Geração Da Utopia Resumo

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8/19/2019 Geração Da Utopia Resumo http://slidepdf.com/reader/full/geracao-da-utopia-resumo 1/3 Geração da Utopia - Pepetela "A Geração da Utopia é o retrato desapiedado dos angolanos a quem ficou a dever-se a epopeia das lutas pela independência e da guerra civil que logo lhe sucedeu, das glorias e das sombras que marcaram esses longos anos de permanente conflito, e do descontentamento e da indiferença que insidiosamente se tornou o estigma de tantos desses homens e mulheres que fieram, apesar de tudo, um pa!s novo" "... - A Marta... Nunca mais soube dela, tens notícias? -Não, quando estava em Paris acabei por perder o contacto. -Enganou-se numa coisa, colocou a questão numa alternativa. #u morri e desencantei- me . s dois camin!os num s. - desencanto # sempre uma morte, não #? Ele a$agou distraidamente o tronco da mangueira. %entiu por tr&s da casca rugosa, a seiva movendo-se com vol'pia. -(sso de utopia # verdade. )ostumo pensar que a nossa gera*ão se devia c!amar gera*ão da utopia. +u, eu, o aurindo, o ítor antes, para s $alar dos que con!eceste. Mas tantos outros, vindos antes ou depois, todos n s a um momento dado #ramos puros e queriamos $aer uma coisa di$erente. Pens&vamos que iamos construir uma sociedade /usta, sem di$eren*as, sem previl#gios, sem persegui*0es, uma comunidade de interesses e pensamentos, o Paraíso dos cristãos, em suma. A um momento dado, mesmo que muito breve nalguns casos, fomos puros, desinteressados, s$ pensando o povo e lutanto por ele . E depois...tudo se adulterou, tudo apodreceu, muito antes de se c!egar ao poder. 1uando as pessoas se aperceberam que mais cedo ou mais tarde era inevit&vel c!egarem ao poder. %ada um começou a preparar as bases de lançamento para esse poder, a defender posiç&es particulares, ego!stas A utopia morreu . E !o/e c!eira mal, como qualquer corpo em putre$ac*ão. 2ela s resta um discurso va io . ..." "... Antes de 3evolu*ão de 4567, !avia em 8ran*a tr9s Estados: a nobrea, o clero e o povo, nesta 'ltima o*ão estando contida a burguesia. Aqui tamb#m !& tr9s Estados: a burocracia dirigente, os candogueiros e o povo. )ontrariamente a 8ran*a, não # no +erceiro Estado que estão as $or*as que tomarão o poder. Aqui são os candogueiros, que !o/e crescem ; sombra de pequenos negcios mais ou menos lícitos, de transporte de pessoas ou mercadorias, trocas desiguais com o campon9s ou pequeno com#rcio nas cidades, desvios e roubos, $alsi$ica*0es de documentos, que estão a acumular capital, a constituir-se numa classe selvagem de empres&rios. Entre o Primeiro Estado tamb#m !& candogueiros, geralmente ligados por la*os $amiliares. 'uando a casca da utopia () não servir, vão despudoradamente, criar o capitalismo mais b)rbaro que () se viu sobre a *erra . ..." "... <a=ipembe !avia de $aer o seu e$eito e dar-l!e a pa da estupide. +$ os estpidos são felies, contentam-se com o pouco que conseguem obter, pensou . >& trinta anos era um monstro tremendo, !o/e era um polvin!o mirrando na areia, agora são s us $iapos de pele e carne. ebeu de novo. Estava ainda longe da pa. ..." @ )apítulo, .olvo , Bera*ão da Ctopia Resumo retirado daqui: http://www.sr-cio.org/index.php?option=com_content&view=article&id=1!:livros- que-merecem-ser-lidos-a-geracao-da-utopia&catid="#:cultura&$temid="%

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Geração da Utopia - Pepetela

"A Geração da Utopia é o retrato desapiedado dos angolanos a quem ficou a dever-sea epopeia das lutas pela independência e da guerra civil que logo lhe sucedeu, das

glorias e das sombras que marcaram esses longos anos de permanente conflito, e dodescontentamento e da indiferença que insidiosamente se tornou o estigma de tantosdesses homens e mulheres que fi eram, apesar de tudo, um pa!s novo ""... - A Marta... Nunca mais soube dela, tens notícias?-Não, quando estava em Paris acabei por perder o contacto.-Enganou-se numa coisa, colocou a questão numa alternativa. #u morri e desencantei-me . s dois camin!os num s .- desencanto # sempre uma morte, não #?

