de fluxo eficiente (Out-of-Kilter – OOK), o que significa

que sistemas extremamente grandes e complexos podem ser tratados em

microcomputadores comuns.

Uma situação comum em problemas de alocação de água é a operação de

sistemas de recursos hídricos. Geralmente a alocação da água para atendimento às

demandas está condicionada não só a disponibilidade de água, mas também a

restrições operacionais que afetam a entrega da água no curto prazo. O algoritmo até

então utilizado pelo AcquaNet não considera o amortecimento das vazões na análise

de problemas de operação de sistemas de recursos hídricos.

O seu uso nos mais variados sistemas de recursos hídricos e nas mais

diversificadas regiões do país indicam que é uma ferramenta extremamente útil na

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27

análise de alocação de água em bacias complexas (PORTO et al., 2003; PORTO et

al., 2005).

O princípio básico para utilização do AcquaNet é que o sistema são

representados na rede como nós, sendo nós de volume (reservatórios) e nós que não

são de volume, também chamados nós de passagem (confluências, pontos de desvio,

pontos de entrada e pontos de demanda) e arcos ou elos (canais, adutoras e trechos

naturais de rios). Para considerar as demandas, as vazões afluentes e regras de

operação desejadas do reservatório, diversos nós e arcos artificiais deverão ser

criados de forma a assegurar que o balanço de massa seja satisfeito em toda a rede.

Estes nós e arcos artificiais são criados automaticamente pelo módulo de alocação

restando ao usuário a criação dos nós e arcos reais do sistema.

2.5.1. SISTEMA DE SUPORTE A DECISÕES

De acordo com Porto e Azevedo (1997) e Porto et al. (2003), Sistema de

Suporte a Decisões constituem uma metodologia de auxílio à tomada de decisão

baseada na intensa utilização de bases de dados e modelos matemáticos, bem como

na facilidade com que propiciam o diálogo entre o usuário e o computador. Segundo

Sauter (1993), SSD são sistemas computacionais que objetivam auxiliar na tomada

de decisão. Para Porto e Azevedo (1997), “qualquer coisa” que ajude e/ou apoie uma

tomada de decisão pode ser considerado um SSD. Diversos problemas, em que a

questão da tomada de decisões é muito complexa, como é o caso do gerenciamento

e do planejamento de sistemas de recursos hídricos, vem sendo enfrentados com

sucesso utilizando esta metodologia.

Quando se dispõe de um SSD, o usuário conta com um instrumento potente

para auxiliá-lo a dispor de informações, identificar e formular problemas, conceber e

analisar alternativas e, finalmente, ajudá-lo na escolha do melhor curso de ação. Em

outros termos, a finalidade de um SSD não é tomar decisões, mas auxiliar a missão

de decidir.

O procedimento para se efetuar uma análise de simulação da operação de um

sistema de reservatórios pode ser resumido nas seguintes etapas: (1) identificação do

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28

sistema; (2) determinação dos objetos do estudo e definição de critérios de avaliação;

(3) coleta e análise de dados do sistema; (4) formulação do modelo de simulação; (5)

calibração e validação do modelo; (6) organização e execução das simulações; e (7)

análise e avaliação dos resultados. A tomada de decisões a respeito de sistemas de

recursos hídricos deve considerar obrigatoriamente aspectos hidrológicos,

ambientais, econômicos, políticos e sociais, mutáveis no tempo e associados a

incertezas de difícil quantificação (AZEVEDO et al., 1997).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A finalidade dos reservatórios é realizar o acumulo das águas que se encontram

disponíveis nos períodos chuvosos havendo assim uma compensação das

deficiências nos períodos de estiagem, exercendo uma regularização das vazões

naturais. Tem sua formação através da implantação de barragens nos cursos d’água.

Geralmente as características físicas, em especial a de capacidade de

armazenamento, possuem influência direta das características do vale em que estão

inseridos. A descrição de um reservatório se dá através de seus níveis e volumes

característicos (Figura 5):

Fonte: <http://www.hidro.ce.gov.br/>

Figura 5. Representação dos níveis e volumes de um reservatório

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29

Volume morto: é a parcela de volume do reservatório que não está

disponível para uso. Imediatamente acima desse nível está o mínimo

operacional.

Nível máximo operacional: corresponde à cota máxima permitida para

operações normais no reservatório. O nível máximo operacional define

o volume do reservatório.

Volume útil: caracteriza-se através da diferença entre o volume máximo

e o volume morto, ou seja, é a parcela do volume que pode ser

efetivamente utilizada para regularização de vazão (FRAGOSO JR E

NEVES, 2015).

3.1. ÁREA DE ESTUDO

Os açudes Castanhão e Banabuiú estão localizados no Rio Jaguaribe. O Rio

Jaguaribe, Ceará, Brasil, possui uma extensão de 610 km e bacia hidrográfica com

área de 74.000 km². Dentre os principais reservatórios responsáveis pela

regularização dos fluxos de água estão o Castanhão e Banabuiú (figura 6).

