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GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DA SUÍTE
INTRUSIVA SERRA DO BAÚ – ÊNFASE NO GNAISSE RIO
FORTUNA - TERRENO PARAGUÁ, SW DO CRATON
AMAZÔNICO – BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT
Reitora
Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder
Vice-Reitor
Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto
Pró-Reitora de Pós-Graduação
Profª. Drª. Leny Caselli Anzai
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - ICET
Diretor
Prof. Dr. Edinaldo de Castro e Silva
DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS - DRM
Chefe
Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geociências
Prof. Dr. Denis de Jesus Lima Guerra
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
N° 20
GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA DA SUÍTE INTRUSIVA
SERRA DO BAÚ – ÊNFASE NO GNAISSE RIO FORTUNA - TERRENO PARAGUÁ,
SW DO CRATON AMAZÔNICO – BRASIL
Débora Almeida Faria
Orientador
Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Co-Orientador
Prof. Dr. João Batista de Matos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências do Instituto de
Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito
parcial para a obtenção do Título de Mestre na Área de Concentração: Geologia
Regional e Recursos Minerais.
CUIABÁ/MT
2011
Universidade Federal de Mato Grosso – http://www.ufmt.br
Instituto de Ciências Exatas e da Terra – http://www.ufmt.br
Departamento de Recursos Minerais – http://www.ufmt.br/Icet/geologia
Programa de Pós-Graduação em geociências – http://www.ufmt.br/Geociencias
Campus Cuiabá – Avenida Fernando Corrêa, s/nº - Coxipó
78.060-900 – Cuiabá, Mato Grosso
Fone: (65) 3615-8000 – Fax: (65) 3628-1219 – E.mail: [email protected]
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Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª
Catalogação elaborada pela Biblioteca Central do Sistema de Bibliotecas e Informação –
SISBIB –Universidade Federal de Mato Grosso
Faria, Débora Almeida
Geologia, Geoquímica e Geocronologia da Suíte Intrusiva Serra do Baú – Ênfase no
Gnaisse Rio Fortuna - Terreno Paraguá, SW do Craton Amazônico – Brasil
[manuscrito]. /Débora Almeida Faria – 2011
ix, 91f.; il. Color; grafs.; tabs.; mapas (Contribuições às Ciências da Terra, série X ,vol. X
n. X).
Orientador: Prof. Dr. Amarildo Salina Ruiz
Co-Orientador: Prof. Dr. João Batista de Matos
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Ciências
Exatas e da Terra. Departamento de Recursos Minerais. Programa de Pós-Graduação em
Geociências.
Área de Concentração: Geologia Regional e Recursos Minerais
1. Geologia – Dissertação. 2. SW do Craton Amazônico – Dissertação. 3. Gnaisse Rio
Fortuna. 4. Análise Estrutural – Dissertação. I. Universidade Federal de Mato Grosso.
Departamento de Geologia. II. Titulo.
CDU: ...
...”de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo
menos entender o que não entendo.”
Clarice Lispector
Dedicatória
Ao ser supremo, Deus que guia todos os meus passos. A minha família, minha mamis
(Marcela) e meus irmãos (Barbara e Marcos), meu tudo, minha razão de existir e persistir e
claro meu Orientador e amigo Amarildo Salina Ruiz.
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
Primeiramente a Deus por ter me dado, sabedoria, inteligência, guiado as minhas
escolhas, pelas pessoas colocadas ao longo do meu caminho e por estar sempre ao meu lado,
hoje mais do nunca compreendo o significado de que Deus não nos dá o que pedimos, mas
sim o que realmente precisamos, pois ele nos deseja simplesmente o melhor.
A minha família por toda dedicação, apoio, conselhos, incentivos e amor,
fundamentais em todos os momentos da minha vida, os quais eu dedico cada vitória, pois sem
vocês eu nada seria: Marcela (mãe e amiga), Bárbara Aline (irmã, amiga e companheira) e
Marcos (irmão, amigo e pai).
Ao meu Orientador Amarildo Salina Ruiz, que sempre me incentivou, encorajou sua
amizade e paciência sempre foram fundamentais e claro a sua noiva Gabi, pois já diz o
pensamento popular: “Por trás de um grande homem ah sempre uma grande mulher”, por
sempre organizar e cuidar do meu orientador (rsrsr..), pela amizade conquistada desde os
tempos de faculdade, pelos momentos de socorro quando eu sempre precisei.
Meu co- orientador João Batista Matos sempre disposto a me ajudar e compartilhando
seus conhecimentos metamórficos e petrográficos.
Aos professores e técnicos que sempre me auxiliaram e me instruíram nesses longos
anos, entre os quais, não posso ousar deixar de citar, não levam seus nomes como meus
orientadores deste trabalho, mas sem duvida sem os quais eu jamais chegaria até aqui, me
ensinaram durante a graduação, durante o mestrado e na vida pessoal e profissional,
verdadeiros doutores na arte do conhecimento e ensinamento, juntamente com meus
orientadores neste trabalho (Amarildo e João), como já dizia Albert Einstein "A tarefa
essencial do professor é despertar a alegria de trabalhar e de conhecer": Prof. Dr. Gerson
Souza Saes, o qual tive a honra de ser orientada durante o trabalho de conclusão do curso de
geologia e desde então pude contar com sua ajuda e amizade. A prof.(a) Dra. Maria Zélia
sempre disposta a nos ajudar, incentivando e ensinando, uma verdadeira salva vidas da
petrográfia. Seu Alexandrino (BIG), Reginaldo, Nunes, Dirce e a doutoranda Maria Elisa
Froes Batata, o que teria sido de mim nessa geologia sem vocês, pessoas que eu perturbei
desde a graduação.
Aos meus amigos, alguns fizeram parte da minha vida deixaram suas contribuições e
seguiram seu caminho e alguns ainda caminham na mesma direção que ainda percorro, mas
ii
sempre ficam as saudades, as recordações, e quando nos reencontramos é como se tudo fosse
igual novamente, se dispuseram a me ajudar seja com suas palavras de preocupação e apoio,
seja ajudando com algum item dessa dissertação, o importante é que vocês meus amigos são
figuras que sempre estiveram ao meu lado, sendo alguns de uma turma D’ quinta,
inesquecíveis pra mim: Marcel, Leo, Russo, Bruno, Thaty, Fernanda, Gabi, Daniel e Luh-in
memoriam-(sempre presente em meu coração), meus amigos que fazem parte de uma turma
de quebra campos: Danilo (me aturou nos momentos de maior stress e frustrações), Marcos
Vinicius (Confidente), Thiago (Primo de coração, que tenho muito a agradecer, pela ajuda,
pela amizade, pelas conversas, por fazer parte da minha vida) e Renan. Esses amigos de um
mundo geológico de laços incomparáveis e Elementos Terras Raras: Tati, Cleide e Sirlane
(Doidas e locas). Nesses anos de graduação e mestrado levo comigo grandes amigos feitos ao
longo dessa jornada e tanto me apoiaram e literalmente foram fundamentais nesse trabalho,
parceiros de campo, de sábados a finco fazendo minhas lâminas, apoio total: Tchun-Tchun
(Newton), Camilo (Garoto), Fernanda Beluffi e Josemar Clemente (quem disse que
intimidade aumenta amizade... rsrs..., mas muitas e fundamentais foram nossas conversas
geológicas e como não ser grata a quem não me deixou desistir de estrutural, acho que foi
convincente, o incentivo de que eu pensasse em fazer mestrado, e aqui está o resultado) e o
meu mais que amigo, um parceiro que me ensinou que distancia não separa amigos ainda
mais quando são geólogos, pois em cada reencontro parece que nunca existiu despedida:
Eduardo Sobral (Sem graça de my vida).
Aos alunos da pós-graduação pelo tempo de sala e idéias que dividimos e pela
amizade adquirida em todo esse período que estivemos juntos. A todas as amizades
geológicas conquistadas durante os tempos de graduação, de peteana e mestranda (em
especial Edvaldo).
Ao Walter pessoa que aprendi muito como profissional, como pessoa, que me deu a
oportunidade de aprimorar meu conhecimento, de mostrar a mim mesma que escolhi certo e
que eu tinha jeito pra geóloga sempre com conselhos, dicas fundamentais, correções
detalhistas que fazem a diferença e claro pela confiança.
E não poderia deixar de agradecer a essa instituição (UFMT) a CAPES (PROCAD
096/97) e FAPEMAT (Procs. 002.0141/2007 e 444.8287/2009) pelo suporte financeiro ao
desenvolvimento da pesquisa desta dissertação e ao Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e
Tectônica – Guaporé.
iii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................ i
SUMÁRIO ............................................................................................................................................. iii
INDICE DE TABELA DA DISSERTAÇÃO ......................................................................................... v
INDICE DE TABELA DO ARTIGO ...................................................................................................... v
INDICE DE FIGURA DA DISSERTAÇÃO .......................................................................................... v
INDICE DE FIGURA DO ARTIGO ..................................................................................................... vi
RESUMO ............................................................................................................................................. viii
ABSTRACT ........................................................................................................................................... ix
Capítulo1- Introdução
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA .........................................................................................................1
1.2 OBJETIVOS ......................................................................................................................................2
1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................................2
1.2.2 Objetivo Especifico .........................................................................................................................2
1.3 MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA ...................................................................................2
1.3.1 Etapa de Preparação ......................................................................................................................3
1.3.2 Etapa de Aquisição dos Dados .......................................................................................................3
Campo ......................................................................................................................................................3
Laboratório ..............................................................................................................................................5
Análises Petrográficas .............................................................................................................................5
Geoquímica de Rocha Total ....................................................................................................................5
Geocronologia .........................................................................................................................................5
1.3.3 Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados ........................................................................6
1.3.4 Etapa de Elaboração da Dissertação .............................................................................................6
Capítulo2- Contexto Geológico Regional
COMPLEXO GRANULÍTICO .............................................................................................................13
SUÍTE INTRUSIVA SERRA DO BAÚ ................................................................................................13
ORTOGNAISSE TARUMÃ ..................................................................................................................14
GRANITO LAJES .................................................................................................................................15
GRUPO AGUAPEÍ ...............................................................................................................................16
Capítulo2- Geologia Local
3.0 GEOLOGIA DA REGIÃO DO DESTACAMENTO FORTUNA ..................................................18
3.1- COMPLEXO GRANULÍTICO ......................................................................................................18
3.2- GNAISSES DA SUÍTE INTRUSIVA SERRA DO BAÚ ..............................................................20
iv
GNAISSE CÓRREGO VERMELHO ...................................................................................................20
GNAISSE RETIRO ...............................................................................................................................22
GNAISSE RETIRO I ............................................................................................................................25
GNAISSE RIO FORTUNA...................................................................................................................28
3.3- ORTOGNAISSE TARUMÃ ...........................................................................................................31
3.4- GRANITO LAJES .........................................................................................................................32
3.5- GRUPO AGUAPEÍ ........................................................................................................................33
3.6- FORMAÇÃO PANTANAL ............................................................................................................33
3.7- ALUVIÕES RECENTES ...............................................................................................................33
Capítulo4- Artigo
Resumo ..................................................................................................................................................34
Abstract ..................................................................................................................................................34
INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................34
CONTEXTO TECTONICO GEOLOGICO REGIONAL ....................................................................35
GNAISSE RIO FORTUNA...................................................................................................................38
GEOQUÍMICA ......................................................................................................................................41
DEFORMAÇÃO E METAMORFISMO DO GNAISSE RIO FORTUNA .........................................46
GEOCRONOLOGIA .............................................................................................................................49
CONCLUSÕES .....................................................................................................................................52
Referências ............................................................................................................................................55
Capítulo5- Conclusões e Sugestões
CONCLUSÕES E SUGESTÕES ..........................................................................................................59
Sugestões................................................................................................................................................62
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................64
ANEXOS ................................................................................................................................................69
Anexo1
Anexo2
Anexo3
v
INDICE DE TABELA DA DISSERTAÇÃO
Tabela 1- Tabela de Pontos dos 38 pontos onde afloram os corpos gnáissicos, diferenciados em quatro
litotipos distintos. .....................................................................................................................................4
Tabela 2- Quadro-sumário destacando as principais unidades geológicas e os eventos termotectonicos
que afetaram o Terreno Paraguá, Ruiz (2005). ......................................................................................11
INDICE DE TABELA DO ARTIGO
Tabela 1- Composição química de elementos maiores, menores (% em peso), traços incluindo ETR
(ppm) do Gnaisse Rio Fortuna. ..............................................................................................................24
Tabela 2- Síntese dos dados obtidos através da análise U/Pb obtidos pelo LAM-ICPMS-MC para a
amostra GJ-19. .......................................................................................................................................52
INDICE DE FIGURA DA DISSERTAÇÃO
Figura 1- Mapa de localização da área de estudo. ...................................................................................1
Figura 2-Compartimentação geocronológica e tectônica do Craton Amazônico, o Maciço Rio Apa
como seu extremo meridional, extraído de Ruiz 2005. ............................................................................9
Figura 3- Em A mapa de compartimentação em Terrenos do SW do Craton Amazônico de Ruiz et
al.(2010) e B maior detalhamento para a compartimentação em terrenos e unidades geológicas do
Terreno Paraguá modificado de Bettencourt et al. (2010). ....................................................................10
Figura 4- Mapa geológico-tectonico do SW do Craton Amazônico extraído de Bettencourt et al.
(2010) mostrando suas unidades e terrenos. ...........................................................................................12
Figura 5- Mapa geológico da Região do Destacamento Fortuna, mostrando os quatro corpos
gnáissicos localizados na área de estudo. ...............................................................................................18
Figura 6-Granulito em (A) forma de afloramento em pequenos blocos dispersos e em (B) um destaque
para amostra de mão. ..............................................................................................................................19
Figura 7- Fotomicrográfia do Granulito em luz natural (A) biotita com estruturas Kink Band e (B)
hornblenda com pleocroísmo marrom a marrom- avermelhado. ...........................................................20
Figura 8- Gnaisse Córrego Vermelho (A) granulação fina, ocorrência na forma de blocos; (B)
Estruturas de Boudins, processo de deformação sofrido por camadas mais competentes e rúpteis que se
fragmentam ao serem estirados dentro de material rochoso mais dúctil e que se escoa, quando o
conjunto sofre esforços compressivos ou extensionais; (C) e (D) dobras apertadas e transpostas
identificando duas fases deformacionais e duas foliações distintas (S1 e S2). ......................................21
Figura 9- Amostra DF-13, luz polarizada (A) O processo de alteração dos feldspatos é bem mascante
nesta unidade, (B) Os minerais de uma forma geral apresentam uma orientação principal, (C) o
processo de saussiritização é observado até mesmo no interscrecimento mimerquitico e (D) biotina na
forma de palhetas e a alteração dos feldspatos. ......................................................................................22
vi
Figura 10- Gnaisse Retiro, (A) mostra sua estrutura o gnaisse com estrutura de um augen gnaisse
(estrutura milonitica) e duas fases deformacionais formando as foliações S1 e S2. (B) O Gnaisse com
bandamento gnáissico sem milonitização, mas com presença de xenólitos de granulito. ......................23
Figura 11- Fotomicrografia do Gnaisse Retiro amostra DF-12A- (A) hornblenda alterando para biotita
e com inclusões de apatita, (B) intercrescimento mirmerquítico, (C) luz polarizada mostrando
recristalização do quartzo principalmente o aglomerado de minerais recristalizados, (D) luz natural,
estruturas em Kink Band da biotita. .......................................................................................................24
Figura 12- Amostra DF-12- (A) grãos de feldspato alcalino e plagioclásio em processo de alteração
(B) anfibólio caracterizado como hornblenda, (C) Luz Polarizada e (D) luz natural evidenciando a
presença de granada. ..............................................................................................................................25
Figura 13- O Gnaisse Retiro I (A) aparece como xenólito dentro de um granito porfirítico e também
dentro do Granito Lajes. (B) foto da amostra de mão evidenciando as dobras do bandamento gnáissico
de cor mais rósea; (C) Afloramento em forma de lajedo sendo cortado por injeções graníticas
(porfirítica) e (D) dobras apertadas e parasíticas. ...................................................................................26
Figura 14- Amostra DF-01 (A) Fotomicrografia mostrando as estruturas em kink band da biotita, (B)
os clastos de quartzo sendo levemente rotacionando, (C) e (D) mostrando a biotita numa coloração
mais esverdeada com estrutura sagenitica, paralela a está a biotita em forma de palhetas e cor marrom.
................................................................................................................................................................27
Figura 15- Gnaisse Rio Fortuna: (A) Fotografia tira em planta do afloramento em lajedo, com
evidente bandamento gnáissico com distinções de minerais máficos e felsicos e (B) Amostra de mão
onde é possível uma visibilidade mais proeminente desse bandamento. ...............................................28
Figura 16- Fotomicrografias do Gnaisse Rio Fortuna: (A) intercrescimento mirmequítico; (B) detalhe
de antipertita onde a fase hóspede corresponde à microclina; (C) quartzo recristalizado; (D) biotita
com inclusões de rutilo caracterizando textura sagenítica; (E) cristal prismático primário de titanita
associado à biotita e (F) detalhe de allanita metamíctica com coroa de epidoto. ...................................30
Figura 17- Diagrama classificatório QAP para as rochas dos Gnaisses Retiro e Rio Fortuna. .............31
Figura 18- Ortognaisse Tarumã (A) porfiroclastos com milonitização bem evidente e (B) Afloramento
na forma de matacões. ............................................................................................................................32
Figura 19- Granito Lajes (A) xenólito do Gnaisse Córrego Retiro II dentro do Granito Lajes e (B)
afloramento do granito na forma de lajedo. ...........................................................................................32
INDICE DE FIGURA DO ARTIGO
Figura 1-Em A Mapa com a compartimentação geocronológica do Craton Amazônico de Ruiz et al.
