Gastronomia2+_210111

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SALVADOR SEXTA-FEIRA 21/1/2011 8 2 DICA DO ARTISTA Tuca Fernandes, do Jammil “O Shiro fez um prato em minha homenagem, o Tucamaki. Não é porque tem meu nome que eu indico, mas porque é bom e bastante procurado”. INDICA SHIRO (RUA DA GRAÇA, 181, GRAÇA. 3337-3732 / 3337-3196. / WWW.SHIRORESTAURANTE.COM.BR) O salão reservado deixa o cliente livre do zunzunzum e do vaivém do ambiente do shopping center Sabores árabes com preço convidativo para fugir da praça de alimentação Daniela Castro Repórter do 2+ [email protected] Estar no shopping sem precisar lembrar que está no shopping. Está aí um boa razão para es- colher O Árabe, na hora do jan- tar. Embora esteja localizado em uma das praças de alimentação do Iguatemi, o salão reservado deixa o cliente livre do zunzun- zum e do vaivém. Os que, ainda assim, gostam de ficar de olho no movimento, pode ficar no bar mesmo. É uma forma de estar mais perto do chope (R$ 4,20) e de combos, que combinam a bebida com porções generosas de quibe e esfirra (varia de R$ 7,90 a R$ 11,90). Pelo preço camarada, o que vale mesmo é o quibe. Na área reservada às mesas, o ambiente é mais confortável. Mas pouco lembra um restau- rante árabe. Das caixas de som, que poderiam colaborar para fa- zer o cliente entrar no clima, o que sai é só música percussiva baiana, pagode romântico e MPB modernosa. Superada a trilha sonora, fa- çamos os pedidos. Vale a pena pagar os R$ 22,90 solicitados pela Kafta, tradicional bolinho de carne picante, que é bem combinado com batata sauté e cebola e tomate grelhados. O preço e os acompanhamentos se repetem no Michuí de Filé, mas já não dá para dizer o mes- mo do sabor. A carne, anunciada como “espeto de mignon em cubos”, é servida em pedaços grandes e insossos. Passe. Opções Vale mais a pena pedir os cha- rutos de uva (R$ 19,90), que trazem a folha da parreira re- cheada com arroz e carne moí- da. Mas é possível pagar menos e ser mais feliz com o Falafel (R$ 14,90), delicioso bolinho feito à base de grão de bico. Acom- panha pão sírio e – infelizmente – um molho tártaro que não deixa saudades em ninguém. A carta de sobremesa é curta e quem prefere sabores triviais corre o risco de descobrir que todo o estoque foi devorado no almoço e não foi reposto. Mas entre os dois ou três doces ára- bes que sobrevivem, o Belewa não decepciona. O rolinho de massa folhada com castanhas e mel custa R$ 5,90. O preço confirma a regra do cardápio: não agride o bolso. Já o atendimento, muito aten- cioso no início, se torna um pou- co atrapalhado quando a casa começa a encher. O ÁRABE (3450-6465) / SHOPPING IGUATEMI, PRAÇA NEWTON RIQUE – 3º PISO GASTRONOMIA Livro reúne depoimentos de especialistas e apreciadores de cerveja Encantos da ‘loura gelada’ além da filosofia de mesa de bar DANIELA CASTRO O álcool entra, a verdade sai. A máxima é antiga e já teve sua veracidade comprovada por to- do sujeito que, ao menos uma vez na vida, exagerou na dose ou presenciou porre alheio. Além de dar vazão a verdades – e mentiras –, uma rodada de cerveja com amigos pode ser um excelente pretexto para exami- nar e refletir sobre a vida. Ou seja, para filosofar. Pois o norte-americano Ste- ven d. Hales levou a coisa tão a sério que transformou o tema em livro. É ele quem assina a organização de Cerveja & Filo- sofia – Leia, Pense e Consuma sem Moderação. Lançado pela editora Tinta Negra, o título faz parte da co- leção Sabores e Prazeres de Epi- curo, uma reverência ao filósofo grego que se tornou conhecido por ser um ferrenho defensor da felicidade – em breve, chegarão às livrarias também os títulos Comida & Filosofia e Vinho & Filosofia. Bebida do povo ”Diferentemente do vinho, que antes era uma bebida de elite para a nobreza e considerada um presente divino de Dionísio, a cerveja sempre foi uma bebida disponível a todos os cidadãos”, defende Hales. Para provar a onipresença da bebida na história da humani- dade, ele recorre a trovas, poe- mas e histórias milenares. Lem- bra, por exemplo, que os tra- balhadores que construíram as pirâmides no Egito eram pagos com pão e cerveja – o salário padrão na época era um galão por dia, que tal? Ao defender a cerveja como legítima bebida do povo, Steven D. Hales também se permite ti- radas irônicas e trocadilhos in- fames, daqueles irresistíveis nu- ma mesa de bar. “A cerveja di- rige a condição humana, ainda que a pessoa não esteja em con- dição de dirigir”, graceja. Cerveja gourmet O livro conta com apresentação da paulista Cilene Saorin, mes- tre cervejeira, que se apresenta ao leitor como “sommelière de cervejas”. A adaptação do título reflete uma tendência mundial – apreciar o líquido obtido da fermentação da cevada já não se resume mais ao ato de encher a cara com aquela “breja“” estu- pidamente gelada. “Que tal beber menos e me- lhor?”, desafia a especialista, propondo uma revisão de va- lores em nome do amadureci- mento gastronômico. ”O prazer à mesa sempre foi fundamental e o equilíbrio pode ser agra- dável e saudável”, aconselha, lembrando que há cervejas de diferentes estilos para diferen- tes ocasiões. Estudiosos como Dale Jac- quette, Michael Lynch, Neil Manson e Rex Welson discutem conceitos como autenticidade, prazer e bom gosto. Uns vão mais longe para explorar a es- tética, a metafísica e a episte- mologia da cerveja, com direito a flertes com Kant e Nietzsche. Quem quer informações mais técnicas encontra tabelas que avaliam os níveis de lúpulo e a coloração de marcas mundial- mente conhecidas. As brasilei- ras ficaram de fora do páreo, mas o papo com os caras vale cada gole. Rejane Carneiro/ Ag. A TARDE A pilsen, feita de malte, lúpulo, água e fermento, data de 1842: mais consumida no mundo CERVEJA & FILOSOFIA – LEIA, PENSE E CONSUMA SEM MODERAÇÃO / STEVEN D. HALES (ORGANIZAÇÃO) E CILENE SAORIN (APRESENTAÇÃO) Tinta Negra / 288 pág./ R$ 45/ www.tintanegraedito- rial.com.br “Certamente alguns dos mais notáveis predicados da cerveja são a sociabilidade e irreverência” CILENE SAORIN, sommelière de cervejas Margarida Neide / Ag. A TARDE

