GEAEL Estudos doutrinários do GEAEL Penas e alegrias futuras · Crer em Deus sem admitir a vida...

8
GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1 Visite nosso site: geael.wordpress.com e baixe os números anteriores 1. O nada. Vida futura 958. Por que, instintivamente, o homem tem horror ao nada? – Porque o nada não existe. 959. De onde vem, para o homem, o sentimento instintivo da vida futura? – Já o dissemos: antes da sua encarnação, o Espírito sabia todas essas coisas, e a alma guarda uma vaga lembrança do que tomou conhecimento e do que viu no seu estado espi- ritual. (393) Em todos os tempos, o homem se preocu- pou com seu futuro no além-túmulo, o que é muito natural. Seja qual for a importância que atribua à vida presente, ele não pode deixar de pensar em quanto a vida é curta, e principal- mente precária, já que a qualquer momento pode ser interrompida, e nunca se tem certeza quanto ao dia seguinte. Que será dele após o instante fatal? Essa é uma questão grave, por- que não se trata de alguns anos apenas, mas da eternidade. Quem tiver que passar longos anos num país estranho, fica apreensivo quanto à si- tuação em que lá se encontrará. Como não nos preocuparíamos, então, com a situação em que nos veremos ao deixar este mundo, uma vez que será para sempre? A ideia do nada tem qualquer coisa que a razão se recusa a aceitar. Ao chegar o momento decisivo, até o homem mais despreocupado du- rante a vida se pergunta que será dele, e instin- tivamente tem esperança. Crer em Deus sem admitir a vida futura se- ria um contra-senso. A intuição de uma existên- cia melhor está no foro íntimo de todos os ho- mens; Deus não deve tê-la colocado ali em vão. A vida futura pressupõe a conservação da nossa individualidade após a morte. Na ver- dade, que importância teria sobrevivermos ao nosso corpo, se nossa essência moral devesse perder-se no oceano do infinito? Para nós, as consequências seriam iguais ao nada. 2. Intuição das penas e alegrias futuras 960. De onde vem a crença, que se encontra em todos os povos, de penas e recompensas futuras? – É sempre a mesma coisa: pressentimento da realida- de trazido ao homem pelo Espírito nele encarnado, porque, guardai bem isto, não é em vão que uma voz interior vos Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Conhecendo a Doutrina Espírita – 17 Estudos doutrinários do GEAEL GEAEL Penas e alegrias futuras

Transcript of GEAEL Estudos doutrinários do GEAEL Penas e alegrias futuras · Crer em Deus sem admitir a vida...

GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 1

Visite nosso site: geael.wordpress.com e baixe os números anteriores

1. O nada. Vida futura

958. Por que, instintivamente, o homem tem horror ao nada?– Porque o nada não existe.

959. De onde vem, para o homem, o sentimento instintivo da vida futura?

– Já o dissemos: antes da sua encarnação, o Espírito sabia todas essas coisas, e a alma guarda uma vaga lembrança do que tomou conhecimento e do que viu no seu estado espi-ritual. (393)

Em todos os tempos, o homem se preocu-pou com seu futuro no além-túmulo, o que é muito natural. Seja qual for a importância que atribua à vida presente, ele não pode deixar de pensar em quanto a vida é curta, e principal-mente precária, já que a qualquer momento pode ser interrompida, e nunca se tem certeza quanto ao dia seguinte. Que será dele após o instante fatal? Essa é uma questão grave, por-que não se trata de alguns anos apenas, mas da eternidade. Quem tiver que passar longos anos num país estranho, fica apreensivo quanto à si-tuação em que lá se encontrará. Como não nos preocuparíamos, então, com a situação em que nos veremos ao deixar este mundo, uma vez que será para sempre?

A ideia do nada tem qualquer coisa que a razão se recusa a aceitar. Ao chegar o momento decisivo, até o homem mais despreocupado du-rante a vida se pergunta que será dele, e instin-tivamente tem esperança.

Crer em Deus sem admitir a vida futura se-ria um contra-senso. A intuição de uma existên-cia melhor está no foro íntimo de todos os ho-mens; Deus não deve tê-la colocado ali em vão.