(2005), in Godoy et al.(2009), e B mapa de compartimentação em Terrenos do SW do Craton
Amazônico de Ruiz et al.(2010). ...........................................................................................................37
Figura 2-Mapa geológico da Suíte Intrusiva Serra do Baú, mostrando os quatro corpos gnáissicos
localizados na área de estudo. ................................................................................................................38
vii
Figura 3-Gnaisse Rio Fortuna: (A) Fotografia tira em planta do afloramento em lajedo, com evidente
bandamento gnáissico com distinções de minerais máficos e felsicos e (B) Amostra de mão onde é
possível uma visibilidade mais proeminente desse bandamento. ...........................................................39
Figura 4-Fotomicrografias do Gnaisse Rio Fortuna: (A) intercrescimento mirmequítico; (B) detalhe
de antipertita onde a fase hóspede corresponde à microclina; (C) quartzo recristalizado; (D) biotita
com inclusões de rutilo caracterizando textura sagenítica; (E) cristal prismático primário de titanita
associado à biotita e (F) detalhe de allanita metamíctica com coroa de epidoto. ...................................41
Figura 5- Diagramas de variação de SiO2 versus óxidos, e traços do Gnaisse Rio Fortuna. ...............43
Figura 6-Diagramas classificatórios para as rochas do Gnaisse Rio Fortuna: (A) SiO2 versus Zr/TiO2
(Winchester & Floyd 1977); (B) álcalis versus SiO2 (Le Maitre 1989); (C) R1 versus R2 (Le Maitre
1989). .....................................................................................................................................................44
Figura 7-Diagramas classificatórios de séries magmáticas para as rochas do Gnaisse Rio Fortuna. (A)
AFM (Irvine & Baragar 1971); (B) total de álcalis e CaO versus sílica (Peacock 1931); (C) La versus
Yb (Barret & MacLean 1999); (D) K2O% versus SiO2% (Le Maitre 2002) e (E) A/NK versus A/CNK
(Maniar & Piccoli 1989). .......................................................................................................................45
Figura 8-Diagramas do Gnaisse Rio Fortuna: (A) e (B) de ambiente tectônico – respectivamente, Rb
versus Y+Nb de Pearce et al. ( 1984) e Hf-Rb-Ta Harris et al. (1986); (C) padrões de distribuição de
ETR, normalizados pelos valores condríticos (Nakamura 1977); (D) elementos traço e K2O,
normalizados pelos valores dos granitos de Cordilheira Meso-Oceânica (Pearce et al. 1984). .............46
Figura 9-Fotografias em planta (A) e (B) Gnaisse intensamente deformado, com três foliações
distintas (S1, S2 e S3), transposição dessas dobras e injeções quartzo feldspática paralelas a
transposição. ...........................................................................................................................................47
Figura 10- (A) Estereograma de isofrequência para pólos do bandamento gnáissico S1, ilustra a
distribuição em guirlanda de círculo maior provocada pelas dobras de fase F2 e (B) Estereograma de
pontos de pólos da xistosidade S2. .........................................................................................................48
Figura 11-Esquema ilustrativo das fases de deformação que afetam o Gnaisse Rio Fortuna. (A)
Bandamento gnáissico marcando a primeira foliação (S1) não transporta; (B) Bandamento gnáissico
S1 dobrado e parcialmente transposto segundo a direção da foliação (S2) e (C) transposição das
foliações S1 e S2 ao longo de zonas de cisalhamento estreitas paralelas a foliação S3. ..........................49
Figura 12- Imagens de MEV e fotos de microscopia ótica dos zircões, com “spots”de 25µm
produzidos pela microssonda a laser, sendo A e B = Zr-075-C-IV-01 , C e D = Zr-075-C-IV-06 e E
e F = Zr-075-D-VI-01. ...........................................................................................................................50
Figura 13-Diagrama concórdia U/Pb (laser ablation) da amostra GJ 19, do Gnaisse Rio Fortuna. A
idade concórdia no intercepto superior em 1711±13 Ma, interpretada como a idade de cristalização do
protólito ígneo. .......................................................................................................................................51
viii
RESUMO
A Suíte Intrusiva Serra do Baú está localizada na região do Destacamento Militar
Fortuna, estado de Mato Grosso. Situa-se na interface tectônica dos domínios da província
Rondoniana-San Ignácio, no terreno Paraguá, na porção SW do Craton Amazônico. Formado
por sieno a monzogranitos e granodioritos, do ponto de vista geológico-tectônico, tais Gnaisses
estão inseridos no Terreno Paraguá, em um setor afetado pela Orogenia Sunsás (1.0 a 0.9 Ga).
Sendo dada uma maior ênfase aos Gnaisses Rio Fortuna, que geoquimicamente constituem uma
seqüência ácida formada por um magmatismo subalcalino, do tipo cálcio-alcalino de alto
potássio, peraluminoso a metaluminoso, evoluído através de mecanismos de cristalização
fracionada associados à contaminação crustal. Os dados geológicos-petrográficos obtidos
mostram que se trata de um ortognaisse monzo a granodiorito, polideformado, cujo resultado
obtido pelo método U-Pb (laser ablation) de 1711±13 Ma, deve corresponder idade de
cristalização do Gnaisse. No contexto tectônico do Terreno Paraguá, os dados obtidos indicam
que o Gnaisse Rio Fortuna foi formado durante a Orogenia Lomas Manechis, segundo
concepção de Boger et al. (2005). Do ponto de vista da deformação, os gnaisses estudados exibem
história policíclica caracterizadas pela impressão de estruturas tectônicas separadas em pelo menos três
fases deformacionais.
ix
ABSTRACT
The Suíte Intrusiva Serra of the Trunk is located in the region near the Fortuna
Military Detachment, state of Mato Grosso. It is situated in the domains of Rondoniana-San
Ignacio Province, in Paragua terrane, portion SW of the Amazonian Craton. It consists of the
syeno to monzogranite and granodiorite, of the geologic-tectônico point of view, such
Gnaisses is inserted in the Paragua terrane, in a sector affected for the Orogenia Sunsás (1,0
the 0,9 Ga). Being given a bigger emphasis to the Paragua terrane, that geoquimicamente they
constitute an acid sequence formed for a subalcalino magmatismo, of the calcium-alkaline
type of high potassium, peraluminoso the metaluminoso, evolved through mechanisms of
fracionada crystallization associates to the crustal contamination. The geological-petrographic
data show that it is about one ortognaisse monzo the granodiorito, polideformado, whose
resulted gotten for the U-Pb method (laser ablation) of 1711±13 Ma, it must correspond age
of crystallization of the Gnaisse. In the tectônico context of the Paragua terrane, the gotten
data indicate that the Gnaisse Rio Fortuna was formed during the Orogenia Lomas Manechis,
according to conception of Boger et al. (2005). Of the point of view of the deformation,
gnaisses studied shows policíclica history characterized by the impression of separate
tectônicas structures in at least three deformacionais phases.
Investigação Geológica - Geoquímica e Geocronológica dos Terrenos Gnáissicos da Suíte Intrusiva Serra do Baú –
Terreno Parguá, Sw do Craton Amazônico –Brasil
Dissertação de mestrado-Faria D.A., 2011.
Capítulo 1
Introdução Página 1
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
O Terreno Paraguá tem sido descrito como um fragmento crustal alóctone, acrescido à
margem do proto-Craton Amazônico durante o Mesoproterozóico ou Neoproterozóico (Boger
et al. 2005, Ruiz 2009, Bettencourt et al. 2010). Segundo Boger et al. (2005) sua aglutinação
teria ocorrido durante a orogenia Sunsás (1,0 a 0,9 Ga), enquanto Ruiz (2005, 2009) e
Bettencourt et al. (2010) sugerem a orogenia San Ignácio (1,37 a 1,3 Ga) como responsável
pela colisão do terreno Paraguá ao craton Amazônico.
A região da Serra de Santa Bárbara, onde estão situados os Gnaisses pertencentes à
Suíte Intrusiva Serra do Baú localiza-se a cerca de 450 km de Cuiabá (Figura 1), na folha
Santa Rita (SE-21-V-A), nas proximidades do Destacamento Fortuna, sendo caracterizada
pelo retrabalhamento tectônico-metamórfico do embasamento.
A partir do mapeamento geológico sistemático da Suíte Intrusiva Serra do Baú exposto
no SW de Mato Grosso, na região fronteiriça com a Bolívia, pretende-se contribuir para o
entendimento da evolução geológica do embasamento gnáissico com enfoque no Gnaisse Rio
Fortuna, desenvolvido previamente à implantação das Orogenias San Ignácio e Sunsás, e por
conseqüência a evolução crustal do Terreno Paraguá.
Figura 1- Mapa de localização da área de estudo.
Investigação Geológica - Geoquímica e Geocronológica dos Terrenos Gnáissicos da Suíte Intrusiva Serra do Baú –
Terreno Parguá, Sw do Craton Amazônico –Brasil
Dissertação de mestrado-Faria D.A., 2011.
Capítulo 1
Introdução Página 2
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
O propósito deste trabalho é a partir do mapeamento geológico sistemático da Suíte
Intrusiva Serra do Baú exposto no SW de Mato Grosso, na região fronteiriça com a Bolívia,
dando ênfase ao Gnaisse Rio Fortuna para caracterizar a evolução estrutural e metamórfica
contribuindo para um entendimento maior dos Gnaisses dessa unidade, que correspondem ao
embasamento metamórfico do Terreno Paraguá. Para tal propósito foram feitas abordagens
envolvendo a aplicação das análises petrográficas, litogeoquímica, geocronológica e estrutural
do Rio Fortuna Gnaisse.
1.2.2 Objetivo Especifico
Para se chegar a meta maior foi proposto para esta pesquisa alcançar os seguinte
objetivos:
Cartografar geologicamente os Gnaisses da Suíte intrusiva Serra do Baú, resultando
em um mapa geológico na escala de 1:250.000 dessa região fronteiriça com a Bolívia;
Caracterizar petrográfica e faciologicamente o Gnaisse Rio Fortuna Terreno Paraguá;
Investigação petrogenética do Gnaisse Rio Fortuna, com a utilização de dados
litogeoquímicos (elementos maiores, traços e terras raras), estabelecendo prováveis
áreas fontes e modelos petrogenéticos que descrevam a natureza dos eventos
magmáticos formadores da Suíte Intrusiva Serra do Baú.
Identificar os tipos deformacionais na área de ocorrência do Gnaisse, resultando na
caracterização e analise estrutural;
Definir geocronologicamente (U/Pb) a sequência temporal de eventos magmáticos e
metamórficos-deformacionais que afetaram o Gnaisse Rio Fortuna- Suíte Intrusiva
Serra do Baú;
1.3 MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA
Os métodos empregados na realização desta pesquisa são os mesmos utilizados em
mapeamentos geológicos sistemáticos e podem ser subdivididos em quatro fases: etapa de
preparação; etapa de aquisição de dados (em campo e laboratório); etapa de tratamento e
sistematização de dados e etapa de elaboração da dissertação, como descritas detalhadamente
abaixo suas ações/etapas de trabalho:
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Capítulo 1
Introdução Página 3
1.3.1 Etapa de Preparação
Nesta etapa foi realizado um levantamento bibliográfico de trabalhos geológicos
realizados na região sudoeste do Craton Amazônico, tendo por base, o Proyeto Precambrico,
artigos científicos e, principalmente, teses, dissertações, monografias de conclusão do curso
de geologia da Universidade Federal de Mato Grosso e trabalhos da disciplina de Geologia de
Campo realizada na área de estudo. Posteriormente, realizou-se o levantamento quantitativo
das amostras de mão, seções delgadas e pontos de afloramento disponíveis a fim de gerar um
banco de dados.
A elaboração do mapa base foi feita a partir da interpretação de imagens de satélite,
com o auxílio dos softwares ArcMap, versão 9.3, Corel Draw ( versão 15) e planilhas de
Excel.
1.3.2 Etapa de Aquisição dos Dados
Este item descreve as atividades realizadas para a obtenção dos dados em campo e
em laboratório (análise petrográfica, geoquímica de rocha, geocronologia U-Pb e dados
estruturais).
Campo
Corresponde ao mapeamento geológico sistemático, na escala de 1:250.000,
realizado na Suíte Intrusiva Serra do Baú. Os trabalhos de campo foram realizados em três
etapas, uma em julho de 2009, abril e setembro de 2010, buscando detalhamento de
afloramentos-chave com coleta de amostras para análises petrográficas e químicas além da
caracterização dos diversos litotipos que constituem a Suíte Intrusiva Serra do Baú. Os pontos
amostrados e descritos foram registrados por um aparelho GPS (Global Position System)
GARMIN e-Trex H e as medidas de foliações foram obtidas com uma bússola do tipo CLAR,
da marca Krantz.
Sendo localizados 38 (trinta e oito) afloramentos de corpos gnáissicos, como mostra
a tabela 1, e dentre os quais se diferenciou quatro tipos distintos de gnaisse.
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Capítulo 1
Introdução Página 4
Tabela 1- Tabela de Pontos dos 38 pontos onde afloram os corpos gnáissicos, diferenciados
em quatro litotipos distintos.
TABELA DE PONTOS DOS GNAISSES
Pontos X Y Litologia
DF-01 253121 8214648 Gnaisse
DF-10 255087 8219506 Gnaisse
DF-11 254916 8219401 Gnaisse milonitico
DF-12 255361 8219404 Gnaisse
DF-13 261931 8215223 Gnaisse
DF-20 257864 8214120 Gnaisse/Granito Lajes
DF-21 257146 8215292 Gnaisse
DF-30 226686 8201142 Gnaisse
DF-33 229094 8199240 Gnaisse
DF-37 224066 8200223 Gnaisse
DF-38 224074 8200103 Gnaise
DF-39 226453 8201130 Gnaise
DF-40 226529 8201136 Gnaise
DF-44 255118 8219516 Gnaisse
DF-47 255205 8219514 gnaisse
DF-55 262175 8215087 Gnaisse
DF-57 262452 8214894 Gnaisse
DF-58 262496 8214789 Gnaisse
DF-59 262613 8214429 Gnaisse
DF-60 262470 8214390 Gnaisse
DF-64 262067 8215235 Gnaisse
DF-65 262067 8215235 Gnaisse
SRI-05 254601 8219288 Gnaisse
SRI-09 255202 8220417 Gnaisse
SRI-10 255379 8220616 Gnaisse
SRI-30 256875 8217599 Gnaisse
SRI-31 256776 8217711 Gnaisse
SRI-42 257757 8216110 Gnaisse
SRI-44 257964 8216888 Gnaisse
SRI-47 258330 8218521 Gnaisse
SRII-15 261759 8216142 Gnaisse
SRII-16 261716 8216086 Gnaisse
SRII-20 262160 8215632 Gnaisse
SRII-51 263004 8216230 Gnaisse
SRII-52 262984 8216146 Gnaisse
SRII-53 263020 8216029 Gnaisse
GJ-19 229095 8199221 Gnaisse sobreposto pelo ponto DF-33
GJ-20 229403 8199193 Gnaisse sobreposto pelo ponto DF-30
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Capítulo 1
Introdução Página 5
Laboratório
Análises Petrográficas
A realização do estudo qualitativo envolveu descrições de amostras e seções
delgadas com o intuito de caracterizar detalhadamente o tipo petrográfico, enfatizando feições
mineralógicas, texturais e paragênese do Gnaisse Rio Fortuna.
As seções delgadas foram confeccionadas e estudadas nos laboratórios de Laminação
e Pesquisa Petrográfica do Departamento de Recursos Minerais (DRM) da Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT), com o auxílio de um microscópio petrográfico Olimpus BX
41. Para as fotomicrografias e captura de imagens das seções delgadas o equipamento
utilizado foi o Infinity 1 e o software de mesma denominação, além do Corel Draw, versão
15. As análises modais foram realizadas em microscopia e ao microscópio de luz transmitida
com auxílio de um vernier e um contador e o número de pontos determinados por seção
variou em função da textura e granulação apresentada.
Geoquímica de Rocha Total
Para as análises geoquímicas foram selecionadas 10 amostras de rochas como as
mais representativas do Gnaisse Rio Fortuna considerando sua distribuição na área de estudo,
bem como sua diversidade textural e mineralógica. Inicialmente, estes exemplares foram
serrados e britados nos laboratórios de Laminação e Preparação de Amostras do DRM-UFMT
e, em seguida, ocorreu a separação individual de cerca de 10g de amostra, sendo todas
enviadas ao Acme Analytical Laboratories (Acmelab)-Vancouver/Canadá para determinações
através dos métodos ICP (Inductively Couple Plasma) e ICP-MS (Inductively Couple Plasma
Mass Espectrometry) para elementos maiores e menores (SiO2, TiO2, Al2O3, FeOtotal, MnO,
MgO, CaO, Na2O, K2O e P2O5) e elementos traços (Rb, Sr, Cr, Ni, Zr, Y, Ce, Ba, Be, Nb,
Cu,Lu, Dy, Gd, Er, Yb, Y, La, Eu, Nd, Ce e Sm).
Geocronologia
A preparação da amostra foi feita no Laboratório de Preparação de Amostras, do
DRM-UFMT. A datação U-Pb em zircão (laser a abletion). Utilizando o equipamento do
Laboratório de Geologia Isotópica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Thermo-
Finnigan Neptune Multi-collector Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry (MC-ICP-
MS), acoplado com um sistema laser NewWave de 213nm com análises de isótopos de U, Pb,
Th. Após a análise pontual os dados são transferidos em software específico desenvolvido
pelo Thermo Finningan. Posteriormente são transferidos para planilha Excel, desenvolvida e
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Capítulo 1
Introdução Página 6
elaborada para calculo de dados U-Pb, onde o sinal 204
Pb é calculado a partir de medições
isotópicas e quando o os valores de 206
Pb/204
Pb são baixos aplica-se a correção de Pb comum
de acordo com o modelo de Stacey e Kramers (1975). A etapa seguinte consiste na elaboração
dos diagramas concórdia realizados a partir do programa Isoplot v.3, Ludwig (2001).
1.3.3 Etapa de Tratamento e Sistematização dos Dados
Nesta fase da pesquisa foram confeccionados: Mapa de Pontos (Anexo 2) e
Geológico (Preliminar e Final, este ultimo segue em Anexo 1) com o auxilio dos softwares
ArcMap, versão 9.3 e CorelDraw, versão 15, juntamente com os dados obtidos em campo e
dados anteriormente adquiridos na área de pesquisa, foi possível gerar uma tabela (anexo 3),
possibilitando a divisão das unidades litológicas encontras e suas respectivas coordenadas.
Os resultados geoquímicos obtidos foram tratados com o auxilio de software para
processamento de dados petrológicos Minpet for Windows (versão 2.02, Richard 1995) e
Newpet for DOS (versão 7.10, Clarke 1992). Os gráficos obtidos foram posteriormente
tratados no software CorelDraw, versão 15. As idades U-Pb foram tratadas no software
Isoplot.
Os dados estruturais foram tratados no software Stereonet for Windows e bloco de
notas para a confecção de estereogramas.
1.3.4 Etapa de Elaboração da Dissertação
A partir dos dados obtidos, tratados e interpretados, foi possível confeccionar a
presente dissertação e a elaboração de um artigo científico, submetido à Revista Brasileira de
Geociências, pré-requisitos necessários para obtenção do título de mestre no programa de Pós-
Graduação em Geociências da Universidade Federal de Mato Grosso.
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Capítulo 2
Geologia Regional Página 7
CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL
A primeira síntese sobre a geologia do Craton Amazônico no Brasil foi elaborada por
Almeida (1974), fazendo os primeiros esboços do então denominado Craton do Guaporé.
Amaral (1974), através de levantamento de dados geológicos e geocronológicos (K-Ar e raros
Rb-Sr), propõe a divisão do craton em províncias, baseando se, nos trabalhos de mapeamento
geológico executado pela CPRM e RADAMBRASIL nos anos 70.
A partir dos dados obtidos pelo Projeto RADAMBRASIL, são sugeridas inumeras
propostas de compartimentação e de modelos evolutivos das quais se destacam: Amaral
(1974), Cordani et al. (1979), Cordani & Brito Neves (1982), Lima (1984), Santos &
Louguercio (1984), Hasui et al.(1984), e Costa & Hasui (1997), entre outros.
Duas linhas de pensamento contrastantes tentaram descrever o cenário evolutivo do
Craton Amazônico. De um lado os autores alicerçados nos conceitos da escola geossinclinal
apresentam um modelo baseado na recorrência de sucessivas reativações proterozóicas em
uma extensa plataforma arqueana-paleoproterozóica; enquanto, outros pesquisadores, que
empregam os fundamentos da Teoria da Tectônica Global ou de Placas, defendem um
processo de evolução crustal baseado em sucessivas acresções de crosta juvenil, do Arqueano
até o limiar do Neoproterozóico, em torno de um núcleo arqueano, modelo aplicado tanto para
o craton como um todo, como a setores restritos deste, dentre as muitas contribuições
ressaltam-se: Teixeira et al. (1989), Tassinari (1996), Tassinari & Macambira (1999),
Tassinari et al. (2000), Santos et al. (2000), Almeida et al. (2000). Para o setor SW do Estado
de Mato Grosso, citam-se entre outros pesquisadores: Saes & Fragoso César (1996), Pinho &
Pinho(1997), Saes (1999), Matos & Schorscher (1997), Geraldes (2000), Leite & Saes (2002),
Geraldes et al. 2001, Matos et al. 2004, Ruiz 2005, Boger et al.2005, Santos et al. 2008 e
Bettencourt et al (2010). Surgindo também as primeiras tentativas de correlação global, como
por exemplo, a justaposição da Amazônia e Laurentia, durante a amalgamação do
Supercontinente Rodínia, Sadowski & Bettencourt (1996).