O Castanhão é responsável por 97% do total armazenamento da sub-bacia do

Médio Jaguaribe e é o maior açude do Estado do Ceará, possuindo um total de 4.592

reservatórios (SRH, 2011). Ao passo que, o Banabuiú com capacidade máxima de

1,6 bilhões de m³ regulariza as águas do Rio Banabuiú que é o principal afluente do

Rio Jaguaribe. Estes dois reservatórios perenizam aproximadamente 470 km do rio e

beneficiam 19 municípios (FORMIGA-JOHNSSON e KEMPER, 2005). Os principais

usos atribuídos à água são o abastecimento urbano, rural e industrial.

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30

Fonte: FERNANDES e ALMEIDA, 2015

Figura 6. Mapa de localização dos açudes Castanhão e Banabuiú, rede de drenagem

principal e estações fluviométricas da Agência Nacional das Águas (ANA) usadas

nesse estudo.

As decisões tomadas para alocação da água dos açudes Castanhão e

Banabuiú baseiam-se em simulações de esvaziamento destes reservatórios (balanço

hídrico) e nas vazões de regularização para perenizar o Rio Jaguaribe. Um exemplo

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31

de cálculo de balanço hídrico feito em reservatórios é a determinação da variação do

volume em relação ao tempo a partir das vazões que entram e que saem do

reservatório (equação 01).

St+∆t = St + VE − VS (01)

St é o volume armazenado no reservatório no início do intervalo de tempo;

St+∆t corresponde ao volume no reservatório no final do intervalo de tempo;

VE é o volume de entrada, que corresponde à vazão afluente ao açude

∆t é o intervalor de tempo;

VS é o volume total de saída que corresponde, principalmente, às demandas

para atender aos usos múltiplos e as perdas por evaporação.

Em longo prazo, a outorga de uso da água determina as alocações (AQUINO

et al., 2013) e tem como parâmetro a vazão de referência. No nordeste, a vazão de

referência geralmente tem sido uma fração da vazão regularizada com 90% de

garantia (STUDART et al., 1997).

3.2. SIMULAÇÃO DA VAZÃO REGULARIZADA PELOS RESERVATÓRIOS

CASTANHÃO E BANABUIÚ

Para realizar as simulações das vazões regularizadas pelos açudes Castanhão

e Banabuiú foi utilizado o Sistema de Suporte a Decisões (SSD) AcquaNet que faz

uso combinado das técnicas de simulação e de otimização para determinar a alocação

da água em sistemas de recursos hídricos complexos sujeitos a restrições

operacionais e prioridades de atendimento às demandas (PORTO et al., 2005).

Para a determinação das vazões regularizadas, foi necessária a elaboração da

rede de fluxo, que é composta por um conjunto de informações indispensáveis para a

realização do processo de simulação. Os dados que foram utilizados incluem as

características físicas (curva cota-área-volume); as vazões afluentes e taxas de

evaporação líquidas obtidas da hidroweb.com.br e inventário ambiental dos açudes

(SRH, 2011); dados operacionais (meta de volume acumulado para cada mês). Já as

demandas foram caracterizadas pelas vazões mensais necessárias ao atendimento.

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32

Foram informadas, ainda, as prioridades tanto para o atendimento às demandas

quanto para o armazenamento de água nos reservatórios.

A Figura 7 apresenta a rede de fluxo elaborada no modelo AcquaNet e usada

para simular as vazões regularizadas pelos dois reservatórios em estudo. Os

elementos “Qreg_banab” e “Qreg_cast” representam as demandas de água nos

açudes Banabuiú e Castanhão, respectivamente. Os elos L1 e L2 representam

trechos do Rio Banabuiú, enquanto L3, L4 e L5 representam o Rio Jaguaribe e sua

confluência com o Rio Banabuiú no nó denominado de “JUNÇÃO”. O dreno é uma

abstração usada no modelo para representar a água que excede as demandas com

maiores prioridades.

Fonte: autoria própria, 2015

Figura 7. Rede de fluxo usada para simular as vazões regularizadas pelos

reservatórios Castanhão e Banabuiú no modelo AcquaNet.

3.2.1. APLICAÇÃO DO ACQUANET

O AcquaNet (figura 8) funciona como uma estrutura modular incorporando

modelos matemáticos desenvolvidos para analisar diferentes problemas relacionados

ao aproveitamento de recursos hídricos. Essa estrutura é constituída atualmente de

um módulo base e de módulos para cálculo de alocação de água, avaliação da

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33

qualidade da água, determinação de alocação de água para irrigação, produção de

energia elétrica e análise de valores econômicos nas decisões de alocação (figura 9).

