GEOINDICADORES DE EROSÃO E ACUMULAÇÃO DAS PRAIAS DO ... · ix RESUMO O litoral do município de...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA GEOINDICADORES DE EROSÃO E ACUMULAÇÃO DAS PRAIAS DO MUNICÍPIO DE ARACAJU - SERGIPE MANUELA GAVAZZA DA SILVA Orientadora: Profa. Dra. Ana Cláudia da Silva Andrade DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias São Cristóvão - SE 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

GEOINDICADORES DE EROSÃO E ACUMULAÇÃO DAS PRAIAS DO MUNICÍPIO DE ARACAJU -

SERGIPE

MANUELA GAVAZZA DA SILVA

Orientadora: Profa. Dra. Ana Cláudia da Silva Andrade

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias

São Cristóvão - SE 2014

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MANUELA GAVAZZA DA SILVA

GEOINDICADORES DE EROSÃO E ACUMULAÇÃO DAS PRAIAS DO MUNICÍPIO DE ARACAJU - SERGIPE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geociências e Análise de Bacias da

Universidade Federal de Sergipe, como requisito

para obtenção do título de Mestre em Geociências.

Orientadora: Dra. Ana Cláudia da Silva Andrade

São Cristóvão - SE 2014

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S586g

Silva, Manuela Gavazza da Geoindicadores de erosão e acumulação das praias do Município de Aracaju – Sergipe / Manuela Gavazza da Silva ; orientadora Ana Cláudia da Silva Andrade. – São Cristóvão, 2014.

71 f. : il.

Dissertação (mestrado em Geociências) – Universidade Federal de Sergipe, 2014.

1. Costa – Aracaju (SE). 2. Litoral – Transformações. 3. Erosão de praias. 4. Solo – Uso – Planejamento. I. Andrade, Ana Cláudia da Silva, orient. II. Título.

CDU 551.435.36(813.7)

iv

MANUELA GAVAZZA DA SILVA

GEOINDICADORES DE EROSÃO E ACUMULAÇÃO DAS PRAIAS DO MUNICÍPIO DE ARACAJU - SERGIPE

Dissertação apresentada à Universidade Federal de

Sergipe, como requisito para obtenção do título de

Mestre em Geociências.

Aprovada em: 28/04/2014

BANCA EXAMINADORA

São Cristóvão - SE Abril - 2014

v

À minha filha Maria Clara, o meu bem mais precioso,

com amor, dedico.

vi

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Dra. Ana Cláudia da Silva Andrade, pelo conhecimento

transmitido, por dispor do seu tempo com dedicação e paciência. Sou muito grata!

À banca examinadora da Dissertação de Mestrado, doutoras Daniela Apoluceno de

Mello e Maria de Lourdes da Silva Rosa, pelas valiosas críticas e sugestões. A banca

examinadora do Exame de Qualificação, doutoras Alina Sá Nunes e, novamente, Maria de

Lourdes Rosa, pela valiosa contribuição.

Ao coordenador do PGAB, professor Dr. Herbet Conceição, sempre solícito nos

momentos em que precisei.

Aos professores do PGAB, que contribuíram para a minha formação ao longo do

mestrado, em especial a professora Dra. Aracy de Sousa Senra pelas dicas nas

disciplinas Seminários I e II.

À minha orientadora de iniciação científica, mestre e amiga, Ana Amelia de Oliveira

Lavenère Wanderley, professora da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus - BA,

pela importância que teve no meu processo inicial de construção na ciência.

Aos companheiros de campo: Tais Kalil (amiga de outrora e “mana véa”. Valeu pelo

apoio e força constantes!), Luciana Vieira (“maninha caçula”), Albérico Blohem (meu

esposo) e Fábio Martins pela força e bom auxílio.

Aos colegas de curso pela agradável convivência, especialmente Isabela Barboza

uma companheira sempre presente.

Ao PGAB/UFS e ao DGEOL/UFS, pelo apoio financeiro e logístico para a execução

desta pesquisa e à Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica do Estado de

Sergipe (FAPITEC), pela concessão da bolsa de mestrado.

E por fim, mas não por último...

Aos meus pais, Joaquim e Bete, sem eles eu não estaria aqui! Pelo amor e apoio

constante, mesmo estando distantes fisicamente; e meus irmãos Rafael (in memorian),

Felipe e Joaquim Filho por fazerem parte da minha história.

À minha tia querida, Ana, pelo seu amor e querer bem, sempre na torcida em me ver

vitoriosa.

A meu avô Manoel, a quem o meu nome é uma homenagem (e me sinto honrada

por isto!), pelas conversas da história de sua vida, que me valem como preciosos

ensinamentos.

vii

À minha família, Albérico, meu esposo, por ser um companheiro e amigo, me dando

ânimo e força nos momentos não tão fáceis; e a minha filha Maria Clara, por fazer da

minha vida mais feliz e cor de rosa e a quem dedico esse trabalho!

Às amigas Ariane Bulhões e Renata Maia pelo grande auxílio com a minha filha nos

momentos em que precisei ao longo deste período.

À Força Criadora, por me conceder o merecimento de estar aqui nesta caminhada,

rumo à evolução!

Enfim, a todos aqueles que me apoiaram e torceram por mim, o meu sincero

sentimento de gratidão.

viii

"Obstáculo é aquilo que você enxerga quando tira os

olhos do seu objetivo.”

Henry Ford (1863 – 1947)

ix

RESUMO

O litoral do município de Aracaju, Sergipe, com cerca de 24 km de extensão, é limitado a

norte pela desembocadura do rio Sergipe e a sul pela desembocadura do rio Vaza-Barris.

Neste trabalho foram estudadas 7 praias do litoral de Aracaju (Mosqueiro, Refúgio,

Náufragos, Robalo, Aruana, Atalaia e Artistas), totalizando 24 pontos amostrais. O

objetivo dessa dissertação de mestrado é caracterizar o processo de erosão e de

acumulação do litoral do município de Aracaju através da utilização de geoindicadores de

erosão e de acumulação costeira. A metodologia incluiu campanhas de campo no período

chuvoso (agosto/2012) e no período seco (fevereiro/2013), espacialização dos dados de

geoindicadores, e mapeamento da ocupação humana e elaboração dos mapas de

vulnerabilidade e risco à erosão costeira no programa ArcGis 9.3.1. O litoral de Aracaju

caracteriza-se por apresentar praias, oceânicas e de desembocadura, bordejadas por

depósitos sedimentares quaternários, predominantemente de origem eólica (dunas

frontais), e por estruturas antrópicas de contenção à erosão costeira. O processo erosivo

é mais efetivo nas praias situadas nas áreas contíguas às desembocaduras dos rios

Sergipe (Praia dos Artistas) e Vaza-Barris (Praias do Mosqueiro), e no meio do arco praial

(Praias do Refúgio e dos Náufragos, no período chuvoso). O nível de ocupação é alto nas

praias da Atalaia e dos Artistas, e inexistente nas praias do Mosqueiro. A vulnerabilidade

à erosão costeira é alta a moderadamente alta nas praias dos Artistas, do Mosqueiro, do

Refúgio, dos Náufragos, da Aruana e da Atalaia; e moderadamente baixa a baixa nas

demais praias. Em função do grau de vulnerabilidade à erosão costeira e do nível de

ocupação humana, o risco à erosão costeira é alto na praia dos Artistas e

moderadamente alto nas praias do Refúgio, dos Náufragos e da Atalaia; e

moderadamente baixo a baixo nas demais praias. Apesar do litoral de Aracaju apresentar

risco elevado apenas na praia dos Artistas, atenção deve ser dada nas áreas mais

vulneráveis à erosão em função da intensificação do processo de ocupação humana

ocorrida nas últimas décadas. Os resultados deste estudo fornecem subsídios ao

planejamento ambiental da área investigada, principalmente no que diz respeito à

ocupação humana próxima à linha de costa.

Palavras-chave: linha de costa, ocupação humana, risco, vulnerabilidade.

x

ABSTRACT

The coastline of the city of Aracaju in Sergipe/Brazil, extending approximately for 24 km, is

limited by the mouth of the Sergipe river in the north and the mouth of Vaza-Barris river in

the south. In this work 7 beaches along Aracaju littoral were studied (Mosqueiro, Refúgio,

Náufragos, Robalo, Aruana, Atalaia and Artistas), comprising 24 sampling points. The

purpose of this dissertation is to outline the erosion and accretion processes of the Aracaju

coastal area by using geoindicators of coastal erosion and accretion. The methodology

included field campaigns over rainy (Aug/12) and dry (Feb/13) seasons, spatial

geoindicators data, human settlement mapping and the development of coastal erosion

vulnerability and risk maps using the ArcGIS 9.3.1 program. The Aracaju coastal area is

characterized by beaches (ocean and estuary), surrounded by Quaternary sedimentary

deposits predominantly from wind (foredune) and, by anthropogenic containment

structures against coastal erosion. The erosion process is more effective on the beaches

situated in contiguous areas to the mouths of Sergipe River (“Praia dos Artistas”), Vaza-

Barris River (“Praia do Mosqueiro”) and in the middle of the beach arc (“Praia do Refúgio”

and “Praia dos Náufragos”, in the rainy season). The settlement level is high on the

beaches of “Praia da Atalaia”, “Praia dos Artistas”, and non-existent on the beach of “Praia

do Mosqueiro”. The coastal erosion vulnerability is high to moderately high on the beaches

of “Praia dos Artistas”, “Praia do Mosqueiro”, “Praia do Refúgio”, “Praia dos Náufragos”,

“Praia da Aruana” and “Praia da Atalaia”; and moderately low to low in the other beaches.

Depending on the coastal erosion vulnerability index and the human settlement level, the

risk of coastal erosion is high on the beach of “Praia dos Artistas” and moderately high on

the beaches of “Praia do Refúgio”, “Praia dos Náufragos” and “Praia da Atalaia”; and

moderately low to low in the other beaches. Although the coast of Aracaju pointed out a

high risk just on the beach “Praia dos Artistas”, attention should be given to areas most

vulnerable to erosion due to the intensification of human settlement over recent decades.

The results of this study provide baseline information for environmental planning in the

area analyzed, especially with regard to the human settlement near to the shoreline.

Keywords: shoreline, human settlement, risk and vulnerability.

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da área de estudo: A) Estado de Sergipe no Brasil; B) município de Aracaju no Estado de Sergipe; C) praias situadas entre as desembocaduras dos rios Sergipe e Vaza–Barris, Aracaju – SE. ..

05

Figura 2 - Localização das bacias hidrográficas dos rios do Estado de Sergipe (modificado de http://www.semarh.se.gov.br). O município de Aracaju está inserido entre as bacias dos rios Sergipe e Vaza-Barris. .............

07

Figura 3 - Geologia-geomorfologia do município de Aracaju - SE (modificado de Bittencourt et al., 1983 e adaptado de Rodrigues, 2008). ....................

09

Figura 4 - Pontos de coleta dos dados de geoindicadores no município de Aracaju – SE. ........................................................................................

17

Figura 5 - Comportamento da linha de costa no município de Aracaju – SE, nos períodos chuvoso (agosto/2012) e seco (fevereiro/2013). As setas indicam o sentido da corrente longitudinal. ..........................................

22

Figura 6 - Geoindicadores de linha de costa em erosão severa no litoral do município de Aracaju – SE. A: pista danificada; B: restos de estrutura de contenção na praia; C: praia seca estreita e escarpa na linha de costa e D: ausência de duna frontal e poste na praia (Praia do Mosqueiro, entre os pontos 3 e 4). E e F: ausência de praia seca e presença de estruturas de contenção (Praia dos Artistas, ponto 24). A, D e E: fotos do período chuvoso; B, C e F: fotos do período seco. .

23

Figura 7 - Geoindicadores de linha de costa em erosão no litoral do município de Aracaju – SE. A: presença de lama de manguezal aflorando na praia e B: escarpa no depósito de manguezal. A e B situam-se na Praia do Mosqueiro (ponto 2). C: duna frontal interrompida e escarpada (Praia do Mosqueiro, ponto 5). D: escarpa ativa e escarpa vegetada na duna frontal (Praia do Refúgio, ponto 11). Observe a ausência de praia seca em C e D. A, C e D: fotos do período chuvoso; B: foto do período seco. ........................................................

24

Figura 8 - Geoindicadores de linha de costa em acumulação no litoral do município de Aracaju – SE. Praia larga com berma bem desenvolvida. Praia da Atalaia (ponto 22). Foto do período seco. .......

25

Figura 9 - Geoindicadores de linha de costa em estabilidade no litoral do município de Aracaju – SE. A: presença de escarpas vegetadas e praia seca na praia do Refúgio (ponto 11) e B: atuação eólica nos sedimentos do pós-praia nas áreas contíguas à Praça de Eventos, praia da Atalaia (ponto 23). A e B: fotos do período seco. ..................

26

xii

Figura 10 - Depósitos quaternários presentes na linha de costa do município de Aracaju – SE. As setas indicam o sentido da corrente longitudinal. ....

30

Figura 11 - Altura das dunas frontais presentes na linha de costa do município de Aracaju – SE. As setas indicam o sentido da corrente longitudinal.

