GÊNERO ENTREVISTA Profª Maiara Segato. O que é o gênero entrevista : É um gênero jornalístico...

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• O que é o gênero entrevista :

É um gênero jornalístico caracterizado pela alternância de perguntas e respostas, que reproduzem tão fielmente quanto possível uma conversa entre entrevistador e entrevistado.

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• O gênero entrevista poder ter duas finalidades:

a) Dar a conhecer a opinião de uma figura pública sobre um tema da atualidade. Esta opinião pode ser importante por duas razões:

1) Porque o tema é relevante e universal2) Porque o entrevista tem relevância especial, por sua

conduta história e etc. em relação ao tema em questão.b) Dar a conhecer a importância de uma

personalidade, instituição ou circunstância que, embora não sendo do conhecimento geral, tenha vindo a assumir pelo seu trabalho ou impacto uma relevância que justifique sua divulgação.

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• As entrevista podem ser de dois tipos:

a) Oral b) Escrita

Para todas as entrevistas, é fundamental a elaboração de um guião que oriente o processo de entrevista.

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•A estrutura da entrevista compreende 3 momentos: 1. Introdução – breve apresentação do entrevistado

ou das circunstâncias que levaram à entrevista2. Corpo da entrevista - perguntas do(s)

entrevistador(es), ordenadas de maneira lógica, e respostas do(s) entrevistado(s),

3. Conclusão – breve opinião do entrevistador sobre as questões abordadas ou um apontamento sobre o tema/entrevistado.

Se escrita, a entrevista é, geralmente, precedida por um título e, por vezes, por um subtítulo.

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• O gênero entrevista pressupõe um guião (base da condução da entrevista). O guião deve respeitar os seguintes procedimentos:

1. Definição de um tema 2. Escolha do entrevistado 3. Escolha do entrevistador4. Elaboração das perguntas

a) As perguntas devem ser organizadas sequencialmente, respeitando uma ordem lógica.

b) As perguntas devem ser claras e objetivas.c) O registro linguístico deve ser adaptado ao entrevistado.d) As perguntas não podem fugir ao tema central

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• Existem várias regras a serem utilizadas para que a entrevista esteja completa, entre elas:

1. formular perguntas adequadas ao tema e de acordo com os objetivos previamente definidos;

2. fazer perguntas que tenham em consideração o contexto (espaço e tempo);

3. fazer perguntas que levem em consideração as características da pessoa entrevistada (níveis etário e sociocultural, personalidade, etc.).

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• Numa boa entrevista:

1. É de toda utilidade recorrer a perguntas abertas do tipo “Qual é a sua opinião sobre...?” e a perguntas fechadas do tipo “Quem vai escolher para fazer o prefácio do seu próximo livro...?”.

2. O entrevistado deve ser conduzido a revelar aquilo que se pretende saber.

3. Não emitir opiniões nem fazer juízos de valor sobre as respostas do entrevistado, mais do que uma regra é uma questão de bom senso.

A linguagem deve ser clara e de fácil compreensão, mas pode variar no grau de formalidade, em função do contexto e dos

participantes da entrevista.

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Texto 1: Entrevista - Gabriel ‘O pensador’

http://pt.wikiquote.org/wiki/Gabriel,_O_Pensador.

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Para “Gabriel, o pensador”, rap no Brasil tem mais essência que nos EUA

“Gabriel, o pensador” está com 28 anos, casado e com um filho, Tom, de nove meses, que já ganhou um violãozinho. O garoto vai para a turnê, assim como a mulher, que é cantora de seu grupo. Logo mais, Tom terá de receber um cachê - e o rapper ri com a sugestão. Rindo, ele também está na capa de seu novo CD, um MTV Ao Vivo, que reúne todos os seus hits (e são vários) e até algumas inéditas, como a continuação Retrato de um Playboy - Parte II.

A música continua pegando pesado com os "filhinhos de papai" e Gabriel descobriu que ultimamente eles andam batendo até em mulher. O rapper não corre o risco de se ver ameaçado pelos playboys? "Eles não querem vestir a carapuça. Quero fazer uma crítica construtiva, mas não acho que minha música vá mudar o comportamento dos caras", explica o cantor ao Terra.

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O show do MTV Ao Vivo é muito diferente do seu show normal de turnê?