Ele a$agou distraidamente o tronco da mangueira. %entiu por tr&s da casca rugosa, a seiva movendo-se com vol'pia.-(sso de utopia # verdade. )ostumo pensar que a nossa gera*ão se devia c!amar

gera*ão da utopia. +u, eu, o aurindo, o ítor antes, para s $alar dos que con!eceste. Mas tantos outros, vindos antes ou depois, todos n s a um momento dado #ramos purose queriamos $a er uma coisa di$erente. Pens&vamos que iamos construir uma sociedade

/usta, sem di$eren*as, sem previl#gios, sem persegui*0es, uma comunidade de interessese pensamentos, o Paraíso dos cristãos, em suma. A um momento dado, mesmo quemuito breve nalguns casos, fomos puros, desinteressados, s$ pensando o povo elutanto por ele . E depois...tudo se adulterou, tudo apodreceu, muito antes de se c!egarao poder. 1uando as pessoas se aperceberam que mais cedo ou mais tarde erainevit&vel c!egarem ao poder. %ada um começou a preparar as bases de lançamento

para esse poder, a defender posiç&es particulares, ego!stas A utopia morreu . E !o/ec!eira mal, como qualquer corpo em putre$ac*ão. 2ela s resta um discurso va io ...." "... Antes de 3evolu*ão de 4567, !avia em 8ran*a tr9s Estados: a nobre a, o clero e o

povo, nesta 'ltima o*ão estando contida a burguesia. Aqui tamb#m !& tr9s Estados: aburocracia dirigente, os candogueiros e o povo. )ontrariamente a 8ran*a, não # no+erceiro Estado que estão as $or*as que tomarão o poder. Aqui são os candogueiros,que !o/e crescem ; sombra de pequenos neg cios mais ou menos lícitos, de transportede pessoas ou mercadorias, trocas desiguais com o campon9s ou pequeno com#rcio nascidades, desvios e roubos, $alsi$ica*0es de documentos, que estão a acumular capital, aconstituir-se numa classe selvagem de empres&rios. Entre o Primeiro Estado tamb#m!& candogueiros, geralmente ligados por la*os $amiliares. 'uando a casca da utopia

() não servir, vão despudoradamente, criar o capitalismo mais b)rbaro que () se viusobre a *erra ...." "... <a=ipembe !avia de $a er o seu e$eito e dar-l!e a pa da estupide . +$ osest pidos são feli es, contentam-se com o pouco que conseguem obter, pensou . >&trinta anos era um monstro tremendo, !o/e era um polvin!o mirrando na areia, agora

são s us $iapos de pele e carne. ebeu de novo. Estava ainda longe da pa ...." @ )apítulo, .olvo , Bera*ão da CtopiaResumo retirado daqui:http://www.sr-cio.org/index.php?option=com_content&view=article&id=1 !:livros-que-merecem-ser-lidos-a-geracao-da-utopia&catid="#:cultura&$temid="%

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' romance ( uma )iogra*ia da gera+,o que *e a independ ncia de ngola0 e dosmuitos rumos que ela tomou.

le começa em 1961 0 no inicio da revolta contra o sistema col2nia0 onde a 34 53ni,odos 4ovos de ngola0 uma organi a+,o que de*endia o massacre dos )rancos e que maistarde a maioria dos seus mem)ros iriam para a 36$7 pr8- stados 3nidos9 queima

planta+ es de ca*(0 invade pris es e chacina colonos.'s estudantes angolanos quevivem em 4ortugal come+am uma discuss,o so)re qual papel devem desempenhar nestasitua+,o0 qual o tipo de sociedade devem construir. stas discuss es s,o atravessadas pelo racismo do sistema colonial0 onde os negros descon*iam dos )rancos0 mesmo estessendo nacionalistas angolanos. 6o *im0 todos *ogem de 4ortugal0 a;udados pelo 4artido<omunista 4ortugu s e pelo ainda desconhecido 4> e muitos v,o para a guerrilhaque ; se organi a.