Amaral (1974) faz primeira tentativa de dividir o craton em domínios geocronológicos
e lito-estruturais, reconhecendo a existência das sub-províncias: Amapá, Roraima, Rio Negro,
Carajás, Xingu e Madeira. Enfatiza a importância dos processos de reativação e caracteriza
seis eventos tectônicos responsáveis pela sua evolução: Guriense, Guianense,
Transamazônico, Paraense, Madeirense e Rondoniense. Cordani et al. (1979) alteram
relevantemente o modelo evolutivo do craton, descrevem um núcleo proto-cratônico
(Província Amazônia Central), circundado por cinturões móveis paleo a neoproterozóicos
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Capítulo 2
Geologia Regional Página 8
responsáveis por eventos de acresção de materiais crustais juvenis ou retrabalhados
(Províncias Maroni-Itacaíunas, Rio Negro-Juruena e Rondoniana). Teixeira et al. (1989)
descrevem a Província meso a neoproterozóica Sunsás-Aguapeí, de natureza parcialmente
ensiálica, instalada sobre a Província Rondoniana-San Ignácio. Tassinari (1996) acrescenta a
Província Ventuari-Tapajós (1.95 a 1.8 Ga), parte da Província Rio Negro-Juruena e
Amazônia Central. Costa & Hasui (1997) apresentam a compartimentação de doze blocos
crustais, constituídos por complexos gnáissicos e greenstone belts, limitados por suturas
associadas a terrenos de alto grau. Santos et al. (2000) identificam oito províncias tectônicas
com base, principalmente, nos dados geocronológicos obtidos pelo método SCHRIMP U/Pb.
Em seqüência cronológica tem-se: Província Carajás, Transamazônica, Tapajós-Parima,
Amazônia Central, Rio Negro, Rondônia-Juruena, Sunsás.
Ruiz (2005), corraborando a proposta de Almeida (1976, 1978 in Schabbenhaus et al.
1984) posiciona o Maciço Rio Apa como parte do Craton Amazônico com base nas seguintes
observações: o Grupo Cuiabá e as demais unidades litoestratigráficasque constituem o
Cinturão de dobramento Paraguai, exibem clara continuidade física desde a região de Nova
Xavantina (MT) até a região da Serra da Bodoquena e Aquidauana (MS) e o Paraguai; a
correlação estratigráfica entre as unidades que compõem a calha sedimentar Tucavaca na
Bolívia (Grupos Boqui, Tucavaca e Murciélago) e as unidades expostas no Cinturão Paraguai
no SW do Brasil (Grupos Jacadigo e Alto Paraguai); o “Cinturão” Tucavaca exibe uma
discreta deformação compressiva, destacando-se apenas amplas ondulações e raros
cavalgamentos, sua disposição sub-ortogonal ao cinturão principal (Paraguai) e o registro de
estruturas extensionais paralelas ao eixo da calha sedimentar sugerem que a faixa Tucavaca
trata-se de um ramo abortado; o Craton Amazônico, com o Maciço Rio Apa, é uma margem
passiva continental.
Colocando o Maciço Rio Apa como o extremo sul do Craton Amazônico,
compartimenta o craton, com base nos aspectos geocronológicos e tectônicos (Figura 2) e
sintetiza na tabela 1 as principais unidades geológicas e os eventos termotectonicos que
afetaram o Terreno Paraguá. A partir da segunda metade dos anos 80 foram publicadas
algumas tentativas de compartimentação tectônica para o SW do Craton Amazônico.
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Capítulo 2
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Figura 2-Compartimentação geocronológica e tectônica do Craton Amazônico, o Maciço Rio
Apa como seu extremo meridional, extraído de Ruiz 2005.
Na década de 90 foi empregado o conceito de terrenos e dos processos envolvidos na
interação desses fragmentos crustais. Saes & Fragoso César (1996) apresentam um arranjo
tectônico destacando três terrenos (Jauru, Paraguá e San Pablo) e uma zona de sutura. Saes
(1999) modifica parcialmente a proposta de Saes & Fragoso César (1996), discriminando, de
oeste para leste, os seguintes terrenos: Paraguá (TP), Rio Alegre (TRA), Santa Helena (TSH)
e Jauru (TJ).
Matos et al. (2004) apresentam o SW do Craton Amazônico como um amálgamado de
orógenos justapostos: Orógeno Alto Jauru (1,79 a 1,74 Ga), Cachoeirinha (1,58 a 1,52
Ga),Santa Helena, Rio Alegre e San Ignácio.
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Capítulo 2
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A porção SW do Craton Amazônico está representada por quatro províncias
proterozóicas sub-paralelas (Cordani & Teixeira 2007, Cordani et al. 2009), dentre elas está a
Província Rondoniana-San Ignácio (1,50–1,30 Ga) onde encontra-se inserida a Suíte Intrusiva
Serra do Baú, objeto deste estudo. Segundo Cordani & Teixeira (2007), a evolução da
Província Rondoniana-San Ingácio ocorreu através da amalgamação de arcos magmáticos
intra-oceânicos e prismas acrescionários formados durante a colisão continental desenvolvida
no limite SW da Província Rio Negro-Juruena. Sua cratonização teria ocorrido por volta de
1,30 Ga (idade Ar-Ar) e 1,25 Ga (idade K-Ar), sendo seguida por reativação tectônica,
deformação, sobreposição termal e magmatismo relacionado ao orógeno Sunsás (Bettencourt
et al. 2010). As maiores unidades tectônicas que compõem esta província são, segundo Ruiz
et al. (2010), os terrenos: Paraguá, Rio Alegre, Jauru, Alto Guaporé e Nova Brasilândia
(Figura 3).
Figura 3- Em A mapa de compartimentação em Terrenos do SW do Craton Amazônico de
Ruiz et al.(2010) e B maior detalhamento para a compartimentação em terrenos e unidades
geológicas do Terreno Paraguá modificado de Bettencourt et al. (2010).
Inicialmente Litherland et al.(1986) usam o termo “craton Paraguá” para se
reportarem as unidades geológicas pré-cambrianas do escudo boliviano, que permaneceram
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Capítulo 2
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tectonicamente estáveis durante as deformações meso a neoproterozóicas dos cinturões
Sunsás e Aguapeí. Posteriormente, Saes e Fragoso César (1996) propuseram o termo terreno e
subdividiram o escudo pré-cambriano em dois, o terreno Paraguá e terreno San Pablo. Tohver
et al. (2004) expandiram os limites do craton incluindo a larga área de Mato Grosso e
definiram um trend E-W do cinturão Nova Brasilândia marcando o limite entre os cratons
Paraguá e Amazônico.
Dessa forma, adota-se neste trabalho o termo terreno Paraguá para se referir a esta
área complexa sob o ponto de vista geológico e uma entidade tectônica que configura grande
parte do escudo pré-cambriano boliviano. A área de estudo está contida neste terreno que é
representado pelo embasamento paleoproterozóico (Complexo Gnáissico Chiquitania, Grupo
de Xistos San Ignácio e Complexo Lomas Manechis) e granitóides cálcio-alcalinos
mesoproterozóicos (Complexo Granitóide Pensamiento) amalgamados ao proto-craton
Amazônico durante a orogenia San Ignácio, Litherland et al. (1986).
Tabela 2- Quadro-sumário destacando as principais unidades geológicas e os eventos
termotectonicos que afetaram o Terreno Paraguá, Ruiz (2005).
No estado de Mato Grosso, na região da Serra de Santa Bárbara onde se localiza a
Suíte Intrusiva Serra do Baú, nas imediações do Destacamento Fortuna, estão inseridos os
Gnaisses pertencentes ao embasamento metamórfico do Terreno Paraguá, sendo limitados a
leste pelo terreno Rio Alegre através da Zona de Cisalhamento Santa Rita e a oeste seus
limites se extendem em território boliviano, composto regionalmente da base para o topo
pelas seguintes unidades: Complexo Granulítico, Suíte Intrusiva Serra do Baú, Ortognaisse
Tarumã, Granito Lajes e Grupo Aguapeí. (Figura 4).
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Figura 4- Mapa geológico-tectonico do SW do Craton Amazônico extraído de Bettencourt et
al. (2010) mostrando suas unidades e terrenos.
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COMPLEXO GRANULÍTICO
Figueiredo & Olivatti (1974), descreveram o Complexo Granulítico-Anfibolítico Santa
Bárbara como pertencente à Suíte Intrusiva Rio Alegre. Os granulitos descritos por Menezes
et al. (1993) na Folha Santa Bárbara (Terreno Rio Alegre) são granulitos máficos,
completamente diferentes (inclusive em idade) em relação aos granulitos da Folha Santa Rita
(Terreno Paraguá). Os Granulitos da Folha Santa Rita relatado inicialmente em monografia de
conclusão do Curso de Geologia da UFMT (Jesus & Assis 2006) e descrito pela primeira vez
por Matos et al. (2006) caracterizando composição felsica, cor cinza-escura a esverdeada,e
estrutura gnáissica. Apresenta textura granuloblástica, inequigranular média a fina constituída
essencialmente por plagioclásio, quartzo, feldspato alcalino, hyperstênio e biotita, tendo como
minerais de alteração: epidoto, clorita, sericita, muscovita e opacos. A associação de clorita +
clinozoisita, muscovita/sericita + epidoto representa uma paragênese de baixo grau
metamórfico em rochas da fácies granulito, indicando que a mesma sofreu um
retrometamorfismo de fácies xistos-verdes, associado, possivelmente, a eventos posteriores a
essa deformação Paleoproterozóica, principalmente relacionados às orogenias San Ignácio
e/ou Sunsas-Aguapeí. Devido ao seu caráter félsico, aspecto gnáissico e proximidade física
com os granulitos bolivianos, Matos et al. (2006) sugere que estas rochas sejam
correlacionáveis ao Grupo Granulítico Lomas Manechis, descrito por Litherland et al. (1986).
Belufi (2010) caracteriza esses granulitos, localizados nas imediações da Fazenda
Lajes, na forma de pequenos blocos dispersos, contendo aspecto inequigranular fino a médio
com a maioria dos grãos anédricos a subédricos com textura granoblástica e
mineralogicamente constituídos por plagioclásio, k-feldspato, ortopiroxênio (hiperstênio),
anfibólio (hornblenda), biotita, quartzo, granada, sillimanita, apatita, clorita, zircão, epidoto e
opacos e plotado no diagrama QAP modal para granulitos, Winkler (1976) correspondem a
um granulito charmo-enderbítico.
SUÍTE INTRUSIVA SERRA DO BAÚ
A Suíte Intrusiva Serra do Baú corresponde ao Embasamento Metamórfico,
representados por gnaisses bandados com lentes ou mega xenólitos de anfibolito, biotita-
augen gnaisse e migmatitos, com idades atribuídas ao Arqueano (Matos & Ruiz 1991).
Ruiz (2005) caracteriza como sendo um conjunto de ortognaisses, bandados, de cor
rosa, granulação grossa, multideformados e composição dominante monzogranítica. Em
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Capítulo 2
Geologia Regional Página 14
territotório boliviano é correlacionáveis ao Complexo Gnáissico Chiquitania e aos Gnaisses
Rio Fortuna, expostos na região de fronteira.
Os ortognaisses que compõem a Suíte Serra do Baú exibem claro padrão de
deformação polifásico, sendo nítida a ocorrência de pelo menos duas fases de deformação
precedentes à deposição do Grupo Aguapeí. A mais antiga caracterizada pelo
desenvolvimento de um bandamento gnáissico/composicional (S1SB) muito evidente e, uma
fase de deformação posterior que provoca dobras das bandas gnáissicas e a formação de
foliação penetrativa (S2SB) orientada segundo o plano-axial das dobras D2SB.
A foliação S1SB é definida pelo bandamento gnáissico, marcado pela alternância de
níveis enriquecidos em minerais máficos, principalmente biotita e raras hornblendas, e
félsicos, essencialmente quartzo-feldspáticos. O bandamento S1SB mostra-se dobrado, sendo
freqüente a transposição segundo a direção de S2SB. Não foram tomadas medidas que
permitissem caracterizar a orientação preferencial/dominante dessa estrutura.
Os Granitos Lajes e Tarumã exibem uma trama foliada bem definida, principalmente
no Granito Tarumã. A foliação é definida pelo alinhamento dos fenogrãos de microclínio e da
matriz quartzo-feldspática, e recristalização dinâmica que produz grãos neoformados
orientados definindo a foliação tectônica. Os dados disponíveis (Matos & Ruiz 1991)
evidenciam que, embora as direções entre as foliações S2SB observadas nos Granitos Lajes e
Tarumã sejam semelhantes, o sentido de mergulho é oposto. Tal situação pode indicar
estágios/ momentos diferentes em um processo de deformação progressiva, todavia a escassez
de dados estruturais e as limitadas áreas de ocorrência dos corpos intrusivos não permitiram
uma correlação definitiva entre essas foliações tectônicas.
ORTOGNAISSE TARUMÃ
Matos et al. (2005) apresenta resultados preliminares do Ortognaisse Tarumã, a partir
de uma caracterização petrogenética, com bases petrográficas e geoquímicas (elementos
maiores e traços). Interpretando o magmatismo gerador como sub-alcalino do tipo cálcio-
alcalino, peraluminosos, gerados em ambiente sin-colisional e com provável temperatura de
colocação em torno de 900°C. Observam a ocorrência de feições retrometamórficas, onde se
destacam as cloritas e biotitas secundárias resultantes de transformações dos minerais
máficos, associadas à intensa potassificação sofrida por essas rochas como resultado de
eventos metassomático-hidrotermais pós-magmáticos.
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Jesus & Assis (2006), no trabalho de mapeamento geológico, na escala 1:100.000, na
região do Destacamento Fortuna, SW do estado de Mato Grosso – Fronteira Brasil/Bolívia
classificam o ortognaisse Tarumã como Hornblenda-Biotita-Sienogranitos, estrutura
gnáissica. O ortognaisse Tarumã apresenta um padrão de duas fases de deformação, a
primeira com direção E-W e a segunda com direção NW/SE.
As rochas que constituem o Ortognaisse Tarumã ocorrem como lajedos com destaque
para os porfiroclastos oriundos de uma milonitização e matacões em toda a porção nordeste
da área de estudo, identificados em campo um contato com o Gnaisse Rio Fortuna por
falhamento denominado de Zona de Cizalhamento Rio Fortuna. Petrograficamente
classificado como Hornblenda-Biotita-Sienogranitos com estrutura gnáissica com
porfiroclastos de feldspato alcalino pertítico rosa e quartzo, imersos em uma matriz de
coloração esverdeada e granulação média a grossa caracterizada por uma textura
granolepidoblástica dominada por grãos recristalizados de quartzo, microclínio, plagioclásio,
biotita, anfibólio e piroxênio, tendo opacos, titanita, allanita, zircão, sericita, muscovita,
epidoto, calcita, clorita, fluorita e argilo-minerais como minerais acessórios e/ou de alteração.
GRANITO LAJES
O Granito lajes foi inicialmente descrito por (Matos & Ruiz, 1991) ocorre em
dimensões batolíticas e apresenta enclaves de anfibolitos da (S.V.S. Ascension), de augen
gnaisses, de biotita gnaisses pertencentes à Suíte Intrusiva Serra do Baú e de rochas
granulíticas félsicas. As rochas desta unidade são constituídas por um granito cinza, foliado,
de granulação fina, leucocráticos de composição mineralógica essencialmente representada
por quartzo, microclina e plagioclásio, tendo como minerais acessórios a muscovita, clorita,
biotita, epidoto, zircão, sericita e opacos. Trata-se de Biotita Monzogranitos, com variações à
Biotita Granodioritos.
Geraldes (2000) efetua analises geocronológicas em seis frações de zircões
(monogrãos) com resultados em duas idades distintas: a primeira indica uma idade imprecisa
de 1608 ± 200 Ma, a partir de duas frações de zircões. Quatro outras frações de zircões
indicam idade de 1310 ± 34 Ma, sugerindo que esta rocha, teve o sistema U-Pb
rehomogeneizado após o período de tempo correspondente a sua cristalização.
Belufi (2010) descreve o Granito Lajes como aflorando sob a forma de lajedos,
matacões e blocos, in situ, subarredondados com dimensões variadas, localmente é observada
uma fácies porfirítica, de granulação média, cuja estrutura varia de uma foliação incipiente à
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isotrópica. Nas bordas do corpo as rochas do granito lajes apresentam uma foliação
penetrativa bem marcada, por vezes uma clivagem de crenulação e no interior do corpo tem-
se uma foliação fraca ou mesmo ausente.
O Granito Lajes apresenta-se comumente cortado por veios de quartzo e diques sin-
plutônicos de granulação fina. Localmente ocorrem injeções e bolsões pegmatíticos com
aspecto bandado e contém xenólitos de rochas gnáissicas e anfibolíticas. Estes xenólitos têm
ocorrência restrita, e formas subarredondadas com dimensões centimétricas a métricas, sendo
nítidos os contatos com a rocha hospedeira.
GRUPO AGUAPEÍ
Figueiredo et al. (1974) estabelece no extremo sul da serra Santa Bárbara, acerca de 12
km a oeste do Destacamento Fortuna a seção-tipo, reconhecendo três subunidades: a inferior
composta por metaconglomerados oligomíticos e arenitos quartzosos, a média, por ardósias,
metassíltitos e filitos e na superior predominam metarenitos feldspáticos, metassíltitos e
ardósias.
Souza & Hildred, (1980) elevaram esses metassedimentos à categoria de grupo,
denominando as Unidades Inferior, Média e Superior de Figueiredo et al. (1974) de
Formações Fortuna, Vale da Promissão e Morro Cristalino, respectivamente.
Formação Fortuna é o pacote inferior denominado por Souza & Hildred (1980), Arco-
íris nas Serras Huanchaca/Ricardo Franco, Litherland & Power (1989) e Lower Psamitic Unit
na Serra de Santo Corazón na Bolívia, Litherland et al. (1986), inicia-se por um
conglomerado basal com seixos de quartzo e abundante matriz sericítica, que na região de
Santo Corazón, em sua extensão mais setentrional, na Serra do Aguapeí, eventualmente
apresenta um cimento ferruginoso. Segue-se espesso pacote arenoso (Lower Psamitic Unit),
de caráter arcoseano em Santo Corazón, adelgaçando-se e apresentando composição
ortoquartzítica nas Serras do Rio Branco e Aguapeí/Huanchaca
Formação Vale da Promissão é a unidade intermediária, Souza & Hildred (1980),
Cuatro Carpas, Litherland & Power (1989) e Argilaceous Unit, Litherland & Bloomfield
(1981), caracteriza-se por variada associação de fácies, resultado da diferenciação
paleogeográfica das bacias, concomitante ao episódio de ascensão relativa do nível do mar
que marca este intervalo.
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Nas Serras do Aguapeí e Rio Branco, esta unidade apresenta uma seqüência de pelitos
amarelados e subarcóseos líticps muito finos arranjados em seqüências granocrescentes
cíclicas com espessura de 10-40 m. Estruturas linsen, flaser, wavy, gretas de sinerese, brechas
intraformacionais, ondulações truncadas e estruturas diapíricas são ubíquas e diagnosticas de
um contexto deposicional marinho de plataforma rasa, dominado por tempestades (Saes et al.
1987). Na seção de Santo Corazón, esta unidade atinge espessuras de cerca de l.200 m e, a
julgar pelo registro de acamamentos gradacionais (Litherland et al 1986), pode incorporar
seqüências turbidíticas componentes de um sistema de leques submarinos.
Formação Morro Cristalino no topo de sucessão voltam a predominar os quartzo-
arenitos, freqüentemente seixosos, denominados Formação Morro Cristalino por Souza &
Hildred (1980), no Brasil, Buena Vista, na Serra Huanchaca, Litherland & Power (1989) e
Upper Psamitic Unit na região de Santo Corazón Litherland et al. (1986).