É um show novo que nós inventamos só para fazer o disco e a nova turnê. De cara eu achei importante fazer isso, já que tinha algumas coisas diferentes dos CDs na antiga turnê, como o FDP3, que é muito diferente da original. Outras coisas tornamos diferentes, às vezes intencionalmente. Como pintaram alguns músicos novos, como o tecladista cubano Pepe, eles acabaram interpretando as músicas de outra forma - e o repertório mudou bastante. Começamos a ensaiar um bloco acústico, aí o Ciro (baixista) lembrou que havíamos feito um especial para a Globo dessa maneira e nunca mais seguimos pelo mesmo caminho. Tem flauta nas cinco primeiras músicas. Ao longo desses anos, fui aprendendo a importância da parte musical. Quanto mais caprichamos, mais a letra ganha, pois a música também passa uma ideia.

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Você conhece os Racionais? Se dá bem com eles?

Conheço. Existe uma relação, mas com quem tenho mais contato de amizade mesmo é com o Tito, que participa do meu CD. Tem o MV Bill, que começou na mesma época que eu. Temos um contato legal, nos falamos de tempos em tempos. O Tito é mais amigo, e ele tem um projeto maneiro na Funabem, na casa de detenção, e cheguei a ir lá um dia desses conhecer o projeto.

Nos EUA tem um rapper assumidamente gay chamado Caushun, algo raro por lá. E os rappers americanos, que são ultramachistas, meio que colocam o cara debaixo do tapete. Não é estranho o papo libertador, social e politicamente engajado deles e essa atitude homofóbica?

Os rappers americanos nem têm mais esse engajamento. Se perdeu muito desse lado que era original, legal. Isso lá fora. Aqui no Brasil, não, continua maneiro. Lá a essência se perdeu por causa de um trabalho repetitivo, sem originalidade. Musicalmente ainda tem uns lances legais.

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E no Brasil, não corremos o risco de ir para o mesmo caminho?

No Brasil o cara faz o rap querendo passar alguma coisa. Independente do estilo, quase todos querem passar alguma coisa legal. Não é uma coisa só de protesto, com temas repetitivos. Aqui tentamos caprichar no conteúdo das letras. Lá fora é sem conteúdo, um "free style" vazio - e a galera se amarra!

http://www.terra.com.br/musica/2003/02/21/000.htm,.

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Texto 2: Entrevista - Fernando Haddad, Ministro da Educação

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Haddad.

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Entrevista: Fernando Haddad Longe dos dogmas O ministro da Educação diz que o Brasil precisa de maispragmatismo e menos ideologia para melhorar o ensino

Do gabinete do ministro da Educação, Fernando Haddad, 44 anos, saiu um projeto para o Brasil que, de saída, conseguiu o feito raro de agradar a especialistas de diversos matizes ideológicos. O mérito do plano foi criar um indicador que permite comparar o desempenho das escolas brasileiras de modo que as piores possam ser cobradas com base em metas e as melhores sejam premiadas. O princípio, portanto, é o da meritocracia, o mesmo que em outros países ajudou o sistema educacional a atingir altos níveis de qualidade. Diz Haddad: "A obrigação de toda pessoa de bom senso é se inspirar no que funciona bem em outros lugares". Por essas e outras, o ministro, que é filiado ao PT desde 1983, mereceu críticas de militantes. Formado em Direito e com mestrado em Economia, ambos pela Universidade de São Paulo (USP), Haddad chegou a Brasília em 2003, como assessor no Ministério do Planejamento, e há dois anos comanda a Pasta da Educação. Casado e pai de dois filhos, ele diz que os grandes problemas da educação brasileira podem ser definitivamente erradicados no prazo de duas décadas.

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Veja – O senhor concorda com os educadores segundo os quais as escolas no Brasil estão passando uma visão retrógrada do mundo a seus alunos? Haddad – Isso acontece, sim. Um problema evidente é o dogmatismo que chega a algumas salas de aula do país. Ele exclui da escola a diversidade de ideias na qual ela deveria estar apoiada, por princípio, e ainda restringe a visão de mundo à de uma velha esquerda. Não é para esse lado, afinal, que o mundo caminha. Sempre digo que, em uma igreja ou em um partido político, as pessoas têm o direito de promover a ideologia que bem entenderem, mas nunca em uma sala de aula. A obrigação da escola é formar pessoas autônomas – capazes, enfim, de compreender de modo abrangente o mundo em que vivem. Todo procedimento que mutila isso é incompatível com um bom processo de aprendizado. Em suma, educação não combina com preconceito.