31

Figura 12 - Largura da duna frontal, largura do depósito topograficamente baixo situado na retaguarda da duna frontal e largura total dos depósitos quaternários presentes na linha de costa do município de Aracaju – SE. As setas indicam o sentido da corrente longitudinal. ....................

32

Figura 13 - Largura estreita das dunas frontais na Praia do Mosqueiro (ponto 4). A: imagem de satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. B: foto visada para sul (período seco). .....................................................

33

Figura 14 - Dunas frontais estreitas nas Praias dos Náufragos. A: 330 m a nordeste do ponto 12 e B: 456 m a nordeste do ponto 13. Imagens de satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. .........................

34

Figura 15 - Largura expressiva dos depósitos quaternários na Praia da Atalaia (ponto 22). A: imagem de satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. B: foto do período chuvoso e C: foto do período seco. Ambas as fotos (B e C) apresentam visada para o continente. .......................

35

Figura 16 - Presença de aterro, de estruturas de contenção e ausência de praia seca, indicando erosão severa na Praia dos Artistas (ponto 24). A: imagem de satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. B e C: fotos do período chuvoso. ....................................................................

36

Figura 17 - Nível de ocupação humana na linha de costa do município de Aracaju – SE. As setas indicam o sentido da corrente longitudinal. ....

39

Figura 18 - Nível de ocupação humana inexistente. A e B: Praias do Mosqueiro (pontos 1 e 3). Imagens de satélite de Junho/2013, extraídas do Google Earth. .......................................................................................

40

Figura 19 - Nível de ocupação humana baixo. A: Praia do Mosqueiro (ponto 5) e B: Praia do Refúgio (pontos 7). Imagens de satélite de Junho/2013, extraídas do Google Earth. ...................................................................

41

Figura 20 - Nível de ocupação humana moderado. A: Praia do Mosqueiro (ponto 6) e B: Praia do Refúgio (ponto 11). Imagens de satélite de Junho/2013, extraídas do Google Earth. ..............................................

42

Figura 21 - Nível de ocupação alto. Praias da Atalaia: A: Praia da Atalaia (ponto 22) e B: Praia dos Artistas (ponto 24). Imagens de satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. ..............................................

43

xiii

Figura 22 - Figura 23. Nível de ocupação alta devido ao TECARMO, na Praia da Atalaia (ponto 19). A: imagem de satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. B: foto do período seco (visada para o continente). ......

44

Figura 23 - Barracas de praia construídas sobre dunas frontais no litoral do município de Aracaju. A e B: Praia do Refúgio (ponto 11), do período chuvoso (visada para sul) e do período seco (visada para norte), respectivamente. C e D: Praia dos Náufragos (ponto 13), do período chuvoso (visada para norte) e do período seco (visada para o continente), respectivamente. E e F: Praia da Aruana (ponto 18), do período chuvoso (visada para o continente) e do período seco (visada para sul). ..................................................................................

45

Figura 24 - Restos de estruturas de contenção na praia do Mosqueiro. A: imagem de satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. B: restos da Rodovia José Sarney. B e C: fotos do período chuvoso (visadas para sul). ................................................................................

49

Figura 25 Grau de vulnerabilidade à erosão costeira na linha de costa do município de Aracaju – SE, nos períodos chuvoso (agosto/2012) e seco (fevereiro/2013). As setas indicam o sentido da corrente longitudinal. ..........................................................................................

52

Figura 26 Grau de risco à erosão costeira na linha de costa do município de Aracaju – SE, nos períodos chuvoso (agosto/2012) e seco (fevereiro/2013). As setas indicam o sentido da corrente longitudinal. ......................................................................................

56

Figura 27 Mapas temáticos do litoral do município de Aracaju e sua integração. A: Comportamento da linha de costa; B: Nível de ocupação; C: Grau de vulnerabilidade à erosão costeira e D: Grau de risco à erosão costeira. ...............................................................

61

xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Geoindicadores do comportamento a linha de costa, adaptados de Bush et al. (1999), para a realidade do município de Aracaju – SE. .................... 18

Tabela 2: Grau de vulnerabilidade à erosão costeira na linha de costa do município

de Aracaju – SE, de acordo com os principais parâmetros ambientais para cada ponto de coleta. ............................................................................... 50

Tabela 3: Matriz Grau de Vulnerabilidade x Nível de Ocupação, para classificação de

risco à erosão costeira. ............................................................................ 53 Tabela 4: Grau de risco à erosão costeira na linha de costa do município de Aracaju

– SE, a partir da matriz Grau de Vulnerabilidade x Nível de Ocupação. 55

xv

LISTA DE SIGLAS

Cogeoenvironment Comissão de Ciências Geológicas para o Planejamento

Ambiental

DHN Diretoria de Hidrografia e Navegação

E Leste

FAPITEC Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica do

Estado de Sergipe

GC1 Grupo de Bacias Costeiras 1

GC2 Grupo de Bacias Costeiras 2

GPS Sistema de Posicionamento Global (Global Positional System)

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

IUGS União Internacional de Ciências Geológicas

MMA Ministério do Meio Ambiente

N Norte

NE Nordeste

PGAB Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de

Bacias

SAD 69 South American Datum

SE Sudeste

SEMARH Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos

SRH Superintendência de Recursos Hídricos

SW Sudoeste

TECARMO Terminal de Carmópolis

UFS Universidade Federal de Sergipe

UTM Universal Transverse de Mercator

xvi

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 01

1.1 Trabalhos Realizados na Área Estudada ...................................................... 02

1.2 Objetivos ....................................................................................................... 03

1.3 Justificativa .................................................................................................... 04

CAPÍTULO 2

2. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL .................................................................... 05

2.1 Localização da Área de Estudo ..................................................................... 05

2.2 Características Climáticas ............................................................................. 06

2.3 Características Oceanográficas .................................................................... 06

2.3.1 Ondas, Correntes e Marés ....................................................................... 06

2.4 Hidrografia ..................................................................................................... 07

2.5 Geologia e Geomorfologia ............................................................................ 08

CAPÍTULO 3

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 10

3.1 Praia, Linha de Costa e sua Variabilidade ..................................................... 10

3.2 Geoindicadores de Erosão e Acumulação Costeira ...................................... 10

3.3 Vulnerabilidade e Risco à Erosão Costeira ................................................... 14

CAPÍTULO 4

4. METODOLOGIA .............................................................................................. 15

4.1 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................... 15

4.2 Trabalho de Campo ....................................................................................... 15

4.3 Geoprocessamento de Dados ....................................................................... 15

4.3.1 Espacialização dos Dados de Geoindicadores ........................................ 15

4.3.2 Mapeamento do Nível de Ocupação ........................................................ 16

4.5 Vulnerabilidade e Risco à Erosão Costeira ................................................... 16

xvii

CAPÍTULO 5

5. GEOINDICADORES DE EROSÃO E ACUMULAÇÃO NO MUNICÍPIO DE

ARACAJU – SE ..............................................................................................

19

5.1 Linha de Costa com Erosão Severa .............................................................. 20

5.2 Linha de Costa com Erosão .......................................................................... 20

5.3 Linha de Costa com Acumulação .................................................................. 20

5.4 Linha de Costa com Estabilidade .................................................................. 21

CAPÍTULO 6

6. DEPÓSITOS QUATERNÁRIOS QUE BORDEJAM AS PRAIAS DO

MUNICÍPIO DE ARACAJU – SE .....................................................................

27

CAPÍTULO 7

7. NÍVEIS DE OCUPAÇÃO NO LITORAL DE ARACAJU – SE EM 2013 ........... 37

CAPÍTULO 8

8. VULNERABILIDADE E RISCO À EROSÃO COSTEIRA NO MUNICÍPIO DE

ARACAJU – SE ..............................................................................................

46

8.1 Vulnerabilidade à Erosão Costeira ................................................................ 46

8.2 Risco à Erosão Costeira ................................................................................ 53

CAPÍTULO 9

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 62

ANEXOS .................................................................................................................... 68

1

CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

A zona costeira caracteriza-se pela enorme complexidade e dinamismo dos

elementos que a compõem. Os diversos ambientes costeiros encontram-se na zona de

transição entre os processos verificados no continente e no oceano. As constantes

modificações da linha de costa dependem de fatores climáticos, energia das ondas,

correntes e marés, da inclinação do fundo marinho e, em outra escala de observação, das

variações relativas do balanço entre o nível do mar global e o aporte de sedimentos.

Essas modificações ocorrem em diferentes escalas tempo – espaciais (FRENCH,

2001). A ação antrópica, dada, por exemplo, devido a instalação de estruturas protetoras,

dragagem, modificação de rios, remoção da vegetação do pós-praia, entre outros, é

também um dos fatores que interfere nas modificações da linha de costa, podendo ser um

intensificador dos processos naturais que acontecem na costa.

Independente da causa, as praias e as linhas de costa estão permanentemente se

adaptando às mudanças oceanográficas, meteorológicas e a qualquer mudança no

balanço sedimentar, buscando manter o equilíbrio dinâmico. O balanço de sedimentos é

definido pelo volume de sedimentos que entra e sai de um determinado segmento da

costa (BIRD, 2008). Dessa forma, quando o aporte de sedimentos é maior do que as

perdas, ocorre deslocamento da linha de costa no sentido do mar. O recuo da linha de

costa ocorre, ao contrário, quando a perda de sedimentos supera o aporte destes. Assim,

o ambiente praial está sempre recebendo e perdendo sedimentos decorrentes de diversas

causas.

Existem algumas abordagens nos estudos das modificações no posicionamento da

linha de costa. A longo prazo, o estudo da evolução paleogeográfica permite analisar o

comportamento geral da linha de costa (DOMINGUEZ & BITTENCOURT,1996). Os

modelos numéricos permitem definir os padrões de dispersão de sedimentos e a

distribuição da energia da onda ao longo da costa a partir da elaboração de diversos

cenários de ondas (BITTENCOURT, et al. 2002, 2005). A análise multitemporal da linha

de costa é utilizada na identificação da tendência a médio prazo: erosão, progradação ou

alta variabilidade (STIVE et al., 2002).

2

Outro tipo de abordagem inclui o uso de geoindicadores de erosão e acumulação.

Esta abordagem foi apontada por Bush et al. (1999) como sendo uma alternativa viável

para o estudo de curto prazo, pois identifica um conjunto mínimo de parâmetros (largura

da praia, declividade da face de praia, etc.) que evidenciam a dinâmica da praia e da linha

de costa.

O geoindicador é uma feição, geomorfológica ou não, que indica um processo

geológico como, por exemplo, erosão ou acumulação. Pode ser aplicado em qualquer

ambiente, desde que se tenha um conhecimento prévio dos problemas que nele ocorrem

(BUSH et al., 1999). É uma ferramenta considerada prática para uma ampla gama de

profissionais ambientais (BERGER, 1996). Também é eficiente para o monitoramento e

avaliação de riscos costeiros, uma vez que possibilita obter respostas rápidas, além de

apresentar baixo custo no levantamento de dados.

A utilização dos dados provenientes de geoindicadores pode ser útil na elaboração

de mapas de vulnerabilidade e risco à erosão costeira, uma vez que esta metodologia

tende a ser favorável ao entendimento dos processos que vem atuando na costa e,

consequentemente, dos perigos ao qual a mesma está sujeita.

1.1 Trabalhos Realizados na Área Estudada

Alguns trabalhos analisaram a evolução da linha de costa no litoral de Aracaju - SE a

longo, médio e curto prazo. Bittencourt et al. (1983) estudaram o comportamento da linha

de costa a longo prazo e, através da evolução paleogeográfica, reconstituíram as

posições da linha da costa do Estado de Sergipe no período do Quaternário. Dominguez

& Bittencourt (1996) mostraram que a tendência geral da linha de costa do Estado de

Sergipe foi de progradação durante o Quaternário.

Oliveira (2003) realizou o mapeamento multitemporal da linha de costa de Sergipe e

mesmo não tendo utilizado o termo geoindicador em seus estudos, empregou essa

metodologia. Além disso, realizou modelagens dos padrões de refração de ondas e

dispersão de sedimentos ao longo da linha de costa, utilizando o pacote Mike 21®. Este

estudo contribuiu para a compreensão dos processos de erosão costeira que ocorrem ao

longo do litoral de Sergipe (MMA, 2006).

Rodrigues (2008) enfocou principalmente as variações morfológicas, em escalas de

médio e longo prazo da linha de costa, associadas às desembocaduras dos rios Sergipe,

Vaza-Barris e Piauí/Real. A autora relacionou os processos de variações morfológicas da

3

área estudada aos modelos descritos por FitzGerald et al. (1978). Nestes modelos, o

recuo e a progradação da linha de costa foram associados às mudanças tempo-espaciais

dos canais e deltas de maré vazante.

Estudos de perfis de praia levantados no período de 2008 a 2013 foram realizados

na praia dos Artistas, e mostraram grande variabilidade no volume de sedimentos e no

comportamento da linha de costa (ANDRADE et al. 2010; SANTOS et al. 2010; OLIVEIRA

et al. 2010; JESUS et al., 2012; JESUS, 2013).

Oliveira (2012) e Santos (2012) efetuaram a análise da dinâmica da paisagem

costeira e da linha de costa na Zona de Expansão de Aracaju e Atalaia, respectivamente.