segunda parte ( em plena luta na *rente leste0 na *ronteira com a @Am)ia0 ondeatrav(s do personagem undial vemos esta gera+,o *icar cada ve mais desmorali adacom os erros0 a corrup+,o dos dirigentes do ovimento0 a *alta de perspectivas do *imda guerra. realidade se mostra mais dura do que muitos imaginavam0 e nem todos tema *irme a de continuar nos caminhos que antes trilhavam.A terceira parte é em 1982 0 em plena guerra civil0 onde o pro;eto original do 4>vai *icando cada ve mais distante da realidade. 's antigos idealistas agora s,o osdirigentes do aparelho do stado que0 por terem se sacri*icado na luta0 se colocam agorano direito de comandar os destinos da sociedade e n,o admitem crBticas. luta por umasociedade ;usta agora se trans*orma em uma luta para permanecer no poder0 enquanto o povo so*re as conseqC ncias da guerra e vai a*undando na mis(ria. D som)ra do stado0aparecem os EcandongueirosF G especuladores0 atravessadores0 pequenos comerciantes -que enriquecem Hs custas da popula+,o e v,o progressivamente tomando conta do

stado atrav(s de la+os de parentesco ou ami ade com os dirigentes do paBs. umdeterminado momento nos di o personagem I )io0 a respeito deles: EJuando a cascada 3topia ; n,o servir0 v,o criar o capitalismo mais ) r)aro que ; se viu so)re a7erraF.

última parte, em 1991 0 ( a concreti a+,o disto. 's antigos guerrilheiros0 ho;eministros0 aplicam as receitas neoli)erais do K $ e0 atrav(s de privati a+ es econcess es *raudulentas0 se trans*ormam em neo-)urgueses. ' *im das utopias polBticase as cat stro*es que se a)atem so)re o paBs0 *ome0 mis(ria e epidemia de ids0 permitemo aparecimento de um charlat,o0 criador de uma seita0 a $gre;a da speran+a e da

legria em Lominus0 onde atrav(s de hipnose e t(cnicas de histeria coletiva consegueuma multid,o de *i(is G qualquer semelhan+a com certas igre;as aqui no Mrasil n,o (mera coincid ncia.

o contr rio do que possa parecer0 este n,o ( um livro pessimista. 3ma das preocupa+ es de 4epetela como escritor e int(rprete da realidade de seu paBs ( demostrar como todos tem a aprender com as sociedades tradicionais em seu respeito coma nature a. 's tecnocratas e ap8stolos da EmodernidadeF de todos os paBses do 7erceiro

undo acham que )asta apenas importar tecnologias estrangeiras para melhorar a vidada popula+,o0 sem ouvir o que ela tem a di er. as o homem tem muito a aprender coma o)serva+,o dos ciclos da nature a. a mensagem que o autor nos passa ( de que ahist8ria0 assim como a nature a0 tem seus ciclos0 e que o homem deve aprender so)reeles0 n,o para se su)meter0 mas para atuar neles e modi*icar sua exist ncia.3ma coisa original0 ( que o romance n,o tem ponto *inal0 querendo di er que a hist8riaainda est por ser *eita0 n,o ( o *im dela0 mas que o ciclo de sua gera+,o se esgotou0 n,o

tem mais nada a o*erecer0 e que a gera+,o seguinte tem que trilhar seu pr8prio caminho.N uma mensagem de esperan+a0 pois o que ele o*erece ( uma interpreta+,o do porqu o

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pro;eto de sua gera+,o deu errado0 e deixa as li+ es que devem ser tiradas para os ;ovens. Onica certe a que ele nos d ( a a*irma+,o da primeira *rase do romance:

Portanto, s! os ciclos são eternos"#