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Veja – Por que, então, o MEC aprova livros didáticos com esse viés? Haddad – Temos um sistema de escolha dos livros didáticos com o qual, em tese, especialistas de diferentes matizes ideológicos concordam. É simples. Mandamos os livros para as melhores universidades públicas do país, e são os professores escolhidos por elas que opinam. Depois, as escolas escolhem os livros da lista que consideram mais apropriados. Nesse sistema, portanto, o MEC não atua como um censor com superpoderes, mas, sim, delega a tarefa a um conjunto de pessoas qualificadas para executá-la. Não inventamos essa fórmula. A avaliação de trabalhos acadêmicos feita por pares funciona em vários países desenvolvidos – e aliás muito bem.

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Veja – O fato de livros de conteúdo dogmático passarem por essa peneira não é um sinal, então, de que o sistema não funciona? Haddad – Todo sistema dessa natureza tem falhas, e o do MEC não é exceção. A meu ver, no entanto, o problema não é propriamente com o modelo que implantamos, mas justamente com a visão dogmática que ainda circula em parte do meio acadêmico. O tipo de material didático que chega à sala de aula é, afinal, reflexo de um modo de pensar próprio de uma parcela da intelectualidade brasileira, em todos os níveis. Reafirmo minha opinião sobre o assunto. Eu acho que cada um deve ter suas convicções e crenças, mas, de novo, quando se fala de educação, é preciso ser mais pluralista, ir de A a Z no espectro ideológico – senão, simplesmente não dá certo.

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Veja – O Brasil historicamente se sai mal em relação aos outros países nos rankings que medem a qualidade de ensino. Qual a explicação para isso?

Haddad – Tenho visitado escolas públicas no país inteiro nesses últimos meses. Observo, por exemplo, que assuntos capitais do século XX, como as duas grandes guerras mundiais ou a queda do Muro de Berlim, passam ao largo de uma discussão mais atual – não só nos livros mas também nas aulas. Parece-me que ninguém até este momento parou para estudar alguns dos capítulos cruciais da história recente da humanidade sob uma perspectiva contemporânea. É claro que isso faz cair o nível das aulas. É preciso ressaltar, no entanto, que a educação no Brasil pena com algo ainda mais básico, que é o preparo dos professores. Temos um claro déficit de pessoal realmente capacitado para ensinar as crianças.

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Veja – Qual a real dimensão desse problema? Haddad – Fizemos um levantamento cuja conclusão é desastrosa para o país. Ele mostra, por exemplo, que o número de físicos formados no Brasil nas últimas três décadas não é suficiente para atender a um terço da demanda atual das escolas. É isso mesmo: sete de cada dez pessoas que entram em sala de aula no Brasil para ensinar a matéria não fizeram o curso de física na universidade. Essa é a realidade de muitas das crianças brasileiras, sobretudo nas escolas públicas. Em outras matérias na área de ciências, como química e matemática, o mesmo e desanimador cenário se repete.

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Veja – O que fazer para mudar isso? Haddad – Acho que é necessário criar incentivos para que as pessoas se interessem por essas carreiras. A primeira das medidas nas quais aposto nesse sentido é a distribuição de novas bolsas de iniciação científica. A outra é mais do que dobrar o número de escolas técnicas de nível superior do país, o que já está previsto. Com cursos de duração mais curta e direcionados para o mercado de trabalho, essas escolas conseguiram em outros países massificar o número de pessoas com nível superior em todas as áreas. Tudo isso é urgente para nós. No mês passado, a OCDE (organização que reúne países da Europa e os Estados Unidos) divulgou um trabalho que revela que os países do Primeiro Mundo formam todo ano duas vezes mais jovens em áreas de ciências do que o Brasil. Isso mostra que nos distanciamos ainda mais do Primeiro Mundo. Mesmo assim, é preciso que se faça a ressalva, o Brasil tem excelência na produção científica. Digo isso com base nos melhores indicadores internacionais disponíveis.

http://veja.abril.com.br/171007/entrevista.shtml. Trecho. Acesso: 12/09/10.

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• Depois de estudar o gênero entrevista (forma, função e variação) e de ler as entrevistas de “Gabriel O pensador” e de “Fernando Haddad”, estabeleça uma comparação entre essas entrevistas, focalizando:

1. Estrutura,2. Perfil do entrevistador,3. Perfil do entrevistado,4. Contexto sociodiscursivo,5. Uso da linguagem, observando a variação no uso da língua

em ambas as entrevistas, em função do perfil do interlocutores (sobretudo do entrevistado) e do contexto sociodiscursivo.