Oliveira & Andrade (2012) e Santos & Andrade (2013) analisaram a evolução da

paisagem costeira no período de 1955 a 2008 e 1965 a 2008 na Zona de Expansão de

Aracaju e na Atalaia, respectivamente, concluindo que a paisagem foi alterada em função

dos processos naturais e das atividades antrópicas. Oliveira (2012), apesar de ter

utilizado o termo geoindicador, não espacializou os dados.

Todos esses trabalhos concluíram em suas análises a longo, médio e curto prazos,

que o litoral sergipano apresenta uma dinâmica bastante instável, principalmente nas

proximidades das desembocaduras fluviais.

1.2 Objetivos

O presente trabalho objetiva caracterizar os processos de erosão e acumulação no

litoral do município de Aracaju – SE, entre as desembocaduras dos rios Vaza-Barris e

Sergipe, a partir da análise de geoindicadores.

Os objetivos específicos incluem:

i) Identificar os geoindicadores de erosão e acumulação costeira com base na

metodologia proposta por Bush et al. (1999).

ii) Identificar os depósitos quaternários que bordejam a praia.

iii) Estabelecer os níveis de ocupação ao longo da linha de costa.

iv) Determinar as áreas de vulnerabilidade e risco à erosão costeira.

4

1.3 Justificativa

O presente estudo visa cobrir uma lacuna do conhecimento sobre as praias e a linha

de costa do município de Aracaju – SE, uma vez que os trabalhos realizados até o

momento não enfocaram o uso de geoindicadores de uma forma crítica e multitemporal.

Um estudo integrando os dados de geoindicadores de erosão e de acumulação, com

os dados de ocupação costeira permitirá uma análise a curto prazo do comportamento

atual da linha de costa, uma vez que a interação entre processos humanos e naturais

modificam a estabilidade da zona costeira. Este tipo de abordagem fornece subsídios

para o planejamento ambiental, otimizando o processo da ocupação humana no espaço

costeiro e, consequentemente, atenuando os conflitos de uso.

5

CAPÍTULO 2

2. CARACTERIZAÇÃO REGIONAL

2.1 Localização da Área de Estudo

O município de Aracaju - SE apresenta uma faixa litorânea que se estende por cerca

de 24 km entre as desembocaduras dos rios Vaza-Barris, limite sul (701322 E e 8768483

N) e Sergipe, limite norte (714652 E e 8786862 N). Caracteriza-se por praias arenosas

bordejadas por depósitos arenosos e lamosos. Seu acesso é feito pela Avenida Santos

Dumont e Rodovia José Sarney (Figura 1).

Figura 1. Localização da área de estudo – A: Estado de Sergipe no Brasil; B:

município de Aracaju no Estado de Sergipe; C: praias situadas entre as

desembocaduras dos rios Sergipe e Vaza–Barris, Aracaju – SE.

6

2.2 Características Climáticas

A zona costeira do município de Aracaju caracteriza-se por apresentar um clima

quente e úmido, com temperatura média anual de 27º C. A média das temperaturas

máximas é de 26º C e a média das temperaturas mínimas de 23º C. Os meses mais

quentes ocorrem em fevereiro e março e os meses com temperaturas mais amenas

ocorrem em julho e agosto (INMET, 2013).

A precipitação pluviométrica média anual é de 1.600 mm (SRH, 2013). As chuvas se

concentram nos meses de março a agosto. Os ventos provenientes do quadrante leste

(NE, E, SE) predominam na zona costeira de Aracaju. Os ventos de SE ocorrem no

período chuvoso (março a agosto), enquanto que os ventos de NE e E ocorrem no

período seco (INMET, 2013).

2.3 Características Oceanográficas

2.3.1 Ondas, Correntes e Marés

Na zona costeira do Estado de Sergipe as ondas têm direção predominante de E,

seguidas pelas direções de SE e NE, que são geradas pelos ventos alísios durante o

outono e inverno. As ondas predominantes têm alturas variando de 0,5 m a 1,4 m. As

ondas com mais de 2 m de altura provêm do quadrante SE (OLIVEIRA, 2003).

A direção de propagação das frentes de ondas e a orientação da linha de costa

permitem estimar o sentido preferencial do transporte litorâneo. Sendo a orientação da

linha de costa do Estado de Sergipe de NE – SW e a direção das ondas de E, o sentido

do transporte de sedimentos é predominantemente de NE para SW (OLIVEIRA, 2003).

Com as ondas incidentes de SE, o sentido da deriva litorânea é o inverso. No entanto,

como estas ondas chegam à linha de costa quase que paralelas, o transporte litorâneo

gerado é insignificante (DOMINGUEZ, 1996; OLIVEIRA, 2003).

O regime de marés do litoral de Aracaju é do tipo meso-marés, com alturas entre 2

m e 4 m e características semi-diurnas (dois ciclos de marés alta e baixa ao longo do dia).

As maiores amplitudes ocorrem nas marés de sizígia apresentando máximas de 2,5 m e

mínimas de 0,0 m (DHN, 2013). As correntes de maré atingem seus máximos de

velocidade nas marés de sizígia, durante as luas novas e cheias (DHN, 2013).

7

2.4 Hidrografia

No Estado de Sergipe existem oito bacias hidrográficas, que são as bacias dos rios

São Francisco, Japaratuba, Sergipe, Vaza-Barris, Piauí, Real e os Grupos de Bacias

Costeiras 1 (GC1) e Bacias Costeiras 2 (GC2) (Figura 2). Estes rios desaguam no

Oceano Atlântico.

Figura 2. Localização das bacias hidrográficas dos rios do Estado de Sergipe (modificado

de http://www.semarh.se.gov.br). O município de Aracaju está inserido entre as bacias dos

rios Sergipe e Vaza-Barris.

O principal rio que banha o Estado de Sergipe é o rio São Francisco, um dos mais

importantes do Brasil, desaguando entre os Estados de Alagoas e Sergipe, com vazão

média anual de 1.780 m3/s. Os rios São Francisco, Vaza-Barris e Real são rios federais;

enquanto que os rios Japaratuba, Sergipe e Piauí são rios estaduais (SEMARH, 2013).

8

O rio Japaratuba nasce na Serra da Boa Vista, divisa entre os municípios de Feira

Nova e Graccho Cardoso e desagua no Oceano Atlântico, no município de Pirambu. Tem,

aproximadamente, 92 km de extensão, sendo a menor bacia do Estado de Sergipe e uma

área geográfica de 1.735 km2, equivalente a 7,7% do território estadual (SEMARH, 2013).

O rio Sergipe, com extensão de 210 km, nasce na Serra Negra, divisa com o Estado

da Bahia, e atravessa Sergipe no sentido oeste/leste. A bacia hidrográfica do rio Sergipe

drena aproximadamente 16,7% do Estado de Sergipe, e abrange 26 municípios. Na zona

costeira, este rio separa os municípios de Aracaju e Barra dos Coqueiros (FIGUEIREDO

& MAROTI, 2011).

Com uma extensão de 3.300 km, o rio Vaza-Barris nasce no município de Uauá, no

Estado da Bahia, numa elevação de aproximadamente 500 m. A área total da bacia

hidrográfica é de 17.000 km2 e sua maior parte está no Estado da Bahia. Apenas 15% de

sua área, ou seja, 2.559 km2 localizam-se no Estado de Sergipe, cobrindo 11,6% da área

do Estado. Apesar de sua significativa área hidrográfica, a descarga na Bahia é

intermitente e é somente no Estado de Sergipe que o rio Vaza-Barris se torna um rio

perene. Na zona costeira separa os municípios de Aracaju e Itaporanga D’ Ajuda

(SEMARH, 2013).

Os rios Sergipe, Japaratuba e São Francisco, situados a norte do município de

Aracaju, constituem uma importante fonte de sedimentos para o seu litoral.

2.5 Geologia e Geomorfologia

Os aspectos geológico-geomorfológicos do litoral do Estado de Sergipe são

resultantes, principalmente, das variações relativas do nível do mar, com episódios de

transgressão e regressão marinha, ocorridos durante o Quaternário (BITTENCOURT et

al., 1983). A unidade geomorfológica Planície Costeira situa-se externamente aos

Tabuleiros Costeiros (Grupo Barreiras do Tércio-Quaternário) (BITTENCOURT et al.,

1983).

A Planície Costeira da área estudada inclui sedimentos quaternários de idades

pleistocênica e holocênica e, engloba as seguintes unidades geológico-geomorfológicas:

terraços marinhos, depósitos flúvio-lagunares, depósitos de mangue e depósitos eólicos

(BITTENCOURT et al., 1983) (Figura 3).

9

A linha de costa do município de Aracaju é bordejada por terraços marinhos

holocênicos, depósitos de mangue e depósitos eólicos, cuja descrição feita por Bittencourt

et al. (1983), está apresentada a seguir:

Terraços marinhos holocênicos: são encontrados ao longo de toda a costa do

município de Aracaju. Estes terraços arenosos possuem topos que variam de 4 m

até poucos centímetros acima da preamar atual. Apresentam na sua superfície

cristas de cordões litorâneos, paralelos entre si.

Depósitos de mangue: são encontrados em regiões protegidas da ação das ondas

sob a influência das marés. Apresentam substratos constituídos predominantemente

de materiais argilo-siltosos ricos em matéria orgânica, colonizados por vegetação de

mangue.

Depósitos de duna (eólicos): bordejam a linha de costa do município de Aracaju e

representam as dunas que estão dispostas sobre os terraços marinhos holocênicos.

Figura 3. Geologia-geomorfologia do município de Aracaju - SE (modificado de Bittencourt et

al., 1983 e adaptado de Rodrigues, 2008).

10

CAPÍTULO 3

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Praia, Linha de Costa e sua Variabilidade

A praia constitui um ambiente sedimentar costeiro, de granulometria variada. Por

serem constituídas por material inconsolidados, as praias são retrabalhadas pela ação

das ondas, marés e ventos (KING, 1972; HOEFEL, 1998).

Normalmente os termos shoreline e coastline são usados com o mesmo significado,

linha de costa, porém, para Bird (2008), estes termos tem significados distintos. O autor

define shoreline como sendo o limite entre a praia seca e a praia úmida, e que se

movimenta tanto no sentido do continente como no sentido do oceano em função da

variação das marés, alta ou baixa, respectivamente. Já a coastline é o limite entre o

continente e a praia propriamente dita. Caracteriza-se pela presença de qualquer feição

geomorfológica que marque o início do continente, no limite entre a vegetação

permanente e a praia (BIRD, 2008). Neste trabalho, optou-se por utilizar a definição de

linha de costa (coastline) de Bird (2008).

A posição e a evolução da linha de costa refletem os padrões de acumulação e de

erosão causados pela interação entre as causas naturais que estão relacionadas à

dinâmica costeira (balanço de sedimentos, variações do nível relativo do mar, etc.) e

antrópicas (obras de engenharia costeira, represamento de rios, etc.) em diferentes

escalas temporais e espaciais (PILKEY, 1991; DOMINGUEZ, 2000; STIVE et al., 2002;

AQUINO et al., 2003).

A variabilidade temporal da linha de costa pode ser facilmente observada a partir da

comparação multitemporal de mapas históricos ou imagens de sensoriamento remoto

(PEYNADOR & MÉNDEZ-SÁNCHEZ, 2010), assim como da análise contínua de perfis de

praia (KOMAR, 1998) ou de geoindicadores (BUSH et al., 1999). Nestes dois últimos

casos é necessário se levantar dados em, pelo menos, dois períodos distintos.

3.2 Geoindicadores de Erosão e Acumulação Costeira

Os geoindicadores podem ser utilizados como uma ferramenta para avaliação rápida

de mudanças ambientais de curto prazo. Segundo Coltrinari (2001), o uso de indicadores

11

com este propósito iniciou-se no final da década de 1940. Fabbri & Patrono (1995)

apontam que geoindicadores são usados em Geociências desde a década de 70, sendo

principalmente voltados para a avaliação de recursos minerais. Segundo estes autores,

nos últimos anos uma atenção especial tem sido dada para a avaliação de impactos

ambientais e riscos geológicos a partir da análise de geoindicadores.

No entanto, apenas em 1994, um grupo de trabalho da Comissão de Ciências

Geológicas para o Planejamento Ambiental (Cogeoenvironment) e da União Internacional

de Ciências Geológicas (IUGS), definiu geoindicadores:

[...] “medidas (magnitudes, frequências, taxas e tendências) de processos geológicos e

fenômenos que ocorrem na superfície ou próximo dela e que estão sujeitas a alterações

que são significativas no entendimento das mudanças ambientais ao longo de períodos de

100 anos ou menos” (traduzido de Berger, 1996a, p.5, e 1996b, p.383).

Apesar do termo geoindicador ser utilizado desde a década de 70, não havia uma

sistematização no seu uso. Alguns autores (LEOPOLD, 1969; LEATHERMAN, 1997)

fizeram uso dos geoindicadores em seus estudos, mas não mencionaram este termo.

Portanto, o uso de geoindicadores consiste em uma abordagem metodológica recente,

que já apresenta os resultados de suas aplicações em várias pesquisas científicas, tanto

no cenário internacional como nacional.