Saes & Leite (1993) classificam a evolução sedimentar como seqüencial das unidades
que compõem o Grupo Aguapeí, em Mato Grosso e no oriente boliviano, registra um ciclo
completo de oscilação do craton, com uma fase de individualização, marcada pela deposição
de seqüência inferior de quartzo-arenitos e conglomerados e uma fase de submergência,
marcada pelo avanço de mares epicontinentais, afogamento das áreas fontes e deposição da
seqüência pelítica intermediária. A seqüência superior marca o estágio de emergência final do
craton, com a erosão de parte das unidades precedentes e deposição de fácies essencialmente
continentais.
Segundo Saes & Fragoso Cesar (1994), esta unidade foi depositada em três estágios:
estágio rift, estágio de subsidência marinha e estágio de inversão. Saes (1999) ainda
compartimentou o Grupo Aguapeí como Aulacógeno Aguapeí originado por um rifteamento
intracontinental durante a parte final do Mesoproterozóico.
Das unidades geológicas que compõem o Grupo Aguapeí, somente as duas formações
inferiores se fazem representar na área mapeada e entorno: Formações Fortuna e Vale da
Promissão.
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3.0 GEOLOGIA DA REGIÃO DO DESTACAMENTO FORTUNA
O Destacamento Fortuna, localizado na região fronteiriça do Brasil com a Bolívia, nas
proximidades da Serra de Santa Bárbara onde está inserida a Suíte Intrusiva Serra do Baú que
corresponde ao embasamento metamórfico gnáissico do Terreno Paraguá, a sul e oeste
estende-se para o território boliviano, a leste justapõe-se ao Terreno Rio Alegre pela Zona de
Cisalhamento Santa Rita, neste trabalho foram discriminados quatro corpos gnáissicos
distintos, porém o gnaisse Rio Fortuna obteve uma maior quantidade de resultados no período
de pesquisa o qual foi descrito em maior detalhe no artigo.
O mapeamento geológico realizado na área de estudo possibilitou através de dados
obtidos em campo e estudos petrográficos estabelecem o reconhecimento de algumas
unidades já anteriormente mapeadas, bem como a diferenciação de quatro corpos gnáissicos
distintos pertencentes à Suíte Intrusiva Serra do Baú (Figura 5- Anexo I).
Constatando a presença das seguintes unidades, aqui relatadas em ordem
cronoestratigráfica, ou seja, da mais antiga para a mais recente:
Figura 5- Mapa geológico da Região do Destacamento Fortuna, mostrando os quatro corpos
gnáissicos localizados na área de estudo.
3.1- COMPLEXO GRANULÍTICO
Os granulitos félsicos descritos na área, correspondem a afloramentos localizados nas
imediações da Fazenda Lajes, na forma de pequenos blocos dispersos (Figura 6A e 6B).
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Petrograficamente apresentam textura inequigranular, cor cinza-escuro a esverdeada, mineralogia
principal: plagioclásio, feldspato alcalino, quartzo, piroxênio (hyperstênio), biotita e opacos.
Figura 6-Granulito em (A) forma de afloramento em pequenos blocos dispersos e em (B) um
destaque para amostra de mão.
O plagioclásio, representado pela andesina ou oligoclásio, identificado a partir do
método Michel-Levy, ocorre em grãos subédricos a anédricos, que preservam geminações albita e
Carlsbad, por vezes combinadas. Este se encontra intensamente alterado com palhetas de sericita
produto da saussuritização. O feldspato alcalino é constituido por grãos subédricos a anédricos,
determinado como sendo ortoclásio, muitas vezes se encontra ausente de geminação, porém
quando esta ocorre geralmente é do tipo Carlsbad, é visível o intenso processo de sericitização. O
ortopiroxênio (hiperstênio) apresenta-se como grãos subédricos com discreto pleocroísmo de
incolor a verde-pálido, intensamente fraturado. Apresentando feições retrometamórficas
(passagem de ortopiroxênio para anfibólio ± biotita). O anfibólio, produto da alteração do
piroxênio, é representado por grãos subédricos, pleocroísmo marrom a marrom- avermelhado
sendo identificado como hornblenda (Figura 7B). A biotita apresenta-se em grãos subédricos a
anédricos, dispõe-se com hábito tabular, de pleocroísmo castanho-claro a castanho-escuro,
extinção paralela a clivagem e algumas vezes apresentam estruturas Kink Band (Figura 7A).
Incluso na biotita encontram-se zircão e apatita. É encontrada associada ao hiperstênio e altera-se
para clorita. O quartzo ocorre em grãos anédricos, fraturados com extinção ondulante. Apatita e
zircão representam minerais acessórios, anédricos, inclusos em plagioclásio e biotita,
respectivamente, na qual desenvolve comumente halos pleocroícos. A clorita é proveniente de
processo de alteração metassomático/hidrotermal.
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Figura 7- Fotomicrográfia do Granulito em luz natural (A) biotita com estruturas Kink Band
e (B) hornblenda com pleocroísmo marrom a marrom- avermelhado.
3.2- GNAISSES DA SUÍTE INTRUSIVA SERRA DO BAÚ
Situa-se no Terreno Paraguá, que se caracteriza por apresentar o Grupo Aguapeí
deformado e metamorfizado na fácies xisto verde, em discordância sobre o embasamento
gnássico-granulítico, recortado por intrusões graníticas mesoproterozóicas.
Diversos levantamentos geológicos realizados na região do Destacamento Fortuna, no
entorno da Serra de Santa Bárbara (Matos & Ruiz, 1991, Geraldes 2000, Ruiz 2005, Matos et
al.2005, Jesus & Assis, 2006 e Matos et al.2007) possibilitaram a individualização do
contexto litoestratigráfico do embasamento do Grupo Aguapeí, identificados quatro corpos
gnáissicos pertencentes a Suíte Intrusiva Serra do Baú e descritos abaixo.
GNAISSE CÓRREGO VERMELHO
Esses gnaisses ocorrem na forma de blocos e matacões (Figura 8A), na porção NE da
área pesquisada, o contato não é visível, mas acima deste corpo gnáissico foi observado que
depositada sobre eles estão às unidades basais do Grupo Aguapeí (Formação Fortuna e
Formação Vale da Promissão), ficando a idéia de que neste caso o embasamento aparece
porque uma falha pode ter deslocado o embasamento para as partes superiores, não foi
observada nenhuma ocorrência de xenólitos neste litotipo, apresentam dobras apertadas e
transpostas e estruturas de boudinagem (Figura 8B, 8C E 8D).
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Figura 8- Gnaisse Córrego Vermelho (A) granulação fina, ocorrência na forma de blocos; (B)
Estruturas de Boudins, processo de deformação sofrido por camadas mais competentes e
rúpteis que se fragmentam ao serem estirados dentro de material rochoso mais dúctil e que se
escoa, quando o conjunto sofre esforços compressivos ou extensionais; (C) e (D) dobras
apertadas e transpostas identificando duas fases deformacionais e duas foliações distintas (S1
e S2).
Petrograficamente possuem cor cinza, granulação fina, polideformados, exibindo
bandamento com lentes distintas, sendo um máfico que compreende principalmente a
hornblenda e lentes félsicos representados pelos minerais de quartzo, feldspato alcalino e
plagioclásio. A hornblenda localmente apresenta alteração para biotita, contendo extinção
obliqua (Figura 9D), é possível observar agregado de hornblenda com diopsídio ao centro e
inclusões de diopsídio no plagioclásio. O quartzo é inequigranular, anédrico, com extinção
ondulante, fragmentados, típicos de recristalização. O feldspato alcalino e o plagioclásio
apresentam-se quase que totalmente alterados (Figura 9A) passando pelo processo de
saussuritização até mesmo no intercrescimento mimerquitico (Figura 9C), os minerais de
forma geral parecem seguir uma foliação principal (Figura 9B). Os minerais de alteração são:
a biotita que além de originar-se pela alteração da hornblenda e também tem surgencia através
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da alteração dos minerais opacos a chamada desopacitização, minerais de alteração de
feldspato. Como minerais acessórios estão o diopsidio, zircão e clorita.
Figura 9- Amostra DF-13, luz polarizada (A) O processo de alteração dos feldspatos é bem
mascante nesta unidade, (B) Os minerais de uma forma geral apresentam uma orientação
principal, (C) o processo de saussiritização é observado até mesmo no interscrecimento
mimerquitico e (D) biotina na forma de palhetas e a alteração dos feldspatos.
GNAISSE RETIRO
Essa unidade está localizada na porção NE da área, macroscopicamente são
leucocráticas, com cor variando entre rosa e castanho, granulação média a grossa, está rocha
encontra-se milonitizada (Figura 10A), aflorando em forma de lajedo as margens do Córrego
Retiro e com presença de xenólitos de granulito (Figura 10B).
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Figura 10- Gnaisse Retiro, (A) mostra sua estrutura o gnaisse com estrutura de um augen
gnaisse (estrutura milonitica) e duas fases deformacionais formando as foliações S1 e S2. (B)
O Gnaisse com bandamento gnáissico sem milonitização, mas com presença de xenólitos de
granulito.
Microscopicamente apresentam textura granolepidoblástica, quando em zonas de
cisalhamento, a trama destas rochas configura feições típicas de milonitização resultantes de
mecanismos de deformação, tais como, recristalização dinâmica (Figura 11C) e deformação
intracristalina em minerais félsicos compostos por quartzo, K-feldspato e plagioclásio e seus
minerais máficos são hornblenda, diopsídio, zircão, clorita e biotita. Quartzo inequigranular,
anédrico, extinção ondulante típico de recristalização. O plagioclásio, em geral, apresenta-se
em grãos anédricos a subédricos, com geminações polissintéticas, do tipo albita e periclina,
classificado a partir do método estatístico de Michel Levy como oligoclásio. Muitos grãos
apresentam extinção ondulante, evidências de processos de alteração, principalmente
sericitização e saussuritização. Localmente, apresenta grãos vermiculares de quartzo
intercrescidos caracterizando textura mirmequítica. Os feldspatos alcalinos estão
representados principalmente pelo ortoclásio que frequentemente não apresenta geminação,
ocorrem também microlína com geminação xadrez e dimensões variando entre 0,5 e 2,2 mm.
Exibem comumente intercrescimentos mirmequítico (Figura 11B). Seus minerais de alteração
são representados pela desopacitização de opacos dando origem a clorita e a alteração de
feldspatos dando origem a sericita. Já os minerais acessórios são representados por zircão,
opacos, clorita e diopsídio.
Os minerais máficos que compreendem estas rochas são: Hornblenda com
pleocroísmo marrom-escuro a marrom-avermelhado, em grãos subédricos. Frequentemente
mostra-se com inclusões de apatita (Figura 11A), a hornblenda apresenta-se alterando para
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biotita aparece também em forma de palhetas com inclusões de apatita e algumas porções são
possíveis identificar estruturas em Kink Band (Figura 11D). Como minerais acessórios foram
evidenciados zircão, titanita e muscovita decorrente da alteração do feldspato alcalino.
Figura 11- Fotomicrografia do Gnaisse Retiro amostra DF-12A- (A) hornblenda alterando
para biotita com inclusões de apatita, (B) intercrescimento mirmerquítico, (C) recristalização
do quartzo principalmente o aglomerado de minerais recristalizados, (D) estruturas em Kink
Band da biotita.
São identificados xenólitos granuliticos e definidos microscopicamente como
contendo plagioclásio, representado pela andesina ou oligoclásio, identificado apartir do
método Michel-Levy, ocorre em grãos subédricos a anédricos, encontra se intensamente
alterado com palhetas de sericita produto da saussuritização. O feldspato alcalino com grãos
subédricos a anédricos, representado por ortoclásio e apresenta evidências de processos de
alteração como a sericitização. O ortopiroxênio (hiperstênio) apresenta-se como grãos
subédricos, com discreto pleocroísmo de incolor a verde-pálido, intensamente fraturado.
Apresentando feições retrometamórficas (passagem de ortopiroxênio para anfibólio ± biotita).
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O anfibólio, produto da alteração do ortopiroxênio, é representado por grãos subédricos e
pleocroísmo marrom a marrom- avermelhado sendo identificado como hornblenda (Figura
12A). A biotita apresenta-se em grãos subédricos a anédricos, dispõe-se com hábito tabular,
de pleocroísmo castanho-claro a castanho-escuro, extinção paralela a clivagem. Incluso na
biotita encontram-se zircão e apatita. É encontrada associada ao hiperstênio e altera-se para
clorita. O quartzo ocorre em grãos anédricos, fraturados. Observam-se grãos com extinção
ondulante. Apatita e zircão representam minerais acessórios, anédricos, inclusos em
plagioclásio e biotita, respectivamente, na qual desenvolve comumente halos pleocroícos
(Figura 12B). A granada exibe-se em grãos anédricos e cor rosa-claro, não pleocroíco e caráter
óptico isotrópico (Figura 12C e 12D).
Figura 12- Amostra DF-12- (A) Alteração dos cristais de feldspato alcalino e plagioclásio em
processo de alteração (B) anfibólio caracterizado como hornblenda, (C) e (D) saussuritização
do placioclásio e evidencia de granada.
GNAISSE RETIRO I
O Gnaisse Retiro I ocorre nas imediações da serra Santa Bárbara, e é parcialmente
recoberto pelas rochas metassedimentares do Grupo Aguapeí. Exibe relações de contato claras
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com o Granito Lajes, é possível a visualização deste gnaisse como xenólito dentro do Granito
(Figura 13A) e cortado pela fácies porfirítica do Granito Lajes (Figura 13C).
As rochas que constituem este corpo são classificadas como gnaisses bandados, de cor
rosa clara, granulação média a fina, sendo as bandas máficas compostas principalmente por
agregados de biotita enquanto as bandas félsicas, mais espessas, são constituídas
principalmente por feldspato alcalino, quartzo e plagioglásio. O caráter polideformado é
destacado pelas dobras assimétricas, fechadas a abertas, com freqüentes transposições (Figura
13B e 13D).
Figura 13- O Gnaisse Retiro I (A) aparece como xenólito dentro de um granito porfirítico e
também dentro do Granito Lajes. (B) foto da amostra de mão evidenciando as dobras do
bandamento gnáissico de cor mais rósea; (C) Afloramento em forma de lajedo sendo cortado
por injeções graníticas (porfirítica) e (D) dobras apertadas e parasíticas.
A paragênese de alteração é marcada pela clorita, sericita, zoizita e epidoto, como
minerais acessórios apresentam: zircão, apatita e rutilo. O Quartzo ocorre em grãos anédricos,
lamelas de deformação, e extinção ondulante, sugerindo intensa recristalização, em
decorrência de processos de deformacionais. Foram encontrados dois tipos de plagioclásio a
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andesina e o oligoclásio determinados segundo método estatístico de Michel Levi, estes
encontram se bastante alterados, já os feldspatos alcalinos apresentam uma menor alteração e
visíveis a presença de micropertitas. A biotita apresenta forma alongada que envolve em
alguns casos grãos de quartzo gerando um discreto rotacionamento (Figura 14B), são
observadas também dobras em kink band (Foto 14A).
A alteração de retrometamorfização são evidenciadas pela presença de biotita
parcialmente cloritizada e a desopacitização de opacos para biotita, apresenta pleocroísmo de
marrom-claro a marrom-escuro, em menores proporções ela se apresenta de cor esverdeada,
clivagem perfeita em uma direção e extinção paralela a direção de clivagem. Quase todos os
grãos mostram abundantes inclusões de agulhas de rutilo formando uma textura sagenítica
(Figura 14C e 14D). Já os feldspatos através de saussuritização e sericitação dão origem à
mineral de sericita, zoizita e epidoto.
Figura 14- Amostra DF-01 (A) Fotomicrografia mostrando as estruturas em kink band da
biotita, (B) os clastos de quartzo sendo levemente rotacionando, (C) e (D) mostrando a biotita
numa coloração mais esverdeada com estrutura sagenitica, paralela a está a biotita em forma
de palhetas e cor marrom.
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GNAISSE RIO FORTUNA
O Gnaisse Rio Fortuna aflora como lajedos e blocos principalmente na porção SW da
área de estudo constituindo pequenas porções descontínuas de ocorrência restrita. Apresenta
contato com o Granito Tarumã através de Zona de Cisalhamento reversa, Matos et al. (2005)
descreve a observação de enclaves do embasamento no Granito Tarumã, sugerindo a sua
correspondência às encaixantes dessa unidade e a leste ocorre o corpo granítico discretamente
foliado denominado de Granito Lajes, Matos & Ruiz (1991), que através de relações
intrusivas mapeadas que coloca este Granito como sendo mais jovem que o Granito Tarumã,
encontrada.
O estudo petrográfico, incluindo microscopia, permitiu caracterizar, mineralogicamente,
as rochas do Rio Fortuna como biotita gnaisse com titanita, classificadas de acordo com
diagrama QAP de Streckeisen (1976) como granodioritos e monzogranitos. Apresenta cor
cinza-esbranquiçado, textura inequigranular média a fina e bandamento gnáissico formado por
faixas claras compostas por quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio e bandas cinza-claras
constituídas, essencialmente, por biotita e titanita. Suas rochas são ortoderivadas e evidenciam
efeitos de polideformação marcada pela presença de bandamentos expressivos, dobramentos e
transposição de dobras, foliações, intrusões de veios de quartzo que se encontram,
freqüentemente, paralelizados ao dobramento (Figura 15A e 15B).
Figura 15- Gnaisse Rio Fortuna: (A) Fotografia tira em planta do afloramento em lajedo, com
evidente bandamento gnáissico com distinções de minerais máficos e felsicos e (B) Amostra
de mão onde é possível uma visibilidade mais proeminente desse bandamento.
Opticamente, as rochas estudadas apresentam textura granolepidoblástica com
bandamento gnáissico definido por leitos formados por quartzo e feldspatos, e níveis máficos
milimétricos compostos por biotita, clorita e titanita. Os minerais acessórios estão
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Capítulo 3
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representados por titanita, rutilo, allanita, apatita e opacos; enquanto clorita, titanita, sericita,
muscovita, epidoto/clinozoizita, argilominerais, calcita e opacos constituem a paragênese de
alteração. O plagioclásio apresenta-se em grãos anédricos a subédricos, por vezes cominuídos,
com geminações polissintéticas do tipo albita e/ou periclina, sendo classificado como
oligoclásio, pelo método estatístico de Michel-Levy. Localmente, observa-se intercrescido
com quartzo de aspecto vermicular e com o feldspato alcalino formando, respectivamente,
texturas mirmequítica (Figura 16A) e anti-pertítica onde a fase hóspede (microclina) dispõe-se
de forma maculada ou em lamelas e grãos (Figura 16B). Em algumas amostras encontra-se
intensamente turvo em decorrência dos processos pós-magmáticos, como sericitização e
saussuritização com grande quantidade de epidoto/clinozoizita e sericita. Os feldspatos
alcalinos ocorrem em porfiroclastos anédricos com bordas cominuídas, sendo representados
tanto pela microclina quanto pelo ortoclásio com geminações, respectivamente, em grade
(combinadas albita + periclina) e do tipo Carlsbad. Exibem comumente intercrescimentos
com o quartzo caracterizando textura gráfica e alteração para sericita e minerais de argila. O
quartzo ocorre em grãos anédricos, por vezes vermiculares, e em grãos poligonais formando
textura em mosaico; exibem extinção ondulante, lamelas e bandas de deformação e
recristalização do tipo dinâmica (Figura 16C). Duas variedades de biotita primária são
encontradas: uma em palhetas subédricas milimétricas, com pleocroísmo marrom-claro a
amarelo-esverdeado, por vezes em kink band, alteradas parcial a totalmente para clorita; e
outra em lamelas mais largas de pleocroísmo marrom-avermelhado a verde-escuro, com
inclusões de rutilo caracterizando textura sagenítica (Figura 16D). A titanita é o mais comum
dos acessórios dessas rochas, sendo encontrada isolada ou associada à biotita nos níveis
máficos ou, mais raramente nas bandas félsicas. Ocorre em pequenos grãos primários
prismáticos (Figura 16E); ou de origem secundária em poiquiloblastos anédricos, bem como,
constituindo corona resultante de processo de desopacitização, possivelmente, a partir de
ilmenita. A allanita representa também uma fase primária ocorrendo, por vezes,
metamictizada com uma coroa de epidoto (Figura 16F). Os outros acessórios são o rutilo e a
apatita ambos de hábito acicular, inclusos respectivamente, na biotita e nos feldspatos; bem
como, o zircão que ocorre em minúsculos grãos dispersos entre os félsicos ou associados à
biotita onde desenvolve halos pleocróicos. Os opacos constituem fase primária ou de alteração
apresentando-se em grãos euédricos a anédricos pretos ou de cor avermelhada e podem ser
observados interdigitados com máficos, em textura simplectítica, ou parcialmente
desopacitizados originando titanita, rutilo, biotita ou clorita. As mais comuns fases de
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Capítulo 3
Geologia Local Página 30
alteração compreendem clorita, argilo-minerais, sericita, por vezes muscovita, calcita e
minerais do grupo do epidoto ocorrendo em geral nas bordas do plagioclásio ou em
minúsculos grãos distribuídos no interior deste mineral ou associado aos máficos.