A vida futura pressupõe a conservação da nossa individualidade após a morte. Na ver-dade, que importância teria sobrevivermos ao nosso corpo, se nossa essência moral devesse perder-se no oceano do infinito? Para nós, as consequências seriam iguais ao nada.

2. Intuição das penas e alegrias futuras

960. De onde vem a crença, que se encontra em todos os povos, de penas e recompensas futuras?

– É sempre a mesma coisa: pressentimento da realida-de trazido ao homem pelo Espírito nele encarnado, porque, guardai bem isto, não é em vão que uma voz interior vos

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraConhecendo a Doutrina Espírita – 17

Estudos doutrinários do GEAELGEAEL

• Penas e alegrias futuras

2 Conhecendo a Doutrina Espírita

Solicite seu informativo por e-mail. Escreva para: [email protected]

fala. Vosso erro é não escutá-la com a devida atenção. Se pen-sásseis bastante e muitas vezes nisso, vos tornaríeis melhores.

961. No momento da morte, qual é o sentimento que predomi-na na maioria dos homens: a dúvida, o medo ou a esperança?

– A dúvida, nos descrentes irredutíveis; o medo, nos cul-pados; a esperança, nos homens de bem.

962. Por que existem incrédulos, uma vez que a alma traz ao homem o sentimento das coisas espirituais?

– Existem menos do que se pensa; muitos se fazem de Espíritos fortes por orgulho, durante a vida; na hora da morte, porém, não são tão fanfarrões.

O que acontecerá na vida futura vai depender dos nossos atos. A razão e a justiça nos dizem que, na partilha da felicida-

de a que todo homem aspira, os bons e os maus não podem ser confundidos. Deus não pode que-rer que uns, sem trabalho, usufruam de bens que outros só alcançam com esforço e perseverança.

A ideia que, pela sabedoria das suas leis, Deus nos dá da sua justiça e bondade, não nos permite pensar que o justo e o mau estejam no mesmo plano aos seus olhos, nem duvidar que receberão um dia, um, a recompensa, o outro, a punição pelo bem ou pelo mal que tiverem feito; por isso é que o sentimento inato que temos da justiça nos dá a intuição das penas e recompen-sas futuras.

3. Intervenção de Deus naspenas e recompensas

963. Deus se ocupa pessoalmente com cada homem? Ele não é muito grande e nós, muito pe-quenos, para que cada indivíduo em particular te-nha alguma importância aos seus olhos?

– Deus se ocupa com todos os seres que criou, por menores que sejam; nada é pequeno demais para sua bondade.

964. Deus precisa se ocupar com cada um dos nossos atos para recompensar-nos ou punir-nos? E esses atos, em sua maioria, não são insignificantes para Ele?

– Deus tem suas leis, que regem todos os vossos atos; se as infringis, a culpa é vossa. Sem dúvida, quando um homem comete um exces-so, Deus não profere contra ele uma sentença para dizer-lhe, por exemplo: Foste guloso, vou punir-te; mas Ele traçou um limite; as doenças, e muitas vezes a morte, são consequências dos excessos; eis aí a punição: ela é resultado da infração à lei. Com tudo é assim.

Todas as nossas ações estão sujeitas às leis de Deus. Não há uma única, por mais insigni-ficante que nos pareça, que não possa ser uma

violação a essas leis. Se sofremos as consequências dessa violação, só devemos queixar-nos de nós mesmos, que, com isso, nos tornamos artífices da nossa felicidade, ou infelici-dade futura.

Esta é evidenciada na seguinte alegoria:“Um pai dá a seu filho educação e instrução, ou seja,

dá-lhe meios de saber conduzir-se. Cede-lhe um campo para cultivar e lhe diz: Eis aqui a regra a ser seguida e todos os instrumentos necessários para tornar o campo fértil e ga-rantir tua existência. Dei-te instrução para compreenderes esta regra; se a seguires, teu campo produzirá muito e te proporcionará tranquilidade na velhice; sem isso, ele nada produzirá e morrerás de fome. Dito isso, deixa-o agir como bem entender.”

GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 3

Visite nosso site: geael.wordpress.com e baixe os números anteriores

Não é certo que esse campo produzirá conforme os cui-dados dispensados à cultura, e que qualquer negligência virá em detrimento da colheita? Na velhice, portanto, o filho será feliz, ou infeliz, conforme tiver seguido ou negligenciado a regra traçada por seu pai. Deus é ainda mais previdente, por-que a todo instante nos faz ver se estamos procedendo bem ou mal: envia-nos os Espíritos para inspirar-nos, mas não lhes damos ouvidos. Há mais esta diferença: Deus sempre dá ao homem, em suas novas existências, um meio de reparar seus erros passados, ao passo que para o filho de quem fala-mos, se empregou mal seu tempo, não há mais recurso.

4. Natureza das penas e alegrias futuras

965. As penas e as alegrias da alma após a morte têm algo de material?

– Elas não podem ser materiais, pois a alma não é ma-téria: é o que diz o bom senso. Essas penas e alegrias nada têm de carnal, e no entanto são mil vezes mais intensas do que as que sentis na terra, porque, uma vez livre, o Espírito é mais impressionável; a matéria não mais lhe enfraquece as sensações (237 a 257).

966. Por que o homem tem uma ideia tão material e absurda a respeito das penas e alegrias da vida futura?

– Inteligência que ainda não está suficientemente de-senvolvida. A criança compreende como o adulto? Além do mais, tudo depende do que lhe ensinaram: é aí que uma reforma se faz necessária.

Vossa linguagem é deficiente demais para exprimir o que existe fora de vós; então foi necessário fazer compara-ções, e foram as imagens e alegorias dessas comparações que tomastes como realidade. À medida que o homem se instrui, porém, seu pensamento compreende as coisas que sua linguagem não consegue traduzir.

967. Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?– Em conhecer todas as coisas; em não sentir ódio, ciú-

me, inveja, ambição, nem qualquer das paixões que fazem a infelicidade humana. O amor que os une é para eles fonte de uma felicidade suprema. Eles não passam pelas necessi-dades, sofrimentos e angústias da vida material; são feli-zes pelo bem que fazem. A felicidade dos Espíritos, porém, é sempre proporcional à sua elevação. Só os Espíritos puros, é verdade, gozam da felicidade suprema, mas todos os outros não são infelizes. Entre os maus e os perfeitos há uma infini-dade de graus em que as satisfações são relativas ao estado moral. Os que estão bastante adiantados compreendem a felicidade dos que estão mais adiantados do que eles, e as-piram a alcançar uma felicidade igual, mas para eles isso é um motivo de estímulo, não de ciúme; sabem que depen-

dem deles para alcançá-la e trabalham para esse fim, mas com a calma da consciência tranquila, e sentem-se felizes por não terem que passar pelo que passam os maus.

968. Entre as condições de felicidade para os bons Espíritos, colocais a ausência das necessidades materiais. Para o homem, po-rém, a satisfação dessas necessidades não é uma fonte de prazeres?

– Sim, de prazeres animalescos; e é uma tortura quan-do não podeis satisfazê-los.

969. Que se deve entender quando dizem que os Espíritos puros estão reunidos no seio de Deus e ocupados em entoar-lhe louvores?

– É uma alegoria que descreve a percepção que eles têm das perfeições de Deus, porque O vêem e compreendem, mas que, como tantas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo na natureza, desde o grão de areia, canta, ou seja, proclama, o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não penses, porém, que os Espíritos bem-aventurados fiquem em contemplação por toda eternidade; seria uma felicidade es-túpida e monótona. Além do mais, seria a felicidade do ego-ísta, porque sua existência seria uma inutilidade sem fim. Eles não passam mais pelas tribulações da existência cor-poral: isso já é uma satisfação; e depois, como dissemos, eles conhecem e sabem todas as coisas; utilizam o conhecimento que adquiriram para contribuir para o progresso dos ou-tros Espíritos: é sua ocupação, e ao mesmo tempo um prazer.

970. Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?– São tão variados como as causas que os ocasiona-

ram, e proporcionais ao grau de inferioridade, como as ale-grias são proporcionais ao grau de superioridade. Podem resumir-se assim: invejar tudo que lhes falta para serem feli-zes; ver a felicidade e não poder alcançá-la; pesar, ciúme, rai-va, desespero devido a tudo que os impede de serem felizes; remorso, ansiedade moral inexplicável. Desejam todos os prazeres, e não podem satisfazê-los, e é isso que os tortura.