Os geoindicadores tem se tornado uma ferramenta importante em função das

crescentes pressões ambientais decorrentes de atividades humanas que alteram

significativamente a paisagem. Cada conjunto de geoindicadores deve refletir as

alterações ambientais esperadas para o ambiente em questão, como por exemplo: rios,

encostas, águas subterrâneas, litoral, entre outros (BUSH et al., 1999).

Por meio dos geoindicadores, os pesquisadores podem elaborar novas técnicas ou

utilizar metodologias já efetuadas para buscar resultados que mostrem a alteração de

uma determinada área. Também podem utilizar dados coletados por meio de imagens

aéreas (fotografias aéreas e imagens de satélite), dados climatológicos, dentre outros

(FRANÇA & VILLA, 2011).

Berger (1996a, 1996b, 1997, 1998) desenvolveu estudos baseados em mudanças

ambientais ocorridas em determinado tempo na superfície terrestre. O autor elaborou uma

lista com os 27 principais geoindicadores que podem ser aplicados e adaptados à

12

realidade de diferentes ambientes. A lista apresentada por Berger (1997) associa os

geoindicadores às mudanças ambientais que estes refletem.

Para Berger (1997), os geoindicadores devem contribuir para responder a 4

questões básicas:

1. O que está acontecendo no ambiente? (condições e tendências)

2. Por que está acontecendo? (causas humanas e/ou naturais)

3. Por que é importante? (efeitos econômicos, sociais e ecológicos)

4. O que se pode fazer acerca disso? (planejamento e politicas públicas)

Ramos et al. (2008) agrupou os 27 geoindicadores listados por Berger (1997, 1998)

em nove grupos: Zonas Áridas e Semiáridas, Criosfera, Lagos, Rios e Riachos, Áreas

Úmidas, Águas de Superfície e Subterrâneas, Solos, Riscos Naturais, Zonas Costeiras e

Marinhas, entre outros. Dentro do grupo Zonas Costeiras e Marinhas está inserido o

geoindicador Posição da Linha de Costa (Anexo A).

O geoindicador Posição da Linha de Costa constitui feições costeiras suscetíveis a

mudanças decorrentes da atuação dos forçantes naturais, que incluem suprimento de

sedimentos, processos oceanográficos (ondas, correntes e marés) e nível do mar

(FORBES & LIVERMAN, 1996) e/ou àqueles induzidos pelo homem (BERGER, 1996a,

1996b). A alteração em um desses forçantes provocará ajustes nos demais e,

consequentemente, implicará em mudanças no posicionamento da linha de costa

(FORBES & LIVERMAN, 1996).

Os forçantes naturais e/ou antrópicos podem alterar profundamente a posição e a

morfologia da linha de costa, em particular o suprimento sedimentar e, desta forma,

causar erosão (recuo) ou acumulação (avanço) da linha de costa (BERGER, 1996a,

1996b; DOMINGUEZ, 2008a e 2008b). O geoindicador denominado por Berger (1997) de

Posição da Linha de Costa (Shoreline Position) pode ser usado para analisar o

comportamento (erosão, deposição ou estabilidade), a curto prazo, da linha de costa.

Leatherman (1997) adaptou essa abordagem para a zona costeira visando a sua

caracterização para fins recreativos. Esse autor apresentou um checklist para

classificação de praias, similar ao apresentado posteriormente por Bush et al. (1999). Bird

(2008), apesar de não utilizar o termo geoindicador, citou algumas evidências

(indicadores) de erosão costeira.

Segundo Bush et al. (1999), os geoindicadores servem de base para o

monitoramento em locais que não dispõem de dados históricos. Contudo, a característica

13

mais importante dos geoindicadores remete a possibilidade de obtenção de rápidas

respostas. Estes autores ponderam que os geoindicadores são ferramentas qualitativas e

com validade científica para uma rápida identificação de risco potencial, o que permite

também uma rápida realização de planos de gerenciamento em ambientes costeiros.

Adicionalmente, Bush et al. (1999) estabelecem que os geoindicadores são

avaliados em campo, com o auxílio de um checklist qualitativo e a partir de outras fontes

de informação. Uma inspeção checada com uma planilha de campo permite a

determinação, por exemplo, do estado da linha de costa, entre outros parâmetros. No

entanto, muitas informações podem ser extraídas de outras fontes existentes, tais como

mapas (topográficos), fotos aéreas, vídeos, etc.

Segundo Bush et al. (1999), por causa da alta variabilidade da linha de costa, os

geoindicadores são os mais adequados na avaliação de curto prazo. Os geoindicadores

de erosão costeira listados por estes autores englobam erosão severa, erosão,

acumulação ou estabilidade (BUSH, et al., 1999, tabela 2, p. 654).

Bush et al. (1999) apresentaram três áreas de estudo na Carolina do Norte (EUA),

em que os geoindicadores foram utilizados na avaliação de riscos costeiros. A proteção

natural destas áreas foi perdida durante as tempestades e pelo desenvolvimento humano

(remoção de um grande campo de dunas e de áreas de floresta, por exemplo). Além

disso, estes autores propuseram um conjunto de medidas mitigadoras consideradas úteis

para os problemas identificados nas áreas investigadas.

No Brasil, destacam-se alguns trabalhos, a exemplo daqueles realizados nas praias

da Bahia (DOMINGUEZ, 2008a e 2008b), Sergipe (OLIVEIRA, 2003), Alagoas (SANTOS,

2010) e Santa Catarina (RUDORFF, 2005; RUDORFF & BONETTI, 2010). Estes

trabalhos mostraram a eficácia do uso de geoindicadores em zonas costeiras, tendo como

principais vantagens a rapidez e o baixo custo do levantamento de dados e a

confiabilidade dos resultados.

Tanto a análise de mapas históricos e imagens aéreas, como de geoindicadores

fornece uma base para a gestão da zona costeira. A facilidade e o seu baixo custo no

levantamento de dados faz dos geoindicadores uma ferramenta de gestão importante

para avaliações de riscos à erosão costeira de curto prazo, por processos naturais ou

humanos (BUSH et al., 1999).

14

3.3 Vulnerabilidade e Risco à Erosão Costeira

O termo vulnerabilidade deve ser entendido como a probabilidade da ocorrência de

um processo (erosão costeira, por exemplo). Dessa forma, quanto menor for a

vulnerabilidade, menor será a probabilidade da linha de costa de experimentar o processo

erosivo (DAL CIN & SIMEONI, 1994). Alguns trabalhos (BUSH et al., 1999; MADRUGA,

2000; ESTEVES et al., 2003; LINS-DE-BARROS, 2005a e 2005b; SOUZA, 2009 e LINS-

DE-BARROS & MUEHE, 2010) apresentaram indicadores para medir o grau de

vulnerabilidade à erosão costeira a partir das características naturais das praias (largura e

altura das dunas frontais, declividade da praia, presença de escarpas ativas ou inativas,

etc.).

O risco está relacionado a maior ou menor exposição das estruturas antrópicas a

eventos que podem causar danos a ocupação humana. O risco deve ser, portanto, uma

combinação entre o grau de vulnerabilidade e o nível de ocupação humana (DAL CIN &

SIMEONI, 1994).

15

CAPÍTULO 4

4. METODOLOGIA

As etapas de trabalho necessárias ao cumprimento dos objetivos propostos foram:

4.1 Pesquisa Bibliográfica

Consistiu na leitura de artigos científicos, monografias, dissertações, teses e livros

referentes ao tema principal da pesquisa, bem como a temas correlatos, objetivando um

aprofundamento sobre a área de estudo e a temática da dissertação.

4.2 Trabalho de Campo

O trabalho de campo foi realizado na maré baixa de sizígia em duas datas: (i) agosto

de 2012 (inverno chuvoso) e (ii) fevereiro de 2013 (verão seco). Os pontos de coleta de

informações foram marcados com GPS de precisão de 3 m (Garmin Colorado 400t), no

Datum SAD 69, em intervalos de aproximadamente 1 km (Figura 4), e foi preenchida uma

planilha de campo (Anexo B), adaptada de Bush et al. (1999). A planilha de campo

contém além dos pontos amostrais georreferenciados, dados das características da

antepraia, da face de praia, do pós-praia, da retaguarda da praia e indicadores de erosão,

acumulação e estabilidade costeira (Tabela 1). A largura da face da praia, largura da duna

frontal e largura do depósito topograficamente baixo (situado na retaguarda da duna

frontal) foram medidas com uma trena. A altura da duna frontal foi estimada visualmente.

A declividade foi obtida com um clinômetro acoplado a uma bússola de geólogo do tipo

Brunton. Foi feito o registro fotográfico dos pontos amostrais.

4.3 Geoprocessamento de Dados

4.3.1 Espacialização dos Dados de Geoindicadores

Os dados de geoindicadores foram inseridos e integrados no programa ArcGis

9.3.1., onde foram produzidos mapas temáticos (comportamento da linha de costa,

depósitos quaternários, largura e altura das dunas frontais, níveis de ocupação humana,

16

vulnerabilidade e risco à erosão costeira) do período chuvoso (inverno/2012) e do período

seco (verão/2013).

4.3.2 Mapeamento do Nível de Ocupação

O mapeamento da ocupação humana da zona costeira de Aracaju foi efetuado a

partir de imagens de satélite Google Earth do ano de 2013 no ArcGis 9.3.1.

O nível de ocupação humana foi definido em termos de porcentagem de ocupação

para um segmento de 1 km de extensão por 500 m de largura, a partir da Avenida Santos

Dumont e da Rodovia José Sarney. A sua classificação está explicitada no capítulo 7

(Níveis de Ocupação no Litoral de Aracaju - SE em 2013).

4.4 Vulnerabilidade e Risco à Erosão Costeira

Os dados obtidos nas etapas anteriores foram integrados dando origem ao mapa de

vulnerabilidade e de risco à erosão costeira confeccionados no ArcGis 9.3.1.

A metodologia para estes itens (vulnerabilidade e risco) está detalhada no capítulo 8

(Vulnerabilidade e Risco à Erosão Costeira no Município de Aracaju - SE).

17

Figura 4. Pontos de coleta dos dados de geoindicadores no município de Aracaju – SE.

18

Tabela 1: Geoindicadores do comportamento da linha de costa, adaptados de Bush et al.

(1999), para a realidade das praias do município de Aracaju - SE.

Erosão Severa

Dunas frontais ausentes

Processo de sobrelavagem frequente

Escarpas ativas ou remanescentes de dunas

Estruturas construídas pelo homem na linha de costa e

posicionadas atualmente na praia ou costa afora

Erosão

Dunas escarpadas ou interrompidas

Escarpa íngreme sem acumulação no sopé

Turfa, lama de manguezal ou tocos de árvore expostos na praia

Praia estreita ou ausência de praia na maré alta (ausência de

praia seca)

Passagens ou leques de sobrelavagem

Vegetação transitória ou derrubada ao longo da linha da escarpa

Acumulação ou Estabilidade

Dunas frontais elevadas, sem rupturas e vegetadas

Escarpa vegetada com rampa estável (vegetada) no sopé

Praia larga com berma bem desenvolvida

Sobrelavagem ausente

Vegetação bem desenvolvida de restinga, arbusto de dunas e

gramíneas de praia

19

CAPÍTULO 5

5. GEOINDICADORES DE EROSÃO E ACUMULAÇÃO DA LINHA DE COSTA DO

MUNICÍPIO DE ARACAJU – SE

Como critérios básicos na definição qualitativa do comportamento da linha de costa

(erosão severa, erosão e acumulação/estabilidade) foi utilizado o checklist de

geoindicadores suplementares de Young et al. (1996) e Bush et al. (1999) (vide Tabela 1).

No presente trabalho, os trechos em acumulação e em estabilidade foram tratados de

forma separada:

Erosão severa: dunas frontais ausentes; processo de sobrelavagem frequente;

escarpas ativas ou remanescentes de dunas; estruturas construídas pelo homem na

linha de costa e posicionadas atualmente na praia ou costa afora.

Erosão: dunas escarpadas ou interrompidas; escarpa íngreme sem acumulação no

sopé; turfa, lama de manguezal ou tocos de árvore expostos na praia; praia estreita

ou ausência de praia na maré alta (ausência de praia seca); passagens ou leques de

sobrelavagem; vegetação derrubada ao longo da linha da escarpa.

Acumulação: dunas frontais elevadas, sem rupturas e vegetadas; escarpa vegetada

com rampa estável (vegetada) no sopé; praia larga com berma bem desenvolvida;

sobrelavagem ausente; vegetação bem desenvolvida de restinga, arbusto de dunas

e gramíneas de praia.

Os geoindicadores de estabilidade são aqueles que não são nem de erosão, nem de

acumulação. Alguns geoindicadores são característicos de comportamento da linha de

costa em estabilidade como, por exemplo, a presença de escarpas vegetadas, escarpas

com depósito de areia no sopé (vegetados ou não) e ausência de sobrelavagem.

A seguir é descrito o comportamento da linha de costa (Figura 5) baseado em dados

de geoindicadores.

20

5.1 Linha de Costa com Erosão Severa

Os trechos com tendência de erosão severa estão presentes nas praias do

Mosqueiro (entre os pontos 3 e 4) e dos Artistas (Atalaia, ponto 24), tanto no período

chuvoso quanto no período seco (Figura 5).