Figura 16- Fotomicrografias do Gnaisse Rio Fortuna: (A) intercrescimento mirmequítico; (B)
detalhe de antipertita onde a fase hóspede corresponde à microclina; (C) quartzo
recristalizado; (D) biotita com inclusões de rutilo caracterizando textura sagenítica; (E) cristal
prismático primário de titanita associado à biotita e (F) detalhe de allanita metamíctica com
coroa de epidoto.
As rochas pertencentes aos Gnaisses Retiro e Rio Fortuna foram classificadas de
acordo com diagrama QAP de Streckeisen (1976) como sienogranito, passando por
monzogranito até granodiorito (Figura 17).
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Capítulo 3
Geologia Local Página 31
Figura 17- Diagrama classificatório QAP para as rochas dos Gnaisses Retiro e Rio Fortuna.
3.3- ORTOGNAISSE TARUMÃ
As rochas que constituem o Ortognaisse Tarumã ocorrem como lajedos (Figura 18A)
com destaque para os porfiroclastos oriundos de uma milonitização e matacões (Figura 18B)
em toda a porção nordeste da área de estudo, identificados em campo um contato com o
Gnaisse Rio Fortuna por falhamento denominado de Zona de Cisalhamento Rio Fortuna.
Petrograficamente classificado como Hornblenda-Biotita-Sienogranitos com estrutura
gnáissica com porfiroclastos de feldspato alcalino pertítico rosa e quartzo, imersos em uma
matriz de coloração esverdeada e granulação média a grossa caracterizada por uma textura
granolepidoblástica dominada por grãos recristalizados de quartzo, microclínio, plagioclásio,
biotita, anfibólio e piroxênio, tendo opacos, titanita, allanita, zircão, sericita, muscovita,
epidoto, calcita, clorita, fluorita e argilo-minerais como minerais acessórios e/ou de alteração.
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Capítulo 3
Geologia Local Página 32
Figura 18- Ortognaisse Tarumã (A) porfiroclastos com milonitização bem evidente e (B)
Afloramento na forma de matacões.
3.4- GRANITO LAJES
O Granito Lajes é observado sob a forma de lajedos (Figura 19B), matacões e blocos
com dimensões variadas. Seus principais afloramentos são observados nos limites da porção
norte da área estudada, numa região de relevos desgastados, suaves, de baixas amplitudes em
meio às áreas de pastagens.
Petrograficamente é composto por rochas mesocráticas a leucocráticas, equigranulares,
de granulação fina a média, de cor cinza-claro, e mais raramente com cor rosa marcada pela
presença de feldspato alcalino, observando fácies porfirítica, de granulação média, cuja
estrutura varia de uma foliação incipiente à isotrópica e apresenta xenólitos de gnaisse (Figura
19A).
Figura 19- Granito Lajes (A) xenólito do Gnaisse Córrego Retiro II dentro do Granito Lajes e
(B) afloramento do granito na forma de lajedo.
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Capítulo 3
Geologia Local Página 33
3.5- GRUPO AGUAPEÍ
Na área de trabalho o Grupo Aguapeí constitui-se unicamente das unidades basais
representada por uma espessa cobertura siliciclástica disposta em discordância estrutural e
erosiva com as unidades granito-gnáissicas da borda da Serra do Baú e adjacências. Constitui-
se, da base para o topo, pelas formações Fortuna e Vale da Promissão, sendo que a Formação
Morro Cristalino, não ocorre nos limites propostos.
A Formação Fortuna constitui se de um pacote de ruditos oligomíticos e arenitos quartzosos,
com intercalações de metassiltitos e filitos, na qual a deposição ocorreu possivelmente em
ambiente transicional de mar raso e correntes de maré, com participação de depósitos fluviais.
A Formação Vale da Promissão exibe contato transicional, interdigitado com a unidade
sotoposta, e compreende uma seqüência dominada por ardósias e metassiltitos e raros
metarenitos depositados em um ambiente marinho profundo, sob a ação de ondas de
tempestades.
3.6- FORMAÇÃO PANTANAL
Esta Formação, de depósitos quaternários, é constituída por sedimentos arenosos,
síltico-argilosos, argilo-arenosos e arenosos-conglomeráticos semiconsolidados a
inconsolidados. Depósitos fluviais e lacustres ocorrem em áreas periodicamente inundáveis
e/ou sujeitas a inundações ocasionais.
3.7- ALUVIÕES RECENTES
Corresponde à unidade estratigráfica mais jovem da área em estudo, composta por
sedimentos inconsolidados, mal selecionadas que variam granulometricamente de areias finas
e predominantemente de cascalhos, ocorrendo em áreas situadas ao longo das drenagens.
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Capítulo 4
Artigo Página 34
GEOLOGIA, GEOQUÍMICA E GEOCRONOLOGIA (U-Pb) DO GNAISSE RIO
FORTUNA - SUÍTE INTRUSIVA SERRA DO BAÚ - TERRENO PARAGUÁ - SW DO
CRATON AMAZÔNICO
Débora Almeida Faria (1,4)
, Amarildo Salina Ruiz (1,2,4)
, João Batista Matos (1,3,4)
(1) Programa de Pós-Graduação em Geociências, Instituto de Ciências Exatas e da
Terra – (ICET), Universidade Federal de Mato Grosso – (UFMT) – Avenida
Fernando Corrêa, s/n, Bairros Coxipó. CEP:78060-900. Cuiabá-MT, Brasil. E-
mail: [email protected]
(2) Departamento de Geologia Geral, ICET, UFMT. E-mail: [email protected]
(3) Departamento de Recursos Minerais, ICET, UFMT. E-mail: [email protected]
(4) Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica – Guaporé
Resumo O Gnaisse Rio Fortuna aflora na região da Serra Santa Bárbara, nas imediações do
Destacamento Militar Fortuna, na fronteira Brasil-Bolívia. Do ponto de vista geológico-tectônico, tais
Gnaisses estão inseridos no Terreno Paraguá, em um setor afetado pela Orogenia Sunsás (1.0 a 0.9 Ga).
Os dados geológicos-petrográficos obtidos mostram que se trata de um ortognaisse monzo a granodiorito,
polideformado, cujo resultado obtido pelo método U-Pb (laser ablation) de 1711±13 Ma, deve
corresponder idade de cristalização do Gnaisse. No contexto tectônico do Terreno Paraguá, os dados
obtidos indicam que o Gnaisse Rio Fortuna foi formado durante a Orogenia Lomas Manechis, segundo
concepção de Boger et al. (2005). Geoquimicamente, essas rochas constituem uma seqüência ácida
formada por um magmatismo subalcalino, do tipo cálcio-alcalino de alto potássio, metaluminoso a
peraluminoso, constituídas por três fases deformacionais, os resultados obtidos apontam semelhanças
entre esta rocha e a que se prolonga na contraparte boliviana.
Palavra – chave: Gnaisse Rio Fortuna, SW do Craton Amazônico, Terreno Paraguá.
Abstract - Geology, Geochemical tnd Geocronological (U-Pb) of the Gneiss Rio Fortuna -
Intrusive Suite Serra do Baú– Paraguá Terrain - SW of Amazonian Craton -Brasil.
The Rio Fortuna Gneiss occur in the Santa Barbara Hill, near the Fortuna Military Detachment, on the
Brazil-Bolivia border. Of the standpoint of Geological/Tectonic environment, this gneiss are belonging to
the Paraguá Terrain whose domain are affected by the Sunsás Orogeny (1.0 to 0,9 Ga). The geological-
petrographic data shows a monzo to granodioritic composition, polideformed with U/Pb (laser ablation)
crystallization age of 1.711 + 13 Ma. According to Boger et al (2005), the tectonic context of the Paraguá
Terrain indicated the emplacement of the Rio Fortuna Gneiss during the Lomas Manechis Orogeny.
Geochemically, these rocks are constituted by acid, subalkaline, calc-alkaline high K type, metaluminous
to peraluminous magmatism, consisting of the three deformational and metamorphic phases. The results
point out similarities between this rocks and your lingers in the bolivian counterpart.
Keywords. Rio Fortuna Gneiss, SW of Amazonian Craton, Paraguá Terrain
INTRODUÇÃO
O SW do Craton Amazônico exposto em Mato Grosso guarda registros geológicos e
tectônicos que se estendem do paleo ao neoproterozóico e se desenvolveu através de sucessivas
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Capítulo 4
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acresções continentais caracterizadas pela compartimentação em terrenos justapostos: quais
sejam, os Terrenos Jauru (1.7 a 1.42 Ga.), Alto Guaporé (1.4 a 1.3 Ga.), Rio Alegre (1.5 a 1.4
Ga.) e Paraguá (1.7 a 1.3 Ga.) Ruiz (2009) e Bettencourt et al.(2010).
No Terreno Paraguá são identificadas três ciclos orogênicos distintos: a Orogenia
Lomas Manechis (1.74 a 1.69 Ga), a Orogenia San Ignácio (1.35 a 1.3 Ga) e a Orogenia Sunsás
(1.30-1.00 Ga.) (Boger et al. 2005, Santos et al. 2008, Ruiz 2009 e Bettencourt et al., 2010).
Litherland et al. (1986) reconhecem, como parte do embasamento metamórfico do
précambriano boliviano três principais unidades litoestratigráficas-metamórficas: o Complexo
Granulítico Lomas Manechis, composto por granulitos charnockiticos, enderbíticos, básicos e
gnaisses bandados quartzo feldspaticos; o Complexo Gnáissico Chiquitania, constituído
principalmente por ortognaisses (Divisão B) e paragnaisses (Divisão A) e o Grupo Xistos San
Ignácio, de fácies xistos verdes a anfibolito, constituído por uma associação metavulcano-
sedimentar.
Em território brasileiro, na região do Destacamento Fortuna, Ruiz (2005) agrupou
algumas ocorrências de ortognaisses bandados, intrudidos pelos granitos Tarumã e Lajes, como
pertencentes à Suíte Intrusiva Serra do Baú, correlatos aos Gnaisses B de Litherland et
al.(1986).
A partir do mapeamento lito-estrutural sistemático, seguido da análise petrográfica,
geoquímica e de datação pelo método U-Pb em zircão (laser ablation) do Gnaisse Rio Fortuna
(Suíte Serra do Baú), pretende-se contribuir para o entendimento da evolução magmática e
tectono-metamórfica dos terrenos gnáissicos que precederam as Orogenias San Ignácio e Sunsás
no Terreno Paraguá
Inicialmente denominado como Gnaisse Água Branca Jesus & Assis (2006), o fato deste
corpo corresponder a um prolongamento, em território brasileiro, do Gnaisse Rio Fortuna
descrito na Bolívia por Litherland et al. 1986, optou-se por utilizar essa denominação original.
CONTEXTO TECTONICO GEOLOGICO REGIONAL
O Craton Amazônico, localizado no norte da América do Sul, é cercada por cinturões
orogênicos Neoproterozóico e está dividida em seis grandes províncias geocronológicas: Amazônia
Central – PAC (> 2,3 Ga); Maroni-Itacaiúnas – PMI (2.2-1.95 Ga); Ventuari-Tapajós - PVT (1.95-1.80
Ga), Rio Negro-Juruena -PRNJ (1.8-1.55 Ga); Rondonian-San Ignácio -PRSI (1.55-1.3 Ga), e, Sunsás -
PS (1.3-1.0 Ga), estas províncias formam um trend NW-SE, contendo núcleo central Arqueano e
províncias geocronológicas Paleo e Mesoproterozoicas sucessivamente mais jovens que se agregaram
através de acreções de arcos magmáticos (Teixeira et al., 1989; Tassinari e Macambira, 1999, Santos et
al., 2000; Tassinari et al., 2000; Cordani & Teixeira, 2007). Posteriormente, Ruiz (2005), Cordani et
al. (2005) e Cordani et al. (2010) defendem que o Terreno Rio Apa é parte do Craton
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Capítulo 4
Artigo Página 36
Amazônico e admitem que ambos foram unidos antes da instalação do Aulacógeno Tucavaca
(Figura 1A).
A porção SW do Craton Amazônico exposta no oriente boliviano e parte dos estados de
Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Brasil, é compartimentada em terrenos com evolução
geológica distinta, cuja aglutinação ocorreu ao final da Orogenia San Ignácio (1.35 a 1.3 Ga).
Bettencourt et al. (2010) em um trabalho de síntese sobre a Província Rondoniana-San Ignácio
identificam os seguintes terrenos pré-Sunsás: Terreno Jauru,Terreno Alto Guaporé, Terreno Rio Alegre e
Terreno Paraguá (Figura 1B).
No SW do Craton Amazônico destaca-se o Terreno Paraguá (1.82 a 1.3 Ga) caracterizado por
três orogenias: Lomas Manechis (1.74 a 1.69 Ga), San Ignácio (1.35 a 1.3 Ga) e Sunsas / Aguapeí (1.30 a
1.00Ga) e compreende rochas do embasamento Paleoproterozóico (Boger et al. 2005, Santos et al. 2008,
Ruiz 2009 e Bettencourt et al. 2010).
Litherland et al. (1986) reconhece na porção boliviana do Terreno Paraguá três tipos
litológicos diferentes Complexo Lomas Manechis (1,68 Ga), Grupo Xistos San Ignácio (<1,76 Ga),
datados por Boger et al.,(2005) utilizando o método U-Pb e Complexo Gnáissico Chiquitania, Matos et
al. (2009) sugere idade 1,79 Ga. Santos et. al. (2008) que data o gnaisse Rio Fortuna na Bolívia
com uma idade de 1772-1734 Ma e outra idade de 1336±3 Ma que se correlaciona a idade de
metamorfismo, sugerindo que o magmatismo responsável pela formação do protólito gnáissico
estudado foi formado durante a Orogenia Lomas Manechis.
O terreno Paraguá no Brasil na região da Serra de Santa Bárbara é caracterizada pelo
retrabalhamento tectônico-metamórfico do embasamento (Gnaisses Chiquitania e Granulitos Lomas
Manechis e Grupo San Ignácio) e pela geração de batólitos e plutons graníticos durante as Orogenias San
Ignácio e Sunsás. Neste contexto encontra-se a Suíte Intrusiva Serra do Baú que corresponde ao
embasamento metamórfico do Terreno Paraguá e foi descrita por Ruiz (2005) como um
conjunto de ortognaisses que variam desde monzo até sieno granítica. Neste trabalho adotamos
a divisão de Litherland et al. (1986) e agregando o Gnaisse Rio Fortuna ao Complexo
Chiquinatia que em é subdivido em tipo A e tipo B, no caso deste trabalho relacionados ao tipo
B que compreende os gnaisses orto derivados que se prolongando em terreno Boliviano.
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Capítulo 4
Artigo Página 37
Figura 1- Em A Mapa com a compartimentação geocronológica do Craton Amazônico de Ruiz
(2005), e B mapa de compartimentação em Terrenos do SW do Craton Amazônico de Ruiz et
al.(2010).
A Suíte Serra do Baú na região do Destacamento Fortuna é constituída por quatro
corpos gnáissicos distintos (Figura 2) denominados: Gnaisse Retiro- petrograficamente
apresentam cor variando de rosa a castanho, com uma granulação que varia de média a grossa,
aflorando em sua maioria em lajedos localizados as margens do Córrego Retiro, apresentam
textura granolepidoblástica, quando em zonas de cisalhamento, a trama destas rochas configura
feições típicas de milonitização resultantes de mecanismos de deformação, tais como,
recristalização dinâmica e deformação intracristalina em minerais félsicos compostos por
quartzo, K-feldspato e plagioclásio e seus minerais máficos são hornblenda, diopsídio, zircão,
clorita e biotita. Quartzo inequigranular, anédrico, extinção ondulante típico de recristalização.
Nos feldspatos é possível observar textura pertitica onde o plagioclásio encontra-se dentro de
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Capítulo 4
Artigo Página 38
um K-Feldspato, recristalizados e sofrendo intensa alteração, processo de saussuritização sendo
este um efeito metassomático hidrotermal, é observado também intercrescimento gráfico. Seus
minerais de alteração são representados pela desopacitização de opacos dando origem a clorita e
a alteração de feldspatos dando origem ao processo de saussuritização. Já os minerais acessórios
são representados por zircão, opacos, clorita e diopsídio.
Gnaisse Córrego Vermelho - Apresenta algumas estruturas de boudinagem, com cor
redominantemente cinza, aflorando na forma de blocos e morrotes, possui cor cinza, granulação
fina, polideformados, exibem um bandamento com faixas distintas intercaladas por níveis
máficos como hornblenda e diopsídio e félsicos como quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio.
Gnaisse Retiro I - Esta rocha possui cor rosea, granulação fina, bandamento proeminente,
polideformados, exibem um bandamento com faixas distintas compostas principalmente por
biotita e mineirais félsicos de quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio. A paragênese de
alteração é marcada pela clorita, sericita, zoizita e epidoto, como minerais acessórios apresenta
zircão, apatita e rutilo. Os processos que marcam uma alteração retrometamorficação são
evidenciados pela presença de biotita parcialmente cloritizada e a desoatização de opacos em
clorita. Já os Feldspatos através de saussuritização e sericitação dão origem a minerais de
sericita, zoizita e epidoto.
Figura 2- Mapa geológico da Suíte Intrusiva Serra do Baú, mostrando os quatro corpos
gnáissicos localizados na área de estudo.
GNAISSE RIO FORTUNA
O Gnaisse Rio Fortuna aflora como lajedos e blocos principalmente na porção SW da
área de estudo constituindo pequenas porções descontínuas de ocorrência restrita. Apresenta
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Capítulo 4
Artigo Página 39
contato com o Granito Tarumã através de Zona de Cisalhamento reversa, Matos et al. (2005)
descreve a observação de enclaves do embasamento no Granito Tarumã, sugerindo a sua
correspondência às encaixantes dessa unidade e a leste ocorre o corpo granítico discretamente
foliado denominado de Granito Lajes (Matos &Ruiz 1991), que através de relações intrusivas
mapeadas que coloca este Granito como sendo mais jovem que o Granito Tarumã, encontrada.
O estudo petrográfico, incluindo microscopia, permitiu caracterizar,
mineralogicamente, as rochas do Rio Fortuna como biotita gnaisse com titanita, classificadas de
acordo com diagrama QAP de Streckeisen (1976) como granodioritos e monzogranitos.
