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construções dinâmicas, exercícios interativos, animações, problemas
resolvidos, etc, usando software de geometria dinâmica: cinderella, car,
geogebra,...(conforme nos parece mais adequado à situação e ao que
aprendemos)
e notas de estudo à medida do que estudamos ... geometria básica (de
régua e compasso toda ela).
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Geometria Projetiva
De Fevereiro de 2012 a
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3
3 1 . 1 . 1 2
Introdução à Geometria Projetiva Plana
1. Temos realizado construções dinâmicas (ou não) para ilustrar resultados (resolver problemas) da geometria
elementar. Recorremos para isso à régua e ao compasso, no fundamental. Na geometria euclideana plana
estudamos propriedades dos pontos e retas de um plano que se mantêm invariantes por transformações de
semelhança. Começamos hoje a estudar problemas e resultados da geometria projetiva plana que é o estudo
das propriedades que se mantêm invariantes pela projeção central.
Enquanto que na geomeria euclideana plana utilizamos o compasso no transporte de segmentos, o que
equivale a dizer que usamos a noção de comprimento de um segmento, na geometria projetiva não
considera comprimentos.
F. Enriques resumia o ponto de vista destas geometrias, dizendo que "o homem normal constituiu a
geometria elementar" e que suprimindo "as mãos desse homem, impedindo-o de medir as distâncias, ele é
conduzido à geometria projetiva".
A geometria projetiva é a geometria do que se vê. Quando olhamos para os carris (paralelos) de um
caminho de ferro, vemos que eles se encontram num ponto. Quando avançamos, o ponto em que se
intersetam avança. O ponto de interseção afasta-se à medida que dele nos aproximamos. Na geometria
projetiva não há retas paralelas, há retas que se juntam num ponto do infinito, a que também se chama
ponto limite, ponto impróprio, ponto ideal, etc.
2. Para a geometria projetiva plana, as noções primitivas são as de ponto, reta e incidência. As palavras
incidência, incidente, incide, incidem... são substituídas muito frequentemente por outras expressões. Em
geral, não dizemos "o ponto P incide na reta r" e antes dizemos que "o ponto P pertence à reta r" ou "P está
sobre r" ou "P é um ponto de r", como também não dizemos "a reta r incide no ponto A" e antes dizemos "r
passa por A", etc. Para o plano onde trabalhamos, usamos uma letra grega α, por exemplo, para os pontos
de α usamos letras maiúsculas A, B, C, ... e para as retas do plano α usamos a, b, c, ...r, s, t,... Claro que
também designamos por AB a reta que incide nos pontos A e B. E se três pontos incidirem numa mesma
reta, diremos que os pontos são colinerares. Quando duas retas incidem num só ponto comum, dizemos que
as retas são concorrentes.
3. Primeiro esboço de uma axiomática. Consideremos um plano α de pontos P e uma família não vazia de subconjuntos próprios não vazios de α a que chamamos retas. Os axiomas de incidência que usamos, são:
Axiomas de incidência
Reparemos que os enunciados dos dois axiomas de cada linha são tais que se num deles substituirmos ponto
por reta e reta por ponto obtemos o outro. Dizemos, por isso, que qualquer um dos enuciados é dual do
outro (o princípio da dualidade é fundamental na geometria projetiva plana).
Observemos que, por haver uma família não vazia de retas do plano α, os axiomas da primeira linha
garantem que, no mínimo, há dois pontos e, como as retas são subconjuntos próprios do plano, este tem no
mínimmo três pontos.
Claro que pode ser pouco interessante, o estudo das propriedades de uma geometria tendo por base um
conjunto de pontos que não seja infinito. À medida que forem sendo precisas, incluiremos novas noções óbvias: feixe de retas, triângulo, quadrângulo, hexágono, etc.
Referências:
Godeaux, L. As Geometrias, Col. Saber, Pub Europa-América, Lx: 1960
Samuel, P. Projective Geometry, Readings in Mathematics,Springer-Verlag. NY: 1988
Coxeter,H. The real Projective Plane, Cambridge University Press. Cambridge:1961
Coxeter, H. Introduction to Geometry, John Wiley and sons,INC, NY:1969
Coxeter, H. Projective Geometry, Springer-Verlago. NY:1994
Puig Adam, Curso de Geometria Métrica, Gráficas S.A. Rodrigues San Pedro. Madrid:1949
Izquierdo, F. Geometria Descriptiva Superior y Aplicada. Dossat. Madrid:1980
Berzolari L. Enciclopedia delle Matematiche Elementari e Complementi. Ulrico Hoepli. Mlano:1949
Ryos de Sousa, J. Lições de Geometria Projectiva. Porto Editora. Porto:
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Nomes da Geometria Projetiva
Nestas entradas de Geometria Projetiva, interessam-nos primordialmente noções, problemas e construções dinâmicas.
Não acompanharemos a história da Geometria Projetiva, mas forçosamente aparecerão os nomes dos matemáticos
que fizeram história. Por isso, aqui deixamos uma lista de Referências que estabelecem ligações a páginas onde se
podem consultar as biografias e os principais resultados a que cada um ficou ligado.
A lista será enriquecida à medida que nos for chamada a atenção para os nomes de outros geómetras.
Do último desta lista, Coxeter, retemos dois livros
The real projective plane (Cambridge: University, 1961) e
Projective geometry (New York:Springe, 1994).
As definições e nomes que vamos seguir são, em larga medida, deste último livro de Coxeter.
weBiografias
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Feixes e fileiras
A um conjunto de pontos distintos sobre uma mesma reta r chamamos uma fileira (ou pontual) da reta. A um
conjunto de retas distintas que passam por um mesmo ponto R chamamos feixe de retas por R.
Na construção seguinte, temos uma reta r e um ponto R não incidentes. Siga as instruções:
1. Clique no botão fileira
o e observe o que acontece
2. clique de novo no botão fileira para ocultar e, em seguida, clique no botão feixe
o e observe o que acontece. 3. Finalmente mantenha os dois botões ativos
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Projetividade
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Na construção acima, tomamos uma transformação obtida pela combinação de três correspondências elementares
(introduzidas na mensagem anterior). Para isso, usámos uma sequência de retas e pontos (alternadamente):
o,O, o1, O1, o2, O2,o3, O3, ... , on-1, On-1, on, On
Claro que tomamos os pontos On não incidentes em qualquer das retas on para que as correspondências X(n) para x(n)
sejam biunívocas, ligando pontos da fileira de pontos X em o (ou o feixe de retas x passando por O) com o feixe das
retas x(n) passando por On (ou a fileira dos pontos X(n) da reta on) . A esta transformação dá-se o nome de
projetividade. E em vez de escrever
X→x→X'→x'→X''→x''→X'''→ ... → x(n-1) →X(n)
escrevemos simplesmente
X →X(n) ou x →X(n) ou X→x(n)
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Perspetividades
Tomemos duas pontuais: A, B, C sobre uma
reta r e D, E, F sobre outra reta s distinta de r.
Claro que podemos estabelecer várias
correspondências biunívocas entre os pontos
das duas pontuais (ou fileiras). Há, no
entanto, correspondências biunívocas
especiais. Para exemplo, tomemos A→ D,
B→E e C→F. Se as retas AD, BE e CF
incidirem num mesmo ponto O, dizemos que
as duas fileiras estão relacionadas por uma
perspetividade com centro em O (são secções
de um mesmo feixe por O) ou são
perspetivas.
Dualmente, se tomarmos dois feixes de retas:
a, b, c incidindo em R e d, e, f incidindo em S,
há várias correspondências biunívocas entre
as retas dos dois feixes. Para exemplo
tomemos a→d, b→e, c→f. Se as interseções
dos pares de retas correspondentes A=a∩d, B=b∩e, C=c∩f incidem numa mesma reta o, dizemos que os feixes estão em
perspetividade de eixo o
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Projetividade entre quaisquer duas pontuais?
Será que entre duas pontuais A,B,C de r e D,E,F de s (quaisquer) se pode estabelecer uma correspondência biunívoca
que seja uma projetividade?
Pode. Tomemos os feixes de retas AD, AE e AF (por A) e DA, DB e DC (por D) e a reta GH (=o) em que
G=AE∩DB e H=AF∩DC. E tomemos I=AD∩GH. Ficam assim construidas duas perspetividades: uma que
transforma a pontual A,B,C de r a pontual I,G,H de o (secções por r e o do feixe de retas incidentes em D) e outra que
transforma a pontual I,G,H de o na pontual D,E,F de s (secções por o e s do feixe de retas incidentes em A).
A o chamamos eixo da projetividade que transforma a pontual A,B,C de r na pontual D,E,F de s. Escrevemos
ABC → IGH → DEF
Para cada ponto X de r, o correspondente em s, pela projetvidade assim definida, será o ponto X'' de incidência
comum a AX' e s, em que X' é o ponto de incidência comuma a DX e o.
Fica assim provado que há sempre uma projetividade que transforma uma pontual ABC noutra DEF (determinada
como composta de duas perspetividades). Ficará por provar que é única. Para isso, bastará verificar que qualquer
sequência de perspetividades relacionando ABC com DEF terá sempre o mesmo efeito sobre X.
Será que há sempre uma projectividade entre duas pontuais de 4 pontos?
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Projetividade entre quaisquer dois feixes
Será que entre dois feixes a,b,c por R e d,e,f por S (quaisquer) se pode estabelecer uma correspondência biunívoca
que seja uma projetividade?
Pode. Tomemos uma reta que corte a,b,c em A,B,C e outra que corte d,e,f em D,E,F. Usando o processo da anterior
entrada (a castanho na figura), determina-se a projetividade entre as pontuais A,B,C e D,E,F como composta de duas
perspetividades.
Temos
abc→ABC → DEF →def
Para cada reta x do feixe por R, há uma só reta do feixe por S que é projetiva com x (para a projetividade construída).
Fica como exercício a sua determinação usando as ferramentas disponíveis. O computador reconhece a solução.
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Fica assim provado que há uma projetividade que transforma o feixe abc noutro def. Ficará por provar que é única.
Será que há sempre uma projectividade entre dois feixes de 4 retas?
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Outra forma de definir a projetividade entre duas pontuais
Nas últimas entradas, tratámos de determinar a projetividade entre duas pontuais ABC e DEF (ou entre dois feixes
abc e def).
Para isso considerámos que A→D, B→E e C→F. Em seguida tomámos os feixes por A: AD, AE, AF e por D:
DA,DB,DC. Traçámos a reta que incide nos pontos de interseção de AE com DB e AF com DC. Ficando assim
definidas duas perpetividades entre as pontuais ABC e DEF para a secção comum dos feixes por A e por D.
A projetividade entre as pontuais ABC e DEF aparece como a composta das duas perspetividades. Note-se que essa
projetividade não é uma perspetividade, já que AD,BE e CF não têm qualquer ponto em comum.
Na figura que se segue, não vamos tomar perspetividades centradas em A e D. Tomamos pontos quaisquer sobre BE
(podia ser sobre AD ou sobre CF), a saber: O1 e O2 e os feixes O1A, O1B, O1C e O2D, O2E, O2F, definindo uma reta
intermédia incidindo em I=O1A∩ O2D K=O1C∩O2F. Tomamos ainda J na interseção de O1O2 com a reta intermédia.
A projetividade fica definida A→I→D, B→J→E e C→K→F.
Obtivemos assim a projetividade como produto de duas perspetividades. Se mover os pontos O1 ou O2, verá que a
projetividade se pode decompor em duas perspetividades de uma infinidade de modos.
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24.2.12
Projetividade entre duas pontuais com a mesma base
Consideremos as pontuais A, B , C e A', B', C',tendo por base a mesma reta. Vamos
determinar a projetividade A→A', B→B', C→C', usando feixes de retas e pontuais
como secções de feixes.
Comecemos por tomar um ponto V em que não incide a reta dos pontos A, B, C, A', B',
C'. E consideremos o feixe VA', VB', VC'.
Tomamos a pontual A1, B1, C1 secção do feixe centrado em V por s (auxiliar).
Obviamente que A',B',C' e A1, B1, C1 são V-perspetivos.
Teremos agora de arranjar uma pontual A2, B2 , C2, que é secção comum aos feixes
AA1, AB1, AC1 (por A) e A1A, A1B, A1C (por A1), seguindo um processo já antes
usado.
Assim:
- pela perspetividade centrada em A1,
A→A2, B→B2 ,C→C2;
- pela perspetividade centrada em A,
A2→A1, B2→B1, C2→C1;
- pela perspetividade centrada em V,
A1 →A', B1→B', C1→C'
Concluindo:
A→A', B→B', C→C'.
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Exercício interativo:
Determinar a imagem de um ponto pela projetividade entre duas pontuais da mesma base
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Pontual de 4 pontos: permutações por projetividade
Quaisquer quatro pontos colineares podem ser permutados em pares por projetividade
Nas construções que se seguem, tomam-se quatro pontos colineares (quaisquer) A,B, C, D. Vamos provar que existe
uma projetividade tal que A→B e B→A, C→D e D→C.
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Sendo R um ponto não colinear com A,B,C,D, uma reta arbitrária incidindo em D corta o feixe RA, RB, RC na
pontual T,Q, W. Sendo Z o ponto de incidência comum às retas AQ e RC, podemos concluir que
ABCD → BADC
Assim:
pela perspetividade de centro Q, (feixe verde, cortado por RZWC e ABCD): ABCD →ZRCW,
seguida da perspetividade de centro A, (feixe azul cortado por RZWC e TQWD): ZRCW → QTDW
e da perspetividade de centro R, (feixe castanho cortado por TQWD e ABCD): QTDW→BADC.
Exercicios propostos por Coxeter:
1. Dados 3 pontos colineares A, B, C, definir duas perspetividades cuja composta tenha o efeito A→B, B→A
e C→C
2. Dadas três retas concorrentes a, b, c, definir duas perspetividades cuja composta tenha o efeito abc →bac
3. Dados três pontos colineares A,B,C e três retas concorrentes a,b,c definir cinco correspondências
elementares (biunívocas) cuja composta tenha o efeito
ABC→abc.
4. Dados quatro pontos colineares A,B,C,D, determinar três perspetividades cuja composta tenha o efeito ABCD →DCBA
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Usando perspetividades para determinar projetividades entre pontuais: permutações
A construção seguinte parte de uma pontual ABC. Toma-se um ponto Q, exterior a ABC, e, por ele, o feixe QA,QB
cortado por uma reta arbitrária por C que corta o feixe QA,QB em R e S. Ficamos com os feixes
(AQ,AS,AC),(BR,BQ,BC). O ponto P de incidência comum a AS e BR define um novo feixe (PQ,PR,PS). O ponto
D, colinear com ABC fica determinado univocamente por construção.
Esta construção é muito interessante para ver que compostas de diferentes perspetividades têm o mesmo efeito e
serve ainda para resolver vários problemas de projetividades que definem permutações dos pontos das pontuais
ABCD, ABC, etc
Por exemplo:
1. o feixe RA,RB,RC corta ABC e APS e a perspetividade de centro R leva de A para A, B para P e C para S
e o feixe QA,QB,QC corta APS e ABC e a perspetividade de centro Q leva de A para A, P para D e S para
B,
tendo a sua composta o efeito de levar de ABC para ADB.