As evidências de erosão severa na praia do Mosqueiro incluem: (i) pista danificada

(Figura 6A), (ii) restos de estruturas de contenção na praia (Figura 6B), (iii) praia seca

estreita e escarpa na linha de costa (Figura 6C) e (iv) ausência de dunas frontais e

presença de poste na praia (Figura 6D). A praia dos Artistas (ponto 24) é caracterizada

pela ausência de praia seca. No entanto, não houve o recuo da linha de costa (coastline)

por conta das estruturas de contenção já existentes (Figuras 6E e 6F).

5.2 Linha de Costa com Erosão

Os trechos com evidência de erosão estão situados nas praias do Mosqueiro

(pontos 1 e 2), tanto no período chuvoso quanto no período seco, e nas praias do

Mosqueiro (ponto 5), do Refúgio (ponto 11) e dos Náufragos (ponto 12) apenas no

período chuvoso.

No Mosqueiro (ponto 2) estão presentes lamas de manguezal aflorando na praia

(Figura 7A), resultado do recuo da linha de costa sobre a planície de maré situada na

retaguarda da praia. O depósito de manguezal pode, ainda, apresentar-se escarpado

(Figura 7B). Na praia do Mosqueiro (ponto 5), as evidências de erosão englobam, ainda,

dunas frontais escarpadas e/ou interrompidas (Figura 7C).

As praias do Refúgio (ponto 11) e dos Náufragos (ponto 12) apresentam ausência

de praia seca e presença de escarpas ativas como indicadores de erosão. Pontualmente,

no entanto, as escarpas se apresentam vegetadas mostrando trechos com certa

estabilidade (Figura 7D).

5.3 Linha de Costa com Acumulação

Os trechos com evidências de acumulação estão presentes nas praias da Atalaia

(pontos 19 a 22), tanto no período chuvoso quanto no período seco. Nesses trechos a

praia seca esteve sempre presente, independente da estação do ano, atingindo valores

21

expressivos (até 158,26 m no inverno e 218,94 m no verão). Na praia da Atalaia (ponto

22) foi registrada a presença de praia larga com berma bem desenvolvida (Figura 8).

5.4 Linha de Costa com Estabilidade

Os trechos com evidências de estabilidade estão presentes nas praias do Mosqueiro

(ponto 6), do Refúgio (pontos 7 a 10), dos Náufragos (pontos 13 e 14), do Robalo (ponto

15), da Aruana (pontos 16 a 18) e da Atalaia (ponto 23), tanto no período chuvoso quanto

no período seco. Adicionalmente, no período seco encontraram-se nessa categoria as

praias do Mosqueiro (ponto 5), do Refúgio (ponto 11) e dos Náufragos (ponto 12). Nas

praias do Refúgio (ponto 11) e dos Náufragos (ponto 12), essa erosão reflete déficit de

sedimentos devido, provavelmente, a mudanças no padrão de dispersão de sedimentos

ao longo da costa.

Alguns geoindicadores são característicos de comportamento da linha de costa em

estabilidade como, por exemplo, a presença de escarpas vegetadas (no sopé) e a

ausência de sobrelavagem.

Na praia do Refúgio (ponto 11), foi identificada a presença de escarpas vegetadas e

a existência de praia seca no período seco (Figura 9A).

Na Praça de Eventos (ponto 23) foi verificada a atuação eólica (Figura 9B),

demonstrando estabilidade em local anteriormente em erosão. O período seco permitiu o

retrabalhamento eólico dos sedimentos do pós-praia.

22

Figura 5. Comportamento da linha de costa no município de Aracaju – SE, nos

períodos chuvoso (agosto/2012) e seco (fevereiro/2013). As setas indicam o sentido

da corrente longitudinal.

23

Figura 6. Geoindicadores de linha de costa em erosão severa no litoral do município de

Aracaju – SE. A: pista danificada; B: restos de estrutura de contenção na praia; C: praia

seca estreita e escarpa na linha de costa e D: ausência de duna frontal e poste na praia

(Praia do Mosqueiro, entre os pontos 3 e 4). E e F: ausência de praia seca e presença

de estruturas de contenção (Praia dos Artistas, ponto 24). A, D e E: fotos do período

chuvoso; B, C e F: fotos do período seco.

A

Rod. José Sarney

Pista danificada

B

Restos de estruturas de contenção na praia

C

Praia seca

Rod. José Sarney

Escarpa

D

Poste na praia

F

Largura da praia úmida

Estruturas de contenção

E

Largura da praia úmida

Estruturas de contenção

24

Figura 7. Geoindicadores de linha de costa em erosão no litoral do município de Aracaju –

SE. A: presença de lama de manguezal aflorando na praia e B: escarpa no depósito de

manguezal. A e B situam-se na Praia do Mosqueiro (ponto 2). C: duna frontal interrompida

e escarpada (Praia do Mosqueiro, ponto 5). D: escarpa ativa e escarpa vegetada na duna

frontal (Praia do Refúgio, ponto 11). Observe a ausência de praia seca em C e D. A, C e

D: fotos do período chuvoso; B: foto do período seco.

D

Escarpa ativa

Escarpa vegetada

A

Lama de

manguezal

B Escarpa ativa no depósito de

manguezal

C

Escarpa ativa na

duna frontal

25

Figura 8. Geoindicadores de linha de costa em acumulação no

litoral do município de Aracaju – SE. Praia larga com berma

bem desenvolvida. Praia da Atalaia (ponto 22). Foto do período

seco.

Berma

26

Figura 9. Geoindicadores de linha de costa em estabilidade no

litoral do município de Aracaju – SE. A: presença de escarpas

vegetadas e praia seca na praia do Refúgio (ponto 11) e B:

atuação eólica nos sedimentos do pós-praia nas áreas

contíguas à Praça de Eventos, praia da Atalaia (ponto 23). A e

B: fotos do período seco.

Praia seca = 5 m

Escarpa vegetada

Ação eólica

Praia

Praça de Eventos

B

A

27

CAPÍTULO 6

6. DEPÓSITOS QUATERNÁRIOS QUE BORDEJAM AS PRAIAS DO MUNICÍPIO

DE ARACAJU–SE

O contexto geológico de um determinado local definirá se as praias/zonas costeiras

são rochosas e resistentes, ou se são compostas por materiais inconsolidados e,

portanto, facilmente erodíveis (YOUNG et al., 1996).

A planície costeira do município de Aracaju caracteriza-se pela presença de

depósitos quaternários inconsolidados, de origem marinha, flúvio-marinha, lacustre e

eólica (BITTENCOURT et al., 1983). Bordejando as praias do município de Aracaju

ocorrem predominantemente depósitos de origem eólica (Figura 10), a exemplo das

dunas frontais, que podem estar escarpadas ou não. As dunas frontais podem, ainda,

estar descaracterizadas em função das atividades antrópicas.

Segundo Hesp (2002), dunas frontais (foredunes) são cristas dunares arenosas,

vegetadas, formadas na retaguarda do pós-praia, sob a atuação dos ventos. No período

seco, os sedimentos do pós-praia podem ser remobilizados pela ação eólica alimentando

as dunas frontais. Este processo causa um déficit negativo no balanço sedimentar do

sistema praial contíguo à duna frontal.

Na retaguarda das dunas frontais da área investigada ocorrem depósitos

topograficamente baixos, de ambientes de interdunas, que podem constituir terras úmidas

ou não.

As dunas frontais desempenham um papel importante na manutenção e

preservação da integridade da morfologia da costa, constituindo barreiras de proteção

contra a erosão costeira (CORDAZZO & SEELIGER, 1995; YOUNG et al., 1996;

NORDSTROM, 2010). A erosão da duna frontal constitui fonte de sedimentos para o

ambiente praial, ou seja, constitui um estoque de sedimentos que proporciona um saldo

positivo para determinado setor costeiro (NORDSTROM, 2010).

Desta forma, as características dos depósitos quaternários que bordejam a linha de

costa, importantes para o balanço sedimentar, incluem a largura, altura e extensão lateral.

Neste trabalho, considerou-se a altura da duna frontal, adaptado de Young et al. (1996),

como sendo: (i) baixa: menor que 3 m, (ii) moderada: entre 3 m e 6 m e (iii) alta: maior

que 6 m (Figura 11). Com relação à largura da duna frontal, tem-se: (i) estreita: menor que

10 m, (ii) moderada: entre 10 m e 20 m e (iii) larga: maior que 20 m (Figura 12).

28

O depósito topograficamente baixo situado na retaguarda da duna frontal foi medido

do limite interno da duna frontal até a via de acesso ou até a primeira estrutura antrópica

relevante, sendo considerado: (i) estreito: menor que 10 m, (ii) moderado: entre 10 m e 20

m e (iii) largo: maior que 20 m. Adicionalmente, a largura total dos depósitos, que consiste

na somatória da largura da duna frontal e do depósito topograficamente baixo, é

importante pois aumenta o trecho de proteção até as vias de acesso ou primeira estrutura

antrópica relevante.

Na área investigada, as dunas frontais apresentam alturas que variam de poucos

centímetros a 5 m (Figura 11) e larguras que variam de 8 m a 230 m (Figura 12). Os

depósitos topograficamente baixos situados na retaguarda das dunas frontais apresentam

larguras que variam de 12 m a 93 m. Desta forma, a largura total dos depósitos

quaternários varia de 8 m a 324 m (Figura 12).

As dunas frontais apresentam menores alturas nas praias do Mosqueiro (pontos 1, 2

e 4), do Refúgio (pontos 8 a 10), dos Náufragos (ponto 14), da Aruana (pontos 17 e 18) e

da Atalaia (pontos 19 a 22) (Figura 11).

Adicionalmente, as menores larguras das dunas frontais estão presentes na praia do

Mosqueiro (ponto 4). As menores alturas e larguras das dunas frontais ocorrem

concomitantemente apenas na praia do Mosqueiro (ponto 4, Figuras 11, 12 e 13).

Alguns trechos na praia dos Náufragos situados entre os pontos de coleta que

possuem dunas frontais estreitas e baixas: 330 m a norte do ponto 12 (Figura 14A) e 456

m a norte do ponto 13 (Figura 14B). As larguras das dunas frontais são 4 m e 8 m,

respectivamente (Figuras 14A e 14B).

As dunas frontais mais largas encontram-se nas praias do Mosqueiro (pontos 1, 3 e

5), do Refúgio (pontos 7 a 10), dos Náufragos (pontos 12 e 14), do Robalo (ponto 15), da

Aruana (pontos 17 e 18) e da Atalaia (pontos 19 a 23). Os setores com larguras mais

expressivas dos depósitos eólicos encontram-se na praia da Atalaia (pontos 20 e 22, com

124 m e 231 m, respectivamente). Essa largura fica maior quando adicionado, ao valor do

depósito eólico, o valor da largura do depósito topograficamente baixo, podendo atingir

157 m (ponto 20) e 324 m (ponto 22, Figura 15) de largura total.

As dunas frontais encontram-se descaracterizadas nas praias do Refúgio (ponto 11),

dos Náufragos (ponto 13), da Aruana (ponto 16) e dos Artistas (na Atalaia, ponto 24). Nos

pontos 11, 13 e 16, as dunas frontais foram aterradas para a construção de barracas de

praia. No ponto 24, a erosão costeira provocou o desaparecimento das dunas frontais

(Figura 16).

29

A presença de aterros e de estruturas de contenção situadas na retaguarda do pós-

praia barram a troca de sedimentos entre o sistema praial e os depósitos quaternários.

Uma vez que estes depósitos são removidos ou substituídos por estruturas mais rígidas, a

praia deixa de receber sedimentos dessa fonte (duna frontal) e o processo erosivo na

praia pode então ser intensificado. A praia dos Artistas (ponto 24) exemplifica esta

situação (Figura 16). Este é um setor que, na análise dos geoindicadores (Capítulo 5),

apresenta indicativos de erosão severa.

30

Figura 10. Depósitos quaternários presentes na linha de costa do município de Aracaju – SE. As setas indicam o sentido da corrente longitudinal.

31

Figura 11. Altura das dunas frontais presentes na linha de costa do município de

Aracaju – SE. As setas indicam o sentido da corrente longitudinal.

32

Figura 12. Largura da duna frontal, largura do depósito topograficamente

baixo situado na retaguarda da duna frontal e largura total dos depósitos

quaternários presentes na linha de costa do município de Aracaju – SE.

As setas indicam o sentido da corrente longitudinal.

Largura da duna frontal

Estreita: < 10mModerada: de10m a 20mLarga: > 20m

Depósito topogra- ficamente baixo

Estreito: < 10mModerado: de 10m a 20mLargo: > 20m

Largura total dos depósitos

Estreita: < 10mModerada: de 10m a 20mLarga: > 20m

33

Figura 13. Largura estreita das dunas frontais na Praia do

Mosqueiro (ponto 4). A: imagem de satélite de Junho/2013,

extraída do Google Earth. B: foto visada para sul (período

seco).

8m

A

B

Largura da duna frontal

Rod. José Sarney

34

Figura 14. Dunas frontais estreitas nas Praias dos

Náufragos. A: 330 m a nordeste do ponto 12 e B: 456 m a

nordeste do ponto 13. Imagens de satélite de Junho/2013,

extraída do Google Earth.