971. A influência que os Espíritos exercem uns sobre os ou-tros é sempre boa?

– Sempre boa, é claro, da parte dos bons Espíritos. Os Espíritos perversos, porém, procuram desviar do caminho do bem e do arrependimento aqueles que lhes parecem sus-cetíveis de se deixarem levar, e que, durante a vida, muitas vezes arrastaram para o mal.

O Livro dos EspíritosAllan Kardec

Editora do ConhECimEnto

Tudo na natureza, desde o grão de areia, canta, ou seja,proclama, o poder, a sabedoria e a bondade de Deus.

4 Conhecendo a Doutrina Espírita

Solicite seu informativo por e-mail. Escreva para: [email protected]

PErguNTA: — A tendência de buscar uma comunhão afetiva com outra criatura do mesmo sexo, conhecida por homossexualidade, implica em conduta culposa perante as leis Espirituais?

RAMATÍS: — Considerando-se que o “reino de Deus” está também no homem, e que ele foi feito à imagem de Deus, evidentemente, o pecado, o mal, o crime e o vício são censu-ráveis, quando praticados após o espírito humano alcançar freqüências muito superiores ao estágio de infantilidade. Os aprendizados vividos que promovem o animal a homem e o homem a anjo, são ensinamentos aplicáveis a todos os seres. A virtude, portanto, é a prática daquilo que beneficia o ser, nos degraus da imensa escala evolutiva. O pecado, a culpa, são justamente, o ônus proveniente de a criatura ainda pra-ticar ou cultuar o que já lhe foi lícito usar e serviu para um determinado momento de sua evolução.

A homossexualidade, portanto, de modo algum pode ofender as leis espirituais, porquanto, em nada, a atividade humana fere os mestres espirituais, assim como a estultícia do aluno primário não pode causar ressentimentos no professor ciente das atitudes próprias dos alunos imaturos. Pecados e virtudes em nada ofendem ou louvam o Senhor, porém, defi-nem o que é “melhor” ou pior para o próprio ser, buscando a sua felicidade, ainda que por caminhos intrincados dos mun-

dos materiais, sem estabilidade angélica. A homossexualidade não é uma conduta dolosa perante a moral maior, mas diante da falsa moral humana, porque, os legisladores, psicólogos, e mesmo cientistas do mundo, ainda não puderam definir o problema complexo dos motivos da homossexualidade, entretanto, muitos o consideram mais de ordem moral do que técnica, científica, genética ou endócrina.

PErguNTA: — Que dizeis da homossexualidade à luz da doutrina espírita?

RAMATÍS: — Quem responde a tal problema são os próprios espíritos, no tema “Sexo nos Espíritos”, capítulo IV, da “Pluralidade das Existências”, item 200 a 202, de O Livro dos Espíritos que assim respondem:

200 — Têm sexo os Espíritos? R. — “Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas, basea-dos na concordância de sentimentos”.201 — Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o corpo de uma mulher e vice--versa?R. — “Decerto: são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres”.202. — Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?

GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 5

Visite nosso site: geael.wordpress.com e baixe os números anteriores

R. — “Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar”.

PErguNTA: — Mas o que realmente explica o fenômeno da homossexualidade?

RAMATÍS: — É assunto que não se soluciona sobre as bases científicas materialistas, porque, só podereis entendê-lo e explicá-lo, dentro dos princípios da reencar-nação. Evidentemente, não se pode esclarecer o motivo da homossexu-alidade, quando explicado exclu-sivamente pela maioria do mundo heterossexual, tal qual não pode explicar certos estados sublimes ou depressivos dos humanos quem não tenha vivido o mesmo fenômeno.