Podemos escrever
ABC →R APS →Q ADB
2. O mesmo efeito obteríamos se, tomássemos os feixes SA,SB,SC e respetivas secções ABC e AQR para a perspetividade de centro S e o feixe PA,PQ, PR e respetivas secções AQR e ADB
ABC →S AQR →P ADB
3. Para obter a permutação BAC de ABC, podemos tomar uma perspetividade de centro P, seguida de uma perspetividade de centro Q, abreviadamente
ABC →P SRC →Q BAC
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Exercício interativo: projetividade entre feixes
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Para escrever sobre triângulos
Escolhemos para base do estudo de geometria projetiva do plano, as noções primitivas de ponto, reta e incidência. O
nosso plano foi definido como um conjunto de pontos {A,B,C,...} não vazio e uma família de subconjuntos {a,b,c, ..}
não vazia a que chamámos retas. Considerámos a existência de uma reta a e um ponto A não incidente em a, e, assim,
podemos sempre considerar o nosso mundo plano composto por todos os pontos que incidem nas retas definidas pelo
ponto A e por cada ponto da reta a, bem como por todas as retas que possam ser definidas por quaisquer pares de
pontos assim determinados.
E, a partir de agora, falaremos de triângulos (com recurso a palavra já consagrada pelo uso) como um conjunto de três
pontos {A, B, C} não colineares (que não incidem todos numa só reta), a que chamamos vértices e das três retas {AB,
BC, AC}, a que chamamos lados, determinadas pelos 3 pares de pontos existentes. Que é exata(dual)mente o mesmo
que considerar o conjunto de 3 retas {a, b, c} (lados) não incidentes num mesmo ponto e dos três pontos {a.b, b.c,
a.c} (vértices) de incidência dos 3 pares de retas existentes. Escrevemos AB para designar a única reta que passa por
(comum a) A e B e a.b para designar o ponto único de (comum a) duas retas concorrentes (a.b=a∩b).
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Para escrever sobre quadriláteros (completos)
De forma semelhante à abordagem dos triângulos, usamos a palavra quadrilátero (ou quadrângulo) consagrada para
designar
1. o conjunto formado por quatro pontos {A,B,C,D}, dos quais não há 3 colineares, (vértices) e pelas 6 retas
{AB,AC,AD,BC,BD,CD} definidas pelos pares de pontos existentes, a que chamamos lados. Dois lados
consideram-se opostos quando se intersetam em pontos que não A, B, C, D, ou seja, em pontos que não são
vértices, no caso, E,F,G. Esses 3 pontos tomam o nome de pontos diagonais
2.
o conjunto formado pelas quatro retas {a,b,c,d}, das quais não há 3 incidentes num ponto,(lados) e pelos 6
pontos {a.b,a.c,a.d,b.c,b.d,c.d} definidos pelos 6 pares de retas existentes a que chamamos vértices. Dois
vértices consideram-se opostos quando definem uma reta que não é qualquer dos 4 lados a,b,c ou d, a saber,
a.d e b.c, a.c e b.d, a.b e c.d. As retas definidas por vértices opostos chamam-se retas diagonais, no caso, e,f,g.
Para distinguir de outros conceitos associados à palavra quadrilátero, falamos de quadriláteros completos para evitar
confusão. De um modo geral, em geometria projetiva só consideramos quadriláteros completos e é frequente falarmos
de quadriláteros quando nos estamos a referir a quadriláteros completos.
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Triângulos perspetivos
Duas pontuais ou dois feixes dizem-se perspetivos se estiverem relacionados por uma perspetividade. Esta noção
pode ser ampliada para quasiquer duas figuras planas envolvendo mais do que um ponto ou mais que uma reta. Dois
espécimes de uma figura dizem-se perspectivos se os os seus pontos podem ser relacionados por uma
correspondência biunívoca tal que todos os pares de pontos corrrespondentes (ou homólogos) definem retas
concorrentes ou se as suas retas podem ser relacionadas por uma correspondência biunívoca tal que todos os pares de
retas correspondentes (ou homólogas) se intersetam em pontos colineares.
Considere os dois triângulos ABC e DEF da figura (BC=a, AC=b, AB=c; EF=d, DF=e, DE=f). E repare que
AD.BE.CF=O e a.d,b.e, c.f estão sobre a reta o.
Assim os dois triângulos ABC e DEF da figura que se segue são perspetivos, quer porque A→D, B→E e C→F pela
perspetividade relativa ao ponto O (as retas AD, BE e CF concorrem num só ponto O), ou porque a→d, b→e, c→f
pela perspetividade relativa à reta o.
A O chamaremos centro e eixo a o.
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Teorema de Desargues e recíproco
Na entrada anterior e nesta, apresentamos uma construção dinâmica em que partimos de um feixe por O e de dois
triângulos ABC e DEF em que cada um dos vértices está sobre uma reta do feixe e de tal modo que A→D, B→E e
C→F, isto é AD∩BE∩CF={O}, isto é ABC é O-perspetivo DEF. Observámos que os pares de lados correspondentes
(AB, DE) ou (c,f), (AC,DF) ou (b, e), (BC, EF) ou (a, d) se intersetam respetivamente nos pontos R, Q e P que são
colineares ou pertencem todos à reta o, que é o mesmo que dizer que os triângulo abc e def são o-perspetivos. Os
programas de geometria dinâmica podem verificar que o ponto R está sobre a reta PQ, assim como podem verificar
que CF incide sobre o ponto de interseção de AD com BE.
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De certo modo, podemos verificar que "Dados dois triângulos e uma correspondência biunívoca pela qual qual os
pares de vértices correspondentes definem três retas que incidem num mesmo ponto O, então os pares de lados
correspondentes pela mesma correspondência intersetam-se em pontos de uma mesma reta o", ou dito de outro
modo, "Se dois triângulos são perspetivos por um ponto, então são perspetivos por uma mesma reta. Este
resultado, conhecido por Teorema de Desargues, pode ser demonstrado, mas, mesmo para pares de triângulos do
mesmo plano, precisa de um axioma novo e de usar um ponto exterior ao plano. Optamos, por isso e como fazem
muitos autores, para o nosso estudo de geometria plana, tomar o chamado teorema de Desargues como um
axioma.
Podemos demonstrar o recíproco (dual) do terorema de Desargues, a saber: Se dois triângulos são perspetivos por
uma reta o, então são perspetivos por um ponto O. Tome-se da figura em que a.d=P, b.e=Q e d.f=R são pontos de o.
E provamos, em consequência disso e do teor de Desargues, que as retas (a.b, d.e) ou CF, (a.c, d.f) ou BE, (b.c, e.f) ou
AD se intersetam num ponto.
Recorremos aos triângulos ADQ e BEP. Estes triângulos são R-perspetivos, já que AB∩DE=DE∩QP=AB∩QP={R}. O
teorema de Desargues aplicado a estes triângulos ADQ e BEP que são perspetivos por R, garante que AD∩BE={O},
AQ∩BP={C} e DQ∩EP={F} são colineares. Fica demonstrado que a reta CF passa por O, interseção de AD com BE.
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Três triângulos perspetivos por um ponto O
Na construção a seguir, os triângulos verde, azul e vermelho são perspetivos por O. Os triângulos verde e azul são
perspetivos por D1E1F1, os triângulos azul e vermelho são perspetivos por D2E2F2 e os triângulos verde e vermelho
são perspetivos por D3E3F3.
Como pode observar-se, a figura sugere que as retas D1E1F1, D2E2F2 e D3E3F3 incidem num mesmo ponto K.
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Para provar esse resultado, Coxeter dá a sugestão de aplicar o recíproco do terorema de Desargues aos triângulos
D1D2D3 e E1E2E3.
Novo problema:
Coxeter pergunta o que acontece ao recíproco do Teorema de Desargues se o aplicarmos a triângulos cujos lados
correspondentes se intersetam em pontos do infinito (paralelos)?
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Secção de um quadrilátero completo
Tomemos quatro pontos P, Q, R, S tal que não há ternos que sejam colineares. São os quatro vértices de um
quadrilátero. Tomemos, em seguida, as seis retas PQ, PR, PS, QR, QS, RS. São os seis lados do quadrilátero
completo. Os pares lados opostos encontram-se em 3 pontos que não são vértices e a que chamamos pontos diagonais
(um triângulo diagonal)
Uma reta g que corte os lados do quadrilátero, cria uma
secção pontual de 6 pontos ABCDEF se não passar por
qualquer dos pontos diagonais.
A,B,C são as interseções da reta g com as retas PS, QS
e RS respetivamente. Estão em retas que passam por
um mesmo vértice S. Os restantes D, E, F estão sobre g
e os lados QR, RP e PQ respetivamente, opostos de
PS,QS e RS. Por isso, representamos esta secção por
(AD)(BE)(CF) em que cada par são pontos de lados
opostos do quadrilátero completo que se mantém ao
aplicarmos uma mesma permutação a ABC e DEF, isto
é, (AD)(BE)(CF) tem o mesmo significado que
(BE)(AD)(CF), já que o quadrilátero PQRS pode ser
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chamado QPRS.
(AD)(BE)(CF) é igualmente equivalente a cada uma das seguintes (AD)(EB)(FC), (DA)(BE)(FC), (DA)(EB)(CF).
À secção do quadrilátero completo, chamamos conjunto quadrangular e representamo-lo também por Q(ABC, DEF),
para além das representações do tipo (AD)(BE)(CF)
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Numa secção quadrangular, cada ponto depende dos outros 5
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Conjunto Harmónico
Dois novos axiomas: causas e consequências
Acrescentaremos novos axiomas à medida que for sendo necessário.
E é altura de introduzirmos dois novos axiomas. A saber:
1. Se quatro pontos distintos A, B, D, E forem tais que AB interseta DE, então AD interseta
BE. Segue-se a figura dinâmica em que pode deslocar pontos e retas:
Este axioma aparecia como necessário para provar o Teorema de Desargues (caso não o
tivessemos então considerado axioma).
2. Sempre aceitámos a ideia de que os pontos diagonais de um quadrilátero completo formam
um triângulo, ou seja, que os três pontos diagonais de um quadrilátro completo nunca são
col ineares. Acrescentamos esse resultado sublinhado como axioma.
Decorre deste axioma que os conjugados harmónicos C e F são distintos, excepto no caso
degenerado em que ambos coincidem com A ou coincidem com B.
Dito de outro modo: Se A, B, C são distintos, a relação H(AB, CF) implica que F é distinto de
C.
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Desloque C sobre AB, para verificar que F só coincide com C quando C coincide com A ou com
B (o que só acontece com G em A ou B)
E assim, em consequência desse axioma, há pelo menos quatro pontos em cada reta , já que
os três pontos diagonais não são col i neares o que garante que F e C são distintos entre si e
distintos de A e B.
Conjugado harmónico de um ponto no infinito?
Em entrada anterior, introduzimos a noção de conjunto harmónico (AA)(BB)(CF) como secção
do quadri látero completo pela reta AB definida por dois pontos diagonais. À definição desse
conjunto corresponde uma relação entre os pontos A,B,C,F que consiste em garantir que A e
B são pontos diagonais de um quadri látero completo e C e F são os pontos em que os lados
que passam pelo terceiro ponto diagonal intersetam a reta AB. Indistintamente escrevemos
H(AB,CF) para nos referirmos ao conjunto harmónico ou à relação correspondente. Na altura,
concluímmos também que, num conjunto harmónico (AA)(BB)(CF), F é determinado
unívocamente por A,B,C no rasto do que tínhamos visto para a secção do quadri látero
completo por uma reta que não incidisse em pontos diagonais ou vértices do quadri látero.
3. Na construção seguinte, apresentamos um quadrilátero completo PQRS em que A=PS.QR,
B=PR.QS C=RS.AB e PQ.AB=F∞. De facto, começámos por construir A, B, R e PQ a intersetar
AB num ponto do infinito. Movimentando R e a reta PQ poderá observar que o conjugado
harmónico de F∞ é invariante. Tal como se esperava ABF∞ define univocamente C do conjunto
harmónico (AA) (BB)(F∞C). Será que pode conjeturar qual é a posição ou localização de C
relativamente a A e B? (Pode deslocar A e B para ver se essa posição relativa se mantém
invariante).
21
Poderia provar a sua conjetura considerando os instrumentos da geometrias eucl ideana? Em
termos de geometria projetiva, o que podemos fazer? Abordaremos mais tarde este problema
do ponto de vista da geometria projetiva.
1 7 . 3 . 1 2
Nota marginal sobre a palavra harmónico em uso
Coxeter recomendou que nos detivessemos na geometria euclideana por mais uns momentos
e que tomássemos uma corda esticada OC e G, E de tal modo que 3.OG=2.OC e 5.GE=2.GC.
Assim fizemos. Diz ele que se afinarmos a corda OC para a nota C (Dó), a corda OG fic aria
afinada para dar a nota G (Sol) e a corda OE ficaria afinada para a nota E (Mi). Dó, Sol, Mi
são as três notas do acorde da terceira maior: o intervalo entre a nota produzida por OC e a
nota produzida por OG é uma quinta perfeita e o intervalo entre a nota produzida por OC e a
produzida por OE é uma terceira maior.
Desenhámos em seguida um quadri látero completo PQRS de tal modo que O=RQ.PS, E=RP.QS
e G em RS. Verificámos que QP passa por C, o que significa que (OO)(EE)(GC) é um conjunto
harmónico.
Deslocando o ponto R, pode verificar a relação H(OE,CG).
Fica-se a saber que a designação de harmónica que apl icamos a essa relação tem origem na
harmonia da terminologia musical.
Dualidade na geometria projetiva plana.
Com o Princípio da Dualidade afirmamos que, na geometria projetiva do plano, qualquer
definição se mantém com significado e cada teorema continua a ser verdadeiro, quando
trocamos as palavras ponto por reta e reta por ponto (e consequentemente também certos
pares de palavras tais como intersetam-se em e passam por , colinear e concorrente , vértice
e lado, etc. Por exemplo, o dual do ponto AB.CD é a reta (a.b)(c.d) que explicita que
simbolicamente não só trocamos maiúsculas por minúsculas como temos de remover pontos
(com o significado de interseção) onde estão presentes ou de os inserir onde estão ausentes.
22
Já várias vezes referimos e uti l izámos o princípio da dualidade quando, por exemplo,
definimos
1. triângulo como conjunto de 3 pontos A,B,C e de 3 retas AB, AC,BC e, dualmente,
como conjunto de 3 retas a, b, c e dos 3 pontos a.b, a.c, b.c (figura autodual)
2. quadri látero completo como conjunto de 4 pontos A,B,C,D e de 6 retas
AB,AC,AD,BC,BD,CD (com três pontos diagonais) e, dualmente, como conjunto de 4
retas a,b,c,d e 6 pontos a.b, a.c, a.d, b.c, b.d, c.d (com 3 retas diagonais).
3. teorema de Desargues e seu recíproco (ou dual?)
Claro que todos os axiomas para o plano projetivo implicam os seus duais . Depois de usar os
axiomas e as suas consequências para provar um determinado teorema, podemos
imediatamente afirmar o teorema dual.
Uma demonstração do teorema dual pode ser escrita automaticamente dualizando cada passo
da demonstração do teorema original. No plano. (Há teoremas cuja demonstração não pode
ser feita assim. A demonstração do recíproco do teorema de Desargues é um caso desses por
ser tridimensional. Para evitar isso é que tomámos o Teorema de Desargues como axioma e
deduzimos o seu recíproco no plano e sem apelar ao princípio da dualidade).
Este princípio da dualidade torna muito atrativa a Geometria Projetiva, pela simetria e,
principalmente, pela economia. Ter demonstrado 10 teoremas significa afinal ter
demonstrado 20
2 0 . 3 . 1 2
Notas sobre configurações e dualidade
No plano, consideramos pontos e retas, sendo as retas conjuntos de pontos. Claro que já
tratámos de conjuntos de pontos e retas. Para cada um desses conjuntos terá interesse saber
4 números: o número de pontos e o número de retas, o número de retas que pas sa por cada
23
um dos pontos e o número de pontos que pertencem a cada uma das retas.