4m

8 m

A

B

35

Figura 15. Largura expressiva dos depósitos quaternários na Praia da Atalaia (ponto 22). A:

imagem de satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. B: foto do período chuvoso e

C: foto do período seco. Ambas as fotos (B e C) apresentam visada para o continente.

324 m

A

124 m

C

Largura expressiva dos depósitos

quaternários

B

Largura expressiva dos depósitos

quaternários

36

Figura 16. Presença de aterro, de estruturas de contenção e ausência de praia seca

indicando erosão severa na Praia dos Artistas (ponto 24). A: imagem de satélite de

Junho/2013, extraída do Google Earth. B e C: fotos do período chuvoso.

A

Aterro

Estruturas de

contenção

B Estruturas de

contenção Aterro

C Aterro

Estruturas de

contenção

37

CAPÍTULO 7

7. NÍVEIS DE OCUPAÇÃO NO LITORAL DE ARACAJU - SE EM 2013

A diversidade de atrativos naturais, associada ao rápido crescimento das localidades

costeiras, gera um crescimento urbano nas vizinhanças da linha de costa, afetando,

assim, de maneira significativa a dinâmica praial e os processos costeiros (SILVA &

RODRIGUES, 2004; SILVA et al., 2007).

Uma das variáveis críticas do padrão ocupacional do litoral brasileiro é a facilidade

de acesso rodoviário (SILVA & SOUZA, 2011). O modelo de ocupação do litoral do

município de Aracaju não foi diferente; incluiu a instalação de vias de acesso, a exemplo

da Avenida Santos Dumont, na Atalaia, e da Rodovia José Sarney, construída à beira mar

em meados da década de 80 (OLIVEIRA, 2012). Esta rodovia liga a Atalaia à foz do rio

Vaza-Barris.

Adicionalmente, as pontes sobre os rios Sergipe (Ponte Construtor João Alves),

Vaza-Barris (Ponte Joel Silveira) e Piaui (Ponte Gilberto Amado) inauguradas em 2006,

2010 e 2013, respectivamente, facilitaram o acesso aos municípios litorâneos de Barra

dos Coqueiros, Itaporanga d’Ajuda, Estância e ao Estado da Bahia.

A construção destas vias e pontes promoveu a dinamização do litoral de Aracaju, em

especial da Orla de Atalaia, que possui infraestrutura de lazer e turismo. Desta forma,

este cenário favoreceu a intensificação do processo de ocupação nas últimas décadas,

inclusive na Zona de Expansão de Aracaju (Mosqueiro, Náufragos, Robalo e Aruana). A

ocupação ocorreu também sobre as áreas recém progradadas (FEITOSA et al., 2012;

OLIVEIRA, 2012 e SANTOS, 2012).

Oliveira (2012) definiu as áreas ocupadas e parcialmente ocupadas da Zona de

Expansão de Aracaju como: (i) áreas ocupadas: àquelas com ocupação efetiva

(condomínios, edifícios, casas, bares, restaurantes, etc.) e (ii) áreas parcialmente

ocupadas: loteamentos que, possivelmente, terão uma ocupação efetiva em um futuro

próximo.

As vias de acesso (Avenida Santos Dumont e Rodovia José Sarney) cortam os

depósitos quaternários que bordejam as praias investigadas. A ocupação humana ocorre

predominantemente na retaguarda destas vias de acesso. Nas praias da Atalaia (pontos

21 a 23), ocorrem estruturas antrópicas importantes entre as dunas frontais e a Avenida

38

Santos Dumont (Praça de Eventos, pista de aeromodelismo, entre outros, além de vias de

acesso locais).

Neste trabalho foram consideradas como ocupação humana as áreas edificadas e

com barracas de praia. Conforme explicitado no capítulo 4 (Metodologia), o nível de

ocupação humana foi definido em termos de porcentagem de ocupação para um

segmento de 1 km de extensão por 500 m de largura, a partir da Avenida Santos Dumont

e da Rodovia José Sarney, sendo assim classificado: (i) inexistente: 0%, (ii) baixo: de 0,1

a 30%, (iii) moderado: de 31 a 70% e (iv) alto: acima de 70% (Figura 17) .

O nível de ocupação considerado inexistente engloba as praias do Mosqueiro,

especialmente nos trechos próximos à foz do rio Vaza-Barris (pontos 1 a 3), onde não

existem edificações bordejando a Rodovia José Sarney. O farol, apesar de ser uma forma

de ocupação, não foi considerado nesta análise (Figuras 17 e 18).

O nível de ocupação humana considerado baixo está presente nas praias do

Mosqueiro (pontos 4 e 5), do Refúgio (pontos 7 e 10), dos Náufragos (pontos 13 e 14), do

Robalo (ponto 15) e da Aruana (pontos 16 e 17) (Figuras 17 e 19).

O nível de ocupação humana considerado moderado está presente nas praias do

Mosqueiro (ponto 6), do Refúgio (pontos 8, 9 e 11), dos Náufragos (pontos 12) e da

Aruana (ponto 18) (Figuras 17 e 20).

O nível de ocupação humana considerado alto ocorre nas praias da Atalaia (pontos

19 a 23) e dos Artistas (ponto 24), setor onde há uma demanda turística grande (com

presença de moradias, hotéis, bares, restaurantes e infraestruturas de lazer e recreação)

(Figuras 17 e 21). No ponto 19, a porcentagem de ocupação na retaguarda da pista chega

a 100% devido à presença do Terminal de Carmópolis (TECARMO) (Figura 22).

As barracas de praia de alvenaria situadas no litoral de Aracaju foram construídas

sobre as dunas frontais como, por exemplo, nas praias do Refúgio (ponto 11), dos

Náufragos (ponto 13) e da Aruana (ponto 18). Nas praias da Aruana, as antigas barracas

de praia foram substituídas por barracas padronizadas, também de alvenaria (Figura 23).

39

Figura 17. Nível de ocupação humana na linha de costa do município de Aracaju – SE.

As setas indicam o sentido da corrente longitudinal.

40

Figura 18. Nível de ocupação humana inexistente. A e B: Praias do

Mosqueiro (pontos 1 e 3). Imagens de satélite de Junho/2013,

extraídas do Google Earth.

A

B

41

Figura 19. Nível de ocupação humana baixo. A: Praia do Mosqueiro

(ponto 5) e B: Praia do Refúgio (ponto 7). Imagens de satélite de

Junho/2013, extraídas do Google Earth.

A

B

42

Figura 20. Nível de ocupação humana moderado. A: Praia do

Mosqueiro (ponto 6) e B: Praia do Refúgio (ponto 11). Imagens de

satélite de Junho/2013, extraídas do Google Earth.

A

B

43

Figura 21. Nível de ocupação alto. A: Praia da Atalaia (ponto 22) e B:

Praia dos Artistas (ponto 24). Imagens de satélite de Junho/2013,

extraída do Google Earth.

A

B

44

Figura 22. Nível de ocupação alta devido ao TECARMO, na Praia da

Atalaia (ponto 19). A: imagem de satélite de Junho/2013, extraída do

Google Earth. B: foto do período seco (visada para o continente).

TECARMO

A

TECARMO

B

45

Figura 23. Barracas de praia construídas sobre dunas frontais no litoral do município de

Aracaju. A e B: Praia do Refúgio (ponto 11), do período chuvoso (visada para sul) e do

período seco (visada para norte), respectivamente. C e D: Praia dos Náufragos (ponto

13), do período chuvoso (visada para norte) e do período seco (visada para o continente),

respectivamente. E e F: Praia da Aruana (ponto 18), do período chuvoso (visada para o

continente) e do período seco (visada para sul), respectivamente.

BB

Barracas de praia

A

Barracas de praia

C

Barracas de praia

DB

Barracas de praia

E

Barracas de praia

F Barracas de praia

46

CAPÍTULO 8

8. VULNERABILIDADE E RISCO À EROSÃO COSTEIRA NO MUNICÍPIO DE

ARACAJU - SE

8.1 Vulnerabilidade à Erosão Costeira

A vulnerabilidade à erosão costeira neste trabalho foi baseada em conceitos e

metodologias de diversos autores (DAL CIN & SIMEONI, 1994; BUSH et al., 1999; LINS-

DE-BARROS, 2005a e 2005b; SOUZA, 2009; LINS-DE-BARROS & MUEHE, 2010).O

grau de vulnerabilidade à erosão costeira foi determinado baseado em dados dos

geoindicadores e dos depósitos do quaternário que bordejam a linha de costa de Aracaju

– SE.

Para cada parâmetro ambiental foi atribuído os seguintes valores de vulnerabilidade:

(i) baixa: 1, (ii) moderada: 2 e (iii) alta: 3. Foi atribuído, ainda, peso para os parâmetros: (i)

parâmetros menos relevantes: peso 1 e (ii) parâmetros mais relevantes: peso 2. A média

ponderada dos parâmetros, em cada ponto amostral, forneceu o grau de vulnerabilidade:

(i) grau de vulnerabilidade baixo (VB): de 1 a 1,4, (ii) grau de vulnerabilidade

moderadamente baixo (VMB): de 1,5 a 1,9, (iii) grau de vulnerabilidade moderadamente

alto (VMA): de 2,0 a 2,4 e (iv) grau de vulnerabilidade alto (VA): de 2,5 a 3,0 (Tabela 2).

Para os parâmetros citados a seguir foram considerados os seguintes valores de

vulnerabilidade:

(i) Largura da praia seca – ausente ou estreita (0 m a 25 m): 3, moderada (26 m a 50

m): 2 e larga (> 50 m): 1. As praias estreitas estão presentes nos pontos 1 a 15, tanto no

período chuvoso quanto no período seco (vide Figura 9, praia do Refúgio, ponto 11) e nos

pontos 16 a 19, 22 e 23, apenas no período chuvoso. A praia da Atalaia (ponto 22) tem a

maior largura de praia seca tanto no período chuvoso quanto no período seco (vide Figura

8).

(ii) Berma – ausente: 3, estreita: 2 e larga: 1. Praias com presença de berma larga

se encontram na Atalaia (pontos 20 a 22, vide Figura 8).

(iii) Escarpa – ausente: 1, inativa: 2 e ativa: 3 (vide Figuras 7B, 7C e 7D).

Na retaguarda do pontal arenoso, no qual situam-se as praias do Mosqueiro (pontos

1, 2 e 3), existe uma planície de maré, constituída por sedimentos lamosos de manguezal

(OLIVEIRA, 2012). O recuo da linha de costa favoreceu a exposição na praia dessas

47

lamas, assim como soterrou a vegetação de mangue deixando expostos na praia apenas

tocos (vide Figuras 7A e 7B). Para ausência de lama de manguezal ou tocos de

vegetação aflorando na praia foi atribuído valor de vulnerabilidade 1. Os valores 2 e 3

foram atribuídos na presença de manguezal em áreas restritas e em áreas amplas,

respectivamente.

Klein (1997) definiu como praias com baixa declividade entre 0,0 a 3,5°, moderada

entre 3,6° e 8,5° e alta > 8,5°. Se a praia tiver uma declividade menor ou maior a linha

d´água, na maré alta, irá avançar mais ou menos, respectivamente, no sentido do

continente (MORTON et al., 1983). Desta forma, menores declividades implicam em

maiores valores de vulnerabilidades e vice-versa. Baseado na classificação das

declividades de Klein (1997), as praias do litoral de Aracaju (pontos 2 a 5, 11, 13 a 19 e

24) apresentam predominantemente baixa declividade tanto no período chuvoso quanto

no período seco, apresentando, assim, vulnerabilidade 3. Declividades moderadas foram

registradas, no período chuvoso e seco, apenas na praia da Atalaia (ponto 21), no período

chuvoso nas praias do Mosqueiro (pontos 1 e 6), do Refúgio (pontos 8 e 9), dos

Náufragos (ponto 12) e da Atalaia (pontos 20 e 22 a 24) e no período seco na praia do

Refúgio (ponto 7). Não houve registros de alta declividade na área estudada.

Segundo Young et al. (1996), a linha de costa associada a ausência de dunas ou

com dunas baixas, com altura inferior a 3 m, apresentam elevada vulnerabilidade à

erosão. A linha de costa onde as dunas possuem alturas intermediárias (3 a 6 m) ou são

descontinuas a vulnerabilidade é moderada. A linha de costa com dunas elevadas (> 6 m)

e cristas contínuas apresenta baixa vulnerabilidade à erosão. Estes autores salientaram

também a importância da continuidade lateral dos depósitos eólicos na determinação da

vulnerabilidade à erosão costeira. As menores larguras das dunas frontais estão

presentes na praia do Mosqueiro (ponto 4, vide Figura 13) e também nas praias dos

Náufragos, entre os pontos 12 e 13 (vide Figuras 14A e 14B), apresentando, assim,

vulnerabilidade 3.

Segundo Dal Cin & Simeoni (1994), a presença de estrutura de contenção na linha

de costa é importante para a determinação da vulnerabilidade. Se um determinado local é

vulnerável à erosão costeira e não tem presença de estruturas de contenção, a

vulnerabilidade desse local fica ainda maior. Quando existe uma estrutura de contenção,

com manutenção, a vulnerabilidade à erosão costeira é baixa (valor 1), a exemplo da

praia dos Artistas (ponto 24), onde as estruturas de contenção estão presentes na linha

de costa e tem uma manutenção regular (vide Figuras 6E e 6F).