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“OShirofezumpratoemminha homenagem,oTucamaki.Não éporquetemmeunomequeeu indico,masporqueébome bastanteprocurado”. Apilsen,feita demalte, lúpulo,águae fermento,data de1842:mais consumidano mundo pelaKafta,tradicionalbolinho decarnepicante,queébem combinadocombatatasautée cebolaetomategrelhados.O preçoeosacompanhamentos serepetemnoMichuídeFilé, masjánãodáparadizeromes- modosabor.Acarne,anunciada como“espetodemignonem cubos”,éservidaempedaços grandeseinsossos.Passe. 8

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SALVADOR SEXTA-FEIRA 21/1/20118 2

DICA DO ARTISTATuca Fernandes, do Jammil

“O Shiro fez um prato em minhahomenagem, o Tucamaki. Nãoé porque tem meu nome que euindico, mas porque é bom ebastante procurado”.

INDICA SHIRO (RUA DA GRAÇA, 181, GRAÇA.

3337-3732 / 3337-3196. /

WWW.SHIRORESTAURANTE.COM.BR)

O salão reservadodeixa o clientelivre do zunzunzume do vaivém doambiente doshopping center

Sabores árabes com preço convidativo para fugir da praça de alimentação

Daniela CastroRepórter do 2+

[email protected]

Estar no shopping sem precisarlembrar que está no shopping.Está aí um boa razão para es-colher O Árabe, na hora do jan-tar.Emboraesteja localizadoemuma das praças de alimentaçãodo Iguatemi, o salão reservadodeixa o cliente livre do zunzun-zum e do vaivém.

Os que, ainda assim, gostamde ficar de olho no movimento,pode ficar no bar mesmo. É uma

forma de estar mais perto dochope (R$ 4,20) e de combos,que combinam a bebida comporções generosas de quibe eesfirra (varia de R$ 7,90 a R$11,90). Pelo preço camarada, oque vale mesmo é o quibe.

Na área reservada às mesas,o ambiente é mais confortável.Mas pouco lembra um restau-rante árabe. Das caixas de som,quepoderiamcolaborarpara fa-zer o cliente entrar no clima, oque sai é só música percussivabaiana, pagode romântico eMPB modernosa.

Superada a trilha sonora, fa-çamos os pedidos. Vale a penapagar os R$ 22,90 solicitados

pela Kafta, tradicional bolinhode carne picante, que é bemcombinado com batata sauté ecebola e tomate grelhados. Opreço e os acompanhamentos

se repetem no Michuí de Filé,mas já não dá para dizer o mes-modosabor.Acarne,anunciadacomo “espeto de mignon emcubos”, é servida em pedaçosgrandes e insossos. Passe.