Não bastam conclusões simplis-tas, pesquisas psicológicas e inda-gações científicas mundanas para explicar com êxito as causas respon-sáveis pelo homossexualismo. É um problema que se torna mais eviden-te com o aumento demográfico da humanidade e, também, das novas concepções do viver humano, como libertação de “tabus” e a busca da autenticidade na vida e seus propósitos. Crescem os grupos, comunidades e, até instituições homos-sexuais, no afã de solverem os problemas angustiosos ou os motivos das incoerências apontadas pelos contumazes julga-dores do próximo, mas, incapazes de julgarem-se a si mesmos. Milhões de homens e mulheres são portadores dessa anomalia, e requerem a atenção e o estudo cuidadoso de suas reações e comportamento, não meramente que os julguem censuráveis à luz dos princípios e costumes morais da civilização retrógrada e mistificadora.

PErguNTA: — Sob a opinião vigente, parece tratar-se de um fenômeno anormal. Que dizeis?

RAMATÍS: — Tal afirmação é verdadeira quando inter-pretada estatisticamente, por ser a maioria significativa das pessoas heterossexuais, porém, ao interpretarmos sob o prisma das leis da evolução espiritual, o problema não pode ser solu-cionado de forma geral, pois, é peculiar a cada individualida-de, em sua luta redentora anímica. No decorrer do tempo, a humanidade terrícola há de compreender melhor os conceitos de normalidade e anormalidade, verificando não se ajustarem de maneira coerente, ao tratar-se simplesmente de gestos, con-dutas externas, incapazes de mostrarem o íntimo das almas. O próprio corpo carnal traz, às vezes, alguns traços da anorma-lidade ou normalidade do espírito, porquanto, é, tão-somente, o agente de manifestações configuradas na herança biológica, determinada pela hereditariedade espiritual.

O problema, é realmente, de afi-nidades eletivas no campo da espi-ritualidade, porquanto, homem e mulher carnais são, apenas, expres-sões da mesma essência espiritual, diferenciada pela maior ou menor passividade, atividade, sentimento e razão. Através de milênios, o espí-rito ora encarna-se num organismo feminino, ora masculino, despertan-do, desenvolvendo e aprimorando as qualidades inerentes e necessárias das expressões sexuais. O homem e a mulher têm, simultaneamente, predicados algo femininos ou mas-culinos, que se acentuam dando características peculiares em cada reencarnação, sem que isso possa definir uma separação absoluta, capaz de classificar como anomalias os reflexos femininos na entidade masculina e vice-versa.

PErguNTA: — Afirmam alguns estudiosos dos problemas de

homossexualidade que se trata de conseqüência glandular. Que dizeis?

RAMATÍS: — São palpites e confundem o “efeito” com a “causa”, porquanto, as alterações endócrinas, apenas, ativam ou reduzem o metabolismo glandular, resultante da tensão psíquica intensa ou reduzida sobre as estruturas cerebrais, entre elas o hipotálamo e o eixo hipotalâmico, com a ação reflexiva sobre a hipófise, a qual ativa as demais glândulas endócrinas.

PErguNTA: — Poderíeis explicar-nos, de modo mais compreensível para nós, as particularidades desse assunto?

RAMATÍS: — O espírito que, por exemplo, numa dezena de encarnações nasceu sempre mulher, a fim de desenvolver sentimentos numa seqüência de vidas passivas na atividade doméstica, mas, por força evolutiva, preci-sa desenvolver o intelecto, a razão, atitudes de liderança e criatividade mental enverga um organismo masculino e, conseqüentemente, os caracteres sexuais de homem; entretanto, ele revive do perispírito suas reminiscências de natureza feminina. Depois de várias encarnações femininas e, subitamente, renascendo para uma existência masculina, raramente, predominam, no primeiro ensaio biológico, os valores masculinos recém-despertos, porque sente, for-temente, as lembranças psíquicas ou o condicionamento orgânico feminino. Em conseqüência, renasce e se desenvol-ve, no ambiente físico terreno, uma entidade com todas as características sexuais masculinas e, contudo, apresentando um comportamento predominantemente feminino. Assim, eclode a luta psicofísica na intimidade do ser, em que os

6 Conhecendo a Doutrina Espírita

Solicite seu informativo por e-mail. Escreva para: [email protected]

antecedentes femininos con-flitam com as características masculinas, ocasionando con-flito dos valores afetivos, que oscilam, indeterminadamente, entre a atração feminina ou masculina. É o homossexual indefinido quanto à sua afei-ção, pelas exigências conser-vadoras e tradicionais da sua comunidade, para a qual ele é um “homem” anatomofisio-logicamente, mas, no âmago da alma, tem sentimentos e emoções de mulher, recém--ingressa no casulo orgânico masculino. Apresentando todas as características da biolo-gia humana do tipo masculino é, no campo de sua afeição e emotividade, uma criatura afeminada, malgrado os exames bioquímicos feitos serem característicos do sexo masculino.