O módulo base do SSD é o responsável pela criação/edição do traçado, leitura

e gravação dos projetos em estudo, definição do módulo ativo e também pela

integração e comunicação entre os diferentes módulos.

Fonte: autoria própria, 2015

Figura 8. Interface do AcquaNet.

Fonte: autoria própria, 2015

Figura 9. Barra de botões do AcquaNet.

Os botões representados na Figura 9 são respectivamente:

Manipulação de arquivos: novo, abrir, salvar projeto;

O ícone DG aciona as definições gerais do modelo ativo;

Desenho da rede de fluxo: criar (nó de passagem, reservatório, demanda e

link), apagar elementos, mover elementos, marcar/desmarcar elementos;

Grupo seguinte diz respeito às funções de “zoom” e “pan”;

Os próximos três ícones dizem respeito à visualização de dados e resultados;

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34

Os últimos ícones são utilizados para escolher o modelo de análise.

3.3.2. BASE DE DADOS PARA A SIMULAÇÃO DAS VAZÕES

REGULARIZADAS

Os dados de entrada do modelo foram as séries de vazões médias mensais

observadas para o período de 1983 a 2013 em três estações fluviométricas da

Agência Nacional das Águas (ANA) a montante dos dois reservatórios. As

características físicas dos reservatórios (figura 10) e evaporação observada (figuras

11 e 12) são os valores apresentados pelo inventário ambiental dos dois reservatórios

(SRH, 2011).

Os dados de vazões afluentes aos reservatórios são provenientes de três

estações, duas estações para as vazões afluentes ao Banabuiú (Estação 36520000 e

Estação 36470000) e uma estação para as vazões afluentes ao Castanhão (Estação

36320000). O período de séries de vazões diárias médias são para o período de 1983

a 2013 (30 anos).

A. B.

Fonte: SRH, 2011

Figura 10. Curva cota-área-volume dos açudes Castanhão (A) e Banabuiú (B)

0 100 200 300 400 500 600

0

20

40

60

80

100

120

0 1500 3000 4500 6000 7500 9000

Área (km2)

Cota

(m

)

Volume (hm3)

Castanhão

Volume (hm³)

Área (km²)

0 50 100 150 200

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 500 1000 1500 2000

Área (km2)

Cota

(m

)

Volume (hm3)

Banabuiú

Volume (hm³)

Área (km²)

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35

Figura 11. Séries de evaporação observada no Açude Castanhão Fonte: SRH, 2011

Figura 12. Séries de evaporação observada no Açude Banabuiú Fonte: SRH, 2011

Ta

xa

s d

e e

va

po

raçã

o

Ta

xa

s d

e e

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po

raçã

o

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36

Fonte: SRH, 2011

Figura 13. Séries de vazões afluentes no açude Banabuiú

Fonte: SRH, 2011

Figura 14. Séries de vazões afluentes no açude Castanhão

Como pode ser observado nas figuras 13 e 14, as séries de vazões apresentam seus picos nos anos de 1985, 1989, 2004, 2009 e 2011 para o açude Banabuiú e 1985, 1989, 2004, 2008 e 2009 para o açude Castanhão. Ocorrendo em sua maioria nos meses de fevereiro, março, abril e maio.

Va

o n

atu

ral (m

3/s

) V

azã

o n

atu

ral (m

3/s

)

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37

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A variabilidade temporal nas vazões naturais que se concentram nos meses de

março, abril e maio, se refletiu na variação das vazões regularizadas pelos açudes

Castanhão e Banabuiú (Figura 15A). Dessa forma, para garantias menos restritivas,

como as vazões Q50 e Q60, por exemplo, os valores das vazões são altos, enquanto

que para garantias mais restritivas, como Q90 e Q95, ocorre grande redução nos

valores das vazões de até 68% para o açude Banabuiú.

A. B.

Fonte: FERNANDES E ALMEIDA, 2015

Figura 15. Vazões regularizadas (A) e volume médio mensal evaporado (B) nos açudes Castanhão e Banabuiú para diferentes garantias para o período de 1983-2013.

Assim, para manter os valores de garantias altas (próximo a 100%) foi

necessário armazenar grandes volumes de água no reservatório ao longo dos meses,

uma vez que, o maior aporte de água ocorre em um curto período de tempo do ano.

Essa condição hidrológica dos reservatórios e do estabelecimento das garantias traz

algumas implicações para gestão dos recursos hídricos. Uma dessas implicações é a

redução da disponibilidade hídrica para outros usos devido à necessidade de ampliar

o estoque de água para o cumprimento das garantias das vazões outorgadas. Outra

implicação é o aumento das perdas por evaporação com o acréscimo das garantias

de abastecimento (Figura 15B). As simulações indicaram acréscimo nas perdas por

evaporação de aproximadamente 50% na mudança das vazões Q50 para Q95 nos

açudes Castanhão e Banabuiú.