OpçõesVale mais a pena pedir os cha-rutos de uva (R$ 19,90), quetrazem a folha da parreira re-cheada com arroz e carne moí-da. Mas é possível pagar menose ser mais feliz com o Falafel (R$14,90), delicioso bolinho feito àbase de grão de bico. Acom-panha pão sírio e – infelizmente– um molho tártaro que nãodeixa saudades em ninguém.

A carta de sobremesa é curtae quem prefere sabores triviaiscorre o risco de descobrir quetodo o estoque foi devorado noalmoço e não foi reposto. Masentre os dois ou três doces ára-bes que sobrevivem, o Belewanão decepciona.

O rolinho de massa folhadacom castanhas e mel custa R$5,90. O preço confirma a regrado cardápio: não agride o bolso.Já o atendimento, muito aten-cioso no início, se torna um pou-co atrapalhado quando a casacomeça a encher.

O ÁRABE (3450-6465) / SHOPPING

IGUATEMI, PRAÇA NEWTON RIQUE – 3º PISO

GASTRONOMIA Livro reúne depoimentosde especialistas e apreciadores de cerveja

Encantos da‘loura gelada’além da filosofiade mesa de barDANIELA CASTRO

O álcool entra, a verdade sai. Amáxima é antiga e já teve suaveracidade comprovada por to-do sujeito que, ao menos umavez na vida, exagerou na doseou presenciou porre alheio.

Além de dar vazão a verdades– e mentiras –, uma rodada decervejacomamigospodeserumexcelente pretexto para exami-nar e refletir sobre a vida. Ouseja, para filosofar.

Pois o norte-americano Ste-ven d. Hales levou a coisa tão asério que transformou o temaem livro. É ele quem assina aorganização de Cerveja & Filo-sofia – Leia, Pense e Consumasem Moderação.

Lançado pela editora TintaNegra, o título faz parte da co-leção Sabores e Prazeres de Epi-curo, uma reverência ao filósofogrego que se tornou conhecidopor ser um ferrenho defensor dafelicidade – em breve, chegarãoàs livrarias também os títulosComida & Filosofia e Vinho &Filosofia.

Bebida do povo”Diferentemente do vinho, queantes era uma bebida de elitepara a nobreza e consideradaum presente divino de Dionísio,a cerveja sempre foi uma bebidadisponível a todos os cidadãos”,defende Hales.

Para provar a onipresença dabebida na história da humani-dade, ele recorre a trovas, poe-mas e histórias milenares. Lem-bra, por exemplo, que os tra-balhadores que construíram aspirâmides no Egito eram pagoscom pão e cerveja – o saláriopadrão na época era um galãopor dia, que tal?

Ao defender a cerveja comolegítima bebida do povo, StevenD. Hales também se permite ti-radas irônicas e trocadilhos in-fames, daqueles irresistíveis nu-ma mesa de bar. “A cerveja di-rige a condição humana, aindaque a pessoa não esteja em con-dição de dirigir”, graceja.

Cerveja gourmetO livro conta com apresentaçãoda paulista Cilene Saorin, mes-tre cervejeira, que se apresentaao leitor como “sommelière de

cervejas”. A adaptação do títuloreflete uma tendência mundial– apreciar o líquido obtido dafermentaçãodacevadajánãoseresume mais ao ato de encher acara com aquela “breja“” estu-pidamente gelada.

“Que tal beber menos e me-lhor?”, desafia a especialista,propondo uma revisão de va-lores em nome do amadureci-mento gastronômico. ”O prazerà mesa sempre foi fundamentale o equilíbrio pode ser agra-dável e saudável”, aconselha,lembrando que há cervejas dediferentes estilos para diferen-tes ocasiões.

Estudiosos como Dale Jac-quette, Michael Lynch, NeilManson e Rex Welson discutemconceitos como autenticidade,prazer e bom gosto. Uns vãomais longe para explorar a es-tética, a metafísica e a episte-mologia da cerveja, com direitoa flertes com Kant e Nietzsche.

Quem quer informações maistécnicas encontra tabelas queavaliam os níveis de lúpulo e acoloração de marcas mundial-mente conhecidas. As brasilei-ras ficaram de fora do páreo,mas o papo com os caras valecada gole.

Rejane Carneiro/ Ag. A TARDE

A pilsen, feitade malte,lúpulo, água efermento, datade 1842: maisconsumida nomundo

CERVEJA & FILOSOFIA – LEIA, PENSE E

CONSUMA SEM MODERAÇÃO / STEVEN D.

HALES (ORGANIZAÇÃO) E CILENE SAORIN

(APRESENTAÇÃO)

Tinta Negra / 288 pág./ R$ 45/www.tintanegraedito-rial.com.br

“Certamente algunsdos mais notáveispredicados dacerveja são asociabilidade eirreverência”CILENE SAORIN, sommelière de cervejas

Margarida Neide / Ag. A TARDE