PErguNTA: — Poderíamos supor que tal fenômeno pode acontecer, também, num sentido inverso, quando o espírito demasiadamente masculinizado em vidas anterio-res, traz essas características ao renascer mulher?

RAMATÍS: — No caso, ocorre o mesmo processo ventilado. O Espírito que viveu uma dezena de existências masculinas, situado em atividades extralar, desenvolven-do, mais propriamente, os princípios ativos, o intelecto, a razão e a iniciativa criadora, mais comandando e menos obedecendo, mais impondo e menos acatando, desenvolve uma individualidade algo prepotente e, às vezes, tirânica. Obviamente, ele precisa modificar o seu psiquismo agressivo ou violento pelas constantes atividades de lutador, guerreiro, onde a razão não permite qualquer prurido sentimental e, reconhecendo a necessidade de desenvolver o sentimento, é aconselhado a envergar um organismo carnal feminino, em algumas reencarnações reeducadoras. Nesse caso, é muito difícil expressar, de início, as características delicadas, ternas e gentis da mulher. A tensão perispiritual despótica, impulsi-va e demasiadamente racional atua fortemente no novo corpo projetado para o sexo feminino e, por repercussão extracor-pórea, ativa em demasia o cérebro, predispondo à ação da masculinidade sobre as características delicadas feminis. Daí, a conceituação da “mulher-macho”, com a voz, gestos e deci-sões que lembram mais o homem.

Não se pode comprovar serem essas características pro-venientes de alguma alteração genética; realmente, imprimem na criatura a característica psicológica do sexo, a qual se sobrepõe à fisiologia e singeleza dos órgãos reprodutores. Sexo masculino é atividade mental, sexo feminino é atividade sentimental, enquanto, a diferença orgânica entre o homem e a mulher é apenas resultante das irradiações eletromagnéticas do perispírito na vida física. Em verdade, importa fundamen-talmente ao espírito imortal desenvolver a razão para melhor

compreender e agir no mundo e, simultaneamente, o senti-mento para sentir o ambiente e, aí, efetuar realizações cria-doras. Daí, o motivo por que a angelologia faz da figura do anjo um ser duplamente alado, cuja asa direita simboliza a razão e a esquerda o sentimen-to, comprovando a necessida-de de o espírito humano só se liberar para o trânsito defi-nitivo ao universo divino, em sua ascese espiritual, depois da completa evolução da razão e do sentimento.

É do conhecimento espiritual que, no desenvolvimento da individualidade do espírito eterno, a passagem da experiência feminina para a masculina ou vice-versa, no renascimento num corpo físico com certa marca sexual, de início predomi-nam sempre os traços da feminilidade ou da masculinidade anterior, malgrado as diferenças da figura sexual do corpo.

No incessante intercâmbio do espírito, manifestando-se ora pela organização carnal feminina, ora pela masculina, ele desperta valores novos comuns a determinada experiência humana como homem, ou como mulher. Ademais, nesse renas-cimento através do binômio homem-mulher, além do desenvol-vimento do intelecto ou da razão, conforme o estágio masculino ou feminino, corrige e salda os débitos dos abusos pecaminosos desta ou daquela condição, feminina ou masculina.