48

No caso de estruturas de contenção sem manutenção, a vulnerabilidade à erosão

costeira é alta (valor 3), a exemplo da praia do Mosqueiro (entre os pontos 3 e 4), onde as

estruturas de contenção estão atualmente posicionadas na praia (Figura 24), sendo

constantemente destruídas pelas ondas mais fortes. Dessa forma, nesse segmento do

litoral, estas estruturas de contenção não desempenham seu papel.

Um fator que também deve ser considerado na análise da vulnerabilidade à erosão

costeira é a proximidade ou não da desembocadura fluvial (YOUNG et al., 1996; BUSH et

al., 1999). Quanto mais próximo à desembocadura fluvial, maior será a vulnerabilidade à

erosão costeira (valor 3) e quanto mais distante à desembocadura fluvial, menor será a

vulnerabilidade (valor 1). As praias que mais sofrem influência da desembocadura fluvial

estão situadas no Mosqueiro (pontos 1 a 4, vide Figuras 6A, 6B, 7A e 7B) e na Atalaia

(pontos 23 e 24, vide Figuras 6E, 6F e 16), apresentando, portanto, maiores valores de

vulnerabilidade (3).

O grau de vulnerabilidade à erosão costeira nas praias do município de Aracaju –

SE está representado na tabela 2 e figura 25.

A vulnerabilidade à erosão costeira foi baixa na praia da Atalaia (ponto 20) e

moderadamente baixa nas praias do Mosqueiro (ponto 6), dos Náufragos (ponto 14), do

Robalo (ponto 15), da Aruana (pontos 17 e 18) e da Atalaia (pontos 19, 21 e 22) tanto no

perído chuvoso quanto no período seco.

Nas praias do Refúgio (pontos 7 e 9), o grau de vulnerabilidade à erosão costeira

variou de moderadamente baixa no verão (período seco) a moderadamente alta no

inverno (período chuvoso).

A vulnerabilidade à erosão costeira foi considerada moderadamente alta nas praias

do Mosqueiro (pontos 1 e 5), do Refúgio (pontos 8, 10 e 11), dos Náufragos (pontos 12 e

13), da Aruana (ponto 16) e da Atalaia (ponto 23) e alta nas praias do Mosqueiro (pontos

2 a 4) e dos Artistas (na Atalaia, ponto 24), tanto no perído chuvoso quanto no período

seco.

Os setores mais vulneráveis à erosão costeira encontram-se nas proximidades da

foz do rio Vaza-Barris (ponto 4, vide Figura 13).

49

Figura 24. Restos de estruturas de contenção na praia do Mosqueiro. A: imagem de

satélite de Junho/2013, extraída do Google Earth. B: restos da Rodovia José Sarney. B e

C: fotos do período chuvoso (visadas para sul).

C

Rod. José Sarney

Pista erodida

A

Restos de estruturas de contenção na praia

B

Restos de estruturas de

contenção na praia

50

Tabela 2: Grau de vulnerabilidade à erosão costeira na linha de costa do município de Aracaju – SE, de acordo com os principais

parâmetros ambientais para cada ponto de coleta.

PARÂMETROS AMBIENTAIS

PESO

PONTOS DE COLETA

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Período de Coleta

C S C S C S C S C S C S C S C S C S C S C S C S

Dunas frontais (presença*, largura e/ou altura**)

2 2

2

4

4

2

2

6

6

2

2

4

4

2

2

2

2

2

2

2

2

6

6

2

2

Largura do depósito topograficamente baixo situado na retaguarda da duna frontal **

1 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 1 1 1 1 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Praia seca * 2 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6

Berma * 1 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

Escarpa, escarpa inativa ou escarpa ativa *

2 2 2 6 4 2 2 6 4 6 4 2 2 6 4 6 4 6 2 6 4 4 4 6 4

Lama de manguezal e/ou tocos de vegetação *

1 3 3 3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Declividade da praia * 1 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 2 2 3 2 3 3 3 3 3 2 3

Estruturas de contenção na praia *

1 1 1 1 1 3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Estruturas de contenção na linha de costa *

2 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6

Desembocadura fluvial 2 6 6 6 6 6 6 6 6 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

Somatória (S) 15 34 35 45 39 37 37 43 41 32 30 28 29 31 28 32 31 32 29 33 31 35 35 32 30

Média Ponderada - 2,2 2,3 3 2,6 2,5 2,5 2,8 2,7 2,1 2 1,9 1,9 2,1 1,9 2,1 2,1 2,1 1,9 2,3 2,1 2,3 2,3 2,1 2

GRAU DE VULNERABILIDADE

- VMA

VMA

VA

VA

VA

VA

VA

VA

VMA

V MA

VMB

V M B

VMA

V M B

V M A

V M A

V M A

V M B

VMA

V M A

VMA

VMA

VMA

V M A

51

PARÂMETROS AMBIENTAIS

PESO

PONTOS DE COLETA

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Período de Coleta

C S C S C S C S C S C S C S C S C S C S C S C S

Dunas frontais (presença*, largura e/ou altura**)

2 6

6

2

2

2

2

6

6

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

2

6

6

Largura do depósito topograficamente baixo situado na retaguarda da duna frontal **

1 3 3 3 3 3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 3 3 1 1 3 3 3 3

Praia seca * 2 6 6 6 6 6 6 6 4 6 4 6 4 6 4 2 2 2 2 6 4 6 2 6 6

Berma * 1 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 3 3 3 3

Escarpa, escarpa inativa ou escarpa ativa *

2 4 4 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 4 4 4 4 6 6

Lama de manguezal e/ou tocos de vegetação *

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Declividade da praia * 1 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 3 2 2 2 3 2 3 3 3

Estruturas de contenção na praia *

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Estruturas de contenção na linha de costa *

2 6 6 4 4 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 2 2

Desembocadura fluvial 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 6 6 6 6

Somatória (S) 15 35 35 27 27 29 29 33 31 27 25 27 25 27 25 22 21 22 22 26 25 34 31 37 37

Média Ponderada - 2,3 2,3 1,8 1,8 1,9 1,9 2,3 2,1 1,8 1,7 1,8 1,7 1,8 1,7 1,3 1,4 1,5 1,5 1,7 1,7 2,3 2,1 2,5 2,5

GRAU DE VULNERABILIDADE

- VMA

VMA

VMB

V M B

V M B

V M B

VMA

V M A

VMB

V M B

VMB

V M B

V M B

V M B

VB

V B

VMB

V M B

V M B

V M B

V M A

V M A

VA

VA

* Geoindicadores / ** Depósitos Quaternários

Períodos: C= chuvoso (agosto/2012) e S = seco (fevereiro/2013)

Grau de vulnerabilidade: Baixa (VB) = 1 a 1,4; Moderadamente Baixa (VMB) = 1,5 a 1,9; Moderadamente Alta (VMA) = 2,0 a 2,4 e Alta (VA) = 2,5 a 3,0

52

Figura 25. Grau de vulnerabilidade à erosão costeira na linha de costa do município de

Aracaju – SE, nos períodos chuvoso (agosto/2012) e seco (fevereiro/2013). As setas

indicam o sentido da corrente longitudinal.

53

8.2 Risco à Erosão Costeira

A metodologia utilizando matriz foi realizada inicialmente por Leopold et al. (1971) em

estudo envolvendo a avaliação de impacto ambiental. As matrizes de Leopold et al. (1971)

apresentavam dois eixos: condições ambientais e as atividades antrópicas.

Da mesma forma, a matriz empregada neste trabalho relaciona aspecto ambiental

(vulnerabilidade ambiental) e humano (ocupação humana), permitindo as avaliações do

risco à erosão costeira.

Desta forma, o risco à erosão costeira foi obtido a partir da matriz Grau de

Vulnerabilidade à Erosão Costeira x Nível de Ocupação (Tabela 3), sendo:

(i) grau de vulnerabilidade à erosão costeira: baixo (a) = 1, moderadamente baixo (b)

= 2, moderadamente alto (a) = 3 e alto (d) = 4; (ii) nível de ocupação: inexistente (e) = 1,

baixo (f) = 2, moderado (g) = 3 e alto (h) = 4. O risco foi definido em: (i) baixo (RB): de 1 a

4, (ii) moderadamente baixo (RMB): de 5 a 8, (iii) moderadamente alto (RMA): de 9 a 12 e

(iv) alto (RA): de 13 a 16.

Tabela 3: Matriz Grau de Vulnerabilidade x Nível de Ocupação, para classificação de

risco à erosão costeira.

Grau de Vulnerabilidade à Erosão Costeira

Nível de Ocupação

Inexistente (e = 1)

Baixo (f = 2)

Moderado (g = 3)

Alto (h = 4)

Baixo (a = 1) 1 (a x e) 2 (a x f) 3 (a x g) 4 (a x h)

Moderadamente

baixo (b = 2)

2 (b x e) 4 (b x f) 6 (b x g) 8 (b x h)

Moderadamente

alto (c = 3)

3 (c x e) 6 (c x f) 9 (c x g) 12 (c x h)

Alto (d = 4) 4 (d x e) 8 (d x f) 12 (d x g) 16 (d x h)

Risco Baixo (RB): de 1 a 4; Risco Moderadamente Baixo (RMB): de 5 a 8; Risco

Moderadamente Alto (RMA): de 9 a 12 e Risco Alto (RA): de 13 a 16.

54

O grau de risco à erosão costeira nas praias do município de Aracaju – SE está

representado na tabela 4 e na figura 26.

O risco à erosão costeira no litoral de Aracaju é predominantemente baixo a

moderadamente baixo. O risco baixo ocorre nas praias do Mosqueiro (pontos 1 a 3), dos

Náufragos (ponto 14), do Robalo (ponto 15), da Aruana (ponto 17) e da Atalaia (ponto 20) e

moderadamente baixos nas praias do Mosqueiro (ponto 4 a 6), do Refúgio (ponto 10), dos

Náufragos (ponto 13), da Aruana (pontos 16 e 18) e da Atalaia (pontos 19, 21 e 22), tanto

no período chuvoso quanto no período seco.

Nas praias do Refúgio, o risco variou de baixo no verão (período seco) a

moderadamente baixo no inverno (período chuvoso), no ponto 7, e de moderadamente

baixo no verão a moderadamente alto no inverno, no ponto 9.

O risco moderadamente alto situa-se nas praias do Refúgio (pontos 8 e 11), dos

Náufragos (ponto 12) e na Atalaia (ponto 23) e alto na praia dos Artista (ponto 24) tanto no

período chuvoso quanto no período seco.

55

Tabela 4: Grau de risco à erosão costeira na linha de costa do município de Aracaju – SE,

a partir da matriz Grau de Vulnerabilidade x Nível de Ocupação.

Pontos de Coleta

Grau de Vulnerabilidade Nível de Ocupação

GRAU DE RISCO

Período Período

Chuvoso Seco Chuvoso Seco

1 3 3 1 3 RB 3 RB

2 4 4 1 4 RB 4 RB

3 4 4 1 4 RB 4 RB

4 4 4 2 8 RMB 8 RMB

5 3 3 2 6 RMB 6 RMB

6 2 2 3 6 RMB 6 RMB

7 3 2 2 6 RMB 4 RB

8 3 3 3 9 RMA 9 RMA

9 3 2 3 9 RMA 6 RMB

10 3 3 2 6 RMB 6 RMB

11 3 3 3 9 RMA 9 RMA

12 3 3 3 9 RMA 9 RMA

13 3 3 2 6 RMB 6 RMB

14 2 2 2 4 RB 4 RB

15 2 2 2 4 RB 4 RB

16 3 3 2 6 RMB 6 RMB

17 2 2 2 4 RB 4 RB

18 2 2 3 6 RMB 6 RMB

19 2 2 4 8 RMB 8 RMB

20 1 1 3 3 RB 3 RB

21 2 2 4 8 RMB 8 RMB

22 2 2 4 8 RMB 8 RMB

23 3 3 4 12 RMA 12 RMA

24 4 4 4 16 RA 16 RA

Períodos: Chuvoso = Agosto/2012 e Seco = Fevereiro/2013

Grau de risco: Baixo (RB) = 1 a 4; Moderadamente Baixo (RMB) = 5 a 8; Moderadamente

Alto (RMA) = 9 a 12 e Alto (RA) = 13 a 16

56

Figura 26. Grau de risco à erosão costeira na linha de costa do município de Aracaju

– SE, nos períodos chuvoso (agosto/2012) e seco (fevereiro/2013). As setas indicam

o sentido da corrente longitudinal.

57

CAPÍTULO 9

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta pesquisa, foi possível estabelecer, a partir da análise dos geoindicadores

observados no período chuvoso (agosto/2012) e no período seco (fevereiro/2013), a atual

tendência da linha de costa da área estudada: (i) erosão severa nas áreas contíguas às

desembocaduras fluviais, ou seja, nas extremidades norte e sul do arco praial (praias dos

Artistas e do Mosqueiro); (ii) erosão na parte sul do arco praial (praia do Mosqueiro) e no

meio do arco praial (praias do Refúgio e dos Náufragos), apenas no período chuvoso; (iii)

acumulação nas praias da Atalaia, a norte e (iv) estabilidade no meio do arco praial (praias

do Mosqueiro, do Refúgio, dos Náufragos, do Robalo e da Aruana) e na extremidade norte

(praia da Atalaia).