Apresenta cor cinza-esbranquiçado, textura inequigranular média a fina e bandamento gnáissico
formado por faixas claras compostas por quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio e bandas
cinza-claras constituídas, essencialmente, por biotita e titanita. Suas rochas são ortoderivadas e
evidenciam efeitos de polideformação marcada pela presença de bandamentos expressivos,
dobramentos e transposição de dobras, foliações, intrusões de veios de quartzo que se
encontram, freqüentemente, paralelizados ao dobramento (Figura 3A e 3B).
Figura 3- Gnaisse Rio Fortuna: (A) Fotografia tira em planta do afloramento em lajedo, com
evidente bandamento gnáissico com distinções de minerais máficos e felsicos e (B) Amostra de
mão onde é possível uma visibilidade mais proeminente desse bandamento.
PETROGRAFIA
Opticamente, as rochas estudadas apresentam textura granolepidoblástica com
bandamento gnáissico definido por leitos formados por quartzo e feldspatos, e níveis máficos
milimétricos compostos por biotita, clorita e titanita. Os minerais acessórios estão representados
por titanita, rutilo, allanita, apatita e opacos; enquanto clorita, titanita, sericita, muscovita,
epidoto/clinozoizita, argilominerais, calcita e opacos constituem a paragênese de alteração. O
plagioclásio apresenta-se em grãos anédricos a subédricos, por vezes cominuídos, com
geminações polissintéticas do tipo albita e/ou periclina, sendo classificado como oligoclásio,
pelo método estatístico de Michel-Levy. Localmente, observa-se intercrescido com quartzo de
aspecto vermicular e com o feldspato alcalino formando, respectivamente, texturas
mirmequítica (Figura 4A) e anti-pertítica onde a fase hóspede (microclina) dispõe-se de forma
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maculada ou em lamelas e grãos (Figura 4B). Em algumas amostras encontra-se intensamente
turvo em decorrência dos processos pós-magmáticos, como sericitização e saussuritização com
grande quantidade de epidoto/clinozoizita e sericita. Os feldspatos alcalinos ocorrem em
porfiroclastos anédricos com bordas cominuídas, sendo representados tanto pela microclina
quanto pelo ortoclásio com geminações, respectivamente, em grade (combinadas albita +
periclina) e do tipo Carlsbad. Exibem comumente intercrescimentos com o quartzo
caracterizando textura gráfica e alteração para sericita e minerais de argila. O quartzo ocorre em
grãos anédricos, por vezes vermiculares, e em grãos poligonais formando textura em mosaico;
exibem extinção ondulante, lamelas e bandas de deformação e recristalização do tipo dinâmica
(Figura 4C). Duas variedades de biotita primária são encontradas: uma em palhetas subédricas
milimétricas, com pleocroísmo marrom-claro a amarelo-esverdeado, por vezes em kink band,
alteradas parcial a totalmente para clorita; e outra em lamelas mais largas de pleocroísmo
marrom-avermelhado a verde-escuro, com inclusões de rutilo caracterizando textura sagenítica
(Figura 4D). A titanita é o mais comum dos acessórios dessas rochas, sendo encontrada isolada
ou associada à biotita nos níveis máficos ou, mais raramente nas bandas félsicas. Ocorre em
pequenos grãos primários prismáticos (Figura 4E); ou de origem secundária em poiquiloblastos
anédricos, bem como, constituindo corona resultante de processo de desopacitização,
possivelmente, a partir de ilmenita. A Allanita representa também uma fase primária ocorrendo,
por vezes, metamictizada com uma coroa de epidoto (Figura 4F). Os outros acessórios são o
rutilo e a apatita ambos de hábito acicular, inclusos respectivamente, na biotita e nos feldspatos;
bem como, o zircão que ocorre em minúsculos grãos dispersos entre os félsicos ou associados à
biotita onde desenvolve halos pleocróicos. Os opacos constituem fase primária ou de alteração
apresentando-se em grãos euédricos a anédricos pretos ou de cor avermelhada e podem ser
observados interdigitados com máficos, em textura simplectítica, ou parcialmente
desopacitizados originando titanita, rutilo, biotita ou clorita. As mais comuns fases de alteração
compreendem clorita, argilo-minerais, sericita, por vezes muscovita, calcita e minerais do grupo
do epidoto ocorrendo em geral nas bordas do plagioclásio ou em minúsculos grãos distribuídos
no interior deste mineral ou associado aos minerais máficos.
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Figura 4- Fotomicrografias do Gnaisse Rio Fortuna: (A) intercrescimento mirmequítico; (B)
detalhe de antipertita onde a fase hóspede corresponde à microclina; (C) quartzo recristalizado;
(D) biotita com inclusões de rutilo caracterizando textura sagenítica; (E) cristal prismático
primário de titanita associado à biotita e (F) detalhe de allanita metamíctica com coroa de
epidoto.
GEOQUÍMICA
Para as análises químicas foram selecionadas dez amostras de rochas mais representativas
do Gnaisse Rio Fortuna considerando sua distribuição na área de estudo, bem como sua
diversidade textural. Inicialmente, estes exemplares foram serrados, britados e pulverizados nos
laboratórios de Preparação de Amostras do Departamento de Recursos Minerais da UFMT. Em
seguida, enviadas ao Acme Analytical Laboratories (Acmelab)-Vancouver/Canadá para
determinações através dos métodos ICP (Inductively Couple Plasma) e ICP-MS (Inductively
Couple Plasma Mass Espectrometry) para elementos maiores, menores e traços incluindo terras
raras, sendo os resultados apresentados na tabela1. As rochas dessa unidade são de natureza
ácida pouco expandida, com valores de SiO2 entre 67,17 e 75,76 %. Os diagramas de Harker
(Figura 5) mostram tendências de variação coerentes, com correlações negativas lineares entre
sílica e Al2O3, (Fe2O3)t, MgO, CaO, TiO2, , P2O5 e MnO que refletem o empobrecimento em
plagioclásio cálcico e em minerais máficos primários, tais como, biotita, titanita, rutilo e
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Capítulo 4
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apatita, durante a evolução magmática. O K2O apresenta correlação positiva com a sílica
refletindo o aumento de feldspato potássico na diferenciação, enquanto os pontos
representativos dos teores de Na2O das rochas estudadas plotam-se de forma dispersa resultante
da maior mobilidade desse elemento durante a atuação de processos pós-magmáticos. Entre os
elementos traço, tendências de diferenciação são observadas para Sr, V e Zr que apresentam
distribuições relativamente semelhantes e correlações negativas com a sílica provavelmente
vinculadas ao fracionamento de plagioclásio, titanita, rutilo e zircão.
Tabela1- Composição química de elementos maiores, menores (% em peso), traços incluindo
ETR (ppm) do Gnaisse Rio Fortuna Amostra DF-33 DF-33B DF-33C DF-38 DF-38A GJ-19 DF-21 DF-33’ DF-33A’ DF-33B’
Elementos
SiO2 69.53 71.48 70.66 68.34 67.17 75.76 75.13 69.51 71.57 70.41
Al2O3 15.02 13.94 14.29 14.53 14.63 13.79 13.10 15.06 14.17 14.20
MnO 0.06 0.04 0.05 0.05 0.09 0.02 0.02 0.06 0.04 0.05
MgO 0.59 0.63 0.71 1.07 1.91 0.27 0.15 0.61 0.40 0.80
CaO 2.07 1.83 2.09 2.63 3.08 2.69 1.23 2.11 1.42 2.14
Na2O 3.92 3.13 3.44 3.36 3.52 4.52 3.02 3.91 3.06 3.22
K2O 4.06 4.61 4.17 3.82 3.82 1.35 4.84 4.13 5.56 4.50
TiO2 0.42 0.35 0.35 0.60 0.43 0.12 0.21 0.40 0.30 0.44
P2O5 0.10 0.10 0.12 0.23 0.21 0.05 0.03 0.11 0.09 0.14
Fe2O3t 2.85 2.29 2.62 3.75 3.71 0.65 0.98 2.93 1.97 2.79
LOI 1.0 1.2 1.2 1.2 1.1 0.6 1.0 0.8 1.0 0.9
Totais 99.66 99.65 99.70 99.58 99.70 99.82 99.74 99.64 99.56 99.98
Ba 1311 1515 1215 1958 994 462.7 660 1422 2240 1578
Nb 5.4 6.6 6.0 10.4 8.9 3.0 9.4 5.4 8.4 9.5
Pb 9.2 9.1 10.8 8.5 13.3 6.6 11.7 8.7 11.0 10.5
Rb 116.6 133.1 139.4 140.7 136.6 41.8 181 124.2 155.8 135.0
Sr 257.7 290.3 262.8 471.5 321.4 270.2 129.7 292.7 247.0 323.9
Th 11.5 10.1 12.9 24.4 10.7 15.9 21.3 13.8 9.2 14.7
U 0.7 0.7 0.7 3.8 1.4 0.8 2.0 0.8 1.4 1.3
V 33 39 38 70 60 5 - 19 34 34
Y 6.7 17.9 16.5 22.8 37.8 13.1 35.6 8.8 27.9 33.2
Zr 305.0 171.5 190.2 211.9 192.5 79.5 132.8 332.1 246.1 228.4
La 61.4 34.1 45.6 41.1 44.0 48.2 54.8 62.5 41.2 43.0
Ce 114.0 71.8 90.1 106.7 86.7 94.9 128.2 126.4 86.3 103.7
Pr 11.47 7.7 9.39 9.84 9.82 9.03 12.83 12.38 9.30 10.33
Nd 39.2 26.4 32.1 36.2 37.5 30.9 46 44.2 36.1 40.4
Sm 4.91 4.87 4.92 5.75 6.40 3.67 7.81 5.32 5.90 7.34
Eu 1.24 1.12 1.17 1.26 1.11 0.80 1.22 1.35 1.42 1.38
Gd 2.81 3.80 3.67 4.57 6.30 2.23 6.12 2.87 4.77 6.15
Tb 0.29 0.61 0.56 0.68 1.03 0.37 1.08 0.36 0.78 1.06
Dy 1.29 3.17 2.91 3.59 6.10 1.77 6.28 1.60 4.38 6.04
Ho 0.20 0.64 0.56 0.79 1.24 0.33 1.29 0.29 0.93 1.21
Er 0.69 1.72 1.77 2.30 3.76 0.89 3.55 0.78 2.65 3.38
Tm 0.10 0.25 0.25 0.37 0.57 0.89 0.54 0.12 0.43 0.52
Yb 0.71 1.49 1.47 2.45 3.41 0.89 3.49 0.85 2.89 3.22
Lu 0.13 0.20 0.22 0.37 0.53 0.12 0.48 0.15 0.45 0.44
Hf 7.9 4.4 5.3 5.9 5.1 2.2 4.3 8.7 6.0 6.1
Ta 0.5 1.1 0.7 1.3 0.7 0.4 1.1 0.5 1.5 1.5
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Figura 5- Diagramas de variação de SiO2 versus óxidos, e traços do Gnaisse Rio Fortuna.
Geoquimicamente, as rochas estudadas classificam-se como riodacitos-dacitos e riolitos
nos diagramas SiO2 versus Zr/TiO2 (Figura 6A; Winchester & Floyd 1977) e álcalis versus
sílica (Figura 6B; Le Maitre 1989) e, essencialmente, como granodioritos naquele proposto por
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La Roche (1980; Figura 6C) que considera a maioria dos elementos maiores (R1 = 4Si - 11(Na
+ K) - 2(Fe + Ti) e R2 = 6Ca + 2Mg + Al.
Figura 6- Diagramas classificatórios para as rochas do Gnaisse Rio Fortuna: (A) SiO2 versus
Zr/TiO2 (Winchester & Floyd 1977); (B) álcalis versus SiO2 (Le Maitre 1989); (C) R1 versus
R2 (Le Maitre 1989).
O diagrama Na2O+K2O versus SiO2 de Irvine & Baragar (1971; Figura 6B) sugere que
o magmatismo que originou os protólitos do Gnaisse Rio Fortuna é de afinidade subalcalina,
enquanto que, seu caráter cálcio-alcalino fica evidenciado nos diagramas AFM (Figura 7A),
Na2O+K2O e CaO versus SiO2 (Figura 7B) e La versus Yb (Figura 7C) propostos,
respectivamente, por Irvine & Baragar (1971), Peacock (1931) e Barret & MacLean (1999). A
natureza cálcio-alcalina de alto-K desse magmatismo é ilustrada na figura 7D, K2O versus SiO2,
Le Maitre (2002) e sua afinidade metaluminosa a peraluminosa é mostrada no diagrama
A/CNK versus A/NK de Maniar & Piccoli (1989; Figura 7E).
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Figura 7-Diagramas classificatórios de séries magmáticas para as rochas do Gnaisse Rio
Fortuna. (A) AFM (Irvine & Baragar 1971); (B) total de álcalis e CaO versus sílica (Peacock
1931); (C) La versus Yb (Barret & MacLean 1999); (D) K2O% versus SiO2% (Le Maitre 2002)
e (E) A/NK versus A/CNK (Maniar & Piccoli 1989).
Para caracterização da ambiência tectônica dos protólitos das rochas estudadas foram
utilizados os diagramas Rb versus Y+Nb e Hf–Rb–Ta propostos, respectivamente, por Pearce et
al. (1984; Figura 8A) e Harris et al. (1986; Figura 8B) que sugerem um magmatismo gerado em
arco magmático. Os teores dos Elementos Terras Raras (ETR) desses litotipos, normalizados
pelos valores condríticos de Nakamura (1977; Figura 8C), mostram para a maioria das amostras,
distribuições similares principalmente para os ETR Leves. Ilustra também fracionamento de
ETR Pesados variando de médio a forte e um padrão de Eu sem, ou quase nenhuma, anomalia.
No aranhograma da figura 8D, alguns elementos traço além de K2O, normalizados pelos valores
de granitos de Cordilheira Meso-Oceânica de Pearce et al. (1984), evidenciam um
enriquecimento dos elementos litófilos de íons grandes (LILE) principalmente Rb, Ba e Th em
relação aos de alta carga (HFSE) Ta, Nb, Ce, Hf, Zr, Sm, Y e Yb, mostrando uma pronunciada
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anomalia positiva de Ce, sugerindo uma provável interação com água do mar (Munhá & Kerrich
1980). Observa-se também que, excetuando-se esse elemento, os HFSE apresentam valores
normalizados baixos, sempre inferiores a 1, que corresponde a uma feição típica de
magmatismo cálcio-alcalino de alto-K (Scheepers 1995).
Figura 8- Diagramas do Gnaisse Rio Fortuna: (A) e (B) de ambiente tectônico –
respectivamente, Rb versus Y+Nb de Pearce et al. ( 1984) e Hf-Rb-Ta Harris et al. (1986); (C)
padrões de distribuição de ETR, normalizados pelos valores condríticos (Nakamura 1977); (D)
elementos traço e K2O, normalizados pelos valores dos granitos de Cordilheira Meso-Oceânica
(Pearce et al. 1984).
DEFORMAÇÃO E METAMORFISMO DO GNAISSE RIO FORTUNA
Estudos realizados no Terreno Paraguá possibiliram a definição de uma história
deformacional complexa para as unidades gnáissicas e granulíticas na Bolívia (Litherland et al.
1986, Boger et al. 2005) e Brasil (Matos & Ruiz 1991, Ruiz 2005 e Figueiredo et al. 2010). As
associações gnáissico-migmatíticas da Suíte Intrusiva Serra do Baú, evidenciam processos de
deformação rúptil-dúctil, com variações na intensidade do strain, apresentando regiões de baixa
deformação, intercaladas a zonas altamente deformadas, gerando foliações miloníticas,
responsáveis pelo aspecto geral visual mais proeminente dessas rochas. São zonas que ocorrem
de forma descontínua, com dimensões variadas, ocorrendo em todo o corpo gnáissico.
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A análise estrutural em escala de semi-detalhe do Gnaisse Rio Fortuna permitiu
identificação de três fases deformacionais, que serão designadas como F1, F2 e F3, e seus
elementos estruturais - dobras, foliações e lineações - serão referidos respectivamente como D,
S e L, seguidos do número da fase de deformação em que foi gerado, por exemplo, a foliação
S1, refere-se à foliação gerada na primeira fase de deformação F1.
Figura 9- Fotografias em planta (A) e (B) Gnaisse intensamente deformado, com três foliações
distintas (S1, S2 e S3), transposição dessas dobras e injeções quartzo feldspática paralelas a
transposição.
Primeira Fase de Deformação (F1)
A porção sudoeste do Mato Grosso e leste da Bolívia, como já contextualizada por
alguns autores como Litherland et al. (1986), Saes (1999) e Ruiz (2005), foi alvo de sucessivos
eventos tectônicos que deformaram as rochas embasamentais em eventos policíclicos que
tomaram lugar a partir do período Orosiriano (1961 Ma e 87
Sr/86
Sr de 0,704, idade dos
granulitos Lomas Manechis na parte oriental boliviana, segundo Litherland et al. (1986),
marcando a fácies granulito e a formação do bandamento do gnaisse Rio Fortuna durante a
orogenia Lomas Manechis.
A fase de deformação F1, originada pelo esforço tectônico compressivo mais antigo, foi
responsável pela formação do bandamento gnáissico S1 (Figura 9A e 11A) definido pela
orientação e segregação composicional dos minerais máficos e félsicos. As bandas são
centimétricas a milimétricas, descontínuas e irregulares, sobressaindo-se uma paragênese
correspondendo a Sillimanita + granada + hiperstênio nas rochas granulíticas e, freqüentemente
encontram-se paralelas a foliação mais jovem superimposta S2. O estereograma para pólos do
bandamento gnáissico mostra atitude predominante de 40/80 e, em menor proporção valores
próximos a 70/75. A distribuição dos pólos em isofrequência (Figura 10A) gerando uma
guirlanda de círculo máximo que permite determinar o caimento do eixo das dobras D2 para o
quadrante NW e destaca o efeito das dobras D2 sobre a foliação S1.
Segunda Fase de Deformação (F2)
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A fase de deformação F2 é responsável pela transposição e obliteração dos registros
deformacionais da fase F1, é caracterizada pela geração de dobras na foliação S1, que
freqüentemente se mostram transpostas e formam uma segunda foliação S2 classificada como
xistosidade (Figura 11B). As paragêneses encontradas para este metamorfismo nos Gnaisses Rio
Fortuan e Tarumã são formadas principalmente por Hornblenda + Diopsídio (raro) +
oligoclásio, indicativo de condições da fácies Anfibolito superior e/ou Fácies Granulito e
Oligoclásio+Biotita+Ortoclásio+Quartzo nos demais gnaisses. As dobras D2 são centimétricas a
milimétricas, comumente simétricas, fechadas a cerradas ou do tipo similar. Pela orientação
média da superfície axial e da linha de charneira, as dobras D2 são classificadas como normais
ou inversas com caimento. Nos flancos a S2 é definida com uma foliação de transposição, onde
se verifica paralelismo entre a nova foliação S2 e o bandamento pré-existente S1 e a atitude
média de S2 é 50/80, como projetadas no estereograma de pólos (Figura 10B), e a ela associa-se
uma lineação de estiramento em torno de 35/60.
Durante esta etapa, teria se deformado o bandamento gnáissico do Rio Fortuna, com o
desenvolvimento de bandamento gnáissico da Unidade Tarumã e sua posterior deformação
(dobramento e/ou transposição associada).
Figura 10- (A) Estereograma de isofrequência para pólos do bandamento gnáissico S1, ilustra a
distribuição em guirlanda de círculo maior provocada pelas dobras de fase F2 e (B)
Estereograma de pontos de pólos da xistosidade S2.