Insistimos em dizer-vos: o homem que abusa de suas faculdades sexuais no excesso da lascívia e somente para a satisfação erótica, culminando por arruinar a vivência de outras pessoas, chegando a ocasionar desuniões conjugais, provocar a discórdia, a aflição e o desespero e desonras em lares diversos, ou lançando na vida a infeliz moça com o filho no desamparo de mãe-solteira, ou que descamba por desespero e fraqueza na prostituição, há de corrigir-se do seu desregramento pelo renascimento físico num corpo feminino e, sob a coação doméstica do esposo tirânico, resgatar e inde-nizar todos os males produzidos ao próximo. Igualmente, a mulher que não cultiva os valores sadios da função digna e amorosa de esposa, poderia sofrer nova encarnação feminina dolorosa, ou terá de se reajustar, na condição física, num corpo masculino, capaz de lhe proporcionar todas as ilusões, descasos e fuga dos deveres conjugais com uma companhei-ra tão fútil, pérfida e irresponsável quanto também foi no passado, saturando assim o desejo, em vez de sublimá-lo. Ambas as posições, feminina e masculina, no mundo físico, proporcionam ensejos válidos e simultaneamente corretivos para garantir ao espírito aflito pela redenção, alcançar, o mais breve possível, a freqüência angélica, independente de sexo e estágios carcerários na carne.

PErguNTA: — Afora os espíritas ou reencarnacionis-

GEAEL – Escola de Aprendizes do Evangelho - Aliança Espírita Evangélica 7

Visite nosso site: geael.wordpress.com e baixe os números anteriores

tas esclarecidos, é muito difícil encontrar-se mentalidades humanas crentes dessa possibilidade de o espírito renascer homem, ou de retornar como mulher. Talvez, exista nisso uma reação inconsciente do homem, ao se considerar frus-trado ou ferido em sua masculinidade, pelo fato de poder vir a ser mulher, como um objeto de sensualidade passiva?

RAMATÍS: — Causa certa surpresa a descrença na pos-sibilidade de o mesmo espírito de homem retornar à Terra na figura de mulher, quando a própria imprensa terrena é pródiga de notícias nas quais a intervenção cirúrgica e a tera-pêutica hormonal adequada transforma homens em mulhe-res, e vice-versa. Considerando-se que é bem mais difícil ao homem se transformar em mulher, depois de caracterizada a sua masculinidade na existência física, é bem mais fácil o espírito decidir-se pelo sexo, antes de renascer.

PErguNTA: — Que dizeis desse estigma de homossexu-alidade, quando as opiniões se dividem, taxando tal fenô-meno de imoral, e outros de enfermidade?

RAMATÍS: — Sob a égide da severa advertência do Cristo, em que “não julgueis para não serdes julgados”, quem julgar a situação da criatura homossexual de modo antifra-terno e mesmo insultuoso, não há dúvida de que a Lei, em breve, há de situá-lo na mesma condição desairosa, na próxi-ma encarnação, pois, também é de Lei “ser dado a cada um segundo a sua obra”.

Considerando-se nada existir com propósito nocivo, fes-cenino, imoral ou anormal, as tendências homossexuais são resultantes da técnica da própria atividade do espírito imor-tal, através da matéria educativa. Elas situam o ser numa faixa de prova ou de novas experiências, para despertar-lhe e desenvolver-lhe novos ensinamentos sobre a finalidade glo-riosa e a felicidade da individualidade eterna. Não se trata de um equívoco da criação, porquanto, não há erro nela, apenas experimento, obrigando a novas aquisições, melhores para as manifestações da vida.

Assim, o companheiro atribulado, ou de tendência homos-sexual, precisa mais do amparo educativo, da instrução espi-ritual correta referente ao entendimento dos acontecimentos reencarnatórios e da fenomenologia de provas cármicas. Os erros e acertos da alma, principalmente no campo do amor e do sexo, sejam quais forem as linhas de força dirigentes nessa ou naquela direção, são problemas que recebem a mesma análise e solução justa por parte da Lei, seja qual for a proce-dência, correta ou equivocada. São assuntos da consciência de todos os homens, pois, de acordo com a Justiça e a Sabedoria, quem ainda não passou por provas semelhantes e condena ou insulta o próximo há de enfrentá-las dia mais ou dia menos, a fim de sentir, na própria carne, não o erro do próximo, mas o remorso do mau julgamento espiritual.

PErguNTA: — Que dizeis de a homossexualidade ser um acontecimento imoral?