Por exemplo, um quadrilátero pode ser um conjunto de 4 pontos e 6 retas, sendo que por
cada um dos 4 pontos passam 3 retas e cada uma das 6 retas passa por 2 pontos.
Descrevemos o quadrilátero completo como sendo uma configuração (4 3, 62). Claro que um
quadri látero completo também pode ser definido com uma configuração (6 2, 43), 6 pontos
com 2 retas a passar por cada um deles e 4 retas com 3 pontos a incidir em cada uma delas .
Estas duas configurações são duais.
Numa configuração auto-dual o número de retas é igual ao número de pontos e o número de
pontos de cada uma das retas é igual ao número de retas a incidir em cada ponto. Por
exemplo o triângulo tem a seguinte configuração (32, 32) nas duas definições duais.
A configuração de Desargues também é autodual, exatamente (10 3, 103), como se pode ver:
A,B,C, A',B',C', O(=AA'.BB'=AA'.CC'=BB'.CC'), I(=AB.A'B'),J(=AC.A'C'),K(=BC.B'C') - 10
pontos
IAB, IA'B', JAC, JA'C', KBC, KB'C ', OAA', OBB', OCC', IJK - 10 retas
Por cada ponto 3 retas, em cada reta 3 pontos.
2 2 . 3 . 1 2
Relações harmónicas - duais.
Introduzimos a relação harmónica H(AB,CF) com recurso a um quadri látero completo PQRS,
para a qual os pontos A, B, C determinam univocamente F. Trata-se agora de dualizar esse
trabalho que concluirá por uma relação para a qual três retas a, b, c determinam
univocamente uma quarta reta f.
H(AB, CF):
Estabelecer essa relação harmónica é
o mesmo que criar o conjunto
harmónico (AA,BB,CF) como secção
(pontual) de um quadrilátero
completo PQRS pela reta AB,
considerados estes últimos como
pontos diagonais do quadrilátero a
construir.
Fez-se assim: Tomámos a reta dos
três pontos A, B, C colineares e um
H(ab,cf):
Tomamos agora três retas distintas a,b,c que
incidem num mesmo ponto que designamos por
a.b.c. E vamos construir um quadrilátero de
lados p,q,r,s, começando pelo triângulo qrs
cujos vértices q.r, q.s, r.s incidam
respetivamente em a,b,c. O lado p é o que passa
por a.s e b.r, p=(a.s)(b.r). O lado p interseta q e
tomamos a reta f=(a.b)(p.q)
Assim, o quadrilátero de lados p,q,r,s tem a e b
como duas das suas 3 diagonais enquanto c
24
ponto R (livre) fora dessa reta.E
traçamos os lados triângulo ABR.
Seguidamente, por A, tirámos uma
segunda reta que corta BR em P e CR
em S. A reta que passa por B e S
determina Q sobre AR. Falta o lado
QP que cortará ABC em F,
conjugado harmónico de C; C é
único para cada terno ABC,
independente do quadrilátero PQRS;
poderá verificar ao fazer variar o
quadrilátero (deslocando R) de que
construímos os lados e em que A e B
são dois dos seus 3 pontos diagonais
e C está sobre AB e o lado RS. C é o
conjugado harmónico de F pela
relação estabelecida.
passa por dois vértices.
Poderá verificar que f é única para cada terno
(a,b,c) independente do quadrilátero de lados
p,q,r,s, como pode verificar quando desloca
esses lados mantendo a incidência das suas
interseções em a,b,c fixas.Por exemplo, pode
deslocar os pontos a.r sobre a reta a, b.q sobre a
reta b ou c.r sobre a reta c. Podemos dizer que a
reta f assim determinada é conjugada
harmónica da reta c numa relação harmónica
que designamos talvez abusivamente por
H(ab,cf).
Se,na figura da direita, chamarmos A=a.q=a.r, B=b.q=b.s=q.s, C=c.q e F=f.q=p.q=f.p, é
óbvio concluir que (AA,BB,CF) é um conjunto harmónico ou que H(AB,CF). Basta identificar as
l inhas ligadas ao quadrilátero de lados p,q,r,s e retas diagonais a,b,c com as l inhas PQ,
AB,QR, RP,PS, QS, RS para ver como ABCF, sendo uma secção do conjunto harmónico abcf é
uma secção pontual harmónica do quadrilátero de vértices PQRS, agora nomeado.
2 3 . 3 . 1 2
Projetividade entre pontuais e feixes harmónicos.
Retomamos a figura da última entrada. Na construção abaixo, o feixe abcf de centro em
S=a.b.c.f respeitando uma relação harmónica. Nesta construção, cada terno a,b,c determina
univocamente a reta f. A, B, C, F constituem uma secção do feixe harmónico a,b,c,f, pela
reta q, ao mesmo tempo que são os pontos da secção pela reta q do quadri látero de vértices
P,Q,R,S. A reta q passa por dois dos seus pontos diagonais A e B, sendo que C e F são pontos
de interseção de q com os lados RS e PQ, respetivamente.
Este processo garante que o feixe harmónico abcf pode ser obtido a partir de qualquer
conjunto harmónico de pontos e um ponto S em que não incida a reta do conjunto harmónica.
25
Assim, fica estabelecido que
Um conjunto harmónico de pontos é projetivo com um feixe harmónico de retas de centro
fora da base do conjunto harmónica
e, dualmente,
Qualquer secção de um feixe harmónico por uma reta que não passe pelo seu centro é um
conjunto harmónico de pontos.
2 5 . 3 . 1 2
Perspetividades e projetividades preservam as relações harmónicas
Na figura dinâmica abaixo, apresentam-se um feixe abcf de centro S, cortado por duas retas
que não passam por S, sendo
A→a→A', B→b→B' e C→c→C', F→f→F'
ABCF→Sabcf→SA'B'C'F'
que é o mesmo que dizer ABCF e A'B'C'F' são S-perspetivos.
Por construção, os pontos ABCF verificam a relação harmónica H(AB,CF).
Pelos resultados da página anterior sabemos que se ABCF verificam a relação harmónica
H(AB,CF) então abcf é um feixe harmónico. E se abcf é um feixe harmónico então a sua
secção A'B'C'F' por uma reta é um conjunto harmónico de pontos. Resumindo
Se ABCF e A'B'C'F' são perspetivos e H(AB,CF) então H(A'B',C'F')
que é o mesmo que dizer que as perspetividades preservam a relação harmónica .
26
Como a composta de duas perspetividades é uma pro jetividade, podemos concluir que a
projetividade preserva a relação harmónica . [Por exemplo, von Staudt definia projetividade
como correspondência biunívoca que transforma conjuntos harmónicos em conjuntos
harmónicos]. E, como já vimos em entrada anterior, quaisquer quatro pontos colineares
podem ser permutados aos pares por uma projetividade , por exemplo,
ABCF e FCBA são projetivos, como são projetivos ABCF e CFBA. ABCF e CFAB, ABCF e FCAB
E, assim, como o projetivo de um harmónico, harmónico é, podemos concluir que:
se H(AB,CF), então H(FC,BA) e também H(CF,BA), H(CF,AB), H(FC,AB).
2 6 . 3 . 1 2
Exercício Interativo: Dos pontos diagonais aos vértices do quadrilátero
Harmónicos em 2 lados, harmónico no 3º lado de um triângulo
Se PQR é um triângulo, H(AA1,QR) e H(BB1,RP) então P e Q são conjugados harmónico
relativamente a C=AB1.BA1 e C1=AB.A1B1.
27
A construção abaixo serve para i lustrar esse resultado. Tomámos A e A 1 sobre RQ tal que
H(AA1,QR) e BB1 sobre RP tais que H(BB1,RP) - a hipótese por construção. E podemos
constatar a tese sobre a mesma construção.
Demonstração:
O quadrilátero BCB1C1 garante que CC1 interseta AA1 em Q, conjugado harmónico de R
relativamente a A e A1. E de modo análogo, o quadrilátero CAC 1A1 garante que CC1 interseta
BB1 em P, conjugado harmónico de R. Finalmente, o quadrilátero ABA 1B1 garante-nos que Q
sobre AA1 e P sobre BB1 são conjugados harmónicos relativamente a C e C 1
Polar trilinear de um ponto
Seja o triângulo ABC e um ponto P que não coincida com qualquer dos seus vértices nem
incida em qualquer dos seus lados a=BC, b=AC e c=AB. Tiremos por P as retas P A, PB e PC e
chamemos Pa a PA.BC, Pb=PB.AC e P c=PC.AB
E tomemmos as cevianas do triângulo ABC, AP a, BPb e CPc que incidem em P.
Consideremos agora o triângulo cujos vértices são os pés das cevianas P aPbPc e as
interseções P cPb.BC=P'a, PaPc.AC=P'b e PaPb.AB=P'c.
Então:
a) P'a, P'b e P'c são col ineares
Como ABC e PaPbPc são perspetivos por P (centro), serão perspetivos por uma reta (eixo) que
não pode ser outra senão a reta dos pontos de interseção dos pares de lados correspondentes
b) H(BC, PaP'a), H(AC, PbP'b) e H(BC,P cP'c)
Basta considerar o quadrilátero completo P bPcAP para concluir que se verifica H(BC,P aP'a). De
igual modo se verificarão as outras relações.
28
Poncelet chamou polar trilinear de P à reta p em que incidem os pontos P' a, P'b e P'c.
Dualmente: dado um triângulo ABC e uma reta p que corte os lados do triângulo sem passar
por qualquer dos seus vértices, pode falar -se do polo tri l inear P da reta p. Um problema pode
ser determiná-lo
2 8 . 3 . 1 2
Exercício Interativo: Polo trilinear de um reta
A reta p corta os lados do triângulo ABC. Determine o polo tri l inear P da reta p no sentido
dual da definição e da construção descrita e feita na entrada anterior.
Sugestão:
Tome P'a=p.BC. E determine P a: H(BC,P'aPa). Depois determine Pb e Pc.
Para pensar:
29
a) O que acontece se nós estendermos as definições de polo e polares tril ineares para quando
o ponto P estiver sobre algum lado do triângulo ou for algum dos seus vértices? O que
acontece quando a reta p cortar os lados do triângulo em algum vértice ou quando a reta p
corta algum dos lados do triângulo num ponto do infinito?
b) Pense na possibilidade de determinar o polo de uma reta no infinito relativamente a um
triângulo ABC dado
2 . 4 . 1 2
Pontual de pontos harmonicamente relacionados
Um ponto P diz-se harmonicamente relacionado com 3 pontos col ineares distintos A,B,C, se P
puder ser obtido como membro de uma sequência de pontos iniciada com A,B,C definida do
seguinte modo: cada ponto após C forma um conjunto harmónico com quaisquer três pontos
(e por qualquer ordem) que o antecedam.
Ao conjunto de todos os pontos harmonicamente relacionados com ABC damos o nome de
rede harmónica e designa-se por R(ABC) (ou R(BCA) ou R(CAB)...)
Na figura acima, está construída uma pontual saisfazendo as condições de uma rede R(ABC).
Incluímos os quadriláteros completos uti l izados com indicação das diversas relações
harmónicas estabelecidas para obter cada ponto da rede. De certo modo, uma rede
harmónica é um conjunto, tão pequeno quanto possível, com um mínimo de 3 pontos
col ineares que incluirá, para cada terno dos seus elementos, o conjugado harmónico de cada
um deles relativamente aos outros dois.
Claro q
ue percebemos que o procedimento parte de 3 pontos de uma pontual, que se podem obter
novos pontos indefinidamente e que entre dois pontos da rede se podem obter novos pontos.
Por isso, a esta rede se chama também rede de racionalidade. E fica por responder a
pergunta sobre se, por este processo recorrente se obtêm todos os pontos da reta (base da
pontual). Sim ou não? Depende.
1) Como a projetividade transforma conjuntos harmónicos e em conjuntos harmónicos,
tambémm transforma qualquer rede harmónica numa rede harmónica.
2) Se uma projetividade deixa invariantes cada um dos três pontos distintos A,B,C de uma
pontual, também deixa invariantes cada um dos pontos da rede harmónica R(ABC).
3) Uma reta harmónica fica igualmente bem determinada por quaisquer três dos seus pontos
30
Será que fica univocamente determinada uma rede harmónica (ou de racionalidade) pelos
seus primeiros três pontos?
3 . 4 . 1 2
Uma sequência especial de pontos harmonicamente relacionados
O procedimento especial aqui seguido pode ser descrito como segue:
Tomados A, B e Z, consideramos uma reta arbitrária tirada por Z e sobre ela dois pontos P e
R arbitrários.
Tomado A'=AP.BR, traçamos a reta ZA'. E tomamos os pontos B'=BP.A'Z, Q=AR.ZA'.
O quadrilátero completo B'RQS da figura, em que C=RB'.AZ e S=QC.AB', prova a relação
harmónica H(AC,BZ).
O procedimento para obter D é semelhante:
C'=CP.A'Z para obter sobre AZ o ponto D=RC'.AZ;
D'=DP.A'Z para obter E=RD'.AZ,; etc
As relações construídas por este processo (e verificadas de forma análoga à H(AC,BZ) ou
H(BZ, AC) são H(CZ,BD), H(DZ,CE), ...
Esta sequência A, B, C, D, E, ... assim construída depende exclusivamente de A, B, Z e é
independente da escolha dos pontos auxi l iares P e R (pontos que pode deslocar na figura
para ver que esta sequência de pontos relacionados harmonicamente com A, B, Z é única,
para o procedimento descrito).
Este procedimento leva a um subconjunto da rede de racional idade R(ABZ). Neste caso entre
quaisquer dois termos consecutivos da sequência não há termos relacionados
harmonicamente com A, B, Z (à semelhança do que acontece no conjunto dos naturais como
subconjunto dos racionais).
Como é óbvio a pontual A', B', C' D',... é perspetiva de centro P com a pontual A, B, C, D,...
Como esta é uma rede harmónica também é harmónica a pontual A', B' C', D', ...
4 . 4 . 1 2
Sequência de pontos harmonicamente ligados a A,B, Z∞
Retomamos o procedimento especial para obter uma sequência harmónica de pontos
relacionados harmonicamente com A,B,Z que apresentámos na entrada anterior. Só que
tomamos Z como ponto no infinito.
31
Podemos observar uma sequência de pontos relacionados harmonicamente dependentes dos
três pontos A, B, Z∞. Claro que esta pode ser composta por A,B,C,Z ∞; ou A,B,C,D, Z∞;... ou,
por uma infinidade numerável de pontos (como pode acontecer com qualquer rede de
racional idade). Nestas duas últimas entradas, entre dois pontos consecutivos não há outros
pontos obtidos pelo mesmo procedimento especial, sendo que nesta última, aos nossos olhos
os pontos sucessivos aparecem igualmente espaçados.
9 . 4 . 1 2
Teorema Fundamental da Geometria Projetiva
Como sabemos, uma reta r corta um feixe abc de centro O 1 numa pontual ABC. Podemos
fazer corresponder a cada ponto de uma pontual uma reta de um feixe e reciprocamente, a
cada reta de um feixe fazemos corresponder um ponto de uma pontual.
O Teorema Fundamental da Geometria Projetiva diz -nos que
1. uma projetividade é bem determinada se conhecermos 3 pontos col ineares (de uma
pontual sobre uma reta r) e os correspondentes (um a um) 3 pontos colineares (de u ma outra
pontual sobre s)
ou dualmente
2. uma projetividade fica bem definida se conhecermos 3 retas concorrentes num ponto O 1 e
as correspondentes (uma a uma) retas de um outro feixe de centro O 2.
32
Demonstração:
1. Quaisquer 3 pontos A, B, C de uma pontual sobre uma reta r e quaisquer 3 pontos A', B',
C' de uma pontual sobre s definem sempre uma projetividade que transforma A em A', B em
B', C em C'. Assim: Tomemos um feixe centrado em A (AA', AB', AC') e um outro centrado em
A' (A'A, A'B, A'C) e a reta que passa por K=AB'.A'B e L=AC'.A'C. Sendo J=AA'.KL, pela
perspetividade de centro A', a pontual ABC é transformada em JKL e esta, pela
perpsetividade de centro A, é transformada em A'B'C'. A projetividade, composta dessas duas
perspetividades, transforma ABC em A'B'C'.
Claro que para definir esta projetividade que faz corresponder A a A', B a B' e C a C' se
podem tomar como centros dos feixes B e B', C e C' ou dois pontos quaisquer em AA' (BB' ou
CC').
Se precisarmos de determinar a imagem de um quarto ponto X sobre r, bastará tomar A'X do
feixe centrado em A' e, sendo M o ponto comum a A'X e KL, X' será o ponto de AM do feixe
centrado em A comum a s.
2. Tomados dois feixes a, b, c por O 1 e a', b', c' por O2, fica bem definida uma projetividade
que faz corresponder a a a', b a b', c a c'. Assim: Cortando o primeiro feixe por uma reta r
arbitrária, obtemos uma pontual A, B, C de base r e cortando o segundo feixe por uma outra
reta s, obtemos uma outra pontual A', B' C'. Por 1. fica definida a projetivida de que leva de A
a A', B a B', C a C'. E, finalmente, podemos definir a projetividade entre os dois feixes
a→A→A'→a', b→B→B'→b' e c→C→C'→c'.
Se precisarmos de determinar a imagem de uma quarta reta x por O 1, bastará tomar X=r.x e,
seguindo o procedimento de (1,) determinar X' sobre s para definir x'=X'O 2.
Eixo de projetividade entre duas pontuais
Para cada projetividade entre pontuais de bases r e s distintas evidencia -se a reta que passa
pelos pontos de cruzamento das retas AB' e A'B, AC' e A'C. Se consi derarmos mais um ponto
X, essa reta passa também pelas interseções de AX' e A'X, BC' e B'C, BX' e B'X, CX' e C'X. À
reta que verifica esta propriedade damos o nome de eixo da projetividade.
Uma projetividade é uma composta de duas perspetividades. Em que condições é que uma
projetividade entre duas pontuais é perspetividade?
1 0 . 4 . 1 2
Centro da projetividade entre dois feixes
Definimos o eixo da projetividade entre duas pontuais A,B,C sobre r e A', B', C' sobre s.
Dualmente deve haver um ponto especial para a projetividade que é definida por dois feixes
a, b, c de centro em R e a', b', c' de centro em S.
Assim como tomámos as retas AB' e A'B que se intersetam em K e as retas AC' e A'C que se
intersentam em L sendo KL o eixo de projetividade, no caso dos feixes projetivos, tomamos
os pontos a.b' e a'.b a definir a reta k e os pontos a.c' e a'.c a definir a reta l sendo k.l o
centro da projetividade. Por este ponto k.l passará inevitavelmente m=(a.c')(a'.c). Assim:
33
Esta dualização permitirá as demonstrações dos enunciados do teorema fundamental,
qualquer delas por dual ização da outra (como fizemos para a definição de eixo e centro de
projetividade).
Uma projetividade entre feixes é uma composta de duas perspetividades entre feixes. Em que
condições é que uma projetividade entre dois feixes é perspetividade?
1 1 . 4 . 1 2
[Exercício Interativo]- Determinar uma original de uma projetividade entre feixes
Considere a projetividade definida pelos feixes a,b,c por O 1 e a', b', c' por O2 em que a é
correspondente de a', b de b' e c de c'. Determine a reta d do feixe por O 1 a que, por essa
projetividade, corresponde d'.
34
1 2 . 4 . 1 2
Projetividade entre conjuntos harmónicos
Vamos provar que: quaisquer dois conjuntos harmónicos de 4 pontos col ineares ou quatro
retas concorrentes estão relacionados por uma única projetividade .
Construímos dois conjuntos harmónicos um (AA,BB,CF) sobre r e outro (A'A',B'B', C'F') sobre
s. Verificam-se as relações harmónicas H(AB,CF) e H(A'B',C'F'). A projetividade determinada
por ABC e A'B'C', de que determinámos o eixo (AC'.A'C)(BC'.B'C), transforma F num outro
ponto, seja F''. Para determinar este ponto sobre s traça -se, por exemplo, FB' e toma-se o
ponto dessa reta que está no eixo, seja M. F'' será a interseção de BM' com s. Como as
projetividades transformam conjuntos harmónicos em conjuntos harmónicos e o conjugado
harmónico de C' é F' relativamente a A'B' e é único, forçosamente a projetividade que leva de
A a A', B a B' e C a C' leva de F para F'. Ou seja F''=F'
Se H(AB,CF) e H(A'B',C'F '), a projetividade que faz corresponder A a A', B a B' e C a C'
obrigatoriamente transforma F em F' . O ponto que é imagem de si mesmo toma o nome de
ponto duplo (F=F'=r.s)
Deste resultado se tira que há uma projetividade que relaciona duas redes harmóni cas ou de
racional idade, bem como duas sequências harmónicas. O mesmo raciocínio pode ser usado
para a projetividade estabelecida entre dois feixes harmónicos distintos, pois ao
intersetarmos cada um deles por uma reta caímos no caso das pontuais. De um mo do geral,
uma projetividade entre feixes (abf por R e a'b'f' por S) é uma perspetividade se e só se
houver uma reta de ambos os feixes for transformada em si mesma, isto é, f=f'=RS. Esta
reta que é imagem de si mesma toma o nome de reta dupla.
1 3 . 4 . 1 2
Quando uma projetividade entre duas pontuais ou dois feixes é perspetividade
Uma projetividade relacionando duas pontuais sobre bases distintas é uma composta de duas
perspetividades. Para quaisquer duas pontuais de 3 pontos sobre bases distintas, sabemos
determinar as duas perspetividades que compostas são a projetividade pedida. Haverá
projetividades que são perspetividades?
Vamos provar que: uma projetividade que faz corresponder a cada ponto de uma pontual um
só ponto de outra pontual em base distinta é uma perspetividade quando e só quando o ponto
35
comum às duas retas (bases das pontuais) é comum às duas pontuais e é imagem de si
mesmo pela projetividade
Assim:
1) Uma perspetividade deixa invariante o ponto comum às duas retas.
2) Se uma projetividade relacionando duas pontuais sobre bases distintas transforma um
ponto E de uma pontual em si mesmo como ponto da outra pontual, este ponto comum às
duas pontuais é comum às duas retas. Dados A,B, E e A', B', E, a correspondência A→A',
B→B' e E→E é uma projetividade que é também a perspetividade de centro O, com
O=AA'.BB'.
1 7 . 4 . 1 2
Teorema de Pappus
O Teorema de Pappus pode ser enunciado assim: Tomados seis pontos tais que três deles A,
B,C estão sobre uma reta r e os outros três A', B', C' estão sobre outra reta s, são colineares
os pontos AB'.BA'=C'', AC'.CA'=B'' e BC'=CB'=A''.
Como já vimos antes, há uma projetividade A→A', B→B', C→C' que obtivemos como composta
de duas perspetividades que podem ser definidas como perspetividades de centros em A e A '
(ou de centros em B e B' ou de centros em C e C'). Para cada uma destas formas de definir a
projetividade, tomávamos uma reta notável, a saber C''B''=(AB'.A'B)(AC'.A'C),
36
C''A''=(BA'.B'A)(BC'.B'C) ou B''A''=(CA'.C'A)(CB'.C'B) a que chamávamos eixo de
projetividade. O teorema de Pappus afirma que todos estes eixos são um só que passa por
todos os cruzamentos das retas definidas pelos pares de pontos não homólogos para a
projetividade considerada (ou tomados alternadamente), isto é, que C''B''=C''A''=B''A''.
Para isso, convém olhar de outro ponto de vista para o eixo da projetividade em que apareça
definido independentemente de qualquer par particular de pontos homólogos. Tomemos duas
pontuais A,B,E de base r e A'B'E de base s sendo E é o ponto comum a r e a s e às duas
pontuais.
Uma projetividade da pontual sobre r para a pontual sobre s que leve de A para A' e B para
B', pode transformar E em E ou em E'≠E.
1.
No caso da projetividade admitir E como imagem de si mesmo (ponto duplo) A→A', B→B' e
E→E, como já provámos, ela é uma perspetividade. Seja O o centro dessa perspetividade que
terá o mesmo efeito da projetividade. Na construção que se segue, pode deslocar o ponto X
da reta s e verificar que quando X coincide com E, também Q e X' coincidem com E. Isto
significa que o eixo é independente de qualquer par AA', já que o eixo é descri to como o
conjugado harmónico de EO relativamente às retas EB e EB' (no feixe de centro E)
2.
Se o ponto E comum a r e s e às pontuais não for imagem de si mesmo (não for invariante ou
ponto duplo) para a projetividade que faz corresponder A a A', B a B' , C a C, como no caso
da construção que segue, poderá verificar que, ao deslocar X sobre r, quando este coincide
com E, Q e X' coincidem com E' de s. E que quando X coincide com E 0 de r, Q e X' coincidem
com E (de r e s). Neste caso, o eixo não depende de qualquer par AA' particular, e é descrito
como a reta única que passa por E 0 e E' (E0E').
37
1 9 . 4 . 1 2
De outro modo, enunciar e demonstrar o Teorema de Pappus
Para Coxeter, chama-se hexágono a um conjunto de se is pontos (vért ices) sem exigir que não haja
ternos de pontos col ineares. Nestas condições, o teorema de Pappus pode aparecer enunciado
assim:
Se os seis vért ices de um hexágono estão alternadamente sobre um par de retas, então os três
pares de lados opostos encontram-se em três pontos col ineares .
Tomam-se ABC sobre a reta r e A'B'C' sobre a reta s e o hexágono AB'CA'BC', do qual os pares de
lados opostos são B'C e BC' , C'A e CA' , A'B e AB' cujas interseções estão marcadas na construção
abaixo, como L=B'C.BC' , M=C'A.CA', N=A'B.AB'.
Se considerarmos a projet iv idade entre as pontuais ABC e A'B'C' para a qual A' é imagem de A, B'
de B e C' de C, a f igura sugere que L, M e N estão sobre o e ixo dessa projet iv idade (a vermelho na
f igura). Será que L, M, N são mesmo col ineares?
Demonstração: Na construção agora considerada, acrescentaram-se os pontos J=AB' .CA',
E=AB.A'B' e K=AC'.CB'.
Fáci l é ver que ANJB' é perspet ivo por A' com ABCE que, por sua vez é perspet ivo com KLCB' por
C'.
Assim, como a composta de duas perspet ividades é uma projet iv idade, podemos conclu ir que para
a projet iv idade entre as pontuais ANJ e KLC, B' é ponto duplo ( imagem de s i mesmo). Se tem um
ponto duplo B' , esta projet iv idade é uma perspet ividade por M, e M incide em NL, o que é o mesmo
que dizer que L,M,N são col ineares
2 0 . 4 . 1 2
Dual do Teorema de Pappus
O dual do teorema de Pappus pode ser enunciado como segue:
Se os seis lados ab'ca'bc' de um hexágono passam alternadamente por dois pontos R e S, as retas
diagonais (a.b')(b.a'), (a.c' )(c.a' ) e (b.c')(c.b') são concorrentes
Se o teorema de Pappus tem a ver com o e ixo de projet iv idade entre pontuais in ic iado
anter iormente, o seu dual tem a ver com o centro da projet iv idade entre fe ixes , também já
in ic iado em anter ior publicação
Se dois feixes de retas a,b,c por R e a',b',c' por S então as retas (a.b')(b.a'), (a.c')(c.a' ) e
(b.c' )(c.b') são concorrentes
Aqui f ica a f igura publicada para o centro de projet i ivdade entre fe ixes.
38
É um exercíc io interessante fazer a dualização da demonstração do Teorema de Pappus como
demonstração do dual.
2 2 . 4 . 1 2
Demonstração do Teorema de Desargues
Na construção abaixo há dois tr iângulos PQR e P'Q'R' perspet ivos já que os lados correspondentes
PP', QQ' e RR' incidem no ponto O. Será que os lados correspondentes se intersetam em pontos
col ineares? Como se vê na f igura, D=RQ.R'Q', E=PR.P'R' e F=PQ.P'Q' . A f igura sugere que são
col ineares. Serão?
Na construção, tomámos A=OP.DE, B=OQ.DE e C=OR.DE e, por isso OPAP' é perspet ivo (por E) a
ORCR' que, por sua vez, é perspet ivo (por D) a OQBQ'. Assim podemos dizer que O é imagem de s i
mesmo pela projet iv idade entre as pontuais PAP' e QBQ' e, conforme já vimos antes, esta
projet iv idade é uma perspet ividade. O centro desta perspet ividade só pode ser F e este está sobre
AB que é DE. Assim D, E e F são col ineares.
Acabamos de demonstrar que se dois tr iângulos são perspetivos em relação a um ponto são
perspetivos em relação a uma reta.
Este resultado, agora demonstrado, é o que chamámos Teorema de Desargues. T ivemos
necessidade de o considerar axioma na aboradagem in ic ia l aos tr iângulos perspet ivos.
O Teorema de Desargues foi então usado como axioma e, a part ir de le, demonstrávamos o dual.
39
26.4.12
De um quadrilátero a outro com o mesmo triângulo diagonal
Na construção que se segue, tomámos um quadri látero completo de vértices P,Q, R, S. Os pontos A, B, C são as interseções de lados PS.RQ=A, QS.RP=B e QP.RS=C que não são vértices. Ao triângulo ABC chamamos triângulo diagonal de lados a=BC,b=AC,c=AB. Acrescentando as interseções dos lados do triângulo ABC com os lados do quadri látero de vértices P, Q, R, S, a saber: BC.QR=A1, AC.PR=B1,AB.QP=C1 e BC.PS=A2, AC.QS=B2, AB.RS=C2; que definem as retas p=A1B2, q=B1A2, r=A2B2 e s=A1B1, obtemos um quadri látero de lados p, q, r e s, cujo triângulo diagonal a, b, c é o mesmo triângulo ABC, diagonal de PQRS.
3 . 5 . 1 2
Colineações projetivas. Triângulos.
Depois de apresentadas as transformações projetivas básicas (projetividades e
perspetividades), referiremos e estudaremos algumas designações e propriedades de
transformações projetivas particulares que vão ser uti l izadas.
(a) Uma colineação é uma transformação (do plano no plano) de ponto a ponto ou de reta a
reta que preserva a relação de incidência. Transforma pontuais em pontuais, feixes em
feixes, quadri láteros em quadri láteros, etc.
As translações, rotações, reflexões, di lações são exemplos conhec idos de colineações.
(b) A inversa de uma colineação é uma col ineação, a identidade é uma colineação e a
composta (ou produto) de duas col ineações é uma colineação.
Uma col ineação projetiva transforma pontuais (e feixes) projetivamente no sentido de que,
se transforma os pontos X de uma reta x em pontos X' de x', a relação entre X e X' é uma
projetividade (bem como a relação entre x e x').
40
(c) Vejamos um exemplo de col ineação projetiva
Sejam x e y as retas correspondentes por projetividade. A const rução X → Y dá um processo
geral para definir uma projetividade entre os pontos de x e os pontos de y, part ir de uma
composta de perspetividades, com recurso a uma reta z auxi liar e centros O 1 e O2 não
incidentes em qualquer dessas retas. Pode deslocar X em x para verificar que ∀ X∈ x, ∃1Y∈y:
Y é obtido de X por projetiv idade.
Com recurso à projetividade que relaciona ponto a ponto as retas x e y, pudemos estabelecer
ou construir uma relação biunívoca ente os pontos de outras duas quaisquer retas a e a', b e
b', c e c', isto é, a projetividade entre x e y induz uma col ineação entre dois triângulos
(a,b,c) e (a',b',c') (ABC e A'B'C') . Tomámos dois pontos O e O' não incidentes em quaisquer
das retas anteriormente consideradas. Seja P um ponto qualquer (variável) da reta a=BC.
Determinamos P1 sobre x, P1=PO.x e pela projetividade entre x e y, determinamos o
correspondente P2 de P1. Finalmente determinamos P' sobre a', P'=P 2O'.a'. Pode deslocar P
sobre a para confirmar que P' se desloca sobre a', que quando P=B, P'=B', ... Do mesmo
modo se procede para os pontos das retas b e c
em a=BC, P perspO P1 proj P2 perspO'P' em a'=B'C': P→P' por uma projetividade
em b=AC, Q perspO Q1 proj Q2 perspO'Q' em b'=A'C'
em c=AB, R perspO R1 proj R2 perspO'R' em b'=A'B'
.
Concluindo: uma projetividade de x em y induz uma col ineação como uma transformação f
ponto a ponto e reta a reta que preserva a incidência transformando projetivamente um
triângulo noutro:
∀ (l ,l '), ∀ L∈ l ., .∃1L'∈l ': f(L)=L'. Claro que f -1(L')=L. Repare que A=AB.AC e A'=A'B'.A'C',…
como é óbvio
41
7 . 5 . 1 2
Colineações projetivas. Quadriláteros.
(1) A única projetividade que transforma quatro retas ou lados de um quadriátero completo
em si mesmas é a identidade. Do mesmo modo, a identidade é a única colineação projetiva
que transforma quatro pontos ou vértices de um quadrângulo completo em si mesmos.
Para este resultado (e os outros, claro!) com quadri láteros convém ter presentes os
seguintes axiomas
(a) Os três pontos diagonais de um quadrilátero completo nunca são colineares.
e
(b) Se uma projetividade deixa invariantes cada um de três pontos distintos sobre uma reta,
então qualquer ponto da reta é imagem de si mesmo por essa projetivid ade.
(2)Entre quaiquer dois quadriláteros completos (ou quadrângulos) com os quatro lados
(vértices) correspondentes por uma dada ordem, só há uma colineação projetiva que
transforma um no outro.
Constrói-se.
Notas de demonstração: a) Exige-se uma dada ordem para os lados correspondentes para só
termos 4 pares de pontuais projetivas, que poderá verificar conduzem a uma única col ineação
(e evitar 24 possíveis combinações se não estabelecermos essa ordem).
b) Claro que podemos definir uma projetividade en tre as pontuais DAF e D'A'F'e entre DCE e
D'C'E' definidas na construção. Do mesmo modo, relacionaríamos CBF com C'B'F' e ABE com
A'B'E'. Tomemos agora uma reta a. E suponhamos que a=XY em que X está em DE e Y em DF.
As projetividades entre DAF e D'A'F' e entre DCE e D'C'E' determinam a'=X'Y', sendo DCEX e
D'C'E'X' projetivos, bem assim DAFY e D'A'F'Y'. Para provar que a correspondência entre a e
42
a' é uma colineação, temos de verificar que relaciona pontos com pontos e de tal modo que a
incidência seja preservada. Para isso, considera-se a como reta de um feixe de tal modo que
X e Y sejam perspetivos. Por construção de a', temos que X' é imagem de X e Y' é imagem de
Y por projetividade. E como D é o invariante para a perspetividade X→Y, D' é o invariante
para a perspetividade X'→Y'. Tal como a, a' também é uma reta de um feixe o que quer dizer
que retas concorrentes são transformadas em retas concorrentes. Uma projetividade X→X'
chegou para garantir uma transformação reta a reta e ponto a ponto que preserva a
incidência: a→a' é uma colineação.
c) Preciso será ainda provar que esta col ineação projetiva que leva de ABCDEF para
A'B'C'D'E'F' é única, o que se faz por absurdo, recorrendo ao resultado (1) enunciado no
início deste artigo.
10.5.12
Colineação perspetiva
Na construção que se segue, os dois triângulos PQR e P'Q'R' estão relacionados por uma
perspetividade de centro O. O Teorema de Desargues garante que esses triângulos são
perspetivos em relação a uma reta o.
Será que esta perpetividade de centro O é uma colineaçao?
Usando o resultado sobre col ineações projetivas entre dois quadri láteros, vamos provar que
isso é verdade.
Como vimos no anterior artigo, há uma só col ineação projetiva que transforma o quadrângulo
DEPQ em DEP'Q'. Esta col ineação projetiva t ransforma a reta o=DE em si mesma e a reta PQ
em P'Q', deixa invariante o ponto o.PQ=F=o.PQ'. E, como aceitámos, se uma projetividade
deixa invariantes três pontos de uma reta, então deixa invariantes todos os pontos da reta o.
Para essa col ineação projetiva, as duas retas PP' e QQ' são invariantes e incidem no ponto O,
também ele invariante. O ponto R=DQ.EP é transformado em DQ'.EP'=R'. O dual do segundo
axioma do artigo anterior "Se uma projetividade deixa invariantes cada uma de três retas
passando por um ponto O, então qualquer reta passando por O é imagem de si mesma por
essa projetividade", garante que para a projetividade DEPQ→DEP'Q', são invariantes todas as
retas passando por O.
Do mesmo modo, a col ineação projetiva que relaciona os quadrângulos EFQR e EFQ'R' para a
qual E e F são invariantes transforma QR em Q'R' e a col ienação projetiva que relaciona DFPR
e DFP'R' transforma PR em P'R' e DF em si mesma.
Fica assim demonstrado que a perspetividade de centro O, a relacionar três retas que se
inersetam duas a duas sobre retas do feixe de centro O, é uma colineação.
43
Esta colineação relacionando dois triângulos perspetivos chama -se naturalmente col ineação
perspetiva.
O ponto O e a reta o, a partir dos quais os triângulos são perspetivos, tomam os nomes de
centro e eixo da col ineação perspetiva
11.5.12
Colineação perspetiva - homologia
Já vimos no artigo anterior que quaisquer dois triângulos perspetivos estão relacionados por
uma col ineação perspetiva. Quaisquer dois triângulos perspetivos est ão relacionados por uma
col ineação perspetiva que pode ser uma homologia ou uma elação conforme o centro e o eixo
não são ou são incidentes.
HOMOLOGIA
Fizemos construções de triângulos perspetivos em que os centros de perspetividade não
incidiam no eixo de perspetividade. Quando isto acontece a col ineação perspetiva toma o
nome de homologia.
Uma homologia fica determinada quando são dados os centro e eix o e um par de pontos
correspondentes colineares com o centro.
Na construção que se segue, tomaram-se o centro O, o eixo o, A e A' (sendo AA' incidente em
O). Para um B qualquer, toma-se F=AB.o e B'=OB.FA'. Do mesmo modo, para um C qualquer,
toma-se E=AC.o e C'=OC.EA'.
44
Para a homologia, o centro é único ponto invariante fora do seu eixo.
1 4 . 5 . 1 2
Colineação perspetiva - elação
ELAÇÃO
Se o centro O da perspetividade incide no eixo o da perspetividade, a col ineação perspetiva
toma o nome de elação
Uma elação está determinada quando são dados o seu eixo e um par de pontos
correspondentes.
Na construção que se segue, são dados o eixo o e o par de correspondentes C e C'. O centro
O fica assim determinado O=CC'.o. Para A qualquer, A' estará sobre OA e sobre EC' s endo
E=AC.o e para qualquer B, B' está na interseção de OB com DC'.
45
Os pontos que são imagens de si mesmo (invariantes) por uma elação estão todos sobre o
seu eixo.
Qualquer col ineação que tenha uma e não mais que uma pontual de pontos invariantes
(imagens de si mesmos) é perspetiva.
Se uma colineação tem uma pontual de pontos invariantes, tem certamente um feixe de retas
invariantes (imagens de si mesmas).
1 7 . 5 . 1 2
Correlação projetiva
Neste estudo de geometria projetiva, já considerámos correspondências relacionando um
ponto com uma reta e uma reta com um ponto: por exemplo a correspondência elementar que
relaciona uma pontual sobre r com um feixe de centro O, em que a pontual é a secção por r
do feixe. A projetividade foi definida como uma compost a destas correspondências
elementares
A extensão deste conceito ao plano, consistirá numa transformação X→x' relacionando cada
um dos pontos do plano com uma só reta do plano e a transformação dual x→X' que relaciona
cada uma das retas do plano com um só ponto do plano:
∀X ∃1x': X→x'
e, dualmente:
∀x ∃1X': x→X'
Chamamos correlação a qualquer transformação do plano que a cada ponto faz corresponder
uma reta e a cada reta faz corresponder um ponto presevando a relação de incidência em
conformidade com o princípio da dualidade. De acordo com esta definição, a correlação
transforma fi leiras (ou pontuais) em feixes, feixes em fi leiras, triláteros em trivértices,
quadri láteros em quadrivértices, etc.
A correlação é um conceito autodual, a inversa de uma correlação é uma correlação e a
composta (ou produto) de duas correlações é uma colineação.
Uma correlação projetiva é a correlação que transforma cada forma unidimensional
projetivamente, no sentido de que se um ponto Y sobre uma reta b é transformado numa reta
y', esta tem de passar pelo ponto B', imagem de b.
46
Seguindo a construção acima, provamos que qualquer correlação que transforma uma pontual
projetivamente é uma correlação projetiva
Seja a e A' a reta e o ponto correspondentes pela projetividade que relaciona uma pontual de
pontos X e um feixe de retas x'. Precisamos de estabelecer a relação entre dois pares , b e
B', pela mesma projetividade. Seja Y um ponto de b e O um ponto fixo nã o incidente em a
nem em b. E tomámos a reta OY que interseta a em X. A correlação dada transforma o ponto
O numa reta o' fixa que não incida em A' nem em B'. OY é transformada no ponto o'.y' que é
l igado a A' pela reta x'. Y e X são perspetivos por O e x' é perpsetivo com y' pelo eixo o'.
Como X e x' estão relacioados por uma projetividade, temos
Y→OX→x'→o'y'
a correlação induz uma projetividade Y→y' entre b e B', como queríamos.
Para obter oa resultado dual para um feixe e a correspondente pontual temos de considerar a
pontual de pontos Y em b como uma secção do feixe centrado em B' das retas y' .
2 2 . 5 . 1 2
Correlação: Polaridade
As palavras polaridade, polo e polar apareceram em várias entradas ao longo da vida do
geometrias.blogspot.com em construções e exercícios interativos que associavam pontos a
retas (e considerando triângulos, cónicas, retas e pontos). Pode rever voltando a alguns
desses artigos Polaridade, Da polar ao polo, Elipse: Da polar ao pólo, Cónicas: pólo e polar ,
El ipse: Polo (interior) e polar ,etc.
Vamos agora iniciar o estudo da polaridade como transformação projetiva, um caso particular
da correlação projetiva.
Chamamos polaridade a uma correlação que transformando cada ponto A numa reta a',
transforma esta reta a' no ponto A.
Dizemos de a' que é polar de A e de A que é polo de a'.
Por esta correlação projetiva que preserva a incidência, a cada ponto de a' corresponderá
como polar uma reta passando por A (polo de a') ou que se A é polo de a', é centro de um
feixe das retas polares dos pontos de a'.
Como uma polaridade dualiza as incidências, sempre que A incide numa reta b, a polar a de A
passa pelo polo B de b e, neste caso, diremos que A e B são pontos conjugados e que a e b
são retas conjugadas.
Quando A é um ponto da sua polar a , A é conjugado de si mesmo (ou auto-conjugado); A
está sobre a sua polar a e a passa pelo seu polo A.
47
2 4 . 5 . 1 2
Polos e polares. Conjugados e auto-conjugados
Haverá limitações à ocorrência de auto-conjugados?
Demonstramos que
Uma reta que passa por 2 pontos auto-conjugados não pode ser auto-conjugada
Se uma reta a passar por 2 pontos auto-conjugados fosse conjugada de si mesma, teria de
conter o seu polo A e pelo menos, um outro ponto B auto -conjugado. A reta polar de B
conteria A e B e, por isso, coincidiria com a. Quer dizer que A e B teriam a mesma polar, o
que é impossível já que a polaridade é uma correlação que associa a cada reta um só ponto e
a cada ponto uma só reta.
E vamos demonstrar que
Uma reta não pode inicidir em mais que dois pontos auto -conjudados
Sejam p e q duas retas, passando por C, polares de 2 pontos auto -conjugados: P e Q.
Chamemos c à reta que passa por P e Q, c=PQ.
Sobre p tomemos um ponto R, distinto de P e C. A polar r de R passa por P. E tomemos r.q=S
que é o polo de s=QR.
T=r.s é o polo de t=RS.
B=t.c é o polo de CT=b que interseta c em A, conjugado harmónico de B relativamente a P e
Q.
O ponto B não pode coincidir com Q nem com P, pois se fosse B=Q, então teria de ser R=C e
se fosse B=P, teria de ser S=C, r=p e R=P o que seria absu rdo já que assumimos R distinto
de P e de C. Como A≠B por serem conjugados harmónicos, B não é conjugado de si mesmo.
Como as polares de uma pontual formam um feixe de retas projetivamente relacionado com a
pontual, cada ponto X em c, determina um conjugado Y em c que não é mais que o ponto em
que a polar x de X encontra c
X→x→Y
48
Quando X=P, x=p e Y=P. P é um ponto invariante desta projetividade. Do mesmo modo, se
prova que Q é um ponto invariante. Mas quando X é B, Y é um ponto distinto de A e, por
isso, a projetividade não é a identidade. P e Q são os únicos pontos invariantes; ou seja P e
Q são os únicos pontos auto-conjugados em c. Fica assim provado que c não pode ter mais
que dois pontos auto-conjugados.
2 5 . 5 . 1 2
Triângulo auto-polar.
Lembramos que:
a) Uma polaridade é uma correlação projetiva que, se transforma um ponto A numa reta a',
transforma a' em A: A polo de a', a' polar de A. b) Se A é um ponto de b e B, polo de b, é um
ponto de a, polar de A, dizemos que A e B são pontos conjugados, e q ue a e b são retas
conjugadas.
c) Um ponto A que incide na sua polar a' é conjugado de si mesmo (auto -conjugado).
Dualmente, se uma reta a contem o seu polo, é conjugada de si mesma (auto -conjugada).
No artigo anterior, demonstrámos que Uma reta que passa por 2 pontos conjugados de si
mesmos não pode ser conjugada de si mesma
e que
Uma reta não pode inicidir em mais que dois pontos conjugados de si mesmos .
Pode demonstrar-se também que
uma reta auto-conjugada contém um só ponto auto-conjugado.
Uma reta conjugada de si mesma contém o seu polo, que é auto -conjugado (conjugado de si
mesmo). A existência sobre a reta auto-conjugada de outro ponto auto-conjugado é absurda
já que haveria dois pontos diferentes associadas a uma mesma reta por uma correlação que
associa a cada ponto uma só reta e a cada reta um só ponto.
Sejam dois pontos, X e Y, conjugados por uma polaridade sobre uma reta que não seja
conjugada de si mesmo. Então há uma correspondência que associa a qualquer ponto de c,
não autoconjugado, um outro ponto de c.
De facto, na reta c, não autoconjugada, a projetividade X→Y, em que Y=c.x, transforma
qualquer não auto-conjugado ponto B num outro ponto A=b.c, cuja polar é BC=a. A mesma
projetividade transforma A em B.
49
Dualmente, as retas x e CX=y são emparelhadas com retas conjugadas do feixe centrado em
C.
Um triângulo como ABC, em que cada vértice é o polo do seu lado oposto (ou em que
quaisquer dois vértices são pontos conjugados, ou em quaisquer dois lados são re tas
conjugadas) é classificado como triângulo auto-polar
2 6 . 5 . 1 2
Polaridade a partir de um triângulo auto-polar
Mais do que uma vez, introduzimos l igações entre as palavras polar, polo e triângulos, de
que são exemplos os artigos Polar tril inear de um ponto, Polar tril inear , Da polar tri l inear
para o pólo , etc. "Polaridade tri l inear" pode já ter sido expressão util izada. Essas expressões
e, em particular, a polaridade tril inear introduzida não é uma polari dade, no sentido de que
não é uma correlação projetiva que faz corresponder a cada ponto (reta) uma só reta
(ponto), tal que se X tem por polar x, x tem por polo X e preservando a incidência.
Vamos agora provar que
Qualquer correlação projetiva que relacione cada um dos três vértices de um triângulo com o
seu lado oposto é uma polaridade
Considere-se um triângulo ABC (de lados a=BC, b=AC e c=AB) e uma correlação projetiva
que transforme A em a, B em b e C em c.
Esta correlação projetiva
se transforma A em a=BC, também transforma a=BC em b.c=A; se transforma B em b=AC,
também transforma b=AC em a.c=B; se transforma C em c=AB, também transforma c=AB em
a.b=C tal como uma polaridade o faria.
Considere-se agora um qualquer ponto P distinto de qualquer dos vértices do triângulo ABC.
E seja p uma qualquer reta que não passa por qualquer dos vértices do triângulo.
Consideremos que a correlação que transforma cada vértice do triângulo no seu lado oposto
transforma P em p.
50
O ponto P e a reta p determinam 6 pontos sobre os lados do triângulo
Pa=a.AP, Pb=b.BP, Pc=c.CP, Ap=a.p, Bp=b.p, Cp=c.p
A correlação, transformando A,B,C em a,b,c, transforma a=BC em b.c=A, b=AC em a.c=B,
c=AB em a.b=C, AP em a.p=A p, BP em b.p=Bp, CP em c.p=Cp.
Será que a correlação projetiva ABCP →abcp é uma polaridade? Só falta verificar que, para
além de transformar P em p, também transforma p em P.
A correlação transforma cada ponto X de c numa certa reta que interseta c em Y. Como se
trata de uma correlação projetiva, X e Y são projetivos. Quando X é A, Y é B e quando X é B,
Y é A. Dito de outro modo a correlação transforma A em B e B em A. Já que a correlação
transforma P c=c.CP em CCp, como vimos para A e B, P c→Cp e Cp→Pc. A correlação transforma
ainda Cp=c.p em CPc=CP. E do mesmo modo, a correlação transforma A p=a.p em AP e Bp=b.p
em BP. Finalmente, podemos concluir que esta correlação transforma p=A pBp=(a.p)(b.p) em
AP.BP=P.
Ficou assim provado que a correlação ABCP→abcp é uma polaridade. De futuro, esta
polaridade assim definida pode ser representada por (ABC)(Pp)
3 . 6 . 1 2
Determinação da polar de um ponto X em (ABC)(Pp)
Na anterior entrada provou-se a polaridade (ABC)(Pp) em que ABC é um triângulo autopolar e
em que p é uma reta que não passa por P nem por A, B ou C. Vamos determinar a polar de
um ponto X qualquer não incidente em c nem em CP c\{P}. Sejam A→a, B→b,C→c, P→ p os
pares que definem a polaridade. A partir de P, determinámos P a=a.AP, Pb=b.BP e P c=c.CP. De
modo análogo, a partir de X, determinamos Xa=a.AX, Xb=b.BX, Xc=c.CX. Sendo p a polar de
P, determinámos Ap=a.p, Bp=b.p e Cp=c.p.
Para determinar a polar de X pela polaridade (ABC)(Pp), temos de determinar dois dos seus
pontos Ax=a.x, Bx=b.x e Cx=c.x, pelas projetividades (BC)(P aAp), (AC)(PbBp) e (AB)(P cCp)
apl icadas respetivamente a X a, Xb e Xc. Determinamos x=AxBx.
51
A construção apresenta a determinação de dois deles, B x e Ax, descrevendo a construção de
Bx.
Pela projetividade (AC)(BpPb), determinar Bx como transformada de Xb :
a) A projetividade (AC)(BpPb) é tal que A→C →A e Bp→Pb→Bp que pode ser descrita como uma
sequência de perspetividades, de centros Q, A e R assinalados na "figura" dinâmica.
Tomamos um ponto R qualquer não incidente na reta b=AC e as retas AR, CR, B pR. Em
seguida tomamos uma reta que corta AR em T, B pR em W e CR em Q. E finalmente a reta AQ
que corta BpR em Z.
ACBpPb →QZRBpW→AQTPbW→RCAPbBp
b) Para determinar Bx como imagem de Xb por (AC)(BpPb), sobre a construção desta tomamos
a reta XbT e a reta CW que se intersetam em G. A reta RG interseta b em B x. Chamamos E a
CG.RA e a XbT.CR chamamos F.
Confirmemos a projetividade (P bBp)(XbBx).
Para isso, traçamos a reta X bW que interseta RPb em F e RBx em Y e tomamos o ponto
RBx.PbW=P0
PbBpXbBx →WP0RYBx →
PbWFYXb →RBpPbBxXb
Do mesmo modo, se procedeu para determinar A x e se procederia para verificar que
(XaAx)(PaAp).
A polar de X é assim obtida x=A xBx.
Poe deslocar o ponto X, bem como outros, para verificar que esta construção não falha para
X a coincidir com P, a incidir em AP ou em BP, mas falha para pontos X≠P sobre CP e sobre
c=AB, a=BC e b=AC. Apresentaremos um processo geral para determinar a polar de um ponto
X na polaridade (ABC)(Pp) em que p é a polar de P não incidente em P.
52
1 0 . 6 . 1 2
Teorema de Chasles
Uma polaridade é uma correlação que transforma um ponto A numa reta a' e transforma esta
em A, preservando a incidência.
Dado um triângulo qualquer de vértices A,B,C e lados a=BC, b=AC e c=AB, podemos obter
um novo triângulo (polar do anterior) em que a', b' e c' sejam as polares de A, B, C
respetivamente (ou em que A', B' e C' sejam os polos de a, b e c respetivamente).
É claro que, sendo A→a'→A; B→b'→B e C→c'→C; A'B'C'→ABC e a'b'c' →abc são
projetividades.
Chasles demonstrou que se ABC e a'b'c' são triângulos distintos e polares um do outro, então
são perspetivos.
Dito de outro modo, se as polares a',b', c' dos vértices de um triângulo ABC não coincidem
com os seus lados opostos a, b, c, então a.a', b.b', c.c' são pontos col ineares.
Seja ABC um triângulo de lados BC=a, AC=b e AC=c. E sejam a', b' e c' as polares de A, B e
C. Se a' distinta de a, b' distinta de b e c' distinta de c, estes pares de retas intersetam -se:
A1=a.a', B1=b.b' e C1=c.c' Podemos determinar as polares destes pontos, só consi derando a
incidência preservada. Por exemplo, como C 1=c.c'=AB.c', a polar de C1 é (a'.b')C=r.
Para o ponto P=c.b'=AB.b' a sua polar é (a'.b')B=p. Consideremos ainda o ponto
a.b'=BC.b'=R. Como já vimos, há uma projetividade que transforma qualquer pontual C 1APB
em AC1BP e, pela polaridade, AC 1BP transforma-se em a'rb'p que, por sua vez, se transforma
em A1CRB (secção do feixe a'rb'p pela reta a).
Como a projetividade C1APB → A1CRB tem um ponto invariante B, a projetividade C 1AP→A1CR
é uma perspetividade. O centro da perspetividade B1 = AC.PR e, por isso, A1C1 incide em B1.
Fica assim provado que A1, B1 e C1 são col ineares.
Isto não funciona se A1 ou B incidirem em b'.
53
1 1 . 6 . 1 2
Triângulos polares perspetivos por um ponto
Na entrada anterior demonstrámos que se ABC e A'B'C' (ou abc e a'b'c') são triângulos
distintos e polares um do outro, então são perspetivos ou mais concretamente,
demonstrámos que.
se as polares a', b', c' dos vértices de um triângulo ABC não coincidem com os seus lados
opostos a, b, c, então a.a', b.b', c.c' são pontos col ineares .
É certo que se dois triângulos polares ABC e a'b'c' (distintos) são perspetivos relativamente a
uma reta n=A1B1, serão perspetivos relativamente a um ponto N. Acrescente -se que este
ponto N é o polo dessa reta n .
Retomamos a construção dinâmica do artigo anterior.
A reta n foi obtida como a reta passando pelos pontos A 1=a.a'=BC.a', B1=b.b'=AC.b',
C1=c.c'=AB.c'.
O polo N dessa reta n é obtido como ponto de interseção das retas (b'.c')A e (a'.c')B. Como é
óbvio a reta (a'.b')C também passa por N que é o centro da perspetividade que transforma
ABC em (b'.c')(a'.c')(a'.b').
54
1 2 . 6 . 1 2
Determinar polar de X em (ABC)(Pp) - Método geral.
Pela polaridade (ABC)(Pp), a polar de um ponto X (não incidente em AP, BP ou p) é uma reta
x=X1X2 assim determinada
A1=a.PX, P1=p.AX, X1=AP.A1P1
B2=b.PX, P2=p.BX, X2=BP.B2P2
Consideremos os triângulos ABC auto-polar, PAX e pax em que p é polar de P, a polar de A e
x polar de X (esta que procuramos determinar) Aplicando o teorema de Chasles, os triângulo
PAX(amarelo) e pax são perspetivos:
Os seus lados AX, XP e PA encontram as polares p, a, x dos seus vértices em 3 pontos
col ineares: P1=AX.p, A1=XP.a e PA.x.
X1= P1 A1. PA é um dos pontos em que incidirá a polar x de X.
De modo análogo, aplicando o teorema de Chasles a PBX (verde) e pbx, determinamos um
outro ponto da polar x de X, X2=(BX.p)(XP.b).PB
Esta construção falha quando X for um ponto de AP, pois então A 1P1=AP e X1 fica
indeterminado. Mas X2 pode ser determinado e a polar de X é A pX2 em que Ap=a.p. De modo
análogo, quando X estiver em BP, a sua polar é B pX1
Para determinar a polar de um ponto X de p, podemos apl icar uma construção dual da que
temos vindo a util izar para determinar o polo Y de uma reta y que passe por X. Esta reta y
pode ser qualquer exceto p ou PX (o mais conveniente é escolher y=AX ou, caso aconteça
que esta coincida com PX, escolha-se y=BX). E a polar de X é x=PY.
Para qualquer ponto X, não incidente em AP, BP ou p a sua polar (pela polaridade (ABC)(Pp)
é
x=[AP.(a.PX)(p.AX)][BP.(b.PX)(p.BX)]
Um exercício interessante pode ser escrever a expressão (dual da anterior) para o polo X de
uma reta x que não passe por A p, Bp ou P e desenhar a figura que ilustre esta construção
dual.
55
1 3 . 6 . 1 2
Teorema de Hesse
As quatro retas a, b, c, d da figura intersetam-se em b.c=A, a.c=B, a.b=C, a.d=A 1, b.d=B1 e
c.d=C1. A figura representa pois um quadri látero completo (4 retas e 6 pontos: (6 2,43))
Considerem-se, para uma dada polaridade, a' polar de A passando por A 1 de a, e b' polar de
B passando por B1 de b.
(A, A1) e (B, B1) são pares de pontos conjugados. Pelo teorema de Chasles, a polar de C
encontra c=AB num ponto de A 1B1=d, obrigatoriamente C1=c.d, que é o mesmo que dizer que
C é conjugado de C1.
Ficou assim provado que Se dois pares de vértices opostos de um quadri látero completo são
pares de pontos conjugados para uma dada polaridade, então o terceiro par de vértices
opostos é também um par de pontos conjugados pela mesma polaridade ,
resultado conhecido por teorema de Hesse.
1 4 . 6 . 1 2
Pentágono autopolar
Considere o pentágono de vértices A, B, C, D, E e
a correlação que transforma B em b=DE, C em
c=AE, D em d=AB e E em e=BC que também
transforma e=BC em b.c=E, CD=a em c.d=a, b=DE
em d.e=B e o ponto diagonal b.e=F na reta BE=f.
Esta correlação projetiva que transforma cada
vértice do triângulo FBE no seu lado oposto é uma
polaridade desde que transforme a em A, a saber
(FBE)(Aa).
56
Fica assim provado que a correlação projetiva que transforma quatro vértices de um
pentágono nos seus lados opostos é uma polaridade e transforma os restantes vértices nos
restantes lados.
Este pentágono em que cada um dos seus 5 vértice é polo do seu lado oposto é um
pentágono autopolar, para a polaridade acima especificada.
1 7 . 6 . 1 2
Homologia como produto de polaridades
A homologia de centro O e eixo o=JL que transformam A em A' e B em B' pode ser obtida
como produto de duas polaridades (OJL)(Ap) e (OJL)(A'p) em que p pode ser um reta
qualquer que não passe por qualquer dos vértices do triângulo ODF autopolar comum às duas
polaridades.
Para provar isso, basta ver que a homologia e a composta das duas polaridades transforma o
quadrângulo OJLA em OJLA'.
Os pontos O, J e L são pontos invariantes da homologia que transforma A em A' (B em B' e C
em C').
Pela polaridade (OJL)(Ap) seguida da polaridade (OJL)(A'p), OJLA→o'j´l 'p→OJLA' ou seja a
composta transforma OJLA em OJLA' . Lembra-se que uma polaridade (OJL)(Ap) transforma O
em o'=JL e esta o' em O,... e se transforma A em p e p em A, a polaridade (OJL)(A'p)
transforma JL em O (e O em JL)... como transforma p em A' (e A' em p)
É óbvio que esta construção (já várias vezes repetida...) e este raciocínio feito para provar
que uma homologia pode ser expressa como produto de duas polaridades não pode ser
estendido para a elação em que O incide sobre o.
Com outra construção, provaremos que uma colineação perspetiva (homologia ou elação) é
sempre um produto de duas polaridades
57
1 8 . 6 . 1 2
Uma colineação perspetiva é produto de duas polaridades
Na figura dinâmica abaixo, mostra-se uma col ineação perspetiva (homologia ou elação) com
centro em O e eixo o=CP que transforma A num outro ponto A' incidente na reta c=OA. C e P
são pontos arbitrários sobre o eixo o (que passa por O para o caso da col ineação ser uma
elação). Sejam B um ponto arbitrário de c=OA e p uma reta tirada por O que interseta AC e
A'C: Q=p.b=p.AC e Q'=p.b'=p.A'C.
Verificamos que aquela colineação perspetiva é a composta das duas polaridades
(ABC)(Pp) e (A'BC)(Pp)
De facto, a primeira polaridade (ABC)(Pp) transforma os quatro pontos A=b.c, P, O=c.p,
Q=b.p nas quatro retas a=BC, p, o=CP, BP. E a segunda polaridade (A'BC)(Pp) transforma
estas últimas retas em A'=b'c, P, O=c.p, Q'=b'.p
A composta das duas polaridades transforma o quadrângulo APOQ em A'POQ' que é a única
col ineação projetiva que transforma um quadrângulo noutro (considerados os lados e os
vértices por uma ordem determinada), como provámos anteriormente. Por ser única é a
col ineação perspetiva considerada inicialmente de centro O e eixo o que transforma A em A',
seja ela homologia ou elação.
Fica assim provado que
Qualquer colineação perspetiva pode ser obtida como produto de duas polaridades
2 0 . 6 . 1 2
Uma colineação projetiva é uma composta de duas polaridades
Na entrada anterior, ficou provado que qualquer colineação perspetiva pode ser obtida como
composta de duas polaridades. Vamos agora ver o que se passa com colineações projetivas
que não sejam perspetivas. Para obter uma colineação projetiva não perspetiva, usamos o
Modo Transformação do Cinderella e obviamente o teorema, antes demonstrado, que
garante a unicidade da colineação projetiva entre dois quadrângulos dada a ordem dos
58
vértices correspondentes.
No caso, a projetividade está bem definida por P→P',Q→Q', R→R' e S →S' (referida no botão
ao alto à direita que permite determinar imagens de pontos, retas ou figuras previamente
selecionados)
Por essa projetividade, obtivemos A' imagem de A, a' imagem de a que passa por A, a''
imagem de a' e a'' ' imagem de a''. Claro que A'∈a', bem como a imagem A'' de A' está sobre
a''.
A imagem de a.a''=B é a'.a'' '=B' e a imagem de a'.a''=C é a''.a'' '=C'.
Esta colineação projetiva transforma o quadrângulo AA'BC no quadrângulo A'A''B'C'.
E o mesmo faz a composta das polaridades (AA''B)(A'a') e (A'A''C)(Aa'' '):
Por (AA''B)(A'a') transforma-se A no seu lado oposto A''B=A''C=a'', A'' em AB=a, B em AA''
C=a'.a''em A'A e A' em a' e (A'A''C)(Aa'' ') transforma A''C=a'' em A' (seu vértice oposto),
A'C=a' em A'', A'A'' em a'' '.a'=B' e A'A em a''.a'' '=C'. Resumindo, a compo sta dessas duas
polaridades transforma AA'BC em A'A''B'C' tal como a col ineação projetiva, e por isso, já que
a col ineação projetiva que transforma um quadrângulo noutro (para uma dada ordem dos
vértices correspondentes) é única a composta das duas polarid ades é essa mesma col ineação
projetiva.
Uma colineação projetiva pode ser expressa como produto (ou composta) de duas polaridades
2 6 . 6 . 1 2
Notas sobre a involução projetiva (unidimensional)
Há várias referências à palavra involução e definição de involução (formulada em termos dos
conceitos não projetivos de distância e multiplicação aritmética) como uma relação entre
pares de pontos de uma reta cujas distâncias a um ponto fixo têm produto co nstante
(Desargues). Para exemplo, cl ique em Involução.
De um modo geral, designamos por involução qualquer transformação f que é inversa de si
própria, i .e., tal que
59
∀x∈D f, f(f(x)=x (ou f.f=id)
de que é exemplo mais evidente a Reflexão entre as transformações geométricas do plano,
para além da trivial identidade: id(x)=x. Lembre-se que o conjunto das reflexões munido da
composição não é um grupo, mas que qualquer isometria do plano se pode obter como
composta de reflexões.
Interessa-nos agora uma definição de involução como transformação da geometria projetiva.
Sem referência à palavra involução já foram usadas involuções na demonstração de teoremas
da geometria projetiva do plano.
Por exemplo, considerámos as projetivades entre duas pontuais sobre uma mesma reta (que
ficam definidas por 3 pares de pontos correspondentes).
Uma projetividade entre pontuais de uma reta r é uma involução se X→X' então X'→X ou
XX'→X'X, ∀X. (von Staudt)
Prova-se que:
Se uma projetividade permuta dois pontos distintos é uma involução.
Sejam A e A', distintos, tais que, por uma dada proj etividade, A é transformado em A' e A' é
transformado em A AA'→A'A. E seja X um ponto qualquer de AA' que, pela mesma
projetiviade, tem por imagem X'. Podemos esc rever
AA'X→A'AX'
Como já provámos, quatro pontos col ineares podem ser premutados aos pares po r uma
projetividade, ou seja, há uma projetividade para a qual
AA'XX'→A'AX'X
que permuta X com X' é a dada inicialmente, pois uma projetividade fica determinada quando
são dados três pontos e os seus correspondentes (Teorema fundamental da Geometria
Projetiva).
e, em consequência:
Uma involução fica determinada por quaisquer dois dos seus pares de pontos correspondentes
Quaisquer 4 pontos A, A', B, B' col ineares determinam um projetividade AA'B→A'AB' que
sabemos ser uma involução e que, de forma convenient e, representamos por
(AA')(BB') ou (A'A)(BB') ou (BB')(AA'), etc
notação que se mantém vál ida quando B'=B (B é um ponto duplo da involução). A
projetividade determinada por AA'B→A'AB é uma involução que se representa por (AA ')(BB).
Notas sobre involução - conjunto quadrangular
Tomemos o conjunto dos pontos de intersecção dos lados de um quadrângulo completo por
uma reta qualquer que não passe pelos seus vértices.
Na figura, a reta r interseta os lados do quadrângulo PQRS nos pontos A, B, C, D, E, F:
QR e PS são lados opostos que intersetam r em QR.r=D e PS.r=A
PR e QS são lados opostos que intersetam rm em PR.r=E e QS.r=B
QP e RS são lados opostos que intersetam r em RS.r=C e PQ.r=F
A (AD)(BE)(CF) chamámos conjunto quadrangular que é equivalente a afirma r que a
projetividade ABC→DEF é uma involução ou que ABCDEF→DEFABC
60
Os três pares de lados opostos do quadrângulo completo cortam qualquer reta que não passe
pelos vértices em três pares de uma involução. E reciprocamente, quaisquer três pontos
col ineares e os seus correspondentes por involução formam um conjunto quadrangular
Daqui se retira que a construção de F, sendo dados A, B, C, D, E, pode ser vista como a
determinação da imagem de E pela involução (AD)(BE).
27.6.12
Notas sobre involução - composta de involuções, pontos duplos e relação
harmónica
Qualquer projetividade entre pontuais sobre a mesma base pode ser expressa como composta
de duas involuções.
Seja a projetividade definida por ABC→A'B'C', em que nem A nem B são imagens de si
próprios. É óbvio que a composta das involuções (AB')(BA') e (A'B')(C'D) em que D é a
imagem de C por (AB')(BA').
Qualquer involução (entre
pontuais sobre uma
mesma reta) que tenha
um ponto duplo B(imagem
de si mesmo) tem um
outro ponto duplo A que é
o conjugado harmónico de
B relativamente a
qualquer par de pontos correspondentes distintos.
61
Já vimos antes que se uma projetividade tiver três pontos duplos é a identidade. Seja B um
ponto duplo de uma involução BCC'→BC'C ou (BB)(CC') e A o conjugado harmónico de B
relativamente a C e C', univocamente determinado. Pelo teorema fundamental da geometria
projetiva, há uma só projetividade que relaciona ABCC' com ABCC' que só pode ser a
involução dada.
C' é transformado de C pela involução (AA) (BB) e assim seria mesmo que C coincidisse com A
ou B, o que significa que
Qualquer ponto é conjugado harmónico de si mesmo relativamente a si mesmo e outro ponto
qualquer
Representações projetivamente corretas (paralelismo)
Na geometria do que se vê rea lmente (geometria projetiva), um dos aspetos interessantes
está na representação (projetivamente correta) das figuras. Como já abordámos antes,
tomando o que vemos quando olhamos os carris do comboio, o paralelismo de retas como
ausência de um ponto comum é antes a interseção das retas que à vista se intersetam num
ponto, ainda que esse ponto se afaste à medida que avançamos para ele (ponto no infinito ou
ponto do infinito comum a um conjunto de retas paralelas ou com a mesma direção). Dadas
duas retas quaisquer, elas encontram-se sempre num ponto.
No nosso estudo de geometria projetiva construímos representações interativas usando
algumas operações e relações tais como a incidência, l igar dois pontos (para uma reta),
intersetar retas (para um ponto). "As restantes operações geométricas (tais como medir
distâncias, calcular ângulos, criar perpendiculares) requerem um tratamento especial para
serem tratadas se o quisermos fazer projetivamente". Richter -Gebert no seu livro
"Perspectives on Projective Geometry" editado recentemente pela Springer, escreve isso, mas
escreve também que é possível e fácil modelar a operação de paralelismo da geometria
euclideana no quadro da geometria projetiva: desenhar uma paralela que passa por um
ponto. Vamos dar passos nesse sentido.
Na figura que se segue, à esquerda temos um paralelogramo ABCD tal como nos habituámos
a desenhá-lo em estudos da geometria eucl ideana. Para além dos vértices e dos lados, ainda
desenhamos as diagonais e medianas do paralelogramo. Nesta figura da e squerda, as retas
AB, FH, CD são paralelas. Dizemos que se intersetam num ponto do infinito, seja
AB.CD.FH=P∞. Do mesmo modo, AD, EG e BC se dizem paralelas ou que se encontram num
ponto do infinito, seja AD.BC.EG=Q∞. Claro que por dois pontos passa uma e uma só reta. A
uma reta que passa por pontos do infinito chamamos reta do infinito, no caso r ∞ =P∞Q∞.
62
Na figura da direita, tomamos quaisquer pontos ABCD para vértices, considerados por uma
certa ordem cíclica. Se ABCD for um paralelogramo, os lados opostos AB e CD são paralelos
AB.CD=P∞ e do mesmo modo, AD e BC se intersetam em Q ∞. Para os quatro pontos, vértices
de um quadrângulo que consideramos um paralelogramo, obtemos assim uma vísivel reta do
infinito r∞=P∞Q∞.
As restantes retas AC e BD são as diagonais do quadrângulo (que se intersetam no ponto M,
a que chamamos centro como para o paralelogramo euclideano), para além das retas MP ∞ e
MQ∞. E os pontos serão E= AB.MQ∞, F=BC.MP∞, G =CD.MQ∞, H= AD.MP∞.
Deste modo, obtivemos uma representação perspet ivamente correta do paralelogramo com
todos os pontos e retas que lhe associámos....
2.7.12
Uma transformação projetiva para ilustrar a representação
Na construção que se apresenta a seguir, definimos uma transformação projetiva entre o
quadrângulo ABCD (quadrado) e o quadrângulo A'B'C'D' (em apoio e esclarecimento da
entrada anterior). Como pode ver, um quadrado e um quadri látero qualquer são projetivos.
Acrescentámos, como curiosidade, outras figuras com pontos comuns aos lados do quadrado
e as figuras que resultam pela transformação projetiva que faz corresponder ABCD a A'B'C'D'
(única para esta ordem dos correspondentes). Verifica -se a manutenção das incidências. Pode
ver-se também a reta do infinito no quadri látero projetivamente relacionado com o quad rado.
Para verificar as
afirmações feitas
acima, pode deslocar
os pontos l ivres do
quadrado e qualquer
dos pontos do
quadri látero ao lado.
63
5.7.12
Representações de (AA)(BB)(CH∞) e notas a propósito
Na construção que apresentamos abaixo, temos duas representações diferentes de dois
quadri láteros completos de vértices PQRS cortados por uma reta h=AB em que A=QR.PS e
B=PR.QS
C= RS.h e PQ paralela a AB ou PQ.h=H∞.
Na figura da esquerda temos um feixe de retas concorrentes em R cortadas por duas
paralelas e em que S é o ponto de encontro das diagonais do trapézio AQPB e, por isso, RS
passa pelos pontos médios de PQ e AB.
Tem-se assim um processo para determinar o ponto médio de AB. É tambem método para
determinar segmentos geometricamente iguais .
Na figura da direita, temos uma representação projetivamente adequada da mesma situação
em que o ponto do infinito H∞ está à vista sobre h e as retas AB e PQ nele se intersetam. E
isso não significa mais do que estabelecer uma relação harmónica H(AB,CH ∞)
Podemos dizer que a construção da direita é a mesma que está à esquerda e isso quer dizer
que para um quadrilátero completo nas condições da figura se AB//PQ então C é o ponto
médio de AB ou C é o conjugado harmónico do ponto do infinito H ∞.
[Por analogia ao escrito anteriormente para segmentos geometricamente iguais , podemos
dizer que este é também um método para determinar sobre uma reta segmentos
projetivamente iguais].
Para A, B e H∞=PQ.AB, C é único. Se C é o ponto médio de AB, PQ e AB intersetam -se em
ponto do infinito.
Ou ainda se, na reta h, a A atribuirmos, por exemplo, uma abcissa 0 e a C a abcissa 1,então
B terá uma abcissa 2,...
64
9 . 7 . 1 2
Pontual de abcissas inteiras.
Na entrada anterior, vimos como se podem determinar pontos correspondentes a um número
inteiro, dados que fossem dois pontos a que se atribuissem as abcissas 0 e 1, usando um
quadri látero completo e a reta 01 passando pelas interseções dos lados opostos se m passar
por qualquer dos seus vértices. Os pontos 0 e 2 são separados harmonicamente pelos pontos
1 e ∞ : (00)(22)(1∞) é um quaterno harmónico em que 1 e ∞ são conjugados.
A construção que se segue, i lustra bem um processo de von Staudt para obter pontos
correspondentes aos números inteiros, conhecidos que sejam os pontos 0 e 1.
Toma-se um ponto P fora da reta 01 e por ele uma paralela a 01. Sobre a reta 0P tome -se um
ponto Q qualquer e, por ele, passe-se uma paralela a 01. A reta 1Q interseta a paralela
tirada por P em R.Em seguida tome-se a reta 1P e a sua interseção Q 1 com a reta paralela a
01 tirada por Q. O ponto 2 será a interseção de RQ 1 com 01.
O processo repete-se.
Em Geometria Projetiva as retas paralelas passam por um ponto Z ∞, marcado na figura que
se segue.
65
1 0 . 7 . 1 2
Adição
Os métodos antes apresentados para determinar pontos a que correspondem abcissas inteiras
sobre uma dada reta, permitem também determinar pontos correspondentes a somas de
abcissas de pontos dados. Na construção que se segue, tomamos um ponto 0 e dois pontos
que designamos por X e Y (x, y: abcissas) sobre uma reta. Tomamos um ponto P não
incidente em 0X e por ele tiramos uma paralela a 0X. Sobre esta, tomamos um ponto R. Por
Qx = OP.XR tiramos uma paralela a 0X e a inter seção, Qy, desta com YP. O ponto
correspondente a x+y estará sobre RQ y. Mostramos uma confirmação(?) da correção desta
determinação com valores das distâncias OX, OY e O(X+Y).
Projetivamente as retas paralelas intersetam-se todos no ponto Z∞.
1 1 . 7 . 1 2
Multiplicação
Na construção que se segue, tomamos os ponto 0, 1, x e y sobre uma reta. Tomamos depois
um ponto P não incidente em 01 e por ele tiramos uma paralela a 01. Sobre esta, tomamos
um ponto R. Sendo Q x = 0P.xR, podemos definir S=1Q x.PR.
E sendo Qy=0P.Sy, o ponto correspondente a xy é RQ y.01.
De facto, o feixe de centro Q x corta as paralelas 01 (em 0,1,x) e PR (em R, S, P), sendo
PS/01(=RS/1x)=PR/0x e, consequentemente, 0x=PR/PS. E o feixe centrado em Q y corta as
paralelas 01 (em 0, y, xy) e PR (em P, R, S), sendo PS/0y(=RS/y(xy))=PR/0(xy) e,
consequentemente, 0(xy)=(PR/PS).0y. Conclui -se pois que 0(xy)=0x.0y
Nestas considerações e na construção que as apoia, confundimos pontos com números
associados (a que chamámos abcissas). Por exemplo, 0,1 e x r epresentam pontos e também
66
as suas abcissas: 1 pode ser lido como a distância entre os pontos 0 e 1 e, com abuso de
linguagem, escrevemos 01=1, do mesmo modo x é a abcissa do ponto x que é a distância de
0 a x representada por 0x. Quando se escreve 0(xy)=xy, (xy) é um ponto de abcissa xy.
Projetivamente as retas paralelas intersetam-se num ponto Z∞.
1 4 . 7 . 1 2
Dividir x por n (n natural)
Na entrada anterior, apresentou-se o processo para determinar o ponto de abcissa xy,
conhecidos os pontos de abcissa 0, x e y. Esse processo é aliás em tudo análogo ao processo
que permitia determinar pontos de abcissa inteira, conhecidos os pontos de abcissas 0 e 1.
O processo para determinar um ponto de abcissa 1/n (ou x/n) com n natural, conhecidos os
pontos de abcissas 0, 1 parte sempre da determinação dos pontos de abcissa 2, 3, 4, ..., n
(ou 2x, 3x, ..., nx)
. No caso da construção que segue como exemplo, faz -se a divisão por 3, determinando os
pontos de abcissas 1/3 e 2/3. Essa construção começa com a determinação do s pontos 2 e 3,
dados os pontos 0 e 1, uti l izando 0, 1, P, R, 1'=0P.1R e as paralelas a 01, tiradas por P (PR)
e por 1'.
Agora tomam-se os pontos 1', 2''=2R.0P, 3''=3R.0P, Q=PR.13''. E ficam assim determinados
os pontos de abcissas 1/3 e 2/3: 1/3=Q1'.01, 2/3=Q2''.01.
67
Projetivamente as retas paralelas intersetam-se num ponto Z∞.
1 6 . 7 . 1 2
Dividir x por y
Na anterior entrada tratámos da determinação dos pontos de abcissas 1/n (n natural)
conhecidos que fossem os pontos 0 e 1.
Nesta entrada, nas construções apresentadas (euclideana e projetiva correspondente)
apresenta-se o processo de determinação do ponto de abcissa x/y conhecidos os pontos 0, 1,
x, y.
Dados 0,1, x e y col ineares, começa-se por tomar um ponto P qualquer fora da reta 01. Por P
tira-se uma reta paralela a 01. E sobre ela, toma-se o ponto R qualquer. D=0P.1R. Para
determinar o ponto x/y, define-se M=yR.0P. Define-se S=xM.PR e finalmente o ponto x/y é
x/y=SD.xy
Do feixe centrado em D cortado pelas retas paralelas 01 e PR, tira -se que 0(x/y)/PS=01/PR
e, do feixe centrado em M cortado pelas mesmas paralelas tira -se que 0y/PR=0x/PS. Da
primeira e segunda igualdades conclui -se que PS/PR=0(x/y)=0x/0y
Pode deslocar os pontos x e y e ver o que acontece quando x=0, x=y, x=1, y=0, y=x/y, etc
68
Projetivamente as retas paralelas intersetam-se num ponto Z∞.
1 7 . 7 . 1 2
Subtrair
Temos vindo a apresentar construções em que se determinam pontos cujas abcissas são
resultados de operações sobre as abcissas de outros pontos dados. Faltava a determinação
do ponto de abcissa x-y sobre a reta de que são dados os pontos de abcissas 0, x e y. Aqui
ficam as construções.
Dados os pontos 0, x, y determinamos o ponto de abcissa x -y seguindo um procedimento
apoiado na construção da soma, já que y+x-y=x.
Por um ponto P exterior à reta xy tiramos uma paralela a xy e, sobre esta, tomamos um
segundo ponto R. Pelo ponto Q y=0P.yR tiramos uma paralela a xy e determinamos sobre ela o
ponto Qx de xR. O ponto de abcissa x-y será PQx.xy
Pode deslocar os pontos x ou y verificando o que acontece quando x=y, x=0, y=0, x à
esquerda de y, y=x-y, etc
69
Projetivamente as retas paralelas intersetam-se num ponto Z∞.
2 4 . 7 . 1 2
Razões de diferenças. Razão cruzada.
Nas últimas entradas, associámos pontos de uma reta a números (suas abcissas) e
estabelecemos construções (relações estabelecidas entre pontos e retas) que permitiram
determinar pontos cujas abcissas eram resultados de operações sobre números, abcissas de
pontos dados.
Para estas correspondências entre pontos de uma reta e números soc orremo-nos sempre de
alguns pontos particulares, depois de termos equipado a reta com uma dada orientação
(sentido na reta).
De forma simples, se fizermos corresponder ao ponto A a abcissa a=x A e a B a abcissa b=xB,
a orientação escolhida será de A para B se a distância euclideana em sentido direto entre A e
B for xB-xA=|AB. De resto escrevemos BA=-AB já que quando tomamos o sentido de A para B
sobre a reta AB, AB=xB -xA= b-a=-(a-b)=-(xA-xB)=-BA. (segmentos orientados...)
A construção que se segue pretende i lustrar as considerações que antes fizemos, para além
de introduzir a "razão de razões" ou "razão cruzada" que goza de propriedades interessantes
intrínsecas e vinculando os seus valores a relações projetivas que se estabeleçam entre
pontos e entre retas ou entre pontos e retas.
Tomam-se quatro pontos A, B, C, D sobre uma reta e define -se a razão das razões entre
diferenças de abcissas. Pode deslocar os pontos para ver o que acontece às diferenças e às
razões.
70
1 . 8 . 1 2
Razão cruzada: Propriedades elementares
71
Razão cruzada de um feixe de 4 retas
A "razão cruzada" (ou razão de razões de diferenças) de quatro pontos incidentes numa
mesma reta que temos vindo a estabelecer mantém-se por projetividade. É, por isso, muito
importante em Geometria Projetiva e há autores que usam a "razão cruzada" para definir
projetividade como a transformação geométrica pela qual a razão cruzada se mantém
invariante. Não foi a definição adoptada nestas notas de estudo que temos vindo a publicar.
Não vamos provar essa afirmação. Limitar -nos-emos a i lustrá-la e a pedir que a aceitem a
partir das ilustrações que a permitem conjeturar.
Como é habitual em Geometria Projetiva, verificamos a dualidade em cada conceito e, por
isso, vamos ver(ificar) que há uma razão cruzada de quatro retas a incidir num mesmo
ponto.
A construção seguinte apresenta quatro retas incidentes em O (um feixe) cortadas por uma
reta r que não passa por O. Poderá deslocar a reta r e verii fcar que a razão cruzada dos
quadros pontos da secção por r do feixe não depende da reta r. Podemos, por isso, assimilar
esta razão invariante como caraterística do feixe.
72
3 . 8 . 1 2
Invariância da razão cruzada por perspetividade
A construção da entrada anterior também sugere (ou, ao contrário, decorre d)a verificação
da invariância da razão cruzada por uma perspetividade de centro O.
A construção que se apresenta ilustra isso mesmo. A razão cruzada dos quatro pontos
A,B,C,D, sobre r, é a mesma razão para os quatro pontos A', B', C', D', sobre s, obtidos como
transformados de A, B, C, D pela perspetividade de centro O.
Pode deslocar os pontos O, A, B, C, D e também r e s para ver(ific ar) esse resultado.
5 . 8 . 1 2
Invariância da razão quadrada por projetividade
A construção que se segue pretende demonstrar que a razão cruzada de 4 pontos A, B, C, D
de r é a mesma para os 4 pontos A', B' C', D' de s, sendo estes os transformados dos
primeiros por uma projetividade.
Com os três pares (A,A'), (B,B') e (C,C') definimos duas perspetividades - uma de centro em
A e outra de centro em A'- e o eixo de projetivade que passa pelos pontos AB'.A'B=J e
AC'.A'C=K. Para o quarto ponto D, qualquer de r, bastará tomar L=A'D.JK e será D'=AL.s
Esta dupla de perspetividades e o eixo - reta que dois feixes perspetivos definem - garantem
a projetividade ABCD ↔ A'B'C'D' (como composta das duas perspetividades ABCD→A ' IJKL→A '
A'B'C'D') e, claro, garantem a igualdade das razões cruzadas
(A,B;C,D)=(I,J;K,L)=(A',B';C',D'),tomando com certas as afirmações das entradas anteriores.
73
8 . 8 . 1 2
Da relação harmónica à respetiva razão harmónica
Abordámos a noção de relação harmónica entre quatro pontos col ineares tomados dois a dois.
Nestas notas de estudo que estamos a seguir, considerámos em primeiro lugar o quadrângulo
completo: 4 pontos P,Q, R e S (vértices) e 6 retas por cada par de vértices (lados), PR, QS,
QR, PS, PQ e RS. Os pontos assinalados a castanho resultam da intersecção de lados opostos
PR.QS, QR.PS, PQ.RS e são chamados pontos diagonais que formam o triângulo diagonal.
Tomamos uma reta r que não passe por qualquer vértice do quadrângulo completo PQRS. À
pontual de base r obtida por secção do quadrângulo chamámos conjunto quadrangular que
tem no máximo 6 pontos (DA)(BE)(CF) organizados em pares de pontos resultantes das
intersecções, por r, de lados opostos do quadrângulo.
Na construção que se segue, só com régua, o conjunto quadrangular que representamos por
Q(ABC, DEF) ou por (AD)(BE)(CF) é obtido como secção por uma reta r que, para além de
não passar por qualquer vértice, também não passa por qualquer dos 3 pontos diagonais.
Apl icando uma qualquer permutação ABC e a mesma a DEF, vimos que (AD)(BE)(CF) tem o
mesmo significado que (BE)(AD)(CF). Do mesmo modo, podemos concluir que (AD)(BE)(CF) é
equivalente a (AD)(EB)(FC), (DA)(BE)(FC) ou (DA)(EB)(CF)
Demonstra-se que qualquer dos pontos de um conjunto quadrangular é determ inado
univocamente pelos restantes, isto é, fixados A, B, C, D, E, sobre uma reta r, há um só F de
modo a obtermos um conjunto quadrangular Q(ABC, DEF).
74
Claro que um conjunto quadrangular pode ter menos de 6 elementos; terá 5 se a reta r
passar por um ponto diagonal e 4 se a reta r passar por dois pontos diagonais do
quadrângulo que é o que i lustra a construção seguinte.
Nesta construção o conjunto quadrangular pode ser descrito por (AA)(BB)(CD). Este caso
particular de conjunto quadrangular toma o nome de conjunto harmónico e representa-se (a
relação harmónica estabelecida) por H(AB, CD) que terá o mesmo significado que H(BA, CD)
ou H(AB,DC) ou H(BA, DC) no sentido de que A e B são dois pontos diagonais do
quadrângulo, enquanto C e D incidem nos lados do quadrângulo que passam pelo terceiro
ponto diagonal.
Dizemos que D é o conjugado harmónico de C relativamente a A e B. E prova -se que D fica
determinado por A, B e C como ponto único para a relação H(AB,CD) e que se forem distintos
A, B e C da relação harmónica H(AB,CD) então C é distinto de D. Prova -se também que a
relação harmónica H(AB,CD) implica H(CD,AB).
A todas as relações harmónicas, estabelecidas usando quadrângulos, corresponderá um único
valor de razão cruzada, a saber (A,B;C,D)=(a,b;c,d)=-1 Em outras entradas, de há uns anos,
usámos uma definição baseada na razão harmónica. Mais ou menos assim: Dois pares de
pontos (a,b) e (c,d) estão em posições harmónicas ou separam-se harmonicamente um
relativamente a outro quando a razão cruzada (a,b;c,d) é -1.
75
1 1 . 8 . 1 2
Duas determinações da razão cruzada de 4 posições harmónicas
Primeira.
Na entrada anterior, concluíamos com a afirmação de que se entre os pontos A, B, C e D
col ineares se estabelecesse uma relação harmónica, então a razão cruzada (a,b;c,d) seria -1.
Este facto decorre do anterior resultado sobre permutações de pontos e de ra zões cruzadas
que relembramos agora as que nos interessam para calcular a razão cruzada de quatro
pontos em relação harmónica :
(a,b;c,d)=(b,a;d,c)=(c,d;a,b)=(d,c;b,a)
e os equivalentes resultados com conjuntos harmónicos H(AB, CD) sse H(BA, DC) sse
H(CD,AB) sse H(DC,BA)
(a,b;c,d)=1/(a,b;c,d)
sendo que, para o caso das relações harmónicas, se provou que H(AB,CD) sse
H(AB,DC), obrigando
(a,b;c,d)=(a,b;d,c) e, portanto, (a,b;c,d).(a,b;c,d)=1 e, em consequência,
(a,b;c,d)=1 ou (a,b;c,d)=-1.
Para pares (a,b) e (c,d) em posições harmónicas em que a é distinto de b e c é
distinto de d, como c-b e d-b são de sinais diferentes a razão (a,b;c,d) não pode ser
positiva e só resta ser (a,b;c,d)=-1.
Assim é natural dizermos que a razão cruzada (a,b;c,d)= -1 é a razão harmónica e às razões
cruzadas diferentes de -1 chamamos razões anarmónicas.
Segunda.
Para a construção que se segue, tomamos 3 pontos col ineares A, B, C sobre uma mesma reta.
Para determinar um conjunto harmónico de que esses três pontos sejam elementos, tomámos
um ponto auxi l iar O e traçamos AO, BO e CO. Sobre CO tomamos um novo ponto auxi liar P e
traçamos AP e BP. A'=AO.BP e B'=BO.AP. O quarto ponto D do conjunto harmónico é
AB.A'B'=D. A e B são pontos diagonais de A'PB'O, C e D são pontos de AB dos lados opostos
do quadrângulo OP e A'B'.
Pretendemos ilustrar que quaisquer escolhas para O e P dão sempre o mesmo D e ver como a
relação harmónica se mantémm por permutação dos elementos de um dos pares do quaterno,
e tem como consequência o valor -1 para a razão cruzada correspondente.
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O ponto O pode ser tomado como centro de uma perspetividade que transforma ABCD em
A'B'C'D. Por isso, (a,b;c,d)=(a',b';c',d'). De modo análogo, P é o centro de uma
perspetividade que transforma A'B'C'D em BACD e, po r isso, (a',b';c',d)=(b,a;c,d). Conclui -se
finalmente que (a,b;c,d)=(b,a;c,d). E, como (b,a;c,d)=1/(a,b;c,d), (a,b;c,d)= -1.