Terceira fase de Deformação (F3)
O reaquecimento crustal imposto a essas rochas durante a Orogenia Sunsás provocou
alterações químicas dos feldspatos alcalinos, plagioclásios e biotita, produzindo um
reajustamento mineralógico marcado pela formação da paragênese sericita + carbonato +
epidoto e clorita, essa associação mineralógica é característica de reajustamento às novas
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condições de temperatura e pressão a que essas rochas foram submetida, representando uma
paragênese de fácies xisto verde associadas a feições retrometamórficas.
A Fase de Deformação F3 é marcada pelo aparecimento de uma superfície de foliação
S3 (Figura 9A e 11C), que se caracteriza por transpor localmente as foliações S1 e S2 segundo
uma direção média de 15/80, não é penetrativa e associa-se a formação de dobras abertas e
suaves (D3) que vão de dimensões centimétricas a milimétricas, o que configura, às vezes, uma
clivagem de crenulação S3 que reorienta as foliações S1 e S2, seguindo uma direção média de
320/85 a 5/80, paralelas a discretas zonas de cisalhamento dúctil.
Figura 11-Esquema ilustrativo das fases de deformação que afetam o Gnaisse Rio Fortuna. (A)
Bandamento gnáissico marcando a primeira foliação (S1) não transporta; (B) Bandamento
gnáissico S1 dobrado e parcialmente transposto segundo a direção da foliação (S2) e (C)
transposição das foliações S1 e S2 ao longo de zonas de cisalhamento estreitas paralelas a
foliação S3.
GEOCRONOLOGIA
A amostra do Gnaisse Rio Fortuna datada (GJ-19) trata-se de um gnaisse leucocrático,
inequigranular, cinza claro, de granulação média, bandado, com registro de pelo menos duas
fases de deformação e metamorfismo.
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Os zircões analisados foram concentrados a partir da amostra nas dependências do
Laboratório de Preparação de Amostras do Departamento de Recursos Minerais da
Universidade Federal de Mato Grosso. A amostra foi processada pelos métodos convencionais
com britagem, moagem, peneiramento e concentração da fração 0.090. A fração menos
magnética da população de zircão (alvo da datação) foi separada utilizando o separador
magnético Frantz, com posterior seleção manual dos grãos de zircão em lupa binocular. Os
grãos foram arranjados em um disco montado com resina epóxi previamente submetido a uma
etapa de polimento (os mounts) e após essa etapa os zircões foram fotografados através de
imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e fotos de microscopia ótica (Figura
12).
Aproximadamente 50 grãos de zircão foram escolhidos a mão, através de lupa
binocular, sendo que somente 14 grãos foram utilizados para obter imagens de microscopia
eletrônica de varredura e posterior análise. Na lupa, estes grãos se caracterizam por grãos
pequenos amarelados, variando de transparentes a opacos, sendo que muitos deles se mostraram
quebrados e fraturados.
Nas imagens obtidas no Microscópio Eletrônico de Varredura, os grãos de zircão se
caracterizam por terminações e faces piramidais, pequenas fraturas perpendiculares às faces e
em alguns grãos (Figura 12 A, C e E), os zircões A e E são mais arredondados possuem
algumas inclusões fraturas, já o zircão C é mais prismático, em ambos consegue-se distinguir
uma discreta zonação.
Figura 12- Imagens de MEV e fotos de microscopia ótica dos zircões, com “spots”de 25µm
produzidos pela microssonda a laser, sendo A e B = Zr-075-C-IV-01 , C e D = Zr-075-C-IV-
06 e E e F = Zr-075-D-VI-01.
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Os dados analíticos com as razões isotópicas dos grãos datados pelo método U-Pb estão
na Tabela 2. O equipamento do Laboratório de Geologia Isotópica da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul é o Thermo-Finnigan Neptune Multi-collector Inductively Coupled Plasma
Mass Spectrometry (MC-ICP-MS), acoplado com um sistema laser NewWave de 213nm com
análises de isótopos de U, Pb, Th. Após a análise pontual os dados são transferidos em software
específico desenvolvido pelo Thermo Finningan. Posteriormente são transferidos para planilha
Excel, desenvolvida e elaborada para calculo de dados U-Pb, onde o sinal 204
Pb é calculado a
partir de medições isotópicas e quando o os valores de 206
Pb/204
Pb são baixos aplica-se a
correção de Pb comum de acordo com o modelo de Stacey e Kramers (1975). A etapa seguinte
consiste na elaboração dos diagramas concórdia realizados a partir do programa Isoplot v.3,
Ludwig (2001). O diagrama concórdia (Figura 13) gerado a partir das razões obtidas, mostra
que os zircões analisados forneceram uma idade no intercepto superior forçada na origem de
1711±13 Ma que, provavelmente corresponda à idade de cristalização do protólito ígneo do
Gnaisse Rio Fortuna. O MSWD verificado foi de 0,34.
Figura 13-Diagrama concórdia U/Pb (laser ablation) da amostra GJ 19, do Gnaisse Rio
Fortuna. A idade concórdia no intercepto superior em 1711±13 Ma, interpretada como a idade
de cristalização do protólito ígneo.
1860
1820
1780
1740
1700
1660
1620
1580
0.26
0.28
0.30
0.32
0.34
0.36
3.6 4.0 4.4 4.8 5.2 207
Pb/ 235 U
206 Pb/
238 U
Intercepts at 1711 ± 13 Ma MSWD = 0.34
data-point error ellipses are 2
GJ-19
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Tabela 2- Síntese dos dados obtidos através da análise U/Pb obtidos pelo LAM-ICPMS-MC
para a amostra GJ-19.
N° Spot Concórdia 1 Concórdia 2
207Pb/235 U 206Pb/238U Rho 238U/206Pb
207Pb/206U Rho
Zr-075-C-IV-01 4.1635 2.57 0.2936 2.01 0.78 3.4058 2.01 0.1028 1.61 1.25
Zr-075-C-IV-02 4.2951 2.02 0.2892 1.17 0.58 3.4578 1.17 0.1077 1.65 0.71
Zr-075-C-IV-05 4.5309 2.03 0.3153 0.94 0.46 3.1719 0.94 0.1042 1.80 0.52
Zr-075-C-IV-06 4.4780 1.51 0.3084 1.18 0.78 3.2427 1.18 0.1053 0.94 1.25
Zr-075-C-IV-10 4.7639 1.40 0.3045 1.05 0.75 3.0604 1.05 0.1057 0.92 1.14
Zr-075-C-IV-15 4.3726 2.22 0.3268 1.37 0.62 3.2838 1.37 0.1041 1.75 0.78
Zr-075-D-V-01 4.9488 1.52 0.3406 0.72 0.47 2.9360 0.72 0.1054 1.34 0.53
Zr-075-D-V-02 4.7954 1.37 0.3305 0.74 0.55 3.0254 0.74 0.1052 1.14 0.65
Zr-075-D-V-04 4.6649 1.21 0.3232 0.83 0.69 3.0938 0.83 0.1047 0.88 0.95
Zr-075-D-V-10 4.6879 1.59 0.3254 1.03 0.66 3.0731 1.04 0.1045 1.20 0.87
Zr-075-C-VI-01 4.3907 1.75 0.3072 1.01 0.58 3.2554 1.01 0.1037 1.43 0.71
Zr-075-C-VI-04 4.7747 1.60 0.3298 0.98 0.61 3.0320 0.98 0.1050 1.26 0.77
Zr-075-C-VI-06 4.5419 1.82 0.3142 1.30 0.71 3.1827 1.30 0.1048 1.27 1.02
Age (Ma) 23Th/23U %
Discor.
f206 207Pb/235U
207Pb/235U 207Pb/206U
1660 33 1667 1676 27 0.7219 1 0.0002
1638 19 1692 1761 29 0.4752 7 0.0004
1767 17 1737 1701 31 0.8895 -4 0.0018
1733 21 1727 1720 16 0.5508 -1 0.0000
1823 19 1779 1727 16 0.6541 -6 0.0002
1714 24 1707 1699 30 0.7014 -1 0.0008
1890 14 1811 1721 23 0.8015 -10 0.0012
1841 14 1784 1718 20 0.4998 -7 0.0001
1805 15 1761 1709 15 0.9142 -6 0.0003
1816 19 1765 1705 20 0.5539 -6 0.0004
1727 18 1711 1691 24 0.5148 -2 0.0030
1937 18 1780 1714 22 0.7106 -7 0.0001
1761 23 1739 1712 22 0.5699 -3 0.0002
CONCLUSÕES
O Craton Amazônico tem a sua evolução marcada pelas sucessivas acresções de faixas
móveis proterozóicas a partir do núcleo arqueano, a Província Amazônia Central (Tassinari e
Macambira 1999, Geraldes et al. 2001, Ruiz 2005, Cordani & Teixeira 2007 e Bettencourt et al.
2010, entre outros).
A porção sul-sudoeste do Craton, que aflora nos estados de Rondônia, Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul, no Brasil e no setor oriental da Bolívia, tem sido descrita como um sítio
onde se observa o retrabalhamento parcial da Província Rondoniana-San Ignácio (1.3 a 1.56 Ga)
pela Província Sunsás (1.2 a 0.9 Ga), por exemplo, Ruiz 2009, Bettencourt et al. (2010) e
Teixeira et al. (2010).
A complexa evolução geológica e tectônica da Província Rondoniana-San Ignácio é
caracterizada pela amalgamação de diversos blocos crustais durante eventos orogênicos
ocorridos durante o mesoproterozóico. Tais fragmentos crustais ou terrenos exibem assinaturas
litoestratigráficas, tectono-metamórficas, magmáticas e geocronológicas que atestam o caráter
alóctono dos mesmos. Considerando a região entre o SW de Mato Grosso e oriente da Bolívia,
são atualmente reconhecidos os seguintes terrenos: Alto Guaporé, Paraguá, Rio Alegre e Jauru
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Terreno Parguá, Sw do Craton Amazônico –Brasil
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Capítulo 4
Artigo Página 53
(Ruiz 2009 e Bettencourt et al. 2010), sendo que a área investigada encontra-se inserida no
Terreno Paraguá, mais especificamente, no setor reativado pela Faixa Móvel Aguapeí.
O embasamento paleoproterozóico do Terreno Paraguá é constituído por três principais
unidades litoestratigráficas definidas originalmente por Litherland et al. (1986), como:
Complexo Granulítico Lomas Manechis, Complexo Gnáissico Chiquitania e Supergrupo San
Ignácio. Em território brasileiro, os gnaisses ortoderivados tipo Chiquitania, correspondem à
Suíte Intrusiva Serra do Baú (Ruiz 2005), enquanto os litotipos granulíticos são raros e de
pequenas dimensões.
O objeto deste trabalho, o Gnaisse Rio Fortuna, constitui parte da Suíte Intrusiva Serra
do Baú, assim como as outras intrusões correlatas na região do Destacamento Fortuna (BR), os
Gnaisses Retiro, Retiro I e Córrego Vermelho. Em território boliviano os gnaisses estudados são
correlatos aos gnaisses do tipo B, dominantemente ortoderivados, do Complexo Gnáissico
Chiquitania de Litherland et al. (1986).
O Gnaisse Rio Fortuna é composto por gnaisses leucocráticos, de granulação média a
grossa, cinza claro a brancos com destacado bandamento composicional, evidenciado pela
alternância de bandas paralelas, centimétricas a milimétricas, máficas (dominadas por biotita e,
às vezes, anfibólio) e félsicas (quartzo-feldspáticas). Relictos de texturas ígneas e os xenólitos
de anfibolitos e granulitos comprovam a natureza ortoderivada dos gnaisses, que apresentam
composição variando entre monzogranito a granodiorito.
O Gnaisse Rio Fortuna petrograficamente é bastante homegêneo e se caracteriza ao
microscópio pela textura granolepidoblástica com bandamento gnáissico definido por leitos
formados por quartzo e feldspatos, e níveis máficos milimétricos compostos por biotita
diferenciada pela inclusão de rutilo caracterizando textura sagenítica, clorita e titanita. Os
minerais acessórios estão representados por titanita, rutilo, allanita, apatita e opacos; enquanto
clorita, titanita, sericita, muscovita, epidoto/clinozoizita, argilominerais, calcita e opacos
constituem a paragênese de alteração.
Do ponto de vista da deformação, os gnaisses estudados exibem história policíclica
caracterizadas pela impressão de estruturas tectônicas separadas em pelo menos três fases
deformacionais. A fase de deformação F1 é caracterizada pelo bandamento gnáissico (S1) com
atitude média de 254/70, principalmente nos flancos das dobras D2, transpostos pela
deformação D2. A fase de deformação F2 é marcada pela geração de dobras na foliação S1, que
freqüentemente se mostram transpostas segundo a direção de S2; são dobras comumente
simétricas, fechadas, do tipo similar. Paralelas ao plano-axial das dobras D2 se desenvolve uma
foliação penetrativa, do tipo xistosidade (S2), com atitude média de 290/80, enquanto uma
lineação mineral/de estiramento (L2) com atitude em torno 35/60, completa o acervo de
estruturas F2. A fase de deformação F3 é marcada pela geração de uma superfície de foliação
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Capítulo 4
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S3, que se caracteriza por transpor localmente as foliações S1 e S2 segundo uma direção média
de 150/80, não é penetrativa e associa-se a dobras abertas e suaves (D3), com plano axial sub-
vertical.
A caracterização litogeoquímica corrobora a homogeneidade litológica
petrograficamente definida. Geoquimicamente, as rochas gnáissicas constituem uma seqüência
ácida formada por um magmatismo subalcalino, do tipo cálcio-alcalino de alto potássio,
peraluminoso a metaluminoso, evoluído através de mecanismos de cristalização fracionada
associados à contaminação crustal. Os dados geoquímicos sugerem também que o magma foi
gerado em um ambiente de convergência de placas, provavelmente em um ambiente de arco
magmático ou arco de ilhas.
Os dados analíticos obtidos em zircões pelo método U-Pb (laser ablation) forneceram
uma idade concórdia no intercepto superior de 1711±13 Ma, interpretada como a idade de
cristalização do Gnaisse Rio Fortuna. O mesmo corpo foi datado na Bolívia por Santos et al.
(2008), as idades obtidas 1772-1734 Ma (intercepto superior) e 1336±3 Ma ( intercepto inferior)
são interpretadas neste trabalho como equivalentes à cristalização do protólito ígneo e
rejuvenescimento isotópico durante a Orogenia San Ignácio, respectivamente.
O conjunto de dados de campo acompanhado pelas análises petrográficas, geoquímicas
e geocronológicas (U-Pb em zircão) demonstraram que o Terreno Paraguá na concepção de
Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) estende em território brasileiro na região do
Destacamento Fortuna. Nesta região foi identificado um embasamento Paleoproterozóico
composto por granulitos e anfibolitos (xenólitos) que serviram de encaixantes para gnaisses
cálcio-alcalinos de composição ácida a intermediária enfeixados na Suíte Intrusiva Serra do
Baú. O Gnaisse Rio Fortuna é correlato aos gnaisses tipo B do Complexo Gnáissico Chiquitania
de Litherland et al. (1986) e, com os demais corpos intrusivos identificados (Gnaisse Retiro,
Retiro I e Córrego Vermelho), retratam um episódio magmático associado à Orogenia Lomas
Manechis, provavelmente em um ambiente de arco magmático do tipo Andino.
A transposição do bandamento gnáissico (S1) para a direção preferencial NNW, a
geração de nova foliação penetrativa NW e dobras fechadas sugerem o retrabalhamento tectono-
metamórfico dos ortognaisses Rio Fortuna durante a Orogenia San Ignácio. A idade 1336 Ma
obtida nas bordas dos zircões, por Santos et al. (2008) corroboram esta interpretação.
Ao contrário da região de Vila Bela da Santíssima Trindade (MT), onde o Terreno
Paraguá não exibe os registros metamórficos e deformacionais da Orogenia Sunsás, na área
estudada, as rochas metassedimentares do Grupo Aguapeí, que recobrem em discordância
erosiva e tectônica o embasamento granítico-gnáissico, se mostram deformadas e
metamorfisadas na fácies xistos verdes, indicando que o Gnaisse Fortuna e as demais unidades
pré-Aguapeí sofreram o retrabalhamento da Faixa Móvel Aguapeí, durante a evolução da
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Orogenia Sunsás. O Cratón Amazônico se desenvolveu através de sucessivas acresções e sua
porção SW é constituída por diversos terrenos que foram sendo amalgamados durante o
mesoproterozóico, ao longo de vários episódios orogênicos. Desde Litherland et al. (1986) até a
recente revisão de Bettencourt et al. (2010), são reconhecidas como unidades litoestratigráficas
do Terreno Paraguá: o embasamento paleoproterozóico composto pelo Complexo Gnáissico
Chiquitania, o Complexo Granulítico Lomas Manechi e o Grupo San Ignácio. E conforme a
definição de Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) este terreno é afetado por três orogenias:
Lomas Manechis (1.74 a 1.69 Ga), San Ignácio (1.35 a 1.3 Ga) e Sunsás/Aguapeí (1.25 a 1.00
Ga).
Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES (PROCAD 096/97) e FAPEMAT (Procs.
002.0141/2007 e 444.8287/2009) pelo suporte financeiro ao desenvolvimento da pesquisa, ao
Grupo de Pesquisa em Evolução Crustal e Tectônica – Guaporé, ao GEOCIAM (Instituto
Nacional de Ciências e Tecnologia de Geociências da Amazônia) pelo apoio prestado. A
primeira autora agradece a CAPES pela concessão de bolsa de mestrado.
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Artigo Página 56
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Capítulo 5
Conclusões e Sugestões Página 59
DISCUSSÕES E SUGESTÕES
O Craton Amazônico tem a sua evolução marcada pelas sucessivas acresções de
faixas móveis proterozóicas a partir do núcleo arqueano, a Província Amazônia Central
(Tassinari e Macambira 1999, Geraldes et al. 2001, Ruiz 2005, Cordani e Teixeira 2007
e Bettencourt et al. 2010, entre outros).
A porção sul-sudoeste do Craton, que aflora nos estados de Rondônia, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, no Brasil e no setor oriental da Bolívia, tem sido descrita
como um sítio onde se observa o retrabalhamento parcial da Província Rondoniana-San
Ignácio (1.3 a 1.56 Ga) pela Província Sunsás (1.2 a 0.9 Ga), por exemplo, Ruiz 2009,
Bettencourt et al. (2010) e Teixeira et al. (2010).
A complexa evolução geológica e tectônica da Província Rondoniana-San
Ignácio é caracterizada pela amalgamação de diversos blocos crustais durante eventos
orogênicos ocorridos durante o mesoproterozóico. Tais fragmentos crustais ou terrenos
exibem assinaturas litoestratigráficas, tectono-metamórficas, magmáticas e
geocronológicas que atestam o caráter alóctono dos mesmos. Considerando a região
entre o SW de Mato Grosso e oriente da Bolívia, são atualmente reconhecidos os
seguintes terrenos: Alto Guaporé, Paraguá, Rio Alegre e Jauru (Ruiz 2009 e Bettencourt
et al. 2010), sendo que a área investigada encontra-se inserida no Terreno Paraguá, mais
especificamente, no setor reativado pela Faixa Móvel Aguapeí.
O embasamento paleoproterozóico do Terreno Paraguá é constituído por três
principais unidades litoestratigráficas definidas originalmente por Litherland et al.
(1986), como: Complexo Granulítico Lomas Manechis, Complexo Gnáissico
Chiquitania e Supergrupo San Ignácio. Em território brasileiro, os gnaisses
ortoderivados tipo Chiquitania, correspondem à Suíte Intrusiva Serra do Baú (Ruiz
2005), enquanto os litotipos granulíticos são raros e de pequenas dimensões.
Com maior enfoque sobre Gnaisse Rio Fortuna que constitui parte da Suíte
Intrusiva Serra do Baú, assim como as outras intrusões correlatas na região do
Destacamento Fortuna (BR), os Gnaisses Retiro, Retiro I e Córrego Vermelho. Em
território boliviano os gnaisses estudados são correlatos aos gnaisses do tipo B,
dominantemente ortoderivados, do Complexo Gnáissico Chiquitania de Litherland et al.