RAMATÍS: — É de senso comum ser a moral humana produto das tradições, costumes, preconceitos, convenções

sociais, as quais têm por objetivo a segurança, a sobrevi-vência e a proteção da sociedade. É enfim, parte da ética, que trata dos costumes, dos deveres e do modo de proceder dos homens para com os outros homens, segundo o senso de justiça e de eqüidade natural. No entanto, se deveres, obrigações e bons costumes definem a boa moral humana, verificamos que, acima da moral transitória e evolutiva das relações entre pessoas, existe a moral eterna, incluindo todos os seres do Universo, não apenas um povo, um planeta. Não é difícil observar que a mais avançada ou aparente sadia moral humana pode, muito bem, conflitar com os fundamentos preceituais da verdadeira moral e, conseqüentemente, nem sempre o que é moral aos homens, em certa cultura, seria em outra etnia e muito menos, para a moral universal.

Enquanto a moral humana é um recurso de equilíbrio, sobrevivência pacífica e disciplina entre os cidadãos, tendo por apanágio o acatamento às leis, costumes, preceitos sociais, res-peito à propriedade alheia, vivência regrada sem licenciosida-de pelos bons hábitos considerados os melhores no momento, a Moral Universal é fundamentada, exclusivamente, no Amor. Imoral, portanto, é todo cidadão encarnado que falta com o preceito fundamental da vida espiritual superior — o Amor. Se a homossexualidade é imoral, pelos conceitos passageiros da moral humana, também são imorais os cidadãos que julgam seus irmãos, incorrendo culposamente na falta de Amor.

Sob a Luz do EspiritismoRamatís / Hercílio Maes

Editora do ConhECimEnto

8 Conhecendo a Doutrina Espírita

Solicite seu informativo por e-mail. Escreva para: [email protected]

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.

3. Jesus não veio revogar a Lei, ou melhor, a Lei de Deus. Ao contrário, veio cumpri-la e dar-lhe o seu verdadeiro sen-tido, ajustando-a ao grau de adiantamento dos homens. Eis por que encontramos nessa Lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo; princípio este que constitui a base de Sua doutrina. Quanto às leis de Moisés, estas sim Jesus modificou profundamente, tanto na essência como na forma, combatendo sem cessar o excesso de práticas exterio-res e as falsas interpretações. E não lhes podia ter promovido uma reforma mais radical do que a que se resume nestas pa-lavras: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao teu próximo como a ti mesmo”, concluindo-a, ao dizer: “Eis aí toda a Lei e os profetas”.

Com estas palavras: “O Céu e a Terra não passarão sem que tudo seja cumprido, até um único jota”, Jesus quis dizer que era preciso que a Lei de Deus fosse con-sumada, ou melhor, que fosse praticada sobre toda a Terra, em toda a sua pureza, com todos os seus desdobramentos e todas as suas con-sequências, pois de que adiantaria ter esta-belecido essa Lei, se ela privilegiasse apenas alguns homens, ou mesmo um único povo? Sendo filhos de Deus, todos os homens, sem distinção, são objeto da mesma atenção.

4. Mas o papel de Jesus não foi simples-mente o de um legislador moralista, sem ou-tra autoridade além de Sua palavra. Ele veio cumprir as profecias que anunciaram a Sua vinda. Sua autoridade provinha da natureza excepcional de Seu espírito e de Sua missão divina. Ele veio ensinar aos homens que a ver-dadeira vida não está na Terra, mas no reino dos Céus. Veio ensinar aos homens o cami-nho que os conduzirá até lá, os meios de se reconciliarem com Deus, e preveni-los sobre a marcha dos acontecimentos que irão ocorrer para o cumprimento dos destinos humanos.

Entretanto, Jesus não disse tudo. E, com relação a muitos pontos, limitou-Se a lançar as sementes das verdades que, segundo Ele, ainda não podiam ser compreendidas naquela época. Falou de tudo, mas utilizou termos ora mais ora menos explícitos. Assim, para captar o sentido oculto de determinadas palavras, se-ria preciso que novas idéias e novos conheci-mentos viessem dar-lhes a “chave elucidativa”. E essas idéias só poderiam surgir depois que o espírito humano adquirisse um certo grau de maturidade. A ciência deveria contribuir deci-sivamente para a eclosão e o desenvolvimento dessas idéias. Seria preciso, pois, dar à ciência tempo para progredir.