A erosão costeira verificada na área investigada advém de causas naturais e

antrópicas. De acordo com Oliveira (2003) e Rodrigues (2008), as causas naturais estão

associadas à dinâmica do canal dos rios Sergipe e Vaza-Barris e do delta de maré vazante.

No entanto, vale ressaltar que estes autores mostraram através da análise multitemporal da

linha de costa que estas praias apresentam elevada mobilidade: ora progradando, ora

recuando. Em todos os pontos a tendência foi a mesma para o período chuvoso e seco,

exceto nas praias do Mosqueiro, do Refúgio e dos Náufragos. A erosão verificada no centro

do arco praial (praias do Refúgio e dos Náufragos), apenas no período chuvoso, reflete

déficit de sedimentos devido, provavelmente, a mudanças no padrão de dispersão de

sedimentos ao longo da costa. As causas antrópicas incluem todas as atividades

desenvolvidas à barlamar (updrift) da área investigada: instalação de barragens no rio São

Francisco, fixação das margens do rio Sergipe, instalação do porto de Sergipe na Barra dos

Coqueiros, entre outros.

De acordo com esse estudo, a ocupação humana efetiva ocorre predominantemente

na retaguarda das principais vias de acesso (Avenida Santos Dumont e Rodovia José

Sarney). Nas praias da Atalaia e dos Artistas a via de acesso principal e,

consequentemente, a ocupação efetiva ocorre mais afastada da praia, pois na sua

retaguarda estão presentes estruturas de lazer e recreação (bares/restaurantes, praça de

eventos, lagos, entre outros) além das vias de acesso local. A ocupação humana é

inexistente na extremidade sul do arco praial (praias do Mosqueiro). O nível de ocupação

baixo está presente nas praias do Mosqueiro, do Refúgio, dos Náufragos, do Robalo e da

58

Aruana; moderado nas praias do Mosqueiro, do Refúgio, dos Náufragos e da Aruana; e,

alto nas praias da Atalaia e dos Artistas.

O litoral de Aracaju é caracterizado por praias com baixa declividade, bordejadas

predominantemente por depósitos quaternários inconsolidados (dunas frontais) e, como por

estruturas de contenção à erosão costeira. Os depósitos de dunas frontais apresentam

dimensões (largura, extensão e altura) variadas que promovem ou não a proteção da costa

aos eventos erosivos. O levantamento realizado neste trabalho colocou em evidência que a

área mais crítica está localizada na praia do Mosqueiro, onde ocorrem as menores alturas

e larguras das dunas frontais (vide Figuras 11 e 12). Nesta mesma praia, as estruturas de

contenção, sem manutenção, não desempenharam o seu papel (vide Figura 24).

As praias do Refúgio, dos Náufragos e da Aruana que foram aterradas para a

construção de barracas de praia sobre as dunas frontais ficaram mais vulneráveis à erosão

costeira, devido a falta de proteção que a duna frontal proporciona. A vulnerabilidade à

erosão costeira inclui, neste trabalho, outros parâmetros como largura da praia seca;

presença de berma; presença de escarpa ativa ou inativa; presença de lama de manguezal

e/ou tocos de vegetação na praia; presença de estruturas de contenção na praia ou na

linha de costa e proximidade da desembocadura fluvial. As praias classificadas com

vulnerabilidade baixa a moderadamente baixa são as do Mosqueiro, dos Náufragos, do

Robalo, da Aruana e da Atalaia; e as áreas de moderadamente alta a alta vulnerabilidade

são as praias do Mosqueiro, do Refúgio, dos Náufragos, da Aruana, da Atalaia e dos

Artistas. Desta forma, o litoral de Aracaju apresenta, em função de suas características,

diferentes níveis de vulnerabilidade, de baixa à alta .

O risco à erosão costeira na linha de costa da área estudada, baseado na análise da

matriz grau de vulnerabilidade x nível de ocupação, é baixo a moderadamente baixo nas

praias do Mosqueiro, do Refúgio, dos Náufragos, do Robalo, da Aruana e da Atalaia. Nas

praias do Mosqueiro, apesar do intenso processo erosivo instalado e a ineficácia das

estruturas de contenção, o risco é baixo devido à inexistência de ocupação. Riscos

moderadamente altos se concentram nas praias do Refúgio, dos Náufragos e da Atalaia.

No entanto, o setor mais crítico do litoral de Aracaju, com alto risco à erosão, situa-se na

praia dos Artistas (extremidade norte do arco praial) . Apesar da estrutura de contenção

presente neste setor estar cumprindo o seu papel de proteger a linha de costa, o nível de

ocupação é alto.

De acordo com Oliveira (2003), Rodrigues (2008) e Santos (2013), o setor na praia da

Atalaia apresentou progradação acelerada desde a década de 70. A ocupação humana se

59

expandiu sobre as áreas recém progradadas (FEITOSA et al. 2012). As áreas mais

próximas da desembocadura, por apresentarem maior mobilidade, foram e são,

respectivamente, as mais afetadas pela erosão severa, necessitando de estruturas de

contenção em função do nível de ocupação.

Apesar do litoral de Aracaju apresentar risco elevado apenas na praia dos Artistas,

atenção deve ser dada nas áreas mais vulneráveis à erosão em função da intensificação

da ocupação humana ocorrida nas últimas décadas. Como dito por Pilkey (1991) e repetido

por diversos outros autores (DOMINGUEZ, 2000; STIVE et al., 2002; AQUINO et al., 2003),

não existe risco à erosão costeira se não houver ocupação humana.

A proposta de se fazer uma avaliação da linha de costa do município de Aracaju – SE,

através da análise de geoindicadores de erosão e acumulação costeira, propostos por

Bush et al. (1999), pode ser considerada, como sendo, um primeiro passo para o

desenvolvimento de estudos futuros abordando a temática em questão. A análise feita, em

períodos sazonais, permitiu uma resposta do comportamento da linha de costa a curto

prazo da área estudada que, integrada aos dados de ocupação costeira, mostrou ser

importante para o mapeamento da vulnerabilidade e do risco à erosão costeira, como

mostra a Figura 27.

No entanto, neste estudo, ficou claro que os geoindicadores não devem ser

analisados isoladamente porque um único parâmetro não é suficiente para determinar o

estado da linha de costa. Além disso, uma praia, mesmo que larga, pode sofrer acentuada

erosão após eventos de tempestade ou mudança na concentração de energia de ondas.

Deve-se destacar que, em campo, os geoindicadores precisam ser analisados

cuidadosamente, pois podem apresentar evidências pretéritas de erosão e/ou acumulação,

não refletindo o cenário no momento atual de coleta de dados.

Vale salientar que, devido ao dinamismo da zona costeira, todos os parâmetros

avaliados a partir da análise dos geoindicadores podem variar ao longo do tempo, o que

não invalida os dados apresentados nessa dissertação. A repetição sistemática desta

abordagem pode ser utilizada em projetos de monitoramento ambiental.

Recomenda-se o uso de outras metodologias (análise multitemporal da linha de costa,

modelos matemáticos, evolução quaternária, entre outros) para complementar o estudo

com geoindicadores, assim como melhor definir o comportamento da linha de costa a

médio e longo prazo.

Nesse contexto, esse trabalho fornece subsídios que podem ser úteis para projetos

de gestão pública e ambiental, principalmente no que diz respeito a ocupação humana

60

próxima à linha de costa. Os mapas de vulnerabilidade e risco constituem um instrumento

válido para o planejamento ambiental, uma vez que neles estão representadas as praias

com menor ou maior grau de vulnerabilidade e de risco à erosão costeira.

A dinâmica costeira do litoral de Aracaju deve ser considerada no planejamento

ambiental para que, dessa forma, possam ser minimizados os prejuízos e/ou evitadas

possíveis perdas materiais.

61

Figura 27: Mapas temáticos do litoral do município de Aracaju e sua integração. A: Comportamento da linha de costa; B: Nível

de ocupação; C: Grau de vulnerabilidade à erosão costeira e D: Grau de risco à erosão costeira.

62

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68

ANEXOS

69

ANEXO A – Lista dos 27 Geoindicadores propostos por Berger (1997, 1998) e

agrupados por Ramos et al. (2008).

70

ANEXO B - Planilha de Campo: Geoindicadores de Erosão e Acumulação das Praias do Município de Aracaju – SE.

DESCRIÇÃO DO PONTO DE AMOSTRAGEM

PONTO

Ponto:______ Praia:___________________ Localização: ___________________________________________

Nº Amostra: _____________________ Coordenada UTM:__________________E e ____________________N

Hora:_____:_____ Data:___/___/___ Datum: SAD 69

1 – ANTEPRAIA

1.1 – Tipo de arrebentação:

1 – Progressiva ou deslizante ( ) 2 – Mergulhante ( ) 3 – Ascendente ( ) 4 – Frontal ( )

Número de arrebentações:___________ Ausente ( )

1.2 – Grau de exposição:

1 – Protegida ( ) 2 – Exposta ( )

1.3 – Feições expostas:

1 – Bancos de areia ( ) 2 – Canaleta ( ) 3 – Ausente ( )

4 – Outros ( ) _____________________________________________________________________________

1.4 – Feições artificiais:

1 – Muro de contenção ( ) 2 – Fragmento de pistas ( ) 3 – Ausente ( ) 4 – Outros: __________________

1.5 – Grau de turbidez da água:

1 – Alto ( ) 2 - Médio ( ) 3 – Baixo ( ) 4 – Sem turbidez ( )

2 – FACE DE PRAIA

2.1 – Características gerais:

1 – Largura praia úmida: ___________________ praia seca: _________________ 2 – Declividade (°):_______

2.2 – Feições naturais:

1 – Praia e cúspide ( ) 2 – Bancos e canaletas ( ) 3 – Ausente ( ) 4 - Outros ( ) ____________________

2.3 – Tipos de praia:

Dissipativa: 1 - Terraço de baixa-mar ( ) 2 - Bancos e canaletas ( )

OBS.: _____________________________________________________________________________

Intermediária: 1 - Banco e cava longitudinais ( ) 2 - Banco e praia rítmicos ( )

3 - Banco transversal e rip ( ) 4 - Crista e canal / terraço de maré baixa ( )

5 – Fragmento de pistas ( )

OBS.: ____________________________________________________________________________

Refletiva: 1 - Cúspides ( ) 2 - Berma desenvolvido ( )

OBS.: ____________________________________________________________________________

2.4 – Desembocadura fluvial:

1 – Rio ( ) 2 - Córrego ( ) 3 – Drenagem interrompida ( ) 4 – Drenagem pluvial ( ) 5 – Esgoto ( )

6 – Ausente ( ) 7 - Outros ( ) _____________________________________________________________

71

4 – RETAGUARDA

4.1 – Feições culturais:

1 – Barracas ( ) 2 – Pousadas ( ) 3 – Casas ( ) 4 – Estradas ( ) 5 – Esgotos ( ) 6 – Coqueiral ( )

7 – Cerca ( ) 8 – Obras de contenção ( ) 9 – Ausente ( )

9 – Feição natural: _________________________________________________________________________

10 – Outros: ______________________________________________________________________________

4.2 – Concentração de barracas de praia:

1 – Grande ( ) 2 – Média ( ) 3 – Pequena ( ) 4 – Ausente ( )

4.3 – Nível de ocupação:

1 – Alto > 10 ( ) 2 – Médio entre 5 e 10 ( ) 3 – Baixo < 4 ( ) 4 – Inexistente ( )

OBS.: _________________________________________________________________________________

5 – INDICATIVOS DE EROSÃO

5.1 – Erosão Severa:

( ) Dunas frontais ausentes

( ) Processo de sobrelavagem frequente

( ) Escarpa ativa (falésia, duna frontal, terraço arenoso) ou remanescente de duna

( ) Estruturas construídas pelo homem na linha de costa e que agora estão na praia e antepraia

( ) Coqueiros caídos e/ou raízes expostas

5.2 – Erosão:

( ) Dunas escarpadas ou interrompidas

( ) Escarpa íngreme sem acumulação no sopé

( ) Turfa, lama ou tocos de árvores expostos na praia

( ) Praia estreita ou ausência de praia seca

( ) Passagens ou leques de sobrelavagem

( ) Vegetação derrubada ao longo da linha de escarpa

( ) Presença de concentrações de minerais pesados

5.3 – Acumulação ou estabilidade de longo prazo:

( ) Dunas frontais elevadas, sem rupturas e vegetadas

( ) Escarpa vegetada com rampa estável (vegetada) no sopé

( ) Praia larga com berma bem desenvolvida

( ) Ausência de leques de sobrelavagem

( ) Vegetação bem desenvolvida (restinga, arbusto de duna e gramínea de praia)

3 – PÓS-PRAIA

3.1 – Feições naturais:

1 – Berma: ausente ( ), presente ( ) 2 – Mangue ( ) 3 – Terraço vegetado ( ) 4 – Pós-praia ausente ( )

6 – INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES