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Marcopolo inova a concepção dos ônibus rodoviários Em Brasília, seminário formula sugestões para aperfeiçoamento do setor de transporte rodoviário de passageiros JUNHO/2009 ANO 14 Nº 57 GERAÇÃO 7

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Marcopolo inovaa concepção dos

ônibus rodoviários

Em Brasília, seminário formula sugestões

para aperfeiçoamento do setor de

transporte rodoviário de passageirosJUNHO/2009 ANO 14 Nº 57

GERAÇÃO 7

Paradiso 1200

De um dos mais modernos centros de desenvolvimento e produção de veículos para transporte coletivo de passageiros foi concebida a Geração 7 da Marcopolo. Muito mais que uma nova geração, a Marcopolo lança um novo conceito que inova caminhos para passageiros, motoristas e frotistas. Os detalhes evolucionários são impressionantes em todos os aspectos. Representa um grande avanço no universo do design, aerodinâmica, identidade, originalidade, segurança, robustez e acessibilidade. Tudo isso com menor custo operacional. Do ponto de vista técnico, é um projeto inteiramente novo que priorizou o prazer de viajar. A Geração 7 incorpora a paixão pela superação e evolução nos caminhos do futuro.

Paradiso 1050

Viaggio 1050Viaggio 900

marcopolo.com.br

B E M - V I N D O A O F U T U R O , H O J E .

umárioS

16

26O presidente da ABRATI, Renan Chieppe, dirige-se aos participantes do

seminário sobre a experiência brasileira em transporte de passageiros,

realizado pela Associação em conjunto com o jornal Valor Econômico.

Foram apresentadas sugestões e propostas para subsidiar os estudos da

ANTT visando à realização de futuras licitações de linhas rodoviárias.

Em agosto começam a sair das linhas de produção da Marcopolo os ônibus rodoviários da nova Geração 7. Além do design inovador, os veículos incorporam numerosos avanços tecnológicos até aqui não disponíveis nos veículos da categoria.

42A Viação Motta,

de Presidente

Prudente, faz

da renovação

contínua um

instrumento

para aperfeiçoar

o transporte de

passageiros.

38

34

10

A Expresso Guanabara,

de Fortaleza,

utiliza cada vez mais

as modernas

tecnologias para elevar

o padrão de qualidade

de seus serviços.

Falta de regras claras

para o setor de transporte

de passageiros provoca

retração no mercado de

ônibus rodoviários.

Criada e mantida pelo Grupo

Santa Cruz, de Mogi Mirim (SP),

a Instituição de Incentivo à

Criança e ao Adolescente — ICA

— desenvolve junto a crianças,

adolescentes e jovens carentes

projetos nas áreas educacional,

cultural e social. Um dos projetos

é o Trupe Sofia, que aperfeiçoa

em jovens talentos as atividades

de circo, teatro e dança.

LEIA MAIS:

Cartas.................................... 6

Carta do Presidente .............. 7

Bagageiro ............................. 8

Opinião ............................... 46

6 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

A Revista ABRATI é uma publicação da

Associação Brasileira das Empresas de

Transporte Terrestre de Passageiros

Editor Responsável

Ciro Marcos Rosa

Produção, edição e editoração eletrônica

Plá Comunicação – Brasília

Editor Executivo

Nélio Lima – MTb 7903

Impressão

Gráfica e Editora Athalaia – Brasília

Foto da capa

Julio Soares/Objetiva/Divulgação

Esta revista pode ser acessada via

internet: http://www.abrati.org.br

Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre

de Passageiros

artasC

Presidente Renan Chieppe

Vice-PresidentePaulo Alencar Porto Lima Diretor Administrativo-FinanceiroCláudio Nelson C. Rodrigues de Abreu

DiretoresAbrão Abdo Izacc, Carlos Alberto de O. Medeiros, Francisco Tude de Melo Neto, José Augusto Pinheiro, José Paulo Garcia Pedriali, Letícia Sampaio Pineschi, Paulo Humberto Naves Gonçalves, Ronaldo César Fassarella, Sandoval Caramori,Telmo Joaquim Nunes e Washington Peixoto Coura.

Superintendente José Luiz SantolinSecretário-GeralCarlos Augusto Faria FéresAssessoria da PresidênciaCiro Marcos Rosa

SAUS Quadra 1 - Bloco J - Edifício CNT Torre A – 8º andar - Entrada 10/20 CEP: 70.070–944Brasília - Distrito Federal

Telefone: (061) 3322-2004Fax: (061) 3322-2058/3322-2022E-mail: [email protected]: http://www.abrati.org.br

MarcopoloMuito boa a edição de nº 56. Des-

taco as seis páginas sobre a Planalto,

de Santa Maria, cujo fundador, José

Moacyr Teixeira, construiu uma espe-

tacular história no setor de transporte

brasileiro e segue recebendo não só

a nossa admiração como a de todos

os que têm o privilégio de conhecê-lo.

Também agradeço o belo texto (págs.

28 a 35) “Marcopolo 60 anos muito

criativos”, contando em detalhes o

que fizemos nestas seis décadas e

incluindo fotos de 1949 até os dias de

hoje, que mostram a evolução de nos-

sos produtos. Ficamos imensamente

honrados em receber a homenagem

da Revista ABRATI.

Valter Gomes Pinto

Diretor — Marcopolo S/A

CAXIAS DO SUL - RS

Planalto IÉ com muita satisfação que man-

do este e-mail à Revista ABRATI para

parabenizá-los pela ótima matéria so-

bre os 60 anos de uma empresa que

deu um salto de qualidade de serviços

aos seus clientes. Atendimento aos

usuários sempre em primeiro lugar

com conforto e qualidade. Parabéns,

Planalto! Gostaria muito de ler ainda

nesta revista materias referentes às

empresas Viação Motta e Real Norte.

Elas estão sempre à frente em bom

atendimento na Região Centro-Oeste,

principalmente nos estados de Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul.

Ismael Ribeiro de Souza

TRÊS LAGOAS – MS

Planalto IIO que mais me impressiona na

história da Planalto é a simplicidade

dos donos. E parece que eles sabem

passar isso para a empresa e ensinar

aos seus empregados. Os passageiros

são tratados com toda educação e com

aquele jeito de gente do interior, de

gente que gosta da terra onde nasceu.

Eles sabem o que é ser gaúcho, dão a

nós e às nossas coisas a importância

que merecemos. E faz tempo que a

Planalto é assim. Acho até que esse é

um dos segredos do seu sucesso.

Elpídio Ramos

TUPANCIRETÃ – RS

AntigosVenho deixar uma sugestão de

pauta. Gostaria de ver publicada uma

matéria especial sobre os modelos

Ciferal-Scania Dinossauro I e II (Dino),

CMA-Scania Flecha Azul I ao VIII e

CMA-Scania Estrelões ou Cometões.

São modelos de carros que não há

empresário ou busólogo que não co-

nheça ou não tenha ouvido falar deles.

Basta falar em Viação Cometa que já

se tem a imagem desses modelos

maravilhosos.

Ademir Guendi Hashimoto

SÃO PAULO – SP

LicitaçõesA Agência dos Transportes pre-

cisa dar uma garantia para nós que

viajamos nos ônibus interestaduais.

E a garantia é a seguinte: o serviço

dos ônibus é de boa qualidade, então

depois da licitação tem que ser melhor

ainda. Não duvido da capacidade dos

empresários brasileiros, mas duvido

que alguma empresa nova faça me-

lhor. Entrar na licitação pode até ser

fácil, difícil é entrar no serviço com

competência. Eu também quero dizer

que o governo precisa dar garantia

de melhorar as nossas rodoviárias,

que deixam a gente até com vergonha

quando vai receber um parente que

desembarcou do ônibus.

Cláudio Altamir Barcellos

BARREIRAS – BA

arta do PresidenteC

Debatendo o futuro

Em muito boa hora a ABRATI se associou ao jornal Valor Econômico para

realizar em Brasília o seminário “A experiência brasileira em transporte de pas-

sageiros”. O encontro reuniu conhecidos especialistas em transporte rodoviário

de passageiros, além de empresários do setor, tributaristas e representantes

dos trabalhadores, usuários, montadoras e encarroçadoras. Os participantes, a

partir de sua valiosa experiência do assunto, debateram com grande interesse a

atualidade e o futuro desse importante modal.

Um dos principais objetivos do encontro foi a apresentação de sugestões que

pudessem contribuir para o aperfeiçoamento dos estudos ora empreendidos pela

Agência Nacional de Transportes Terrestres visando ao leilão de todas as linhas

hoje operadas pelas empresas permissionárias regulares.

Um rápido balanço dos trabalhos é suficiente para mostrar o acerto da iniciativa

e a alta qualidade das intervenções, voltadas, todas, à valorização de um setor

que, por tanto tempo, tem prestado inestimáveis serviços aos brasileiros e ao

processo de desenvolvimento do País.

Um aspecto, sobretudo, parece ter sensibilizado a todos quantos participaram

do seminário: o de que o transporte rodoviário de passageiros é um bem conquis-

tado por todos os brasileiros; sendo assim, requer longa e minuciosa ponderação

toda e qualquer medida de governo que possa afetar-lhe a estrutura edificada ao

longo de décadas.

Sabemos que a iniciativa da ANTT deve-se a imperativo legal e concordamos com

ela, na medida em que conhecemos o pensamento dos gestores daquele órgão;

reconhecemos que tudo o que está sendo feito tem como premissa o aperfeiçoa-

mento do sistema de transporte rodoviário interestadual de passageiros.

No processo em curso, a ABRATI tem procurado contribuir permanentemente

com a ANTT, inclusive com o envio de farta documentação produzida por consulto-

rias especialmente contratadas, nas quais procuramos demonstrar, com provas

cabais, algumas divergências ou inconsistências constatadas na fase inicial do

procedimento.

Ao fazê-lo, despendendo recursos e tempo preciosos, a ABRATI buscou apenas

colaborar para que a modelagem final a ser adotada nos leilões seja efetivamente

aperfeiçoada e possibilite que o novo desenho do sistema a ser posto em prática

mantenha a qualidade do atual e até mesmo o melhore.

Em função disso, também apresentamos sugestões para o estabelecimento

de normas de habilitação e capacitação de empresas participantes. É preciso que

o candidato a prestador do serviço comprove sua real capacidade e habilitação

para prestar esse importante serviço à população.

Creio não caber discussão quanto ao fato de que, hoje, as empresas operam

com alto nível de qualidade, conhecem profundamente a operação e sabem da

necessidade de manterem e melhorarem cada vez mais os seus serviços.

Júlio

Fer

nand

es

Um aspecto, sobretudo, parece ter sensibilizado

a todos quantos participaram do

seminário: o de que o transporte rodoviário

é um bem conquistado por todos os brasileiros;

sendo assim, requer longa e minuciosa ponderação toda e qualquer medida de governo que possa

afetar-lhe a estrutura edificada ao longo

de décadas.

Renan Chieppe

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 7

8 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

B A G A G E I R O

HOMENAGEM

O SETOR DE TRANSPORTE RECEBE MINISTRO DA COREIA DO SUL EM BRASÍLIA

HUMANIZAÇÃO

CAIO FORMA PARA O TRABALHO E A CIDADANIA

O setor brasileiro de transporte recebeu em Brasília

o ministro dos Transportes da Coreia do Sul,

Jong-Hwan Chung. O presidente da ABRATI, Renan Chieppe,

participou de almoço em homenagem ao visitante, a que

compareceram o ministro dos Transportes do Brasil, Alfredo

Nascimento, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o

presidente da CNT, Clésio Andrade, o secretário Executivo

do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, além

de outras autoridades e empresários.

Da esquerda para a direita: Luciano Coutinho, presidente do BNDES;

Ministro Jong-Hwan Chung; Clésio Andrade, presidente da CNT; Paulo

Sérgio Passos, secretário executivo do Ministério dos Transportes;

Renan Chieppe, presidente da ABRATI.

Ivo Borges de Lima

GRUPO ITAPEMIRIM POSSE

ITENS DE SEGURANÇA EM BILHETES

ASSUME NOVO INTEGRANTE DA DIRETORIA DA ANTT

A Caio Induscar promoveu a

quinta formatura do Programa

de Humanização na Empresa

— Cidadão Juvenil, que atua

no desenvolvimento pessoal e

profissional de jovens entre 15

e 17 anos (filhos ou irmãos de

colaboradores). No programa, os

jovens recebem noções sobre as

áreas de atuação profissional,

comportamento profissional

e pessoal e sobre o funciona-

mento de uma empresa. Eles

assistem a palestras em en-

contros semanais na empresa.

Das cinco turmas formadas até

agora (147 participantes), a Caio

Induscar contratou 75 jovens.

Nomeado pelo

presidente da República,

Ivo Borges de Lima

tomou posse como

membro da Diretoria

da Agência Nacional de

Transportes Terrestres.

Foi assim completada a

composição do quadro

de diretores da ANTT. O

mandato do novo diretor

se estenderá até o dia 18

de fevereiro de 2013.

Júlio

Fer

nand

es

A Gráfica e Editora Itabira,

do Grupo Itapemirim,

especializada na confecção

de bilhetes de passagens,

está ampliando suas

operações para todo o

território nacional.

A experiência acumulada

em vários anos propiciou

o desenvolvimento de

produtos e procedimentos

que reduzem

substancialmente a

possibilidade de fraudes

em passagens rodoviárias

municipais, intermunicipais

e interestaduais. Agora, o

objetivo é oferecer essa

mesma solução, já testada

e aprovada, a outras

empresas de transporte

de passageiros de todo o

País. Informações no site

www.itabira.com.br ou por

telefone (0800 704 2480).

REVISTA ABRATI, JUNHO 2006REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 9

RECONHECIMENTOMEIO AMBIENTE

COMEMORAÇÃO

FIERGS ATRIBUI A VALTER GOMES PINTO O PRÊMIO MÉRITO INDUSTRIAL 2009

MERCEDES-BENZ USA ALTA TECNOLOGIA NA PINTURA DE CHASSIS DE ÔNIBUS

HÁ 50 ANOS A SCANIA PRODUZIA SEUS PRIMEIROS MOTORES NO BRASIL

O empresário Valter Gomes

Pinto, Diretor e Conselheiro

de Administração da

Marcopolo, recebeu o

prêmio Mérito Industrial

2009, concedido

pela Federação das

Indústrias do Rio Grande

do Sul (Fiergs). O

executivo foi nomeado

pela sua atuação em

atividades empresariais,

principalmente no setor

automobilístico e de

transporte, e também por

sua forte participação

nos projetos sociais da

comunidade. Valter Gomes

Pinto considerou que a

escolha de um executivo

da Marcopolo destacou a

importância da empresa

no desenvolvimento e

produção de veículos com

Obj

etiv

a

alta tecnologia e qualidade.

“O Mérito Industrial é um

dos principais prêmios

do Rio Grande do Sul.

Receber este importante

reconhecimento no

momento de comemoração

dos 60 anos da Marcopolo,

o torna ainda mais especial

para nós”, comentou o

executivo.

Valter Gomes Pinto: atuação

empresarial e social.

VISITA

VIAÇÃO CIDADE DO AÇO RECEBE SÉRGIO CABRAL

O governador do Estado

do Rio de Janeiro, Sérgio

Cabral, visitou as instala-

ções do Parque Rodoviá-

rio da Viação Cidade do

Aço, localizado ao lado

da Via Dutra, em Barra

Mansa, Rio de Janeiro.

Foi recebido por Abelmar

Curvello, acionista da

empresa, e por Joel Ro-

drigues, diretor Executivo.

Na foto, da esquerda para

a direita, Rogério Onofre,

presidente do Detro-Rio, o

governador Sérgio Cabral,

Joel Rodrigues e Abelmar

Curvello.

A Mercedes-Benz

vem utilizando

pintura hidrossolúvel

bicomponente, com

o emprego de tinta e

catalisador à base de água,

nos chassis para ônibus de

sua produção em

São Bernardo do

Campo. O sistema

reduz o impacto

ambiental causado

pela operação e

assegura maior

aderência da tinta

à superfície de aço

do chassi, com

maior proteção

contra a corrosão.

Uma das vantagens é a

redução em até 90% das

emissões de solventes na

atmosfera.

A montadora também

passou a utilizar um novo

sistema de fosfatização.

A primeira unidade de

produção da Scania fora

da Suécia foi implantada

no Brasil há 50 anos, em

1959. Ficava no bairro

do Ipiranga, na cidade de

São Paulo, e produzia nos

primeiros tempos o modelo

D10, com seis cilindros e

potência de 165 HP. No fim

de 1962, as instalações

foram transferidas para a

cidade de São Bernardo

do Campo. Hoje, o Brasil

abriga uma das quatro

principais unidades

completas de produção

da Scania. A foto abaixo

mostra a apresentação do

primeiro motor.

erceiro setorT

O ICA e sua ação transformadoraCriado há 12 anos pelo Grupo Santa Cruz, o ICA — Instituição de Incentivo à Criança e ao Adolescente

—, iniciou em 2009 uma etapa ainda mais desafiadora de suas atividades: a de, até 2013, alcançar

ainda mais crianças e jovens de Mogi Mirim (SP), trabalhando para que suas realidades sociais sejam

transformadas a partir de uma atuação positiva, dentro da perspectiva de construção de um mundo

melhor, alicerçado na verdade, no bem e no belo.

C riado e apoiado pelo Grupo Santa

Cruz (Viação Santa Cruz, Expresso

Cristália e Viação Nasser) e também

por inúmeras instituições, redes so-

ciais, fundações, escolas, parceiros

governamentais e não governamentais,

o ICA desenvolve diversos projetos nas

áreas educacional, cultural e social,

tendo como carro-chefe de suas ações

o Programa Carpe Diem. Além dele,

são implementadas numerosas outras

iniciativas complementares. O ICA

procura desenvolver em crianças, ado-

lescentes e jovens que se encontrem

em situação de vulnerabilidade social

a consciência da realidade e de suas

potencialidades através do aprimora-

mento moral, ético e de cidadania.

Busca, ainda, criar oportunidades de

atuação positiva na sociedade. As ati-

vidades da instituição estão pautadas

nos valores da ética, solidariedade,

respeito, determinação, fé, responsa-

bilidade e transparência.

Com o projeto “Acorde”, o ICA promove ações e atividades permanentes

voltadas à especialização musicalde crianças e adolescentes.

10 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

Na parte educacional, o ICA man-

tém o projeto “Espiral da Leitura”,

focado em ações de incentivo à leitura

no município. Na parte cultural, são

três projetos: o “Acorde” intensifica as

atividades de Especialização Musical;

o Trupe Sofia aperfeiçoa em jovens

talentos as atividades de circo, teatro

e dança; e o “Quintal Cultural” abre

gratuitamente o espaço físico do ICA

à população para apresentações de

grupos artísticos da cidade e região.

A atuação na parte social se

concretiza por meio de outros três

projetos: “Ícaro”, que oferece cursos

gratuitos na área metal-mecânica para

maiores de 14 anos (o ICA também se

preocupa com a inserção, no mercado

de trabalho, dos jovens com mais de

16 anos de idade); “Menina Mulher”,

que incentiva e orienta o desenvol-

vimento afetivo e a saúde sexual de

adolescentes entre 13 e 18 anos; e

“Asas”, que busca garantir a igualdade

de oportunidades para deficientes, por

meio de ações voltadas à capacitação

profissional.

Não só para manter todos esses

projetos, como para criar e desenvolver

outros, o ICA vem utilizando, de forma

sistemática, algumas ferramentas de

captação de recursos. Por meio de

parcerias, mantém estreitos laços com

empresas da cidade e região. Também

recorre a leis de renúncia fiscal e parti-

cipa de ações e instituições nacionais,

a exemplo do Criança Esperança,

Instituto HSBC Solidariedade e Abrinq,

entre outras.

COORDENAÇÕES

A administração do ICA está es-

truturada em três grandes núcleos:

Administração e Finanças, Sócio-

Educativo e de Relações com a Comu-

nidade. Cada um desses núcleos tem

coordenações específicas conforme a

demanda da área. São exemplos as

coordenações Educacional, Cultural e

Social, voltadas à execução dos proje-

tos, e as coordenações Administrativa

e de Comunicação, voltadas ao geren-

ciamento financeiro e da equipe de

colaboradores, bem como a captação

de recursos e consolidação da imagem

do ICA. Os três núcleos reportam-se à

Coordenação Geral que, por sua vez,

reporta-se à Diretoria.

Os projetos do ICA são desenvolvi-

dos de forma sistemática e continua-

da, na cidade de Mogi Mirim. Indicado-

res de rendimento escolar mostram o

progresso alcançado pelas crianças e

adolescentes que frequentam a organi-

zação: elas se mostram mais críticas,

sensíveis, responsáveis e conscientes

de seu papel na sociedade.

São atendidas diretamente 200

crianças e adolescentes entre 10 e 18

anos. Todas almoçam na instituição

e têm um horário livre para fazer as

lições de casa.

A nova sede do ICA está sendo

construí da; quando ficar pronta, será

possível suprir uma demanda repri-

mida estimada em 100 crianças por

ano, inclusive desenvolvendo ações

em bairros de Mogi Mirim.

O trabalho da instituição foi pre-

miado em vários momentos desde sua

fundação. Em 2000, por exemplo, o

ICA esteve entre as 20 melhores ins-

tituições do País no Prêmio Criança da

Fundação Abrinq. Em 2005, foi semi-

finalista regional pela Fundação Itaú

Social e o Unicef (Prêmio Itaú-Unicef).

Finalmente, em 2007, na condição de

finalista nacional, ficou entre as 33

melhores organizações do Brasil.

Dona Sofia Idalina Mantovani Mazon

fundou o ICA em 1997.

Xadrez: lazer e desenvolvimento intelectual no contraturno escolar.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 11

erceiro setorT

Fé e esperança inspiraram a criação do ICAO ICA foi fundado em 1997 por

Sofia Idalina Mantovani Mazon, co-fun-

dadora da Viação Santa Cruz S/A. Fé e

perseverança foram duas marcas que

inspiraram Sofia a iniciar a obra. Ainda

hoje, elas norteiam a organização no

contínuo trabalho de mobilização da

sociedade local. ICA, além de ser a

sigla da instituição, era o apelido da

fundadora.

Tradicionalmente, a maioria das

organizações sociais de Mogi Mirim

focava seus projetos no atendimento

a crianças de até 10 anos. Após o ho-

rário das aulas, as maiores de 10 anos

ficavam sem opções de lazer, cultura

e educação complementar.

Sofia Mazon percebeu a necessida-

de de um trabalho contínuo com essas

crianças e iniciou um processo de mo-

bilização social no município. Fundada

a instituição, já em seu primeiro ano

foram acolhidas 40 crianças e adoles-

centes. Localizado na região central da

cidade, o ICA pôde contar com o apoio

de inúmeros voluntários ao trabalho

pioneiro que priorizava a educação e

a valorização da autoestima como ele-

mentos de transformação social.

No início, as atividades tinham

como foco ações de acompanhamen-

to escolar, atividades de recreação

e atendimento médico — todos re-

alizados por voluntários. O objetivo

principal era sanar as deficiências

escolares mais urgentes, consideran-

do o perfil de cada um e zelando para

que a formação daquelas crianças

e adolescentes fosse alicerçada em

fundamentos morais e espirituais.

Num segundo momento, foram

introduzidas algumas atividades lúdi-

cas e artísticas que despertaram o

interesse das crianças e adolescentes

atendidos, ensejando inclusive o seu

reconhecimento pela comunidade mo-

gimiriana e a conquista de um espaço

até então inexistente no município.

A partir de 2001, diante da grande

procura pelo atendimento prestado, o

ICA passou a refletir sobre seus objeti-

vos, currículo e resultados. O conceito

da arte-educação ganhou destaque por

meio de atividades voltadas para edu-

cação corporal, estética e musical. Gra-

dativamente, as diferentes linguagens

da arte se institucionalizaram como

alternativa para a educação, trazendo,

com isso, a necessidade de maior pro-

fissionalização do atendimento.

O projeto “Trupe Sofia” viabiliza a descoberta e

aperfeiçoamento de jovens talentos.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

12 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

Tarcísia Mônica Mazon Granucci

preside a Instituição de Incentivo à

Criança e ao Adolescente de Mogi

Mirim. Ela recorda que sua mãe, Dona

Sofia Mazon, sempre fez trabalho so-

cial e participou, como voluntária, de

muitas ações voltadas aos mais caren-

tes. O sonho de criar uma instituição

que pudesse sistematizar as várias

formas de acorrer aos mais necessi-

tados, principalmente as crianças, foi

concretizado por Dona Sofia em 1997,

com a fundação do ICA.

“Quando fundou o ICA, minha mãe

estava com 80 anos de idade — re-

lembra Tarcísia. — “E, apesar de ter

vivido só um pouco desse sonho, pois

morreu um ano depois, ela deixou uma

marca muito forte de alegria e de fé.

Ela dizia: ´Quero que essas crianças

dêem gente, e gente feliz`. É o que nós

tentamos conseguir hoje.”

Tarcísia explica que o ICA não

tem como objetivo suprir o papel da

escola, embora sempre procure fazer

com que a criança e o adolescente se

encantem por ela.

Fazendo o papel de mãe e de família zelosa O papel do ICA se torna mais im-

portante porque trabalha com crianças

em faixa etária já mais próxima da ado-

lescência, quando elas “se sentem um

pouco mais donas do próprio nariz e

pensam em abandonar a escola”. Por

isso, segundo a presidente do ICA, o

pessoal da instituição desempenha

um pouco o papel de mãe zelosa, de

família zelosa, que se preocupa com

a criança nos aspectos mais simples,

como trazer o cabelo ajeitado e o uni-

forme em ordem.

“Nossa preocupação maior não

é, necessariamente, que ela aprenda

tudo o que lhe é ensinado. Para nós, o

importante é que ela se sinta amada,

valorizada, e tenha uma autoestima

elevada. Esta é a essência da propos-

ta do ICA”, explica Tarcísia Mazon.

Tarcísia Mazon (ao centro): trabalho para transformar crianças em gente feliz.

NOVA DIMENSÃO

O investimento na formação bá-

sica cultural das crianças e dos ado-

lescentes impulsionou a instituição

para uma nova fase, caracterizada

pela necessidade de aprofundamento

dos trabalhos e pela criação de uma

nova dimensão institucional. A arte-

educação legitimou-se, tornando o ICA

uma organização de vanguarda na sua

utilização como ferramenta educativa e

de transformação social. O Programa

Carpe Diem, criado em 2002, foi um

dos primeiros passos nessa direção.

Desde o início, o objetivo do pro-

grama foi promover o desenvolvimento

integral das crianças e dos adolescen-

tes por meio da interdisciplinaridade

das áreas de circo, música, dança,

teatro, comunicação, lógica, literatura,

educação social, educação afetivo-

sexual e educação espiritual. Com

atendimento personalizado e respeito

à limitação e à capacidade dos seus

integrantes, o programa contribuiu e

segue contribuindo para reforçar as

potencialidades individuais, motivando

cada um a ser sujeito de sua própria

história. Internamente, a criação do

programa significou a entrada do ICA

em uma nova fase, na qual a profissio-

nalização passou a ser essencial.

Assim, durante 2003, o ICA viven-

ciou uma nova experiência pedagógica,

destacando o espaço cultural como

forte aliado no desenvolvimento de

crianças e adolescentes. A experiência

foi bem aceita tanto pelos participan-

tes como pela comunidade, o que

ficou comprovado com o aumento da

procura pelas atividades artísticas

oferecidas.

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 13

TRÊS FRENTES

O ano de 2004 foi marcado pela

preocupação com a área educacional,

suas práticas na formação, conteú-

dos e metodologias. Consolidou-se o

projeto pedagógico que estabeleceu

mudanças nas atividades arte-educa-

cionais. Nesse ano, o ICA entrou para

o cenário cultural de Mogi Mirim com

a montagem do espetáculo “Sertão

de Dentro – Tamanho do Mundo”, que

trouxe uma visão clara do que é uma

produção cultural, além de ampliar o

acesso da comunidade aos eventos

culturais do município.

Para consolidação de um novo

modelo, o ICA dividiu sua atuação

em três frentes principais: a artística,

na qual se desenvolvem atividades

de teatro, circo, dança, música e

artes visuais; a educacional, voltada

ao apoio educacional e que engloba

atividades de comunicação, lógica,

literatura e mercado de trabalho, e

a social, cujas atividades estão fo-

cadas na educação social, espiritual

e afetivo-sexual. A partir de então,

todos os projetos desenvolvidos

passaram a ser enquadrados em uma

dessas três frentes de atuação.

Além disso, as crianças e os

adolescentes passaram a ter aces-

so às atividades estruturadas em

módulos culturais temáticos. As

práticas metodológicas e conteúdos

foram baseados nos diferentes graus

de desenvolvimento apresentados

pelos alunos. A divisão dos grupos

em turmas garantiu um trabalho

efetivo e de qualidade com pessoas

heterogêneas, com necessidades,

potencialidades e habilidades es-

pecíficas.

Este é o estágio em que o ICA se

encontra atualmente. E já com planos

bem definidos para, pelo menos, os

próximos quatro ou cinco anos.

Carpe Diem

Educacional

Espiral da Leitura Acorde

Trupe Sofi a

Quintal Cultural

Ícaro

Menina Mulher

Asas

Cultural Social

De cima para baixo:

organograma do Programa Carpe

Diem e crianças envolvidas nas frentes

de atividades artísticas (circo, artes

visuais), educacionais (literatura,

comunicação) e sociais (educação

social, espiritual e afetivo-sexual).

erceiro setorT

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

14 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

A matemática também conta história.“O Contrato de Serviços Scania coloca a matemática a favor dos meus negócios. Eu tirei toda a estrutura que precisava para manter os veículos em operação, desde espaço físico, manutenção, mão-de-obra treinada e estoque de peças, e ganhei a garantia de tempo integral de trabalho da minha frota, além de maior economia de combustível, redução de despesas e melhor custo operacional. No final, o custo por quilômetro rodado ficou menor.” Sr. Eloir Bellorini - Assessor Gestão Organizacional do Grupo DSR

RIN

O

ançamentoL

A sétima geração dos rodoviários MarcopoloEm agosto, como resultado de mais de três anos de pesquisas de campo e

desenvolvimento, os novos modelos da Geração 7 de ônibus rodoviários da Marcopolo

começam a sair da linha de montagem da unidade Ana Rech, em Caxias do Sul. O mês não

foi escolhido por acaso: é quando a empresa estará comemorando 60 anos de atividade.

16 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

Os novos modelos da Geração 7

foram apresentados aos principais

clientes de todo o Brasil no dia 24 de

junho, em São Paulo. Os veículos são

dos modelos Viaggio 900, Viaggio 1050,

Paradiso 1050 e Paradiso 1200. Com

eles, ao mesmo tempo que mantém a

anterior Geração 6, a Marcopolo cria

um novo padrão de qualidade, conforto,

segurança, robustez e economia. As

carroçarias podem receber todos os

chassis rodoviários das montadoras

Mercedes-Benz, Scania, Volkswagen

e Volvo.

Segundo a encarroçadora, o de-

senvolvimento dos novos G7 — que

demandou investimentos de R$ 30

milhões — levou em conta dois focos

principais. Primeiro: o atendimento

das necessidades e demandas de

passageiros e motoristas. Segundo:

a redução de custos e o aumento

de capacidade de transporte para os

operadores.

Com os novos produtos, a Mar-

copolo quer, de um lado, valorizar o

prazer de viajar de ônibus, indepen-

dentemente do percurso ou da duração

da viagem; e de outro, proporcionar

ganhos operacionais consistentes

para os empresários. José Rubens de

la Rosa, diretor-geral da Marcopolo,

sustenta que os modelos da Geração

7 vão muito além do design bonito e

futurista:

“Nossos projetistas e engenheiros

trabalharam para que todas as mudan-

ças e novidades se traduzissem em be-

nefícios para passageiros, motoristas

e frotistas. Como resultado, os veícu-

los são mais confortáveis e seguros,

podem transportar até quatro passa-

geiros a mais que os concorrentes, em

configuração similar, e gastam cerca

de 10% menos quando se computam

a economia de combustível, o menor

desgaste dos pneus e dos freios, e a

manutenção facilitada.”

Julio

Soa

res/

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gaçã

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REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 17

ançamentoL

Formas velozes, robustas e aerodinâmicas: além de mais bonitos, os novos ônibus da Geração 7 ficaram ainda mais fáceis de identificar.

DESIGN

O novo design da Geração 7, de

responsabilidade dos profissionais

José Carlos Bohrer e Petras Amaral,

confere aos veículos um padrão de

acabamento e qualidade automotiva.

As linhas são equilibradas e fluidas,

dos espelhos externos ao para-choque

traseiro. Outra característica é a har-

monia de detalhes. Entre os elementos

de destaque estão o conjunto óptico

arrojado, a grade dianteira e a área

envidraçada sem saliências.

Inovador e de personalidade forte,

o novo desenho revela formas velozes,

robustas e aerodinâmicas capazes de

permitir a pronta identificação da mar-

ca Marcopolo em quaisquer situações.

Tudo isso tornou possível obter, nos

testes práticos em túnel de vento, um

dos menores coeficientes aerodinâmi-

cos já alcançados por um ônibus — cx

0,425 —, muito próximo dos apresen-

tados por veículos de passeio.

A originalidade do desenho é des-

tacada, entre outros aspectos, pela

integração entre a parte superior da

frente e o teto, em que sobressaem

linhas aerodinâmicas em formato de

gota. Essa solução de design reduz o

arrasto e possibilita embutir o equipa-

mento de ar-condicionado, trazendo

grandes ganhos aerodinâmicos. Os

espelhos externos também cumprem

papel aerodinâmico importante: tive-

ram sua forma otimizada, estão mais

integrados e melhor fixados, o que re-

sulta em ganhos para a visibilidade.

Nas laterais, as novidades são os

novos aros de rodas em peça única

de alumínio estampado, além das

novas tampas dos bagageiros. Tanto

o formato como as leves saliências

dos aros de rodas conferem força ao

visual do veículo.

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18 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

Tampa traseira mais leve e de acionamento mais suave, tomada de ar na coluna, caixas de

roda com kits para refrigeração de freios e pneus, para-choque envolvente, nova lanterna.

O retrovisor externo: maior visibilidade.

As novas caixas de roda incorpo-

ram kits para refrigeração de freios e

pneus. O sistema utiliza o fluxo natural

de circulação do ar com o veículo em

deslocamento para refrigerar esses

componentes, reduzindo assim o seu

desgaste.

Com novos desenhos, as tampas

dos bagageiros ganharam puxado-

res de padrão automobilístico, com

excelente empunhadura e mecanis-

mo de acionamento mais suave,

proporcionado pelo novo sistema de

vedação. Elas também estão mais

leves e apresentam maior vão-livre de

abertura, permitindo melhor acesso

ao compartimento e facilitando as

operações de acomodação e retirada

de bagagens.

No desenho da traseira destacam-

se o conjunto óptico, o para-choque e

a tampa. Novas lanternas e sinaliza-

dores de direção com LEDs ampliam

a visibilidade e a segurança. O formato

do para-choque acompanha o desenho

da lateral e do vigia traseiro. A peça

é fabricada em plástico especial que,

conforme o tipo de colisão, deforma-se

e absorve o impacto, voltando depois

ao formato original, o que diminui os

danos causados na carroçaria e tam-

bém no outro veículo.

Construída em alumínio, a nova

tampa traseira é mais leve, tem melhor

vedação e funciona com sistema de

fechamento idêntico ao do bagageiro e

da porta de acesso. A chave também é

a mesma e o acionamento se faz com

igual suavidade.

Outra novidade é a normalização da

tomada de ar para o filtro do motor em

posição elevada, no caso dos veí culos

de motor traseiro. Ela está posicionada

na coluna, ao lado do vigia traseiro;

desta forma, possibilita a captação

de ar mais limpo, o que contribui para

aumentar a vida útil dos filtros.

As novas tampas facilitam o acesso ao compartimento dos bagageiros. E a escada mais larga

torna mais confortável o embarque e desembarque dos passageiros.

Os novos aros de rodas são em alumínio.

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 19

ançamentoL

Os testes de campo para avaliações de durabilidade dos componentes e da estrutura dos modelos da Geração 7 duraram mais de 15 meses.

Os modelos da Geração 7 foram

projetados com a preocupação de

reduzir impactos ambientais. Nos

processos de produção é utilizada

maior quantidade de matérias-primas

e peças recicláveis. Além disso, a boa

performance aerodinâmica contribui

para a redução da emissão de CO2,

na medida em que o ônibus utiliza

menos combustível por quilômetro

rodado e sofre menor desgaste de

componentes como freios, pneus e

outros agregados.

Ensaios de laboratório mostram

que, a 100 quilômetros por hora, o

arrasto aerodinâmico representa 50%

do consumo de combustível de um veí-

culo. No caso da Geração 7, as forças

resultantes a esta velocidade — 193

kgf — são até 10% menores que nos

modelos concorrentes mais eficientes

em todo o mundo.

Ao projetar a Geração 7, a Marco-

polo desenvolveu um conceito cons-

trutivo otimizado, já de acordo com a

Resolução nº 316 do Contran, publica-

da no fim de maio para vigorar a partir

de julho deste ano. Trabalhando com

o novo conceito e com maior utilização

de materiais nobres, como alumínio

e plásticos especiais, a engenharia

da encarroçadora conseguiu construir

uma estrutura mais resistente e, ao

mesmo tempo, cerca de 500 kg mais

leve, dependendo da configuração do

veículo.

O desenvolvimento do projeto da

estrutura foi totalmente feito por cálcu-

lo por Elementos Finitos (FEA), com o

objetivo de garantir a resistência à fadi-

ga, detectando os pontos de maiores e

menores esforços e dimensionando os

componentes estruturais adequados

para cada modelo.

Os principais componentes estrutu-

rais utilizam aços com ligas especiais,

o que possibilita diminuir as bitolas e,

consequentemente, reduzir o peso.

Desta forma, conforme o modelo de

carroçaria utilizado, pode-se transpor-

tar mais passageiros na mesma aplica-

ção, em comparação com os modelos

comercializados atualmente.

Os testes de campo para avaliação

da durabilidade da estrutura e dos

componentes do veículo se estende-

ram por mais de 15 meses.

Mais matérias-primas e peças recicláveis

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20 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

Menor frequência de manutenção, uma das muitas vantagens.

O uso da

tecnologia de

LEDs garante mais

visibilidade e,

portanto, mais

segurança.

O descanso de pernas agora tem catraca.

Pesquisa com usuários precedeu o projetoO interior dos novos Marcopolo

Viaggio e Paradiso também estabele-

ce paradigmas nos quais se juntam

conforto e funcionalidade, beleza e

sofisticação, praticidade e fácil ma-

nutenção. É um interior que remete

às aeronaves, com seu estilo limpo,

“hi-tech”, e ambiente agradável.

A elaboração do projeto foi prece-

dida de uma pesquisa com mais de

500 passageiros e motoristas dos

mercados brasileiro e internacional.

Perguntas qualitativas e quantitati-

vas, abordagens pessoais e estudos

de observação permitiram analisar a

postura, os hábitos e o comportamento

dos usuários durante as viagens. A

diferença é que não se tratou de uma

pesquisa encomendada: os próprios

projetistas, engenheiros e designers,

ao lado de profissionais de marketing

da Marcopolo, procederam ao levan-

tamento das informações durante as

viagens e em contato direto com os

passageiros e motoristas.

A iniciativa tornou possível definir

novos parâmetros para superar as

expectativas e os desejos dos pas-

sageiros em itens como tamanho e

formato das poltronas, espaçamento

entre elas, padronagens, descanso

para as pernas, iluminação, textura

dos materiais e espaço para bagagens

de mão, entre outros.

Nos indicadores de direção dianteiros e traseiros,

os veículos passam a utilizar a tecnologia de LEDs

(diodos emissores de luz) em substituição às lâmpadas

convencionais. LEDs também são utilizados nas luzes

traseiras de posição e freio, nas luzes delimitadoras e

no brake-light. A novidade representa um avanço signifi-

cativo para o segmento brasileiro de ônibus, e garante

maior segurança e visibilidade. Foram investidos R$

4,5 milhões no desenvolvimento dos conjuntos ópticos

dianteiros e traseiros. Os LEDs atendem às normas

internacionais e têm vida útil maior que as lâmpadas

comuns, diminuindo a frequência de manutenção e

os custos. Outra característica inédita de conforto e

segurança presente nos ônibus da Geração 7 é a opção

da luz diurna (daytime running), solução que mantém

os faróis acesos mesmo durante o dia.

O designer José Carlos Bohrer acredita que o de-

senho e formato das luzes dianteiras e traseiras de

sinalização fará com que os modelos dos novos ônibus

sejam facilmente identificados a distância, “mesmo

durante a noite”.

Os conjuntos ópticos

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 21

Os conceitos adotados pelos desig-

ners Bohrer e Petras na concepção do

interior dos novos ônibus beneficiam

objetivamente o passageiro. A altura

interna foi aumentada para 1,93m; as

poltronas ficaram mais largas e agora

têm 1,06m. Também os porta-pacotes

tiveram ampliado o seu volume, em

resposta à tendência de aumento do

tamanho e do volume das bagagens de

mão, com a consequente diminuição

do uso do bagageiro externo. Assim,

nos novos ônibus o porta-pacotes

ficou maior e mais profundo, e a ele

foi incorporado um pega-mão contínuo,

que proporciona mais segurança ao

passageiro em seu deslocamento

pelo salão.

Para entrar nos novos modelos,

o passageiro tem uma nova escada,

mais larga, ampla e segura, com pon-

tos de apoio bem localizados.

A separação entre a cabine e o sa-

lão apresenta outra solução inédita: é

de vidro temperado transparente, tem

formato curvo e desliza por corrediças.

A abertura é mais larga e o sistema

de correr ocupa menos espaço, em

benefício do motorista.

Caracterizado por acabamentos

refinados e grande área envidraçada,

o design interno limpo melhora a visibi-

lidade dos passageiros e amplia a ilu-

minação natural do salão, complemen-

tada, nos modelos com motor traseiro,

pelo teto solar ao qual foi incorporada

uma saída de emergência.

O salão ganhou outras novidades,

como a iluminação interna indireta,

mais forte e uniforme. O projeto de

iluminação privilegiou um ambiente

aconchegante e ao mesmo tempo fun-

cional, com possibilidade de escolha

de diferentes cenários de iluminação,

de acordo com a aplicação e o servi-

ço. Os conjuntos de sinalização das

poltronas contam com iluminação

eficiente, numeração maior e picto-

gramas de fácil identificação. As luzes

de leitura passam a ser em LEDs; as

saídas individuais de ventilação, bem

como as teclas dos porta-focos, foram

otimizadas.

Os novos modelos contam com

sistema de áudio e vídeo, sendo os

monitores de LCD fixos ou escamoteá-

veis. Um item opcional são as saídas

de som individuais para cada passa-

geiro. O sistema de som proporciona

a mesma qualidade sonora em todo o

ambiente, com alto-falantes posiciona-

dos nos porta-focos e opção de ajustes

de volume. Também será oferecida a

opção de saídas individuais para fone

de ouvido, localizadas entre as poltro-

nas ou nos porta-focos.

No salão de passageiros: luzes de

leitura em LEDs, poltronas mais largas,

altura ampliada, porta-pacotes mais

espaçosos, iluminação indireta,

tomadas para laptop, saídas de áudio,

teto solar com saída de

emergência. Opcionalmente, monitores

de LCD fixos ou escamoteáveis.

Mais conforto para passageiro e motorista

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22 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

POLTRONAS

O desenvolvimento das novas pol-

tronas de tipo executivo e semileito

buscou proporcionar mais conforto e

ergonomia aos passageiros. Concebi-

das com base na pesquisa realizada

junto aos usuários, elas apresentam

inovações como a utilização de es-

pumas especiais (visco elástico) na

região da cabeça e do pescoço. Foram

desenhados novos apoios de pernas

e pés, além de apoios de braço mais

largos e macios.

O novo design das poltronas se

destaca pelo acabamento, em har-

monia com o salão de passageiros, e

pelas padronagens de tecido e cortes

de capas. A pesquisa permitiu mapear

todas as zonas da poltrona passíveis

de interferência ergonômica. O traba-

lho das áreas de design e engenharia

teve como objetivo obter “a empatia

com os passageiros” e, para tanto,

buscou soluções inovadoras. Disso

resultaram novos opcionais, como

espumas especiais, porta-copos

individuais integrados às poltronas,

porta-objetos, audiofones, tomada

para laptop, e outros.

As abas laterais esquerda e direita do painel (satélites) podem ser aproximadas ou afastadas

do volante para que o motorista tenha acesso a todos as teclas sem precisar curvar o tronco.

Na cabine, muito mais espaço e conforto

para motorista e auxiliar.

Uma importante solução de enge-

nharia foi a criação de um conceito

modular de montagem. A partir de

agora, mesmo depois de fixadas no

ônibus, peças e componentes podem

ser substituídos sem a necessidade de

remover as poltronas do lugar. Capas,

espumas e componentes substituíveis,

de fácil manutenção, proporcionam

ganhos operacionais para as empresas

e conforto para os passageiros.

As poltronas têm um sistema de

acionamento da reclinação do encosto

muito mais suave e prático, com cinco

diferentes posições. O descansa-braço

central é mais macio e largo, e o apoio

de pés tem sistema de catraca que

assegura o ajuste de posição dos pés

de acordo com a altura do usuário.

As novas poltronas também foram

concebidas com foco na sustentabi-

lidade: o revestimento traseiro, em

peça única de plástico reciclável,

melhora o acabamento e elimina

processo de “ensacamento” na

fabricação. A base do assento é de

plástico injetado e conta com sistema

de molas que sustenta a espuma de

dupla densidade.

O MOTORISTA

Para ampliar o conforto do motoris-

ta, sua segurança e o prazer de dirigir,

a cabine foi objeto da atenção especial

dos projetistas e designers, seja na

concepção de suas formas, seja na

aplicação de novos e inéditos mate-

riais e na adoção de recursos até aqui

utilizados somente em automóveis.

A nova parede de separação garante

maior privacidade e mais espaço. O

posto de trabalho tornou-se mais er-

gonômico e acessível.

O painel de instrumentos dispõe

de satélites laterais que podem ser

aproximados ou afastados do volante,

de acordo com a preferência e a neces-

sidade do condutor. Assim, ele pode

regular a distância das teclas para

acionamento de todos os equipamen-

tos e sistemas sem precisar desviar

a atenção da estrada ou mudar de

posição na poltrona. O sistema satélite

incorpora um novo Multiplex, dispositi-

vo que controla eletronicamente todos

os sistemas do ônibus, com teclas de

fácil alcance e ícones retro-iluminados.

Conta ainda com um display informati-

vo e opcionalmente, com um monitor

de até sete polegadas que exibe

imagens do salão de passageiros e/

ou da câmera traseira para auxílio nas

manobras de marcha-ré.

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 23

roPass BrasilP

Licitação é debatida em seminárioAs propostas da Agência Nacional de Transportes Terrestres para um modelo de licitação das linhas

interestaduais de ônibus foram extensamente debatidas em maio, em Brasília, durante o seminário

“A experiência brasileira em transporte de passageiros”, promovido pelo jornal Valor e pela ABRATI.

O Diretor Geral da ANTT, Bernar-

do Figueiredo, participou das

discussões, ao lado de conhecidos

especialistas no assunto, empresários

do setor, representantes dos usuários

e dos trabalhadores em transporte

rodoviário de passageiros, advogados,

tributaristas e representantes de mon-

tadoras e encarroçadoras. Foram ana-

lisadas as consequências da licitação

pretendida pelo governo. De maneira

unânime, os participantes apontaram

distorções nos estudos da ANTT, com

implicações sobre o edital e sobre as

regras da licitação.

Bernardo Figueiredo reconheceu a

existência de falhas na base de dados

utilizada nos estudos da Agência e

admitiu a possibilidade de mudanças.

“Nosso compromisso é de fazer um

trabalho bem feito, priorizando a quali-

dade e não o cronograma do processo

de licitação”, disse. Garantiu que “não

existe a possibilidade de a licitação ser

realizada de forma equivocada”, e que

o objetivo é “implementar uma compe-

tição saudável e não predatória”.

Renan Chieppe no seminário: “Este é o momento adequado para discutirmos melhor o modelo de regulamentação do setor”.

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26 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

Caso considere necessário aper-

feiçoar a base de dados disponível,

a ANTT precisará colher novos dados

em diversos períodos do ano, medindo

a alta e a baixa temporadas, além de

outras sazonalidades. A realização

de estudos mais aprofundados é rei-

vindicada pela ABRATI, em nome das

empresas. “Já manifestamos nossas

divergências em relação aos estudos

publicados e encaminhamos as nos-

sas sugestões à ANTT. Portanto, este é

o momento adequado para discutirmos

melhor o modelo de regulamentação

do setor”, afirmou o presidente da

ABRATI, Renan Chieppe.

MARCO REGULATÓRIO

Os participantes do encontro des-

tacaram a experiência brasileira no

transporte rodoviário de passageiros

e defenderam a necessidade de for-

talecer o setor, pelo seu papel funda-

mental na matriz de transporte do País

e pela sua acessibilidade, flexibilidade

e capilaridade.

Darci Norte Rebelo, consultor jurí-

dico da Federação das Empresas de

Transportes Rodoviários do Rio Grande

do Sul e advogado com 50 anos de

atua ção na área de transportes, pregou

a necessidade de o setor empenhar-se

pela obtenção de um verdadeiro marco

regulatório, com sistema de conces-

sões, e não de permissões, como

acontece atualmente e está previsto

na licitação. Rebelo descreveu a traje-

tória da regulamentação do setor nos

últimos 27 anos. Em 1971, na época

do “milagre econômico” do regime mi-

litar, o decreto 68.961 estabeleceu 20

anos de contratos para as empresas

e prorrogação por mais 20. Em 1988,

a Constituição determinou a exigência

de licitação. Em seguida, o decreto nº

952, de 1993, assinado pelo presi-

dente Itamar Franco, definiu contratos

de 15 anos e prorrogação por mais

15. Depois, em 1998, o presidente

Fernando Henrique Cardoso assinou o

decreto 2.521, prevendo contratos de

15 anos, sem prorrogação.

“Há muita instabilidade jurídica,

inclusive com retirada de direitos

retroativos”, afirmou Rebelo. Diante

disso, preconizou, o setor precisa de

um marco regulatório como os existen-

tes nas áreas de telecomunicações,

ferrovias e outras. “Quem perder a

licitação sairá falido. O fluxo de caixa

será interrompido imediatamente e

poderá não haver dinheiro suficiente

para pagar indenizações trabalhistas,

dívidas tributárias e financiamentos de

longo prazo. É preciso ver quem arcará

com essas despesas”, enfatizou.

DESONERAÇÃO

Por sua vez, o economista Luís

Paulo Rosenberg, presidente da Ro-

senberg Consultoria Ltda., qualificou

de contrassenso que seja cobrado

ICMS sobre o transporte rodoviário e

praticada isenção para o aéreo, já que

o primeiro trabalha com população

de baixa renda. Observou que isso

também ocorre em relação a outros

impostos. Referiu-se ainda ao fato de

recentemente o governo haver reduzido

impostos para automóveis, que fazem

transporte individual. Acrescentou que

o setor precisa exigir qualidade para

as estradas.

José Antônio Martins, vice-presi-

dente do Conselho de Administração

da Marcopolo e presidente da Asso-

Bernardo Figueiredo disse que o compromisso é fazer um trabalho bem feito.

Darci Norte Rebelo defendeu as concessões. Luís Paulo Rosenberg criticou a tributação.

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 27

ciação Nacional dos Fabricantes de

Ônibus (Fabus), lembrou discrepâncias

que favorecem o transporte aéreo de

passageiros: “Enquanto os aeropor-

tos dispõem de toda infraestrutura,

o transporte rodoviário sofre com

terminais ultrapassados, sem higiene,

desconfortáveis, e com as rodovias em

estado deplorável.”

Segundo Martins, as incertezas

sobre a continuidade das operações

no segmento interestadual levaram

muitas empresas do setor a paralisar

suas encomendas de ônibus novos.

“A pior coisa que existe para uma

empresa — disse — não é a crise.

Contra ela, até criamos remédios. Mas

a incerteza é uma espécie de fantasma

que não podemos apalpar”.

A desoneração do segmento in-

terestadual também foi abordada. O

advogado tributarista Hugo de Brito

Machado apontou, inclusive, a possibi-

lidade de o setor recorrer ao Supremo

Tribunal Federal (STF) para buscar a

isenção do ICMS, seguindo o exemplo

bem-sucedido do setor aéreo.

DESEMPREGO

José Alves do Couto Filho, diretor

da Nova Central Sindical de Trabalha-

dores (NCST), afirmou que os trabalha-

dores do segmento interestadual não

concordam com o modelo matemático

adotado no projeto, que se baseia na

utilização de uma frota de 4.200 ôni-

bus. “A conclusão dos trabalhadores

em transporte rodoviário é simples: se

vai diminuir o número de ônibus, vai

diminuir o número de trabalhadores.

Portanto, haverá desemprego.” Reve-

lou que a Central já levou o problema

à Presidência da República e ao Minis-

tério dos Transportes.

O consultor da Confederação Na-

cional dos Usuários de Transportes

(Conut), Moacir Fischmann, advertiu

que a insegurança dos empresários

representa insegurança para os usuá-

rios de transportes. Também defendeu

a necessidade de serem criados fóruns

específicos de acesso às informações

da ANTT.

Finalmente, J. Pedro Corrêa, con-

sultor do Programa Volvo de Segurança

de Trânsito, abordou aspectos dessa

iniciativa da montadora de Curitiba,

destacando seu objetivo de despertar

a sociedade brasileira para a proble-

mática do trânsito.

roPass BrasilP

Para Martins, a incerteza é pior que a crise.

Brito Machado viu possibilidade de recurso. J. Pedro Correa: a problemática do trânsito.

Couto Filho disse que haverá desemprego.

Moacir Fishmann disse temer insegurança.

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28 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

No seminário, o presidente da

ABRATI, Renan Chieppe ponderou que

a forte redução da frota, prevista nos

estudos da ANTT, poderá comprometer

seriamente a operação das linhas na

alta temporada, além de extinguir, no

mínimo, 20.000 dos atuais 70.000

empregos diretos.

Ele se referiu à opinião manifesta-

da pela Superintendente de Serviços

de Transporte de Passageiros da

ANTT, Sônia Haddad, no sentido de

que a base de dados utilizada nos

estudos feitos pela Agência deixa mui-

tas dúvidas. O presidente da ABRATI

concordou:

“A base de dados foi levantada

para outros fins, e não para uma

licitação. Precisamos, por exemplo,

de mais estudos sobre a demanda

de passageiros na alta temporada”,

afirmou Renan, apontando que várias

conse quências negativas dessa ina-

dequação transparecem em aspectos

dos estudos feitos pela Agência. O

Anuário Estatístico 2008 da ANTT

indica que a frota brasileira em ope-

ração no setor é de 13.907 veículos.

Já os estudos da ANTT consideraram

suficiente uma frota de 4.200 veículos.

As empresas sustentam que precisam

de uma grande frota reserva, única

maneira de atender aos fortes picos

de demanda nos períodos de férias,

feriados prolongados e finais de ano.

O presidente da ABRATI contestou

ainda o prazo dos contratos — 15

anos, sem possibilidade de prorroga-

ção — para quem vencer as licitações:

“Parece muito tempo, mas é um prazo

pequeno em se tratando de investi-

mentos em infraestrutura”.

Renan Chieppe defendeu a possibilidade de prorrogação nos contratos de permissão.

Renan chama a atenção para a necessidade de mais estudos sobre a demanda de passageiros

Renan Chieppe disse recear que

a licitação das linhas interestaduais

possa resultar em desestruturação

de um modelo que há muitos anos

vem funcionando tão bem: “Para evitar

que isso aconteça, a licitação precisa

ter como base estudos detalhados

de demanda e a definição de normas

técnico-operacionais, de modo a

garantir ao passageiro pelo menos a

mesma qualidade existente atualmen-

te”, afirmou.

Lembrou que a ABRATI encaminhou

à ANTT um conjunto de sugestões so-

bre o ProPass Brasil e disse esperar

que sejam incorporadas ao edital de

licitação. Na sua opinião, o modelo

brasileiro de transporte rodoviário de

passageiros é exemplar pelas suas

características de capilaridade, boa

tradição empresarial, flexibilidade para

atender à demanda em épocas de pi-

cos de movimento, e pelo fato de não

consumir recursos públicos.

“Para evitar uma desestruturação do sistema, a licitação precisa ter como base estudos detalhados de

demanda e a definição de normas técnico-operacionais, de modo a garantir ao passageiro pelo menos a

mesma qualidade existente atualmente.”

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 29

A Associação fez extensas consi-

derações a respeito do Modelo

Funcional, do Modelo de Remuneração

e do Modelo de Gestão e Controle pro-

postos pela Agência. Também avaliou

minuciosamente as Notas Técnicas

específicas divulgadas pelo órgão.

Anteriormente (ver Revista ABRATI nº

roPass BrasilP

Marco regulatório deve refletir a realidadeA ABRATI encaminhou à Agência Nacional de Transportes Terrestres novas sugestões sobre o

Projeto da Rede Nacional de Transportes Interestaduais de Passageiros — ProPass Brasil.

No documento, manifesta dúvidas quanto à sustentabilidade plena do projeto.

56) a entidade já havia apresentado

uma primeira manifestação de cunho

conceitual sobre o projeto. Na nova

manifestação, a ABRATI voltou a en-

fatizar a importância de ser formulado

um novo marco regulatório que reflita

as realidades presentes no setor e

abra espaços para avanços futuros,

sempre com aproveitamento das com-

petências e da infraestrutura já exis-

tentes. A ABRATI também manifestou

sua convicção de que o novo projeto

terá de atender tanto o poder público

como os prestadores do serviço, os

trabalhadores e os usuários. Sua nova

avaliação começou pelo tamanho da

Se a frota total utilizada atualmente pelas empresas operadoras vier a ser reduzida, há o risco de descompasso entre a demanda e a oferta de assentos.

Fotos: Ana Ottoni

30 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

frota necessária para operar com

eficiência os serviços interestaduais

de passageiros. Observou que o

estudo da ANTT considera suficiente

uma frota total de 4.200 ônibus. Há

uma diferença muito grande entre

esse número e aquele de fato utiliza-

do pelas empresas, como aponta o

Anuário Estatístico 2008 da ANTT. Ali

se verifica que a frota total de ônibus

interestaduais operada em 2007 era

de 13.907 ônibus. A conclusão do

setor é que uma redução tão forte no

número de ônibus da frota fatalmente

irá provocar um descompasso entre a

demanda dos passageiros e a oferta

de assentos.

Tal disparidade talvez possa ser

explicada pela fórmula que foi aplicada

para estabelecer-se o dimensionamen-

to da frota. O estudo da Agência prevê

para os veículos alocados uma disponi-

bilidade de 24 horas diárias nos 365

dias do ano, gerando a exigência de

que os motoristas trabalhem de 10 a

13 horas todos os dias. Isso significa

que a produção dos veículos atingiria

um PMA médio do total da frota acima

dos 200.000 quilômetros — o que, na

prática, é impossível.

INALCANÇÁVEIS

A ABRATI analisou dois cenários

que revelam a impossibilidade de se-

rem alcançados os índices propostos

no estudo da Agência. No primeiro

cenário, trabalhando com os dados

do ProPass, verificou-se que 1.060

ligações teriam de percorrer mais de

200.000 km/veículo/ano, e que ou-

tras ligações, mesmo ficando abaixo

dos 200.000 km, não conseguiriam

fazê-lo. No segundo cenário, utilizando

os dados do Anuário Estatístico de

2008, Ano Base 2007, somente 37

ligações alcançariam PMAs superiores

a 200.000 km/veículo/ano. Todas as

restantes 2.613 ligações obteriam

índices abaixo desse valor.

Números irreais foram igualmente

observados no Modelo de Remune-

ração. Tomando por base a proposta

oficial da ANTT para o Modelo e

comparando-o com os cenários cor-

respondentes mencionados para o

modelo da rede, os estudos da ABRATI

verificaram que nem o Percurso Médio

Anual (PMA) nem o Índice de Aproveita-

mento de Passageiros (IPA) utilizados

na fórmula conceitual são verdadeiros.

A Associação manifestou à ANTT sua

apreensão de que, com essa falha,

somada a outras já observadas, o

ProPass caminhe seriamente para a

insustentabilidade plena.

VALORES BAIXOS

Ao elaborar o Modelo de Remu-

neração, o estudo da ANTT adotou

como referência para investimentos

em infraestrutura valores médios

subdimensionados. Verificou-se que

a totalidade dos lotes apresenta ele-

vado número de municípios onde têm

o início ou o fim das linhas. Ou seja,

A ABRATI defende que o projeto em elaboração atenda tanto o poder público como os

prestadores do serviço, os trabalhadores e os usuários.

Das 125 unidades previstas no estudo feito pela ANTT para a licitação, 70 terão ao menos

uma linha com origem ou destino no município de São Paulo. Mas os investimentos com as

garagens necessárias foram subdimensionados.

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 31

roPass BrasilP

lugares que demandam a implantação

de garagens. A conclusão da ABRATI foi

no sentido de que os valores indicados

nos estudos da ANTT encontram-se

subestimados em, no mínimo, 80%.

Para os lotes com linhas mais longas,

o subdimensionamento chega a ser de

até dez vezes do valor que realmente

seria exigido.

Enquadram-se no mesmo caso os

custos que o estudo da ANTT adotou

para os imóveis. A montagem da rede

indica que 70 das 125 unidades pre-

vistas terão ao menos uma linha com

origem ou destino no município de

São Paulo. Considerando que cada um

desses permissionários irá necessitar

de uma garagem na capital paulista, e

computando-se os custos de imóveis

na região, conclui-se facilmente que os

investimentos seriam de algumas deze-

nas de milhões de reais. Conclusão: há

uma incompatibilidade entre o que está

escrito no projeto e o resultado a que se

chega analisando-o como um todo.

Outro equívoco ocorreu nos estu-

dos voltados à avaliação de riscos,

atratividade e resultados. Neles, a

Agência utilizou indicadores financeiros

que, na sua maior parte, não guardam

relação com o mercado de transporte

brasileiro. Os indicadores utilizados

se referem ao mercado financeiro dos

Estados Unidos, o que levou a ABRATI

a concluir que, se não houver uma

profunda revisão no projeto, eventuais

licitantes menos cuidadosos poderão

ser induzidos a erros.

INVIABILIDADE

No que se refere à rentabilidade, os

cálculos feitos pela ABRATI apontaram

que dez dos 125 lotes apresentam

inviabilidade financeira. Portanto, só se

viabilizariam se houvesse uma expres-

siva elevação da tarifa — justamente

o oposto do que se estaria buscando

com a licitação. Além disso, existem

nove lotes que estão abaixo da renta-

bilidade histórica do setor, tanto no

nível federal como no estadual e no

municipal. Quanto aos demais lotes,

apresentam rentabilidade hipotética

superior a até 30%, de acordo com

cálculos dos fluxos de caixa, o que

demonstra inexistência de credibilida-

de se comparados com os indicadores

de Taxa Interna de Retorno (TIR) do

Pelo menos dez dos 125 lotes previstos apresentam inviabilidade financeira. Só se viabilizariam mediante expressiva elevação da tarifa.

Ana

Otto

ni

32 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

O estudo da ANTT faz exigências que contrariam o contrato de transporte.

projeto, que são de 8,77% para todos

os lotes. Tais divergências dos dados

estudados demonstram os equívocos

de dimensionamento de frota e in-

vestimentos, e levariam à conclusão

de que tanto uns quanto outros são

inexequíveis.

No que se refere ao Sistema de

Avaliação de Desempenho, a ABRATI

entendeu ser fundamental a existência

do critério de formação dos índices de

avaliação, sem o que há o risco de se

chegar a resultados absolutamente

distorcidos. Tome-se o exemplo de

uma rodovia com incidência de aciden-

tes maior do que outra. Obviamente,

uma empresa que trafegue por ela terá

maior possibilidade de apresentar índi-

ces mais desfavoráveis do que outra

que não utilize essa estrada.

Na mesma linha de raciocínio, no

que diz respeito ao Índice de Modici-

dade Tarifária, a ABRATI considera que

dar um desconto na tarifa não deveria

constituir indicador de qualidade,

já que isso não é necessariamente

bom para o serviço. Sem falar que

no ProPass um desconto de 15%

corresponderia à nota máxima do ín-

dice. Ora, esse percentual representa

praticamente o dobro da Taxa Interna

de Retorno prevista. Ou os dados da

ANTT estão errados, ou a empresa irá

pagar para trabalhar se quiser atingir

a melhor avaliação nesse item.

PROBLEMAS

O ProPass adota ainda determina-

das exigências que no entender das

empresas operadoras se tornarão

problemáticas. Uma delas diz respeito

às funções exigidas para gestão e con-

trole nos equipamentos previstos — e

mesmo aos próprios equipamentos.

Nos dois casos, um levantamento feito

pela ABRATI mostrou a ausência de

produção nacional. O projeto determi-

na, por exemplo, que o cronotacógrafo

deverá permitir a conexão e armaze-

nagem dos dados do GPS, do leitor

automático de bilhete de passagem

e do detector de embarque e desem-

barque. No entanto, foi constatado

que os aparelhos disponíveis no Brasil

não reúnem condições técnicas para

atender a essas exigências do Modelo

de Gestão e Controle.

O mesmo vale para o registro dos

dados de posição geográfica; dados

do bilhete de embarque; dados do

detector de embarque e desembarque;

dados de identificação da viagem e o

armazenamento de todos os dados em

memória não volátil interna.

Inconformidade também bastante

séria reside na exigência de que nos

pontos de venda de passagens este-

jam disponíveis recursos tecnológicos

que possibilitem a criação de código

identificador do bilhete. Entre os dados

previstos estão valor de seguro facul-

tativo, valor de pedágio, taxa de em-

barque e outros que constituem meros

repasses de receita — portanto não

são integrantes da base de cálculo do

ICMS. Indicar o valor do ICMS incidente

fatalmente conflitaria com as demais

exigências e implicaria dezenas de sis-

temas com base de dados e controles,

já que as alíquotas do ICMS variam de

estado para estado.

A ABRATI observou ainda a exi-

gência da identificação do passageiro

no momento da aquisição do bilhete.

Isso contraria o chamado “contrato de

transporte”, tradicionalmente utilizado,

que é um documento ao portador.

Trata-se, portanto, de exigência que vai

dificultar a operacionalidade da pres-

tação dos serviços e criar problemas

junto aos usuários.

Ana

Otto

ni

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 33

roPass BrasilP

Indefinição afeta o mercado de ônibus

A forte redução das vendas de chassis e carroçarias ameaça os

resultados da indústria de ônibus rodoviários do Brasil em 2009.

endas de chassis e carroçarias ameaça os

ia de ônibus rodoviários do Brasil em 2009.

34 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

Nos primeiros quatro meses deste

ano houve queda de 47,9% na

comercialização de chassis de ônibus

rodoviários, em comparação com

o mesmo período de 2008. Foram

vendidas 529 unidades, contra as

anteriores 930. Em parte, a retração

resultou da crise econômica. Mas tam-

bém pesaram, e muito, as incertezas

que o setor de transporte rodoviário

interestadual e internacional de passa-

geiros vem enfrentando, relacionadas

ao Projeto da Rede Nacional de Trans-

portes Interestaduais de Passageiros

— ProPass —, da Agência Nacional de

Transportes Terrestres.

A Associação Nacional dos Fabri-

cantes de Veículos Automotores —

Anfavea — informa que, nos períodos

comparados, a queda nos chassis de

ônibus foi a segunda maior entre as

diferentes categorias de automotores.

Com base nos licenciamentos de veí -

culos novos nacionais e importados,

os automóveis registraram redução de

0,7%; os caminhões, de 18,2%, e os

ônibus, de 13,6% (apesar da expansão

dos escolares e urbanos).

A redução do IPI (Imposto sobre

Produtos Industrializados) para os

automóveis atraiu os consumidores,

diminuindo o percentual de retração

nesse mercado. Da mesma forma, os

programas de incentivo para a renova-

ção da frota de ônibus urbanos e para

aquisição de ônibus escolares pelas

prefeituras deram algum alento ao

mercado de ônibus em geral.

José Antônio Fernandes Martins,

presidente da Fabus — Associação

Nacional dos Fabricantes de Ônibus —,

mostra-se preocupado com os índices

de queda no mercado de carroçarias

rodoviárias: 38,5%. No primeiro quadri-

mestre de 2008 haviam sido vendidas

2.371 unidades. Agora, de janeiro a

abril, apenas 1.459. (A diferença em

relação ao número de ônibus licencia-

dos se deve a adiamentos de entregas,

entre outros fatores).

“Em 2008, a produção de carroça-

rias rodoviárias foi de 7.600 unidades,

das quais 4.400 fornecidas ao mer-

cado interno. Desse total, 35% foram

adquiridas pelas empresas filiadas à

ABRATI”, revela Martins. Ele explica

que, em função das regras ainda inde-

finidas para as empresas operadoras,

elas têm reduzido suas compras. E

não só neste ano, como nos últimos

três anos.

Lembra, por exemplo, que o Decre-

to nº 952/1993, que estabeleceu em

15 anos a duração dos contratos das

empresas permissionárias do sistema

interestadual, previa a prorrogação por

mais 15, o que, de certa forma, tran-

quilizava as empresas. Mas, segundo

ele, o marco regulatório foi quebrado,

deixando o setor sem perspectiva de

futuro. O presidente da Fabus entende

como urgente e necessária a definição

das regras para a nova licitação, inclu-

sive para evitar que, além das empre-

sas operadoras, também a indústria de

ônibus seja ainda mais prejudicada: “A

Fabus está seriamente preocupada. Se

não houver encomendas, as fábricas

podem fechar as portas, ampliando o

problema social do desemprego”.

Por outro lado, diz Martins, o adia-

mento das compras de ônibus pelas

operadoras não pode continuar por

muito tempo, sob pena de comprome-

ter a segurança e o conforto dos pas-

sageiros, devido ao envelhecimento

da frota. “Esperamos que o governo

estabeleça de forma clara as regras

do modelo a ser adotado, para evitar

a descontinuidade do serviço, que é

imprescindível para a população, e

para que as empresas voltem a cum-

prir seus programas de renovação de

frota, interrompidos pelas incertezas

reinantes”.

Mesmo assim, Martins avalia que

para atualizar a frota serão necessá-

rios mais seis ou sete anos.

Por fim, ele alerta para os riscos de

retrocesso na qualidade dos serviços

se o novo sistema vier a se sustentar

na tarifa mais baixa, desestimulando

a aquisição de veículos tecnologica-

mente mais avançados. “O Brasil é

o terceiro maior fabricante de ônibus

do mundo. Produz todos os modelos,

desde os mais simples até os mais

sofisticados. Isso tem exigido das

indústrias pesados investimentos em

tecnologia de fabricação e no aperfei-

çoamento dos veículos.”

interestadual e internacional de passa-

geiros vem enfrentando, relacionadas

ao Projeto da Rede Nacional de Trans-

portes Interestaduais de Passageiros

— ProPass —, da Agência Nacional de

Transportes Terrestres.

A Associação Nacional dos Fabri-

cantes de Veículos Automotores —

Anfavea — informa que, nos períodos

comparados, a queda nos chassis de

ônibus foi a segunda maior entre as

diferentes categorias de automotores.

Com base nos licenciamentos de veí -

culos novos nacionais e importados,

os automóveis registraram redução de

0,7%; os caminhões, de 18,2%, e os

ônibus, de 13,6% (apesar da expansão

dos escolares e urbanos).

A redução do IPI (Imposto sobre

Produtos Industrializados) para os

automóveis atraiu os consumidores,

diminuindo o percentual de retração

nesse mercado. Da mesma forma, os

programas de incentivo para a renova-

ção da frota de ônibus urbanos e para

aquisição de ônibus escolares pelas

prefeituras deram algum alento ao

mercado de ônibus em geral.

José Antônio Fernandes Martins,

presidente da Fabus — Associação

Nacional dos Fabricantes de Ônibus —,

mostra-se preocupado com os índices

de queda no mercado de carroçarias

rodoviárias: 38,5%. No primeiro quadri-

mestre de 2008 haviam sido vendidas

2.371 unidades. Agora, de janeiro a

abril, apenas 1.459. (A diferença em

finidas para as empresas operadoras,

elas têm reduzido suas compras. E

não só neste ano, como nos últimos

três anos.

Lembra, por exemplo, que o Decre-

to nº 952/1993, que estabeleceu em

15 anos a duração dos contratos das

empresas permissionárias do sistema

interestadual, previa a prorrogação por

mais 15, o que, de certa forma, tran-

quilizava as empresas. Mas, segundo

ele, o marco regulatório foi quebrado,

deixando o setor sem perspectiva de

futuro. O presidente da Fabus entende

como urgente e necessária a definição

das regras para a nova licitação, inclu-

sive para evitar que, além das empre-

sas operadoras, também a indústria de

ônibus seja ainda mais prejudicada: “A

Fabus está seriamente preocupada. Se

não houver encomendas, as fábricas

podem fechar as portas, ampliando o

problema social do desemprego”.

Por outro lado, diz Martins, o adia-

mento das compras de ônibus pelas

operadoras não pode continuar por

muito tempo, sob pena de comprome-

ter a segurança e o conforto dos pas-

sageiros, devido ao envelhecimento

da frota. “

estabeleça

do modelo

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do mundo

desde os

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indústrias

tecnologia

çoamento

Martins, da Fabus: empresas têm diminuído

suas compras em função das indefinições.

“Em 2008, a produção de carroçarias rodoviárias foi de 7.600 unidades, das quais 4.400 fornecidas ao mercado interno. Desse total, 35% foram adquiridas

pelas empresas filiadas à ABRATI.”

Div

ulga

ção

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 35

Segundo Ricardo Alouche, diretor

de Vendas e Marketing da Volkswagen

Caminhões e Ônibus, uma queda de

47,9% nas vendas de ônibus rodoviários

reduziu a participação da VW de 15,8%

para 9% no mercado interno, embora,

no total de ônibus vendidos no período,

a redução tenha sido de 12,6%. Ele

informa que a produção de chassis da

VW esteve mais voltada ao programa

Caminho da Escola, o que contribuiu

para aumentar a participação da marca

entre o fim de 2008 e o primeiro tri-

mestre de 2009. Ressalva, porém, que

a fábrica de Resende já fez os ajustes

necessários em sua programação para

poder atender a um eventual aumento

de demanda por ônibus rodoviários.

Alouche acredita que a indefinição

no segmento interestadual não seria o

único motivo para a queda nas vendas

de ônibus: “A crise financeira — afirma

—, interferiu em segmentos como o de

fretamento, já que em diversos seto-

res da economia houve redução dos

serviços por conta de demissões de

funcionários. As dificuldades de crédito

também contribuíram bastante para

deprimir o mercado de rodoviários, cujo

valor de aquisição é muito superior ao

dos urbanos”.

Ele acrescenta que, sem dúvida,

as incertezas que cercam o projeto de

licitação das linhas interestaduais e

internacionais vêm inibindo o processo

de renovação de frota pelas empresas

que participam do sistema, afetando

também as expectativas de possíveis

futuros integrantes. Enquanto houver

essas incertezas, entende Alouche,

esse mercado deverá permanecer

estabilizado e sem grandes projeções.

Mesmo assim, está otimista: “Feitas as

licitações, o mercado deve reiniciar sua

recuperação, podendo inclusive chegar

próximo dos números de 2008”.

FALTA DE CRÉDITO

Para Luiz Caparelli, gerente de

vendas de ônibus rodoviários da Volvo,

as indefinições quanto ao modelo de

licitação das linhas interestaduais são,

em parte, responsáveis pela diminui-

ção das vendas. Também a crise finan-

ceira internacional, acredita ele, tornou

os créditos mais seletivos. Os bancos

passaram a fazer maiores exigências

aos clientes, o que provocou a retração

dos negócios. Caparelli registra ainda

o fato de que as vendas no primeiro

semestre costumam ser menores do

que no segundo, principalmente no

segmento de turismo, cujas empresas

fazem suas compras mais para o fim

do ano, preparando-se para as férias

de verão.

O executivo da Volvo destaca a

importância do trabalho que a ABRATI

realizou por ocasião das audiências

públicas promovidas pela Agência

Nacional de Transportes Terrestres,

oferecendo grande volume de subsí-

dios e contribuições voltadas ao aper-

feiçoamento do ProPass e do futuro

edital de licitação.

“Daquilo que já foi publicado, ve-

mos que existem divergências entre

os pontos de vista defendidos pela

ANTT no projeto, e os pontos de vista

da ABRATI.” Como exemplo, cita a

questão da frota de ônibus necessária

roPass BrasilP

Ricardo Alouche, da Volkswagen: mercado

estabilizado enquanto houver incertezas.

Luiz Caparelli, da Volvo: indefinições

afetaram as vendas, mas apenas em parte.

Do segmento de ônibus urbanos partiu a maior contribuição para que a queda nas vendas

não produzisse estragos ainda maiores para as montadoras e encarroçadoras.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

36 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

para operar o sistema. Enquanto a

ABRATI computa quase 14.000, con-

siderando os períodos de pico, a ANTT

diz que 4.200 são suficientes. “Essa

diferença precisa ser discutida para

se chegar a um consenso”, ressalta.

Luiz Caparelli concorda com posição da

ABRATI segundo a qual a menor tarifa,

se usada como fator decisório para o

leilão das linhas, poderá comprometer

a qualidade oferecida atualmente pe-

las empresas operadoras.

Do lado das montadoras, segundo

Caparelli, a Anfavea tem alertado os

órgãos reguladores sobre a impor-

tância da preservação dos itens de

segurança e dos avanços tecnológicos

introduzidos nos veículos, que visam

propiciar mais qualidade nos serviços

prestados aos passageiros.

RISCOS

O mesmo ponto de vista é defendi-

do por Wilson Pereira, Diretor de Vendas

de Ônibus da Scania, que na edição nº

56 da Revista ABRATI destacou a im-

portância histórica, econômica e social

do setor e alertou para os riscos de que

uma medida mal calculada possa pro-

vocar o caos na atividade. Em relação

às vendas, Pereira acha que o mercado

pode melhorar ainda este ano. Para ele,

a queda nas vendas foi consequência

da indefinição no processo licitatório

dos serviços interestaduais, cujas

regras ainda não estão claras. Mas

entende que as perspectivas são favo-

ráveis, na medida em que as arestas

forem sendo aparadas e as operadoras

definidas por regiões. “A crise econô-

mica internacional beneficia as viagens

rodoviárias em detrimento das aéreas,

mais caras”, acredita.

O PIOR

A indefinição é pior do que uma

notícia ruim porque vai adiando as deci-

sões de compra de veículos novos, diz

Aguinaldo Mariano, gerente de Ônibus

da Mercedes-Benz, lembrando conver-

sas mantidas com vários clientes que,

desde o ano passado, suspenderam

programas de renovação e de aumento

da frota de ônibus rodoviários. Para

ele, os fatores que mais prejudicaram

o mercado de rodoviários — do qual a

Mercedes-Benz detém quase 60% —,

referem-se à indefinição das regras

para a licitação do sistema de trans-

porte rodoviário e do adiamento ou não

do leilão das linhas.

A queda, que começou em setembro

do ano passado, reflete-se agora no

resultado de todo o primeiro semestre,

que é menos comprador que o segundo.

A insegurança das empresas compro-

meteu de tal forma as vendas de 2008

que Mariano prefere não considerá-lo

como base de uma projeção das vendas

para 2009. “Melhor seria que 2009

repetisse 2006 ou 2007, anos que

refletiram melhor a estabilidade desse

segmento do mercado”.

Para que isso ocorra, ele defende

a rápida definição do edital da licita-

ção, com regras claras, de forma que

os vencedores possam começar a

cumprir os contratos e fazer os inves-

timentos. Se os prazos estabelecidos

forem cumpridos, os resultados serão

observados no mercado até 2010, diz

ele, pois as restrições ao crédito foram

aliviadas pelo governo com a oferta de

recursos do FGTS.

Por fim, Mariano diz não acreditar

que o critério da menor tarifa previsto no

ProPass possa prejudicar a qualidade

dos serviços e levar as empresas a ad-

quirirem ônibus com menos tecnologia

embarcada. Segundo ele, as exigências

de conforto e segurança já foram intro-

duzidas pelas montadoras e encarroça-

doras. Além disso, outros instrumentos

de controle da operação, como antenas

de satélite, estão disponíveis e já são

utilizados nos caminhões.

“Não creio que possa haver um

retrocesso, e nem é isso que o governo

e as empresas querem”, observa o

executivo, lembrando que os dois lados

se preocupam com a imagem e com a

qualidade do serviço.

Wilson Pereira, da Scania: queda nas vendas

foi, sim, consequência da indefinição.

Aguinaldo Mariano: a indefinição é pior

que notícia ruim.

O programa de financiamento de ônibus

escolares também movimentou o mercado.

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 37

mpresaE

Guanabara: tecnologia para o melhor atendimentoA transportadora investe em tecnologia de ponta para avançar cada vez mais na prestação do

melhor serviço aos passageiros. Por trás de sua eficiente operação estão os mais avançados

equipamentos disponíveis e o pessoal melhor qualificado.

A Expresso Guanabara trabalha para

crescer com qualidade e profis-

sionalismo e tem consciência de que

isso não seria possível sem contínuos

investimentos em tecno logia. Para

manter seus padrões de eficiência e

assegurar total satisfação aos clien-

tes, em 2008 a empresa investiu 40%

a mais em recursos de Tecnologia da

Informação e Comunicação (TIC), em

relação a 2007. Ao longo do ano, foram

renovados 35% do parque de informá-

tica. Um sistema de protocolo passou

a registrar todos os contatos feitos

pelos clientes através do serviço Fale

Conosco. Agora, é possível arquivar e

consultar o histórico de cada dúvida e

solicitação feita às atendentes.

A aquisição de novos servidores,

softwares e bancos de dados resultou

na integração das diversas áreas da

empresa, garantindo mais agilidade e

rapidez no processamento das informa-

ções e na tomada de decisões. Com o

pessoal da Tecnologia da Informação

devidamente treinado, e com informa-

ções atualizadas em tempo real, está

tudo pronto para a implantação, ainda

em 2009, de um sistema de gestão

38 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

integrada que possibilitará o lança-

mento de novos e eficientes serviços

aos clientes.

Régis Cavalcante, Gerente de Infor-

mática da Guanabara, relata que a boa

experiência obtida com a implantação

do sistema de venda de passagens

pela internet e de venda antecipada

em qualquer guichê, para qualquer

destino, motivou a Guanabara a ousar

mais. “Em 2009, ampliaremos os pon-

tos de venda que utilizam o Sistema

de Pagamento Eletrônico, o que vai

possibilitar mais segurança na venda

com cartão de crédito e de débito, já

que os nossos dados de vendas serão

integrados com o sistema de cada

operadora de cartão”, explica.

Numa demonstração de transpa-

rência fiscal, a empresa participou

em 2008 do projeto piloto da Receita

Federal e das secretarias de Fazen-

da, através do qual todas as suas

informações contá beis e fiscais ficam

dis poni bilizadas em um sistema inte-

grado com o fisco nas esferas federal,

estadual e municipal.

“O trabalho inicial de transportar

esses dados para o sistema vai ser

compensado no futuro, pois nos pou-

pará o tempo de gerar essas informa-

ções a cada mês ou a cada solicitação

de informação fiscal”, explica Régis

Cavalcante.

Também está sendo testado na

área de fretamento um novo sistema

que gerencia a frota de aluguel em to-

das as cidades operadas pela empresa.

O sistema está integrado com mapas

atualizados on line, oferecendo diversas

possibilidades de trajeto ao cliente.

Todos os veículos de transporte de

passageiro são monitorados via GPRS,

ga rantindo tranquilidade 24 horas. Um

alerta é gerado em caso de qualquer

desvio da rota predeterminada.

ATENDIMENTO

Também no atendimento presta-

do na rodoviária os passageiros da

Guanabara vêm contando com mais

conforto e agilidade, graças à combi-

nação de um sistema de informática

mais eficiente e do treinamento dado

aos funcionários.

Nesse sentido, o novo box da

empresa na Rodoviária João Thomé,

em Fortaleza, representa o que há de

mais moderno na área. Pode-se dizer

que, sob esse aspecto, a Guanabara

introduziu um novo conceito nesse tipo

de atendimento.

As inovações começam pelo pró-

prio espaço físico das instalações,

criado pela arquiteta Magaly Gentil.

Os clientes são acomodados com

mais conforto e numa área maior. Os

funcionários estão perfeitamennte pre-

parados para lidar com o software que

controla e divide os clientes de acordo

com suas necessidades e prioridades

de atendimento.

Experiências bem-sucedidas motivaram a Guanabara a investir ainda mais em tecnologia.

No novo box da empresa, na rodoviária de Fortaleza, tecnologia e pessoal bem treinado se

somam para proporcionar aos passageiros mais conforto e atendimento ágil.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 39

O box, que antes tinha 50 m²,

passou a ter 135 m². Além da reforma

e ampliação, foram adquiridos mobiliá-

rio, máquinas e softwares; instalados

sistema de ar-condicionado e de

alarme, e equipamentos de proteção

contra incêndio. Todos os funcionários

foram treinados para operar com de-

senvoltura os novos equipamentos.

O gerente de Marketing, Rodrigo

Mont’Al verne, explica: “Fizemos mais

do que reformar um box. Implantamos

o que há de mais novo no atendimento

aos usuários do transporte rodoviário.

Modelo semelhante já existe no Su-

deste, mas o nosso é mais moderno

e funcional. Em ambiente totalmente

cli matiza do, a pessoa pega sua senha

e é atendida de acordo com suas

necessidades, acompanhando os horá-

rios dos itinerários pela tela de LCD”.

O número de guichês de aten-

dimento passou de sete para 12,

atendendo em média 1.500 pessoas

por dia. O sistema de senhas é co-

mandado por software que organiza

uma “fila inteligente”, controlando e

direcio nando cada cliente de acordo

com o seu perfil: compra, retirada de

passagem comprada via internet, emis-

são de passagens-prêmio do Programa

Afetividade e atendimento preferencial

(idosos, gestantes, deficientes e pes-

soas com criança de colo). Em caso de

espera, há 40 cadeiras disponíveis.

Segundo o Gerente de Manutenção

Predial, Laércio Rolim, o ganho maior

para o cliente é a sua proximidade com

o atendente. “O novo box proporciona

mpresaE

Não existem barreiras físicas entre os clientes e os funcionários que os atendem.

O equipamento estabelece automaticamente a ordem dos atendimentos.

maior humanização no atendimento.

Não há nenhuma barreira física entre

o cliente e o funcionário”, explica.

Gradativamente, os boxes da Gua-

nabara em outras cidades deverão

ser adequados, de acordo com um

programa de reformas.

Programa Afetividade já tem 150.000 usuáriosEm 2008, o Programa Afetivida-

de da Guanabara, lançado há pouco

mais de seis anos, alcançou a mar-

ca de 150.000 usuários inscritos

e mais de 220.000 passagens de

cortesia entregues. O cartão oferece

inúmeras vantagens e benefícios

aos seus possuidores. Na promoção

Viaje Bem Viaje Mais, a cada dez tre-

chos viajados em percurso superior a

100 quilômetros o cliente Afetividade

tem direito a um trecho cortesia

para qualquer cidade que faça parte

das rotas da empresa. São mais

de 1.000 cidades em 12 estados,

além do Distrito Federal. O usuário

também tem direito a descontos e

condições especiais de pagamento

em mais de 300 estabelecimentos

no Nordeste.

Foto

s: D

ivul

gaçã

o

40 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

checar todas as informações sobre a

viagem. Entre elas, a localização exata

do veículo, a velocidade do percurso, a

quilometragem percorrida, o tempo que

falta para chegar ao destino e o uso

racional do combustível. Em situações

Modernas tecnologias de monitoramento permitem acompanhar cada momento das viagens.

A Expresso Guanabara, que faz

parte do Grupo Jacob Barata, mantém

uma das frotas mais novas e mais

modernas de ônibus rodoviários do

País. No ano passado, adquiriu mais

100 ônibus novos e passou a contar

com 400 veículos.

Com motorização eletrônica Mer-

cedes Benz, os veículos, das classes

Gênesis, Glamour e Galant, incorpo-

ram as mais recentes tecnologias e

tendências de design, proporcionando

muito mais conforto e segurança aos

passageiros.

Todos os ônibus são equipados

com a mais avançada tecnologia de

mo nitora mento disponível do mercado.

Utilizando sistemas GPS e GPRS, os

veículos são monito rados em tempo

real. A qualquer momento é possível

A frota: mais nova e mais moderna

de emergência, a comunicação com a

central de moni to ramento é feita em

tempo real.

Além do rastreamento por satélite,

alguns ônibus contam com câmeras de

segurança em seu interior.

Novos uniformes a partir do mês de julho A partir de julho, todos os funcio-

nários da Guanabara estarão trajados

com novos uniformes, escolhidos no

início do ano em um concurso que

mobilizou estudantes do curso de Es-

tilismo e Moda de Fortaleza, mode los

profissionais e funcionários da compa-

nhia. A final do concurso foi realizada

em hotel da capital cearense, com a

apresentação dos cinco finalistas clas-

sificados. Em escolha difícil, devido ao

alto nível dos trabalhos, os jurados

optaram pela criação das estudantes

do curso de Estilismo e Moda da Uni-

versidade Federal do Ceará, Isabela

Cavalcante Cordeiro e In grid Façanha

Brasil. Elas receberam um prêmio de

R$ 5 mil.

Foram inscritos cerca de 25 traba-

lhos e, depois, classificados os cinco

que participaram da final. As criações

abrangeram sete looks: vendedores

de passagens (masculino e feminino),

encarregados (masculino e feminino),

agentes terceirizados (masculino e

feminino) e motoristas. Para a escolha

do trabalho vencedor foram observa-

dos beleza, esté tica, relação custo

x benefício, conforto e facilidade de

aquisição das matérias-primas.Cada proposta abrangeu sete diferentes looks. Esta foi a vencedora.

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 41

mpresaE

As vantagens de renovar sempre

Para cumprir

o objetivo de prestar serviços

de transporte que superem as expectativas

e o reconhecimento dos clientes, a Viação Motta esta

sempre renovando seus equipamentos, práticas e procedimentos.

42 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

Aos 42 anos, a Viação Motta se

renova constantemente. Neste mo-

mento, por exemplo, trabalha para, ao

longo dos próximos três anos, ser reco-

nhecida como a melhor transportadora

de pessoas, cargas e encomendas

nas inúmeras ligações que executa.

Para isso, busca sistematicamente a

ampliação dos mercados emergentes e

a excelência dos serviços prestados.

Em termos de gestão, seria o que

os especialistas costumam chamar de

visão do negócio. Em termos práti-

cos, trata-se de levar a cabo, com

todo empenho possível, a mis-

são de transportar pessoas

com regularidade, segurança,

conforto e cordialidade, reali-

zando seu papel com exce-

lente padrão de qualidade

e oferecendo atendimento

diferenciado.

Na realidade, isso é o que a

Viação Motta vem fazendo desde quan-

do foi criada, sem jamais se acomodar

com os êxitos alcançados.

A companhia, que tem sede em

Presidente Prudente (SP) nasceu de

um desmembramento da Empresa

de Transportes Andorinha, da qual

Pedro Cassemiro da Motta era um

dos sócios.

Paulista de Conceição do Monte

Alegre, Pedro Cassemiro começou

ainda muito moço a trabalhar com

transporte de toras de madeira para

as serrarias da região de Maracaí (SP),

quase na divisa com o Paraná. Mais

tarde, criou a Empresa de Jardineiras

Motta-Tolentino, que se dedicava a

transportar passageiros de Martinópo-

lis (SP) até as barrancas do Rio do Pei-

xe. A participação da Motta-Tolentino

na Empresa de Transportes Andorinha

se deu mediante fusão. Pedro Casse-

miro tornou-se então diretor técnico

dessa empresa.

Div

ulga

ção

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 43

Em 31 de março de 1967, Pedro

Cassemiro formalizou seu desliga-

mento da Andorinha para dedicar-se

exclusivamente a uma segunda em-

presa que havia fundado em 1965, a

Viação Raposo Tavares. Sua primeira

providência foi transformar a Viação

Raposo Tavares em Viação Motta.

Operava duas linhas: São Paulo (SP)-

Campo Grande (MS) e São Paulo (SP)-

Bela Vista (MS).

A travessia do Rio Paraná em balsa

foi um dos grandes desafios que a

nova empresa enfrentou nos primeiros

anos. Não havia ponte e, além disso,

as estradas em Mato Grosso (poste-

riormente Mato Grosso do Sul) eram de

terra, com os habituais problemas de

lama quando chovia e de poeira quan-

do havia sol. Mas o valente Fenemê

D 9500 encarroçado pela Nicola, com

36 lugares e sem toalete, deu conta

do recado.

A Viação Motta trabalhou ardua-

mente nos anos seguintes, aumen-

tando aos poucos sua frota, até acu-

mular recursos e começar a incorporar

algumas outras empresas. De 1970 a

1973, comprou a Rápido Rondônia, a

Viação Abunã, a Rápido Mato Grosso e

a Viação Brasília. No ano seguinte, rea-

lizou sua primeira viagem pela BR-319,

ligando Porto Velho (RO) a Manaus

(AM). Em seguida, passou a uma fase

de aquisições de linhas, começando

em 1977 pela Campo Grande-Londrina.

Seguiram-se, de 1978 a 1997, a Cam-

po Grande-Brasília, Campo Grande-Be-

lo Horizonte, Cuiabá-Londrina, Campo

Grande-Florianópolis, Cuiabá-Rio de

Janeiro e Bela Vista-São Paulo.

TECNOLOGIA

Hoje, a Viação Motta atende a

grande parte das principais cidades

do Sudeste e do Centro-Oeste brasilei-

ros. Entre elas, São Paulo, Presidente

Prudente, Campo Grande, Cuiabá,

Brasília, Belo Horizonte, Uberlândia,

Ribeirão Preto, Bauru, Londrina, São

José dos Campos e Rio de Janeiro.

Quando se diz que a empresa se

renova permanentemente, entenda-

se que o processo abrange a frota, o

treinamento do pessoal, as garagens,

a informatização e, naturalmente, a

busca criativa por novos segmentos

de atuação no setor.

A frota tem 300 ônibus, dos quais

200 do padrão executivo (com ar-condi-

cionado), 30 do tipo leito e 70 conven-

cionais. Todos são dos mais modernos

fabricados no Brasil, equipados com

toalete, poltronas superpulman, som

ambiente, geladeira, vidros fumê cola-

dos, tapetes, portacopos individuais,

terceiro eixo, suspensão a ar e outros

avanços tecnológicos que tornam as

viagens muito seguras e confortáveis.

Para que eles possam operar sempre

nas melhores condições, a área de

manutenção da empresa atua em

parceria com a Mercedes-Benz, Thermo

King, Refrisa, Bosch e outros fabri-

cantes e fornecedores, promovendo a

intervalos jornadas de reciclagem dos

colaboradores. Graças a todos esses

cuidados, no ano passado a frota da

Viação Motta rodou 28 milhões de

quilômetros e transportou 1.197.739

passageiros.

No que diz respeito aos seus 1.200

colaboradores, a companhia entende

que a prestação dos serviços, antes de

tudo, é realizada por pessoas; portan-

to, é importante investir na valorização

e na importância do trabalho que elas

Pelas rotas do Sudeste e do Centro-Oeste

mpresaE

O programa de renovação anual de parte da frota possibilita à companhia operar com carros sempre modernos: mais segurança e conforto.

Foto

s: D

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gaçã

o

44 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

realizam, buscando constantemente,

pelo caminho da motivação, sua me-

lhor capacitação e aperfeiçoamento.

Uma vez que a missão da empre-

sa é transportar passageiros com

regularidade, segurança, conforto e

cordialidade, oferecendo atendimento

diferenciado com qualidade total na

prestação dos serviços, a empresa vê

como fundamental o envolvimento de

todas as gerências no desenvolvimen-

to dos colaboradores.

Isso tem sido provado na prática:

o envolvimento alcançado até aqui

trouxe uma mudança na forma de

pensar dos gerentes. Se antes eles

se preocupavam quase exclusivamente

com suas próprias áreas, agora, vão

muito além e estão conscientes da

importância de pensar em termos da

satisfação do cliente e do resultado

final da empresa.

Atualização pessoal e tecnológica,

racionalização, redução de custos

e avaliação de desempenho fazem

parte desse processo. Para manter

a sintonia com o desenvolvimento do

segmento de transporte, a diretoria e

a equipe gerencial participam habitu-

almente de encontros, conferências

e seminários. Gerências e diretorias

também participam da formulação do

Orçamento Anual e dos indicadores

de desempenho. A redução de custos

também é alcançada com a utilização

de recursos tecnológicos.

INTEGRAÇÃO

Os resultados de todo o trabalho

aparecem quando são analisadas as

sugestões, reclamações ou críticas

oferecidas pelos passageiros através

dos diversos canais postos à sua dis-

posição pela companhia: internet, livro

de reclamações e sugestões, registros

diretos nas agências, Serviço de Aten-

dimento ao Consumidor.

A própria empresa mantém um olhar

abrangente em relação ao meio em que

está inserida, por considerar fundamen-

tal sua integração com a sociedade.

Nesse sentido, procura contribuir com

investimentos alinhados aos negócios

da companhia, destinando uma parte

do seu faturamento a projetos sociais,

entre eles o patrocínio de atletas no

esporte, projetos culturais e doações

a entidades.

Para despertar a responsabilidade

social também em seus colaboradores

e engajá-los em programas de volun-

tariado, todos os anos é realizada

uma festa para a comunidade, duran-

te a qual são arrecadados fundos e

donativos para entidades carentes.

Um convênio entre a empresa e a

universidade concede bolsas parciais

a colaboradores, desde que dediquem

quatro horas semanais em programas

de voluntariado. Outra ação é o forne-

cimento de transporte gratuito para

escolas, time de futebol e instituições

realizarem atividades diversas.

Data de 1967 a presença da Viação Motta nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

NÚMEROS E LINHAS DA VIAÇÃO MOTTA

Frota de ônibus 300

Colaboradores 1.200

Faturamento em 2008 R$ 96 milhões

Área da garagem (matriz) 6.000 m²

Quantidade de garagens 21

Matriz Presidente Prudente

REVISTA ABRATI, JUNHO 2009 45

A combinação perfeitaO transporte rodoviário de passagei-

ros é, por natureza, uma atividade

de uso intensivo de pessoas na compo-

sição final do seu produto. Essencial e

historicamente, o resultado e a satis-

fação dos clientes estão baseados no

desempenho de cada um, respondendo

como um elo na formação da corrente

que levará a uma viagem tranquila,

bem-sucedida e segura.

Todavia, as empresas do setor

vêm acompanhando com vigor o de-

senvolvimento tecnológico, buscando

a inovação e sofisticação com adoção

de sistemas avançados nas diversas

fases da prestação do serviço.

Esse processo começou com os

primeiros sistemas especialistas em

emissão e controle de venda de passa-

gens, ainda no fim da década de 1970,

e hoje passa por sistemas de controle

de posicionamento global (GPS), de

controle de manutenção, estatísticos,

de planejamento operacional, compu-

tadores de bordo, e muitos outros.

Os motoristas e mecânicos estão

aprendendo a conviver com veículos

cada vez mais dotados de eletrônica

embarcada. De meros trocadores de

peças, os responsáveis pela manuten-

ção do veículo têm que fazer e enten-

der diagnósticos eletrônicos fornecidos

pelos sistemas do ônibus.

Operadores de tráfego passam a

lidar com GPS, sistema de logística

e planejamento e a usar muito mais

conceitos abstratos do que a lógica

fria e pura da escala de trabalho feita

em papel, limitada à capacidade de

cada pessoa.

Div

ulga

ção

A combinação perfeita está em saber dosar a mistura de tecnologia

com o calor humano e daí tirar um serviço seguro, de ótima qualidade, que atenda às expectativas

dos clientes. E isso, com certeza, tem sido feito pelas muitas empresas de transporte rodoviário

de passageiros que transformaram

décadas de tradição e pioneirismo em

capacidade de adaptação e compromisso social.

Cláudio Flor, Diretor da UTIL, União

Transporte Interestadual de Luxo S/A

Essa nova realidade impõe uma

necessidade cada vez maior de re-

ciclagem, treinamento e preparação

dos recursos humanos das organi-

zações para lidarem com as novas

ferramentas.

Valorizar a “prata da casa” é uma

política importante e justa, para retri-

buir àqueles que há anos participam

da vida da empresa e por ela se dedi-

caram com afinco. E nesse aspecto as

empresas têm respondido com iniciati-

vas importantes visando colocar essas

pessoas em condições de continuar

prestando seus ótimos serviços.

Diversos programas de reciclagem

e reaparelhamento têm sido identifica-

dos no mercado, mostrando a capaci-

dade das empresas de transporte em

entender a necessidade de moderniza-

ção sem perder de vista a importância

do fator humano, através do qual e

para o qual todas elas existem.

A combinação perfeita está em

saber dosar a mistura de tecnologia

com o calor humano e daí tirar um ser-

viço seguro, de ótima qualidade, que

atenda às expectativas dos clientes. E

isso, com certeza, tem sido feito pelas

muitas empresas de transporte rodovi-

ário de passageiros que transformaram

décadas de tradição e pioneirismo em

capacidade de adaptação e compro-

misso social, refazendo sua história

e a de seus empregados à luz dos

tempos modernos.

piniãoO

46 REVISTA ABRATI, JUNHO 2009

ABRATI – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS

DE TRANSPORTE TERRESTRE DE PASSAGEIROS

Onde tem Brasil, tem ônibus.Os ônibus rodoviários estão presentes em todo o território nacional.

Nas grandes e médias cidades, nos menores e mais distantes municípios.

Cerca de 95% dos viajantes brasileiros

utilizam ônibus em seus deslocamentos entre localidades.

A cada ano o sistema rodoviário de passageiros transporta cerca

de 1,5 bilhão de pessoas, sendo 130 milhões no setor interestadual.

Os serviços funcionam há mais de 70 anos. E estão cada vez melhores.

Proporcionando mais conforto. Mais segurança. Mais pontualidade.

Transporte rodoviário de passageiros, patrimônio dos brasileiros.