(1986).
O conjunto de dados de campo acompanhado pelas análises petrográficas,
geoquímicas e geocronológicas (U-Pb em zircão) demonstraram que o Terreno Paraguá
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Capítulo 5
Conclusões e Sugestões Página 60
na concepção de Ruiz (2009) e Bettencourt et al. (2010) estende em território brasileiro
na região do Destacamento Fortuna. Nesta região foi identificado um embasamento
Paleoproterozóico composto por granulitos e anfibolitos (xenólitos) que serviram de
encaixantes para gnaisses cálcio-alcalinos de composição ácida a intermediária
enfeixados na Suíte Intrusiva Serra do Baú e onde foram identificados quatro corpos
gnáissicos distintos destes foram realizadas descrições petrográficas e coletados dados
de campo que os definem como:
Gnaisse Córrego Vermelho - Apresenta algumas estruturas de boudinagem, com
cor redominantemente cinza, aflorando na forma de blocos e morrotes, possui cor cinza,
granulação fina, polideformados, exibem um bandamento com faixas distintas
intercaladas por níveis máficos como hornblenda e diopsídio e félsicos como quartzo,
feldspato alcalino e plagioclásio.
Gnaisse Retiro - Petrograficamente possui cor variando de rosa a castanho, com
uma granulação que varia de média a grossa, aflorando em sua maioria em lajedos
localizados as margens do Córrego Retiro, apresenta textura granolepidoblástica,
quando em zonas de cisalhamento, a trama destas rochas configura feições típicas de
milonitização resultantes de mecanismos de deformação, tais como, recristalização
dinâmica e deformação intracristalina em minerais félsicos compostos por quartzo, K-
feldspato e plagioclásio e seus minerais máficos são hornblenda, diopsídio, zircão,
clorita e biotita. Quartzo inequigranular, anédrico, extinção ondulante típico de
recristalização. Nos feldspatos é possível observar textura pertítica onde o plagioclásio
encontra-se dentro de um K-Feldspato, recristalizados e sofrendo intensa alteração,
processo de saussuritização sendo este um efeito metassomático hidrotermal, é
observado também intercrescimento gráfico. Seus minerais de alteração são
representados pela desopatização de opacos dando origem a clorita e a alteração de
feldspatos dando origem ao processo de saussuritização. Já os minerais acessórios são
representados por zircão, opacos, clorita e diopsídio.
Gnaisse Retiro I - Esta rocha contém cor rósea, granulação fina, bandamento
proeminente, polideformados, exibem um bandamento com faixas distintas compostas
principalmente por biotita e mineirais félsicos de quartzo, feldspato alcalino e
plagioclásio. A paragênese de alteração é marcada pela clorita, sericita, zoizita e
epidoto, como minerais acessórios apresenta: zircão, apatita e rutilo. Os processos que
marcam uma alteração retrometamorficação são evidenciados pela presença de biotita
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Capítulo 5
Conclusões e Sugestões Página 61
parcialmente cloritizada e a desoatização de opacos em clorita. Já os Feldspatos através
de saussuritização e sericitação dão origem aos minerais de sericita, zoizita e epidoto.
Gnaisse Rio Fortuna - O Gnaisse Rio Fortuna corresponde a rochas
ortoderivadas, é intrudido por veios graníticos de espessuras variáveis que
freqüentemente aparecem paralelos ao dobramento, classificado como monzo a
granodiorito, opticamente as rochas estudadas apresentam textura granolepidoblástica
com bandamento gnáissico definido por leitos formados por quartzo e feldspatos, e
níveis máficos milimétricos compostos por biotita diferenciada pela inclusão de rutilo
caracterizando textura sagenítica, clorita e titanita. Os minerais acessórios estão
representados por titanita, rutilo, allanita, apatita e opacos; enquanto clorita, titanita,
sericita, muscovita, epidoto/clinozoizita, argilominerais, calcita e opacos constituem a
paragênese de alteração, com foliação bem marcada evidenciada por três fases de
deformação (D1, D2 e D3) a Fase de Deformação F1 é caracterizada pelo bandamento
gnáissico (S1) com atitude média de 254/70, principalmente nos flancos das dobras D2,
transpostos pela deformação D2. A Fase de Deformação F2 é marcada pela geração de
dobras na foliação S1, que freqüentemente se mostram transpostas segundo a direção de
S2, suas dobras são comumente simétricas, fechadas, do tipo similar. Plano-axialmente a
D2 se desenvolve uma xistosidade (S2) com atitude media de 290/80, juntamente com
uma lineação de estiramento em torno 35/60. A Fase de Deformação F3 é marcada pelo
aparecimento de uma superfície de foliação S3, que se caracteriza por transpor
localmente as foliações S1 e S2 segundo uma direção média de 150/80, não é penetrativa
e associa-se a dobas abertas e suaves (D3), com plano axial sub-vertical.
Geoquimicamente, essas rochas constituem uma seqüência ácida formada por
um magmatismo subalcalino, do tipo cálcio-alcalino de alto potássio, peraluminoso a
metaluminoso, evoluído através de mecanismos de cristalização fracionada associados à
contaminação crustal.
O Gnaisse Rio Fortuna é correlato aos gnaisses tipo B do Complexo Gnáissico
Chiquitania de Litherland et al. (1986) e, com os demais corpos intrusivos identificados
(Gnaisse Retiro, Córrego I e Córrego Vermelho), retratam um episódio magmático
associado à Orogenia Lomas Manechis, provavelmente em um ambiente de arco
magmático do tipo Andino. Foram separados e analisados zircões pelo método U-Pb
(laser ablation) no Laboratório de Geologia Isotópica da UFRGS que forneceram uma
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Capítulo 5
Conclusões e Sugestões Página 62
idade concórdia no intercepto superior forçada na origem do diagrama em 1711±13 Ma,
correspondendo à idade de cristalização desse Gnaisse.
Três eventos metamórficos, de natureza barroviana, associados às fases de
deformação foram identificados. O primeiro corresponde ao metamorfismo regional de
Fácies Granulito, com atuação durante o período Orosiriano, que gerou bandamento
gnáissico na Suíte Intrusiva Serra do Baú. O segundo, caracterizado por um
metamorfismo regional de Fácies Anfibolito, levado a efeito no período Ectasiano, que
é responsável pela deformação do bandamento nos Gnaisses da Suíte Intrusiva Serra do
Baú e gnaissificação da Unidade Tarumã. E o terceiro, representado pelas paragêneses
de Fácies Xistos Verdes e retrometamorfismo, desenvolvidos no período
Esteniano/Toniano, associados à clivagem de crenulação em ambos os gnaisses e
deformação da Cobertura Aguapeí.
Sugestões
Dentre os quatro corpos gnáissicos identificados na Suíte Intrusiva Serra do Baú
o enfoque desta pesquisa foi dado ao Gnaisse Rio Fortuna, pois algumas dificuldades,
como por exemplo, os atrasos de alguns resultados e em outras situações sugiram a
necessidade de reanálisa-los, sendo este o Gnaisse com maior quantidade de dados.
Sendo necessário maior detalhando com relação a dados de campo, informações
geoquímicas para elementos maiores, menores e traços incluindo terras raras,
geocronologia utilizando os métodos Sm-Nd para todos os corpos gnáissicos e para o
U/Pb, excluindo o Gnaisse Rio Fortuna que já possui este dado e assim determinar uma
sequência temporal dos eventos magmáticos e metamórficos-deformacionais que
afetaram a Suíte Intrusiva Serra do Baú, sendo ainda necessário uma análise mais
criteriosa do ponto de vista petrográfico para que haja um maior detalhamento dos
xenólitos encontrados nos corpos gnáissicos assim como a possibilidade de uma
descrição microtectônica correlacionando seus dados estruturais este por sua vez deve
ser também deve ser aprimorado através de nova coleta sistemática em todo litotipo
desta Suíte.
Existe também a necessidade de se prolongar essa pesquisa em território
boliviano correlacionando os dados e dimensionando com exatidão estes corpos, seus
contatos e sua forma de ocorrência.
A junção destas informações e correlações dos dados deste embasamento
metamórfico é de suma importância para compreender o Terreno Paraguá e as orogenias
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Capítulo 5
Conclusões e Sugestões Página 63
que o afetaram, contribuindo com informações consolidadas para maior compreensão e
definição da evolução tectônica do paleoproterozóico.
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Referências Página 69
ANEXOS
Anexo1 70
Anexo2 71
Anexo3 72
TABELA DE PONTOS
Pontos X Y Litologia
DF-01 253121 8214648 Gnaisse
DF-02 252548 8214214 Granito Lajes
DF-03 253228 8214745 Aguapeí
DF-04 257701 8215868 Granito Lajes
DF-05 258422 8218534 Granulito
DF-06 258479 8218873 Granito Lajes/Granulito
DF-08 258379 8219310 Granito Lajes
DF-09 257696 8219595 Granito Lajes
DF-10 255087 8219506 Gnaisse
DF-11 254916 8219401 Gnaisse milonitico
DF-12 255361 8219404 Gnaisse
DF-13 261931 8215223 Gnaisse
DF-14 219473 8209144
"Suvacão"(Distrito de Vila Bela da
Santíssima Trindade)
DF-15 219025 8210507 Ortognaisse Tarumã
DF-17 219443 8221128 Ortognaisse Tarumã
DF-18 233276 8198206 Descrito como sendo um xisto
DF-19 260492 8203775 Acesso a Fazenda Lajes
DF-20 257864 8214120 Gnaisse/Granito Lajes
DF-21 257146 8215292 Gnaisse
DF-22 255975 8215357 Granito Lajes
DF-23 253650 8201648 Fazenda Bruaca
DF-24 248795 8206137 Fazenda Florida
DF-25 241313 8199266 Entrada da Aldeia Acorizal
DF-26 241756 8204530 Dentro da Aldeia Acorizal
DF-27 241530 8205808 Ortognaisse Tarumã
DF-28 225674 8205790 Fazenda Santa Catarina
DF-29 229232 8202596 Fazenda San Inácia
DF-30 226686 8201142 Gnaisse
DF-31 229614 8202243 Ortognaisse Tarumã
DF-32 229252 8199612
Sede as Fazenda Nossa Senhora
Aparecida
DF-33 229094 8199240 Gnaisse Agua Branca
DF-34 228455 8198697 Solo tipico do gnaisse agua branca
DF-35 222082 8200395 Fim da Fazenda San Ignacia
DF-36 222656 8200085 Solo tipico do gnaisse
DF-37 224066 8200223 Gnaisse
DF-38 224074 8200103 Gnaise
DF-39 226453 8201130 Gnaise
DF-40 226529 8201136 Gnaise
DF-41 267930 8235116 Aguapei
DF-42 257566 8213973 Granito Lajes
DF-43 255095 8215269 Aguapeí
Anexo3 73
DF-44 255118 8219516 Gnaisse
DF-45 255117 8219512 Granito Lajes/gnaisse
DF-46 255200 8219284 Granito Lajes
DF-47 255205 8219514 Gnaisse
DF-48 258547 8222056 Aguapeí
DF-49 254999 8220820 Brecha de Falha
DF-50 255392 8220600 Granito Lajes
DF-51 255934 8220478 Granito Lajes
DF-52 255919 8220388 Granito Lajes
DF-53 255862 8220202 Brecha de Falha
DF-54 255874 8220398 Granito Lajes com xenólito de gnaisse
DF-55 262175 8215087 Gnaisse
DF-56 262509 8215207 Ponto de Controle
DF-57 262452 8214894 Gnaisse
DF-58 262496 8214789 Gnaisse
DF-59 262613 8214429 Gnaisse
DF-60 262470 8214390 Gnaisse
DF-61 262134 8214306 Aguapeí
DF-62 262041 8214458 Aguapeí
DF-63 261798 8214896
Bloco de Granito Lajes em meio ao
Aguapeí, provavelmente um dique
DF-64 262067 8215235 Gnaisse
DF-65 262067 8215235 Gnaisse
DF-66 254316 8219538 Aguapeí
DF-67 255229 8219548 Anfibolito
DF-68 263843 8213941 Ponto de Controle
DF-69 263555 8213702 Aguapeí
DF-70 263549 8213702 Ponto de Controle
DF-71 266578 8211922 Ponto de Controle
DF-72 256838 8211836
Granito Lajes(podendo ser um contato
com o Gnaisse)
DF-73 256648 8211674 Contato do Gnaisse com o Granito Lajes
DF-74 256495 8211693 Granito Lajes
DF-75 256107 8211665 Granito Lajes
DF-76 255166 8211577 Granito Lajes
DF-77 255270 8210700 Ponto de Controle
DF-78 255599 8209769 Granito Lajes
DF-79 256413 8209913 Granito Lajes
DF-80 256887 8210948 Granito Lajes
DF-81 256901 8210681 Granito Lajes
DF-82 256801 8210523 Granito Lajes
DF-83 256597 8210250 Granito Lajes
DF-84 257385 8210528 Ponto de Controle
DF-85 252825 8214785 Gnaisse
DF-86 252796 8214239 Granito Lajes
Anexo3 74
DF-87 225771 8205583 Ortognaisse Tarumã
DF-88 227859 8203671 Ponto de Controle
DF-89 226728 8203677 Brecha de Falha
DF-90 226497 8203221 Ortognaisse Tarumã
DF-91 225765 8203221 Brecha de Falha
DF-92 225097 8202579 Gnaisse
DF-93 224961 8202431 Gnaisse
FB-01 255359 8202625 Granito Lajes
FB-03 254888 8202294 Granito Lajes
FB-04 254812 8203128 Granito Lajes
FB-06 253909 8204321 Granito Lajes
FB-07 255793 8202905 Granito Lajes
FB-10 258350 8213494 Granito Lajes
FB-11 257570 8214691 Granulito
FB-12 253696 8214620 Granito Lajes
FB-13 253496 8214909 Aguapei
SR-01 268285 8216416
Amostra SR-01 Meta BIF, SR-01A
anfibolito e SR-01B Meta Shert
SR-02 268569 8215579 Ponto da Bifurcação
SRI-01 258579 8219060 Granito Lajes
SRI-02 258241 8219412 Granito Lajes
SRI-04 257300 8218677 Granulito
SRI-05 254601 8219288 Gnaisse
SRI-06 254420 8219226 Aguapeí
SRI-08 254962 8219904 Granito Lajes
SRI-09 255202 8220417 Gnaisse
SRI-10 255379 8220616 Gnaisse
SRI-13 257211 8215326 Gnaisse/ Granito Lajes
SRI-14 256397 8215307 Granito Lajes
SRI-16 255922 8215256 Granito Lajes
SRI-19 254996 8215135 Aguapeí
SRI-20 255929 8215323 Granito Lajes
SRI-21 256839 8215356 Granito Lajes
SRI-23 257708 8215762 Granito Lajes
SRI-24 258024 8217151 Granito Lajes
SRI-26 257566 8217134 Granito Lajes
SRI-27 257135 8217004 Gnaisse
SRI-28 256823 8217047 Granito Granito Lajes
SRI-30 256875 8217599 Gnaisse
SRI-31 256776 8217711 Gnaisse
SRI-36 256293 8218255 Granito Lajes
SRI-37 256456 8218868 Granito Lajes
SRI-41 257735 8215844 Granito Lajes
SRI-42 257757 8216110 Gnaisse
SRI-44 257964 8216888 Gnaisse
Anexo3 75
SRI-45 258165 8217598 Granito Lajes
SRI-46 258262 8217902 Granito Lajes
SRI-47 258330 8218521 Gnaisse
SRII-05 260365 8216826 Aguapeí
SRII-06 260637 8216088 Aguapeí
SRII-07 261032 8215757 Aguapeí
SRII-08 261935 8215248 Gnaisse
SRII-09 262062 8215066 Aguapeí
SRII-14 261571 8216720 Aguapeí
SRII-15 261759 8216142 Gnaisse
SRII-16 261716 8216086 Gnaisse
SRII-20 262160 8215632 Gnaisse
SRII-25 265742 8213962 Aguapeí
SRII-26 265811 8213983 Aguapeí
SRII-41 266656 8218275 Aguapeí
SRII-47 265007 8216256 Aguapeí
SRII-51 263004 8216230 Gnaisse
SRII-52 262984 8216146 Gnaisse
SRII-53 263020 8216029 Gnaisse
Vila Picada 272009 8205738 Ponto de Controle
SR4-01 260388 8207184 Aguapeí
SR4-02 260606 8207372 Aguapeí
SR4-03 260694 8207393 Aguapeí
SR4-04 260826 8207410 Aguapeí
SR4-05 260948 8207483 Aguapeí
SR4-06 261141 8207504 Aguapeí
SR4-08 261944 8207648 Aguapeí
SR4-09 262163 8207619 Aguapeí
SR4-10 261859 8208158 Aguapeí
SR4-11 261492 8208270 Aguapeí
SR4-12 261235 8208183 Aguapeí
SR4-13 261037 8208190 Aguapeí
SR4-14 260948 8208190 Aguapeí
SR4-15 260747 8208102 Aguapeí
SR4-16 260400 8208104 Aguapeí
SR4-17 260185 8208114 Aguapeí
SR4-19 269036 8208368 Aguapeí
SR4-20 268941 8208252 Aguapeí
SR4-22 268500 8207912 Aguapeí
SR4-23 268198 8207782 Aguapeí
SR4-24 267956 8207633 Aguapeí
SR4-25 267838 8207888 Aguapeí
SR4-26 267300 8208116 Aguapeí
SR4-27 267166 8207972 Aguapeí
SR4-28 267072 8207941 Aguapeí
Anexo3 76
SR4-29 266997 8207948 Aguapeí
SR4-30 266874 8207702 Aguapeí
SR4-31 266675 8207553 Aguapeí
SR4-32 266503 8207332 Aguapeí
SR4-34 265917 8205349 Aguapeí
SR4-35 265845 8204408 Aguapeí
SR4-36 260504 8206562 Aguapeí
SR4-37 260843 8206656 Aguapeí
SR4-38 260940 8206675 Aguapeí
SR4-39 260984 8206698 Aguapeí
SR4-40 261103 8206749 Aguapeí
SR4-41 261320 8206668 Aguapeí
SR4-42 261606 8206511 Aguapeí
SR4-43 261784 8206450 Aguapeí
SR4-44 262113 8206247 Aguapeí
SR4-45 262314 8206307 Aguapeí
SR4-46 262434 8206305 Aguapeí
SR4-47 262614 8206346 Aguapeí
SR4-48 262915 8206405 Aguapeí
SR4-49 263059 8206369 Aguapeí
SR4-50 263467 8206210 Aguapeí
SR4-51 264483 8206393 Aguapeí
SR4-52 267110 8208842 Aguapeí
SR4-53 266974 8208718 Aguapeí
SR4-54 266862 8208598 Aguapeí
SR4-55 266503 8208494 Aguapeí
SR4-56 266290 8208457 Aguapeí
SR4-57 266042 8208727 Aguapeí
SR4-58 265895 8208956 Aguapeí
SR4-59 265758 8208969 Aguapeí
SR4-60 264602 8208885 Aguapeí
SR4-61 265986 8207857 Aguapeí
SR4-62 265834 8206945 Aguapeí
SR4-74 262299 8208352 Aguapeí
SR4-75 262834 8208062 Aguapeí
SR4-76 262702 8207710 Aguapeí
SR4-77 262857 8207467 Aguapeí
SR4-78 263539 8207872 Aguapeí
SR4-79 263766 8207893 Aguapeí
SR4-80 263958 8207984 Aguapeí
SR7-01 264734 8215318 Aguapeí
SR7-02 262648 8214476 Aguapeí
SR7-03 264235 8212782 Aguapeí
SR7-04 260775 8212914 Aguapeí