Alguns setores usuários de recursos hídricos são estratégicos no âmbito do

Plano Nacional de Recursos Hídricos e devem ser objeto de ações específicas de

regularização. Dentre esses setores destacam-se o de saneamento, o de transporte

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Garantias de abastecimento (%)

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hidroviário, o industrial, o energético, a agricultura irrigada e a aquicultura. Ações

específicas também devem ser definidas para a regularização dos reservatórios.

Quanto aos diversos setores de usuários de recursos hídricos, propõe-se que,

na elaboração de seus Planos Setoriais, haja a supervisão de interação com o Plano

Nacional de Recursos Hídricos, para que as ações propostas sejam compatibilizadas

com a real necessidade hídrica. (ANA, 2007)

Fonte: FERNANDES E ALMEIDA, 2015

Figura 16. Volume evaporado no açude Castanhão

Fonte: FERNANDES E ALMEIDA, 2015

Figura 17. Volume evaporado no açude Banabuiú

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Apesar da Lei 9.433/97 indicar os usos prioritários em situação de escassez

hídrica e reconhecendo que alguns usos necessitam de altas garantias de

abastecimento, a definição de mecanismos mais flexíveis para a outorga de uso dos

recursos hídricos, principalmente em regiões semiáridas, poderá aumentar a

disponibilidade de água e reduzir conflitos (SILVA et al., 2013).

Assim, considerando um sistema de gestão mais dinâmico, os usuários de água

com baixa restrição quanto às garantias das vazões de referência, poderiam admitir

garantias inferiores a 90%. Como verificado para os açudes Castanhão e Banabuiú

(Figura 15A e 15B), este procedimento poderá diminuir as perdas por evaporação e

evitaria o estoque de grandes volumes sem uso, ampliando dessa forma a

disponibilidade de água. Para evitar descontentamento por parte dos usuários, as

tarifas cobradas (previstas na Lei 9.433/97 e aplicadas como consequência da

outorga) poderiam variar em função das garantias. Assim, altas garantias teriam

tarifas de cobrança maiores.

A arrecadação oriunda do sistema de cobrança poderia, além dos

investimentos na bacia previstos na legislação atual, servir para o pagamento de

seguros aos usuários em períodos críticos, como em anos de secas. O rateio dos

prejuízos causados devido ao surgimento de falhas no sistema poderá trazer mais

confiança aos usuários de água, atrair novos empreendimentos e potencializar o

desenvolvimento da região.

Entretanto, para essa metodologia ser aplicada com maior eficiência, além das

prioridades de abastecimento previstas em lei, é necessário estabelecer um sistema

de prioridade intra-setorial. Dessa forma, o sistema de prioridades definiria as

garantias de cada setor usuário de água, considerando vários aspectos, como por

exemplo, o valor agregado do produto. Além disso os valores das vazões outorgadas,

das garantias associadas e das tarifas cobradas, requerem mecanismos de consenso

entre os usuários.

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5. CONCLUSÕES

Este estudo avaliou as garantias de abastecimento de água dos açudes

Castanhão e Banabuiú e discutiu as implicações na outorga de uso dos recursos

hídricos. Os resultados mostraram que a variabilidade climática tem forte influência no

que diz respeito às garantias de abastecimento de água dos reservatórios estudados

necessitando armazenar grandes volumes para proporcionar grandes garantias.

Para alcançar os objetivos foi realizado o balanço hídrico nos reservatórios ao

longo de 30 anos de dados históricos de vazões afluentes aos reservatórios e

considerando as perdas mensais por evaporação e demandas mensais constantes

com diferentes garantias. Foi possível notar a influência da evaporação que se refletiu

nas vazões regularizadas fazendo com que as menores garantias, tal como a Q60,

tenham maiores valores e as garantias maiores, exemplo da Q90, possuam um menor

valor de vazão.

As perdas por evaporação tiveram um aumento de 50% quando houve uma

mudança nas vazões de Q50 para Q95 nos dois açudes, quão maior for a garantia

maiores serão as perdas por evaporação e quão menor for essa garantia, então maior

será a indisponibilidade dos recursos.

Para garantias menos restritivas, como as vazões Q50 e Q60, por exemplo, os

valores das vazões são altos, enquanto que para garantias mais restritivas, como Q90

e Q95, ocorre grande redução nos valores das vazões de até 68% para o açude

Banabuiú. O estudo evidencia a necessidade de fazer ajustes na outorga para evitar

perdas de água por evaporação em detrimento do aumento da garantia da vazão de

referência (Q90). Como alternativa, apesar de não se aprofundar nos detalhes, foi

proposto reduzir as garantias das outorgas de usuários que podem admitir maiores

riscos de desabastecimento como forma de disponibilizar maiores volumes de água

para outros usos.

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